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Reuso de Água em Edifícios Públicos - TECLIM - Universidade ...

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O742r Ornelas, Pedro<strong>Reuso</strong> <strong>de</strong> água <strong>em</strong> edifícios públicos: o caso da Escola Politécnica daUFBA / Pedro Ornelas --- Salvador-Ba, 2004.Xxxp. il.; color.Orientador: Prof. Dr. Luiz Olinto MonteggiaCo-orientador: Prof. Dr. Asher KiperstokDissertação (Mestrado <strong>em</strong> Gerenciamento e Tecnologias Ambientais noProcesso Produtivo) – Departamento <strong>de</strong> Engenharia Ambiental, Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral da Bahia, 2004.Referências e Anexos se houver.1. <strong>Água</strong> - Reutilização 2.Tratamento <strong>de</strong> água 3. Tratamento <strong>de</strong> águasresiduárias 4. <strong>Água</strong> – Tratamento biológico I.Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia.Escola Politécnica. II. Monteggia, Luiz Olinto. III. Kiperstok, Asher. VI.Título.CDD 333.91


Agra<strong>de</strong>cimentosAo professor Doutor Luiz Olinto Monteggia, pela orientação, paciência evaliosas informações.Ao professor Doutor Asher Kiperstok, pelo estímulo e co-orientação <strong>de</strong>stetrabalho.Aos professores participantes <strong>de</strong>ssa banca examinadora, pela gentileza daparticipação e gran<strong>de</strong> contribuição para a melhoria <strong>de</strong>ste trabalho.Ao professor Arthur Teixeira Cavalcante, pela força e gran<strong>de</strong> cooperação narevisão e formatação do trabalho.Aos professores Caiuby Alves da Costa, Luiz Edmundo e Ednildo Torres,pelo constante estímulo.À FAPESB e à FINEP, pelo apoio financeiro que possibilitou a montag<strong>em</strong> da ETE(Estação <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Efluentes) e a execução do Projeto Reuságua.À <strong>em</strong>presa Aqua Brasilis, que através <strong>de</strong> convênio com a UFBA ce<strong>de</strong>u aoProjeto o reator CBR (Contator Biológico Rotatório).À minha mãe e meu pai (in m<strong>em</strong>oriam), pelo incentivo <strong>em</strong> todos os momentos daminha vida.À Alba, Laila e Mila, minha mulher e filhas, pelo apoio e abdicação dacompanhia e momentos <strong>de</strong> lazer <strong>em</strong> troca <strong>de</strong> ajuda e participação na busca darealização <strong>de</strong>sta etapa da minha vida profissional.Aos colegas do DEM, especialmente ao professor José Amaro pelacolaboração e incentivo.


À bolsista, hoje Engenheira Ambiental Cristiane Santana Cruz, pela <strong>de</strong>dicaçãocom que abraçou as pesquisas que se constituíram na base <strong>de</strong> dados para aexecução <strong>de</strong>ste trabalho.Aos professores e colegas do Curso <strong>de</strong> Mestrado pela força e intercâmbio <strong>de</strong>material bibliográfico.Aos amigos, colegas e parceiros do <strong>TECLIM</strong> pelo incondicional apoio.Aos colegas e profissionais do Laboratório do DEA que tanto se <strong>em</strong>penharampara vencer as inúmeras dificulda<strong>de</strong>s surgidas no <strong>de</strong>correr dos trabalhos.Meus sinceros agra<strong>de</strong>cimentos.Pedro Ornelas


RESUMOEste trabalho t<strong>em</strong> por objetivo mostrar conceitos teóricos e técnicas aplicadas aoreuso <strong>de</strong> água <strong>em</strong> vasos sanitários e como essa prática po<strong>de</strong> contribuir na busca dasustentabilida<strong>de</strong> dos recursos hídricos. No seu <strong>de</strong>senvolvimento são abordados: ascrises da água como el<strong>em</strong>ento propulsor dos avanços nessa área, as possibilida<strong>de</strong>sdo reuso e suas principais aplicações, os tratamentos requeridos para a aplicação doreuso e as atuais discussões sobre os requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água para essaaplicação. A pesquisa apresenta um estudo <strong>de</strong> caso que consiste na implantação doreuso <strong>de</strong> água no edifício da Escola Politécnica da UFBA, envolvendo as etapas <strong>de</strong>instalação, operação e monitoramento <strong>de</strong> uma estação biológica compacta para otratamento dos efluentes provenientes <strong>de</strong> sanitários e avalia os resultados domonitoramento por meio <strong>de</strong> análises laboratoriais dos principais parâmetros <strong>de</strong>operação da estação e <strong>de</strong> resultados através <strong>de</strong> gráficos estatísticos. Paracompl<strong>em</strong>entar o estudo, este trabalho estabelece uma comparação entre osresultados da pesquisa feita nas instalações sanitárias da Escola Politécnica daUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia e os resultados obtidos <strong>em</strong> três Shopping Centersinstalados na Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador, pesquisa esta executada no âmbito do Programa<strong>TECLIM</strong> - Programa <strong>de</strong> Tecnologias Limpas e Minimização <strong>de</strong> Resíduos doDepartamento <strong>de</strong> Engenharia Ambiental da Politécnica e que buscou i<strong>de</strong>ntificar aqualida<strong>de</strong> da água existente nos vasos sanitários <strong>de</strong>sses edifícios. O estudo fazainda uma avaliação da viabilida<strong>de</strong> econômica para a implantação <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong>reaproveitamento para uma população não resi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> 2.500 pessoas, mediante acaptação <strong>de</strong> efluente primário e secundário, a aplicação <strong>de</strong> um tratamento biológicoe posterior reuso <strong>em</strong> bacias sanitárias, lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> áreas externas do edifício eirrigação <strong>de</strong> jardins.Palavras chave: <strong>Reuso</strong> <strong>de</strong> água; <strong>Água</strong>s Residuárias; Efluentes; TratamentoBiológico.


1SUMÁRIOSUMÁRIO............................................................................................................................................................... 1RESUMO ................................................................................................................................................................ 51. Introdução ..................................................................................................................................................... 72. A Crise da <strong>Água</strong> e a Alternativa do <strong>Reuso</strong> ............................................................................................... 102.1 A crise do abastecimento <strong>de</strong> água ............................................................................................................ 102.2 <strong>Reuso</strong> <strong>de</strong> água como alternativa para a crise............................................................................................ 112.3 Vários <strong>Reuso</strong>s........................................................................................................................................... 142.4 <strong>Reuso</strong> urbano............................................................................................................................................ 143. Objetivos...................................................................................................................................................... 183.1 Objetivo Geral.......................................................................................................................................... 183.2 Objetivos Específicos............................................................................................................................... 184. Metodologia da Pesquisa ............................................................................................................................ 195. Gerenciamento do <strong>Reuso</strong> <strong>de</strong> <strong>Água</strong>............................................................................................................. 225.1 Características do efluente........................................................................................................................ 225.2 Aplicações do reuso <strong>de</strong> água .................................................................................................................... 265.3 Tratamento das águas residuárias............................................................................................................. 355.3.1. Tipos <strong>de</strong> tratamento ......................................................................................................................... 355.3.2. Tratamentos biológicos.................................................................................................................... 365.4 O reator CBR - histórico, <strong>de</strong>scrição e funcionamento.............................................................................. 435.5 Critérios <strong>de</strong> projeto e parâmetros <strong>de</strong> dimensionamento............................................................................445.6 Legislação e Normas Técnicas específicas............................................................................................... 465.7 Instalações hidráulicas.............................................................................................................................. 495.7.1. Instalações para reuso direto <strong>em</strong> mictórios e reuso intra-sanitário................................................ 535.7.2. Instalações para reuso intra domiciliar e intra predial................................................................... 556. A Qualida<strong>de</strong> da <strong>Água</strong> para <strong>Reuso</strong> <strong>em</strong> Vasos Sanitários .......................................................................... 586.1 A qualida<strong>de</strong> da água encontrada nos vasos sanitário................................................................................ 606.1.1. Segunda Etapa da pesquisa: A qualida<strong>de</strong> da água <strong>em</strong> vasos tomados aleatoriamente................... 666.2 Resultados <strong>em</strong> Shopping Centers ............................................................................................................. 687. Estudo <strong>de</strong> Caso – Implantação do <strong>Reuso</strong> <strong>de</strong> <strong>Água</strong> na Escola Politécnica da UFBA ............................. 725.1 O sist<strong>em</strong>a hidráulico da Escola Politécnica UFBA................................................................................ 727.1 Instalações prediais da EPUFBA.............................................................................................................. 737.2 A Estação <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Efluentes da Politécnica .............................................................................747.3 Des<strong>em</strong>penho e eficiência do reator CBR.................................................................................................. 787.3.1. Parâmetros monitorados na primeira campanha ............................................................................ 787.3.2. Procedimentos <strong>de</strong> amostrag<strong>em</strong> ........................................................................................................ 797.3.3. Interpretação dos resultados ........................................................................................................... 807.3.4. Resultados da primeira fase........................................................................................................... 1137.3.5. Caracterização do efluente da Escola Politécnica ........................................................................ 1148. Segunda Etapa da Investigação ............................................................................................................... 1168.1 Parâmetros monitorados ......................................................................................................................... 1169. Estudo preliminar <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> econômica ......................................................................................... 1329.1 Custo operacional................................................................................................................................... 1329.2 Investimentos ......................................................................................................................................... 1339.3 Indicadores obtidos pelo Fluxo <strong>de</strong> Caixa Incr<strong>em</strong>ental ........................................................................... 13410. Consi<strong>de</strong>rações sobre a implantação da ETE. ......................................................................................... 13610.1 Probl<strong>em</strong>as e soluções.............................................................................................................................. 13610.2 Des<strong>em</strong>penho Operacional....................................................................................................................... 13610.3 A qualida<strong>de</strong> da água para reuso.............................................................................................................. 13710.4 Consi<strong>de</strong>rações sobre a viabilida<strong>de</strong> econômica dos projetos <strong>de</strong> reuso..................................................... 13911. Comentários .............................................................................................................................................. 14112. Sugestões.................................................................................................................................................... 14313. Referências Bibliográficas........................................................................................................................ 145


2Anexos ..................................................................................................................................................................149Anexo A – Resolução CONAMA 20/1986. .....................................................................................................149Anexo B - Diagramas típicos <strong>de</strong> tratamentos biológicos <strong>de</strong> efluentes: ...........................................................157Anexo C - Diagramas dos processos usuais <strong>de</strong> Lodos Ativados. .....................................................................158Anexo D – Arranjos típicos <strong>de</strong> estágios para instalações CBR. .......................................................................159Anexo E - Ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> dimensionamento preliminar <strong>de</strong> um CBR <strong>em</strong> planilha Excell ....................................160Anexo F - Vertedouro triangular para medição da vazão.................................................................................162Anexo G – Fluxo <strong>de</strong> Caixa Incr<strong>em</strong>ental ...........................................................................................................163LISTA DE FIGURASFigura 2.1 - Ciclo natural da água (O reuso da natureza)....................................................................................... 12Figura 2.2 - Tipos <strong>de</strong> reuso. ................................................................................................................................... 13Figura 2.3 - Detalhe da Figura 2.2 - Os ciclos <strong>de</strong> reuso. ........................................................................................ 13Figura 5.1 - Fatores para implantação <strong>de</strong> reuso <strong>de</strong> água. ....................................................................................... 22Figura 5.2 - Partição <strong>de</strong> poluentes orgânicos <strong>em</strong> águas residuárias. ...................................................................... 36Figura 5.3 - O sist<strong>em</strong>a CBR (Contator Biológico Rotatório)................................................................................. 44Figura 5.4: Equação para o cálculo da concentração <strong>de</strong> DBO solúvel no estágio n (mg/l).................................... 46Figura 5.5 - <strong>Reuso</strong> direto <strong>em</strong> mictório. .................................................................................................................. 54Figura 5.6 - <strong>Reuso</strong> intra-sanitário........................................................................................................................... 55Figura 5.7 - Esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong> reuso intradomiciliar. ..................................................................................................... 57Figura 7.1 - Planta baixa da ETE da Escola Politécnica. ....................................................................................... 75Figura 7.2 - Fotos da ETE durante a Implantação.................................................................................................. 76Figura 7.3 - Diagrama esqu<strong>em</strong>ático <strong>de</strong> reuso <strong>de</strong> água da Escola Politécnica da UFBA. ....................................... 77Figura 7.4 - Equação para o cálculo da massa <strong>de</strong> contaminantes transferida para os efluentes. ...........................115LISTA DE QUADROSQuadro 5-1- Código <strong>de</strong> cores dos efluentes (Henze et al., 2001)........................................................................... 23Quadro 5-2 - Componentes presentes no efluente doméstico (Henze et al., 2001)................................................ 24Quadro 5-3 - Passos para o dimensionamento <strong>de</strong> uma Estação <strong>de</strong> Tratamento CBR. ........................................... 46Quadro 5-4 - Valores <strong>de</strong> consumo per capita resi<strong>de</strong>ncial para intervalo <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> 95%.............................. 50Quadro 6-1:Diretrizes da qualida<strong>de</strong> microbiológica e parasitológica da água recomendada para uso <strong>em</strong> agricultura(OMS, 1989)................................................................................................................................................. 59Quadro 6-2 - Resultados <strong>de</strong> CT e CTE <strong>em</strong> amostras aleatórias <strong>de</strong> vasos da Escola Politécnica............................ 67Quadro 6-3: Coliformes Totais e Termotolerantes <strong>em</strong> vasos................................................................................. 69Quadro 7-1 - Parâmetros avaliados. ....................................................................................................................... 78Quadro 7-2-Parâmetros avaliados, método e ensaio e procedimentos adotados. ................................................... 80Quadro 7-3 - T<strong>em</strong>po <strong>de</strong> Detenção Hidráulica (horas) por dispositivo da ETE. .................................................113Quadro 8-1 - Parâmetros monitorados na segunda etapa e respectivas unida<strong>de</strong>s..................................................116Quadro 8-2 - Coliformes Totais e Termotolerantes do efluente bruto e tratado da Escola Politécnica (UFC/100ml). ..............................................................................................................................................................120LISTA DE GRÁFICOSGráfico 6.1 - Coliformes Totais do dia 03/12/2002 - vaso 3A4M. ........................................................................ 61


Gráfico 6.2 - Coliformes Totais do dia 07/01/2003 - vaso 1A4F. .......................................................................... 61Gráfico 6.3 - Coliformes Totais do dia 14/01/2003 - vaso 5A4M.......................................................................... 62Gráfico 6.4 - Coliformes Termotolerantes do dia 14/01/2003 - vaso 5A4M..........................................................63Gráfico 6.5 - Coliformes Totais do dia 21/01/2003 - vaso 1A4F. .......................................................................... 63Gráfico 6.6 - Coliformes Termotolerantes do dia 21/01/2003 - vaso 1A4F........................................................... 64Gráfico 6.7 - Coliformes Termotolerantes do dia 09/09/2003 - vaso 2A5F. ......................................................... 65Gráfico 6.8 - Coliformes Termotolerantes do dia 10/09/2003 - vaso 2A6F........................................................... 65Gráfico 6.9: Coliformes Termotolerantes do dia 17/0972003 - vaso 2A5F ...........................................................66Gráfico 6.10 - Resultados aleatórios <strong>de</strong> Coliformes Totais nos vasos sanitários da Escola Politécnica (freqüênciaX UFC/100 ml) ............................................................................................................................................. 67Gráfico 6.11 - Resultados aleatórios <strong>de</strong> Coliformes Termotolerantes nos vasos sanitários da Escola Politécnica (freqüência X UFC/100 ml) .......................................................................................................................... 68Gráfico 6.12: Resultados aleatórios <strong>de</strong> Coliformes Totais nos vasos sanitários <strong>de</strong> Shopping Centers <strong>de</strong> Salvador (freqüência X UFC/100 ml) .......................................................................................................................... 70Gráfico 6.13: Resultados aleatórios <strong>de</strong> Coliformes Termotolerantes nos vasos sanitários <strong>de</strong> Shopping Centers <strong>de</strong>Salvador ( freqüência X UFC/100 ml)......................................................................................................... 70Gráfico 7.1 - Nitrogênio Amoniacal NH3 (mg/l). ................................................................................................. 83Gráfico 7.2 – Cor do efluente bruto e tratado. (mg/l). ........................................................................................... 84Gráfico 7.3 - DBO do efluente bruto e tratado ao longo do t<strong>em</strong>po (mg./l)............................................................ 85Gráfico 7.4 - DBO do efluente bruto e tratado (mg./l) - curva ajustada. ................................................................ 87Gráfico 7.5 - R<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> DBO no período avaliado (%)...................................................................................... 87Gráfico 7.6 - DQO do efluente bruto e tratado (mg/l). ........................................................................................... 88Gráfico 7.7 - R<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> DQO do efluente <strong>em</strong> percentual................................................................................... 90Gráfico 7.8 - DBO e DQO do efluente bruto (mg/l)............................................................................................... 91Gráfico 7.9 - DBO e DQO do efluente tratado (mg/l). ........................................................................................... 91Gráfico 7.10 - Redução <strong>de</strong> DBO e DQO (%). ........................................................................................................ 93Gráfico 7.11 - Fósforo (P-PO4-3) na entrada e saída da ETE. (mg/l). .................................................................. 94Gráfico 7.12 - R<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> Fósforo <strong>em</strong> (%)......................................................................................................... 95Gráfico 7.13 - Nitratos - N-NO3 do efluente bruto e tratado (mg/l)....................................................................... 96Gráfico 7.14 - Nitrato - NO3 do Ef. bruto e tratado (mg/l) (Seq. 20 a 28). ........................................................ 97Gráfico 7.15 - Amônia - NH3 do ef. bruto e Nitrato (NO3) do ef. tratado (mg/l)................................................98Gráfico 7.16 - Nitritos - NO2 do Ef. bruto e tratado (Seqüência 20 a 28 – mg/l).................................................. 99Gráfico 7.17 - Nitratos - NO3 e Nitritos - NO2 do ef. tratado (mg/l).............................................................. 100Gráfico 7.18 - Amônia - NH3 do ef. bruto e Nitritos -NO2 do ef. tratado (mg/l). .............................................. 101Gráfico 7.19 - Amônia - NH3 do ef. bruto e Nitratos - NO3 do ef. tratado (mg/l)......................................... 101Gráfico 7.20 - OD do Ef. bruto e tratado (mg/l) com curvas <strong>de</strong> tendência.......................................................... 103Gráfico 7.21: pH do efluente bruto e tratado...................................................................................................... 105Gráfico 7.22 - Sólidos Suspensos do efluente bruto e tratado (mg/l). ................................................................. 106Gráfico 7.23: Redução <strong>de</strong> Sólidos Suspensos (%).............................................................................................. 107Gráfico 7.24: Turbi<strong>de</strong>z do efluente bruto e tratado (UNT).................................................................................. 109Gráfico 7.25: Redução da Turbi<strong>de</strong>z do efluente bruto para o tratado (%)............................................................ 109Gráfico 7.26: Redução <strong>de</strong> SS e Turbi<strong>de</strong>z no tratamento por CBR (%) ................................................................110Gráfico 7.27 - Vazão do efluente (m³/h).............................................................................................................. 111Gráfico 8.1 - Coliformes Totais do efluente bruto e tratado (UFC/100 ml). ....................................................... 117Gráfico 8.2 - Coliformes Termotolerantes do ef. bruto e tratado (UFC/100 ml).................................................. 118Gráfico 8.3 - Coliformes Totais e Termotolerantes do Efluente bruto (UFC/100 ml).......................................... 119Gráfico 8.4 - Coliformes Totais e Termotolerantes do efluente tratado (UFC/100 ml)....................................... 119Gráfico 8.5 - Cor do efluente bruto e tratado (mg/l)............................................................................................ 121Gráfico 8.6 - DQO do efluente bruto e tratado (mg/l). ......................................................................................... 122Gráfico 8.7 - Fósforo P-PO4-3 do efluente bruto e tratado (mg/l). ..................................................................... 123Gráfico 8.8 - Nitratos, N-NO3 efluente bruto e tratado ( mg/l).......................................................................... 125Gráfico 8.9: Nitritos N - NO2 ( mg/l).................................................................................................................. 125Gráfico 8.10 - pH do Ef. Bruto e Tratado............................................................................................................. 127Gráfico 8.11 - Fosfatos ( P2 O5 ) dos efluentes bruto e tratado (mg/l). ............................................................... 128Gráfico 8.12: Sólidos Suspensos (SS) do efluente bruto e tratado (mg/l) .......................................................... 129Gráfico 8.13 - Turbi<strong>de</strong>z do efluente bruto e tratado (UNT). ............................................................................... 130Gráfico 10.1 - Coliformes Totais nos vasos, efluentes bruto e tratado (UFC/100 ml). ...................................... 1383


4Gráfico 10.2 - Coliformes Termotolerantes nos vasos, efluentes bruto e tratado (UFC/100 ml) comparados comlimites <strong>de</strong>sse mesmo indicador na Resolução CONAMA 20. .....................................................................138LISTA DE TABELASTabela 5-1 - Carga típica <strong>de</strong> poluição per capita <strong>em</strong> efluentes domésticos <strong>em</strong> alguns países................................ 24Tabela 5-2 - Fontes tradicionalmente geradoras <strong>de</strong> resíduos domésticos - valores para residências não ecológicas....................................................................................................................................................................... 25Tabela 5-3 - Concentração <strong>de</strong> poluentes na geração <strong>de</strong> efluentes domésticos. .....................................................25Tabela 5-4 - Concentrações típicas <strong>de</strong> poluentes <strong>em</strong> efluentes domésticos. .......................................................... 25Tabela 5-5 - Sorgo irrigado com efluente tratado e com água. .............................................................................. 28Tabela 5-6 - Algodão irrigado com efluente tratado e com água. .......................................................................... 29Tabela 5-7 - Informações típicas para o projeto <strong>de</strong> um Contator Biológico Rotatório. ......................................... 45Tabela 5-8 - Valores típicos <strong>de</strong> consumo primário per capita <strong>em</strong> países do Norte da Europa que usammecanismos <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> água (L / habitante). .................................................................................. 51Tabela 7-1 - Nitrogênio Amoniacal do efluente bruto e tratado (mg/l).................................................................. 82Tabela 7-2 – Cor do efluente bruto e tratado (mg/l Pt) .......................................................................................... 84Tabela 7-3 - DBO do efluente bruto e tratado (mg/l)............................................................................................ 86Tabela 7-4 - DQO do efluente bruto e tratado <strong>em</strong> mg/l. ........................................................................................ 92Tabela 7-5 - Fósforo do efluente bruto e tratado (mg/l)........................................................................................ 95Tabela 7-6 - Nitrato – NO3 do efluente bruto e tratado (mg/l). ........................................................................... 97Tabela 7-7: Nitrito - NO2 do ef. bruto e tratado (mg/l)......................................................................................102Tabela 7-8: OD do efluente bruto e tratado (mg/l)..............................................................................................104Tabela 7-9 - pH do efluente bruto e tratado. ........................................................................................................105Tabela 7-10 - Sólidos Suspensos do efluente bruto e tratado (mg/l)...................................................................107Tabela 7-11 - Turbi<strong>de</strong>z do efluente bruto e tratado (UNT). .................................................................................110Tabela 7-12 - Vazões máxima, média, mínima e <strong>de</strong> projeto da ETE da Politécnica.............................................112Tabela 7-13 - Resultados da primeira etapa da investigação no efluente bruto e tratado......................................113Tabela 7-14 - Carga dos principais contaminantes do efluente da Escola Politécnica, da r<strong>em</strong>oção e do resíduoacumulado. ..................................................................................................................................................115Tabela 8-1 - DQO do efluente bruto e tratado nas 1ª e 2ª etapas da investigação.................................................122Tabela 8-2 - Fósforo dos efluentes bruto e tratado das 1ª e 2ª etapas da investigação. .........................................123Tabela 8-3 - Nitratos e Nitritos dos efluentes bruto e tratado nas 1ª e 2ª etapas da investigação..........................126Tabela 8-4 - pH dos efluentes bruto e tratado nas 1ª e 2ª etapas do experimento. ................................................127Tabela 8-5 - Sólidos Suspensos dos efluentes bruto e tratado nas 1ª e 2ª etapas...................................................129Tabela 8-6 - Turbi<strong>de</strong>z dos efluentes bruto e tratado nas 1ª e 2ª etapas..................................................................131


5RESUMOEste trabalho t<strong>em</strong> por objetivo mostrar conceitos teóricos e técnicas aplicadas aoreuso <strong>de</strong> água <strong>em</strong> vasos sanitários e como essa prática po<strong>de</strong> contribuir na busca dasustentabilida<strong>de</strong> dos recursos hídricos. No seu <strong>de</strong>senvolvimento são abordados: ascrises da água como el<strong>em</strong>ento propulsor dos avanços nessa área, as possibilida<strong>de</strong>sdo reuso e suas principais aplicações, os tratamentos requeridos para a aplicação doreuso e as atuais discussões sobre os requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água para essaaplicação. A pesquisa apresenta um estudo <strong>de</strong> caso que consiste na implantação doreuso <strong>de</strong> água no edifício da Escola Politécnica da UFBA, envolvendo as etapas <strong>de</strong>instalação, operação e monitoramento <strong>de</strong> uma estação biológica compacta para otratamento dos efluentes provenientes <strong>de</strong> sanitários e avalia os resultados domonitoramento por meio <strong>de</strong> análises laboratoriais dos principais parâmetros <strong>de</strong>operação da estação e <strong>de</strong> resultados através <strong>de</strong> gráficos estatísticos. Paracompl<strong>em</strong>entar o estudo, este trabalho estabelece uma comparação entre osresultados da pesquisa feita nas instalações sanitárias da Escola Politécnica daUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia e os resultados obtidos <strong>em</strong> três Shopping Centersinstalados na Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador, pesquisa esta executada no âmbito do Programa<strong>TECLIM</strong> - Programa <strong>de</strong> Tecnologias Limpas e Minimização <strong>de</strong> Resíduos doDepartamento <strong>de</strong> Engenharia Ambiental da Politécnica e que buscou i<strong>de</strong>ntificar aqualida<strong>de</strong> da água existente nos vasos sanitários <strong>de</strong>sses edifícios. O estudo fazainda uma avaliação da viabilida<strong>de</strong> econômica para a implantação <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong>reaproveitamento para uma população não resi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> 2.500 pessoas, mediante acaptação <strong>de</strong> efluente primário e secundário, a aplicação <strong>de</strong> um tratamento biológico eposterior reuso <strong>em</strong> bacias sanitárias, lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> áreas externas do edifício eirrigação <strong>de</strong> jardins.Palavras chave: <strong>Reuso</strong> <strong>de</strong> água; <strong>Água</strong>s Residuárias; Efluentes; TratamentoBiológico.


6ABSTRACTThe aim of this dissertation is to <strong>de</strong>monstrate theoretical and technical conceptsapplied to the reuse of wastewater to flush toilets and how this practice can contributeto the sustainability of water resources. The scope of this work inclu<strong>de</strong>s: water crisesthat have prompted advances in this area, the potential for reuse and its main uses,treatment required for the application of water reuse and the current <strong>de</strong>bate on waterquality requir<strong>em</strong>ents for this.This dissertation also presents a case study of water reuse carried out in thePolytechnic School at UFBA which comprised the impl<strong>em</strong>entation, operation andmonitoring of a compact biological Wastewater Treatment Plant (WWTP) for thetreatment of effluent from the toilets of the institution. Furthermore, the laboratoryresults of the monitoring for the main parameters of the WWTP and assessment ofthe results using statistical graphs are also presented.To compl<strong>em</strong>ent this study the results of a survey att<strong>em</strong>pting to i<strong>de</strong>ntify the quality ofwater present in the toilets of the Polytechnic School of the University and that ofshopping centres in the city of Salvador are also presented. This research wascarried out within the <strong>TECLIM</strong> programme for Clean Technology and the Minimisationof Waste from the Environmental Engineering Department of the Polytechnic School.The study also evaluates the economic viability of the installation of a syst<strong>em</strong> of reusefor a non-resi<strong>de</strong>ntial population of 2500 people using primary and secondary effluent,the application of biological treatment and the subsequent reuse of water in toilets,cleaning of external areas of buildings and watering of gar<strong>de</strong>ns.Keywords: Water reuse, Wastewater, Effluent, Biological Treatment


71. IntroduçãoO uso racional da água t<strong>em</strong> sido, através dos t<strong>em</strong>pos, uma questão mais oumenos negligenciada, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse b<strong>em</strong> <strong>em</strong> cada região.On<strong>de</strong> a água é escassa e cara, a questão do seu uso é repensada e os conceitosimplícitos ao t<strong>em</strong>a vão sendo cada vez mais revistos. Conseqüent<strong>em</strong>ente, vãoocorrendo mudanças comportamentais na socieda<strong>de</strong> e surg<strong>em</strong> perguntas como:A água potável não seria a água para beber, para preparar os alimentos e paraser usada nos asseios mais íntimos? Por que usamos a água classificada comopotável para todos os outros fins domésticos não potáveis? E constata-se que,por falta <strong>de</strong> outra água nas residências, lavamos a calçada, o carro e damos<strong>de</strong>scarga nos vasos sanitários com a água apropriada para o consumo humano.Durante muito t<strong>em</strong>po, poucos se preocuparam <strong>em</strong> perguntar: A água potável éencontrada na natureza com a qualida<strong>de</strong> <strong>em</strong> que é disponibilizada àspopulações? Quanto custa captar, tratar e transportar um metro cúbico <strong>de</strong> águapotável? E o valor intrínseco do recurso ÁGUA, como apropriar? Quais osimpactos econômicos, ecológicos e sociais gerados pela transformação da águada forma <strong>em</strong> que é encontrada na natureza para água potável?Nos casos <strong>de</strong> escassez, “[u]ma das alternativas que se têm apontado para oenfrentamento do probl<strong>em</strong>a é o reuso <strong>de</strong> água, importante instrumento <strong>de</strong> GestãoAmbiental do recurso água e <strong>de</strong>tentor <strong>de</strong> tecnologias já consagradas para a suaaplicação” (PHILIPPI, 2003). Reusar água nada mais é do que recuperar a águaque seria perdida nas galerias <strong>de</strong> esgotos, reutilizando-a <strong>em</strong> aplicações menosexigentes que a primeira aplicação.Nas últimas décadas, essas questões têm ultrapassado os limites dos países quesofr<strong>em</strong> com a escassez <strong>de</strong> água com potencial <strong>de</strong> potabilida<strong>de</strong> e passado a serum t<strong>em</strong>a <strong>de</strong> discussão pública, não mais restrita apenas a estudiosos,pesquisadores, ambientalistas, administradores públicos e interessados peloassunto. No bojo <strong>de</strong>ssa discussão, têm surgido questionamentos instigantesrelacionados com a qualida<strong>de</strong> da água necessária e suficiente para cada uso e ocusto associado ao ganho <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> entre a água residuária a ser tratada e aágua recuperada, pronta para ser aplicada <strong>em</strong> cada reuso, tais como: que nível


8<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água residuária é passível <strong>de</strong> tratamento para reuso a um custoenergético e ambiental justificável? Que nível <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água recuperadapelo tratamento é necessário e suficiente para cada aplicação <strong>de</strong> reuso? SegundoHespanhol (1997), “o conceito <strong>de</strong> substituição <strong>de</strong> fontes se mostra como aalternativa mais plausível para satisfazer a <strong>de</strong>mandas menos restritivas, <strong>de</strong>ixandoas águas <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong> para usos mais nobres como abastecimentodoméstico”. A <strong>de</strong>finição da qualida<strong>de</strong> baseada na a<strong>de</strong>quação ao uso, permite aestratificação das águas <strong>em</strong> diversos padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Para Blum (2003) “aclassificação <strong>de</strong> boa ou má qualida<strong>de</strong> para uma água, só t<strong>em</strong> sentido quando seleva <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração o uso previsto para ela”. Algumas das aplicações maisclássicas para a água <strong>de</strong> reuso já foram suficient<strong>em</strong>ente pesquisadas e o acervo<strong>de</strong> dados já permite o estabelecimento <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> bastante seguros enão tão restritivos. Os dados históricos mostram um <strong>de</strong>créscimo nos níveis <strong>de</strong>exigência à medida que se acumula conhecimento sobre o assunto, s<strong>em</strong> que issorepresente um proporcional aumento do risco à saú<strong>de</strong> pública. Exist<strong>em</strong> poucosdados sobre os efeitos na saú<strong>de</strong> humana no que se refere ao reuso <strong>de</strong> águas <strong>em</strong>segmentos que ainda não têm a tradição já existente na irrigação (como aaqüicultura, por ex<strong>em</strong>plo), não sendo, portanto, recomendados padrões <strong>de</strong>finitivos<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> bacteriológica para essas aplicações (CROOK, 1993). É <strong>de</strong>fundamental importância, a <strong>de</strong>terminação dos requisitos mínimos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>para cada reuso, já que quanto mais eficiente for o processo que separa a água<strong>de</strong> seus poluentes, maior será a geração <strong>de</strong> resíduos e o custo energético.Um ponto crítico na viabilização do reuso urbano está na estrutura <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong>esgotos universalmente existente, que recomenda a implantação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>sestações municipais centralizadas para tratamento <strong>de</strong> efluentes (METCALF &EDDY, 2003). Essa é uma cultura antiga herdada dos gregos e romanos na qual ar<strong>em</strong>oção da água poluída <strong>de</strong>veria ser encaminhada para longe dos locaisresi<strong>de</strong>nciais numa época <strong>em</strong> que as pessoas moravam <strong>em</strong> pequenascomunida<strong>de</strong>s e consumiam pouca água <strong>em</strong> relação à disponibilida<strong>de</strong> dosrecursos hídricos existentes. Esses sist<strong>em</strong>as centralizados caracterizam-se porpossuir uma complexa re<strong>de</strong> <strong>de</strong> coleta, o que, via <strong>de</strong> regra, representa a maiorparte do investimento além <strong>de</strong> resultar <strong>em</strong> elevado custo operacional. O balançoenergético po<strong>de</strong> ser mais favorável quando pequenas estações <strong>de</strong> tratamento


9aten<strong>de</strong>m a uma <strong>de</strong>terminada região ou, ainda melhor, com micro-estaçõesaten<strong>de</strong>ndo a cada condomínio ou edificação.A realização do projeto que resultou neste trabalho <strong>de</strong> pesquisa foi possível<strong>de</strong>vido ao apoio financeiro da FINEP (Financiadora <strong>de</strong> Estudos e Projetos doMinistério da Ciência e Tecnologia) e da FAPESB (Fundação <strong>de</strong> Amparo àPesquisa do Estado da Bahia), assim como <strong>de</strong>vido à parceria com a <strong>em</strong>presaAcqua Brasilis, à época Korff & Muller que, mediante convênio <strong>de</strong> cooperação,importou da Al<strong>em</strong>anha e ce<strong>de</strong>u ao projeto um reator biológico compacto do tipoCBR - Contator Biológico Rotatório, peça fundamental da Estação <strong>de</strong> Tratamento<strong>de</strong> Efluentes (ETE) montada da Escola Politécnica.


102. A Crise da <strong>Água</strong> e a Alternativa do <strong>Reuso</strong>2.1 A crise do abastecimento <strong>de</strong> águaA falta <strong>de</strong> água nas regiões on<strong>de</strong> não há escassez s<strong>em</strong>pre foi tratada como umprobl<strong>em</strong>a do futuro que iria atormentar alguma geração mais à frente da nossa. Ofuturo, no entanto, chegou mais cedo do que se imaginava e, hoje, <strong>de</strong>ntre osassuntos ligados às ciências do ambiente, a crise no abastecimento <strong>de</strong> água écertamente objeto <strong>de</strong> diversos estudos e o t<strong>em</strong>a <strong>de</strong> maior relevância <strong>em</strong>discussões, palestras e artigos <strong>em</strong> renomados periódicos. “Em muitas regiões doglobo, a população ultrapassou o ponto <strong>em</strong> que podia ser abastecida pelosrecursos hídricos locais disponíveis. Hoje exist<strong>em</strong> 26 países que abrigam 262milhões <strong>de</strong> pessoas e que se enquadram na categoria <strong>de</strong> áreas com escassez <strong>de</strong>água”. (POSTEL, apud MANCUSO, 2003).Entre os principais fatores que conduziram diversos países à situação crítica <strong>de</strong>abastecimento <strong>de</strong> água estão: a limitação da oferta <strong>de</strong> água nas cercanias daspopulações, o <strong>de</strong>scuido com os mananciais, o assoreamento dos rios <strong>de</strong>vido ao<strong>de</strong>smatamento, as práticas agrícolas ina<strong>de</strong>quadas e o crescimento <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nadodas populações. Esses fatores, agindo isolada ou conjuntamente, reduziram aquantida<strong>de</strong> nominal da água que antes parecia nunca faltar. Além do mais, acontaminação dos mananciais <strong>de</strong>vido ao lançamento <strong>de</strong> efluentes urbanos eindustriais s<strong>em</strong> qualquer tratamento e os agrotóxicos carreados pelas águas <strong>de</strong>chuva até os mananciais comprometeram significativamente a qualida<strong>de</strong> da águaque restou.Segundo Hespanhol,[a] escassez <strong>de</strong> água não é um atributo apenas das regiões áridase s<strong>em</strong>i-áridas on<strong>de</strong> existe pouca água <strong>de</strong> superfície e baixo índice<strong>de</strong> precipitação pluviométrica. Regiões, que <strong>em</strong>bora disponham <strong>de</strong>recursos hídricos significativos, mas insuficientes para aten<strong>de</strong>r a<strong>de</strong>mandas excessivamente elevadas, também experimentamconflitos <strong>de</strong> usos e sofr<strong>em</strong> restrições <strong>de</strong> consumo que afetam asativida<strong>de</strong>s econômicas e influ<strong>em</strong> negativamente na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida <strong>de</strong> suas populações (HESPANHOL, 1997).No Brasil, a oferta total <strong>de</strong> água doce é muito superior à atual <strong>de</strong>manda. Noentanto, a localização dos mananciais e a qualida<strong>de</strong> das águas basicamente


11<strong>de</strong>fin<strong>em</strong> a condição <strong>de</strong> oferta. Apenas para ilustrar, São Paulo e Recife, duasgran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s cortadas ou circundadas por rios importantes e situadas on<strong>de</strong>nunca se pensou pu<strong>de</strong>sse faltar água, estão pa<strong>de</strong>cendo <strong>de</strong> crises <strong>de</strong>abastecimento e tendo que submeter as suas populações a constantesracionamentos.Quais as alternativas para uma cida<strong>de</strong> como São Paulo? Tratar e usar a água dosseus rios mais próximos altamente poluídos? Recursos técnicos para tanto nãofaltam, mas, supostamente, o custo do tratamento não compensaria o benefício.Outra alternativa como, por ex<strong>em</strong>plo, trazer água do aqüífero Guarani, o maiordas Américas e um dos maiores do mundo, esbarraria num outro tipo <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>atambém associado a custo, que seria o gran<strong>de</strong> dispêndio energético para extrair,preparar e transportar a água até as torneiras dos cidadãos. Como resolver oprobl<strong>em</strong>a? Como garantir que as próximas gerações não sejam comprometidaspor atitu<strong>de</strong>s impensadas da nossa geração e <strong>de</strong> gerações passadas? A principalresposta está nas necessárias mudanças <strong>de</strong> hábitos e paradigmas. “Nossasocieda<strong>de</strong> necessita urgent<strong>em</strong>ente incr<strong>em</strong>entar mudanças no estilo <strong>de</strong> vida paraestilos <strong>de</strong> vida sustentáveis os quais, através <strong>de</strong> novos conhecimentos etecnologias, traz<strong>em</strong> também maior proteção ao meio ambiente” (LETTINGA et al.,2001).2.2 <strong>Reuso</strong> <strong>de</strong> água como alternativa para a criseS<strong>em</strong>pre que a água com a qualida<strong>de</strong> requerida para <strong>de</strong>terminado uso torna-se umrecurso escasso, são buscadas, <strong>de</strong> forma sist<strong>em</strong>atizada ou não, alternativas <strong>de</strong>suprimento ou repressão do consumo para que seja restabelecido o equilíbriooferta/<strong>de</strong>manda <strong>de</strong>sse precioso recurso. O reuso <strong>de</strong> água, quando b<strong>em</strong>planejado, t<strong>em</strong> <strong>de</strong>monstrado ser uma das alternativas mais interessantes <strong>de</strong>suprimento. Reusar água é reaproveitar a água recuperada <strong>de</strong> águas residuárias(efluentes), através da r<strong>em</strong>oção ou não <strong>de</strong> parte dos resíduos por ela carreada<strong>em</strong> uso anterior, e usá-la novamente <strong>em</strong> aplicações menos exigentes que oprimeiro uso, encurtando assim o ciclo hídrico da natureza <strong>em</strong> favor do balançoenergético (METCALF & EDDY, 2003). A rigor, as moléculas <strong>de</strong> água que hojeusamos, já <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ter sido, um dia, usadas e recicladas pela natureza.


12O ciclo da água nada mais é do que uma forma <strong>de</strong> reuso executado naturalmentee <strong>em</strong> que a natureza num longo sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> tratamento utiliza as fontes <strong>de</strong> energianaturais <strong>de</strong> que dispõe. Nesse processo, uma expressiva parcela da água quecircula entre a terra e a atmosfera é conservada e uma parcela <strong>de</strong> água nova éincorporada ao ciclo, sendo esta gerada por reações químicas <strong>em</strong> processosnaturais ou artificiais.O probl<strong>em</strong>a do abastecimento começa com a distribuição da água que, <strong>de</strong>volvidaà terra na forma <strong>de</strong> precipitação pluviométrica, obe<strong>de</strong>ce basicamente às leis danatureza no que diz respeito a forma, local e época <strong>de</strong> precipitação, muitas vezesabastecendo fartamente algumas regiões e <strong>de</strong>ixando outras <strong>em</strong> estado crítico <strong>de</strong>escassez. Dessa forma, se não houver uma significativa vantag<strong>em</strong> no balançoenergético, o reuso <strong>de</strong> água executado pelo hom<strong>em</strong> não é aconselhável; anatureza faz, melhor que nós, essa tarefa. Fatores como distância entre oscentros consumidores da água e os mananciais <strong>de</strong> abastecimento elevam o custo<strong>de</strong> distribuição e, por isso, têm peso consi<strong>de</strong>rável na <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> aplicar ou não oreuso.A figura 2-1 mostra o ciclo natural da água evi<strong>de</strong>nciando o reuso da natureza. Nasfiguras 2-2 e 2-3, os ciclos concêntricos simbolizam diversos tipos <strong>de</strong> reusos.Figura 2.1 - Ciclo natural da água (O reuso da natureza).


13Tipos <strong>de</strong> reuso: (1) reuso intra-sanitário, (2) reuso intradomicílio, (3) reuso intracondomínio, (4) reuso intrabairro,(5) reuso urbano, (6) reuso agrícola, (7) recarga <strong>de</strong> aqüíferos (reuso indireto).Figura 2.2 - Tipos <strong>de</strong> reuso.Figura 2.3 - Detalhe da Figura 2.2 - Os ciclos <strong>de</strong> reuso.


15recuperadas das águas residuárias <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> diversos fatores tais como: clima,condição sócio-econômica, cultura, escassez <strong>de</strong> água, aceitação pública entreoutros. Esses fatores são muito específicos, variando fort<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> um lugar paraoutro, não sendo razoável a adoção <strong>de</strong> um padrão nacional, principalmente <strong>em</strong>países com as diversida<strong>de</strong>s do Brasil.O reuso da água <strong>de</strong> uma maneira geral é uma prática cada vez mais dominada eadotada. As principais questões levantadas sobre o assunto são:a) Que efluentes são recuperáveis <strong>de</strong> forma economicamente viável?b) Quais as formas <strong>de</strong> reuso mais indicadas para as águas recuperadas <strong>de</strong>efluentes urbanos?c) Que requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser exigidos para cada reuso?As questões a e b estão sendo naturalmente respondidas <strong>em</strong> compasso com o<strong>de</strong>senvolvimento tecnológico do reuso e a sua aplicação prática nos diversossegmentos da ativida<strong>de</strong> humana. A questão c v<strong>em</strong> sendo trabalhada <strong>em</strong> diversospaíses e exist<strong>em</strong> muitas pesquisas no sentido <strong>de</strong> se estabelecer esses requisitos,principalmente <strong>em</strong> segmentos <strong>de</strong> reuso mais largamente difundidos (NOLDE,2000).A distribuição da água <strong>de</strong> superfície é outro fator <strong>de</strong>terminante para a implantaçãodo reuso urbano. No Brasil, as gran<strong>de</strong>s reservas <strong>de</strong> água doce (já mencionadas),teoricamente, nos <strong>de</strong>ixariam fora <strong>de</strong> situações <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>sabastecimento.Entretanto, <strong>em</strong> algumas regiões, estamos enfrentando sérios probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong><strong>de</strong>sabastecimento principalmente porque as nossas maiores reservas <strong>de</strong> águadoce ocorr<strong>em</strong> nas regiões <strong>de</strong> mais baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> populacional:73% da água doce estão na Amazônia abastecendo 5% dapopulação brasileira. Os outros 27% estão divididos para orestante do país, abastecendo 95% da população. A transferência<strong>de</strong>sses recursos para regiões <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>manda não somenteresultaria <strong>em</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio ecológico como também acarretariaelevados custos operacionais (SETTI et al., 2001).O reuso urbano <strong>de</strong> águas recuperadas dos efluentes domésticos é uma práticacada vez mais difundida nos países <strong>de</strong>senvolvidos, mesmo on<strong>de</strong> a água aindanão é um recurso escasso, não somente pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> umanova consciência <strong>de</strong> que essa prática preserva o meio ambiente reduzindo


16impactos ambientais, como também pelo interesse no aprimoramento datecnologia aplicada ao reuso (METCALF & EDDY, 2001).Uma pesquisa realizada pelo Programa Delphi do Ministério do Meio Ambiente daAl<strong>em</strong>anha, intitulada Tecnologia da <strong>Água</strong> no Ano 2010 mostra queaproximadamente 76% dos especialistas internacionais questionadosconsi<strong>de</strong>raram tecnicamente praticável usar a água recuperada dos efluentes <strong>de</strong>lavatórios, banheiras e chuveiros nas casas, com o mesmo risco à saú<strong>de</strong> públicaoferecido pelos atuais sist<strong>em</strong>as que usam água potável (DELPHI, 1999, apudNOLDE, 2000). O estudo Delphi concluiu que até 2010 a tecnologia <strong>de</strong> reuso <strong>de</strong>água estará universalizada sendo implantada na maioria dos países<strong>de</strong>senvolvidos e <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.Na década <strong>de</strong> 90 diversas plantas <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> efluentes com tecnologiasdiferentes foram <strong>de</strong>senvolvidas e instaladas <strong>em</strong> diversos países <strong>em</strong>bora somentealgumas <strong>de</strong>las foss<strong>em</strong> <strong>de</strong>vidamente investigadas e avaliadas. Durante a avaliação<strong>de</strong>ssas diferentes plantas, testes padrão da água residuária e da água recuperadaforam realizados. Os objetivos do reuso também foram reconsi<strong>de</strong>rados.Constatou-se que a mesma estação <strong>de</strong> tratamento biológico <strong>de</strong> efluentesoperando <strong>em</strong> locais diferentes po<strong>de</strong> apresentar resultados diferentes e que, aocontrário das estações <strong>de</strong> tratamento por princípios físico-químicos, as <strong>de</strong>tratamento biológico têm comportamento menos estáveis e são mais sensíveis àsvariações climáticas (NOLDE, 2000).As dificulda<strong>de</strong>s para a implantação <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> reuso urbano no Brasilcomeçam pela falta <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong>ssa técnica e pela falta <strong>de</strong> conscientizaçãoda população para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preservação dos recursos hídricos eenergéticos. Também contribu<strong>em</strong> para dificultar a implantação <strong>de</strong>ssa técnica opouco esclarecimento da população sobre a segurança dos atuais sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong>tratamento e a inexistência <strong>de</strong> legislação e normas técnicas específicas sobre oassunto. E, finalmente, a falta <strong>de</strong> estímulo ao reuso por parte dos po<strong>de</strong>respúblicos não motiva o <strong>em</strong>preen<strong>de</strong>dor já que os investimentos <strong>em</strong> instalaçõeshidráulicas e estações <strong>de</strong> tratamento são relativamente elevados e não têmretorno <strong>em</strong> curto prazo como é <strong>de</strong>monstrado no capítulo nove.Exist<strong>em</strong> ainda as dificulda<strong>de</strong>s técnicas, que po<strong>de</strong>m ser específicas a cada caso.Na implantação do reuso na Escola Politécnica, por ex<strong>em</strong>plo, uma das


17dificulda<strong>de</strong>s foi a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> qual efluente <strong>de</strong>veria ser tratado para reuso <strong>em</strong>vasos sanitários e rega <strong>de</strong> jardins. Para reuso <strong>em</strong> vasos sanitários, o efluenteusual é o proveniente <strong>de</strong> banhos e lavatórios por possuir baixa carga orgânica ebaixo nível <strong>de</strong> nutrientes. Na escola Politécnica, assim como na maioria dosedifícios públicos, não exist<strong>em</strong> instalações para banho, restando apenas oefluente proveniente dos lavatórios <strong>de</strong> mãos, <strong>de</strong> volume insuficiente para aimplantação do reuso. A opção indicada no caso foi a coleta e o tratamento dosefluentes provenientes dos vasos sanitários, lavatórios <strong>de</strong> mãos e mictórios, queexig<strong>em</strong> um tratamento mais difícil, porém oferec<strong>em</strong> uma vazão <strong>de</strong> águarecuperada suficiente para aten<strong>de</strong>r ao reuso objetivado.


183. Objetivos3.1 Objetivo GeralO objetivo geral <strong>de</strong>ste trabalho é estudar os aspectos técnicos e econômicosenvolvidos na tecnologia do reuso <strong>de</strong> águas recuperadas <strong>de</strong> efluentes primário esecundário <strong>de</strong> sanitários. A intenção é po<strong>de</strong>r contribuir para a racionalização douso da água no meio urbano e para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> propostas para oaproveitamento <strong>de</strong> efluentes sanitários <strong>em</strong> <strong>de</strong>scargas <strong>de</strong> vasos sanitários e rega<strong>de</strong> jardins.3.2 Objetivos EspecíficosOs objetivos específicos são os seguintes:Criar condições para o reuso <strong>de</strong> água recuperada <strong>de</strong> efluentes na EscolaPolitécnica da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia, visando i<strong>de</strong>ntificar as dificulda<strong>de</strong>sque <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser superadas para viabilizar a recuperação da água e posteriorreuso.Acompanhar e avaliar o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho da ETE através <strong>de</strong> monitoramento doprocesso <strong>de</strong> tratamento mediante coleta <strong>de</strong> amostras do efluente bruto e tratado,análises laboratoriais <strong>de</strong>ssas amostras e avaliação dos principais parâmetros <strong>de</strong>controle.Contribuir para o estabelecimento dos requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> requeridos parareuso <strong>de</strong> água recuperada <strong>de</strong> efluentes primário e secundário, tendo <strong>em</strong> vista asegurança do sist<strong>em</strong>a quanto à saú<strong>de</strong> coletiva.Fazer um estudo preliminar <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> econômica para implantação <strong>de</strong>estação <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> águas residuárias <strong>em</strong> edifícios públicos objetivando oreuso da água recuperada <strong>em</strong> vasos sanitários e/ou rega <strong>de</strong> jardins.


194. Metodologia da PesquisaA metodologia aplicada no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste trabalho consistiu basicamente<strong>em</strong>:Pesquisa bibliográfica - Pesquisa <strong>em</strong> publicações específicas, livros técnicos edidáticos, artigos <strong>em</strong> revistas e periódicos, normas técnicas e legislação sobret<strong>em</strong>as correlatos ao uso da água.Construção <strong>de</strong> uma Estação Biológica <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Efluentes <strong>em</strong> parceriacom a <strong>em</strong>presa Korff & Müller e <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> reuso para a água recuperada.Pesquisa Aplicada 1 - Execução <strong>de</strong> uma investigação que consistiu nomonitoramento mediante plano <strong>de</strong> amostrag<strong>em</strong>, coleta <strong>de</strong> amostras, análiseslaboratoriais e avaliação dos resultados da água encontrada nos vasos sanitáriosda Escola Politécnica e <strong>de</strong> mais três shopping centers da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador,objetivando a <strong>de</strong>terminação da qualida<strong>de</strong> da água através da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>coliformes totais e termotolerantes. Esta pesquisa foi executada com aparticipação <strong>de</strong> estudantes bolsistas e do pessoal técnico do Laboratório <strong>de</strong><strong>Água</strong>s do Departamento <strong>de</strong> Engenharia Ambiental da UFBA.Pesquisa Aplicada 2 - Monitoramento da Estação <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Efluentesinstalada na Escola Politécnica a partir <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> amostrag<strong>em</strong> com coletasdiárias <strong>de</strong> amostras dos efluentes bruto e tratado para análise laboratorial e<strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> doze dos principais parâmetros objetivando caracterizar oefluente, i<strong>de</strong>ntificar a eficiência do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> tratamento e a qualida<strong>de</strong> da águarecuperada.O principal parâmetro operacional monitorado foi a vazão, mediante instalação <strong>de</strong>vertedouro <strong>de</strong> perfil triangular entre o <strong>de</strong>cantador e a caixa <strong>de</strong> água recuperada.Os parâmetros <strong>de</strong> controle do <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho monitorados foram:a) DBO 5 - para avaliar da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> r<strong>em</strong>oção da carga orgânica da ETE.b) DQO - para avaliar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> r<strong>em</strong>oção da carga químicabio<strong>de</strong>gradável da ETE.c) Cor, Sólidos Suspensos e Turbi<strong>de</strong>z – para avaliar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>clarificação da ETE, <strong>de</strong> fundamental importância para o reuso <strong>em</strong> vasos


20sanitários. Sendo um dos objetivos do reuso a rega <strong>de</strong> jardins da EscolaPolitécnica, foram também monitorados os seguintes nutrientes: nitrogênioamoniacal, fósforo e potássio. Os resultados <strong>de</strong>sses parâmetros serãoavaliados posteriormente.d) Nitritos e Nitratos – para avaliar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nitrificação da ETE.Esta pesquisa também contou com a participação <strong>de</strong> estudantes bolsistas e <strong>de</strong>pessoal técnico do Laboratório <strong>de</strong> <strong>Água</strong>s do Departamento <strong>de</strong> EngenhariaAmbiental da UFBA.A investigação da qualida<strong>de</strong> da água nos vasos sanitários foi dividida <strong>em</strong> duasetapas distintas. Na primeira, foram investigados apenas os vasos sanitários daEscola Politécnica. Na segunda, além <strong>de</strong> vasos da Escola, foram tambémincluídos vasos sanitários <strong>de</strong> shopping centers <strong>de</strong> Salvador e, <strong>de</strong>sta feita, <strong>em</strong>todos os locais, as amostras coletadas foram provenientes <strong>de</strong> vasos tomadosaleatoriamente.Na primeira fase da investigação os objetivos foram:a) Verificar presença <strong>de</strong> coliformes na água contida nos vasos sanitários apósa <strong>de</strong>scarga dada in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente do vaso ter sido ou não usado.b) Em caso positivo, levantar a curva <strong>de</strong> contaminação <strong>em</strong> função do t<strong>em</strong>po<strong>de</strong> permanência da água no vaso.Durante os meses <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2002 a janeiro <strong>de</strong> 2003, foram coletadasamostras <strong>de</strong> água dos vasos dos sanitários segundo um plano <strong>de</strong> monitoramento.Em cada vaso investigado foi dada uma <strong>de</strong>scarga e logo após era coletada aamostra. A seguir, a porta do boxe era lacrada e a partir daí as <strong>de</strong>mais coletaseram efetuadas a cada hora durante um período <strong>de</strong> seis horas. Cada resultado <strong>de</strong>análise laboratorial <strong>de</strong> uma amostrag<strong>em</strong> recebeu um código no qual estavami<strong>de</strong>ntificados o vaso, o sanitário (masculino ou f<strong>em</strong>inino), o andar, a data da coletae o parâmetro da análise, ou seja, se coliformes totais ou termotolerantes.Não foi possível aumentar o número <strong>de</strong> coletas <strong>de</strong> cada amostrag<strong>em</strong> <strong>de</strong>vido aofato <strong>de</strong> o volume <strong>de</strong> água contido no selo hídrico <strong>de</strong> cada vaso sanitário ser


21restrito ao sifão (cerca <strong>de</strong> 1 L), o que limitou a amostrag<strong>em</strong> (amostras <strong>de</strong> 100 ml)a um número máximo <strong>de</strong> seis amostras.Na segunda fase da investigação, uma vez comprovada a contaminação da águaquando <strong>de</strong>positada no vaso sanitário no ato da <strong>de</strong>scarga, o objetivo foi avaliarqual seria a qualida<strong>de</strong> da água encontrada nos vasos sanitários nas condiçõesnormais <strong>de</strong> uso.Nesta fase, iniciando pelos sanitários da Escola Politécnica, foram feitas amostras<strong>de</strong> vasos tomados aleatoriamente e, <strong>de</strong> cada vaso que apresentasse águaaparent<strong>em</strong>ente limpa, era coletada uma única amostra. As amostras eramlevadas ao Laboratório <strong>de</strong> águas do DEA on<strong>de</strong> eram examinadas pelo métodoTMF (Técnica da M<strong>em</strong>brana Filtrante) para <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> Coliformes Totais eColiformes termotolerantes. Este procedimento foi também aplicados nos trêsShopping Centers investigados e os resultados confrontados com os obtidos nossanitários da Escola Politécnica.


225. Gerenciamento do <strong>Reuso</strong> <strong>de</strong> <strong>Água</strong>Para que o reuso <strong>de</strong> água recuperada <strong>de</strong> efluentes possa ser aplicado <strong>de</strong> formasustentável e eco-eficiente um conjunto <strong>de</strong> fatores precisa ser atendido. Osprincipais fatores requeridos, que são <strong>de</strong> natureza técnica e/ou legal, po<strong>de</strong>m servistos na figura 5.1. Na maioria das vezes, esses fatores são analisados após ascondições sociais econômicas e ambientais envolvidas na implantação do reusoser<strong>em</strong> atendidas com segurança.Figura 5.1 - Fatores para implantação <strong>de</strong> reuso <strong>de</strong> água.5.1 Características do efluenteÉ evi<strong>de</strong>nte que, o primeiro fator a ser consi<strong>de</strong>rado para o reuso, seja qual for aaplicação, é a existência <strong>de</strong> um efluente <strong>em</strong> condições econômicas <strong>de</strong> tratamento.


23Como já foi exposto, é fundamental a caracterização do efluente para que sepossa obter o maior conhecimento possível e assim <strong>de</strong>terminar o seu potencial <strong>de</strong>aproveitamento. Os efluentes contendo resíduos predominant<strong>em</strong>ente orgânicosbio<strong>de</strong>gradáveis geralmente po<strong>de</strong>m ser tratados biologicamente s<strong>em</strong> maioresimpactos ambientais.“A água dos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> reuso <strong>de</strong>ve aten<strong>de</strong>r plenamente a quatro critérios:segurança quanto à higiene, estética, tolerância ambiental e viabilida<strong>de</strong> técnica eeconômica” (NOLDE & DOTT, 1991, apud NOLDE, 2000). Daí a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>se caracterizar b<strong>em</strong> o efluente para que sejam <strong>de</strong>terminadas as suaspossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fornecer água recuperada com níveis <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quados.A análise das características do efluente conjuntamente com os requisitos <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> requeridos para a aplicação <strong>de</strong> reuso <strong>de</strong>sejada geralmente já <strong>de</strong>fine otipo <strong>de</strong> tratamento a ser adotado.Sendo o efluente <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> doméstica, a classificação convencional <strong>em</strong> efluentepreto “blackwater” ou efluente cinza “greywater” é importante para a <strong>de</strong>cisão donível <strong>de</strong> tratamento a ser adotado. Estes termos porém, não qualificam b<strong>em</strong> oefluente e, por essa razão, novas subdivisões com codificação por cores têm sidopropostas (HENZE et al., 2001, cf. quadro 5-1). Por convenção, efluente cinza ou“greywater” é o efluente doméstico com baixo teor <strong>de</strong> poluentes, proveniente <strong>de</strong>chuveiros, banheiras e lavatórios, excluindo-se os efluentes da cozinha e das<strong>de</strong>scargas <strong>de</strong> vaso sanitário, enquanto que efluente preto ou “blackwater” significatodos os efluentes domésticos juntos.Quadro 5-1- Código <strong>de</strong> cores dos efluentes (Henze et al., 2001).TIPOCONTAMINANTEPreto (blackwater) Todos os efluentes domésticosCinza escuroBanho, cozinha e lavatórioCinza claro (greywater) Banho e lavatórioAmareloSomente urina (mictório)MarromSomente fezes (separadas)A caracterização do efluente é <strong>de</strong> fundamental importância para o sucesso doprojeto <strong>de</strong> reuso. Quanto mais informações se obtiver<strong>em</strong> do efluente melhor sepo<strong>de</strong>rá caracterizá-lo e, assim, escolher o tratamento mais a<strong>de</strong>quado para seobter a água recuperada com os requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> exigidos para o reuso <strong>de</strong>


24interesse e com menor consumo <strong>de</strong> energia. Alguns componentes importantespresentes nos efluentes domésticos são apresentados no quadro 5.2.Quadro 5-2 - Componentes presentes no efluente doméstico (Henze et al., 2001).COMPONENTE DE ESPECIAL INTERESSE EFEITOS AMBIENTAISMicroorganismos Bactérias patogênicas, vírus eovos <strong>de</strong> helmintosRiscos com banhos ealimentação com apele <strong>de</strong> peixe.Matéria orgânica Decaimento do oxigênio <strong>em</strong> rios e Mortanda<strong>de</strong> <strong>de</strong> peixes,bio<strong>de</strong>gradável lagosodor <strong>de</strong>sagradável.Matéria orgânica(outras)Detergentes, pesticidas, óleos,graxas e gorduras.Efeitos tóxicos,inconveniências estéticas,Corantes e solventes, fenóis eácidos cianídricos.Bio-acumulação na ca<strong>de</strong>iaalimentar.Nutrientes Nitrogênio, Fósforo, Amônia Decaimento do oxigênio,proliferação <strong>de</strong> algas.Efeitos tóxicos.Metais Hg, Pb, Cd, Cr, Cu, Ni Efeitos tóxicos, bioacumulaçãoOutros materiaisinorgânicosAcidos, por ex<strong>em</strong>plo sulfito <strong>de</strong>hidrogênio, bases e sulfetos.Corrosão e efeitos tóxicos,odores e efeitosEstéticos negativos.Efeitos térmicos <strong>Água</strong> quente Mudança das condições<strong>de</strong> vida da fauna eDa flora.Radioativida<strong>de</strong>Efeitos tóxicos,acumulação.As tabelas <strong>de</strong> 5-1 a 5-4 apresentam indicadores importantes para acaracterização efluentes resi<strong>de</strong>nciais e seus constituintes.Tabela 5-1 - Carga típica <strong>de</strong> poluição per capita <strong>em</strong> efluentes domésticos <strong>em</strong> alguns países.POLUENTE UNIDADE DINAMARCABRASIL EGITO ITÁLIA SUÉCIA TURQUIA USADBO kg/(Capita.ano) 20-25 20-25 10-15 18-22 25-30 10´-15 30-35SS " 30-35 20-25 15-25 20-30 30-35 15-25 30-35N-total " 5´-7 3´-5 3´-5 3´-5 4-6 3´-5 5´-7P-total " 1,5-2 0,6-1 0,4-0,6 0,6-1,0 0,8-1,2 0,4-0,6 1,5-2,0Detergentes " 0,8-1,2 0,5-1,5 0,3-0,5 0,5-1,0 0,7-1,0 0,3-0,5 0,8-1,2Hg g/(Capita.ano) 0,1-0,2 0,01-0,2 0,02- 0,1-0,2 0,01 0,020,04Pb " 5,0-10 5,0-10 5,0-10 5,0-10 5,0-10Zn " 15-30 15-30 15-30 10-20 15-30Cd " 0,2-0,4 0,5-0,7Fonte: DESAR - Decentralized Sanitation and Reuse, 2001. (TREIBEL, 1982; HENZE,1977, 1982 e 2001; ANDERSON 1978; EPA 1977; LONHOLDT, 1973)


25Tabela 5-2 - Fontes tradicionalmente geradoras <strong>de</strong> resíduos domésticos - valores para residências nãoecológicas.SANITÁRIOBANHOECONSTITUINTE UNIDADE TOTAL URINA COZINHA LAVAN TOTALDERIAEfluente m³ / ano 19 11 18 18 55DBO kg / ano 9,1 1,8 11 1,8 21,9DQO kg / ano 27,5 5,5 16 3,7 47,2Nitrogênio kg / ano 4,4 4 0,3 0,4 5,1Fósforo kg / ano 0,7 0,5 0,07 0,1 0,87Potássio kg / ano 1,3 0,9 0,15 0,15 1,6Fonte: DESAR - Decentralized Sanitation and Reuse, 2001 (HENZE, 1997;SUNDBERG, 1995; EILERSEN et al., 1999).Tabela 5-3 - Concentração <strong>de</strong> poluentes na geração <strong>de</strong> efluentes domésticos.PARÂMETRO (g / m³)<strong>Água</strong> residuária (L / capita.dia)250 160 80DQO 520 815 1625DBO 240 375 750Nitrogênio 50 80 165Fósforo 10 16 31Fonte: DESAR - Decentralized Sanitation and Reuse, 2001. (HENZE et al., 2001).Tabela 5-4 - Concentrações típicas <strong>de</strong> poluentes <strong>em</strong> efluentes domésticos.CONSTITUINTE UNIDADE EFLUENTECINZA CLARO EFLUENTE PRETOMáx. Min. Máx. Min.DBO total g O 2 / m 3 400 100 600 300DQO total g O 2 / m 3 700 200 1500 900Nitrogênio total g N / m 3 30 8 300 100Fósforo total g P / m 3 7 2 40 20Potássio g K / m 3 6 2 90 40Fonte: DESAR - Decentralized Sanitation and Reuse, 2001. (HENZE et al., 2001)“Alguns fabricantes <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> efluentes supõ<strong>em</strong> sersatisfatório um tratamento mecânico como peneiramento ou filtração para oefluente cinza” (HILDEBRAND, 1999, apud NOLDE, 2000). Outros afirmam sernecessária uma tecnologia mais avançada <strong>de</strong> tratamento (ZWERERNZ, 1999;ZEISEL, 1999, apud NOLDE, 2000). Na Al<strong>em</strong>anha, quando se iniciaram asprimeiras pesquisas com reuso <strong>de</strong> águas recuperadas <strong>em</strong> vasos sanitários,alguns peritos do Ministério Fe<strong>de</strong>ral Al<strong>em</strong>ão do Meio Ambiente(German Fe<strong>de</strong>ral Health Department) até profetizaram o risco <strong>de</strong>pragas como a cólera, por ex<strong>em</strong>plo, quando água com qualida<strong>de</strong>não potável fosse fornecida para a <strong>de</strong>scarga <strong>em</strong> vasos sanitários,ou outros usos não potáveis (MOLL, 1991, apud NOLDE, 2000).


26Entretanto, essa atitu<strong>de</strong> mudou e as primeiras estações <strong>de</strong> reciclag<strong>em</strong> <strong>de</strong> águasresiduárias <strong>de</strong> cor cinza alcançaram padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> que provaram suaeficiência e aplicabilida<strong>de</strong> na prática e algumas estão operando por mais <strong>de</strong> 10anos.5.2 Aplicações do reuso <strong>de</strong> águaO fator que dá orig<strong>em</strong> aos estudos <strong>de</strong> reuso é invariavelmente a aplicação. Senão existe on<strong>de</strong> aplicar a água que po<strong>de</strong> ser recuperada <strong>de</strong> efluentes não há oque ser estudado, mesmo existindo efluentes <strong>em</strong> condições favoráveis <strong>de</strong>tratamento. Também não se pensa <strong>em</strong> reuso se há disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nova águaa custo acessível no local do <strong>em</strong>preendimento.Atualmente, o <strong>Reuso</strong> <strong>de</strong> <strong>Água</strong>s é uma técnica aplicada <strong>em</strong> vários segmentos daativida<strong>de</strong> humana e, geralmente, a opção por essa técnica <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> não somenteda possibilida<strong>de</strong> e facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua aplicação, mas, principalmente, da oferta <strong>de</strong>nova água confrontada com o balanço energético. Se o custo do consumo <strong>de</strong>energia para reusar água recuperada <strong>de</strong> efluentes é maior do que o custo daágua localmente disponível, não há razão para se pensar <strong>em</strong> reuso.As águas residuárias provenientes das lavan<strong>de</strong>rias domésticas, dos banheiros elavatórios <strong>de</strong> mãos, por ex<strong>em</strong>plo, são as que possu<strong>em</strong> as menores concentrações<strong>de</strong> carga orgânica entre os efluentes domésticos (HENZE et al., 2001). Noentanto, são as que carregam as maiores cargas <strong>de</strong> produtos químicos, os quais<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser consi<strong>de</strong>rados na indicação do tratamento. Essas águas po<strong>de</strong>m sercoletadas conjuntamente já que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser submetidas ao mesmo tipo <strong>de</strong>tratamento. Para o seu reuso <strong>em</strong> jardinag<strong>em</strong> ou agricultura, essas águas po<strong>de</strong>mser também incorporadas ao efluente tradicional da cozinha e passar por umtratamento a<strong>de</strong>quado antes <strong>de</strong> sua aplicação.A recomendação é <strong>de</strong> que se pratique o reuso <strong>de</strong> água se este for tecnicamentepossível e economicamente viável. O uso a<strong>de</strong>quado da água é discutido pororganismos internacionais há pelo menos duas décadas, o que t<strong>em</strong> resultado <strong>em</strong>recomendações como: "A não ser que exista gran<strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong>, nenhumaágua <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser utilizada para usos que toleram águas <strong>de</strong>


27qualida<strong>de</strong> inferior” (United Nations - “Water for Industrial Use”, 1985, apudHESPANHOL, 1997). Segundo Metcalf & Eddy, 2001,no planejamento e impl<strong>em</strong>entação da recuperação e do reuso, aaplicação da água recuperada geralmente <strong>de</strong>finirá o tratamentorequerido para o efluente, sendo consi<strong>de</strong>rados principalmente asaú<strong>de</strong> pública e do meio ambiente e o grau <strong>de</strong> purificaçãonecessário para se aten<strong>de</strong>r aos requisitos do novo processo quevai recebê-la.As principais aplicações <strong>de</strong> reuso são:a) Agricultura irrigadaEm número <strong>de</strong> projetos e volume <strong>de</strong> água, esse é o maior segmento <strong>de</strong>aplicação do reuso no mundo, principalmente nos Estados Unidos. Asoportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aplicação do reuso na agricultura são bastante amplas. Otratamento do efluente, entretanto, é recomendável, principalmente nocultivo <strong>de</strong> hortaliças e leguminosas ou <strong>em</strong> forrageiras para a alimentaçãoanimal, para se evitar a contaminação através da ca<strong>de</strong>ia alimentar. O uso<strong>de</strong> efluentes tratados na agricultura traz novas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>suprimento <strong>de</strong> fertilizantes menos tóxicos e menos poluentes que osindustrializados. Novas gerações <strong>de</strong> vasos sanitários que separam a urinadas fezes objetivando a produção <strong>de</strong> fertilizantes orgânicos <strong>de</strong> elevadaqualida<strong>de</strong> aumentam as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssa aplicação já que essesresíduos quando separados po<strong>de</strong>m receber tratamentos específicosotimizando os seus benefícios (NIEMCZYNOWICZ, 2001). “Exist<strong>em</strong>evidências <strong>de</strong> que o uso <strong>de</strong> excr<strong>em</strong>entos não tratados na agricultura trazriscos <strong>de</strong> contaminação epi<strong>de</strong>miológica através dos alimentos produzidos”(BLUM; FEACHEM, et al., 1985, apud EAWAG/SANDEC, 1998).O S<strong>em</strong>inário - Taller <strong>de</strong> Saneamento Básico e Sustentabilida<strong>de</strong>, realizado<strong>em</strong> Cali, Colômbia, 1998, com o T<strong>em</strong>a <strong>Reuso</strong> <strong>de</strong> <strong>Água</strong>s Servidas eImplicações para a Saú<strong>de</strong>, nas suas conclusões estabelece que:• A fertilização e cultivo <strong>de</strong> alimentos com excr<strong>em</strong>entos não tratadospo<strong>de</strong>m causar um excesso significativo <strong>de</strong> infecções.


28• O tratamento dos excr<strong>em</strong>entos po<strong>de</strong> reduzir a transmissão <strong>de</strong>infecções causadas por n<strong>em</strong>ató<strong>de</strong>os.• A fertilização <strong>de</strong> arrozais com excr<strong>em</strong>entos não tratados po<strong>de</strong>causar um excesso <strong>de</strong> infecção <strong>de</strong> esquistossomose entre ostrabalhadores da área.• O gado alimentado por forrageira irrigada com efluente s<strong>em</strong>tratamento po<strong>de</strong> adquirir Tênia (Solitária), porém é improvável quecontraia salmoneloses (EAWAG/SANDEC, 1998).Com as pesquisas aplicadas e o conseqüente <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico ea evolução dos tratamentos biológicos, ficaram evi<strong>de</strong>nciadas as gran<strong>de</strong>svantagens existentes na aplicação <strong>de</strong> água recuperada <strong>de</strong> efluentes <strong>em</strong> lugar<strong>de</strong> água potável. Além das questões ambientais, a água recuperada <strong>de</strong>efluentes domésticos é rica <strong>em</strong> nutrientes e não contém cloro residual <strong>em</strong>proporções que possam comprometer o <strong>de</strong>senvolvimento dos vegetais.Estudos vêm sendo <strong>de</strong>senvolvidos <strong>em</strong> diversas universida<strong>de</strong>s brasileiras ebons resultados têm sido obtidos <strong>em</strong> agricultura irrigada com o <strong>em</strong>prego <strong>de</strong>água recuperada <strong>de</strong> efluentes domésticos <strong>em</strong> substituição à água tratada.Um estudo <strong>de</strong>senvolvido pelo Centro <strong>de</strong> Tecnologia da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>raldo Ceará <strong>em</strong> 1995 analisou o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>de</strong> culturas irrigadas por esgotodoméstico tratado na estação <strong>de</strong> tratamento local e comparou os resultadoscom as mesmas culturas irrigadas com água potável, ou seja, água tratada <strong>em</strong>processos convencionais <strong>de</strong> abastecimento (SILVA, 2000). Os resultados doexperimento com sorgo e algodão são mostrados nas tabelas 5-6 e 5-7 aseguir:Tabela 5-5 - Sorgo irrigado com efluente tratado e com água.CARACTERÍSTICAS UNIDADE PARCELAS IRRIGADASCOM ESGOTO TRATADOPARCELAS IRRIGADASCOM ÁGUA POTÁVELAltura média m 1,40 1,00Florescimento Dias 53 70Produção <strong>de</strong> grãos kg/ha 3.535 605Massa ver<strong>de</strong> t/ha 9,56 2,48Massa seca t/ha 4,64 1,08Proteína bruta % 1,58 1,86Fonte: (UFC/CT - SILVA, M., 2000).


29Tabela 5-6 - Algodão irrigado com efluente tratado e com água.CARACTERÍSTICAS UNID. PARCELAS IRRIGADASCOM ESGOTO TRATADOPARCELAS IRRIGADASCOM ÁGUA POTÁVELProdução <strong>de</strong> grãos Kg/ha 506 340Fibra % 35,1 30,3Kg/ha 177,61 103,2Peso médio do capulho g 4,2 3,8Peso <strong>de</strong> 100 s<strong>em</strong>entes g 8,4 7,7Comprimento médio das fibras cm 30,7 27,5Fonte: (UFC/CT - SILVA M., 2000).Os resultados mostram a superiorida<strong>de</strong> alcançada <strong>em</strong> quase todos osparâmetros estudados quando se usa água recuperada <strong>de</strong> efluentesdomésticos na irrigação <strong>em</strong> substituição à água potável. A alternativa <strong>de</strong>se reusar água <strong>em</strong> agricultura não somente se apresenta como umaalternativa para a escassez <strong>de</strong> água, como também uma solução para osprobl<strong>em</strong>as ambientais causados pela adição <strong>de</strong> fertilizantes, normalmentenecessária na irrigação convencional. A água recuperada <strong>de</strong> efluentes jácontém nutrientes naturais biodisponíveis (SILVA, 2000).b) PaisagismoCompreen<strong>de</strong> a irrigação <strong>de</strong> todo o tipo <strong>de</strong> paisagismo urbano, incluindoparques, jardins, playgrounds, campos <strong>de</strong> golfe, canteiros centrais <strong>de</strong>rodovias, áreas ver<strong>de</strong>s <strong>de</strong> edifícios, indústrias, escritórios e prédios <strong>de</strong> umamaneira geral. Nesse tipo <strong>de</strong> irrigação, os requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água<strong>de</strong> reuso são tão restritivos quanto àqueles exigidos para a agricultura <strong>de</strong>alimentos a ser<strong>em</strong> consumidos crus (hortaliças). Esses projetos envolv<strong>em</strong>um sist<strong>em</strong>a duplo <strong>de</strong> distribuição, <strong>de</strong>senhado <strong>de</strong> uma forma tal que possagarantir a não contaminação do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> água normal <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong>possíveis conexões cruzadas (METCALF & EDDY, 2003).No caso específico <strong>de</strong> reuso <strong>de</strong> água <strong>em</strong> paisagismo, é evi<strong>de</strong>nte que osresultados nutricionais da água recuperada <strong>de</strong> efluentes tratados sãotambém muito positivos, assim como são também positivas as vantagensambientais no que se refere à redução do lançamento <strong>de</strong> carga química no


30meio ambiente <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> do uso <strong>de</strong> fertilizantes industrializados.Entretanto, nessa aplicação, cuidados adicionais são recomendados,principalmente se o objetivo é irrigação <strong>de</strong> gramados, campos <strong>de</strong> golfe,futebol e outros, on<strong>de</strong> pessoas po<strong>de</strong>rão ter contato direto com as folhasdos vegetais ou com o solo. Em 1985, a OMS (Organização Mundial <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong>) patrocinou uma reunião <strong>de</strong> especialistas na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engelberg naSuíça, cujos resultados foram publicados pela ONU (Organização dasNações Unidas) <strong>em</strong> 1973 e tornaram-se conhecidos como “O relatório <strong>de</strong>Engelberg”. Esse relatório concluiu, entre outras coisas, que “os riscospotenciais à saú<strong>de</strong> associados ao reuso da água para irrigação <strong>de</strong>gramados e parques podiam trazer um risco à saú<strong>de</strong> maior do que aquelesassociados à irrigação <strong>de</strong> vegetais que são consumidos crus” e, portanto,recomendou o limite <strong>de</strong> 2,00E+02 UFC/100ml para coliformes fecais <strong>em</strong>irrigação urbana (CROOK, 1993).A Resolução do CONAMA (Conselho Nacional <strong>de</strong> Meio Ambiente) Nº 20/86(Anexo A) estabelece critérios <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para a água a ser usada nessaaplicação, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> ser ou não água <strong>de</strong> reuso. Assim, asunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> efluentes têm <strong>de</strong> estar equipadas para produziráguas recuperadas com requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> que as possam enquadrarna Classe 03 do CONAMA, it<strong>em</strong> b - “<strong>Água</strong>s <strong>de</strong>stinadas à irrigação <strong>de</strong>culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras”. Nessa classe o limite máximo<strong>de</strong> coliformes termotolerantes é <strong>de</strong> 1,00 E+03 UFC/100 ml.c) Ativida<strong>de</strong>s industriaisNa indústria, o reuso da água é possível por sucessivas vezes a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rdos requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água exigidos para cada aplicação. A águaproveniente <strong>de</strong> um primeiro uso po<strong>de</strong> ter sido ligeiramente contaminada epassar para um primeiro reuso <strong>em</strong> que o contaminante arrastado nãorepresente probl<strong>em</strong>a, seguindo <strong>de</strong>pois para outros reusos como, porex<strong>em</strong>plo, <strong>em</strong> sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> resfriamento por troca indireta entre outros.Po<strong>de</strong>rá ser ou não necessário um tratamento intermediário entre os reusos.A principal aplicação da água <strong>de</strong> reuso nos processos industriais é nossist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> resfriamento (cerca <strong>de</strong> 75%). Os requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para


31a água <strong>de</strong> reuso na indústria são específicos para cada processo sendodifícil o estabelecimento <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Probl<strong>em</strong>as comoproliferação <strong>de</strong> algas e corrosão <strong>de</strong> tuberías são freqüentes quandomedidas preventivas não são adotadas. Para a proteção da saú<strong>de</strong> publica,os órgãos ambientais po<strong>de</strong>m exigir um alto grau <strong>de</strong> purificação quando forpraticada a aspersão durante o reuso ou quando houver riscos <strong>de</strong>contaminação por aerossóis (CROOK, 1993).Num projeto <strong>de</strong>senvolvido no âmbito do Programa <strong>TECLIM</strong> doDepartamento <strong>de</strong> Engenharia Ambiental da Escola Politécnica da UFBA,<strong>em</strong> parceria com a <strong>em</strong>presa BRASKEM do Pólo Petroquímico <strong>de</strong>Camaçari, intitulado BRASKEM / ÁGUA, pesquisadores do <strong>TECLIM</strong> <strong>em</strong>ação conjunta com os engenheiros e pessoal operacional da <strong>em</strong>presa,usando princípios das Tecnologias Limpas, concluíram que (Bahia, análisee dados, 2003):• Uma parte importante das perdas <strong>de</strong> água (45%) se dá na forma <strong>de</strong>evaporação nas torres <strong>de</strong> resfriamento.• A metodologia proposta para o uso <strong>de</strong>sses processos <strong>de</strong> tecnologiaslimpas (Diagrama <strong>de</strong> Fontes e outros) permite organizar asinformações existentes e sist<strong>em</strong>atizar a busca <strong>de</strong> outras que sejamnecessárias para a sua própria otimização.• O próprio processo <strong>de</strong> busca da solução ótima permite encontrarpropostas <strong>de</strong> melhorias substanciais (Bahia, análise e dados, 2003).No mesmo trabalho, é relatada a situação das <strong>em</strong>presas do PóloPetroquímico <strong>de</strong> Camaçari, no que diz respeito ao uso da água. Essas<strong>em</strong>presas, construídas há cerca <strong>de</strong> trinta anos, <strong>em</strong>pregaram as tecnologiasdaquela época e que, hoje, são <strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> tubo.Tais tecnologias não <strong>de</strong>dicavam atenção aos aspectos ambientaise o foco dos projetos era a produção e se isso gerava resíduos ouefluentes, estes tinham que ser tratados posteriormente. Na visãodas Tecnologias Limpas, o foco é produzir minimizando oueliminando totalmente os resíduos ou efluentes (KIPERSTOK etal., 2003).


32Os pesquisadores ainda afirmam:A expansão da proposta <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento na BRASKEM paraoutras <strong>em</strong>presas do Pólo Petroquímico <strong>de</strong> Camaçari permitiráganhos ainda maiores para o balanço hídrico da regiãoMetropolitana <strong>de</strong> Salvador e bacias hidrográficas próximas queabastec<strong>em</strong> a capital do Estado (PESSOA et al., apud KIPERSTOKet al., 2003).d) Recarga <strong>de</strong> aqüíferosEssa modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reuso po<strong>de</strong> ser feita com lançamento da águarecuperada dos efluentes diretamente nos aqüíferos ou lançadas <strong>em</strong>bases superficiais preparadas para este fim. É o procedimento indicadoquando os requisitos exigidos para a água <strong>de</strong> reuso são muito elevados,como, por ex<strong>em</strong>plo, para fins potáveis. Evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente que quando essaágua for novamente coletada, juntamente com a água <strong>de</strong> superfície ou como lençol subterrâneo, passará por tratamento convencional para aten<strong>de</strong>raos padrões <strong>de</strong> potabilida<strong>de</strong> (METCALF & EDDY, 2003). Esse tipo <strong>de</strong>reuso, também classificado como reuso indireto, conta com a participaçãoda natureza e é <strong>de</strong> longo ciclo.e) <strong>Reuso</strong> recreativo e ambientalEnvolve um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> aplicações não potáveis como o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> lagos recreativos e ornamentais, reforço <strong>de</strong> fluxo <strong>em</strong>leitos <strong>de</strong> rios e riachos não perenes, lagos e espelhos d’água <strong>de</strong>edificações públicas e privadas e viveiros <strong>de</strong> peixes ornamentais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>que a água atenda aos requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> exigidos (METCALF &EDDY, 2003).f) AqüiculturaUma opção também interessante para o reuso, está na aqüicultura. Nessaaplicação, a água recuperada <strong>de</strong> efluentes domésticos, teoricamente isenta<strong>de</strong> contaminantes não bio<strong>de</strong>gradáveis como metais pesados e, geralmente,rica <strong>em</strong> nutrientes orgânicos, propicia o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma infinida<strong>de</strong>


33<strong>de</strong> formas vegetais, aí incluídos limos e macrófitos, constituintes básicos daca<strong>de</strong>ia alimentar dos ecossist<strong>em</strong>as aquáticos.Com relação aos requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> exigidos para essa ativida<strong>de</strong>,exist<strong>em</strong> poucos dados sobre os efeitos na saú<strong>de</strong> relativos ao reuso daágua na aqüicultura e não foram estabelecidos padrões <strong>de</strong>finitivos <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> bacteriológica para essa aplicação. O limite <strong>de</strong> 1,00E+03UFC/100 ml para a média geométrica <strong>de</strong> coliformes fecais é recomendadopara a água <strong>de</strong> represas on<strong>de</strong> cresçam vegetais aquáticos (macrófitos).Dev<strong>em</strong> ser garantidos altos padrões <strong>de</strong> higiene durante a limpeza dospeixes, <strong>de</strong>vido ao risco <strong>de</strong> existir<strong>em</strong> micro-organismos patogênicos no tratodigestivo e no fluido intraperitonial, com probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contaminaçãoaci<strong>de</strong>ntal da carne se altos padrões <strong>de</strong> higiene não for<strong>em</strong> mantidos duranteo manuseio e a limpeza (CROOK, 1993).Para a aqüicultura, a Resolução CONAMA 20/86 estabelece a Classe 02it<strong>em</strong> e - “águas <strong>de</strong>stinadas à criação natural e/ou intensiva (aqüicultura) <strong>de</strong>espécies <strong>de</strong>stinadas à alimentação humana”. Todas as entida<strong>de</strong>srecomendam como padrão <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> a ausência total <strong>de</strong> ovos viáveis<strong>de</strong> helmintos.O relatório do encontro <strong>de</strong> Genebra da OMS <strong>em</strong> 1989 recomenda otratamento <strong>de</strong> efluentes <strong>em</strong> lagoas <strong>de</strong> estabilização como sendo oprocesso a<strong>de</strong>quado para climas quentes se houver área disponível acustos justificáveis. Os requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> exigidos po<strong>de</strong>m seratingidos com confiabilida<strong>de</strong> para lagoas <strong>em</strong> série e com t<strong>em</strong>po <strong>de</strong><strong>de</strong>tenção <strong>de</strong> 8 a 10 dias. Segundo as mesmas recomendações, <strong>em</strong> climasquentes, esse t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>ve ser no mínimo duplicado (CROOK, 1993).g) <strong>Reuso</strong>s urbanos não potáveisNesse grupo estão incluídos reusos como água para proteção contraincêndio, sist<strong>em</strong>as centrais <strong>de</strong> ar-condicionado, <strong>de</strong>scargas <strong>em</strong> vasossanitários, usos diversos na construção civil e <strong>de</strong>sentupimentos <strong>de</strong> esgotossanitários, entre outros. Por razões econômicas e culturais, esses usos nãosão ainda muito difundidos e normalmente nas pesquisas são enquadrados


34<strong>em</strong> outras categorias <strong>de</strong> reuso como, por ex<strong>em</strong>plo, irrigação <strong>de</strong> jardins(METCALF & EDDY, 2003).O reuso <strong>em</strong> <strong>de</strong>scarga <strong>de</strong> vasos sanitários é o objeto principal <strong>de</strong>ste estudoe será analisado mais <strong>de</strong>talhadamente no <strong>de</strong>correr dos próximos capítulos.h) <strong>Reuso</strong> como água potávelEssa aplicação somente é feita <strong>em</strong> casos críticos <strong>de</strong> escassez <strong>de</strong> água “innatura” e requer tratamentos avançados e dispendiosos para que a águarecuperada do efluente adquira os requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> exigidos parafins potáveis. A sua distribuição po<strong>de</strong> ser feita através da mistura noreservatório da água <strong>de</strong> suprimento e, <strong>em</strong> casos extr<strong>em</strong>os, ser diretamenteintroduzida nos tubos do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> água “pipe to pipepotable reuse”. Neste caso, um completo tratamento incluindo <strong>de</strong>sinfecçãoda água é absolutamente necessário METCALF & EDDY, (2003).Exist<strong>em</strong> outras aplicações <strong>de</strong> menor monta para o reuso <strong>de</strong> água, as quais nãoestão ainda <strong>de</strong>vidamente documentadas e não serão aqui consi<strong>de</strong>radas.Requisitos <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong>Com o avanço das técnicas <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> águas e efluentes e a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> a<strong>de</strong>quar qualida<strong>de</strong> da água ao uso a ser dado, surge a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> umaclassificação mais precisa das águas. Uma água mineral po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> excelentequalida<strong>de</strong> para o consumo humano, mas imprópria para a alimentação <strong>de</strong> umgerador <strong>de</strong> vapor justamente pela concentração <strong>de</strong> minerais nela existentes, osquais não se evaporam no processo <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> vapor, causando in<strong>de</strong>sejáveisincrustações na tubería. Para esta finalida<strong>de</strong>, a água mineral t<strong>em</strong> <strong>de</strong> passar porum dispendioso processo <strong>de</strong> tratamento para que seja <strong>de</strong>smineralizada. Oestabelecimento <strong>de</strong> requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água com a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong>limites máximos e mínimos para cada um dos seus constituintes é <strong>de</strong> fundamentalimportância para que se tenha uma água o mais a<strong>de</strong>quada possível para cadauso. Como foi visto, a água recuperada do efluente doméstico através <strong>de</strong>tratamento a<strong>de</strong>quado, por ex<strong>em</strong>plo, é <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong> para a irrigação que aágua potável (ver reuso <strong>em</strong> agricultura irrigada, letra ‘a’, subcapítulo 5.2).


35O estabelecimento <strong>de</strong> requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>uma maior racionalização do uso da água por meio do seu reuso, principalmentequando a base <strong>de</strong>sse estabelecimento é construída a partir <strong>de</strong> pesquisas com asaú<strong>de</strong> pública ou <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> impactos ambientais. As recomendações feitas apartir <strong>de</strong> pesquisas ou observações po<strong>de</strong>m ser transformadas <strong>em</strong> limites técnicose legais a ser<strong>em</strong> aplicados por força <strong>de</strong> lei. No reuso <strong>de</strong> água <strong>em</strong> irrigaçãoagrícola, por ex<strong>em</strong>plo, os limites microbiais foram estabelecidos a partir <strong>de</strong>experimentos e observações científicas.Segmentos mais recentes e menos difundidos como o reuso <strong>em</strong> <strong>de</strong>scargas <strong>de</strong>vasos sanitários ainda estão carentes <strong>de</strong> pesquisas experimentais e, por falta <strong>de</strong>dados cientificamente comprovados e preocupações relativas à saú<strong>de</strong> publica, osrequisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> ainda são muito restritivos.Se por um lado, a preocupação com a saú<strong>de</strong> pública é uma atitu<strong>de</strong> sensata, poroutro, se incorre <strong>em</strong> excessos, po<strong>de</strong>rá impor limites <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> tão restritivosque irão encarecer <strong>de</strong>snecessariamente os sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> tratamento indicados,inviabilizando a maioria dos projetos. Níveis <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> intermediários, racionaise seguros terão <strong>de</strong> ser encontrados <strong>de</strong> forma a não comprometer os projetos e,conseqüent<strong>em</strong>ente, o <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico nessa área, mas <strong>de</strong> modotambém a não representar riscos à saú<strong>de</strong> pública maiores que os riscosassumidos com o sist<strong>em</strong>a existente.5.3 Tratamento das águas residuárias5.3.1. Tipos <strong>de</strong> tratamentoTradicionalmente, parte das águas fornecidas às populações pelos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong>abastecimento retorna pelas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> esgotamento sanitário, recebe ou não umtratamento, são dispostas <strong>em</strong> algum corpo receptor, infiltradas no solo oureusadas <strong>em</strong> alguma outra aplicação. A <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da <strong>de</strong>stinação final da águarecuperada, existirão níveis <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> indicados para cada aplicação e,conseqüent<strong>em</strong>ente, um tratamento específico a<strong>de</strong>quado a cada caso.Consi<strong>de</strong>ram-se como principais variáveis as características da água residuária aser tratada e os requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> requeridos pela nova aplicação da águarecuperada (METCALF & EDDY, 2003).


36A escolha do processo <strong>de</strong> tratamento da água residuária a ser adotado é <strong>de</strong>fundamental importância para o sucesso do <strong>em</strong>preendimento e, por isso, ela <strong>de</strong>veser bastante criteriosa e fundamentada na boa caracterização do efluente a tratar,no conhecimento das técnicas <strong>de</strong> tratamento existentes e nas necessida<strong>de</strong>s erequisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da aplicação <strong>de</strong> reuso proposto.5.3.2. Tratamentos biológicosAs estações biológicas <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> efluentes têm passado por gran<strong>de</strong>evolução nos últimos anos. Isso t<strong>em</strong> resultado <strong>em</strong> significativos avanços comaumento <strong>de</strong> eficiência, redução <strong>de</strong> espaço físico requerido e diversificação daspossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tratamento (METCALF & EDDY, 2003). Dessa forma, quandoantes se pensava que existiam muitas opções para um <strong>de</strong>terminado projeto, hojese sabe que exist<strong>em</strong> poucas alternativas que resolv<strong>em</strong> a<strong>de</strong>quadamente cadacaso específico.Nos tratamentos biológicos <strong>de</strong> efluentes, para a i<strong>de</strong>ntificação das alternativas <strong>de</strong>processos mais a<strong>de</strong>quados, é conveniente caracterizar b<strong>em</strong> a água residuáriaseparando o seu conteúdo orgânico <strong>em</strong> várias frações com base na viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>r<strong>em</strong>oção / <strong>de</strong>gradação pela ação <strong>de</strong> microrganismos. A fig. 5-2 apresenta umesqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong> classificação dos poluentes presentes na água residuária a sertratada, visando auxiliar na escolha do processo a ser aplicado.Materiais Orgânicos <strong>em</strong> <strong>Água</strong>s ResiduáriasSolúveisInsolúveisSorvíveisNão-SorvíveisFacilmente<strong>de</strong>gradáveisLentamente<strong>de</strong>gradáveisFacilmente<strong>de</strong>gradáveisLentamente<strong>de</strong>gradáveisFacilmente<strong>de</strong>gradáveisLentamente<strong>de</strong>gradáveisFonte: Monteggia, (2002).Figura 5.2 - Partição <strong>de</strong> poluentes orgânicos <strong>em</strong> águas residuárias.


37Segundo Metcalf & Eddy,os métodos <strong>de</strong> tratamento nos quais a aplicação <strong>de</strong> forças físicaspredomina são conhecidos como operações unitárias <strong>de</strong>tratamento e aqueles <strong>em</strong> que a r<strong>em</strong>oção dos contaminantes éfeita por reações químicas ou reações biológicas são conhecidoscomo processos unitários. Atualmente as operações e osprocessos unitários são associados para fornecer vários níveis <strong>de</strong>tratamento, conhecidos como tratamento preliminar, primário,secundário, s<strong>em</strong> ou com r<strong>em</strong>oção nutrientes e tratamentoavançado ou terciário (METCALF & EDDY, 2003) (ver quadro 5-2).No tratamento preliminar, também conhecido como gra<strong>de</strong>amento, os sólidosbrutos tais como objetos gran<strong>de</strong>s, tecidos, ma<strong>de</strong>iras e outros são r<strong>em</strong>ovidos,principalmente porque po<strong>de</strong>m causar danos aos equipamentos. Nessa etapa dotratamento, os materiais que flutuam e os materiais sedimentáveis encontradosnas águas residuárias são separados por flotação e sedimentação, que nada maissão do que operações físicas. No caso <strong>de</strong> tratamento preliminar avançado, algunsprodutos químicos po<strong>de</strong>m ser adicionados para acelerar a r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> sólidossuspensos e facilitar a sedimentação dos sólidos dissolvidos (METCALF & EDDY,2003).Após coagulação e floculação, geralmente, são <strong>em</strong>pregadosmétodos gravitacionais como <strong>de</strong>cantação, flotação e filtração. Noprocesso biológico convencional, a <strong>de</strong>cantação é aplicada <strong>em</strong> doisestágios antes e <strong>de</strong>pois da fase biológica. Com a adição <strong>de</strong>coagulantes químicos, a sedimentação é fort<strong>em</strong>ente acelerada.Mesmo assim, partículas finas e coloidais permanec<strong>em</strong> noefluente causando turbi<strong>de</strong>z. Se o efluente for <strong>de</strong>stinado parareuso, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da aplicação, processos adicionais po<strong>de</strong>rão sernecessários para melhorar a qualida<strong>de</strong> da água recuperada. Ométodo que melhor se aplica neste caso é a flotação por ardissolvido, seguida <strong>de</strong> filtração (PIMENTEL, 2003).Metcalf & Eddy afirmam que,no tratamento secundário, processos biológicos e químicos sãousados para r<strong>em</strong>over a maioria da matéria orgânica. Notratamento avançado, as combinações <strong>de</strong> operações e <strong>de</strong>processos unitários são usadas para r<strong>em</strong>over os sólidossuspensos residuais e outros constituintes que não são reduzidossignificativamente pelo tratamento secundário convencional(METCALF & EDDY, 2003).


38Quadro 5-3: Níveis <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> águas residuáriasNos anos 60, o principal mecanismo utilizado no tratamento secundário era osist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> lodo ativado (COOPER, 2001). Um dos maiores probl<strong>em</strong>as do sist<strong>em</strong>a<strong>de</strong> lodo ativado i<strong>de</strong>ntificado naquela época foi a oxidação do nitrogênio amoniacal(nitrificação). A solução para o probl<strong>em</strong>a foi <strong>de</strong>scoberta por uma investigação <strong>de</strong>Downing <strong>em</strong> 1963 (DOWNING et al. 1964, apud COOPER, 2001). O resultado<strong>de</strong>sse trabalho está atualmente inserido na metodologia <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> estações<strong>de</strong> tratamento na forma <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lag<strong>em</strong> mat<strong>em</strong>ática para computação (METCALF& EDDY, 2003). 1De acordo com Metcalf & Eddy,[q]uando comparado aos métodos convencionais <strong>de</strong> tratamentosquímicos, o RBN usa menos produtos químicos, reduz a produção1 Há aproximadamente 20 anos, a R<strong>em</strong>oção Biológica <strong>de</strong> Nutrientes – RBN (Biological Nutrients R<strong>em</strong>oval – BNR) foiintroduzida nos tratamentos avançados <strong>de</strong> efluentes para a r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> nitrogênio e fósforo, entre outros nutrientes. Comoconseqüência das pesquisas nos mecanismos <strong>de</strong> atuação do RBN, das vantagens <strong>de</strong> seu uso e do número <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong>RBN que foram colocados <strong>em</strong> operação para r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> nutrientes, o RBN foi transformado numa parte do tratamentoconvencional <strong>de</strong> efluentes (METCALF & EDDY, 2003).


39dos sólidos residuais e t<strong>em</strong> um consumo <strong>de</strong> energia mais baixo.Devido à importância no tratamento <strong>de</strong> efluentes o RBN estás<strong>em</strong>pre integrado na discussão teórica da aplicação e dos projetos<strong>de</strong> sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> tratamento biológicos <strong>de</strong> efluentes (METCALF &EDDY, 2001, apud CRITES and TCHOBANOGLOUS, 1998 eCRITES et al., 2000).A r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> nutrientes das águas residuárias ou dos corpos hídricos comelevada carga orgânica, ajuda a prevenir a eutroficação e protege os mananciaisda alta concentração <strong>de</strong> nitratos (COOPER, 2001).A RBN, por motivos óbvios, não <strong>de</strong>ve ser impl<strong>em</strong>entada quando a aplicação doreuso for agricultura, paisagismo jardinag<strong>em</strong> ou qualquer outra aplicação <strong>em</strong> quea presença <strong>de</strong> nutrientes seja um fator requerido.Os processos <strong>de</strong> tratamento biológico são <strong>de</strong>senvolvidos baseados naobservação <strong>de</strong> fenômenos naturais. Ainda assim, o tratamento <strong>de</strong> efluente maisel<strong>em</strong>entar, que é a disposição no solo, também <strong>de</strong>nominada “sist<strong>em</strong>as naturais",combina os mecanismos <strong>de</strong> tratamento físico, químico e biológico e produz águacom a qualida<strong>de</strong> similar a produzida pelos melhores tratamentos avançados <strong>de</strong>efluentes, ou até melhor (METCALF & EDDY, 2003).Na maioria dos casos, existe a necessida<strong>de</strong> da aplicação <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> umtratamento. A escolha <strong>de</strong> um único tratamento ou <strong>de</strong> tratamentos associados<strong>de</strong>ve, primeiramente, levar <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração a qualida<strong>de</strong> requerida para a águano reuso proposto, porque o custo do tratamento cresce numa proporção maiorque o aumento da exigência dos requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Exist<strong>em</strong> aplicações <strong>de</strong>reuso que, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do efluente, dispensam tratamentos mais sofisticados,como é o caso <strong>de</strong> paisagismos e irrigação <strong>de</strong> algumas culturas.Quase todas as águas residuárias que contém constituintes bio<strong>de</strong>gradáveispo<strong>de</strong>m ser tratadas biologicamente. Para que possamos selecionar b<strong>em</strong> otratamento completo e os processos a ser<strong>em</strong> <strong>em</strong>pregados, é fundamental queentendamos as características <strong>de</strong> cada processo biológico. Isso possibilita areprodução do ambiente natural dos microorganismos que operam astransformações <strong>de</strong>sejadas, assim como o seu controle <strong>de</strong> maneira eficaz. Dess<strong>em</strong>odo, po<strong>de</strong>rão ser atingidos os principais objetivos <strong>de</strong> um tratamento biológico,quais sejam:


40a) Oxidar constituintes bio<strong>de</strong>gradáveis dissolvidos e particulados,transformando-os <strong>em</strong> produtos finais aceitáveis.b) Captar e incorporar sólidos coloidais suspensos e não sedimentáveis,transformando-os <strong>em</strong> flocos ou <strong>em</strong> um filme biológico (biofilme).c) Transformar ou r<strong>em</strong>over nutrientes, tais como o nitrogênio e fósforo, a<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da aplicação do reuso.d) R<strong>em</strong>over traços <strong>de</strong> constituintes orgânicos específicos e compostos.Para o caso <strong>de</strong> efluente industrial, o objetivo <strong>de</strong>ve ser r<strong>em</strong>over ou reduzir aconcentração <strong>de</strong> compostos orgânicos e inorgânicos. Como alguns dosconstituintes e compostos encontrados no efluente industrial têm efeito tóxicosobre os microorganismos, um pré-tratamento po<strong>de</strong> ser requerido antes que oefluente industrial possa ser <strong>de</strong>scarregado <strong>em</strong> um sist<strong>em</strong>a municipal <strong>de</strong> coleta(METCALF & EDDY, 2003).Cada efluente t<strong>em</strong> as suas características básicas formando gruposass<strong>em</strong>elhados que requer<strong>em</strong> tratamentos s<strong>em</strong>elhantes baseados nos mesmosprincípios físicos. Os efluentes urbanos, por ex<strong>em</strong>plo, s<strong>em</strong>pre têm as mesmascaracterísticas básicas e geralmente os tratamentos indicados são redução <strong>de</strong>carga orgânica, clarificação e <strong>de</strong>sinfecção. Já o efluente agrícola do retorno dairrigação, rico <strong>em</strong> nutrientes, especificamente o nitrogênio o potássio e o fósforo,que são capazes <strong>de</strong> estimular o crescimento <strong>de</strong> plantas aquáticas, exig<strong>em</strong>tratamento específico para a sua r<strong>em</strong>oção.Diagramas <strong>de</strong> fluxo esqu<strong>em</strong>áticos <strong>de</strong> vários sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> tratamento paraefluentes domésticos através <strong>de</strong> processos biológicos são mostrados no Anexo B.Os processos biológicos usados para o tratamento <strong>de</strong> efluentes po<strong>de</strong>m serdivididos <strong>em</strong> anaeróbios e aeróbios. São anaeróbios, quando as bactériasmetanogênicas se <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> e promov<strong>em</strong> a biodigestão da matéria orgânicacarbonácea na ausência <strong>de</strong> oxigênio. Geralmente esse processo é <strong>de</strong> ação maislenta e na conversão da matéria orgânica há produção do biogás rico <strong>em</strong> metano,que, a <strong>de</strong>speito do baixo po<strong>de</strong>r calorífico, po<strong>de</strong> ser aproveitado como fonte <strong>de</strong>energia térmica <strong>em</strong> favor do balanço energético. Já os processos aeróbios sãomais ativos <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> ação oxidante das bactérias, as quais convert<strong>em</strong> maisrapidamente a matéria orgânica carbonácea dissolvida e particulada (suspensa)


41<strong>em</strong> biomassa. Os dois processos po<strong>de</strong>m ser subdivididos <strong>em</strong> duas categoriasprincipais:a) Leito fixo: processo <strong>em</strong> que as bactérias se agrupam sobre uma superfícieinerte formando um biofilme por on<strong>de</strong> passa o efluente a ser tratado. Nostratamentos do tipo aeróbio são promovidos meios para que as bactériastenham contato com o efluente a ser tratado, como também com aratmosférico ou ar comprimido, ou até, oxigênio, <strong>de</strong> forma intermitente.b) Leito disperso ou suspenso: processo <strong>em</strong> que as bactérias se <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong><strong>em</strong> suspensão no efluente a ser tratado. Nos tratamentos aeróbios,mecanismos para esse fim <strong>de</strong>senvolvidos introduz<strong>em</strong> ar atmosférico, arcomprimido ou oxigênio no seio da massa líquida.A maior <strong>de</strong>svantag<strong>em</strong> dos processos do grupo b é justamente o elevadodispêndio energético que acarreta custos operacionais in<strong>de</strong>sejáveis. Fatoresambientais que possam afetar o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho, as necessida<strong>de</strong>s nutritivas e aação cinética da reação <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser consi<strong>de</strong>rados nos projetos (MONTEGGIA,2002).O processo <strong>de</strong> leito disperso ou suspenso mais comumente usado para otratamento <strong>de</strong> efluente municipal é o <strong>de</strong> lodo ativado, no qual as bactérias, aodigerir<strong>em</strong> a matéria orgânica contida no efluente, <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>-se <strong>em</strong> colôniasformando flocos ao final da fase <strong>de</strong> aeração. Na fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>cantação, os flocosprecipitam-se formando os biossólidos. No processo <strong>de</strong> lodo ativado, parte dolodo formado retorna ao início do processo na câmara <strong>de</strong> equalização oudiretamente na câmara <strong>de</strong> aeração, acelerando o processo <strong>de</strong> biodigestão(MONTEGGIA, 2002) 2 .Os tratamentos convencionais <strong>de</strong> lodos ativados são consi<strong>de</strong>rados reatores <strong>de</strong>fluxo <strong>de</strong> pistão com mistura longitudinal (dispersão), ou seja, apresentam um fluxoarbitrário. Os fatores que contribu<strong>em</strong> para a tendência <strong>de</strong> escoamento <strong>em</strong> pistãosão o reduzido t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenção hidráulico e a forma dos reatores.Segundo Monteggia,2 O processo <strong>de</strong> lodo ativado foi <strong>de</strong>senvolvido <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 1913 na estação experimental <strong>de</strong> Lawrence <strong>em</strong>Massachusetts por Clark e Calibre e também por Ar<strong>de</strong>rn e Lockett (1914) nos trabalhos do esgoto <strong>de</strong>Manchester, Inglaterra, e foi assim nomeado porque envolve a produção <strong>de</strong> uma massa ativada <strong>de</strong>microorganismos capaz <strong>de</strong> estabilizar os resíduos sob circunstâncias aeróbicas (METCALF E EDDY, 2001).


42<strong>de</strong>vido à elevada carga aplicada na entrada do reator e<strong>de</strong>créscimo contínuo do OD ao longo do escoamento longitudinaldo tanque, faz-se necessário ajustar o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> aeração parasuprir maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ar (até 1,5 vezes) na 1ª parte dotanque. Volumes <strong>de</strong> excesso <strong>de</strong> lodo oscilam na faixa <strong>de</strong> 1 a 6 %da vazão tratada, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da massa <strong>de</strong> excesso econcentração no ponto <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarte do sist<strong>em</strong>a (MONTEGGIA,2002).A mistura líquido + lodo (Liquor Misto) sai do reator biológico e é encaminhada ao<strong>de</strong>cantador secundário on<strong>de</strong> ocorre a separação do lodo por sedimentação,sendo o efluente líquido <strong>de</strong>scarregado imediatamente no corpo receptor ou naetapa seguinte do tratamento. No tanque <strong>de</strong> aeração, existe um t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> contatopara o efluente, que é lentamente agitado enquanto o ar é introduzido <strong>de</strong> formapressurizada ou através <strong>de</strong> aeradores mecânicos. Os sólidos <strong>em</strong> suspensão noefluente juntamente com a suspensão microbial são chamados <strong>de</strong> SólidosSuspensos do Liquor Misto - SSLM (Mixed Liquor Suspen<strong>de</strong>d Solids - MLSS). OSSLM está <strong>em</strong> permanente contato com o oxigênio para manter <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong> asbactérias aeróbicas (METCALF & EDDY, 2003).Equipamentos mecânicos são usados para fornecer ar ou oxigênio ao liquormisto, o que faz com que ocorra a transferência do oxigênio ao processo. O liquormisto flui então para um clarificador on<strong>de</strong> a suspensão microbial sedimenta e aágua é separada do biossólido (lodo). Parte do lodo separado retorna ao início doprocesso para que as bactérias promovam a biodigestão da carga orgânica quechega ao tratamento. Esse ciclo se repete in<strong>de</strong>finidamente. A continuação <strong>de</strong>sseprocesso implica, evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, que haverá um acúmulo da biomassa, cujoexce<strong>de</strong>nte, periodicamente, terá <strong>de</strong> ser r<strong>em</strong>ovido. A biomassa é <strong>de</strong>nominada“lodo ativado” por causa da concentração <strong>de</strong> microorganismos ativos e quandoretorna ao tanque <strong>de</strong> aeração, para continuar a bio<strong>de</strong>gradação do materialorgânico do efluente, po<strong>de</strong> conter partes mais velhas e partes mais novas do lodoque po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntificadas a partir da coloração.Uma característica importante do processo <strong>de</strong> lodo ativado é a formação <strong>de</strong>flocos, variando no tamanho <strong>de</strong> 50 a 200 µm, os quais po<strong>de</strong>m ser r<strong>em</strong>ovidos apósser<strong>em</strong> <strong>de</strong>cantados por ação da gravida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ixando um líquido relativamentelimpo como efluente tratado. Tipicamente, mais <strong>de</strong> 99 por cento dos sólidossuspensos po<strong>de</strong>m ser r<strong>em</strong>ovidos na etapa da clarificação. As características e as


43proprieda<strong>de</strong>s físicas das partículas (flocos) afetam o projeto e o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho doclarificador. Alguns diagramas dos processos <strong>de</strong> lodos ativados po<strong>de</strong>m ser vistosno Anexo C.5.4 O reator CBR - histórico, <strong>de</strong>scrição e funcionamentoOs primeiros Contatores Biológicos Rotatórios CBR’s (Rotatory BiologicalContactors – RBCs) foram instalados na Al<strong>em</strong>anha Oci<strong>de</strong>ntal <strong>em</strong> 1960, sendo aseguir, introduzidos nos Estados Unidos e <strong>em</strong> outros países como Austrália,Canadá e Reino Unido, entre outros. “Somente nos Estados Unidos, centenas <strong>de</strong>equipamentos CBR foram instalados na década <strong>de</strong> 1970 e o processo foi revisadoe atualizado <strong>em</strong> inúmeros relatórios” (METCALF & EDDY, 2003).O sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> tratamento RBC consiste <strong>em</strong> um conjunto contendo rotorescompostos por discos fabricados <strong>em</strong> plástico rígido com pequena espessura quetrabalham parcialmente submersos (cerca <strong>de</strong> 40%), geralmente conformados pararesultar na maior superfície específica possível. Os discos são montados lado alado, num eixo horizontal, afastados um do outro <strong>de</strong> 5 a 12 mm, formandogran<strong>de</strong>s cilindros que operam parcialmente submersos no efluente, acoplados aum sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> acionamento que o faz<strong>em</strong> girar lentamente, <strong>de</strong> 1,0 a 1,6 rpm(figura 5-3).O princípio biológico do sist<strong>em</strong>a CBR é exatamente o mesmo <strong>de</strong> todos os outrossist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> leito fixo. As bactérias aeróbias, responsáveis pela biodigestão dascargas poluentes, ao invés <strong>de</strong> ficar<strong>em</strong> <strong>em</strong> suspensão no lodo como é o caso dossist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> lodo ativado, vão se aglomerando nas superfícies dos discos e,quando estes giram, por estar<strong>em</strong> apenas parcialmente submersos, promov<strong>em</strong>ciclicamente a aeração e imersão das colônias <strong>de</strong> bactérias no efluente e estasproduz<strong>em</strong> a biodigestão contínua dos poluentes através da oxidação do carbonoorgânico nele contido. As bactérias vão se concentrando cada vez mais nassuperfícies dos discos, formando gran<strong>de</strong>s colônias, que resultam <strong>em</strong> espessascamadas <strong>de</strong>nominadas biofilme.


44Figura 5.3 - O sist<strong>em</strong>a CBR (Contator Biológico Rotatório).Devido ao constante crescimento da colônia <strong>de</strong> bactérias o biofilme t<strong>em</strong> a suaespessura constant<strong>em</strong>ente aumentada fazendo com que as bactérias que estãona parte mais interna da película tenham dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> contato com o oxigênio doar quando o disco gira, o que ocasiona a sua mortanda<strong>de</strong>. Nesse processo obiofilme se <strong>de</strong>spren<strong>de</strong> dos discos e segue para o <strong>de</strong>cantador formando um lodoativo (contém também bactérias vivas) já que apenas a camada mais interna dolodo é constituída <strong>de</strong> bactérias mortas. No <strong>de</strong>cantador, que nada mais é do queum tanque com 2,0 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> <strong>em</strong> formato tronco-piramidal, o lodosedimenta e a água tratada extravasa pela parte mais alta, indo para o tanque <strong>de</strong>água para reuso.5.5 Critérios <strong>de</strong> projeto e parâmetros <strong>de</strong> dimensionamentoO dimensionamento <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>as CBR é feito baseado na superfície total <strong>de</strong>discos do conjunto, <strong>em</strong> quantas séries <strong>de</strong> rotores serão necessárias para executaro tratamento objetivado e no número <strong>de</strong> rotores <strong>em</strong> cada série.A associação dos eixos <strong>de</strong> rotores <strong>em</strong> série ou paralelo altera as condiçõesbióticas dos sist<strong>em</strong>as, possibilitando o crescimento <strong>de</strong> diferentes cepas <strong>de</strong>bactérias, mudando assim os resultados obtidos. Se por ex<strong>em</strong>plo, o objetivo é anitrificação, será necessário um maior número <strong>de</strong> séries enquanto que se oobjetivo é redução <strong>de</strong> DBO não são necessárias tantas séries, mas sim, maior


45superfície no primeiro estágio e assim sucessivamente. Os principais arranjospara instalações CBR estão apresentados no Anexo D.A tabela 5-7 fornece os principais parâmetros <strong>de</strong> projeto para o dimensionamento<strong>de</strong> um Contator Biológico Rotativo para diferentes níveis <strong>de</strong> tratamento (r<strong>em</strong>oção<strong>de</strong> DBO, r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> DBO juntamente com nitrificação e nitrificação <strong>em</strong>separado).Tabela 5-7 - Informações típicas para o projeto <strong>de</strong> um Contator Biológico Rotatório.NÍVEL DE TRATAMENTOPARÂMETRO UNIDADE R<strong>em</strong>oção R<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> DBO Nitrificação<strong>de</strong> DBO e Nitrificação SeparadaCarga hidráulica m³/m³.dia 0,08 – 0,16 0,03 - 0,08 0,04 - 0,10Carga orgânica g sDBO / m².dia 4- 10 2,5 – 8 0,5 - 1“ g DBO / m².dia 8- 20 5- 16 1- 2Lodo orgânico máximo no g sDBO / m².dia 12 – 15 12 – 151º estágio g DBO / m².dia 24 – 30 24 – 30Carga <strong>de</strong> NH3 g N / m².dia 0,75 - 1,5T<strong>em</strong>po <strong>de</strong> retenção hidráulica H 0,7 - 1,5 1,5 – 4 1,2 - 3DBO do efluente mg/l 15 – 30 7 – 15 7- 15NH4-N mg/l < 2 1 - 2T<strong>em</strong>peratura do efluente <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 13° C.Fonte: METCALF & EDDY, 2001.O quadro 5-3 apresenta os passos para o dimensionamento preliminar <strong>de</strong> umaunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento CBR. A partir das informações contidas no referido quadroe usando a equação <strong>em</strong>pírica da figura 5.4 que <strong>de</strong>termina a concentração <strong>de</strong>DBO 5 (mg/l) <strong>em</strong> cada estágio, é possível a montag<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma rotinacomputacional <strong>em</strong> planilha eletrônica – Anexo E.Ao se entrar com os dados referentes às características do efluente (vazão,poluentes, concentrações <strong>de</strong> constituintes e objetivos do tratamento) na planilhaeletrônica do Anexo E obtêm-se a superfície total, o número <strong>de</strong> séries e aquantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rotores por série necessários à realização do tratamento <strong>de</strong>sejado.


46Quadro 5-3 - Passos para o dimensionamento <strong>de</strong> uma Estação <strong>de</strong> Tratamento CBR.ÍTEMDESCRIÇÃO1 Determinar a concentração <strong>de</strong> DBOs no afluente e efluente e vazão da água residuária.Determinar a área total <strong>de</strong> discos do primeiro estágio, com base numa redução máxima2<strong>de</strong> DBOs, <strong>de</strong>12 a 15 DBOs/m 3 dia.Determinar o número <strong>de</strong> eixos <strong>de</strong> RBC usando uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> disco padrão3(m 2 /eixo).Selecionar o número <strong>de</strong> conjuntos do projeto, escoamento por conjunto, número <strong>de</strong>4 estágios e área <strong>de</strong> disco por eixo <strong>em</strong> cada estágio. Para os estágios finais, discos <strong>de</strong>alta <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (menor afastamento entre eles) po<strong>de</strong>m ser usados.Baseado nas pr<strong>em</strong>issas do passo 4, calcular a concentração <strong>de</strong> DBOs <strong>em</strong> cadaestágio, <strong>de</strong>terminar se a concentração <strong>de</strong> DBOs no efluente po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminada. Senão, modificar o número <strong>de</strong> estágios, o número <strong>de</strong> eixos por estágios e/ou área <strong>de</strong>5discos por estágios. Se a concentração <strong>de</strong> DBOs do efluente é sustentável, avaliaralternativas para a eventual otimização do projeto. Note que estes procedimentosajudam a montar os cálculos <strong>em</strong> planilhas.6 Desenvolver o projeto do clarificador secundário.A concentração <strong>de</strong> DBO solúvel no estágio n <strong>em</strong> (mg/l), segundo Metcalf & Eddy,po<strong>de</strong> ser calculada pela equação apresentada na figura 5-4.Sn=+ ( 4) ⋅( 0,00974) ⋅( ASQ)( 2) ⋅( 0,00974) ⋅( A Q)−1+1⋅ S−1SnFigura 5.4: Equação para o cálculo da concentração <strong>de</strong> DBO solúvel no estágio n (mg/l)On<strong>de</strong>:Sn= concentração <strong>de</strong> DBO solúvelno estágio n.AS= Área da superfíciedos discos no estágio n.3Q = Vazão.( m dia).( mg L).2( m ).5.6 Legislação e Normas Técnicas específicasO uso <strong>de</strong> águas residuárias <strong>em</strong> agricultura t<strong>em</strong> sido uma prática aplicada pormuitos povos ao longo da história. Inicialmente, s<strong>em</strong> qualquer tratamento, aságuas dos rios e lagoas on<strong>de</strong> eram <strong>de</strong>spejados os <strong>de</strong>tritos humanos eramtambém aproveitadas para a agricultura. As culturas irrigadas com essas águasmostravam s<strong>em</strong>pre um melhor <strong>de</strong>senvolvimento do que as culturas irrigadas comas águas dos mananciais usados para o consumo humano. Com a ocorrência <strong>de</strong>gran<strong>de</strong>s epi<strong>de</strong>mias, logo associadas a essas práticas, as lagoas eram


47abandonadas e se retornava à irrigação das lavouras com água mais pura,mesmo que <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento do bom <strong>de</strong>senvolvimento das plantações. Nosperíodos <strong>de</strong> escassez <strong>de</strong> água, por falta <strong>de</strong> outra opção para manter a plantaçãoviva, voltava-se a lançar mão, ainda que t<strong>em</strong>erosamente, das velhas águas queestavam <strong>de</strong>positadas nas lagoas abandonadas. Descobriu-se assim que as águasque “<strong>de</strong>scansavam” não eram tão perigosas quanto as lagoas <strong>de</strong> água comturbi<strong>de</strong>z perceptível. “água suja”.Como não se tinha a menor idéia do que era um microorganismo, durante muitot<strong>em</strong>po, a purificação da água era associada ao processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cantação e, assim,nasceram as primeiras lagoas <strong>de</strong> estabilização. Essa <strong>de</strong>scoberta impulsionou oreuso <strong>de</strong> águas residuárias na agricultura, on<strong>de</strong> mais recent<strong>em</strong>ente houvesignificativos investimentos <strong>em</strong> pesquisas aplicadas. Com o <strong>de</strong>senvolvimentocientífico, o processo <strong>de</strong> tratamento foi aperfeiçoado tornando a agriculturairrigada com água recuperada <strong>de</strong> efluentes uma técnica <strong>de</strong> reuso segura, comprocedimentos normativos e legislação específicos, também conhecida comoFerticultura.Em se tratando <strong>de</strong> outras aplicações <strong>de</strong> reuso <strong>de</strong> caráter mais urbano como, porex<strong>em</strong>plo, <strong>de</strong>scarga <strong>em</strong> vasos sanitários, lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> veículos, rega <strong>de</strong> jardins,entre outros – que não passaram por processos evolutivos s<strong>em</strong>elhantes aos queocorreram com reuso <strong>em</strong> agricultura irrigada – o acervo <strong>de</strong> informações sobre aqualida<strong>de</strong> requerida é ainda incipiente, o que nos leva à adoção <strong>de</strong>recomendações baseadas <strong>em</strong> normas estabelecidas para o reuso agrícola. Issot<strong>em</strong> produzido distorções como, por ex<strong>em</strong>plo, exigência <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>para reuso <strong>em</strong> vasos sanitários superior à qualida<strong>de</strong> da água para uso balneável,o que implica <strong>em</strong> tratamentos mais onerosos.A escassez <strong>de</strong> informações relativas aos requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> exigidos parareusos urbanos, principalmente para o reuso <strong>em</strong> vasos sanitários, é um fato. Asrecomendações encontradas <strong>em</strong> normas <strong>de</strong> muitos países são claramentebaseadas <strong>em</strong> padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> estabelecidos fora do próprio país, ou,estabelecidas a partir <strong>de</strong> algum padrão existente para outro tipo <strong>de</strong> reuso, o queacarreta variações expressivas nos requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> exigidos. No caso doindicador Coliformes Totais, por ex<strong>em</strong>plo, cujos limites admissíveis encontradosnas pesquisas bibliográficas vão <strong>de</strong> < 2,2 UFC/100 ml (não <strong>de</strong>tectável) a


481,00E+03 UFC/100 ml, mostrando uma gran<strong>de</strong> disparida<strong>de</strong> <strong>de</strong> valores, a falta <strong>de</strong>consistência é flagrante.Segundo Nol<strong>de</strong> (2000), na maioria dos países, não exist<strong>em</strong> diretrizes e padrõespara reuso da água nos edifícios. Nos Estados Unidos, a Agência <strong>de</strong> ProteçãoAmbiental (Environmental Protection Agency – EPA) publicou as “Diretrizes parareuso da água" (U.S. EPA, 1992), que <strong>de</strong>screv<strong>em</strong> os estágios do tratamento, asexigências <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água e a orientação para monitoramento. De acordocom a U.S. EPA (1992), a água recuperada usada para <strong>de</strong>scarga nos vasossanitários <strong>de</strong>ve submeter-se eventualmente à filtração e à <strong>de</strong>sinfecção. O efluentenão <strong>de</strong>ve ter coliforme fecal <strong>de</strong>tectável <strong>em</strong> 100 ml <strong>de</strong> água tratada, ter o DBO 5 <strong>de</strong> 1,0 mg/l e <strong>de</strong>ve-se promover meios para que o Cl 2 sejacontinuamente monitorado, ou seja, a exigência é <strong>de</strong> uma água com requisitos <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> próximos aos da água potável.Já estudos realizados sob os auspícios da OMS <strong>em</strong> 1998, baseados <strong>em</strong> padrõesestabelecidos para outros reusos e adaptados para o reuso <strong>em</strong> <strong>de</strong>scargas <strong>de</strong>vasos sanitários, concluíram que o limite para o indicador ColiformesTermotolerantes <strong>de</strong> 1,0E+02 UFC/100 ml é aceitável e não alterasignificativamente a condição <strong>de</strong> risco dos atuais sist<strong>em</strong>as (METCALF &EDDY,2003).Em Tokio, Japão, o reuso do efluente cinza tratado t<strong>em</strong> sido altamente difundido ebastante aplicado. Somente <strong>em</strong> <strong>de</strong>scarga <strong>de</strong> vaso sanitário o Japão jáeconomizava <strong>em</strong> 1995 cerca <strong>de</strong> 970.000 m 3 ano -1 , (MAEDA et al., 1995, apudNOLDE, 2000). Os critérios para a água recuperada para o uso <strong>em</strong> <strong>de</strong>scarga <strong>de</strong>vaso sanitário foram <strong>de</strong>finidos no "Relatório sobre reuso <strong>de</strong> efluente cinza tratado”que, entre outros parâmetros, <strong>de</strong>fine para <strong>de</strong>scarga <strong>em</strong> vaso sanitário ColiformesTotais < 1,00E+03 UFC / 100 ml e DBO < 20 mg/l (MAEDA et al., 1995, apudNOLDE, 2000), ou seja, requisitos s<strong>em</strong>elhantes aos da nossa água classificadacomo balneável pela Resolução Nº 20 do CONAMA.As maiores dificulda<strong>de</strong>s para implantação <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> reuso no Brasil aindasão relativas à falta dos já mencionados padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> higiênicomicrobiológicospara a água <strong>de</strong> reuso. A legislação brasileira estabelece padrões<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para água potável (Portaria 36/GM e Portaria 1.469 <strong>de</strong> 2000) e paraáguas superficiais (Resolução CONAMA Nº 20), mas ainda não faz referências a


49padrões para o reuso. No entanto, o principal entrave para a diss<strong>em</strong>inação <strong>de</strong>ssaprática está relacionado com os custos, que ainda são muito elevados. Issoocorre, principalmente, <strong>em</strong> razão dos altos preços dos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> tratamentocompactos (que ainda não são produzidos <strong>em</strong> escala econômica) e, <strong>em</strong> muitasregiões, <strong>de</strong>vido ao baixo preço da água potável, no qual está incluído somente ocusto dos serviços <strong>de</strong> tratamento e distribuição. Além <strong>de</strong> cobrir<strong>em</strong> apenas oscustos, esses preços são ainda subsidiados e expurgados <strong>de</strong> todas asexternalida<strong>de</strong>s ambientais.Para se estimular o reuso urbano <strong>de</strong> água recuperada das águas residuárias nas<strong>de</strong>scargas <strong>de</strong> vasos sanitários, é estritamente necessária a ruptura do ciclovicioso <strong>em</strong> que a situação se encontra: a prática do reuso não é estimulada porfalta <strong>de</strong> regulamentação técnica e legal e não exist<strong>em</strong> padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>porque faltam aplicações na prática e, conseqüent<strong>em</strong>ente, dados experimentaisconfiáveis.A tendência, quando se lida com processos <strong>de</strong> estabelecimento <strong>de</strong> padrões s<strong>em</strong>base <strong>de</strong> dados específicos, é a opção pela segurança. Isso t<strong>em</strong> conduzido oslegisladores, muitas vezes, à recomendação, ou mesmo imposição <strong>de</strong> requisitos<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> mais restritivos que os efetivamente necessários, o que eleva maisainda o já alto investimento <strong>em</strong> instalações hidráulicas e unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tratamento<strong>de</strong>sestimulando a aplicação do reuso nas residências e impedindo que umaparcela da população não atendida com água potável e saneamento básicoobtenha esse benefício social.5.7 Instalações hidráulicasUma área que pouco avançou, no que tange ao mo<strong>de</strong>lo tecnológico e construtivodos edifícios, foi a forma <strong>de</strong> se projetar e construir instalações hidráulicas.Excetuando-se os avanços nos materiais utilizados, que evoluíram para materiaiscom vida útil mais elevada e maior facilida<strong>de</strong> para se instalar e fazer manutenção,essas instalações são, na sua essência, basicamente as mesmas há décadas.Entre os pontos mais ex<strong>em</strong>plificados, por servir <strong>de</strong> estímulo para osconsumidores usar<strong>em</strong> a água <strong>de</strong> forma ina<strong>de</strong>quada, está a ausência <strong>de</strong>micromedição nas unida<strong>de</strong>s resi<strong>de</strong>nciais <strong>em</strong> edifícios. Uma pesquisa realizada


50pelo Projeto <strong>de</strong> Revisão e Atualização do Plano Diretor <strong>de</strong> Esgotos <strong>de</strong> Salvadorfeita <strong>em</strong> 1995, <strong>em</strong> seu Volume II, apresenta resultados <strong>de</strong> consumo das classesA, B e C. A partir <strong>de</strong>sse estudo, constata-se que, <strong>em</strong> todas as classes sociaispesquisadas, a ausência <strong>de</strong> micromedição influencia negativamente os hábitosdos consumidores e que as pessoas ten<strong>de</strong>m a consumir água <strong>de</strong> formaina<strong>de</strong>quada quando o consumo <strong>de</strong> água da unida<strong>de</strong> sob seu domínio não émedido separadamente (domicílios <strong>em</strong> edifícios <strong>de</strong> apartamentos). Os resultados,mostrados no quadro 5-5, contrariam quaisquer expectativas já que numa casaresi<strong>de</strong>ncial as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> água são naturalmente maiores queas necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> consumo quando se resi<strong>de</strong> num apartamento <strong>em</strong> edifício. Noentanto o que se verifica é que o consumo per cápita para resi<strong>de</strong>ntes <strong>em</strong>apartamentos é s<strong>em</strong>pre maior que o mesmo indicador para resi<strong>de</strong>ntes <strong>em</strong> casas.Teoricamente, quanto mais andares o edifício tiver, menor <strong>de</strong>veria ser o consumoper capita <strong>de</strong>vido à redução da fração i<strong>de</strong>al das áreas comuns.Quadro 5-4 - Valores <strong>de</strong> consumo per capita resi<strong>de</strong>ncial para intervalo <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> 95%.CLASSETIPO DE IMÓVELEdifícioACasaEdifícioBCasaEdifícioCCasaFonte: SRHSH, cap. 3, vol II, pág 3, 1995.CONSUMO MÉDIO PARA INTERVALODE CONFIANÇA DE 95%De 296,6 a 365,4De 279,9 a 356,1De 220,0 a 261,0De 150,1 a 230,8De 154,2 a 166,5De 91,2 a 108,3A velha concepção <strong>de</strong> que a água resi<strong>de</strong>ncial t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser <strong>de</strong> um único tipo, ouseja, t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ter os mesmos requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para aten<strong>de</strong>r a todos os usos,gera estagnação tecnológica nas instalações prediais, pois implica umnivelamento por cima. Se a água é <strong>de</strong> um único tipo não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sepensar outras possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> construções hidráulicas. Assim, utiliza-se, paratodos os usos domésticos, água com requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para aten<strong>de</strong>r às<strong>de</strong>mandas potáveis, que representam a menor contribuição <strong>de</strong> consumo dasresidências (Tabela 5-8) (HENZE et al., 1997). Desse modo, damos <strong>de</strong>scarga nosvasos sanitários, lavamos a calçada, regamos o jardim, lavamos o automóvel,entre outras aplicações, tudo isso usando água potável.Projetar e construir instalações hidráulicas prediais duplicadas, como existentes<strong>em</strong> muitos países, separadas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os reservatórios até os pontos <strong>de</strong> consumo e


51contendo águas <strong>de</strong> dois diferentes padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, um potável e outro paraágua <strong>de</strong> serviço composta <strong>de</strong> água captada das chuvas e água recuperada dosefluentes, certamente necessitaria um maior investimento inicial. Na hipótese <strong>de</strong>conseguir a redução do consumo total da água para 25% do consumo típico(Tabela 5-8), haverá um ganho econômico e ambiental significativo e <strong>de</strong> longaduração a ser consi<strong>de</strong>rado.A redução <strong>de</strong> 75% no consumo primário <strong>de</strong> água é possível usando-se a águapotável apenas para as necessida<strong>de</strong>s consi<strong>de</strong>radas potáveis. As <strong>de</strong>mandasresi<strong>de</strong>nciais restantes são supridas com água recuperada do efluente e/ou águacoletada da chuva.Tabela 5-8 - Valores típicos <strong>de</strong> consumo primário per capita <strong>em</strong> países do Norte da Europa que usammecanismos <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> água (L / habitante).PONTO DECONSUMOCONSUMOTÍPICO(L / HAB)CONSUMO TOTAL DE ÁGUAUSANDO MECANISMOS DERECUPERAÇÃO E REUSO (1)(L / HABITANTE)CONSUMO DE ÁGUA PRIMÁRIACOM MECANISMOS DERECUPERAÇÃO E REUSO (2) OUUSO DE ÁGUA DA CHUVA(L / HABITANTE)Vaso sanitário 50 25 / 0 0Banho 50 25 25Cozinha 50 25 25Lavan<strong>de</strong>ria 10 5 1Perdas 80 25 n/aTotal 240 105 51(1) Novas instalações com recuperação <strong>de</strong> efluentes.(2) Consumo <strong>de</strong> água primária, reusando água na <strong>de</strong>scarga do vaso sanitário e lavan<strong>de</strong>ria.Fonte: Henze et al., 1997, apud DESAR, 2001.A tabela 5-8 mostra o consumo típico por habitante <strong>em</strong> países do norte da Europa<strong>em</strong> habitações convencionais, <strong>em</strong> habitações que usam mecanismos <strong>de</strong>recuperação e reuso <strong>de</strong> água e <strong>em</strong> habitações que, além disso, usam tambémágua coletada da chuva <strong>em</strong> <strong>de</strong>mandas não potáveis. O consumo total observadoapresenta uma diferença que vai dos 240 L/hab. <strong>em</strong> residências convencionaispara 51 L./hab. <strong>em</strong> residências consi<strong>de</strong>radas ecoeficientes, o que representauma redução no consumo <strong>de</strong> 78,75%, mantendo-se o mesmo nível do conforto. Oque muda, na verda<strong>de</strong>, são os hábitos <strong>de</strong> consumo.O reuso resi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> água recuperada <strong>de</strong>sponta como uma solução racionalpara as águas residuárias urbanas, sendo uma prática cada vez mais adotada <strong>em</strong>todo o mundo, haja ou não escassez <strong>de</strong> água nova, principalmente pelo aspectopreservacionista que representa. Evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, havendo possibilida<strong>de</strong> do reuso<strong>em</strong> irrigação <strong>de</strong> plantas alimentícias, jardinag<strong>em</strong> ou paisagismo, essas opções


52<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser priorizadas, uma vez que a água recuperada <strong>de</strong> efluentes domésticostratados é rica <strong>em</strong> nutrientes que não <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser <strong>de</strong>sperdiçados. Como noscentros urbanos essa aplicação n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre é possível, o reuso <strong>em</strong> <strong>de</strong>scargas <strong>de</strong>vasos sanitários passa a ser uma alternativa interessante para um primeiro reuso,e, quando viável, a este po<strong>de</strong> se seguir um reuso <strong>em</strong> jardinag<strong>em</strong> ou paisagismo.Em princípio, qualquer edifício já construído é passível <strong>de</strong> ser adaptado parareceber instalações hidráulicas duplicadas com finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reuso. <strong>Edifícios</strong> <strong>de</strong>maior porte com galerias e prumadas <strong>em</strong> “shafts” são mais fáceis <strong>de</strong> ser<strong>em</strong>adaptados. Os edifícios resi<strong>de</strong>nciais, que geralmente são construídos com astubulações <strong>em</strong>butidas nas pare<strong>de</strong>s, apresentam um grau <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> maior,principalmente sob o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> custo já que a adaptação envolveintervenções, reposição <strong>de</strong> revestimentos, azulejos e pisos. <strong>Edifícios</strong> cujos vasossanitários são projetados para operar com válvulas <strong>de</strong> pressão apresentam maiorfacilida<strong>de</strong> porque as tubulações <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong>ssas <strong>de</strong>scargas são totalmentein<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes das <strong>de</strong>mais instalações, o que evita a modificação mais traumáticaque é a intervenção no interior dos sanitários. Para a prática do reuso <strong>em</strong> vasossanitários, além dos critérios básicos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, alguns cuidados especiais<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser tomados para se garantir o isolamento da re<strong>de</strong> potável. SegundoValiron e outros (1983), algumas recomendações <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser seguidas tais como:a) Pressões inferiores: O sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> água <strong>de</strong> reuso <strong>de</strong>ve ter pressõesmenores que o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> água potável para que esta não sejacontaminada <strong>em</strong> caso <strong>de</strong> conexões cruzadas.b) Diferenciação: Utilização <strong>de</strong> materiais e/ou cores diferentes daqueles<strong>em</strong>pregados no sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> água potável.c) Monitoramento: Análises periódicas para controlar a qualida<strong>de</strong> das águaspotável e <strong>de</strong> reuso.Em se tratando da implantação <strong>de</strong> reuso <strong>em</strong> <strong>de</strong>scargas <strong>de</strong> vasos sanitários <strong>em</strong>edifícios com muitos anos <strong>de</strong> funcionamento, sendo possível, um teste com águatingida com corantes naturais <strong>de</strong>ve ser realizado após a execução da re<strong>de</strong> água<strong>de</strong> reuso, para <strong>de</strong>tectar possíveis conexões cruzadas.


535.7.1. Instalações para reuso direto <strong>em</strong> mictórios e reuso intra-sanitárioUma alternativa <strong>de</strong> reuso interessante e eco-eficiente é o reuso imediato lavatóriomictório.Esse reuso somente po<strong>de</strong> ser aplicado <strong>em</strong> sanitários públicosmasculinos que possu<strong>em</strong> mictórios, pois parte do princípio <strong>de</strong> que as pessoasquando utilizam os mictórios lavam as mãos <strong>em</strong> seguida e a água residuária<strong>de</strong>corrente <strong>de</strong>ssa lavag<strong>em</strong>, ao invés <strong>de</strong> ser jogada na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgotamento é<strong>de</strong>sviada para o mictório <strong>em</strong> substituição à água potável que seria normalmenteutilizada. Esse tipo <strong>de</strong> reuso não necessita <strong>de</strong> qualquer tratamento oubombeamento e a água aplicada já leva para o mictório uma parcela <strong>de</strong>saponáceo <strong>de</strong>corrente do sabonete ou sabão líquido usado na lavag<strong>em</strong> dasmãos. O saponáceo carreado terá uma ação <strong>de</strong>sodorizante no mictóriodispensado o uso <strong>de</strong> <strong>de</strong>tergentes normalmente utilizados nesses dispositivoshidro-sanitários, reduzindo assim a carga química lançada no meio ambiente.A figura 5-5 mostra a simplicida<strong>de</strong> da instalação <strong>de</strong>sse reuso, <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>afacilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> execução, baixíssimo investimento para implantação e custooperacional zero. No bocal <strong>de</strong> saída do sifão é introduzido um tubo horizontal compequena inclinação no sentido do mictório para não reter a água residuária. Notrecho do mictório, o tubo contém perfurações espaçadas para a distribuição daágua <strong>em</strong> toda a cuba. Não foram encontrados nos livros técnicos pesquisadosreferências ou normas específicas para esse tipo <strong>de</strong> reuso.Outro ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> reuso imediato é o intra-sanitário ou intra-banheiro que v<strong>em</strong>sendo objeto <strong>de</strong> discussão e pesquisa (figura 5-6). Nesse sist<strong>em</strong>a, os efluentescinza, provenientes dos banhos <strong>de</strong> chuveiro ou banheira e do lavatório <strong>de</strong> mãos,são usados quase que diretamente nos vasos sanitários. Esse tipo <strong>de</strong> reusoencaixa-se b<strong>em</strong> num dos principais fundamentos do <strong>em</strong>prego <strong>de</strong>ssa técnica, qualseja, que o reuso <strong>de</strong> águas residuárias seja s<strong>em</strong>pre executado o mais próximopossível da fonte geradora. Dessa forma, o consumo <strong>de</strong> energia será mínimo e ocontrole sobre a qualida<strong>de</strong> e natureza do efluente será mais efetivo.


54Figura 5.5 - <strong>Reuso</strong> direto <strong>em</strong> mictório.No reuso intra-sanitário (Fig. 5-6), a água usada nos lavatórios e chuveiro sãocoletadas num pequeno reservatório contendo dois compartimentos instalado sobo piso do boxe do banheiro. No primeiro compartimento, a água residuária passapor um processo compacto <strong>de</strong> <strong>de</strong>cantação e posterior filtração. A seguir, a águarecuperada (filtrada) é armazenada no segundo compartimento do reservatório eposteriormente transferida por meio <strong>de</strong> uma mini bomba para a caixa acoplada oucaixa <strong>em</strong>butida do vaso sanitário. O dispêndio energético no caso é apenas oconsumo da mini bomba que transfere a água recuperada para a caixa acopladavencendo uma elevação <strong>de</strong> pouco mais <strong>de</strong> um metro.O reservatório, cuja capacida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> 80 a 150 litros <strong>em</strong> função donúmero <strong>de</strong> usuários habituais do sanitário, possui nos dois compartimentos tubospara extravasamento que <strong>de</strong>limitam a capacida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> armazenag<strong>em</strong> eimpe<strong>de</strong>m um transbordamento no caso <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sequilíbrio no balanço hídrico <strong>em</strong>favor da geração da água residuária. A mini bomba centrifuga, com potência nafaixa <strong>de</strong> 20 a 50 W, é acionada automaticamente por sensores <strong>de</strong> nível superior einferior instalados na caixa <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga do vaso sanitário.


55Figura 5.6 - <strong>Reuso</strong> intra-sanitário.Da mesma forma que no balanço hídrico po<strong>de</strong> ocorrer um <strong>de</strong>sequilíbrio <strong>em</strong> favorda geração da água residuária, eventualmente, po<strong>de</strong> ocorrer o inverso, ou seja,maior consumo <strong>de</strong> água recuperada que geração <strong>de</strong> efluente. Nesses casos,assim como <strong>em</strong> ocorrências <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> suprimento <strong>de</strong> energia elétrica para ofuncionamento da microbomba, a caixa <strong>de</strong> água <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga do vaso éabastecida com água potável através <strong>de</strong> um simples sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> válvula-bóia <strong>de</strong>acionamento mecânico.Os dois ex<strong>em</strong>plos citados mostram como po<strong>de</strong>m ser simples as instalaçõesprediais para <strong>de</strong>terminados tipos <strong>de</strong> reuso <strong>em</strong> que a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamentoda água é praticamente inexistente sendo o consumo <strong>de</strong> energia muito baixo.Esses casos po<strong>de</strong>m ter resultados econômicos altamente favoráveis e,provavelmente, s<strong>em</strong> oferecer maiores riscos para a saú<strong>de</strong> dos usuários além dosjá existentes.5.7.2. Instalações para reuso intra domiciliar e intra predialEmbora a instalação <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> efluentes pareça, numprimeiro momento, complicada e economicamente inviável, estudos mostram que<strong>em</strong> situações <strong>de</strong> escassez <strong>de</strong> abastecimento ou custo elevado da água <strong>de</strong> usoprimário, o reuso intra predial é perfeitamente viável sob os pontos <strong>de</strong> vistas


56técnico, econômico e ambiental. Atualmente, exist<strong>em</strong> disponíveis, estaçõescompactas <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> efluentes que executam o tratamento das águasresiduárias a partir <strong>de</strong> princípios biológicos naturais e que, como ver<strong>em</strong>os no<strong>de</strong>correr <strong>de</strong>ste trabalho, além <strong>de</strong> operar<strong>em</strong> s<strong>em</strong> qualquer necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>produtos químicos, são <strong>de</strong> baixo consumo <strong>de</strong> energia e baixo custo operacional.Certamente, na implantação <strong>de</strong> reuso numa instalação predial, existirá s<strong>em</strong>preum investimento inicial a ser feito para as modificações nas instalaçõeshidráulicas e a aquisição da Estação <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Efluentes - ETE. Umestudo preliminar <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> econômica indicará as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>realização ou não do projeto. Vale observar que a localização e altura do edifíciosão fatores <strong>de</strong>terminantes, pois o custo da energia do bombeamento da águarecuperada po<strong>de</strong> ser um fator que influirá na <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> aplicar ou não o reuso.Para que as idéias e os conceitos aqui apresentados comec<strong>em</strong> a ser utilizados<strong>em</strong> novos projetos <strong>de</strong> edifícios, medidas incentivadoras tais como benefíciosfiscais ou redução <strong>de</strong> impostos po<strong>de</strong>riam ser impl<strong>em</strong>entadas, favorecendoaqueles edifícios que foss<strong>em</strong> construídos e enquadrados <strong>em</strong> categorias especiaiscomo, por ex<strong>em</strong>plo, “ecológicos”, “ambientalmente corretos” ou “eco-eficientes”.Também po<strong>de</strong>riam ser criadas medidas restritivas como, por ex<strong>em</strong>plo, “ecotaxas”,que seriam aplicadas às contas <strong>de</strong> água dos novos edifícios que foss<strong>em</strong>construídos s<strong>em</strong> observar os princípios <strong>de</strong> Tecnologias Limpas.A falta <strong>de</strong> legislação específica para reuso urbano <strong>de</strong> água <strong>de</strong>ixa s<strong>em</strong> referênciasos interessados na implantação dos projetos <strong>de</strong> reuso. A implantação <strong>de</strong> umprojeto <strong>de</strong> reuso urbano, como foi visto neste capítulo, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da <strong>de</strong>finição dosrequisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e dos limites a ser<strong>em</strong> estabelecidos na legislação.Estabelecer limites legais baseados apenas <strong>em</strong> legislações vigentes <strong>em</strong> outrospaíses po<strong>de</strong> não funcionar a<strong>de</strong>quadamente, <strong>em</strong> razão <strong>de</strong> que essas leis po<strong>de</strong>mnão ser condizentes com a nossa realida<strong>de</strong> e cultura. Enquanto estudosepi<strong>de</strong>miológicos específicos para o reuso <strong>em</strong> vasos sanitários <strong>de</strong> águasrecuperadas dos efluentes resi<strong>de</strong>nciais não for<strong>em</strong> concluídos, é razoável seguir oprincípio da precaução assumindo riscos menores <strong>em</strong> relação a esse casoparticular <strong>de</strong> reuso. Não é razoável, no entanto, a pretexto da falta <strong>de</strong>informações, exigir<strong>em</strong>-se níveis <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água mais elevados dos que os


57já estabelecidos para outras finalida<strong>de</strong>s cujos riscos já conhecidos sãoinquestionavelmente maiores.O esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong> reuso intradomiciliar mais encontrado na revisão bibliográfica é oque coleta as águas residuárias cinza claro provenientes dos banhos, lavatórios e<strong>de</strong> lavagens <strong>de</strong> roupas, promove a sua recuperação através <strong>de</strong> tratamentoapropriado e faz o seu reuso <strong>em</strong> <strong>de</strong>scargas <strong>de</strong> vasos sanitários, lavagens <strong>de</strong>pisos, veículos, rega <strong>de</strong> jardins e outras aplicações.Figura 5.7 - Esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong> reuso intradomiciliar.


586. A Qualida<strong>de</strong> da <strong>Água</strong> para <strong>Reuso</strong> <strong>em</strong> Vasos SanitáriosUm aspecto do reuso <strong>de</strong> água que t<strong>em</strong> sido freqüent<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>batido é orelacionado com a questão dos requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água para reuso <strong>em</strong>vasos sanitários. Foram estabelecidos padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para outros reusos,principalmente para a agricultura irrigada e o paisagismo, entretanto,especificamente para reuso <strong>em</strong> vasos sanitários, as recomendações são ainda<strong>de</strong>sencontradas.O reuso <strong>de</strong> águas residuárias <strong>de</strong> efluentes domésticos <strong>em</strong> vasos sanitários v<strong>em</strong>sendo estudado <strong>em</strong> outros países há mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos. No Brasil, os estudossobre essa prática e sua aplicação estão apenas começando. Em nossaspesquisas bibliográficas não foram encontrados padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para aágua a ser reusada <strong>em</strong> vasos sanitários que tenham sido estabelecidos com base<strong>em</strong> estudos científicos. Exist<strong>em</strong> recomendações baseadas <strong>em</strong> padrões existentespara outras aplicações. Padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> requeridos para a água <strong>de</strong> reuso<strong>em</strong> vasos sanitários baseados, não no risco potencial, mas, no risco real a partir<strong>de</strong> pesquisas científicas, ainda não foram estabelecidos (SILVA, 2000).Ainda segundo Silva (2000), “no Brasil, até mesmo pela falta <strong>de</strong> tradição quantoao reuso planejado da água, não exist<strong>em</strong> normas e padrões para este tipo <strong>de</strong>manipulação. O que se encontra é o estabelecimento <strong>de</strong> limites máximos <strong>de</strong>impurezas para cada <strong>de</strong>stino específico”. Esses limites, chamados <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong>, estabelecidos pela Resolução Nº 20/86 do CONAMA, já mencionada,são subdivididos para as águas doces, salobras e salinas. Para as águas doces,foram <strong>de</strong>finidas cinco classes (são nove no total). Existe, portanto, uma gama <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água, que po<strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r a diversas aplicações <strong>de</strong> reuso, inclusive oreuso <strong>em</strong> vasos sanitários.O quadro 6-1 apresenta as diretrizes da qualida<strong>de</strong> microbiológica e parasitológicada água recomendada para agricultura, divulgado <strong>em</strong> 1989 pela OrganizaçãoMundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.


59Quadro 6-1:Diretrizes da qualida<strong>de</strong> microbiológica e parasitológica da água recomendada para uso <strong>em</strong>agricultura (OMS, 1989).Diretrizes da qualida<strong>de</strong> microbiológica e parasitológica da água recomendada para uso <strong>em</strong>agricultura (OMS, 1989)Quando não se dispõe <strong>de</strong> informações técnicas que possam <strong>em</strong>basar umaespecificação coerente do nível <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água que seja seguro para asaú<strong>de</strong> dos usuários, e também eco-eficiente sob o ponto <strong>de</strong> vista econômicosocial e ambiental, a tendência natural é nivelar por cima, recomendando-se umaágua <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> potável, ou quase potável. Isto aconteceu no passado com os


60padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para a água <strong>de</strong> reuso na agricultura <strong>em</strong> irrigação <strong>de</strong>alimentos a ser<strong>em</strong> consumidos crus, cujos primeiros níveis <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>recomendados foram altamente restritivos.Entretanto, à medida que os dados acumulados sobre os experimentos e asaplicações práticas ao longo do t<strong>em</strong>po foram divulgados, houve redução <strong>de</strong>ssasrestrições. Atualmente, <strong>em</strong> se tratando <strong>de</strong> contaminação orgânica <strong>em</strong>icrobiológica, os padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para a irrigação <strong>de</strong> alimentos a ser<strong>em</strong>consumidos crus são praticamente equivalentes aos padrões <strong>de</strong> água balneável.6.1 A qualida<strong>de</strong> da água encontrada nos vasos sanitárioUma questão relevante para a <strong>de</strong>finição da qualida<strong>de</strong> da água a ser reusada <strong>em</strong><strong>de</strong>scargas sanitárias surgiu num Fórum <strong>de</strong> Tecnologias Limpas: qual a qualida<strong>de</strong>da água encontrada nos vasos sanitários? A questão levantada estavadiretamente relacionada a uma recomendação da United Nations - “Water forIndustrial Use”, segundo a qual não se <strong>de</strong>ve usar uma água <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> melhordo que aquela que o uso requer. Embora a aplicação específica seja <strong>em</strong><strong>de</strong>scargas <strong>de</strong> banheiros e não na área industrial – <strong>em</strong> que o conhecimento daqualida<strong>de</strong> da água é imprescindível –, conhecer a qualida<strong>de</strong> da água <strong>de</strong> vasossanitários é fundamental, porque ajudaria no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação dosrequisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> necessários para o reuso <strong>em</strong> foco, tendo <strong>em</strong> vista que nãohá motivos justificáveis para usarmos uma água <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong> do queaquela que já é encontrada nos próprios vasos.Atualmente, a água utilizada nas <strong>de</strong>scargas dos vasos sanitários é, <strong>em</strong> princípio,<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> potável. Mas, o que acontece com a água potável a partir domomento <strong>em</strong> que é <strong>de</strong>spejada <strong>em</strong> um vaso sanitário? A revisão bibliográfica nãoesclareceu essa questão, por esse motivo realizou-se uma investigaçãoobjetivando conhecer um pouco mais sobre a qualida<strong>de</strong> da água presente nosvasos sanitários. Essa investigação foi iniciada nos sanitários da EscolaPolitécnica sendo, posteriormente, estendida a outras edificações <strong>de</strong> uso público.Os resultados obtidos foram plotados gerando os gráficos que serão a seguirapresentados, juntamente com algumas observações e comentários.


61COLIFORMES TOTAIS1,00E+07COLIFORMES TOTAIS (UFC/100mL)1,00E+061,00E+0510 11 12 13 14 15 16 17HORA DE COLETADATA DE COLETA - 03/12/02 V3 A4 MC.TOTAIS (UFC / 100ML)Gráfico 6.1 - Coliformes Totais do dia 03/12/2002 - vaso 3A4M.C.TOTAIS (UFC / 100ML)1,00E+071,00E+061,00E+05C.TOTAIS (UFC / 100mL)1,00E+041,00E+031,00E+021,00E+011,00E+0010 11 12 13 14 15 16 17HORÁRIO DE COLETA DATA DE COLETA - 07/01/03 V1 A4 FGráfico 6.2 - Coliformes Totais do dia 07/01/2003 - vaso 1A4F.O objetivo específico da pesquisa foi o levantamento das curvas dos níveis <strong>de</strong>coliformes totais e termotolerantes dos vasos <strong>em</strong> função do t<strong>em</strong>po, partindo dasuspeita da existência <strong>de</strong> uma contaminação <strong>de</strong>ntro do próprio vaso. Os


62primeiros resultados mostraram indícios <strong>de</strong> contaminação, lenta no início, masacentuada a partir da segunda hora. Fiz<strong>em</strong>os então um ajuste nos procedimentos,para que a primeira coleta fosse efetivada na segunda hora após a <strong>de</strong>scarga <strong>em</strong>ais três coletas foss<strong>em</strong> efetuadas a cada duas horas após a primeira. Osresultados preliminares confirmaram a suspeita da contaminação, que <strong>de</strong> fatoocorreu <strong>em</strong> todas as amostras. As curvas levantadas apresentam umcomportamento variável mostrando que, <strong>em</strong> alguns casos, a contaminação ocorrejá nas primeiras duas horas como se po<strong>de</strong> ver nos gráficos 6-3 e 6-4, qu<strong>em</strong>ostram níveis <strong>de</strong> coliformes <strong>de</strong> 3,25E+07 UFC/100 ml e <strong>de</strong> 2,40E+04 UFC/100ml, respectivamente.C.TOTAIS (UFC / 100ML)1,00E+08C.TOTAIS (UFC / 100ML)1,00E+0710 11 12 13 14 15 16 17HORÁRIO DE COLETADATA DE COLETA - 14/01/03 V5 A4 MC.TOTAIS (UFC / 100ML)Gráfico 6.3 - Coliformes Totais do dia 14/01/2003 - vaso 5A4M.


63C.TERMOTOLERANTE UFC/ 100ML)1,00E+051,00E+04C.TERMOTOLERANTE UFC/ 100mL)1,00E+031,00E+021,00E+011,00E+0010 11 12 13 14 15 16 17HORÁRIO DE COLETADATA DE COLETA - 14/01/03 V5 A4 MC.TERMO UFC/ 100ML)Gráfico 6.4 - Coliformes Termotolerantes do dia 14/01/2003 - vaso 5A4M.Existiram curvas como a apresentada no gráfico 6-5 que, partindo <strong>de</strong> 2,50E+06UFC/100 ml, atingiu 8,50E+07 UFC/100 ml após a segunda hora, iniciando aseguir uma redução no nível <strong>de</strong> contaminação, atingindo na quarta hora por2,40E+07 UFC/100 ml e retornando a 2,60E+06 UFC/100 ml após a sexta hora.C. TOTAIS(UFC/ML)1,00E+081,00E+07C.TOTAIS (UFC / 100ML)1,00E+061,00E+051,00E+041,00E+031,00E+021,00E+011,00E+0010 11 12 13 14 15 16 17HORÁRIO DE COLETAC.TOTAIS (UFC / 100ML)DATA DE COLETA - 21/01/03 V1 A4 FGráfico 6.5 - Coliformes Totais do dia 21/01/2003 - vaso 1A4F.


64Algumas curvas tiveram o comportamento crescente como a do gráfico 6-2, cujonível <strong>de</strong> contaminação na primeira amostra estava <strong>em</strong> 8,40E+04 UFC/100 ml, nasegunda amostra elevou-se para 2,00E+05 UFC/100 ml, passando para 6,00E+05UFC/100 ml na terceira amostra e finalizando <strong>em</strong> 1,20E+06 UFC/100 ml. Emoutras curvas observou-se um comportamento alternado como a do gráfico 6-6,cujo resultado da primeira amostra foi <strong>de</strong> 6,00E+03 UFC/100 ml, elevando-se nasegunda amostra para 3,75E+05 UFC/100 ml, sofrendo redução na amostraseguinte para 2,00E+05 UFC/100 ml e, finalmente, elevando-se novamente para4,00E+05 UFC/100 ml.C. TERMOTOLERANTE1,00E+061,00E+05C. TERMOTOLERANTE (UFC/100mL)1,00E+041,00E+031,00E+021,00E+011,00E+0010 11 12 13 14 15 16 17HORÁRIO DE COLETADATA DE COLETA - 21/01/03 V1 A4 FC.TERMO UFC/ 100ML)Gráfico 6.6 - Coliformes Termotolerantes do dia 21/01/2003 - vaso 1A4F.Para se avaliar melhor a cinética e a velocida<strong>de</strong> da contaminação, foi realizadauma nova campanha com intervalo <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> apenas <strong>de</strong>z minutos entre ascoletas das amostras. Os gráficos 6-7; 6-8 e 6-9 mostram os resultados <strong>de</strong>ssainvestigação.


65CTE090903A5V2F1,00E+061,00E+051,00E+04org./100 mL1,00E+031,00E+021,00E+011,00E+0012:00 12:10 12:20 12:30 13:00 14:00 15:00Hora da coletaColiformes TermotolerantesGráfico 6.7 - Coliformes Termotolerantes do dia 09/09/2003 - vaso 2A5F.CTE100903A6V2F1,00E+051,00E+04org./100 mL1,00E+031,00E+021,00E+011,00E+0012:31 12:41 12:51 13:01 13:31 14:31 15:31Hora da coletaColiformes TermotolerantesGráfico 6.8 - Coliformes Termotolerantes do dia 10/09/2003 - vaso 2A6F.


66CTE170903A3V2F1,00E+07org./100 mL1,00E+061,00E+0512:25 12:35 12:45 12:55 13:25 14:25 15:25Hora da coletaColiformes TermotolerantesGráfico 6.9: Coliformes Termotolerantes do dia 17/0972003 - vaso 2A5FOs resultados apresentados são preliminares e ainda não são suficientes para seinferir as razões do comportamento incerto da contaminação ao longo do t<strong>em</strong>po.A pesquisa <strong>de</strong>verá continuar até que seja obtida uma base quantitativa <strong>de</strong>informações para um tratamento estatístico dos dados e o estabelecimento <strong>de</strong>correlações conclusivas.6.1.1. Segunda Etapa da pesquisa: A qualida<strong>de</strong> da água <strong>em</strong> vasos tomadosaleatoriamenteA segunda etapa <strong>de</strong>sta pesquisa teve como objetivo <strong>de</strong>terminar o nível <strong>de</strong>coliformes presentes na água encontrada nos vasos escolhidos aleatoriamentes<strong>em</strong> conhecer as condições anteriores do uso. Todos os vasos tomados estavamlimpos e prontos para novo uso. Nesta etapa da pesquisa, objetivando umaabrangência maior <strong>de</strong> informações sobre a qualida<strong>de</strong> da água encontrada nosvasos, foram coletadas 19 amostras <strong>de</strong> vasos do quarto ao oitavo andar daEscola Politécnica, uma única amostra para cada vaso, s<strong>em</strong>pre coletada <strong>de</strong> vasoscontendo água aparent<strong>em</strong>ente limpa e s<strong>em</strong> que houvesse sido dada <strong>de</strong>scargaantes da coleta. Os resultados são apresentados no quadro 6.2.


67Quadro 6-2 - Resultados <strong>de</strong> CT e CTE <strong>em</strong> amostras aleatórias <strong>de</strong> vasos da Escola Politécnica.Nº daAMOSTRAANDARCOLIFORMESTOTAIS(UFC / 100ML)COLIFORMESTERMOTOLERANTES(UFC/ 100ML)1 7º 5,00E+04 1,00E+032 7° 7,00E+04 4,00E+043 5° 5,00E+05 4,60E+054 5° 4,00E+04 1,00E+035 7° 3,00E+04 1,00E+036 6° 4,00E+04 4,00E+037 5° 2,00E+04 4,00E+038 4° 3,00E+04 1,00E+039 7° 1,00E+04 1,00E+0310 6° 3,00E+05 1,00E+0311 5° 3,00E+05 9,00E+0412 4° 3,50E+05 9,00E+0313 7° 5,50E+04 3,00E+0414 6° 1,20E+05 5,00E+0315 5° 2,00E+04 1,00E+0316 4° 4,60E+05 2,50E+0517 4º 2,90E+04 1,20E+0418 5º 1,80E+05 2,50E+0419 6º 3,10E+05 1,00E+03A contag<strong>em</strong> <strong>de</strong> coliformes nos vasos sanitários tomados aleatoriamente comopontos <strong>de</strong> amostrag<strong>em</strong> apresentou contaminação, como po<strong>de</strong> ser visto nosgráficos 6-10 e 6-11.Gráfico 6.10 - Resultados aleatórios <strong>de</strong> Coliformes Totais nos vasos sanitários da Escola Politécnica(freqüência X UFC/100 ml)


68Gráfico 6.11 - Resultados aleatórios <strong>de</strong> Coliformes Termotolerantes nos vasos sanitários da EscolaPolitécnica ( freqüência X UFC/100 ml)A contag<strong>em</strong> <strong>de</strong> coliformes <strong>de</strong> todas as amostras ficou entre 1,00E+03 e5,00E+05 UFC/100 ml. e os vasos amostrados aleatoriamente estavam <strong>em</strong> plenouso e não sofreram qualquer tipo <strong>de</strong> preparo para o teste.Em todas as etapas da pesquisa, as investigações foram concentradas nossanitários mais ativos da escola (3º, 4º, 5º 6º e 7º andares), <strong>de</strong>sprezando-se ossanitários dos andares <strong>de</strong> pouca movimentação (1º, 2º e 8º andares). O objetivo<strong>de</strong>sse procedimento foi minimizar as distorções nos resultados, uma vez que afreqüência <strong>de</strong> uso dos sanitários <strong>de</strong>stes últimos andares citados é muito maisbaixa que a freqüência <strong>de</strong> uso dos primeiros mencionados, o que po<strong>de</strong>ria criarpossíveis diferenças cinéticas biológicas no mecanismo <strong>de</strong> contaminação ecrescimento microbial.6.2 Resultados <strong>em</strong> Shopping CentersDurante as avaliações dos resultados da qualida<strong>de</strong> da água dos vasos sanitáriosda Escola Politécnica surgiram questionamentos quanto à caracterização dousuário já que uma escola <strong>de</strong> nível superior, teoricamente, é freqüentada porpessoas <strong>em</strong> sua maioria jovens, saudáveis e esclarecidas. Como seria a águados vasos sanitários <strong>de</strong> edificações on<strong>de</strong> o usuário é o cidadão comum <strong>de</strong> todas


69as ida<strong>de</strong>s, sexos, condicionamentos físicos, estados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, entre outrosfatores?A pesquisa foi então estendida a edificações <strong>de</strong> uso público intensivo e, assim, foielaborado um plano para investigar as águas dos vasos sanitários <strong>de</strong> trêsShopping Centers localizados na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador. Os resultados po<strong>de</strong>m servistos no quadro 6-3.Quadro 6-3: Coliformes Totais e Termotolerantes <strong>em</strong> vasosLOCAL:Shopping CentersANÁLISE: Coliformes Totais e TermotolerantesUNIDADE:(UFC/100 ml) VASO: AleatórioPERÍODO: 19/08 a 27/09/2003I CT ( UFC/100 Ml) CTE ( UFC/100 Ml)1 4,50E+04 3,10E+042 2,00E+03 1,00E+033 4,00E+03 2,00E+034 1,20E+05 2,40E+045 2,00E+03 1,00E+036 1,50E+04 1,00E+037 1,00E+04 3,00E+038 5,00E+03 1,00E+039 2,00E+03 1,00E+0310 4,40E+04 4,00E+0311 1,00E+05 2,40E+0412 8,00E+03 1,00E+0313 6,00E+03 1,00E+0314 4,00E+03 1,00E+0315 2,00E+03 1,00E+0316 3,00E+03 1,00E+03Soma 3,72E+05 9,80E+04MÁXIMO 1,00E+05 9,80E+04Média Xm 2,33E+04 6,13E+03MINIMO 2,00E+03 1,00E+03Os gráficos 6-12 e 6-13 mostram as curvas <strong>de</strong> distribuição por freqüência dosresultados <strong>de</strong> Coliformes Totais e Termotolerantes encontrados nas águas dosvasos sanitários <strong>de</strong> três Shopping Centers localizados <strong>em</strong> Salvador.


70Gráfico 6.12: Resultados aleatórios <strong>de</strong> Coliformes Totais nos vasos sanitários <strong>de</strong> Shopping Centers <strong>de</strong>Salvador ( freqüência X UFC/100 ml)Gráfico 6.13: Resultados aleatórios <strong>de</strong> Coliformes Termotolerantes nos vasos sanitários <strong>de</strong> ShoppingCenters <strong>de</strong> Salvador ( freqüência X UFC/100 ml)


71Os resultados da investigação nos Shopping Centers apresentaram <strong>em</strong> todas asamostras variados níveis <strong>de</strong> contaminação sendo que, para Coliformes Totais, osvalores máximo, mínimo e médio foram 1,20E+05; 2,00E+03 e 2,30E+04UFC/100 ml, respectivamente, enquanto que para o indicador ColiformesTermolerantes, os valores máximo, mínimo e médio encontrados, foram, tambémrespectivamente, 3,00E+04; 1,00E+03 e 6,00E+03UFC/100 ml.Os números mostram que, teoricamente, usar <strong>em</strong> <strong>de</strong>scarga <strong>de</strong> vasos sanitárioságua contendo níveis <strong>de</strong> coliformes totais ou termotolerantes na faixa <strong>de</strong>1,00E+03 UFC/100 ml não altera significativamente as condições <strong>de</strong> risco para ousuário <strong>em</strong> relação ao uso <strong>de</strong> água que atualmente é feito.


727. Estudo <strong>de</strong> Caso – Implantação do <strong>Reuso</strong> <strong>de</strong> <strong>Água</strong> naEscola Politécnica da UFBA5.1 O sist<strong>em</strong>a hidráulico da Escola Politécnica UFBAUma das necessida<strong>de</strong>s fundamentais para a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> implantar ou não o reuso<strong>de</strong> águas residuárias num edifício já construído é o seu sist<strong>em</strong>a hidráulico.Evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente que, no caso específico da Escola Politécnica da Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral da Bahia <strong>em</strong> que o objetivo principal da implantação está ligado ao<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estudos e pesquisas, as dificulda<strong>de</strong>s econômicasapresentadas teriam que ser <strong>de</strong> alguma forma superadas.Na construção do edifício da Escola Politécnica da UFBA, há quase cincodécadas, foram utilizados na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> água tubulações e conexões<strong>de</strong> aço-carbono galvanizado e na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgotamento, tubos e conexões <strong>de</strong>ferro fundido “Barbará”. Ao longo da existência <strong>de</strong>sse prédio, muitos reparos eintervenções foram efetuados e, da instalação original, quase nada mais existe,tendo sido substituídos os tubos da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> água e esgoto por tubos <strong>de</strong> PVC. Assubstituições realizadas aconteceram por etapas e <strong>em</strong> diferentes ocasiões eforam <strong>de</strong>terminadas principalmente, <strong>de</strong>vido a necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> manutenção, faceao avançado estado <strong>de</strong> corrosão dos materiais originais e, outras vezes, pornecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> modificações estruturais como implantação <strong>de</strong> laboratórios,construção <strong>de</strong> novos sanitários ou mudança <strong>de</strong> local do refeitório. Exist<strong>em</strong> poucosregistros <strong>de</strong>ssas modificações e para a realização <strong>de</strong>ste trabalho <strong>de</strong> implantaçãoda tecnologia <strong>de</strong> reuso <strong>de</strong> água foi necessário impl<strong>em</strong>entar uma pesquisa <strong>de</strong>campo para a i<strong>de</strong>ntificação segura das vias <strong>de</strong> fluxo e i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> possíveisconexões cruzadas não registradas. Esses cuidados são absolutamentenecessários, uma vez que um dos pontos mais críticos da implantação <strong>de</strong> umsist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> reuso, principalmente num edifício antigo, é a garantia do isolamentoda tubulação da água <strong>de</strong> reuso que, <strong>em</strong> nenhuma hipótese, po<strong>de</strong> cruzar com atubulação <strong>de</strong> água potável.No início da realização da pesquisa <strong>de</strong> campo encontramos sinais dasmodificações acima mencionadas na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgotamento. Concluímos que <strong>em</strong>


73todos os sanitários dos andares, os esgotos primário e secundário foram unidosnuma só tubulação.Um ponto que po<strong>de</strong> trazer gran<strong>de</strong> facilida<strong>de</strong> às modificações que se faz<strong>em</strong>necessárias para a implantação do reuso é o fato <strong>de</strong> as <strong>de</strong>scargas dos vasossanitários ser<strong>em</strong> do tipo <strong>de</strong> pressão. A vantag<strong>em</strong> prática que esse tipo <strong>de</strong><strong>de</strong>scarga apresenta é que a norma técnica <strong>de</strong> instalação recomenda umaprumada in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte só para a alimentação <strong>de</strong>ssas <strong>de</strong>scargas. Não havendoentroncamentos para as “puxadas” <strong>de</strong> água <strong>de</strong>ssa prumada para outros usos, amodificação necessária para a implantação <strong>de</strong> reuso fica limitada aoseccionamento do tubo que sai do barrilete <strong>de</strong> distribuição localizado logo após asaída do tanque superior e o posterior entroncamento no novo tanque <strong>de</strong> água <strong>de</strong>serviço.O sist<strong>em</strong>a proposto para reuso <strong>de</strong> água consistiu <strong>em</strong>:a) Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> captação do efluente a tratar para coletar os efluentes primário esecundário dos sanitários.b) Estação biológica compacta <strong>de</strong> efluentes contendo um reator do tipoContactor Biológico Rotatório - CBR e unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bombeamento.c) Reservatório na cobertura do edifício.d) Linha <strong>de</strong> transferência da estação <strong>de</strong> bombeamento para o tanque elevadoe uma linha <strong>de</strong>sse tanque para a prumada <strong>de</strong> alimentação das <strong>de</strong>scargasdos vasos sanitários.No caso <strong>em</strong> estudo, do edifício da Escola Politécnica, ainda não foi executada aligação do tanque <strong>de</strong> água recuperada com a prumada <strong>de</strong> distribuição. Aconstrução <strong>de</strong>ssa linha está aguardando a conclusão dos estudos que estãosendo realizadas sobre os requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água recuperada.7.1 Instalações prediais da EPUFBAEm relação aos aspectos construtivos das instalações prediais do edifício daEscola Politécnica, existe um aspecto técnico que facilitará muito as modificaçõespara implantação do reuso que é a forma <strong>de</strong> sua re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição. Todas asprumadas <strong>de</strong> tubulações <strong>de</strong> água e esgoto segu<strong>em</strong> por “shafts” suficient<strong>em</strong>ente


74espaçosos para a execução dos trabalhos. Uma alternativa para a instalação <strong>de</strong>uma nova re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição, caso haja dificulda<strong>de</strong> para a utilização da re<strong>de</strong>existente, seria a execução <strong>de</strong> uma nova prumada que po<strong>de</strong>rá ser interna –usando-se o próprio “shaft” existente – ou ser externa fixada à pare<strong>de</strong> da partedos fundos do edifício. Essa segunda opção, apesar <strong>de</strong> execução maistrabalhosa, já que exigiria a montag<strong>em</strong> <strong>de</strong> andaimes ou dispositivos equivalentespara a sua instalação, po<strong>de</strong>ria oferecer uma maior garantia <strong>de</strong> que não irá existirqualquer possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conexões cruzadas que po<strong>de</strong>ria comprometer aqualida<strong>de</strong> da água potável, trazendo sérios riscos à saú<strong>de</strong> dos usuários dosist<strong>em</strong>a. Outra vantag<strong>em</strong> que essa alternativa possui é eliminar a preocupaçãocom a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que no futuro, alguma intervenção seja feita e,inadvertidamente, seja promovido o cruzamento das águas, causando ain<strong>de</strong>sejada contaminação.7.2 A Estação <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Efluentes da PolitécnicaA estação <strong>de</strong> tratamento foi instalada num espaço localizado na área externa doedifício e é constituída <strong>de</strong> quatro cubas (tanques) com finalida<strong>de</strong>s específicas(que serão <strong>de</strong>scritas no tópico seguinte) construídas <strong>em</strong> alvenaria <strong>de</strong> blocos einterligadas com tubulação <strong>de</strong> PVC, tendo como peça principal o reator biológicoon<strong>de</strong> é processada a biodigestão aeróbia da matéria orgânica contida no efluente.O dimensionamento do CBR, assim como <strong>de</strong> todas as cubas e dispositivos daETE da Escola Politécnica, foi efetuado pelo fabricante a partir <strong>de</strong> informaçõessobre a população que circula diariamente pelo edifício.A estação completa é mostrada na planta baixa, apresentada na figura 7-1.Consta <strong>de</strong> câmara <strong>de</strong> sedimentação, que recebe o efluente dos sanitários e o lodo<strong>de</strong> retorno; câmara <strong>de</strong> equalização, on<strong>de</strong> ocorre a homogeneização do efluentecom o lodo recirculado; reator CBR, on<strong>de</strong> ocorre a digestão da matéria orgânicacarbonácea, e cuba <strong>de</strong> <strong>de</strong>cantação, on<strong>de</strong> o biossólido é separado da água porsedimentação. Na cuba <strong>de</strong> <strong>de</strong>cantação uma bomba submersa controlada por umprogramador é ligada e <strong>de</strong>sligada automaticamente, transferindo parte do lodoacumulado para a caixa <strong>de</strong> sedimentação, o que aumenta a eficiência do sist<strong>em</strong>apor combinar o tratamento CBR com o tratamento por lodo ativado.


75No início da operação do sist<strong>em</strong>a, a bomba foi programada para funcionar <strong>de</strong> seis<strong>em</strong> seis horas durante <strong>de</strong>z segundos. Essa programação foi reajustadaposteriormente para entrar <strong>em</strong> operação durante cinco segundos a cada oitohoras. Dessa forma, o efluente bruto t<strong>em</strong> contato direto com o lodo que <strong>em</strong> suamaior parte é ativo, mas contém uma parcela inerte (morta). O lodo inerte, por sermais pesado, acumula-se no fundo da cuba <strong>de</strong> sedimentação e precisa serr<strong>em</strong>ovido periodicamente (<strong>em</strong> princípio, a cada ano).Figura 7.1 - Planta baixa da ETE da Escola Politécnica.A água separada verte pela parte superior do tanque <strong>de</strong> <strong>de</strong>cantação indo para acaixa <strong>de</strong> água <strong>de</strong> serviço, on<strong>de</strong> exist<strong>em</strong> duas bombas Anauger 900 com vazão <strong>de</strong>1,0 m 3 /h, que transfer<strong>em</strong> a água para um tanque elevado (instalado no terraço doedifício) e daí para os vasos sanitários e jardins.Entre a cuba <strong>de</strong> sedimentação e o CBR, está a cuba <strong>de</strong> equalização, on<strong>de</strong> foiinstalado um extravasor ligado à re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgotos para a eventualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>transbordamento por interrupção t<strong>em</strong>porária na operação do sist<strong>em</strong>a por algummotivo como, por ex<strong>em</strong>plo, falta <strong>de</strong> energia elétrica.A figura 7-2 mostra algumas fotos da ETE feitas <strong>em</strong> diferentes etapas damontag<strong>em</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da obra até a situação <strong>em</strong> que hoje se encontra.


76Foto 01 - Início das obras - escavação para construção das cubasFoto 02 - Instalação do reator CBR (Contator Biológico Rotatório)Foto 03 - Início da montag<strong>em</strong> da CoberturaFoto 04 - A ETE concluída e <strong>em</strong> operação.Figura 7.2 - Fotos da ETE durante a Implantação.Para produzir o movimento <strong>de</strong> rotação do eixo, o equipamento possui um motor<strong>de</strong> 1/8 HP (+ 100W), acoplado a um redutor com relação <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong>1.100:1 rpm. Devido à baixa a rotação do rotor, o torque motor fornecido aosist<strong>em</strong>a é suficient<strong>em</strong>ente alto (cerca <strong>de</strong> 83 N.m) para vencer com facilida<strong>de</strong> omovimento do conjunto eixo / discos com o seu próprio peso e sua carga adicional<strong>de</strong> biofilme.O <strong>de</strong>senho esqu<strong>em</strong>ático <strong>de</strong> todo o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> tratamento dos efluentes e <strong>de</strong>reuso da água recuperada da Escola Politécnica po<strong>de</strong> ser visto na figura 7-3.


77Figura 7.3 - Diagrama esqu<strong>em</strong>ático <strong>de</strong> reuso <strong>de</strong> água da Escola Politécnica da UFBA.Nos sanitários da Escola Politécnica, a água do primeiro uso, <strong>em</strong> princípiopotável, é usada nos lavatórios, mictórios e vasos sanitários gerando a águaresiduária que é conduzida à ETE. Chegando à ETE, pelo tanque <strong>de</strong>sedimentação, o efluente entra <strong>em</strong> contato com o lodo ativo recirculado e, nesseambiente com elevado nível <strong>de</strong> Oxigênio Dissolvido, o processo <strong>de</strong> biodigestãot<strong>em</strong> seu início. A mistura passa por uma cuba <strong>de</strong> equalização e segue para oContator Biológico Rotatório. Nessa etapa, o efluente entra <strong>em</strong> contato com obiofilme que reveste os discos rotativos do CBR, formado por colônias <strong>de</strong>bactérias aeróbias. Essas bactérias diger<strong>em</strong> a maior parte da matéria orgânica,nitrificam parte do Nitrogênio Amoniacal e se alimentam também <strong>de</strong> parte dosColiformes, entre outras ativida<strong>de</strong>s biológicas. A água, que sai <strong>de</strong>sse processocontendo uma pequena parcela do lodo que se <strong>de</strong>spren<strong>de</strong> dos discos, segue paraa cuba <strong>de</strong> clarificação sendo neste ponto separada do lodo. A água limpa passaentão para o tanque <strong>de</strong> água recuperada e por meio <strong>de</strong> bombas vibratórias étransferida para o tanque <strong>de</strong> reuso situado no terraço do edifício.


787.3 Des<strong>em</strong>penho e eficiência do reator CBRPara avaliar o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho da ETE foram executadas duas campanhas <strong>de</strong>monitoramento que consistiram no acompanhamento da operação sendo aprimeira realizada <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2002 a fevereiro <strong>de</strong> 2003 e a segunda entre osdias 21 <strong>de</strong> outubro e 18 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2003, que será tratada no capítulo 8. Naprimeira campanha foram monitorados doze parâmetros com freqüência daamostrag<strong>em</strong> <strong>de</strong> três amostras por s<strong>em</strong>ana. Foram coletadas 60 amostrassimples, sendo 30 <strong>de</strong> efluente bruto e 30 da água recuperada (efluente tratado).7.3.1. Parâmetros monitorados na primeira campanhaA qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma água, como já mencionado <strong>em</strong> capítulos anteriores, é<strong>de</strong>terminada a partir <strong>de</strong> suas proprieda<strong>de</strong>s físico-químicas e microbiológicasEvi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente que o reuso proposto é o fator prepon<strong>de</strong>rante para a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong>quais são as proprieda<strong>de</strong>s que importam e que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser monitoradas econtroladas a<strong>de</strong>quadamente.No caso do experimento da Escola Politécnica, <strong>em</strong> que entre os objetivosespecíficos estão o reuso <strong>em</strong> <strong>de</strong>scargas <strong>de</strong> vasos sanitários e reuso <strong>em</strong> rega <strong>de</strong>jardins, o conjunto <strong>de</strong> parâmetros a ser monitorado foi <strong>de</strong>finido <strong>em</strong> função <strong>de</strong>ssesreusos. O quadro 7-1 relaciona os parâmetros monitorados na primeiracampanha.Quadro 7-1 - Parâmetros avaliados.PARÂMETRO FÓRMULA UNIDADENitrogênio Amoniacal N-NH 3 mg/lCor --- “DBO --- “DQO --- “Fosfato-3P-PO 4 “Nitrato N-NO 3 “Nitrito N-NO 2 “OD O 2 “pH --- pHSólidos Suspensos --- mg/lTurbi<strong>de</strong>z --- UNTVazão --- m 3 /h


797.3.2. Procedimentos <strong>de</strong> amostrag<strong>em</strong>a) No efluente brutoO ponto <strong>de</strong> coleta das amostras do efluente bruto foi inicialmenteestabelecido no tanque <strong>de</strong> sedimentação, que é o local on<strong>de</strong> o efluentebruto chega à estação. Como nesse tanque também ocorre o retorno dolodo <strong>de</strong> recirculação, ficou <strong>de</strong>terminado que nos procedimentos <strong>de</strong>amostrag<strong>em</strong>, a coleta seria feita uma hora antes do funcionamentoautomático da bomba que faz circular o lodo, objetivando minimizar a suainfluência nos resultados. Para a coleta das amostras do efluente bruto foiinstalada uma bomba <strong>de</strong> diafragma <strong>de</strong> operação manual.Os dados resultantes do monitoramento foram tabulados e tratadosestatisticamente, o que forneceu material para o levantamento <strong>de</strong> curvas epara análise das possíveis relações entre os parâmetros, que serãoapresentados no it<strong>em</strong> 7.3.3.b) No efluente tratadoNa tubulação <strong>de</strong> recalque da bomba <strong>de</strong> transferência da água recuperadado efluente para o reservatório superior foi colocada uma válvula do tipopressão para a coleta das amostras do efluente tratado. Como o sist<strong>em</strong>aopera automaticamente, ligando e <strong>de</strong>sligando a bomba <strong>de</strong> acordo com onível do tanque da água tratada, houve, inicialmente, uma dificulda<strong>de</strong> <strong>em</strong>se coletar a amostra quando, por coincidência, a bomba estava <strong>de</strong>sligada.Nesse caso, o responsável pela coleta tinha <strong>de</strong> suspen<strong>de</strong>r a bóia <strong>de</strong> nívelque funciona como um interruptor ligando a bomba possibilitando assim acoleta. Para eliminar esse probl<strong>em</strong>a foi instalado na casa <strong>de</strong> bombas, aolado da torneira <strong>de</strong> amostrag<strong>em</strong>, um interruptor que funciona no circuitoelétrico <strong>em</strong> paralelo com a chave-bóia <strong>de</strong> nível superior (a que liga abomba).


80c) Análises laboratoriaisAs amostras, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> coletadas, eram encaminhadas ao Laboratório <strong>de</strong><strong>Água</strong>s do Departamento <strong>de</strong> Engenharia Ambiental da Escola Politécnicaon<strong>de</strong> eram preparadas e analisadas. Os procedimentos adotados para asanálises das amostras foram os da Standard Methods for the Examinationof Water and Wastewater (SMEWW /20ª Edt.), e os da NBR /10561 daAssociação Brasileira <strong>de</strong> Normas Técnicas (ABNT). Os procedimentos <strong>de</strong>análise do SMEWW para cada parâmetro analisado estão relacionados noquadro 7.2.Quadro 7-2-Parâmetros avaliados, método e ensaio e procedimentos adotados.PARÂMETRO Edição SMEWW PROCEDIMENTONitrogênio Amoniacal 14ª 418-BCor 20ª 2120-BDBO “ 5210-BDQO “ 5220-BFosfato “ 4500-P-DNitrato “ 4500-NO 3 -ENitrito “ 4500-NO 2 -BOD “ 4500-0-CpH “ 4500-M + -BSólidos Suspensos “ 2540-DTurbi<strong>de</strong>z “ 2130-BVazão --- Vertedouro 60ºNo tópico seguinte, apresentamos os resultados da primeira etapa doprojeto, com as curvas levantadas para cada parâmetro. Paralelamente àapresentação dos gráficos serão feitas algumas observações.7.3.3. Interpretação dos resultadosOs resultados da primeira campanha <strong>de</strong> monitoramento (que aqui estãoexpressos na forma gráfica para melhor visualização) apesar <strong>de</strong> preliminares,<strong>de</strong>finiram as diretrizes para elaboração das etapas seguintes da pesquisa. A partir<strong>de</strong>sses resultados foi possível i<strong>de</strong>ntificar <strong>em</strong> quais parâmetros o tratamento CBRé mais eficiente e ter uma idéia dos níveis <strong>de</strong> r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> cada poluente.Foram realizadas algumas análises aleatórias no início da operação da ETE, masestas não foram consi<strong>de</strong>radas para o levantamento das mencionadas curvasgráficas. A campanha foi efetivamente iniciada somente após os quatro primeiros


81meses <strong>de</strong> operação, t<strong>em</strong>po necessário para que o biofilme formado sobre osubstrato inerte pu<strong>de</strong>sse atingir condições operacionais estáveis para o seuprocesso biológico.A seguir, os resultados dos parâmetros analisados serão apresentadosjuntamente com alguns comentários sobre os resultados obtidos e sobre ocomportamento da Estação <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Efluentes referentes a cadaparâmetro apresentado.a) NitrificaçãoO gráfico 7-1 mostra que a ETE da Escola Politécnica é <strong>de</strong> baixa eficiênciapara nitrificação. Os resultados apresentaram uma gran<strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>variação quando <strong>em</strong> algumas amostras a r<strong>em</strong>oção aparente ultrapassa os80%, enquanto que <strong>em</strong> outras ating<strong>em</strong> valores negativos. Essa variaçãopo<strong>de</strong> ter sido causada pelo T<strong>em</strong>po <strong>de</strong> Detenção Hidráulica (TDH) que criauma <strong>de</strong>fasag<strong>em</strong> entre os t<strong>em</strong>pos <strong>de</strong> passag<strong>em</strong> do efluente bruto e dotratado pelos pontos <strong>de</strong> coleta, gerando assim possíveis distorções nosresultados. Para obtenção <strong>de</strong> resultados mais exatos o procedimento a seradotado seria o cálculo das médias resultantes <strong>de</strong> amostrag<strong>em</strong> compostaao invés <strong>de</strong> amostrag<strong>em</strong> simples. No procedimento <strong>de</strong> amostrag<strong>em</strong>composta, ao longo <strong>de</strong> cada dia, várias amostras são coletadas econservadas a 4ºC. Ao final do dia, elas são misturadas, obtendo-se assimuma única amostra representativa daquele dia (NOLDE, 1998). Sendo umdos objetivos específicos <strong>de</strong>ste Projeto acompanhar e avaliar o<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho da ETE, conforme exposto no capítulo 3, os resultadosobtidos por amostrag<strong>em</strong> simples são suficientes para uma análisepreliminar do <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho.b) Nitrogênio Amoniacal (N-NH3)O parâmetro Nitrogênio Amoniacal é prov<strong>em</strong> principalmente da urinacontida no efluente doméstico e, como será visto no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>stetrabalho, está relacionado com a geração <strong>de</strong> outros parâmetros: Nitratos(N-NO 3 ) e Nitritos (N-NO 2 ).


82As distorções observadas são explicáveis e ocorr<strong>em</strong> com maior intensida<strong>de</strong><strong>em</strong> instalações com elevado t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenção hidráulica - TDH. Quantomaior for o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenção hidráulica do efluente na estação <strong>de</strong>tratamento, maior será a equalização do efluente e o nivelamento dosparâmetros <strong>de</strong> saída. Conseqüent<strong>em</strong>ente, maiores serão as distorçõesapresentadas <strong>em</strong> se tratando <strong>de</strong> amostrag<strong>em</strong> simples.No efluente tratado, como não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser, há uma maiorhomogeneização dos constituintes, o que leva a uma menor variação nosresultados e, conseqüent<strong>em</strong>ente, a menores amplitu<strong>de</strong>s das curvas. Se acoleta do efluente bruto acontece, coinci<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, <strong>em</strong> um momento quena curva <strong>de</strong> variação do parâmetro corresponda a um pico superior e ess<strong>em</strong>esmo momento no efluente tratado, também por mera coincidência,corresponda a um pico superior, os resultados apontarão para umar<strong>em</strong>oção mais elevada <strong>de</strong>vido à diferença <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> das curvas. Ar<strong>em</strong>oção será mais elevada ainda se o efluente tratado for coletado numponto que corresponda a uma maior <strong>de</strong>pressão da curva, ao invés <strong>de</strong> pico.Se ocorrer o inverso, ou seja, as amostras coincidir<strong>em</strong> <strong>em</strong> pontos queindiqu<strong>em</strong> <strong>de</strong>pressão no efluente bruto e pico no tratado, a r<strong>em</strong>oçãoapontada será baixa, po<strong>de</strong>ndo indicar uma r<strong>em</strong>oção negativa.Uma avaliação consi<strong>de</strong>rando todos os resultados obtidos indicou umar<strong>em</strong>oção média <strong>de</strong> 23,07%. Adotando-se a média simples dos 17resultados mais consistentes, foram encontrados os valores apresentadosna tabela 7-1. A r<strong>em</strong>oção média encontrada foi 28,88%.Tabela 7-1 - Nitrogênio Amoniacal do efluente bruto e tratado (mg/l).PARÂMETRO VALOR BRUTO TRATADO REDUÇÃOMÁXIMO 177,00 140,00Amônia mg/l N-NH 3 MÉDIO 117,15 83,90 28,38%MÍNIMO 7,06 17,60A variação da vazão influenciou diretamente nos resultados tanto doefluente bruto quanto do tratado. No caso <strong>de</strong> aumento da vazão <strong>de</strong> água,uma vez mantida a concentração anterior dos constituintes, os resultados


83mostram melhoria na qualida<strong>de</strong> da água para reuso <strong>em</strong> vaso sanitário,porque os números absolutos do constituinte no efluente tratado<strong>de</strong>cresc<strong>em</strong> com o aumento da vazão como po<strong>de</strong> ser visto no gráfico 7-1.Nitrogênio Amoniacal (NH3) - Ef. bruto e tratado (mg./L)mg./L200,0180,0160,0140,0120,0100,080,060,040,020,00,0-20,01 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30AmostrasBRUTATRATADAGráfico 7.1 - Nitrogênio Amoniacal NH3 (mg/l).c) CorNo parâmetro cor, o efeito da amostrag<strong>em</strong> simples é menos perceptível, oque <strong>de</strong>nota um comportamento mais estável da estação para esseparâmetro, que mantém uma menor diferença entre as amplitu<strong>de</strong>s dascurvas dos efluentes <strong>de</strong> entrada e <strong>de</strong> saída conforme po<strong>de</strong>mos observar nográfico 7-2. A relação observável mostra que os dados <strong>de</strong> entradaimpactam as respostas com pouca influência da <strong>de</strong>fasag<strong>em</strong> causada pelot<strong>em</strong>po <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenção hidráulica. Embora neste parâmetro o comportamentoda estação seja mais previsível, é possível se observar uma diferença <strong>de</strong>amplitu<strong>de</strong> das duas curvas, ainda que não muito acentuada.


84COR - EF. BRUTO E TRATADO (mg./L)350300250200mg./L150100500-501 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30AmostrasBRUTATRATADAGráfico 7.2 – Cor do efluente bruto e tratado. (mg/l).O <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho da ETE no parâmetro cor apresentou eficiência média <strong>de</strong>58% ao longo do período monitorado, o que, <strong>em</strong> princípio <strong>de</strong>ixa a <strong>de</strong>sejar,uma vez que este é um requisito exigido <strong>em</strong> se tratando <strong>de</strong> reuso <strong>em</strong><strong>de</strong>scarga <strong>de</strong> vasos sanitários, já que influencia diretamente nasproprieda<strong>de</strong>s estéticas da água. A cor residual após o tratamento, apesar<strong>de</strong> consistir característica estética da água <strong>de</strong> reuso, po<strong>de</strong> eventualmentecausar restrições à sua utilização por parte do usuário. Esse parâmetropo<strong>de</strong>rá melhor ser avaliado através <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> opinião pública paraaferir a sua influência na aceitação ou rejeição da água para reuso <strong>em</strong>vasos sanitários por parte da população.Os resultados obtidos estãosintetizados na tabela 7-2.Tabela 7-2 – Cor do efluente bruto e tratado (mg/l Pt)PARÂMETRO VALOR BRUTO TRATADO REDUÇÃOMÁXIMO 320,00 150,00Cor mg/l Pt MÉDIO 157,81 65,00 58,81%MÍNIMO 5,00 5,00


85d) DBO 5No parâmetro DBO 5 , a estação t<strong>em</strong> <strong>de</strong>monstrado um <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhocompatível com a sua capacida<strong>de</strong> e com o número <strong>de</strong> estágios.Observando o gráfico 7-3, é possível constatar a diferença <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong>entre as curvas da DBO 5 do efluente na entrada e na saída da estação. Avariação da carga orgânica do efluente bruto, como não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong>ser é significativa, principalmente se comparada com a variação da cargaorgânica no efluente tratado, uma vez que, após passar pela cuba <strong>de</strong>equalização, pelo próprio CBR e pela cuba <strong>de</strong> <strong>de</strong>cantação, o efluente estácom a DBO praticamente nivelada.DBO - EF. BRUTO E TRATADO (mg./L)mg./L4504003503002502001501005001 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30AmostrasBRUTATRATADAGráfico 7.3 - DBO do efluente bruto e tratado ao longo do t<strong>em</strong>po (mg./l).


86Os valores reduzidos apresentados no trecho entre a amostra 20 e aamostra 28 são <strong>de</strong>vido à diluição da concentração orgânica <strong>de</strong>corrente daelevada vazão ocorrida no período, <strong>em</strong> razão <strong>de</strong> falha <strong>em</strong> uma das válvulas<strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga. Esses valores não foram consi<strong>de</strong>rados para os resultadosn<strong>em</strong> para média do parâmetro.Mais uma vez, o nível <strong>de</strong> r<strong>em</strong>oção aparente sofre uma variação sensível<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do valor da DBO do efluente bruto no momento da coleta daamostra. A r<strong>em</strong>oção média <strong>de</strong> DBO 5 foi <strong>de</strong> 82,6%, o que indica<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho compatível com a carga orgânica aplicada e o porte daestação.Valores como 94,31% são observados, assim como dois valores <strong>de</strong>r<strong>em</strong>oção negativos: um <strong>de</strong> -49,21% na amostra 22 e outro <strong>de</strong> -8,31% naamostra 25, o que não é compatível com o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho da ETE.Excluindo-se as distorções <strong>de</strong> ponta e os valores sob suspeição, foramobtidos os resultados apresentados na tabela 7-3.Tabela 7-3 - DBO do efluente bruto e tratado (mg/l).PARÂMETRO VALOR BRUTO TRATADO REDUÇÃOMÁXIMO 390,00 84,00DBO mg/l MÉDIO 247,61 43,00 82,63%MÍNIMO 53,00 17,00Como já foi exposto, <strong>em</strong> condições normais <strong>de</strong> operação da estaçãoobservou-se que a r<strong>em</strong>oção média ficou <strong>em</strong> 82,6. Mas, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r dosvalores absolutos da DBO 5 do efluente bruto, po<strong>de</strong>m ocorrer valores <strong>de</strong>DBO 5 do efluente tratado que não possam ser enquadrados nos limites <strong>de</strong>requisitos exigidos para o reuso proposto.


87DBO (Ajustado) - EF. BRUTO E TRATADO (mg./L)450400350300DBO (mg./L)2502001501005001 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30AmostrasEf. BrutoEf. TratadoGráfico 7.4 - DBO do efluente bruto e tratado (mg./l) - curva ajustada.REMOÇÃO DE DBO (%)120%100%80%R<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> DBO (%)60%40%20%0%-20%1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30-40%-60%AmostrasREMOÇÃO DE DBO (%)Gráfico 7.5 - R<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> DBO no período avaliado (%).


88O gráfico 7-3 não apresenta curvas contínuas <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> trêsresultados não ter<strong>em</strong> sido <strong>de</strong>terminados, o que comprometeu a avaliaçãodo conjunto <strong>de</strong> resultados. O gráfico 7-4 ajustado por valores médiossubstituindo os pontos não <strong>de</strong>terminados permite uma melhor visualizaçãodo comportamento das curvas <strong>de</strong> DBO do efluente bruto e tratado. Já ográfico 7-5 mostra a r<strong>em</strong>oção da DBO5 <strong>em</strong> percentual ao longo do períodoamostrado. Os dois pontos <strong>de</strong> r<strong>em</strong>oção negativos na amostra 22 e 25 nãocorrespon<strong>de</strong>m à realida<strong>de</strong>, mas sim ao já citado efeito da amostrag<strong>em</strong>simples.e) DQOAs curvas do parâmetro DQO (Gráficos 7-6 a 7-10) apresentam os mesmosefeitos relativos às amplitu<strong>de</strong>s apresentados pelas <strong>de</strong>mais curvasanteriormente estudadas, porém <strong>de</strong> uma forma mais visível, principalmentepor conter<strong>em</strong> todos os trinta resultados do experimento e pelo fato <strong>de</strong> esteparâmetro não ter produzido resultados negativos ou gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>svios.DQO - EF. BRUTO E TRATADO (mg./L)600500400mg./L30020010001 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30AmostrasBRUTATRATADAGráfico 7.6 - DQO do efluente bruto e tratado (mg/l).


89No efluente bruto, tiv<strong>em</strong>os o menor valor registrado, <strong>de</strong> 106,00 mg/l, e omaior, <strong>de</strong> 509,00 mg/l. No tratado, foi registrada uma DQO mínima <strong>de</strong>36,50 mg/l contra uma máxima <strong>de</strong> 139,00 mg/l, sendo o valor 86,29 mg/l amédia do período. A r<strong>em</strong>oção média foi <strong>de</strong> 75,20%.Durante o período da investigação, po<strong>de</strong> ser observada uma queda <strong>de</strong><strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho – também perceptível nos <strong>de</strong>mais parâmetros até aquianalisados – que atingiu os valores mínimos (on<strong>de</strong> as curvas mais seaproximam) entre as 20ª e 27ª amostras (Gráfico 7-9). Ao analisar asprováveis causas <strong>de</strong>sse comportamento, a possibilida<strong>de</strong> que fazia sentidoestava relacionada com a variação da vazão do efluente <strong>de</strong>vido a umafalha já comentada. A i<strong>de</strong>ntificação da causa, porém, só aconteceu após aterceira ocorrência, quando foi executada uma inspeção <strong>em</strong> todas asválvulas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga dos sanitários <strong>de</strong> alunos e no vaso nº. 02, localizadono sanitário masculino do quarto andar, foi encontrada uma válvula comprobl<strong>em</strong>as que <strong>em</strong>perrava s<strong>em</strong>pre que era acionada. O probl<strong>em</strong>a daválvula foi sanado e a sua influência nos resultados da pesquisa avaliada.Os resultados referentes ao período sob suspeição não foramconsi<strong>de</strong>rados nos cálculos da média do parâmetro.O gráfico 7-7, que apresenta a r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> DQO do efluente <strong>em</strong>percentual, mostra uma queda na eficiência <strong>de</strong> r<strong>em</strong>oção da matériaorgânica ao longo do período amostrado. Pela média do mesmo período, ar<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> DQO da ETE ficou <strong>em</strong> 66,9%. Contudo, no trecho da curva <strong>em</strong>que a vazão aumentou <strong>de</strong>vido à já mencionada falha da válvula <strong>de</strong> umadas <strong>de</strong>scargas <strong>de</strong> vaso, a concentração <strong>de</strong> DQO <strong>de</strong> entrada ficouaparent<strong>em</strong>ente reduzida <strong>de</strong>vido à diluição do efluente com a entrada <strong>de</strong>água pura, aparentando também uma queda na r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> DQO, assimcomo <strong>de</strong> quase todos os parâmetros.


90R<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> DQO (%)100,0090,0080,0070,0060,00(%)50,0040,0030,0020,0010,000,001 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30AmostrasGráfico 7.7 - R<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> DQO do efluente <strong>em</strong> percentual.O gráfico 7-8 mostra a relação existente entre DBO e DQO do efluentebruto. Mesmo <strong>em</strong> um processo <strong>de</strong> amostrag<strong>em</strong> simples, a forte relação éperceptível. Interessante observar que no trecho da curva correspon<strong>de</strong>nteao período <strong>de</strong> vazão mais elevada a relação é ainda mais evi<strong>de</strong>nciada, oque po<strong>de</strong> indicar que o efeito nos resultados <strong>de</strong>vido ao t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> <strong>de</strong>tençãohidráulica nas amostragens simples é menor <strong>em</strong> efluentes mais diluídos.Esse efeito é também observado no gráfico 7-9, que mostra as curvas <strong>de</strong>DBO e DQO do efluente tratado. No trecho correspon<strong>de</strong>nte ao período <strong>de</strong>vazão elevada, as curvas <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>-se quase que paralelas, indicandoa forte relação existente entre esses dois parâmetros.


91DBO (ajustado) e DQO (mg./L) - EF. BRUTO600500400mg./L30020010001 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30AmostrasDBO-Ef. BrutoDQO-Ef. BrutoGráfico 7.8 - DBO e DQO do efluente bruto (mg/l).DBO e DQO (mg./L) - EF. TRATADO160140120100mg./L8060402001 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30AmostrasDBO-Ef. TratadoDQO-Ef. TratadoGráfico 7.9 - DBO e DQO do efluente tratado (mg/l).


92A tabela 7-4 mostra os resultados do parâmetro DQO no efluente bruto etratado nos valores mínimo, médio e máximo.Tabela 7-4 - DQO do efluente bruto e tratado <strong>em</strong> mg/l.PARÂMETRO VALOR BRUTO TRATADO REDUÇÃOMÁXIMO 509,00 139,00DQO mg/l MÉDIO 347,90 86,29 75,20%MÍNIMO 106,00 36,50Pelos valores médios encontrados, as relações numéricas entre osparâmetros DBO 5 e DQO nos efluentes bruto e tratado são:DBO5Efluente Bruto :DQO=247,61= 0,71347,00DBO5Efluente Tratado :DQO=43,00= 0,5086,29Um comportamento interessante po<strong>de</strong> ser constatado a partir do gráfico 7-10, que mostra simultaneamente as curvas <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> DBO e DQO <strong>em</strong>percentual.


93REDUÇÃO DE DBO e DQO (%)120%100%80%60%redução (%)40%20%0%1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28-20%-40%-60%AmostrasRedução DBO (%) Redução DQO (%)Gráfico 7.10 - Redução <strong>de</strong> DBO e DQO (%).Po<strong>de</strong>-se observar que a queda da r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> DBO é mais acentuada quea da r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> DQO com o aumento da vazão, a ponto <strong>de</strong> haver umcruzamento das linhas e uma “inversão” da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> r<strong>em</strong>oção.A r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> DBO que no inicio do período <strong>de</strong> testes era maior que ar<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> DQO passou a ser menor que esta e vice-versa. Nos picos <strong>de</strong>vazão, a diferença <strong>de</strong> r<strong>em</strong>oção é b<strong>em</strong> mais expressiva. Tal comportamentopo<strong>de</strong> indicar que a DQO está associada <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte à água utilizadanos vasos sanitários ao passo que a DBO está associada aos resíduosincorporados ao efluente no uso sanitário.−3f) Fósforo ( P − PO )4Os gráficos 7-11 e 7-12, mostram que a unida<strong>de</strong> CBR <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong>efluentes na configuração <strong>de</strong> dois estágios (um rotor por estágio) t<strong>em</strong> um<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho apenas razoável na r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> nutrientes, o que está <strong>em</strong>conformida<strong>de</strong> com a literatura técnica no tocante à baixa eficiência <strong>de</strong>r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> nutrientes do processo CBR. As curvas <strong>de</strong> Fósforo na entrada


94e saída da estação apresentam valores muito próximos (Gráfico 7-11)evi<strong>de</strong>nciando a baixa r<strong>em</strong>oção.Os resultados obtidos para os nutrientespesquisados serão apresentados s<strong>em</strong> comentários mais profundos, já quenão estão incluídos nos parâmetros que representam o centro <strong>de</strong> interesseda pesquisa, <strong>de</strong>vendo ser estudados <strong>em</strong> uma pesquisa posterior a ser<strong>de</strong>senvolvida com a finalida<strong>de</strong> específica <strong>de</strong> aproveitamento dos nutrientescontidos nos efluentes domésticos.FÓSFORO(mg./L) - EF. BRUTO E TRATADOmg./L1816141210864201 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30AmostrasBRUTAT RATADAGráfico 7.11 - Fósforo (P-PO4-3) na entrada e saída da ETE. (mg/l).


95R<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> Fósforo (%)100,0050,000,001 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27R<strong>em</strong>oção (%)-50,00-100,00-150,00-200,00AmostrasGráfico 7.12 - R<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> Fósforo <strong>em</strong> (%).O gráfico 7-12 mostra a r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> Fósforo <strong>em</strong> percentual. Emboratenham ocorrido pontos negativos, a resultante é s<strong>em</strong>pre positiva, comvalores minimizados no período <strong>de</strong> vazão elevada. Os resultados estãosintetizados na tabela 7-5.Tabela 7-5 - Fósforo do efluente bruto e tratado (mg/l).PARÂMETRO VALOR BRUTO TRATADO REDUÇÃOMÁXIMO 16,60 13,40Fósforo mg/l P-PO4-3 MÉDIO 11,98 8,56 28,50%MÍNIMO 1,56 1,89g) Nitratos ( N − NO3)As instalações do tipo CBR, segundo Metcalf & Eddy (2001), citando Panoe Middlebrooks, são eficientes para nitrificar quando possu<strong>em</strong> mais <strong>de</strong> doisestágios. Para a nitrificação, a concentração do sDBO (DBO solúvel) <strong>de</strong>veser reduzida nos estágios iniciais do CBR que prece<strong>de</strong>m a nitrificação.Deve-se obter uma concentração máxima <strong>de</strong> DBO solúvel <strong>de</strong> 15 mg/l paraque uma significativa população <strong>de</strong> bactérias nitrificantes possa se<strong>de</strong>senvolver no biofilme <strong>de</strong>positado sobre discos do CBR dos estágios


96subseqüentes (PANO e MIDDLEBROOKS, 1983). A taxa máxima para onitrogênio por superfície é <strong>de</strong> aproximadamente 1,5g N/m 2 d-1, que ésimilar aos valores observados para os <strong>de</strong>mais filtros biológicos (METCALF& EDDY, 2001).Sendo a ETE da Escola Politécnica <strong>de</strong> dois estágios e com apenas umrotor <strong>em</strong> cada estágio, a nitrificação é mo<strong>de</strong>sta. Assim, os resultadosobtidos nos efluentes bruto e tratado <strong>em</strong> algumas amostras não foram<strong>de</strong>terminados e <strong>em</strong> outras são <strong>de</strong>sprezíveis.A nitrificação ocorre a partir da transformação do Nitrogênio Amoniacal(NH 3 ), que inicialmente é transformado <strong>em</strong> nitritos e a seguir <strong>em</strong> nitratos.Os nitratos <strong>de</strong> algumas amostras, principalmente do efluente bruto, nãoforam <strong>de</strong>terminados, como po<strong>de</strong> ser visto no gráfico 7-13.NITRATO (mg./L) - EF. BRUTO E TRATADO3,532,52mg./L1,510,500-0,5AmostrasTRATADABRUTAGráfico 7.13 - Nitratos - N-NO3 do efluente bruto e tratado (mg/l).


97Dos resultados do efluente bruto, dois ficaram dispersos e nove foramaproveitados para que fosse possível formar uma idéia do comportamentoda ETE com relação a este parâmetro. Muitos resultados (a maioria) foramenquadrados na categoria não <strong>de</strong>terminados ou foram consi<strong>de</strong>rados<strong>de</strong>sprezíveis.Os resultados máximo médio e mínimo dos efluentes bruto e tratado estãona tabela 7-6.Tabela 7-6 - Nitrato – NO3 do efluente bruto e tratado (mg/l).PARÂMETRO VALOR BRUTO TRATADOMÁXIMA 0,14 2,90Nitrato mg/l N-NO 3MÉDIA 0,09 0,74MÍNIMA 0,03 0,03NITRATO (NO3) - SEQ. 20 a 28 (mg./L)1,61,41,21mg./L0,80,60,40,20-0,21 2 3 4 5 6 7 8 9Amostras 20 a 28Ef. BrutoEf. TratadoGráfico 7.14 - Nitrato - NO3 do Ef. bruto e tratado (mg/l) (Seq. 20 a 28).


98AMÔNIA (NH3) EF. BRUTO e NITRATO(NO3) EF. TRATADO200180160140120mg./L100806040200-201 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17Amostras seq. 14 a 30NH3 (Ef. Bruto)NO3 (Ef. Tratado)x10Gráfico 7.15 - Amônia - NH3 do ef. bruto e Nitrato (NO3) do ef. tratado (mg/l).h) NitritosNo que se refere aos resultados obtidos para Nitritos (N-NO 2 ), a situaçãonão foi muito diferente. Das 30 amostras coletadas para o efluente tratado,apenas 10 resultados foram <strong>de</strong>terminados sendo que nove foramseqüenciados, o que possibilitou o levantamento da curva relativa a esseperíodo como po<strong>de</strong> ser visto no gráfico 7-16, que mostra o trechocorrespon<strong>de</strong>nte às amostras da seqüência <strong>de</strong> 20 a 28, todas <strong>de</strong>terminadas.Do efluente tratado, todos os 30 resultados foram <strong>de</strong>terminados.


99NITRITO (NO2) EF. BRUTO E TRATADO, SEQ. 20 a 28 - (mg./L)2,52(mg./L)1,510,501 2 3 4 5 6 7 8 9Amostras 20 a 28Ef. BrutoEf. TratadoGráfico 7.16 - Nitritos - NO2 do Ef. bruto e tratado (Seqüência 20 a 28 – mg/l).O gráfico 7-17 mostra as curvas dos resultados <strong>de</strong> nitritos (NO2) e nitratos(NO3) obtidos para o efluente tratado. Os resultados revelam umcomportamento atípico da ETE da Politécnica, visto que apresentamvalores para nitritos mais elevados que os valores <strong>de</strong> nitratos. A amôniapresente no efluente bruto é primeiramente convertida <strong>em</strong> nitritos (NO2) enum segundo momento os nitritos são convertidos (oxidados) a nitratos(NO3). Por essa razão, o nível médio <strong>de</strong> nitritos (NO2) do efluente tratado és<strong>em</strong>pre inferior ao nível médio <strong>de</strong> nitratos (NO3).Não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>scartar a hipótese <strong>de</strong> troca dos resultados o que po<strong>de</strong>ráser comprovado ou não na segunda etapa da investigação.Como já foi visto, uma estação biológica <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> efluentes <strong>de</strong>veter a sua conformação (nº <strong>de</strong> estágios, nº <strong>de</strong> série, superfície por disco esuperfície por estágio), <strong>em</strong> função, principalmente dos objetivos <strong>de</strong>tratamento. Para nitrificação, são necessários mais <strong>de</strong> dois estágios, umavez que o biofilme nitrificante t<strong>em</strong> melhor <strong>de</strong>senvolvimento <strong>em</strong> ambientescom DBO mais baixos porque as bactérias nitrificantes não consegu<strong>em</strong>conviver b<strong>em</strong> com as vorazes bactérias oxidantes, <strong>de</strong>voradoras do carbono


100orgânico. Valores <strong>de</strong> DBO menores que 15 mg/l são i<strong>de</strong>ais para anitrificação (METCALF & EDDY, 2001).NITRATOS (NO3) e NITRITOS (NO2) - EF. TRATADO (mg./L)302520mg./L151050-51 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28AmostrasNO3 Ef. Tratado)NO2 (Ef. Tratado)Gráfico 7.17 - Nitratos - NO3 e Nitritos - NO2 do ef. tratado (mg/l).O gráfico 7-18 mostra a relação existente entre a amônia do efluente brutoe os nitritos do efluente tratado. Nele po<strong>de</strong>-se observar uma quedaacentuada na presença da amônia no efluente ao longo da investigação.Entretanto, na verda<strong>de</strong>, sab<strong>em</strong>os tratar-se <strong>de</strong> uma diluição <strong>em</strong> face doaumento da água pura no efluente bruto. Quanto aos nitritos do efluentetratado, a queda somente é percebida a partir da segunda amostra e aindaassim b<strong>em</strong> menos acentuada do que a ocorrida com a amônia. A relaçãoentre as duas curvas po<strong>de</strong> ser mais facilmente observada no intervalo entrea primeira e segunda amostra. No intervalo entre a 20ª e 23ª amostras, anitrificação verificada foi quase nula. Embora os resultados mostr<strong>em</strong> picosesporádicos <strong>de</strong> nitritos <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 24 mg/l, a média do período para oefluente tratado ficou <strong>em</strong> 7,42 mg/l.


101AMÔNIA (NH3) EF. BRUTO e NITRITOS (NO2) EF. TRATADO (mg./L)200,0180,0160,0140,0120,0mg./L100,080,060,040,020,00,0-20,01 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28Amostra sNH3 (Ef. Bruto)NO2 (Ef. Tratado)Gráfico 7.18 - Amônia - NH3 do ef. bruto e Nitritos -NO2 do ef. tratado (mg/l).AMONIA (NH3 ) e NITRATOS(NO3) - EF. TRATADO (mg./L)160140120100mg./L806040200-201 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28AmostrasAmonia (NH3) Nitrato (No3) x 10Gráfico 7.19 - Amônia - NH3 do ef. bruto e Nitratos - NO3 do ef. tratado (mg/l).


102Os valores mínimo, médio e máximo <strong>de</strong> nitritos encontrados nesta etapa doexperimento estão resumidos na Tabela 7-7.Tabela 7-7: Nitrito - NO2 do ef. bruto e tratado (mg/l)PARÂMETRO VALOR BRUTO TRATADOMÁXIMO 0,06 24,10Nitrito mg/l N-NO 2MÉDIO 0,06 7,42MÍNIMO 0,06 0,07i) OD (Oxigênio Dissolvido)O parâmetro OD é um importante indicador <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho das estaçõesbiológicas aeróbias. Através da medição do OD na saída dos reatorespo<strong>de</strong>-se aferir a eficácia do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> aeração e, conseqüent<strong>em</strong>ente, o<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho da estação <strong>de</strong> tratamento.Numa instalação do tipo Aeróbia Lodos Ativados, a medição é feita na cuba<strong>de</strong> aeração medindo-se o OD <strong>em</strong> diversos pontos selecionados, obtendoseassim um valor médio representativo que é calculado <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> ummo<strong>de</strong>lo estatístico e <strong>em</strong> função do tamanho da amostra. Deve-seconsi<strong>de</strong>rar que as bactérias ativas estão <strong>em</strong> suspensão e distribuídas portodo o lodo.Numa instalação CBR, que é um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> leito fixo sobre discosrotativos, a medição é feita após o reator. A maior concentração <strong>de</strong>bactérias ativas está justamente no reator, que é o local <strong>de</strong> maioroxigenação do sist<strong>em</strong>a como um todo. No CBR, o OD medido é residual,uma vez que no processo <strong>de</strong> oxidação da matéria orgânica, o oxigêniodissolvido é consumido pelas bactérias aeróbias. O OD medido na cuba <strong>de</strong><strong>de</strong>cantação <strong>de</strong>ve se situar na faixa <strong>de</strong> 1,0 a 3,0 mg/l (METCALF & EDDY,2003).No caso <strong>em</strong> estudo, a ETE da Escola Politécnica, as curvas <strong>de</strong> OxigênioDissolvido vistas no gráfico 7-20 mostram que os valores mínimo, médio e


103máximo <strong>de</strong> OD do efluente bruto verificados foram respectivamente 0,18;1,67 e 4,68 mg/l. No efluente tratado, os valores foram 0,40; 3,81 e 5,30também respectivamente. No efluente tratado, <strong>em</strong>bora se verifiqu<strong>em</strong>pontos abaixo da faixa <strong>de</strong> referência, o valor médio obtido indica umfuncionamento a<strong>de</strong>quado da instalação.OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD) EF. BRUTO E TRATADO (mg./L)252015mg./L10501 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30-5AmostrasBRUTATRATADAGráfico 7.20 - OD do Ef. bruto e tratado (mg/l) com curvas <strong>de</strong> tendência.Observando o gráfico 7-20 po<strong>de</strong>mos constatar que os valores maiselevados <strong>de</strong> OD do efluente bruto ocorreram entre a 20ª e 28ª amostras,justamente no período <strong>em</strong> que uma das válvulas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga estava comprobl<strong>em</strong>as <strong>de</strong>ixando passar água continuamente, aumentando acontribuição <strong>de</strong> água potável na composição do efluente.O que realmente interessa é a massa <strong>de</strong> O 2 consumida no CBR. Averificação <strong>de</strong> OD no efluente tratado indica apenas se a massatransferida <strong>de</strong> O 2 está aten<strong>de</strong>ndo ao consumo respiratório dasbactérias. A água potável (no reservatório superior) normalmentet<strong>em</strong> o OD próximo à saturação, pois está s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> contato como ar atmosférico e, teoricamente, <strong>de</strong>ve estar livre <strong>de</strong> poluentes(MONTEGGIA, 2003).


104Se o efluente chega ao reator com nível <strong>de</strong> OD elevado e a aeração própriado sist<strong>em</strong>a é maior do que a necessida<strong>de</strong> das bactérias, o OD verificado noefluente tratado será maior que o verificado no efluente bruto. A tabela 7-8mostra <strong>de</strong> forma resumida os resultados <strong>de</strong> OD.Tabela 7-8: OD do efluente bruto e tratado (mg/l)PARÂMETRO VALOR BRUTO TRATADOMÁXIMO 4,68 5,30OD mg/L MÉDIO 1,67 3,81MÍNIMO 0,18 0,40j) pHOs valores levantados no experimento para o parâmetro pH mostram que aestação <strong>de</strong> tratamento teve, no período da da pesquisa, uma açãoligeiramente acidificante. A nitrificação consome alcalinida<strong>de</strong>, o quecontribui para a ligeira queda observada no pH. Os resultados <strong>de</strong> pH doefluente bruto indicam a sua natureza alcalina e, mesmo com a açãoacidificante da estação, o pH do efluente tratado continua alcalino. Essaalcalinida<strong>de</strong> é explicada pela presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>tergentes e saponáceosadicionados ao efluente nas lavagens <strong>de</strong> mãos e asseio dos vasossanitários.Os valores mínimo médio e máximo <strong>de</strong> pH para o efluente bruto foramrespectivamente 7,6; 8,57 e 9,0 enquanto que para o efluente tratadoforam, também respectivamente, 7,82; 8,21 e 8,42 (ver tabela 7-9). Ográfico 7-21 mostra que as curvas <strong>de</strong> pH do efluente bruto e tratado<strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>-se com muita proximida<strong>de</strong>. Durante as investigações, <strong>em</strong>apenas cinco amostras houve inversão <strong>de</strong> valores, com pH maior noefluente tratado que no bruto.


105pH - EF. BRUTO E TRATADO9,598,5pH87,571 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30AmostrasBRUTATRATADAGráfico 7.21: pH do efluente bruto e tratadoNo gráfico 7-21 po<strong>de</strong>-se observar que <strong>em</strong> relação ao parâmetro pH, ainfluência da variação da vazão nos resultados não foi relevante. Nointervalo entre as amostras 20 e 28, correspon<strong>de</strong>nte à vazão mais elevada,o pH do efluente bruto sofreu ligeira queda e o pH do efluente tratadoapresentou queda na mesma proporção que vinha apresentandoanteriormente. Todos os valores <strong>de</strong> pH encontrados para o efluente tratadoda ETE estão <strong>de</strong>ntro da faixa permitida para <strong>em</strong>issão <strong>de</strong> efluentes (5 a 9)conforme po<strong>de</strong> ser visto na tabela 7-9.Tabela 7-9 - pH do efluente bruto e tratado.PARÂMETRO VALOR BRUTO TRATADOMÁXIMO 9,00 8,42pH MÉDIO 8,57 8,21MÍNIMO 7,60 7,82


106k) Sólidos Suspensos – S SEm relação a esse parâmetro, a ETE da Escola Politécnica tambémmostrou um bom <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho, com r<strong>em</strong>oções cujos valores vão <strong>de</strong> 34,62a 95,6%, sendo a média aritmética 77,56%. No efluente bruto, osresultados <strong>de</strong> Sólidos Suspensos mínimo, médio e máximo obtidos foram,respectivamente, 52,00; 158,76 e 384,00 mg/l, enquanto que no efluentetratado foram, também respectivamente, 8,00; 35,62 e 96,00 mg/l. A boar<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> Sólidos Suspensos num tratamento biológico é um dosindicadores mais confiáveis da eficiência <strong>de</strong> uma instalação. O gráfico 7-22mostra que ao longo do período da investigação houve uma queda nosvalores absolutos dos Sólidos Suspensos e que, no efluente tratado, atendência permaneceu praticamente estabilizada com pequenasoscilações.S. SUSPENSOS - EF. BRUTO E TRATADO (mg./L)mg./L450,0400,0350,0300,0250,0200,0150,0100,050,00,01 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30AmostrasBRUTATRATADAGráfico 7.22 - Sólidos Suspensos do efluente bruto e tratado (mg/l).A queda na r<strong>em</strong>oção dos Sólidos Suspensos ocorre principalmente noperíodo dos picos <strong>de</strong> vazão, indicando diluição do particulado. A suar<strong>em</strong>oção será tão mais eficiente quanto maior for a sua concentração no


107efluente bruto (gráfico 7-23). A tabela 7-10 mostra <strong>de</strong> forma resumida osresultados obtidos.Tabela 7-10 - Sólidos Suspensos do efluente bruto e tratado (mg/l).PARÂMETRO VALOR BRUTO TRATADO REDUÇÃOMÁXIMO 384,00 96,00S S mg/l MÉDIO 158,76 35,62 77,56%MÍNIMO 52,00 8,00SSuspensos - Redução(%)120,00100,0080,00Redução (%)60,0040,0020,000,001 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27AmostrasRedução <strong>de</strong> S.S. Em (%)Gráfico 7.23: Redução <strong>de</strong> Sólidos Suspensos (%)l) Turbi<strong>de</strong>zO parâmetro Turbi<strong>de</strong>z, mensurado <strong>em</strong> Unida<strong>de</strong>s Nefelométricas <strong>de</strong>Turbi<strong>de</strong>z - UNT (Nephelometric Turbidity Unity - NTU) está intimamenterelacionado com o parâmetro anterior Sólidos Suspensos, consi<strong>de</strong>randoque o que difere um parâmetro do outro é o tamanho da partícula <strong>em</strong>suspensão. Assim, os resultados da r<strong>em</strong>oção <strong>em</strong> percentuais são muitopróximos. Embora o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho da estação possa ser consi<strong>de</strong>rado bompara reuso <strong>em</strong> geral, para o reuso da água recuperada especificamente <strong>em</strong>


108vasos sanitários, o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>de</strong>ixa a <strong>de</strong>sejar, uma vez que o aspectovisual da água po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a importância para a aceitação por partedo usuário. Dessa forma, é possível que a ETE da Escola Politécnicanecessite <strong>de</strong> um tratamento adicional para que a água tenha proprieda<strong>de</strong>sestéticas próximas às da água potável.No gráfico 7-24, que mostra as curvas <strong>de</strong> Turbi<strong>de</strong>z (UNT) do efluente brutoe tratado, é perceptível o comportamento análogo aos <strong>de</strong>mais parâmetrosaqui analisados. A Turbi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> entrada apresenta queda ao longo doperíodo e a Turbi<strong>de</strong>z do efluente tratado é praticamente estabilizada comuma ligeira tendência <strong>de</strong> acréscimo no final do período. No efluente bruto,os valores mínimo, médio e máximo encontrados foram respectivamente49,30; 131,91 e 350 UNT. No efluente tratado, os valores mínimo, médio <strong>em</strong>áximo foram respectivamente 6,78; 20,37 e 56,6 UNT, sendo que osvalores extr<strong>em</strong>os relatados foram pontuais, ao passo que a maioria dosvalores úteis do intervalo oscila <strong>em</strong> torno da média aritmética.O gráfico 7-25 mostra a curva <strong>de</strong> redução da turbi<strong>de</strong>z <strong>em</strong> percentual. Aqueda da redução, no período investigado, apresenta comportamentos<strong>em</strong>elhante às <strong>de</strong>mais curvas <strong>de</strong> redução estudadas, principalmente comas <strong>de</strong> sólidos suspensos (Gráfico 7-26).


109TURBIDEZ EF. BRUTO E TRATADO (UNT)400350300Turbi<strong>de</strong>z UNT2502001501005001 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30AmostrasBRUTATRATADAGráfico 7.24: Turbi<strong>de</strong>z do efluente bruto e tratado (UNT)REDUÇÃO DE TURBIDEZ (%)120,00100,0080,00Redução (%)60,0040,0020,000,001 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30AmostrasRedução da Turbi<strong>de</strong>z (%)Gráfico 7.25: Redução da Turbi<strong>de</strong>z do efluente bruto para o tratado (%)


110R<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> Sólidos Suspensos e Turbi<strong>de</strong>z (%)120,00100,0080,00Redução(%)60,0040,0020,00-1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28Amostra sSólidos Suspensos (mg./L)TURBIDEZ (NTU)Gráfico 7.26: Redução <strong>de</strong> SS e Turbi<strong>de</strong>z no tratamento por CBR (%)A tabela 7-11 resume os resultados encontrados para turbi<strong>de</strong>z.Tabela 7-11 - Turbi<strong>de</strong>z do efluente bruto e tratado (UNT).PARÂMETRO VALOR BRUTO TRATADO REDUÇÃOMÁXIMO 350,00 56,60Turbi<strong>de</strong>z UNT MÉDIO 131,91 20,37 84,55%MÍNIMO 49,30 6,78m) VazãoA vazão do efluente durante o experimento foi medida por meio <strong>de</strong> umvertedouro triangular (Anexo F) colocado na extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saída doefluente tratado para o tanque <strong>de</strong> água para reuso, também chamado <strong>de</strong>tanque <strong>de</strong> água <strong>de</strong> serviço. A escala <strong>de</strong> vazão adotada, que melhor sea<strong>de</strong>quou ao perfil <strong>de</strong> vazão do efluente, foi a do vertedouro com ângulo <strong>de</strong>60º. O vertedouro foi feito num “cup” <strong>de</strong> PVC <strong>de</strong> 150 mm, colado naextr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong> do tubo que <strong>de</strong>s<strong>em</strong>boca no tanque <strong>de</strong> água tratada, como já


111mencionado. No <strong>de</strong>correr dos trabalhos, surgiu um probl<strong>em</strong>a inesperado:uma gran<strong>de</strong> proliferação <strong>de</strong> mosquitos no tanque <strong>de</strong> água recuperada nosobrigou a provi<strong>de</strong>nciar, <strong>de</strong> forma imediata e urgente, um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong>cobertura com tela <strong>de</strong> malha fina para cobrir o tanque. Dessa forma, overtedouro também ficou coberto impossibilitando que tivéss<strong>em</strong>os a suavisão e que pudéss<strong>em</strong>os fazer a leitura da vazão. Como não houve t<strong>em</strong>pohábil para provi<strong>de</strong>nciar um medidor com leitura r<strong>em</strong>ota, ficamos apenascom <strong>de</strong>zessete informações no período do experimento.O gráfico 7-27 mostra que houve uma gran<strong>de</strong> variação na vazão doefluente da ETE da Escola Politécnica. Os resultados oscilaram entre ovalor mínimo <strong>de</strong> 0,161 m 3 /h e o valor máximo <strong>de</strong> 1,56 m 3 /h, ficando a médiaaritmética dos resultados úteis <strong>em</strong> 0,48 m 3 /h. Os valores informados sãopontuais e não correspon<strong>de</strong>m à média do consumo diário, uma vez que asamostras foram tomadas s<strong>em</strong>pre no mesmo horário já que a vazão doefluente da Escola Politécnica varia muito no período <strong>de</strong> 24 horas. Ainda nográfico 7-27, po<strong>de</strong>m ser observados três picos <strong>de</strong> vazão, completamentefora da vazão típica da estação, correspon<strong>de</strong>ntes ao já mencionadoprobl<strong>em</strong>a mecânico com a <strong>de</strong>scarga <strong>de</strong> um dos vasos sanitários, sendoportanto expurgados dos cálculos <strong>de</strong> vazão.Vazão (m3/h)2,52Vazão (m3/h)1,510,501 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17Amostras (De 14 a 30)vazão m3/horaGráfico 7.27 - Vazão do efluente (m³/h).


112Segundo o fabricante do reator CBR a instalação foi projetada para umavazão <strong>de</strong> 0,2 m 3 /hora, nas condições <strong>de</strong> clima europeu. Sendo o reatorusado nesta pesquisa, o primeiro a ser importado pela Korff & Muller paraser instalado numa ETE operando <strong>em</strong> clima tropical, um melhor<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho microbial já era esperado pelo fabricante <strong>de</strong>vido às condiçõesclimáticas favoráveis ao seu <strong>de</strong>senvolvimento.n) Verificação do TDH - T<strong>em</strong>po <strong>de</strong> Detenção Hidráulica.O valor do TDH correspon<strong>de</strong> ao cálculo da relação entre a capacida<strong>de</strong>volumétrica da estação e as vazões medidas <strong>de</strong> acordo com o projeto <strong>de</strong>pesquisa (ver tabela 7-12).A ação das bactérias que promov<strong>em</strong> a oxidação da matéria orgânica estádiretamente relacionada com o TDH médio. De forma geral, os sist<strong>em</strong>asaeróbios necessitam <strong>de</strong> um TDH menor do que os sist<strong>em</strong>as anaeróbios.Tabela 7-12 - Vazões máxima, média, mínima e <strong>de</strong> projeto da ETE da Politécnica.PARÂMETRO VALOR (m³/h)MÁXIMA 1,56Vazão (m 3 / h) MÉDIA 0,48MÍNIMA 0,16DE PROJETO 0,20O quadro 7-3 mostra os t<strong>em</strong>pos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenção hidráulica TDH nos diversosdispositivos da ETE. Os t<strong>em</strong>pos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenção <strong>em</strong> cada dispositivo têm importânciaespecífica <strong>de</strong> acordo com a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada dispositivo. Assim, t<strong>em</strong>po parasedimentar, t<strong>em</strong>po para homogeneizar, t<strong>em</strong>po no reator, no clarificador e t<strong>em</strong>pototal na ETE são parâmetros importantes para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um projeto.


113Os TDH foram calculados por meio da relação entre volumes úteis <strong>de</strong> cadacompartimento da ETE e as vazões mínima, média e máxima medidas. Para oTDH <strong>de</strong> projeto, foi usada a vazão <strong>de</strong> operação informada pelo fabricante doCBR.Quadro 7-3 - T<strong>em</strong>po <strong>de</strong> Detenção Hidráulica (horas) por dispositivo da ETE.TDH (h)DISPOSITIVO da ETE VOLUME(m 3 )MINIMO MÉDIO MÁXIMO DEPROJETOCâmara <strong>de</strong> Sedimentação 3,00 1,92 6,25 18,75 1,92Câmara <strong>de</strong> Equalização 1,50 0,96 3,13 9,38 3,13Reator (CBR) 0,96 0,62 2,00 6,00 4,80Câmara <strong>de</strong> Clarificação 0,50 0,32 1,04 3,13 2,50TOTAL 5,96 3,82 12,42 37,25 29,80TDH (<strong>de</strong> projeto da ETE) = 30 horas.TDH (médio da ETE) = 12 horasTDH (projeto do reator) = 5 horasTDH (médio do reator) = 2 horas7.3.4. Resultados da primeira faseA tabela 7-13 mostra todos os valores mínimos, médios e máximos obtidos naprimeira etapa da investigação.Tabela 7-13 - Resultados da primeira etapa da investigação no efluente bruto e tratado.PARÂMETRO VALOR BRUTO TRATADO REDUÇÃOMÁXIMO 177,00 140,00Amônia mg/l N-NH 3 MÉDIO 117,15 83,90 28,38%MÍNIMO 7,06 17,60MÁXIMO 320,00 150,00Cor mg/l Pt MÉDIO 157,81 65,00 58,81%MÍNIMO 5,00 5,00MÁXIMO 390,00 84,00DBO mg/l MÉDIO 247,61 43,00 82,63%MÍNIMO 53,00 17,00MÁXIMO 509,00 139,00DQO mg/l MÉDIO 347,90 86,29 75,20%MÍNIMO 106,00 36,50MÁXIMO 16,60 13,40


114Fósforo mg/l P-PO4 -3 MÉDIO 11,98 8,56 28,50%MÍNIMO 1,56 1,89MÁXIMO 0,14 2,90Nitrato mg/l N-NO3 MÉDIO 0,09 0,74 N/AMÍNIMO 0,03 0,03MÁXIMO 0,06 24,10Nitrito mg/l N-NO2 MÉDIO 0,06 7,42 N/AMÍNIMO 0,06 0,07MÁXIMO 4,68 22,30OD mg/l MÉDIO 1,67 3,81 N/AMÍNIMO 0,18 0,40MÁXIMO 9,10 8,42pH MÉDIO 8,57 8,21 4,27%MÍNIMO 7,60 7,82MÁXIMO 384,00 96,00S S mg/l MÉDIO 158,76 35,62 77,56%MÍNIMO 52,00 8,00MÁXIMO 350,00 56,60Turbi<strong>de</strong>z NTU MÉDIO 131,91 20,37 84,55%MÍNIMO 49,30 6,78MÁXIMO 1,56Vazão (m 3 / h) MÉDIO N/A 0,48 N/AMÍNIMO 0,161) Não foram consi<strong>de</strong>rados os resultados das amostras <strong>de</strong> Nº. 20 a 28.2) Na primeira etapa da investigação, apesar <strong>de</strong> solicitadas, não foram efetuadas peloLaboratório <strong>de</strong> <strong>Água</strong>s do DEA as análises microbiológicas dos efluentes bruto etratado.7.3.5. Caracterização do efluente da Escola PolitécnicaPara a avaliação dos parâmetros <strong>de</strong> uma estação <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> efluentes é <strong>de</strong>fundamental importância uma boa caracterização do efluente, o que significainvestigar <strong>de</strong>talhadamente todas as informações necessárias à execução doprojeto.No caso da ETE da Escola Politécnica, por se tratar <strong>de</strong> pesquisa das condiçõesoperacionais <strong>de</strong> uma estação pré-<strong>de</strong>finida, as informações que normalmenteseriam levantadas antes do projeto foram sendo coletadas durante o<strong>de</strong>senvolvimento da pesquisa e a partir <strong>de</strong> agora vão po<strong>de</strong>r ser usadas ao longodo t<strong>em</strong>po na caracterização do efluente e <strong>em</strong> estudos comparativos.As cargas <strong>de</strong> contaminantes que caracterizam os efluentes <strong>de</strong> uma maneira geralsão calculadas usando-se a equação apresentada na figura 7.4.


115Q = F ⋅ ∆C= F ⋅On<strong>de</strong> :CC( C −C)Q = Vazão mássica <strong>de</strong> contaminante transferida para o efluenteF = Vazão volumétrica do efluente3( m h).∆C= Variação da concentração do contaminanteinoutoutin3( kg m ).( kg h).3( kg m ).= Concentração do contaminante na entrada do processo ou fluxo3= Concentração do contaminante na saída do processo ou fluxo ( kg m ).Figura 7.4 - Equação para o cálculo da massa <strong>de</strong> contaminantes transferida para os efluentes.Tabela 7-14 - Carga dos principais contaminantes do efluente da Escola Politécnica, da r<strong>em</strong>oção e doresíduo acumulado.CONTAMINANTE (Cout-Cin) Q (Carga) REMOÇÃO RES.ACUMUL.(mg/l) (g/h) kg/ano (%) (g/h) Kg/ano (g/h) kg/anoDBO 247,61 118,85 266,23 82,63% 98,21 219,99 20,64 46,24DQO 347,90 166,99 374,06 75,20% 125,58 281,29 41,41 92,77N-NH 3 117,15 56,23 125,96 28,38% 15,96 35,75 40,27 90,21P-PO 4 12,00 5,76 12,90 28,50% 1,64 3,68 4,12 9,23Carga total dosprincipais347,83 779,15 241,39 540,71 106,45 238,45contaminantesVazão do efluente F (Flow) = 480 L/hHoras/ano (estimada): 8 meses/ano x 20 dias/mês x 14 horas/dia = 2.240 horas.A partir dos valores médios dos contaminantes encontrados no monitoramento, épossível afirmar que a carga <strong>de</strong> resíduos arrastada pelo efluente está próxima <strong>de</strong>350 g/h o que, equivale a dizer que, anualmente, entram na estação <strong>de</strong>tratamento cerca <strong>de</strong> 780 Kg <strong>de</strong> resíduos e, <strong>de</strong>sse total, 540 kg são biodigeridos.Os 238 kg restantes são transformados <strong>em</strong> matéria orgânica inerte e compõ<strong>em</strong> obiosólido a ser r<strong>em</strong>ovido (Tabela 7-14).


1168. Segunda Etapa da InvestigaçãoEm razão <strong>de</strong> não ter<strong>em</strong> sido avaliados parâmetros microbiológicos na campanha<strong>de</strong> monitoramento realizada, foi executada uma segunda campanha <strong>de</strong>monitoramento para análise dos indicadores Coliformes Totais e Termotolerantesdos efluentes bruto e tratado para que, a partir disso, se pu<strong>de</strong>sse avaliar o<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho da ETE no que se refere à redução microbial. Alguns dos principaisparâmetros avaliados na primeira etapa da investigação foram novamenteanalisados na segunda para se estabelecer uma comparação entre os doisresultados e para se verificar possíveis relações entre os parâmetros físicoquímicose os microbiológicos das amostras das duas etapas.Na segunda fase da pesquisa foram coletadas amostras <strong>de</strong> efluente bruto etratado entre os dias 21 <strong>de</strong> outubro e 18 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2003 à razão <strong>de</strong> duasamostras por s<strong>em</strong>ana.8.1 Parâmetros monitoradosO quadro 8-1 apresenta os parâmetros monitorados na segunda fase dainvestigação e as unida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> que cada parâmetro foi pesquisado. Osresultados, que não foram muito divergentes dos obtidos na primeira fase, serãoapresentados <strong>em</strong> forma gráfica e por meio dos seus valores máximos, mínimos <strong>em</strong>édios.Quadro 8-1 - Parâmetros monitorados na segunda etapa e respectivas unida<strong>de</strong>s.PARÂMETRO FÓRMULA UNIDADEColiforme Totais ´--- UFC/100 mlColiforme´--- “TermotolerantesCor ´--- mg/lDQO ´--- “Fósforo-3P-PO 4 “Nitrato N-NO 3 “Nitrito N-NO 2 “Ph ´--- pHPotássio P 2 O 5 mg/lSólidos Suspensos ´--- “Turbi<strong>de</strong>z ´--- UNT


117a) Coliformes TotaisO gráfico 8-1 mostra que as curvas <strong>de</strong> Coliformes Totais do efluente brutoe a do efluente tratado apresentam uma ligeira simetria <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> umeixo horizontal, indicando uma relação <strong>de</strong> não proporcionalida<strong>de</strong> entre o CTdo efluente bruto e do tratado. Aparent<strong>em</strong>ente, quanto mais elevada é aquantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coliformes do efluente bruto maior será a r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong>coliformes, <strong>em</strong> números absolutos e, conseqüent<strong>em</strong>ente, menos elevadoserá o nível <strong>de</strong> Coliformes Totais do efluente tratado.Coliformes Totais (Ef. Bruto e Tratado)1,00E+091,00E+08CT (UFC/100mL.)1,00E+071,00E+061,00E+051,00E+041,00E+031 2 3 4 5 6 7 8Amostras (dias)Ef. BRUTOEf. TratadoGráfico 8.1 - Coliformes Totais do efluente bruto e tratado (UFC/100 ml).No efluente bruto, os valores mínimo e máximo ficaram <strong>em</strong> 4,00E+05 e1,60E+08 UFC/100ml, respectivamente, e a média aritmética foi 2,92E+07UFC/100ml, enquanto que, no tratado, os valores mínimo e máximo foram8,00E+03 e 3,50E+05 UFC/100ml, respectivamente, ficando a médiaaritmética <strong>em</strong> 1,24E+05 UFC/100ml. A r<strong>em</strong>oção média <strong>de</strong> CT verificada noperíodo correspon<strong>de</strong>u a duas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za logarítmica.


118b) Coliformes Termotolerantes (Fecais)O gráfico 8-2 mostra os resultados obtidos para ColiformesTermotolerantes do efluente bruto e do tratado. Os valores máximo, mínimoe médio do efluente bruto foram respectivamente 1,60E+08; 4,00E+05; e2,70E+07 UFC/100ml. No efluente tratado, os valores máximo, mínimo <strong>em</strong>édio encontrados foram respectivamente, 2,80E+05; 5,00E+03 e9,19E+04 UFC/100ml. Também neste parâmetro, houve uma redução <strong>de</strong>duas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za logarítmica. O comportamento das curvas <strong>de</strong>Coliformes Termotolerantes t<strong>em</strong> gran<strong>de</strong> s<strong>em</strong>elhança com o das curvas <strong>de</strong>Coliformes Totais como po<strong>de</strong> ser visto nos gráficos 8-3 e 8-4, que mostramtambém a proximida<strong>de</strong> existente entre os valores absolutos <strong>de</strong> ColiformesTotais e Termotolerantes. Nesses gráficos, po<strong>de</strong>-se observar que a quasetotalida<strong>de</strong> dos coliformes presentes no efluente <strong>de</strong> sanitários é do tipoTermotolerante.Coliformes Termotolerantes (Ef. Bruto e Tratado)1,00E+091,00E+081,00E+07CTE (UFC/100mL)1,00E+061,00E+051,00E+041,00E+031 2 3 4 5 6 7 8Amostras (dias)Ef. BrutoEf. TratadoGráfico 8.2 - Coliformes Termotolerantes do ef. bruto e tratado (UFC/100 ml).


119Coliformes do Ef. Bruto1,00E+091,00E+08Coliformes (UFC/100 mL)1,00E+071,00E+061,00E+051 2 3 4 5 6 7 8Amostras (dias)Coliformes TotaisColiformes termotolerantesGráfico 8.3 - Coliformes Totais e Termotolerantes do Efluente bruto (UFC/100 ml).Coliformes do Ef. Tratado1,00E+06Coliformes UFC/100 mL.1,00E+051,00E+041,00E+031 2 3 4 5 6 7 8Amostras (dias)Coliformes TotaisColiformes TermotolerantesGráfico 8.4 - Coliformes Totais e Termotolerantes do efluente tratado (UFC/100 ml)O quadro 8-2 mostra <strong>de</strong> forma resumida os valores <strong>de</strong> Coliformes Totais eTermotolerantes encontrados no efluente bruto e tratado da Escola


120Politécnica. Os resultados obtidos mostram que apesar <strong>de</strong> r<strong>em</strong>oçãomicrobiana não ser o objetivo principal do projeto <strong>de</strong> um reator CBR, há noprocesso total uma redução significativa.Quadro 8-2 - Coliformes Totais e Termotolerantes do efluente bruto e tratado da Escola Politécnica(UFC/100 ml).Coliformes Totais e Termotolerantes da ETE da EscolaPolitécnicaAMOSTRA BRUTO TRATADOCT CTE CT CTE1 7,00E+06 7,00E+06 8,00E+04 5,00E+042 3,00E+06 1,30E+06 1,30E+05 8,00E+043 1,70E+07 1,10E+07 1,10E+04 7,00E+034 9,00E+06 7,00E+06 3,00E+05 2,40E+055 1,30E+07 5,00E+06 8,00E+04 5,00E+046 4,00E+05 4,00E+05 3,50E+05 2,80E+057 2,40E+07 2,40E+07 3,00E+04 2,30E+048 1,60E+08 1,60E+08 8,00E+03 5,00E+03MÍNIMO 4,00E+05 4,00E+05 8,00E+03 5,00E+03MÉDIO 2,92E+07 2,70E+07 1,24E+05 9,19E+04MÁXIMO 1,60E+08 1,60E+08 3,50E+05 2,80E+05c) CorO gráfico 8-5 mostra que a ETE da Politécnica apresenta um <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhobom para o parâmetro Cor, consi<strong>de</strong>rando que se trata <strong>de</strong> uma estaçãobiológica, mas, ainda assim, o resultado é insuficiente para o reusoproposto. No efluente bruto, os valores máximo, médio e mínimo foram,respectivamente, 1.100,00; 387,78 e 100 mg/l. No efluente tratado, osvalores máximo, mínimo e médio do parâmetro Cor foram,respectivamente, <strong>em</strong> 100,00; 50,00 e 61,66mg/l.Na média, a r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> Cor ficou <strong>em</strong> 84,10%, o que, apesar <strong>de</strong> ser um<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho b<strong>em</strong> melhor que os 58,81% observados na primeiracampanha, ainda <strong>de</strong>ixa a <strong>de</strong>sejar. Para reuso da água recuperada <strong>de</strong>efluentes domésticos <strong>em</strong> vasos sanitários, a r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> Cor <strong>de</strong>sejável éacima <strong>de</strong> 90% (NOLDE, 2.000). O gráfico 8-5 mostra as curvas doparâmetro Cor nos efluentes bruto e tratado. Nas duas últimas amostras dacampanha, po<strong>de</strong>-se observar uma brusca elevação <strong>de</strong>sse parâmetro noefluente bruto, s<strong>em</strong> que tenha havido uma proporcional elevação domesmo no efluente tratado, o que po<strong>de</strong> indicar que a estação t<strong>em</strong> eficiênciamaior para valores mais elevados do referido parâmetro no efluente bruto.


121Cor - Ef. Bruto e Tratado12001000800Cor (mg/L)60040020001 2 3 4 5 6 7 8 9Amostras (dias)Ef. BrutoEf. TratadoGráfico 8.5 - Cor do efluente bruto e tratado (mg/l).d) DQOO gráfico 8-6 mostra que, assim como na primeira fase do experimento,para o parâmetro DQO, a ETE da Escola Politécnica apresenta um<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho aceitável com uma redução nos valores médios <strong>de</strong> DQO doefluente bruto para o tratado <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 90%. Os valores mínimo, médio <strong>em</strong>áximo no efluente bruto foram respectivamente 521,0; 1.273,2 e 2.120,0mg/l, enquanto que no efluente tratado foram, também respectivamente60,0; 74,3 e 82,8 mg/l. A redução média ficou <strong>em</strong> 94,16%.


122DQO (Ef. Bruto e Tratado)25002000DQO (mg./L)1500100050001 2 3 4 5 6 7 8 9Amostras (dias)Ef. BrutoEf. TratadoGráfico 8.6 - DQO do efluente bruto e tratado (mg/l).Os resultados <strong>de</strong> análises <strong>de</strong> DQO das amostras do efluente bruto dasegunda etapa foram muito superiores aos resultados obtidos na primeira,conforme se po<strong>de</strong> observar na tabela 8-1. Já os resultados do efluentetratado da segunda etapa ficaram inferiores aos da primeira. A eficiência <strong>de</strong>r<strong>em</strong>oção subiu consi<strong>de</strong>ravelmente com o aumento <strong>de</strong> DQO do efluentebruto (75,20% para 94,16%).Tabela 8-1 - DQO do efluente bruto e tratado nas 1ª e 2ª etapas da investigação.PARÂMETRO ETAPA VALOR BRUTO TRATADO REDUÇÃOMÁXIMO 509,00 139,00DQO mg/l 1ª MÉDIO 347,90 86,29 75,20%MÍNIMO 106,00 36,50MÁXIMO 2.120,0 82,8DQO mg/l 2ª MÉDIO 1.273,2 74,3 94,16%MÍNIMO 521,0 60,0e) Fósforo P-PO 4-3O Fósforo é um constituinte <strong>de</strong> efluentes domésticos da categoria dosnutrientes. Sua presença t<strong>em</strong> relação direta com o <strong>de</strong>senvolvimento dos


123macrófitos que po<strong>de</strong>m representar probl<strong>em</strong>as para o reuso <strong>em</strong> vasossanitários, por causar<strong>em</strong> danos e entupimentos nos equipamentoshidráulico - sanitários. O gráfico 8-7 mostra o Fósforo do efluente bruto etratado da ETE da Politécnica. No efluente bruto os valores máximo, médioe mínimo foram, respectivamente, 32,40; 22,20 e 10,40 mg/l e no efluentetratado, 18,10; 10,20 e 1,50. A r<strong>em</strong>oção calculada pelos valores médios foi<strong>de</strong> 54,21% no parâmetro Fósforo.Fósforo - Ef. Bruto e Tratado (mg/L)353025Fósforo (mg/L)201510501 2 3 4 5 6 7 8 9Amostras (dias)Ef. BrutoSeqüência2Gráfico 8.7 - Fósforo P-PO4-3 do efluente bruto e tratado (mg/l).Os resultados obtidos na primeira e na segunda etapas da investigaçãoestão resumidos na tabela 8-2.Tabela 8-2 - Fósforo dos efluentes bruto e tratado das 1ª e 2ª etapas da investigação.PARÂMETRO ETAPA VALOR BRUTO TRATADO REDUÇÃOMÁXIMO 16,60 13,40Fósforo mg/l 1ª MÉDIO 11,98 8,56 28,50%-3P-PO 4 MÍNIMO 1,56 1,89MÁXIMO 32,4 18,1Fósforo mg/l 2ª MÉDIO 22,2 10,2 54,05%-3P-PO 4 MÍNIMO 10,4 1,5


124f) Nitratos (N - NO 3 ) e Nitritos (N - NO 2 )Em relação aos parâmetros Nitratos (NO 3 ) e Nitritos (NO 2 ), na segundaetapa da investigação, a estação <strong>de</strong> tratamento CBR apresentou umcomportamento típico <strong>de</strong> uma estação biológica, diferent<strong>em</strong>ente do queocorreu na primeira etapa. Seu <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho foi satisfatório, consi<strong>de</strong>randoo seu reduzido número <strong>de</strong> estágios, o Nitrogênio Amoniacal foitransformado nesses dois compostos, o que fez o nível médio <strong>de</strong> Nitratos(NO 3 ) passar <strong>de</strong> 0,7 mg/l no efluente bruto para 5,0 mg/l no efluentetratado. No efluente bruto, os valores mínimo e máximo verificados foramrespectivamente 0,07 e 1,56 mg/l e no tratado foram 3,08 e 11,3 mg/l. Emrelação ao parâmetro Nitrito, o aumento também foi significativo. Noefluente bruto, os valores máximo, médio e mínimo verificados foramrespectivamente 0,43; 0,128 e 0,03 mg/l, e no tratado foram, tambémrespectivamente, 7,47; 4,71 e 0,3 mg/l.Os valores obtidos na segunda etapa, apresentados nos gráficos 8-8 e 8-9e resumidos na tabela 8-3, apontam para uma possível troca <strong>de</strong> resultadosna primeira etapa da investigação, conforme já foi observado. Na primeiraetapa, os valores encontrados para Nitratos no efluente tratado sãosuperiores aos dos Nitritos <strong>em</strong> conformida<strong>de</strong> com a reação do processo <strong>em</strong>que a Amônia presente no efluente bruto é primeiramente convertida <strong>em</strong>Nitritos (NO 2 ), e posteriormente, esses Nitritos são convertidos (oxidados) aNitratos (NO 3 ). Dessa forma, ocorre que o nível médio <strong>de</strong> Nitritos (NO 2 ) doefluente tratado é s<strong>em</strong>pre inferior ao nível médio <strong>de</strong> Nitratos (NO 3 ).


125Nitratos1210Nitratos (N-NO3) mg/L864201 2 3 4 5 6 7 8 9Amostras (dias)Ef. BrutoEf. TratadoGráfico 8.8 - Nitratos, N-NO3 efluente bruto e tratado ( mg/l).Nitritos (N-NO2)876Nitritos (N-NO2) mg/L5432101 2 3 4 5 6 7 8 9Amostras (dias)Ef. BrutoEf. TratadoGráfico 8.9: Nitritos N - NO2 ( mg/l)


126Tabela 8-3 - Nitratos e Nitritos dos efluentes bruto e tratado nas 1ª e 2ª etapas da investigação.PARÂMETRO ETAPA VALOR BRUTO TRATADOMÁXIMO 0,14 2,90Nitrato mg/l N-NO 31ª MÉDIO 0,09 0,74MÍNIMO 0,03 0,03MÁXIMO 1,56 11,30Nitrato mg/l N-NO 32ª MÉDIO 0,70 5,71MÍNIMO 0,07 3,08MÁXIMO 0,06 24,10Nitrito mg/l N-NO 21ª MÉDIO 0,06 7,42MÍNIMO 0,06 0,07MÁXIMO 0,43 7,47Nitrito mg/l N-NO 22ª MÉDIO 0,12 4,71MÍNIMO 0,03 0,30g) pHOs resultados do parâmetro pH não variaram significativamente entre aprimeira e segunda etapa da investigação. A partir do gráfico 8-10, po<strong>de</strong>-seobservar que a variação do pH do efluente bruto para o efluente tratadoconfirma a constatação feita na primeira etapa da pesquisa <strong>de</strong> que oefluente dos sanitários é alcalino ainda que <strong>em</strong> nível reduzido (pH médio =8,35), e que a ação da ETE é ligeiramente acidificante, já que o pH médiodo efluente tratado é 7,88. Na amostra nº 9, houve uma inversão <strong>de</strong> valorescom causa não i<strong>de</strong>ntificada. Não se registrou valores fora da faixa <strong>de</strong> pH <strong>de</strong>5 a 9.


127pH98,58pH7,576,51 2 3 4 5 6 7 8 9Amostras (dias)Efluente BrutoEfluente TratadoGráfico 8.10 - pH do Ef. Bruto e Tratado.A Tabela 8-4 mostra <strong>de</strong> forma resumida, os valores <strong>de</strong> pH encontrados naprimeira e na segunda etapa da investigação.Tabela 8-4 - pH dos efluentes bruto e tratado nas 1ª e 2ª etapas do experimento.PARÂMETRO ETAPA VALOR BRUTO TRATADOMÁXIMO 9,00 8,42pH 1ª MÉDIO 8,57 8,21MÍNIMO 7,60 7,82MÁXIMO 8,84 8,77pH 2ª MÉDIO 8,35 7,88MÍNIMO 7,83 7,45h) Fosfatos (P 2 O 5 ) (mg/l)O gráfico 8-11 apresenta os resultados do parâmetro Fosfatos, importanteconstituinte dos efluentes resi<strong>de</strong>nciais pertencente ao grupo dos nutrientes.No efluente bruto, os valores máximo, médio e mínimo foram,respectivamente, 158,0; 75,8 e 43,0 mg/l, enquanto que no efluente tratado


128foram <strong>de</strong> 73,0; 63,3 e 41,0 mg/l. Na análise das médias, o resultado geralfoi uma redução <strong>de</strong> 16,42%, consi<strong>de</strong>rada satisfatória para uma estaçãoCBR <strong>de</strong> dois estágios. Não foi possível i<strong>de</strong>ntificar por que <strong>em</strong> vários pontosdo intervalo investigado houve inversão <strong>de</strong> valores.Fosfatos (Efluentes Bruto e Tratado)180160140120Fosfatos (P2 O5)1008060402001 2 3 4 5 6 7 8 9Amostras (dias)Efluente BrutoEfluente TratadoGráfico 8.11 - Fosfatos ( P2 O5 ) dos efluentes bruto e tratado (mg/l).i) Sólidos Suspensos – SSO <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho da ETE <strong>em</strong> relação ao parâmetro Sólidos Suspensos, ouSS, po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado um dos melhores nesta segunda etapa doexperimento. No efluente bruto, os valores máximo, médio e mínimo foramrespectivamente 1.340,00; 753,80 e 128,00 mg/l, enquanto que no efluentetratado foram 27,00; 21,40 e 3,00 mg./l, o que, <strong>em</strong> termos percentuais,representa uma redução média <strong>de</strong> 97,16%. Em valores absolutos, oparâmetro SS na faixa <strong>de</strong> 20 mg/l aten<strong>de</strong> à maioria dos reusos. Oparâmetro SS influencia nas proprieda<strong>de</strong>s estéticas da água, sendo porisso, um dos requisitos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> exigidos para reuso <strong>em</strong> vasossanitários.


129O gráfico 8-12 mostra os valores encontrados para Sólidos Suspensos doefluente bruto e do tratado, po<strong>de</strong>-se observar uma gran<strong>de</strong> variação noprimeiro e um quase nivelamento no segundo.Sólidos Suspensos160014001200SSusp (mg./L)100080060040020001 2 3 4 5 6 7 8 9Amostras (dias)Efluente BrutoEfluente TratadoGráfico 8.12: Sólidos Suspensos (SS) do efluente bruto e tratado (mg/l)Pesquisas <strong>de</strong> opinião po<strong>de</strong>rão ajudar na informação sobre a aceitação dousuário do reuso <strong>de</strong> água recuperada <strong>em</strong> vasos sanitários com os resultadosobtidos na primeira e na segunda etapa da investigação, os quais estãoresumidos na tabela 8-5.Tabela 8-5 - Sólidos Suspensos dos efluentes bruto e tratado nas 1ª e 2ª etapas.PARÂMETRO ETAPA VALOR BRUTO TRATADO REDUÇÃO(%)MÁXIMO 384,00 96,00SS (mg/l) 1ª MÉDIO 158,76 35,62 77,56%MÍNIMO 52,00 8,00MÁXIMO 1340,00 27,00SS (mg/l) 2ª MÉDIO 753,80 21,40 97,16%MÍNIMO 128,00 3,00


130j) Turbi<strong>de</strong>zO gráfico 8-13 mostra a Turbi<strong>de</strong>z do efluente bruto e tratado. No efluentebruto, os valores máximo, médio e mínimo encontrados para Turbi<strong>de</strong>zforam 467,00; 342,40 e 14,90 UNT e no efluente tratado, 45,50; 15,80 e4,60 UNT, o que mostra ter havido uma redução percentual média <strong>de</strong>95,40%, um <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado bom (acima <strong>de</strong> 90%).O parâmetro Turbi<strong>de</strong>z também é um requisito <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> exigido parareuso <strong>em</strong> <strong>de</strong>scargas <strong>de</strong> vasos sanitários, por influenciar <strong>de</strong> forma direta nasproprieda<strong>de</strong>s estéticas da água.Turbi<strong>de</strong>z (Ef. Bruto e Tratado)800700600500Turbi<strong>de</strong>z (UNT)4003002001000-1001 2 3 4 5 6 7 8 9Amostras (dias)Efluente BrutoEfluente TratadoGráfico 8.13 - Turbi<strong>de</strong>z do efluente bruto e tratado (UNT).A tabela 8-6 apresenta os resultados <strong>de</strong> Turbi<strong>de</strong>z obtidos na primeira e nasegunda etapa da investigação. Observando-a é possível constatar que, <strong>de</strong>


131fato, houve um significativo aumento <strong>de</strong> eficiência da ETE entre as duasetapas, porque os valores <strong>de</strong> Turbi<strong>de</strong>z do efluente bruto aumentaram aopasso que os valores <strong>de</strong> turbi<strong>de</strong>z do efluente tratado foram ainda menoresque os obtidos na primeira etapa da investigação.Tabela 8-6 - Turbi<strong>de</strong>z dos efluentes bruto e tratado nas 1ª e 2ª etapas.PARÂMETRO ETAPA VALOR BRUTO TRATADO REDUÇÃO(%)MÁXIMO 350,00 56,60Turbi<strong>de</strong>z (UNT) 1ª MÉDIO 131,91 20,37 84,55%MÍNIMO 49,30 6,78MÁXIMO 467,00 45,50Turbi<strong>de</strong>z (UNT) 2ª MÉDIO 342,40 15,80 95,27%MÍNIMO 14,90 4,60


1329. Estudo preliminar <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> econômicaAlém <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r às questões ambientais, uma instalação <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong>efluentes para reuso da água recuperada <strong>de</strong>ve ser eco-eficiente. Para tanto, énecessário que operacionalmente tanto o balanço energético quanto o <strong>de</strong> massassejam favoráveis e que o investimento feito tenha retorno. No caso da estação <strong>de</strong>tratamento <strong>de</strong> efluentes da Escola Politécnica, foi realizado um estudo preliminar<strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> econômica pelo método do fluxo <strong>de</strong> caixa incr<strong>em</strong>ental, no qual secompara o fluxo <strong>de</strong> caixa da situação inicial com o fluxo <strong>de</strong> caixa da situaçãoproposta, para a <strong>de</strong>terminação dos indicadores econômicos relativos àimplantação do projeto.9.1 Custo operacionalPara a estimar o custo operacional foram realizados os seguintes cálculos:a) Energia elétrica consumida na instalaçãoConsumo <strong>de</strong> energia da Estação <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> EfluentesConsumo Mensal (kWh) = P x h x nOn<strong>de</strong>:P = Potência efetiva do equipamento (0,15 kW)h = numero <strong>de</strong> horas diárias <strong>de</strong> operação do equipamento (24 horas)n = nº <strong>de</strong> dias por mês <strong>em</strong> que o equipamento funciona (30 dias)


133A Potência efetiva “P” <strong>em</strong> kW do equipamento po<strong>de</strong> ser obtida através daequação:P = 3 x V x I(medido) x cos ϕOn<strong>de</strong>:V = Tensão medida (Volts)I(medido). = Corrente do motor medida (Ampéres)cos ϕ = Fator <strong>de</strong> Potência medido.Custo total mensal <strong>de</strong> Energia Elétrica = R$ 41,30b) Economia <strong>de</strong> água potávelValor pago / m³ <strong>de</strong> água = R$ 3,85Vazão média do efluente = 480 L/hHoras <strong>de</strong> funcionamento por dia = 12Dias <strong>de</strong> operação / mês: 22Valor da água pago por mês: R$ 554,4Taxa <strong>de</strong> esgoto: R$ 443,52Total água-esgoto: R$ 997,92 (Aproximadamente R$ 1.000,00)9.2 InvestimentosOs investimentos necessários para a realização do projeto foram:Estação RBC + frete + instalações elétricas = R$ 33.000,00Obras civis (mão <strong>de</strong> obra + materiais) = R$ 8.300,00Total <strong>de</strong> investimentos: R$ 41.300,00


1349.3 Indicadores obtidos pelo Fluxo <strong>de</strong> Caixa Incr<strong>em</strong>entalConsi<strong>de</strong>rando um investimento total <strong>de</strong> R$ 41.300,00, o custo do m 3 <strong>de</strong> água <strong>de</strong>R$ 3,85 e o custo da energia elétrica <strong>de</strong> R$ 0,175/kW e estimando uma<strong>de</strong>preciação linear <strong>em</strong> 10 anos e uma taxa mínima <strong>de</strong> atrativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 20%aa, pelométodo do Fluxo <strong>de</strong> Caixa Incr<strong>em</strong>ental adotado pelo CNTL – Centro Nacional <strong>de</strong>Tecnologias Limpas,(Anexo G – 1.) ter<strong>em</strong>os:Pay Back (Retorno do Valor Investido):15 anos (muito elevado)VPL (Valor Presente Líquido): R$ 30.000,00 (baixo).TIR (Taxa Interna <strong>de</strong> Retorno) = - 7,05% (negativa)O estudo preliminar <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> econômica mostra a instalação como uminvestimento <strong>de</strong>sinteressante se analisado apenas sob o aspecto econômico.Como já mencionado na introdução, no preço que é pago pela água não estãoincluídos o valor intrínseco do b<strong>em</strong> água n<strong>em</strong> os valores que <strong>de</strong>veriam seragregados ao custo <strong>de</strong>vido aos impactos ambientais que o gerenciamento dossist<strong>em</strong>as convencionais <strong>de</strong> águas causam. Ultimamente, estes valores, aschamadas externalida<strong>de</strong>s têm sido um fator cada vez mais consi<strong>de</strong>rado <strong>em</strong>diversos tipos <strong>de</strong> projetos. Sua estimativa é feita por meio <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong>valoração ambiental a fim <strong>de</strong> que possam entrar nos “balanços ambientais” dosprojetos <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> numerário.Exist<strong>em</strong> questionamentos sobre a valida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se inserir nos estudos <strong>de</strong>viabilida<strong>de</strong> econômica o valor dos investimentos necessários para a implantação<strong>de</strong> instalações para reuso. Segundo Kiperstok (2004), o investimento que é feito<strong>em</strong> instalações para reuso próximas aos pontos <strong>de</strong> consumo produz o efeitocontrário no gerenciamento dos sist<strong>em</strong>as municipais <strong>de</strong> águas e esgotos, ou seja,aumenta a oferta <strong>de</strong> água reduzindo a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investimentosproporcionalmente à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água recuperada. Para contornar esse efeito,po<strong>de</strong>ria ser criada uma compensação para os consumidores que investiss<strong>em</strong> <strong>em</strong>reuso <strong>de</strong> água, compensação esta a ser concedida <strong>de</strong> forma institucionalizadapelas companhias que gerenciam os sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> abastecimento municipais. Essa


135lógica, <strong>de</strong> clareza cartesiana, esbarra, no entanto, <strong>em</strong> dificulda<strong>de</strong>s práticas taiscomo:a) Numa das pontas está o gerenciamento dos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> abastecimento<strong>de</strong> água, geralmente formado por <strong>em</strong>presas estatais ou <strong>de</strong> economia mista.Na outra ponta, os consumidores, que po<strong>de</strong>m ser <strong>em</strong>presas privadas,instituições públicas ou <strong>de</strong> economia mista e os cidadãos <strong>de</strong> uma maneirageral. Como conciliar os interesses dos envolvidos no processopromovendo o entendimento voluntário entre entida<strong>de</strong>s e indivíduos queoperam apoiadas por sist<strong>em</strong>as financeiros tão diferenciados?b) como estabelecer valores compensatórios padronizados se osinvestimentos po<strong>de</strong>m variar <strong>em</strong> função das condições e grau <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong><strong>de</strong> cada instalação?A proposta do investimento compensado será viabilizada quando dispositivoscoercitivos for<strong>em</strong> introduzidos na legislação criando a obrigatorieda<strong>de</strong> daconcessão, aos usuários que invest<strong>em</strong> <strong>em</strong> reuso, <strong>de</strong> uma compensação por partedas concessionárias dos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> abastecimento. Por ex<strong>em</strong>plo, aconcessionária aplicaria reduções nas taxas <strong>de</strong> águas e esgotos proporcionais aovolume <strong>de</strong> água recuperado. Esta redução do custo por m 3 <strong>de</strong> água somada àefetiva diminuição do valor da conta <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência da redução <strong>de</strong> consumoefetivo, po<strong>de</strong>rá representar um atrativo para que o cidadão comum invista <strong>em</strong>instalações <strong>de</strong> reuso.Na hipótese do investimento a ser feito nas instalações <strong>de</strong> reuso ser <strong>de</strong> algumaforma financiado pela concessionária e assim não ser consi<strong>de</strong>rado no estudo <strong>de</strong>viabilida<strong>de</strong> econômica, a implantação <strong>de</strong> uma estação para reuso do porte daimplantada na Escola Politécnica, mantendo-se as <strong>de</strong>mais condições da projeçãoanterior, traria uma economia anual <strong>de</strong> R$ 11.480,00 correspon<strong>de</strong>nte àquantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água efetivamente economizada. (Anexo G – 2.)


13610. Consi<strong>de</strong>rações sobre a implantação da ETE.10.1 Probl<strong>em</strong>as e soluçõesDurante a implantação e montag<strong>em</strong> dos equipamentos, tiv<strong>em</strong>os alguns probl<strong>em</strong>asrelacionados à segurança do local, quando por duas ocasiões as coberturas <strong>de</strong>alumínio do reator foram subtraídas da máquina por <strong>de</strong>socupados, o que nosobrigou a provi<strong>de</strong>nciar a fabricação <strong>de</strong> novas coberturas, com modificaçõesantifurto eliminando assim este tipo <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>a. O sist<strong>em</strong>a original <strong>de</strong> fixação dacobertura do reator por meio <strong>de</strong> parafusos não oferece segurança contra atos <strong>de</strong>vandalismo. A adaptação <strong>de</strong> lingüetas e ca<strong>de</strong>ados é recomendável para asestações <strong>de</strong> tratamento instaladas <strong>em</strong> locais com pouca proteção.A proliferação <strong>de</strong> mosquitos no tanque <strong>de</strong> água recuperada foi outro probl<strong>em</strong>ainesperado na estação, já que existe neste tanque, um constante movimento <strong>de</strong>entrada e saída <strong>de</strong> água, com variação <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> operação e da vazão.Aparent<strong>em</strong>ente o filete <strong>de</strong> água proveniente da cuba <strong>de</strong> clarificação vertendo notanque <strong>de</strong> água recuperada a uma altura que varia <strong>de</strong> vinte a cinqüentacentímetros não é suficiente para causar agitação na superfície da água capaz <strong>de</strong>impedir a reprodução dos mosquitos. A colocação <strong>de</strong> cobertura <strong>de</strong> tela notanque eliminou totalmente a proliferação <strong>de</strong> mosquitos.10.2 Des<strong>em</strong>penho OperacionalNo que diz respeito ao <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho da ETE, po<strong>de</strong>mos concluir que os resultadosobtidos estão <strong>de</strong> acordo com as expectativas consi<strong>de</strong>rando o tipo e o porte daestação. Os resultados dos parâmetros microbiológicos analisados mostram que,s<strong>em</strong> tratamentos compl<strong>em</strong>entares, a estação não consegue atingir valores queestejam <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> limites até então recomendados. De acordo com informaçõescoletadas, <strong>em</strong> outros experimentos s<strong>em</strong>elhantes a este, foram aplicadostratamentos adicionais, principalmente para <strong>de</strong>sinfecção da água e/ou paramelhorar a qualida<strong>de</strong> nos parâmetros diretamente relacionados com asproprieda<strong>de</strong>s óticas da água.


137Como a proposta do projeto é a implantação <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a que resulte no melhorbalanço energético possível mantendo níveis aceitáveis <strong>de</strong> segurança, nossaconclusão é <strong>de</strong> que, para que seja possível reusar <strong>em</strong> vasos sanitários a águarecuperada <strong>em</strong> uma ETE como a da Escola Politécnica, <strong>de</strong>ve-se inserir, nosist<strong>em</strong>a, tratamentos adicionais para que os limites recomendados sejamatingidos – o que seguramente implicará <strong>em</strong> elevação do investimento inicial ecustos operacionais.10.3 A qualida<strong>de</strong> da água para reusoOs resultados obtidos a partir das pesquisas na Escola Politécnica mostraram apresença <strong>de</strong> coliformes Totais e Termotolerantes <strong>em</strong> todas as amostrascoletadas. A pesquisa da água <strong>em</strong> vasos escolhidos aleatoriamente mostrou quea água presente nos vasos sanitários <strong>de</strong> uma maneira geral contém um nível <strong>de</strong>contaminação por Coliformes Totais na faixa <strong>de</strong> 1,00E+04 a 5,00E+05 UFC/100ml, com valor médio <strong>de</strong> 1,50E+05 UFC/100 ml, e <strong>de</strong> Coliformes Termotolerantesna faixa <strong>de</strong> 1,00E+03 a 4,60E+05 UFC/100 ml, com valor médio <strong>de</strong> 4,90E+04UFC/100 ml.Nos Shoppings Centers investigados, o nível <strong>de</strong> Coliformes Totais dos vasossanitários ficou entre 2,0E+03 e 1,00E+05 UFC/100 ml, com valor médio <strong>de</strong>2,33E+04 UFC./100 ml, e o <strong>de</strong> Termotolerantes, entre 1,00E+03 e 9,80E+04UFC/100 ml, com valor médio <strong>de</strong> 6,13E+03 UFC/100 ml, ou seja, no mesmointervalo <strong>de</strong> valores da contaminação dos vasos da Escola Politécnica. O limitesuperior e a média, <strong>em</strong> valores absolutos, foram inferiores aos encontrados nossanitários da Escola Politécnica, provavelmente por conta da exagerada carga <strong>de</strong><strong>de</strong>tergentes e <strong>de</strong>sinfetantes normalmente usados pelos shoppings.Os gráficos 10-1 e 10-2 permit<strong>em</strong> uma comparação dos níveis <strong>de</strong> ColiformesTotais e Termotolerantes encontrados tanto nos vasos sanitários da EscolaPolitécnica quanto nos Shopping Centers pesquisados com os níveis <strong>de</strong>ssesmesmos indicadores no efluente bruto e no efluente tratado. Os gráficos mostramtambém os limites estabelecidos para água potável e balneável pela ResoluçãoCONAMA 20.


138Gráfico 10.1 - Coliformes Totais nos vasos, efluentes bruto e tratado (UFC/100 ml).Gráfico 10.2 - Coliformes Termotolerantes nos vasos, efluentes bruto e tratado (UFC/100 ml)comparados com limites <strong>de</strong>sse mesmo indicador na Resolução CONAMA 20.


139A partir da análise dos dados apresentados e consi<strong>de</strong>rando apenas a qualida<strong>de</strong>da água para reuso <strong>em</strong> vasos sanitários, chegamos às seguintes conclusões:a) Usando-se nos vasos sanitários água com um nível <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>equivalente ao nível <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água que é encontrada nos própriosvasos, os riscos potenciais aos quais os usuários estariam expostos,teoricamente, seriam equivalentes aos riscos potencias a que eles estãoexpostos na atual situação.b) É preciso que se <strong>de</strong>fina qual seria a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água exigida para a suautilização <strong>em</strong> vasos sanitários <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnos conceitos <strong>de</strong> risco real aoinvés <strong>de</strong> risco potencial, tomando-se como base a classificação (CONAMA 20)e a recomendação das Nações Unidas, segundo a qual: "A não ser que existagran<strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong>, nenhuma água <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser utilizadapara usos que toleram águas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> inferior” (United Nations - Water forIndustrial Use, 1985, apud HESPANHOL, 1997).c) Enquanto não existir<strong>em</strong> informações suficientes para o estabelecimento <strong>de</strong>níveis seguros e eco-eficientes para as águas a ser<strong>em</strong> reusadas nos vasossanitários, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os continuar a buscá-las usando o bom senso, a prudência eo conhecimento adquirido sobre as situações <strong>de</strong> riscos reais fazendo-nosquestionamentos do tipo:• A água a ser jogada nos vasos sanitários precisa ser <strong>de</strong> melhorqualida<strong>de</strong> que aquela na qual po<strong>de</strong>mos mergulhar e com a qualpo<strong>de</strong>mos irrigar os alimentos a ser<strong>em</strong> consumidos crus?• Exigir para o reuso específico <strong>em</strong> vasos sanitários um nível <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> da água próximo ao nível <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água potávelpermitirá a viabilida<strong>de</strong> econômica dos projetos <strong>de</strong> reuso?10.4 Consi<strong>de</strong>rações sobre a viabilida<strong>de</strong> econômica dos projetos <strong>de</strong>reuso.Para tornar economicamente viáveis projetos <strong>de</strong> pequeno porte como o instaladona Escola Politécnica, são necessários, entre outros itens <strong>de</strong> custo:


140a) A redução do custo da Estação <strong>de</strong> Tratamento através da padronização eintensificação da produção do dispositivo <strong>de</strong> maior valor que é o reatorCBR Contactor Biológico Rotatório. Com a padronização do equipamentoe o ganho na sua produção <strong>em</strong> escala é possível se obter uma substancialredução do investimento.b) A contabilização da água pelo seu valor real, isento <strong>de</strong> subsídios,computando-se também o seu valor intrínseco assim como os valorescorrespon<strong>de</strong>ntes às externalida<strong>de</strong>s a que esse b<strong>em</strong> está submetido.c) A criação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> incentivos, através <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> impostose/ou tributos para as pessoas físicas e <strong>em</strong>presas que particip<strong>em</strong> doprograma.d) A criação <strong>de</strong> ecotaxas a ser<strong>em</strong> aplicadas às contas <strong>de</strong> água dosestabelecimentos consi<strong>de</strong>rados fora dos padrões ecológicos.Em regiões on<strong>de</strong> os valores pagos pelo metro cúbico são mais condizentes com arealida<strong>de</strong> do custo, projetos como este são mais facilmente viabilizados.


14111. ComentáriosO reuso <strong>de</strong> águas recuperadas <strong>de</strong> efluentes domésticos <strong>em</strong> vasos sanitários éuma das alternativas mais interessantes para reduzir a <strong>de</strong>manda urbana <strong>de</strong> águapotável trazendo assim maior equilíbrio aos ecossist<strong>em</strong>as circunvizinhos àsregiões metropolitanas. Num balanço mais amplo, po<strong>de</strong>-se afirmar que, <strong>em</strong> setratando <strong>de</strong> substituição da água potável por água <strong>de</strong> reuso, o uso <strong>em</strong> agricultura,paisagismo e ass<strong>em</strong>elhados, quando possível, é o mais eco-eficiente entre todosos reusos, porque nesses casos, além das vantagens ambientais, econômicas esociais do reuso, há a vantag<strong>em</strong> adicional do aproveitamento dos nutrientes – quena verda<strong>de</strong> são os resíduos carreados pela água no primeiro uso.Evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente que estudos mais aprofundados po<strong>de</strong>rão indicar a solução maisa<strong>de</strong>quada a cada caso. No entanto, algumas consi<strong>de</strong>rações têm <strong>de</strong> ser feitas. Emtodas as aplicações, <strong>em</strong> princípio, a água como el<strong>em</strong>ento da natureza éconservada. A questão é: que tipo <strong>de</strong> resíduo a água adquire <strong>em</strong> cada uso?Exist<strong>em</strong> resíduos <strong>de</strong> difícil r<strong>em</strong>oção cujos tratamentos envolv<strong>em</strong> processos físicoquímicoscomplexos e <strong>de</strong> custo elevado. Os reusos que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ssestratamentos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser colocados como das últimas alternativas ou dos últimosreusos a ser<strong>em</strong> cogitados. Nos reusos diretos (que não necessitam <strong>de</strong> tratamentosofisticado) a recuperação da água po<strong>de</strong> ser imediata, assim como o reflexo na<strong>de</strong>manda causada pelo reuso. Já no reuso indireto, o ciclo da água é mais longo ea pressão da <strong>de</strong>manda sobre a oferta da água é pouco afetada, principalmenteporque a sobrecarga nos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> gerenciamento da água permanece.Entre as muitas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se reusar efluentes, exist<strong>em</strong> duas situaçõesextr<strong>em</strong>as. Em um dos extr<strong>em</strong>os estaria a hipótese do reuso único, ou seja, a água<strong>de</strong> primeiro uso é recuperada a partir do primeiro efluente gerado e é aproveitadauma única vez <strong>em</strong> um uso menos nobre do que o anterior. Se isso ocorresse etodo o reuso fosse indireto <strong>em</strong> recarga <strong>de</strong> aqüíferos, agricultura irrigada,paisagismo e reusos ass<strong>em</strong>elhados, já seria um bom começo. Entretanto, apressão da <strong>de</strong>manda sobre o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> gerenciamento do tratamento edistribuição <strong>de</strong> água continuaria existindo, pois a maioria dos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong>irrigação usa atualmente águas <strong>de</strong> poços, rios ou represas. A substituição daságuas provenientes <strong>de</strong>ssas fontes por água recuperada <strong>de</strong> efluentes resultaria


142que esses mananciais seriam poupados, mas a pressão da <strong>de</strong>manda sobre ossist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> gerenciamento <strong>de</strong> águas e esgotos das municipalida<strong>de</strong>s não seriaalterada. No outro extr<strong>em</strong>o, estaria a hipótese do reuso <strong>em</strong> que o ciclo é quaseum sist<strong>em</strong>a fechado no qual apenas a água para aten<strong>de</strong>r às <strong>de</strong>mandasabsolutamente potáveis entrasse no sist<strong>em</strong>a e nenhuma (ou pouca) água saísse,<strong>de</strong> modo que quase toda a água aplicada fosse água <strong>de</strong> reuso e que a mesmaágua (recuperada), teoricamente, pu<strong>de</strong>sse repassar muitas vezes pelo mesmoreuso sendo s<strong>em</strong>pre tratada e retornando ao início do circuito. Nesta hipótese,certamente, existiria um outro tipo <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>a talvez ainda mais grave. Existeuma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> compostos tóxicos, neurotóxicos, carcinogênicos,mutagênicos, entre outros, que ocorr<strong>em</strong> na água residuária <strong>em</strong> concentraçõesextr<strong>em</strong>amente reduzidas e que não são r<strong>em</strong>ovidos pelos tratamentosconvencionais, biológicos ou não (HESPANHOL, 2000). Segundo Hespanhol(2000) 3 .Esses compostos são passados à água pela própria ativida<strong>de</strong> antrópica oufisiológica e na hipótese <strong>de</strong> um ciclo fechado vão se acumulando na água atéatingir<strong>em</strong> concentrações que represent<strong>em</strong> ameaça à saú<strong>de</strong> humana. Dess<strong>em</strong>odo, a idéia do “efluente zero” s<strong>em</strong> um maior <strong>de</strong>talhamento po<strong>de</strong> não indicar asolução i<strong>de</strong>al como a princípio po<strong>de</strong> parecer.Ao que tudo indica, a solução mais racional e eco-eficiente está na associação <strong>de</strong>reusos, aproveitando <strong>de</strong> cada um, as suas características benéficas. Nesse caso,num sist<strong>em</strong>a doméstico ou condominial, por ex<strong>em</strong>plo, uma solução interessanteseria a separação dos efluentes <strong>de</strong> banheiros, lavatórios e lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> roupas,que passariam por um tratamento biológico compacto e retornariam ao reuso nosvasos sanitários da própria unida<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>ncial ou condomínio. O efluente dosvasos sanitários e o efluente <strong>de</strong> cozinha seriam direcionados para unida<strong>de</strong>smunicipais <strong>de</strong>scentralizadas <strong>de</strong> tratamento existentes <strong>em</strong> cada bairro e as águasrecuperadas seriam aproveitadas para regar os parques e jardins do bairro e doscondomínios participantes do programa. O exce<strong>de</strong>nte – se houvesse – po<strong>de</strong>riaser vendido para as proprieda<strong>de</strong>s agrícolas próximas à região metropolitana comoágua orgânica (contendo nutrientes orgânicos) par ser usada <strong>em</strong> ferti-irrigação.3 Em 1980, a Aca<strong>de</strong>mia Nacional <strong>de</strong> Ciências dos estados Unidos, advertiu que apenas 10% <strong>em</strong> peso doscompostos orgânicos presentes na água potável foram i<strong>de</strong>ntificados até aquela data e, <strong>de</strong>ntre eles, apenasalguns poucos foram a<strong>de</strong>quadamente caracterizados.


14312. SugestõesA partir dos conhecimentos adquiridos durante a pesquisa e montag<strong>em</strong> doexperimento da Escola Politécnica, po<strong>de</strong>mos sugerir que antes da implantação doreuso <strong>em</strong> vasos sanitários seja realizada uma nova etapa no experimento. Essanova etapa incluiria a participação <strong>de</strong> outras unida<strong>de</strong>s da UFBA como, porex<strong>em</strong>plo, o ISC - Instituto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Coletiva da UFBA, a fim <strong>de</strong> que sejamavaliados os riscos à saú<strong>de</strong> dos usuários, no caso <strong>de</strong> se reusar nos vasossanitários água contendo CTE com 1,00E+04 UFC/100ml ou até 1,00E+05UFC/100ml.Paralelamente, seria conveniente a expansão do atual sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> tratamento,associando à ETE outras etapas <strong>de</strong> tratamento para reduzir os níveis <strong>de</strong> CTO eCTE. Naturalmente seria realizada a avaliação do incr<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> custo e dobalanço energético associados ao ganho <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> que se obteria. Seria válidotambém consi<strong>de</strong>rar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> novas fases noexperimento, redirecionando a pesquisa para outros reusos como jardinag<strong>em</strong>,paisagismo ou produção <strong>de</strong> forrageiras, também <strong>em</strong> parceria com outrasunida<strong>de</strong>s da UFBA como Escola <strong>de</strong> Agronomia ou Escola <strong>de</strong> Veterinária (no caso<strong>de</strong> forrageiras).Outra recomendação seria aprofundar a pesquisa da qualida<strong>de</strong> da água nosvasos sanitários <strong>em</strong> parceria com o ISC ou a ANVISA (Agência <strong>de</strong> VigilânciaSanitária), <strong>de</strong> forma que os resultados obtidos pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> ser validados e levados<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração para o estabelecimento <strong>de</strong> Padrões <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> Legais eNormativos para a água <strong>de</strong> reuso nessa aplicação.Sugerimos ainda a continuação das pesquisas na ETE - Politécnica, associada ounão a outros tratamentos biológicos, <strong>de</strong> forma a otimizar o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho doprocesso <strong>de</strong> acordo com os princípios das Tecnologias Limpas.Outra sugestão seria estudar o aproveitamento da água <strong>de</strong> chuva no edifício daEscola Politécnica, consi<strong>de</strong>rando principalmente que, na atual situação, a água jáé captada e direcionada para os dutos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scida existentes nas cabeceiras doedifício. Os investimentos nesse caso ficariam limitados à construção do


144reservatório <strong>de</strong> armazenamento, estação <strong>de</strong> bombeamento e re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuiçãoque, <strong>em</strong> princípio, po<strong>de</strong>rá ser a mesma re<strong>de</strong> da água <strong>de</strong> reuso.


14513. Referências BibliográficasBAHIA (Estado). Secretaria <strong>de</strong> Recursos Hídricos SRHSH. Projeto <strong>de</strong> Revisão eAtualização do Plano Diretor <strong>de</strong> Esgotos <strong>de</strong> Salvador. Salvador, 1995. Cap.3, vol II, anexo II.BLUM, J. R. Coppini. Critérios e padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água. In: MANCUSO,P.C.S. e SANTOS, H.F. <strong>Reuso</strong> <strong>de</strong> água. São Paulo: Ed. Manole, 2003,Pág. 125 a 172.BLUM, D and FEACHEM. Health Aspects of Naightsoil and Sludge Use inAgriculture and Aquaculture - Part III: An Epi<strong>de</strong>miological Perspective.IRCWD Report No. 05/85. International Reference Centre for WasteDisposal, CH-800, Duebendorf, Switzerland. 1985.COOPER P. F. Historical aspects of wastewater treatment. In: LENS, Piet;ZEEMAN, Grietje and LETINGA, Gatze (Ed). Decentralized Sanitation andReuse: Concepts, syst<strong>em</strong>s and impl<strong>em</strong>entation. New York: IWA Published,2001. p. 2 - 36.CRITES, R., and TCHOBANOGLOUS, G. Small and Decentrelized WastewaterManag<strong>em</strong>ente Syst<strong>em</strong>s. New York: Mc. Graw Hill, 1998.CRITES, R.; REED W.S.C. and BASTION, R.K. Land treatment Syst<strong>em</strong>s forMunicipal and Industrial Wastes. New York; Mc Grow Hill, 2000.CROOK, James. Critérios <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água para reuso. Revista DAEDepartamento <strong>de</strong> <strong>Água</strong>s e Esgotos SABESP, São Paulo, v. 53, nº 174,nov. <strong>de</strong>z. p. 10 a 18. 1993. Disponível <strong>em</strong>:LENS, Piet; ZEEMAN, Grietje and LETINGA, Gatze. Decentralized Sanitationand Reuse: Concepts, syst<strong>em</strong>s and impl<strong>em</strong>entation. New York: IWAPublished, 2001.


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148(2001). 92 p.PHILIPPI Jr, Arlindo. Introdução ao <strong>Reuso</strong> <strong>de</strong> águas. In: MANCUSO, P.C.S.; dosSANTOS, H.F. <strong>Reuso</strong> <strong>de</strong> águas. São Paulo: Manole, 2003. p.6PIMENTEL, José Soares. Tratamento físico-químico <strong>de</strong> esgoto e reuso <strong>de</strong>efluente: Cada idéia t<strong>em</strong> seu t<strong>em</strong>po. 12 p. POSTEL, Sandra. In: MANCUSO, P. C.S. e dos SANTOS, H. F. A escassez e oreuso <strong>de</strong> água <strong>em</strong> âmbito mundial . São Paulo: Manole, 2003, Pág. 12.SILVA, Maurício Costa Cabral da. <strong>Reuso</strong> <strong>de</strong> águas servidas: Sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong>reaproveitamento <strong>de</strong> águas <strong>em</strong> condomínios resi<strong>de</strong>nciais verticais ehorizontais. 2000. Tese <strong>de</strong> Doutorado. Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia Ambiental- Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> São Paulo. São Paulo.UNITED NATIONS. Economic and Social Council. Water for Industrial Use. NewYork, 1985. Rert E/3O58STECA/5O.U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. U.S. EPA User’s Manual forUVDIS. version 3.1 UV Disinfection Process Design Manual. EPA G0703,Risk Reduction, Engineering Laboratory. Cincinnati, OH. 1992.VALIRON et al. La reutilizacion <strong>de</strong>s eaux usées. Paris: Tec et Doc, 1983.


149AnexosAnexo A – Resolução CONAMA 20/1986.RESOLUÇÃO CONAMA Nº 20, <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1986(s<strong>em</strong> as tabelas das substâncias constituintes e limites admissíveis)Publicado no D.O.U. <strong>de</strong> 30/07/86O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das atribuições que lheconfere o art. 7º, inciso lX, do Decreto 88.351, <strong>de</strong> 1º <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1983, e o que estabelece aRESOLUÇÃO CONAMA Nº 003, <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1984;RESOLVE estabelecer a seguinte classificação das águas, doces, salobras e salinas do TerritórioNacional:Art. 1º - São classificadas, segundo seus usos prepon<strong>de</strong>rantes, <strong>em</strong> nove classes, as águas doces,salobras e salinas do Território Nacional :ÁGUAS DOCES1 - Classe Especial - águas <strong>de</strong>stinadas:a) ao abastecimento doméstico s<strong>em</strong> prévia ou com simples <strong>de</strong>sinfecção.b) à preservação do equilíbrio natural das comunida<strong>de</strong>s aquáticas.ll - Classe 1 - águas <strong>de</strong>stinadas:a) ao abastecimento doméstico após tratamento simplificado;b) à proteção das comunida<strong>de</strong>s aquáticas;c) à recreação <strong>de</strong> contato primário (natação, esqui aquático e mergulho);d) à irrigação <strong>de</strong> hortaliças que são consumidas cruas e <strong>de</strong> frutas que se <strong>de</strong>senvolvam rentes aoSolo e que sejam ingeridas cruas s<strong>em</strong> r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> película.e) à criação natural e/ou intensiva (aquicultura) <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong>stinadas á alimentação humana.lll - Classe 2 - águas <strong>de</strong>stinadas:a) ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional;b) à proteção das comunida<strong>de</strong>s aquáticas;c) à recreação <strong>de</strong> contato primário (esqui aquático, natação e mergulho);d) à irrigação <strong>de</strong> hortaliças e plantas frutíferas;e) à criação natural e/ou intensiva (aquicultura) <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong>stinadas à alimentação humana.lV - Classe 3 - águas <strong>de</strong>stinadas:a) ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional;b) à irrigação <strong>de</strong> culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;c) à <strong>de</strong>sse<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong> animais.V - Classe 4 - águas <strong>de</strong>stinadas:a) à navegação;b) à harmonia paisagística;c) aos usos menos exigentes.ÁGUAS SALINASVI - Classe 5 - águas <strong>de</strong>stinadas:a) à recreação <strong>de</strong> contato primário;


150b) à proteção das comunida<strong>de</strong>s aquáticas;c) à criação natural e/ou intensiva (aquicultura) <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong>stinadas à alimentação humana.VII - Classe 6 - águas <strong>de</strong>stinadas:a) à navegação comercial;b) à harmonia paisagística;c) à recreação <strong>de</strong> contato secundário.ÁGUAS SALOBRASVIII - Classe 7 - águas <strong>de</strong>stinadas:a) à recreação <strong>de</strong> contato primário;b) à proteção das comunida<strong>de</strong>s aquáticas;c) à criação natural e/ou intensiva (aquicultura) <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong>stinadas à alimentação humana.IX - Classe 8 - águas <strong>de</strong>stinadas:a) à navegação comercial;b) à harmonia paisagística;c) à recreação <strong>de</strong> contato secundárioArt. 2º - Para efeito <strong>de</strong>sta resolução são adotadas as seguintes <strong>de</strong>finições.a) CLASSIFICAÇÃO: qualificação das águas doces, salobras e salinas com base nos usosprepon<strong>de</strong>rantes (sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> classes <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>).b) ENQUADRAMENTO: estabelecimento do nível <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> (classe) a ser alcançado e/oumantido <strong>em</strong> um segmento <strong>de</strong> corpo d'água ao longo do t<strong>em</strong>po.c) CONDIÇÃO: qualificação do nível <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> apresentado por um segmento <strong>de</strong> corpo d'água,num <strong>de</strong>terminado momento, <strong>em</strong> termos dos usos possíveis com segurança a<strong>de</strong>quada.d) EFETIVAÇÃO DO ENQUADRAMENTO: conjunto <strong>de</strong> medidas necessárias para colocar e/oumanter a condição <strong>de</strong> um segmento <strong>de</strong> corpo d'água <strong>em</strong> correspondência com a sua classe.e) ÁGUAS DOCES: águas com salinida<strong>de</strong> igual ou inferior a 0,50 %o.f) ÁGUAS SALOBRAS: águas com salinida<strong>de</strong> igual ou inferior a 0,5 %o. e 30 %o.g) ÁGUAS SALINAS: águas com salinida<strong>de</strong> igual ou superior a 30 %o.Art. 3º - Para as águas <strong>de</strong> Classe Especial, são estabelecidos os limites e/ou condições seguintes:COLIFORMES: para o uso <strong>de</strong> abastecimento s<strong>em</strong> prévia <strong>de</strong>sinfecção os coliformes totais <strong>de</strong>verãoestar ausentes <strong>em</strong> qualquer amostra.Art. 4º - Para as águas <strong>de</strong> classe 1, são estabelecidos os limites e/ou condições seguintes:a) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;b) óleos e graxas: virtualmente ausentes;c) substâncias que comuniqu<strong>em</strong> gosto ou odor: virtualmente ausentes;d) corantes artificiais: virtualmente ausentes;e) substâncias que form<strong>em</strong> <strong>de</strong>pósitos objetáveis: virtualmente ausentes;f) coliformes: para o uso <strong>de</strong> recreação <strong>de</strong> contato primário <strong>de</strong>verá ser obe<strong>de</strong>cido o Art. 26 <strong>de</strong>staResolução. As águas utilizadas para a irrigação <strong>de</strong> hortaliças ou plantas frutíferas que se<strong>de</strong>senvolvam rentes ao Solo e que são consumidas cruas, s<strong>em</strong> r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> casca ou película, não<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser poluídas por excr<strong>em</strong>entos humanos, ressaltando-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inspeçõessanitárias periódicas. Para os <strong>de</strong>mais usos, não <strong>de</strong>verá ser excedido um limite <strong>de</strong> 200 coliformesfecais por 100 mililitros <strong>em</strong> 80% ou mais <strong>de</strong> pelo menos 5 amostras mensais colhidas <strong>em</strong> qualquermês; no caso <strong>de</strong> não haver na região meios disponíveis para o exame <strong>de</strong> coliformes fecais, oíndice limite será <strong>de</strong> 1.000 coliformes totais por 100 mililitros <strong>em</strong> 80% ou mais <strong>de</strong> pelo menos 5amostras mensais colhidas <strong>em</strong> qualquer mês.


151g) DBO 5 dias a 20°C até 3 mg/l O 2 ;h) OD, <strong>em</strong> qualquer amostra, não inferior a 6 mg/lO 2 ;i) Turbi<strong>de</strong>z até 40 unida<strong>de</strong>s nefelométrica <strong>de</strong> turbi<strong>de</strong>z (UNT);j) cor: nível <strong>de</strong> cor natural do corpo <strong>de</strong> água <strong>em</strong> mg Pt/ll) pH: 6,0 a 9,0;m) teores máximos das substâncias potencialmente prejudiciais (anexa uma lista <strong>de</strong> substâncias erespectivos limites) :Art. 5º - Para as águas <strong>de</strong> Classe 2, são estabelecidos os mesmos limites ou condições da Classe1, à exceção dos seguintes:a) não será permitida a presença <strong>de</strong> corantes artificiais que não sejam r<strong>em</strong>ovíveis por processo <strong>de</strong>coagulação, sedimentação e filtração convencionais;b) Coliformes: para uso <strong>de</strong> recreação <strong>de</strong> contato primário <strong>de</strong>verá ser obe<strong>de</strong>cido o Art. 26 <strong>de</strong>staResolução. Para os <strong>de</strong>mais usos, não <strong>de</strong>verá ser excedido uma limite <strong>de</strong> 1.000 coliformes fecaispor 100 mililitros <strong>em</strong> 80% ou mais <strong>de</strong> pelo menos 5 amostras mensais colhidas <strong>em</strong> qualquer mês;no caso <strong>de</strong> não haver, na região, meios disponíveis para o exame <strong>de</strong> coliformes fecais, o índicelimite será <strong>de</strong> até 5.000 coliformes totais por 100 mililitros <strong>em</strong> 80% ou mais <strong>de</strong> pelo menos 5amostras mensais colhidas <strong>em</strong> qualquer mês;c) Cor: até 75 mg Pt/ld) Turbi<strong>de</strong>z: até 100 UNT;e) DBO 5 dias a 20°C até 5 mg/l O 2 ;f) OD, <strong>em</strong> qualquer amostra, não inferior a 5 mg/l O 2 .Art. 6º - Para as águas <strong>de</strong> Classe 3 são estabelecidos os limites ou condições seguintes:a) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;b) óleos e graxas: virtualmente ausentes;c) substâncias que comuniqu<strong>em</strong> gosto ou odor: virtualmente ausentes;d) não será permitida a presença <strong>de</strong> corantes artificiais que não sejam r<strong>em</strong>ovíveis por processo <strong>de</strong>coagulação, sedimentação e filtração convencionais;e) substâncias que form<strong>em</strong> <strong>de</strong>pósitos objetáveis: virtualmente ausentes;f) número <strong>de</strong> coliformes fecais até 4.000 por 100 mililitros <strong>em</strong> 80% ou mais <strong>de</strong> pelo menos 5amostras mensais colhidas <strong>em</strong> qualquer mês; no caso <strong>de</strong> não haver, na região, meios disponíveispara o exame <strong>de</strong> coliformes fecais, índice limite será <strong>de</strong> até 20.000 coliformes totais por 100mililitros <strong>em</strong> 80% ou mais <strong>de</strong> pelo menos 5 amostras mensais colhidas <strong>em</strong> qualquer mês;g) DBO 5 dias a 20°C até 10 mg/l O 2 ;h) OD, <strong>em</strong> qualquer amostra, não inferior a 4 mg/I O 21) Turbi<strong>de</strong>z: até 100 UNT;j) Cor: até 75 mg Pt/l;l) pH: 6,0 a 9,0m) Substâncias potencialmente prejudiciais (anexa lista) :Art. 7º - Para as águas <strong>de</strong> Classe 4, são estabelecidos os limites ou condições seguintes:a) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;b) odor e aspecto: não objetáveis;c) óleos e graxas: toleram-se iridicências;d) substâncias facilmente sedimentáveis que contribuam para o assoreamento <strong>de</strong> canais <strong>de</strong>navegação: virtualmente ausentes;e) índice <strong>de</strong> fenóis até 1,0 mg/l C 6 H 5 OH ;


152f) OD superior a 2,0 mg/l O 2 , <strong>em</strong> qualquer amostra;g) pH: 6 a 9.ÁGUAS SALINASArt. 8º - Para as águas <strong>de</strong> Classe 5, são estabelecidos os limites ou condições seguintes:a) materiais flutuantes: virtualmente ausentes;b) óleos e graxas: virtualmente ausentes;c) substâncias que produz<strong>em</strong> odor e turbi<strong>de</strong>z: virtualmente ausentes;d) corantes artificiais: virtualmente ausentes;e) substâncias que form<strong>em</strong> <strong>de</strong>pósitos objetáveis: virtualmente ausentes;f) coliformes: para o uso <strong>de</strong> recreação <strong>de</strong> contato primário <strong>de</strong>verá ser obe<strong>de</strong>cido o Art. 26 <strong>de</strong>staResolução. Para o uso <strong>de</strong> criação natural e/ou intensiva <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong>stinadas à alimentaçãohumana e que serão ingeridas cruas, não <strong>de</strong>verá ser excedida uma concentração média <strong>de</strong> 14coliformes fecais por 100 mililitros, com não mais <strong>de</strong> 10% das amostras exce<strong>de</strong>ndo 43 coliformesfecais por 100 mililitros. Para os <strong>de</strong>mais usos não <strong>de</strong>verá ser excedido um limite <strong>de</strong> 1,000coliformes fecais por 100 mililitros <strong>em</strong> 80% ou mais <strong>de</strong> pelo menos 5 amostras mensais colhidas<strong>em</strong> qualquer mês; no caso <strong>de</strong> não haver, na região, meios disponíveis para o exame <strong>de</strong> coliformesfecais, o índice limite será <strong>de</strong> até 5,000 coliformes totais por 100 mililitros <strong>em</strong> 80% ou mais <strong>de</strong> pelomenos 5 amostras mensais colhidas <strong>em</strong> qualquer mês;g) DBO 5 dias a 20°C até 5 mg/l O 2 ;h) OD, <strong>em</strong> qualquer amostra, não inferior a 6 mg/l O 2 ;i) pH: 6,5 à 8,5, não <strong>de</strong>vendo haver uma mudança do pH natural maior do que 0,2 unida<strong>de</strong>;j) substâncias potencialmente prejudiciais (anexa lista) :Art. 9º - Para as águas <strong>de</strong> Classe 6, são estabelecidos os limites ou condições seguintes:a) materiais flutuantes; virtualmente ausentes:b) óleos e graxas: toleram-se iridicências;c) substâncias que produz<strong>em</strong> odor e turbi<strong>de</strong>z: virtualmente ausentes;d) corantes artificiais: virtualmente ausentes;e) substâncias que form<strong>em</strong> <strong>de</strong>pósitos objetáveis: virtualmente ausentes;f) coliformes: não <strong>de</strong>verá ser excedido um limite <strong>de</strong> 4,000 coliformes fecais por 100 ml <strong>em</strong> 80% oumais <strong>de</strong> pelo menos 5 amostras mensais colhidas <strong>em</strong> qualquer mês; no caso <strong>de</strong> não haver naregião meio disponível para o exame <strong>de</strong> coliformes fecais, o índice limite será <strong>de</strong> 20.000coliformes totais por 100 mililitros <strong>em</strong> 80% ou mais <strong>de</strong> pelo menos 5 amostras mensais colhidas<strong>em</strong> qualquer mês;g) DBO 5 dias a 20°C até 10 mg/l O 2h) OD, <strong>em</strong> qualquer amostra, não inferior a 4 mg/l O 2 ;i) pH: 6,5, a 8,5, não <strong>de</strong>vendo haver uma mudança do pH natural maior do que 0,2 unida<strong>de</strong>s;ÁGUAS SALOBRASArt. 10 - Para as águas <strong>de</strong> Classe 7, são estabelecidos os limites ou condições seguintes:a) DBO 5 dias a 20°C até 5 mg/l O 2 ;b) OD, <strong>em</strong> qualquer amostra, não inferior a 5 mg/l O 2 ;c) pH: 6,5 a 8,5d) óleos e graxas: virtualmente ausentes:e) materiais flutuantes: virtualmente ausentes;f) substâncias que produz<strong>em</strong> cor, odor e turbi<strong>de</strong>z: virtualmente ausentes;g) substâncias que form<strong>em</strong> <strong>de</strong>pósitos objetáveis: virtualmente ausentes;


153h) coliformes; para uso <strong>de</strong> recreação <strong>de</strong> contato primário <strong>de</strong>verá ser obe<strong>de</strong>cido o Art. 26 <strong>de</strong>staResolução, Para o uso <strong>de</strong> criação natural e/ou intensiva <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong>stinadas à alimentaçãohumana e que serão ingeridas cruas, não <strong>de</strong>verá ser excedido uma concentração média <strong>de</strong> 14coliformes fecais por 100 mililitros com não mais <strong>de</strong> 10% das amostras exce<strong>de</strong>ndo 43 coliformesfecais por 100 mililitros. Para os <strong>de</strong>mais usos não <strong>de</strong>verá ser excedido um limite <strong>de</strong> 1.000coliformes fecais por 100 mililitros <strong>em</strong> 80% ou mais <strong>de</strong> pelo menos 5 amostras mensais, colhidas<strong>em</strong> qualquer mês; no caso <strong>de</strong> não haver na região, meios disponíveis para o exame <strong>de</strong> coliformesfecais, o índice limite será <strong>de</strong> até 5.000 coliformes totais por 100 mililitros <strong>em</strong> 80% ou mais <strong>de</strong> pelomenos 5 amostras mensais, colhidas <strong>em</strong> qualquer mês;i) substâncias potencialmente prejudiciais (anexa teores) ;Art.11 - Para as águas <strong>de</strong> Classe 8, são estabelecidos os limites ou condições seguintes:a) pH: 5 a 9b) OD, <strong>em</strong> qualquer amostra, não inferior a 3,0 mg/l O 2 ;c) óleos e graxas: toleram-se iridicências;d) materiais flutuantes: virtualmente ausentes;e) substâncias que produz<strong>em</strong> cor, odor e turbi<strong>de</strong>z: virtualmente ausentes;f) substâncias facilmente sedimentáveis que contribuam para o assoreamento <strong>de</strong> canais <strong>de</strong>navegação: virtualmente ausentes;g) coliformes: não <strong>de</strong>verá ser excedido um limite <strong>de</strong> 4.000 coliformes fecais por 100 ml <strong>em</strong> 80% oumais <strong>de</strong> pelo menos 5 amostras mensais colhidas <strong>em</strong> qualquer mês; no caso <strong>de</strong> não haver, naregião, meios disponíveis para o exame <strong>de</strong> coliformes recais, o índice será <strong>de</strong> 20.000 coliformestotais por 100 mililitros <strong>em</strong> 80% ou mais <strong>de</strong> pelo menos 5 amostras mensais colhidas <strong>em</strong> qualquermês;Art. 12 - Os padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> das águas estabelecidos nesta Resolução constitu<strong>em</strong>-se <strong>em</strong>limites individuais para cada substância. Consi<strong>de</strong>rando eventuais ações sinergéticas entre asmesmas, estas ou outras não especificadas, não po<strong>de</strong>rão conferir às águas característicascapazes <strong>de</strong> causar<strong>em</strong> efeitos letais ou alteração <strong>de</strong> comportamento, reprodução ou fisiologia davida.§ 1º - As substâncias potencialmente prejudiciais a que se refere esta Resolução, <strong>de</strong>verão serinvestigadas s<strong>em</strong>pre que houver suspeita <strong>de</strong> sua presença,§ 2º - Consi<strong>de</strong>rando as limitações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m técnica para a quantificação dos níveis <strong>de</strong>ssassubstâncias, os laboratórios dos organismos competentes <strong>de</strong>verão estruturar-se para aten<strong>de</strong>r<strong>em</strong>às condições propostas. Nos casos on<strong>de</strong> a metodologia analítica disponível for insuficiente paraquantificar as concentrações <strong>de</strong>ssas substâncias nas águas, os sedimentos e/ou biota aquática<strong>de</strong>verão ser investigados quanto a presença eventual <strong>de</strong>ssas substâncias.Art. 13 - Os limites <strong>de</strong> DBO, estabelecidos para as Classes 2 e 3, po<strong>de</strong>rão ser elevados, caso oestudo da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto<strong>de</strong>puração do corpo receptor <strong>de</strong>monstre que os teores mínimos <strong>de</strong>OD, previstos, não serão <strong>de</strong>sobe<strong>de</strong>cidos <strong>em</strong> nenhum ponto do mesmo, nas condições críticas <strong>de</strong>vazão (Q crit. = Q 7,10 , on<strong>de</strong> Q 7.10 , é a média das mínimas <strong>de</strong> 7 (sete) dias consecutivos <strong>em</strong> 10 (<strong>de</strong>z)anos <strong>de</strong> recorrência <strong>de</strong> cada seção do corpo receptor).Art. 14 - Para os efeitos <strong>de</strong>sta Resolução, consi<strong>de</strong>ram-se entes, cabendo aos órgãos <strong>de</strong> controleambiental, quando necessário, quantificá-los para cada caso.Art. 15 - Os órgãos <strong>de</strong> controle ambiental po<strong>de</strong>rão acrescentar outros parâmetros ou tornar maisrestritivos os estabelecidos nesta Resolução, tendo <strong>em</strong> vista as condições locais.Art. 16 - Não há impedimento no aproveitamento <strong>de</strong> águas <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong> <strong>em</strong> usos menosexigentes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que tais usos não prejudiqu<strong>em</strong> a qualida<strong>de</strong> estabelecida para essas águas.Art. 17 - Não será permitido o lançamento <strong>de</strong> poluentes nos mananciais sub-superficiais.Art. 18 - Nas águas <strong>de</strong> Classe Especial não serão tolerados lançamentos <strong>de</strong> águas residuárias,domésticas e industriais, lixo e outros resíduos sólidos, substâncias potencialmente tóxicas,<strong>de</strong>fensivos agrícolas, fertilizantes químicos e outros poluentes, mesmo tratados. Caso sejamutilizadas para o abastecimento doméstico <strong>de</strong>verão ser submetidas a uma inspeção sanitáriapreliminar.


154Art. 19 - Nas águas das Classes 1 a 8 serão tolerados lançamentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>spejos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que, além<strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r<strong>em</strong> ao disposto no Art. 21 <strong>de</strong>sta Resolução, não venham a fazer com que os limitesestabelecidos para as respectivas classes sejam ultrapassados.Art. 20 - Tendo <strong>em</strong> vista os usos fixados para as Classes, os órgãos competentes enquadrarão aságuas e estabelecerão programas <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> poluição para a efetivação dos respectivosenquadramentos, obe<strong>de</strong>cendo ao seguinte:a) o corpo <strong>de</strong> água que, na data <strong>de</strong> enquadramento, apresentar condição <strong>em</strong> <strong>de</strong>sacordo com asua classe (qualida<strong>de</strong> inferior à estabelecida,), será objeto <strong>de</strong> providências com prazo <strong>de</strong>terminadovisando a sua recuperação, excetuados os parâmetros que excedam aos limites <strong>de</strong>vido àscondições naturais;b) o enquadramento das águas fe<strong>de</strong>rais na classificação será procedido pela SEMA, ouvidos oComitê Especial <strong>de</strong> Estudos Integrados <strong>de</strong> Bacias Hidrográfica; - CEEIBH e outras entida<strong>de</strong>spúblicas ou privadas interessadas;c ) o enquadramento das águas estaduais será efetuado pelo órgão estadual competente, ouvidasoutras entida<strong>de</strong>s públicas ou privadas interessadas;d) os órgão competentes <strong>de</strong>finirão as condições especificas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> dos corpos <strong>de</strong> águaintermitentes;e) os corpos <strong>de</strong> água já enquadrados na legislação anterior, na data da publicação <strong>de</strong>staResolução, serão objetos <strong>de</strong> reestudo a fim <strong>de</strong> a ela se adaptar<strong>em</strong>;f) enquanto não for<strong>em</strong> feitos os enquadramentos, as águas doces serão consi<strong>de</strong>radas Classe 2,as salinas Classe 5 e as salobras Classe 7, porém, aquelas enquadradas na legislação anteriorpermanecerão na mesma classe até o reenquadramento;g) os programas <strong>de</strong> acompanhamento da condição dos corpos <strong>de</strong> água seguirão normas eprocedimentos a ser<strong>em</strong> estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA.Art. 21 - Os efluentes <strong>de</strong> qualquer fonte poluidora somente po<strong>de</strong>rão ser lançados, direta ouindiretamente, nos corpos <strong>de</strong> água <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que obe<strong>de</strong>çam às seguintes condições:a) pH entre 5 a 9;b) t<strong>em</strong>peratura : inferior a 40°C, sendo que a elevação <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura do corpo receptor não<strong>de</strong>verá exce<strong>de</strong>r a 3°C;c) materiais sedimentáveis: até 1 ml/litro <strong>em</strong> teste <strong>de</strong> 1 hora <strong>em</strong> cone Imhoff. Para o lançamento<strong>em</strong> lagos e lagoas, cuja velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação seja praticamente nula, os materiaissedimentáveis <strong>de</strong>verão estar virtualmente ausentes;d) regime <strong>de</strong> lançamento com vazão máxima <strong>de</strong> até 1,5 vezes a vazão média do período <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong> diária do agente poluidor;e) óleos e graxas:- óleos minerais até 20 mg/l- óleos vegetais e gorduras animais até 50 mg/l;f) ausência <strong>de</strong> materiais flutuantes;g) valores máximos admissíveis das seguintes substâncias: (anexa lista)h) tratamento especial, se provier<strong>em</strong> <strong>de</strong> hospitais e outros estabelecimentos nos quais haja<strong>de</strong>spejos infectados com microorganismos patogênicos.Art. 22 - Não será permitida a diluição <strong>de</strong> efluentes industriais com aluas não poluídas, tais comoágua. <strong>de</strong> abastecimento, água <strong>de</strong> mar e água <strong>de</strong> refrigeração.Parágrafo Único - Na hipótese <strong>de</strong> fonte <strong>de</strong> poluição geradora <strong>de</strong> diferentes <strong>de</strong>spejos ou <strong>em</strong>issõesindividualizadas, os limites constantes <strong>de</strong>sta regulamentação aplicar-se-ão a cada um <strong>de</strong>les ou aoconjunto após a mistura, a critério do órgão competente.Art. 23 - Os efluentes não po<strong>de</strong>rão conferir ao corpo receptor características <strong>em</strong> <strong>de</strong>sacordo com oseu enquadramento nos termos <strong>de</strong>sta Resolução.Parágrafo Único - Resguardados os padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> do corpo receptor, <strong>de</strong>monstrado porestudo <strong>de</strong> impacto ambiental realizado pela entida<strong>de</strong> responsável pela <strong>em</strong>issão, o competente


155po<strong>de</strong>rá autorizar lançamentos acima dos limites estabelecidos no Art. 21, fixando o tipo <strong>de</strong>tratamento e as condições para esse lançamento.Art. 24 - Os métodos <strong>de</strong> coleta e análise« das águas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser os especificados nas normasaprovadas pelo Instituto Nacional <strong>de</strong> Metrologia, Normatização e Qualida<strong>de</strong> Industrial - INMETROou, na ausência <strong>de</strong>las, no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater APHA-AWWA-WPCF, última edição, ressalvado o disposto no Art. 12. O índice <strong>de</strong> fenóis <strong>de</strong>verá ser<strong>de</strong>termina do conforme o método 510 B do Standard Methods for the Examination of Water andWastewater, 16ª edição, <strong>de</strong> 1985.Art. 25 - As indústrias que, na data da publicação <strong>de</strong>sta Resolução, possuír<strong>em</strong> instalações ouprojetos <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>spejos, aprovados por órgão integrante do Sist<strong>em</strong>a Nacional doMeio Ambiente - SISNAMA. que atendam à legislação anteriormente <strong>em</strong> vigor, terão prazo <strong>de</strong> três(3) anos, prorrogáveis até cinco (5) anos, a critério do Estadual Local, para se enquadrar<strong>em</strong> nasexigências <strong>de</strong>sta Resolução. No entanto, as citadas instalações <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong>verão sermantidas <strong>em</strong> operação com a capacida<strong>de</strong>, condições <strong>de</strong> funcionamento e <strong>de</strong>mais característicaspara as quais foram aprovadas, até que se cumpram as disposições <strong>de</strong>sta Resolução.BALNEABILIDADEArt. 26 - As águas doces, salobras e salinas <strong>de</strong>stinadas à balneabilida<strong>de</strong> (recreação <strong>de</strong> contatoprimário) serão enquadradas e terão sua condição avaliada nas categorias EXCELENTE, MUITOBOA. SATISFATÔRIA e IMPRÓPRIA, da seguinte forma:a) EXCELENTE (3 estrelas) : Quando <strong>em</strong> 80% ou mais <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> amostras obtidas <strong>em</strong>cada uma das 5 s<strong>em</strong>anas anteriores, colhidas no mesmo local, houver, no máximo, 250 coliformesfecais por l,00 mililitros ou 1.250 coliformes totais por 100 mililitros;b) MUITO BOAS (2 estrelas): Quando <strong>em</strong> 80% ou mais <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> amostras obtidas <strong>em</strong>cada uma das 5 s<strong>em</strong>anas anteriores, colhidas no mesmo local, houver, no máximo, 500 coliformesfecais por 100 mililitros ou 2.500 coliformes totais por 100 mililitros;c) SATISFATÓRIAS (1 estrela): Quando <strong>em</strong> 80% ou mais <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> amostras obtidas <strong>em</strong>cada uma das 5 s<strong>em</strong>anas anteriores, colhidas no mesmo local, houver, no máximo 1.000coliformes fecais por 100 mililitros ou 5.000 coliformes totais por 100 mililitros;d) IMPRÓPRIAS: Quando ocorrer, no trecho consi<strong>de</strong>rado, qualquer uma das seguintescircunstâncias:1. não enquadramento <strong>em</strong> nenhuma das categorias anteriores, por ter<strong>em</strong> ultrapassado os índicesbacteriológicos nelas admitidos;2. ocorrência, na região, <strong>de</strong> incidência relativamente elevada ou anormal <strong>de</strong> enfermida<strong>de</strong>stransmissíveis por via hídrica, a critério das autorida<strong>de</strong>s sanitárias;3. sinais <strong>de</strong> poluição por esgotos, perceptíveis pelo olfato ou visão;4. recebimento regular, intermitente ou esporádico, <strong>de</strong> esgotos por intermédio <strong>de</strong> valas, corposd'água ou canalizações, inclusive galerias <strong>de</strong> águas pluviais, mesmo que seja <strong>de</strong> forma diluída;5. presença <strong>de</strong> resíduos ou <strong>de</strong>spejos, sólidos ou líquidos, inclusive óleos, graxas e outrassubstâncias, capazes <strong>de</strong> oferecer riscos à saú<strong>de</strong> ou tornar <strong>de</strong>sagradável a recreação;6. pH menor que 5 ou maior que 8,5 ;7. presença, na água, <strong>de</strong> parasitas que afet<strong>em</strong> o hom<strong>em</strong> ou a constatação da existência <strong>de</strong> seushospe<strong>de</strong>iros intermediários infectados;8. presença, nas águas doces, <strong>de</strong> moluscos transmissores potenciais <strong>de</strong> esquistossomo, caso <strong>em</strong>que os avisos <strong>de</strong> interdição ou alerta <strong>de</strong>verão mencionar especificamente esse risco sanitário;9. outros fatores que contra-indiqu<strong>em</strong>, t<strong>em</strong>porariamente ou permanent<strong>em</strong>ente, o exercício darecreação <strong>de</strong> contato primário.Art. 27 - No acompanhamento da condição das praias ou balneários as categorias EXCELENTE,MUITO BOA e SATISFATÓRIA po<strong>de</strong>rão ser reunidas numa única categoria <strong>de</strong>nominadaPRÓPRIA.Art. 28 - Se a <strong>de</strong>terioração da qualida<strong>de</strong> das praias ou balneários ficar caracterizada como<strong>de</strong>corrência da lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> vias públicas pelas águas da chuva, ou como conseqüência <strong>de</strong> outra


156causa qualquer, essa circunstância <strong>de</strong>verá ser mencionada no Boletim <strong>de</strong> condição das praias ebalneários.Art. 29 - A coleta <strong>de</strong> amostras será feita, preferencialmente, nos dias <strong>de</strong> maior afluência do públicoàs praias ou balneários.Art. 30 - Os resultados dos exames po<strong>de</strong>rão, também, se referir a períodos menores que 5s<strong>em</strong>anas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que cada um <strong>de</strong>sses períodos seja especificado e tenham sido colhidas eexaminadas, pelo menos, 5 amostras durante o t<strong>em</strong>po mencionado.Art. 31 - Os exames <strong>de</strong> colimetria, previstos nesta Resolução, s<strong>em</strong>pre que possível, serão feitospara a i<strong>de</strong>ntificação e contag<strong>em</strong> <strong>de</strong> coliformes fecais, sendo permitida a utilização <strong>de</strong> índicesexpressos <strong>em</strong> coliformes totais, se a i<strong>de</strong>ntificação e contag<strong>em</strong> for<strong>em</strong> difíceis ou impossíveis.Art. 32 - À beira mar, a coleta <strong>de</strong> amostra para a <strong>de</strong>terminação do número <strong>de</strong> coliformes fecais outotais <strong>de</strong>ve ser, <strong>de</strong> preferência, realizada nas condições <strong>de</strong> maré que apresent<strong>em</strong>,costumeiramente, no local, contagens bacteriológicas mais elevadas.Art. 33 - As praias e outros balneários <strong>de</strong>verão ser interditados se o órgão <strong>de</strong> controle ambiental,<strong>em</strong> qualquer dos seus níveis (Municipal, Estadual ou Fe<strong>de</strong>ral), constatar que a má qualida<strong>de</strong> daságuas <strong>de</strong> recreação primária justifica a medida.Art. 34 - S<strong>em</strong> prejuízo do disposto no artigo anterior, s<strong>em</strong>pre que houver uma afluência ouextravasamento <strong>de</strong> esgotos capaz <strong>de</strong> oferecer sério perigo <strong>em</strong> praias ou outros balneários, otrecho afetado <strong>de</strong>verá ser sinalizado, pela entida<strong>de</strong> responsável, com ban<strong>de</strong>iras vermelhasconstando a palavra POLUÍDA <strong>em</strong> cor negra.DISPOSIÇÕES GERAISArt. 35 - Aos órgãos <strong>de</strong> controle ambiental compete a aplicação <strong>de</strong>sta Resolução, cabendo-lhes afiscalização para o cumprimento da legislação, b<strong>em</strong> como a aplicação das penalida<strong>de</strong>s previstas,inclusive a interdição <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s industriais poluidoras.Art. 36 - Na inexistência <strong>de</strong> entida<strong>de</strong> estadual encarregada do controle ambiental ou se, existindo,apresentar falhas, omissões ou prejuízo sensíveis aos usos estabelecidos para as águas, aSecretaria Especial do Meio Ambiente po<strong>de</strong>rá agir diretamente, <strong>em</strong> caráter supletivo.Art. 37 - Os estaduais <strong>de</strong> controle ambiental manterão a Secretaria Especial do Meio Ambienteinformada sobre os enquadramentos dos corpos <strong>de</strong> água que efetuar<strong>em</strong>, b<strong>em</strong> como das normas epadrões compl<strong>em</strong>entares que estabelecer<strong>em</strong>.Art. 38 - Os estabelecimentos industriais, que causam ou possam causar poluição das águas,<strong>de</strong>v<strong>em</strong> informar ao órgão <strong>de</strong> controle ambiental, o volume e o tipo <strong>de</strong> seus efluentes, osequipamentos e dispositivos antipoluidores existentes, b<strong>em</strong> como seus planos <strong>de</strong> ação <strong>de</strong><strong>em</strong>ergência, sob pena das sanções cabíveis, ficando o referido órgão obrigado a enviar cópia<strong>de</strong>ssas informações ao IBAMA, à STI (MIC), ao IBGE (SEPLAN) e ao DNAEE (MME).Art. 39 - Os Estados, Territórios e o Distrito Fe<strong>de</strong>ral, através dos respectivos órgãos <strong>de</strong> controleambiental, <strong>de</strong>verão exercer sua ativida<strong>de</strong> orientadora, fiscalizadora e punitiva das ativida<strong>de</strong>spotencialmente poluidoras instaladas <strong>em</strong> seu território, ainda que os corpos <strong>de</strong> água prejudicadosnão sejam <strong>de</strong> seu domínio ou jurisdição.Art. 40 - O não cumprimento ao disposto nesta Resolução acarretará aos infratores as sançõesprevistas na Lei nº 6.938, <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1981, e sua regulamentação pelo Decreto nº 88.351,<strong>de</strong> 01 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1983.Art. 41 - Esta Resolução entrará <strong>em</strong> vigor na data <strong>de</strong> sua publicação, revogadas as disposições<strong>em</strong> contrário.Deni Lineu SchwartzPresi<strong>de</strong>nte


Anexo B - Diagramas típicos <strong>de</strong> tratamentos biológicos <strong>de</strong> efluentes:157


158Anexo C - Diagramas dos processos usuais <strong>de</strong> Lodos Ativados.Diagramas dos processos <strong>de</strong> lodos ativados nas variantes mais usuais para<strong>de</strong>puração <strong>de</strong> efluentes urbanos e industriais.Afluente Reator aeróbio Decantador EfluenteRetorno <strong>de</strong> lodoa) Fluxo <strong>de</strong> pistãob) Mistura completaSeletorc) Lodo ativado com seletorFonte: Material apresentado <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula: Monteggia, 2002


159Anexo D – Arranjos típicos <strong>de</strong> estágios para instalações CBR.Anexo B - Diagramas típicos <strong>de</strong> tratamentos biológicos <strong>de</strong> efluentes


160Anexo E - Ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> dimensionamento preliminar <strong>de</strong> um CBR <strong>em</strong>planilha Excell


161


162Anexo F - Vertedouro triangular para medição da vazãoVERTEDOUROTRIANGULARq = k x H 5/2 ( m 3 /h )θ k = 0,793 k = 1,376h θ = 60º θ = 90ºH (cm) q (m 3 /h) q (m 3 /h)1,00 0,029 0,0501,50 0,079 0,1372,00 0,161 0,2802,50 0,282 0,4903,00 0,445 0,7723,50 0,654 1,1354,00 0,914 1,5854,50 1,226 2,1285,00 1,596 2,7695,50 2,025 3,5146,00 2,517 4,3686,50 3,075 5,3367,00 3,701 6,4227,50 4,398 7,6318,00 5,168 8,9678,50 6,013 10,4349,00 6,937 12,0379,50 7,941 13,77910,00 9,028 15,665


Anexo G – Fluxo <strong>de</strong> Caixa Incr<strong>em</strong>ental163


164


UFBAUNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAESCOLA POLITÉCNICADEPTº DE ENGENHARIA AMBIENTAL - DEAMESTRADO PROFISSIONAL EM GERENCIAMENTO E TECNOLOGIASAMBIENTAIS NO PROCESSO PRODUTIVORua Aristi<strong>de</strong>s Novis, 02, 4º andar, Fe<strong>de</strong>ração, Salvador BACEP: 40.210-630Tels: (71) 235-4436 / 203-9798Fax: (71) 203-9892E-mail: cteclim@ufba.brHome page: http://www.teclim.ufba.br

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