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Panorama da Aquicultura: Qualidade de Água - Parte 2 - Projeto Pacu

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<strong>Panorama</strong> <strong>da</strong> AQÜICULTURA, março/abril, 1998água. A <strong>de</strong>composição microbiana <strong>da</strong>s algas mortas pelos algici<strong>da</strong>sresulta na liberação <strong>de</strong> amônia e nutrientes que po<strong>de</strong>m favorecero restabelecimento do fitoplâncton, o que faz do uso <strong>de</strong> algici<strong>da</strong>suma estratégia paliativa na redução do pH <strong>da</strong> água via controle <strong>da</strong>população planctônica.Aeração não é uma estratégia eficiente para eliminação <strong>de</strong>amônia dos tanques por volatilização para a atmosfera, como clamamalguns fabricantes <strong>de</strong> aeradores. No entanto, a manutenção <strong>de</strong> níveismais a<strong>de</strong>quados <strong>de</strong> oxigênio dissolvido favorece o processo <strong>de</strong> nitrificação,através do qual a amônia e o nitrito são transformados emnitrato, composto nitrogenado menos tóxico aos peixes.Nitrito: problemas <strong>de</strong> toxi<strong>de</strong>z aos peixes por nitrito po<strong>de</strong>mser aliviados com o aumento na concentração <strong>de</strong> íons cloreto na água,o que po<strong>de</strong> ser conseguido com a aplicação <strong>de</strong> sal (cloreto <strong>de</strong> sódio)nos tanques e viveiros. A quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sal a ser aplica<strong>da</strong> <strong>de</strong>ve sersuficiente para manter uma proporção <strong>de</strong> 6 mols <strong>de</strong> íons Cl - paraca<strong>da</strong> mol <strong>de</strong> íon NO 2-. A concentração <strong>de</strong> íons Cl - já presente naágua <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> no cálculo <strong>da</strong> dose <strong>de</strong> sal a ser aplica<strong>da</strong>,como segue:Dose <strong>de</strong> sal (g/m 3 ) = [6 x (NO 2-mg/l.) - (Cl - na água mg/l.)] ÷ 0,6Exemplo: se a concentração <strong>de</strong> nitrito na água for 0,8mg/l. e a <strong>de</strong> íonscloreto originalmente na água for 0,1mg/l., a dose <strong>de</strong> sal a ser aplica<strong>da</strong>é <strong>de</strong> 7,8 g/m 3 . Consi<strong>de</strong>rando um viveiro com 5.000m 2 <strong>de</strong> espelhod’água e profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> média <strong>de</strong> 1,2m, ou seja, um volume <strong>de</strong> água<strong>de</strong> 6.000m 3 , a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sal que <strong>de</strong>ve ser aplica<strong>da</strong> é 46,8kg.9.4. Redução dos níveis <strong>de</strong> gás carbônico. Tanques e viveiros comalta taxa <strong>de</strong> arraçoamento ou on<strong>de</strong> ocorreu morte súbita (“die-off”) dofitoplâncton po<strong>de</strong>m apresentar eleva<strong>da</strong> concentração <strong>de</strong> gás carbônico.Sistemas <strong>de</strong> aeração que promovem gran<strong>de</strong> agitação na superfície<strong>da</strong> água (i.e. aeradores <strong>de</strong> pás) facilitam a difusão do gás carbônicopara o ar, reduzindo a concentração <strong>de</strong>ste gás na água. A manutenção<strong>de</strong> um a<strong>de</strong>quado sistema tampão contribui para impedir o aumentoexcessivo nos níveis <strong>de</strong> CO 2livre na água.10. Origem e reciclagem dos resíduos orgânicos e metabólitosDurante o processo <strong>de</strong> produção é inevitável o acúmulo <strong>de</strong>resíduos orgânicos e metabólitos nos tanques e viveiros em sistemas<strong>de</strong> água para<strong>da</strong> ou sistemas <strong>de</strong> renovação <strong>de</strong> água intermitente. Antes<strong>de</strong> apresentar com maiores <strong>de</strong>talhes as principais fontes <strong>de</strong> resíduosorgânicos e metabólitos em sistemas aquaculturais, cabe uma melhorvisualização do ambiente on<strong>de</strong> vive este peixe submetido às pressões<strong>de</strong> produção (Figura 2).10.1. Excreção dos peixes. Sob condições <strong>de</strong> cultivo intensivo (alta<strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estocagem e alto nível <strong>de</strong> arraçoamento) o volume <strong>de</strong>fezes excretado diariamente pela população <strong>de</strong> peixes é uma <strong>da</strong>sprincipais fontes <strong>de</strong> resíduos orgânicos em sistemas aquaculturais.A digestibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> matéria seca <strong>de</strong> rações <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> para peixesgira em torno <strong>de</strong> 70 a 75%. Isto significa que 25% a 30% do alimentofornecido entra nos sistemas aquaculturais como material fecal. Oaumento na proporção <strong>de</strong> ingredientes <strong>de</strong> baixa digestibili<strong>da</strong><strong>de</strong> (i.e.Figura 2. Origem e ciclagem <strong>de</strong> resíduos orgânicos e metabólitosem viveiros <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> peixes.materiais com alto teor <strong>de</strong> fibra bruta ou com granulometria grosseira)em rações para peixes po<strong>de</strong> elevar ain<strong>da</strong> mais o montante <strong>de</strong>fezes excreta<strong>da</strong>s.A <strong>de</strong>composição e reciclagem do material orgânico fecal nostanques e viveiros é feita principalmente por ação microbiológica,às custas <strong>de</strong> um significativo consumo <strong>de</strong> oxigênio, resultando noacúmulo paralelo <strong>de</strong> metabólitos tóxicos aos peixes, como a amônia,o nitrito e o próprio gás carbônico.A produção <strong>de</strong> amônia não é fruto exclusivo <strong>da</strong> <strong>de</strong>composiçãoe reciclagem <strong>de</strong> resíduos orgânicos. O próprio metabolismo protéicodos peixes tem como resíduo final a amônia. A amônia e o nitrito(um produto intermediário no processo bacteriano <strong>de</strong> oxi<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>amônia à nitrato), são as principais substâncias ictiotóxicas (tóxicasaos peixes) nos sistemas aquaculturais.A excreção <strong>de</strong> gás carbônico no processo respiratório dospeixes po<strong>de</strong> ser crítica em certos sistemas <strong>de</strong> produção. No entanto,em sistemas <strong>de</strong> água para<strong>da</strong> ou <strong>de</strong> renovação intermitente <strong>de</strong> água,a excreção <strong>de</strong> CO 2é, na maioria <strong>da</strong>s vezes, pequena compara<strong>da</strong> àexcreção <strong>de</strong> CO 2pelo plâncton. Altas concentrações <strong>de</strong> gás carbônicoassocia<strong>da</strong>s a reduzidos níveis <strong>de</strong> oxigênio dissolvido na água po<strong>de</strong>mcausar asfixia e, até mesmo, massiva mortali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> peixes.10.2. Sobras <strong>de</strong> alimentos e fertilizantes orgânicos. Minimizar assobras <strong>de</strong> rações é <strong>de</strong> fun<strong>da</strong>mental importância na manutenção <strong>de</strong>a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> água nos sistemas <strong>de</strong> produção. As raçõescomerciais usa<strong>da</strong>s em piscicultura são basicamente <strong>de</strong> dois tipos: apeletiza<strong>da</strong> e a extrusa<strong>da</strong>. Uma comparação entre estes tipos <strong>de</strong> rações(Tabela 6) ressalta a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se adotar um manejo muito maiscomplexo com o uso <strong>de</strong> ração peletiza<strong>da</strong>, <strong>de</strong> modo a evitar uma precoce<strong>de</strong>terioração <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> água nos tanques e viveiros.Estercos, resíduos vegetais, material compostado, entreoutros tipos <strong>de</strong> materiais orgânicos constituem importantes fontes <strong>de</strong>resíduos orgânicos em certos sistemas aquaculturais. É prática comumem vários países a utilização <strong>de</strong> resíduos animais (suínos, bovinos, avese até resíduos humanos) como alimento direto ou como fertilizante naprodução <strong>de</strong> peixes. A ação microbiana sobre estes resíduos e sobras<strong>de</strong> rações resulta na produção <strong>de</strong> metabólitos tóxicos e liberação <strong>de</strong>40

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