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Assessoria jurídica popular na Defensoria Publica do Estado de ...

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E, portanto, não necessariamente sobre o direito. Era necessário que as pessoas ecomunida<strong>de</strong>s pu<strong>de</strong>ssem tomar a palavra, não necessariamente a partir <strong>do</strong> "Direito", ou apartir <strong>de</strong> qualquer discurso sério, ciência ou arte. O exercício <strong>de</strong> tomar a palavra e falar,<strong>de</strong>finir um <strong>de</strong>sejo e colocar uma pretensão é um exercício <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, ple<strong>na</strong>mentetransferível em qualquer <strong>do</strong>mínio da vida. No fun<strong>do</strong>, tratava-se <strong>de</strong> realizar uma espécie<strong>de</strong> terapia, <strong>de</strong> realizar um ato <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong> capaz <strong>de</strong>, para além <strong>de</strong> to<strong>do</strong> potencial libera<strong>do</strong>rda vitalida<strong>de</strong> huma<strong>na</strong>, quem sabe, fazer <strong>de</strong>scobrir, ou re<strong>de</strong>scobrir, o gosto <strong>de</strong> fazer junto,e, a partir dai, a sua vocação política.Esta jurisaudição foi a maneira encontrada, tesouro cujo valor só po<strong>de</strong> ser aprecia<strong>do</strong>posteriormente, quase por acaso: percebeu-se que o processo <strong>de</strong> apo<strong>de</strong>ramento políticopassava necessariamente pela recuperação da auto-estima das li<strong>de</strong>ranças, dascomunida<strong>de</strong>s, <strong>do</strong>s homens, mulheres e crianças pobres: tratou-se, repita-se,aproveitan<strong>do</strong>-se o conflito, buscar oferecer o diálogo, o que só po<strong>de</strong> se estabelecer coma franqueza e honestida<strong>de</strong> necessárias porque a criação <strong>de</strong>ste vínculo <strong>de</strong> confiança seestabeleceu <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ce<strong>do</strong> pela <strong>de</strong>fesa intransigente <strong>na</strong> judicialização <strong>do</strong>s direitos humanosdas comunida<strong>de</strong>s pobres.E então, a partir <strong>de</strong>sta lenta tessitura <strong>de</strong> diálogos <strong>de</strong> franqueza, <strong>de</strong> honestida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>cuida<strong>do</strong>, que, paralelamente se estabeleciam, enquanto o conflito se estabelecia, e suasolução se encaminhava (ou não...), pu<strong>de</strong>ram, com um pouco <strong>de</strong> sorte, um pouco <strong>de</strong>paciência, dar a oportunida<strong>de</strong> para que a jurisdição <strong>do</strong>s pobres começasse, para que ospobres passassem a se reconhecer como pessoas, e pessoas porta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> direito, epu<strong>de</strong>ssem enunciar seu <strong>de</strong>sejo, falar o seu direito: a re<strong>de</strong>scoberta da política, <strong>na</strong>articulação entre os movimentos sociais e <strong>de</strong>fensoria pública <strong>na</strong>sceu, cresceu e se<strong>de</strong>senvolve as voltas com este exercício <strong>de</strong>spretensioso, mas <strong>de</strong> longo alcance.No entanto, discorrer sobre este exercício não é suficiente para dar conta <strong>do</strong> quanto elefoi e é intranqüilo: foi, e é, necessário sempre começar tu<strong>do</strong> <strong>de</strong> novo, e suportar toda<strong>de</strong>sconfiança que as comunida<strong>de</strong>s e os movimentos tiveram e tem com relação aosaparelhos <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, e, em particular, com as assessorias jurídicas estatais: <strong>de</strong> fato, a

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