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SIRENE DA CONCEIÇÃO FERNANDES PRATACOMPETÊNCIAS GERENCIAISum estu<strong>do</strong> no segmento de negócios de limpeza urbana esaneamento de uma construtora mineiraDissertação de Mestra<strong>do</strong> apresentada ao Curso deMestra<strong>do</strong> Acadêmico em Administração da <strong>Faculdade</strong><strong>Novos</strong> <strong>Horizontes</strong>, como requisito parcial para a obtenção<strong>do</strong> título de Mestre em Administração.Orienta<strong>do</strong>ra: Professora Doutora Kely César Martins dePaivaÁrea de Concentração: Organização e estratégiaLinha de Pesquisa: Relações de Poder e Dinâmicas dasOrganizaçõesBelo Horizonte2008


Prata, Sirene da Conceição Fernandes.P912c Competências gerenciais: um estu<strong>do</strong> no segmento de negóciosde limpeza urbana e saneamento de uma construtora mineira /Sirene da Conceição Fernandes Prata. – Belo Horizonte: 2008.107f.Orienta<strong>do</strong>ra: Dra. Kely César Martins de PaivaDissertação (mestra<strong>do</strong>) – <strong>Faculdade</strong> <strong>Novos</strong> <strong>Horizontes</strong>,Programa de Pós-graduação em Administração1. Gerência. 2. Função gerencial. 3. Gerentes. 4. Competênciagerencial. I. Kely César Martins de Paiva. II. <strong>Faculdade</strong> <strong>Novos</strong><strong>Horizontes</strong>, Programa de Pós-graduação em Administração. III.TítuloCDD: 658.4Ficha elaborada pela Bibliotecária da <strong>Faculdade</strong> <strong>Novos</strong> <strong>Horizontes</strong>


A to<strong>do</strong>s que acreditam que sempre há espaço paraaprender e que respiram a aprendizagem da vidaentenden<strong>do</strong> que saber e não fazer é ainda não saber. Emespecial, a to<strong>do</strong>s aqueles que exercem a desafiantemissão de gerenciar pessoas.


AGRADECIMENTOSA Deus, pela presença constante em to<strong>do</strong>s os momentos difíceis e belos da minhaexistência, sobretu<strong>do</strong> por ter permiti<strong>do</strong> o convívio e a descoberta de tantoconhecimento e tanta aprendizagem;Ao meu mari<strong>do</strong>, Paulo e a meus filhos, Paulo Junio, Carlos e Ana Paula, que sempreme apoiaram nesta caminhada;Ao meu pai, Antônio (in memoriam), meu maior exemplo de força, de luta e decoragem, e à minha mãe, Geraldina, na sua <strong>do</strong>ce humildade e na sua presença nasorações;A Profa. Dra. Kely César Martins de Paiva, que, pelo acolhimento e serenidadeconstantes – amiga e orienta<strong>do</strong>ra, na verdadeira acepção da palavra – respaldadapelo saber, faz jus à missão de promover o crescimento daqueles que a rodeiam;Aos demais professores e funcionários da <strong>Faculdade</strong> <strong>Novos</strong> <strong>Horizontes</strong> na cidade deBelo Horizonte – Minas Gerais, por oportunizarem e compartilharem momentosgratificantes de aprendizagem;Ao Bianchini e à Tânia, que abriram as portas da empresa pesquisada, permitin<strong>do</strong>que a pesquisa se realizasse;A to<strong>do</strong>s que caminharam junto a mim apoian<strong>do</strong>-me e incentivan<strong>do</strong>-me.


RESUMOO objetivo geral deste trabalho foi descrever e analisar como se configuram ascompetências gerenciais, requeridas e efetivas, na opinião <strong>do</strong>s gestores de umaempresa mineira da construção civil, <strong>do</strong> segmento de limpeza urbana e saneamento,ten<strong>do</strong> em vista o seu crescimento como um to<strong>do</strong> e o de sua estrutura no segmentoobserva<strong>do</strong>. Para atender ao objetivo, apoiou-se em uma meto<strong>do</strong>logia nos seguintesmoldes: realização de um estu<strong>do</strong> de caso em uma empresa <strong>do</strong> segmento de limpezaurbana e saneamento, de natureza tanto qualitativa como quantitativa; definição dasunidades de análise e de observação como os baixos e médios gestores daempresa pesquisada; e utilização das técnicas de levantamento <strong>do</strong>cumental,entrevistas com a alta administração (contan<strong>do</strong> com quatro entrevista<strong>do</strong>s),questionário com as médias e baixas gerências (consideran<strong>do</strong> uma população de248 gestores e efetivan<strong>do</strong>-se a pesquisa com uma amostra de 237 respondentes); eobservação direta durante to<strong>do</strong> o processo de coleta de da<strong>do</strong>s. Para o tratamento deda<strong>do</strong>s, foram estabeleci<strong>do</strong>s os seguintes caminhos: os da<strong>do</strong>s secundários <strong>do</strong>levantamento <strong>do</strong>cumental foram aprecia<strong>do</strong>s à luz da técnica de análise de conteú<strong>do</strong>,assim como os da<strong>do</strong>s primários foram aprecia<strong>do</strong>s por meio de entrevistas; para osda<strong>do</strong>s primários coleta<strong>do</strong>s por meio <strong>do</strong>s questionários, foi realiza<strong>do</strong> um tratamentoestatístico de natureza uni e bivariada, com auxílio de softwares estatísticos. Dentreos principais acha<strong>do</strong>s, ressaltam-se: a empresa valoriza competências ligadasdiretamente às exigências <strong>do</strong>s clientes ou <strong>do</strong> próprio negócio, sen<strong>do</strong> que algumasdessas competências, <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong> arcabouço conceitual utiliza<strong>do</strong> nestadissertação, não poderiam ser assim consideradas, como é o caso de assiduidade efreqüência; os altos gestores apresentaram competências que não estão descritasnas políticas da empresa, denotan<strong>do</strong> um desalinhamento entre o prescrito naspolíticas e suas opiniões pessoais; as dimensões das competências quanto aosconhecimentos foram aquelas que obtiveram maior variação entre o requeri<strong>do</strong> pelaempresa e o efetivo <strong>do</strong> gestor, quan<strong>do</strong> comparadas às habilidades e atitudes;quanto às competências gerenciais, de acor<strong>do</strong> com Quinn et al. (2003), prevaleceu operfil eficaz de "produtores conceituais", quanto à percepção <strong>do</strong>s gestores sobre oque é espera<strong>do</strong> e prescrito pela empresa, enquanto que nos resulta<strong>do</strong>s dacompetência apontada como efetiva verificou-se que o modelo não se enquadra emnenhum <strong>do</strong>s perfis propostos pelo autor, apesar de os níveis apresenta<strong>do</strong>s seremconsidera<strong>do</strong>s eficazes, denotan<strong>do</strong> a necessidade de ajustes <strong>do</strong> modelo a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>; eas respostas com relação às competências prescritas pela organização indicam queos médios e baixos gestores parecem conhecer o que é demanda<strong>do</strong> deles emtermos das competências prescritas formalmente pela empresa em suas políticasinternas. Ao final, foram apontadas as limitações da pesquisa e as sugestões parainvestigações futuras.Palavras-chave: Competências profissionais, Competências gerenciais, Gerência,Gerentes, Gestores.


ABSTRACTThe main aim of the present work was to describe and analyze how one configuratesthe managerial competences which are required and effective, according to theopinion of the gestors of a construction company, from the segment of urbancleaning and sanitation services in Minas Gerais, Brazil, having in mind its growth asa whole and the growth of its structure in the observed segment. In order toaccomplish the proposed goal, one based the present study on the followingmetho<strong>do</strong>logy: a qualitative and quantitative case study in an organization of thesegment of urban cleaning and sanitation services; the definition of the middle andlower gestors of the researched company as the units of analysis and observation;the use of techniques of <strong>do</strong>cumental survey, interviews with high administration (fourinterviewed altogether), questionnaires for the middle and low managers (consideringa population of 248 gestors and concluding the research with a sample of 237answers); and direct observation during the whole process of data collection. In orderto treat the data, one established the following paths: secondary data of the<strong>do</strong>cumental survey was analyzed in the light of the content analysis technique,primary data was analyzed by means of interviews; statistical softwares were used totreat in an uni- and bi-varied nature the primary data collected by means ofquestionnaires. Amongst the main findings, one highlights the following: the companyvalues those competences directly linked to the demands of the clients or thebusiness itself. Some of those competences could not be so considered, from thepoint of view of the conceptual framework used in this dissertation, such asattendance and frequency; the high gestors presented competences that are notdescribed in the policies of the company, what denotes a disallignement between theprescribed in the policies and personal opinions; the importance of the competencesin relation to the knowledge was higher for the ones that obtained more variationamongst the required by the company and the gestor himself or herself, whencompared to the abilities and attitude; concerning the managerial competences,according to Quinn et al. (2003), the efficient profile of "conceptual productors"prevailed in relation to the perception of the gestors on what is expected andprescribed by the company, whereas in the results of competence pointed out aseffective, one verifies that the model <strong>do</strong>es not fit in any of the profiles proposed bythe author, despite the fact that the levels presented were considered efficient, thusdenoting the need of adjustments of the a<strong>do</strong>pted model; and the answers regardingthe competences prescribed by the organization indicate that the middle and lowergestors seem to know what is required from them regarding the competencesformally prescribed by the organization in its internal policies. At the end, thelimitations of the research were pointed out and one gave suggestions for furtherresearch.KEY WORDS: professional competences. Managerial competence. Management.Manager. Gestors.


LISTA DE GRÁFICOSGRÁFICO 1 – Distribuição <strong>do</strong>s respondentes quanto ao sexo ...........................60GRÁFICO 2 – Distribuição <strong>do</strong>s respondentes quanto à faixa etária...................61GRÁFICO 3 – Distribuição <strong>do</strong>s respondentes quanto ao esta<strong>do</strong> civil................62GRÁFICO 4 – Distribuição <strong>do</strong>s respondentes quanto a escolaridade................62GRÁFICO 5 – Distribuição <strong>do</strong>s respondentes por área de atuação atual ..........63GRÁFICO 6 – Distribuição <strong>do</strong>s respondentes quanto ao tempo de atuação naárea....................................................................................................64GRÁFICO 7 – Distribuição <strong>do</strong>s respondentes quanto ao cargo que ocupam ......65GRÁFICO 8 – Distribuição <strong>do</strong>s respondentes quanto ao tempo de atuação nocargo .................................................................................................66GRÁFICO 9 – Distribuição <strong>do</strong>s respondentes quanto ao tempo de trabalho naempresa ............................................................................................67GRÁFICO 10 – Distribuição <strong>do</strong>s respondentes quanto ao tempo de trabalho nosetor ................................................................................................68GRÁFICO 11 – Papéis das competências gerenciais, segun<strong>do</strong> o modelo deQuinn et al. (2003), requeri<strong>do</strong>s (desejada) e efetivos (real), napercepção <strong>do</strong>s respondentes .......................................................76GRÁFICO 12 – Papéis das competências gerenciais requeri<strong>do</strong>s, segun<strong>do</strong> o modelode Quinn et al. (2003), na percepção <strong>do</strong>s respondentes ...............78GRÁFICO 13 – Papéis das competências gerenciais efetivos, segun<strong>do</strong> o modelode Quinn et al. (2003), na percepção <strong>do</strong>s respondentes ............79GRÁFICO 14 – Médias globais entre os grupos – requeridas e efetivas............82


LISTA DE QUADROSQUADRO 1 – Competências para o profissional ..................................................34QUADRO 2 – Processo de desenvolvimento de competências..........................36


LISTA DE TABELASTABELA 1 – Competências, requeridas e efetivas, relacionadas aoconhecimento, segun<strong>do</strong> os respondentes ......................................69TABELA 2 – Competências, requeridas e efetivas, relacionadas às habilidades,segun<strong>do</strong> os respondentes.................................................................70TABELA 3 – Competências, requeridas e efetivas, relacionadas às atitudes,segun<strong>do</strong> os respondentes.................................................................72TABELA 4 – Competências gerenciais requeridas e efetivas, segun<strong>do</strong> o modelode Quinn et al. (2003), na opinião <strong>do</strong>s respondentes......................73TABELA 5 – Correlações entre as frases, por papel correspondente acompetências gerenciais, segun<strong>do</strong> o modelo de Quinn et al.(2003)...................................................................................................74TABELA 6 – Correlações entre papéis, segun<strong>do</strong> modelo de Quinn et al. (2003) egrupo restante ....................................................................................75TABELA 7 – Competências gerenciais, requeridas e efetivas, prescritas pelaempresa, segun<strong>do</strong> os respondentes................................................81


SUMÁRIO1 INTRODUÇÃO ............................................................................. 111.1 Objetivos ..........................................................................................................151.1.1 Objetivo geral .................................................................................................151.1.2 Objetivos específicos.....................................................................................152 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................ 172.1 Aspectos pertinentes da função gerencial .....................................................172.1.1 Evolução conceitual da função gerencial ....................................................172.1.2 Características da função gerencial e das habilidades <strong>do</strong>s gerentes .........212.1.3 Dilemas e desafios da função gerencial.......................................................232.2 A questão das competências...........................................................................252.2.1 Dimensões das competências: conhecimentos, habilidades e atitudes......372.3 Competências gerenciais .................................................................................402.3.1 Modelo de competências gerenciais de Quinn et al. (2003) .......................423 METODOLOGIA........................................................................... 473.1 Méto<strong>do</strong> de pesquisa..........................................................................................473.2 Unidades de análise e de observação.............................................................483.3 Técnicas de levantamento de da<strong>do</strong>s ...............................................................483.4 Tratamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s......................................................................................494 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ............................... 524.1 A empresa e suas políticas de gestão.............................................................524.1.1 Competências gerenciais definidas para os gestores da política de gestãode pessoas e da política de qualidade da empresa.....................................534.1.2 Competências gerenciais, na ótica da alta administração da empresa ........564.1.3 Competências gerenciais, na ótica <strong>do</strong>s baixos e <strong>do</strong>s médios gestores .......594.2 Da<strong>do</strong>s demográficos.........................................................................................604.3 Estu<strong>do</strong> das competências gerenciais..............................................................685 CONCLUSÃO .............................................................................. 87REFERÊNCIAS............................................................................... 92APÊNDICES ................................................................................... 97APÊNDICE A – Roteiro de entrevista com a alta administração....... 98APÊNDICE B – Questionários ....................................................... 99


111 INTRODUÇÃOPara Davenport e Prusak (1998), para manterem-se competitivas no atual merca<strong>do</strong>,as empresas necessitam realizar mudanças com bastante freqüência e investirsempre, sobretu<strong>do</strong> no potencial humano. Assim, os gerentes podem assumir umimportante papel, na medida em que se tornam responsáveis pelo crescimento edesenvolvimento de seus colabora<strong>do</strong>res. Nesta mesma direção, o autor afirma:Os processos de inovações organizacionais se estabelecem a partirde necessidades merca<strong>do</strong>lógicas, se desenvolvem através de açõesestratégicas e estão fundamenta<strong>do</strong>s no maior patrimônio empresarialque é o capital humano (DAVENPORT; PRUSAK, 1998, p. 144).Dessa forma, as ações estratégicas também se ancoram nas pessoas, que podemser o grande diferencial para o sucesso das organizações.Nesse senti<strong>do</strong>, Kaplan e Norton (2004, p. 7) apontam que[...] os ativos intangíveis de uma organização são a fontes definitivasde criação de valor sustentável: os objetivos de aprendiza<strong>do</strong> ecrescimento descrevem como pessoas, tecnologia, liderança e climaorganizacional se conjugam.Observa-se que ambos os autores convergem para a linha de pensamento segun<strong>do</strong>a qual as pessoas representam um ativo importante para a organização e odesenvolvimento de suas competências pode representar um importante diferencialcompetitivo.Para Salinas (2005), o contexto de merca<strong>do</strong>s interliga<strong>do</strong>s em tempo real coloca asempresas diante <strong>do</strong> desafio de tornarem-se mais flexíveis e de concentrarem-se emsuas principais competências, crian<strong>do</strong> uma capacidade de dar respostas rápidas esintonizadas às mudanças. Segun<strong>do</strong> o autor, flexibilidade e rapidez podemrepresentar o sucesso ou o fracasso de uma empresa. Nesta mesma perspectiva,Prahalad e Hamel (1990) reforçam que as competências organizacionais podemviabilizar diferenciais competitivos sustentáveis. Tal concepção evidencia a


12dimensão estratégica <strong>do</strong> conceito de competências e reforça a idéia de que osrecursos internos da empresa constituem seus principais fatores de competição.Melo (2005) complementa esse raciocínio afirman<strong>do</strong> que as competências dessanatureza podem ser potencializadas no trabalho gerencial, de mo<strong>do</strong> que tal processopossa permitir que uma empresa responda às exigências <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>.Quanto aos gerentes, Quinn et al. (2003) afirmam que eles se vêem diante degrandes desafios, já que o mun<strong>do</strong> não pára de transformar-se e as estratégias queforam eficazes ontem podem não o ser em outra situação. De acor<strong>do</strong> com o autor,exige-se <strong>do</strong>s gerentes a capacidade de explorar e utilizar competências ecomportamentos específicos e intrínsecos a cada papel .Para que possam transitarneste ambiente, evidencia-se cada vez mais a necessidade de desenvolver novasou outras competências. Nesta perspectiva, torna-se vital identificar, manter edesenvolver o que os gestores sabem e o mo<strong>do</strong> como sabem fazer, de maneira agarantir a excelência das competências necessárias para enfrentar os desafios <strong>do</strong>snegócios (QUINN et al.; 2003).Segun<strong>do</strong> Ramos (2002), a noção de competência tem relação direta com astransformações produtivas que são impulsionadas pelas novas estratégiascompetitivas, incluin<strong>do</strong> inovação em tecnologia, gestão de recursos humanos emudanças nas organizações. Para essa autora, <strong>do</strong>is componentes são importantespara que as empresas se tornem competitivas: enfatizar as competências chavesdas organizações, isto é, os elementos que as diferenciam <strong>do</strong>s concorrentes; eaproveitar todas as competências <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, ou seja, a contribuição daspessoas para que a empresa alcance os seus objetivos.Ruas (2004) acrescenta que no campo da Administração a expressão competênciaapresenta pelo menos duas grandes perspectivas, associadas a um eixo conceitual:a de que se desenvolve na dimensão estratégica das organizações, e representacom isso um diferencial competitivo para as organizações; e a comentada por Ruas(2004) que parece ser a mais difundida e conhecida, trazen<strong>do</strong> tal conceito comoreferência de práticas associadas à gestão de pessoas, tais como seleção,desenvolvimento, avaliação e remuneração.


13Dutra (2001) afirma que a competência, na lógica descrita acima, é percebida poralguns teóricos da Administração como um conjunto de conhecimentos, habilidadese atitudes necessários para que os emprega<strong>do</strong>s possam desenvolver as suasatribuições e as suas responsabilidades. O autor ressalta que as pessoas podempossuir determina<strong>do</strong> conhecimento ou conjunto de habilidades e atitudes, porémisso não garante que a empresa se beneficiará diretamente com a situação. Assim,há que se considerar também o conceito de entrega, que reflete a capacidade <strong>do</strong>querer de cada indivíduo e, de forma mais individualizada, refletin<strong>do</strong> o saber agir deuma maneira responsável e de ser também reconheci<strong>do</strong> por isso.Para Quinn et al. (2003), os estu<strong>do</strong>s até então realiza<strong>do</strong>s permitem refletir sobre oselementos das novas práticas de gestão que configuram o modelo de gestão porcompetências no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho, que são: valorização <strong>do</strong>s altos níveis deescolaridade; valorização da mobilidade; e acompanhamento individualiza<strong>do</strong> <strong>do</strong>scolabora<strong>do</strong>res. Assim, a a<strong>do</strong>ção de um modelo de gestão de competênciasprofissionais pelas gerências pode tornar-se fundamental para a sobrevivência dasorganizações e está relacionada diretamente ao uso <strong>do</strong> controle e à formação edesempenho da força de trabalho, diante das novas exigências impostas pelopadrão de acumulação capitalista flexível: competitividade, agilidade eracionalização de custos. Percebe-se que a gestão de competências implica disporde trabalha<strong>do</strong>res flexíveis para lidar com as mudanças no processo produtivo eenfrentar imprevistos, valen<strong>do</strong>-se tanto da polivalência como das constantesatualizações em termos de competências.Dessa maneira, percebe-se a importância da gerência na gestão de competênciasno cenário atual. Em virtude <strong>do</strong> seu posicionamento hierárquico, são os gestores osresponsáveis pela identificação das competências essenciais ao negócio e àsnecessidades de cada função. A partir daí é que se definem as competências <strong>do</strong>strabalha<strong>do</strong>res necessárias à organização. Na gestão de competências, osconhecimentos e as habilidades adquiri<strong>do</strong>s no processo educacional, na escola ounas empresas precisam ter uma utilidade prática, que seja tão eficiente como eficaz(ULRICH, 2003). Segun<strong>do</strong> Ulrich (2003), a empresa necessita de uma estruturaconfiável e firme para que possa funcionar. Essa estrutura deve ser capaz de


integrar órgãos, pessoas, tarefas e relações, e precisa de delinear as capacidades equalidades de seus membros com a organização da força de trabalho.14Entende-se <strong>do</strong> exposto que as competências e a atuação efetiva das gerências sãofundamentais para garantir a manutenção e o crescimento da empresa. No merca<strong>do</strong>atual, caracteriza<strong>do</strong> pelo alto nível de competição, considera-se essencial aparticipação desses funcionários, com o propósito de tornar a organização coesa,ágil e competitiva.Da<strong>do</strong> o cenário exposto, esta pesquisa teve como contexto o caso de umaorganização no segmento de limpeza urbana e saneamento, que passa atualmentepor um momento de grandes transformações, ten<strong>do</strong> inicia<strong>do</strong> as suas atividades em1990, com o propósito de suprir a demanda por habitações populares. Desde então,vem construin<strong>do</strong> obras habitacionais e serviços de infra-estrutura urbana emdiversas cidades. Nos últimos anos, diversificou suas atividades, atuan<strong>do</strong> tambémnos setores de ferrovias, saneamento e limpeza urbana. No perío<strong>do</strong> de seis meses,passou de 300 para 1.300 emprega<strong>do</strong>s diretos.Tal crescimento provocou, de um la<strong>do</strong>, problemas básicos de infra-estrutura(banheiros, refeitórios, vestiário) e outros associa<strong>do</strong>s à gestão de pessoas, comosegurança no trabalho, medicina ocupacional, plano de carreira e comunicação; e,de outro, a necessidade de a organização concentrar-se aspectos relaciona<strong>do</strong>s àa<strong>do</strong>ção de um sistema de gestão e de desenvolvimento de pessoas que, centra<strong>do</strong>na formação de competências, fosse capaz de sustentar e potencializar a ampliaçãode suas atividades, tanto no merca<strong>do</strong> da limpeza urbana e saneamento como foradele.Note-se, portanto, que várias demandas surgiram e que o papel gerencial mostrousefundamental para a consecução <strong>do</strong>s objetivos organizacionais.Nesse contexto, o problema da pesquisa pode ser coloca<strong>do</strong> da seguinte forma:Como se configuram as competências gerenciais, requeridas e efetivas, na opinião<strong>do</strong>s gestores?


Para responder a tal questionamento, seguem-se os objetivos geral e específicos dapesquisa realizada.151.1 Objetivos1.1.1 Objetivo geralDescrever e analisar como se configuram as competências gerenciais, requeridas eefetivas, na opinião <strong>do</strong>s gestores de uma empresa mineira da construção civil <strong>do</strong>segmento de limpeza urbana e saneamento, ten<strong>do</strong> em vista o sensível crescimentotanto da organização como um to<strong>do</strong> quanto de sua estrutura no segmentoobserva<strong>do</strong>.1.1.2 Objetivos específicosa) Descrever e analisar as competências gerenciais definidas para osgestores nas políticas de gestão de pessoas e na política de qualidade daempresa;b) Descrever e analisar as competências gerenciais na ótica da altaadministração da empresa;c) Descrever e analisar as dimensões das competências profissionais, asaber: conhecimentos, habilidades e atitudes, requeridas e efetivas, <strong>do</strong>sgestores, na sua própria opinião; ed) Descrever e analisar as competências gerenciais, segun<strong>do</strong> o modelo deQuinn et al. (2003), requeridas e efetivas, na opinião <strong>do</strong>s gestores daempresa.Além da contribuição de cunho teórico para o aprofundamento da compreensãoacerca da competência profissional, no nível gerencial, este estu<strong>do</strong> ainda considerou


172 REFERENCIAL TEÓRICOTen<strong>do</strong> em vista os objetivos desta pesquisa, o referencial teórico foi estrutura<strong>do</strong> daseguinte forma: aspectos pertinentes da função gerencial; a questão dascompetências; e competências gerenciais, especificamente.2.1 Aspectos pertinentes da função gerencialNeste item, serão trata<strong>do</strong>s os aspectos considera<strong>do</strong>s mais pertinentes da funçãogerencial para os fins desta dissertação, ten<strong>do</strong> em vista que a pesquisa empírica sedeu com gestores. Assim, serão apresenta<strong>do</strong>s três subitens: evolução conceitual dafunção gerencial; características da função gerencial e das habilidades <strong>do</strong>s gerentes;e dilemas e desafios da função gerencial, aponta<strong>do</strong>s pela literatura. Percebe-se quetais discussões são importantes para a compreensão das competências gerenciais,alvo desta dissertação.2.1.1 Evolução conceitual da função gerencialPara Maximiano (2002), os gerentes são os agentes ou protagonistas <strong>do</strong> processoadministrativo e a maneira como atuam varia de empresa para empresa. Nestaperspectiva, torna-se importante entender como se deu a evolução conceitual dafunção gerencial. Nesse senti<strong>do</strong>, Maximiano (2002) apresenta estu<strong>do</strong>s econtribuições <strong>do</strong>s principais autores que se dedicaram à compreensão <strong>do</strong>s papéis eda própria função gerencial. O primeiro estu<strong>do</strong> cita<strong>do</strong> por Maximiano (2002) foi o deHenry Fayol, abordan<strong>do</strong> o processo administrativo.


18Para Fayol (1970), a empresa pode ser considerada um sistema racional regi<strong>do</strong> porregras e autoridade. Assim, o trabalho <strong>do</strong> gestor consistia em tomar decisões,estabelecer metas, definir diretrizes e atribuir responsabilidades. Suas atividadespoderiam ser expressas em termos de planejar, organizar, comandar e controlar.Maximiano (2002) aponta que Fayol foi pioneiro em reconhecer que a funçãoadministrativa deveria ser vista como uma função separada das demais dasorganizações. E foi essa discussão que abriu, segun<strong>do</strong> o autor, os caminhos para oestu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s papéis gerenciais.Outro autor referencia<strong>do</strong> por Maximiano (2002) foi Chester Barnard. Barnard (1938)procurou estudar as funções <strong>do</strong> executivo. Na condição de economista, suas idéiascontribuíram para o estu<strong>do</strong> da administração, especificamente sobre a evoluçãogerencial, concentran<strong>do</strong>-se nas funções <strong>do</strong> executivo, a saber: incutir senso depropósito moral; trabalhar com a organização informal; facilitar a comunição; tomardecisões; e entender a aceitação da autoridade. Maximiano (2002) sintetiza asfunções <strong>do</strong> executivo, segun<strong>do</strong> Barnard, da seguinte forma:(1) desenvolver e manter um sistema de comunicação com aorganização informal, como estratégia para possibilitar a eficáciada organização,(2) promover a formação e a manutenção de um sistema derecursos humanos, incluin<strong>do</strong> a motivação das pessoas, por meiode incentivos eficazes;(3) formular e definir os propósitos, objetivos e fins da organização,o que inclui a <strong>do</strong>utrinação <strong>do</strong>s funcionários operacionais com ospropósitos gerais e as grandes decisões, para que elespermanecem coesos e alinha<strong>do</strong>s com a organização(MAXIMIANO, 2002, p. 52).Seguin<strong>do</strong> a ordem de evolução apresentada por Maximiano (2002), o terceiro autorque trouxe efetiva contribuição para a função gerencial foi Herbert Simon. Simon(1960) ressaltou a importância <strong>do</strong> processo decisório nos estu<strong>do</strong>s sobre os papéis<strong>do</strong>s gerentes, assim como para Barnard (1938). Simon (1960) concebe o processode tomada de decisões como ten<strong>do</strong> início na análise de uma situação, passan<strong>do</strong>pela dicussão das opções para solucionar o problema, finalizan<strong>do</strong> com a fase dadecisão, que envolve a escolha da melhor ação, a estratégia de implantação e aforma de controlar seus efeitos. De acor<strong>do</strong> com Maximiano (2002), Simon teve suabase conceitual na teoria <strong>do</strong> homem econômico, modelo que simplificaria o


19pensamento e a ação. Simon (1960) propõe a concepção de homem administrativoem lugar <strong>do</strong> homem econômico, no qual os gestores, para lidarem com as decisões,precisam de habilidades que permitam atuar em um contexto de complexidade,buscan<strong>do</strong> a eficiência.Mintzberg (1973), por sua vez, deteve-se nos papéis gerenciais. O autor questiona opapel <strong>do</strong> gerente conforme apresenta<strong>do</strong> por Fayol (1970), apontan<strong>do</strong> que osgerentes apenas planejam, organizam, dirigem e controlam. Para Mintzberg (1973),essas são apenas funções administrativas <strong>do</strong>s gerentes que têm várias outrasfunções. Para ele, os gerentes desempenham dez papéis, assim distribuí<strong>do</strong>s:a) papéis interpessoais – o gerente assume a figura de proa (um símbolo erepresentante das relações públicas), de líder e de elemento de ligação;b) papéis de informação – o gestor assume papéis de monitor, dissemina<strong>do</strong>re porta-voz;c) papéis de decisão – o gerente atua como empreende<strong>do</strong>r, inicia<strong>do</strong>r econtrola<strong>do</strong>r de distúrbios, administra<strong>do</strong>r de recursos e negocia<strong>do</strong>r.O modelo de Quinn et al. (2003), discuti<strong>do</strong> mais adiante, trabalha as competênciasgerenciais a partir da execução de papéis por parte <strong>do</strong>s gestores. Ressalte-se quetal modelo guarda semelhanças com o desenvolvi<strong>do</strong> por Mintzberg (1973). Noentanto, algumas atividades se interpõem no modelo de Quinn et al. (2003),conforme será destaca<strong>do</strong> no item 2.3.Ainda na linha de evolução <strong>do</strong>s papéis gerenciais, segun<strong>do</strong> Maximiano (2002),destaca-se a contribuição dada por Rosemary Steward (1982), que também serefere ao processo decisório. Parece importante destacar a compreensão da autoraa respeito <strong>do</strong> papel <strong>do</strong> gerente em três dimensões: escolhas, exigências erestrições. Maximiano (2002) sintetiza da seguinte forma:a) escolhas – correspondem às atividades que o ocupante <strong>do</strong> cargo poderealizar, mas não é obriga<strong>do</strong> a fazer. Elas abrem um espaço para que osgestores possam desenvolver outras tarefas;


20b) exigências – são as tarefas que o gestor deve desempenhar, distribuídasao longo <strong>do</strong> dia, responden<strong>do</strong> a demandas, tais como: participar dereuniões, fazer contatos e cumprir algumas funções burocráticas.c) Restrições – “são os fatores internos ou externos à organização e quepodem limitar o que o ocupante <strong>do</strong> cargo pode fazer” (MAXIMIANO, 2002,p. 58). Essas restrições podem acabar impon<strong>do</strong> o ritmo de trabalho ecrian<strong>do</strong> limitações à ordem de legislação, à limitação de recursos etc.Percebe-se que a evolução, segun<strong>do</strong> a literatura citada, refere-se mais ao estu<strong>do</strong><strong>do</strong>s papéis <strong>do</strong> gerente <strong>do</strong> que propriamente à descrição <strong>do</strong> que o gerente poderáfazer ou faz no âmbito de sua descrição de seu cargo.Maximiano (2002) cita também o autor Fred Luthans (1988), que destaca odesempenho <strong>do</strong>s gerentes, classifican<strong>do</strong> suas atividades em quatro categorias:a) funções gerenciais – expressas pela tomada de decisões, planejamento econtrole de tarefas;b) comunicação – aqui representada pela troca e processamento dasinformações e pelo processamento de <strong>do</strong>cumentações;c) administração de recursos humanos – com a abordagem das questões demotivação, resolução de conflitos, treinamento, contratação, enfim aspráticas de gestão <strong>do</strong>s recursos humanos; ed) relacionamento (networking) – representa<strong>do</strong> pela manutenção das relaçõessociais, política e interação com órgãos internos e externos à organização.Maximiano (2002) apresenta as contribuições trazidas por Andrew Grove (1983). Apercepção de Grove (1983) é sustentada pelos princípios de administração de altaperformance e traz à tona idéias básicas que vêm orientar a administração, a saber:produção, trabalho em equipe e empenho individual.Convém destacar que as contribuições citadas não parecem excludentes. Mesmoquan<strong>do</strong> faz críticas à linha de pensamento de outro, o autor evidencia a soma deconhecimentos, habilidades e atitudes; enfim, as capacidades <strong>do</strong>s gerentes. Ouseja, mesmo trabalhan<strong>do</strong> numa equipe de alta performance, a prática <strong>do</strong>s gestores


demonstra que eles sempre vão controlar, dirigir, acompanhar etc., atividades queremontam às idéias de Fayol.212.1.2 Características da função gerencial e das habilidades <strong>do</strong>s gerentesSegun<strong>do</strong> Motta (2003), o papel <strong>do</strong>s gerentes é atípico. Por isso, torna difícil dedescrever esse papel, uma vez que o exercício da função gerencial apresentadiferentes aspectos, que contrastam com outras funções administrativas. Ainda, oautor apresenta uma metáfora que busca identificar a função gerencial no mun<strong>do</strong>contemporâneo: “Ser dirigente é como reger uma orquestra, onde as partiturasmudam a cada instante e os músicos têm liberdade para marcar seu própriocompasso” (MOTTA, 2003, p. 19).Como se reporta o autor em sua analogia, o gerente se vê diante de diversosaspectos, controvérsias e ambigüidades relaciona<strong>do</strong>s à sua função gerencial. Asorganizações são diferentes, as pessoas são diferentes, e o gerente encontra-senesse processo com atores e/ou coadjuvantes de sua própria função.Motta (2003) comenta que gerenciar é a arte de pensar, de decidir e de agir, quepode ser traduzida na arte de fazer acontecer os resulta<strong>do</strong>s. Porém, essesresulta<strong>do</strong>s precisam ser alcança<strong>do</strong>s e são alcança<strong>do</strong>s por intermédio de pessoas.Os estu<strong>do</strong>s da literatura apresentam, de acor<strong>do</strong> com Motta (2003, p. 29)contribuições importantes no que tange ao significa<strong>do</strong> e aos objetivos dashabilidades gerenciais, como se segue:a) habilidade cognitiva – que assume um significa<strong>do</strong> em que o gerentesabe categorizar problemas administrativos e vê relações entre essascategorias, compreenden<strong>do</strong> o to<strong>do</strong> por meio de conhecimento geral (visãosistêmica). O objetivo pode ser traduzi<strong>do</strong> como aprendizagem daadministração, a partir <strong>do</strong> estoque de conhecimentos existentes sobre adefinição de objetivos e formulação de políticas. Nesta lógica, as idéias


22apresentam-se como sistematizadas sobre estruturas processos, técnicase comportamentos organizacionais;b) habilidade analítica – o significa<strong>do</strong> passa a ser: saber a utilidade e apotencialidade das técnicas administrativa, adquirin<strong>do</strong> maior realismo ecriatividade na solução de problemas. Aqui, o objetivo está descrito comoa capacidade de decompor problemas administrativos, identifican<strong>do</strong>variáveis fundamentais e estabelecen<strong>do</strong> as relações de causa e efeitoEste papel pode assumir grande importância quan<strong>do</strong> os gestores buscamnovas soluções, objetivos e prioridades para agir;c) habilidade comportamental – assume o significa<strong>do</strong> de obter respostascomportamentais consistentes com os objetivos de eficiência, eficácia esegurança no trabalho. O objetivo da habilidade comportamental setraduz na aprendizagem de novas maneiras de interação humana, dentreos padrões alternativos, e de novas formas de comunicação,relacionamento interpessoal e exercício da função ao lidar com a relaçãode poder e autoridade;d) habilidade da ação – aqui, expressan<strong>do</strong> o significa<strong>do</strong> de ser capaz deinterferir intencionalmente no sistema organizacional, transforman<strong>do</strong>objetivos, valores e conhecimentos em formas efetivas de ação. Nestecontexto, a habilidade de ação passa a expressar o objetivo de aprendersobre si próprio, sobre a função gerencial, sobre os objetivos da empresae, sobretu<strong>do</strong>, sobre o comprometimento com a missão socioeconômica daempresa em que atua.Nesta mesma linha de raciocínio, Davel e Melo (2003) apontam uma contribuiçãoimportante para os estu<strong>do</strong>s em questão quan<strong>do</strong> comentam que o trabalho <strong>do</strong>sgerentes não é constituí<strong>do</strong> por um conjunto de atividades e tarefas organizadas. Osgerentes podem lidar com várias situações ao longo de um dia, e essas atividadessão, ao mesmo tempo, competitivas e contraditórias. Por isso, tornam-se importantesas questões associadas a interação, compromisso e negociação no trabalhogerencial.Percebe-se que os autores referencia<strong>do</strong>s convergem também para a linha depensamento de que os gestores desempenham um papel importante nas


organizações e necessitam de habilidades múltiplas e de aprimoramento para lidarcom as diversas questões e aspectos que permeiam a função gerencial.232.1.3 Dilemas e desafios da função gerencialPara Aktouf (2005), prefacian<strong>do</strong> o livro de Davel e Melo (2005), tratar dastransformações e peculiaridades <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong>s gerentes parece difícil, dadas ascircunstâncias, os dilemas, os desafios e os diversos questionamentos acerca dafunção gerencial. O autor trata das questões de ser gerente, administra<strong>do</strong>r, de serpessoa administrada, <strong>do</strong> conflito e da traição <strong>do</strong> trabalho de ser gerente, que seinstauram nas discussões filosóficas e ou no campo da administração.O autor permite a reflexão de que o profissional enquanto gerente também vive osdilemas de ser emprega<strong>do</strong> e de estar à mercê <strong>do</strong> processo de cobrança e de sercobra<strong>do</strong> por resulta<strong>do</strong>s, ações e atitudes nas quais ele também se insere enquantosujeito e objeto das decisões e das muitas vezes em que se debruça nessacontradição.Davel e Melo (2005) comentam sobre essa questão das particularidades esingularidades que envolvem o trabalho <strong>do</strong>s gerentes:O trabalho <strong>do</strong>s gerentes e perpassa<strong>do</strong> pelo exercício <strong>do</strong> poder e pelamediação de interesses, o que os inscrevem numa certa lógica de<strong>do</strong>minação oriunda <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>do</strong> sistema capitalista. Nesteaspecto pode-se então focalizar o gerente como um media<strong>do</strong>r <strong>do</strong>sinteresses organizacionais ou de seus próprios interesses, mastambém como um agente <strong>do</strong> sistema capitalista e um reprodutor daideologia desse sistema. (MELO, 2005, p. 37).Essa citação leva à reflexão sobre as dimensões <strong>do</strong> trabalho gerencial – ou seja, asdimensões política, econômica e social –, além das relações de poder que podemestar, implícitas ou explícitas, nessas relações.


26senti<strong>do</strong> mais amplo de prontidão para executar determinada tarefa, trabalho oufunção. O reconhecimento deste esta<strong>do</strong> é que toma novas proporções,principalmente nas empresas, para qualificar as pessoas na realização de umdetermina<strong>do</strong> trabalho.Segun<strong>do</strong> Luz e Vieira (2004), não existe unanimidade quanto ao conceito decompetência. A extensão significativa <strong>do</strong> termo ainda não é suficientementeexplorada, o que acarreta diversas conotações e ênfases, quer em senti<strong>do</strong> lato desua própria conceituação, quer nas diversas acepções de suas derivações.A literatura aponta três principais escolas teóricas que se dedicam a estudar asconcepções <strong>do</strong> termo, por meio de modelos estruturais, que se diversificam emobjetivos e focos: as teorias behaviorista, funcionalista e construtivista,representadas, respectivamente, pelos modelos comportamentais, funcionalistas econstrutivistas, comumente associa<strong>do</strong>s à escola americana, à escola inglesa e àescola francesa.Barato (1998) enfatiza, segun<strong>do</strong> a concepção teórica da escola francesa, que oconceito está vincula<strong>do</strong> ao trabalho e à educação. Neste caso, as competências sãoconsideradas resulta<strong>do</strong> de uma educação sistemática e, não como aponta a escolabritânica, resulta<strong>do</strong> de trabalho e fatores liga<strong>do</strong>s ao desempenho das organizações,ten<strong>do</strong> como base o merca<strong>do</strong>. A grande diferença de concepção entre essas duascorrentes teóricas, segun<strong>do</strong> o autor, reside no fato de a escola francesa privilegiar aeducação e as habilidades <strong>do</strong>s alunos, ao passo que o sistema britânico, prioriza oscomportamentos observáveis. O autor aponta que, apesar das diferenças, ambasdefinem competências toman<strong>do</strong> como base as raízes comportamentalistas, aodefinirem o termo como a capacidade pessoal de articular saberes com fazeresefetivos. Interessante apontar aqui que competência é definida como umacapacidade <strong>do</strong> indivíduo e não se confunde com desempenho, que é utiliza<strong>do</strong> paraavaliar a competência. Segun<strong>do</strong> Barato (1998, p. 16), competências são: “saberesque compreendem um conhecimento capaz de produzir determina<strong>do</strong>s desempenhosassim como de assimilar e produzir informações pertinentes”


27Luz e Vieira (2004) apoiam-se em uma definição utilizada amplamente na França aoconsiderar competência como um conjunto de saberes mobiliza<strong>do</strong>s em situação detrabalho. Os componentes ampara<strong>do</strong>s por esta concepção são os saberes ouconhecimentos específicos coloca<strong>do</strong>s em prática, tais como: o saber-fazer, asaptidões, a inteligência pessoal e profissional, as capacidades e a vontade decolocar em prática e de desenvolver as competências (CONGRÉS FORCE, 1994,cita<strong>do</strong> por JORAS, 1995).Luz (2001) observa que a competência envolve um sistema, uma organizaçãoestruturada, uma combinação de elementos. Gilbert e Parlier (1992, apud LUZ,2001, p. 53) definem as competências como “conjuntos de conhecimentos, decapacidade de ação e de comportamentos estrutura<strong>do</strong>s em função de um fim e emum tipo de situação dada”. Nesta definição, competências pressupõem a capacidadede transferência, de aprendizagem e de adaptação. Não é imitar, mas poder adaptara conduta às situações novas e imprevistas. Ou seja, “é poder improvisar onde osoutros não fazem mais que repetir” (LUZ, 2001, p. 53).Stroobants (1997), cita<strong>do</strong> por Luz (2001, p. 54), aponta outra definição decompetências: “o saber mobilizar conhecimentos e qualidades, para fazer frente aum da<strong>do</strong> problema, ou seja, as competências designam conhecimentos e qualidadescontextualiza<strong>do</strong>s”. Como se depreende da definição acima, o saber mobilizarconhecimentos pode identificar como os conhecimentos, as capacidades e asqualidades podem ser disponibiliza<strong>do</strong>s para solucionar uma situação ou umproblema. Assim, segun<strong>do</strong> a autora, esse conceito envolve saberes ouconhecimentos formais, o saber fazer e o saber ser (saber social), que mobilizam asestratégias e as visões de mun<strong>do</strong>. Acrescenta-se a este conceito o fato de os <strong>do</strong>issaberes caminharem juntos e de complementarem-se com um terceiro saber, que éo saber agir. Evers; Rush; Berdrow (1998) e Le Boterf (1995), conforme Luz (2001),corroboram tais componentes, sen<strong>do</strong> que Le Boterf (1995) afirma que a essência dacompetência é um saber agir que é diferente <strong>do</strong> saber fazer, associan<strong>do</strong> este saberfazer à finalidade <strong>do</strong> saber. Assim, os estu<strong>do</strong>s permitem a reflexão de que a ação édiferente <strong>do</strong> comportamento, uma vez que a ação assume um senti<strong>do</strong> peculiar parao sujeito. Assim, em determinadas situações, o saber agir pode significar não agir.


28Segun<strong>do</strong> Zarifian (2001, p. 65), o significa<strong>do</strong> da competência surgiu liga<strong>do</strong> à crise <strong>do</strong>modelo da prescrição. Para o autor, as mutações <strong>do</strong> trabalho e das própriasorganizações, em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s anos 1980, fizeram com que se repensasse oconceito de competência: de um la<strong>do</strong>, um movimento de retorno <strong>do</strong> trabalhoapresentan<strong>do</strong>-se como atualização organizada <strong>do</strong> poder de pensamento e de ação<strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r; e, de outro, um movimento de apreensão subjetiva, significan<strong>do</strong> umsaber mais socializa<strong>do</strong>. Diante disso, os emprega<strong>do</strong>s começaram a lidar comproblemas de gestão e questionamentos quanto à validade das normas rotineiras, oque acarretou aumento <strong>do</strong> nível de exigência e, conseqüentemente, aumento <strong>do</strong>nível de desempenho (LUZ, 2001).Para Luz (2001), o vocábulo competência deve ser entendi<strong>do</strong>, em primeiro plano,como a responsabilidade pessoal que o emprega<strong>do</strong> assume diante das situaçõesprodutivas. Trata-se, portanto, de uma atitude social de engajamento, deenvolvimento, porque mobiliza a sua inteligência e subjetividade, significan<strong>do</strong>assumir riscos, até mesmo o de fracassar. O termo deve, ainda, ser entendi<strong>do</strong> comoo exercício sistemático da reflexividade no trabalho – isto é – o distenciamentocrítico diante <strong>do</strong> trabalho, o questionamento sistemático <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de trabalhar e <strong>do</strong>sconhecimentos que a pessoa utiliza. Como tal, não pode ser imposto, mas deve virda própria pessoa.Nesse senti<strong>do</strong>, Zarifian (2001) afirma que a competência não funciona semaquisição, isto é, sem um processo de aprendizagem. O trabalha<strong>do</strong>r, além deenfrentar novas situações com iniciativa e responsabilidade, deve ser guia<strong>do</strong> pelainteligência prática, mobilizan<strong>do</strong> suas próprias capacidades.Fleury e Fleury (2001) também enfatizam o resulta<strong>do</strong> observável da competênciaquan<strong>do</strong> associada ao desempenho. Competência é um saber agir responsável ereconheci<strong>do</strong> que faz com que a pessoa se mobilize para integrar, transferirconhecimentos, recursos e habilidades que agreguem valor à organização,representan<strong>do</strong> também um valor social para o indivíduo. Para Fleury e Fleury (2001),o assunto competência entrou para discussão nos campos empresarial eacadêmico, com diferentes abordagens de compreensão: em nível da pessoa, noque diz respeito a competência individual; em nível das organizações, no que diz


29respeito a competência organizacional. Assim, a palavra competência, no sensocomum, é empregada para designar que uma pessoa está qualificada para realizardeterminada função ou trabalho. Nos últimos anos, o tema competência entrou paraa pauta das discussões empresariais, associa<strong>do</strong> às core competences, oucompetências chaves das organizações. Entretanto, os autores apontam que noambiente organizacional esse conceito ainda está em construção. A percepção é deque esse debate faz-se presente em face das muitas discussões no campoempresarial, por meio de questionamentos que têm por objetivo relacionarconhecimento e competência, no senti<strong>do</strong> de o indivíduo ser capaz de desenvolver(ou não) adequadamente uma tarefa ou determina<strong>do</strong> trabalho. A negação dacapacidade de uma pessoa executar determina<strong>do</strong> trabalho não implica somente anegação de sua capacidade em si, mas guarda um sentimento pejorativo edepreciativo, que pode significar que a pessoa se encontra ou poderá se encontrarbrevemente marginalizada nos circuitos de trabalho e de reconhecimento social.(FLEURY; FLEURY, 2001)Fleury e Fleury (2001) citam Spencer e Spencer (1993), Mc Lagan (1996) e Mirabile(1997) como marcos da contribuição da literatura americana em termos de seusestu<strong>do</strong>s sobre competências. A partir de seus estu<strong>do</strong>s, esse conceito passou a serpensa<strong>do</strong> como um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que justificamum alto desempenho e está fundamenta<strong>do</strong> na inteligência e na personalidade daspessoas. Em outras palavras, um estoque de recursos individuais necessários aobom desempenho em cada cargo ou posição. Necessariamente, não é condiçãosuficiente para atender à demanda por inovação e flexibilidade que se coloca àsempresas, porém caracteriza-se como necessária nesse senti<strong>do</strong>.Nessa mesma lógica, Boyatzis (1982) aponta que, reven<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s de estu<strong>do</strong>srealiza<strong>do</strong>s sobre as competências gerenciais, for identifica<strong>do</strong> um conjunto decaracterísticas e traços que definem um desempenho superior. Nesse estu<strong>do</strong>, oautor apontou que as empresas investigadas demonstraram consciência daimportância e da necessidade de desenvolverem as competências gerenciais, umavez que seus objetivos se centravam na “reflexão em ação” – a busca de melhoria<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s no ambiente de trabalho; na “visão compartilhada” – aproximaçãodas pessoas, favorecen<strong>do</strong> a aprendizagem em equipe; no “aprender a aprender” –


30aplicação de novos conhecimentos, por meio de desenvolvimento contínuo, visan<strong>do</strong>aprimorar os processos, as tarefas e os resulta<strong>do</strong>s da empresa; e na “visãosistêmica” – a capacidade de gerir grupos multidisciplinares.Dessa forma, a definição de competências, no contexto de sua gestão, estáassociada a um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que uma pessoaadquiriu ou poderá adquirir durante toda a sua vida e dele se vale para gerarresulta<strong>do</strong>s observáveis e valoriza<strong>do</strong>s em uma ou mais instâncias (social, política,econômica, cultural etc.). Portanto, gerenciar competências não envolve apenas averificação <strong>do</strong>s cargos ou a descrição das tarefas, dentre outros aspectos formais,pois transcende ao conceito de qualificação: gerir competências diz respeito acomportamentos efetivos, atitudes, conflitos etc.Para Zarifian, (2001, p. 111), “a competência não se limita a qualificação, a umestoque de conhecimentos teóricos e empírico deti<strong>do</strong> pelas pessoas”. Esse autorassume a competência também como inteligência, capacidade da pessoa de tomariniciativas, compreender e <strong>do</strong>minar novas situações. Nesse senti<strong>do</strong>, Fleury e Fleury(2001) sublinham que o trabalho não é mais um conjunto de tarefas associadasdescritivamente ao cargo, mas torna-se uma extensão da competência que oindivíduo mobiliza em face de uma situação profissional que muda e que traz à tonaa complexidade e o imprevisto das mudanças nas rotinas e no cotidiano.No Brasil, as práticas de gestão de pessoas utilizadas pela maioria das empresastomavam como referencial a estrutura de cargos, conforme sugeri<strong>do</strong> na origem <strong>do</strong>modelo taylorista de organização <strong>do</strong> trabalho que chegou às empresas na décadade 1930. Na década de 1980, de acor<strong>do</strong> com Fleury e Fleury (2001), introduziu-senas empresas a preocupação com a qualidade e com a produtividade. Diante disso,tornou-se necessária a busca de novas formas de organização e gestão de pessoastrazen<strong>do</strong> como inspiração os modelos e as práticas de sucesso empregadas nasindústrias japonesas. Conforme Fleury e Fleury (2001, p. 12):Aos poucos novas idéias e um novo vocabulário foi sen<strong>do</strong>incorpora<strong>do</strong> no cotidiano das empresas brasileiras e prepararam oterreno para a introdução <strong>do</strong> conceito de competência. Em termos daperspectiva sócio-técnica de organização <strong>do</strong> trabalho, os brasileiros


observaram que a combinação <strong>do</strong>s conhecimentos e habilidadestécnicas com as sociais, possibilitavam o desenvolvimento dealgumas competências chaves, principalmente na esfera daprodução.31De fato, a vinda de idéias japonesas trouxe a reflexão das polêmicas com relação àtransferência e ao apelo das empresas brasileiras de apoiarem-se no modelo, embusca de ganhos de produtividade e qualidade. Interessante notar que no casojaponês, da mesma forma que no caso <strong>do</strong>s grupos semi-autônomos, aresponsabilidade pela execução <strong>do</strong> trabalho é atribuída ao grupo, e não ao indivíduo.Em vista disso, cabe ressaltar e considerar as diferenças culturais, uma vez que nasindústrias japonesas a execução <strong>do</strong> trabalho era facilitada pela quase inexistênciada organização por posto de trabalho. Sob esse aspecto, a organização e autilização <strong>do</strong> conhecimento nas empresas japonesas eram diferentes da propostasociotécnica, na qual a aprendizagem e o conhecimento justificavam-se pelopotencial e pelo crescimento das pessoas e de suas disponibilidades evidenciadaspelo uso e desenvolvimento de conhecimentos liga<strong>do</strong>s à estratégia competitiva emsua organização das chamadas “atividades em pequenos grupos” (FLEURY;FLEURY, 2001).Observa-se que as práticas japonesas encontram barreiras quan<strong>do</strong> aplicada narealidade brasileira uma vez que a cultura brasileira apresentava diferenças desde agestão das pessoas até a concepção da formação de grupos.O estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> processo de aprendizagem nas empresas japonesas suscitou umadiscussão interessante <strong>do</strong> ponto de vista de que no caso das indústrias japonesas ashabilidades, os conhecimentos e, possivelmente, as atitudes refletem competênciasidentificadas pelos verbos mobilizar, participar e comprometer, que vão aos poucossen<strong>do</strong> incorporadas nas indústrias (FLEURY; FLEURY, 2001).Não se pode, contu<strong>do</strong>, esquecer das diferenças culturais que, de certa forma,impactaram a aplicação das práticas japonesas no Brasil, as quais sinalizaram pelaprática que externamente os indivíduos aceitavam, mas não interiorizavam o porquêdestas práticas. Já no Brasil, na década de 1990, esses conceitos passaram a


preocupar as indústrias, que se sensibilizaram, sobretu<strong>do</strong>, por duas questões,conforme Fleury e Fleury (2001):32a) visão estratégica, antes presente somente na cúpula da organização; eb) a noção de que a competência pode ser um diferencial e pode serfundamental na estratégia competitiva.Para Le Boterf (1995), a competência de um indivíduo não corresponde a um esta<strong>do</strong>e nem se reduz a um conhecimento específico. O autor conceitua competênciadestacan<strong>do</strong> três eixos: biografia e socialização; formação educacional; e experiênciaprofissional <strong>do</strong> indivíduo. Conforme o autor, a competência de uma pessoa resulta<strong>do</strong> conhecimento específico que aquiriu ao longo de sua vida em sua formaçãoeducacional, soma<strong>do</strong> a sua experiência profissional. Sob esses aspectos, o autordestaca a importância de que conhecimentos e know how não adquirem status decompetência se não forem compartilha<strong>do</strong>s.Esse estu<strong>do</strong> permite apreender que é importante considerar to<strong>do</strong>s os eixosdestaca<strong>do</strong>s pelo autor, os quais ajudam a construir a competência, e que essacompetência quan<strong>do</strong> é trocada, intercambiada, configura-se ainda mais o status dacompetência, principalmente se disseminada.Assim, a gestão de competências deve agregar valor tanto para a empresa (valoreconômico) como para a organização (valor social para as pessoas). A FIG. 1permite a compreensão desta perspectiva.


33IndivíduoConhecimentosHabilidadesAtitudesSaber agirSaber mobilizarSaber transferirSaber aprenderSaber se engajarTer visão estratégicaAssumir responsabilidadesOrganizaçãosocialAgregar ValoreconômicoFigura 1 – Competências como fonte de valor para o indivíduo e para a organizaçãoFonte: Fleury e Fleury (2001, p. 30).A partir da FIG. 1, pode-se apreender que competência é um saber agir responsávele reconheci<strong>do</strong>, que implica mobilizar, integrar e transferir conhecimentos, recursos ehabilidades que agreguem valor econômico à organização e valor social aoindivíduo, conforme a conceituação <strong>do</strong>s autores.Para Fleury e Fleury (2001), tais verbos, inspira<strong>do</strong>s na obra de Le Boterf, expressamas definições arroladas no QUADRO 1:


34CompetênciaSignifica<strong>do</strong>Saber agirSaber o que e por que faz.Saber julgar, escolher, decidir.Saber mobilizar recursosSaber comunicarSaber aprenderCriar sinergia e mobilizar recursos e competências.Compreender, trabalhar, transmitir informações,conhecimentos.Trabalhar o conhecimento e a experiência, revermodelos mentais; saber se desenvolver.Saber se engajar e se comprometer Saber empreender, assumir riscos.Comprometer-se.Saber assumir responsabilidadesSer responsável, assumin<strong>do</strong> os riscos econseqüências de suas ações e sen<strong>do</strong> por issoreconheci<strong>do</strong>.Ter visão estratégicaQuadro 1 – Competências para o profissionalFonte: Fleury e Fleury (2001, p. 68).Conhecer e entender o negócio da organização, oseu ambiente, identifican<strong>do</strong> oportunidades,alternativas.Com respeito ao QUADRO 1, observa-se que existe profundidade maior naabordagem de explicação <strong>do</strong> conceito que cada um <strong>do</strong>s verbos utiliza<strong>do</strong>s expressa:saber mobilizar recursos é de uma profundidade maior quan<strong>do</strong> se refere a saber opor que fazer, saber julgar, escolher e decidir.Por outro la<strong>do</strong>, as práticas delineadas por algumas organizações apontam ascapacidades e qualidades <strong>do</strong> indivíduo como competências comportamentais semas quais a organização pode ter o seu resulta<strong>do</strong> comprometi<strong>do</strong>. Segun<strong>do</strong> Durand(1988), da mesma forma que os alquimistas <strong>do</strong>s tempos medievais, os gerentes e asempresas de hoje procuram transformar recursos em resulta<strong>do</strong>s, em lucro. Para oautor, as organizações carecem de uma nova forma de alquimia, a qual, de acor<strong>do</strong>com ele, chama-se “competência”. Essa afirmação reporta à importância <strong>do</strong> gerente,que pode transformar-se em um braço da organização para cuidar <strong>do</strong>s recursoshumanos e de suas competências e também pelo treinamento e desenvolvimento decolabora<strong>do</strong>res da empresa.


35Assim sen<strong>do</strong>, uma organização, quan<strong>do</strong> define a sua estratégia competitiva, precisaidentificar as competências essenciais <strong>do</strong> negócio e as competências necessárias acada função.De acor<strong>do</strong> com Fleury e Fleury (2001), quan<strong>do</strong> a organização passa <strong>do</strong> nívelestratégico para a formação de competências organizacionais para o nível daformação das competências <strong>do</strong> indivíduo, torna-se necessário identificá-las em trêsgrandes blocos:a) competências técnicas profissionais – competências específicas paracerta operação, ocupação ou tarefa, por exemplo: desenho técnico,conhecimento <strong>do</strong> produto, finanças;b) competências sociais – competências necessárias para interagir com aspessoas, por exemplo, comunicação, negociação, mobilização paramudança, sensibilidade cultural, trabalho em times;c) competências de negócio – competências relacionadas à compreensão<strong>do</strong> negócio, seus objetivos no contexto <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> no qual atuam,clientes e competi<strong>do</strong>res, assim como o ambiente político e social, porexemplo, conhecimento <strong>do</strong> negócio, orientação para o cliente.Não se pode esquecer de que é o conjunto dessas competências a seremdesenvolvidas nas pessoas em seu campo de atuação que permite chegar àscompetências essenciais de uma organização.Le Boterf (1995, apud FLEURY; FLEURY, 2001) propõe o seguinte QUADRO sobreo processo de desenvolvimento de competências:


36Tipo Função Como DesenvolverConhecimento TeóricoConhecimento sobre osProcedimentosEntendimento,InterpretaçãoSaber como procederEducação formal econtinuadaEducação formal e experiênciaprofissionalConhecimento empírico Saber como fazer Experiência profissionalConhecimento social Saber como comportar Experiência social eprofissionalConhecimento cognitivoSaber como lidar com ainformação, saber comoaprenderQuadro 2 – Processo de desenvolvimento de competênciasFonte: Fleury e Fleury (2001, p. 69).Educação formal econtinuada, e experiênciasocial e profissionalO QUADRO 2 permite a análise e a verificação de que é necessária a conjugaçãode diversas situações de aprendizagem na direção de transformar o conhecimentoem uma competência. Isso só acontece em um contexto profissional específico, poisa realização da competência deverá agregar valor não apenas ao indivíduo, mastambém à organização, o que poderá ocorrer nos níveis abaixo descritos:a) Nível <strong>do</strong> indivíduo – o processo de aprendizagem ocorre primeiro no nível<strong>do</strong> indivíduo, carrega<strong>do</strong> de emoções positivas ou negativas, através decaminhos diversos.b) Nível <strong>do</strong> grupo – a aprendizagem pode vir a constituir-se em um processosocial e coletivo. Para compreendê-lo, é preciso observar como o grupoaprende e como combina os conhecimentos, atitudes, valores ehabilidades, interpretan<strong>do</strong>-as e integran<strong>do</strong>-as em esquemas coletivospartilha<strong>do</strong>s; estes por sua vez, podem constituir-se em orientações paraações. O desejo de pertencer ao grupo pode constituir um elementomotivacional ao processo de aprendizagem.c) Nível da organização – o processo de aprendizagem individual e decompreensão e interpretação partilhadas pelo grupo torna-seinstitucionaliza<strong>do</strong> e expresso em diversos artefatos organizacionais: na


estrutura, regras, procedimentos e elementos simbólicos. As organizaçõesdesenvolvem memórias que retêm e recuperam informações.372.2.1 Dimensões das competências: conhecimentos, habilidades e atitudesPara Durand (1988), seguin<strong>do</strong> as chaves <strong>do</strong> aprendiza<strong>do</strong> individual de Pestalozzi,“head, hand e heart” (cabeça, mão e coração), uma definição para o termocompetência baseia-se em três dimensões: conhecimentos, habilidades e atitudes.De acor<strong>do</strong> com este conceito, aspectos cognitivos, técnicos, sociais e afetivosrelaciona<strong>do</strong>s ao trabalho estão sempre engloba<strong>do</strong>s. Para o autor, competência dizrespeito ao conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes interdependentes enecessários à consecução de determina<strong>do</strong> propósito, em um contextoorganizacional específico, tal como as “capacidades” foram antes definidas poralguns autores da psicologia instrucional e de treinamento. Segun<strong>do</strong> Durand (1988),conhecimento corresponde a uma série de informações assimiladas e estruturadaspelo indivíduo, as quais lhe permitem “entender o mun<strong>do</strong>”. Refere-se, assim, aosaber que a pessoa acumulou ao longo da vida.Davenport e Prusak (1998) explicam que o conhecimento deriva da informação, que,por sua vez, deriva de conjuntos de da<strong>do</strong>s. Segun<strong>do</strong> esses autores, da<strong>do</strong>s sãoséries de fatos ou eventos isola<strong>do</strong>s. Informações são da<strong>do</strong>s que, percebi<strong>do</strong>s peloindivíduo, têm relevância, propósito e causam impacto em seu julgamento oucomportamento. Conhecimentos são conjuntos de informações reconhecidas eintegradas pelo indivíduo segun<strong>do</strong> um esquema preexistente. Essa dimensão <strong>do</strong>modelo proposto por Durand (1988) faz parte <strong>do</strong> que Bloom et al. (1979), em suataxonomia de objetivos educacionais, denominaram “<strong>do</strong>mínio cognitivo”.Para esses autores, conhecimento é algo relaciona<strong>do</strong> à lembrança de idéias oufenômenos, alguma coisa registrada ou acumulada na mente da pessoa. Da mesmaforma, Gagné (1988), ao também classificarem objetivos instrucionais, fazemreferência ao conhecimento como estruturas de informações ou proposiçõesarmazenadas na memória <strong>do</strong> indivíduo.


38A habilidade, por sua vez, segun<strong>do</strong> Gagné (1988), relaciona-se ao saber comofazer algo ou à capacidade de aplicar e fazer uso produtivo <strong>do</strong> conhecimentoadquiri<strong>do</strong>; ou seja, de instaurar informações e utilizá-las em uma ação, com vistas aoatingimento de um propósito específico (DURAND, 1988). Segun<strong>do</strong> Bloom et al.(1979), a definição operacional mais comum sobre habilidade é a de que o indivíduopode buscar em suas experiências anteriores conhecimentos, sejam eles de fatos ouprincípios, e técnicas apropriadas para examinar e solucionar um problema qualquer.As habilidades podem ser classificadas como: intelectuais, quan<strong>do</strong> abrangeremessencialmente processos mentais de organização e reorganização de informações –por exemplo, em uma conversação ou na realização de uma operação matemática – emotoras, ou manipulativas, quan<strong>do</strong> pressupõem uma coordenação neuromuscular,como na realização de um desenho ou na escrita a lápis, por exemplo.Dependen<strong>do</strong> das posições teóricas defendidas, há outras categorias, como as“estratégias cognitivas”, de Gagné (1988), que podem ou não ser incluídas nadimensão “habilidade” descrita por Durand (1988). Ao abordar as duas primeirasdimensões <strong>do</strong> seu modelo (conhecimentos e habilidades), Durand (1988) utiliza aestrutura de análise <strong>do</strong> conhecimento sugerida por Sanchez (1997), explican<strong>do</strong> quehabilidade refere-se ao saber como fazer algo em determina<strong>do</strong> processo (knowhow),enquanto conhecimento diz respeito ao saber o que e por que fazer (knowwhate know-why), ou seja, à compreensão <strong>do</strong> princípio teórico que rege esseprocesso e seu propósito.Finalmente, a atitude, terceira dimensão da competência, diz respeito a aspectossociais e afetivos relaciona<strong>do</strong>s ao trabalho (DURAND, 1988). Gagné (1988)comentam que atitudes são estadas complexas <strong>do</strong> ser humano que afetam ocomportamento em relação a pessoas, coisas e eventos, determinan<strong>do</strong> a escolha deum curso de ação pessoal. Segun<strong>do</strong> esses autores, as pessoas têm preferênciaspor alguns tipos de atividade e mostram interesse por certos eventos mais que poroutros. O efeito da atitude é justamente ampliar a reação positiva ou negativa deuma pessoa, ou seja, sua predisposição, em relação à a<strong>do</strong>ção de uma açãoespecífica. Essa última dimensão <strong>do</strong> conceito de competência sugeri<strong>do</strong> por Durand(1988) levou Bloom et al. (1979) a denominarem de <strong>do</strong>mínio afetivo, aquelerelaciona<strong>do</strong> a um sentimento, uma emoção ou um grau de aceitação ou rejeição da


pessoa em relação aos outros, a objetos ou a situações. Portanto, por analogia,atitude refere-se ao querer fazer.39Ressalte-se que essas três dimensões da competência são interdependentes, umavez que, para a demonstração de uma habilidade, presume-se que o indivíduoconheça princípios ou técnicas específicas e esteja disposto a fazê-lo. Da mesmaforma, a a<strong>do</strong>ção de determina<strong>do</strong> comportamento no trabalho exige da pessoa, nãoraras vezes, a detenção não só de habilidades, mas também de conhecimentos eatitudes apropriadas.A FIG. 2 ilustra o conceito de competência sugeri<strong>do</strong> por Durand (1988),evidencian<strong>do</strong> o caráter de interdependência e complementaridade entreconhecimentos, habilidades e atitudes, bem como a necessidade de aplicaçãoconjunta dessas três dimensões em torno de um objetivo qualquer. O autoracrescenta que o desenvolvimento de competências se dá por meio daaprendizagem individual e coletiva, envolven<strong>do</strong> simultaneamente as três dimensões<strong>do</strong> conceito, isto é, pela assimilação de conhecimentos, aquisição de habilidades einternalização de atitudes relevantes a determina<strong>do</strong> propósito.1.Informação2.Saber o que e por que fazerConhecimentosHabilidadesAtitudes1. Técnica2. Destreza3. Saber como fazer1.Interesse2.Determinação3.Querer fazerFigura 2 – As três dimensões da competênciaFonte: Adapta<strong>do</strong> de Durand (1988, apud BRANDÃO, 2002).A FIG. 2 permite perceber que o conhecimento está associa<strong>do</strong> às informações, aosaber o que fazer e por que fazer, enquanto as habilidades demonstram o saber


40fazer, liga<strong>do</strong> muito mais à técnica e à destreza. Finalmente, as atitudes demonstramo querer fazer, o que só se torna possível quan<strong>do</strong> existe o interesse, adeterminação.Segun<strong>do</strong> Brandão (2002), a gestão de competências deve dar-se nos diversosníveis da organização: individual, grupal, funcional e organizacional. Ciente dacontribuição <strong>do</strong> gerente nesse senti<strong>do</strong> e em to<strong>do</strong>s os níveis organizacionais, convémaprofundar nas competências gerenciais.2.3 Competências gerenciaisSegun<strong>do</strong> Viera e Luz (2004), as empresas brasileiras demonstram consciência daimportância e da necessidade de desenvolverem competências gerenciais. O estu<strong>do</strong>das autoras aponta, entretanto, que os processos observa<strong>do</strong>s ainda estão em fasede construção. Percebe-se que a perspectiva dinâmica dessa construção detém umaspecto comum entre o desenvolvimento da competência e a aprendizagemorganizacional, uma vez que a competência gerencial está, de certa forma,relacionada ao negócio da empresa. É possível constatar a partir da experiência eda vivência prática que algumas organizações quan<strong>do</strong> definem ou mapeiam as suascompetências chaves tomam como base os processos que estão liga<strong>do</strong>sdiretamente ao seu negócio ou a sua cadeia de valor. Assim, parte-se da análise dascompetências essenciais para se chegar às competências gerenciais, ten<strong>do</strong> em vistaas dificuldades no processo de articulação <strong>do</strong>s níveis estratégico e operacional, enão propriamente da definição <strong>do</strong>s atributos necessários ao desenvolvimento decada um desses níveis.Como visto, a competência gerencial é tratada com base em um perfil idealpreestabeleci<strong>do</strong>. Pode-se afirmar que existe uma tendência de construir atributos decompetência, de certa forma, ambiciosos, que se tornam complexos, dan<strong>do</strong> maiorênfase à aprendizagem individual em detrimento da aprendizagem coletiva. Poroutro la<strong>do</strong>, existe ainda, segun<strong>do</strong> Luz e Vieira (2004), a preocupação em diminuir outerminar as lacunas entre o perfil gerencial atual e o deseja<strong>do</strong>. A avaliação neste


aspecto possui o caráter de aferir os resulta<strong>do</strong>s em termos de um aspectoquantitativo e qualitativo.41De acor<strong>do</strong> com Luz (2001), o contexto de reestruturação produtiva faz exigênciasnão apenas aos trabalha<strong>do</strong>res, mas também ao corpo gerencial. Das lideranças sãodemandadas várias capacidades, novos conhecimentos, motivação, atitudespositivas e forte comprometimento com a organização. Mertens (1996, apud LUZ,2001) sublinha que torna-se cada vez mais necessário que as organizaçõesdesenvolvam as competências e as qualificações gerenciais.Ainda nesta linha de pensamento, Coda (1999), basean<strong>do</strong>-se em Spencer eSpencer (1993), ambos cita<strong>do</strong>s por Luz (2001), identifica as seguintes competênciasgerenciais:a) visão estratégica – compreender os objetivos e a cultura da organização,analisan<strong>do</strong> as suas implicações sobre os processos desenvolvi<strong>do</strong>s naunidade organizacional, realizan<strong>do</strong> ajustes com vistas em agregar valoraos negócios;b) orientação para a qualidade – iniciar e implantar mudanças e melhoriasem serviços, processos e sistemas, visan<strong>do</strong> à busca permanente daqualidade;c) gestão de pessoas – utilizar os ativos intelectuais das pessoas com quemse trabalha, identifican<strong>do</strong> prioridades, propician<strong>do</strong> orientações e crian<strong>do</strong>oportunidades para o desenvolvimento das capacidades e habilidades desua equipe, bem como canalizan<strong>do</strong>-as para um trabalho desafia<strong>do</strong>r ecriativo;d) gestão de conflitos – conquistar confiança e credibilidade, obten<strong>do</strong> aaceitação, consenso e ação na busca de resulta<strong>do</strong>s;e) fornecimento de feedback – coletar informações sobre o desempenho daequipe de trabalho na transmissão de mo<strong>do</strong> claro, específico e objetivoem tempo hábil aos indivíduos e grupos;f) capacidade de utilizar recursos – realizar projetos e atividades da área,segun<strong>do</strong> o orçamento aprova<strong>do</strong>, monitoran<strong>do</strong> e controlan<strong>do</strong> custos,


justifican<strong>do</strong> propostas de gastos, administran<strong>do</strong> despesas sob a suaresponsabilidade e utilizan<strong>do</strong> adequadamente to<strong>do</strong>s os recursos.42Assim, Coda (1999) classifica competências em termos tanto técnicos comocomportamentais, sistematização esta que deve ser contextualizada e adequada aomomento pelo qual passa a organização.Diante disso, percebe-se que competências são traçadas mediante as exigênciasdas tarefas e atribuições em termos de atitudes, conhecimentos e habilidades, e sãoorientadas no senti<strong>do</strong> da eficácia <strong>do</strong>s diversos níveis de análise: indivíduo, grupo eorganização. A competência conta com a criatividade e a inovação, e tem seu focono negócio, nas oportunidades e nos riscos. Percebe-se, então, que a gestão dascompetências implica a gestão <strong>do</strong>s conhecimentos técnicos (volta<strong>do</strong>s aooperacional) e das capacidades e qualidades (voltadas ao comportamento, à atitude)<strong>do</strong>s indivíduos.Quinn et al. (2003), nesta mesma lógica, contribuem com estu<strong>do</strong>s das competênciasgerenciais, apresentan<strong>do</strong> oito papéis desempenha<strong>do</strong>s pelos gerentes, pauta<strong>do</strong>s emquatro modelos de gestão. A abordagem de Quinn et al. (2003) será detalhada noitem que se segue.2.3.1 Modelo de competências gerenciais de Quinn et al. (2003)Em sua abordagem teórica, Quinn et al. (2003) distinguem quatro modelos degestão que subsidiam as ações nas organizações modernas:a) Modelo das relações humanas – enfatiza a participação, a abertura, ocompromisso e a moral;b) Modelo <strong>do</strong>s sistemas abertos – prioriza a inovação, a adaptação, ocrescimento e a aquisição de recursos;c) Modelo das metas racionais – foca<strong>do</strong> na clareza de objetivos, na direção,na produtividade e na realização; e


d) Modelo de processos internos – centra<strong>do</strong> em <strong>do</strong>cumentação,gerenciamento de informações, estabilidade e controle.43Em cada um <strong>do</strong>s modelos, os autores descrevem papéis gerenciais a seremexecuta<strong>do</strong>s pelos sujeitos e, daí, as competências necessárias para que talcomportamento se efetive na prática. No modelo das metas racionais, <strong>do</strong>is papéissão ressalta<strong>do</strong>s: o <strong>do</strong> diretor e o <strong>do</strong> produtor. Como diretor, espera-se que o gerenteexplicite suas expectativas por meio de processos, tais como planejamento edelimitação de metas, e seja um deflagra<strong>do</strong>r decisivo: que defina problemas,selecione alternativas e estabeleça objetivos, defina papéis e tarefas, estabeleçaregras e políticas, e forneça instruções aos subordina<strong>do</strong>s. Com relação ao papel deprodutor, espera-se que o gerente seja orienta<strong>do</strong> para tarefas, mantenha o foco notrabalho e exiba um alto grau de interesse, motivação, energia e ímpeto pessoal. Talgerente deve aceitar responsabilidades e realizar tarefas, sustentan<strong>do</strong> uma elevadaprodutividade pessoal. Dessa maneira, os papéis de diretor e <strong>do</strong> produtor parecemaplicáveis numa situação já compreendida, quan<strong>do</strong> os objetivos podem ser bemdefini<strong>do</strong>s e/ou quan<strong>do</strong> se torna necessário manter uma consistência na produção ouna prestação de algum serviço.Já no modelo <strong>do</strong>s processos internos, são enfatiza<strong>do</strong>s os papéis de monitor e decoordena<strong>do</strong>r. Como monitor, o gerente deverá saber o que se passa em suaunidade, determinar se as pessoas estão cumprin<strong>do</strong> as regras e averiguar se o setorestá fazen<strong>do</strong> a sua parte. O que caracteriza o monitor é o <strong>do</strong>mínio que ele tem deto<strong>do</strong>s os fatos e detalhes, o que o torna um analista efetivo. Do gerente comocoordena<strong>do</strong>r é espera<strong>do</strong> que dê sustentação à estrutura e ao fluxo <strong>do</strong> sistema.Nesta situação, deverá ser digno de confiança e crédito. Entre os traçoscomportamentais, destacam-se: recursos diversos para facilitar o trabalho, tais comoorganização e coordenação <strong>do</strong>s esforços da equipe e enfrentamento de crises edificuldades. Neste modelo, Quinn et al. (2003) esclarecem que os sujeitos quedesempenham tal função preocupam-se em desenvolver programas comabordagens inova<strong>do</strong>ras e aprendem a lidar com ambiente em constantes mudanças.Os gestores encaram a mudança como uma oportunidade desafia<strong>do</strong>ra de crescimentoe de desenvolvimento positivo tanto para a organização como para seus funcionários.


44No terceiro modelo, o das relações humanas, aparecem os papéis de facilita<strong>do</strong>r ede mentor. Espera-se que o facilita<strong>do</strong>r fomente os esforços coletivos e participe dapromoção <strong>do</strong> trabalho em equipe, estimulan<strong>do</strong> a coesão e administran<strong>do</strong> os conflitosinterpessoais. Nesse papel, o gestor é orienta<strong>do</strong> a processos, utilizan<strong>do</strong> técnicas deresolução de conflitos, obten<strong>do</strong> a colaboração <strong>do</strong> grupo e participan<strong>do</strong> das soluções<strong>do</strong>s problemas em equipe. Já o mentor dedica-se ao desenvolvimento das pessoasmediante uma orientação cuida<strong>do</strong>sa e uma relação de empatia. O gestordesempenha um papel solícito, atencioso, afável, aberto e justo. Ele escuta, apóiaas reivindicações legítimas, transmite apreciação e distribui elogios ereconhecimento. Neste papel, observa-se, segun<strong>do</strong> os autores, que o gerentecontribui diretamente para o aprimoramento das competências de seussubordina<strong>do</strong>s, proporciona oportunidades de treinamento e planeja odesenvolvimento <strong>do</strong>s mesmos. Reflete-se neste modelo a valorização individual daspessoas, cujos objetivos e interesses próprios são conjuga<strong>do</strong>s com os objetivosorganizacionais, volta<strong>do</strong>s para a missão da empresa.No último, o modelo <strong>do</strong>s sistemas abertos, Quinn et al. (2003) apresentam ospapéis de inova<strong>do</strong>r e de negocia<strong>do</strong>r. No primeiro, cabe ao gerente facilitar aadaptação e a mudança. Para tanto, deve permanecer atento ao ambiente, sujeitarsea incertezas e riscos, e considerar novas e diferentes idéias, além de utilizar-seda intuição, sen<strong>do</strong> sonha<strong>do</strong>r, visionário e convincente. Por fim, o negocia<strong>do</strong>rpreocupa-se com sustentabilidade e a obtenção de recursos externos. Deve serastuto politicamente, com eleva<strong>do</strong> poder de persuasão e influência. Neste últimomodelo, os gestores devem preocupar-se em manter o fluxo produtivo e deinformações e em monitorar tu<strong>do</strong> ao seu re<strong>do</strong>r, utilizan<strong>do</strong> mecanismos varia<strong>do</strong>s decontrole sobre os processos.A FIG. 3 permite visualizar o modelo de Quinn et al. (2003), apresentan<strong>do</strong> osmodelos de gestão e os respectivos papéis e competências necessárias ao seudesempenho.


45Figura 3 – Modelo de Competências Gerenciais de Quinn et al. (2003)Fonte: Quinn et al. (2003, p. 17)O estu<strong>do</strong> desses oito papéis inseri<strong>do</strong>s nos quatro modelos permite refletir que asdescrições podem aplicar-se tanto a gestores de primeiro escalão quanto àquelessitua<strong>do</strong>s nos níveis mais operacionais. Vários pesquisa<strong>do</strong>res cita<strong>do</strong>s por Quinn et al.(2003) têm utiliza<strong>do</strong> estes modelos e papéis para estruturar programas dedesenvolvimento gerencial, uma vez que tratam de comportamentos específicospara a educação gerencial. Segun<strong>do</strong> os autores, as responsabilidades gerenciaisdependem <strong>do</strong> nível da hierarquia organizacional em que se situam, mas as tarefas eatribuições inerentes a um gerente de primeiro escalão são diferentes daquelasdesenvolvidas por um outro ocupante de um cargo de coordenação intermediário oumais baixo.


46Sobre isso, Faerman e Peters (1991) comentam que, à medida que os gerentes semovimentam dentro da organização com promoções ou entre áreas, outrascompetências precisam ser desenvolvidas. É necessário, portanto, que elescompreendam como se relacionam os recursos, para equilibrar os diversos papéiscom os diferentes comportamentos espera<strong>do</strong>s, da<strong>do</strong>s os diversifica<strong>do</strong>s níveis decomplexidade pertinentes à cada situação.Nesse senti<strong>do</strong>, Quinn et al. (2003) apresentam diversos “perfis” de gestores, a partir<strong>do</strong>s papéis e competências que mais se fazem necessários no seu cotidiano. Dentreos perfis considera<strong>do</strong>s eficazes, chamam atenção para a relativa homogeneidadeentre os papéis e mencionam quatro tipos: realiza<strong>do</strong>res agressivos, com menor nívelno papel de facilita<strong>do</strong>r; produtores conceituais, com menor nível para o papel demonitor; agrega<strong>do</strong>res pacíficos, com menores níveis para os papéis de negocia<strong>do</strong>r eprodutor; e mestres, cujo perfil em termos <strong>do</strong>s papéis é o mais homogêneo nestegrupo. Sobre gestores cujo comportamento resulta em baixa eficácia, Quinn et al.(2003, p. 378-379) listam outros quatro tipos cujos papéis são desempenha<strong>do</strong>s embaixos graus: adaptativos caóticos, no qual se destacam positivamente apenas ospapéis de facilita<strong>do</strong>r, mentor, inova<strong>do</strong>r e produtor; coordena<strong>do</strong>res irritantes, comdestaque positivo para os papéis de monitor, coordena<strong>do</strong>r e, em menor escala, o dediretor; workaholics sufocantes, com destaque positivo apenas para o papel deprodutor; e improdutivos extremos, cujo perfil em termos <strong>do</strong>s papéis é o maishomogêneo neste grupo, com comportamentos consideravelmente tími<strong>do</strong>s emtermos de graus de desempenho de papéis.Percebe-se, então, que o modelo apresenta<strong>do</strong> foi útil ao estu<strong>do</strong> das competênciasgerenciais na empresa investigada, ten<strong>do</strong> em vista os conhecimentos, as habilidades eas atitudes para o efetivo exercício das funções de gestão nos diversos níveishierárquicos, sobretu<strong>do</strong> nas baixas e médias chefias, as quais estão diretamentevinculadas à operação <strong>do</strong> segmento de negócios sobre o qual se pretende debruçar.Dada a complexidade da questão que envolve a descrição e a análise decompetências gerenciais de uma maneira geral, delineia-se a seguir a meto<strong>do</strong>logiade pesquisa percorrida para a realização deste estu<strong>do</strong>.


473 METODOLOGIA3.1 Méto<strong>do</strong> de pesquisaA pesquisa foi realizada por meio de um estu<strong>do</strong> de caso, de natureza tantoqualitativa como quantitativa, realiza<strong>do</strong> em uma empresa mineira <strong>do</strong> ramo deconstrução civil, segmento da limpeza urbana e saneamento.A pesquisa foi <strong>do</strong> tipo descritiva. Segun<strong>do</strong> Vergara (2007, p. 47), a pesquisadescritiva pode expor características de uma determinada população ou de umdetermina<strong>do</strong> fenômeno, permitin<strong>do</strong> estabelecer correlações entre variáveis e definira sua natureza.Tratou-se também de um estu<strong>do</strong> de caso. De acor<strong>do</strong> com Collis e Hussey (2005), oestu<strong>do</strong> de caso consiste no exame de um fenômeno foca<strong>do</strong> no entendimento dadinâmica presente em um único ambiente, buscan<strong>do</strong> reunir informações eacontecimentos que serão posteriormente analisa<strong>do</strong>s. Yin (1994) identifica que napesquisa por meio de estu<strong>do</strong> de caso utilizam-se méto<strong>do</strong>s múltiplos para coletarda<strong>do</strong>s que podem ser tanto qualitativos quanto quantitativos, como é o caso dapesquisa em questão.De acor<strong>do</strong> com Denzin e Lincoln (1994), existem diversos paradigmas teóricos, e ospesquisa<strong>do</strong>res podem utilizar méto<strong>do</strong>s e estratégias qualitativos, desde oconstrutivismo, passan<strong>do</strong> pelos modelos de estu<strong>do</strong> étnico até estu<strong>do</strong>s culturais. Paraos autores, os méto<strong>do</strong>s também podem variar da semiótica até a narrativa, análisede discurso, análise de conteú<strong>do</strong> e chegar aos da<strong>do</strong>s de análise estatística. Assim, apesquisa qualitativa implica diferentes aspectos em diferentes momentos, uma vezque envolve uma abordagem interpretativa naturalista de seu objeto. Ela privilegia oestu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s fenômenos em seu ambiente natural, em busca de dar-lhes senti<strong>do</strong> oude interpretá-los. Por meio da pesquisa quantitativa, pode-se trabalhar no senti<strong>do</strong> da


48mensuração tanto de opiniões, atitudes e preferências como de comportamentos.Isso possibilita, por exemplo, descobrir quantas pessoas de determinada populaçãocompartilham uma característica ou um grupo de características. É especialmenteprojetada para gerar medidas precisas e confiáveis, a partir de recursos daestatística (COLLIS; HUSSEY, 2005).3.2 Unidades de análise e de observaçãoNo estu<strong>do</strong> de caso realiza<strong>do</strong>, as unidades de análise e de observação coincidiram:os baixos e os médios gestores da empresa pesquisada, totalizan<strong>do</strong> 248, <strong>do</strong>s quais237 foram respondentes,ocupantes de cargos gerenciais que atuam no segmento desaneamento e limpeza urbana, distribuí<strong>do</strong>s nas seguintes categorias: 1 diretor, 2gerentes, 1 coordena<strong>do</strong>r, 12 encarrega<strong>do</strong>s, 2 feitores e 230 líderes de equipe. Dapopulação prevista no projeto, 237 foram respondentes reais e 11 ausentes, pormotivos diversos, tais como afastamentos e férias.3.3 Técnicas de levantamento de da<strong>do</strong>sAs técnicas utilizadas para o levantamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s foram as seguintes:a) Levantamento <strong>do</strong>cumental – a partir de da<strong>do</strong>s secundáriosdisponibiliza<strong>do</strong>s pela própria empresa e por outras mídias, pretendeu-seidentificar aspectos formais relaciona<strong>do</strong>s às competências gerenciaisrequeridas pela organização;b) Entrevistas com a alta administração – visan<strong>do</strong> coletar da<strong>do</strong>s referentesàs competências atuais e necessárias para os níveis de chefia em estu<strong>do</strong>na empresa, segun<strong>do</strong> a percepção <strong>do</strong>s gestores em nível estratégico(roteiros disponíveis no Apêndice A);c) Questionário com as médias e baixas gerências – teve por objetivoidentificar competências requeridas e efetivas <strong>do</strong>s gestores, segun<strong>do</strong> sua


49própria percepção. A proposta foi desenvolver uma pesquisa nos moldesde um survey (questionário adapta<strong>do</strong> de Luz (2001) e Sant´Anna (2002),disponível no Apêndice B);d) Observação – durante toda a coleta de da<strong>do</strong>s, a observação <strong>do</strong>pesquisa<strong>do</strong>r se fez presente, de maneira a confirmar ou questionar osda<strong>do</strong>s levanta<strong>do</strong>s a partir da realidade apresentada.Segun<strong>do</strong> Babbie (1999), a pesquisa de survey pode ser guiada por restriçõeslógicas. Ela pode ser determinística, isto é, pode explicar as razões para as fontesde eventos, características e correlações observa<strong>do</strong>s na investigação. Pode sergeral, como a pesquisa proposta, que pretende investigar toda a população. O autordescreve ainda outras características, como parcimoniosa, permitin<strong>do</strong> examinarcuida<strong>do</strong>samente os da<strong>do</strong>s, e como específica, ressaltan<strong>do</strong> a característica dacientificidade, da<strong>do</strong> o tratamento estatístico, relevante no estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>.Para compor os da<strong>do</strong>s da amostra, elaborou-se um questionário conten<strong>do</strong> cincoseções. Dessas, uma foi composta por perguntas de âmbito demográfico e asdemais foram relacionadas a conhecimentos, habilidades, atitudes e competênciasgerenciais, segun<strong>do</strong> o modelo de Quinn et al. (2003), que ancorou o trabalho nateoria de competências gerenciais. A última seção está voltada para ascompetências esperadas pela empresa. Cada pergunta foi dividida em <strong>do</strong>isaspectos, que foram julga<strong>do</strong>s pelos respondentes: o que era requeri<strong>do</strong> pelaorganização na visão deles; e o que era competência efetiva, ou seja, que elesachavam que possuíam. Isso permitiu estabelecer uma comparação entre oespera<strong>do</strong> e o efetivo segun<strong>do</strong> os respondentes.3.4 Tratamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>sOs da<strong>do</strong>s secundários foram analisa<strong>do</strong>s à luz da técnica de análise de conteú<strong>do</strong>,assim como os da<strong>do</strong>s primários que foram levanta<strong>do</strong>s por meio de entrevistas.Segun<strong>do</strong> Bardin (1995), a análise de conteú<strong>do</strong> pode ser definida como umaglomera<strong>do</strong> de técnicas de análise das comunicações, o qual usa procedimentos


50sistemáticos e objetivos de descrição <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> das mensagens. Esta técnicaparece adequada não só para mostrar o verdadeiro enuncia<strong>do</strong> <strong>do</strong> que será ditocomo também para desvendar as estruturas psicológicas e sociológicas quepermeiam tais mensagens, como é o caso de condutas, ideologias e atitudes.Para os da<strong>do</strong>s primários levanta<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong>s questionários, a<strong>do</strong>tou-se otratamento estatístico de natureza uni e bivariada. A primeira apurou a distribuiçãode freqüência das respostas e estabeleceu o posicionamento da unidade amostralem termos de medidas de posição (média e mediana), já que o propósito dapesquisa consistiu em descrever e analisar como os gestores se percebem emtermos de competências reais e ideais, em face <strong>do</strong> prescrito pela organização. Já aanálise bivariada permite a combinação das distribuições e freqüências de duasvariáveis por meio de tabelas de contingência e <strong>do</strong> teste qui-quadra<strong>do</strong>, geran<strong>do</strong>medidas mais precisas e confiáveis que pautarão a análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s(LAKATOS, 2001).Para a tabulação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, foram utiliza<strong>do</strong>s os softwares estatísticos Minitab 15,SPSS 13 e Microsoft Excel, com construção de gráficos e tabelas que auxiliaram nainterpretação e compreensão <strong>do</strong> comportamento da amostra analisada.Nesse senti<strong>do</strong>, convém ressaltar alguns aspectos <strong>do</strong> procedimento estatístico.To<strong>do</strong>s os testes utiliza<strong>do</strong>s na tabulação foram não paramétricos; ou seja, nãorequereram conhecimento prévio da distribuição populacional. A utilização deferramentas não paramétricas foi necessária, porque em to<strong>do</strong>s os casosnecessários, quan<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> o teste de normalidade para o conjunto de da<strong>do</strong>s,observou-se a rejeição da hipótese de que os da<strong>do</strong>s provinham de uma populaçãonormal.Ten<strong>do</strong> em vista o aspecto comparativo, após a criação de cada tabela os valoresencontra<strong>do</strong>s para as médias calculadas em cada pergunta no campo “requerida pelaorganização” versus “efetiva <strong>do</strong> líder” foram submeti<strong>do</strong>s ao teste não paramétrico deWilcoxon. Devi<strong>do</strong> ao número de frases, foram realiza<strong>do</strong>s 67 testes, queestabeleceram uma relação de diferença significante, ou não, entre as médias. Estes


51testes foram compostos por hipóteses. 1 Após a realização desta etapa, foi possívelverificar que, a um nível de significância de 5% (confiabilidade de 95% quanto àsafirmações feitas na análise no capítulo 4 desta pesquisa), to<strong>do</strong>s os 67 testesapresentaram p-valor igual a zero. Ou seja, em to<strong>do</strong>s os testes o resulta<strong>do</strong>encontra<strong>do</strong> foi pela rejeição da hipótese nula de igualdade entre as médias. Logo,pode-se verificar que em todas as cinco seções <strong>do</strong> questionário há uma diferençasignificante na opinião <strong>do</strong>s respondentes quan<strong>do</strong> se compara o que consideram quea empresa requer em seu trabalho (requeri<strong>do</strong>) e o que consideram que realmenteexercem na empresa (efetivo). Além disso, para testar possíveis correlações entredetermina<strong>do</strong>s grupos de perguntas, utilizou-se o teste de Spearman e montou-seuma tabela com o valor <strong>do</strong> coeficiente de correlação rho (coeficiente de correlaçãode Pearson) e o respectivo valor para o teste.Outro fato bem evidente ao se observar as tabelas foi a baixa dispersão davariabilidade da amostra – ou seja, o comportamento homogêneo obti<strong>do</strong> pelosrespondentes quan<strong>do</strong> se verifica cada questão aplicada. Isso pode ser comprova<strong>do</strong>pela comparação direta entre a mediana e a média de cada pergunta, tanto notópico “efetivo” quanto no “requeri<strong>do</strong>”. Os valores da média sempre se aproximam<strong>do</strong>s valores da mediana, indican<strong>do</strong> a baixa variabilidade. Logo, conclui-se que osrespondentes reagiram de forma razoavelmente similar às mesmas questões,conferin<strong>do</strong> homogeneidade no comportamento e no perfil <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s. Por fim, foiraro encontrar algum gestor que, para uma mesma pergunta, tenha apresenta<strong>do</strong>uma resposta e um ponto de vista demasiadamente díspar <strong>do</strong>s demaisrespondentes.1 A hipótese nula (H 0 ) foi enunciadada seguinte forma: “A média <strong>do</strong> grupo prescrito é igual àmédia <strong>do</strong> grupo efetivo”; e a hipótese alternativa (H 1 ) foi: “A média <strong>do</strong> grupo prescrito édiferente da média <strong>do</strong> grupo efetivo”.


524 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS4.1 A empresa e suas políticas de gestãoA empresa pesquisada iniciou as suas atividades em 1990, com o objetivo de suprira demanda por habitações populares. Nos últimos anos, vem construin<strong>do</strong> obrashabitacionais e de infra-estrutura em diversas cidades mineiras. Na última década, aorganização ampliou as suas atividades, passan<strong>do</strong> a atuar nos setores ferroviário,ro<strong>do</strong>viário, saneamento, edificações e limpeza urbana. De acor<strong>do</strong> com o site daempresa, suas atividades se dão nos seguintes segmentos:a) Obras de infra-estrutura – As obras de infra-estrutura, necessárias aocrescimento <strong>do</strong> País, relacionam-se diretamente com a melhoria daqualidade de vida da população. Assim, a empresa realiza estu<strong>do</strong>s eexecuta serviços de urbanização, terraplagem e pavimentação. Pelos<strong>do</strong>cumentos analisa<strong>do</strong>s, parece fazer parte da missão da empresaconstruir obras de engenharia que melhorem a qualidade de vida dapopulação.b) Obras industriais e edificações – Desde o início de suas atividades, aempresa realiza obras de engenharia que têm como foco satisfazer asnecessidades de seus clientes. Destacam-se neste cenário inúmerasobras de edificações, comerciais e industriais. A empresa pesquisadaparece buscar soluções inova<strong>do</strong>ras, apontan<strong>do</strong> caminhos que adiferenciam no merca<strong>do</strong> no qual inserida.c) Obras ferroviárias – A empresa, neste segmento, executa serviços deconstrução, remodelação, manutenção de via permanente e ampliação deinfra-estrutura e superestrutura em linhas férreas. Busca adaptar-se àsnecessidades, atenden<strong>do</strong> às expectativas <strong>do</strong> cliente quanto a um altopadrão de qualidade e segurança.


53d) Obras de saneamento básico – Esta foi uma das áreas <strong>do</strong> segmentopesquisa<strong>do</strong>. A empresa, mais <strong>do</strong> executar obras para o abastecimento deágua potável, coleta de lixo e tratamento de esgotos, busca priorizar aconservação da saúde da população.e) Qualidade e meio ambiente – A análise <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos permitiuobservar que a empresa pesquisada, por intermédio <strong>do</strong> setor deQualidade e Meio Ambiente, elabora políticas com foco na preservação ena recuperação <strong>do</strong> meio ambiente. Percebe-se que as construções deobras de engenharia incorporam a missão de qualidade e respeito aomeio ambiente.f) Obras de limpeza urbana – A limpeza urbana foi o foco principal dapesquisa realizada, complementada pelo negócio de saneamento. Estenegócio constituiu-se como o centro das atenções da empresa. Ampliou asua área de negócios, atuan<strong>do</strong> no setor de limpeza urbana, com serviçosde coleta de lixo, coleta seletiva, aterro sanitário, varrição, capina elimpeza.Para atender a to<strong>do</strong>s esses segmentos de negócios, a empresa possui uma carteirade contratos em andamento de 14 contratos, totalizan<strong>do</strong> R$ 225.587.870,49, alémde outros no valor de R$ 4162.032.502,64. Possui um quadro de emprega<strong>do</strong>scomposto por um corpo técnico de 236 profissionais e um corpo operacional de2.726 emprega<strong>do</strong>s diretos. Destes, 1.400 atuam no segmento pesquisa<strong>do</strong>.A empresa possui um sistema de gestão intregrada e duas certificações pela DetNorske Veritas, que certifica o sistema de qualidade, engloban<strong>do</strong> meio ambiente,segurança e saúde, responsabilidade social e qualidade.4.1.1 Competências gerenciais definidas para os gestores da política de gestãode pessoas e da política de qualidade da empresaPara responder ao segun<strong>do</strong> objetivo específico, recorreu-se à análise <strong>do</strong>cumental.Observou-se que as competências gerenciais são definidas para os gestores da


organização de acor<strong>do</strong> com duas fontes: o sistema da avaliação de desempenho; ea política de qualidade da empresa. Tais competências prescritas são as seguintes:54a) Assiduidade e freqüênciab) Relacionamento interpessoalc) Trabalho em equiped) Atençãoe) Urbanidadef) Comprometimento com as metasg) Comprometimento com as normas de segurança <strong>do</strong> trabalhoh) Fidelização <strong>do</strong> colabora<strong>do</strong>r com a imagem da empresaEm entrevista com a gestora de RH da empresa, as competências foram descritascomo:a) Assiduidade e freqüência – Observa-se que assiduidade e freqüência éconsideradas uma competência. Na literatura, pode-se verificar comosen<strong>do</strong> um comportamento observável. Quan<strong>do</strong> investiga<strong>do</strong> porque essetermo era considera<strong>do</strong> uma competência, a gestora explicou da seguinteforma:Nossa produção é avaliada pelo nosso cliente por área de trabalha<strong>do</strong>realizada. [...] Por isso, assiduidade e freqüência são muitoimportantes para que nosso cliente nos pague pelos serviçosrealiza<strong>do</strong>s (Gestora de RH).b) Relacionamento interpessoal – Esta competência, ou habilidade, foidefinida na organização como a capacidade de relacionar-se bem com ogrupo, <strong>do</strong>s grupos entre si e também com o público em geral.c) Trabalho em equipe – Aqui, parece haver conformidade com a literaturaestudada. A empresa pesquisada considera importante a capacidade e aqualidade <strong>do</strong>s gestores de trabalhar em equipe.d) Atenção – Na empresa pesquisada, a atenção é definida como aqualidade de ser cuida<strong>do</strong>so com os colegas e com as pessoas de mo<strong>do</strong>geral.


55e) Urbanidade – Esta competência é um comportamento observável.Segun<strong>do</strong> a literatura, está relacionada à capacidade de tratar bem aspessoas, incluin<strong>do</strong> aqui o público em geral. Ter boas maneiras, sereduca<strong>do</strong>, gentil, na visão da empresa.f) Comprometimento com as metas – A empresa define esta competênciacomo a capacidade de cumprir os prazos, de estar sempre alinha<strong>do</strong> aosobjetivos da empresa.g) Comprometimento com as normas de segurança <strong>do</strong> trabalho – O que aempresa colocou como comprometimento com a segurança <strong>do</strong> trabalhofoi a capacidade <strong>do</strong>s gestores de assumir a responsabilidade dasegurança em primeira mão. Segun<strong>do</strong> a empresa, utilizar e fazer com queto<strong>do</strong> o corpo operacional utilize os equipamentos de proteção individual ecoletiva.h) Fidelização <strong>do</strong> colabora<strong>do</strong>r com a imagem da empresa – A organizaçãoconsidera importante a identificação <strong>do</strong> colabora<strong>do</strong>r com a imagem daempresa. Traduz esse comportamento, chama<strong>do</strong> pela empresa decompetência, como sen<strong>do</strong> “a capacidade <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> ter orgulho detrabalhar na empresa”.Pode-se observar que essas competências, na ótica da empresa, parecem estaralinhadas ao tipo de negócio que produz, que é a limpeza urbana, e parece sejustificar quan<strong>do</strong> analisada à luz <strong>do</strong> propósito da empresa.Analisan<strong>do</strong> alguns <strong>do</strong>cumentos, foi possível verificar que a empresa é cobrada porresulta<strong>do</strong>s diariamente e que essa cobrança parece recair, sobretu<strong>do</strong>, nos gestoresque estão no front line. Atenção e urbanidade parecem fazer parte também de umcompromisso assumi<strong>do</strong> com os clientes, no âmbito da política de qualidade. Aempresa já passou pelo processo de certificação da qualidade por duas vezes e foicertificada em to<strong>do</strong>s os processos. A cada certificação, a empresa parece buscarmais e mais a valorização dessas competências. Observe-se o comentário dagestora de RH:Em um primeiro momento, nossa preocupação estava muitoassociada ao funcionamento <strong>do</strong>s processos. Agora, nessa segunda


certificação a preocupação da empresa se concentrou nas pessoas(gestora de RH).564.1.2 Competências gerenciais, na ótica da alta administração da empresaEsse tema associa<strong>do</strong> ao segun<strong>do</strong> objetivo específico, foi aborda<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong>sda<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s por meio das entrevistas com roteiro semi-estrutura<strong>do</strong> (Apêndice A)realizadas com os altos executivos da empresa.Foram realizadas quatro entrevistas sen<strong>do</strong> que <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s sujeitos ocupavam oscargos de sócio-diretor. Os outros <strong>do</strong>is foram o diretor de negócios e comercial e agestora de recursos humanos.Quan<strong>do</strong> os gestores foram questiona<strong>do</strong>s sobre quais as competências gerenciaisque a organização precisaria desenvolver perante seus funcionários para se tornarcompetitiva, <strong>do</strong>is afirmaram que era importante conhecimento técnico da área denegócio e planejamento, e <strong>do</strong>is responderam que as competências eram inovação ecapacidade de planejamento. Percebe-se uma homogeneidade com relação aoplanejamento, diferentemente das questões relacionadas ao conhecimentoespecífico <strong>do</strong> negócio da área e a inovação.Na seqüência, ao serem questiona<strong>do</strong>s sobre que competências os baixos e osmédios gestores possuíam para o desenvolvimento de suas funções, obtiveram-seas seguintes respostas: <strong>do</strong>is entrevista<strong>do</strong>s relacionaram as capacidades decomunicação, de relacionamento interpessoal e de responsabilidade, e <strong>do</strong>isresponderam que as competências eram trabalho em equipe, comprometimento comas metas da empresa, relacionamento interpessoal e responsabilidade, de umamaneira geral. Assim, como as respostas diferem em conteú<strong>do</strong>, ressalte-se que osaltos gerentes falam de competências diferentes. Apenas <strong>do</strong>is deles identificaram ascompetências trabalho em equipe e comprometimento com metas da empresa, asquais fazem parte das políticas formais da organização. Esse desalinhamento


sugere que estas políticas não são divulgadas ou conhecidas por to<strong>do</strong>s e, o que égrave, pela própria cúpula da empresa.57Ao serem pergunta<strong>do</strong>s sobre o que a empresa está fazen<strong>do</strong> para assegurar amanutenção das competências atuais <strong>do</strong>s profissionais que exercem funções decoordenação e gerência, os entrevista<strong>do</strong>s revelaram concordância. Para eles, aempresa está promoven<strong>do</strong> treinamentos e cursos, mas ainda há muito o que fazer.Assim, as respostas se apresentaram de forma bem homogênea.Os altos gestores foram questiona<strong>do</strong>s sobre o fato de a empresa valorizar o seupotencial interno. Para eles, a empresa tem valoriza<strong>do</strong> os emprega<strong>do</strong>s, já que amaioria <strong>do</strong>s baixos gestores é oriunda <strong>do</strong> nível operacional. Acrescentaram aindaque percebem a necessidade de oxigenar a organização, trazen<strong>do</strong> “recursoshumanos” <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. Convém ressaltar que nos níveis mais altos ocorreaproveitamento interno: o diretor comercial, que atua na empresa há mais de quinzeanos, era um estagiário. Um <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s acrescentou que percebia que aempresa precisaria organizar-se melhor para fazer esse movimento interno deaproveitamento de pessoas. Segun<strong>do</strong> ele, a empresa dá oportunidade decrescimento, no entanto essa oportunidade não está descrita nas suas políticas, eisso merece, na sua percepção, uma atenção especial no senti<strong>do</strong> de organizar-semelhor, de estabelecer critérios mais claros, transparentes e que possam serdivulga<strong>do</strong>s a to<strong>do</strong>s os emprega<strong>do</strong>s.Outra questão discutida com os entrevista<strong>do</strong>s versou sobre o tema liga<strong>do</strong>diretamente aos interesses desta pesquisa, em que se buscou identificar osconhecimentos que os altos gestores julgavam importantes e que os baixos emédios gerentes deveriam ter, em sua percepção. Um entrevista<strong>do</strong> apontouconhecimentos técnicos <strong>do</strong> ramo de atuação, conhecimentos de informática e denegociação. Os outros três responderam que os conhecimentos eram tecnológico,de liderança, de segurança <strong>do</strong> trabalho e de negociação. Conforme da<strong>do</strong>sapresenta<strong>do</strong>s mais a frente, coleta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s médios e baixos gestores, pode-seidentificar que parece haver coerência nestes relatos no que se refere às elevadasmédias obtidas nos itens “Conhecimento <strong>do</strong>s processos de limpeza urbana” e


“Conhecimentos de segurança <strong>do</strong> trabalho”, relaciona<strong>do</strong>s à competênciaefetivamente explicitada.58Por outro la<strong>do</strong>, essa identificação parece ter si<strong>do</strong> influenciada pelo momento quan<strong>do</strong>ocorreu a coleta de da<strong>do</strong>s. Como esta parte da pesquisa foi feita por meio dequestionário e contan<strong>do</strong> com a presença <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r, pôde-se presenciardetermina<strong>do</strong> fato, o que, de certa forma, pode ter afeta<strong>do</strong> os seus resulta<strong>do</strong>s. Esseacontecimento foi a ocorrência de um acidente grave, implican<strong>do</strong> a morte de umfuncionário que se queimou ao esquentar uma marmita com álcool. Esse fatomobilizou to<strong>do</strong>s os gestores da área de Saneamento e Limpeza, dada a sua formabrusca e trágica. Na visão <strong>do</strong>s respondentes, esta negligência levou ao óbito <strong>do</strong>funcionário. Na ocasião da pesquisa, ocorria toda uma mobilização voltada paragarantir a segurança <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s e uma melhor condição de trabalho. Aindaassim, não só os entrevista<strong>do</strong>s como os gestores de baixa e média gerênciapareciam sensíveis quanto aos itens supracita<strong>do</strong>s.Quanto às habilidades que os altos gestores julgavam importantes para osfuncionários que exerciam a função de coordenação, as respostas obtidas foram:liderança, trabalho em equipe, organização e inovação. Note-se que essasrespostas não continham habilidades tais como fidelização com o colabora<strong>do</strong>r e coma imagem da empresa e relacionamento interpessoal, as quais fazem parte daspolíticas de gestão. Esse da<strong>do</strong> parece confirmar ainda mais a falta de conhecimentoou a não divulgação das políticas internas da empresa. Observe-se que pode serimportante que to<strong>do</strong>s os emprega<strong>do</strong>s tenham esse conhecimento tanto <strong>do</strong> ponto devista de tomar ciência sobre o que lhe será cobra<strong>do</strong> quanto <strong>do</strong> ponto de vista deavaliar adequadamente a partir <strong>do</strong> conhecimento, uma vez que as competênciasrelacionadas às habilidades estão presentes também no instrumento de avaliaçãode desempenho da empresa.Finalizan<strong>do</strong>, foi pergunta<strong>do</strong> aos gestores sobre as atitudes que a empresa requeriade seus gestores, coordena<strong>do</strong>res ou responsáveis, por cargo de coordenação. Doisentrevista<strong>do</strong>s mencionaram: criatividade, responsabilidade, generosidade, liderança,comprometimento, controle emocional e honestidade. Outros <strong>do</strong>is entrevista<strong>do</strong>s


esponderam: comprometimento com metas, responsabilidade, honestidade,urbanidade.59A partir da análise das entrevistas, pode-se observar que as competências definidaspela organização em sua política de gestão de pessoas e na qualidade aparecemem meio a outras competências que não foram evidenciadas na política.O próximo item trata das competências gerenciais situadas a partir <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>sdemográficos da população respondente. Essas competências gerenciais estãodescritas na ótica <strong>do</strong>s baixos e médios gestores.Analisan<strong>do</strong> o conjunto <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s demográficos percebe-se que os resulta<strong>do</strong>sdenotam coerência em vários itens. Esses da<strong>do</strong>s foram importantes paracaracterizar a população respondente e para comparar a análise que foi feita emforma de triangulação, reunin<strong>do</strong> as respostas, a observação feita durante aaplicação <strong>do</strong>s questionários e confronta<strong>do</strong>s com a análise <strong>do</strong>cumental.Assim sen<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s demográficos que serão apresenta<strong>do</strong>s a seguir, em muitosresulta<strong>do</strong>s, tais como escolaridade, tempo de atuação no cargo e no setor foramimportantes no senti<strong>do</strong> de permitir confrontar os resulta<strong>do</strong>s com a compatibilidade dapopulação pequisada.4.1.3 Competências gerenciais, na ótica <strong>do</strong>s baixos e <strong>do</strong>s médios gestoresAs competências gerenciais, na ótica <strong>do</strong>s médios e baixos gestores, foramanalisadas em três categorias: relacionadas aos conhecimentos, habilidades eatitudes; relacionadas ao modelo de Quinn et al. (2003); e relacionadas às políticasda organização.


604.2 Da<strong>do</strong>s demográficosOs da<strong>do</strong>s demográficos coleta<strong>do</strong>s via questionários trataram das seguintesvariáveis: sexo, faixa etária, esta<strong>do</strong> civil, escolaridade, área de atuação atual, tempoem que atua na área, cargo atual, tempo em que atua no cargo, tempo em que atuana empresa e tempo em que atua no setor.Quanto à variável sexo, dentre os 237 respondentes, há uma quantidadesignificativamente maior de homens nos cargos gerenciais aborda<strong>do</strong>s. Enquanto61% são <strong>do</strong> sexo masculino, o que corresponde a um total de 144 homens, 39% são<strong>do</strong> sexo feminino, ou seja, 93 mulheres (GRÁF. 1).Gráfico 1 – Distribuição <strong>do</strong>s respondentes quanto ao sexoFonte: Da<strong>do</strong>s da pesquisaJá em relação à variável faixa etária, esta apresentou proporções um pouco maisdistribuídas, mas ainda assim nota-se que mais de 60% <strong>do</strong>s líderes apresentam, nomáximo, 35 anos de idade, sen<strong>do</strong> 27,43% pertencente apenas à faixa de 26 a 30anos, enquanto as maiores porcentagens concentram-se nas faixas etárias iniciais,aproximadamente apenas 5% <strong>do</strong>s respondentes possuem mais de 50 anos (GRÁF. 2).


61Gráfico 2 – Distribuição <strong>do</strong>s respondentes quanto à faixa etáriaFonte: Da<strong>do</strong>s da pesquisaPôde-se constatar que a maioria da população concentra-se na faixa etária de 26 a30 anos, o que pode ser explica<strong>do</strong> pela rotina de trabalho. Constatou-se norecrutamento e seleção uma preocupação em contratar pessoas mais jovens, dadaa natureza <strong>do</strong> trabalho, que demonstra uma característica de esforços físicos.Ao se observar a variável esta<strong>do</strong> civil, aproximadamente 75% <strong>do</strong>s respondentesencontra-se na faixa de solteiros ou casa<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> 37,97% referentes ao primeiro e38,40% ao último. Dentre as demais faixas, destaca-se a porcentagem de 8,44%para o esta<strong>do</strong> de união estável, praticamente semelhante à quantidade encontradapara a faixa de desquita<strong>do</strong>s, divorcia<strong>do</strong>s e separa<strong>do</strong>s, que compreende 8,86%(GRÁF. 3).


62Gráfico 3 – Distribuição <strong>do</strong>s respondentes quanto ao esta<strong>do</strong> civilFonte: Da<strong>do</strong>s da pesquisaCom relação à variável escolaridade, o GRÁF. 4, que mais da metade <strong>do</strong>srespondentes não chegou a concluir o ensino médio. A porcentagem referenteàqueles que concluíram o ensino médio é a segunda maior, 27,80%. Já os gestoresque possuem ensino superior completo representam apenas 0,8% de toda aamostra; ou seja, dentre os 237 respondentes apenas 2 fazem parte dessa faixa.Gráfico 4 – Distribuição <strong>do</strong>s respondentes quanto a escolaridadeFonte: Da<strong>do</strong>s da pesquisa


63Os da<strong>do</strong>s correspondentes à escolaridade parecem adequa<strong>do</strong>s à populaçãopesquisada (médios e baixos gestores), consideran<strong>do</strong> o ramo de atuação (área delimpeza urbana e saneamento) e a atividade desenvolvida (supervisão de trabalhosoperacionais), que, a princípio, parece não demandar a necessidade de exigência deescolaridade mais alta. Há que se considerar a informação de que a empresa estábuscan<strong>do</strong> investir na alfabetização e melhoria da escolaridade <strong>do</strong>s funcionários queestão em patamar mais baixo.Quanto à variável área de atuação mostrada no GRÁF. 5, de toda a amostracoletada, aproximadamente 95% <strong>do</strong> total se concentra na área de limpeza urbana.Do restante, 3,38% encontram-se na área administrativa, 0,84% na área desaneamento e 0,42% em cada uma das seguintes áreas: diretoria, construção civil,RH e comercial.Gráfico 5 – Distribuição <strong>do</strong>s respondentes por área de atuação atualFonte: Da<strong>do</strong>s da pesquisaObserva-se que os gestores ocupantes das demais categorias estão lota<strong>do</strong>s na áreade limpeza urbana e saneamento. Conforme descrito, foi neste segmento que houveum crescimento acelera<strong>do</strong> e significativo no número de emprega<strong>do</strong>s, em virtude <strong>do</strong>scontratos firma<strong>do</strong>s pela empresa, conforme destaca<strong>do</strong> na Introdução destadissertação.


64Em relação à variável tempo de atuação na área, verifica-se que aproximadamente75% <strong>do</strong>s respondentes estão de 1 a 10 anos, sen<strong>do</strong> 40,08% entre 1 e 5 anos e34,6% entre 6 e 10 anos. Apenas 2,53% <strong>do</strong>s gestores se mantêm na mesmaárea de atuação há mais de 20 anos e outros 5,49% atuam há menos de 1 ano(GRÁF. 6).Gráfico 6 – Distribuição <strong>do</strong>s respondentes quanto ao tempo de atuação na áreaFonte: Da<strong>do</strong>s da pesquisaO tempo de atuação na área apresenta-se concentra<strong>do</strong> na faixa de 1 a 5 anos, oque é compatível com o crescimento e aumento <strong>do</strong> número de emprega<strong>do</strong>s que sedeu nos últimos <strong>do</strong>is anos.Quanto à variável cargo atual, 82,79% <strong>do</strong>s respondentes estão na categoria delideres de equipe, o que confirma a observação feita no GRÁF. 6. Não houvenenhum respondente que exercesse a função de gestor ou de mestre de obras.Houve um diretor, 1 gerente e 3 coordena<strong>do</strong>res, enquanto os demais seenquadraram na categoria “outro” (GRÁF. 7).


65Gráfico 7 – Distribuição <strong>do</strong>s respondentes quanto ao cargo que ocupamFonte: Da<strong>do</strong>s da pesquisaPara efeito de compreensão da análise feita na categorização <strong>do</strong>s respondentessegue-se abaixo uma breve descrição de cada cargo descrito no gráfico 7, como sesegue:■■■■■Diretor – atua no nível estratégico e é responsável por todas as atribuiçõesreferentes ao segmento limpeza urbana no que diz respeito a ações estratégicas,financeiras e de ampliação <strong>do</strong> negócio e, contato direto com os principaisclientes.Gerente - atua no nível estratégico, porém a maior parte de seus contatos se dãono nível tático. Ele distribui e organiza o trabalho, proven<strong>do</strong> de recursosfinanceiros e humanos a área.Coordena<strong>do</strong>r – responsabiliza-se pelas distribuições setoriais e por zoneamentodas áreas de trabalho. Tem sobre a sua direção os demais funcionários.Gestor – atuo no nível tático e intermedia as ações entre o coordena<strong>do</strong>r e osencarrega<strong>do</strong>s, proven<strong>do</strong> a área tanto de recursos financeiros e insumos, comode recursos humanos.Encarrega<strong>do</strong> - trabalha no campo e supervisiona em média 12 a 15 “líderes deequipe”.


66■Líder de equipe - representra a função de gestão mais próxima <strong>do</strong> operacional.Este cargo se reporta diretamente ao encarrega<strong>do</strong> e tem sobre a sua direçãoto<strong>do</strong> o operacional que trabalha no campo. Eles são responsáveis pela garantia equalidade direta <strong>do</strong>s trabalhos realiza<strong>do</strong>s no campo.A opção “Outro “ refere-se a uma função denominada pela organização como“Feitor”. O feitor se encarrega de serviços de manutenção.Cientes <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> de cada cargo envolvi<strong>do</strong> na pesquisa, passa-se a outro da<strong>do</strong>: otempo de atuação <strong>do</strong>s respondentes em tais cargos. Assim, quanto à variável tempode atuação no cargo, verifica-se que o perfil apresenta<strong>do</strong> pelo GRÁF. 8 érazoavelmente similar ao GRÁF. 6. Há uma grande concentração de respondentesque atuam no cargo há, no máximo, 10 anos. Dos mais de 95% de líderes queocupam as três primeiras faixas no gráfico, mais de 50% estão na categoria detempo de atuação no cargo entre 1 e 5 anos. Deve-se ressaltar que não foiencontra<strong>do</strong> nenhum respondente na amostra que atua no mesmo cargo há mais de20 anos e que uma pequena porcentagem de apenas 1,69%, ou 4 líderes, trabalhamde 16 a 20 anos no mesmo cargo (GRÁF. 8).Gráfico 8 – Distribuição <strong>do</strong>s respondentes quanto ao tempo de atuação no cargoFonte: Da<strong>do</strong>s da pesquisa


67Em relação á variável tempo de trabalho na empresa, observa-se que nenhumrespondente possui mais de 20 anos e que há apenas <strong>do</strong>is respondentes quetrabalham há mais de 11 anos e menos de 20 na empresa. Novamente, a categoriaque apresentou extensa maioria de componentes foi a de 1 a 5 anos de trabalho,com mais de 80% <strong>do</strong>s respondentes, seguida <strong>do</strong>s líderes que estão há menos de 1ano trabalhan<strong>do</strong> na empresa, que representam 14,77% da amostra total (GRÁF. 9).Gráfico 9 – Distribuição <strong>do</strong>s respondentes quanto ao tempo de trabalho na empresaFonte: Da<strong>do</strong>s da pesquisaEsse da<strong>do</strong> também parece ser pertinente se combina<strong>do</strong> com fato de que o grandecrescimento <strong>do</strong> número de emprega<strong>do</strong>s aconteceu há um pouco mais de um ano.Ele se confirma em função de a empresa ter entra<strong>do</strong> para o segmento de limpezaurbana há pouco mais de um ano. Isso parece explicar a concentração <strong>do</strong>semprega<strong>do</strong>s nessa faixa e também o que diz respeito à próxima variável tempo detrabalho no setor.Quanto à variável tempo de trabalho no setor, verifica-se que a distribuição <strong>do</strong>srespondentes quanto ao tempo de trabalho no setor não variou muito em relação aotempo de trabalho na empresa, quan<strong>do</strong> se observa a distribuição entre ascategorias. Novamente, a categoria de 1 a 5 anos apresentou a maior porcentagemde respondentes, quase 70%, enquanto apenas 3 respondentes trabalham nomesmo setor há mais de 16 anos. As categorias que compreendem menos de 1 ano


de trabalho e de 6 a 10 anos apresentaram valores razoavelmente similares: emtorno de 13% (GRÁF. 10).68Gráfico 10 – Distribuição <strong>do</strong>s respondentes quanto ao tempo de trabalho no setorFonte: Da<strong>do</strong>s da pesquisaAssim, de maneira resumida, podem-se caracterizar os gestores como: 61% <strong>do</strong>srespondentes são homens e concentram-se na faixa de idade entre 26 a 30 anos(também 60%); 75% são solteiros ou casa<strong>do</strong>s, distribuí<strong>do</strong>s igualmente; 50,2%apresentam escolaridade de ensino médio incompleto; 94,06% estão concentra<strong>do</strong>sna área de limpeza urbana (alvo da pesquisa); 40,08%, em relação ao tempo deatuação na área, estão na faixa de 1 a 5 anos; 51,05% em relação ao tempo deatuação no cargo, estão localiza<strong>do</strong>s na faixa de 1 a 5 anos; e quanto ao tempo detrabalho no setor, 68,35% concentram-se na faixa de 1 a 5 anos.Com relação aos da<strong>do</strong>s demográficos, na seqüência, verificam-se as dimensões dascompetências.4.3 Estu<strong>do</strong> das competências gerenciaisEste item de análise contou com <strong>do</strong>is conjuntos de da<strong>do</strong>s. O primeiro versa sobre ascapacidades pautadas no modelo <strong>do</strong> CHA (conhecimentos, habilidades, atitudes). Osegun<strong>do</strong> bloco dá ênfase às competências gerenciais <strong>do</strong>s respondentes.


69a) Capacidades relacionadas ao modelo CHAAs capacidades relacionadas aos conhecimentos vinculam-se às competênciasligadas à técnica, à destreza e ao saber fazer (DURAND, 1988, apud BRANDÃO,2002). Na 1ª tabela apresentam-se as médias e as medianas relativas a cada umadas frases utilizadas com o objetivo de sondar em que nível tais capacidadesrelacionadas ao conhecimento são requeridas pela organização e efetivas nocomportamento <strong>do</strong>s gestores, segun<strong>do</strong> sua própria percepção.Tabela 1 – Competências, requeridas e efetivas, relacionadas ao conhecimento,segun<strong>do</strong> os respondentesCapacidades Relacionadas ao Conhecimento Requerida EfetivaMédia Mediana Média Mediana1. Conhecimento de marketing 5,81 7 2,78 22. Conhecimento de informática 6,03 7 2,65 23. Conhecimento <strong>do</strong>s processos da construção civil(edificações) 6,23 7 2,81 24. Conhecimento <strong>do</strong>s processos de saneamento 6,17 7 3,44 35. Conhecimento <strong>do</strong>s processos de limpeza urbana 6,54 7 5,05 66. Conhecimento <strong>do</strong>s processos de vendas 6,04 7 3,23 37. Conhecimento de segurança <strong>do</strong> trabalho 6,39 7 4,14 58. Conhecimento de planejamento estratégico 6,27 7 3,15 39. Conhecimento de administração geral 6,23 7 2,65 210. Conhecimento de recursos humanos 6,17 7 2,49 211. Conhecimento de finanças 6,19 7 2,53 212. Conhecimento de tecnologias específicas da áreade saneamento, limpeza, e construção civil6,16 7 2,76 213. Conhecimento <strong>do</strong>s processos de construção civil. 6,37 7 2,79 2Fonte: Da<strong>do</strong>s da pesquisaPode-se observar a esparsa diferença entre os conhecimentos, requeri<strong>do</strong>s eefetivos, observa<strong>do</strong>s pelos gestores. Note-se também que os conhecimentos <strong>do</strong>sprocessos de limpeza urbana e conhecimentos de segurança <strong>do</strong> trabalho foram ositens que apresentaram a média efetiva mais alta, o que parece denotar coerênciacom a realidade da organização, já que o ramo de negócios pesquisa<strong>do</strong> é limpezaurbana e saneamento. Os conhecimentos em segurança <strong>do</strong> trabalho, pelaobservação realizada, demonstram que são muito cobra<strong>do</strong>s pela organização eparecem ser bem incorpora<strong>do</strong>s pelos gestores.


Convém ressaltar que todas as diferenças entre capacidade requerida e capacidadeefetiva foram estatisticamente significativas (95% de confiabilidade).70Da mesma forma que na TAB. 1, a TAB. 2 apresenta as capacidades relacionadasàs habilidades, ou seja, aquelas relacionadas a saber o que e por que fazer(DURAND, 1988, apud BRANDÃO, 2002).Tabela 2 – Competências, requeridas e efetivas, relacionadas às habilidades,segun<strong>do</strong> os respondentesCapacidades relacionadas às Habilidades Requerida EfetivaMédia Mediana Média Mediana1. Capacidade de trabalhar em equipe 6,63 7 5,66 62. Capacidade de relacionamento interpessoal 6,42 7 5,29 63. Capacidade de planejar e organizar 6,39 7 5,41 64. Capacidade de Liderança 6,50 7 5,50 65. Capacidade de tomar decisões de risco 6,15 7 4,77 56. Capacidade de negociação 6,37 7 4,60 57. Capacidade de ouvir 6,07 7 4,49 58. Habilidade em línguas estrangeiras 5,86 7 3,86 49. Capacidade de comunicação 6,00 7 4,64 510. Capacidade de empreender 6,33 7 5,11 511. Experiência profissional 6,34 7 5,23 612. Comprometimento com a empresa 6,30 7 5,19 613. Capacidade de inovação 6,37 7 5,37 614. Iniciativa de ação e decisão 6,38 7 5,32 515. Capacidade de gerar resulta<strong>do</strong>s efetivos 6,30 7 5,24 616. Capacidade de lidar com as diferenças 6,33 7 5,28 617. Capacidade de gerenciar pessoas e tarefas 6,39 7 5,48 618. Capacidade de gerenciar conflitos 6,27 7 5,25 619. Capacidade para identificar, priorizar e resolverproblemas 6,34 7 5,33 620. Capacidade de organização pessoal e deadministração 6,34 7 5,29 621. Capacidade de visão <strong>do</strong> futuro 6,42 7 5,68 622. Capacidade de estabilização e auto controle 6,49 7 5,23 6Fonte: Da<strong>do</strong>s da pesquisaNote-se que a média mais baixa concentra-se habilidade em línguas estrangeiras, oque demonstra coerência, consideran<strong>do</strong> o segmento em que os gestoresrespondentesatuam e a necessidade de utilização de idiomas no seu cotidiano.


71A segunda média mais baixa capacidade de ouvir, que, segun<strong>do</strong> a literatura,apresenta-se importante para os cargos de gestores, demonstra ser uma habilidadeem defasagem com as necessidades comuns aos gerentes, que carecem deaperfeiçoamento para que os gestores possam responder mais efetivamente àincumbência de gerir as pessoas.Outras médias consideradas baixas são capacidade de comunicação, capacidadede negociação e capacidade de tomar decisões de riscos. Essas habilidadesparecem coincidir com a análise <strong>do</strong>cumental e as entrevistas feitas com a altaadministração, já que referem-se a competências importantes para que a empresacresça e se estabeleça no merca<strong>do</strong> em que atua.Ressalte-se, ainda, que todas as diferenças entre habilidades requeridas ehabilidades efetivas foram estatisticamente significativas (95% de confiabilidade),porém menores que no que tange aos conhecimentos.Quanto às capacidades relacionadas às atitudes, a TAB. 3 exibe, da mesma formaque as anteriores, os níveis em que são requeridas e efetivadas no dia-a-dia <strong>do</strong>sgestores. Conforme Durand (1988, apud BRANDÃO, 2002), tais capacidades ligadasàs atitudes referem-se a interesse, determinação e querer fazer <strong>do</strong>s sujeitos.


Tabela 3 – Competências, requeridas e efetivas, relacionadas às atitudes, segun<strong>do</strong>os respondentesCapacidades Relacionadas às Atitudes Requerida EfetivaMédia Mediana Média Mediana1. Capacidade de aprender 6,63 7 5,77 62. Capacidade de adaptação 6,46 7 5,42 63. Capacidade de julgamento 5,99 7 4,58 54. Autocontrole emocional 6,30 7 5,11 55. Capacidade de lidar com situações inusitadas 6,29 7 4,93 56. Capacidade de lidar com incertezas e ambigüidades 6,06 7 4,83 57. Capacidade de Sensibilidade 6,12 7 4,96 58. Pró-atividade 6,25 7 5,11 59. Criatividade 6,29 7 5,35 610. Iniciativa 6,41 7 5,45 611. Serenidade 6,38 7 5,77 612. Resistência ao estresse 6,44 7 5,60 613. Disciplina 6,42 7 5,59 614. Autoconfiança 6,56 7 5,76 615. Honestidade 6,57 7 5,95 616. Flexibilidade 6,57 7 5,74 6Fonte: Da<strong>do</strong>s da pesquisa72Apesar de serem estatisticamente diferentes (95% de confiabilidade), asdisparidades em termos de atitudes requeridas e efetivas foram semelhantes no quetange às habilidades (TAB. 2) e menores que aquelas percebidas em termos deconhecimentos (TAB. 1).Pode-se perceber que as capacidades relacionadas à atitude consideradas efetivaspelos respondentes apresentam médias relativamente baixas se comparadas àsmédias requeridas pela organização. Observa-se que a competência relacionada àatitude na capacidade de julgamento é de 4,58 (a média mais baixa), seguida decapacidade de lidar com incertezas e ambigüidades (4,83), capacidade de lidar comsituações inusitadas (4,93) e capacidade de sensibilidade (4,96). Estas seapresentam como as médias mais baixas, porém denotam que os gestores parecemter consciência da importância das competências associadas, quan<strong>do</strong> comparadasàs médias requeridas. A literatura estudada destaca a importância dessascompetências para as práticas de gestão (LUZ, 2001, p. 35).


Dan<strong>do</strong> ênfase às competências no nível gerencial, o item seguinte trata <strong>do</strong> modelode Quinn et al. (2003), que serviu de âncora para este estu<strong>do</strong>.73b) Competências gerenciais segun<strong>do</strong> o modelo de Quinn et al. (2003)Quinn et al. (2003) delinearam um modelo de análise no qual as competênciasgerenciais são percebidas como <strong>do</strong>mínios de capacidades e exercícios de papéisdiversos e importantes na consecução das atividades relacionadas à funçãogerencial. Este modelo é que serve de âncora para este estu<strong>do</strong>.Na TAB. 4, apresentam-se as médias e medianas relativas a cada uma das frasesutilizadas com objetivo de sondar em que nível as competências gerenciais sãorequeridas pela organização e efetivas no comportamento <strong>do</strong>s gestores, segun<strong>do</strong>sua própria percepção.Tabela 4 – Competências gerenciais requeridas e efetivas, segun<strong>do</strong> o modelo deQuinn et al. (2003), na opinião <strong>do</strong>s respondentesCompetências Gerenciais Requerida EfetivaMédia Mediana Média Mediana1. Propõe idéias criativas e inova<strong>do</strong>ras 6,41 7 5,13 52. Exerce elevada influência na organização 6,40 7 5,18 53. Promove claramente a unidade entre os membros 6,49 7 5,42 64. Mantém firme o controle logístico 6,39 7 5,40 65. Trata cada indivíduo de maneira sensível ecuida<strong>do</strong>sa 6,49 7 5,44 66. Experimenta novos conceitos e idéias 6,32 7 5,30 67. Mostra empatia e interesse em lidar com ossubordina<strong>do</strong>s 6,29 7 5,33 68. Estimula a participação de to<strong>do</strong>s nos processosgrupais de tomada de decisão 6,23 7 5,13 59. Compara da<strong>do</strong>s, relatórios, informações e etc.para detectar discrepâncias 6,20 7 5,23 610. Conduz o setor rumo às das metas estabelecidas 6,47 7 5,49 611. Antecipa problemas, evitan<strong>do</strong> crises 6,29 7 5,40 612. Controla os membros no cumprimento <strong>do</strong>sobjetivos 6,37 7 5,37 613. Esclarece objetivos e prioridade comuns 6,33 7 5,40 614. Influencia as tomadas de decisão em alto nível 6,39 7 5,55 615. Traz um senso de ordem ao setor 6,44 7 5,70 616. Alinha diferenças-chave entre os membros <strong>do</strong> grupo,trabalhan<strong>do</strong> de forma participativa para resolvê-las 6,59 7 5,69 6Fonte: Da<strong>do</strong>s da pesquisa


74Sobre as competências gerenciais, objeto principal deste estu<strong>do</strong>, apresentam-se osda<strong>do</strong>s que se destacam na amostra. As frases “Estimula a participação de to<strong>do</strong>s nosprocessos grupais de decisão” (média 5,13) e “Propõe idéias criativas e inova<strong>do</strong>ras(média 5,13), acompanhadas de “Exerce elevada influência na organização” (média5,18) obtiveram as médias mais baixas no grupo <strong>do</strong> comportamento considera<strong>do</strong>efetivo pelos respondentes. Os estu<strong>do</strong>s da literatura apontam essas competênciascomo importantes para as práticas de gestão e os resulta<strong>do</strong>s demonstram que, navisão <strong>do</strong>s gestores, no que se refere a competência efetiva, essas competênciasforam as mais baixas, embora denotem que, na visão das competências requeridas,elas se apresentam com médias mais elevadas. Consideran<strong>do</strong> que a maior parte daamostra pesquisada ocupa a posição de baixos gestores mais liga<strong>do</strong>s aooperacional, estas médias parecem compatíveis com o resulta<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong>.Para analisar as respostas <strong>do</strong>s gestores em termos das competências gerenciaisenvolvidas em cada um <strong>do</strong>s papéis desempenha<strong>do</strong>s por eles, foi necessárioinvestigar as correlações entre as frases pertinentes a cada papel. Assim, cadapapel é composto pela junção de duas frases presentes no questionário na seção D(Competências gerenciais). Para confirmar ou refutar a validade dessesagrupamentos, utilizou-se o teste não paramétrico de correlação de Spearman. Osvalores das correlações e os correspondentes p-valores para os testes realiza<strong>do</strong>sestão disponíveis na TAB. 5.Tabela 5 – Correlações entre as frases, por papel correspondente a competênciasgerenciais, segun<strong>do</strong> o modelo de Quinn et al. (2003)PapéisCorrelações entre frasesRequerida (p-valor) Efetiva (p-valor)Monitor 0,512 0,365Coordena<strong>do</strong>r 0,415 0,419Diretor 0,330 0,278Produtor 0,483 0,429Mentor 0,492 0,435Facilita<strong>do</strong>r 0,291 0,313Inova<strong>do</strong>r 0,343 0,368Negocia<strong>do</strong>r 0,411 0,362Fonte: Da<strong>do</strong>s da pesquisa.


75Note-se que todas as correlações testadas para os agrupamentos foramsignificativas; ou seja, comprovam a escolha das perguntas em questão comoadequadas para a descrição <strong>do</strong>s respectivos papéis, quan<strong>do</strong> agrupadas. Éimportante ressaltar que os testes de correlação de Spearman foram realiza<strong>do</strong>s aum nível de significância de 5%, o que confere uma confiabilidade de 95% àsafirmativas. Percebe-se, ainda, que em to<strong>do</strong>s os casos, mesmo que o teste fosserealiza<strong>do</strong> a um nível de confiabilidade de 99%, as conclusões seriam as mesmas, afavor da aceitação de que há um grau de correlação entre as frases. Isso apenasreforça, <strong>do</strong> ponto de vista estatístico, a qualidade <strong>do</strong> ajuste <strong>do</strong>s agrupamentos. Outrofato importante a ser cita<strong>do</strong> é que todas as correlações encontradas foram positivas,isto é, uma alteração em um determina<strong>do</strong> senti<strong>do</strong> em uma das frases da duplaconsiderada implica alteração direta de mesmo senti<strong>do</strong> na outra frase <strong>do</strong> mesmoagrupamento que compõe o respectivo papel.Por fim, foram testadas as correlações entre cada papel e to<strong>do</strong> o grupo <strong>do</strong>s demaissete papéis restantes (monta<strong>do</strong> com base nas médias destes). A TAB. 6 mostra queos resulta<strong>do</strong>s das correlações apresentaram-se mais altos que. até mesmo, asfrases agrupadas para se formar os papéis, como foi exibi<strong>do</strong> na TAB. 5. To<strong>do</strong>s os p-valores obti<strong>do</strong>s novamente confirmam a existência de uma correlação positivabastante significante entre to<strong>do</strong>s os papéis e grupos testa<strong>do</strong>s aos níveis deconfiabilidade de 95% e 99%.Tabela 6 – Correlações entre papéis, segun<strong>do</strong> modelo de Quinn et al. (2003) e gruporestantePapéisCorrelações entre papéis e grupo restanteRequerida (p-valor) Efetiva (p-valor)Monitor 0,689 0,653Coordena<strong>do</strong>r 0,756 0,709Diretor 0,774 0,717Produtor 0,708 0,703Mentor 0,693 0,664Facilita<strong>do</strong>r 0,725 0,664Inova<strong>do</strong>r 0,693 0,676Negocia<strong>do</strong>r 0,758 0,775Fonte: Da<strong>do</strong>s da pesquisa


76Para estudar o perfil em termos de eficácia <strong>do</strong>s papéis aborda<strong>do</strong>s no modelo deQuinn et al. (2003), de acor<strong>do</strong> com a visão <strong>do</strong>s gestores participantes da pesquisa,foram estabeleci<strong>do</strong>s três intervalos na escala Likert de respostas, a saber:a) Se a resposta estivesse entre 1 e 3,5 (exclusive), o exercício <strong>do</strong> papel foiclassifica<strong>do</strong> como insatisfatório.b) Se a resposta estivesse entre 3,5 (inclusive) e 4,5 (exclusive), o exercício<strong>do</strong> papel foi classifica<strong>do</strong> como mediano.c) Se a resposta estivesse entre 4,5 (inclusive) e 7, o exercício <strong>do</strong> papel foiclassifica<strong>do</strong> como satisfatório.O GRÁF. 11 mostra a freqüência, em porcentagem, para cada uma das trêsclassificações descritas em to<strong>do</strong>s os papéis, requeridas (desejada) e efetivas (real), deacor<strong>do</strong> com os da<strong>do</strong>s forneci<strong>do</strong>s pelos respondentes. Foram acrescentada tambémduas colunas compostas pelo agrupamento de to<strong>do</strong>s os papéis, denominadas “Geral”.Gráfico 11 – Papéis das competências gerenciais, segun<strong>do</strong> o modelo de Quinn et al.(2003), requeri<strong>do</strong>s (desejada) e efetivos (real), na percepção <strong>do</strong>s respondentesFonte: Da<strong>do</strong>s da pesquisa


77Observan<strong>do</strong>-se o GRÁF. 11, fica evidente a extensa pre<strong>do</strong>minância <strong>do</strong> índicesatisfatório para to<strong>do</strong>s os tópicos aborda<strong>do</strong>s, compon<strong>do</strong>, na maioria <strong>do</strong>s casos, maisde 75% das respostas fornecidas. Note-se também que em quase to<strong>do</strong>s os papéisanalisa<strong>do</strong>s a classificação “Mediano” apresentou uma porcentagem maior que a asnotas inseridas na classificação “Insatisfatório”. De mo<strong>do</strong> geral, como se podeperceber na última dupla de colunas, há uma vasta concentração de respostasvarian<strong>do</strong> de 4,5 a 7, independentemente <strong>do</strong> papel aborda<strong>do</strong>, o que evidencia umavisão e um comportamento homogêneos <strong>do</strong>s respondentes quanto às questõesabordadas no questionário.Outra forma de analisar a concentração de respostas de acor<strong>do</strong> com osagrupamentos realiza<strong>do</strong>s foi mediante a construção de um gráfico <strong>do</strong> tipo “radar”conten<strong>do</strong> como vértices os oito papéis descritos. Como valores quantitativos,trabalhou-se com as médias das respostas calculadas para cada dupla de perguntasque compunham determina<strong>do</strong> papel. Optou-se por apresentar os gráficos sobre aspercepções <strong>do</strong>s gestores em separa<strong>do</strong>, de mo<strong>do</strong> a permitir uma visualização commais clareza a respeito <strong>do</strong>s papéis que compõem as competências gerenciaisrequeridas e efetivas, na opinião <strong>do</strong>s respondentes, com o objetivo final foi identificaros perfis de competências respectivos.


78Facilita<strong>do</strong>rMentorInova<strong>do</strong>r6,456,46,356,36,256,2Negocia<strong>do</strong>rProdutorMonitorDiretorCoordena<strong>do</strong>rGráfico 12 – Papéis das competências gerenciais requeri<strong>do</strong>s, segun<strong>do</strong> o modelo deQuinn et al. (2003), na percepção <strong>do</strong>s respondentesFonte: Da<strong>do</strong>s da pesquisaConsideran<strong>do</strong> a amplitude máxima das respostas, 1 a 7, note-se que as médias paraos papéis foram bastante altas, com leve variabilidade. No GRÁF. 12, referente àsmédias <strong>do</strong>s papéis para o tópico “requeri<strong>do</strong>”, os valores variam levemente em tornoda média 6,4, à exceção <strong>do</strong> escore obti<strong>do</strong> para o papel “monitor”, que se encontraligeiramente desloca<strong>do</strong> para baixo, por volta <strong>do</strong> valor 6,3. Assim, pode-se concluirque o perfil considera<strong>do</strong> eficaz por Quinn et al. (2003, p. 379) que melhor explica apercepção <strong>do</strong>s gestores no que tange ao que é requeri<strong>do</strong> pela organização é o de“produtores conceituais”.Já quanto ao comportamento percebi<strong>do</strong> como efetivo por parte <strong>do</strong>s respondentes,observe-se o GRÁF. 13.


79Facilita<strong>do</strong>rMentorInova<strong>do</strong>r5,65,45,25Negocia<strong>do</strong>rProdutorMonitorDiretorCoordena<strong>do</strong>rGráfico 13 – Papéis das competências gerenciais efetivos, segun<strong>do</strong> o modelo deQuinn et al. (2003), na percepção <strong>do</strong>s respondentesFonte: Da<strong>do</strong>s da pesquisaAinda consideran<strong>do</strong> a amplitude máxima das respostas (1 a 7), percebe-se que asmédias para os papéis foram altas, com baixa variabilidade. No GRÁF. 13, referenteàs médias <strong>do</strong>s papéis para o tópico “efetivo”, os valores variam levemente, em tornoda média 5,4, sen<strong>do</strong> que o papel de inova<strong>do</strong>r teve média mais baixa (5,2) e o papelde coordena<strong>do</strong>r teve média mais elevada (5,6). Assim, pode-se concluir que o perfilé considera<strong>do</strong> eficaz, porém o modelo apresenta<strong>do</strong> por Quinn et al. (2003, p. 378-379) não contempla um perfil específico que trate desta realidade.Dessa maneira, as respostas <strong>do</strong>s gestores em termos <strong>do</strong> que é requeri<strong>do</strong> pelaorganização se encaixaram no perfil “produtores conceituais”. No entanto, seucomportamento efetivo parece não encontrar eco no modelo utiliza<strong>do</strong>.Resumin<strong>do</strong>, o estu<strong>do</strong> apresentou uma grande variedade de resulta<strong>do</strong>s que nãodesconsideram o contexto em que os respondentes se inserem. Quanto aos da<strong>do</strong>sdemográficos, chama a atenção a grande proporção de pessoas jovens e comensino médio incompleto trabalhan<strong>do</strong> nos cargos de baixa e de média gerência.Outra conseqüência da faixa etária mais jovem é a quantidade mínima deprofissionais que já trabalham no setor, na área, no cargo ou, mesmo, na empresahá mais de 15 anos.


80Dentro <strong>do</strong>s cinco grupos de perguntas relaciona<strong>do</strong>s às diversas competênciasrequeridas pela empresa e efetivas <strong>do</strong> líder, o primeiro fato a se ressaltar éexatamente a diferença de valores médios entre estes <strong>do</strong>is tópicos, apontan<strong>do</strong>sempre para maiores valores no tópico “requeri<strong>do</strong>”. O comportamento homogêneo<strong>do</strong>s respondentes <strong>do</strong> questionário, comprova<strong>do</strong> pela baixa variabilidade (valores damédia e da mediana próximos) das “notas” atribuídas, também é um fato bastantevisível na análise. Ainda na comparação entre os cinco grupos, notem-se os gruposA (Competências gerenciais – Capacidades relacionadas aos conhecimentos) e E(Competências gerenciais – Outras competências esperadas pela empresa), comresulta<strong>do</strong>s razoavelmente mais afasta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s demais.No estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> grupo D (Competências gerenciais segun<strong>do</strong> o modelo de Quinn et al.(2003)), todas as correlações entre frases e papéis, e na relação entre papéis egrupo restante, testadas foram confirmadas e em to<strong>do</strong>s os casos a correlação foipositiva e significante ao nível de 99% de confiabilidade. Já na avaliação <strong>do</strong>s papéise <strong>do</strong> grupo inteiro em “Insatisfatório”, “Mediano” e “Satisfatório”, observou-se umaintensa concentração de valores acima de 4,5, indican<strong>do</strong> grande porcentagem deresulta<strong>do</strong>s classifica<strong>do</strong>s como satisfatórios, e uma quantidade bastante inferior devalores abaixo de 3,5, na escala “Insatisfatório”. O estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s valores médios paracada papel contribuiu para a confirmação dessas afirmativas.Observa-se, ainda, o perfil requeri<strong>do</strong> pela empresa de “produtores conceituais”(QUINN et al., 2003), evidencian<strong>do</strong> as competências relacionadas a trabalhoprodutivo, fomento a um ambiente de trabalho produtivo, administração de tempo e<strong>do</strong> estresse de demandas decorrentes. Segun<strong>do</strong> Quinn et al. (2003), este perfileficaz encontra-se na esfera das metas racionais, porém com perspectivas menoresem termos <strong>do</strong> outro papel, o de diretor. Segun<strong>do</strong> os autores, para fomentar oambiente de trabalho produtivo, torna-se necessário que os gestores assumam umcontrole da empresa sobre informação, conhecimento, recompensas e poder. Já nascompetências administração <strong>do</strong> tempo e administração <strong>do</strong> estresse para assumir aprodutividade, demanda-se <strong>do</strong>s gestores que eles tenham produtividade elevada ebusquem constantemente o atingimento das metas, equilibran<strong>do</strong> tempo e estresse.


81Quan<strong>do</strong> se verificam as médias para cada papel no conjunto <strong>do</strong> efetivo (GRÁF. 13),percebe-se que o perfil, apesar de eficaz em função das médias encontradas, nãose enquadra em nenhum <strong>do</strong>s modelos traça<strong>do</strong>s por Quinn et al. (2003), e isso leva auma possível conclusão de que este modelo carece de aperfeiçoamentos ou, atémesmo, de adequação a níveis de gerência mais baixos, que implicam, no caso daamostra trabalhada nesta dissertação, menores níveis de escolaridade e ouexperiência profissional.c) Competências prescritas pela empresaNa seqüência, apresentam-se as competências prescritas pela empresa em suaspolíticas internas de avaliação de desempenho e de qualidade. Há que se considerarque a empresa considera como competências itens como assiduidade e urbanidade,que são classifica<strong>do</strong>s como competências pela empresa.Estas competências estão contidas nas políticas de gestão da empresa, ou seja, nosistema de avaliação de desempenho e na política de qualidade (TAB. 7).Tabela 7 – Competências gerenciais, requeridas e efetivas, prescritas pela empresa,segun<strong>do</strong> os respondentesOutras competências esperadas pela empresa Requerida EfetivaMédia Mediana Média Mediana1. Assiduidade (freqüência) 6,68 7 6,20 72. Relacionamento interpessoal 6,59 7 5,74 63. Trabalho em equipe 6,70 7 6,15 6,54. Atenção 6,76 7 6,34 6,55. Urbanidade (boas maneiras) 6,79 7 6,09 66. Comprometimento com metas 6,80 7 6,17 77. Comprometimento com as normas de segurança 6,80 7 6,28 78. Fidelização <strong>do</strong> colabora<strong>do</strong>r com a imagem daempresa 6,86 7 6,28 7Fonte: Da<strong>do</strong>s da pesquisaA TAB. 7 revela homogeneidade nas médias, o que leva a uma possívelconsideração de que os gestores parecem ter consciência e conhecimento dascompetências prescritas pela organização. Entretanto, cabe ressaltar que essesda<strong>do</strong>s não se compatibilizam com os da<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> as dimensões <strong>do</strong> CHA, ou


82seja, das capacidades relacionadas a conhecimentos, habilidades e atitudes, etambém de acor<strong>do</strong> com as competências gerenciais conforme o modelo de Quinn etal. (2003), as quais apresentam médias mais heterogêneas.Com o objetivo de sintetizar os da<strong>do</strong>s até agora apresenta<strong>do</strong>s, o GRÁF. 14apresenta uma comparação direta entre as médias globais para os 5 grupos deperguntas. Novamente, fica evidente a pre<strong>do</strong>minância das médias “requeridas” maisaltas que as “efetivas”. Nesse senti<strong>do</strong>, note-se que o grupo E, relaciona<strong>do</strong> a outrascompetências esperadas pela empresa, foi o que obteve as maiores médias,enquanto o grupo A, de competências vinculadas às capacidades relacionadas aconhecimentos, apresentou os menores valores. Percebe-se uma sensíveldisparidade na média <strong>do</strong> grupo A entre os itens requeri<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s comos demais grupos para o mesmo item e, também, à média <strong>do</strong> grupo A para o item“efetiva”, aproximadamente duas vezes maior.■ Requeridas■ EfetivasGráfico 14 – Médias globais entre os grupos – requeridas e efetivasFonte: Da<strong>do</strong>s da pesquisaNota: As letras correspondem aos blocos de variáveis, conforme o questionário(Apêndice B), a saber: A - Capacidades relacionadas aos conhecimentos; B –Capacidades relacionadas às habilidades; C – Capacidades relacionadas àsatitudes; D – Competências gerenciais segun<strong>do</strong> o modelo de Quinn et al. (2003); E –Competências esperadas pela empresa.


83d) Sugestões e considerações formadas pelos respondentesEsses da<strong>do</strong>s referem-se às sugestões, observações e considerações formuladaspelos baixos e médios gestores na última folha <strong>do</strong> questionário de pesquisa.Dentre os 237 gestores que responderam à pesquisa, 96, ou 40,5%, identificaramque a empresa deveria retornar ao regime de trabalho por tarefa. Acrescentaramque o atual esquema, “Pára Dez”, não funcionava, dificultan<strong>do</strong> seu relacionamentocom os subordina<strong>do</strong>s e a consecução das atividades. Pela análise <strong>do</strong>cumental feita,pôde-se observar que o antigo esquema de trabalho por tarefa era realiza<strong>do</strong> daseguinte forma: os funcionários concluíam um trabalho e logo após ficavamlibera<strong>do</strong>s de suas funções, poden<strong>do</strong> retornar para casa, mesmo sem o término dajornada de trabalho. Já o esquema “Pára dez” refere-se a um intervalo que to<strong>do</strong>sdevem fazer, de 10 minutos, que, segun<strong>do</strong> os <strong>do</strong>cumentos da empresa, está noacor<strong>do</strong> coletivo da categoria e que a administração da empresa denomina de umaconquista <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s por intermédio <strong>do</strong> sindicato da categoria. Assim, pareceque boa parte <strong>do</strong>s gestores não vê este sistema de trabalho como uma conquista,mas como uma punição. Ressalta-se que lidar com ambigüidades e contradições éuma das características da função gerencial ressaltada por Davel e Melo (2005),concretizan<strong>do</strong>-se em verdadeiros dilemas e desafios da gerência. Isso pode serobserva<strong>do</strong> em algumas frases extraídas <strong>do</strong>s questionários:A empresa deveria voltar ao regime de tarefas. Esse esquema de“Pára dez” não funciona. (Respondente 121)Também acho que deveria voltar o regime de tarefa. (Respondente169)Ambigüidades também podem ser observadas no exercício diário <strong>do</strong>s papéisgerenciais, exigin<strong>do</strong> a combinação de diversas competências, simultaneamente,conforme constatou Paiva (2007). Os comentários abaixo ilustram tal afirmação.Para que tem a função de encarrega<strong>do</strong>, se tu<strong>do</strong> que precisamostemos que falar com a empresa, no escritório? (Respondente 69)Para que a empresa fica preocupada com nossa capacidade dedecisão se nós gestores nem sabemos o alcance e o limite de nossaautoridade? (Respondente 82)


Engraça<strong>do</strong>, ficam cobran<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> de nós que estamos na frente <strong>do</strong>smaiores problemas. Por que os encarrega<strong>do</strong>s não assumem o papelque de fato é deles? (Respondente 173)84No senti<strong>do</strong> da necessidade de os sujeitos assumirem as responsabilidadespertinentes aos cargos gerenciais, muitos <strong>do</strong>s gestores (cerca de 18,1% <strong>do</strong> total)também afirmaram a necessidade de treinamento com vistas a desenvolverem suascompetências.A empresa deveria criar oportunidades para ajudar os emprega<strong>do</strong>s aestudar. (Respondente 233)Considero necessário: treinamentos periódicos para toda a equipe,incluin<strong>do</strong> os encarrega<strong>do</strong>s; uma maior conscientização no que dizrespeito às faltas no trabalho e o que elas acarretam; e, também,maior conscientização <strong>do</strong>s nossos colabora<strong>do</strong>res no que diz respeitoao alcance e limite de responsabilidade/autoridade. (Respondente 97)Analisan<strong>do</strong> o conteú<strong>do</strong> dessas observações, pode-se considerar que parece existiruma homogeneidade no que diz respeito ao conhecimento por parte <strong>do</strong>s médios ebaixos gestores no que se refere ao seu papel e à necessidade de formação edesenvolvimento de competências gerenciais para lidarem com demandasdiferenciadas, inclusive com as frustrações relacionadas às questões que envolvema abrangência de sua autoridade formal.Outras sugestões não estão diretamente vinculadas à temática desta dissertação,mas o local para sugestões funcionou como um espaço de discussão a respeito <strong>do</strong>sanseios <strong>do</strong>s gestores. Apareceram diversos comentários referin<strong>do</strong>-se a cobrançaspor parte <strong>do</strong>s médios e baixos gestores no que diz respeito a benefícios. Elesrelacionaram: estabelecimento de convênio médico (16 respondentes); melhoria nosequipamentos e recursos de proteção individual, como é o caso de capas de chuva(68 respondentes) e protetor solar, já que executam grande parte de seu trabalhoem ambiente aberto; fornecimento de lanche; aumento no valor <strong>do</strong> tiquete; melhorianos espaços de convivência coletivos; confraternizações; e outras rotinas, comomarcação de férias.Penso que a empresa deveria contratar um sistema de saúde. Éuma, empresa grande. Por que somente alguns cargos têm plano desaúde. (Respondente 47)


Nossa capa de chuva é tão ruim que temos a impressão de queestamos debaixo da chuva. (Respondente 37)Muitos emprega<strong>do</strong>s saem de casa para trabalhar às 4 h da manhã. Aempresa deveria dar um desjejum para esses funcionários.(Respondente 165)A empresa poderia melhorar nosso salário, aumentar o tiquete,melhorar a capa de chuva, colocan<strong>do</strong> uma capa <strong>do</strong> tipo capa demotoqueiro. Outra coisa é aumentar para 40 ou 50 o fator <strong>do</strong> protetorsolar. De 30 não resolve neste sol de verão. (Respondente 169)Seria interessante a empresa organizar eventos, confraternizações,para que haja um maior contato com to<strong>do</strong>s. Também os PAE [postode parada <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s] deveriam ser maiores. Assim nãoteríamos que almoçar debaixo de sol e chuva. (Respondente 221)A turma tem muitas dúvidas com relação a “valor de empréstimo”,acidentes, direitos e deveres de cada funcionário. As férias deveriamser marcadas com antecedência. (Respondente 9)85Por outro la<strong>do</strong>, cabe ressaltar que vários respondentes fizeram observação queparecem demonstrar a sua identificação com a empresa:Achei bom ser convoca<strong>do</strong> para essa reunião. É a primeira vez quevenho aqui na administração, convoca<strong>do</strong> por ela. Isso deveriaacontecer mais vezes... (Respondente 88)Eu só tenho a agradecer e parabenizar a empresa pelo tratamentocom os funcionários. (Respondente 217)Eu tenho que agradecer to<strong>do</strong> o pessoal que trabalha nesta empresa.São to<strong>do</strong>s profissionais. Sabem tratar as pessoas. Eu estou muitofeliz em trabalhar nesta empresa. (Respondente 214)A minha consideração é muito importante. É bom trabalhar aqui. Aoportunidade que a empresa me deu de trabalhar em grupo, de serlíder me fez aprender a lidar com as pessoas e valorizar a família quesomos. Há coisas que precisam melhor, mas o tempo vai mudar.(Respondente 215)A empresa, de forma geral, tem da<strong>do</strong> maior autonomia e apoio aoscolabora<strong>do</strong>res que são responsáveis de forma mais efetiva pelaexecução <strong>do</strong> trabalho, facilitan<strong>do</strong>, a cada dia mais, a melhorqualidade <strong>do</strong>s trabalhos desenvolvi<strong>do</strong>s. (Respondente 121)Outra observação feita pelos médios e baixos gestores refere-se à cobrança paraque o RH da empresa estivesse mais presente na área (10 respondentes). Damesma forma, existem relatos sobre a necessidade de apoio também por parte deoutros colegas-gestores. Isso indica a natureza relacional da atividade gerencial.


Eu penso que o RH deveria estar mais presente na área.(Respondente 126)Eu trabalho de vez em quan<strong>do</strong> sozinho no canteiro. Seria bom se aempresa colocasse outra pessoa comigo, por que o risco é muitogrande. (Respondente 84)Precisamos de mais compreensão por parte da liderança, porque oserviço é pesa<strong>do</strong> e também os fiscais da prefeitura não dão trégua.(Respondente 108)86Dessa forma, foram expressas outras faces <strong>do</strong> trabalho gerencial e acerca decompetências profissionais neste nível hierárquico (baixas e médias chefias) que oquestionário, a princípio, não contemplou e que vieram somar na compreensão arespeito destes construtos na realidade investigada.


875 CONCLUSÃODiante <strong>do</strong> cenário e <strong>do</strong> contexto estabeleci<strong>do</strong> na Introdução, a estrutura dadissertação foi organizada da seguinte maneira: inicialmente, foram trata<strong>do</strong>s osaspectos pertinentes à função gerencial, consideran<strong>do</strong> as características da funçãogerencial e as habilidades <strong>do</strong>s gerentes, engloban<strong>do</strong> os dilemas e desafios dafunção gerencial; em seguida, aprofun<strong>do</strong>u-se nos estu<strong>do</strong>s relaciona<strong>do</strong>s à questãodas competências, apoian<strong>do</strong>-se na literatura das dimensões das competências, ouseja, conhecimentos, habilidades e atitudes, e buscou-se os estu<strong>do</strong>s dascompetências gerenciais, descreven<strong>do</strong> o modelo de competências gerenciais deQuinn et al. (2003), percebi<strong>do</strong> como âncora deste trabalho.O objetivo geral foi descrever e analisar como se configuram as competênciasgerenciais, requeridas e efetivas, na opinião <strong>do</strong>s gestores de uma empresa mineirada construção civil <strong>do</strong> segmento de negócios de limpeza urbana e saneamento,ten<strong>do</strong> em vista o sensível o seu crescimento como um to<strong>do</strong> e o de sua estrutura nosegmento observa<strong>do</strong>. Para a consecução deste objetivo, foram traça<strong>do</strong>s objetivosespecíficos, cujas principais considerações serão explicitadas mais adiante.Para atender aos objetivos, foi traçada uma meto<strong>do</strong>logia nos seguintes moldes: foirealiza<strong>do</strong>u-se um estu<strong>do</strong> de caso em uma empresa no segmento de limpeza urbanae saneamento, de natureza tanto qualitativa como quantitativa. Neste estu<strong>do</strong> decaso, as unidades de análise e de observação foram as mesmas: os baixos e osmédios gestores da empresa pesquisada. As técnicas utilizadas para olevantamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s foram as seguintes: levantamento <strong>do</strong>cumental, entrevistascom a alta administração (contan<strong>do</strong> com quatro entrevista<strong>do</strong>s), questionário com asmédias e baixas gerências (consideran<strong>do</strong> uma população de 248 gestores eefetivan<strong>do</strong>-se a pesquisa com uma amostra de 237 respondentes) e observaçãodireta durante to<strong>do</strong> o processo de coleta de da<strong>do</strong>s. Para o tratamento de da<strong>do</strong>s,foram estabeleci<strong>do</strong>s os seguintes caminhos: os da<strong>do</strong>s secundários <strong>do</strong> levantamento<strong>do</strong>cumental foram analisa<strong>do</strong>s à luz da técnica de análise de conteú<strong>do</strong>, assim como


88os da<strong>do</strong>s primários levanta<strong>do</strong>s por meio de entrevistas. Para os da<strong>do</strong>s primárioscoleta<strong>do</strong>s por meio <strong>do</strong>s questionários, realizou-se um tratamento estatístico denatureza uni e bivariada. Para a tabulação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, foram utiliza<strong>do</strong>s os softwaresestatísticos Minitab 15, SPSS 13 e Microsoft Excel, com construção de gráficos etabelas que auxiliaram na interpretação e compreensão <strong>do</strong> comportamento dapopulação analisada. Destaca-se que para to<strong>do</strong>s os testes realiza<strong>do</strong>s foramutiliza<strong>do</strong>s níveis de significância entre 5% e 1%, o que conferiu uma confiabilidadede 95% a 99% das afirmações feitas na análise de da<strong>do</strong>s.O primeiro objetivo específico foi: “Descrever e analisar as competências gerenciaisdefinidas para os gestores nas políticas de gestão de pessoas e política dequalidade”. Elas foram descritas <strong>do</strong> seguinte mo<strong>do</strong>: assiduidade e freqüência,relacionamento interpessoal, trabalho em equipe, atenção, urbanidade,comprometimento com as metas, comprometimento com as normas de segurança efidelização <strong>do</strong>s colabora<strong>do</strong>res com a imagem da empresa. A análise dessascompetências feita a partir <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos da empresa, tais como Avaliação deDesempenho e Política de Qualidade, permitem a percepção de que a empresavaloriza competências que parecem estar ligadas diretamente às exigências <strong>do</strong>sclientes ou <strong>do</strong> próprio negócio. Algumas dessas competências, <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong>arcabouço conceitual utiliza<strong>do</strong> nesta dissertação, não poderiam ser assimconsideradas, como é o caso de assiduidade e freqüência.O segun<strong>do</strong> objetivo traça<strong>do</strong> foi: “Descrever e analisar as competências gerenciais naótica da alta administração”. Por meio das entrevistas, observou-se que as principaiscompetências descritas foram: trabalho em equipe, comprometimento com as metasda empresa, relacionamento interpessoal, comunicação, responsabilidade econhecimento técnico <strong>do</strong> negócio. Dessa forma, os altos gestores apresentaramcompetências que não estão descritas nas políticas da empresa, denotan<strong>do</strong> umdesalinhamento entre o prescrito nas políticas e suas opiniões pessoais.O terceiro objetivo foi: “Descrever e analisar as dimensões das competências quantoa conhecimentos, habilidades e atitudes analisan<strong>do</strong> a questão <strong>do</strong> que era requeri<strong>do</strong>pela empresa e <strong>do</strong> que era efetivo no comportamento <strong>do</strong>s gestores, na sua própriavisão”. Os resulta<strong>do</strong>s podem ser sintetiza<strong>do</strong>s da seguinte maneira: com relação às


89competências relacionadas ao conhecimento, os escores mais eleva<strong>do</strong>s são aquelesdiretamente relaciona<strong>do</strong>s com a atividade <strong>do</strong>s gestores, como é o caso de“conhecimentos <strong>do</strong>s processos de limpeza urbana”, também identifica<strong>do</strong> pelos altosgestores como uma competência importante, e “conhecimentos sobre segurança <strong>do</strong>trabalho”. No que diz respeito às competências relacionadas às habilidades, aprincipal discrepância se deu na “habilidade em línguas estrangeiras”, justificável emface da própria (e baixa) demanda desta habilidade no nível de gerênciapesquisa<strong>do</strong>. Quanto à “capacidade de tomar decisões de risco”, a diferença tambémfoi sensível e parece estar ligada a algumas observações feitas pelos gestores noespaço destina<strong>do</strong> às observações, conforme exposto no item 4, d. Tais observaçõespermitem alguns questionamentos sobre a visão <strong>do</strong>s respondentes quanto aapresentarem maior média para a última capacidade citada, confrontan<strong>do</strong> com amédia baixa da competência real. Cabe, então, uma reflexão sobre a importância <strong>do</strong>conhecimento por parte <strong>do</strong>s gestores <strong>do</strong> seu limite de autoridade que poderá estarvincula<strong>do</strong> à capacidade de decisão de risco. Explicitamente, o que se questiona é anecessidade de uma “alta capacidade de decisão de risco”, a despeito <strong>do</strong>desconhecimento de seus limites de autoridade. Outras competências comdiscrepâncias dizem respeito a capacidade de comunicação, capacidade de ouvir ecapacidade de negociação, todas evidenciadas pela literatura como importantespara a função <strong>do</strong>s gestores. Com relação às competências relacionadas às atitudes,a descrição das competências permitiu alguns questionamentos, tais como a médiaefetiva (4,58) de capacidade de julgamento, considerada baixa para a função, assimcomo capacidade de lidar com ambigüidades e capacidade de lidar com situaçõesinusitadas, que também obtiveram médias de comportamento efetivo mais tímidas.Outro objetivo foi: “Descrever e analisar as competências gerenciais, segun<strong>do</strong> Quinnet al. (2003), requeridas e efetivas, na opinião <strong>do</strong>s gestores”. As médias mais baixascom relação a estas competências foram para as frases “Propõe idéias criativas einova<strong>do</strong>ras”, “Estimula a participação de to<strong>do</strong>s nos processos grupais” e “Exerceinfluência na organização“. Esses resulta<strong>do</strong>s merecem destaque, ten<strong>do</strong> em vista suaimportância para o tipo de trabalho executa<strong>do</strong> no nível de gerência aborda<strong>do</strong> nestadissertação. Estudan<strong>do</strong> o grupo de gestores pesquisa<strong>do</strong>s no que tange aos papéis<strong>do</strong> modelo a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>, eles parecem identificar-se com o perfil eficaz de “produtoresconceituais” quanto à sua percepção <strong>do</strong> que é espera<strong>do</strong> e prescrito pela empresa.


90Quan<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong> o perfil nos resulta<strong>do</strong>s da competência apontada como efetiva,verificou-se que o modelo não se enquadra em nenhum <strong>do</strong>s perfis propostos peloautores, apesar de os níveis apresenta<strong>do</strong>s serem considera<strong>do</strong>s eficazes. Issopermite a reflexão de que este modelo carece de ajustes para se analisar o trabalhode baixos e médios gestores, consideran<strong>do</strong>-se, ainda, questões como nível deescolaridade e nível de experiência profissional.Para finalizar, ressalte-se que nas respostas <strong>do</strong>s gestores com relação àscompetências prescritas pela empresa o resulta<strong>do</strong> obti<strong>do</strong> apresenta-se como o maispróximo no que tange às competências requeridas e efetivas. Este fato denota queos médios e os baixos gestores parecem conhecer o que é demanda<strong>do</strong> deles emtermos das competências prescritas formalmente pela empresa em suas políticasinternas. Ressalte-se que a média mais baixa encontrada foi relacionada àcompetência relacionamento interpessoal, considerada uma importante capacidadepelos autores elenca<strong>do</strong>s no referencial teórico desta pesquisa.As limitações <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s apontaram o fato de utilização de um estu<strong>do</strong>de caso, que não permite generalizações, ten<strong>do</strong> em vista sua ambiência na empresae a própria população considerada. Também foi observa<strong>do</strong> que a escolaridade <strong>do</strong>srespondentes pode ter comprometi<strong>do</strong> o entendimento das questões colocadas noquestionário. Esse problema foi ameniza<strong>do</strong> pelo fato de o pesquisa<strong>do</strong>r coletar osda<strong>do</strong>s em reuniões organizadas pela empresa e, dessa forma, estar presente e tiraras dúvidas no mesmo momento. Assim, a presença <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r foi importantepara orientar os respondentes quan<strong>do</strong> necessário. Por outro la<strong>do</strong>, aproveitar umareunião de trabalho <strong>do</strong>s gestores acabou acarretan<strong>do</strong> a presença, em algumasdelas, de um grande número de gestores, causan<strong>do</strong> um pequeno tumulto nopreenchimento.Após a realização deste estu<strong>do</strong> e a partir das constatações aqui apresentadas,podem-se alinhar algumas sugestões para futuras pesquisas, a saber: investigar arelação entre competências gerenciais, decisões de risco e conhecimento <strong>do</strong>alcance e limite de responsabilidade e de autoridade pelos gestores; promover umaanálise comparativa entre os diversos níveis de gestão no que tange àscompetências gerenciais utilizan<strong>do</strong>-se o modelo aqui a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>, o de Quinn et al.


91(2003), com vistas a elucidar relações com os perfis eficazes (ou ineficazes...); eexpandir a aplicação <strong>do</strong> questionário aqui apresenta<strong>do</strong>, com vistas à finalização <strong>do</strong>processo de validação científica.Finalmente, cabe ressaltar o quanto foi significante este estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong>aprendiza<strong>do</strong> acadêmico, suscitan<strong>do</strong> outras dúvidas, outros questionamentos,trazen<strong>do</strong> algumas respostas, mas, sobretu<strong>do</strong>, lançan<strong>do</strong> luzes sobre uma temáticaainda em construção: as competências gerenciais.


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APÊNDICES


98APÊNDICE A – Roteiro de entrevista com a alta administraçãoSOBRE AS COMPETÊNCIAS ATUAIS DOS OCUPANTES DE CARGOS DECOORDENAÇÃO1. Que competências os gerentes da empresa possuem hoje para odesenvolvimento de suas funções?2. O que a empresa está fazen<strong>do</strong> para assegurar a manutenção das competênciasatuais de seus profissionais que exercem funções de coordenação na empresa?3. A empresa tem valoriza<strong>do</strong> o potencial interno ou tem recorri<strong>do</strong> ao merca<strong>do</strong> parasustentar as competências atuais de seus gerentes/líderes?SOBRE AS COMPETÊNCIAS GERENCIAIS DESEJADAS PARA GARANTIR OCRESCIMENTO SUSTENTADO DA EMPRESA1. Que conhecimentos você julga importantes que os gerentes e ou coordena<strong>do</strong>resdesenvolvam para sustentar o crescimento da empresa?2. Que habilidades você julga importantes que os gerentes e ou coordena<strong>do</strong>resdesenvolvam para sustentar o crescimento da empresa?3. Que atitudes você julga importante s que os gerentes e ou coordena<strong>do</strong>resdesenvolvam para sustentar o crescimento da empresa?4. Que competências são requeridas para que os gerentes e ou coordena<strong>do</strong>respossam apoiar a diversificação <strong>do</strong>s negócios e o crescimento sustenta<strong>do</strong> daempresa?5. Que atitudes a empresa deseja que seus gerentes, coordena<strong>do</strong>res e liderestenham em direção ao crescimento sustenta<strong>do</strong> da empresa?


99APÊNDICE B – QuestionáriosPreza<strong>do</strong> (a) Líder,Este questionário visa investigar conhecimentos, habilidades, atitudes ecomportamentos <strong>do</strong>s funcionários que exercem funções gerenciais nesta organização.Ele foi projeta<strong>do</strong> de mo<strong>do</strong> a tornar seu preenchimento rápi<strong>do</strong> e fácil e está sen<strong>do</strong>distribuí<strong>do</strong> para líderes de várias áreas nesta empresa.Esta pesquisa, sigilosa e de cunho estritamente acadêmico, destina-se a subsidiar umestu<strong>do</strong> relativo ao meu curso de Mestra<strong>do</strong> em Administração, o qual versa sobrecompetências gerenciais.Saliento que sua participação é extremamente importante.Agradeço antecipadamente sua colaboração e coloco-me à disposição para quaisquerdúvidas ou informações que se fizerem necessárias.Cordialmente,Sirene Prata


100Por gentileza, assinale a resposta mais adequada ao seu caso e complete o quadro que se segue:1 – Sexo:( ) Masculino( ) Feminino2 – Faixa Etária( ) até 25 anos( ) de 26 a 30 anos( ) de 31 a 35 anos( ) de 36 a 40 anos( ) de 41 a 45 anos( ) de 45 a 50 anos( ) mais de 50 anos3 – Esta<strong>do</strong> Civil:( ) solteiro( ) casa<strong>do</strong>( ) desquita<strong>do</strong> / divorcia<strong>do</strong> / separa<strong>do</strong>( ) viúvo( ) união estável( ) outro:_______________________4 – Escolaridade:( ) Ensino médio incompleto( ) Ensino médio completo( ) Ensino superior incompletoEm:________________________( ) Ensino superior completoEm:________________________( ) EspecializaçãoEm:________________________( ) Mestra<strong>do</strong>Em:________________________( ) Doutora<strong>do</strong>Em:________________________5 – Área de atuação atual:( ) Diretoria( ) Administrativa( ) Limpeza urbana( ) Saneamento( ) Construção civil( ) RH( ) Comercial( ) outra:______________________6 – Há quanto tempo você atua nesta área?( ) menos de 1 ano( ) de 1 a 5 anos( ) de 6 a 10 anos( ) de 11 a 15 anos( ) de 16 a 20 anos( ) mais de 20 anos7 – Cargo atual:( ) Diretor( ) Gerente( ) Coordena<strong>do</strong>r( ) Gestor( ) Mestre de Obras( ) Encarrega<strong>do</strong>( ) Líder( ) outro: ______________________8 – Há quanto tempo você atua nestecargo?( ) menos de 1 ano( ) de 1 a 5 anos( ) de 6 a 10 anos( ) de 11 a 15 anos( ) de 16 a 20 anos( ) mais de 20 anos9 – Há quanto tempo você trabalha nestaempresa?( ) menos de 1 ano( ) de 1 a 5 anos( ) de 6 a 10 anos( ) de 11 a 15 anos( ) de 16 a 20 anos( ) mais de 20 anos10 – Há quanto tempo você trabalha nestesetor?( ) menos de 1 ano( ) de 1 a 5 anos( ) de 6 a 10 anos( ) de 11 a 15 anos( ) de 16 a 20 anos( ) mais de 20 anos


101COMPETÊNCIAS GERENCIAISA - Capacidades relacionadas ao conhecimentoOs itens abaixo descrevem competências individuais relacionadas ao conhecimento. Por favor, registreum número entre 1 (um) e 7 (sete), conforme escala abaixo, que melhor corresponda ao grau em quecada uma dessas competências tem si<strong>do</strong> requerida pela organização em que você atua para o exercíciode sua função (primeira coluna). Na segunda coluna, registre o número que corresponde ao seu efetivodesempenho. Quanto mais próximo de 1 (um), menos enfatizada é a competência e quanto mais próximode 7(Sete), mais ela é requerida pela organização em que você atua, para o desempenho de seu cargoou função.1 2 3 4 5 6 7Não érequeridaÉ fortementerequeridaRequerida pelaOrganizaçãoEfetiva <strong>do</strong>LíderDescrição <strong>do</strong>s Conhecimentos1. Conhecimento de marketing2. Conhecimento de informática3. Conhecimento <strong>do</strong>s processos da construçãocivil (edificações)4. Conhecimento <strong>do</strong>s processos de saneamento5. Conhecimento <strong>do</strong>s processos de limpezaUrbana6. Conhecimento <strong>do</strong>s processos de vendas7. Conhecimento de segurança <strong>do</strong> trabalho8. Conhecimento de planejamento estratégico9. Conhecimento de administração geral10. Conhecimento de recursos humanos11. Conhecimento de finanças12. Conhecimento de tecnologias específicas daárea de saneamento, limpeza, e construção civil13. Conhecimento <strong>do</strong>s processos de construçãocivil.


102B - Capacidades relacionadas às habilidadesOs itens abaixo descrevem competências individuais relacionadas às habilidades. Por favor, efetue seusregistros na primeira e na segunda coluna, conforme modelo anterior.1 2 3 4 5 6 7Não érequeridaÉ fortementerequeridaRequerida pelaOrganizaçãoEfetiva <strong>do</strong>LíderDescrição das Habilidades1. Capacidade de trabalhar em equipe2. Capacidade de relacionamento interpessoal3. Capacidade de planejar e organizar4. Capacidade de Liderança5. Capacidade de tomar decisões de risco6. Capacidade de negociação7. Capacidade de ouvir8. Habilidade em línguas estrangeiras9. Capacidade de comunicação10. Capacidade de empreender11. Experiência profissional12. Comprometimento com a empresa13. Capacidade de inovação14. Iniciativa de ação e decisão15. Capacidade de gerar resulta<strong>do</strong>s efetivos16. Capacidade de lidar com as diferenças17. Capacidade de gerenciar pessoas e tarefas18. Capacidade de gerenciar conflitos19. Capacidade para identificar, priorizar e resolverproblemas20. Capacidade de organização pessoal e deadministração21. Capacidade de visão <strong>do</strong> futuro22. Capacidade de estabilização e auto controle


103C - Capacidades relacionadas às atitudesOs itens abaixo descrevem competências individuais relacionadas às atitudes. Por favor, efetue seusregistros na primeira e na segunda coluna, conforme modelo anterior.1 2 3 4 5 6 7Não érequeridaÉ fortementerequeridaRequerida pelaOrganizaçãoEfetiva <strong>do</strong>LíderDescrição das Atitudes1. Capacidade de aprender2. Capacidade de adaptação3. Capacidade de julgamento4. Autocontrole emocional5. Capacidade de lidar com situações inusitadas6. Capacidade de lidar com incertezas eambigüidades7. Capacidade de Sensibilidade8. Pró-atividade9. Criatividade10. Iniciativa11. Serenidade12. Resistência ao estresse13. Disciplina14. Autoconfiança15. Honestidade16. Flexibilidade


104D - Competências gerenciaisOs itens que se seguem descrevem competências gerenciais. Favor indicar antes de cada frase o númeroque melhor corresponda à sua realidade, de acor<strong>do</strong> com a escala abaixo.1 2 3 4 5 6 7NuncaSempreRequerida pelaOrganizaçãoEfetiva <strong>do</strong>LíderDescrição das Competências Gerenciais1. Propõe idéias criativas e inova<strong>do</strong>ras2. Exerce elevada influência na organização3. Promove claramente a unidade entre osmembros4. Mantém firme o controle logístico5. Trata cada indivíduo de maneira sensível ecuida<strong>do</strong>sa6. Experimenta novos conceitos e idéias7. Mostra empatia e interesse em lidar com ossubordina<strong>do</strong>s8. Estimula a participação de to<strong>do</strong>s nos processosgrupais de tomada de decisão9. Compara da<strong>do</strong>s, relatórios, informações e etc.para detectar discrepâncias10. Conduz o setor rumo às das metasestabelecidas11. Antecipa problemas, evitan<strong>do</strong> crises12. Controla os membros no cumprimento <strong>do</strong>sobjetivos13. Esclarece objetivos e prioridade comuns14. Influencia as tomadas de decisão em alto nível15. Traz um senso de ordem ao setor16. Alinha diferenças-chave entre os membros <strong>do</strong>grupo, trabalhan<strong>do</strong> de forma participativa pararesolvê-las


105E – Outras competências esperadas pela empresa.Os itens abaixo relacionam a descrição das habilidades da empresa. Por favor, registre um número entre1 (um) e 7 (sete), conforme escala abaixo, que melhor corresponda ao grau em que cada uma dessascompetências tem si<strong>do</strong> requerida pela organização em você atua para o exercício de sua função (primeiracoluna). Na segunda coluna, registre o número que corresponde ao seu efetivo desempenho. Quantomais próximo de 1 (um), menos enfatizada é a competência e quanto mais próximo de 7(Sete), mais ela érequerida pela organização em que você atua, para o desempenho de seu cargo ou função.1 2 3 4 5 6 7Não érequeridaÉ fortementerequeridaRequerida pelaOrganizaçãoEfetiva <strong>do</strong>LíderDescrição das Competências Gerais1. Assiduidade (freqüência)2. Relacionamento interpessoal3. Trabalho em equipe4. Atenção5. Urbanidade (boas maneiras)6. Comprometimento com metas7. Comprometimento com as normas desegurança8. Fidelização <strong>do</strong> colabora<strong>do</strong>r com a imagem daempresaAlguma dúvida, sugestão ou consideração?Por favor, utilize esse espaço.

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