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Aplicação de Conceitos da Ecologia Industrial para a ... - TECLIM

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iiiMARCELO GERALDO TEIXEIRAAPLICAÇÃO DE CONCEITOS DA ECOLOGIAINDUSTRIAL PARA A PRODUÇÃO DEMATERIAIS ECOLÓGICOS:O EXEMPLO DO RESÍDUO DE MADEIRADissertação apresenta<strong>da</strong> ao Curso <strong>de</strong> pósgraduaçãoem Gerenciamento e TecnologiaAmbiental no Processo Produtivo, EscolaPolitécnica, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> Bahia,como requisito parcial <strong>para</strong> obtenção dograu <strong>de</strong> MestreOrientador: Prof. Dr. Sandro Fábio CésarSALVADOR2005


ivT2661a Teixeira, Marcelo Geraldo<strong>Aplicação</strong> <strong>de</strong> conceitos <strong>da</strong> ecologia industrial <strong>para</strong> aprodução <strong>de</strong> materiais ecológicos: o exemplo do resíduo <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira./ Marcelo Geraldo Teixeira. – Salvador, 2005.159 p.Orientador: Dr. Sandro Fábio CésarDissertação (Mestrado em Gerenciamento eTecnologias Ambientais no Processo Produtivo). –Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> Bahia. Escola Politécnica, 2005.1. Indústria Ma<strong>de</strong>ireira – Tecnologia. 2. Ma<strong>de</strong>ira -Reciclagem I. Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> Bahia. EscolaPolitécnica II. César, Sandro Fábio. III. Título.CDD 674ESTE TRABALHO ESTÁ FORMATADO PARA IMPRESSÃO FRENTE / VERSOPERMITIDA A CÓPIA TOTAL OU PARCIAL DESTE DOCUMENTODESDE QUE CITADA A FONTE – O AUTOR


vUFBA - UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAESCOLA POLITÉCNICADEPTº DE ENGENHARIA AMBIENTAL - DEAMESTRADO PROFISSIONAL EM GERENCIAMENTO E TECNOLOGIAS AMBIENTAIS NO PROCESSO PRODUTIVOTERMO DE APROVAÇÃO:Marcelo Geraldo TeixeiraAPLICAÇÃO DE CONCEITOS DA ECOLOGIAINDUSTRIAL PARA A PRODUÇÃO DE MATERIAIS ECOLÓGICOS:O EXEMPLO DO RESÍDUO DE MADEIRADissertação aprova<strong>da</strong> como requisito <strong>para</strong> obtenção do grau <strong>de</strong> Mestreem Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo –Ênfase em Produção Limpa, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> Bahia, pelaseguinte banca examinadoraSalvador, 16 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2005


viiDedico àMeus pais, Marli e Itaraci;Minha esposa I<strong>da</strong>lícia;Minha filha Juliana;E minha Irmã IsaMinha famíliaMeu tesouro


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ixAGRADECIMENTOSEsse trabalho, fruto <strong>da</strong> minha busca pelo conhecimento, coincidiu com momentos <strong>de</strong>cisivos naminha vi<strong>da</strong>, portanto o apoio sincero <strong>de</strong> algumas pessoas foi muito importante <strong>para</strong> a conclusãodo mesmo. A lista <strong>de</strong> nomes é imensa, mas seleciono aqui as pessoas <strong>de</strong>terminantes:Minha mãe, Prof a Marli, pelo incentivo página a página <strong>de</strong>ste trabalho;À minha esposa I<strong>da</strong>lícia, sua mãe Dona Dulce e seu pai, Seu Edgar (In memorian);Aos primos <strong>de</strong> São Paulo, em especial Tia Emília, Tio Walter, Clauber e Gabi;Ao <strong>TECLIM</strong> pela oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ste mestradoAo Prof. Orientador Sandro Fábio pela excelente orientação;Aos Srs. Paulo Venturoli, <strong>da</strong> CMVenturoli, e José Sobrinho <strong>da</strong> BAKAR Fiberglass, que acreditaramneste trabalho e abriram as respectivas empresas à pesquisa;Ao pessoal do SENAI-CIMATEC Salvador, Departamento <strong>de</strong> Metrologia, Marcelo Barreto e FátimaBa<strong>da</strong>ró, que forneceram um gran<strong>de</strong> apoio nos ensaios <strong>de</strong> laboratório.Ao Professor Sandro Machado, DCTM - UFBA, pela gran<strong>de</strong> aju<strong>da</strong> nos ensaios <strong>de</strong> flexão.Aos professores José Geraldo, Ricardo Carvalho, ambos <strong>da</strong> UFBA, e Paulo Fernando, <strong>da</strong> UNEB,que contribuíram com discussões importantes e Luis Eduardo Bragatto <strong>da</strong> USP-EESC com parte<strong>da</strong> bibliografia usa<strong>da</strong>.À Profa. Rita Dione pela correção <strong>da</strong> monografia.Ao pessoal <strong>da</strong> Solução Visual que me aju<strong>da</strong>ram nas cópias e impressões durante to<strong>da</strong> a jorna<strong>da</strong>;Ao Sr. Sílvio Roberto, <strong>da</strong> metalúrgica Ycaro Victal, pelo excelente trabalho na mini-prensa.


xiNão há pecado maiorDo que o excesso <strong>da</strong> ganância.Não há mal maiorDo que querer sempre mais.Não há maior calami<strong>da</strong><strong>de</strong>Do que a mania do sucesso.Quem se contenta com o necessárioVive numa paz imperturbável.Lao Tsé


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xiiiRESUMOEssa dissertação tem como objetivo <strong>de</strong>monstrar a aplicação <strong>de</strong> conceitos <strong>da</strong><strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong> na produção <strong>de</strong> um material compósito ecológicobaseado no resíduo <strong>de</strong> indústrias ma<strong>de</strong>ireiras. Na busca por este materialecológico, foram usados os conceitos <strong>de</strong> Eco-eficiência, Circulação <strong>de</strong>Recursos, Eco-Design e Análise do Ciclo <strong>de</strong> Vi<strong>da</strong>, conceitos estes contidosno conceito maior <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong> que busca formas eficientes <strong>de</strong>prevenção <strong>da</strong> poluição e <strong>de</strong>fesa do meio ambiente. O objeto <strong>da</strong> pesquisa foio resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira na forma <strong>de</strong> serragem, pó <strong>de</strong> serra e maravalha,oriundo <strong>de</strong> uma empresa beneficiadora <strong>de</strong> toras <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, e aqui<strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> como Processo Produtivo I. O resíduo foi classificado ereciclado como carga <strong>para</strong> resina <strong>de</strong> poliéster insaturado, usa<strong>da</strong> numasegun<strong>da</strong> empresa, <strong>de</strong> plásticos reforçados, aqui <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> como ProcessoProdutivo II. Essa relação entre processos produtivos através do uso <strong>de</strong>serragem recicla<strong>da</strong> configurou-se como uma aplicação prática <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong><strong>Industrial</strong>. Na mistura <strong>de</strong> serragem com resina <strong>de</strong> poliéster surgiu ummaterial compósito <strong>de</strong>nominado WPC – wood plastic composite – em 14traços diferentes, formulados <strong>de</strong> acordo com a granulometria e porcentagem<strong>de</strong> 10% e 20%. Estes traços foram mol<strong>da</strong>dos em corpos <strong>de</strong> prova segundoo processo <strong>de</strong> prensagem a frio e em segui<strong>da</strong> testados em três ensaios,seguido as normas técnicas brasileiras: o ensaio <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> água,baseado na norma NBR 8514, o ensaio <strong>de</strong> dureza Shore D, baseado nanorma NBR 7456 e o ensaio <strong>de</strong> flexão em três pontos basea<strong>da</strong> na normaNBR 7447. Os resultados mostraram que o compósito permite oaproveitamento <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 95% <strong>da</strong> serragem na forma <strong>de</strong> carga <strong>para</strong>resinas <strong>de</strong> poliéster. Os ensaios mostraram que a absorção <strong>de</strong> água é muitoinferior à <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira sóli<strong>da</strong>, que a serragem diminuiu muito pouco a dureza<strong>da</strong> matriz <strong>de</strong> poliéster, que aumentou mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>mente a resistência à flexão<strong>da</strong> matriz e que também aumentou sua rigi<strong>de</strong>z. Apesar <strong>de</strong> análises <strong>de</strong>viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> ténico-econômica serem necessárias, conclui-se que o uso <strong>de</strong>serragem recicla<strong>da</strong> é uma maneira eco-eficiente tanto na diminuição <strong>de</strong>resíduos sólidos industriais quanto na obtenção <strong>de</strong> carga e reforço <strong>para</strong>resinas plásticas, po<strong>de</strong>ndo contribuir <strong>para</strong> a diminuição do montante doresíduo <strong>de</strong> indústrias ma<strong>de</strong>ireiras.PALAVRAS CHAVE:<strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong>, serragem <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, reciclagem, eco-compósito.


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xvABSTRACTThis dissertation has as an objective to <strong>de</strong>monstrate the application ofindustrial ecology concepts in the production of an eco-composite materialbased on the residues of wood industries. In or<strong>de</strong>r to have these ecologicalmaterial concepts, such as: eco-efficiency, resources circulation, eco-<strong>de</strong>signand life cycle analysis have been used. These concepts are part of a biggerconcept – ecological industrial – that aims efficient ways to preventenvironment from pollution.The object of this research was the residue ofwood waste and “maravalha”. These residues came from a company of woodlogs <strong>de</strong>nominated as a Productive Process I. The residue was classified andrecycled as a refill of resin of unsaturated polyester, used in a secondcompany, specialized in reinforced plastic, <strong>de</strong>nominated as ProductiveProcess II. This relation between productive processes through the use ofrecycled wood waste configured as practical application of industrial ecology.The mixture of wood waste and resin of polyester produced a compositematerial <strong>de</strong>nominated WPC – wood plastic composite – with 14 differentfeatures, formulated according to particles size distribution and percentage of10 and 20% These features were moun<strong>de</strong>d in specimens according to couldpress moulding process, after that tested in 3 studies following the NBR: thewater absorption study, based on the NBR 8514, the hardness study ShoreD., based on the NBR 7456 and the tensile study at 3 ways based on theNBR 7447. The results showed that the composite allows the utilization ofabout 95% of wood waste in filler of polyester resin. The studies also showedthat the water absorption is much lower than solid wood absorption, the woodwaste hasn´t <strong>de</strong>creased much the hardness of polyester matrix, thatincreased the resistance of tensile of the matrix and it increased its rigidity,as well. Despite of the analyses of the technical – economical viability werenecessary, we came to the conclusion that the use of wood waste recycled isan eco-efficient way for the reduction of solid industrial residues, and for theobtaining of filler and reinforcement for plastic resins, contributing to thereduction of the amount of wood industries residue.KEY WORDS:<strong>Industrial</strong> ecology, wood waste, recycling, eco - composite


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xviiSUMÁRIORESUMOABSTRACTLISTA DE FIGURASLISTA DE TABELASABREVIAÇÕESSIMBOLOSXIIIXVXXIXXIIIXXVXXVINTRODUÇÃO 1PROBLEMATIZAÇÃO 3PROBLEMA 5OBJETIVOS 5Objetivo Geral 5Objetivos Específicos 5JUSTIFICATIVAS 6METODOLOGIA 6Natureza <strong>da</strong> Pesquisa 6Etapas <strong>da</strong> metodologia aplica<strong>da</strong> na pesquisa 7LIMITES DA PESQUISA 8ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO 8CAPÍTULO 1 - ECOLOGIA INDUSTRIAL 91.1 - A PROPOSTA DAS TECNOLOGIAS LIMPAS. 91.2 - CONCEITOS DA ECOLOGIA INDUSTRIAL USADOS NA PESQUISA 111.2.1 - Eco-Eficiência 121.2.2 - Circulação <strong>de</strong> Recursos 131.2.3 - Análise do Ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> 141.2.4 - Eco-Design 151.3 - REQUISITOS DO ECO-DESIGN 161.3.1 - Atuação do Eco-Design no ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> do produto 19CAPÍTULO 2 - A MADEIRA: INDÚSTRIA E RESÍDUOS 232.1 - A MADEIRA COMO RECURSO FLORESTAL 232.2 - CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DO DESMATAMENTO 242.3 - A EXPLORAÇÃO DA MADEIRA NO BRASIL 252.4 - CARACTERÍSTICAS DA MADEIRA 272.4.1 - Origem <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira 272.4.2 - Componentes <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira 282.4.3 - Componentes do tronco 282.4.4 - Vantagens e <strong>de</strong>svantagens do uso <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira como material 292.5 - PRODUTOS E PAINÉIS DE MADEIRA 292.5.1 - Ma<strong>de</strong>ira sóli<strong>da</strong> serra<strong>da</strong> 302.5.2 - Ma<strong>de</strong>ira reconstituí<strong>da</strong> 302.6 - GERAÇÃO DOS RESÍDUOS INDUSTRIAIS DE MADEIRA 332.6.1 - Uso tradicional do resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira 36


xviiiCAPÍTULO 3 - APLICAÇÃO DO RESÍDUO DE MADEIRA: MATERIAIS,PROCESSOS E PRODUTOS 393.1 - REVISÃO DO USO DE RESÍDUOS DE MADEIRA EM PRODUTOSINDUSTRIAIS 393.1.1 - Chapas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira aglomera<strong>da</strong> 393.1.2 - Compósitos <strong>de</strong> matriz cimentícia 413.1.3 - Compósitos <strong>de</strong> matriz polimérica 413.2 - MATERIAIS ECO-EFICIENTES 443.2.1- Classificação dos materiais eco-eficientes 453.3 - ECO-COMPÓSITOS 463.3.1 - Definição <strong>de</strong> compósitos 463.3.2 - Definição <strong>de</strong> Eco-compósito 473.3.3 - Reforços 473.3.4 - Matrizes poliméricas 503.3.4.1 - Reaproveitamento <strong>de</strong> resíduos poliméricos 523.4 - WPC - COMPÓSITOS BASEADOS EM MADEIRA 533.4.1 - A eco-eficiência do WPC 553.5 - DESCRIÇÃO DAS MATRIZES POLIMÉRICAS USADAS NA PESQUISA 593.5.1 - Resina <strong>de</strong> Poliéster Insaturado 593.6 - METODOLOGIA DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO 603.6.1 – Processos <strong>de</strong> Mol<strong>de</strong> Aberto 613.6.2 - Processos <strong>de</strong> Mol<strong>de</strong> Fechado 613.6.3 - Etapas <strong>da</strong> prensagem a frio 643.6.4 - Etapas <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s 65CAPÍTULO 4 – MATERIAIS E MÉTODOS 674.1 - O PROCESSO DE PRODUÇÃO DAS FÁBRICAS ESTUDADAS 684.1.1- Processo produtivo 01 - Indústria <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira serra<strong>da</strong> 694.1.2- Processo produtivo 02 – Indústria <strong>de</strong> plásticos reforçados 704.2 – FASE I - MATERIAIS 714.2.1 – Coleta e caracterização dos resíduos 714.2.2 - Reciclagem e classificação dos resíduos coletados 754.2.2.1- Secagem e medição <strong>da</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> serragem 754.2.2.2 - Classificação granulométrica <strong>da</strong> serragem 764.2.3 - Resina usa<strong>da</strong> 774.2.4 - Determinação dos traços 774.3- FASE II - MOLDAGEM DOS CORPOS DE PROVA 784.3.1 - Escolha dos ensaios 784.3.2 - Confecção dos corpos <strong>de</strong> prova 784.4 - FASE III - ENSAIOS 824.4.1 - Absorção <strong>de</strong> água 824.4.2 - Dureza Shore D 824.4.3 - Flexão <strong>de</strong> 3 pontos 83


xixCAPÍTULO 5 – ANÁLISE E RESULTADOS 855.1 - RESULTADOS FASE I - Reciclagem 855.1.1 - Secagem 855.1.2 - Peneiramento 865.1.3 - Comentário final <strong>da</strong> FASE I 915.2 - RESULTADOS FASE II - Mol<strong>da</strong>gem 915.2.1 - Limites <strong>da</strong> mistura 925.2.2 - Comentário final <strong>da</strong> FASE II 935.3 - RESULTADOS FASE III - Ensaios 935.3.1 Absorção <strong>de</strong> água 935.3.2 - Dureza Shore D 965.3.3 – Flexão <strong>de</strong> 3 pontos 985.3.4 - Comentário final <strong>da</strong> FASE III 1035.4 - COMPARAÇÃO COM MATERIAIS SEMELHANTES 103CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES 1056.1 - RECICLAGEM 1056.2 - MOLDAGEM 1056.2 - PROPRIEDADES FISICAS E MECÂNICAS 1066.3 - AS PARTÍCULAS GRANDES 1076.4 - ECOLOGIA INDUSTRIAL 1076.5 - SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS 108REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 109REFERÊNCIAS 109BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 119ANEXOS 121ANEXO I BOLETIM TÉCNICO CRAY VALLEY 123ANEXO II FICHA DE EMERGÊNCIA DINU 125ANEXO III MINI-PRENSA DE MESA 127ANEXO IVDETERMINAÇÃO DA PORCENTAGEM DE SERRAGEM RECICLADA NAMISTURA DO COMPÓSITO. 129ANEXO V MENSAGEM ELETRÔNICA DA DURATEX ® 131


xxiLISTA DE FIGURASFIG 01 - Sistema linear <strong>de</strong> produção e consumo 9FIG 02 - Evolução tecnológica <strong>da</strong> prevenção <strong>da</strong> poluição 10FIG 03 - Gráfico conceitual <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong> 13FIG 04 - Ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> do produto e intervenção do Eco-<strong>de</strong>sign na ca<strong>de</strong>ia produtiva 19FIG 05 - Países com a maioria <strong>da</strong> área florestal mundial, em porcentagem 23FIG 06 - Ca<strong>de</strong>ia industrial <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira 26FIG 07 - Cama<strong>da</strong>s do tronco <strong>de</strong> árvore 28FIG 08 - Panorama mundial <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> aglomerados e MDF em 2002 29FIG 09 - Produção <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira serra<strong>da</strong> 30FIG 10 - Ven<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s principais chapas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira reconstituí<strong>da</strong> no Brasil 33FIG 11 - Etapas <strong>da</strong> industrialização e resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira 34FIG 12 - Maneiras <strong>de</strong> valorização do resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira 38FIG 13 - Mesa Piano e Porta Lápis 40FIG 14 - Classificação <strong>da</strong>s cargas quanto a composição 48FIG 15 - Classificação <strong>da</strong>s fibras quanto a composição 48FIG 16 - Contextualização do WPC 55FIG 17 - Ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> do WPC baseado no esquema do item 1.3.1 56FIG 18 - Processo <strong>de</strong> fabricação HAND-LAY-UP 61FIG 19 - Processo <strong>de</strong> fabricação SPRAY-UP 61FIG 20 - Processo <strong>de</strong> fabricação RTM 62FIG 21 - Processo <strong>de</strong> fabricação HPM 62FIG 22 - Processo <strong>de</strong> fabricação CPM 63FIG 23 - Etapas do processo <strong>de</strong> prensagem a frio 64FIG 24 - Fabricação <strong>de</strong> mol<strong>de</strong> em plástico reforçado 65FIG 25 - Planejamento experimental 67FIG 26 - Relação entre as empresas na fase experimental 68FIG 27 - Geração <strong>de</strong> resíduos no processo <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira serra<strong>da</strong> nasmáquinas73FIG 28 - Silo <strong>de</strong> estocagem <strong>da</strong> serragem 74FIG 29 - Tocos <strong>de</strong> <strong>de</strong>stopo, sobras e rejeitos 74FIG 30 - Procedimento <strong>da</strong> classificação granulométrica 76FIG 31 - Dimensões dos Corpos <strong>de</strong> Prova em mm 79FIG 32 - Seqüência do procedimento <strong>de</strong> mistura do compósito e <strong>de</strong> fabricação doscorpos <strong>de</strong> prova79FIG 33 - Plugs e Mol<strong>de</strong>s CP1 e CP2 80FIG 34 - Ingredientes <strong>da</strong> fabricação dos CP's 80FIG 35 - Procedimento <strong>de</strong> fabricação dos Corpos <strong>de</strong> Prova 81FIG 36 - Ensaio <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> água 82


xxiiFIG 37 - Esquema do ensaio <strong>de</strong> Dureza Shore 83FIG 38 - Esquema do ensaio <strong>de</strong> flexão 84FIG 39 - Ensaio <strong>de</strong> Flexão <strong>de</strong> 3 pontos 84FIG 40 - Gráfico <strong>da</strong> porcentagem <strong>de</strong> resíduo por máquina segundo a classificaçãogranulométrica87FIG 41 - Curva Granulométrica do resíduo coletado 87FIG 42 Imagens do resultado <strong>da</strong> classificação granulométrica por máquina 88FIG 43 - Classificação granulométrica final do resíduo 90FIG 44 - Detalhe <strong>de</strong> todos os traços em escala 1/1 92FIG 45 - Limites <strong>da</strong> misturas dos traços 93FIG 46 - Gráfico <strong>da</strong> absorção <strong>de</strong> água <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 15 dias <strong>de</strong> imersão baseadoTABELA 2595FIG 47 - Gráfico <strong>da</strong> absorção <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> durante 15 dias - 20 medições 95FIG 48 - Equivalência entre escalas SHORE 96FIG 49 - Gráfico com<strong>para</strong>tivo <strong>da</strong> Dureza Shore D entre os traços 98FIG 50 - Gráficos do <strong>de</strong>sempenho mecânico dos traços 99FIG 51 - Região <strong>de</strong> fratura nos traços com partículas grossas 102FIG 52 - Cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> proteção Gel-Coat 103


xxiiiLISTA DE TABELASTABELA 01 - Fatores <strong>da</strong> Eco-Eficiência 12TABELA 02 - Critérios gerais <strong>de</strong> Design 16TABELA 03 - Critérios <strong>de</strong> Design <strong>para</strong> requisitos ambientais 17TABELA 04 - Tipos <strong>de</strong> DfX 18TABELA 05 - Conseqüências do <strong>de</strong>smatamento 24TABELA 06 - Consumo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira industrial em toras no Brasil no ano <strong>de</strong> 2000 25TABELA 07 - Total <strong>de</strong> áreas planta<strong>da</strong>s em Pinus e Eucalyptus 26TABELA 08 - Subdivisões <strong>da</strong>s árvores 27TABELA 09 - Cama<strong>da</strong>s do tronco <strong>de</strong> árvore 28TABELA 10 - Vantagens e <strong>de</strong>svantagens <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira como material 29TABELA 11 - Classificação e <strong>de</strong>scrição <strong>da</strong>s ma<strong>de</strong>iras reconstituí<strong>da</strong>s 31TABELA 12 - Discriminação dos resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira 35TABELA 13 - Uso tradicional dos resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira 37TABELA 14 - Alguns produtos construídos com eco-compósitos 43TABELA 15 - Valores <strong>de</strong> energia incorpora<strong>da</strong> em materiais comuns 45TABELA 16 - Classificação dos materiais quanto a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>reintegraçãoTABELA 17 - Algumas fibras vegetais usa<strong>da</strong>s em compósitos 49TABELA 18 - Vantagens e <strong>de</strong>svantagens <strong>da</strong>s fibras naturais em compósitos 49TABELA 19 - Organização dos requisitos ambientais <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong> <strong>para</strong>materiais <strong>de</strong> fabricaçãoTABELA 20 - Discriminação <strong>da</strong> serragem quanto às máquinas <strong>de</strong> beneficiamento 59TABELA 21 - Resultado <strong>da</strong> medição <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> serragem 72TABELA 22 - Coleta dos resíduos <strong>para</strong> medição <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> por máquina 75TABELA 23 - Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> do resíduo coletado <strong>para</strong> a classificação granulométrica 76TABELA 24 - Classificação e <strong>de</strong>scrição final <strong>da</strong> serragem 77TABELA 25 - Traços experimentais do ECO-WPC 78TABELA 26 - Resultado <strong>da</strong> medição <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> serragem 85TABELA 27 - Resultado <strong>da</strong> peneiração seletiva 86TABELA 28 - Calculo <strong>da</strong> porcentagem total dos resíduos por granulometria 90TABELA 29 - Classificação e <strong>de</strong>scrição final <strong>da</strong> serragem 90TABELA 30 - Porcentagem e quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> água absorvi<strong>da</strong> <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 15 dias <strong>de</strong> 94imersãoTABELA 31 - Resultado do ensaio <strong>de</strong> dureza SHORE D 97TABELA 32 - Desempenho mecânico do ensaio <strong>de</strong> flexão em 3 pontos 99TABELA 33 - Com<strong>para</strong>ção entre o WPC estu<strong>da</strong>do e materiais semelhantes 1044658


xxiv


ABREVIAÇÕESxxvABIMCIABNTABSACVCCACETRELCNSLCPCPMDCEDCTMDfEHBHPMIBAMAICMELABMADMDFOSBPBPETPIPRFVPUPVAPVCRSMRTMSPMPUFBAWPCWWF- Associação Brasileira <strong>da</strong> Indústria <strong>de</strong> Ma<strong>de</strong>ira Processa<strong>da</strong> Mecanicamente- Associação Brasileira <strong>de</strong> Normas Técnicas- Acrilonitrila Butadieno Estireno- Análise do Ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>- Chromated Copper Arsenate (Arsenato <strong>de</strong> cobre cromatado)- Central <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Efluentes Líquidos- Cashew Nut Shell Liquid (Líquido <strong>da</strong> castanha do caju)- Corpo <strong>de</strong> Prova- Could Press Moulding (Mol<strong>da</strong>gem por prensagem a frio)- Departamento <strong>de</strong> Construção e Estruturas - UFBA- Departamento <strong>de</strong> Ciências e Tecnologia dos Materiais - UFBA- Design for Environment (Design orientado ao meio-ambiente)- Hard Board (Chapa dura)- Hot press molding (Mol<strong>da</strong>gem por prensagem a quente)- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaveis- International Council on Metals and the Environment (Conselho Internacionalem metais e meio-ambiente)- laboratório <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira - UFBA- Médium Density Fiberboard (Chapas <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> média <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong>)- Oriented Strand Board (Chapa <strong>de</strong> flocos orientados)- Particule Board (Chapa <strong>de</strong> partículas)- Polietileno Tereftalato- Poliéster Insaturado- Plástico Reforçado com Fibra <strong>de</strong> Vidro- Poliuretano- Poliálcool Vinílico- Policloreto <strong>de</strong> Vinila- Reforço <strong>de</strong> Serragem <strong>de</strong> Ma<strong>de</strong>ira- Resin transfer molding (Mol<strong>da</strong>gem por transferência <strong>de</strong> resina)- Syndicat <strong>de</strong>s Producteurs <strong>de</strong> Matières Plastiques (Sindicato dos Produtores <strong>de</strong>materiais plásticos)- Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> Bahia- Wood plastic composites (Compósitos <strong>de</strong> plástico com ma<strong>de</strong>ira)- Wood Wast Flour (Farinha <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira)SIMBOLOS - Imagem Inexistente


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10INTRODUÇÃOA crescente necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> preservação ambiental tem levado à adoção <strong>de</strong>tecnologias que utilizam os recursos naturais <strong>de</strong> maneira mais econômica e menos<strong>de</strong>struidora. Ao mesmo tempo, buscam-se soluções <strong>para</strong> diminuição ou mesmoeliminação <strong>de</strong> resíduos industriais, principalmente os classificados como tóxicos eperigosos.A indústria <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira vista <strong>de</strong> maneira global usa os recursos naturais <strong>de</strong> maneiraineficiente, tanto na obtenção <strong>da</strong> matéria prima, quanto na fase <strong>de</strong> produção dosprodutos, como também no <strong>de</strong>scarte dos produtos no fim <strong>de</strong> sua vi<strong>da</strong> útil, significandouma gran<strong>de</strong> exploração dos recursos ma<strong>de</strong>ireiros principalmente <strong>da</strong>s florestas nativas,levando a gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>vastação <strong>de</strong>sses recursos, e a gran<strong>de</strong> geração <strong>de</strong> resíduos é a prova<strong>de</strong>sta ineficiência.FREITAS (2000) afirma que “segundo o IBAMA, o aproveitamento <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a árvorepelas indústrias ma<strong>de</strong>ireiras, está em torno <strong>de</strong> 30% a 60%, variando <strong>de</strong> empresa <strong>para</strong>empresa”. Este <strong>da</strong>do é reforçado pelo Greenpeace que afirma que “a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ireiraapresenta índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>sperdício incríveis. 2/3 <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as árvores explora<strong>da</strong>s naAmazônia viram sobras ou serragem” (GREENPEACE, 1999. p. 2). Ou seja, apenas 1/3<strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira extraí<strong>da</strong> é transforma<strong>da</strong> em produtos finais. Os resíduos <strong>de</strong>sta produção,portanto, são uma gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e que não têm um <strong>de</strong>stino correto.Segundo SILVA (2002-1),[...] tudo que não serve <strong>para</strong> o comércio regular vai <strong>para</strong> o lixo ou équeimado. Os resíduos <strong>da</strong> serragem nem sequer são <strong>de</strong>positados <strong>de</strong> formaa<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>. Alguns são queimados em cal<strong>de</strong>iras, mas não é uma práticacomum. A maioria <strong>de</strong>posita nas áreas periféricas <strong>da</strong>s serrarias. Quandoestes são queimados contribuem com aumento <strong>da</strong> poluição do arprovocando <strong>da</strong>nos ao meio ambiente e às populações existentes próximasa essas indústrias.


2De acordo com o IBAMA, a indústria brasileira produziu 166.310 milhões <strong>de</strong> m 3 <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> reflorestamento ou nativa no ano <strong>de</strong> 2000 (IBAMA, 2002), estimando-se quepelo menos a meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse volume, cerca <strong>de</strong> 80 milhões <strong>de</strong> m 3 <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira foitransforma<strong>da</strong> em resíduos.Apesar <strong>de</strong> haver esforços <strong>para</strong> a reciclagem <strong>de</strong>stas sobras principalmente na forma<strong>de</strong> lenha, queima<strong>da</strong> <strong>para</strong> a geração <strong>de</strong> energia elétrica e calor, ou como a cama-<strong>de</strong>galinhanas granjas, estas soluções agregam baixo valor ao resíduo. Se por um lado têmseo uso nobre <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>para</strong> produtos <strong>de</strong> consumo tais como habitações, móveis,peças e equipamentos com gran<strong>de</strong> utili<strong>da</strong><strong>de</strong> e valor estético, por outro tem-se as sobrasservindo como produto <strong>de</strong> baixo valor. Muitas vezes parte <strong>da</strong> mesma ma<strong>de</strong>ira que se fazum móvel <strong>de</strong> luxo vira briquete <strong>para</strong> incineração, quando não é <strong>de</strong>scartado em aterros ouno meio-ambiente. O problema atinge um nível <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> preocupação quando se refereà gran<strong>de</strong> exploração dos recursos ma<strong>de</strong>ireiros principalmente <strong>da</strong>s florestas nativas,significando gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>vastação <strong>de</strong> florestas, assim como impactando negativamente nomeio biótico e antrópico, além <strong>de</strong> contribuir com problemas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m global, como oaumento do efeito estufa ou o <strong>de</strong>saparecimento <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> global.Essa situação permite levantar as seguintes questões:A. Como um material cujo uso é consi<strong>de</strong>rado tão nobre po<strong>de</strong> ter mais <strong>da</strong> meta<strong>de</strong><strong>de</strong> seu volume subutilizado ou <strong>de</strong>scartado?B. Por que as sobras <strong>de</strong>sta matéria-prima não po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> altovalor, apenas por se apresentar fisicamente diferente do estado <strong>de</strong> antes dobeneficiamento, visto que é o mesmo material?C. Existem caminhos ou alternativas que permitam a valorização <strong>de</strong>ste resíduo?A necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estudos referentes a processos <strong>de</strong> produção, materiais e produtoseco-eficientes e eco-compatíveis torna-se, portanto, ca<strong>da</strong> vez mais importante. Uma saí<strong>da</strong>é a aplicação dos princípios <strong>da</strong>s tecnologias limpas, o que inclui os conceitos <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong><strong>Industrial</strong>, na busca <strong>de</strong>stas metas. Através <strong>de</strong>stes conceitos po<strong>de</strong>mos agregar valor aresíduos do setor produtivo ma<strong>de</strong>ireiro, transformando-os em novos materiais quepermitem novos produtos ecologicamente corretos e eficientes, contribuindo assim <strong>para</strong> adiminuição <strong>da</strong> pressão exerci<strong>da</strong> aos recursos naturais pelo consumo e tambémdiminuindo o <strong>de</strong>scarte indiscriminado e a disposição prejudicial <strong>de</strong> resíduos no meioambiente,além <strong>de</strong> oferecer boas alternativas às matérias primas convencionais.PEREIRA et al, (2002).afirmam que


3[...] a utilização <strong>de</strong> resíduo industrial <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira na transformação <strong>de</strong>produtos, seja sob a forma <strong>de</strong> utilitários ou <strong>de</strong>corativos, é uma gran<strong>de</strong>resposta ao meio ambiente. Além <strong>de</strong> gerar outros produtos <strong>de</strong> utilizaçãocom maior valor agregado, essa atitu<strong>de</strong> traz outros benefícios, pois àmedi<strong>da</strong> que se utiliza melhor as árvores corta<strong>da</strong>s ou dá-se um melhoraproveitamento <strong>para</strong> os resíduos em ma<strong>de</strong>ira, contribui-se <strong>para</strong> diminuir apressão sobre o <strong>de</strong>smatamento, promovendo-se o equilíbrio ecológico ereduzindo-se a poluição [...]Um material <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser resíduo pela sua valorização como matéria prima, <strong>para</strong> aobtenção <strong>de</strong> novos produtos. Neste caso, o resíduo passa a ser tratado como subprodutodo processo produtivo (VALLE, 1995 apud SAVASTRANO Jr, 2000). Do ponto <strong>de</strong> vista doprodutor, esta po<strong>de</strong> ser uma excelente oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> negócio, pois estará produzindoprodutos a custos muito mais baixos, já que estará utilizando como matéria prima algoque era visto como <strong>de</strong>scartável, além <strong>de</strong> usar <strong>de</strong> maneira quase completa to<strong>da</strong> ma<strong>de</strong>iradisponível, já que esta é uma matéria prima consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> nobre.A presente pesquisa fun<strong>da</strong>mentou-se nas duas questões acima relaciona<strong>da</strong>s: aexistência do <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira na forma <strong>de</strong> resíduos industriais e à possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> reaproveitamento <strong>de</strong>stes resíduos aplicando os princípios <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong>.PROBLEMATIZAÇÃOO processo <strong>de</strong> produção <strong>da</strong>s indústrias beneficiadoras <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira é feito em etapasbastante distintas: primeiramente suas toras são envia<strong>da</strong>s <strong>para</strong> a indústria <strong>para</strong> atransformação em bens <strong>de</strong> consumo. Depois, uma parte <strong>de</strong>ste volume sofre umtratamento visando sua preservação contra fungos e insetos xilófagos. O restante nãosofre tratamento, sendo usa<strong>da</strong> industrialmente in-natura. No primeiro caso é usado oconservante CCA (arseniato <strong>de</strong> cobre cromatado), composto formulado a base dos metaispesados cobre (Cu), cromo (Cr) e arsênio (As), que têm alto po<strong>de</strong>r tóxico.A maior parte do resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira gerado pela indústria ma<strong>de</strong>ireira vem <strong>da</strong>ma<strong>de</strong>ira não trata<strong>da</strong>. É <strong>de</strong>corrente do beneficiamento dos troncos e posterior uso <strong>de</strong>peças comerciais já corta<strong>da</strong>s, quando tal material é serrado, furado, entalhado,aparelhado, lixado, entre outros processos, gerando assim a serragem (maravalha e pó<strong>de</strong> serra), as costaneiras, as pontas <strong>de</strong> peças. O resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira trata<strong>da</strong> é similar ao<strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira não trata<strong>da</strong> acrescentado do produto preservante CCA.


4Há também o resíduo do pós-uso, quando os bens <strong>de</strong> consumo já atingiram o fim <strong>da</strong>vi<strong>da</strong> útil e são <strong>de</strong>scartados como lixo ou queimados. No entanto, não importando se ama<strong>de</strong>ira é trata<strong>da</strong> ou não, o resíduo é visto como inevitável e sua existência é umproblema a ser enfrentado pela tecnologia atual. A necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um <strong>de</strong>stino <strong>para</strong> estesresíduos industriais <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> modo eco-eficiente aponta-se <strong>para</strong> o uso <strong>da</strong>sTecnologias Limpas, cujo propósito é reduzir os impactos ambientais negativos doprocesso produtivo, ou seja: tecnologias que promovem a preservação dos recursosnaturais e a prevenção <strong>da</strong> poluição. KIPERSTOK (2003, p. 34) explica que[...] os caminhos <strong>para</strong> a não geração <strong>de</strong> resíduos são vários: <strong>de</strong>vemosrepensar as matérias primas que utilizamos e rever os processos <strong>de</strong>fabricação, discutindo porque estes geram per<strong>da</strong>s <strong>de</strong> material e energia, econsi<strong>de</strong>rando se algumas <strong>de</strong>ssas per<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente processa<strong>da</strong>s, nãoseriam insumos <strong>para</strong> outros processos [...] To<strong>da</strong>s essas ações resultariamna Preservação <strong>da</strong> Poluição [...]Neste novo discurso <strong>da</strong> produção industrial, os conceitos <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong>(parte integrante <strong>da</strong>s Tecnologias Limpas) entram como ferramentas teóricas e práticas<strong>para</strong> solucionar problemas como este <strong>de</strong>scrito acima. A <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong> oferece oconceito <strong>da</strong> circulação <strong>de</strong> matéria-prima entre uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s produtivas: o que é consi<strong>de</strong>radoresíduo em um sistema industrial é usado em outro sistema como insumo. Neste caso, oresíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira será usado como matéria prima em outro processo produtivo naobtenção <strong>de</strong> um novo produto <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> própria empresa ou <strong>de</strong> uma outra empresa.Outro conceito <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong> é o Eco-<strong>de</strong>sign que propõe um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>projeto orientado <strong>para</strong> o meio-ambiente por critérios ecológicos. Este conceito listarequisitos <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> consumo orientado <strong>para</strong> a preservação do meioambiente, os quais <strong>de</strong>terminam produtos ecologicamente compatíveis em todo seu ciclo<strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, gastando menos recursos naturais, menos energia, minimizando, assim, osimpactos ambientais.Uma <strong>da</strong>s maneiras <strong>de</strong> utilizar os resíduos como meio <strong>de</strong> viabilizar a obtenção <strong>de</strong>produtos é usando conceitos <strong>de</strong> processo <strong>de</strong> fabricação tradicionais modificados com osconceitos oriundos <strong>da</strong>s especificações <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong> tal como a tecnologia doEco-Compósito. Esta se fun<strong>da</strong>menta no princípio do material compósito, ou seja, matériasprimas <strong>de</strong> diferentes características e origens formando um material composto(compósito) o qual po<strong>de</strong> ser mol<strong>da</strong>do <strong>de</strong> acordo com as especificações projeta<strong>da</strong>s.


PROBLEMA5Consi<strong>de</strong>rando to<strong>da</strong>s essas questões levantamos o seguinte problema: É possível,aplicando conceitos <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong>, <strong>de</strong>senvolver um material ecologicamentecorreto, baseado na utilização <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e usando o processo <strong>de</strong> fabricaçãodos compósitos?Desdobramento do problema.O problema po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sdobrado quanto às suas variáveis como se segue: A variável<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, ponto <strong>de</strong> referência inicial do problema, afirma que a formulação <strong>de</strong> um ecocompósito<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> aplicação dos princípios <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong>, <strong>da</strong> utilização <strong>de</strong>resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e do processo <strong>de</strong> fabricação dos compósitos. Esses três elementosconstituem-se como variáveis in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, visto estabelecerem condições autônomas<strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> análise do ponto <strong>de</strong> referência inicial (variável <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte).OBJETIVOSObjetivo Geral:Levantar fun<strong>da</strong>mentos teóricos apresentados pela <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong> <strong>para</strong> suportar o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um material ecológico baseado no aproveitamento <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira.Objetivos Específicos:• Eleger um processo produtivo <strong>da</strong> indústria ma<strong>de</strong>ireira seleciona<strong>da</strong> pela pesquisa;• Verificar a geração <strong>de</strong> resíduos do processo produtivo escolhido <strong>da</strong> indústriaseleciona<strong>da</strong>;• Classificar os resíduos gerados pelo processo eleito;• Usar princípios <strong>da</strong> tecnologia dos compósitos como referencial <strong>de</strong> processo <strong>de</strong>fabricação <strong>para</strong> um material conceitual;• Desenvolver um eco-compósito baseado em resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira usandoprocessos <strong>de</strong> fabricação simples, conhecidos e <strong>de</strong> baixo impacto ambiental,buscando reduzir ao máximo os resíduos <strong>da</strong> produção• Levantar características físicas e mecânicas do compósito <strong>de</strong>senvolvido através <strong>de</strong>ensaios normatizados


JUSTIFICATIVAS6• O gran<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira gerados pelos processos <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>componentes usados na construção civil, em móveis ou em utilitários domésticosestimulam pesquisas <strong>de</strong> aproveitamento <strong>de</strong>stes resíduos em outros processosprodutivos.• Apesar <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira ser uma fonte <strong>de</strong> recursos renováveis, é necessária uma forma<strong>de</strong> uso otimiza<strong>da</strong> <strong>de</strong>ste recurso natural, o que significa o estudo <strong>de</strong> formas <strong>de</strong>utilização dos resíduos do processo <strong>de</strong> beneficiamento <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira.• O resíduo estu<strong>da</strong>do é oriundo <strong>de</strong> recursos florestais e, portanto, consi<strong>de</strong>rado nobre.O uso <strong>de</strong>ste resíduo como matéria-prima <strong>para</strong> novos produtos aju<strong>da</strong>m apreservação <strong>de</strong>stes recursos florestais, diminuindo a pressão sobre as florestasnativas.• Os conceitos <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong> apresentam os requisitos <strong>para</strong> concepção <strong>de</strong>novos materiais que levam em consi<strong>de</strong>ração as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s tanto do ser humanoquanto do meio ambiente, <strong>de</strong> forma a reduzir os impactos ambientais.• O princípio tecnológico do eco-compósito po<strong>de</strong> oferecer uma boa alternativa <strong>para</strong>aproveitamento <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira na forma <strong>de</strong> um material <strong>de</strong> fabricação aser usado nas indústrias <strong>de</strong> plástico reforçado, como foi o exemplo do compósito<strong>de</strong>senvolvido neste estudo.METODOLOGIANatureza <strong>da</strong> PesquisaConsi<strong>de</strong>rando que existe um problema <strong>de</strong> natureza bem específica e concreta, <strong>de</strong>como aproveitar resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira como novos produtos, levanta-se a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>aplicação <strong>de</strong> uma metodologia igualmente específica <strong>para</strong> solucioná-lo. Baseado naclassificação <strong>de</strong> SILVA E MENEZES (2001 p. 20) e consi<strong>de</strong>rando a natureza do problemapo<strong>de</strong>-se caracterizar esta pesquisa como:• Aplica<strong>da</strong> – com o objetivo <strong>de</strong> aplicar conhecimentos dirigidos à solução <strong>de</strong>problemas específicos no caso o aproveitamento <strong>de</strong> resíduos industriais <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira como novos produtos;• Quali-quantitativa – Os <strong>da</strong>dos quantitativos constituem-se elementoscomprobatórios <strong>para</strong> a análise dos valores colhidos diretamente no ambiente <strong>da</strong>pesquisa;


7• Descritiva – com a <strong>de</strong>scrição dos passos <strong>da</strong> experiência do seu começo à suafase final;• Experimental – pois se <strong>de</strong>terminou um objeto <strong>de</strong> estudo e foram seleciona<strong>da</strong>s asvariáveis capazes <strong>de</strong> influenciá-lo, submetendo o objeto a uma investigação quebusque soluções <strong>para</strong> o problema.Etapas <strong>da</strong> metodologia aplica<strong>da</strong> na pesquisa1. Levantamento do estado <strong>da</strong> arte – referenciando livros e revistas técnicas,recursos <strong>da</strong> Internet como acesso a dissertações, teses, artigos e publicaçõestécnico-científicas e em bibliotecas digitais, nacionais e estrangeiras.2. Visita técnica às indústrias – Etapa <strong>para</strong> coleta <strong>da</strong>dos sobre os processos <strong>de</strong>fabricação, matérias primas usa<strong>da</strong>s e coleta dos resíduos usados na pesquisa.3. Quantificação e qualificação do resíduo coletado – Etapa <strong>de</strong> caracterizaçãoe qualificação do resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira coletado no setor produtivo <strong>da</strong> indústria ereciclado no Laboratório <strong>de</strong> Ma<strong>de</strong>ira <strong>da</strong> UFBA (Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> Bahia).4. Desenvolvimento do eco-compósito – Etapa estrutura<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong>bibliografia seleciona<strong>da</strong> e a partir <strong>de</strong> conceitos <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong> industrial quando seusou os resíduos coletados e o processo <strong>de</strong> fabricação eleito na pesquisa. Essaetapa po<strong>de</strong> ser dividi<strong>da</strong> em:• Etapa <strong>de</strong> reciclagem do resíduo;• Etapa <strong>de</strong> seleção <strong>da</strong> resina ou matriz polimérica• Etapa <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação dos traços <strong>de</strong> mistura <strong>da</strong> resina com o resíduo;• Etapa <strong>de</strong> mol<strong>da</strong>gem dos corpos <strong>de</strong> prova;• Etapa <strong>de</strong> ensaios físicos e mecânicos à luz <strong>de</strong> normas técnicas <strong>da</strong> ABNT(Associação Brasileira <strong>de</strong> Normas Técnicas), que foram: absorção <strong>de</strong>água, dureza Shore D e flexão com 3 pontos.O ensaio <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> água foi feito no LABMAD (Laboratório <strong>de</strong> Ma<strong>de</strong>ira doDepartamento <strong>de</strong> Construção e Estruturas, DCE, <strong>da</strong> Escola Politécnica <strong>da</strong> UFBA), oensaio <strong>de</strong> Dureza Shore, no laboratório <strong>de</strong> metrologia do SENAI-CIMATEC – Bahia e o <strong>de</strong>Flexão, no laboratório do DCTM - Departamento <strong>de</strong> Ciências e Tecnologia dos Materiais<strong>da</strong> UFBA.


8LIMITES DA PESQUISAEste estudo não está voltado <strong>para</strong> a engenharia <strong>de</strong> materiais mas sim <strong>para</strong> aaplicação <strong>de</strong> conceitos <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong> <strong>para</strong> subsidiar uma nova proposta <strong>de</strong>material ecológico feito a partir <strong>de</strong> resíduos industriais. Os três ensaios foram escolhidos<strong>para</strong> uma avaliação preliminar com o propósito <strong>de</strong> verificar a viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uso <strong>de</strong>stematerial e também verificar a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> continui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>sta pesquisa.O processo <strong>de</strong> fabricação escolhido foi eleito visando a simplificação, acessibili<strong>da</strong><strong>de</strong>à tecnologia, possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> aplicação e produção a baixo custo, no entanto, estetrabalho não visou o projeto <strong>de</strong> um produto, mas somente o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novomaterial ecológico que po<strong>de</strong>rá ser aplicado em novos produtos. Sugestões <strong>de</strong> ampliação<strong>da</strong> pesquisa encontram-se no último capítulo.ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃOEsta dissertação está dividi<strong>da</strong> em duas partes distintas: a primeira parte é <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>aos capítulos teóricos e <strong>da</strong> revisão <strong>de</strong> literatura, os quais embasam a pesquisa,compondo esta primeira parte os capítulos 1, 2 e 3. Os capítulos, 4, 5 e 6, <strong>de</strong>screvem osexperimentos, incluindo o método <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do eco-compósito, os resultados<strong>da</strong> pesquisa, as conclusões e as recomen<strong>da</strong>ções.O Capítulo 1 apresenta uma visão geral sobre as Tecnologias Limpas e a explicaçãosobre os conceitos <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong> que embasam a pesquisa.O Capítulo 2 concentra-se na ma<strong>de</strong>ira e sua importância na indústria a elaassocia<strong>da</strong>, nos resíduos gerados na linha <strong>de</strong> produção <strong>da</strong>s indústrias ma<strong>de</strong>ireiras e com o<strong>de</strong>stino <strong>de</strong>stes resíduos.No Capítulo 3 encontra-se a revisão <strong>da</strong> literatura referente aos novos materiais ecoeficientes,com exemplos <strong>de</strong> aplicações em produtos, incluindo os compósitos baseadosem resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. Também se refere aos polímeros usados como matriz <strong>de</strong>compósitos e aos processos <strong>de</strong> fabricação usados na fabricação <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong>compósitos.O Capítulo 4 refere-se à parte experimental <strong>da</strong> pesquisa, on<strong>de</strong> são <strong>de</strong>scritos acoleta, quantificação, classificação, reciclagem e uso do resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira em novomaterial eco-eficiente, mol<strong>da</strong>do em dois tipos <strong>de</strong> corpos <strong>de</strong> prova, testados em trêsensaios: Absorção <strong>de</strong> água, Dureza Shore D e Flexão.Os Capítulos seguintes, 5 e 6, fecham a pesquisa com a apresentação dosresultados dos ensaios e as conclusões e recomen<strong>da</strong>ções finais, respectivamente.


9CAPÍTULO1ECOLOGIA INDUSTRIALEste capítulo apresenta uma visão geral <strong>da</strong>s Tecnologias Limpas, <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong><strong>Industrial</strong> e os conceitos <strong>de</strong> Eco-eficiência, Circulação <strong>de</strong> Recursos, Eco-<strong>de</strong>sign e Análisedo Ciclo <strong>de</strong> Vi<strong>da</strong>, que são a base teórica <strong>da</strong> pesquisa. Ain<strong>da</strong> neste capítulo sãoapresenta<strong>da</strong>s uma lista <strong>de</strong> requisitos <strong>de</strong> Eco-Design e uma ilustração do ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>material <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> consumo.1.1 – A PROPOSTA DAS TECNOLOGIAS LIMPASUma <strong>da</strong>s principais causas <strong>da</strong> poluição e <strong>da</strong> <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção do meio ambiente vem domo<strong>de</strong>lo atual <strong>de</strong> produção e consumo. Este se baseia na idéia que o meio ambiente é umfornecedor <strong>de</strong> energia e recursos abun<strong>da</strong>ntes ou mesmo ilimitados, assim como é visto,também, como um receptor ilimitado <strong>de</strong> resíduos (MANAHAN, 1999). Nesse sistema,conhecido como linear ou aberto, não há preocupação nem com a eficiência na produçãoou com o uso dos produtos, nem com a origem <strong>da</strong>s matérias primas, ou com a existência<strong>de</strong> substâncias tóxicas e nem com a disposição dos resíduos e as conseqüências <strong>de</strong>stasações. A FIGURA 01 mostra o sistema linear como <strong>de</strong>scrito por TIBBS (1992) o qual foia<strong>da</strong>ptado <strong>para</strong> melhor a<strong>de</strong>quação à pesquisa. Nesse mo<strong>de</strong>lo, a extração dos recursos e adisposição <strong>de</strong> resíduos são apontados como uma <strong>da</strong>s causas dos impactos ambientaisnegativos sendo gerados não só a partir <strong>de</strong> sistemas industriais, mas sendo tambémoriginário do uso dos produtos pelos consumidores finais.FIGURA 01 – Sistema linear <strong>de</strong> produção e consumo. A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> TIBBS, 1992.Esse mo<strong>de</strong>lo, que enten<strong>de</strong> a geração <strong>de</strong> resíduos como inevitável e inerente aoprocesso produtivo e ao consumo, procura remediar tais problemas através <strong>de</strong> ações etecnologias <strong>de</strong> controle <strong>da</strong> poluição. Essas tecnologias, no entanto, não a evitam, pois


10atuam <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> sua geração. São, portanto conheci<strong>da</strong>s como Tecnologias Fim-<strong>de</strong>-Tubo,cujo propósito é remediar os prejuízos ambientais do atual sistema produtivo. Taistecnologias, no entanto, não são tão eficientes quanto necessário; o simples fato <strong>de</strong> agir<strong>de</strong>pois <strong>da</strong> geração <strong>de</strong> resíduos implica em gran<strong>de</strong>s esforços financeiros e soluções poucoeficientes <strong>de</strong> remediação. O tratamento <strong>de</strong>stes resíduos absorve novos recursos eenergia, gerando novos resíduos que também precisam <strong>de</strong> tratamento. Quando há falhas,há também contaminação crônica ou agu<strong>da</strong>, resultando em <strong>de</strong>sastres ambientais. Alémdisso, com o aumento do consumo, há o aumento <strong>de</strong> resíduo o que pressiona astecnologias Fim-<strong>de</strong>-Tubo aos seus limites <strong>de</strong> operação.As Tecnologias Limpas propõem novos parâmetros <strong>para</strong> a produção industrial econsumo. Têm a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> diminuição ou mesmo eliminação dos impactos ambientaisnegativos em todo ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> dos produtos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a obtenção <strong>da</strong>s matérias primas,tanto na produção industrial, como também durante o uso dos produtos e no pós-uso dosmesmos. A sua filosofia é a <strong>da</strong> prevenção <strong>da</strong> poluição, atuando e interferindo no processoprodutivo antes <strong>da</strong> geração <strong>de</strong> resíduos, na busca <strong>de</strong> eliminá-los e assim, preservar omeio ambiente. A FIGURA 02 mostra a evolução tecnológica <strong>da</strong> prevenção <strong>da</strong> poluição.Esta simplifica e sistematiza to<strong>da</strong>s as etapas <strong>de</strong> prevenção <strong>da</strong> poluição organiza<strong>da</strong>s porKIPERSTOK (2003), <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as tecnologias fim-<strong>de</strong>-tubo até o consumo sustentável. Ográfico original foi a<strong>da</strong>ptado <strong>para</strong> melhor <strong>de</strong>scrição neste trabalho. De maneira sistemáticapo<strong>de</strong>mos se<strong>para</strong>r estas tecnologias em três níveis crescentes <strong>de</strong> evolução:FIGURA 02 – Evolução tecnológica <strong>da</strong> prevenção <strong>da</strong> poluição (a<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> KIPERSTOK, 2003 p. 86)NÍVEL 01 – São as tecnologias fim-<strong>de</strong>-tubo, como foram <strong>de</strong>scritas anteriormente.Aqui o sistema industrial e o consumo usam a disposição <strong>de</strong> resíduos no meio ambienteou os trata antes <strong>de</strong> dispô-los. Além <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r que os resíduos são ilimitados, bastandoapenas remediá-los, essa filosofia também se esten<strong>de</strong> <strong>para</strong> a obtenção dos recursosnaturais e recursos energéticos que também são explorados sem a eficiência <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>.


11NÍVEL 02 – É o nível intermediário, compreen<strong>de</strong>ndo tecnologias que procuraminterferir no processo produtivo ou em uma ca<strong>de</strong>ia produtiva, a fim <strong>de</strong> localizar os locais<strong>de</strong> ineficiência e corrigí-los na fonte, melhorando, assim, sua resposta ao meio ambiente.Esta filosofia já emprega a gerência <strong>de</strong> operação e processos, além <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>reciclagem <strong>de</strong> matéria prima através <strong>de</strong> intervenções internas no processo produtivo. Suaatuação, no entanto, fica apenas no interior do processo produtivo, não questionandofatores importantes como o que é produzido ou como é usado o produto <strong>de</strong> tal processo<strong>da</strong>ndo, portanto, mais ênfase ao processo que ao produto. As alterações no produto,<strong>de</strong>riva<strong>da</strong>s pela intervenção do <strong>de</strong>sign, visam apenas a melhoria do processo produtivo.Assim, <strong>para</strong> KIPERSTOK (2003), essas medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> prevenção ain<strong>da</strong> possuem grau <strong>de</strong>eficiência insuficiente do ponto <strong>de</strong> vista ecológico.NÍVEL 03 – Sugere soluções ecologicamente mais eficientes, levando emconsi<strong>de</strong>ração medi<strong>da</strong>s que indicam caminhos <strong>para</strong> novos tipos <strong>de</strong> produtos, novoscomportamentos <strong>de</strong> consumo, novas formas <strong>de</strong> produção, novos tipos <strong>de</strong> matéria primas,gerenciamento do ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> produtos, <strong>de</strong>ntre outros. Portanto, um novo horizonteno qual a produção e consumo seriam limitados pela capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> do meio ambiente <strong>de</strong>fornecimento <strong>de</strong> recursos e absorção <strong>de</strong> resíduos, quando o uso sustentável dos recursosconduzirá a realização <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s humanas. Neste nível, a <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong> évista como uma ferramenta <strong>para</strong> concretizar estas tendências. Os conceitos <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong><strong>Industrial</strong> concretizam os objetivos buscados no NÍVEL 3 e serão <strong>de</strong>scritos a seguir.1.2 – CONCEITOS DA ECOLOGIA INDUSTRIAL USADOS NA PESQUISAO conceito tradicional <strong>de</strong> ecologia a <strong>de</strong>fine como a ciência que estu<strong>da</strong> as relaçõesentre os seres vivos e o meio ambiente em que vivem, e o conceito <strong>de</strong> ecossistema é<strong>de</strong>finido como um conjunto <strong>de</strong> condições físicas e químicas <strong>de</strong> certo lugar, reunindo umconjunto <strong>de</strong> seres vivos que habitam esse lugar (FERRI, 1979). Num ecossistema emequilíbrio, cuja relação é uma seqüência <strong>de</strong> seres vivos, uns se alimentando dos outrossucessivamente num ciclo fechado, não há sobras nem o que se po<strong>de</strong>ria chamar <strong>de</strong> “lixo”.É exatamente esse mo<strong>de</strong>lo natural <strong>de</strong> produção e reaproveitamento <strong>de</strong> recursos, queserve <strong>de</strong> base conceitual <strong>para</strong> a <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong>.Parte-se <strong>da</strong> idéia que to<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> industrial implica em impactos ambientais,pequenos ou gran<strong>de</strong>s. A <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong> abor<strong>da</strong>, então, a interação <strong>da</strong> indústria e domeio ambiente buscando a minimização <strong>de</strong>stes impactos ambientais. Sua essência po<strong>de</strong>ser <strong>de</strong>scrita como a forma <strong>de</strong> manter em evolução as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s econômicas, culturaise tecnológicas, levando em consi<strong>de</strong>ração que o sistema industrial não se encontra isolado


12dos fatores ambientais e naturais, mas incluso nestes. Para isso as pesquisas vão aoencontro <strong>da</strong> otimização do ciclo material, indo <strong>da</strong> matéria prima virgem, passando pelomaterial processado industrialmente, pela transformação <strong>de</strong> materiais em componentes eprodutos industrializados, pela obsolescência dos produtos e finalizando pela disposiçãofinal <strong>de</strong> materiais na forma <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong>scartados. Os fatores <strong>de</strong> otimização incluemfontes <strong>de</strong> matéria prima, energia e capital (GRAEDEL & ALLEMBY, 1995).A <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong> funciona através <strong>de</strong> conceitos tais como a Eco-Eficiência, aCirculação <strong>de</strong> Recursos, o Eco-Design e o ACV (Análise do Ciclo <strong>de</strong> Vi<strong>da</strong>). Estesconceitos foram escolhidos por estabelecerem requisitos e restrições que os processosindustriais, materiais e os produtos <strong>de</strong>vem ter <strong>para</strong> que possam infligir impactos mínimosao meio ambiente.1.2.1 – Eco-EficiênciaEco-eficiência é a maneira <strong>para</strong> se produzir mais, melhor, com menor consumo <strong>de</strong>materiais, água e energia, fazendo que a organização que a adote sejamercadologicamente competitiva, não comprometendo as finanças, contribuindo <strong>para</strong> aquali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e, ao mesmo tempo, reduzindo a carga, ônus, <strong>da</strong>nos e impactosambientais causados por bens e serviços (VERFAILLIE & BIDWELLA 2000 apudFURTADO, 2001). Assim, a Eco-Eficiência está fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> nos princípios econômico,social e ambiental <strong>de</strong>scritos por BRITTO (2003) como princípios que <strong>de</strong>vem ter comometas: a rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica, a compatibili<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental e a justiça social. O ICME- International Council on Metals and the Environment (2001) <strong>de</strong>fine eco-eficiência como amaximização dos benefícios econômicos e ambientais enquanto reduz os custos tantoeconômicos quanto ambientais simultaneamente, ou seja: é uma relação benefício / custoem que o <strong>de</strong>nominador nunca po<strong>de</strong> ser maior que o numerador. Para que estas metassejam alcança<strong>da</strong>s, são usados métodos e conceitos tais como a redução <strong>de</strong> resíduo nafonte, que aplica os conceitos <strong>da</strong> Produção Limpa, tais como <strong>de</strong>scritos no NIVEL 2; o Eco<strong>de</strong>signque oferece opções <strong>de</strong> produtos que aten<strong>da</strong>m a uma produção limpa, buscando aeconomia <strong>de</strong> recursos naturais e energéticos além <strong>de</strong> apresentar produtos inovadores. Atabela 01 apresenta, segundo BRITTO (2003) os fatores <strong>da</strong> Eco-Eficiência:TABELA 01 – Fatores <strong>da</strong> Eco-EficiênciaFATORESDESCRIÇÃOÊNFASE NA QUALIDADE DE VIDA Produtos e serviços que aten<strong>de</strong>m necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s reaisUMA VISÃO DO CICLO DE VIDA Uso do ACV <strong>para</strong> gerenciar os produtos e serviçosECO-CAPACIDADE Respeito aos limites suportados pelos meios naturaisFonte: BRITTO, 2003.


13Assim, uma empresa eco-eficiente, ao mesmo tempo em que reduz o uso <strong>de</strong>recursos naturais, economiza recursos financeiros, preserva o meio-ambiente, sendoain<strong>da</strong> competitiva ao apresentar novos produtos e serviços.1.2.2- Circulação <strong>de</strong> RecursosA <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong> é um conceito que visa prevenir a poluição pela redução <strong>da</strong><strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>de</strong> matérias primas e energia, assim como visa à diminuição <strong>da</strong> <strong>de</strong>volução <strong>de</strong>resíduos e poluentes à natureza. Para isso, busca a utilização <strong>de</strong> matérias primas eenergia em ciclos fechados entre sistemas industriais, <strong>de</strong> modo análogo aos processosnaturais e, também se compatibilizando com a natureza quando não for possível aeliminação <strong>de</strong> resíduos, possibilitando aos meios naturais o processamento <strong>de</strong> taisresíduos.Segundo KIPERSTOK e MARINHO (2001, p. 272):[...] A lógica <strong>de</strong> processamento interno <strong>de</strong> materiais e energia, com arecuperação <strong>de</strong> valores incorporados a elementos que seriam rejeitos <strong>de</strong>alguns processos, por sua utilização como alimentação <strong>de</strong> outros, é queleva à associação com a ecologia. O mo<strong>de</strong>lo i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> referência seriam ossistemas naturais, fechados, nos quais não cabem os conceitos <strong>de</strong>resíduos e matéria prima. Não sendo possível repeti-los, procurar-se-iaaproximar-se <strong>de</strong>les o mais possível, reduzindo as pressões externas [...].Desta maneira, segundo a <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong>, o que é consi<strong>de</strong>rado resíduo em umprocesso produtivo é aproveitado como insumo em outro processo, formando, assim, umcircuito fechado <strong>de</strong> aproveitamento <strong>de</strong> insumos e fazendo com que a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>matéria que transita na biosfera se mantenha constante. Isso resulta em redução tanto <strong>da</strong><strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>de</strong> recursos naturais quanto na redução <strong>de</strong> resíduos, minimizando a pressãosobre a natureza. Na FIGURA 03 po<strong>de</strong>mos ver o funcionamento gráfico do conceitobásico <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong>.FIGURA 03 – Gráfico conceitual <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong> (TEIXEIRA e CÉSAR, 2004)


14Aqui, segundo TEIXEIRA e CÉSAR (2004), o planeta Terra ain<strong>da</strong> é gerador <strong>de</strong>recursos e <strong>de</strong> energia, mas obtidos <strong>de</strong> maneira eficiente e sustentável. Esses recursosserão usados ao máximo <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s num circuito fechado <strong>de</strong> aproveitamento <strong>de</strong>insumos entre indústrias, diminuindo sua <strong>de</strong>man<strong>da</strong>. No caso <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> resíduos,estes são mínimos, ecologicamente compatíveis e não poluentes, minimizando, assim osimpactos ambientais negativos.1.2.3 – Análise do Ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>A Análise do ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, ou ACV po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrita como uma técnica <strong>de</strong> avaliaçãoque relaciona ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, produtos e materiais do início ao fim <strong>de</strong> sua existência, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> oprojeto e suas pesquisas, passando pela seleção, extração, transformação <strong>da</strong>s matériasprimas; construção e produção dos produtos relacionados; processos <strong>de</strong> marketing,transporte, ven<strong>da</strong> e distribuição, uso <strong>da</strong>s mais varia<strong>da</strong>s formas, incluindo o uso correto,incorreto, alternativo, reuso, <strong>de</strong>suso; <strong>de</strong>smontagem, conserto, remontagem,reaproveitamento <strong>de</strong> partes, reciclagem ou compostagem nas mais varia<strong>da</strong>s formas efinalizando com o <strong>de</strong>scarte final. Isso po<strong>de</strong> ocorrer não em todos esses itens nem nessaor<strong>de</strong>m propriamente dita. Enfim, segundo MANZINI (2002. p. 99), Análise <strong>de</strong> Ciclo <strong>de</strong> Vi<strong>da</strong>é a implicação “do projeto <strong>de</strong> um produto, ou projeto <strong>de</strong> sistema produtivo inteiroentendido exatamente como o conjunto <strong>de</strong> acontecimentos que <strong>de</strong>terminam o produto e oacompanha durante o seu ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>”.Sua importância <strong>para</strong> o meio ambiente é exatamente planejar a eco-eficiência,conhecer os impactos ambientais referentes a to<strong>da</strong>s as etapas <strong>de</strong>scritas, e,principalmente, permitir aos projetistas melhores escolhas no processo <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um produto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o berço até o <strong>de</strong>scarte final ou túmulo. Daí o ACVser conhecido igualmente como análise do berço ao túmulo <strong>de</strong> um produto. É necessário,portanto, metodologias e estratégias <strong>para</strong> <strong>de</strong>limitar o número <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes, a profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>dos estudos e o número <strong>de</strong> subsistemas a serem englobados em ca<strong>da</strong> etapa no estudo<strong>de</strong> ACV.Quando um projeto <strong>de</strong> Design leva em conta o ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> produtos em umaanálise mais completa, que envolve to<strong>da</strong>s as etapas <strong>de</strong> produção, iniciando pelo projeto àprodução propriamente dita; incluindo fatores que não estão ligados diretamente noprocesso produtivo como o transporte, armazenagem e terminando no uso, reuso,reciclagem e <strong>de</strong>scarte <strong>de</strong>ste produto; análise <strong>de</strong> todo o conjunto <strong>de</strong> acontecimentos e to<strong>da</strong>a infra-estrutura associa<strong>da</strong> que <strong>de</strong>termina um produto, tem-se o conceito <strong>de</strong> Life DesignCicle (projeto do ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>), ou seja, a inclusão no <strong>de</strong>sign do produto o projeto do seu


15ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, a<strong>de</strong>quando-o aos aspectos ambientais todo o seu ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seuberço ao túmulo, já que[...] o objetivo do Life Cycle Design é o <strong>de</strong> reduzir a carga ambientalassocia<strong>da</strong> a todo o ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> um produto. Em outras palavras, aintenção é criar uma idéia sistêmica <strong>de</strong> produto, em que inputs <strong>de</strong> materiaise <strong>de</strong> energia bem como o impacto <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as emissões e refugos sejamreduzidos ao mínimo possível, seja em termos quantitativos ou qualitativos,pon<strong>de</strong>rando assim a nocivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> seus efeitos (MANZINI, 2002, 99).Esta visão mais ampla leva a consi<strong>de</strong>rar, na fase <strong>de</strong> projeto, to<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s quecaracterizam o produto durante o ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, relacionando-as com o conjunto <strong>da</strong>s trocas(os inputs e outputs dos vários processos) que elas terão com o meio ambiente(MANZINI, op cit). Um dos requisitos consi<strong>de</strong>rados pelo ACV é o uso <strong>de</strong> matérias primase insumos <strong>de</strong> baixo impacto ambiental no maior número possível <strong>de</strong> etapas em to<strong>da</strong>ca<strong>de</strong>ia produtiva do produto (IDHEA, 2004).1.2.4 – Eco-DesignNormalmente o termo inglês Design, cujo termo em português que mais se aproximaé Desenho <strong>Industrial</strong>, se refere a uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> multidisciplinar que convergeconhecimentos <strong>de</strong> tecnologia, criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, arte, ergonomia <strong>de</strong>ntre outros, com o propósito<strong>de</strong> projetar, através <strong>de</strong> metodologias próprias, soluções <strong>para</strong> problemas concretos.Eco-Design, conhecido também como DfE (Design for Envoironment ou Projeto <strong>para</strong>o Ambiente), é uma especialização do <strong>de</strong>sign que leva em consi<strong>de</strong>ração requisitosambientais em todo ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> dos produtos. Apesar <strong>de</strong> ser uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> em evidência<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Revolução <strong>Industrial</strong>, apenas na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1970 e que se começou a repensar oDesign no que se refere a sua importância sobre problemas do mundo real, ou seja,problemas ambientais e sociais majoritariamente.Um dos seus primeiros pensadores, Victor Papanek, <strong>de</strong>finiu assim o novo discurso<strong>para</strong> o Design:[...] A ecologia e o equilíbrio ambiental são os esteios básicos <strong>de</strong> to<strong>da</strong> avi<strong>da</strong> humana na Terra; não po<strong>de</strong> haver vi<strong>da</strong> nem cultura humanas sem ela.O <strong>de</strong>sign preocupa-se com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos, utensílios,máquinas, artefatos e outros dispositivos, e esta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> exerce umainfluência profun<strong>da</strong> e direta sobre a ecologia. A resposta do <strong>de</strong>sign <strong>de</strong>ve


16ser positiva e unificadora; <strong>de</strong>ve ser a ponte entre as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>shumanas, a cultua e a ecologia (PAPANEK, 1998. p 31).O projeto orientado ao meio ambiente é o que estabelece, então, o conceito <strong>de</strong> Eco-Design que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido como um método projetual que incorpora as questõesambientais como parâmetros projetuais básicos <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projetos(BARBOSA, 2002). Isso significa que os produtos <strong>de</strong>senvolvidos a partir dos princípios doEco-Design são produtos não só ecologicamente corretos, mas tambémeconomicamente, culturalmente e socialmente corretos. Estes produtos <strong>de</strong>vem poluirmenos, usar menos recursos naturais, menos energia, e ain<strong>da</strong> <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong> fácilaquisição, buscando respeitar culturas locais. Tais produtos <strong>de</strong>vem manter estascaracterísticas em todo seu ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o momento em que é obti<strong>da</strong> a matériaprima <strong>de</strong> fabricação até seu <strong>de</strong>scarte final. Tal comportamento po<strong>de</strong> ser confirmado pelaAnálise do Ciclo <strong>de</strong> Vi<strong>da</strong>.1.3 – REQUISITOS DO ECO-DESIGNTradicionalmente, o projeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign busca satisfazer as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s doconsumidor, e aten<strong>de</strong>r também o setor produtivo, usando um conjunto <strong>de</strong> requisitos <strong>de</strong>várias origens que <strong>de</strong>terminam o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> um produto; segundo MARGOLIN eMARGOLIN (2004) o objetivo primário do Design é aten<strong>de</strong>r o mercado, criando produtos<strong>para</strong> ven<strong>da</strong>. Desta forma, um bom produto <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign <strong>de</strong>ve atingir os seguintes objetivos,conforme <strong>de</strong>scritos na TABELA 02:OBJETIVOSUTILIDADEUSABILIDADEESTETICAMENTE DESEJÁVELDE FÁCIL PRODUÇÃOVENDÁVELTABELA 02 – Critérios gerais <strong>de</strong> DesignDESCRIÇÃOGarantia <strong>de</strong> uma performance mínima no cumprimento <strong>de</strong> uma funçãoTer uma interface ergonômica <strong>para</strong> facilitar o uso e proteger o usuárioTer aparência em sintonia com o <strong>de</strong>sejo do usuário – belezaProjeto que o torne factível industrialmenteQue aten<strong>da</strong> exigências mercadológicasDIFERENCIAÇÃO Que seja inovador, aten<strong>de</strong>ndo a novas funções e oferecendo novosbenefíciosBaseado em BETTERPRODUCTDESIGN, (2002), MORAES (2004), LÖBACH (2001)Para aten<strong>de</strong>r os requisitos ambientais, no entanto, além <strong>de</strong>ssas metas, <strong>de</strong>ve haveroutras específicas <strong>para</strong> que o produto seja eco-eficiente, e <strong>para</strong> se tornar operacional, oEco-Design segue princípios ou critérios que permitem um <strong>de</strong>sempenho ambientalotimizado. Diferentes critérios po<strong>de</strong>m ser usados <strong>de</strong> maneira sistemática tal como vistona TABELA 03:


CRITÉRIOSREDUÇÃO DO USODE RECURSOSNATURAISREDUÇÃO DO USODE ENERGIAREDUÇÃO DERESÍDUOSAUMENTAR ADURABILIDADEPROJETAR PARA OREUSOPROJETAR PARA AREMANUFATURAPROJETAR PARA ARECICLAGEMOTIMIZAR ALOGÍSTICAPLANEJAR FINAL DAVIDA ÚTIL DOSPRODUTOS EMATERIAIS17TABELA 03 – Critérios <strong>de</strong> Design <strong>para</strong> requisitos ambientaisAÇÕES• Simplificação <strong>da</strong> forma;• Agrupar funções / multi-funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong> / multi-configuração / modulari<strong>da</strong><strong>de</strong>;• Evitar superdimensionamentos;• Diminuir volume e peso;• Diminuir uso <strong>de</strong> água;• Usar materiais vindos <strong>de</strong> fontes abun<strong>da</strong>ntes;• Usar materiais abun<strong>da</strong>ntes e sem restrição <strong>de</strong> uso;• Reduzir o número <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> material <strong>de</strong> fabricação;• Reduzir energia na fabricação;• Reduzir energia na utilização do produto;• Reduzir a energia no transporte;• Usar fontes <strong>de</strong> energia alternativas, renováveis e limpas• Usar materiais reciclados e recicláveis;• Usar materiais compatíveis entre si;• Usar materiais que provenham <strong>de</strong> refugos <strong>de</strong> processos produtivos;• Evitar material que produza emissões, resíduos ou efluentes tóxicos;• Usar tecnologias e processos produtivos <strong>de</strong> baixo impacto e eco-eficientes;• Facilitar manutenção e substituição <strong>de</strong> peças;• Incentivar mu<strong>da</strong>nças culturais (p. ex: <strong>de</strong>scartável x durável);• Na mesma função ou em outras funções;• Possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>para</strong> reconhecer peças e materiais;• Possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>para</strong> um segundo ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>;• Projeto <strong>para</strong> reven<strong>da</strong>, redistribuição;• Facilitar <strong>de</strong>smontagem;• Possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ser recriado (re-<strong>de</strong>sign), sofrer a<strong>da</strong>ptações melhorias e atualizaçõestecnológicas;• Projetar intercâmbio <strong>da</strong>s peças;• Facilitar <strong>de</strong>smontagem;• I<strong>de</strong>ntificar diferentes materiais;• Agregar valor estético aos materiais reciclados;• Projeto <strong>para</strong> facilitar transporte e armazenamento;• Projeto <strong>para</strong> logística reversa, facilitando a recolha e transporte do produto após o uso<strong>para</strong> reuso ou reciclagem;• Projetar <strong>para</strong> que os produtos usem menos embalagem ou mesmo não usá-las;• Produção na exata <strong>de</strong>man<strong>da</strong> do consumo;• Trocar produtos por serviços;• Utilizar materiais bio<strong>de</strong>gradáveis e/ou compostáveis em produtos <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> útil breve;• Possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ser usado como matéria prima <strong>para</strong> outros processos produtivos;• Utilizar materiais que possam ser incinerados <strong>para</strong> a geração <strong>de</strong> energia sem queproduzam emissões tóxicas;LEIS E NORMAS • Alcançar ou exce<strong>de</strong>r metas regulatórias;PROJETAR PARASUSTENTABILIDADESOCIO-AMBIENTALDIMINUIÇÃO DECUSTOS• Preservar culturas, <strong>de</strong>senvolvendo produtos que preservem os recursos culturais enaturais locais;• Gerar trabalho e empregos;• Buscar a manutenção <strong>de</strong> recursos humanos e econômicos nas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s locais,principalmente em zonas mais pobres evitando o êxodo <strong>para</strong> zonas ricas e populosas;• Contribuir <strong>para</strong> a educação sócio-ambiental dos usuários e seus vizinhos• Ser benéfico à saú<strong>de</strong> dos seres vivos e do eco-sistema• Promover custos competitivos sendo alternativa a produtos similares convencionais• Permitir ser testado nos mesmos parâmetros técnicos <strong>de</strong> produtos convencionais• Economizar custos finais <strong>da</strong> produçãoBaseado em RAMOS E SELL (2002) e complementado por MANZINI (2002); MORIMOTO (2001); MASUI(2000); LINDBECK (1995) apud LIMA E FILHO (2002); BARBOSA (2002), SOUSA (2002), KIPERSTOK(2003); LEITE (2003); CASTILHOS (2003), JÚNIOR (2003), ROSE (2002), IDHEA (2004).


18Para uma melhor integração <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do <strong>de</strong>sign, neste contexto, po<strong>de</strong>-seorganizar os critérios por variáveis, passando a ser chamado <strong>de</strong> DfX ou Design <strong>para</strong> Xvariáveis, sendo que X representa as características que <strong>de</strong>vem ser maximiza<strong>da</strong>s eenfatiza<strong>da</strong>s <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r um propósito específico, como visto na TABELA 04:TABELA 04 – Tipos <strong>de</strong> DfXDf X DIRIGIDO A:ACDELMOR (1)R (2)SLS (1)TS (2)ASSEMBLY(montagem)COMPLIANCE(conformi<strong>da</strong><strong>de</strong>)DISASSEMBLY(<strong>de</strong>smontagem)ENVIRONMENT(ambiente) ou Eco-DesignLOGISTIC(logística)MANUFACTURABILITY(processabili<strong>da</strong><strong>de</strong>)ORDERABILITY(or<strong>de</strong>namento)RELIABILITY(resistência)RECYCLING(reciclagem)SAFETY AND LIABILITYPREVENTION(segurança e prevenção <strong>de</strong>falhas)SERVICEABILITY(utilização)TESTABILITY(testabili<strong>da</strong><strong>de</strong>)SUSTEINABILITY(sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>)Facilitar a montagem, evitar erros <strong>de</strong> montagem,projetar peças multifuncionais, etc;Cumprir as normas necessárias <strong>para</strong> manufatura euso, como por exemplo, quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> substânciastóxicas ou bio<strong>de</strong>gra<strong>da</strong>bili<strong>da</strong><strong>de</strong>;Possibilitar e facilitar a <strong>de</strong>smontagem do produto,facilitar a remoção e se<strong>para</strong>ção <strong>de</strong> peças, preverprodutos modulados com partes <strong>de</strong> fácil <strong>de</strong>sencaixe;Diminuir as emissões e os resíduos do produto <strong>de</strong>s<strong>de</strong>sua fabricação até seu <strong>de</strong>scarte, <strong>de</strong>terminando oACV do produto;Facilitar o transporte e armazenamento através dogerenciamento direto e reverso <strong>de</strong> materiais;minimizar embalagens;Integrar o <strong>de</strong>sign do produto com os processos <strong>de</strong>fabricação, como processamento e montagem;Integrar o <strong>de</strong>sign no processo <strong>de</strong> manufatura edistribuição <strong>de</strong> forma a satisfazer às expectativas doconsumidor;Aten<strong>de</strong>r condições <strong>de</strong> operação em condições <strong>de</strong>ambiente agressivo, como meios corrosivos ou <strong>de</strong><strong>de</strong>scarga eletrostática;Permitir que partes dos produtos possam seri<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s, se<strong>para</strong><strong>da</strong>s, recupera<strong>da</strong>s, reusa<strong>da</strong>s.Determinar uso matérias primas recicláveis.Prever re<strong>de</strong>sign, reven<strong>da</strong> e redistribuição;Aten<strong>de</strong>r aos padrões <strong>de</strong> segurança, evitar usosequivocados, prevenção <strong>de</strong> falhas e <strong>de</strong> ações legais<strong>de</strong>las <strong>de</strong>correntes;Facilitar a instalação inicial, o reparo e a modificaçãoem campo ou em uso;Facilitar testes tanto no processo <strong>de</strong> fabricação comoem campo;Procurar favorecer a preservação dos recursossocial, econômica e cultural <strong>de</strong> maneira que nãocause impactos negativos na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> humana nemno meio ambiente;Baseado em JUNIOR (2003) e complementado com LIMA E FILHO (2002), SOUZA (2002),SOUZA & PEREIRA (2003); GRAEDEL e ALLENBY (1995), MAZINI (2002).Nesta organização acima, as variáveis X são inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>ssimultaneamente, se integrando e se complementando, em prol <strong>de</strong> um objetivo comum. O<strong>de</strong>signer, <strong>de</strong>sta forma, po<strong>de</strong> usar uma lista <strong>de</strong> requisitos que irão otimizar o produto tantona função especifica<strong>da</strong> quanto na busca <strong>de</strong> uma melhor eficiência ambiental. Por


19exemplo, o <strong>de</strong>sign <strong>para</strong> reciclabili<strong>da</strong><strong>de</strong> (DfR (2) ) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do <strong>de</strong>sign <strong>para</strong> <strong>de</strong>smontagem(DfD) pois este, ao facilitar a se<strong>para</strong>ção <strong>de</strong> peças, facilita o reaproveitamento e reciclagem<strong>da</strong>s mesmas. O Eco-Design, ou DfE – Design for Environment – faz parte <strong>da</strong>s ferramentaspropostas pelo DfX (ROSE, 2002), propondo o uso <strong>de</strong> parâmetros ambientais no projeto<strong>de</strong> produtos e se integrando aos <strong>de</strong>mais fatores X pelo uso do ACV, quando em ca<strong>da</strong>etapa <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> do produto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a extração <strong>de</strong> material, manufatura, transporte, uso e<strong>de</strong>scarte, há o uso dos requisitos dos <strong>de</strong>mais fatores X, buscando interferir positivamentena eco-eficiência do produto <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua fase <strong>de</strong> projeto.1.3.1 – Atuação do Eco-Design no ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> do produto.A visão geral <strong>da</strong> aplicação do eco-<strong>de</strong>sign no ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> um produto po<strong>de</strong>,então, ser visualiza<strong>da</strong> na FIGURA 04, que <strong>de</strong>monstra graficamente as informações<strong>de</strong>scritas anteriormente:FIGURA 04 – Ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> do produto e intervenção do Eco-<strong>de</strong>sign na ca<strong>de</strong>ia produtiva(TEIXEIRA e CÉSAR, 2004 – MODIFICADO)A partir <strong>da</strong> FIGURA 04 po<strong>de</strong>-se enumerar ca<strong>da</strong> etapa <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> um produto,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a extração <strong>da</strong> matéria virgem até o pós-uso, explicando as intervenções possíveisdo Eco-<strong>de</strong>sign e as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s tecnológicas mais compatíveis com o meio ambiente:Fluxo tradicional <strong>da</strong> produção: Descrito no NIVEL 01 como produção linear. Oplaneta Terra é visto aqui como fornecedor <strong>de</strong> matéria virgem, <strong>de</strong> água e <strong>de</strong> energia.Esses recursos são beneficiados e transformados em produtos que são distribuídos


20<strong>para</strong> o consumo e, então, são finalmente <strong>de</strong>scartados.Fabricação Eco-eficiente: representa o primeiro passo em direção a eco-eficiência.A aplicação <strong>de</strong> tecnologias e <strong>de</strong> gerenciamento (NÍVEL 02) que buscam a prevenção<strong>da</strong> poluição durante os processos industriais. Aqui o Eco-<strong>de</strong>sign propõe projetos quefacilitem a manufatura, montagem e testes, que reduzem o uso <strong>de</strong> água e energia nafabricação, que faça uso <strong>de</strong> materiais e <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> fabricação não poluentes,uso <strong>de</strong> materiais reciclados e recuperados.Otimizar a logística: prevê produtos que facilitem o transporte e armazenamento,que usem o mínimo ou zero <strong>de</strong> embalagem, que facilitem ao máximo o acesso dosconsumidores aos produtos e que permitam o retorno dos produtos ao setor produtivoapós o uso, com a aplicação <strong>da</strong> logística reversa (LEITE. 2003).Maximizar o uso: tudo que signifique aumentar a utili<strong>da</strong><strong>de</strong> e a vi<strong>da</strong> útil do produtoalém <strong>de</strong> diminuir o consumo <strong>de</strong> água e energia durante esta fase <strong>de</strong> uso. Assim, oEco-Design prevê produtos multifuncionais, multiconfiguráveis, duráveis, econômicos,que possam ser <strong>de</strong> fácil manutenção, que possam ser substituídos por serviços, quepossam servir a vários usuários (uso compartilhado), que tenham interfaceergonômica e que agreguem valor estético, fortalecendo sua relação com o usuário.Reaproveitamento <strong>de</strong> produtos e peças: formas <strong>de</strong> agregar valor e recuperarprodutos consi<strong>de</strong>rados no fim <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> útil com <strong>de</strong>stinos ao <strong>de</strong>scarte. Deve-se optarprimeiramente pelo reuso do produto e <strong>de</strong>pois pela a remanufatura através <strong>da</strong>reutilização <strong>da</strong>s peças em boas condições <strong>de</strong> uso:Reuso: prevê produtos que possam ser recuperados, consertados, atualizados,revendidos e reusados. Conta <strong>para</strong> isso com a durabili<strong>da</strong><strong>de</strong>: física, funcional,utilitária e estética, além do seu valor <strong>de</strong> mercado. Depen<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma logísticareversa que permita sua <strong>de</strong>volução <strong>para</strong> o setor <strong>de</strong> recondicionamento (LEITE,2003) e <strong>de</strong> reven<strong>da</strong>. Prevê o reuso na função original do produto ou em outrasfunções.Remanufatura: prevê produtos que possam ser <strong>de</strong>smontados, ter peças <strong>de</strong> fácili<strong>de</strong>ntificação, se<strong>para</strong>ção, limpeza e re<strong>para</strong>ção, <strong>para</strong> permitir o aproveitamento<strong>de</strong> peças em outros produtos na mesma função ou em funções diferentes <strong>da</strong>original. Conta <strong>para</strong> isso a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>smontagem, modulari<strong>da</strong><strong>de</strong>,montagem.


21Reaproveitamento <strong>de</strong> material: Formas <strong>de</strong> reutilização <strong>da</strong> matéria prima residualoriun<strong>da</strong> tanto <strong>de</strong> processos industriais quanto oriun<strong>da</strong> <strong>de</strong> produtos e bens <strong>de</strong>consumo <strong>de</strong>scartados, atitu<strong>de</strong> que além <strong>de</strong> reutilizar matéria <strong>de</strong>scarta<strong>da</strong>, aju<strong>da</strong> tantoa diminuir a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por matéria virgem e recursos naturais como também aju<strong>da</strong> apoupar energia, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do material e do processo <strong>de</strong> reaproveitamento. A metaé o reaproveitamento <strong>de</strong> 100% do material e <strong>para</strong> isso o Eco-Design prevê produtos<strong>de</strong> fácil <strong>de</strong>smontagem, com partes e peças modulares facilmente i<strong>de</strong>ntificáveispermitindo se<strong>para</strong>ção rápi<strong>da</strong>, diminuição do número <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> fabricação noproduto, uso <strong>de</strong> material <strong>de</strong> fabricação reciclados e recuperados (oriundos <strong>de</strong>processos <strong>de</strong> reciclagem e <strong>de</strong> recuperação) e recicláveis ou recuperáveis (quepermitam ser reciclados ou recuperados), uso <strong>de</strong> materiais similares e compatíveisentre si, uso <strong>de</strong> materiais não tóxicos e uso <strong>de</strong> materiais cuja reciclagem tenhaimpactos ambientais mínimos.Recuperação: prevê a reutilização <strong>da</strong> matéria prima <strong>de</strong> processos industriais oudo uso <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong>scartados, reintroduzindo-a em sistemas <strong>de</strong>produção igual ou similar à etapa produtiva inicial e em produtos similares àprimeira transformação. Tal processo po<strong>de</strong> usar etapas <strong>de</strong> limpeza e purificaçãoque <strong>de</strong>man<strong>da</strong>m água e energia, mas que permite aproveitamento total <strong>de</strong>matérias primas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> consumo tal como o vidro, o PET, o aço, o alumínio.Reciclagem: prevê a reutilização <strong>da</strong> matéria prima oriun<strong>da</strong> tanto <strong>de</strong> processosindustriais consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como resíduo (reciclagem pré-consumo ou pósindustrial),quanto àquela conti<strong>da</strong> nos produtos finalizados e consi<strong>de</strong>rados nofim <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> útil, não sendo mais possível o seu reuso nem sua remanufatura(reciclagem pós-consumo). O material reciclado é então usado em processos eem produtos diferentes dos usados nos processos iniciais, já que há apossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> per<strong>da</strong> <strong>de</strong> características que dificultam a reintegração <strong>de</strong>stesmateriais nestes processos iniciais.Os processos <strong>de</strong> reciclagem e <strong>de</strong> recuperação, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong>s circunstâncias e domaterial a ser reprocessado, po<strong>de</strong>m fazer uso <strong>de</strong> tecnologias que <strong>de</strong>man<strong>de</strong>m <strong>de</strong>energia, novos insumos, água, o que fazem a reciclagem e a recuperação uma formamenos ecologicamente eficiente quanto o reuso ou a remanufatura, mas muito maiseficiente que a extração <strong>de</strong> matéria virgem, além <strong>de</strong> promover a utilização <strong>de</strong> materiaise insumos em ciclos fechados <strong>de</strong> produção, principalmente quando não há mais aspossibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> reuso nem <strong>de</strong> remanufatura.


22Opções <strong>para</strong> obtenção <strong>de</strong> energia: prevê produtos construídos com materiais quepermitam a queima <strong>para</strong> obtenção <strong>de</strong> energia, assim há o reaproveitamento <strong>de</strong>energia. Esta retorna <strong>para</strong> a linha <strong>de</strong> produção e consumo, aju<strong>da</strong>ndo a diminuir apressão exerci<strong>da</strong> ao meio ambiente pela <strong>de</strong>man<strong>da</strong> energética. Neste caso, a matériaprima conti<strong>da</strong> nos produtos é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como combustível e po<strong>de</strong> ser transforma<strong>da</strong>em energia por processos termoquímico ou bioquímico, gerando calor, gás metano(combustível) ou eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> (KIPERSTOK 2003). A alternativa <strong>da</strong> queima <strong>de</strong>material <strong>de</strong>ve ser a mais eco-eficiente possível, visto que po<strong>de</strong> apresentar o problema<strong>da</strong> geração <strong>de</strong> emissões atmosféricas prejudiciais ao meio ambiente. Técnicas comoa biodigestão, que produzem gás metano como combustível e biofertilizante, sãopreferi<strong>da</strong>s a processos convencionais <strong>de</strong> queima. Essa opção <strong>de</strong>ve ser usa<strong>da</strong> quandoto<strong>da</strong>s as <strong>de</strong>mais já foram usa<strong>da</strong>s. Para tal, o Eco-<strong>de</strong>sign prevê produtos construídoscom materiais não tóxicos, bio<strong>de</strong>gradáveis, compostáveis (com a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> douso do composto orgânico como fertilizantes ou adubos) e energéticos, assim comotambém prevê projetos <strong>de</strong> fácil <strong>de</strong>smontagem.Resíduos ecologicamente compatíveis: prevê a reintegração ao meio natural tantodo produto quanto do material <strong>de</strong> fabricação no final <strong>de</strong> sua vi<strong>da</strong> útil. Portanto, éimperativa a característica <strong>de</strong> ser não poluente e não tóxico, assim como <strong>de</strong>ve tervolume mínimo. Além disso, <strong>de</strong>vem ser construídos <strong>de</strong> materiais bio<strong>de</strong>gradáveis,putrescíveis ou compostáveis.O propósito <strong>de</strong> reunir vários requisitos, como vistos na TABELA 03 e 04, é <strong>de</strong> buscarrequisitos compatíveis que torne um produto proposto realmente eco-eficiente, poisapenas o uso <strong>de</strong> um <strong>de</strong>stes requisitos não garante sua boa performance ambiental.Baseado nos critérios citados acima, a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> elaborar um produto <strong>de</strong>ve levar emconta algumas pré-condições já que a utilização <strong>de</strong> apenas uma estratégia ou o focosobre a redução <strong>de</strong> um único impacto ambiental po<strong>de</strong> trazer resultados in<strong>de</strong>sejados,quando se consi<strong>de</strong>ra a performance ambiental do produto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início e até o final <strong>da</strong>sua vi<strong>da</strong> útil (RAMOS E SELL, 2002). A partir do esquema mostrado pela FIGURA 04,po<strong>de</strong>-se enten<strong>de</strong>r o caminho do resíduo estu<strong>da</strong>do e traçar a melhor estratégia <strong>para</strong>aproveitá-lo num novo ciclo <strong>de</strong> produção. A possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do uso <strong>de</strong> subprodutosindustriais, antes consi<strong>de</strong>rados resíduos, como mostra a FIGURA 04, abre a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>do aproveitamento <strong>de</strong>stes em uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s fabris com objetivos sociais, gerando maisempregos e mais trabalho pela simples possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> transformação <strong>de</strong> resíduos emnovos produtos.


23CAPÍTULO2A MADEIRA: INDÚSTRIA E RESÍDUOSEste capítulo apresenta a ma<strong>de</strong>ira como material <strong>de</strong> produção, sua origem, suascaracterísticas, o problema do <strong>de</strong>smatamento, as diferenças <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira serra<strong>da</strong> ereconstituí<strong>da</strong>. Apresenta ain<strong>da</strong> os resíduos <strong>de</strong> pós-fabricação <strong>da</strong> indústria <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira,como são gerados e como são usados tradicionalmente.2.1 – A MADEIRA COMO RECURSO FLORESTALA floresta é <strong>de</strong>scrita como “a fonte <strong>de</strong> recursos naturais mais importante <strong>da</strong> terra”(CORSON, 2002, p.103). Entre estes recursos florestais, a ma<strong>de</strong>ira aparece como matériaprima consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> básica, mas também <strong>de</strong>cisiva <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento do homem,aparecendo em to<strong>da</strong>s as civilizações como a matéria prima <strong>de</strong> maior acesso e facili<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> manuseio. Dela se obtém a lenha <strong>para</strong> o fogo, proporcionando o cozimento, calor eproteção; construção <strong>de</strong> utensílios, armas, ferramentas e habitações; transporte como asembarcações, veículos; uso como carvão <strong>para</strong> extração e mo<strong>de</strong>lagem metalúrgica e <strong>de</strong>outros materiais como o cimento, cal, argamassa, telhas e blocos. A ma<strong>de</strong>ira po<strong>de</strong> serconsi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> um agente que promove a revolução tecnológica em prol do progresso dohomem. Sua importância <strong>para</strong> os povos antigos era tal que os gregos e os romanos achamavam <strong>de</strong> “a matéria” referindo-se a uma matéria prima básica e elementar.A área ocupa<strong>da</strong> pelas florestas, planta<strong>da</strong>s ou naturais, eram estima<strong>da</strong>s em 3,454milhões <strong>de</strong> hectares em 1995, sendo que 55% <strong>de</strong>sta área está localiza<strong>da</strong> nos países em<strong>de</strong>senvolvimento ou sub-<strong>de</strong>senvolvidos e apenas 3% <strong>da</strong> área mundial é <strong>de</strong> florestaplanta<strong>da</strong>, o restante 97% são <strong>de</strong> florestas naturais (SERRANO et al, 1998). SERRANO(op cit) ain<strong>da</strong> resume em sete países que, em 1995, <strong>de</strong>tinham cerca <strong>de</strong> 60% <strong>da</strong>s florestasmundiais, como visto na FIGURA 05:FIGURA 05 – Países com a maioria <strong>da</strong> área florestal mundial, em porcentagem. Fonte: SERRANO, 1998


242.2 – CAUSAS E CONSEQUENCIAS DO DESMATAMENTOAtualmente a <strong>de</strong>vastação <strong>da</strong>s florestas atinge valores preocupantes. Os <strong>da</strong>dosmostram, em nível global, que a <strong>de</strong>vastação varia <strong>de</strong> 10 a 20 milhões <strong>de</strong> hectaresflorestais por ano, (ou 10 quarteirões a ca<strong>da</strong> minuto). As principais causas são, segundoCORSON (2002), a agricultura, a pecuária, os projetos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento em largaescala tais como a construção <strong>de</strong> estra<strong>da</strong>s ou hidroelétricas, e a extração <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira.Estes fatores são impulsionados pelo aumento <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por área <strong>para</strong> expansãoterritorial e pelos recursos florestais, áreas estas geralmente <strong>de</strong>smata<strong>da</strong>s pela aplicação<strong>de</strong> fogo, acarretando per<strong>da</strong> <strong>de</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> (GERWING e VIDAL, 2002). A florestaain<strong>da</strong> é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como uma fonte <strong>de</strong> recursos, entendi<strong>da</strong> como inesgotável ou comoum “obstáculo ao estabelecimento e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s populações humanas” (IBAMA,2002 p.100).A indústria <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira tem uma participação importante no <strong>de</strong>smatamento. SegundoCORSON (2002 p. 120) “a ca<strong>da</strong> ano 5.000.000 <strong>de</strong> hectares, no mínimo, <strong>de</strong> florestastropicais são cortados <strong>para</strong> a obtenção <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira” sendo que as áreas mais <strong>de</strong>vasta<strong>da</strong>sestão na Ásia e África Oci<strong>de</strong>ntal. Este <strong>de</strong>smatamento é impulsionado pela pobreza dospaíses do terceiro mundo que são obrigados a transformar seus recursos naturais emrecursos financeiros. O Brasil não está distante <strong>de</strong>sta reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, apesar <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rarque a Amazônia ain<strong>da</strong> está no começo <strong>da</strong> exploração. As conseqüências são inúmeras ena maioria muito grave. Algumas chegam a ser irreversíveis e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> prejuízo <strong>para</strong> omeio ambiente. A TABELA 05 discrimina as principais conseqüências do <strong>de</strong>smatamento.TABELA 05 – Conseqüências do <strong>de</strong>smatamentoCONSEQUÊNCIAEXTINÇÃO DABIODIVERSIDADEDESLOCAMENTODE CULTURASLOCAISDEGRADAÇÃO DOSOLO E DA ÁGUAALTERAÇÃOCLIMÁTICAPERDA DERECURSOSNATURAISDESCRIÇÃOA quebra dos elos do ecossistema põe em risco <strong>de</strong> extinção plantas e animais. O<strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> algum <strong>de</strong>stes elos, causado pela <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> um habitat, atinge todo oecossistema. As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s humanas são aponta<strong>da</strong>s como uma <strong>de</strong>stas causas.Culturas que tradicionalmente habitam as regiões atingi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> forma harmônica com o meioambiente são obriga<strong>da</strong>s a <strong>de</strong>slocar-se <strong>para</strong> outras regiões. Geralmente são culturas comconhecimentos sobre a biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> do antigo habitat e que <strong>de</strong>saparecem ou se acomo<strong>da</strong>mnos gran<strong>de</strong>s centros urbanos, geralmente em locais pouco apropriados tal como favelas.Portanto são, sobretudo conseqüências sociais e econômicas.A <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s florestas atinge diretamente tanto a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do solo, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dosnutrientes <strong>para</strong> renovar a fertili<strong>da</strong><strong>de</strong> quanto a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> ou mesmo a existência <strong>da</strong> água, pois afloresta age como reservatório natural <strong>de</strong> água regulando o ciclo <strong>da</strong>s águas. A <strong>de</strong>struição <strong>da</strong>sflorestas atinge, portanto, o controle <strong>da</strong>s enchentes, <strong>da</strong>s secas e <strong>da</strong> erosão.As florestas são as responsáveis pelo controle do clima tanto regional quanto global. O<strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> florestas <strong>de</strong>scontrola primeiramente os ventos e as chuvas em nívelregional. Em segui<strong>da</strong> <strong>de</strong>scontrola principalmente o ciclo do carbono contribuindo com o<strong>de</strong>sequilíbrio e aumento do efeito estufa. O aumento <strong>de</strong> temperatura global e o aumento donível dos oceanos são apenas duas <strong>da</strong>s conseqüências do <strong>de</strong>smatamento.A gran<strong>de</strong> varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos conti<strong>da</strong> na biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> é um fator valioso <strong>para</strong> a obtenção<strong>de</strong> novos produtos agrícolas, industriais, medicinais e genéticos. A extinção <strong>de</strong>stabiodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> pelo <strong>de</strong>sflorestamento porá um fim a estes recursos naturais.Fonte: CORSON (2002), IBAMA (2002), MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI (2003), MARTINI (1998)


252.3 – A EXPLORAÇÃO DA MADEIRA NO BRASILO Brasil ocupa lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque quanto à extensão <strong>de</strong> suas florestas. Suacobertura florestal natural é atualmente <strong>de</strong> 550 milhões <strong>de</strong> hectares e que significa 14,5%<strong>da</strong> cobertura florestal nativa mundial (IBAMA, 2002). De acordo com o Museu ParaenseEmílio Goeldi (2003), a “Amazônia é a maior e a mais diversa região <strong>de</strong> florestas tropicaisno mundo”. Apesar <strong>da</strong> importância <strong>de</strong>stas florestas, a <strong>de</strong>vastação tem muito contribuídocom o quadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição florestal mundial atual e a diferença entre os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong>SERRANO (1998) na FIGURA 05, on<strong>de</strong> o Brasil contribui com 15,9% <strong>da</strong> coberturamundial, e os <strong>da</strong>dos do IBAMA acima são a prova do avanço do <strong>de</strong>sflorestamento.Segundo o IBAMA (2002), o <strong>de</strong>smatamento <strong>de</strong> floresta nativa é preocupante apesardo aumento do consumo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira oriun<strong>da</strong> <strong>de</strong> florestas planta<strong>da</strong>s, basicamente pinnuse eucalipto. Esse consumo é o resultado <strong>da</strong> procura por ma<strong>de</strong>ira que alimenta osseguintes produtos dos setores industriais, segundo a TABELA 06. Po<strong>de</strong>mos verificar, opeso <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> setor na extração, sendo que o setor <strong>de</strong> papel e celulose, por não usarma<strong>de</strong>ira nativa e sim planta<strong>da</strong>, possivelmente não faça pressão na mata nativa.TABELA 06 – Consumo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira industrial em toras no Brasil no ano <strong>de</strong> 2000 (10 3 m 3 )PRODUTO NATIVAS PLANTADAS TOTAL % NATIVAPapel e Celulose 0 32.000 32.000 0,00Carvão Vegetal 11.800 33.400 45.200 26,1Lenha <strong>Industrial</strong> 16.000 13.000 29.000 55,2Serrados 34.000 15.100 49.100 69,2Lâminas e Compensados * 2.050 3.950 6.010 34,1Painéis Reconstituídos 0 5.000 5.000. 0,00TOTAL 63.850 102.460 166.310 38,4Fonte: IBAMA (2002 p. 106) *incluindo MDF e Chapas <strong>de</strong> FibraNeste universo acima <strong>de</strong>scrito, o mercado brasileiro tornou-se um dos gran<strong>de</strong>sconsumidores <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, rivalizando o consumo interno com o volume exportado, sendoque o consumidor brasileiro ain<strong>da</strong> não está consciente <strong>da</strong> diferença ou importância entrea ma<strong>de</strong>ira planta<strong>da</strong> e a nativa. Segundo SOBRAL (2002. p.7), o estado <strong>de</strong> São Paulo, queé o maior consumidor <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira do Brasil principalmente <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira nativa amazônica,[...] adquiriu o equivalente a 6,1 milhões <strong>de</strong> metros cúbicos em tora <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira amazônica em 2001. A quase totali<strong>da</strong><strong>de</strong> (99%) <strong>de</strong>ssa ma<strong>de</strong>ira foiconsumi<strong>da</strong> no próprio Estado. Desse total, 69% foram comercializadospelos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e 21% foram consumidos pelas indústrias <strong>de</strong>produtos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. Por fim, a construção civil vertical (edifícios) adquiriu10% <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira amazônica no Estado.


26Conforme SOBRAL (2002), as indústrias paulistas <strong>de</strong> beneficiamento <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iraconsumiram 1,3 milhões <strong>de</strong> m 3 <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira amazônica em toras, transforma<strong>da</strong> em móveispopulares, 69%; móveis finos, 4%; forros, pisos e esquadrias, 14% e casas préfabrica<strong>da</strong>s,13%. Dentro <strong>da</strong> indústria <strong>de</strong> pisos e esquadrias, por exemplo, a ma<strong>de</strong>iraamazônica nativa correspon<strong>de</strong> a 98% <strong>de</strong> sua matéria prima e na indústria <strong>de</strong> móveisfinos, 64%. A FIGURA 06 resume, segundo ABIMCI (2003), a ca<strong>de</strong>ia produtiva do setorma<strong>de</strong>ireiro brasileiro e que complementa as informações <strong>da</strong> TABELA 04. Aqui estão afase <strong>de</strong> extração <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira virgem (<strong>de</strong> floresta nativa ou planta<strong>da</strong>) na forma <strong>de</strong> torassóli<strong>da</strong>s e o beneficiamento quando a ma<strong>de</strong>ira é transforma<strong>da</strong> em vários tipos <strong>de</strong> produtos<strong>para</strong> vários fins diferentes.FIGURA 06 – Ca<strong>de</strong>ia industrial <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira. Fonte: ABIMCI 2003A participação <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira nativa na indústria brasileira não é nova e um dosprimeiros produtos a ter importância histórica é exatamente a ma<strong>de</strong>ira do Pau-brasil.Atualmente a Mata Atlântica foi quase extermina<strong>da</strong> e a Floresta Amazônica é alvo <strong>da</strong>exploração. No entanto, segundo CÉSAR, (2002), com o esgotamento <strong>da</strong>s florestas <strong>de</strong>araucária no sul do Brasil, na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1966, se criou incentivos fiscais <strong>para</strong> o plantio <strong>de</strong>florestas <strong>de</strong> pinus e <strong>de</strong> eucalipto, sendo um fator <strong>de</strong>terminante <strong>para</strong> a indústria ma<strong>de</strong>ireiranacional. A TABELA 07 mostra a extensão <strong>da</strong> produção nacional <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> florestaplanta<strong>da</strong> no Brasil em 1998. Segundo <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> ABIMCI (1999), o consumo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iraem geral está vinculado a três ramos industriais: a indústria moveleira, a indústria <strong>de</strong>embalagens e a construção civil.AUTORTABELA 07: Total <strong>de</strong> áreas planta<strong>da</strong>s em Pinus e Eucalyptus.TOTAL DE ÁREA PLANTADAMILHÕES HECTARESPINUSEUCALIPTOOUTRASESPÉCIESCALIL 6.290.000 1.862.000 3.231.000 1.200GARLIPP 4.805.930 1.840.050 2.965.880 ----Fonte: A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> CALIL (2000) e GARLIPP (2000).


27A gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por tal produção vem, no entanto, <strong>da</strong>s empresas <strong>de</strong> papel ecelulose além <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> lenha e carvão, que tem uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> nacionalconforme a TABELA 06.2.4 – CARACTERÍSTICAS DA MADEIRA2.4.1 – Origem <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>iraA ma<strong>de</strong>ira é um material orgânico <strong>de</strong> origem vegetal. Está presente na terra <strong>de</strong>s<strong>de</strong> operíodo carbonífero e em gran<strong>de</strong>s quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Para alguns autores, a ma<strong>de</strong>ira é umrecurso inesgotável, pois está em contínua formação. No entanto, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rá-lacomo um recurso renovável, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> boas condições naturais <strong>para</strong> sua existência.As árvores, seres vivos que fornecem a ma<strong>de</strong>ira, estão dividi<strong>da</strong>s em duas classes <strong>de</strong>diferentes características <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. Po<strong>de</strong>mos ver na TABELA 08 as características<strong>de</strong>stas subdivisões com exemplos.TABELA 08 - Subdivisões <strong>da</strong>s árvoresFAMÍLIA DESCRIÇÃO EXEMPLOGIMNOSPERMASANGIOSPERMASFonte: HELLMEISTER, 1983.Árvores típicas do clima frio formando gran<strong>de</strong>s florestas no hemisférioNorte, com algumas espécies tropicais e existentes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o períodocarbonífero. Tem a copa <strong>de</strong> folhas em forma <strong>de</strong> cone, <strong>da</strong>í seremconheci<strong>da</strong>s também como coníferas. Sua ma<strong>de</strong>ira é mole e macia etêm gran<strong>de</strong> importância comercialSão <strong>de</strong>evolução maisrecente que asgimnospermas,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> ocretáceo e sedivi<strong>de</strong>m emdoissubgrupos:MONOCOTILEDÔNEAS:São as palmas e as gramíneas. As palmas têmtronco <strong>de</strong> baixa duração e baixa resistênciamecânica, apresentando difícil processamento. Asgramíneas têm fibras duras e compactas que po<strong>de</strong>mter gran<strong>de</strong> resistência mecânica como o bambu.DICOTILEDÔNEAS:São as árvores comuns, chama<strong>da</strong>s também comofolhosas, presentes em todo o globo terrestreprincipalmente nos trópicos. São chama<strong>da</strong>s <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>iras duras, que tem gran<strong>de</strong> resistênciamecânica e portanto gran<strong>de</strong> valor comercial e cujacopa <strong>de</strong> folhas se espalha <strong>de</strong> forma não or<strong>de</strong>na<strong>da</strong>.PINUS,ARAUCÁRIA,CIPESTRE,SEQUOIA.PALMAS:CÔCO, DENDÊ,CARNAUBA.GRAMÍNEAS:BAMBUEUCALÍPITO,CEDRO,MOGNO, IPÊ,PEROBA,PAU D’ÁRCO,JACARANDÁ.Dos exemplos citados na TABELA 07 e 08, <strong>de</strong>stacam-se o pinus e o eucalipto,como ma<strong>de</strong>iras escolhi<strong>da</strong>s pelas indústrias ma<strong>de</strong>ireiras <strong>para</strong> o cultivo em florestasplanta<strong>da</strong>s e certifica<strong>da</strong>s. Apresentam rápido crescimento, facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> manejo e gran<strong>de</strong>retorno comercial, apesar <strong>de</strong> serem espécies não nativas do Brasil. Atualmente ocupam amaioria dos investimentos no plantio <strong>de</strong> florestas renováveis, apesar <strong>de</strong> haver pesquisasno Brasil <strong>para</strong> que espécies nativas ocupem este lugar e permita melhor a<strong>de</strong>quação como meio ambiente. Esta dissertação baseia-se exatamente nos resíduos <strong>de</strong> pinus e <strong>de</strong>eucalipto plantados em florestas renováveis do Litoral Norte <strong>da</strong> Bahia.


282.4.2 – Componentes <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>iraA ma<strong>de</strong>ira é forma<strong>da</strong> por compostos químicos orgânicos baseados principalmenteem 50% <strong>de</strong> carbono e 43% <strong>de</strong> oxigênio (HELLMEISTER, 1983). Os principaiscomponentes são a Celulose e a Lignina, cuja proporção entre si <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> espécie <strong>de</strong>árvore e que operam funções vistas abaixo:• Celulose: Polímero natural (C 6 H 10 O 5 ) que forma as fibras que constituem gran<strong>de</strong>parte <strong>da</strong> massa <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira, conferindo-a resistência mecânica.• Lignina: Composto <strong>de</strong> alto peso molecular que age como uma matriz <strong>de</strong> resinaou a<strong>de</strong>sivo que une as fibras <strong>de</strong> celulose entre si.2.4.3 – Componentes do troncoUm tronco <strong>de</strong> árvore po<strong>de</strong> ser estruturado em cama<strong>da</strong>s sendo que nem to<strong>da</strong>s <strong>de</strong>staspartes têm um <strong>de</strong>stino no comercio tradicional. A FIGURA 07 nos mostra as principaiscama<strong>da</strong>s <strong>de</strong> um tronco <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira seguido <strong>da</strong> explicação funcional e importânciacomercial, visto na TABELA 09:FIGURA 07 – Cama<strong>da</strong>s do tronco <strong>de</strong> árvore. Fonte: SZÜCS, 2003 – modificadoTABELA 09 – Cama<strong>da</strong>s do tronco <strong>de</strong> árvoreCAMADA FUNÇÃO NA ÁRVORE DESTINO COMERCIALCASCAALBURNOCERNEProteção contra impactos e agentes atmosféricos.Cama<strong>da</strong> viva <strong>de</strong> formação recente, com canais <strong>de</strong>seiva bruta, células em plena ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>proliferação e responsável pelo crescimento <strong>da</strong>árvore.Cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira dura, formando anéisenquanto a árvore cresce. Desenvolve-se a partirdo amadurecimento do alburno.Parte central do tronco, geralmente inseparável docerne, mas que se apresenta, às vezes, como umMEDULAmaterial mole com rachaduras, buracos e partespodres.Fonte: TEIXEIRA (1999); SZÜCS (2003); FREITAS (2000)Adubo – Paisagismo – LenhaUsualmente <strong>de</strong>scarta<strong>da</strong> como resíduo.Partes mais importantes do tronco, doponto <strong>de</strong> vista comercial e industrial,<strong>para</strong> o ramo <strong>de</strong> móveis, objetos eutensílios, construção civil, lenha eoutros fins.Gran<strong>de</strong>s partes dos resíduos sãogera<strong>da</strong>s a partir do processamentomecânico <strong>de</strong>stas partes.Usado junto com o cerne quando nãose verificam os <strong>de</strong>feitos citados aolado. Ocorrendo tais <strong>de</strong>feitos, a medulaé <strong>de</strong>scarta<strong>da</strong> como resíduo.


292.4.4 – Vantagens e <strong>de</strong>svantagens do uso <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira como materialComo é visto acima, excluindo a casca e a medula quando se encontra estraga<strong>da</strong>, otronco é totalmente usado <strong>para</strong> fins comerciais e industriais, fortalecendo a afirmaçãosobre a nobreza do material. O uso <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira como material <strong>de</strong> fabricação têmvantagens e <strong>de</strong>svantagens como lista<strong>da</strong>s por TEIXEIRA (1999) na TABELA 10:CLASSIFICAÇÃOVANTAGENSDESVANTAGENSFonte: TEIXEIRA, 1999TABELA 10 – Vantagens e <strong>de</strong>svantagens <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira como materialDESCRIÇÃO• Material <strong>de</strong> fácil obtenção, renovável por reflorestamento;• Relativamente leve <strong>de</strong> acordo com a espécie;• Facili<strong>da</strong><strong>de</strong> no preparo industrial e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sdobro (corte em dimensões exigi<strong>da</strong>s previamente);usando pouca energia;• Simplici<strong>da</strong><strong>de</strong> e esteticamente agradável;• Bom isolante térmico em relação à pedra, concreto ou metal; elétrica (seca)• Instabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dimensional: mu<strong>da</strong> <strong>de</strong> dimensão <strong>de</strong> acordo com a umi<strong>da</strong><strong>de</strong> e temperatura,com possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> rachar e empenar;• Higroscopici<strong>da</strong><strong>de</strong>, ou a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> absorver ou eliminar água;• Resistência unidirecional, somente no sentido <strong>da</strong>s fibras, transversalmente é frágil;• Bio<strong>de</strong>gradável pela ação <strong>de</strong> insetos e fungos;• Ignífuga, altamente combustível (quando não usados <strong>para</strong> esse fim específico);2.5 – PRODUTOS E PAINÉIS DE MADEIRAExcetuando os produtos energéticos (carvão e lenha), e os produtos <strong>de</strong> celulose,principalmente o papel, os principais produtos <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira são construídos a partir <strong>da</strong>ma<strong>de</strong>ira sóli<strong>da</strong> ou <strong>de</strong> chapas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira reconstituí<strong>da</strong>. Esta produção é vista na FIGURA06. Atualmente há um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e consumo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras reconstituí<strong>da</strong>s,sendo que o Brasil tem um <strong>de</strong>sempenho fraco quanto à produção, consumo e exportação<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras reconstituí<strong>da</strong>s. A FIGURA 08 mostra a participação do Brasil no comércio <strong>de</strong>chapas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira aglomera<strong>da</strong> e <strong>de</strong> MDF.PARTICIPAÇÃO MUNDIALFIGURA 08 – Panorama mundial <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> aglomerados e MDF em 2002. Fonte: JUVENAL (2003)


30Este gráfico mostra que, em 2002, a participação do Brasil na produção mundial <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira reconstituí<strong>da</strong> era e ain<strong>da</strong> é muito pequena. Segundo IBAMA (2002), gran<strong>de</strong> parte<strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira usa<strong>da</strong> no Brasil é a ma<strong>de</strong>ira sóli<strong>da</strong> serra<strong>da</strong> que contribui com o volume <strong>de</strong>49.100 m 3 do total <strong>da</strong> produção nacional <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras, que é <strong>de</strong> 166.310 m 3 , sendo que69,2% <strong>de</strong>stas ma<strong>de</strong>iras serra<strong>da</strong>s são <strong>de</strong> árvores nativas como visto na TABELA 06.2.5.1 – Ma<strong>de</strong>ira sóli<strong>da</strong> serra<strong>da</strong>Trata-se do uso <strong>de</strong> chapas ou peças oriun<strong>da</strong>s do tronco que foi beneficiado apenaspelos processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sdobro, serragem e secagem. Assim, estas partes são basicamentea ma<strong>de</strong>ira sóli<strong>da</strong>, FIGURA 09, que são usa<strong>da</strong>s pela indústria na fabricação <strong>de</strong> inúmerosprodutos, principalmente <strong>para</strong> o setor mobiliário e a construção civil. Suas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>ssão as que foram apresenta<strong>da</strong>s no item 2.4.FIGURA 09: Produção <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira serra<strong>da</strong>. Basea<strong>da</strong> em TEIXEIRA (1999)2.5.2 – Ma<strong>de</strong>ira reconstituí<strong>da</strong>As tecnologias usa<strong>da</strong>s na indústria <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira permitem que algumas <strong>da</strong>s<strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong>scritas no item 2.4.4 sejam minimiza<strong>da</strong>s. O tratamento químicoa<strong>de</strong>quado protege-a contra fungos e insetos. A tecnologia <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira reconstituí<strong>da</strong>, outransforma<strong>da</strong>, segundo TEIXEIRA (1999), permitem corrigir limitações físicas, tornandochapas e painéis como produtos com proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s homogêneas em to<strong>da</strong> a sua extensãoatravés <strong>da</strong> reorientação <strong>da</strong>s partículas e <strong>da</strong>s fibras. Esses produtos, segundo CÉSAR(2002), <strong>de</strong>stacam-se por serem <strong>de</strong> maior confiabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e pela possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> produzir chapas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões. Outro fator positivo <strong>da</strong>s chapas reconstituí<strong>da</strong>s[...] é o aproveitamento significativo <strong>da</strong> tora <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, uma vez que aobtenção <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira serra<strong>da</strong> resulta em per<strong>da</strong>s consi<strong>de</strong>ráveis. Nesteaspecto, a constituição <strong>de</strong>stes produtos permite inclusive o aproveitamento,em alguns casos, <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira como matéria-prima, tais como:pó-<strong>de</strong>-serra, refugos <strong>de</strong> usinagem, lascas, costaneiras, maravalhas, etc.Trata-se então <strong>de</strong> um produto ecologicamente correto [...] (GONÇALVES eCASTRO, 2003).


31A seguir, na TABELA 11, está a lista dos principais tipos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira reconstituí<strong>da</strong>.Nesta tabela buscou-se <strong>de</strong>screver as principais varie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> chapas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>irareconstituí<strong>da</strong> industrializa<strong>da</strong>s:TABELA 11 – Classificação e <strong>de</strong>scrição <strong>da</strong>s ma<strong>de</strong>iras reconstituí<strong>da</strong>sTIPO FORMAÇÃO DESCRIÇÃO USO EXEMPLOCHAPAS DE PARTÍCULASAGLOMERADOou chapa <strong>de</strong>partículas(PB – Particuleboard)OSBChapas <strong>de</strong> flocosorientados(Oriented StrandBoard)Formado porpartículas <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira secas eprensa<strong>da</strong>s com colasob ação <strong>de</strong> calorem disposiçãomulticama<strong>da</strong>.Possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>usar resíduos comomatéria prima.Formado por flocosou lascas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iraorienta<strong>da</strong>s emdireções alterna<strong>da</strong>s,dispostos emcama<strong>da</strong>s cola<strong>da</strong>s eprensa<strong>da</strong>s ao calor.Impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>usar resíduos comomatéria prima.Chapas <strong>de</strong> boaresistência física,com a tendênciaa se fragmentarcom o tempo ouna presença <strong>de</strong>água.Usa cerca <strong>de</strong>100% do troncoChapas <strong>de</strong>gran<strong>de</strong>resistênciamecânica, melhorque oaglomerado eigualando aschapas <strong>de</strong>compensado, e<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>irasóli<strong>da</strong>, mesmousando ma<strong>de</strong>iras<strong>de</strong> menorquali<strong>da</strong><strong>de</strong>.Móveis e naconstruçãocivil comopisos, <strong>de</strong>grause divisórias.Usa<strong>da</strong>s naconstruçãocivil em peçasestruturais,móveis,divisórias eoutros objetos.Usa cerca <strong>de</strong>100% do troncoCHAPAS DE FIBRACHAPAS DURAS(HB – HardBoard)MDF( médium <strong>de</strong>nsityfiberboard) ouchapas <strong>de</strong> média<strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong>Construí<strong>da</strong>s a partir<strong>da</strong> polpa <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira,reduzi<strong>da</strong>s à fibrasque são prensa<strong>da</strong>s aquente sem a adição<strong>de</strong> colas ou outrosa<strong>de</strong>sivos e resinas.Possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>usar resíduos comomatéria prima.Construí<strong>da</strong>s a partir<strong>da</strong> polpa <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira,reduzi<strong>da</strong>s à fibrasque são prensa<strong>da</strong>s aquente com a adição<strong>de</strong> colas ou outrosa<strong>de</strong>sivos e resinas.Possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>usar resíduos comomatéria prima.Chapas <strong>de</strong> boaresistência físicae <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong>variando entresemiduras, duras,extraduras eisolantes.Popularmenteconheci<strong>da</strong>s comoEucatex.Usa cerca <strong>de</strong>100% do troncoMaterial <strong>de</strong>gran<strong>de</strong>homogenei<strong>da</strong><strong>de</strong>,gran<strong>de</strong>resistência física.Facilmentetrabalhável,permitindousinagem eacabamento <strong>de</strong>gran<strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>em to<strong>da</strong> a suaextensão.Indústriamoveleira,divisórias eisolamentoacústicoIndústriamoveleira emgeral, objetose utensílios,perfis <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira.Usa cerca <strong>de</strong>100% do tronco


32TABELA 11 – Classificação e <strong>de</strong>scrição <strong>da</strong>s ma<strong>de</strong>iras reconstituí<strong>da</strong>s (continuação)CHAPAS DE LÂMINASCOMPENSADOS(Plywood)SARAFEADOSChapas <strong>de</strong> lâminasfinas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iracola<strong>da</strong>salterna<strong>da</strong>mente comorientação <strong>da</strong>slâminas <strong>de</strong> formaperpendicular àsfibras.Impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>usar resíduos comomatéria prima.Constituí<strong>da</strong>s por umsanduíche <strong>de</strong> duasfaces <strong>de</strong> laminadosou chapas <strong>de</strong> fibracom o interiorformado <strong>de</strong> ripas <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira maciça.Possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>usar resíduos comomatéria prima.Chapas <strong>de</strong>gran<strong>de</strong>resistência<strong>de</strong>vido aorientaçãoperpendicular <strong>da</strong>slâminas.Usa cerca <strong>de</strong>50% a 60% dotroncoGran<strong>de</strong>resistência físicae com excelentesproprie<strong>da</strong><strong>de</strong>sestruturais.Usa cerca <strong>de</strong>100% do troncoIndústriamoveleira,naval;divisórias etapumes.Industria <strong>da</strong>construçãocivil etransporte.Indústria <strong>da</strong>construçãocivil, ve<strong>da</strong>çãoverticais,divisórias efôrmas <strong>para</strong>concreto.OUTROSMADEIRA+CIMENTOMaterial produzido apartir <strong>da</strong> mistura <strong>de</strong>partículas <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira comaglutinante mineral,ou cimento, eprensa<strong>da</strong>s a frio.Usa processos <strong>de</strong>fabricação maissimples que os<strong>de</strong>mais processos.Possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>usar resíduos comomatéria prima, tanto<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira quantoas escórias minerais.Gran<strong>de</strong>resistência físicae com excelentesproprie<strong>da</strong><strong>de</strong>sestruturais.Resistente aofogo, à água eumi<strong>da</strong><strong>de</strong> e aagentesbio<strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ntes.Material finalsimilar ao FibrocimentoUsa cerca <strong>de</strong>100% do troncoConstruçãocivil, peçaspré-fabrica<strong>da</strong>s,peças <strong>para</strong>uso externo,móveisurbanos.Fonte: CÉSAR (2002); GONÇALVES e CASTRO (2003); IWAKIRI (2003); MENDES, ALBUQUERQUE &IWAKIRI (2003); LATORRACA (2003), TIBURCIO e GONÇALVES (1998).Nota-se, na tabela acima, a varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> chapas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira reconstituí<strong>da</strong>.Atualmente no mercado surgem novas varie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> uso mais específicos, mas queseguem o mesmo conceito <strong>de</strong> usar a ma<strong>de</strong>ira em formas diferentes <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira sóli<strong>da</strong>.Nota-se também que é gran<strong>de</strong> a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uso do resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira comomatéria prima <strong>para</strong> fabricação <strong>da</strong> maioria <strong>de</strong>stas chapas.Segundo LATORRACA (2003), o emprego <strong>de</strong> tais chapas é promissor, pois, além <strong>de</strong>oferecer excelentes possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> uso, aumenta o valor agregado à ma<strong>de</strong>ira, aoutilizar os resíduos como matéria prima, minimizando o uso <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos e possibilitandoa instalação <strong>de</strong> novas empresas. Esta afirmação vai ao encontro do conceito <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong><strong>Industrial</strong> quanto ao uso <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> uma indústria como matéria prima por outrasindustrias.


33As ven<strong>da</strong>s dos produtos listados na TABELA 11 atingiram, em 2002, o volume <strong>de</strong>3.800.000 m 3 (OLIVEIRA, 2003). O <strong>de</strong>sempenho nacional <strong>da</strong>s principais ma<strong>de</strong>irasreconstituí<strong>da</strong>s po<strong>de</strong> ser visto na FIGURA 10 que indica os aglomerados como a ma<strong>de</strong>irareconstituí<strong>da</strong> mais importante.VENDAS NO BRASILFIGURA 10 – Ven<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s principais chapas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira reconstituí<strong>da</strong> no Brasil. Fonte: OLIVEIRA (2003)2.6 – GERAÇÃO DOS RESÍDUOS INDUSTRIAIS DE MADEIRAOs resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira são classificados como resíduos ligno-celulósicos, ou seja,contêm majoritariamente lignina e celulose, têm origem tanto em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s industriaisquanto ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s rurais,[...] como exemplo po<strong>de</strong>mos citar todos rejeitos oriundos <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira ou <strong>da</strong>indústria ma<strong>de</strong>ireira, até mesmo móveis velhos, restos em ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong><strong>de</strong>molições, resíduos <strong>de</strong> culturas agrícolas ou <strong>de</strong> beneficiamento <strong>de</strong>produtos agrícolas, postes, estacas, dormentes, paletes e embalagens emfim <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> etc. A exploração florestal é uma gran<strong>de</strong> fonte <strong>de</strong> resíduosligno-celulósicos. Até mesmo no lixo urbano é encontra<strong>da</strong> umaporcentagem significativa <strong>de</strong> resíduos ligno-celulósicos proveniente <strong>de</strong>utensílios e embalagens em ma<strong>de</strong>ira [...] (QUIRINO, 2004).Inicialmente o resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como bastante heterogêneo<strong>de</strong>vido às muitas varie<strong>da</strong><strong>de</strong>s apresenta<strong>da</strong>s, às diversas granulometrias <strong>da</strong> serragem e àsdiversas condições <strong>de</strong> armazenamento, que alteram suas características físicas, e àdispersão geográfica que dificulta seu transporte. São <strong>de</strong> baixa <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> e não sãotóxicos se no seu volume não houver outros materiais, principalmente produtos químicostais como conservantes, fungici<strong>da</strong>s, insetici<strong>da</strong>s, vernizes, tintas, <strong>de</strong>ntre outros, quepossam emitir gases ou vapores tóxicos durante processos <strong>de</strong> reciclagem ou <strong>de</strong> queima(QUIRINO, op cit). Livre <strong>de</strong>stes materiais contaminantes o resíduo po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>radocomo banal e não inerte, pois é bio<strong>de</strong>gradável, classificado pela NBR 10004 (ABNT,


341987) como classe 2, com possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ser reaproveitado em processos <strong>de</strong>reciclagem por processos diferentes dos processos industriais iniciais e <strong>de</strong> sertransformado em produtos <strong>de</strong> uso similar ou diferente ao <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira serra<strong>da</strong> inicial.Os resíduos industriais <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira são oriundos do processamento mecânico <strong>da</strong>storas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira sóli<strong>da</strong>. Durante o corte e <strong>de</strong>scasque, processamentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sdobro,<strong>de</strong>sengrosso, serragem e acabamento, há a geração <strong>de</strong> vários tipos <strong>de</strong> sobras sóli<strong>da</strong>speculiares a ca<strong>da</strong> etapa cita<strong>da</strong>. São assim vistos como resíduo, pois, segundo a revistaREFERÊNCIA, resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira é consi<strong>de</strong>rado a “sobra após uma ação ou processoprodutivo e passam a ser <strong>de</strong>scartados e acumulados no meio ambiente” (REFERÊNCIA,2003. p. 28). De forma a sistematizar estes processamentos <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira sóli<strong>da</strong>,GONÇALVES E RUFFINO (1989) estabelecem etapas produtivas junto com os resíduosgerados por ca<strong>da</strong> etapa respectiva, como visto na FIGURA 11 e na TABELA 12, adiscriminação <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> tipo:FIGURA 11 – Etapas <strong>da</strong> industrialização e resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira . Fonte: GONÇALVES E RUFFINO (1989)Comumente, estes resíduos são dispostos em silos expostos ao tempo ou emterrenos nas cercanias do setor produtivo. Este tipo <strong>de</strong> armazenamento po<strong>de</strong> levar à<strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção do resíduo pelo encharcamento por água <strong>de</strong> chuva ou apodrecimento poragentes biológicos. Estes resíduos são discriminados na TABELA 12 que usa ilustrações<strong>para</strong> melhor entendimento <strong>da</strong> natureza física do resíduo.


35TABELA 12 – Discriminação dos resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iraRESÍDUO DESCRIÇÃO EXEMPLOGALHOS E ÁPICESSobras do processo <strong>para</strong> <strong>de</strong>ixarapenas a árvore livre <strong>de</strong> partesfinas e perpendiculares à parteprincipal do tronco.CASCASSobra do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scasque,quando se retira to<strong>da</strong> a parte <strong>da</strong>proteção natural do tronco (casca).COSTANEIRASDESTÔPO (tocos)SERRAGEM• SERRAGEM GROSSASobra no formato <strong>de</strong> meia-luacontendo uma parte <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira ecasca não removi<strong>da</strong>, proveniente<strong>da</strong> redução <strong>da</strong> tora em peças <strong>de</strong>seção retangular ou quadra<strong>da</strong>.Proveniente do corte <strong>da</strong>s pontasestraga<strong>da</strong>s ou inúteis dos troncos,tábuas ou pranchas.Proveniente <strong>da</strong> ação mecânica <strong>de</strong> serras e máquinas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sbaste <strong>da</strong>ma<strong>de</strong>ira. Para ca<strong>da</strong> tipo <strong>de</strong> máquina ou <strong>de</strong> serra há um resíduo peculiar,mas po<strong>de</strong>m-se classificar tais sobras como finas ou grossas, conformemostra<strong>da</strong>s abaixo:Forma<strong>da</strong> <strong>de</strong> lascas, flocos,maravalha e cavacos. Mantêm umaboa quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s fibras dotronco.• SERRAGEM FINAForma<strong>da</strong> por pó <strong>de</strong> serra <strong>de</strong>diferentes tamanhos <strong>de</strong> partícula.Apresenta-se pareci<strong>da</strong> como afarinha <strong>de</strong> mandiocaPÓ DE LIXAMENTOSOBRASREJEITOSProveniente do processo <strong>de</strong>lixamento, na fase <strong>de</strong> acabamento,<strong>de</strong> uma peça. Apresenta-se comoum pó muito fino cuja partículavaria <strong>de</strong> acordo com o número <strong>de</strong>aspereza <strong>da</strong> lixa.Peças processa<strong>da</strong>s e acaba<strong>da</strong>s,apresentando boa quali<strong>da</strong><strong>de</strong>técnica e comercial, mas que nãoforam usa<strong>da</strong>s nos produtos finais.Peças que, ao sofrer oprocessamento, ficaram abaixo dospadrões técnicos ou comerciaisgeralmente por estarem quebrados,empenados, rachados ou trincados.Fonte: Autor (2004)


36A TABELA 12 visa apenas caracterizar por grupos os resíduos gerados no processoprodutivo <strong>da</strong>s indústrias que tem a ma<strong>de</strong>ira como matéria prima. A quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong>resíduos, seja na forma <strong>de</strong> serragem ou na forma <strong>de</strong> partes sóli<strong>da</strong>s, no entanto, é muitomaior e <strong>de</strong> difícil classificação. Parte-se do princípio <strong>de</strong> que as características <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<strong>da</strong>s seguintes variáveis, organiza<strong>da</strong>s após entrevista na empresa estu<strong>da</strong><strong>da</strong>:• Da espécie <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira beneficia<strong>da</strong>, já que sua dureza e sua cor significamvariação dos resíduos quanto a sua apresentação física;• Do tipo <strong>de</strong> produto fabricado. Como exemplo o resíduo do processamento <strong>de</strong>toras é totalmente diferente do resíduo do processamento <strong>de</strong> chapas <strong>de</strong> MDF ou<strong>de</strong> aglomerado;• Do tipo <strong>de</strong> indústria que irá <strong>de</strong>terminar o tipo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e conseqüentemente, otipo <strong>de</strong> resíduo: indústrias <strong>de</strong> extração e <strong>de</strong>sdobro, que trabalham apenas comtoras geram um tipo <strong>de</strong> resíduo diferente <strong>da</strong>s indústrias moveleiras, quetrabalham principalmente com ma<strong>de</strong>ira reconstituí<strong>da</strong>, tal como o MDF e ocompensado.• Do tipo <strong>de</strong> máquina usa<strong>da</strong>. Ca<strong>da</strong> máquina produz um resíduo peculiar e diferentedos resíduos <strong>de</strong> outras máquinas. Também influenciam a variação do tipo <strong>de</strong>lâminas na mesma máquina e a calibração <strong>da</strong>s máquinas <strong>para</strong> ca<strong>da</strong> tipo <strong>de</strong> corte.• Da granulometria <strong>da</strong>s partículas, visto que um tipo <strong>de</strong> resíduo têm diversasgranulometrias;• Da ocasião e <strong>da</strong>s circunstâncias. Há momentos em que são aciona<strong>da</strong>s apenasalgumas <strong>da</strong>s etapas <strong>de</strong> processamento, gerando pouca variação <strong>de</strong> resíduos evolume variável <strong>de</strong>stes resíduos.Portanto, do processo produtivo on<strong>de</strong> a ma<strong>de</strong>ira sóli<strong>da</strong> ou reconstituí<strong>da</strong> é a matériaprima, po<strong>de</strong>-se dizer que o resíduo gerado tem características múltiplas e variáveis <strong>de</strong>difícil classificação. Passa-se então a <strong>de</strong>nominar o resíduo <strong>de</strong>stas indústrias como umMULTIRESÍDUO.2.6.1 – Uso tradicional do resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iraTradicionalmente, o resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira tem dois fins principais: como material <strong>para</strong>queima <strong>para</strong> produção <strong>de</strong> energia térmica e/ou elétrica, e o uso em granjas e curraiscomo forragem <strong>de</strong> piso (cama <strong>de</strong> galinha). Outros usos menos importantes são o usocomo adubo e também na indústria <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras reconstituí<strong>da</strong>s, como <strong>de</strong>scrita na


37TABELA 11. Este uso não é uma prática largamente usa<strong>da</strong>, pois há a preferência <strong>da</strong>industria <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras reconstituí<strong>da</strong>s por insumos virgens, conforme informação obti<strong>da</strong> porcorreio eletrônico <strong>da</strong> DURATEX (LUNARDI, 2004) e <strong>de</strong>scrito no ANEXO V. Esta ma<strong>de</strong>iravirgem po<strong>de</strong> vir tanto <strong>de</strong> florestas planta<strong>da</strong>s quanto <strong>de</strong> florestas nativas, apesar <strong>da</strong> gran<strong>de</strong>oferta <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. A TABELA 13 discrimina os principais usos do resíduo <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira atualmente:TABELA 13 – Uso tradicional dos resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iraADUBOUSO RESÍDUO DESCRIÇÃOCAMA DE GALINHACARVÃO ECOMBUSTÍVEISENERGIA ELÉTRICAENERGIA TÉRMICAEXTRAÇÃO DEÓLEOS E RESINASMADEIRARECONSTITUÍDASerragem em geral e ma<strong>de</strong>irasóli<strong>da</strong> pica<strong>da</strong>.Serragem em geralPontas, tocos, sobras, rejeitos,costaneiras, cascas e galhos.Pontas, tocos, sobras, rejeitos,costaneiras, cascas e galhos.Briquetes <strong>de</strong> serragemprensa<strong>da</strong>.Pontas, tocos, sobras, rejeitos,costaneiras, cascas e galhos.Briquetes <strong>de</strong> serragemprensa<strong>da</strong>.Serragem em geralSerragem em geralUsa<strong>da</strong> in natura ou após etapas <strong>de</strong>compostagem <strong>para</strong> proteção do solo ecomo adubo. Inclui a cama <strong>de</strong> galinhausa<strong>da</strong>.Serragem macia <strong>para</strong> contato com animais.Após o uso, a serragem suja com estrumepo<strong>de</strong> ser usa<strong>da</strong> como adubo.Processos industriais <strong>para</strong> produção <strong>de</strong>carvão, álcool, metanol e gás combustível;Usado como lenha em usinastermoelétricas <strong>para</strong> obtenção <strong>de</strong> energiaelétrica. Há o problema <strong>da</strong> emissão <strong>de</strong>poluentes na atmosfera.Queima <strong>para</strong> obtenção <strong>de</strong> calor. Usado emfornos <strong>de</strong> pa<strong>da</strong>rias, pizzarias, olarias e emcal<strong>de</strong>iras industriais. Há o problema <strong>da</strong>emissão <strong>de</strong> poluentes na atmosfera.Extração industrial <strong>de</strong> óleos e resinas <strong>para</strong>uso como combustível, resinas plásticas,colas e essências.Na fabricação <strong>de</strong> chapas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>irareconstituí<strong>da</strong>.Fonte: JOHN (2003), TEIXEIRA (2003), LATORRACA (2003), GONÇALVES E RUFFINO (1989); QUIRINO(2004), MADEIRA (2004, 1 e 2)O uso <strong>de</strong> resíduos na forma <strong>de</strong> briquetes (serragem prensa<strong>da</strong> em pequenos blocoscilíndricos), como fonte <strong>de</strong> energia, tem sido <strong>de</strong>scrito como uma boa saí<strong>da</strong> <strong>de</strong> produção<strong>de</strong> energia que preserva o meio ambiente, ao usar os resíduos na substituição á ma<strong>de</strong>iracomum, principalmente a ma<strong>de</strong>ira nativa, TEIXEIRA (2003). Ao mesmo tempo, há umagran<strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> pela serragem como cama <strong>de</strong> galinha, assim como os resíduos <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira sóli<strong>da</strong> como lenha. Esses usos, no entanto, não oferecem alternativa ao materiala não ser seu <strong>de</strong>saparecimento durante os processos <strong>de</strong> queima ou <strong>de</strong> bio<strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção,quebrando e impedindo o ciclo fechado <strong>de</strong> circulação <strong>de</strong> recursos proposto pela <strong>Ecologia</strong><strong>Industrial</strong>, visto que os <strong>de</strong>mais usos usam um volume muito pequeno <strong>de</strong> resíduos.


38Segundo QUIRINO (2004) o resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira po<strong>de</strong> ter dois <strong>de</strong>stinos:• Eliminação: Ação <strong>de</strong> se <strong>de</strong>sfazer <strong>de</strong> um resíduo sem tirar nenhum proveito, comopor exemplo, a incineração sem recuperação <strong>de</strong> energia.• Valorização: está liga<strong>da</strong> a alguma ação <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> processotecnológico, po<strong>de</strong>ndo ocorrer através <strong>de</strong> diversas maneiras, como reciclagem,reutilização, regeneraçãoHá duas maneiras <strong>de</strong> valorizar o resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, segundo QUIRINO (2004), quesão a valorização energética, quando o <strong>de</strong>stino do resíduo é o aproveitamento <strong>da</strong>biomassa como fonte <strong>de</strong> energia, e a valorização <strong>da</strong> matéria, quando a biomassa doresíduo é aproveita<strong>da</strong> como matéria prima <strong>para</strong> fabricação <strong>de</strong> outros materiais.FIGURA 12 – Maneiras <strong>de</strong> valorização do resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iraBaseado em QUIRINO (2004), p. 6 (re<strong>de</strong>senhado)Essas maneiras são mostra<strong>da</strong>s na FIGURA 12 on<strong>de</strong> é <strong>de</strong>stacado o WPC (woodplastic composites), material compósito constituído <strong>de</strong> serragem <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e resinasplásticas com gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> aproveitamento dos resíduos <strong>para</strong> a produção <strong>de</strong>diversos tipos <strong>de</strong> produtos e que será explicado nos capítulos seguintes.


39CAPÍTULO3APLICAÇÃO DO RESÍDUO DE MADEIRA:MATERIAIS, PROCESSOS E PRODUTOSEste capítulo apresenta o eco-compósito <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira como forma alternativa <strong>de</strong>utilização <strong>de</strong> resíduos e alguns produtos já fabricados com estes materiais. Apresentauma visão geral <strong>de</strong> eco-compósito, além dos processos <strong>de</strong> fabricação mais usados naindústria <strong>de</strong> transformação <strong>de</strong> compósitos <strong>de</strong> plásticos reforçados com fibras.3.1 – REVISÃO DO USO DE RESÍDUOS DE MADEIRA EM PRODUTOSINDUSTRIAISO uso <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e <strong>de</strong> outros materiais vegetais <strong>para</strong> a fabricação <strong>de</strong>produtos vem crescendo, impulsionando pesquisas e abrindo mercado. “O crescenteinteresse por pesquisas <strong>de</strong> materiais alternativos vem sendo incentivado por instituições<strong>de</strong> todo país, <strong>de</strong>corrência direta <strong>da</strong> crescente escassez mundial <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras <strong>de</strong>quali<strong>da</strong><strong>de</strong>” (CHIELLE, 2003). Fuad-Luke (2002) mostra uma lista <strong>de</strong> materiais ecoeficientes,baseados principalmente em resíduos industriais e resíduos agrários e que têmpotenciali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> substituir gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> materiais tradicionais tal como a ma<strong>de</strong>iraserra<strong>da</strong>. Os trabalhos pesquisados referem-se ao uso <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira ousimilares na fabricação <strong>de</strong> chapas aglomera<strong>da</strong>s, construí<strong>da</strong>s por processosconvencionais, ou o uso <strong>de</strong> compósitos <strong>de</strong> cimento e ma<strong>de</strong>ira, e o compósito <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>irae plásticos, WPC, que usam geralmente resinas termoplásticas ou termofixas e processos<strong>de</strong> mol<strong>da</strong>gem convencional, tal como a prensagem a frio.3.1.1 – Chapas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira aglomera<strong>da</strong>Consi<strong>de</strong>rado o processo <strong>de</strong> reaproveitamento <strong>de</strong> serragem tradicional econvencional, como mostra a Pesquisa <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> por GONÇALVES e RUFFINO(1989), que propõe a reciclagem em várias etapas <strong>da</strong> serragem fina e grossa <strong>de</strong>indústrias <strong>de</strong> beneficiamento <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>para</strong> a fabricação <strong>de</strong> chapas <strong>de</strong> aglomerados <strong>de</strong>três cama<strong>da</strong>s, uma interna feita <strong>de</strong> serragem grossa e as externas feitas <strong>de</strong> serragemfina. O produto final foi uma chapa <strong>de</strong> aglomerado <strong>para</strong> uso em móveis ou <strong>para</strong>


40construção civil. Este estudo inclui o uso <strong>de</strong> outros tipos <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira,diferentes <strong>da</strong> serragem, tais como ripas, sarrafos, <strong>de</strong>stopos e tábuas, na fabricação <strong>de</strong>chapas sarrafea<strong>da</strong>s, painéis <strong>de</strong> divisórias, forros e revestimento <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s, embalagens,componentes <strong>para</strong> móveis. O uso <strong>de</strong>stes outros resíduos não inclui processos <strong>de</strong>produção tal como a serragem usa<strong>da</strong> na fabricação <strong>da</strong>s chapas <strong>de</strong> aglomerados, sendoestas, portanto, um produto distinto dos <strong>de</strong>mais. Também há alternativas <strong>para</strong> adubos efertilizantes e extração <strong>de</strong> resinas. Este estudo propõe o uso total dos resíduos <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira. Entretanto, há necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> várias etapas <strong>de</strong> reciclagem, segundo os autores,<strong>para</strong> a<strong>de</strong>quar o resíduo <strong>para</strong> os processos <strong>de</strong> fabricação, e que po<strong>de</strong>m prejudicar oproduto quanto aos objetivos <strong>de</strong> preservação ambiental como já <strong>de</strong>scrito anteriormente.A pesquisa <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> por NASCIMENTO (2003) busca uma chapa <strong>de</strong>aglomerado usando ma<strong>de</strong>iras nativas do Nor<strong>de</strong>ste brasileiro. Como alternativa <strong>de</strong> matériaprima há “o aproveitamento <strong>de</strong> resíduos industriais grosseiros tais como costaneiras,sobras <strong>de</strong> <strong>de</strong>stopo, miolos <strong>de</strong> toras lamina<strong>da</strong>s e cavacos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira oriundos dobeneficiamento <strong>de</strong> indústria <strong>de</strong> móveis e carpintaria” que foram cola<strong>da</strong>s e prensa<strong>da</strong>s aocalor, com a adição <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivos. A principal fonte <strong>de</strong> matéria prima, no entanto, são asma<strong>de</strong>iras nativas no Nor<strong>de</strong>ste, que, por se apresentarem em pequenas dimensões e comtroncos tortuosos, seriam transforma<strong>da</strong>s em partículas. A pretensão <strong>da</strong> pesquisa éoferecer uma alternativa industrial e econômica viável <strong>para</strong> esta região do Brasil e oresultado foi uma chapa <strong>de</strong> aglomerado que foi usa<strong>da</strong> <strong>para</strong> a construção <strong>de</strong> diversosprotótipos <strong>de</strong> móveis e utensílios domésticos e <strong>para</strong> escritórios (vistos nas FIGURAS 13)e <strong>de</strong>monstram as potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s do material proposto, usando a estética <strong>da</strong> própriasuperfície <strong>da</strong> chapa e recebendo apenas o acabamento superficial em verniz. O uso dosresíduos por sua vez, significa nesta pesquisa, etapas <strong>de</strong> reciclagem <strong>para</strong> tornar viável oseu aproveitamento em tais chapas.A) B)FIGURA 13 - A) Mesa Piano B)Porta Lápis - Fonte: NASCIMENTO (2003)


413.1.2 – Compósitos <strong>de</strong> matriz cimentíciaInúmeras são as pesquisas sobre a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do uso <strong>de</strong> resíduos agroindustriaiscomo componente <strong>de</strong> materiais compósitos <strong>de</strong> matriz cimentícia. O objetivo não é só <strong>da</strong>rvazão ao volume <strong>de</strong> resíduos ou diminuir o volume <strong>de</strong> cimento pela substituição <strong>de</strong>ste portais resíduos, mas, principalmente, é o aproveitamento <strong>da</strong>s características <strong>de</strong> reforçoestrutural que tais resíduos trazem como benefício.SILVA (2002 -2) e SAVASTRANO Jr. (2000), <strong>de</strong>screvem exatamente aspotenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> substituição do cimento-amianto por cimento <strong>de</strong> escória mineral efibras vegetais, ti<strong>da</strong>s como resíduos nas si<strong>de</strong>rurgias e nas indústrias agrícolasrespectivamente. O <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>ste material composto atingiu, nos ensaios <strong>de</strong>ssapesquisa, um nível que o potencializa como substituto do cimento-amianto em telhas.Um material similar foi proposto na tese <strong>de</strong> doutorado <strong>de</strong> GRANDI (1995), umcomposto <strong>de</strong> cimento portland e serragem <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira do tipo pó <strong>de</strong> lixamento e que semostra a<strong>de</strong>quado <strong>para</strong> confecção <strong>de</strong> placas pré-mol<strong>da</strong><strong>da</strong>s <strong>para</strong> utilização em forros epare<strong>de</strong>s. SAVASTRANO Jr. (1992), em tese <strong>de</strong> doutorado, <strong>de</strong>monstra o <strong>de</strong>sempenho <strong>da</strong>sfibras vegetais como reforço <strong>de</strong> cimento portland, tendo este atingido uma potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>satisfatória como reforço <strong>de</strong> pastas cimentícias, apesar <strong>da</strong> <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s fibras pelaumi<strong>da</strong><strong>de</strong>, o que reduz o <strong>de</strong>sempenho mecânico do compósito a longo prazo.A possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do uso <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira como componente neste tipo <strong>de</strong>compósito é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> uma boa alternativa tanto <strong>para</strong> a construção <strong>de</strong> chapas e painéis<strong>para</strong> uso na construção civil, quanto <strong>para</strong> a preservação dos recursos florestais que incluitambém um processo <strong>de</strong> fabricação simplificado e <strong>de</strong> baixo custo, similar ao processo <strong>de</strong>produção <strong>de</strong> aglomerados <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira com resinas sintéticas (LATORRACA, 2003).3.1.3 – Compósitos <strong>de</strong> matriz poliméricaSão materiais alternativos aos tradicionais e que estão aumentando sua participaçãono mercado. Usam como matéria prima principalmente ma<strong>de</strong>ira refloresta<strong>da</strong> e resinassintéticas, por exemplo, o MDF e o OSB. Por sua vez, são inúmeros os produtos compossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> serem construídos com os eco-compósitos, principalmente o WPC<strong>de</strong>scrito a seguir, visto que estes foram i<strong>de</strong>alizados <strong>para</strong> substituir as matérias primastradicionais nas suas mais varia<strong>da</strong>s aplicações. Produtos <strong>para</strong> as indústrias <strong>de</strong> construçãocivil, indústria <strong>de</strong> transportes, moveleira, artigos esportivos entre outros.ENGLISH et al (1996), referem-se às boas quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> farinha ou pó <strong>de</strong> resíduos<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e <strong>de</strong> papel usados como carga em resinas termoplásticas. Segundo os


42autores, este resíduo em pó po<strong>de</strong> substituir as cargas inorgânicas e minerais, tais comotalco ou carbonato <strong>de</strong> cálcio, na mesma função com as vantagens ecológicas <strong>da</strong> redução<strong>de</strong> resíduos sólidos e servindo, também como exemplo <strong>de</strong> aplicação <strong>da</strong> reciclagem <strong>de</strong>resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. As vantagens são o baixo custo <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> matéria prima, opreço acessível dos produtos gerados além <strong>da</strong>s boas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas docompósito. Resultado similar conseguiram CORREA et al (2003) quanto à substituição <strong>de</strong>cargas minerais e fibras <strong>de</strong> vidro por pó <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira o qual é aplicado em umcompósito com uma <strong>de</strong>rivação do polipropileno. O resultado foi um “compósito queapresenta ganhos significativos <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z em relação aos compósitos não-modificadosin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do tipo <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira emprega<strong>da</strong>” (CORREA et al, 2003).Outras pesquisas referem-se a compósitos que usam resíduos agro-industriais talcomo a pesquisa apresenta<strong>da</strong> por BISWAS et al (2004), que <strong>de</strong>screve o uso <strong>de</strong>compósitos baseados em resíduos agroindustriais, tal como fibras <strong>da</strong> casca do coco,bambu, cascas <strong>de</strong> cereais (arroz, trigo) e CNSL (líquido <strong>da</strong> casca <strong>de</strong> caju) Com estematerial foi possível construir vários produtos <strong>de</strong>stinados à construção civil e à indústriamoveleira entre outros, como mostra a TABELA 14. No entanto, a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> cura àpressão e à alta temperatura como <strong>de</strong>scrito em tal pesquisa indica o uso substancial <strong>de</strong>energia. No Brasil, várias pesquisas têm sido feitas: CARVALHO (2003, 1 e 2) vêmencabeçando as pesquisas sobre eco-compósitos baseados em fibras <strong>de</strong> sisal e côco,SILVA (2003) estudou o compósito sisal / poliuretano baseado em óleo <strong>de</strong> mamona; CITÓ(2004) e CITÓ et al (1998) que estu<strong>da</strong>ram compósitos <strong>de</strong> fibras vegetais e CNSL.Também se aproxima do compósito proposto o material <strong>de</strong>nominado Ma<strong>de</strong>ron,,(MANZINI, 2002), <strong>de</strong>senvolvido a partir <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> cascas <strong>de</strong> noz e amêndoastritura<strong>da</strong>s pulveriza<strong>da</strong>s com resinas sintéticas. O Ma<strong>de</strong>ron permite fácil mol<strong>da</strong>gem eacabamento superficial e tem potencial <strong>para</strong> substituir as ma<strong>de</strong>iras em diversasaplicações. Há a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> trocar a matriz sintética por resinas naturais.A TABELA 14 lista produtos construídos com os compósitos baseados em resíduos<strong>da</strong>s indústrias agro-industriais incluindo resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. Mostra a potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>compósitos quanto à varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicações que vão <strong>de</strong> perfilados, chapas <strong>de</strong> ve<strong>da</strong>çãoe produtos <strong>para</strong> construção civil, produtos <strong>da</strong> indústria moveleira e objetos utilitários comoban<strong>de</strong>jas entre outros. Alguns <strong>de</strong>stes produtos são construídos com matéria prima similarao WPC, mas a sua natureza conceitual, <strong>de</strong> ser construído com resíduos agro-industriaise resinas poliméricas, os fazem bons exemplos <strong>da</strong> aplicabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> resíduos comomatéria prima <strong>para</strong> novos produtos.


43TABELA 14 – Alguns produtos construídos com eco-compósitosPRODUTO COMPÓSITO APLICAÇÃOEIN WoodMa<strong>de</strong>ira e/ou resíduos <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira em pó+Resinas termoplásticasrecicla<strong>da</strong>s(poliestireno, polietileno)ouResina termofixas(fenólicas, poliéster insaturado)CONSTRUÇÃO CIVILFacha<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>cks, perfisestruturais, divisórias,basculantes, portas, janelas.INDÚSTRIA MOVELEIRAMóveis em geral, tampos <strong>de</strong>mesa, perfis, objetos utilitários e<strong>de</strong>corativos.OUTRAS APLICAÇÕESEquipamentos esportivos e <strong>de</strong>diversão, equipamentos e fôrmasResíduos <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira em póou <strong>de</strong> papel+Resinas termoplásticasrecicla<strong>da</strong>s <strong>de</strong> copos plásticos(polipropileno e polietileno)INDÚSTRIA AUTOMOTIVASubstitui peças <strong>de</strong> plásticosconvencionais, tal como o ABS.INDÚSTRIA NAVALConteiners, equipamentos <strong>para</strong>barcos, pallets.INDÚSTRIA MOVELEIRAMóveis em geral, objetos utilitáriose <strong>de</strong>corativos.Casca <strong>de</strong> arroz+Fibras <strong>de</strong> bambu+CNSL(cashew nut shell liquid)Resina <strong>da</strong> casca residual <strong>da</strong>castanha <strong>de</strong> cajuCONSTRUÇÃO CIVILPlacas <strong>para</strong> fechamento verticalem casas populares, portas,esquadrias <strong>de</strong> janelas, divisórias.INDÚSTRIA MOVELEIRAMóveis, tampos <strong>de</strong> mesa, peças<strong>de</strong>corativas.Ma<strong>de</strong>ronCascas <strong>de</strong> noz eamêndoas em pó+Resinas sintéticas ou naturaisINDÚSTRIA MOVELEIRAMóveis, tampos <strong>de</strong> mesa, peças<strong>de</strong>corativas.Fibras e resíduos vegetais <strong>da</strong>Região Nor<strong>de</strong>ste do Brasil+CNSL(cashew nut shell liquid)Resina <strong>da</strong> casca residual <strong>da</strong>castanha <strong>de</strong> cajuOBJETOS UTILITÁRIOS eCONSTRUÇÃO CIVIL.Telhas, pisos, painéis, calhasFonte: GLOBALCOMPOSITES (2004); MALI et al (2003); ENGLISH et al (1996); BISWAS et al (2004);MANZINI (2002); FUAD-LUKE (2002); RECICLÁVEIS (2004)


443.2 – MATERIAIS ECO-EFICIENTESTomando como base os conceitos <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong> listados anteriormente, osmateriais <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> consumo tornaram-se <strong>de</strong> importância fun<strong>da</strong>mental nomomento do projeto <strong>de</strong> produtos. O requisito é que tais materiais sejam eco-eficientes emtodo ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> um produto (MANZINI, 2002), se caracterizando por ter impactomínimo ao ambiente e maximizar seu <strong>de</strong>sempenho quanto aos requisitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign(FUAD-LUKE, 2002), aten<strong>de</strong>ndo os requisitos <strong>de</strong> Eco-Design <strong>da</strong> TABELA 3principalmente nos itens:• Redução do uso <strong>de</strong> recursos naturais;• Redução <strong>de</strong> resíduos;• Projetar <strong>para</strong> a reciclagem;• Planejar o final <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> útil dos produtos e materiais;Os materiais <strong>de</strong> fabricação eco-eficientes se caracterizam ain<strong>da</strong> pela energiaconsumi<strong>da</strong>, armazena<strong>da</strong> e libera<strong>da</strong> no meio ambiente. Essa energia é relativa aosprocessos <strong>de</strong> extração, transformação, uso e <strong>de</strong>scarte dos materiais na natureza. Paraum material ser eco-eficiente essa energia <strong>de</strong>ve ser mínima. Assim, quanto maisindustrializado for o material, menos eco-eficiente ele será. Por outro lado, os materiaiscom alta energia incorpora<strong>da</strong> têm a tendência <strong>de</strong> serem mais duráveis que os materiaismais naturais. Para certos bens <strong>de</strong> consumo, então, é mais interessante o uso <strong>de</strong>materiais mais duráveis que materiais menos duráveis, assim é importante consi<strong>de</strong>rar aenergia incorpora<strong>da</strong> no projeto <strong>de</strong> durabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto. Sendo assim, os materiaiseco-eficientes <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong> fácil reintegração aos processos industriais e/ou naturais.Estes materiais, segundo FUAD-LUKE (2002), po<strong>de</strong>m ser se<strong>para</strong>dos em dois tipos:• Materiais <strong>da</strong> biosfera e litosfera: materiais <strong>de</strong> baixa energia incorpora<strong>da</strong>, com atendência <strong>de</strong> ser o mais in natura possível, sendo renováveis e/ou abun<strong>da</strong>ntes eque po<strong>de</strong>m retornar a sua origem, se incorporando aos ciclos naturais porprocessos como a bio<strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção. Toma-se como exemplo compostos <strong>de</strong>rivados<strong>de</strong> vegetais.• Materiais <strong>da</strong> tecnosfera: tem alta energia incorpora<strong>da</strong> por serem fruto <strong>de</strong> váriasetapas <strong>de</strong> transformação industrial. São <strong>de</strong> baixa renovação e baixa incorporaçãoaos ciclos naturais por serem geralmente <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> durabili<strong>da</strong><strong>de</strong> ou imunes à<strong>de</strong>composição, portanto, têm gran<strong>de</strong> potencial poluidor se <strong>de</strong>scartados nanatureza. Porém muitos <strong>de</strong>stes materiais po<strong>de</strong>m ser reciclados, voltando aosciclos industriais, o que minimiza os impactos ambientais negativos.


45A relação dos materiais quanto ao consumo <strong>de</strong> energia é listado na TABELA 15:TABELA 15 – Valores <strong>de</strong> energia incorpora<strong>da</strong> em materiais comunsTIPO DO MATERIALENERGIA MÉDIA INCORPORADA (mj/kg)MATERIAIS DA BIOSFERA / LITOSFERAMinerais cerâmicos – pedra; 2 – 4Ma<strong>de</strong>ira serra<strong>da</strong>, bambu; 2 – 8Algodão, se<strong>da</strong>, lã; 4 – 10Ma<strong>de</strong>ira reconstituí<strong>da</strong>; 6 – 12MATERIAIS DA TECNOSFERAAço carbono; 60 – 72Termoplásticos em geral; 85 – 180Alumínio e ligas leves; 235 – 335Compostos Termoplásticos eTermofixos;400 – 600Ouro e <strong>de</strong>mais metais preciosos; 5600 – 6000Fonte: FUAD-LUKE (2002, p277)Tanto os materiais <strong>da</strong> biosfera – litosfera quanto os <strong>da</strong> tecnosfera po<strong>de</strong>m ser ecoeficientesse reincorporados aos processos industriais ou retornando aos processosnaturais no momento do <strong>de</strong>scarte final, concor<strong>da</strong>ndo com BARBOSA e TRAMONTANO(2004). Assim, um material eco-eficiente encaixa-se no conceito <strong>da</strong> circulação <strong>de</strong> recursose do ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>scritos no Capítulo 1, principalmente se este material for subproduto<strong>de</strong> um processo produtivo que se torna matéria prima <strong>para</strong> outro processo. Como se vêacima, a ma<strong>de</strong>ira reconstituí<strong>da</strong> incorpora gran<strong>de</strong> energia em com<strong>para</strong>ção com os outrosmateriais <strong>da</strong> biosfera, entretanto, incorpora bem menos energia que os materiais <strong>da</strong>tecnosfera. Além <strong>da</strong> eco-eficiência, os materiais <strong>para</strong> serem ecológicos <strong>de</strong>vem atingiroutras metas, principalmente quanto à diminuição ou eliminação <strong>de</strong> componentes tóxicose <strong>da</strong>nosos, ou que comprometam a segurança <strong>da</strong>queles que entrem em contato com talmaterial em algum momento do ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>ste.3.2.1- Classificação dos materiais eco-eficientesPo<strong>de</strong>-se classificar os materiais tanto quanto a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> na natureza quanto apossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reintegração <strong>de</strong>stes materiais nos processos produtivos e nos processosnaturais. A TABELA 16 mostra esta classificação e fornece os respectivos exemplos.


46TABELA 16 – Classificação dos materiais quanto a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reintegraçãoORIGEM / DESTINO DESCRIÇÃO EXEMPLOMATERIAL ÚNICO OUUNIFORMEMATERIAL RESIDUALMATERIAL ATÓXICO OUNÃO PERIGOSOMATERIALBIODEGRADAVELMATERIAL RECICLAVELMATERIAL RECUPERADOMATERIAL ABUNDANTEMATERIAL RENOVÁVELMATERIAL DE FONTESSUSTENTÁVEISMateriais puros, sem misturas com outrosmateriais, que permitem fácil recuperação ereciclagem;Originários <strong>de</strong> resíduos industriais e <strong>de</strong> pós-usodos consumidores;Que não são capazes <strong>de</strong> promover per<strong>da</strong> <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> aos seres vivos;São <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>dos por agentes biológicos efacilmente reintegrados à natureza;São processados <strong>para</strong> um novo ciclo produtivodiferente do original;São processados <strong>para</strong> um novo ciclo produtivoigual ao original;Usados em gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>vido a gran<strong>de</strong>disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong>;São sempre disponíveis porque são sintetizadospor processos naturais;Gerados a partir <strong>de</strong> gerenciamento eco-eficienteAlumínio, vidro, PET,aço;Papel, plásticos metal,ma<strong>de</strong>ira;Papel, plásticos, açoinox;Materiais <strong>de</strong> origemvegetal;Metais, vidro, ma<strong>de</strong>ira;PET, vidro, alumínio,aço;Minerais e vegetaisMateriais vegetais eanimais (ex. couro)Ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> florestaplanta<strong>da</strong>;FONTE: FUAD-LUKE (2002), AMBIENTEBRASIL (2004), BARBOSA e TRAMONTANO (2004)Nota-se a importância <strong>de</strong> materiais que possam ser <strong>de</strong> origem residual e quepossam ser abun<strong>da</strong>ntes, recicláveis e atóxicos tal como se caracteriza o resíduo <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira. Uma <strong>da</strong>s maneiras <strong>de</strong> viabilizar o resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira em novos ciclos industriaisé através <strong>da</strong> mistura com outros materiais em busca <strong>de</strong> um eco-compósito, um tipo <strong>de</strong>material <strong>de</strong>scrito a seguir.3.3 – ECO-COMPÓSITOS3.3.1 – Definição <strong>de</strong> compósitosSegundo o boletim técnico <strong>da</strong> BRASKEM (2002 -1), “compósito é o materialconjugado formado por pelo menos duas fases ou dois componentes, sendo geralmenteuma fase polimérica (matriz polimérica) e uma outra fase <strong>de</strong> reforço, normalmente naforma <strong>de</strong> fibras”. Para tal é necessário haver uma interação física e/ou química entre osubstrato e o reforço, com o objetivo <strong>da</strong> transferência <strong>de</strong> esforços mecânicos <strong>da</strong> matriz<strong>para</strong> o reforço.[...] Um compósito exibe uma proporção significativa <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>suas fases constituintes resultando numa combinação <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s.Compósitos <strong>de</strong> matriz polimérica são constituídos por uma matriz(termoplástica, termorrígi<strong>da</strong> ou elastomérica) e um reforço (fibras, cargasminerais etc). Estes materiais são usados na maior diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>


47aplicações, como também nas mais diversas quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s, levando-se emconta suas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s, temperaturas <strong>de</strong> uso, facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fabricação ecustos [...] (CARVALHO, 2003 – 2).As matrizes mais comuns são resinas <strong>de</strong>riva<strong>da</strong>s do petróleo, termoplásticas etermofixas, tal como as resinas <strong>de</strong> poliéster. Os reforços mais usados são as fibras <strong>de</strong>vidro, <strong>de</strong> carbono e aramidicas. Outros componentes po<strong>de</strong>m ser incluídos na formação <strong>de</strong>um compósito e um dos mais comuns são as cargas: material na forma <strong>de</strong> pó oupartículas que são misturados às resinas, alterando sua flui<strong>de</strong>z, cor, opaci<strong>da</strong><strong>de</strong> eproprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas. O talco industrial é a carga <strong>de</strong> origem mineral mais usa<strong>da</strong>.Os compósitos são fáceis <strong>de</strong> mol<strong>da</strong>r, permitem formas complexas sem emen<strong>da</strong>s,po<strong>de</strong>m ser mol<strong>da</strong>dos na cor final do produto, permitem ótimo acabamento e são leves.Po<strong>de</strong>m substituir metais como o aço ou alumínio e as ma<strong>de</strong>iras em aplicações <strong>de</strong> usogeral na fabricação <strong>de</strong> móveis, utensílios domésticos, construção civil, indústria <strong>de</strong>equipamentos esportivos, tubulações industriais, assim como são bastante usados naindústria <strong>de</strong> transporte em automóveis, em embarcações e em aviões.3.3.2 – Definição <strong>de</strong> Eco-compósitoO eco-compósito surge quando os materiais componentes <strong>de</strong> um compósito (fibrase matriz) respeitam as metas ambientais, sendo tanto <strong>de</strong> origem vegetal, <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong>fontes renováveis, <strong>de</strong>vendo ser atóxicos e abun<strong>da</strong>ntes e po<strong>de</strong>ndo ser ou nãobio<strong>de</strong>gradáveis, sendo neste caso, conhecidos como bio-compósitos (SCHUH e GAYER,1997 apud SILVA 2003; BAINBRIDGE, 2004), como po<strong>de</strong> ser também originário doaproveitamento <strong>de</strong> resíduos agro-industriais, florestais ou ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> outros tipos <strong>de</strong>resíduos tais como escória mineral e plásticos reciclados, aumentando ain<strong>da</strong> mais a suaeco-eficiência. Essas possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s o tornam um material inovador e não tradicional, comgran<strong>de</strong>s possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> uso na substituição <strong>de</strong> materiais tradicionais, baseados emmatéria prima virgem (SILVA, 2002 -2). Portanto, existe a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> aplicação doconceito <strong>da</strong> ecologia industrial <strong>para</strong> o uso <strong>de</strong> eco-compósitos, no que se refere àcirculação <strong>de</strong> resíduos entre indústrias, como foi <strong>de</strong>scrito anteriormente.3.3.3 – ReforçosSão impregnados pelas matrizes, quando líqui<strong>da</strong>s, e tem função estrutural, <strong>da</strong>ndoresistência física e mecânica ao compósito. Segundo CARVALHO (2003 – 2) os reforçospo<strong>de</strong>m ser classificados como particulados ou fibrosos, e têm origens diferentes:


48• Particulados: também chamados como cargas, apresentam-se como partículasesféricas, cúbicas ou plaquetas, aumentam a rigi<strong>de</strong>z, po<strong>de</strong>ndo ou não aumentar aresistência do compósito. Devem ser inertes à matriz e po<strong>de</strong>m ter origem mineral,vegetal ou artificial, como visto na FIGURA 14. As cargas tradicionais são o talco,carbonato <strong>de</strong> cálcio e caulim. A serragem <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira exemplifica as cargas <strong>de</strong> origemnatural.FIGURA 14 – Classificação <strong>da</strong>s cargas quanto a composição (baseado em SETTI, 1994)• Fibrosos: fibras longas ou curtas <strong>de</strong> materiais inorgânicos e orgânicos incluindo asfibras vegetais, minerais ou artificiais. Aumentam a resistência física do compósitoprincipalmente à tração, à flexão e ao impacto. As fibras tradicionais são artificiais e asmais usa<strong>da</strong>s são as <strong>de</strong> vidro, carbono, amianto e aramidicas. Quanto aos reforços <strong>de</strong>fibras, po<strong>de</strong>m ser classifica<strong>da</strong>s por sua composição, tal como ZHU (1993 apud SILVA2002 -2) organizou, mostrado na FIGURA 15.FIGURA 15 – Classificação <strong>da</strong>s fibras quanto a composição (ZHU 1993 apud SILVA 2002 -2 - modificado)A possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mistura <strong>de</strong> reforços, aplicados simultaneamente num mesmoproduto é muito benéfica, pois permite projetar laminados específicos com <strong>de</strong>sempenhomecânico <strong>de</strong> acordo com as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do produto. Neste contexto, po<strong>de</strong>-se usarqualquer material vegetal que tenha quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s suficientes <strong>para</strong> serem usados comoreforço, tanto na forma <strong>de</strong> particulados, tanto na forma <strong>de</strong> fibras, em matrizes poliméricas,incluindo a ma<strong>de</strong>ira. Os trabalhos acadêmicos pesquisados referem-se principalmente aouso <strong>de</strong> vegetais fibrosos, cujas fibras seriam processa<strong>da</strong>s industrialmente <strong>para</strong> o fim <strong>de</strong>


49reforço. A origem <strong>de</strong>stas fibras po<strong>de</strong> ser tanto insumos virgens, planta<strong>da</strong>s <strong>para</strong> este fimespecífico, como po<strong>de</strong>m ser resíduos agro-industriais ou <strong>de</strong> outras indústrias, os quaisseriam reciclados e aproveitados. A TABELA 17 relaciona algumas fibras vegetais maisusa<strong>da</strong>s em eco-compósitos:ORIGEMINSUMOVIRGEM ERENOVÁVELTABELA 17 – Algumas fibras vegetais usa<strong>da</strong>s em compósitosFIBRA• Sisal• Bananeira• Algodão• Juta• Bucha (esponja vegetal <strong>de</strong> banho)• Malva• Ma<strong>de</strong>ira• Linho• Piaçava• Cânhamo• Bromélia• Bambu• Bagaço <strong>de</strong> cana e <strong>de</strong> outros vegetais• Casca do coco• Abacaxi (coroa)RESÍDUOS• Papel, papelão e celulose;• Cascas e palha <strong>de</strong> cereais: arroz, trigo, amendoim, etc.• Serragem e pó <strong>de</strong> Ma<strong>de</strong>iraFonte: TANOBE et al (2003); BISWAS et al (2004); BAINBRIDGE (2004)A TABELA 17 mostra as fibras se<strong>para</strong><strong>da</strong>s por origem, sendo insumos virgens ouresíduos, no entanto, não há impedimento do uso <strong>de</strong> resíduos <strong>da</strong>s fibras cita<strong>da</strong>s comoinsumos virgens, se estes estiverem disponíveis. As vantagens e <strong>de</strong>svantagens do uso<strong>de</strong> fibras vegetais em compósitos são vistas na TABELA 18, segundo CARVALHO (2003-1):TABELA 18 – Vantagens e <strong>de</strong>svantagens <strong>da</strong>s fibras naturais em compósitos.MODODESCRIÇÃO• Baixo custo se com<strong>para</strong><strong>da</strong>s às fibras artificiais• Utilização completa <strong>da</strong> Fitomassa• Ambientalmente amigáveis• Não fraturam quando processa<strong>da</strong>s• Produzem resíduos <strong>de</strong> baixa toxici<strong>da</strong><strong>de</strong> na incineração• Não-Abrasivas aos equipamentos <strong>de</strong> processo• Baixa <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> / Alto módulo específico• Alta resistência, baixa elongação;VANTAGENS • Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas: Peso vs Resistência• Baixo consumo <strong>de</strong> energia• Produtos recicláveis e bio<strong>de</strong>gradáveis• Eficientes na conversão <strong>de</strong> matérias-primas em produtos• Aten<strong>de</strong>m às pressões ambientais <strong>para</strong> o uso <strong>de</strong> Recursos NaturaisRenováveis• Contribuem com a criação <strong>de</strong> empregos rurais• Marketing aproveitam matéria-prima bio<strong>de</strong>gradável e produtos combaixa tecnologia e investimento po<strong>de</strong>m ser gerados• Produção <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do clima• Gran<strong>de</strong> variação nas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s• Produção sazonal (coleta, armazenamento)DESVANTAGENS • Higroscópicas – absorvem umi<strong>da</strong><strong>de</strong>• Dimensionalmente instáveis em contato com umi<strong>da</strong><strong>de</strong>• Bio<strong>de</strong>gradáveis – baixa resistência a fungos e bactérias• Degra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> lignina em aproxima<strong>da</strong>mente 200°CFonte: CARVALHO (2003 – 1)


50Em relação aos requisitos <strong>de</strong> preservação ambientais, as fibras naturais po<strong>de</strong>m serusa<strong>da</strong>s <strong>para</strong> substituir a ma<strong>de</strong>ira nativa, fibras sintéticas, como as <strong>de</strong> vidro e aspoliméricas, e também os amiantos em diversas aplicações. No caso <strong>da</strong> substituição <strong>da</strong>ma<strong>de</strong>ira nativa, este material se mostra como um gran<strong>de</strong> atrativo que aju<strong>da</strong>ria a preservaras reservas florestais (CARVALHO, 2003; BISWAS et al, 2004; BAKSI et al, 2004),<strong>de</strong>sviando o consumo <strong>para</strong> os produtos construídos com eco-compósitos assim comoabriria a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> empregos e recursos em comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s ou regiõesmais pobres.No entanto, verificou-se nesta revisão bibliográfica a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> várias etapas<strong>de</strong> preparo, no caso <strong>de</strong> insumos virgens, e muitas etapas <strong>de</strong> reciclagem, no caso <strong>de</strong>resíduos, que incluem tratamentos químicos, tratamentos térmicos, lavagens eprocessamentos mecânicos <strong>de</strong>ntre outros que po<strong>de</strong>m significar uma diminuição <strong>da</strong> ecoeficiência<strong>de</strong>stes produtos em relação ao discurso <strong>da</strong>s Tecnologias Limpas que prega aredução <strong>de</strong> gastos <strong>de</strong> recursos naturais, <strong>de</strong> energia e <strong>de</strong> resíduos na busca <strong>de</strong> um<strong>de</strong>sempenho ambiental maior que nos processos habituais.3.3.4 – Matrizes poliméricasAs matrizes usa<strong>da</strong>s nos compósitos são basea<strong>da</strong>s em resinas ou a<strong>de</strong>sivospoliméricos, os quais são usados <strong>para</strong> impregnar os reforços, enquanto estiverem emuma fase líqui<strong>da</strong>. Este processo geralmente é feito num mol<strong>de</strong> do produto a serconstruído.As resinas plásticas são constituí<strong>da</strong>s essencialmente por polímeros orgânicos,po<strong>de</strong>ndo ser sintéticas, basea<strong>da</strong>s no petróleo, ou terem origem natural, oriundo <strong>de</strong>materiais vegetais. Permitem ser mol<strong>da</strong><strong>da</strong>s facilmente em formas varia<strong>da</strong>s por processosque usam a fase líqui<strong>da</strong> durante a mol<strong>da</strong>gem (BRASKEM 2002-1). A maioria <strong>da</strong>s resinasplásticas usa<strong>da</strong>s atualmente é sintética. O uso <strong>de</strong> resinas plásticas industriais teve iníciona déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1930, sendo que atualmente é um dos principais materiais industriais,transformados em bens <strong>de</strong> consumo, em embalagens, filmes e outros produtos. “Aprodução <strong>de</strong> plásticos no Brasil alcançou 3,4 milhões <strong>de</strong> tonela<strong>da</strong>s em 1999, emcom<strong>para</strong>ção com 41,6 milhões <strong>de</strong> tonela<strong>da</strong>s nos EUA e 26,3 milhões <strong>de</strong> tonela<strong>da</strong>s naEuropa (1994)” (FORLIN & FARIA 2002).As vantagens dos plásticos são inúmeras, e segundo GORNI (2004) algumas são:• Leveza• Boa resistência mecânica


51• Transparência• Possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ser mol<strong>da</strong>do na cor do produto• Baixas Temperaturas <strong>de</strong> Processamento, até 250ºC• Baixa Condutivi<strong>da</strong><strong>de</strong> Elétrica• Baixa Condutivi<strong>da</strong><strong>de</strong> Térmica• Baixo custo• Impermeabili<strong>da</strong><strong>de</strong>• Toxicologicamente inertesAs matrizes poliméricas po<strong>de</strong>m ser classifica<strong>da</strong>s como (BRASKEM (2002 -1);GORNI (2003)):• Termoplásticas: amolecem na presença <strong>de</strong> calor e enrijecem quando frios,permitindo serem usa<strong>da</strong>s mais <strong>de</strong> uma vez, o que facilita processos <strong>de</strong> recuperação ereciclagem, apesar <strong>de</strong> alguns tipos sofrerem <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção a ca<strong>da</strong> ciclo <strong>de</strong>amolecimento. São mol<strong>da</strong><strong>da</strong>s por equipamentos pesados e em mol<strong>de</strong>s metálicoscomplexos e caros. Apesar <strong>de</strong> serem basea<strong>da</strong>s tradicionalmente no petróleo, algumasresinas termoplásticas têm como base matérias primas vegetais bio<strong>de</strong>gradáveis.Exemplos: Poliestireno, Polipropileno, PET, PVC, Policarbonato, ABS, nylon.• Termofixas ou termorrígi<strong>da</strong>s: são encontra<strong>da</strong>s como resinas líqui<strong>da</strong>s e quesolidificam pelo calor ou pela ação <strong>de</strong> um agente catalisador. Uma vez solidifica<strong>da</strong>snão mais voltam ao estado líquido inicial, portanto só po<strong>de</strong>m ser usa<strong>da</strong>s uma únicavez. Tradicionalmente as resinas termofixas são originárias do petróleo, sendo quealgumas são basea<strong>da</strong>s em óleos vegetais <strong>de</strong> recursos renováveis. As resinastermofixas po<strong>de</strong>m ser mol<strong>da</strong><strong>da</strong>s por processos <strong>de</strong> fabricação bastante diferentesquanto à complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> e custos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> processos manuais e artesanais com o uso <strong>de</strong>mol<strong>de</strong>s simples e baratos, passando por processos mistos <strong>de</strong> média complexi<strong>da</strong><strong>de</strong>entre manual e mecanizado até os processos caros e complexos como os usados nostermoplásticos.Exemplos: Poliéster insaturado, poliuretanos, resinas epóxi, resinas fenólicas, CNSL.• Elastômeros ou borrachas: Classificam-se entre os termoplásticos e os termofixos.Uma vez curados não se fun<strong>de</strong>m na forma líqui<strong>da</strong> inicial, mas apresentamcaracterísticas elásticas. O processo <strong>de</strong> reciclagem é mais difícil que a dostermoplásticos, sendo similar a dos termofixos. Po<strong>de</strong>m ter origem vegetal ou sintética.Exemplos: Origem natural: látex - Origem sintética: silicone.


523.3.4.1 – Reaproveitamento <strong>de</strong> resíduos poliméricosDo ponto <strong>de</strong> vista ambiental os plásticos são vistos geralmente como vilões(OLIVEIRA e CASTRO 2002), pois, segundo BARBOSA e TRAMONTANO (2004), a baixadurabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do uso, que incentiva o <strong>de</strong>scarte e o lixo, leva o plástico a uma categoria nãoecológica. Os resíduos <strong>de</strong> plástico são classificados pela NBR 10004 como Classe 2 ou3, não tóxico, são “consi<strong>de</strong>rados substratos inertes, com índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>composiçãovariáveis (quase <strong>de</strong>sprezíveis) por elementos ambientais, como luz, umi<strong>da</strong><strong>de</strong>, calor emicrorganismos” (FORLIN e FARIA 2002). A maioria <strong>da</strong>s resinas não é bio<strong>de</strong>gradável ounão é reaproveita<strong>da</strong>, interferindo por muito tempo no meio ambiente pelo volume que seapresenta, <strong>de</strong>teriorando o aspecto <strong>de</strong> paisagens naturais, além <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado umdos principais agentes na ocupação <strong>de</strong> espaço em lixões e aterros sanitários. No entanto,as pesquisas atuais os vêem como uma alternativa <strong>de</strong> material eco-eficiente, pois tendoesses materiais a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r sofrer processos <strong>de</strong> recuperação e <strong>de</strong> reciclagemou mesmo serem usados como combustíveis, isso os faz completamente eco-eficientesse associados com políticas e tecnologias que permitam tais processos. SegundoAMBIENTEBRASIL (2004), o uso <strong>de</strong> plástico reciclado economiza 70% <strong>de</strong> energia,durante quase a totali<strong>da</strong><strong>de</strong> do seu ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>. O reaproveitamento po<strong>de</strong> ser também naforma <strong>de</strong> combustível (recuperação energética) como propõe GORNI (2004), mas, nestecaso, há per<strong>da</strong> <strong>de</strong> matéria prima, quebrando o ciclo <strong>de</strong> circulação <strong>de</strong> material propostopela <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong>. Outras formas <strong>de</strong> reaproveitamento são a recuperação e areciclagem.Os termoplásticos permitem vários ciclos <strong>de</strong> processamento, pois po<strong>de</strong>m sermol<strong>da</strong>dos várias vezes e são, portanto, materiais que permitem a recuperação oureciclagem tanto <strong>para</strong> resíduos pós-industriais, quanto <strong>para</strong> o resíduo do pós-uso.Algumas resinas se <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>m com um excesso <strong>de</strong> etapas <strong>de</strong> processamento e sópermitem serem recicla<strong>da</strong>s e usa<strong>da</strong>s em outras finali<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Outras, como o PET,permitem serem recupera<strong>da</strong>s com quali<strong>da</strong><strong>de</strong> igual às resinas virgens várias vezes.Os termofixos e elastômeros só permitem a reciclagem <strong>de</strong>vido à dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>retornar à forma líqui<strong>da</strong> inicial e principalmente se forem combinados com reforços <strong>de</strong>fibras e cargas que inviabilizam a recuperação <strong>da</strong> resina. Segundo RODRIGUES (2004),“os processos <strong>de</strong> reciclagem e aproveitamento <strong>de</strong> materiais compostos são maiscomplexos que os sistemas usados <strong>para</strong> reciclagem <strong>de</strong> materiais termoplásticos. Noentanto, são mais eficientes e seu controle operacional é mais seguro, principalmente<strong>para</strong> os usuários dos produtos reciclados”. Há vários processos <strong>de</strong> reciclagem, mas os


53que mostraram maior eficiência foram (RODRIGUES, 2004; BRASKEM 2002 -2;CARVALHO (2000); FORLIN e FARIA, 2002):Pirólise: processo <strong>de</strong> reciclagem térmica à 800Cº na ausência <strong>de</strong> oxigênio o qualproduz gás e óleo combustível e também material sólido usado como carga nasubstituição <strong>de</strong> cargas minerais;Moagem: processo <strong>de</strong> reciclagem mecânica que transforma os resíduos em póatravés <strong>da</strong> trituração.A moagem é a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reciclagem mais barata e simples, sendo a mais usa<strong>da</strong>no Brasil. O pó gerado po<strong>de</strong> ser usado tanto na indústria <strong>de</strong> compósitos quanto em outrasindústrias, além <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> mais eco-eficiente que a pirólise, levando emconta que esta tem gran<strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> energia <strong>para</strong> atingir a temperatura <strong>de</strong> operação.[...] Conforme as experiências realiza<strong>da</strong>s, é possível utilizar até 30% <strong>de</strong>material reciclado em substituição à carga mineral e como parte do reforço,na composição do novo composto, sem per<strong>de</strong>r as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicoquímicasdo novo produto. Em alguns casos, tem-se conseguido valoressuperiores <strong>de</strong> resistência à tração e menor índice <strong>de</strong> contração do que noscompostos tradicionais. Outro fator importante é a diminuição, em até 10%,do peso final do produto mol<strong>da</strong>do [...] (RODRIGUES, 2004).Outras aplicações <strong>para</strong> o pó <strong>de</strong> compósitos termofixos é a mistura com matrizescimentícias na fabricação <strong>de</strong> argamassas e concreto <strong>para</strong> a construção civil, em matrizescerâmicas na fabricação <strong>de</strong> telhas, como núcleo <strong>de</strong> blocos <strong>de</strong> concreto, em matrizesasfálticas <strong>para</strong> pavimentação <strong>de</strong> ruas e estra<strong>da</strong>s e como massa <strong>de</strong> enchimento emdiversos produtos (PLÁSTICO REFORÇADO, 2004; OLIVEIRA e CASTRO, 2002;CARVALHO; 2000).3.4 – WPC - COMPÓSITOS BASEADOS EM MADEIRAA ma<strong>de</strong>ira ocupa um lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque como reforço em eco-compósitos. Ocompósito <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira se refere ao uso <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira, sob qualquer forma, reforçandoresinas termofixas ou termoplásticas. Historicamente, o compósito constituído <strong>de</strong> pó <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira e resinas fenólicas ficou conhecido como Baquelite, uma resina termofixa que foio primeiro plástico sintetizado industrialmente (CLEMONS, 2002) e que revolucionou o<strong>de</strong>sign <strong>de</strong> produto, principalmente na fabricação <strong>de</strong> eletrodomésticos, nas déca<strong>da</strong>s <strong>de</strong>1920 até 1950 quando, então, novos plásticos o substituiram. Na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1970, umcompósito <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e polipropileno foi largamente usado na indústria automobilística


54sendo comercialmente conhecido como WOODSTOCK (CORREA et al, 2003; PEIJS,2002).Atualmente, os compósitos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira são conhecidos como WPC (wood plasticcompósites), sendo que as resinas mais usa<strong>da</strong>s são as termoplásticas <strong>de</strong> baixo preço e<strong>de</strong> pós-consumo, tais como polietileno, polipropileno e poliestireno, po<strong>de</strong>ndo serreforça<strong>da</strong>s com pó ou fibras <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira numa proporção que vai <strong>de</strong> 2% à 50%(CLEMONS, 2002). Os compósitos são mol<strong>da</strong>dos por processos usuais <strong>da</strong> indústria <strong>de</strong>termoplásticos tais como a extrusão, compressão e injeção (ENGLISH, 1996 - 2). Seumercado vem aumentando principalmente na Europa, EUA e Japão, tendo umaparticipação diferencia<strong>da</strong> <strong>da</strong>s <strong>de</strong>mais fibras naturais e sendo usado na indústriaautomobilística, moveleira e construção civil principalmente, em funções estruturais e nãoestruturais, sendo que as marcas industriais EINWood®, TECH-Wood® e FASAL® são<strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s e comercializa<strong>da</strong>s com teores <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> até 70% <strong>para</strong> diversasaplicações (PEIJS, 2002).De acordo com CORREA et al (2003), o resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira em pó ou WWF (woodwaste flour) como carga e reforço apresenta-se como alternativa <strong>de</strong> substituição <strong>da</strong>ma<strong>de</strong>ira convencional e ao reaproveitamento <strong>de</strong> resíduos. As vantagens são (ECKERT,2000 e STARK,1996 apud CORREA et al, 2003):• Maior resistência à umi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>terioração ambiental, a pragas e insetos;• Apresentam melhor estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dimensional;• Resistência ao empenamento e trincas;• Possuir menor custo <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> rotina;• Maior durabili<strong>da</strong><strong>de</strong> em ambientes agressivos como marinas e piscinas;• São totalmente recicláveis e imitam em aspecto a ma<strong>de</strong>ira;• Dispensam o uso <strong>de</strong> proteção superficial como tintas e vernizes;• São mais leves que os compósitos tradicionais – baixo peso;• Trabalham com temperatura mais baixa, permitindo economia <strong>de</strong>energia;• Aumento <strong>da</strong> resistência mecânica <strong>da</strong>s matrizes;• Baixa abrasivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, facilitando processos <strong>de</strong> acabamento;As limitações <strong>de</strong>ste material são, primeiramente, a temperatura <strong>de</strong> trabalho limita<strong>da</strong>pela celulose, ou seja, em torno <strong>de</strong> 200ºC, e também problemas <strong>de</strong> interface <strong>de</strong> resinastermoplásticas com a ma<strong>de</strong>ira, que <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>m a performance do compósito com o tempo.Apesar do uso majoritário <strong>de</strong> resinas termoplásticas no WPC, atualmente o uso <strong>de</strong>resinas e a<strong>de</strong>sivos termofixos, tal como o poliéster insaturado, po<strong>de</strong> se tornar umaexcelente alternativa aos termoplásticos na fabricação <strong>de</strong> produtos, principalmente <strong>de</strong>vido


55a acessibili<strong>da</strong><strong>de</strong> à matéria prima e a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do uso <strong>de</strong> tecnologias simplifica<strong>da</strong>s <strong>de</strong>mol<strong>da</strong>gem. A ma<strong>de</strong>ira, usa<strong>da</strong> na forma <strong>de</strong> fibra ou pó (farinha), po<strong>de</strong> ser oriun<strong>da</strong> <strong>de</strong>resíduo, o que diminui o preço e aumenta a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> matéria prima.3.4.1 – A eco-eficiência do WPCComo foi escrito no item 2.7.1, há muitas maneiras <strong>de</strong> reutilização <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>iraconsi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como resíduo, incluindo a tecnologia do WPC. Esta tecnologia, apesar <strong>de</strong>não ser um processo tradicional, está sendo cita<strong>da</strong> pelos autores como uma <strong>da</strong>s maneirasa se <strong>da</strong>r maior valor ao resíduo, evitando processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarte e eliminação, ou mesmoa queima. A FIGURA 16 mostra como QUIRINO (2004) consi<strong>de</strong>ra o WPC no contexto <strong>de</strong>alternativas <strong>de</strong> aproveitamento e <strong>de</strong> valorização dos resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira.FIGURA 16 – Contextualização do WPC Baseado em QUIRINO (2004), p. 6 (re<strong>de</strong>senhado)Do ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong>s Tecnologias Limpas, o WPC se associa aos conceitos <strong>da</strong><strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong> se for consi<strong>de</strong>rado como um subproduto tanto <strong>de</strong> processos produtivosquanto do uso, que são aproveitados como matéria prima <strong>de</strong> outro processo, tanto <strong>para</strong>os resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira quanto <strong>para</strong> resíduos <strong>de</strong> plásticos como matrizes poliméricas,satisfazendo o conceito <strong>de</strong> circulação <strong>de</strong> recursos por processos <strong>de</strong> reciclagem esatisfazendo também o requisito <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> resíduos industriais. Portanto, há apromoção <strong>da</strong> substituição <strong>de</strong> recursos naturais por material abun<strong>da</strong>nte que antes erareconhecido como resíduo. Além disso, o compósito tem as características <strong>de</strong> ser atóxico,possui boa durabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, permitindo outros ciclos <strong>de</strong> produção e uso, tem baixa energiaincorpora<strong>da</strong> e tem a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ser reciclável através <strong>de</strong> processos específicos,como <strong>de</strong>scritos no próximo capítulo.


56Apesar <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> uma boa alternativa ao resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, o WPC, noentanto, ain<strong>da</strong> mostra limitações quando se fala em priorizar metas <strong>de</strong> preservaçãoambiental e redução <strong>de</strong> poluição. Autores como ENGLISH (1996 -1 e 2, 1998), CLEMONS(2002), CORREA (2003), CARASCHI (2000), escrevem apenas sobre o uso <strong>da</strong> farinha <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira (WWF – wood waste flour), que é apenas uma fração dos muitos tipos <strong>de</strong>serragem residual como os mostrados nesta pesquisa, sem mencionar alternativas <strong>para</strong>os <strong>de</strong>mais tipos <strong>de</strong> serragem e outros resíduos, incluindo as partes sóli<strong>da</strong>s dos tocos epontas.O ciclo fechado <strong>de</strong> circulação do resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, que po<strong>de</strong> ser usa<strong>da</strong> na forma<strong>de</strong> WPC po<strong>de</strong> ser esquematizado na FIGURA 17, que é basea<strong>da</strong> na FIGURA 04, e que<strong>de</strong>monstra o caminho <strong>de</strong>ste resíduo na busca <strong>de</strong> um melhor <strong>de</strong>sempenho eco-eficiente.FIGURA 17 – Ciclo fechado do resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira na forma <strong>de</strong> WPC, baseado no esquema do item 1.3.1A partir <strong>da</strong> FIGURA 17, po<strong>de</strong>-se enumerar ca<strong>da</strong> etapa <strong>da</strong> recuperação eaproveitamento do resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> pós-produção, conforme a TABELA 12,principalmente a serragem, que é o objeto <strong>da</strong> pesquisa <strong>de</strong>monstra<strong>da</strong> no Capítulo 4:Coleta <strong>de</strong> resíduos: Aqui o resíduo é coletado e armazenado corretamente logoapós a sua geração, buscando conservá-lo contra umi<strong>da</strong><strong>de</strong> ou agentes <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ntes.


57Reciclagem: Formas <strong>de</strong> transformar o resíduo em matéria prima, propondo etapas<strong>de</strong> limpeza, se<strong>para</strong>ção <strong>de</strong> partículas grosseiras, peneiramento entre outros. Quantomais etapas <strong>de</strong> reciclagem entretanto, maior a energia incorpora<strong>da</strong> no resíduo,conforme visto no Item 3.2.Matéria Prima: Após a reciclagem, o resíduo po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como insumo eestará apto a ser aproveitado em outros sistemas produtivos.A FIGURA 17 mostra, portanto, uma forma <strong>de</strong> ciclo fechado <strong>de</strong> aproveitamento <strong>de</strong>material, como propõe a <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong>. Observa-se que as formas <strong>de</strong> aproveitamentoenergético ou reintegração ao meio ambiente, como explicado no Capítulo 1, não sãouma opção, visto que significam a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> massa do resíduo, interrompendo o ciclo <strong>de</strong>reaproveitamento <strong>de</strong> recursos.A possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir compósito a partir <strong>de</strong> componentes <strong>de</strong> reforço e matrizpolimérica bio<strong>de</strong>gradáveis tem sido bastante estu<strong>da</strong><strong>da</strong> ultimamente, como mostra apesquisa <strong>de</strong> OZAKI (2004), que resultou em um compósito tipo WPC formulado compolímero baseado no PVA (poliálcool vinílico) e resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira em pó. Apesar <strong>da</strong>bibliografia estu<strong>da</strong><strong>da</strong> consi<strong>de</strong>rar a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> bio<strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção como compatível com omeio ambiente, como mostram as TABELAS 03 e 16, ou como mostram FORLIN eFARIAS (2002), OZAKI (2004), BARBOSA e TRAMONTANO (2004) e ROSA et al (2004),<strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar que, primeiramente, o fato do compósito ser bio<strong>de</strong>gradável não o fazcompletamente eco-eficiente, já que tal característica não garante a redução <strong>de</strong> resíduos.Os produtos gerados por essa tecnologia, ao serem <strong>de</strong>scartados, po<strong>de</strong>rão aumentaro volume do lixo orgânico disposto sem controle no ambiente, possibilitando impactosambientais negativos. Além disso, do ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong>, o fato <strong>de</strong> serbio<strong>de</strong>gradável significa a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> material <strong>para</strong> o meio-ambiente, quebrando o ciclo <strong>de</strong>reaproveitamento <strong>de</strong> material, concor<strong>da</strong>ndo com o SPMP -Syndicat <strong>de</strong>s Producteurs <strong>de</strong>Matières Plastiques (2004), que consi<strong>de</strong>ra a bio<strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> plásticos como“<strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> um material nobre”, impossibilitando a recuperação <strong>de</strong> insumos pelaca<strong>de</strong>ia produtiva, levando assim, ao consumo <strong>de</strong> novos insumos virgens, apesar <strong>da</strong> suaaplicação ser interessante em produtos putrescíveis, tal como fral<strong>da</strong>s <strong>de</strong>scartáveis ouprodutos higiênicos, “locais on<strong>de</strong> a aplicação é justifica<strong>da</strong> e necessária” (SPMP - 2004).Portanto, po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar como uma possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> menos eco-eficiente que acirculação <strong>de</strong> recursos o aproveitamento energético pela proposta <strong>de</strong> incineração domaterial ou <strong>de</strong> uso <strong>de</strong>stes na forma <strong>de</strong> adubo, consi<strong>de</strong>rando a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>


58bio<strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção ou compostagem, pois em processos tais ocorre a quebra dos ciclosfechados e per<strong>da</strong> <strong>de</strong> material além <strong>de</strong> não garantir a redução <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> resíduos.A possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> recuperação ou <strong>de</strong> reciclagem <strong>de</strong> matéria prima pós-industrial oupós-consumo é, então, uma maneira mais eco-eficiente, segundo os conceitos <strong>da</strong><strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong>, <strong>de</strong> garantir o ciclo fechado <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> insumos proposto pelo conceito<strong>da</strong> circulação <strong>de</strong> recursos. Assim, melhor que ser bio<strong>de</strong>gradável é ser capaz <strong>de</strong>possibilitar a recuperação ou reciclagem <strong>de</strong> matéria prima. No caso do WPC, as matrizespoliméricas tanto termoplásticas quanto termofixas permitem processos <strong>de</strong> reciclagem, oque garante a sua recuperação pelos processos produtivos, diminuindo tanto a <strong>de</strong>man<strong>da</strong>por insumos virgens quanto a produção <strong>de</strong> resíduos dispostos no meio ambiente.De maneira geral, o WPC é apto a preencher os requisitos <strong>de</strong> um material ecoeficientecomo <strong>de</strong>scritos nos conceitos estu<strong>da</strong>dos. Devemos contudo consi<strong>de</strong>rar que talmaterial po<strong>de</strong> apresentar um <strong>de</strong>sempenho ambiental melhor sintonizado com os conceitos<strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong>, somente se estiver sustentado nos requisitos citados nos itens doCapítulo 1 e neste Capítulo 3, organizados na TABELA 19:TABELA 19 – Organização dos requisitos ambientais <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong> <strong>para</strong> materiais <strong>de</strong> fabricaçãoCONCEITOSECO-DESIGN(baseado na TABELA 03)CIRCULAÇÃO DERECURSOS(baseado no item 1.2.2)CICLO DE VIDA(baseado no item 1.3.1)ECO-EFICIÊNCIA(baseado nos itens 1.2.1 e3.2.1 na TABELA 16)ECO-COMPÓSITO(baseado nos itens 3.3 e3.4)REQUISITOS E METAS• Usar materiais abun<strong>da</strong>ntes e sem restrição <strong>de</strong> uso• Reduzir energia na fabricação• Usar materiais reciclados e recicláveis;• Usar materiais abun<strong>da</strong>ntes e compatíveis entre si;• Usar materiais que provenham <strong>de</strong> refugos <strong>de</strong> processos produtivos;• Evitar material que produza emissões, resíduos ou efluentes tóxicos;• Usar tecnologias e processos produtivos <strong>de</strong> baixo impacto e eco-eficientes• Agregar valor estético aos materiais reciclados• Possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ser usado como matéria prima <strong>para</strong> outros processos produtivos• Permitir o uso <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> produção como matéria prima <strong>de</strong>outro processo.• Permitir o uso <strong>de</strong> materiais reciclados <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> produção• Permitir a maximização do uso <strong>de</strong> produtos construídos com tal material• Permitir a durabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produtos construídos com tal material• Material atóxico e não perigoso• Material abun<strong>da</strong>nte• Material renovável• Material reciclável• Material residual• Material <strong>de</strong> fontes sustentáveis• Usar matriz polimérica com possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reciclagem;• Usar matriz polimérica atóxica;• Usar reforço baseado em resíduos vegetais = resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira• Usar processos <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> baixo impacto ambiental e <strong>de</strong> baixo consumo <strong>de</strong>energia e água.A partir <strong>de</strong>sta tabela é possível prever um material compósito baseado em resíduos<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira que melhor atinge as metas <strong>de</strong> preservação ambiental, não <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> ser


59uma boa alternativa como material <strong>para</strong> fabricação <strong>de</strong> novos produtos, atingindo assim aeco-eficiência.3.5 – DESCRIÇÃO DA MATRIZ POLIMÉRICA USADA NA PESQUISAA matriz polimérica foi escolhi<strong>da</strong> entre o grupo dos termofixos. Segundo CARVALHO(2003 – 2) os termofixos são particularmente a<strong>de</strong>quados como materiais <strong>para</strong> a fabricação<strong>de</strong> compósitos, por sua facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fabricação e a<strong>de</strong>são com a fibra. Foram explora<strong>da</strong>sas vantagens <strong>da</strong> cura a frio, facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aquisição comercial e <strong>de</strong> processos <strong>de</strong>fabricação <strong>de</strong> baixo custo sintonizando os materiais e o processo <strong>de</strong> fabricação com osrequisitos eco-eficientes.3.5.1 – Resina <strong>de</strong> Poliéster InsaturadoApresenta-se como um líquido viscoso, formulado pela reação <strong>de</strong> ácidos e álcoois,que po<strong>de</strong> ser diluído em monômero <strong>de</strong> estireno, e, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do ácido usado naformulação, po<strong>de</strong>-se produzir resinas ortoftálica, isoftálica <strong>de</strong>ntre outras (ELEKEIROZ,s/d). As varie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> resinas <strong>de</strong> poliéster insaturado e suas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s são vistas naTABELA 20. A variação ortoftálica é mais rígi<strong>da</strong> <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> cura<strong>da</strong>, mas é tambémfisicamente e quimicamente mais frágil. Sua cura po<strong>de</strong> acontecer com o uso <strong>de</strong> calor ouna presença <strong>de</strong> catalisadores (cura a frio). Suas características químicas po<strong>de</strong>m sermodifica<strong>da</strong>s com a adição <strong>de</strong> aditivos , como os protetores contra raios ultravioletas, comoos retar<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> chama ou como os corantes. As proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas po<strong>de</strong>m sermodifica<strong>da</strong>s pela adição <strong>de</strong> cargas e reforços fibrosos, caracterizando, portanto umcompósito.TABELA 20 – Tipos <strong>de</strong> resina poliéster insaturado.RESINAORTOFTÁLICATEREFTÁLICAISOFTÁLICABISFENÓLICAÉSTER VINILICAFonte: ISAR (2004)CARACTERÍSTICASResinas <strong>de</strong> baixo custo e <strong>de</strong> uso geral. Suas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas e mecânicas sãoinferiores que as <strong>de</strong>mais resinas poliéster. É usa<strong>da</strong> na confecção <strong>de</strong> barcos,carrocerias, calhas, tanques e revestimentos na construção civil, equipamentosesportivos, e esculturas artísticas.Tem gran<strong>de</strong> resistência mecânica, elétrica e térmica, a maior entre as resinaspoliéster. Resistência química um pouco maior que as Isoftálicas.Tem maior estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas e mecânicas que as ortoftálicas.Utiliza<strong>da</strong>s <strong>para</strong> tubos, tanques e recipientes com especial resistência a agentesquímicos.Alta resistência química e à hidrólise. Aprova<strong>da</strong> pelo Instituo Adolfo Lutz <strong>para</strong>produtos que entram em contato com alimentos. Usa<strong>da</strong> <strong>para</strong> fins industriais.Eleva<strong>da</strong> resistência química, a maior entre as resinas poliéster e eleva<strong>da</strong> resistênciamecânica. Gran<strong>de</strong> longevi<strong>da</strong><strong>de</strong>, rivalizando com o aço inoxidável. Usa<strong>da</strong> emequipamentos industriais em ambientes corrosivos, <strong>de</strong> alta temperatura tais comoindustrias químicas, petroquímicas, papel e celulose, cloro-so<strong>da</strong> e outras.


60A resina ortoftálica é a resina termofixa mais conheci<strong>da</strong> e usa<strong>da</strong> comercialmente<strong>de</strong>vido ao baixo preço <strong>de</strong> aquisição, facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> manipulação e <strong>de</strong> mol<strong>da</strong>gem. Osprocessos <strong>de</strong> mol<strong>da</strong>gem e <strong>de</strong> produção são variados, incluindo processos <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>aberto ou processos <strong>de</strong> mol<strong>de</strong> fechado que permitem maior controle dimensional e melhorquali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos produtos.As aplicações <strong>da</strong>s resinas <strong>de</strong> poliéster ortoftálicos são <strong>para</strong> o uso geral, na gran<strong>de</strong>maioria <strong>da</strong>s aplicações, como o compósito conhecido com PRFV – plástico reforçado comfibras <strong>de</strong> vidro ou simplesmente fiberglass. São usa<strong>da</strong>s nas indústrias náutica,automotivas e <strong>de</strong> transportes em geral, moveleira, piscinas, utensílios, indústria esportivae outras. Sua resistência física e química a impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser usa<strong>da</strong> em condições maisseveras, enquanto que outros tipos <strong>de</strong> resinas têm melhor <strong>de</strong>sempenho.Do ponto <strong>de</strong> vista ambiental, apesar <strong>de</strong> serem basea<strong>da</strong>s no petróleo, matéria primanão renovável e com potencial poluidor, as resinas <strong>de</strong> poliéster ortoftálicas tem avantagem <strong>de</strong> ser cura<strong>da</strong> a frio por processos <strong>de</strong> transformação em produtos que usampouca ou nenhuma energia térmica ou elétrica, e também usam pouca água. A<strong>de</strong>svantagem é a toxi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> resina no estado líquido e dos solventes (classe 1), quepo<strong>de</strong>m emitir vapores <strong>para</strong> o ambiente ou po<strong>de</strong>m causar aci<strong>de</strong>ntes tanto a seres humanosquanto <strong>para</strong> o meio ambiente, quando manipulados <strong>de</strong> forma ina<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> (ver ANEXO II).Devido à característica dos termofixos não po<strong>de</strong>rem retornar ao estado líquidoinicial, as resinas <strong>de</strong> poliéster insaturado não po<strong>de</strong>m ser recupera<strong>da</strong>s, mas po<strong>de</strong>m serrecicla<strong>da</strong>s pelo processo <strong>da</strong> moagem, <strong>para</strong>, então servir como carga <strong>para</strong> outros tipos <strong>de</strong>produtos <strong>de</strong> plásticos reforçados, como sugerem as pesquisas <strong>de</strong> ARAÚJO et al (2004),ou o processo <strong>de</strong> gerenciamento <strong>de</strong> resíduos sólidos, <strong>de</strong>scrito por PLÁSTICOREFORÇADO (2004). O produto que usa o pó reciclado <strong>de</strong> poliéster insaturado tem boasproprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas, o que o habilita <strong>para</strong> produtos <strong>de</strong> uso geral além <strong>de</strong> minimizarresíduos e diminuir custos com matéria prima. O resíduo, se <strong>de</strong>scartado, é classificadopela NBR 10004 (ABNT, 1987) como Classe 2, não-tóxico, mas cujo volume po<strong>de</strong> trazerimpactos ambientais negativos (PLÁSTICO REFORÇADO, 2004).3.6 – METODOLOGIA DO PROCESSO DE FABRICAÇÃOA mol<strong>da</strong>gem <strong>de</strong> compósitos <strong>de</strong> resinas termofixas reforça<strong>da</strong>s com fibras abrange umleque <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> variável indo <strong>de</strong> processos manuais até processosindustriais com uso <strong>de</strong> equipamentos tecnologias complexas. Tais processos po<strong>de</strong>m serorganizados em dois tipos: Processos <strong>de</strong> Mol<strong>de</strong> Aberto e Processos <strong>de</strong> Mol<strong>de</strong> Fechado.


613.6.1 - Processos <strong>de</strong> Mol<strong>de</strong> AbertoEmprega mol<strong>de</strong>s fêmeas, <strong>de</strong> cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> simples, e que permitem apenas uma face <strong>de</strong>acabamento, sendo que a outra face fica na textura do reforço (BARANOWSKI &SHREVE, 1981). Esse tipo <strong>de</strong> processo não permite um controle rigoroso na espessura<strong>da</strong> peça mol<strong>da</strong><strong>da</strong> nem o controle <strong>de</strong> volume <strong>de</strong> a<strong>para</strong>s ou <strong>de</strong> rebarbas. Há também oproblema <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> vapores visto que há a manipulação <strong>de</strong> resinas ao ambienteaberto. Usam-se mol<strong>de</strong>s simples feitos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, gesso, alumínio, aço ou fiberglass, eas resinas são endureci<strong>da</strong>s a frio, com o uso <strong>de</strong> catalisadores. São os processos maissimples e baratos, sendo muito difundidos e usados na maioria <strong>da</strong>s micro-indústrias <strong>de</strong>plásticos reforçados. Os principais processos são:• Hand-lay-up: É processo mais simples, no qual a resina pré-catalisa<strong>da</strong> édisposta manualmente junto com o reforço <strong>de</strong> fibra em um mol<strong>de</strong> aberto ecompactados através <strong>da</strong> manipulação com roletes.FIGURA 18 – Processo <strong>de</strong> fabricação HAND-LAY-UP – baseado em CARVALHO (2003-2)• Spray-up: Processo que usa pistola <strong>para</strong> aplicar, simultaneamente a resina,catalisador e reforço picotado em um mol<strong>de</strong> aberto. Depois <strong>da</strong> aplicação oprocesso torna-se similar ao Hand-lay-up.FIGURA 19 – Processo <strong>de</strong> fabricação SPRAY-UP – baseado em CARVALHO (2003-2)3.6.2 - Processos <strong>de</strong> Mol<strong>de</strong> FechadoUsam mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pares macho / fêmea que formam uma cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mol<strong>da</strong>gemquando uni<strong>da</strong>s. Seus mol<strong>de</strong>s, portanto, precisam <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> fechamento mecânicoque elimine espaços entre as meta<strong>de</strong>s do mol<strong>de</strong>, impedindo que o material a ser mol<strong>da</strong>do


62vaze <strong>para</strong> fora. Tem as vantagens <strong>de</strong> permitir acabamento superficial em to<strong>da</strong> peçafabrica<strong>da</strong> e controlar a espessura <strong>da</strong> peça <strong>de</strong> maneira rigorosa. Também há a diminuição<strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> vapores, pois o processo <strong>de</strong> mol<strong>da</strong>gem é em ambiente fechado, assimcomo há a diminuição <strong>de</strong> rebarbas. Os mol<strong>de</strong>s são construídos com aço, borracha oufiberglass, sendo mais caros e complexos que os mol<strong>de</strong>s abertos (CLAVADETSCHER,1981). As resinas po<strong>de</strong>m ser endureci<strong>da</strong>s tanto por cura a quente como por cura a frio,os principais processos são <strong>de</strong>scritos abaixo:• RTM (Resin Transfer Molding): Mol<strong>da</strong>gem por transferência <strong>de</strong> resina e cura afrio é um processo que usa sistemas <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s fechados reforçados e simples.O reforço pré-formado sem a resina é <strong>de</strong>positado <strong>de</strong>ntro do mol<strong>de</strong> e então aresina pré-catalisa<strong>da</strong> é injeta<strong>da</strong> <strong>de</strong>pois que o mol<strong>de</strong> é fechado.FIGURA 20 – Processo <strong>de</strong> fabricação RTM – baseado em CARVALHO (2003-2)• HPM (Hot Press Molding): Prensagem a quente on<strong>de</strong> a resina não catalisa<strong>da</strong>é mistura<strong>da</strong> com as cargas e reforços <strong>de</strong> fibras antes <strong>da</strong> aplicação no mol<strong>de</strong>.Deposita-se a mistura no mol<strong>de</strong> metálico e em segui<strong>da</strong>, com o mol<strong>de</strong> fechadoaplica-se calor durante um <strong>de</strong>terminado tempo. A peça endurece pela pressãoe calor aplicados.FIGURA 21 – Processo <strong>de</strong> fabricação HPM – baseado em CARVALHO (2003-2)• CPM (Could Press Moulding): Mol<strong>da</strong>gem por Prensagem a Frio, realizado abaixas pressões e temperatura ambiente. A resina é cura<strong>da</strong> através <strong>de</strong>catalisadores, po<strong>de</strong>ndo usar um tempo <strong>de</strong> processamento a partir <strong>de</strong> 20 minutos.(CARVALHO, 2003 – 2).


63FIGURA 22 – Processo <strong>de</strong> fabricação CPM – baseado em CARVALHO (2003-2)Os sistemas usados <strong>para</strong> união dos mol<strong>de</strong>s fechados po<strong>de</strong>m ser resumidos a trêstipos, sendo que a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> é <strong>de</strong> unir as abas e batentes laterais dos mol<strong>de</strong>s não<strong>de</strong>ixando espaços por on<strong>de</strong> o material a ser mol<strong>da</strong>do possa vazar. O respiro permite asaí<strong>da</strong> <strong>de</strong> ar e <strong>de</strong> excesso <strong>de</strong> material.• Fechamento à prensa hidráulica / mecânica: feito através <strong>de</strong> prensas quecomprimem uma <strong>da</strong>s partes do mol<strong>de</strong> contra a outra parte. É necessária umaprensa <strong>para</strong> ca<strong>da</strong> mol<strong>de</strong> usado, o que encarece e diminui a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>produção.• Fechamento à vácuo: usa sistemas à vácuo <strong>para</strong> pressionar as partes dosmol<strong>de</strong>s entre-si e assim atingir a pressão <strong>de</strong> fechamento necessária. Segundoa Owens Corning (2001), este é um processo mais econômico que o uso <strong>de</strong>prensas convencionais por que po<strong>de</strong> usar um sistema <strong>de</strong> vácuo <strong>para</strong> váriosmol<strong>de</strong>s simultaneamente.• Fechamento com feches mecânicos: Permite baixa pressão <strong>de</strong> fechamento eusa grampos, <strong>para</strong>fusos e sistemas mecânicos simples <strong>para</strong> fechar o mol<strong>de</strong>,portanto é um processo <strong>de</strong> fechamento manual. Apesar <strong>de</strong> ser o sistema maisbarato e acessível, é necessário maior controle durante o processo <strong>para</strong>garantir o correto fechamento do mol<strong>de</strong>.O processo <strong>de</strong> prensagem a frio é <strong>de</strong>scrito pelos fabricantes <strong>de</strong> peças <strong>de</strong> Fiberglasscomo uma alternativa barata aos processos mais complexos tais como a prensagem aquente ou sistemas <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> resina (OWENS CORNING, 2001). Coloca-seresina e reforço pré-misturados ou não <strong>de</strong>ntro do mol<strong>de</strong>, em segui<strong>da</strong>, fecha-se o mol<strong>de</strong>abrindo-o após a polimerização <strong>da</strong> resina. O tempo <strong>de</strong> polimerização e os ciclos <strong>de</strong>produção <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>da</strong>s especificações do fabricante. Este tipo <strong>de</strong> mol<strong>da</strong>gem reúne asseguintes vantagens:


64• Equipamentos <strong>de</strong> baixo investimento;• Mol<strong>de</strong>s simples, po<strong>de</strong>ndo ser construídos com plástico reforçado ou outrosmateriais <strong>de</strong> fácil manipulação;• Fechamento com prensas leves, a vácuo ou por com feches mecânicos;• Permite mol<strong>da</strong>gem <strong>de</strong> peças pequenas e complexas• Acabamento superficial em ambas as faces do produto;• Controle <strong>da</strong> espessura <strong>da</strong>s pare<strong>de</strong>s do produto;• Baixa emissão <strong>de</strong> gases ou vapores;• Maior controle do volume <strong>de</strong> material, diminuição <strong>de</strong> rebarbas;• Baixo ou nenhum consumo <strong>de</strong> energia térmica ou elétrica;• Baixo ou nenhum consumo <strong>de</strong> água;3.6.3 - Etapas <strong>da</strong> prensagem a frioÉ basea<strong>da</strong> na metodologia por etapas <strong>de</strong>scrita pela Owens Corning (2001, p. 05)<strong>para</strong> a prensagem a vácuo e cura a frio <strong>de</strong> peças <strong>de</strong> fiberglass. Neste caso estametodologia foi modifica<strong>da</strong> <strong>para</strong> a<strong>da</strong>ptar a pesquisa ao sistema <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>scrito nocapítulo 4, usando <strong>para</strong> isso uma prensa leve, <strong>de</strong>scrita no ANEXO III. Assim, seguem-seos seguintes passos mostrados na FIGURA 23:FIGURA 23 – Etapas do processo <strong>de</strong> prensagem a frio.(baseado em OWENS CORNING, 2001 e 2004; SAINT-GOBAIN, 2004)1. O compósito (matriz mais reforço) é <strong>de</strong>spejado na cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> do mol<strong>de</strong>;2. O mol<strong>de</strong> é fechado, a resina cura em contato com as duas meta<strong>de</strong>s do mol<strong>de</strong>,o ar e o excesso <strong>de</strong> material saem pelo respiro, permitindo o completofechamento do mol<strong>de</strong>.3. O mol<strong>de</strong> é aberto e a peça é <strong>de</strong>smol<strong>da</strong><strong>da</strong> pronta <strong>para</strong> o acabamento final


653.6.4 - Etapas <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>sA fabricação <strong>de</strong> peças em plástico reforçado é feita em mol<strong>de</strong>s construídosgeralmente com o mesmo material <strong>de</strong> fabricação dos produtos finais, ou seja, plásticoreforçado. Segundo JACKSON E DAY (1981) a fabricação <strong>de</strong> peças em plástico reforçadosegue as etapas:1. Fabricação do padrão ou “plug” – mo<strong>de</strong>lo nas dimensões externas do produtoa ser fabricado, construído em ma<strong>de</strong>ira, gesso, plastilina, massa plástica ouqualquer material moldável e que não seja <strong>de</strong>struído pela resina usa<strong>da</strong> no mol<strong>de</strong>.Seu acabamento superficial será copiado <strong>para</strong> o mol<strong>de</strong> e <strong>para</strong> to<strong>da</strong>s as peças aserem fabrica<strong>da</strong>s. O PLUG po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como o mol<strong>de</strong> do mol<strong>de</strong>.2. Construção do mol<strong>de</strong> – O plástico reforçado é disposto sobre o plug, criandoum mol<strong>de</strong> com cavi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> dimensões iguais as do produto a ser fabricado.Para mol<strong>de</strong>s fechados, o procedimento é repetido <strong>para</strong> ambas as partes domol<strong>de</strong>.3. Fabricação <strong>da</strong>s peças finais – Usando o mol<strong>de</strong> final, o plástico reforçado édisposto na cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> do mol<strong>de</strong> até a cura <strong>da</strong> resina do compósito. São usadosprodutos <strong>de</strong>smol<strong>da</strong>ntes <strong>para</strong> facilitar a <strong>de</strong>smol<strong>da</strong>gem, tal como ceras e filmesplásticos.As etapas <strong>de</strong> fabricação do mol<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser vistas na FIGURA 24:FIGURA 24 – Fabricação <strong>de</strong> mol<strong>de</strong> em plástico reforçado (JACKSON E DAY,1981, p. 57)


Essas etapas são assim <strong>de</strong>scritas:661. Pre<strong>para</strong>ção do PLUG, acabamento e aplicação <strong>de</strong> <strong>de</strong>smol<strong>da</strong>ntes;2. <strong>Aplicação</strong> <strong>de</strong> cama<strong>da</strong>s <strong>de</strong> plástico reforçado, geralmente com fibras <strong>de</strong> vidro;3. Se<strong>para</strong>ção do mol<strong>de</strong> pronto do plug.O processo <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong>scrito acima permite a obtenção <strong>de</strong> peças mol<strong>da</strong><strong>da</strong>susando materiais residuais <strong>de</strong> partículas mais grosseiras, já que a massa <strong>de</strong> compósitopo<strong>de</strong> ser mistura<strong>da</strong> em recipientes antes <strong>da</strong> aplicação no mol<strong>de</strong>.Por ser um processo simples e <strong>de</strong> baixo custo, é bastante usado nas pequenas emicro indústrias <strong>de</strong> PRFV (plásticos reforçados com fibras <strong>de</strong> vidro), na fabricação <strong>de</strong>produtos <strong>para</strong> varia<strong>da</strong>s aplicações.Assim, esta é uma boa alternativa <strong>de</strong> processo <strong>de</strong> fabricação do ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong>eco-eficiência, já que permite realizar uma produção usando materiais residuais comoreforço e matrizes poliméricas recicláveis em um processo que gera pouco resíduos eemissões que possam causar impactos ambientais negativos.


67CAPÍTULO4MATERIAIS E MÉTODOSNeste capítulo são <strong>de</strong>scritos os métodos usados na utilização dos resíduos <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira estu<strong>da</strong>dos como reforço <strong>de</strong> um eco-compósito e os ensaios que este foisubmetido. Partiu-se <strong>de</strong> um planejamento dividido em três fases, vistas na FIGURA 25.FASEIFASEIIFASEIIIMATERIAISMOLDAGEMDOS CORPOSDE PROVAENSAIOS• COLETA E CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS• RECICLAGEM E CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS• ESCOLHA DA RESINA• DETERMINAÇÃO DOS TRAÇOS• ESCOLHA DOS ENSAIOS• CONFECÇÃO DOS CORPOS DE PROVA• ENSAIO DE ABSORÇÃO DE ÁGUA• ENSAIO DE DUREZA SHORE• ENSAIO DE FLEXÃOFIGURA 25 – Planejamento experimentalNa FASE I ocorreu a coleta do resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira na usina estu<strong>da</strong><strong>da</strong>, essa faseprocurou caracterizar o resíduo (serragem) <strong>para</strong> aplicá-lo como reforço <strong>de</strong> plásticosatravés <strong>de</strong> duas fases <strong>de</strong> reciclagem: a <strong>de</strong> secagem segui<strong>da</strong> <strong>da</strong> fase <strong>de</strong> peneiramento.Depois <strong>da</strong> classificação <strong>da</strong>s partículas, estudou-se as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> misturas doresíduo com a resina plástica <strong>para</strong> a <strong>de</strong>terminação dos traços do compósito a ser<strong>de</strong>senvolvido.Na FASE II se <strong>de</strong>u a mol<strong>da</strong>gem dos corpos <strong>de</strong> prova, cujas dimensões foram<strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s pelas normas ABNT. Para a mol<strong>da</strong>gem empregou-se o processo <strong>de</strong>fabricação <strong>de</strong> prensagem a frio, <strong>de</strong>nomi<strong>da</strong><strong>da</strong> CPM.Na FASE III foram realizados os ensaios escolhidos na FASE IIcaracterização do compósito proposto na pesquisa.<strong>para</strong> a


68To<strong>da</strong> a fase experimental embasou-se na aplicação real <strong>de</strong> <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong> entreduas indústrias <strong>de</strong> ramos diferentes, instala<strong>da</strong>s nas cercanias <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador –Bahia <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong>s <strong>de</strong>:• PROCESSO PRODUTIVO 01: CMVenturoli, usina <strong>de</strong> tratamento e produtora<strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira serra<strong>da</strong>, usando basicamente toras <strong>de</strong> eucalipto epinus;• PROCESSO PRODUTIVO 02: BAKAR Fiberglass, indústria <strong>de</strong> produtos eserviços em PRFV – plástico reforçado com fibras <strong>de</strong> vidro.A FIGURA 26 mostra exatamente a relação entre estas indústrias durante a faseexperimental.FIGURA 26 – Relação entre as empresas na fase experimentalOs resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira gerados pela CMVenturoli foram reciclados e transformadosem reforço <strong>de</strong> resinas termofixas usa<strong>da</strong>s pela BAKAR. Os produtos gerados pela BAKAR,usados na mistura do resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira com a resina, resultaram nos CP (corpos <strong>de</strong>prova) usados pelos ensaios propostos na pesquisa.A relação <strong>de</strong>ssas empresas caracterizou, então, o conceito <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong> dociclo fechado <strong>da</strong> circulação <strong>de</strong> recursos materiais, visto que os resíduos reciclados,oriundos <strong>da</strong> usina <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, foram usados como insumo na fabricação <strong>de</strong>novos produtos em outro processo produtivo.4.1 - O PROCESSO DE PRODUÇÃO DAS FÁBRICAS ESTUDADASAs empresas <strong>de</strong>scritas na pesquisa foram escolhi<strong>da</strong>s por serem ao mesmo tempoconheci<strong>da</strong>s no mercado baiano e por também terem processos produtivos diferentes entresi: indústria <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e indústria <strong>de</strong> plásticos reforçados. O objetivo é reforçar a idéia <strong>de</strong>circulação <strong>de</strong> recursos materiais entre empresas, mesmo que estas tenham processosprodutivos não relacionados entre si.


694.1.1- Processo produtivo 01 - Indústria <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iraserra<strong>da</strong>A usina <strong>de</strong> preservação <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>, estabeleci<strong>da</strong> na regiãometropolitana <strong>de</strong> Salvador, fabrica produtos a partir <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong> florestas planta<strong>da</strong>scomo o pinus e eucalipto. Os produtos são variados, indo <strong>de</strong> peças por encomen<strong>da</strong> atéuma linha <strong>de</strong> produtos tais como currais, cancelas, galpões, cercas <strong>de</strong>corativas e,principalmente, peças <strong>para</strong> uso em construção civil. A maior parte do resíduo gerado nosprocessos <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>stes produtos são <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira in natura. O restante do resíduoé <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira trata<strong>da</strong> com CCA (arseniato <strong>de</strong> cobre cromatado). Segundo <strong>de</strong>poimento doproprietário <strong>da</strong> empresa, 70% <strong>da</strong> matéria prima constitui-se <strong>de</strong> toras <strong>de</strong> eucalipto, 20% <strong>de</strong>toras <strong>de</strong> pinus e os 10% restantes <strong>de</strong> outras espécies <strong>de</strong> árvores e ma<strong>de</strong>iras oriun<strong>da</strong>s <strong>de</strong>reservas nativas.Os resíduos gerados são diferentes, basicamente pó <strong>de</strong> serra, maravalha emvaria<strong>da</strong>s dimensões além <strong>de</strong> tocos (pontas) que, exceto estes últimos, são reunidos nummesmo silo. Os tipos diferentes <strong>de</strong> resíduos têm um volume que varia <strong>de</strong> acordo com ovolume <strong>de</strong> produção e o tipo do produto fabricado, portanto em um mês po<strong>de</strong> havervolume <strong>de</strong> um resíduo diferente do mês anterior. O resíduo tratado com o conservanteCCA tem como <strong>de</strong>stino a CETREL, empresa <strong>de</strong> saneamento e proteção ambiental, quetrata os resíduos e efluentes industriais.Uma pequena parte dos resíduos em pe<strong>da</strong>ços é aproveita<strong>da</strong> na própria usina comolenha <strong>para</strong> alimentar a cal<strong>de</strong>ira <strong>da</strong> estufa <strong>de</strong> secagem. O restante dos pe<strong>da</strong>ços <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira e particulados são <strong>de</strong>stinados ao comércio como lenha, usado em pa<strong>da</strong>rias,pizzarias e olarias, e a serragem também é usa<strong>da</strong> em granjas <strong>de</strong> animais. Isso mostraque a direção <strong>da</strong> usina já tem um perfil <strong>de</strong> proteção ecológica ao <strong>de</strong>stinar todo o seuresíduo <strong>para</strong> outros usos, principalmente na forma <strong>de</strong> cama-<strong>de</strong>-galinha e como lenha.Segundo <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> VENTUROLI (2003), a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> resíduos em pe<strong>da</strong>ços é emtorno <strong>de</strong> 30 tonela<strong>da</strong>s/mês e a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> particulados, 25 a 30 tonela<strong>da</strong>s/mês. Ambosos tipos são retirados por 3 e 4 caçambas respectivamente.


704.1.2- Processo produtivo 02 – Indústria <strong>de</strong> plásticos reforçadosA BAKAR Fiberglass está estabeleci<strong>da</strong> na região metropolitana <strong>de</strong> Salvador etrabalha com o serviço <strong>de</strong> concerto e fabricação <strong>de</strong> produtos em fibra <strong>de</strong> vidro, sendo osprodutos fabricados por encomen<strong>da</strong>.Emprega como matérias primas, resinas comuns <strong>de</strong> poliéster insaturado, quecorrespon<strong>de</strong>m a mais <strong>de</strong> 80% do consumo <strong>de</strong> resina, além do uso <strong>de</strong> resinas especiaisquando solicitado no projeto. Estas resinas são reforça<strong>da</strong>s com fibras <strong>de</strong> vidro emdiversas formas tais como mantas, tecidos, fios cortados e cor<strong>da</strong>s trança<strong>da</strong>s. Tambémsão usa<strong>da</strong>s cargas minerais tais como talco industrial, carbonato <strong>de</strong> cálcio e sílica <strong>para</strong>modificar as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas e mecânicas dos compósitos.Os processos <strong>de</strong> fabricação são na maioria o <strong>de</strong> mol<strong>de</strong> aberto – o Hand Lay Up e oSpray Up que respon<strong>de</strong>m em torno <strong>de</strong> 75% <strong>da</strong> produção, sendo que o processo <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>fechado <strong>de</strong> prensagem a frio, correspon<strong>de</strong> ao restante <strong>da</strong> produção. Os mol<strong>de</strong>s sãofabricados na maioria na própria indústria, construídos em ma<strong>de</strong>ira, fiberglass ou gesso,mas também se usam mol<strong>de</strong>s metálicos fabricados em outras indústrias sob encomen<strong>da</strong>.As peças após a mol<strong>da</strong>gem sofrem acabamento e rebarbação – extração <strong>de</strong> rebarbas -com equipamentos pneumáticos <strong>de</strong> corte e usinagem.O gasto <strong>de</strong> energia elétrica correspon<strong>de</strong> ao uso <strong>da</strong>s ferramentas <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iraque são usa<strong>da</strong>s nos mol<strong>de</strong>s, ou no compressor <strong>de</strong> ar <strong>para</strong> os equipamentos pneumáticos.O uso <strong>de</strong> água é minimizado <strong>para</strong> lavagem dos mol<strong>de</strong>s e dos produtos acabados antes <strong>da</strong>embalagem final.Este tipo <strong>de</strong> fabricação gera resíduos durante o processo <strong>de</strong> acabamento erebarbação, inerentes aos processos <strong>de</strong> mol<strong>de</strong> abertos, sendo que estes resíduos sãodispostos nas cercanias dos galpões <strong>da</strong> indústria <strong>para</strong>, mas tar<strong>de</strong> serem transportados<strong>para</strong> lixões industriais. A geração <strong>de</strong> resíduos do processo CPM é mínimo em relação aosoutros processos usados nesta indústria, se resumindo no excesso <strong>de</strong> material que éexpelido pelo respiro do mol<strong>de</strong> quando este é fechado.


4.2 – FASE I - MATERIAIS714.2.1 – Coleta e caracterização dos resíduosOs resíduos coletados foram oriundos <strong>de</strong> máquinas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sdobro e beneficiamento<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira do Processo Produtivo 01. Estes resíduos são <strong>de</strong> características diferentes,po<strong>de</strong>ndo ser classificados conforme <strong>de</strong>scrição abaixo:• Serragem: Diversas varie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> pó-<strong>de</strong>-serra e maravalha, variando otamanho, forma e textura <strong>da</strong> partícula. Para ca<strong>da</strong> tipo <strong>de</strong> máquina, há umaserragem respectiva. Máquinas que operam diversos tipos <strong>de</strong> lâminas irão gerardiversos tipos <strong>de</strong> serragem. Geralmente esta serragem é disposta no chão <strong>da</strong>usina, ao redor <strong>da</strong> máquina, durante o processo <strong>de</strong> fabricação, sendo recolhi<strong>da</strong>após a produção. Algumas máquinas têm formas <strong>de</strong> diminuir a dispersão <strong>de</strong>serragem, tal como a serra fita, que possui um corte com filete <strong>de</strong> água, processoque umidifica o resíduo. Outra forma é usa<strong>da</strong> na plaina e na serra industrial, on<strong>de</strong>há um sistema <strong>de</strong> aspiração e tubulações que conduzem o resíduo até o silo <strong>de</strong>armazenagem. A quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> serragem é estima<strong>da</strong> em 25 a 30 ton/mês,sendo, portanto um volume expressivo e aqui consi<strong>de</strong>rado o principal resíduo <strong>da</strong>produção estu<strong>da</strong><strong>da</strong> quanto à varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> características, sendo gerado porto<strong>da</strong>s as máquinas com a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> transformação em eco-compósito.• Tocos <strong>de</strong> <strong>de</strong>stopo: Gerados pela <strong>de</strong>stopa<strong>de</strong>ira, no processo <strong>de</strong> corte <strong>da</strong>s pontasdos troncos, isolando pe<strong>da</strong>ços com <strong>de</strong>feitos ou estragados. Têm tamanhovariável entre 15cm a 1,5m e diâmetro <strong>de</strong> acordo com a tora trabalha<strong>da</strong>. Égera<strong>da</strong> uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 30 ton/mês.A TABELA 21 discrimina a serragem quanto a sua geração pela respectiva máquina<strong>de</strong> beneficiamento e também <strong>de</strong>screve os tocos <strong>de</strong> <strong>de</strong>stopo. É importante notar asdiferentes características <strong>da</strong> serragem coleta<strong>da</strong> tal como a cor que é referente à dotronco, cor <strong>da</strong> espécie <strong>de</strong> árvore ou mesmo a forma como a serragem é feita, po<strong>de</strong>ndoescurecer o resíduo pelo atrito com a lâmina. Diferentes, também, são os aspectosfísicos, sendo que há fases <strong>de</strong> farinha, pó fibroso, maravalhas finas e grossas, lisas ouespirala<strong>da</strong>s. Por fim, há diferença na granolumetria <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um mesmo resíduo,po<strong>de</strong>ndo ser vistas fases <strong>de</strong> partículas grosseiras, fases <strong>de</strong> partículas médias e <strong>de</strong>partículas finas.


72TABELA 21 - Discriminação <strong>da</strong> serragem quanto às máquinas <strong>de</strong> beneficiamentoSERRA FITA SERRA CIRCULAR SERRA INDUSTRIALFUNÇÃO:Desdobro e serragemem geralRESÍDUO:Pó <strong>de</strong> serra,apresentando-se comouma farinha granulosa<strong>de</strong> cor escura;FUNÇÃO:Serragem em geral;RESÍDUO:Pó-<strong>de</strong>-serra,apresentando-se comoum pó fibroso;FUNÇÃO:Serragem <strong>de</strong> maiorprecisãoRESÍDUO:Apresentando-se comouma mistura <strong>de</strong> pó efibras;FUNÇÃO:FurarFURADEIRAMÚLTIPLARESÍDUO:Material fibroso e macioao toque apresentandosecomo uma mistura <strong>de</strong>pó, fibras e maravalha<strong>de</strong> pequenasdimensões;FUNÇÃO:DestopoDESTOPADEIRA DESEMPENADEIRA PLAINAFUNÇÃO:Desempeno e <strong>de</strong>sbasteFUNÇÃO:AparelhamentoRESÍDUO 1:Material fibroso muito fino, apresentando-se comouma mistura <strong>de</strong> pó e <strong>de</strong> fibras curtas;RESÍDUO:Maravalha reta fina,média, grossa e lascas;RESÍDUO:Maravalha espirala<strong>da</strong>média e finaRESÍDUO 2:Tocos e pontas <strong>de</strong> toras e <strong>de</strong> tábuas;A FIGURA 27 mostra a geração dos resíduos no local <strong>da</strong> produção. Nota-se que aserragem e maravalha <strong>de</strong>positam-se no chão, ao redor <strong>da</strong>s máquinas, marcados comuma seta, <strong>para</strong> <strong>de</strong>pois serem recolhidos.A FIGURA 28 mostra o silo <strong>de</strong> estocagem <strong>da</strong> serragem <strong>de</strong>scrita na TABELA 21.Neste silo to<strong>da</strong> a serragem é acondiciona<strong>da</strong>, e, portanto mistura<strong>da</strong>, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> suascaracterísticas lista<strong>da</strong>s acima. Ficando expostas ao tempo, fatores atmosféricos po<strong>de</strong>mume<strong>de</strong>cer ou mesmo encharcar tal serragem.


73A) B)C)A) Plaina – B) Fura<strong>de</strong>ira Múltipla – C) Desempena<strong>de</strong>ira - D) Serra FitaFIGURA 27 – Geração <strong>de</strong> resíduos no processo <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira serra<strong>da</strong> nas máquinas:D)


74FIGURA 28 – Silo <strong>de</strong> estocagem <strong>da</strong> serragem• Sobras e rejeitos: São peças que foram <strong>de</strong>scarta<strong>da</strong>s por empenamento, que ficaram<strong>de</strong>feituosas durante o processo <strong>de</strong> fabricação ou que ficaram abaixo dos padrõestécnicos. Sua geração é <strong>de</strong> pouca quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> e geralmente seu volume é inseridojunto ao volume dos tocos <strong>de</strong> <strong>de</strong>stopo. Este resíduo não foi aqui estu<strong>da</strong>do.A FIGURA 29 mostra os resíduos referentes aos tocos <strong>de</strong> <strong>de</strong>stopo, sobras e rejeitosque são agrupados juntos em <strong>de</strong>pósitos nos arredores do setor <strong>de</strong> produção.FIGURA 29 - Tocos <strong>de</strong> <strong>de</strong>stopo, sobras e rejeitos.• Resíduos tratados: São gerados durante o tratamento químico com o conservante abase <strong>de</strong> CCA. São lascas e cascas que representam pouco volume, geralmente doistonéis/mês e que são <strong>de</strong>stinados ao tratamento na CETREL. Este resíduo éacondicionado <strong>de</strong> forma protegi<strong>da</strong> em tonéis fechados. Os produtos são tratadosapós os processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sdobro e serragem, minimizando assim a geração <strong>de</strong>resíduos impregnados com o preservante. Este resíduo não foi aqui estu<strong>da</strong>do.Embora os resíduos observados acima sejam difíceis <strong>de</strong> quantificar <strong>de</strong>vido às muitasvariáveis <strong>da</strong> produção, po<strong>de</strong>-se prever que os resíduos mais volumosos têm origem dosprocessos mais usados pela empresa: o <strong>de</strong>stopo e o <strong>de</strong>sdobro.


754.2.2- Reciclagem e classificação dos resíduos coletadosPara o experimento, na FASE I, foi coleta<strong>da</strong> cerca <strong>de</strong> 11 kg <strong>de</strong> serragem <strong>de</strong>máquinas varia<strong>da</strong>s. O objetivo <strong>da</strong> reciclagem é pre<strong>para</strong>r o resíduo coletado <strong>para</strong> serusado como um dos componentes do compósito proposto. Para isso foram escolhi<strong>da</strong>sduas etapas <strong>de</strong> reciclagem:• Secagem – Destina-se a eliminar a umi<strong>da</strong><strong>de</strong> presente no resíduo, evitandoproblemas durante a mistura com a resina usa<strong>da</strong>. Neste procedimento foi<strong>de</strong>terminado o grau <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> do resíduo e também a diferença <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong>termina<strong>da</strong> pela estocagem do resíduo no silo com o resíduo não estocado.• Peneiramento – Destina-se a se<strong>para</strong>r o resíduo por granulometria <strong>da</strong>s partículas,<strong>de</strong>terminando três tipos <strong>de</strong> partículas (fina, média e grossa) assim como tem afinali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> eliminar as partículas in<strong>de</strong>seja<strong>da</strong>s, tais como cascas e palha.Essa etapa tem a função final <strong>de</strong> gerar o material reciclado necessário <strong>para</strong> montaruma tabela <strong>de</strong> porcentagens <strong>de</strong> misturas (TABELA 24), misturas estas que forammol<strong>da</strong><strong>da</strong>s em corpos <strong>de</strong> prova. .4.2.2.1- Secagem e medição <strong>da</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> serragemPara a medição <strong>da</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> do resíduo foi usado o procedimento B.5 - Anexo B <strong>da</strong>norma NBR7190 (Projeto <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras). Para Isso foi coletado o resíduo <strong>de</strong>quatro máquinas que estavam em operação no dia <strong>da</strong> visita técnica ao Processoprodutivo 01. Uma parte do resíduo foi coleta<strong>da</strong> ao redor <strong>da</strong>s máquinas e o restante foicoletado diretamente no silo <strong>de</strong> estocagem. Determinou-se, assim, o grau <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> e adiferença dos resíduos recém gerados e os estocados no silo. A TABELA 22 mostra quaisas máquinas envolvi<strong>da</strong>s na coleta, as condições do resíduo e a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> materialcoletado.TABELA 22 – Coleta dos resíduos <strong>para</strong> medição <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> por máquina.MÁQUINA LOCAL DA COLETA MASSA ÚMIDA COLETADA (g)TODAS AS MÁQUINAS No silo <strong>de</strong> resíduos 5694,66DESEMPENO Ao redor <strong>da</strong> máquina 4324,89DESTOPADEIRA Ao redor <strong>da</strong> máquina 686,35PLAINA Ao redor <strong>da</strong> máquina 532,23O processo <strong>de</strong> secagem foi feito em estufa <strong>de</strong> laboratório, em temperatura <strong>de</strong> 105ºCdurante 24 horas, buscando eliminar to<strong>da</strong> a umi<strong>da</strong><strong>de</strong> do resíduo coletado. Na seqüência,o resíduo se<strong>para</strong>do por tipo <strong>de</strong> máquina foi pesado e calcula<strong>da</strong> a umi<strong>da</strong><strong>de</strong>, seguindo anorma NBR7190.


764.2.2.2 - Classificação granulométrica <strong>da</strong> serragemA classificação dos resíduos foi feita a partir <strong>de</strong> peneiras com aberturasnormatiza<strong>da</strong>s pela ABNT. Para a classificação granulométrica foram usa<strong>da</strong>s peneiras <strong>de</strong>laboratório, basea<strong>da</strong> na norma NBR 5734 (Peneiras <strong>para</strong> ensaio), com as seguintesmalhas (em mm): 25,4; 19,10; 9,52; 4,76; 2,00; 0,84; 0,59;


4.2.3 – Resina usa<strong>da</strong>77A resina <strong>de</strong> Poliéster Ortofitálico usa<strong>da</strong> nesta pesquisa é a POLYDYNE 5061 <strong>da</strong>Cray Valley <strong>de</strong>scrita por esta fábrica como resina <strong>de</strong> poliéster insaturado ortoftálico,rígido, <strong>de</strong> baixa reativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> média viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, cristal pré-acelerado, <strong>de</strong>scrito noANEXO I. É uma resina <strong>de</strong> uso comercial usa<strong>da</strong> em peças e serviços on<strong>de</strong> é necessáriauma boa quali<strong>da</strong><strong>de</strong> estética, atingi<strong>da</strong> <strong>de</strong>vido ao brilho e transparência <strong>da</strong> resina.4.2.4 – Determinação dos traçosOs traços foram <strong>de</strong>terminados a partir <strong>da</strong> mistura dos resíduos <strong>de</strong> serragem <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira, fino, médio e grosso, já reciclados, aqui <strong>de</strong>nominados como SRM (SerragemRecicla<strong>da</strong> <strong>de</strong> Ma<strong>de</strong>ira), com a matriz <strong>de</strong> resina <strong>de</strong> poliéster ortoftálico. O SRM foidistribuído segundo o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> misturas proposto por NETO et al (2003). A resina foidistribuí<strong>da</strong> com base em testes preliminares com 3 porcentagens <strong>de</strong> resíduo: 10%, 20% e30%, sendo que o valor <strong>de</strong> 30% foi <strong>de</strong>scartado por apresentar <strong>de</strong>ficiência na cura <strong>da</strong>resina, como <strong>de</strong>scrito no ANEXO IV. Assim, nesta pesquisa foram testados os valores <strong>de</strong>10% e <strong>de</strong> 20% <strong>de</strong> SRM, na busca <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho físico e mecânico em umtraço que use o máximo <strong>de</strong> resíduo sem alterar as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> cura <strong>da</strong> resina. Oensaio também inclui um traço <strong>de</strong> resina sem reforço que servirá como referência(padrão) e será <strong>de</strong>nominado como T. A TABELA 24 reúne todos os traços propostos pelapesquisa:TABELA 24: Traços experimentais do compósito estu<strong>da</strong>doTRAÇOSRM %GROSSO MÉDIO FINOMASSASRM %MASSAMATRIZ %T 0 0 0 0 100G1 100 0 0 10 90G2 100 0 0 20 80M1 0 100 0 10 90M2 0 100 0 20 80F1 0 0 100 10 90F2 0 0 100 20 80GM1 50 50 0 10 90GM2 50 50 0 20 80MF1 0 50 50 10 90MF2 0 50 50 20 80GF1 50 0 50 10 90GF2 50 0 50 20 80GMF1 33 33 33 10 90GMF2 33 33 33 20 80T= Testemunha F= Fino M= Médio G= GrossoFonte: NETO et al (2003)


784.3- FASE II – MOLDAGEM DOS CORPOS DE PROVA4.3.1 - Escolha dos ensaiosO objetivo <strong>de</strong>sta fase experimental foi verificar as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> mistura emol<strong>da</strong>gem do compósito estu<strong>da</strong>do em relação ao processo produtivo CPM (mol<strong>da</strong>gem porprensagem a frio). O objetivo foi mol<strong>da</strong>r corpos <strong>de</strong> prova cujas dimensões são<strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s por normas técnicas. Desta forma foram escolhidos os seguintes ensaios:• Absorção <strong>de</strong> água: baseado na norma NBR 8514 ( Plásticos – Determinação <strong>de</strong>Absorção <strong>de</strong> Água) – forneceu <strong>da</strong>dos sobre o comportamento do compósito napresença <strong>de</strong> água, permitindo <strong>de</strong>terminar o uso em produtos utilitários que venhamter contato com líquidos aquosos. Ensaios similares foram efetuados por SILVA(2003), MORAIS e D'ALMEIDA (2003) e TITA et al (2002) na avaliação <strong>de</strong>compósitos <strong>de</strong> resinas termofixas reforça<strong>da</strong>s com diversos tipos <strong>de</strong> fibras naturais.• Dureza Shore D: Basea<strong>da</strong> na norma NBR 7456 (Plásticos – Determinação <strong>da</strong>Dureza Shore) – forneceu <strong>da</strong>dos sobre o <strong>de</strong>sempenho do material quanto àresistência a objetos penetrantes. Tal norma foi igualmente usa<strong>da</strong> no compósitosimilar proposto na pesquisa <strong>de</strong> PAIVA et al (1999) <strong>para</strong> caracterizar a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> dureza.• Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> flexão: Basea<strong>da</strong> na norma NBR 7447 ( Plásticos Rígidos -Determinação <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> flexão) – forneceu <strong>da</strong>dos sobre a resistência àflexão do compósito estu<strong>da</strong>do, <strong>de</strong>terminando a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicaçãoprincipalmente em produtos <strong>de</strong> superfícies planas. Ensaios semelhantes foram feitospor MORAIS e D'ALMEIDA (2003), OZAKI (2004) e SILVA (2003), entre outros, <strong>para</strong>caracterização <strong>de</strong> compósitos similares.4.3.2 – Confecção dos corpos <strong>de</strong> provaOs corpos <strong>de</strong> prova (CP) foram construídos a partir <strong>da</strong>s normas acima cita<strong>da</strong>s,sendo que as dimensões e número <strong>de</strong> CP’s estão relacionados na TABELA 25.NORMATABELA 25 – Dimensões dos Corpos <strong>de</strong> Prova por NormaDIMENSÕES (mm)h l bQUANTIDADEPOR TRAÇOQUANTIDADETOTALNOMENBR 8514 4 50 50 3 45 CP1NBR 7456 4 50 50 1 15 CP1NBR 7447 13 200 25 5 75 CP2Legen<strong>da</strong>: h = espessura l = comprimento b = largura


79As dimensões prismáticas <strong>de</strong>stes Corpos <strong>de</strong> Prova são vistas na FIGURA 31:CP1 = NBR 8514 / NBR 7456 CP2 = NBR 7447FIGURA 31 – Dimensões dos Corpos <strong>de</strong> Prova em mmOs CP’s foram mol<strong>da</strong>dos em se<strong>para</strong>do, respeitando o processo <strong>de</strong> fabricação CPM,conforme <strong>de</strong>scrito no item 3.6.2. Para a fabricação dos corpos <strong>de</strong> prova foram usadosmol<strong>de</strong>s fabricados <strong>de</strong> acordo com o conceito CPM, prensagem a frio. Essa etapa foiexecuta<strong>da</strong> no LABMAD - Laboratório <strong>de</strong> Ma<strong>de</strong>ira <strong>da</strong> UFBA, simulando o ProcessoProdutivo 2, respeitando o processo <strong>de</strong> fabricação, ferramentas e equipamentosexistentes na empresa:1. Fabricação dos PLUGS – peças em ma<strong>de</strong>ira com as dimensões externas doproduto a ser fabricado, no caso os CP’s. Os plugs foram construídos com ma<strong>de</strong>iracompensa<strong>da</strong>, que foi corta<strong>da</strong> nas dimensões requeri<strong>da</strong>s pelas normas e <strong>de</strong>poisforam lixa<strong>da</strong>s <strong>para</strong> correção <strong>da</strong>s falhas e buracos na superfície;2. Fabricação dos mol<strong>de</strong>s a partir dos plugs. Os plugs servem como matriz <strong>para</strong> afabricação dos mol<strong>de</strong>s. No caso foram construídos dois mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> PRFV (PlásticosReforçados com Fibras <strong>de</strong> Vidro) <strong>para</strong> peças CP1 e três <strong>para</strong> peças CP2;Foi usa<strong>da</strong> uma prensa leve <strong>de</strong> mesa, <strong>de</strong>scrita no ANEXO III, com pressão suficiente<strong>para</strong> fechar as duas partes do mol<strong>de</strong>. A experiência <strong>de</strong> mistura e mol<strong>da</strong>gem po<strong>de</strong> ser<strong>de</strong>scrita pela na FIGURA 32 e explica<strong>da</strong> em segui<strong>da</strong>:FIGURA 32 – Seqüência do procedimento <strong>de</strong> mistura do compósito e <strong>de</strong> fabricação dos corpos <strong>de</strong> prova


801. Pesagem <strong>da</strong> resina e do SRM <strong>de</strong> acordo com as porcentagens <strong>da</strong> TABELA23, caracterizando ca<strong>da</strong> traço do compósito;2. Mistura <strong>da</strong> resina com o catalisador à 1%;3. Mistura <strong>da</strong> resina catalisa<strong>da</strong> com o SRM;4. <strong>Aplicação</strong> do compósito no mol<strong>de</strong>;5. Fechamento dos mol<strong>de</strong>s na prensa;6. Após 4h, abertura do mol<strong>de</strong> e retira<strong>da</strong> dos CP’s.Na FIGURA 33, 34 e 35 são mostra<strong>da</strong>s as fotografias do procedimento <strong>de</strong>fabricação, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os plugs, mol<strong>de</strong>s, mistura dos componentes do compósito, mol<strong>da</strong>gem,prensagem e <strong>de</strong>smol<strong>da</strong>gem dos corpos <strong>de</strong> prova.Plugs <strong>de</strong> Ma<strong>de</strong>ira CP1Plugs <strong>de</strong> Ma<strong>de</strong>ira CP2Mol<strong>de</strong> Fêmea CP1Mol<strong>de</strong> Fêmea CP2FIGURA 33 – Plugs e Mol<strong>de</strong>s CP1 e CP2a) b) c)FIGURA 34 – Ingredientes <strong>da</strong> fabricação dos CP’s: a) Resina b) SRM c) Catalisador


81Pesagem do SRM: GrossoPesagem <strong>da</strong> ResinaMistura: Traço F2<strong>Aplicação</strong> <strong>da</strong> mistura no mol<strong>de</strong>: Traço G1PRENSABLOCODEMADEIRAMANIVELAMOLDEBASE DEMADEIRAPrensagemDetalhe <strong>da</strong> prensagemMol<strong>de</strong> e Corpos <strong>de</strong> Prova CP1Mol<strong>de</strong> e Corpos <strong>de</strong> prova CP2FIGURA 35 – Procedimento <strong>de</strong> fabricação dos Corpos <strong>de</strong> Prova


4.4 - FASE III - ENSAIOS82O objetivo <strong>de</strong>sta fase foi verificar e <strong>de</strong>terminar algumas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas emecânicas do compósito estu<strong>da</strong>do. Os ensaios foram assim <strong>de</strong>scritos:4.4.1 – Absorção <strong>de</strong> águaBaseado na norma NBR 8514, Método 01, os corpos <strong>de</strong> prova CP1, 4 <strong>para</strong> ca<strong>da</strong>traço formulado, foram fixados em suportes <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira com rasgos <strong>de</strong> encaixe e <strong>de</strong>poisforam mergulhados na água conti<strong>da</strong> num recipiente plástico em temperatura ambiente(±30ºC, <strong>para</strong> o mês <strong>de</strong> outubro em Salvador), durante 15 dias, tendo seu peso medidoduas vezes no dia, exceto os fins <strong>de</strong> semana, às 08:00 e ás 16:30, tal procedimentoresultou em 20 medições <strong>para</strong> ca<strong>da</strong> traço <strong>de</strong>senvolvido. O esquema <strong>de</strong> ensaio e oprocedimento adotados são retratados na FIGURA 36.a)CP 1 CP 1b) c)a) esquema do ensaio b) CP’s imersos c) pesagem dos CP’sFIGURA 36 – Ensaio <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> água:4.4.2 – Dureza Shore DO ensaio <strong>de</strong> Dureza Shore D foi feito no laboratório <strong>de</strong> metrologia do SENAICIMATEC Bahia, usando durômetros que atendiam a norma NBR 7456. Foi testado 1CP1 <strong>para</strong> ca<strong>da</strong> traço, sendo feita 5 medições em pontos diferentes do CP1, um <strong>de</strong>stespontos localizado no centro do CP e os <strong>de</strong>mais em ca<strong>da</strong> extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>. O tempo <strong>de</strong>exposição à carga foi <strong>de</strong> 10 segundos e a massa usa<strong>da</strong> como carga foi <strong>de</strong> 5 kg. Oensaio foi feito à temperatura <strong>de</strong> laboratório (±25ºC).


83A FIGURA 37 mostra o esquema do ensaio e as zonas <strong>de</strong> ensaio em ca<strong>da</strong> CP.CP 1a)b) c)a) disposição dos equipamentos b) pontos <strong>de</strong> teste c) ensaioFIGURA 37 – Esquema do ensaio <strong>de</strong> Dureza Shore4.4.3 – Flexão <strong>de</strong> 3 pontosO ensaio <strong>de</strong> flexão foi feito no laboratório do DCTM <strong>da</strong> Escola Politécnica <strong>da</strong> UFBA,usando uma prensa DL 30000 <strong>da</strong> marca EMIC assisti<strong>da</strong> por computador, com célula <strong>de</strong>carga <strong>de</strong> 200kg. Para tal foi <strong>de</strong>senvolvido um script, rotina <strong>de</strong> controle digital, <strong>de</strong>dicado<strong>para</strong> o ensaio em questão, fornecido pela EMIC. Os parâmetros do ensaio <strong>de</strong> flexãoforam:• Tipo do ensaio - 3 pontos sendo dois <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> apoio e ponto <strong>de</strong>carregamento.• Dimensões do CP2 - após a mol<strong>da</strong>gem apresentou seção prismática <strong>de</strong>:o Comprimento ( l )= 200mmo Altura ( h )= 13mmo Largura ( b )= 25mm• Distância entre apoios ( L ) – <strong>de</strong>terminado pela NBR 7447 em ±15h = 190mm• Veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> movimentação do ponto <strong>de</strong> carregamento ( V ) = 4,63 mm/min,<strong>de</strong>terminado por:Sr ● L 2 V = Veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> carregamentoSr = Taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação, <strong>da</strong>do pela norma = 0,01V =6 h L = Distância entre apoios = 190mmH = Espessura do CP2 = 13mm


84Este ensaio foi feito à temperatura ambiente (±30ºC, <strong>para</strong> o mês <strong>de</strong> outubro emSalvador – Bahia). Foram ensaiados 5 CP2 <strong>para</strong> ca<strong>da</strong> traço formulado.A FIGURA 38 mostra o esquema do ensaio <strong>de</strong> flexão, que segue a norma NBR7447. A FIGURA 39 mostra as fotografias do ensaio <strong>de</strong> flexão em curso.FIGURA 38 – Esquema do ensaio <strong>de</strong> flexãoPONTA DECARREGAMENTOCP 2SUPORTECP 2TRAÇO TFIGURA 39 – Ensaio <strong>de</strong> Flexão <strong>de</strong> 3 pontos


85CAPÍTULO5ANÁLISE E RESULTADOSEste capítulo apresenta os resultados dos ensaios <strong>de</strong>scritos no Capítulo 4, comexplicações <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> Fase com o auxílio <strong>de</strong> gráficos, imagens dos resíduos e imagens doscompósitos em tamanho real, 1:1.5.1 – RESULTADOS FASE I - Reciclagem5.1.1 – SecagemOs resíduos, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> secados e pesados <strong>de</strong> acordo com a norma NBR7190,permitiram a <strong>de</strong>terminação do grau <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong>, obti<strong>da</strong> pela relação <strong>da</strong> massa <strong>de</strong> água ea massa <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira seca, <strong>da</strong><strong>da</strong> por:U(%) =mi – msmsx 100mi – massa inicial úmi<strong>da</strong>ms – massa secaO resultado <strong>da</strong> secagem é mostrado na TABELA 26. Verifica-se que, quandoarmazenado no silo, a serragem apresenta gran<strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong>, apresentando-se como umapasta molha<strong>da</strong>.TABELA 26 – Resultado <strong>da</strong> medição <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> serragemNº RESÍDUO POR MÁQUINA LOCAL DA COLETA mi (g) ms (g) % UMIDADE1 TODAS AS MÁQUINAS No silo 5694,66 2903,18 96,152 DESEMPENO Ao redor <strong>da</strong> máquina 4324,89 3591,73 20,413 DESTOPADEIRA Ao redor <strong>da</strong> máquina 686,35 566,26 21,214 PLAINA Ao redor <strong>da</strong> máquina 532,23 466,52 14,09Média dos valores <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> do resíduo <strong>da</strong>s máquinas 2,3 e 4 18,57A umi<strong>da</strong><strong>de</strong> total do resíduo <strong>da</strong> serra fita é <strong>de</strong> 96,15%, portanto, quase a meta<strong>de</strong> dopeso era <strong>de</strong> água. Os <strong>de</strong>mais resíduos apresentaram-se como um material parcialmenteseco pelo fato <strong>de</strong> não ter sofrido ação <strong>da</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> e do relento no silo. Os valores <strong>de</strong>umi<strong>da</strong><strong>de</strong>, neste caso, variaram <strong>de</strong> 14,09% a 21,21%, com média <strong>de</strong> 18,57%, indicando


86uma umi<strong>da</strong><strong>de</strong> referente à umi<strong>da</strong><strong>de</strong> natural <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira presente nas toras e tábuastrabalha<strong>da</strong>s que é em torno <strong>de</strong> 15% (TANAAMI, 1986).Constatou-se, então, que a estocagem no silo expõe o resíduo à gran<strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong>,ou quase a um encharcamento, enquanto que os resíduos recém gerados e ain<strong>da</strong> nãoarmazenados no silo apresentam a umi<strong>da</strong><strong>de</strong> normal <strong>da</strong>s toras trabalha<strong>da</strong>s durante oprocesso <strong>de</strong> beneficiamento.5.1.2 – PeneiramentoO resultado do peneiramento indicou que o resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira é composto <strong>de</strong>várias fases, partindo <strong>de</strong> um pó fino e passando por partículas médias e ásperas atépartículas grosseiras como restos <strong>de</strong> cascas, <strong>de</strong> palha e pe<strong>da</strong>ços <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira sóli<strong>da</strong>.Po<strong>de</strong>-se notar que a distribuição do tipo <strong>de</strong> resíduo por máquina e por granulometria ébastante diferencia<strong>da</strong>, po<strong>de</strong>ndo ser entendido como um multiresíduo. Para calcular aporcentagem <strong>de</strong> resíduo retido em ca<strong>da</strong> peneira foi usado a fórmula a seguir, que tomacomo referência a massa seca <strong>de</strong> resíduo coleta<strong>da</strong> em ca<strong>da</strong> máquina do ProcessoProdutivo 01.Massa% =mr X 100mtmr = Massa seca reti<strong>da</strong> (gramas)mt = Massa seca total (gramas)O resultado do peneiramento é apresentado na TABELA 27 e no gráfico <strong>da</strong> FIGURA40, gerado a partir <strong>de</strong>sta tabela on<strong>de</strong> o resíduo é se<strong>para</strong>do por máquina do ProcessoProdutivo 01.PENEIRA(mm)SERRA FITATABELA 27 – Resultado <strong>da</strong> peneiração seletivaDESEMPENOFURADEIRAMULTIPLASERRACIRCULARPLAINASERRAINDUSTRIALDESTOPOmr1 (g) % mr2 (g) % mr3 (g) % mr4 (g) % mr5 (g) % mr6 (g) % mr7 (g) %25,4 7,25 0,25 47,88 0,97 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 39,22 6,1119.10 1,35 0,05 480,93 2,69 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 22,24 3,469,52 10,91 0,38 2279,86 31,89 13,49 1,63 1,68 0,22 64,20 12,37 0,00 0,00 14,83 2,314,76 22,88 0,79 793,03 37,92 157,42 18,99 10,87 1,43 143,75 27,71 0,26 0,06 10,96 1,712,00 77,78 2,68 409,91 14,93 244,77 29,53 95,18 12,51 154,29 29,74 9,46 2,17 148,39 23,110,84 428,43 14,76 197,99 7,40 260,15 31,39 315,02 41,39 118,72 22,88 164,90 37,78 235,66 36,700,59 197,44 6,80 47,38 1,40 107,69 12,99 125,46 16,48 22,77 4,39 115,28 26,41 62,14 9,68


87FIGURA 40 - Gráfico <strong>da</strong> porcentagem <strong>de</strong> resíduo por máquina segundo a classificação granulométrica.FINO MÉDIO GROSSOFIGURA 41 – Curva Granulométrica do resíduo coletadoCom este resultado, mostrado na TABELA 27 e nas FIGURAS 40 e 41, nota-se quea geração <strong>de</strong> resíduos seque uma forma não homogênea, sendo que ca<strong>da</strong> máquina geradiferentes tipos <strong>de</strong> resíduos em proporções também diferentes. A FIGURA 41 mostra acurva <strong>de</strong> distribuição granulométrica do resíduo, <strong>de</strong>monstrando que gran<strong>de</strong> parte doresíduo gerado tem composição média e fina. A FIGURA 42, que mostra as imagens emescala real (1:1), dos resíduos já classificados por máquina, permite o conhecimento maisabrangente <strong>da</strong>s fases <strong>de</strong> partículas que formam o resíduo estu<strong>da</strong>do.


88SERRA FITABANDEJA


89SERRA CIRCULARBANDEJA


PENEIRA(mm)SERRAFITA90TABELA 28 – Calculo <strong>da</strong> porcentagem total dos resíduos por granulometria.DESEMPENOFURADEIRAMULTIPLASERRACIRCULARPLAINASERRAINDUSTRIALDESTOPO SOMA %25,4 7,25 47,88 0 0 0 0 39,22 94,35 0,9119.10 1,35 480,93 0 0 0 0 22,24 504,52 4,849,52 10,91 2279,86 13,49 1,68 64,2 0 14,83 2384,97 22,904,76 22,88 793,03 157,42 10,87 143,75 0,26 10,96 1139,17 10,942,00 77,78 409,91 244,77 95,18 154,29 9,46 148,39 1139,78 10,940,84 428,43 197,99 260,15 315,02 118,72 164,9 235,66 1720,87 16,520,59 197,44 47,38 107,69 125,46 22,77 115,28 62,14 678,16 6,51


91A classificação acima permitiu concluir que uma pequena parte (5,75%) é constituí<strong>da</strong><strong>de</strong> restos <strong>de</strong> casca, palha e partículas gran<strong>de</strong>s, os quais serão consi<strong>de</strong>rados como nãoaproveitáveis <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> expectativa <strong>da</strong> pesquisa e serão <strong>de</strong>scartados. As <strong>de</strong>maispartículas, grossas médias e finas têm praticamente o mesmo volume, em torno <strong>de</strong> 30%.Sendo assim, po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar que em 30 tonela<strong>da</strong>s <strong>de</strong> serragem, gera<strong>da</strong>s comoresíduo pelo Processo Produtivo 01, em um mês, teremos:• Serragem <strong>de</strong>scarta<strong>da</strong>: 5,75% = 1,72 tonela<strong>da</strong>s• Serragem grossa: 33,84% = 10,15 tonela<strong>da</strong>s• Serragem média: 27,47% = 8,24 tonela<strong>da</strong>s• Serragem fina: 32,95% = 9,88 tonela<strong>da</strong>sConsi<strong>de</strong>rando o uso <strong>da</strong>s partes grossas, médias e finas do resíduo recuperado comomatéria prima, conclui-se que há uma gran<strong>de</strong> diminuição dos resíduos, que antes eram <strong>de</strong>30 tonela<strong>da</strong>s, passando <strong>para</strong>, aproxima<strong>da</strong>mente, 1,72 tonela<strong>da</strong>s.5.1.3 – Comentário final <strong>da</strong> FASE IA FASE I <strong>de</strong>stinou-se à reciclagem do resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, transformando-o eminsumo <strong>para</strong> um processo produtivo em plásticos reforçados. Na busca <strong>de</strong> uma formaeco-eficiente <strong>de</strong> transformação do resíduo em insumo, esta fase resumiu-se em duasetapas <strong>de</strong> reciclagem: a secagem e a peneiração. Verificou-se, então, que gran<strong>de</strong> partedo que era consi<strong>de</strong>rado resíduo po<strong>de</strong> ser reciclado <strong>de</strong> acordo com a classificação adota<strong>da</strong>na TABELA 29. Dentro <strong>da</strong>s perspectivas <strong>da</strong>s Tecnologias Limpas, verifica-se uma gran<strong>de</strong>diminuição dos resíduos, cerca <strong>de</strong> 95%, do Processo Produtivo 01 se <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mentereciclado e transformado em insumo <strong>para</strong> outros processos produtivos.5.2 – RESULTADOS FASE II - Mol<strong>da</strong>gemNo processo <strong>de</strong> mol<strong>da</strong>gem verificou-se a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> mistura dos componentesdo compósito, resina e SRM, <strong>de</strong>ntro do processo <strong>de</strong> mol<strong>da</strong>gem <strong>de</strong> prensagem a frio. Oobjetivo foi <strong>de</strong>terminar quais os traços, <strong>de</strong>scritos na TABELA 24, que permitem a misturados componentes <strong>de</strong> modo eficiente, como também permitem serem usados no processo<strong>de</strong> fabricação escolhido. O resultado <strong>da</strong> FASE II po<strong>de</strong> ser visto na FIGURA 44, quemostra em escala 1:1 o resultado <strong>da</strong> mol<strong>da</strong>gem <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> traço.


92F1 F2 M1 M2MF1 MF2 G1 G2GM1 GM2 GF1 GF2GMF1GMF2FIGURA 44 – Detalhe <strong>de</strong> todos os traços em escala 1/1Os traços <strong>de</strong> 10% <strong>de</strong> SRM são mais fluidos e, portanto, mais fáceis <strong>de</strong> aplicação nomol<strong>de</strong>. Os traços <strong>de</strong> 20% <strong>de</strong> SRM formam uma massa, que é menos flui<strong>da</strong> que os traços<strong>de</strong> 10%, mas que permitem preencher a cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> do mol<strong>de</strong> sem dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>. Os traçosque têm como componentes o SRM Grosso são mais difíceis <strong>de</strong> mol<strong>da</strong>r, pois o tamanho<strong>de</strong>stas partículas dificultam a mol<strong>da</strong>gem nos cantos ou nas curvas do mol<strong>de</strong>.O grau <strong>de</strong> homogenização <strong>da</strong> mistura variou com a granulometria. As partículasfinas permitem um compósito mais homogêneo e que preenche os espaços entre aspartículas médias e grossas nos traços mistos. Quanto maior for a partícula menoshomogêneo será o compósito, ficando visíveis as fases <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e <strong>de</strong> resina.5.2.1 – Limites <strong>da</strong> misturaOs traços <strong>de</strong>monstraram que existem limites <strong>de</strong> mistura <strong>da</strong> resina com o SRM. Ostraços G2 e GM2 exigem mais resina que o <strong>de</strong>terminado pela tabela <strong>de</strong> misturas(TABELA 24), ficando com as partículas <strong>de</strong> SRM expostas, sem que haja resina ao seu


93redor. Assim, não foi possível a mol<strong>da</strong>gem completa no processo <strong>de</strong> fabricação propostoe usado no Processo Produtivo 02. Também se <strong>de</strong>ve levar em conta a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>assentamento <strong>da</strong>s partículas gran<strong>de</strong>s no mol<strong>de</strong>, cujas cavi<strong>da</strong><strong>de</strong>s são <strong>de</strong> pequenasdimensões. Essa dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> reflete na má distribuição <strong>da</strong>s partículas e <strong>da</strong> resina,causando zonas não uniformes e bolhas <strong>de</strong> ar. A FIGURA 45 mostra o resultado <strong>da</strong>mol<strong>da</strong>gem do CP2 <strong>de</strong>stes dois traços, on<strong>de</strong> se visualiza as fibras expostas e sem resina.Traço G2Traço GM2FIGURA 45 – Limites <strong>da</strong> misturas dos traços.Estes traços mostram, portanto, que o limite do uso <strong>de</strong> partículas médias mais grossas ougrossas puras, nas condições impostas pelos ensaios, não po<strong>de</strong>m atingir valores <strong>de</strong> 20%.5.2.2 – Comentário final <strong>da</strong> FASE IIA FASE II <strong>de</strong>stinou-se ao ensaio <strong>de</strong> mol<strong>da</strong>gem do compósito no processo <strong>de</strong>fabricação por prensagem à frio (CPM). Como resultado os traços com gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>partículas finas e médias permitiram uma fácil mistura e mol<strong>da</strong>gem. As partículas grossaspo<strong>de</strong>m ser usa<strong>da</strong>s em quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s menores, cerca <strong>de</strong> 33% <strong>da</strong> massa do reforço ou 3%<strong>da</strong> massa total do compósito, junto com outras granulometrias, sem que haja dificul<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> mol<strong>da</strong>gem. Observa-se também que a cor e a textura <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> traço varia <strong>de</strong> um <strong>para</strong>outro, obtendo-se padrões estéticos variados. Os traços G2 e GM2 não têm usoaconselhado <strong>de</strong>vido à impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mol<strong>da</strong>gem assinalando o limite do uso do SRMgrosso no processo <strong>de</strong> fabricação escolhido.5.3 – RESULTADOS FASE III - Ensaios5.3.1 - Absorção <strong>de</strong> águaSegundo HELLMEISTER (1983), a ma<strong>de</strong>ira possui um gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong>água <strong>de</strong>vido à gran<strong>de</strong> porosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e presença <strong>de</strong> veios e canais na sua estrutura. O autorain<strong>da</strong> <strong>de</strong>termina que “o teor <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>nte ao mínimo <strong>de</strong> água livre chamaseponto <strong>de</strong> saturação” e po<strong>de</strong> alcançar valores em torno <strong>de</strong> 30%, sendo que tal limitein<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> espécie <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira.


94A TABELA 30 apresenta o resultado do ensaio <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> água seguindo anorma NBR 8514 <strong>para</strong> ca<strong>da</strong> traço especificado na pesquisa, além do traço T composto <strong>de</strong>resina pura, sem ma<strong>de</strong>ira.TABELA 30 - Porcentagem e quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> água absorvi<strong>da</strong> <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 15 dias <strong>de</strong> imersão.TRAÇOMASSASECAMASSAÚMIDAÁGUAABSORVIDA%T 12,10 12,17 0,07 0,58F1 14,12 14,32 0,20 1,44F2 15,10 15,67 0,57 3,77M1 14,04 14,51 0,46 3,29M2 15,59 16,17 0,58 3,75G1 16,52 17,10 0,58 3,53G2 16,30 17,34 1,04 6,38GM1 17,06 17,26 0,20 1,19GM2 18,58 19,53 0,95 5,09MF1 14,16 14,48 0,32 2,24MF2 16,44 17,06 0,63 3,80GF1 14,34 14,67 0,32 2,25GF2 16,82 17,67 0,86 5,08GMF1 15,28 15,51 0,23 1,51GMF2 18,05 18,84 0,80 4,42A TABELA 30 mostra que o traço T (<strong>de</strong> resina pura) absorveu em torno <strong>de</strong> 0,5% <strong>de</strong>água, po<strong>de</strong>ndo concluir que tal absorção foi insignificante. Observou-se, também que ostraços com 20% <strong>de</strong> SRM absorveram mais água que os traços com 10% <strong>de</strong> SRMsimilares, portanto, quanto mais ma<strong>de</strong>ira mais a absorção.A granulometria significou um fator que altera a absorção <strong>de</strong> água. Os traços compartículas mais finas apresentam uma absorção menor que as médias e a presença <strong>de</strong>partículas gran<strong>de</strong>s significou um aumento <strong>da</strong> absorção <strong>de</strong> água. Então, quanto maior apartícula <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira maior será a absorção <strong>de</strong> água. Para os traços G2 e GM2, queapresentaram baixa impregnação <strong>da</strong> resina e exposição <strong>da</strong>s partículas, a absorção <strong>de</strong>água foi significativamente maior. A FIGURA 46 mostra o gráfico <strong>da</strong> absorção <strong>de</strong> água e<strong>de</strong>monstra visualmente o <strong>de</strong>sempenho dos traços durante o ensaio.


95FIGURA 46 - Gráfico <strong>da</strong> absorção <strong>de</strong> água <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 15 dias <strong>de</strong> imersão baseado TABELA 25Do ensaio <strong>de</strong> absorção foram coletado 20 medições durante o período <strong>de</strong> 15 dias<strong>para</strong> ca<strong>da</strong> traço, gerando o gráfico <strong>da</strong> FIGURA 47, que ilustra o acompanhamento <strong>da</strong>absorção (não houve medições nos finais <strong>de</strong> semana). Observa-se que os traçosabsorvem água <strong>de</strong> forma lenta, com graduações <strong>de</strong> décimos <strong>de</strong> grama por dia nos traçosmais absorventes. De modo geral, os gráficos <strong>de</strong>monstram uma linha quase reta, tal comoo traço <strong>de</strong> referência T, mas com uma leve inclinação, sendo que os traços G2 e GM2apresentando as inclinações maiores, <strong>de</strong>vido ao maior índice <strong>de</strong> absorção apresentadopor estes traços.FIGURA 47 – Gráfico <strong>da</strong> abosrçãp <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> durante 15 dias – 20 medições


96O ensaio <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> água permitiu enten<strong>de</strong>r que os traços na sua totali<strong>da</strong><strong>de</strong>absorvem pouca água, e <strong>de</strong> maneira lenta, alcançando até 5% <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong>, o que po<strong>de</strong>ser consi<strong>de</strong>rado como <strong>de</strong> pequena monta, se com<strong>para</strong>dos com os valores alcançadospela ma<strong>de</strong>ira sóli<strong>da</strong>, que atinge 30% <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Desta forma, enten<strong>de</strong>-se que a resinaenvolve e protege a ma<strong>de</strong>ira <strong>da</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong>, mesmo estando os compósitos imersos naágua vários dias, fato também observado por SILVA (2003) em ensaio similar comcompósitos <strong>de</strong> sisal e coco em matriz <strong>de</strong> PU <strong>de</strong> mamona.5.3.2 – Dureza Shore DA dureza <strong>de</strong> um material me<strong>de</strong> o quanto este é resistente à penetração ou ao riscofeitos por objetos <strong>de</strong> materiais mais duros que o testado. Há várias escalas <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong>dureza, sendo que a escala SHORE é a escolhi<strong>da</strong> <strong>para</strong> medir a dureza <strong>de</strong> polímeros eplásticos em geral. O teste é feito pela penetração <strong>de</strong> uma haste pontiagu<strong>da</strong> (penetrador)no material em um intervalo <strong>de</strong> tempo pre<strong>de</strong>terminado e com uma carga constante, omedidor mostra os valores convertidos <strong>para</strong> a escala SHORE D. Quanto maior o valormedido, mais duro é o material ensaiado.A escala Shore é dividi<strong>da</strong> primeiramente em escalas organiza<strong>da</strong>s pelas normasamericanas ASTM como Type A, B, C, D, DO, O, OO (ASTM, 1991). Em geral, a escalaType A é usa<strong>da</strong> <strong>para</strong> plásticos moles e borrachas, e a Type D <strong>para</strong> os plásticos maisduros. Ca<strong>da</strong> escala shore é, então, dividi<strong>da</strong> em escalas menores, que vão <strong>de</strong> 0 (materiaismoles) à 100 (materiais duros), sendo que há uma equivalência entre as escalas <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>spela FIGURA 48.FIGURA 48 - Equivalência entre escalas SHORE. Fonte: (ASTM D2240-91, 1991; CALCE, 2001).Como com<strong>para</strong>ção entre materiais, po<strong>de</strong>mos aproximar os plásticos mais duros, talcomo o bakelite com os metais mais macios tais como o cobre ou alumínio, seguindo aescala SHORE D como sugere CALCE (2001). Nos ensaios <strong>de</strong> dureza do materialpesquisado, foi usa<strong>da</strong> a escala Shore D, <strong>de</strong> acordo com a NBR 7456, o que classifica ocompósito estu<strong>da</strong>do como um material polimérico duro. Po<strong>de</strong>-se verificar o resultado doensaio na TABELA 31.


97TABELA 31 - Resultado do ensaio <strong>de</strong> dureza SHORE DTRAÇO LEITURA 1 LEITURA 2 LEITURA 3 LEITURA 4 LEITURA 5 MÉDIAT 81 82 78 79 80 80,00F1 77 78 78 74 77 76,80F2 73 80 77 77 76 76,60M1 73 61 76 77 73 72,00M2 74 49 71 68 75 67,40G1 64 77 52 79 80 70,40G2 74 61 72 75 69 70,20GM1 75 76 76 74 73 74,80GM2 75 73 70 70 65 70,60MF1 74 78 77 69 76 74,80MF2 71 73 71 50 75 68,00GF1 80 80 80 78 75 78,60GF2 70 75 69 66 75 71,00GMF1 71 60 64 72 70 67,40GMF2 78 78 57 62 78 70,60Tomando como base o valor obtido pelo traço T, com valor 80, po<strong>de</strong>-se notar que,<strong>de</strong> um modo geral, os valores <strong>da</strong>s leituras individuais foram quase sempre inferiores à 80,normalmente entre 69 e 80, apesar que alguns valores se apresentam bem abaixo dos<strong>de</strong>mais, entre 49 à 68. Observou-se que tais valores mais baixos foram feitos em regiõesdos CP1’s com fibras <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira muito próximas à superfície, o que serviu <strong>para</strong> reduzir ovalor SHORE D <strong>de</strong>stes pontos medidos. Os traços que têm resíduo médio e grosso sãoos mais propensos a tal redução <strong>de</strong> dureza, <strong>de</strong>vido a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fibras estarem nasuperfície dos CP’s. Os traços F1 e F2, mais homogêneos e sem partículas médias ougrossas, apresentaram gran<strong>de</strong> aproximação com o valor do traço T. A quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira também influenciou na medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> dureza sendo que os traços <strong>de</strong> 20% <strong>de</strong> SRMmostraram-se um pouco menos duras que os traços <strong>de</strong> 10% <strong>de</strong> SRM. A quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>SRM na superfície dos CP’s <strong>para</strong> os traços <strong>de</strong> 20% também é maior, o que influenciounos valores <strong>de</strong> dureza menores.


98FIGURA 49 - Gráfico com<strong>para</strong>tivo <strong>da</strong> Dureza Shore D entre os traçosA média dos traços, apesar <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fibras na superfície, mostra que ama<strong>de</strong>ira diminuiu pouco a dureza <strong>da</strong> resina pura (traço T) como mostra a FIGURA 49. Afaixa cinzenta, entre os valores 65 e 80 mostra exatamente a faixa <strong>de</strong> dureza obti<strong>da</strong> pelostraços do compósito estu<strong>da</strong>do.5.3.3 – Flexão <strong>de</strong> 3 pontosBuscou-se no ensaio <strong>de</strong> flexão <strong>de</strong> 3 pontos, <strong>de</strong>terminar a Força Máxima na Ruptura(F) em Newtons, Tensão <strong>de</strong> Flexão (σf) em MPa, a Deformação na Ruptura (d) emmilímetros, o percentual <strong>de</strong> Alongamento na Ruptura, o Módulo <strong>de</strong> Elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> (Eb) emNewtons por milímetro quadrado. O software usado no controle <strong>da</strong> prensa foi o TescVersão 1.12.Para o calculo <strong>da</strong>s tensões em flexão (σf) e módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> (Eb) foramutiliza<strong>da</strong>s as fórmulas sugeri<strong>da</strong>s pela norma NBR 7447:On<strong>de</strong>:σf =3FLL 3 F 22bh 2 Eb=4bh 3 •Yσf = Tensão <strong>de</strong> flexãoEb = Módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong>L = Distância entre suportesb = Largura do corpo <strong>de</strong> provah = Espessura do corpo <strong>de</strong> provaF = Carga no ponto 1/2LF 2= Carga na porção linear (elástica) <strong>da</strong> curva carga x <strong>de</strong>flexãoY = Deflexão em F 2


99Os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> Força máxima, Tensão máxima, Deformação e alongamento forammedidos automaticamente pelo software <strong>de</strong> controle <strong>da</strong> prensa usa<strong>da</strong> no ensaio. Para ocálculo do módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong>, foi retirado um valor médio dos valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> corpo <strong>de</strong> prova, equivalente à 1/3 <strong>da</strong> tensão <strong>de</strong> flexão <strong>para</strong> ca<strong>da</strong> traço formulado,garantindo que o valor usado se encontrasse na zona elástica do compósito. Assim temsena TABELA 32 o <strong>de</strong>sempenho dos traços estu<strong>da</strong>dos:TABELA 32 – Desempenho mecânico do ensaio <strong>de</strong> flexão em 3 pontosTRAÇOFORÇAMAX(N)σf – TENSÃONA RUPTURA(MPa)DEFORMAÇÃONA RUPTURA(mm)ALONGAMENTONA RUPTURA(%)MÓDULO DEELASTICIDADE(N/mm2)T 577,40 38,95 26,93 5,82 1368,26F1 479,50 32,35 10,92 2,36 1881,69F2 316,30 21,34 8,44 1,82 1737,90M1 290,70 19,61 5,67 1,23 2087,11M2 374,00 25,23 5,28 1,14 2737,28G1 283,80 19,14 5,25 1,13 2265,70G2 39,89 2,69 3,06 0,66 4308,03GM1 389,90 26,30 5,32 1,15 2718,76GM2 258,00 17,40 5,75 1,24 1701,56MF1 299,10 20,17 6,33 1,37 1943,66MF2 370,20 24,97 6,21 1,34 2442,09GF1 293,90 19,82 4,77 1,03 2157,08GF2 307,80 20,76 5,58 1,21 2407,50GMF1 302,80 20,42 4,52 0,98 2549,66GMF2 388,70 26,22 5,64 1,22 2799,33Os gráficos do ensaio <strong>de</strong> flexão <strong>de</strong> 3 pontos po<strong>de</strong>m ser vistos na FIGURA 50.FIGURA 50 – Gráficos do <strong>de</strong>sempenho mecânico dos traços.


100FIGURA 50 – Gráficos do <strong>de</strong>sempenho mecânico dos traços (continuação)


101O ensaio <strong>de</strong> flexão permitiu a seguinte análise:1. De modo geral, os compósitos apresentaram uma tensão <strong>de</strong> flexão inferior ao traço T(<strong>de</strong> resina pura usado como referência). Este traço, no entanto apresentou uma<strong>de</strong>formação acima dos <strong>de</strong>mais, <strong>de</strong> forma bastante plástica, estilhaçando-se no final doensaio em vários pe<strong>da</strong>ços, indicando a resistência à flexão do polímero sem apresença <strong>de</strong> reforço <strong>de</strong> fibras. Se por um lado se tem gran<strong>de</strong> resistência à flexão, poroutro há uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>formação, o que prejudica sua aplicação prática.2. Com<strong>para</strong>ndo a <strong>de</strong>formação do traço T, <strong>de</strong> referência, com os <strong>de</strong>mais traços, observouseque a serragem <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira modifica a matriz quanto à rigi<strong>de</strong>z, tornando-a maisrígi<strong>da</strong>, visto que o traço T atingiu valor maior que 25mm e os <strong>de</strong>mais atingindo emtorno <strong>de</strong> 5mm <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação, excetuando os traços F1 e F2 que ultrapassarambastante esse valor.3. Observa-se o aumento do módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> do compósito em relação ao traço T,que alcançou quase o dobro do valor do traço <strong>de</strong> referência em alguns casos.Relacionando esses valores do módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> com a diminuição <strong>da</strong><strong>de</strong>formação atingi<strong>da</strong> pelo compósito, conclui-se que essa característica éconseqüência <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reforço que o SRM transferiu <strong>para</strong> a matrizpolimérica. Ou seja, a serragem <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira atua ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente como um reforçoquando emprega<strong>da</strong> num compósito <strong>de</strong> matriz polimérica.4. A análise <strong>da</strong> força aplica<strong>da</strong> em relação à <strong>de</strong>formação e do módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong>permite visualizar que, embora o traço T tenha suportado mais carga, este também<strong>de</strong>monstrou maior <strong>de</strong>formação plástica, indicando um baixo <strong>de</strong>sempenho útil. Já os<strong>de</strong>mais traços mostraram uma melhor relação entre a força aplica<strong>da</strong> e a <strong>de</strong>formação,que po<strong>de</strong> ser entendido como um reforço pela presença do resíduo reciclado. Assim,os traços do compósito <strong>de</strong>monstram melhor <strong>de</strong>sempenho útil que o traço <strong>de</strong> resinapura.5. Os traços F2, M1, G1, GM2, MF1, GF1, GF2 e GMF1 apresentaram um <strong>de</strong>sempenhomuito semelhante, não importando a variação <strong>da</strong> mistura <strong>de</strong> serragem fina, média ougrossa.6. Os traços M2, GM1, MF2 e GMF2 apresentaram-se como os traços mais resistentes,<strong>de</strong>vido à presença <strong>de</strong> partículas médias. Apresentam, também, uma distribuiçãoaleatória melhor <strong>da</strong>s partículas que nos traços somente com SRM fino. Assim, houveuma melhor distribuição <strong>da</strong>s tensões no interior dos CPs.7. Os traços GMF1 e GMF2 representam um <strong>de</strong>sempenho geral bastante satisfatório.Este <strong>de</strong>sempenho torna-se relevante pois se trata dos traços que mais se aproximam


102<strong>da</strong>s amostras do resíduo in natura, <strong>de</strong> forma mistura<strong>da</strong> e como é coletado, tendoapenas se<strong>para</strong>do a parte muito grosseira e <strong>de</strong>scartável, como classifica<strong>da</strong> na TABELA29. Portanto são traços que, <strong>de</strong>vido a estas características, permitem prever nãosomente a simplificação dos processos <strong>de</strong> reciclagem, pois haverá apenas ase<strong>para</strong>ção <strong>de</strong> partes <strong>de</strong>scartáveis, mas também o aumento <strong>da</strong> eco-eficiência docompósito estu<strong>da</strong>do, pois há uma otimização do <strong>de</strong>sempenho com simplificação <strong>da</strong>produção.8. O <strong>de</strong>sempenho dos traços G2 e GM2 <strong>de</strong>vem ser analisados <strong>de</strong> modo diferenciado dos<strong>de</strong>mais <strong>de</strong>vido a pouca uniformi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> mistura matriz – SRM e a bolhas <strong>de</strong>vido àdificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> acomo<strong>da</strong>mento <strong>da</strong>s partículas gran<strong>de</strong>s nas cavi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do mol<strong>de</strong>, queresultou em falhas estruturais nos corpos <strong>de</strong> prova, como <strong>de</strong>scrito na FASE II.9. Os traços com partículas grossas apresentaram fratura nos pontos em que haviapartículas dispostas verticalmente e <strong>para</strong>lelamente em relação ao comprimento docorpo <strong>de</strong> prova, o que po<strong>de</strong> ser visto na FIGURA 51.FIGURA 51 – Região <strong>de</strong> fratura nos traços com partículas grossasIsso po<strong>de</strong> ser explicado pela proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira em ser mais frágilmecanicamente no sentido transversal às fibras. As partículas grossas promovem uma<strong>de</strong>scontinui<strong>da</strong><strong>de</strong> do compósito, interrompendo a a<strong>de</strong>são <strong>da</strong> matriz ao mesmo tempo emque não suporta a carga aplica<strong>da</strong>. Desta forma, uma força aplica<strong>da</strong> perpendicularmente auma <strong>da</strong>s superfícies ao corpo <strong>de</strong> prova provoca componentes <strong>de</strong> tração na superfícieoposta, fazendo com que a partícula <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira localiza<strong>da</strong> na região <strong>de</strong> aplicação <strong>da</strong>força seja rasga<strong>da</strong>, resultando na fratura do compósito.Partículas grossas dispostas perpendicularmente em relação ao comprimento docorpo <strong>de</strong> prova são, portanto, pontos <strong>de</strong> fragili<strong>da</strong><strong>de</strong> do material. A resultado semelhantechegou SILVA (2003) testando um compósito <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> sisal e coco em matriz <strong>de</strong>poliuretano <strong>de</strong> mamona, segundo SILVA (2003, p. 79) “as fibras com orientação


103perpendicular atuam no sentido <strong>de</strong> diminuir a resistência mecânica do compósito, e nestecaso, a resistência à flexão é domina<strong>da</strong> pela resistência à flexão <strong>da</strong> matriz”.5.3.4 – Comentário final <strong>da</strong> FASE IIIO propósito dos ensaios foi <strong>de</strong>terminar algumas características dos traços,permitindo uma projeção do <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> futuros usos e produtos construídos com taiscompósitos. A com<strong>para</strong>ção com a resina pura não visou <strong>de</strong>terminar se o <strong>de</strong>sempenhofísico ou mecânico do compósito é melhor nem pior que esta, mas apenas serviu comoverificação <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong>stas características com o uso do SRM (serragem <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>irarecicla<strong>da</strong>).Estes ensaios permitiram saber que os traços testados têm bom comportamento napresença <strong>de</strong> água, pois a absorção é muito inferior à <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira sóli<strong>da</strong> como <strong>de</strong>scrita naliteratura. Também a presença <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira alterou pouco a dureza <strong>da</strong> matriz. No entanto,<strong>de</strong>vido à provável presença <strong>de</strong> partículas que extrapolam a superfície do laminado e queinfluenciam tanto na absorção <strong>de</strong> água quanto na dureza, po<strong>de</strong>-se prever a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> uma cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> proteção, ou Gel-Coat, <strong>de</strong>scrita por STRADMANN (1993) como sendouma cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> acabamento externo e <strong>de</strong> proteção contra agentes atmosféricos e água.Tem função <strong>de</strong> substituir a pintura convencional, ou servir como superfície <strong>de</strong> pintura empeças que <strong>de</strong>vem ser pinta<strong>da</strong>s como mostra a FIGURA 52.FIGURA 52 – Cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> proteção Gel-CoatO ensaio <strong>de</strong> flexão, por sua vez, mostrou que a serragem recicla<strong>da</strong> (SRM) melhoraas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas <strong>da</strong> resina na presença <strong>de</strong> uma carga <strong>de</strong> flexão, apesar <strong>da</strong>resina pura ter suportado mais carga. Também ouve aumento <strong>da</strong> rigi<strong>de</strong>z do compósito emrelação à resina pura, permitindo concluir que a serragem recicla<strong>da</strong> se comporta comocarga e também como reforço <strong>para</strong> plásticos reforçados.5.4 – COMPARAÇÃO COM MATERIAIS SEMELHANTESA TABELA 33 faz a com<strong>para</strong>ção entre o WPC estu<strong>da</strong>do e materiais semelhantes,fabricados com partículas ou fibras <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. O <strong>de</strong>sempenho do WPC é estimado<strong>de</strong>vido este estar em fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e por não ter sido ain<strong>da</strong> usado emaplicações práticas.


104TABELA 33 – Com<strong>para</strong>ção entre o WPC estu<strong>da</strong>do e materiais semelhantesMATERIAL USO VANTAGEM DESVANTAGEM ECO-EFICIÊNCIAWPCPESQUISADO(Wood PlasticComposite)(DESEMPENHOESTIMADO)OSB(OrientedStrand Board)MADEIRAAGLOMERADAMDF(Medium<strong>de</strong>nsityfiberboard)CHAPA DEFIBRA● Móveis e perfis● Equipamentos eprodutos diversos● Peças <strong>para</strong> usoexterno● Peças <strong>de</strong> formatocomplexo ou plano● Móveis● Ve<strong>da</strong>ção externa● Uso estrutural● Móveis● Divisórias● Móveis● Perfis● Móveis● Divisórias● IsolantesA<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> CÉSAR, 2002● Alta resistência àágua● Alta dureza● Boa resistência àflexão● Bom acabamentosuperficial● Resistente à água● Alta resistênciamecânica● Baixo preço● Baixo preço● Acabamentouniforme● Boa resistênciafísica● Baixo preço● Boa Resistênciafísica● Preço<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong>resina usa<strong>da</strong> comomatriz● Dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>acabamentosuperficial● Resistência àágua ou umi<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong>resina <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sãousa<strong>da</strong>, masgeralmente é <strong>de</strong>baixa resistência● Resistênciafísica mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>● Nãorecomen<strong>da</strong>do napresença <strong>de</strong> água● Baixa resistênciaà água por nãoutilizar matrizpolimérica nafunção <strong>de</strong> cola e<strong>de</strong> proteção.ALTA:● Alta durabili<strong>da</strong><strong>de</strong>● Uso <strong>de</strong> resíduoscomo matéria prima● Processo <strong>de</strong>mol<strong>da</strong>gem nãopoluente● ReciclávelBOA:● Alta durabili<strong>da</strong><strong>de</strong>● Usa 100% <strong>da</strong> tora<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira● não usa resíduo.● Reciclável.MÉDIA:● Baixadurabili<strong>da</strong><strong>de</strong>● Usa 100% <strong>da</strong> tora<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira● Não usa resíduo.● ReciclávelBOA:● alta durabili<strong>da</strong><strong>de</strong>● usa 100% <strong>da</strong> tora<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira● não usa resíduo.● ReciclávelMÉDIA:● Baixa à médiadurabili<strong>da</strong><strong>de</strong>● Usa 100% <strong>da</strong> tora<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira● Não usa resíduo.● ReciclávelObservam-se, então, as reais possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s do material <strong>de</strong>senvolvido nestapesquisa. Nota-se ain<strong>da</strong> que, por essa com<strong>para</strong>ção, o WPC leva vantagens por seraltamente moldável, permitindo produtos e aplicações <strong>de</strong> formatos variados além <strong>de</strong> terbaixa absorção <strong>de</strong> água, ou seja gran<strong>de</strong> resistência à umi<strong>da</strong><strong>de</strong>, boa dureza superficial eboa resistência mecânica. Finalmente, este WPC apresenta o melhor <strong>de</strong>sempenhoecológico que os <strong>de</strong>mais materiais.


105CAPÍTULO6CONCLUSÕES6.1 – RECICLAGEMA reciclagem <strong>de</strong> duas etapas, secagem e peneiramento, mostrou ser eficiente nouso <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira na forma <strong>de</strong> serragem em um material em pó e em partículascapazes <strong>de</strong> serem usa<strong>da</strong>s em compósitos como carga. Uma pequena parte, 5%, foi<strong>de</strong>scarta<strong>da</strong> por não se caracterizar como serragem, mas cerca <strong>de</strong> 95% foi completamenteaproveita<strong>da</strong>. Desta forma, po<strong>de</strong>-se fazer uma estimativa <strong>de</strong> aproveitamento <strong>de</strong> resíduosque a partir <strong>de</strong> um total <strong>de</strong> 30 tonela<strong>da</strong>s (quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> gera<strong>da</strong> na indústria pesquisa<strong>da</strong>) 28tonela<strong>da</strong>s seria aproveita<strong>da</strong> e apenas cerca <strong>de</strong> 2 tonela<strong>da</strong>s não po<strong>de</strong>ria ser aproveita<strong>da</strong>nesta função, configurando-se, assim, a redução <strong>de</strong> resíduos que teriam um <strong>de</strong>stinoduvidoso. Essa parte não recicla<strong>da</strong> po<strong>de</strong>, então, ser <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> <strong>para</strong> os usos tradicionaistal como a queima <strong>para</strong> fins energéticos ou como adubo.Apesar <strong>da</strong> reciclagem ter sido feita no laboratório, usando peneiras especiais eestufas elétricas, a reciclagem po<strong>de</strong>rá ser feita por processos simples, com a proposta <strong>de</strong>usar meios alternativos e mais eco-eficientes tais como:• Coleta <strong>da</strong> serragem no momento que é gera<strong>da</strong> e sua armazenagem em silosprotegidos <strong>da</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> agentes bio<strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ntes.• Processo <strong>de</strong> peneiramento com o máximo <strong>de</strong> duas peneiras <strong>para</strong> se<strong>para</strong>ção<strong>da</strong>s fases: <strong>de</strong>scarta<strong>da</strong>s, grossas, médias e finas, tal como a classificação <strong>da</strong>TABELA 29.• Moinhos e estufas eólicas ou solares tal como sugere TORRES e ÁVILA (1981)em pesquisa <strong>de</strong> um secador solar <strong>de</strong> insumos vegetais.Essa etapa <strong>de</strong> reciclagem, entretanto po<strong>de</strong> se tornar ain<strong>da</strong> mais eco-eficiente pelaeliminação <strong>da</strong> etapa <strong>de</strong> secagem, bastando a coleta e armazenagem do resíduo ain<strong>da</strong>seco, logo após sua geração, evitando assim sua <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção por umi<strong>da</strong><strong>de</strong> ou poragentes biológicos.


6.2 – MOLDAGEM106A mol<strong>da</strong>gem em mol<strong>de</strong>s fechados mostrou-se como um processo eco-eficiente,po<strong>de</strong>ndo ser entendi<strong>da</strong>, segundo KIPERSTOK (1999), como a melhor tecnologiadisponível, visto que houve um melhor controle tanto <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> material usadoquanto do controle <strong>da</strong> espessura <strong>da</strong>s peças. Este processo, no entanto, po<strong>de</strong> sermelhorado visto que a viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos traços mais espessos po<strong>de</strong> levar a falhas ebolhas. Quanto ao resultado estético, foi verificado que ca<strong>da</strong> traço teve uma cor e texturadiferente entre si, mas com resultado agradável. Portanto, as boas quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s plásticas eestéticas permitem concluir que este compósito po<strong>de</strong>rá ter um bom aproveitamento nafabricação <strong>de</strong> diversos produtos e bens <strong>de</strong> consumo.6.2 – PROPRIEDADES FISICAS E MECÂNICASOs traços formulados nesta pesquisa <strong>de</strong>monstraram que a ma<strong>de</strong>ira altera asproprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> matriz <strong>de</strong> poliéster, aumentando a absorção <strong>de</strong> água, mas emquanti<strong>da</strong><strong>de</strong> muito menor se com<strong>para</strong><strong>da</strong> à ma<strong>de</strong>ira sóli<strong>da</strong>, indicando uma proteção <strong>da</strong>ma<strong>de</strong>ira pela matriz. Ao mesmo tempo, a ma<strong>de</strong>ira não diminuiu <strong>de</strong> forma significativa adureza <strong>da</strong> matriz, mas aumentou sua rigi<strong>de</strong>z, conforme resultados dos ensaios <strong>de</strong> DurezaShore D e <strong>de</strong> Flexão em 3 pontos.A inclusão <strong>da</strong> serragem recicla<strong>da</strong> alterou, no geral, a resistência à flexão <strong>da</strong> matriz,aumentando seu <strong>de</strong>sempenho útil em relação à resina pura, além <strong>da</strong> modificação doaspecto físico, cor e textura. Verificou-se que as partículas finas não alteraram <strong>de</strong> maneirasignificativa o <strong>de</strong>sempenho mecânico do compósito quanto à proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> flexãomesmo na variação <strong>de</strong> 10% ou 20%, mas partículas grossas apresentaram um<strong>de</strong>sempenho ambíguo, po<strong>de</strong>ndo reforçar ou fragilizar o compósito <strong>de</strong> acordo com adisposição <strong>da</strong>s partículas em relação às forças atuantes no compósito. As partículasmédias apresentaram o melhor <strong>de</strong>sempenho mecânico em relação às partículas finas egrossas.Concluiu-se que este tipo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira recicla<strong>da</strong> po<strong>de</strong> se comportar como cargaconcor<strong>da</strong>ndo com ENGLISH et al (1996) e CORREA et al (2003), e também como umreforço mo<strong>de</strong>rado, como visto no ensaio <strong>de</strong> flexão. Recomen<strong>da</strong>-se, entretanto, que, <strong>para</strong>aumentar a resistência à flexão e possivelmente outras características mecânicas <strong>de</strong>stetipo <strong>de</strong> compósito, seja incluído fibras longas na formulação, tais como as fibras <strong>de</strong> sisal,coco e juta, <strong>de</strong>ntre outras, como <strong>de</strong>monstram várias pesquisas <strong>de</strong>scritas na bibliografiacomo SILVA (2003), CARVALHO (2003 -1), BISWAS et al (2004), JOSEPH (1999), PAIVA


107(1999) <strong>de</strong>ntre outros. Nessas pesquisas houve significativo reforço mecânico <strong>de</strong> matrizespoliméricas usando fibras longas naturais.A alteração <strong>da</strong>s características mecânicas <strong>de</strong>ste compósito em relação à resina pura(traço T) o habilita como matéria prima na fabricação <strong>de</strong> muitos produtos. Estes po<strong>de</strong>mser <strong>de</strong> vários tipos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> peças <strong>de</strong> superfície plana, tais como tampos <strong>de</strong> mesa, móveis eutensílios e também produtos com formas complexas, possíveis graças à plastici<strong>da</strong><strong>de</strong> domaterial. As proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> baixas absorções <strong>de</strong> água indicam ain<strong>da</strong> usos em ambientescom possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong>.Uma vez que a ma<strong>de</strong>ira foi protegi<strong>da</strong> pela matriz polimérica, espera-se que não hajaprocessos <strong>de</strong> bio<strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção, visto que essa proteção impe<strong>de</strong> a penetração <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> epossivelmente outros agentes biológicos prejudiciais às partículas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. Destaforma há uma tendência <strong>de</strong> conservação do ciclo fechado <strong>de</strong> matérias primas, visto quenão haverá <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> material <strong>para</strong> o meio ambiente e nem ataque <strong>de</strong> cupins ou fungos.6.3 - AS PARTÍCULAS GRANDESDurante as FASES II e III, verificou-se que as partículas gran<strong>de</strong>s apresentaram-secomo uma variável que dificultava a mol<strong>da</strong>gem, principalmente nos cantos e nos <strong>de</strong>talhesdo mol<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vido as pequenas dimensões <strong>da</strong>s cavi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, fragilizando, assim, ocompósito nas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas. Recomen<strong>da</strong>-se, então, que as partículasgran<strong>de</strong>s, assim como foi classifica<strong>da</strong> na ETAPA I, sejam:• Tritura<strong>da</strong>s <strong>para</strong> atingir uma granulometria média e fina, configurando-se maisuma etapa <strong>de</strong> reciclagem, além <strong>da</strong> secagem e peneiramento, permitindo seu usocomo componente dos compósitos, ou;• Usa<strong>da</strong>s em quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s que não exce<strong>da</strong>m 3% <strong>da</strong> mistura <strong>da</strong> serragem recicla<strong>da</strong>,na massa total do compósito, tal como visto nos traços GMF, ou;• Destina<strong>da</strong>s ao uso tradicional. Como cama <strong>de</strong> galinha, adubo ou queima <strong>para</strong>fins energéticos, configurando um <strong>de</strong>stino possível mas pouco nobre ao material.6.4 – ECOLOGIA INDUSTRIALO uso <strong>de</strong> resíduos oriundos <strong>de</strong> um processo produtivo usado como matéria primaem outros processos é a base <strong>da</strong> <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong>. Usando este princípio, há menosconsumo <strong>de</strong> matéria virgem e, ao mesmo tempo, há a diminuição <strong>da</strong> disposição <strong>de</strong>resíduos no meio ambiente.A pesquisa mostrou que a serragem <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira po<strong>de</strong> ser usa<strong>da</strong> como componente<strong>de</strong> um eco-compósito que, além <strong>de</strong> preencher os requisitos do princípio <strong>da</strong> circulação <strong>de</strong>


108material, também mostrou ter boas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas e mecânicas. Po<strong>de</strong>m-seenumerar as seguintes vantagens verifica<strong>da</strong>s na pesquisa:• Diminuição do resíduo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira na forma <strong>de</strong> serragem recicla<strong>da</strong>;• Possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> serragem recicla<strong>da</strong> ser usa<strong>da</strong> em outro sistema produtivo,configurando a circulação <strong>de</strong> recursos proposta pela <strong>Ecologia</strong> <strong>Industrial</strong>;• Uso <strong>de</strong> poucas etapas <strong>de</strong> reciclagem na transformação <strong>da</strong> serragem emcomponente <strong>de</strong> compósito;• Uso <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> fabricação simples, acessível e eco-eficiente;• Possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do compósito baseado em serragem recicla<strong>da</strong> ser usado emdiversos produtos conforme os resultados <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas emecânicas.• O compósito <strong>de</strong>senvolvido na pesquisa aten<strong>de</strong> os requisitos <strong>de</strong> eco-<strong>de</strong>sign talcomo vistos na TABELA 03.6.5 – SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISASA pesquisa aponta <strong>para</strong> um <strong>de</strong>sdobramento que completará o entendimento <strong>da</strong>squestões sobre o eco-compósito <strong>de</strong>senvolvido. A lista abaixo aponta os assuntos maiscomentados e relevantes <strong>para</strong> <strong>da</strong>r seqüência à pesquisa:• Novos ensaios mecânicos tais como o ensaio <strong>de</strong> tração, <strong>de</strong> impacto e <strong>de</strong>envelhecimento, que ampliarão o conhecimento sobre as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicase mecânicas do material.• Estudo <strong>de</strong> novos traços com porcentagens diferentes <strong>de</strong> resíduo.• Inclusão <strong>de</strong> materiais residuais <strong>de</strong> outras origens, tais como resíduos <strong>de</strong> fibras<strong>de</strong> sisal ou <strong>de</strong> outra fonte <strong>de</strong> fibras vegetais, cascas <strong>de</strong> cereais, resíduosinorgânicos tais como o pó encontrado em indústrias <strong>de</strong> mármore e granito,<strong>de</strong>ntre outros.• Estudo do uso <strong>de</strong> outras matrizes poliméricas, <strong>de</strong> origem natural, cimentíciasou <strong>de</strong> outras origens.• Estudo <strong>de</strong> outras formas <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> produtos construídos comcompósitos diferentes ao proposto na pesquisa que foi a prensagem a frio.• Estudo <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do compósito ser reciclado <strong>para</strong> fins similares ou <strong>para</strong>outros fins.• Estudo <strong>da</strong>s aplicações do material, assim como sistemas <strong>de</strong> fixação e união<strong>de</strong> peças do mesmo material ou <strong>de</strong> materiais diferentes do compósito.


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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA119ARAUJO, Alexandre Feller <strong>de</strong>, A <strong>Aplicação</strong> <strong>da</strong> Metodologia <strong>de</strong> Produção Mais Limpa: Estudoem uma empresa do Setor <strong>de</strong> Construção Civil, UFSC - Programa <strong>de</strong> Pós-graduação emEngenharia <strong>de</strong> Produção – Florianópolis - 2001BAXTER, Mike. Projeto <strong>de</strong> Produto, Guia prático <strong>para</strong> o <strong>de</strong>sign <strong>de</strong> novos produtos –Londres: 2º Edição, Edgard Blücher, 1995BROUWER. W.D. Natural fibers composites in structural componentes: alternativeapplications for sisal? Common Found for Commodities - Alternative Applications for Sisal andHenequen - Tecnical Paper nº 14. Roma. 2000.Disponível no site: http://www.fao.org/DOCREP/004/Y1873E/y1873e0a.htm.Acessado em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003.CARVALHO, José Vitório <strong>de</strong>. Aproveitamento <strong>de</strong> resíduos particulados <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>eucalipto grandis na fabricação <strong>de</strong> compósitos à base <strong>de</strong> cimento portland. UNICAMP -Campinas - SP. 2000. Dissertação <strong>de</strong> mestrado.ERKMAN, Suren. Perspectives on <strong>Industrial</strong> Ecology - Edit by Dominique Bourg and Suren.Greenleaf Publishing Limited. United Kindon, 2003JELINSKI, L. W., t. GRAEDEL, E., LAUDISE, r. A., MCCALL, d. W., PATEL,c. K. N. . <strong>Industrial</strong>Ecology: Concepts And Approaches. AT&T Bell Laboratories. Murray Hill. Smart CommunitesNetworks. Disponível no Site: www.sustainable.doe.gov/articles/in<strong>de</strong>ccon.shtml. Capturado emoutubro <strong>de</strong> 2003LEÃO, Regina Machado. A Floresta e o Homem. São Paulo: Ed. EDUSP: Instituto <strong>de</strong> Pesquisase Estudos Florestais. 2000.MACHADO, Sandro Lemos. MACHADO, Miriam <strong>de</strong> Fátima C. Mecânica dos Solos I -<strong>Conceitos</strong> introdutórios. DCTM - UFBA. - Salvador, 1997. Disponível no site:http://www.geoamb.eng.ufba.br/. Acessado em janeiro <strong>de</strong> 2005.PAOLI, Marco-Auélio <strong>de</strong>. Materiais poliméricos ambientalmente corretos <strong>para</strong> a indústriaautomotiva. UNICAMP. (s/d) Disponível no site: http://policond8.iq,.unicamp.br/~m<strong>de</strong>paoli.Acessado em janeiro <strong>de</strong> 2004.RIVERO, Lour<strong>de</strong>s Abba<strong>de</strong>. Laminado Colado e Contraplacado <strong>de</strong> Bambu. Campinas, SP.2003. Dissertação <strong>de</strong> mestrado.ROWELL, Roger M. Composites Materials from Agricultural Resources. In: Olesen, Ole;Rexen, Finn; Larsen, Jorgen, eds. Research in industrial application of non food crops, I: plantfibres: Proceedings of a seminar; 1995 May; Copenhagen, Denmark. Lyngby, Denmark Aca<strong>de</strong>myof Technical Science: 27-41. Disponível no site:http://www.fpl.fs.fed.us/documnts/Properties_products.htm. Acessado em março <strong>de</strong> 2004.SANADI, Anand R. CAULFIELD, Daniel F. JACOBSON, Rodney E. Agro-Fiber ThermoplasticComposites. Lewis Publishers, 1997. Pages 377-401: Chapter 12, In: Paper and compósitosfrom agro-based resources. Boca Raton: CRC Press. Disponível no site:http://www.fpl.fs.fed.us/documnts/Properties_products.htm. Acessado em março <strong>de</strong> 2004.SOCOLOW, R; ANDREWS, C; BERKHOUT, F; THOMAS,V. (Eds). <strong>Industrial</strong> ecology andglobal change. 1st ed. Vol.1. Cambridge University Press,Cambridge,UK. 1994.


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1216ANEXOS


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ANEXO I123CRAY VALLEYBOLETIM TÉCNICOPOLYDYNE 5061Descrição:Resina poliéster insaturado ortoftálico, rígido, baixa reativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, média viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, cristal préaceleradocom sistema especial <strong>de</strong> promotor.Aplicações Recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s:Botões, bijuterias e peças on<strong>de</strong> se exige ótima transparência.Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s Químicas e FísicasViscosi<strong>da</strong><strong>de</strong> Brookfield a 25 °C (cP) 1400 - 1800Gel Time à 25°C* Minutos 10 - 13Pico Exotérmico ºC 135 - 160Intervalo <strong>de</strong> Reação Minutos 15 - 20Teor <strong>de</strong> Sólidos % 69 - 71Índice <strong>de</strong> Aci<strong>de</strong>z mgKOH/g amostra 30 máximoDensi<strong>da</strong><strong>de</strong> à 25°C g/cm 3 1,13 - 1,15• 100,0 g <strong>de</strong> resina1,0 ml <strong>de</strong> BUTANOX M-50Condições <strong>de</strong> Armazenamento:As resinas poliesteres insatura<strong>da</strong>s <strong>de</strong>vem ser manti<strong>da</strong>s a temperatura <strong>de</strong> 25° C ou menor. Oarmazenamento do produto em condições diferentes acarretará em alterações <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>sdo mesmo, inclusive sua vi<strong>da</strong> útil que é <strong>de</strong> 4 meses. Qualquer duvi<strong>da</strong> queira consultar nosso<strong>de</strong>partamento técnico.Depto. Técnico.Divisão Poliester.As recomen<strong>da</strong>ções ou sugestões <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> nossos produtos, contidos neste boletim são forneci<strong>da</strong>s <strong>de</strong> boa fé comoorientação ao usuário, porém sem nenhuma espécie <strong>de</strong> garantia explicita. Solicitamos aos nossos clientes queinspecionem e testem nossos produtos entes <strong>de</strong> sua utilização. Não assumimos qualquer responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>correntedo armazenamento e manuseio em condições ina<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s.Cray Valley do Brasil Lt<strong>da</strong> – Rua Áurea Tavares, 580 – Pq <strong>Industrial</strong> <strong>da</strong>s Oliveiras – Taboão<strong>da</strong> Serra – SP – CEP:06765902 – tel/fax: 47882000 – e-mail: crayvalley@crayvalley.com


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ANEXO II125


126RESUMO DOS DADOS RELEVANTES SOBRE ARESINA POLIÉSTER ORTOFTÁLICA CRISTAL(FONTE: FICHA DE EMERGÊNCIA DINU)• Nome do produto: RESINA POLIÉSTER• Fabricante:• Ingredientes principais:o Resina poliéster - 60 à 70%o Estireno - 40 à 30%• Composição e informações sobre ingredientes:o Aromáticos - 77% +/- 2o Áloois - 22% +/- 2o Glicois - 1% +/- 0,5• Solubili<strong>da</strong><strong>de</strong>: Insolúvel em água; solúvel em acetona e estireno.• Taxa <strong>de</strong> evaporação: 12,4• Aparência e odor: Odor aromático característico do estireno• I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> perigo – informações gerais <strong>de</strong> emergência:o Líquido incolor e inflamável, <strong>de</strong> odores aromáticos, tóxicos, na queima gera emissão <strong>de</strong>vapores tóxicos. Os vapores são mais pesados que o ar e po<strong>de</strong>m movimentar-se alonga distância e acumular-se em áreas baixas.o O produto e seus vapores expostos em altas temperaturas po<strong>de</strong>m causar rupturasexplosivas nos recipientes <strong>de</strong> embalagem.o No combate ao fogo usar spray <strong>de</strong> água, espuma ou pó químico e usar equipamentos<strong>de</strong> proteção apropriados. Em caso <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nte, isolar a área <strong>para</strong> evitar <strong>da</strong>nos ao meioambiente.• Efeitos potenciais <strong>para</strong> a saú<strong>de</strong> humana:o Olhos: Po<strong>de</strong> causar irritação mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> com lesões nas córneas. Os vapores po<strong>de</strong>mirritar os olhos po<strong>de</strong>ndo causar lacrimejamento.o Pele: Uma exposição repeti<strong>da</strong> ou prolonga<strong>da</strong> po<strong>de</strong> causar irritação ou mesmoqueimadura na pele. O contato repetido po<strong>de</strong> causar ressecamento ou <strong>de</strong>scamação <strong>da</strong>pele.o Ingestão: Pequenas quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s lesões pouco prováveis. Gran<strong>de</strong>s quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>spo<strong>de</strong>m causar lesões. Irritação na boca garganta e sistema gastrintestinal. Se foraspirado, líquido entrando nos pulmões, po<strong>de</strong> ser rapi<strong>da</strong>mente absorvido e causarlesões com risco <strong>de</strong> morte <strong>de</strong>vido a pneumonia química.o Inalação: Perigoso em inalação <strong>de</strong> eleva<strong>da</strong>s concentrações <strong>de</strong> vapor causando efeitosanalgésicos ou narcóticos.o Outros sintomas: Exposição excessiva e uso ina<strong>de</strong>quado do produto e do solventepo<strong>de</strong>m atacar sistema nervoso central, causar per<strong>da</strong> <strong>de</strong> audição, <strong>da</strong>nos no fígado e atéa morte. Produto não cancerígeno em testes <strong>de</strong> longa duração em animais.


ANEXO III127MINI-PRENSA DE MESAA necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> uma prensa que estivesse sempre disponível <strong>para</strong> a pesquisalevou ao projeto <strong>de</strong> uma prensa leve <strong>de</strong> mesa, <strong>de</strong> conceito e construção simples, mas robusta obastante <strong>para</strong> permitir o uso no fechamento dos mol<strong>de</strong>s dos corpos <strong>de</strong> prova.O conceito foi o do macaco sanfona, usado em automóveis, que foi fixado <strong>de</strong> cabeça <strong>para</strong>baixo em um chassi metálico. O movimento <strong>de</strong> extensão do macaco <strong>para</strong> baixo é usado comoprensa. O chassi foi construído com uma haste <strong>de</strong> aço <strong>de</strong> 3/4” corta<strong>da</strong> e dobra<strong>da</strong> em peçasposteriormente sol<strong>da</strong><strong>da</strong>s.Esta prensa foi construí<strong>da</strong>, com baixo custo, especialmente <strong>para</strong> a pesquisa, usando peçascompra<strong>da</strong>s em ferro-velho, e construí<strong>da</strong> pela empresa Ycaro Victal Metalurgica’s. A figura abaixomostra as vistas <strong>da</strong> mini-prensa <strong>de</strong> mesa.MINI-PRENSA DE MESA


128As fotos abaixo mostram a mini-prensa em uso:


ANEXO IV129DETERMINAÇÃO DA PORCENTAGEM DE SERRAGEM RECICLADA NAMISTURA DO COMPÓSITO.Os testes preliminares foram feitos com o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar quais os valorespercentuais <strong>de</strong> resíduo po<strong>de</strong>ria ser usado. Inicialmente a meta era atingir valores <strong>de</strong> 50%ou mesmo superiores, mas estes testes apontaram <strong>para</strong> valores até 20%, que sãoa<strong>de</strong>quados <strong>para</strong> garantir a cura <strong>da</strong> resina <strong>de</strong> forma normal. Os valores acima <strong>de</strong> 20%(25% e 30%) não obtiveram sucesso, pois a resina per<strong>de</strong>u viscosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e não curoucorretamente. Essas porcentagens se apresentaram como uma massa espessa e molemesmo <strong>de</strong>correndo 3 semanas após a mistura dos ingredientes do compósito, gerandofalhas <strong>de</strong> mol<strong>da</strong>gem.TRAÇO COM30% SRM FINOPartes moles, não cura<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>3 semanas <strong>de</strong> misturados osingredientes resina e pó fino.TRAÇO COM25% SRM FINOPartes moles e não cura<strong>da</strong>s<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>de</strong>smol<strong>da</strong>gemgerando gran<strong>de</strong>s bolhas efalhas na superfície <strong>da</strong> peça.


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ANEXO V131MENSAGEM ELETRÔNICA DA DURATEX ®Mensagem eletrônica obti<strong>da</strong> pela empresa fabricante <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira reconstituí<strong>da</strong>DURATEX ® , ao ser questiona<strong>da</strong> pela possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do uso <strong>de</strong> serragem <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira comomatéria prima em seus produtos:De:"Tiago Di Giovani Lunardi" |Adicionar à lista <strong>de</strong> contatosPara:Data: Ter, 04 Mai 2004 11:10:44Assunto:Duratex Ma<strong>de</strong>ira - SerragemPrezado Marcelo,Agra<strong>de</strong>cemos por utilizar o Serviço <strong>de</strong> Atendimento ao Consumidor <strong>da</strong> Duratex.Em nosso processo produtivo não é utiliza<strong>da</strong> a serragem. Apenas geramos como resíduo pó e refiloproveniente do corte e lixamento <strong>da</strong>s chapas. Esse resíduo não é classificado e é utilizado comocombustível (biomassa) em nossas cal<strong>de</strong>iras.Atenciosamente,Tiago LunardiTel. (11) 4588-2108Fax. (11) 4588-2130E-mail - tiago.lunardi@duratex.com.brMAT - Assistência Técnica e Serviços


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133UFBAUNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAESCOLA POLITÉCNICADEPTº DE ENGENHARIA AMBIENTAL - DEAMESTRADO PROFISSIONAL EMGERENCIAMENTO E TECNOLOGIASAMBIENTAIS NO PROCESSO PRODUTIVORua Aristi<strong>de</strong>s Novis, 02, 4º an<strong>da</strong>r, Fe<strong>de</strong>ração, Salvador BACEP: 40.210-630Tels: (71) 3235-4436 / 3203-9798Fax: (71) 3203-9892E-mail: cteclim@ufba.brHome page: http://www.teclim.ufba.br

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