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Efeito de Peixes Onívoros Sobre a Estrutura e Estabilidade ... - capes

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Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> JaneiroInstituto <strong>de</strong> BiologiaPrograma <strong>de</strong> Pós Graduação em Ecologia (PPGE)<strong>Efeito</strong> <strong>de</strong> <strong>Peixes</strong> <strong>Onívoros</strong> <strong>Sobre</strong> a <strong>Estrutura</strong> e Estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Ca<strong>de</strong>ias Tróficas AquáticasLuciana Silva CarneiroTese apresentada ao Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ecologia da Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro, como parte dosrequisitos necessários à obtenção do grau <strong>de</strong>Doutor em EcologiaOrientador: Prof. Dr. Reinaldo Luiz BozelliRio <strong>de</strong> Janeiro – RJOutubro <strong>de</strong> 2008


<strong>Efeito</strong> <strong>de</strong> <strong>Peixes</strong> <strong>Onívoros</strong> <strong>Sobre</strong> a <strong>Estrutura</strong> e Estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Ca<strong>de</strong>ias Tróficas AquáticasLuciana Silva CarneiroTese apresentada ao Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ecologia da Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro, como parte dosrequisitos necessários à obtenção do grau <strong>de</strong>Doutor em Ecologia__________________________________________________Profa. O<strong>de</strong>te Rocha, Dr.__________________________________________________Profa. Ana Petry, Dr.__________________________________________________Prof. Sidinei Magela Thomaz, Dr.__________________________________________________Prof. Érica Caramaschi, Dr.__________________________________________________Prof. Reinaldo Luiz Bozelli, Dr.Rio <strong>de</strong> Janeiro - RJOutubro <strong>de</strong> 2008


Ficha Catalográfica:Carneiro, Luciana Silva<strong>Efeito</strong> <strong>de</strong> peixes onívoros sobre a estrutura e estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias tróficas aquáticas[Rio <strong>de</strong> Janeiro 2008]Tese <strong>de</strong> Doutorado – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> JaneiroDepartamento <strong>de</strong> Ecologia, UFRJ, 2008. 43pPalavras-chave:1.Onivoria2. compartimentos aquáticos3. cascata trófica 4. comunida<strong>de</strong>s pelágicas5. meta-análise 6. mesocosmos.


“Tenha em mente que tudo que você apren<strong>de</strong>na escola é trabalho <strong>de</strong> muitas gerações.Receba essa herança, honre-a, acrescente a elae, um dia, fielmente, <strong>de</strong>posite-a nas mãos <strong>de</strong>seus filhos.”Albert Einstein


Agra<strong>de</strong>cimentosAs 131 páginas que se seguem foram fruto <strong>de</strong> 11 anos <strong>de</strong> aprendizado neste grupo<strong>de</strong> pesquisa. Então, há muitas pessoas e instituições à agra<strong>de</strong>cer.Ao meu orientador, Reinaldo Bozelli, por ter sido o incentivo ao estudo da Ecologia.Compartilhou comigo seu tema <strong>de</strong> pesquisa, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, ouviu com interesse todas asdúvidas e problemas que surgiram durante toda a minha formação. Pela confiança em me<strong>de</strong>ixar ousar trabalhar com novas idéias e conceitos, correndo riscos inerentes a estaatitu<strong>de</strong> (Acho que <strong>de</strong>u certo, né?). Por sua amiza<strong>de</strong> e pela alegria <strong>de</strong> trabalharmos juntos.Ao Prof. Dr. Francisco Esteves, graças a seu trabalho árduo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> jovem é quepu<strong>de</strong> usufruir <strong>de</strong> uma boa formação <strong>de</strong>ntro da “Família Limnológica”.Aos membros da pré-banca Prof. Ricardo Iglesias e Prof. Érica Caramaschi pelasvaliosas sugestões.Aos professores Dr. Sidnei Magela Thomas, Dra. O<strong>de</strong>te Rocha, Dra. Ana Petry, Dra.Érica Caramaschi e Dr. Paulo Paiva por terem aceito o convite para participar da bancaavaliadora <strong>de</strong>sta tese <strong>de</strong> doutorado.Às professoras Paulina Maria Maia Barbosa e Érica Caramaschi por serem asgran<strong>de</strong>s incentivadoras da linha <strong>de</strong> pesquisa que adotei para vida.Ao Professor José Luiz Attay<strong>de</strong> (Coca), o irmão científico mais velho e co-orientador,que é exemplo <strong>de</strong> entusiasmo pela Ecologia. A semelhança entre nossas linhas <strong>de</strong>pesquisa NÃO é mera coincidência, mas sim pura inspiração!To Professor Mike Vanni who generously let me join his lab group and <strong>de</strong>voted hisprecious time and ma<strong>de</strong> “much many” valuable suggestions which in<strong>de</strong>ed helped improvethis study. His body stoichiometry is 1:1 (smartness: friendship). He is the Real McCoy Guy!Meu especial agra<strong>de</strong>cimento àqueles amigos que estiveram envolvidos <strong>de</strong> corpo ealma nos cansativos, porém felizes dias <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> campo: Adriana, Adriano, Ellen,Fred, Jabour, Jayme, Joao Marcelo, Leticia, Leandro (NUPEM), Vinicius, João Leal,Humberto, Pedro (Lab. Peixe/UFRJ). Obrigada pela ajuda e paciência em aguentar minhaansieda<strong>de</strong>!Obrigada a toda a familia limnológica! Des<strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1997, vocês setornaram parte da minha vida! PRIMEIRO A LISTA DOS DINOSSAUROS: Adriana, Ana,iii


Betina, Chico, Christina, Cláudio, Cléber, Coca, Dinho, Fred, João, Júnior, Kika, Lisiana,Marquinhos, Mariana, Manuel, Paulina, Reinaldo, Renata, Rose, Sandra, Sérgio e Vinicius.AGORA A SEGUNDA GERAÇÃO DE DINOSSAUROS: Adriano, Albert, Alexandre,Andresson, Chiquitito, Coutinho, Fabiana, Fernanda, Humberto, Jabour, Jayme, Juliana,Letícia, Mário, Murilo, Paloma e Thais. FINALMENTE, AOS FILHOTES DEDINOSSAUROS, que são tantos, que nem cabem nestas páginas.Aos imãos planctônicos, Adriana, Ana Cláudia, Jayme, Leticia, Luciana, MonalisaPaloma, Sandra e Rayanne. Muito obrigada pela troca <strong>de</strong> experiências no dia a dia!To my international family for their kidness and affection, and for never letting me feelthat I was away from my parents and country. I will never forget none of you: Lesley Knoll,Allie Bable, Jen Bobson, Beth Dickman, Leah Jeansen, Albeto Pilati, Mike Vanni, MariaGonzalez, Melina Vanni-Gonzalez, Yuta Kawasaky. Thank you so much for making my lifein OHIO awesome!!!!À amiga Letícia (Let’s Go) que foi meu incentivo para jornada <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> horasem frente ao microscópio! Obrigada pelas 128 amostras <strong>de</strong> fitoplâncton contadas e medidascom muito amor e <strong>de</strong>dicação... Obrigada pela companhia nos fins <strong>de</strong> semana e noites <strong>de</strong>trabalho no Fundão! Obrigada pelo sorriso aberto e pela amiza<strong>de</strong> sincera!À amiga Adriana (Cãodriana e/ou Mãedriana) porque estamos caminhando juntas e<strong>de</strong> mãos dadas há muitos anos. Obrigada pelo companherismo!Ao amigo Marquinhos (MP) que sempre amenizou meu sofrimento me incentivandoquando experimentos <strong>de</strong>ram errado, chamado para um café <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> tar<strong>de</strong>, em conversasnoturnas no MSN ou mesmo tirando minha concentração no trabalho.Ao Jabouranga, meu querido amigo <strong>de</strong> todas as horas. Sorrindo ou emburrado, elesempre esteve do meu lado para ajudar ou atrapalhar! Obrigada pelo trabalho emcooperação, pelas horas em frente a televisão e por ser parte da minha família.Obrigada a toda equipe do Núcleo <strong>de</strong> Desenvolvimento Sócio Ambiental <strong>de</strong> Macaé(NUPEM), especialmente a Lena, Inês, João Marcelo, Sr. Paulo, Prof. Delicius (Vinicius),Prof. Francisco Esteves. O NUPEM foi minha casa, meu trabalho, meu lazer, meu<strong>de</strong>scanso! Minha formação como verda<strong>de</strong>ira Ecóloga se <strong>de</strong>ve aquele pedaço abençoado <strong>de</strong>Terra em Macaé.iv


Meu muito obrigada ao Consenho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Tecnológico eCientífico (CNPq) pelas duas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> bolsa que me conce<strong>de</strong>u para <strong>de</strong>senvolvereste trabalho (Bolsa <strong>de</strong> Doutorado e Doutorado Sanduíche). Espero po<strong>de</strong>r retornar ao Brasilbons frutos <strong>de</strong> tudo o que foi investido na minha formação.To the members of Departament of Zoology at Miami University (Oxford, OH), all ofwhom I thank for their hospitality and support. I am grateful especially to Dr. Mike Vanni, Dr.Tom O. Crist, Dr. Maria Gonzalez, Dr. Alberto Pilati, Dr. Maten Hogan, Dr. Jim Stoeckel eMSc. Stephen Glaholt.Obrigada a todos os professores do Departamento <strong>de</strong> Ecologia e do Programa <strong>de</strong>Pós-Graduação em Ecologia da UFRJ. Os ensinamentos e influência acadêmica <strong>de</strong> vocêsme ajudam a exercer esta profissão com sabedoria e carinho.As amigas que nunca me vêem, mas sempre me ligam para dar apoio: Daniela,Clarice e Paulinha. Vocês são queridas mesmo à distância!Toda e qualquer parte <strong>de</strong>ste trabalho, qualquer idéia e toda a inspiração são frutosdo amor incondicional e <strong>de</strong>dicação que eu tenho recebido do Adriano. Ele é meu amigo,meu estatistico <strong>de</strong> plantão, minha fonte <strong>de</strong> bibliografia, meu conselheiro, meu incentivador,minha alegria, meu amor! Ao lado <strong>de</strong>le sei que consigo chegar muito mais longe... Muitoobrigada por você fazer minha vida muito feliz!Agra<strong>de</strong>ço e <strong>de</strong>dico este trabalho à minha família. “Seu Jeová” (O PAI), “MãinhaSalete” (A MÃE), “Ana Cretina” e “Mary Lu” (AS IRMÃS), “Sufiss” (ETERNO NAMORADO),“Garotinha Insuportável” (A SOBRINHA). Obrigada por tudo, pela educação, pelo apoio,pela compreensão nas constantes ausências e principalmente pela paciência nas “criseshistéricas”! Obrigada por sempre, sempre, acreditarem em mim!A todos agra<strong>de</strong>ço, profundamente, e <strong>de</strong>dico o resultado <strong>de</strong>ste trabalho.Luciana Silva CarneiroRio <strong>de</strong> Janeiro, Outubro <strong>de</strong> 2008.v


ResumoAs generalizações a respeito do conceito <strong>de</strong> cascatas tróficas têm sido intensamente<strong>de</strong>batidas entre os ecólogos. À onivoria tem sido atribuído o efeito <strong>de</strong> enfraquecer ouintensificar a magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> cascata trófica; pesquisas recentes sugerem que interaçõesfracas advindas <strong>de</strong> interações onívoras promovem estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s tróficas. Aocontrário, o enriquecimento <strong>de</strong> nutrientes é previsto como um fator <strong>de</strong>sestabilizador emecossistemas. O objetivo <strong>de</strong>ste estudo foi testar estas proposições avaliando os resultados<strong>de</strong> experimentos publicados a respeito <strong>de</strong> cascata trófica em comunida<strong>de</strong>s aquáticas <strong>de</strong>água doce e os resultados <strong>de</strong> um experimento conduzido em mesocosmos. Foramanalisados 330 experimentos publicados que manipularam in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente a presença<strong>de</strong> peixes planctívoros e onívoros com o objetivo <strong>de</strong> avaliar seus efeitos na distribuição <strong>de</strong>biomassa a na estabilida<strong>de</strong> das comunida<strong>de</strong>s planctônicas. Como previsto pela teoria <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ias tróficas, a presença <strong>de</strong> peixes tanto onívoros quanto planctívoros resultou emsignificativa diminuição da biomassa do zooplâncton e aumento da biomassa dofitoplâncton; entretanto o efeito <strong>de</strong> cascata trófica sobre o fitoplâncton foi significativamentemenor na presença <strong>de</strong> peixes onívoros. Assim, o efeito das diferentes guildas tróficas <strong>de</strong>peixes analisadas não alterou a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> cascata trófica, no entanto,fatores como o estado trófico do ambiente e a biomassa <strong>de</strong> peixes afetaram significativa ediferentemente o efeito <strong>de</strong> peixes onívoros e zooplanctívoros sobre a força da cascata.Além disso, peixes onívoros e zooplanctívoros não apresentaram efeitos significativos sobrea estabilida<strong>de</strong> temporal do zooplâncton, mas, ao contrário do previsto pela teoria <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>iastróficas, apenas os peixes zooplanctívoros tiveram efeito estabilizador sobre a variabilida<strong>de</strong>temporal do fitoplâncton. São apresentados também os resultados <strong>de</strong> um experimento <strong>de</strong>cascata trófica em mesocosmos, que teve duração <strong>de</strong> 11 semanas, e testou a previsão <strong>de</strong>que onívoros multi-ca<strong>de</strong>ia (organismos que se alimentam em diferentes níveis tróficos queestão imersos em diferentes compartimentos aquáticos) po<strong>de</strong>m atenuar a cascata trófica eestabilizar a variação temporal da biomassa total e da composição <strong>de</strong> espécies dascomunida<strong>de</strong>s fito e zooplanctônicas. Foi encontrado suporte parcial aos resultados da metaanálise.O peixe onívoro atenuou significativamente a cascata trófica e aumentou aestabilida<strong>de</strong> temporal das medidas <strong>de</strong> biomassa e composição das comunida<strong>de</strong>splanctônicas. Além disso, foi observado que o enriquecimento por nutrientes teve um efeitocontrário, reduzindo significativamente o efeito estabilizador dos peixes onívoros. O<strong>de</strong>sacordo parcial entre a meta-análise e o experimento (em que um onívoro multi-ca<strong>de</strong>ia foiutilizado) ressalta a necessida<strong>de</strong> dos experimentos futuros incorporarem estruturas <strong>de</strong>re<strong>de</strong>s tróficas mais complexas dirigidas por predadores multi-ca<strong>de</strong>ia, para promover umembasamento conceitual mais robusto para análise <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s tróficas em ecossistemasaquáticos <strong>de</strong> água doce.vi


AbstractThe generality of the trophic casca<strong>de</strong> has been intensely <strong>de</strong>bated among ecologists.Omnivory has been implicated in both diffusing and intensifying the trophic casca<strong>de</strong>strength, as well as, current view holds that weak interactions between species promotestability of food webs. To the contrary, nutrient enrichment is predicted to <strong>de</strong>stabilizeecosystems. The aim of this work was to test these propositions by examining the results ofpublished trophic casca<strong>de</strong> experiments in freshwater communities and the result of our ownunpublished field mesocosm experiment. In particular, we analyzed the results of 330published trophic casca<strong>de</strong> experiments which in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntly manipulated the presence ofomnivorous and planktivorous fishes and examined their effects on biomass distribution andstability of planktonic communities. In accordance with the predictions of food web theory,the presence of both omnivorous and zooplanktivorous fishes consistently reducedzooplankton biomass and increased phytoplankton biovolume, but the strength of thistrophic casca<strong>de</strong> was weaker in the presence of omnivorous fishes. Fish trophic guilds didnot affect differently the probability of casca<strong>de</strong> occurrence, but they have distinct interactiveeffects with trophic state and fish biomass on casca<strong>de</strong> strength. Furthermore, omnivorousand zooplanktivorous fishes did not affect zooplankton biomass temporal variability, but incontrast with the predictions of food web theory zooplanktivorous fish stabilizedphytoplankton biomass temporal variability. We therefore presented the results of 11 weeksstudy of trophic casca<strong>de</strong> in experimental mesocosms, to test the predictions that multi-chainomnivory (i.e., organisms that feed off different trophic levels embed<strong>de</strong>d in multiple aquaticcompartments) can attenuate trophic casca<strong>de</strong> and stabilize temporal variation on aggregatecommunity biomass and species composition of phytoplankton and zooplânctoncommunities. We found mixed support to the meta-analysis results. Omnivorous fishattenuate trophic casca<strong>de</strong>, but significantly increase the temporal stability of aggregate andcompositional metrics of planktonic communities. Additionally, we found that nutrientenrichment had an opposite effect dampening the effects of omnivorous fish on stability. Thepartial disagreement between the meta-analysis and our experiment (i.e., which used amulti-chain omnivore) claims the need of further research to incorporate more complex foodweb structures driven by multi-chain predators to provi<strong>de</strong> a complete conceptual frameworkfor analysis of reticulate food webs in freshwater ecosystems.vii


ÍndiceResumo ..........................................................................................................................viAbstract.........................................................................................................................viiIntrodução Geral ........................................................................................................... 2Capítulo 1: Diferenças entre os <strong>Efeito</strong>s <strong>de</strong> <strong>Peixes</strong> <strong>Onívoros</strong> e Zooplanctívoros naDistribuição <strong>de</strong> Biomassa e Estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Teias Tróficas Planctônicas: UmaAbordagem Meta-Analítica.............................................................................................. 7Capítulo 2: <strong>Efeito</strong> da Predação <strong>de</strong> um Peixe onívoro na Dinâmica e Intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Cascata Trófica em Comunida<strong>de</strong>s Planctônicas .......................................................... 31Capítulo 3: <strong>Efeito</strong>s Diretos e Indiretos da Predação <strong>de</strong> um Peixe Onívoro naEstabilida<strong>de</strong> Temporal da Biomassa e Composição <strong>de</strong> Espécies <strong>de</strong> Comunida<strong>de</strong>sPlanctônicas.................................................................................................................. 78Discussão e Conclusão Geral.................................................................................. 1161


Introdução GeralÀ medida que diversas informações foram reunidas pelos naturalistas durante oúltimo século, vários conceitos novos emergiram e direcionaram o estudo da Ecologiamo<strong>de</strong>rna. Um <strong>de</strong>les foi a percepção <strong>de</strong> que as relações <strong>de</strong> alimentação ligam aspopulações numa entida<strong>de</strong> funcional reconhecida como comunida<strong>de</strong> biológica. O primeiroentre os proponentes <strong>de</strong>sta nova visão foi o ecólogo inglês Charles Elton que <strong>de</strong>senvolveuo conceito <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias alimentares, uma simples representação <strong>de</strong> conexões tróficasverticais na comunida<strong>de</strong>, que permanece em foco até os dias atuais (Ricklefs 1990).No último século, duas linhas gerais <strong>de</strong> investigação emergiram dos estudos <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ias alimentares aquáticas. A primeira <strong>de</strong>las surgiu do interesse na qualida<strong>de</strong> daságuas, on<strong>de</strong> os lagos eram consi<strong>de</strong>rados sistemas <strong>de</strong> fluxo unidirecional <strong>de</strong> energia,passando dos nutrientes minerais para o fitoplâncton e <strong>de</strong>ste para o zooplâncton até chegaraos peixes (Straskraba 1965). Apenas a partir da década <strong>de</strong> 60 surgiram os primeirostrabalhos sobre a perspectiva reversa, na qual os piscívoros (4 o nível trófico) no topo dasca<strong>de</strong>ias alimentares aquáticas exercem um controle regulatório sobre os peixesplanctívoros (3 o nível trófico), reduzindo a pressão <strong>de</strong> predação sobre o zooplâncton (2 onível trófico) e conseqüentemente aumentando a pressão <strong>de</strong> herbivoria sobre o fitoplâncton(1 o nível trófico), mo<strong>de</strong>lo que também é conhecido como cascata trófica (Carpenter et al.1985).Hrbáček et al. (1961) <strong>de</strong>monstraram que o fitoplâncton não era apenas reflexo dosnutrientes do sistema. Em seu trabalho, a presença <strong>de</strong> peixes em um lago reduziusignificativamente a biomassa <strong>de</strong> zooplâncton, tendo como resultado aumento da biomassa<strong>de</strong> fitoplâncton. Seguiram-se a este, inúmeros experimentos, que in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente daescala do sistema (aquários, pequenos lagos, limnocurrais, mesocosmos ou manipulação<strong>de</strong> todo o lago) ou da espécie <strong>de</strong> peixe, obtiveram após a introdução ou a remoção <strong>de</strong>carnívoros primários (ex. peixes zooplanctívoros) um expressivo efeito qualitativo sobreníveis tróficos inferiores (Brooks & Dodson 1965; Lynch & Shapiro 1981).2


Recentemente, cascata trófica é um fenômeno que tem sido observado em váriossistemas, incluindo lagos, rios, florestas, pradarias e sistemas marinhos (Power 1990; Brett& Goldman 1996; Carpenter et al. 2001; Shurin et al. 2002; Borer et al. 2005) e o <strong>de</strong>batemais atual tem sido sob quais condições ambientais a cascata trófica é mais freqüente(Pace et al. 1999; Polis 1999; Polis et al. 2000; Borer et al. 2005).Inicialmente, em razão dos exemplos <strong>de</strong> cascatas tróficas mais evi<strong>de</strong>ntes terem sidoobservados em sistemas aquáticos, vários autores sugeriram que a ocorrência <strong>de</strong> cascatatrófica era um fenômeno prevalente <strong>de</strong> ambientes aquáticos (Strong 1992; Polis 1999; Halaj& Wise 2001). Embora existam muitas evidências empíricas, este mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> controle<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias tróficas aquáticas tem sido criticado por apresentar pressupostosespaciais e temporais estáticos (Chase 2003), que ignoram características comuns edinamicamente importantes em ca<strong>de</strong>ias tróficas reais, as quais po<strong>de</strong>m potencialmente levara padrões diferentes daqueles previstos pela teoria (Polis et al. 1996b). Alguns autoressugerem que a teoria <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias tróficas não acomoda processos dinâmicos cruciais, taiscomo competição, ciclagem <strong>de</strong> nutrientes, heterogeneida<strong>de</strong> espacial, estrutura <strong>de</strong> tamanhodas comunida<strong>de</strong>s, mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa contra predação, ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritivoria eonivoria (Vanni et al. 1997; Vanni 2002).Nas últimas décadas, a onivoria tem assumido um papel fundamental no estudo daecologia <strong>de</strong> populações e comunida<strong>de</strong>s (Pimm & Lawton 1978; Polis et al. 1996b; Vanni etal. 2005). Consi<strong>de</strong>rada uma característica comum em muitas teias tróficas, a onivoria refletea flexibilida<strong>de</strong> do predador <strong>de</strong> adquirir energia <strong>de</strong> várias fontes (Yodzis 1984). Uma<strong>de</strong>finição abrangente consi<strong>de</strong>ra a onivoria como uma estratégia <strong>de</strong> forrageamentogeneralista (Fig. 1A), mas a <strong>de</strong>finição mais comumente aceita é que onívoros alimentam-seem mais <strong>de</strong> um nível trófico <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma mesma ca<strong>de</strong>ia (Pimm & Lawton 1978) (Fig. 1B).No entanto, a estrutura dos ecossistemas raramente po<strong>de</strong> ser reduzida a apenas umaca<strong>de</strong>ia trófica (Polis et al. 1996b) e os predadores, presas e recursos geralmenteultrapassam o limite <strong>de</strong> compartimentos, habitats e ecossistemas (Polis 1991), translocandomatéria e energia entre compartimentos (Vanni 2002). Esta visão <strong>de</strong> acoplamento <strong>de</strong>3


habitas foi incorporada à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> onivoria, consi<strong>de</strong>rando que os organismos que sealimentam em diferentes níveis tróficos estão imersos em compartimentos com múltiplasvias <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> energia. Atualmente, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> maior abrangência ecológicarefere-se a onívoros <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias múltiplas “multi-chain omnivores” que exploram diferentesca<strong>de</strong>ias tróficas baseadas em produtores primários <strong>de</strong> grupos funcionais e compartimentosdiversos, incluindo <strong>de</strong>tritos (Fig 1C e D) (Polis et al. 1996b). Segundo Va<strong>de</strong>boucoeur et al.(2005), a inclusão <strong>de</strong>ste conceito em trabalhos atuais irá contribuir para o entendimento <strong>de</strong>processos ecológicos em escalas temporais e espaciais mais verda<strong>de</strong>iras.Generalista/Onívoro Onivoria intra-ca<strong>de</strong>iaEcossistema 1 Ecossistema 2Onivoria inter-ca<strong>de</strong>iaFigura 1. Mo<strong>de</strong>lo esquemático a respeito do<strong>de</strong>senvolvimento do conceito <strong>de</strong> onivoria. A) Onívoro<strong>de</strong>finido como um consumidor (C) capaz <strong>de</strong> forragearsobre múltiplos recursos (R); B) Onivoria intra-ca<strong>de</strong>iafoi originalmente <strong>de</strong>finida como um predador (P)capaz <strong>de</strong> se alimentar tanto <strong>de</strong> plantas quanto <strong>de</strong>animais, mas que agora incorpora <strong>de</strong>finições maismo<strong>de</strong>rnas, um organismo que se alimenta em mais<strong>de</strong> um nível trófico <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma mesma ca<strong>de</strong>ia(Pimm & Lawton 1978). Polis & Strong (1996b)propuseram que a onivoria po<strong>de</strong> também ocorrerentre ca<strong>de</strong>ias (C) <strong>de</strong> um mesmo ecossistema ou (D)entre ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> ecossistemas distintos. Modificado<strong>de</strong> Va<strong>de</strong>boncoeur et al. (2005).Diferentes arquiteturas <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias tróficas que incluem interações <strong>de</strong> predação entreindivíduos <strong>de</strong> uma mesma guilda (“intraguild predation”) <strong>de</strong>monstram reduzir a intensida<strong>de</strong><strong>de</strong> cascata trófica <strong>de</strong>vido a interações mais fracas e difusas entre os níveis tróficos (Fagan1997; Leibold et al. 1997; Agrawal 1998; Borer et al. 2005). Além disso, alguns estudospropõem que predadores onívoros são uma fonte <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> para o sistema predadorpresa,por apresentarem resposta <strong>de</strong>nso-in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte às flutuações da presa. Ou seja, oforrageamento adaptativo, característico <strong>de</strong> consumidores onívoros capazes <strong>de</strong> variar apreferência alimentar em resposta a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos, po<strong>de</strong> manter suas4


populações em altas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da diminuição populacional <strong>de</strong> umadada presa, po<strong>de</strong>ndo portanto levar a supressão da presa <strong>de</strong> menor <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (Pimm &Lawton 1978; Murdoch & Bence 1987; Holt & Polis 1997; Diehl & Feissel 2001; Diehl 2003;Vanni et al. 2005). Por outro lado, vários autores indicam que a fraca ligação na relaçãopredador-presa em sistemas sujeitos a onivoria estabiliza drásticas oscilações entre osconsumidores e os recursos. Isto ten<strong>de</strong> a manter a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> das populações longe daprobabilida<strong>de</strong> estatística <strong>de</strong> se tornar extinta, processo que é consi<strong>de</strong>rado muito importanteem promover a persistência e a estabilida<strong>de</strong> em comunida<strong>de</strong>s naturais (McCann & Hastings1997; McCann et al. 1998a).Diante da discrepância entre estes dois mo<strong>de</strong>los teóricos se estabeleceu um novohorizonte <strong>de</strong> pesquisas na ecologia <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias tróficas. A questão mais atual é sobre ascircunstâncias ecológicas em que a onivoria é mantida em comunida<strong>de</strong>s naturais (Diehl2003). Segundo Rosenheim & Corbett (2003), esta não é uma questão simples <strong>de</strong> serrespondida. Vários fatores influenciam as taxas <strong>de</strong> predação do onívoro, incluindo aprobabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontro, a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ataque, o sucesso <strong>de</strong> captura e aprobabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consumo. Por sua vez, cada um <strong>de</strong>stes fatores é influenciado pelashabilida<strong>de</strong>s do predador, da presa e <strong>de</strong> características do ambiente (Sih 1993).Muitas pesquisas sobre a interação predador-presa têm <strong>de</strong>monstrado o importantepapel das <strong>de</strong>fesas ativas da presa (Sny<strong>de</strong>r & Ives 2001), das preferências do predador(Colfer & Rosenheim 2001), da produtivida<strong>de</strong> do sistema (Holt & Polis 1997; Diehl & Feissel2001) (HilleRisLambers et al. 2006) e da estrutura <strong>de</strong> hábitat e <strong>de</strong> refúgios físicos (MacRae& Croft 1996; Agrawal & Karban 1997; Finke & Denno 2002; Vanni et al. 2005). SegundoRosenzweig (1971) e Gilpin & Rosenzweig (1972), o aumento da produtivida<strong>de</strong> primária emconseqüência do enriquecimento trófico leva o sistema predador-presa a oscilações tãodrásticas, que aumenta muito a probabilida<strong>de</strong> das populações se extinguirem. Taisoscilações na abundância das populações nos níveis tróficos também foram previstas pelateoria <strong>de</strong> cascatas tróficas <strong>de</strong> Carpenter et al. (1985). No entanto, estudos teóricos indicamque esta <strong>de</strong>sestabilização <strong>de</strong>corrente do enriquecimento raramente ocorre em ca<strong>de</strong>ias5


tróficas sujeitas a significante onivoria (Diehl & Feissel 2001). Poucos testes empíricos<strong>de</strong>sta predição têm sido realizados e seus resultados têm sido contraditórios,conseqüentemente o efeito <strong>de</strong> predadores onívoros na estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>spermanece <strong>de</strong>sconhecido. A instabilida<strong>de</strong> (variabilida<strong>de</strong> temporal) <strong>de</strong> populações eecossistemas po<strong>de</strong> elevar consi<strong>de</strong>ravelmente as taxas <strong>de</strong> extinção (Lan<strong>de</strong> 1993) e reduzemo valor econômico dos serviços prestados pelos ecossistemas (Armsworth & Roughgar<strong>de</strong>n2003). Além disso, do ponto <strong>de</strong> vista da gestão dos recursos hídricos, a suposta fracapressão <strong>de</strong> predação dos peixes onívoros sobre o zooplâncton, torna a implementação <strong>de</strong>técnicas <strong>de</strong> biomanipulação <strong>de</strong>senvolvidas em ca<strong>de</strong>ias tróficas lineares inoperante parasistemas on<strong>de</strong> predominam interações tróficas complexas, tais como as que envolvem umelevado número <strong>de</strong> espécies ou a onivoria (Lazzaro 1987; Drenner et al. 1996; Jeppessenet al. 2005). Sob uma perspectiva <strong>de</strong> conservação e manejo, torna-se iminente a síntese <strong>de</strong>conhecimento sobre como peixes onívoros po<strong>de</strong>m afetar a distribuição <strong>de</strong> biomassa eestabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias tróficas planctônicas em ecossistemas aquáticos continentais.Desta maneira, este trabalho se propõe a testar através <strong>de</strong> abordagens metaanalíticase experimentais a generalida<strong>de</strong> da hipótese <strong>de</strong> que peixes onívoros sãoresponsáveis por enfraquecer a força <strong>de</strong> cascata trófica e aumentar a estabilida<strong>de</strong> dascomunida<strong>de</strong>s fitoplanctônicas e zooplanctônicas <strong>de</strong> ambientes aquáticos continentais.Além disso, buscou-se enten<strong>de</strong>r também se os efeitos da onivoria são <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntesda <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> peixes (capítulo I), do estado trófico do sistema (capítulos I e II) e do tipo<strong>de</strong> peixe onívoro (capítulos I e II).6


Capítulo IDiferenças entre os <strong>Efeito</strong>s <strong>de</strong> <strong>Peixes</strong> <strong>Onívoros</strong> e Zooplanctívoros naDistribuição <strong>de</strong> Biomassa e Estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Teias Tróficas Planctônicas: UmaAbordagem Meta-Analítica7


IntroduçãoEcólogos têm há muito reconhecido a importância estrutural e ecológica do papelque peixes <strong>de</strong>senvolvem em comunida<strong>de</strong>s e ecossistemas aquáticos (Hrbacek et al. 1961;Grygierek et al. 1966; Lazzaro 1987; Power 1990; Diehl 1992; Fernando 1994; Flecker1997; Vanni et al. 1997; Scheffer et al. 2000; Attay<strong>de</strong> & Hansson 2001a; Van<strong>de</strong>r Zan<strong>de</strong>n &Va<strong>de</strong>boncoeur 2002; Vanni et al. 2005; McIntyre et al. 2007). Através <strong>de</strong> efeitos<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes oriundos da predação (Vanni & Layne 1997; Lazzaro et al. 2003) eascen<strong>de</strong>ntes mediados pela reciclagem <strong>de</strong> nutrientes via excreção e bioturbação(Komarkova 1998; Attay<strong>de</strong> & Hansson 2001a; McIntyre et al. 2008), peixes po<strong>de</strong>msignificativamente alterar a composição <strong>de</strong> espécies, a distribuição da biomassa e aestabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> níveis tróficos inferiores (Carpenter et al. 1985; Van De Bund & Van Donk2004; Vanni et al. 2005). Particularmente o estudo sobre os efeitos <strong>de</strong> peixes sobre adinâmica <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias tróficas foi fundamental para o <strong>de</strong>senvolvimento do conceito <strong>de</strong>cascatas tróficas (Carpenter et al. 2001), com um consi<strong>de</strong>rável corpo <strong>de</strong> literatura jáexistente a este respeito (sumarizado em Brett & Goldman 1996, 1997; Bell et al. 2003).Embora atualmente a ocorrência <strong>de</strong> cascata trófica na natureza seja um fenômenojá reconhecidamente comprovado (Pace et al. 1999), controvérsia ainda existe em relação àsua onipresença a todos os tipos <strong>de</strong> ecossistemas e comunida<strong>de</strong>s (Strong 1992; Polis et al.2000; Halaj & Wise 2001). Vários estudos têm recentemente tentado sintetizar quaismecanismos estão relacionados à ocorrência e à força <strong>de</strong> cascata tróficas (Shurin et al.2002; Borer et al. 2005; Carpenter et al. 2008). Os resultados têm indicado que uma amplagama <strong>de</strong> fatores ambientais como a produtivida<strong>de</strong> do ambiente (Carpenter et al. 2001;Chase 2003; Hall et al. 2007; Gruner et al. 2008), diferenças <strong>de</strong> tamanho entre presa epredador (Borer et al. 2005; Shurin & Seabloom 2005), heterogeneida<strong>de</strong> espacial(Grabowski 2004; Finke & Denno 2006) e diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> presas ou predadores (Finke &Denno 2004; Byrnes et al. 2006; Otto et al. 2008), são aspectos que interferem diretamentena força e ocorrência <strong>de</strong> cascata trófica. Um outro tópico que tem recebido consi<strong>de</strong>rávelatenção a este respeito é a onivoria (capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se alimentar em mais <strong>de</strong> um nível8


trófico). Pelo fato <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r afetar simultaneamente níveis tróficos inferiores, o consumidoronívoro po<strong>de</strong> enfraquecer os efeitos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes indiretos ao longo da ca<strong>de</strong>ia trófica eportanto modificar o padrão <strong>de</strong> força e ocorrência <strong>de</strong> cascata trófica (Hart 2002; Lancasteret al. 2005; Va<strong>de</strong>boncoeur et al. 2005). Muitos estudos têm <strong>de</strong>stacado a importância <strong>de</strong>peixes onívoros em enfraquecer a ocorrência <strong>de</strong> cascatas tróficas em ambientes pelágicos(Drenner et al. 1986; Drenner et al. 1987; Lazzaro et al. 1992; Lazzaro et al. 2003; Okun etal. 2008), mas até o momento nenhum estudo tentou sinteticamente avaliar se diferençasentre o hábito trófico <strong>de</strong> peixes onívoros e zooplanctívoros realmente <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>iam efeitosdistintos sobre a ocorrência e força <strong>de</strong> cascatas tróficas pelágicas. Além disso, emboramuito abordado em estudos teóricos, pouco se sabe experimentalmente se peixes onívorosafetam também a estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias tróficas (Schindler & Scheuerell 2002).Devido à gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudos experimentais que avaliam os efeitos dapredação por peixes em ca<strong>de</strong>ias tróficas planctônicas (Brett & Goldman 1996, 1997; Bell etal. 2003) e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> testar objetivamente a consistência das diferentes hipóteses arespeito do papel <strong>de</strong> peixes onívoros sobre a dinâmica <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias tróficas aquáticas, foiutilizada neste trabalho uma abordagem meta-analítica com o objetivo <strong>de</strong> comparar osefeitos <strong>de</strong> peixes zooplanctívoros estritos e onívoros sobre a distribuição e estabilida<strong>de</strong>temporal da biomassa <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s planctônicas.Meta-análise é um método estatístico que permite sumarizar, através <strong>de</strong> revisõesquantitativas, padrões gerais oriundos da análise conjunta <strong>de</strong> múltiplos experimentosin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes (Osenberg et al. 1997; Gurevitch & Hedges 1999; Hedges et al. 1999). Aocontrário dos tradicionais métodos <strong>de</strong> revisões qualitativas e narrativas, a abordagem metaanalíticagera conclusões mais confiáveis pois ao invés <strong>de</strong> se basear em simples contagem<strong>de</strong> resultados significativos “vote quoting”, se fundamenta em uma padronizada e rígidaanálise <strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> efeitos (i.e., diferenças <strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong> entre um tratamento e seurespectivo controle experimental) calculados <strong>de</strong> múltiplos experimentos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes(Arnqvist & Wooster 1995; Gurevitch & Hedges 1999; Hedges et al. 1999). Desta forma,revisões meta-analíticas permitem testar <strong>de</strong> forma mecanicista e generalizada se padrões9


ecológicos diferem entre si ou se variam consistentemente em relação a outras variáveisambientais, uma vez que seus testes levam em consi<strong>de</strong>ração a magnitu<strong>de</strong> e direção doefeito e não apenas a sua ocorrência (Gurevitch & Hedges 1999; Nakagawa & Cuthill 2007).O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho foi testar através <strong>de</strong> uma abrangente revisão quantitativameta-analítica se e como peixes onívoros afetam a biomassa e estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>comunida<strong>de</strong>s planctônicas diferentemente <strong>de</strong> peixes zooplanctívoros. Baseado no corpoteórico e sobre o histórico <strong>de</strong> informações empíricas a respeito dos efeitos docomportamento onívoro sobre a dinâmica <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias tróficas, nós acreditamos que (1)peixes onívoros enfraquecerão significativamente a força e ocorrência <strong>de</strong> cascata tróficasobre a biomassa fitoplanctônica, (2) peixes onívoros terão um efeito estabilizador sobre avariabilida<strong>de</strong> temporal da biomassa fito e zooplanctônica e (3) os efeitos <strong>de</strong> peixes onívorose zooplanctívoros sobre a dinâmica das comunida<strong>de</strong>s planctônicas serão <strong>de</strong>nso<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntesdas suas biomassas e afetados pelo estado trófico do sistema.10


Material e MétodosLevantamento bibliográfico, escolha e coleta <strong>de</strong> dadosO processo <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados foi iniciado através <strong>de</strong> um levantamento bibliográfico<strong>de</strong> estudos relacionados aos efeitos <strong>de</strong> peixes onívoros e zooplanctívoros em ca<strong>de</strong>iastróficas planctônicas. Foram compilados resultados <strong>de</strong> 330 experimentos (150correspon<strong>de</strong>ntes a peixes onívoros e 180 a peixes zooplanctívoros) <strong>de</strong>scritos em 109artigos (Tabela 1). O levantamento foi composto praticamente em sua totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>trabalhos publicados, porém com a inclusão <strong>de</strong> resultados <strong>de</strong> um estudo ainda nãopublicado (Carneiro, em preparação). Os estudos selecionados foram aqueles queretratavam experimentos on<strong>de</strong> peixes onívoros e zooplanctívoros foram adicionados ouremovidos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente, e seus efeitos sobre a dinâmica da biomassa dozooplâncton e fitoplâncton foram quantificados. O levantamento <strong>de</strong> estudos publicados foirealizado através <strong>de</strong> busca na base referencial do Institute of Scientific Information -Thomson Science Citation In<strong>de</strong>x - (www.isiwebofknowledge.com), utilizando como palavraschave:trophic casca<strong>de</strong>, biomanipulation, pond, enclosure, mesocosm, planktivorous fish,omnivorous fish e combinações entre elas. O resultado do levantamento realizado na basereferencial do ISI Thomson foi complementado por estudos referenciados por Drenner et al.(1996) e Bell et al. (2003).Os critérios para separação das espécies <strong>de</strong> peixes nas respectivas guildas tróficasincluiu conhecimentos relacionados à preferência alimentar das espécies; alteraçõesontogenéticas dos hábitos alimentares (Schaus et al. 2002); bem como as condiçõesexperimentais capazes <strong>de</strong> restringir a amplitu<strong>de</strong> trófica das espécies onívoras, tais comoimpedimento do acesso ao sedimento <strong>de</strong> espécies com hábitos bento-pelágicos (Drenner etal. 1996; Schaus & Vanni 2000), contenção do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> algas perifíticas naspare<strong>de</strong>s dos mesocosmos e etc. Desta forma, o critério não foi espécie-específico e umamesma espécie <strong>de</strong> peixe pô<strong>de</strong> ser classificada como zooplanctívoro ou onívoro<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do seu estágio <strong>de</strong> vida (estágios larvais foram consi<strong>de</strong>rados sempre comozooplanctívoros) e se a condição experimental permitia a expressão funcional do hábito11


onívoro (Drenner et al. 1996). Resultados <strong>de</strong> manipulações experimentais envolvendo umlago todo, on<strong>de</strong> a abundância <strong>de</strong> peixes (onívoros ou zooplanctívoros) foi reduzida atravésda adição <strong>de</strong> piscívoros, só foram incluídos quando a introdução do piscívoro resultou emuma larga diminuição do estoque <strong>de</strong>stas presas. Além disso, resultados <strong>de</strong> experimentosenvolvendo todo o lago também não foram consi<strong>de</strong>rados quando o lago apresentavamassiva colonização <strong>de</strong> plantas aquáticas e quando a guilda trófica da espécie oucomunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> peixes alvo da redução não se constituía unicamente <strong>de</strong> onívoros ouzooplanctívoros.Os dados foram retirados <strong>de</strong> gráficos utilizando o software DigitizeIt versão 1.5.8(http://www.digitizeit.<strong>de</strong>). A Clorofila-a fitoplanctônica foi usada como medida preferencial dabiomassa do fitoplâncton, entretanto biovolume e fluorescência foram usados quando dados<strong>de</strong> clorofila-a não eram fornecidos. A medida <strong>de</strong> peso seco do zooplâncton foi usada comoestimativa da biomassa zooplanctônica. Quando apenas dados <strong>de</strong> abundância dozooplâncton estavam disponíveis, estes foram convertidos para unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> peso secoatravés <strong>de</strong> relações alométricas <strong>de</strong> peso-comprimento (Bottrell et al. 1976), masfreqüentemente foram utilizados os pesos médios <strong>de</strong> espécies zooplanctônicas publicadosna literatura (Hall et al. 1970; Wetzel & Likens 1991) quando dados do tamanho dozooplâncton não estavam disponíveis (Brett & Goldman 1996; Bell et al. 2003). Em algunscasos, quando os dados referentes a toda a comunida<strong>de</strong> zooplanctônica não estavamdisponíveis, a biomassa <strong>de</strong> cladóceros e copépodos representou a biomassa total dozooplâncton (Brett & Goldman 1996; Bell et al. 2003).Quando os resultados temporais da dinâmica das comunida<strong>de</strong>s fitoplanctônicas ezooplanctônicas foram disponibilizados, a média temporal e o coeficiente <strong>de</strong> variação foramcalculados e utilizados nas análises como estimativas <strong>de</strong> efeito global sobre a quantida<strong>de</strong> evariabilida<strong>de</strong> temporal da biomassa <strong>de</strong>stas comunida<strong>de</strong>s. Para estudos on<strong>de</strong> a manipulaçãodos peixes foi repetida em várias <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s ou conjuntamente com adição <strong>de</strong> nutrientes,os tratamentos com a presença do peixe foram contrastados com os respectivos controlespara cada situação, e a biomassa <strong>de</strong> peixe utilizada, bem como a concentração <strong>de</strong> fósforo12


total foram registradas. As informações da biomassa <strong>de</strong> peixes e da concentração <strong>de</strong>fósforo total (i.e. estimativa <strong>de</strong> estado trófico) foram incluídas na análise pois representamfatores biológicos e físico-químicos capazes <strong>de</strong> afetar a intensida<strong>de</strong> dos efeitos diretos eindiretos da predação por peixes sobre a dinâmica das comunida<strong>de</strong>s zooplanctônicas efitoplanctônicas (Vanni 1987; Drenner et al. 1996; Drenner et al. 1998; Vanni et al. 2005).Nos trabalhos on<strong>de</strong> apenas o tamanho e o número <strong>de</strong> indivíduos <strong>de</strong> peixes foramdisponibilizados, a biomassa <strong>de</strong> peixes do tratamento foi estimada utilizando relaçõesalométricas espécie-específicas <strong>de</strong> peso-comprimento obtidas através do site(http://www.fishbase.org). Experimentos on<strong>de</strong> outros fatores senão a biomassa <strong>de</strong> peixes eo estado trófico co-variaram com a presença <strong>de</strong> peixes, tais como a presença <strong>de</strong> plantasaquáticas, não foram consi<strong>de</strong>rados neste estudo.Cálculo da magnitu<strong>de</strong> dos efeitosA magnitu<strong>de</strong> dos efeitos (“effect size”) da presença <strong>de</strong> peixes onívoros ezooplanctívoros na biomassa e estabilida<strong>de</strong> temporal das comunida<strong>de</strong>s zooplanctônicas efitoplanctônicas foi estimada através do logaritmo da razão (“log ratio”) (Osenberg et al.1997; Gurevitch & Hedges 1999; Hedges et al. 1999). Os efeitos <strong>de</strong> cada guilda trófica <strong>de</strong>peixe sobre a biomassa do zooplâncton e fitoplâncton foram calculados como{log10(Bp + /Bp - )}, sendo Bp + a biomassa <strong>de</strong> zooplâncton ou fitoplâncton na presença <strong>de</strong>peixes e Bp - na ausência (controle). Valores positivos indicam que a biomassa dacomunida<strong>de</strong> em questão aumentou na presença do peixe em relação ao tratamentocontrole, valores negativos indicam o oposto. Para o cálculo da magnitu<strong>de</strong> do efeito dapresença dos diferentes tipos <strong>de</strong> peixes sobre a estabilida<strong>de</strong> temporal da biomassafitoplanctônica e zooplanctônica, foi utilizado como estimativa o coeficiente <strong>de</strong> variação(CV). Valores <strong>de</strong> CV foram incluídos na fórmula {log 10 (CVp + /CVp - )}, on<strong>de</strong> CVp+ é avariabilida<strong>de</strong> temporal da biomassa do fitoplâncton ou do zooplâncton na presença <strong>de</strong>peixes e CVp- na ausência. Valores do logaritmo da razão positivos indicam que a presença<strong>de</strong> peixes aumenta a variabilida<strong>de</strong> temporal da biomassa e valores negativos indicam umefeito estabilizador dos peixes sobre a variabilida<strong>de</strong> temporal da biomassa planctônica. O13


CV foi utilizado no presente estudo <strong>de</strong>vido à sua utilização freqüente em estudos queabordam estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ecossistemas (Tilman 1996; Cottingham et al. 2001) e por forneceruma medida adimensional passível <strong>de</strong> comparações entre dados coletados <strong>de</strong> múltiplosestudos (Ives et al. 2000).A utilização do logaritmo da razão como uma estimativa comparável da magnitu<strong>de</strong>do efeito das diferentes guildas tróficas sobre as comunida<strong>de</strong>s planctônicas <strong>de</strong>veu-se aofato <strong>de</strong> que a mesma confere significados biológicos claros através <strong>de</strong> mudançasproporcionais na variável resposta, além <strong>de</strong> satisfazer proprieda<strong>de</strong>s estatísticasparamétricas como distribuição normal dos valores (Hedges et al. 1999). Entretanto, avariância ao redor do logaritmo da razão é afetada pela variância temporal da variávelresposta e o seu número <strong>de</strong> replicação amostral, o que representa uma potencial<strong>de</strong>svantagem para contrastar médias temporais <strong>de</strong> experimentos realizados em diferentesescalas <strong>de</strong> tempo e/ou que contem com <strong>de</strong>sigual número <strong>de</strong> amostragens (Osenberg et al.1997). Uma alternativa para corrigir tal problema é calcular a magnitu<strong>de</strong> do efeito utilizandoíndices que produzem magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> efeitos padronizada pela variância conjunta dasmédias envolvidas no cálculo (Gurevitch & Hedges 1999). Entretanto, tais índices exigemreplicação nos tratamentos dos experimentos. Consi<strong>de</strong>rando que vários experimentosutilizados neste estudo não contaram com réplicas e muitos outros apresentaram osresultados apenas em valores médios sem fornecer medidas <strong>de</strong> variância, a não utilizaçãodo logaritmo da razão reduziria consi<strong>de</strong>ravelmente o número <strong>de</strong> experimentos utilizadosneste estudo, repercutindo em perda do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> generalização e possivelmente umaamostragem ten<strong>de</strong>nciosa (Englund et al. 1999). Embora o uso do logaritmo da razão possapor um lado diminuir o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar diferenças estatísticas (aumento do erro tipo II),ele garante uma estimativa não ten<strong>de</strong>nciosa da magnitu<strong>de</strong> média dos efeitos (Gurevitch &Hedges 1999; Hedges et al. 1999). Além disso, um recente estudo <strong>de</strong> revisão metaanalítico,que utilizou resultados <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 90 estudos empíricos, <strong>de</strong>monstrou que aduração experimental não afeta a força <strong>de</strong> cascata trófica originada pela predação porpeixes em ca<strong>de</strong>ias tróficas planctônicas (Bell et al. 2003), o que refuta a existência <strong>de</strong>14


potenciais ina<strong>de</strong>quações relacionadas ao uso do logaritmo da razão no cálculo damagnitu<strong>de</strong> dos efeitos no presente trabalho.Análises estatísticasDiferenças globais (in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do estado trófico ou da biomassa <strong>de</strong> peixes)entre o efeito <strong>de</strong> peixes onívoros e zooplanctívoros sobre a distribuição e estabilida<strong>de</strong> dabiomassa das comunida<strong>de</strong>s fitoplanctônicas e zooplanctônicas foram testadas contrastandoos valores médios e seus respectivos ±95% intervalos <strong>de</strong> confiança. Este método <strong>de</strong>comparação é amplamente indicado para testes <strong>de</strong> significância em estudos <strong>de</strong> revisãometa-analíticos, <strong>de</strong>vido a sua insensibilida<strong>de</strong> à diferenças do número <strong>de</strong> réplicas entre ostratamentos e facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interpretação (Nakagawa & Cuthill 2007). Valores sobrepostos<strong>de</strong> ±95% intervalos <strong>de</strong> confiança indicam que os tratamentos não diferem significativamenteentre si e o caso específico <strong>de</strong> estudos que testam hipóteses através <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong>magnitu<strong>de</strong> do efeito, a sobreposição do ±95% intervalo <strong>de</strong> confiança com o eixo x, <strong>de</strong>notaque a magnitu<strong>de</strong> do efeito do tratamento sobre a variável em questão não diferesignificativamente <strong>de</strong> zero (Gurevitch & Hedges 1999; Nakagawa & Cuthill 2007).Para testar se a biomassa <strong>de</strong> peixes e o estado trófico afetaram diferencialmente osefeitos da presença <strong>de</strong> peixes onívoros e zooplanctívoros sobre as comunida<strong>de</strong>splanctônicas, foi utilizada uma análise <strong>de</strong> covariância (ANCOVA), on<strong>de</strong> as magnitu<strong>de</strong>s dosefeitos foram consi<strong>de</strong>radas como a variável <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte (ANCOVAS separadas para cadamagnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> efeito), o estado trófico e a biomassa <strong>de</strong> peixes como variáveis contínuas ouco-variáveis e as guildas tróficas como variável categórica. Foi utilizado um nível <strong>de</strong>significância <strong>de</strong> α = 0.05 para todos os testes.15


Tabela1: Lista <strong>de</strong> referências dos estudos experimentais utilizados nesta meta-análise.ReferênciaComunida<strong>de</strong> DuraçãoUnida<strong>de</strong> Guildaanalisada experimental experimental trófica1 Albright, et al., (2004) Fito 2 anos Lago inteiro Zoo2 Acunã et al., (2008) Fito/Zoo 3 semanas Enclosure Zoo3 Arcifa, et al., (1986) Fito/Zoo 2 meses Enclosure Zoo4 Attay<strong>de</strong> & Hansson (2001a) Fito/Zoo 5 semanas Enclosure Zoo5 Attay<strong>de</strong> & Hansson (2001b) Fito/Zoo 5 semanas Enclosure Zoo6 Baca & Drenner (1995) Fito/Zoo semanas/anos Mesocosmo/Lago inteiro Oni7 Beklioglu & Moss (1995) Fito/Zoo 4 semanas Enclosure Zoo8 Beklioglu & Moss (1996) Fito/Zoo 4 semanas Enclosure Oni9 Beklioglu & Moss (1998) Fito/Zoo 5 semanas Enclosure Oni/ Zoo10 Bell et al., (2003) Fito/Zoo 4 anos Poça Zoo11 Bertolo et al., (1999) Fito/Zoo 3 meses Enclosure Zoo12 Bertolo et al., (1999) Fito/Zoo 4 semanas Enclosure Zoo13 Bertolo et al., (2000) Fito/Zoo 2 meses Enclosure Zoo14 Burke &Bayne (1986) Fito/Zoo 7 meses Poça Oni15 Byers & Vinyard (1990) Fito/Zoo 2 semanas Mesocosmo Oni16 Carneiro et al., (Em Preparação) Fito/Zoo 11 semanas Enclosure Oni17 Carpenter et al., (2001) Fito/Zoo 7 anos Lago inteiro Zoo18 Christoffersen et al., (1993) Fito/Zoo 5 meses Enclosure Zoo19 Crisman & Beaver (1990) Fito/Zoo 4 semanas Enclosure Oni20 Dettmers & Stein (1996) Fito/Zoo 3 meses Enclosure/Lago inteiro Oni21 Devries & Stein (1992) Fito/Zoo 2 semanas Enclosure/Lago inteiro Zoo22 Diana et al., (1991) Fito/Zoo 5 meses Lago inteiro Oni23 Drenner et al., (1990) Fito/Zoo 3 semanas Mesocosmo Zoo24 Drenner (1982) Zoo 3 meses Poça Oni25 Drenner et al., (1986) Fito/Zoo 2 meses Mesocosmo Oni26 Drenner et al., (1987) Fito 1 semana Mesocosmo Oni27 Drenner et al., (1989) Fito/Zoo 4 semanas Mesocosmo Zoo28 Drenner et al., (1996) Fito/Zoo 1 semana Mesocosmo Oni29 Drenner et al.,(1998) Fito 1 mês/18 meses Mesocosmo/Lago inteiro Oni30 Elhigzi et al., (1995) Fito/Zoo 2 meses Poça Oni31 Elser & Carpenter (1988) Fito/Zoo 2 anos Lago inteiro Zoo32 Faafeng et al., (1990) Fito/Zoo 4 semanas Enclosure Zoo33 Figueredo &Giani (2005) Fito 4 semanas Enclosure Oni34 Findlay et al., (1994) Fito/Zoo 5 anos Lago inteiro Oni35 Giussani et al., (1990) Fito/Zoo 3 anos Lago inteiro Oni36 Goad (1984) Fito/Zoo 2 semanas Enclosure Zoo37 Hall et al., (1970) Fito/Zoo 5 meses Poça Zoo38 Hambright (1994) Fito/Zoo 3 anos Lago inteiro Zoo39 Hambright et al., (1986) Fito/Zoo 4 meses Poça Zoo40 Hanazato et al., (1990) Zoo 4 semanas Enclosure Zoo41 Hansson & Carpenter (1993) Fito/Zoo 3 meses Enclosure Zoo/Oni42 Hansson et al., (1998) Fito/Zoo 4 meses Mesocosmo Oni43 Horppila & Kairesalo (1992) Fito/Zoo 4 semanas Enclosure Zoo/Oni44 Horppila &Kairesalo (1990) Fito 6 semanas Enclosure Oni45 Horppila et al., (1998) Fito 5 anos Lago inteiro Oni46 Hurlbert &Mulla (1981) Fito/Zoo 10 meses Poça Oni47 Hurlbert et al., (1972) Fito/Zoo 3 meses Mesocosmo Oni48 Khan et al., (2003) Fito/Zoo 4 semanas Poça Oni49 Lancaster & Drenner (1990) Fito/Zoo 4 semanas Mesocosmo Oni50 Laws & Weisburd (1990) Fito 10 meses Poça Oni51 Lazzaro et al., (1992) Fito/Zoo 4 semanas Mesocosmo Zoo/Oni52 Leibold (1989) Fito/Zoo 4 semanas Enclosure Zoo53 Lu et al., (2002) Fito/Zoo 8 semanas Enclosure Oni54 Lynch (1979) Fito/Zoo 6 semanas Enclosure Zoo55 Lynch & Shapiro (1981) Fito/Zoo 8 semanas Enclosure Zoo56 Markosova & Jezek (1993) Fito/Zoo 4 semanas Enclosure Zoo57 Mattson (1998) Fito 5 meses Poça Oni58 Matveev et al., (2000) Fito/Zoo 5 semanas Mesocosmo Oni/ Zoo59 Mazum<strong>de</strong>r et al., (1990) Fito/Zoo 4 meses Enclosure Zoo60 Mcqueen et al., (1989) Fito/Zoo 5 anos Lago inteiro Zoo61 Mcqueen et al., (1992) Fito/Zoo 4 meses Enclosure Zoo62 Meijer et al., (1990) Fito/Zoo 4 meses Poça Oni63 Meijer et al., (1990) Fito/Zoo 1 ano Lago inteiro Oni16


Tabela1: Lista <strong>de</strong> referências dos estudos experimentais utilizados nesta meta-análise.ReferênciaComunida<strong>de</strong>analisadaDuraçãoexperimentalUnida<strong>de</strong>experimentalGuildatrófica64 Nowlin & Drenner (2000) Fito/Zoo 4 semanas Mesocosm Zoo/Oni65 Okun & Mehner (2005) Zoo 5 semanas Enclosure Oni/Zoo66 Okun et al., (2007) Fito/Zoo 5 semanas Enclosure Oni67 Ortega-Mayagoita et al., (2002) Fito/Zoo 3 semanas Microcosmo Zoo68 Otsuki et al., (2000) Fito/Zoo 6 semanas Mesocosmo Oni69 Parker et al., (2001) Fito/Zoo 2 anos Lago inteiro Zoo70 Perez-Fuentetaja et al., (1996a) Zoo 4 semanas Enclosure Zoo71 Perez-Fuentetaja et al., (1996b) Fito/Zoo 4 semanas Enclosure Oni72 Persson (1997) Fito/Zoo 4 semanas Mesocosmo Zoo73 Persson et al., (1993) Fito/Zoo 3 anos Lago inteiro Oni74 Post & Mcqueen (1987) Fito/Zoo 4 meses Enclosure Zoo75 Proulx et al., (1996) Fito 8 semanas Enclosure Zoo76 Qin & Culver (1995) Fito/Zoo 4 semanas Enclosure Zoo77 Qin & Culver (1996) Fito/Zoo 7 semanas Poça Zoo78 Qin & Threlkeld (1990) Fito/Zoo 8 semanas Mesocosmo Zoo/Oni79 Radke et al., (2002) Fito/Zoo 4 semanas Enclosure Oni80 Ramcharan et al., (1996) Fito/Zoo 9 semanas Enclosure Zoo81 Ranta et al., (1987) Fito/Zoo 6 semanas Poça Zoo82 Reinertsen et al., (1990) Fito/Zoo 3 anos Lago inteiro Zoo83 Rejas et al., (2005) Fito/Zoo 2 semanas Enclosure Zoo84 Richardson (1990) Fito/Zoo 4 semanas Mesocosmo Zoo/Oni85 Riemann et al., (1990) Fito/Zoo 2 anos Lago inteiro Oni86 Ron<strong>de</strong>l et al., (2007) Fito/Zoo 4 semanas Enclosure Oni/Zoo87 Schaus & Vanni (2000) Fito/Zoo 2 semanas Enclosure Oni/Zoo88 Schindler (1992) Fito/Zoo 4 semanas Enclosure Zoo89 Son<strong>de</strong>rgaard et al., (1990) Fito/Zoo 3 anos Lago inteiro Oni90 Spencer & King (1984) Fito/Zoo 5 meses Poça Zoo91 Starling (1993) Fito/Zoo 4 semanas Enclosure Oni92 Starling &Rocha (1990) Fito/Zoo 5 semanas Enclosure Zoo93 Stephen et al., (1998) Fito/Zoo 5 semanas Enclosure Zoo94 Tang et al., (2002) Fito/Zoo 4 semanas Enclosure Oni95 Tatrai et al, (1990) Zoo 3 meses Enclosure Oni96 Tatrai et al., (1985) Fito/Zoo 3 semanas Enclosure Oni97 Threlkeld (1988) Fito/Zoo 6 semanas Mesocosmo Zoo98 Turner & Mittelbach (1990) Fito/Zoo 10 semanas Poça Zoo99 Turner & Mittelbach (1992) Fito/Zoo 5 semanas Enclosure Zoo100 Vakkilainen et al., ( 2004) Zoo 6 semanas Enclosure Zoo/Oni101 Van De Bund et al., (2004) Fito 6 semanas Enclosure Zoo/Oni102 Vanni (1987) Fito/Zoo 6 semanas Enclosure Zoo103 Vanni & Findlay (1990b) Fito/Zoo 3 meses Enclosure Zoo104 Vanni et al., (1990) Fito/Zoo 2 anos Lago inteiro Zoo105 Vanni et al., (1997) Fito/Zoo 6 semanas Enclosure Zoo106 Vinebrooke et al., (2001) Zoo 6 semanas Enclosure Oni107 Vinyard et al., (1988) Fito/Zoo 3 semanas Mesocosmo Oni108 Watson et al., (2003) Fito/Zoo 2 semanas/3 anos Mesocosmo/Lago inteiro Oni109 Williams & Moss (2003) Fito/Zoo 5 semanas Enclosure OniOni = <strong>Peixes</strong> onívoros; Zoo = <strong>Peixes</strong> zooplanctívoros estritos; Oni/Zoo = Experimento quemanipulou in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente peixes onívoros e zooplanctívoros estritos.17


ResultadosOs peixes zooplanctívoros e onívoros induziram cascata trófica no fitoplâncton (Fig.2A), ou seja, levaram a um aumento da biomassa total nos tratamentos. Os valores médiosdo logaritmo da razão entre os tratamentos e os controles foram sempre significativamentemaiores que zero, no entanto, a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cascata trófica <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada por peixesonívoros foi significativamente menor. Além disso, o efeito positivo dos peixes onívoros nabiomassa do fitoplâncton foi significativamente maior à medida que a concentração <strong>de</strong>fósforo total aumentou (Fig. 2B). Este resultado indica que peixes onívoros são menosefetivos em reduzir cascata trófica em condições <strong>de</strong> alta trofia. Por outro lado, peixeszooplanctívoros tiveram efeito <strong>de</strong> induzir cascata in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do estado trófico dosistema (Fig. 2B). Consi<strong>de</strong>rando os efeitos interativos entre a biomassa <strong>de</strong> peixes e asestratégias <strong>de</strong> forrageamento (Fig. 2C), apenas os peixes zooplanctívoros levaram a umaumento da biomassa do fitoplâncton em função do seu aumento <strong>de</strong> biomassa. A biomassa<strong>de</strong> peixes onívoros não apresentou nenhum efeito interativo na resposta do fitoplâncton.<strong>Peixes</strong> onívoros e zooplanctívoros reduziram significativamente a biomassa dozooplâncton (Fig. 2D). Este efeito foi ligeiramente mais negativo na presença <strong>de</strong> peixesonívoros, no entanto a diferença entre ambos não foi significativa. Os peixeszooplanctívoros exerceram uma pressão <strong>de</strong> predação menor no zooplâncton à medida quea concentração <strong>de</strong> fósforo total aumentou, mas este resultado não ocorreu para peixesonívoros (Fig. 2E). O aumento <strong>de</strong> biomassa dos peixes onívoros teve um efeito significativona redução da biomassa do zooplâncton, e o mesmo resultado não foi observado parapeixes zooplanctívoros (Fig. 2F).<strong>Peixes</strong> zooplanctívoros estabilizaram a dinâmica temporal da biomassa dofitoplâncton, e os peixes onívoros apresentaram a mesma tendência, no entanto, seu efeitonão foi significativo (Fig. 3A). O efeito <strong>de</strong> peixes zooplanctívoros e onívoros apresentou umatendência <strong>de</strong> <strong>de</strong>sestabilização da biomassa fitoplanctônica ao longo <strong>de</strong> um gradiente <strong>de</strong>concentração <strong>de</strong> fósforo total; no entanto esta tendência não foi significativa para ambos18


(Fig. 3B). A variação da biomassa <strong>de</strong> peixes zooplanctívoros e onívoros não influenciousignificativamente a estabilida<strong>de</strong> temporal da biomassa fitoplanctônica (Fig. 3C).O efeito <strong>de</strong> peixes zooplanctívoros e onívoros teve tendência <strong>de</strong> <strong>de</strong>sestabilizar adinâmica temporal da biomassa do zooplâncton, mas esta tendência não foi significativapara zooplanctívoros e foi marginalmente não significativa para onívoros (Fig. 3D). Aestratégia <strong>de</strong> forrageamento dos peixes não alterou a estabilida<strong>de</strong> temporal do zooplânctonao longo <strong>de</strong> um gradiente <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> fósforo (Fig. 3E). Consi<strong>de</strong>rando a variação dabiomassa dos peixes, o aumento da biomassa <strong>de</strong> onívoros teve um efeito significativo naestabilização temporal da biomassa do zooplâncton, já a variação da biomassa <strong>de</strong>zooplanctívoros em nada afetou a dinâmica do zooplâncton (Fig. 3F).Nós também avaliamos qual porcentagem do aumento na biomassa do fitoplâncton(magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> efeitos >1) estaria associada a uma redução da biomassa do zooplâncton(magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> efeitos


Figura 2: Magnitu<strong>de</strong> do efeito (ME) <strong>de</strong> peixes zooplanctívoros e onívoros sobre a biomassa fito e zooplanctônica analisadas (A e D) <strong>de</strong> formaglobal, (B e F) em relação ao gradiente <strong>de</strong> trofia e (C e F) em relação à biomassa <strong>de</strong> peixes. Valores negativos indicam que a biomassa dascomunida<strong>de</strong>s foi menor na presença do que na ausência <strong>de</strong> peixes. Figuras A e D apresentam valores médios da magnitu<strong>de</strong> do efeito calculadopelo log da razão do coeficiente <strong>de</strong> variação da biomassa do fitoplâncton e zooplâncton na presença e na ausência <strong>de</strong> peixes zooplanctívoros ouonívoros. Barras <strong>de</strong> erro são intervalos <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> ±95%. <strong>Efeito</strong>s da presença <strong>de</strong> peixes são estatisticamente significativos sobre abiomassa das comunida<strong>de</strong>s quando as barras <strong>de</strong> erro não sobrepõem o eixo x. Tratamentos são diferentes entre si quando não houversobreposição entre suas barras <strong>de</strong> erros. Figuras B, C, E e F cada ponto representa a magnitu<strong>de</strong> do efeito <strong>de</strong> experimentos individuais.20


Figura 3: Magnitu<strong>de</strong> do efeito (ME) <strong>de</strong> peixes zooplanctívoros e onívoros sobre a variabilida<strong>de</strong> temporal da biomassa fito e zooplanctônicaanalisadas (A e D) <strong>de</strong> forma global, (B e F) em relação ao gradiente <strong>de</strong> trofia e (C e F) em relação à biomassa <strong>de</strong> peixes. Valores negativosindicam que a variabilida<strong>de</strong> temporal das comunida<strong>de</strong>s foi menor na presença do que na ausência <strong>de</strong> peixes (i.e. efeito estabilizador). Figuras A eD apresentam valores médios da magnitu<strong>de</strong> do efeito calculado pelo log da razão do coeficiente <strong>de</strong> variação da biomassa do fitoplâncton ezooplâncton na presença e na ausência <strong>de</strong> peixes zooplanctívoros ou onívoros. Barras <strong>de</strong> erro são intervalos <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> ±95%. <strong>Efeito</strong>s dapresença <strong>de</strong> peixes são estatisticamente significativos sobre a biomassa das comunida<strong>de</strong>s quando as barras <strong>de</strong> erro não sobrepõem o eixo x.Tratamentos são diferentes entre si quando não houver sobreposição entre suas barras <strong>de</strong> erros. Figuras B, C, E e F cada ponto representa amagnitu<strong>de</strong> do efeito <strong>de</strong> experimentos individuais.21


Figura 4: Magnitu<strong>de</strong> do <strong>Efeito</strong> (ME) na biomassa do fitoplâncton em função da magnitu<strong>de</strong> doefeito na biomassa do zooplâncton para peixes zooplanctívoros e onívoros. Dados contidos noquadrante cinza (superior esquedo) estão <strong>de</strong> acordo com o previsto pela hipótese <strong>de</strong> cascatatrófica.22


DiscussãoNeste trabalho nós sintetizamos os resultados <strong>de</strong> quase três décadas <strong>de</strong>experimentos que manipularam diferentes estratégias <strong>de</strong> forrageamento <strong>de</strong> peixes nadistribuição <strong>de</strong> biomassa e estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s zooplanctônicas efitoplanctônicas. Mais especificamente, nosso objetivo foi respon<strong>de</strong>r qual o papel <strong>de</strong>interações onívoras em teias alimentares aquáticas, uma questão que até hoje foi<strong>de</strong>batida apenas à luz <strong>de</strong> pesquisas teóricas (Pimm & Lawton 1978; Polis et al. 1989;Diehl 1993; Fagan 1997; McCann & Hastings 1997; McCann et al. 1998a). Emboraexistam outros trabalhos meta-analíticos que avaliaram o efeito <strong>de</strong> cascata trófica emdiferentes ecossistemas (Brett & Goldman 1996; Shurin et al. 2002; Bell et al. 2003;Borer et al. 2005), este é o primeiro que me<strong>de</strong> o efeito da predação <strong>de</strong> peixes naestabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias aquáticas planctônicas.Os resultados da análise dos 330 experimentos <strong>de</strong>monstraram que aocorrência <strong>de</strong> cascata trófica não variou <strong>de</strong> acordo com a estratégia alimentar dospeixes (Fig. 4), no entanto a intensida<strong>de</strong> foi significativamente enfraquecida pelaonivoria (Fig. 2A). A zooplanctivoría e a onivoria reduziram a biomassa do zooplâncton<strong>de</strong> modo similar, mas a resposta da biomassa fitoplanctônica foi diferente. A respostamais intensa do fitoplâncton à zooplanctivoría <strong>de</strong>veu-se provavelmente à estratégia<strong>de</strong>stes peixes que na sua maioria são predadores visuais <strong>de</strong> águas abertas, cujaeficiência na remoção do macrozooplâncton, traduz-se numa forte resposta dofitoplâncton. Ao reduzirem o macrozooplâncton, os peixes zooplanctívoros liberam omicrozooplâncton da competição, permitindo que seu crescimento compense parte daperda <strong>de</strong> biomassa total do zooplâncton (Vanni 1986a). Além disso, a dominância <strong>de</strong>espécies menores como rotíferos tem efeito muito pouco eficiente no controle dofitoplâncton, ao mesmo tempo em que suas mais elevadas taxas metabólicas reciclame liberam nutrientes em maior quantida<strong>de</strong> e mais rapidamente, subsídio que po<strong>de</strong>garantir um crescimento ainda maior para o fitoplâncton (Vanni 1986a, 2002).23


A maioria dos estudos com peixes onívoros incluiu espécies filtradorasgeneralistas representadas principalmente por cipriní<strong>de</strong>os (e.g. Cyprinus carpio,Hypophthalmichthys molitrix, Rutilus rutilus, Abramis brama, Oreochromis niloticus) eclupeí<strong>de</strong>os (Dorosoma cepedianum) que se alimentam <strong>de</strong> macrozooplâncton,microzooplâncton, fitoplâncton e <strong>de</strong>tritos (Fernando 1994). Ao reduzirem a biomassanão apenas do macrozooplâncton (i.e. cladóceros e copépodos), mas também domicrozooplâncton (i.e. rotíferos e náuplios), os resultados mostraram um efeito globalligeiramente mais negativo dos peixes onívoros sobre a biomassa total do zooplâncton(Fig. 2D). Este resultado não se traduziu num aumento maior da biomassa dofitoplâncton (Fig. 2A), porque peixes onívoros também exercem forte pressão <strong>de</strong>predação direta sobre essa comunida<strong>de</strong>, com taxas <strong>de</strong> consumo maiores sobre algas<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> tamanho (Vinyard et al. 1988; Smith 1989; Drenner et al. 1996; Okun et al.2008).A análise do efeito dos peixes onívoros sobre a comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica ficaainda mais interessante ao analisarmos os resultados sob uma perspectiva <strong>de</strong>gradiente <strong>de</strong> trofia dos experimentos. Quanto maior o grau <strong>de</strong> trofia do sistema, maispronunciado foi o efeito positivo dos peixes onívoros na biomassa do fitoplâncton (Fig.2B). A hipótese sobre estado trófico <strong>de</strong> lagos e interação com peixes proposta porMcQueen et al. (1986) prevê que o aumento da biomassa do fitoplâncton pelapresença <strong>de</strong> peixes será mais intensa em sistemas oligotróficos. Os resultados <strong>de</strong>steestudo meta-analítico não foram consistentes com esta hipótese.Os peixes onívoros são reconhecidos por atuarem como eficientesregeneradores e recicladores <strong>de</strong> nutrientes através <strong>de</strong> translocação <strong>de</strong> sedimentos dofundo para coluna d’agua (i.e. bioturbação) e através <strong>de</strong> excreção, respectivamente(Vanni 2002). Ao consumirem matéria orgânica dos sedimentos, parte dos nutrientesingeridos são excretados em uma razão estequiométrica nitrogênio:fósforo mais baixae portanto mais apropriada a assimilação <strong>de</strong> outros organismos. Desta forma, ospeixes onívoros po<strong>de</strong>m aumentar a biomassa do fitoplâncton agindo como verda<strong>de</strong>iras24


“bombas <strong>de</strong> nutrientes” que estavam imobilizados no sedimento (Schaus et al. 1997;Vanni & Layne 1997).Alguns trabalhos <strong>de</strong>monstram que a porção <strong>de</strong> nutriente incorporada aossedimentos é cada vez maior, à medida que o grau <strong>de</strong> trofia dos sistemas aumenta(Son<strong>de</strong>rgaard et al. 2003; Vanni et al. 2006), provendo aos onívoros filtradores e<strong>de</strong>tritívoros um potencial ainda maior <strong>de</strong> agirem como bombas <strong>de</strong> nutrientes. De fato, aocorrência <strong>de</strong>sse mecanismo tem sido <strong>de</strong>monstrada empiricamente em estudosexperimentais (Drenner et al. 1996) e <strong>de</strong> observação realizados ao longo <strong>de</strong>gradientes tróficos em ecossistemas lacustres naturais colonizados por peixesonívoros. Desta forma, fica compreensível o mecanismo pelo qual a magnitu<strong>de</strong> doefeito <strong>de</strong> peixes onívoros na biomassa do fitoplâncton po<strong>de</strong> aumentar com os estadotrófico do ambiente (Fig 2B). Outra evidência que contribui para acreditarmos que oaumento da biomassa do fitoplâncton dá-se primariamente pelo efeito ascen<strong>de</strong>nte dabioturbação e excreção <strong>de</strong> peixes onívoros, é o efeito invariável que a predação <strong>de</strong>peixes onívoros teve na biomassa zooplanctônica ao longo <strong>de</strong> um gradiente trófico(Fig. 2E).O efeito <strong>de</strong> peixes zooplanctívoros sobre a biomassa do zooplâncton<strong>de</strong>cresceu ao longo <strong>de</strong> um gradiente <strong>de</strong> trofia (Fig. 2E). Nesse caso, a predação domacrozooplâncton pelos peixes, concomitante ao aumento <strong>de</strong> trofia do sistema, pô<strong>de</strong>favorecer o crescimento do microzooplâncton e compensar minimamente a redução nabiomassa total do zooplâncton. Com isso, sistemas <strong>de</strong> alta trofia, dominados pormicrozooplâncton e on<strong>de</strong> o impacto <strong>de</strong> predação foi presumivelmente pequeno, nãotiveram correspon<strong>de</strong>nte aumento significativo da biomassa do fitoplâncton (Fig. 2B).Além disso, a presença dos peixes zooplanctívoros po<strong>de</strong> não ter surtido o efeito <strong>de</strong>cascata trófica, uma vez que em condições meso-eutróficas a proliferação <strong>de</strong> algasmenos palatáveis (e.g. blooms <strong>de</strong> cianobactérias) po<strong>de</strong> minimizar a susceptibilida<strong>de</strong>do fitoplâncton à predação pelo zooplâncton (McQueen et al. 1986; Brett & Goldman1996; Cottingham et al. 2004; Moss et al. 2004; Ron<strong>de</strong>l et al. 2008).25


Verificar efeitos sinérgicos da biomassa <strong>de</strong> peixes onívoros e zooplanctívorosna distribuição <strong>de</strong> biomassa fito e zooplanctônicas tem implicações práticas muitoimportantes do ponto <strong>de</strong> vista da biomanipulação <strong>de</strong> ecossistemas. Conhecer osefeitos da estocagem <strong>de</strong> peixes amplia o entendimento sobre a ocorrência e amagnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> cascata trófica, tanto via remoção do zooplâncton quanto viatranslocação <strong>de</strong> nutrientes entre compartimentos, e po<strong>de</strong> prevenir os efeitos negativossobre a qualida<strong>de</strong> da água. A reunião <strong>de</strong> todos os trabalhos que possuíaminformações sobre a biomassa dos peixes possibilitou-nos concluir que o aumento dabiomassa <strong>de</strong> peixes onívoros teve um efeito significativo na redução da biomassa dozooplâncton, porém o mesmo resultado não foi observado para peixes zooplanctívoros(Fig. 2F).A estratégia <strong>de</strong> predação ativa dos zooplanctívoros utilizando a visão éextremamente eficiente em reduzir a biomassa do macrozooplâncton prontamente(Confer & Bla<strong>de</strong>s 1975). Sendo assim, mesmo baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> zooplanctívorospo<strong>de</strong>m causar reduções extremas na biomassa do zooplâncton, <strong>de</strong> modo que umaumento na biomassa <strong>de</strong> peixe não se reflete necessariamente em um aumento nataxa <strong>de</strong> predação per capita. Apesar da resposta invariável do zooplâncton aoaumento da biomassa dos peixes zooplanctívoros (Fig. 2F), observamos umcorrespon<strong>de</strong>nte aumento na biomassa do fitoplâncton (Fig. 2C). Este aumento dofitoplâncton não po<strong>de</strong> ser atribuído a nenhum mecanismo <strong>de</strong> controle ascen<strong>de</strong>nterelacionado ao aumento <strong>de</strong> biomassa dos peixes (e.g. regeneração e excreção <strong>de</strong>nutriente), uma vez que a biomassa <strong>de</strong> peixes e a concentração <strong>de</strong> fósforo não foramsignificativamente correlacionados ao longo dos múltiplos experimentos analisados (p> 0.05). Alternativamente, po<strong>de</strong>mos explicar tal aumento do fitoplâncton por um efeito<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte indireto, on<strong>de</strong> o aumento da biomassa <strong>de</strong> peixes zooplanctívorosrepresentou maior risco <strong>de</strong> predação para o zooplâncton, diminuindo suas taxas <strong>de</strong>herbivoria por mecanismos comportamentais e não pela redução <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>[i.e. cascata trófica comportamental, (Werner & Peacor 2003)]. Tais efeitos não letais26


na eficiência <strong>de</strong> herbivoria ocasionada pela presença <strong>de</strong> predadores é amplamentedocumentada em vários tipos <strong>de</strong> ecossistemas e comunida<strong>de</strong>s, incluindo ca<strong>de</strong>iastróficas pelágicas (Peacor & Werner 1997; Wojdak & Luttbeg 2005; Stief & Holker2006).A biomassa dos peixes onívoros reduziu <strong>de</strong> forma significativa a do biomassado zooplâncton (Fig 2F). A diferença no efeito da biomassa <strong>de</strong> onívoros ezooplanctívoros ocorreu provavelmente porque predadores generalistas filtradores sãomenos eficientes na captura <strong>de</strong> presas do que os predadores zooplanctívoros visuais(Drenner & McComas 1980). O modo <strong>de</strong> captura por sucção e não visual da maioriados predadores onívoros faz com que o aumento da sua eficiência <strong>de</strong> predação sejafunção exclusiva da probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontro com sua presa. Por esta razão, oaumento <strong>de</strong> biomassa do predador reflete-se proporcionalmente em um aumento naprobabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> captura da presa. No entanto, a redução do zooplâncton não sereverteu em um aumento significativo do fitoplâncton, porque os peixe onívorostambém exerceram pressão <strong>de</strong> predação sobre esta comunida<strong>de</strong> (Fig. 2C).Os estudos reunidos nesta meta-análise mostram que a adição <strong>de</strong> umpredador à comunida<strong>de</strong> gerou uma tendência <strong>de</strong> <strong>de</strong>sestabilização na biomassa dozooplâncton, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da estratégia <strong>de</strong> forrageamento <strong>de</strong>ste predador (Fig.3D). Mesmo assim, a biomassa <strong>de</strong> herbívoros mais variável traduziu-se emsignificativa estabilida<strong>de</strong> da biomassa fitoplanctônica em comunida<strong>de</strong>s sujeitas àzooplanctivoria (Fig. 3A). Este resultado é contrário a alguns mo<strong>de</strong>los teóricos queprevêem que a onivoria estabiliza teias tróficas porque aumenta o número <strong>de</strong>interações tróficas fracas (McCann & Hastings 1997; McCann et al. 1998a; Kuijper etal. 2003; Emmerson & Yearsley 2004; Va<strong>de</strong>boncoeur et al. 2005). Interessantemente,a predação por onívoros nesta síntese mostrou ser um mecanismo ligeiramente maisforte na redução da biomassa zooplanctônica (Fig. 2D). Segundo alguns estudos, aresposta <strong>de</strong>nso-in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> predadores onívoros à flutuação <strong>de</strong> suas presas27


po<strong>de</strong> gerar supressão mais intensa sobre elas (Pimm & Lawton 1978; Holt & Polis1997; Diehl 2003).Diante <strong>de</strong>ste resultado, a questão mais interessante é saber qual foi omecanismo <strong>de</strong> estabilização <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ado pelos peixes zooplanctívoros. Estaabordagem não foi elaborada para testar mecanismos específicos e sim hipótesesespecíficas, e portanto, estudos adicionais serão necessários para esclarecer <strong>de</strong> formaconsistente o padrão observado. Entretanto, algumas hipóteses po<strong>de</strong>m ajudar a dirigirfuturas investigações. A predação visual dos zooplanctívoros, muito seletiva para omacrozooplâncton, porém pouco eficaz na redução do microzooplâncton e <strong>de</strong>espécies muito evasivas (Confer & Bla<strong>de</strong>s 1975), teve um efeito global não diferentedos peixes onívoros, porém mais ameno sobre a biomassa total do zooplâncton (Fig.2D). Esta sutil diferença, foi suficiente para produzir um efeito <strong>de</strong> cascata tróficasignificativamente maior na biomassa do fitoplâncton em relação aos peixes onívoros(Fig. 2A) e também po<strong>de</strong> ter sido fundamental para diminuir significativamente aestabilida<strong>de</strong> temporal do fitoplâncton (Fig. 3A). Esta hipótese consi<strong>de</strong>ra o fato <strong>de</strong> queem razão dos peixes zooplanctívoros terem provocado um efeito ligeiramente maisfraco sobre o controle da biomassa zooplanctônica em relação aos onívoros, esteefeito foi suficiente para manter o fitoplâncton sob certo nível <strong>de</strong> controle <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntecapaz <strong>de</strong> evitar gran<strong>de</strong>s oscilações temporais na biomassa <strong>de</strong>sta comunida<strong>de</strong>. Algunstrabalhos têm <strong>de</strong>monstrado que uma mo<strong>de</strong>rada pressão <strong>de</strong> consumo po<strong>de</strong> funcionarprevenindo dominância e extinção <strong>de</strong> espécies, bem como impedindo picos <strong>de</strong>crescimento <strong>de</strong>scontrolado e assim produzir uma estabilida<strong>de</strong> temporal maisconsistente (Worm et al. 2002).Outro fato intrigante que foi contrariado pelos resultados <strong>de</strong>ste estudo e quetem sido proposto por vários estudos teóricos é o <strong>de</strong> que a onivoria, ao reduzir acascata trófica, produziria efeitos responsáveis por estabilizar drásticas oscilaçõesentre os consumidores e os recursos (Polis et al. 1996b; McCann & Hastings 1997;McCann et al. 1998a; Thompson & Gese 2007). Entretanto, os resultados <strong>de</strong>sta28


síntese <strong>de</strong> trabalhos empíricos não corroboram esta predição. De fato, um recentetrabalho meta-analítico que consi<strong>de</strong>rou vários ecossistemas em sua abordagem, nãoencontrou nenhuma relação óbvia <strong>de</strong> susceptibilida<strong>de</strong> entre a força <strong>de</strong> cascata tróficae o efeito <strong>de</strong> predadores na estabilida<strong>de</strong> temporal <strong>de</strong> produtores primários e <strong>de</strong>herbívoros (Halpern et al. 2005). A falta <strong>de</strong> mecanismos aparentes para elucidar estepadrão levou os autores a proporem que fatores <strong>de</strong>terminantes da distribuição <strong>de</strong>biomassa entre níveis tróficos po<strong>de</strong>m ser diferentes daqueles responsáveis por<strong>de</strong>terminar a variância da biomassa. Este fato coloca em dúvida a relação <strong>de</strong>acoplamento causal entre a ocorrência <strong>de</strong> cascata trófica e a instabilida<strong>de</strong> temporal,sugerida como um mecanismo estabilizador oriundo da onivoria. Um fato importanteque <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado é o nível <strong>de</strong> generalização dos mo<strong>de</strong>los teóricos que po<strong>de</strong>mser eficientes para preverem os efeitos <strong>de</strong> peixes onívoros em condições maiscontroladas e restritas, mas não ao longo <strong>de</strong> uma ampla e heterogênea escala <strong>de</strong>condições ecológicas tais como as abordadas neste estudo. Os dados utilizados nesteestudo para o cálculo <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> refletem processos ecológicos em escalastemporais reais (i.e. os estudos analisados levaram em consi<strong>de</strong>ração várias gerações<strong>de</strong> herbívoros e produtores primários), tendo sido improvável a ocorrência <strong>de</strong> umaanálise experimental ten<strong>de</strong>nciosa.Ao mostrar que peixes onívoros enfraquecem a cascata trófica masaparentemente não afetam a estabilida<strong>de</strong> temporal <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias tróficas aquáticas emum conjunto significativo <strong>de</strong> experimentos publicados na literatura, estes resultados,<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seus limites <strong>de</strong> abrangência (e.g., ca<strong>de</strong>ias tróficas planctônicas <strong>de</strong>ecossistemas lacustres), po<strong>de</strong>m refletir um importante grau <strong>de</strong> generalização echamarem a atenção para revisões <strong>de</strong> conceitos que tangem a dinâmica dofuncionamento <strong>de</strong> teias tróficas além, também <strong>de</strong>, importantes ramificações práticas e<strong>de</strong> conservação. Uma importante constatação é que peixes onívoros, ao promoveremuma teia trófica reticulada e portanto com maior conectivida<strong>de</strong> entre níveis tróficos,não necessariamente promovem a maior estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes. Outra é que, <strong>de</strong> fato,29


estratégias <strong>de</strong> biomanipulação que, baseadas no conceito <strong>de</strong> cascata trófica, utilizama introdução <strong>de</strong> piscívoros para indiretamente promover a redução da biomassafitoplanctônica, po<strong>de</strong>m não prosperar se a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> peixes planctívoros fordominada por onívoros. Além disso, várias das mais bem sucedidas espéciesinvasoras <strong>de</strong> peixes <strong>de</strong> ecossistemas aquáticos dulcícolas ao redor do mundo sãoonívoras e portanto sua introdução po<strong>de</strong> modificar significativamente a dinâmicanatural <strong>de</strong> ecossistemas aquáticos lacustres.30


Capítulo II<strong>Efeito</strong> da Predação <strong>de</strong> um Peixe Onívoro na Dinâmica e Intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Cascata Trófica em Comunida<strong>de</strong>s Planctônicas31


IntroduçãoA natureza dos fatores responsáveis por regular a estrutura e funcionamento<strong>de</strong> teias tróficas tem sido uma área <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong>bate <strong>de</strong>ntro da ecologia (Pimm1980; Pimm et al. 1991; Borer et al. 2006; Hillebrand et al. 2007). Um importante tópicoemergente <strong>de</strong>ste cenário foi a teoria <strong>de</strong> cascatas tróficas, a qual prevê que a biomassa<strong>de</strong> cada nível trófico, em uma <strong>de</strong>terminada ca<strong>de</strong>ia, é inversamente e diretamenterelacionada à biomassa dos níveis tróficos sobrejacentes e subjacentes a ele(Oksanen 1991; Brett & Goldman 1996; Carpenter et al. 2001). Gran<strong>de</strong> parte dosestudos que originaram a proposição <strong>de</strong>sta teoria se remete a ecossistemas aquáticos(Strong 1992; Carpenter et al. 2001; Shurin et al. 2006) envolvendo ca<strong>de</strong>ias tróficaspelágicas, tendo o fitoplâncton como produtor primário, zooplâncton como herbívoro epeixes como predadores (McQueen et al. 1986).Embora a ocorrência <strong>de</strong> cascatas tróficas <strong>de</strong>vido a manipulações da presençaou do estoque <strong>de</strong> peixes seja atualmente um fato comprovado tantoexperimentalmente (Brett & Goldman 1996, 1997; Bell et al. 2003) quanto em estudos<strong>de</strong> observação (Vanni et al. 1990) realizados em ecossistemas aquáticos continentais,o conhecimento sobre fatores responsáveis por <strong>de</strong>terminar a dinâmica temporal bemcomo a força da cascata trófica ainda é permeado <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável incerteza (Shurin etal. 2002; Borer et al. 2005; Shurin & Seabloom 2005). Um fator que tem merecidoconsi<strong>de</strong>rável atenção tanto teórica quanto experimental, é como o hábito trófico (i.e.peixes zooplanctívoros ou onívoros) po<strong>de</strong> afetar a força da cascata trófica (Pace et al.1999). Um consi<strong>de</strong>rável número <strong>de</strong> evidências sustenta o fato <strong>de</strong> que peixeszooplanctívoros visuais, por exibirem predação direcionada a organismoszooplanctônicos <strong>de</strong> maior tamanho exercem forte efeito indireto no aumento dabiomassa fitoplanctônica pela redução da herbivoria imposta pelo zooplâncton,ocasionando cascatas tróficas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong> (McQueen et al. 1986; Vanni1986b; McQueen et al. 1989; Vanni & Findlay 1990; Vanni et al. 1997). Por outro lado,consi<strong>de</strong>rando que peixes onívoros filtradores se alimentariam tanto do zooplâncton32


quanto também do produtor primário (fitoplâncton), vários estudos propuseram-se atestar a hipótese <strong>de</strong> que a predação por peixes onívoros po<strong>de</strong>ria ser um fatoramenizador da intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cascatas tróficas uma vez que a diminuição da força <strong>de</strong>interação entre o predador onívoro e o zooplâncton, aliada ao fato do peixe também sealimentar do produtor primário, diminuiria seus efeitos positivos indiretos sobre abiomassa algal, reduzindo a intensida<strong>de</strong> da cascata trófica (Drenner et al. 1982;Drenner et al. 1984b; McCann et al. 1998a; McCann et al. 1998b; Scheffer 1998;Lazzaro et al. 2003).Embora uma consi<strong>de</strong>rável parte <strong>de</strong>stes trabalhos <strong>de</strong> certa forma suporte ahipótese <strong>de</strong> que a onivoria reduz a força <strong>de</strong> cascatas tróficas (Drenner et al. 1996),parte da variação observada nestes experimentos não pô<strong>de</strong> ser explicada apenas pordiferenças entre as duas guildas tróficas <strong>de</strong> peixes, revelando que a força da cascatatrófica po<strong>de</strong> ser um fenômeno regulado <strong>de</strong> forma interativa por múltiplos fatoresambientais (Brett & Goldman 1996, 1997; Agrawal 1998; Borer et al. 2005). Dentreestes, o estado trófico do ecossistema (McQueen et al. 1986; Drenner et al. 1996;Drenner et al. 1998) bem como a heterogeneida<strong>de</strong> da composição intratrófica (Attay<strong>de</strong>& Hansson 2001b; Hansson et al. 2004) têm sido apontados como importantes fatorescapazes <strong>de</strong> modificar tanto a ocorrência quanto a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cascatas tróficas emecossistemas pelágicos (Vakkilainen et al. 2004; Van <strong>de</strong> Bund et al. 2004; Ron<strong>de</strong>l etal. 2008). Adicionalmente, os experimentos que buscam avaliar o papel <strong>de</strong> peixesonívoros sobre a força <strong>de</strong> cascata trófica têm sido realizados basicamente com peixesonívoros-planctívoros filtradores (e.g. tilápia, carpa etc) que consomem tanto abiomassa zooplanctônica como também a biomassa fitoplanctônica (Drenner et al.1996). Entretanto, o número <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> peixes nos quais a onivoria nãonecessariamente encontra-se relacionada ao consumo <strong>de</strong> algas planctônicas, mas simao consumo <strong>de</strong> perifíton, <strong>de</strong>tritos e etc, é imensamente maior, principalmente naregião tropical (Fernando 1994). Tal fato impe<strong>de</strong> que generalizações consistentes em33


elação aos efeitos da onivoria sobre a dinâmica e força <strong>de</strong> cascata trófica pelágicasejam feitas.Uma inovadora proposição funcional do hábito onívoro, conhecida comoonivoria <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias múltiplas (“multi-chain omnivory”) (Polis et al. 1996b;Va<strong>de</strong>boncoeur et al. 2005), propõem que onívoros que utilizam subsídios oriundos <strong>de</strong>níveis tróficos pertencentes a ca<strong>de</strong>ias alimentares distintas e portanto espacialmentee/ou funcionalmente <strong>de</strong>sacoplados (i.e. produtor primário bentônico, herbívoroplanctônico, <strong>de</strong>tritos alóctones) po<strong>de</strong>m, através <strong>de</strong> complexos mecanismos indiretos,modificar a dinâmica <strong>de</strong> interações tróficas e o fluxo <strong>de</strong> energia responsáveis por<strong>de</strong>terminar padrões <strong>de</strong> regulação trófica entre as diferentes comunida<strong>de</strong>s ecompartimentos aquáticos (Huxel et al. 2002; Va<strong>de</strong>boncoeur et al. 2002; Van<strong>de</strong>rZan<strong>de</strong>n & Va<strong>de</strong>boncoeur 2002; McCann et al. 2005; Van<strong>de</strong>r Zan<strong>de</strong>n et al. 2005).Desta forma, peixes onívoros não filtradores po<strong>de</strong>riam afetar a força <strong>de</strong> cascata tróficapelágica sobre o fitoplâncton se por exemplo, o forrageamento sobre o perifíton e/ouinvertebrados bentônicos contribuir para a diminuição da taxa <strong>de</strong> predação sobre ozooplâncton (alterando a pressão <strong>de</strong> herbivoria sobre o fitoplâncton) ou interferir nasrelações competitivas por nutrientes entre as algas pelágicas e o perifíton.Neste estudo, através <strong>de</strong> experimentos <strong>de</strong> campo realizados em mesocosmos,foi avaliado se a presença <strong>de</strong> um peixe onívoro-zooplanctívoro não filtrador afeta adinâmica temporal e a força <strong>de</strong> cascata trófica em comunida<strong>de</strong>s pelágicas (fitoplânctone zooplâncton), e se estes efeitos são <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do estado trófico (disponibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> nutrientes).A seguinte hipótese geral foi testada:Os efeitos da predação pelo peixe onívoro-zooplanctívoro não filtrador sobre adinâmica temporal da cascata trófica bem como sobre sua intensida<strong>de</strong> são<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do estado trófico e da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> (heterogeneida<strong>de</strong>) funcional dasassembléias fitoplanctônicas e zooplanctônicas.34


Para testar esta hipótese a dinâmica individual (e.g. biomassa <strong>de</strong> diferentesgrupos funcionais e taxonômicos) e agregada das comunida<strong>de</strong>s fitoplanctônicas ezooplanctônicas foram comparadas em relação aos efeitos individuais e interativos dapresença <strong>de</strong> peixe e adição <strong>de</strong> nutrientes ao longo <strong>de</strong> 11 semanas.35


Materiais e MétodosÁrea <strong>de</strong> EstudoEste trabalho foi realizado na lagoa Cabiúnas, localizada no Parque Nacionalda Restinga <strong>de</strong> Jurubatiba, Rio <strong>de</strong> Janeiro – Brasil (22º 15’ S, 41º 40’ O) (Fig. 1a).Seus limites físicos estão contidos no domínio geomorfológico da planície <strong>de</strong>sedimentação aluvial estando sua gênese referente ao período terciário (Soffiati 2000).A lagoa Cabiúnas é uma típica lagoa costeira permanecendo separada do oceano poruma barra <strong>de</strong> areia, possui uma área <strong>de</strong> aproximadamente 0,35 km 2 e profundida<strong>de</strong>média <strong>de</strong> 2,0 m (Panosso et al. 1998). Suas águas se caracterizam por serem húmicase ligeiramente ácidas (pH 6,3) com temperatura média anual <strong>de</strong> 23,6º e transparênciamedida a partir do disco <strong>de</strong> Secchi <strong>de</strong> aproximadamente 0,5 m (Petrucio 1998). Seuformato <strong>de</strong>ndrítico confere uma alta relação perímetro:volume, permitindo o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma extensa região litorânea <strong>de</strong>nsamente colonizada pelaBACFigura 1: (a) Fotografia aérea da Lagoa Cabiúnas localizada no Parque Nacional da Restinga <strong>de</strong>Jurubatiba. A seta indica o local (b) on<strong>de</strong> os mesocosmos foram instalados próximo da regiãolitorânea. (c) Detalhe dos mesocosmos.36


macrófita aquática Typha domingensis (Pers). Po<strong>de</strong> ser classificada como oligomesotrófica,com concentrações médias <strong>de</strong> fósforo total (PT) e nitrogênio total (NT) <strong>de</strong>0,35 e 55 µM, respectivamente e biomassa média fitoplanctônica, estimada a partir daconcentração <strong>de</strong> clorofila-a, <strong>de</strong> 4 µg/L (Enrich-Prast et al. 2004). A lagoa apresentaelevada biodiversida<strong>de</strong> no que se refere à fauna e flora pelágica possuindo o maiornúmero <strong>de</strong> táxons zooplanctônicos (Castelo-Branco 1998), fitoplanctônicos (<strong>de</strong> Mello &Suzuki 1998) e ictiológicos (Caramaschi et al. 2004) documentados para as lagoascosteiras da região. A maior parte da ictiofauna é composta por peixes <strong>de</strong> hábitosonívoros associados à região litorânea da lagoa (Caramaschi et al. 2004).<strong>Estrutura</strong> dos mesocosmos e <strong>de</strong>senho experimentalDezesseis mesocosmos cilíndricos (2,0 m <strong>de</strong> diâmetro × 2,4 m <strong>de</strong> altura)construídos <strong>de</strong> polietileno translúcido (300 mm <strong>de</strong> espessura) foram instaladospróximos à região litorânea da lagoa em local sem a presença <strong>de</strong> macrófitas aquáticas(Fig. 1b e 2). Cada mesocosmo foi equipado com um anel <strong>de</strong> ferro em cadaextremida<strong>de</strong> para permitir estabilida<strong>de</strong> estrutural e o acoplamento <strong>de</strong> bóias e âncoras.Os mesocosmos foram abertos para a atmosfera e para o sedimento, isolandocompletamente a coluna d’água interna da água da lagoa, mas permitindo que trocasgasosas e a incidência luminosa fossem próximas às condições naturais além doacesso irrestrito dos peixes ao sedimento. Para evitar a fuga <strong>de</strong> peixes, a extremida<strong>de</strong>inferior <strong>de</strong> cada mesocosmo foi firmemente enterrada (≈ 0,1 m) <strong>de</strong>ntro do sedimento eancorada com placas <strong>de</strong> concreto. Todos os mesocosmos foram colocados emprofundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aproximadamente 2 m, <strong>de</strong> maneira que a parte superiorpermanecesse 0,3 m acima do nível d’água evitando a entrada <strong>de</strong> água da lagoa pelaação <strong>de</strong> ondas (Fig. 2). Desta forma a profundida<strong>de</strong> dos mesocosmos correspon<strong>de</strong>u àprofundida<strong>de</strong> média da lagoa Cabiúnas, sendo o volume médio dos mesocosmosnesta profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproximadamente 6300 L. Após a instalação, cada mesocosmo37


foi inspecionado visualmente, não sendo <strong>de</strong>tectada a presença <strong>de</strong> peixes em nenhum<strong>de</strong>les.O <strong>de</strong>senho experimental consistiu <strong>de</strong> um arranjo fatorial do tipo 2x2 com doisníveis do fator nutriente (sem ou com adição) e dois níveis do fator peixe (ausência oupresença) resultando nos seguintes tratamentos: CTRL (sem peixe e sem adição <strong>de</strong>nutrientes), PEIXE (presença <strong>de</strong> peixe sem a adição <strong>de</strong> nutrientes), NUT (ausência <strong>de</strong>peixe com a adição <strong>de</strong> nutrientes) e PEIXE+NUT (presença <strong>de</strong> peixe e adição <strong>de</strong>nutrientes) (Fig. 2). Desta forma foi possível avaliar os efeitos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes einterativos dos fatores principais (i.e. peixe e nutrientes) sobre as variáveis analisadas.Cada tratamento foi replicado 4 vezes e cada réplica igualmente distribuída em 4diferentes blocos para diluir potenciais efeitos da heterogeneida<strong>de</strong> ambiental <strong>de</strong> formahomogênea entre os tratamentos (Fig. 2). Entretanto, para <strong>de</strong>tectar eventuais efeitosda heterogeneida<strong>de</strong> sobre as variáveis mensuradas, os tratamentos só foramimplementados uma semana após a instalação dos mesocosmos (semana 1), períodono qual foram realizadas coletas para avaliar a homogeneida<strong>de</strong> das condições iniciaisentre os diferentes tratamentos.Procedimento ExperimentalO experimento ocorreu ao longo <strong>de</strong> 11 semanas, <strong>de</strong> maio a agosto <strong>de</strong> 2005.Semanalmente após a semana 1, nitrogênio (NH 4 NO 3 ) e fósforo (KH 2 PO 4 e K 2 HPO 4 )foram adicionados conjuntamente <strong>de</strong> forma a estabelecer uma concentração final<strong>de</strong>sejada <strong>de</strong> 200 µM <strong>de</strong> nitrogênio e 40 µM <strong>de</strong> fósforo aos tratamentos que recebiamadição <strong>de</strong> nutrientes, resultando em uma razão N:P = 5:1. Os nutrientes foramadicionados diluindo a quantida<strong>de</strong> específica <strong>de</strong>sejada em um bal<strong>de</strong> contendo água dopróprio mesocosmo. Em seguida a água era retornada para o mesocosmo ecuidadosamente homogeneizada com o auxílio <strong>de</strong> um remo. Esta metodologia foirepetida em períodos intercalados à coleta das variáveis, o que além <strong>de</strong> permitir a38


homogeneização dos nutrientes minimiza o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cantação do séston, que émais acelerado em experimentos <strong>de</strong> mesocosmos pela redução do hidrodinamismo dacoluna d’água (Stephen et al. 2004). Consi<strong>de</strong>rando que a dinâmica <strong>de</strong> nutrientes po<strong>de</strong>Arranjo espacial dos tratamentosCtrlPeixeNutNut+PeixeCtrlPeixeNutNut+PeixeNut+PeixeNutPeixeCtrlNut+PeixeNutPeixeCtrlFlutuadoresCtrl Peixe Nut Nut + PeixeNível d’águaN + PN + PAnel <strong>de</strong> ferroSedimentoFig. 2 - Representação esquemática do <strong>de</strong>senho experimental adotado e <strong>de</strong>talhes estruturaisdos mesocosmos.ser diferente em réplicas <strong>de</strong> um mesmo tratamento em experimentos <strong>de</strong> campo, a<strong>de</strong>terminação semanal das concentrações das formas inorgânicas <strong>de</strong> nitrogênio (N-NH 4 e N-NO 3 ) e fósforo (P-PO 4 ), permitiram calcular a quantida<strong>de</strong> necessária <strong>de</strong> N e Pa ser adicionada em cada mesocosmo semanalmente, <strong>de</strong> forma a manter asconcentrações finais homogeneamente próximas aos limites <strong>de</strong>sejados. Embora estasconcentrações finais reflitam a <strong>de</strong> um ambiente hipereutrófico, elas foram escolhidascom base em um experimento piloto realizado previamente na lagoa Cabiúnas, on<strong>de</strong>foi <strong>de</strong>monstrado que após 48 horas, havia a redução <strong>de</strong> aproximadamente 70% e 85%do N e P adicionados, respectivamente. De acordo com vários estudos esta redução<strong>de</strong>ve-se principalmente à absorção/complexação <strong>de</strong> nutrientes pelo sedimento(Schindler et al. 1997; Carpenter et al. 2001). Portanto, a adição <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>smenores <strong>de</strong> nutrientes a sistemas experimentais on<strong>de</strong> o contato do sedimento com a39


coluna d`água existe po<strong>de</strong> prejudicar o objetivo da manipulação, pela redução dosnutrientes, <strong>de</strong>vido a fatores geoquímicos. Entretanto, as concentrações utilizadasneste experimento não se apresentaram tóxicas às comunida<strong>de</strong>s aquáticas e estão<strong>de</strong>ntro da amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> variação daquelas utilizadas em experimentos que buscaramavaliar os efeitos do enriquecimento e predação por peixes sobre comunida<strong>de</strong>splanctônicas (Stephen et al. 2004).A presença <strong>de</strong> peixes foi manipulada através da adição <strong>de</strong> 40 indivíduosadultos (comprimento padrão 3 - 3,5 cm, 0,5 g/ind) da espécie Hyphessobryconbifasciatus (Ellis 1911) (Characidae - Fig. 3). A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> final <strong>de</strong> peixes nosmesocosmos foi <strong>de</strong> 13 ind/m 2 . Os indivíduos <strong>de</strong> H. bifasciatus foram cuidadosamentecapturados com o auxílio <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arrasto na região litorânea próxima ao local darealização do experimento, e imediatamente acondicionados em tanques re<strong>de</strong>instalados na própria lagoa Cabiúnas._______1 cmFigura 3: Indivíduo adulto<strong>de</strong> Hyphessobryconbifasciatus. A espécie écomumente encontrada naregião litorânea da lagoaCabiúnas (Macaé, RJ) epossui hábitos onívoros,alimentando-se <strong>de</strong>perifíton, <strong>de</strong>tritosorgânicos, zooplâncton,invertebrados aquáticos einsetos terrestres. (Créditoda foto -www.fishbase.org).Os peixes foram mantidos nestas condições por 24 horas para recuperação doestresse da captura. Apenas indivíduos ativos e aparentemente saudáveis foramutilizados no experimento. A espécie H. bifasciatus foi escolhida pelo fato <strong>de</strong> possuirhábitos onívoros (Sánchez-Botero 2005) (alimenta-se <strong>de</strong> zooplâncton, invertebradosbentônicos, perifíton, <strong>de</strong>tritos e etc.) além <strong>de</strong> apresentar ampla distribuição nas lagoas40


costeiras da região Norte Fluminense (Caramaschi et al. 2004) e em ecossistemas <strong>de</strong>água doce na América do Sul (www.fishbase.org). Embora a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> peixes nãotenha sido registrada ao final do experimento, inspeções diárias permitiram <strong>de</strong>tectarindivíduos mortos que foram substituídos imediatamente por peixes saudáveismantidos em tanques-re<strong>de</strong> na lagoa. Entretanto a mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> peixes foi baixadurante o experimento (< 10%) e não relacionada a algum dos tratamentos on<strong>de</strong> apresença <strong>de</strong> peixe foi manipulada, garantindo, portanto, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> peixes emníveis <strong>de</strong>sejáveis ao longo do experimento.Amostragem e Análise das VariáveisAmostragens semanais, conduzidas consecutivamente entre a 1ª e 7ª semanae uma última na 11ª semana, foram realizadas totalizando 8 amostragens ao longo doexperimento. Para evitar efeitos relacionados a variações diárias das variáveisanalisadas, as amostragens foram sempre conduzidas entre 10:00 h e 12:00 h. Asvariáveis analisadas foram íon amônio e nitrato (nitrogênio inorgânico dissolvido –NID), ortofosfato, oxigênio dissolvido, temperatura da água, biovolume fitoplanctônicoe biomassa zooplanctônica. Com exceção das medidas <strong>de</strong> oxigênio dissolvido etemperatura que foram feitas na superfície, meio e fundo através <strong>de</strong> um oxímetro (YSI-95), as <strong>de</strong>mais amostragens foram realizadas <strong>de</strong> forma integrada ao longo da colunad’água. Para cada mesocosmo, amostras <strong>de</strong> água da superfície e fundo foramcoletadas com auxílio <strong>de</strong> garrafa tipo Van Dorn e integradas em um bal<strong>de</strong> <strong>de</strong> on<strong>de</strong>foram retiradas amostras <strong>de</strong> 100 ml para <strong>de</strong>terminação do biovolume fitoplanctônico(contagem <strong>de</strong> células) e 50 ml para <strong>de</strong>terminação das concentrações <strong>de</strong> nutrientes. Ozooplâncton foi coletado através <strong>de</strong> 1 arrasto vertical (1,6 m) realizado com uma re<strong>de</strong><strong>de</strong> plâncton <strong>de</strong> 65 µm. O fitoplâncton foi fixado com lugol e o zooplâncton em soluçãoaçucarada <strong>de</strong> formalina a 4%. As concentrações do íon amônio foram <strong>de</strong>terminadaspelo método colorimétrico do indofenol azul, conforme proposto por Koroleff (1978) eas concentrações <strong>de</strong> nitrato medidas através <strong>de</strong> um analisador <strong>de</strong> nutrientes (FIA),41


pelo método <strong>de</strong> redução do nitrato a nitrito em coluna <strong>de</strong> cádmio (Golterman et al.1978). Em laboratório células fitoplanctônicas foram contadas através <strong>de</strong> microscopiainvertida e i<strong>de</strong>ntificadas até o nível <strong>de</strong> espécie ou gênero e medidas <strong>de</strong> acordo comsua conformação geométrica (Hillebrand et al. 1999). O volume celular do fitoplânctonfoi calculado através <strong>de</strong> aproximações a formas geométricas sólidas similares. Asalgas foram em seguida agrupadas e classificadas em suas respectivas classes.Organismos zooplanctônicos foram contados, medidos (apenas náuplios) ei<strong>de</strong>ntificados a nível específico através <strong>de</strong> microscópio estereoscópico. Os organismosforam agrupados em cladóceros, copépo<strong>de</strong>s (Calanoida e Cyclopoida), náuplios erotíferos. Para <strong>de</strong>terminação da biomassa <strong>de</strong> microcrustáceos (copépo<strong>de</strong>s ecladóceros), os primeiros 20 exemplares (somente adultos para copépo<strong>de</strong>s) <strong>de</strong> cadaespécie contados foram separados em cadinhos espécie-específicos, secos em estufaa 60 o C por 24 horas e em seguida pesados em microbalança Metler mo<strong>de</strong>lo UMT2para a <strong>de</strong>terminação da biomassa por indivíduo. A biomassa <strong>de</strong> adultos <strong>de</strong>microcrustáceos foi calculada multiplicando o peso médio por indivíduo <strong>de</strong> cadaespécie pela sua respectiva <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> na amostra. Para a <strong>de</strong>terminação da biomassa<strong>de</strong> náuplios foram utilizadas equações alométricas (peso x comprimento) segundoCulver et al. (1985). Para a <strong>de</strong>terminação da biomassa <strong>de</strong> rotíferos, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>cada espécie foi multiplicada por seu respectivo peso médio obtido da literatura e abiomassa <strong>de</strong> todas as espécies somadas (Wetzel & Likens 1991).Análises dos DadosPara <strong>de</strong>tectar efeitos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e interativos da adição dos fatoresnutrientes e peixes sobre a dinâmica da biomassa das comunida<strong>de</strong>s fitoplanctônica ezooplanctônica, foi adotada uma rotina hierárquica <strong>de</strong> análises <strong>de</strong> variância.Inicialmente foram conduzidas análises <strong>de</strong> variância multivariadas com medidasrepetidas (RM-MANOVA) para analisar os efeitos globais dos fatores manipuladossobre as comunida<strong>de</strong>s zooplanctônicas e fitoplanctônicas separadamente. <strong>Peixes</strong> e42


nutrientes foram tratados como fatores categóricos principais, o tempo (semanas) foiconsi<strong>de</strong>rado como fator repetido e a biomassa total e dos grupos (zooplâncton) e obiovolume total e das classes (fitoplâncton) como variáveis <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. A utilizaçãoda MANOVA é indicada para casos on<strong>de</strong> múltiplas variáveis <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes que mantéminter<strong>de</strong>pendência são analisadas (Scheiner 2001). Seu uso é especialmenteimportante em análises que incluam o tempo como fator repetido, pois é mais robustaa problemas <strong>de</strong> circularida<strong>de</strong> associados à RM-ANOVA, além <strong>de</strong> prevenir erro do TipoI associado à ocorrência <strong>de</strong> múltiplos testes (Maxwell & Delaney 2004). O índice <strong>de</strong>Pillai-Trace foi utilizado como critério estatístico em todas as MANOVAs, pois é o testemais indicado para avaliar significância em relação a múltiplas variáveisinter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes (Scheiner 2001). Em seguida, como a MANOVA testa os efeitosin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e interativos dos fatores categóricos sobre todas as variáveis<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes simultaneamente, fatores que apresentaram resultados significativos daMANOVA foram analisados por RM-ANOVAs fatoriais (com correções <strong>de</strong> Huyn-Feldtpara o termo repetido) para cada variável <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, para avaliar os efeitosprincipais e interativos da presença <strong>de</strong> peixes e nutrientes sobre a dinâmica temporal<strong>de</strong> cada variável resposta separadamente. Por fim para <strong>de</strong>tectar diferençasespecíficas entre cada tratamento (CTRL, NUT, PEIXE e PEIXE+NUT), análises <strong>de</strong>contraste pareadas foram realizadas para cada variável <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Consi<strong>de</strong>randoque 6 comparações pareadas po<strong>de</strong>m ser feitas entre os quatro tratamentos, o valor <strong>de</strong>a inicialmente selecionado como P = 0,05, foi corrigido pelo procedimento seqüencial<strong>de</strong> Bonferroni para o ajuste <strong>de</strong> múltiplas comparações (Rice 1989). Nesteprocedimento, para cada variável os valores <strong>de</strong> P obtidos das 6 comparaçõespareadas entre os tratamentos são classificados hierarquicamente do menor para omaior valor e em seguida o menor valor <strong>de</strong> P obtido é comparado ao menor valor <strong>de</strong> Pajustado calculado como a/k, on<strong>de</strong> k é o número <strong>de</strong> comparações pareadas existentes(neste caso 0,05/6 = 0,008). O resultado é consi<strong>de</strong>rado significativo se o menor valor<strong>de</strong> P obtido da análise <strong>de</strong> contraste for menor que o menor valor <strong>de</strong> P ajustado. Em43


seguida sucessivamente os crescentes valores <strong>de</strong> P obtidos são comparados com oscrescentes valores <strong>de</strong> a calculados como a/k-1, a/k-2,..., até que todas ascomparações sejam efetuadas. RM-ANOVAs fatoriais foram feitas para <strong>de</strong>tectardiferenças entre os tratamentos em relação à temperatura, oxigênio dissolvido, NID eortofosfato. Para todas as análises tanto em relação às comunida<strong>de</strong>s quanto àsvariáveis fisico-químicas, a primeira semana (semana pré-tratamento) não foi incluídano mo<strong>de</strong>lo. Análises <strong>de</strong> variância simples (ANOVA) foram feitas para todas asvariáveis (bióticas e abióticas) com apenas os dados da 1 semana (antes daimplementação dos tratamentos) para avaliar se haviam diferenças prévias entre osmesocosmos que compreen<strong>de</strong>riam os tratamentos.Para analisar como a presença <strong>de</strong> peixes afetou globalmente (ao longo <strong>de</strong> todoo experimento) a relação entre a biomassa zooplanctônica e o biovolumefitoplanctônico, regressões lineares foram feitas consi<strong>de</strong>rando todos os tratamentosconjuntamente bem como separadamente enfocando o efeito da presença <strong>de</strong> peixessob condições <strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos variada. Todos os dados foramtransformados pelo Log 10 para redução da heterogeneida<strong>de</strong> das variâncias. Todas asanálises <strong>de</strong> variância foram feitas através do programa STATISTICA 7.0 (StatSoft2001).Para estimar uma medida integrativa referente à intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada fator (i.e.peixe e nutriente) sobre a distribuição da biomassa dos níveis tróficos planctônicos, aintensida<strong>de</strong> dos efeitos da presença <strong>de</strong> peixes e da adição <strong>de</strong> nutrientes (effect sizes)sobre grupos individuais e sobre a biomassa zooplanctônica e fitoplanctônica totalforam calculadas como a diferença padronizada entre as médias (D) conformeproposto por Gurevitch & Hedges (1993), <strong>de</strong> acordo com a seguinte equação:D=ˆ χT− ˆ χSCJOn<strong>de</strong> X T e X c são respectivamente as médias do tratamento manipulado e seurespectivo controle. S é o <strong>de</strong>svio padrão agrupado e J corrige os <strong>de</strong>svios gerados pela44


diferença <strong>de</strong> tamanho amostral. Uma vez que a variância geralmente aumenta com oaumento da média, é vantajoso contemplar a variação das réplicas (S) no cálculo daintensida<strong>de</strong> do efeito. A diferença entre duas médias portanto, é padronizada pelo<strong>de</strong>svio conjunto <strong>de</strong> ambos os tratamentos. O <strong>de</strong>svio padrão agrupado é calculadoconforme a expressão:S=( nT−1)(SD( nT2) + ( nC−1)(SDC)+ n − 2)TC2On<strong>de</strong> n é o número <strong>de</strong> réplicas e SD o <strong>de</strong>svio padrão dos tratamentos. J é calculadocomo:J3= 1−4( n T+ n C− 2) −1Desta forma para cada semana (exceto a 1 semana) o tamanho do efeito da presença<strong>de</strong> peixes (D peixes ) foi calculado tanto para a situação ambiente, on<strong>de</strong> X T foi otratamento PEIXE e X c o CTRL, quanto para a situação <strong>de</strong> maior trofia, on<strong>de</strong> X T foi otratamento PEIXE+NUT e X c o tratamento NUT. O mesmo procedimento foi adotadopara o cálculo dos efeitos dos nutrientes (D nutrientes ), on<strong>de</strong> os efeitos dos nutrientesforam calculados na ausência <strong>de</strong> peixe (X T tratamento NUT e X c o CTRL) e napresença <strong>de</strong> peixes (X T tratamento PEIXE+NUT e X c tratamento PEIXE). A magnitu<strong>de</strong>do efeito cumulativo <strong>de</strong> cada fator sobre a biomassa total e dos diferentes gruposplanctônicos foi calculada a partir da integração das respectivas magnitu<strong>de</strong>scalculadas em cada semana através do programa Metawin (versão 2.0 para Windows)<strong>de</strong> acordo com Rosenberg et al. (2000). Em seguida para saber se a variação na forçado efeito dos nutrientes e dos peixes sobre a biomassa <strong>de</strong> cada grupo foi <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nteda presença do outro fator, (isto é, se o efeito do peixe muda <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da condiçãotrófica ou se o efeito dos nutrientes muda <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da presença ou ausência <strong>de</strong>peixes) as magnitu<strong>de</strong>s dos efeitos <strong>de</strong> cada fator foram comparadas nas duassituações.45


Para traçar uma comparação entre a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cascata trófica promovidapor peixes onívoros e zooplanctívoros, confrontamos os dados <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> doefeito <strong>de</strong> peixe onívoros calculados neste experimento com os dados <strong>de</strong> 11experimentos que examinaram a intensida<strong>de</strong> do efeito <strong>de</strong> peixes zooplanctívoros. Acompilação <strong>de</strong>stes 11 experimentos foi apresentado em uma meta-análise <strong>de</strong> Brett &Goldman (1996), que utilizou a mesma métrica <strong>de</strong> cálculo <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> do efeito<strong>de</strong>scrita para este estudo (Gurevitch & Hedges 1993), tornando portanto os dadoscomparáveis. Estudos prévios sugerem que peixes onívoros e zooplanctívoros<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>iam cascata trófica por diferentes vias (Drenner et al. 1996), mas acomparação da intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus efeitos é bastante escassa (Lazzaro et al. 1992;Williams & Moss 2003; Boveri & Quiros 2007). Embora nosso experimento não tenhasido <strong>de</strong>senhado para testar no campo a diferença entre diferentes estratégias <strong>de</strong>alimentação <strong>de</strong> peixes, a proposta <strong>de</strong> comparação da intensida<strong>de</strong> do efeito <strong>de</strong> cascatatrófica utilizando dados obtidos aqui e na literatura, permite que nossa comparaçãoseja bastante abrangente.46


ResultadosEficiência da manipulação experimentalAs variáveis abióticas coletadas na fase pré-tratamento foram avaliadas através <strong>de</strong>análises <strong>de</strong> variância (ANOVA) simples que <strong>de</strong>monstraram não haver diferençassignificativas nas condições iniciais dos 16 mesocosmos. A semana 1, anterior à adição <strong>de</strong>nutrientes e peixes, apresentou temperatura média máxima da água <strong>de</strong> 23,36°C [(±0,42),ANOVA F = 0,29; P = 0,83], concentração <strong>de</strong> oxigênio máxima <strong>de</strong> 3,52 mg.L -1 [(±0,47),ANOVA F = 0,63; P = 0,59], NID <strong>de</strong> 6,31mmol. L -1 [(±2,27), ANOVA F = 0,26; P = 0,85),ortofosfato <strong>de</strong> 0.11 mmol. L -1[(±0,02), ANOVA F = 0,55; P = 0,65] e razão <strong>de</strong>NID:ortofosfato <strong>de</strong> 57,07 [(±18,77), ANOVA F = 0,26; P = 0,84] (Tabela 1).As condições iniciais da biomassa e da composição das comunida<strong>de</strong>szooplanctônicas e fitoplanctônica também não foram significativamente diferentes nos 4tratamentos [Fig. 4A (F = 0,02, P = 0,99); 4B (F = 2,63, P = 0,09); 4C (F = 0,85, P = 0,49);4D (F = 0,85, P = 0,49), 4E (F = 1,35, P = 0,30) e Fig. 5A (F = 0,26, P = 0,84); 5B (F = 0,99,P = 0,42); 5C (F = 1,24, P = 0,33); 5D(F = 0,71, P = 0,33); 5E (F = 0,17, P = 0,91); 5F (F =0,35, P = 0,78)] fato que garantiu que a manipulação experimental fosse comparável.Variáveis AbióticasA análise <strong>de</strong> variância repetida (RM-ANOVA) sobre as concentrações <strong>de</strong> nutrientesdissolvidos (NID e ortofosfato) <strong>de</strong>monstrou um aumento significativo e consistente com oenriquecimento <strong>de</strong> nutrientes a partir da segunda semana. Com a adição (correção)semanal sistemática <strong>de</strong> nutrientes, estes valores persistiram inalterados até a décimaprimeira semana, tanto no tratamento NUT quanto PEIXE+NUT. A razão NID:ortofosfatotambém permaneceu constante e próxima do valor <strong>de</strong>sejado (5:1) nos tratamentos on<strong>de</strong>foram adicionados nutrientes. As concentrações <strong>de</strong> nutrientes no CTRL e no tratamentoPEIXE permaneceram estáveis e semelhantes às concentrações do ambiente no início doexperimento (Tabela 1). Desta forma, concluímos que a manipulação experimental dosnutrientes foi bem sucedida.47


A temperatura variou entre as três profundida<strong>de</strong>s mensuradas mas não sofreunenhuma alteração significativa no curso do experimento entre os diferentes tratamentos(RM-ANOVA; Tabela 1). No entanto, as concentrações <strong>de</strong> oxigênio na superfície sofreramum significativo aumento nos tratamentos com nutrientes (particularmente o tratamentoPEIXE+NUT), como resultado provável <strong>de</strong> maior ativida<strong>de</strong> fotossintética pelo aumento dabiomassa fitoplanctônica (RM-ANOVA; Tabela 1).ZooplânctonTanto a presença <strong>de</strong> peixes como a adição <strong>de</strong> nutrientes e a interação entre ambosos fatores afetaram <strong>de</strong> forma global e significativa a biomassa da comunida<strong>de</strong>zooplanctônica (RM-MANOVA, Tabela 2A).A presença dos peixes como fator principal diminuiu significativamente a biomassados cladóceros, dos copépo<strong>de</strong>s e da soma <strong>de</strong> todos os organismos da comunida<strong>de</strong>zooplanctônica, e por outro lado, aumentou significativamente a biomassa dos rotíferos(RM-ANOVA, Tabela 3, Fig. 4A, B, C, E). A redução da biomassa dos cladóceros foi maiorno tratamento PEIXE do que no tratamento PEIXE+NUT (Análise <strong>de</strong> Contraste Pareada,Fig. 4B). O aumento da biomassa dos rotíferos foi maior no tratamento PEIXE+NUT do queno tratamento PEIXE (Análise <strong>de</strong> Contraste Pareada, Fig. 4A). O efeito da presença <strong>de</strong>peixes foi <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do tempo, mostrando um efeito interativo significativo para adinâmica da biomassa dos rotíferos, copépo<strong>de</strong>s, náuplios e da biomassa total (Tabela 3,Fig. 4).O efeito interativo da adição <strong>de</strong> nutrientes e da presença <strong>de</strong> peixes foi significativopara a biomassa <strong>de</strong> rotíferos e cladóceros (Tabela 3). Para os rotíferos, o tratamentoPEIXE+NUT produziu um efeito global <strong>de</strong> elevação <strong>de</strong> biomassa (Análise <strong>de</strong> ContrastePareada, Fig. 4A). Para os cladóceros, a direção oposta dos fatores principais produziuefeito <strong>de</strong> compensação que aproximou o resultado do tratamento PEIXE+NUT aoCONTROLE (Análise <strong>de</strong> Contraste Pareada, Fig. 4B). A interação da adição <strong>de</strong> nutrientes e48


da presença <strong>de</strong> peixes foi <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do tempo e influenciou significativamente a dinâmicada biomassa dos rotíferos, cladóceros e da biomassa zooplanctônica total (Tabela 3, Fig. 4).A adição <strong>de</strong> nutrientes como fator principal aumentou significativamente a biomassados cladóceros, dos náuplios e da soma <strong>de</strong> todos os organismos da comunida<strong>de</strong>zooplanctônica (RM-ANOVA, Tabela 3, Fig. 4B, D, E). Entretanto, o tratamento NUT não foidiferente do tratamento PEIXE+NUT para nenhum dos componentes da comunida<strong>de</strong>zooplanctônica (Análise <strong>de</strong> Contraste Pareada, Fig. 4). A interação dos nutrientes com otempo também produziu aumento significativo da biomassa total do zooplâncton, bem comoda biomassa <strong>de</strong> rotíferos e náuplios (Tabela 3).O tempo foi um fator importante que in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e interativamente com os fatoresmanipulados, afetou significativamente a dinâmica da comunida<strong>de</strong> zooplanctônica <strong>de</strong> formatransiente (Tabela 3, Fig. 4).A análise da contribuição proporcional dos grupos zooplanctônicos também dáindícios do efeito dos peixes e dos nutrientes na composição da comunida<strong>de</strong> (Fig. 6). Nostratamentos on<strong>de</strong> os peixes foram incluídos, é clara a redução da contribuição <strong>de</strong>cladóceros e o aumento dos rotíferos (Fig. 6B e D). Por outro lado, nos tratamentos on<strong>de</strong> ospeixes foram excluídos houve um aumento significativo <strong>de</strong> cladóceros e uma drásticaredução <strong>de</strong> rotíferos a partir da quarta semana (Fig. 6A e C), ocorrência que ficou aindamais evi<strong>de</strong>nte quando combinada a adição <strong>de</strong> nutrientes (Fig. 6C). De modo geral, oscopépo<strong>de</strong>s, representados principalmente por calanói<strong>de</strong>s, foram os organismos com maiorcontribuição na biomassa total em todos os tratamentos (Fig. 6). No entanto, no tratamentoPEIXE+NUT, os copépo<strong>de</strong>s ciclopói<strong>de</strong>s co-dominaram com os calanói<strong>de</strong>s (Fig. 6D). Oscopépo<strong>de</strong>s foram um grupo susceptível à predação por peixes tendo uma significativaredução <strong>de</strong> sua biomassa (Tabela 3), no entanto, sua contribuição proporcional foi sempreconstante (Fig. 6).49


FitoplânctonOs efeitos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e interativos da adição <strong>de</strong> nutrientes e da presença <strong>de</strong>peixes influenciaram significativamente o resultado global do biovolume da comunida<strong>de</strong>fitoplanctônica (RM-MANOVA, Tabela 2B).A presença <strong>de</strong> peixes como fator principal aumentou significativamente o biovolume<strong>de</strong> Chlorophyceae, Cryptophyceae, Euglenophyceae e o biovolume total da comunida<strong>de</strong>fitoplanctônica (RM-ANOVA, Tabela 4, Fig. 5B, C, E, F). O efeito interativo do tempo com apresença <strong>de</strong> peixes também explicou o aumento significativo do biovolume total, bem comodos grupos Chlorophyceae, Cryptophyceae e Cyanophyceae (RM-ANOVA, Tabela 4, Fig.5). A comparação planejada entre tratamentos com a presença <strong>de</strong> peixes <strong>de</strong>monstrou umaumento significativo do biovolume no tratamento PEIXE+NUT, com exceção da classeEuglenophyceae, para a qual não se <strong>de</strong>tectou diferença entre os tratamentos PEIXE ePEIXE+NUT (Análise <strong>de</strong> Contraste Pareada, Fig. 5).A adição <strong>de</strong> nutrientes como fator principal aumentou significativamente o biovolumedos grupos Chlorophyceae, Cryptophyceae, Cyanophyceae e o biovolume total dacomunida<strong>de</strong> fitoplanctônica (RM-ANOVA, Tabela 4, Fig. 5B, C, D, F). A comparaçãoplanejada entre tratamentos on<strong>de</strong> foram adicionados nutrientes, <strong>de</strong>monstrou um aumentosignificativo do biovolume total e <strong>de</strong> Chlorophyceae no tratamento PEIXE+NUT (Análise <strong>de</strong>Contraste Pareada, Fig. 5B, F). A análise do efeito interativo do tempo com a adição <strong>de</strong>nutrientes novamente indicou aumento do biovolume total, <strong>de</strong> Chlorophyceae eCyanophyceae (Tabela 4). Adicionalmente, este efeito interativo também resultou emaumento <strong>de</strong> biovolume <strong>de</strong> Bacillariophyceae e Euglenophyceae, embora para estas, nãotenha havido diferença entre os tratamentos NUT e PEIXE+NUT (Análise <strong>de</strong> ContrastePareada, Fig. 5A, E).O efeito interativo da adição <strong>de</strong> nutrientes e da presença <strong>de</strong> peixes com o tempo foisignificativo na explicação da dinâmica do biovolume total da comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica,<strong>de</strong> Chlorophyceae e Cyanophyceae (RM-ANOVA, Tabela 4, Fig. 5). Com isso, po<strong>de</strong>mosafirmar que o tempo foi um fator que <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte ou interativa com os fatores50


manipulados influenciou a dinâmica <strong>de</strong> todos os grupos da comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica (RM-ANOVA, Tabela 4, Fig. 5).Das 9 classes da comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica registradas durante o experimento, 5tiveram uma contribuição relevante para o biovolume total e respon<strong>de</strong>ram <strong>de</strong> formasignificativa aos fatores manipulados (Fig. 7). A partir <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> quaseinteiramente dominada por Euglenophyceae na primeira semana pré-tratamento, foramregistrados aumentos na contribuição proporcional do biovolume <strong>de</strong> Bacillariophyceae,Chlorophyceae, Cryptophyceae e Cyanophyceae (Fig. 7). De maneira geral, nostratamentos on<strong>de</strong> foram incluídos os peixes e conseqüentemente houve uma redução <strong>de</strong>herbivoria, as classes Chlorophyceae e Cryptophyceae sofreram um aumento <strong>de</strong> biovolumeproporcional (Fig. 7B e D). A adição dos nutrientes teve um efeito significativo no aumentodo biovolume proporcional do grupo Cyanophyceae (Fig. 7C e D), que se tornou dominanteno tratamento NUT ao fim do experimento (Fig. 7C). A adição dos nutrientes aliada àredução da herbivoria do zooplâncton elevou não só o biovolume do grupo Chlorophyceae,como também sua contribuição proporcional que chegou a 89% no tratamento PEIXE+NUTno final do experimento (Fig. 7D).Controle Ascen<strong>de</strong>nte e DescenteA regressão temporal entre a biomassa das comunida<strong>de</strong>s fitoplanctônica ezooplanctônica, levando-se em consi<strong>de</strong>ração a média semanal <strong>de</strong> todos os tratamentos,<strong>de</strong>monstra não haver relação significativa entre estas comunida<strong>de</strong>s (Fig. 10A). Esteresultado foi ditado pelos tratamentos sem a presença <strong>de</strong> peixes, on<strong>de</strong> o aumento dabiomassa do zooplâncton controlou o crescimento do fitoplâncton, mesmo quandonutrientes foram adicionados (Fig. 10B). Nos tratamentos on<strong>de</strong> os peixes estavampresentes, a pressão <strong>de</strong> predação sobre o zooplâncton reduziu a herbivoria econseqüentemente o fitoplâncton <strong>de</strong>monstrou um crescimento significativo, que foi aindamaior no tratamento PEIXE+NUT (Fig. 10C). A regressão linear positiva e significativa entrea biomassa do zooplâncton e o biovolume do fitoplâncton é resultado do crescimento do51


fitoplâncton num gradiente <strong>de</strong> condição trófica (com e sem nutriente) (Fig. 10), quesustentou um aumento da biomassa do zooplâncton mesmo sob pressão <strong>de</strong> predação dopeixe.Intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cascata Trófica “Effect Sizes”A intensida<strong>de</strong> e a direção do efeito dos peixes na biomassa do zooplâncton<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ram do grupo taxonômico e da condição trófica (Fig. 8A). Para os rotíferos, apresença dos peixes teve um efeito <strong>de</strong> elevação da biomassa, que foi ligeiramente maisintenso com o enriquecimento <strong>de</strong> nutrientes, embora não significativamente diferente dacondição sem nutrientes. Para os <strong>de</strong>mais componentes do zooplâncton e para biomassatotal da comunida<strong>de</strong>, a predação por peixes teve um efeito <strong>de</strong> <strong>de</strong>pleção <strong>de</strong> biomassa, quefoi mais intenso quando os nutrientes não foram adicionados. A força <strong>de</strong> predação dospeixes na biomassa total, <strong>de</strong> cladóceros e <strong>de</strong> copépo<strong>de</strong>s foi significativa e menos variável(menores intervalos <strong>de</strong> confiança) na condição sem nutrientes, enquanto na condição comnutrientes foi mais variável (maiores intervalos <strong>de</strong> confiança) e significativa apenas paracladóceros (Fig. 8A).De maneira geral, a adição <strong>de</strong> nutrientes teve efeito positivo na biomassa dozooplâncton. No entanto, apenas na presença <strong>de</strong> peixes, este efeito foi consistente esignificativo para todos os componentes da comunida<strong>de</strong> (Fig. 8B), sugerindo que o efeito daadição <strong>de</strong> nutrientes sobre a biomassa zooplanctônica foi intensificado pelo controle<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte dos peixes.Houve uma tendência geral <strong>de</strong> efeito positivo dos nutrientes e dos peixes nobiovolume do fitoplâncton (Fig. 9). A intensida<strong>de</strong> do efeito dos peixes (D peixe ) no biovolumetotal e das diferentes classes do fitoplâncton variou entre 0,21 e 0,91 na condição semnutrientes, e entre 0,14 a 1,15 na condição com nutrientes (Fig. 9A). O aumento dobiovolume do fitoplâncton pela supressão da herbivoria do zooplâncton pelos peixes(controle <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte) nas duas condições (com e sem nutrientes) confirma a ocorrência<strong>de</strong> cascata trófica. A intensida<strong>de</strong> do efeito dos nutrientes (D nutriente ) no biovolume total e das52


diferentes classes do fitoplâncton variou entre -0,06 e 2,03 na ausência <strong>de</strong> peixes, e entre0,17 e 2,39 na presença <strong>de</strong> peixes (Fig. 9B). A comparação da intensida<strong>de</strong> do efeito dospeixes e dos nutrientes <strong>de</strong>monstra que os nutrientes tiveram maior efeito sobre ofitoplâncton (Fig. 9A e B), embora os amplos intervalos <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> D nutriente<strong>de</strong>monstrem gran<strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta. Desta forma, peixes e nutrientes foram aomesmo tempo efetivos na resposta do fitoplâncton, porém a regulação ascen<strong>de</strong>nte dosnutrientes foi mais importante.A confrontação do efeito médio do H. bifasciatus e <strong>de</strong> diferentes espécies <strong>de</strong> peixesnas comunida<strong>de</strong>s fito e zooplanctônicas estabeleceu uma medida comparativa daocorrência e da intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cascata trófica entre peixes zooplanctívoros estritos e opeixe onívoro não filtrador utilizado neste estudo (Fig. 11). A maioria dos tratamentos compeixes resultaram em evi<strong>de</strong>nte redução da biomassa zooplanctônica (Fig. 11A) e aumentoda biomassa fitoplanctônica (Fig. 11B). Este resultado dá suporte inequívoco à existência<strong>de</strong> cascata trófica, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do hábito trófico do peixe estudado. A comparação dosresultados do ponto <strong>de</strong> vista da intensida<strong>de</strong> do efeito mostra que o hábito onívoro do H.bifasciatus po<strong>de</strong> ter menor efeito <strong>de</strong> atenuação sobre a comunida<strong>de</strong> zooplanctônica emcondições naturais (comparação com mo<strong>de</strong>lo misto <strong>de</strong> Brett e Goldman, 1996). Mas éimportante ressaltar uma redução na intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste efeito, na condição on<strong>de</strong> osnutrientes foram adicionados. Por outro lado, a intensida<strong>de</strong> da cascata trófica sobre abiomassa do fitoplâncton foi enfraquecida pelo hábito onívoro não-filtrador <strong>de</strong> H. bifasciatus(comparação com mo<strong>de</strong>lo misto <strong>de</strong> Brett e Goldman, 1996) e neste caso, não houvediferença na resposta <strong>de</strong> acordo com a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nutrientes.53


Tabela 1 - Comparações gerais das variáveis abióticas da coluna d’água entre tratamentos e a condição inicial (CI) do experimento. Os resultados são amédia (± DP) ao longo das semanas (segunda a décima primeira, n = 28). Resultados marcados com letras diferentes são estatisticamente distintos (RM-ANOVA, Análise <strong>de</strong> Contraste como teste post hoc).CI Controle Peixe Nutriente Peixe+Nuta. Temperatura ( o C)Prof. (m)0,10 23,36 (±0,42) 22,57 (±1,09) a 22,74 (±1,22) a 22,86 (±1,17) a 22,94 (±1,27) a0,90 22,53 (±0,11) 21,47 (±0,83) a 21,48 (±0,84) a 21,44 (±0,84) a 21,46 (±0,86) a1,80 22,40 (±0,06) 21,29 (±0,81) a 21,31 (±0,82) a 21,29 (±0,81) a 21,28 (±0,80) ab. Oxigênio (mg.L -1 )Prof. (m)0,10 3,52 (±0,47) 4,41 (±0,68) a 4,61 (±1,12) ab 6,37 (±3,72) b 9,23 (±3,64) c0,90 3,03 (±0,48) 3,95 (±0,73) a 4,04 (±0,98) a 4,07 (±2,29) a 5,38 (±1,91) a1,80 2,88 (±0,47) 3,22 (±0,86) a 3,18 (±0,95) a 2,82 (±1,61) a 3,52 (±1,49) ac. NID (µmol.L -1 )d. PID (µmol.L -1 )e. Razão NID:PIDCI - condição inicial6,31 (±2,27) 11,86 (±9,64) a 5,88 (±4,10) a 128,8 (±47,11) b 135,8 (±56,56) b0,11 (±0,02) 0,21 (±0,38) a 0,11 (±0,15) a 28,73 (±3,99) b 32,01 (±6,70) b57,07 (±18,77) 231,4 (±370,5) a 240,0 (±371,1) a 4,44 (±1,40) b 4,27 (±1,54) b54


Tabela 2 - Resultados da RM-MANOVA mostrando os efeitos globais, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e interativosdos fatores peixe e nutriente: (a) consi<strong>de</strong>rando 6 variáveis resposta do biovolume (µm 3 .mL -1 ) dacomunida<strong>de</strong> fitoplanctônica (biovolume total, Bacillariophyceae, Chlorophyceae, Cryptophyceae,Cyanophyceae e Euglenophyceae); (b) consi<strong>de</strong>rando 5 variáveis resposta da biomassa (µg.m -3 ) dacomunida<strong>de</strong> zooplanctônica (biomassa total, Rotifera, Cladocera, Copepoda e Nauplii). Valores <strong>de</strong> pem negrito indicam efeitos significativos dos tratamentos.Pillai Trace gl F Pa. ZooplânctonPeixe 0,84 5,8 8,11 0,005Nutriente 0,90 5,8 14,57 0,001Peixe x Nutriente 0,82 5,8 7,47 0,007b. FitoplânctonPeixe 0,90 6,7 10,06 0,004Nutriente 0,97 6,7 43,55


Tabela 3 - Resultados da RM-ANOVA mostrando os efeitos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e interativos do tempo, presença <strong>de</strong> peixe e adição <strong>de</strong> nutriente sobre abiomassa (µg.m -3 ) total e dos grupos zooplanctônicos. Valores <strong>de</strong> P em negrito indicam efeitos significativos dos tratamentos. Setas ao lado dos valores <strong>de</strong> Pindicam a direção do efeito.Rotifera Cladocera Copepoda Nauplii Biomassa totalFatores gl SQ F P SQ F P SQ F P SQ F P SQ F PFIXOSPeixe (P) 1 18,0 52,5


Tabela 4 - Resultados da RM-ANOVA mostrando os efeitos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e interativos do tempo, presença <strong>de</strong> peixe e adição <strong>de</strong> nutriente sobre obiovolume (µm 3 .mL -1 ) das classes dominantes e da comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica total. Valores <strong>de</strong> P em negrito indicam efeitos significativos dos tratamentos.Setas ao lado dos valores <strong>de</strong> P indicam a direção do efeito.Bacillariophyceae Chlorophyceae Cryptophyceae Cyanophyceae Euglenophyceae Biovolume totalFatores gl SQ F P SQ F P SQ F P SQ F P SQ F P SQ F PFIXOSPeixe (P) 1 6,9 2,5 0,139 11,4 18,2 0,001 5,0 8,2 0,014 0,3 0,1 0,673 19,0 10,0 0,008 5,1 17,1 0,001Nutriente (N) 1 1,3 0,4 0,509 27,8 44,4


Figura 4 - Resposta temporal da biomassa (µg.m -3 ) dos principais grupos taxonômicos (A - C), nauplii(D) e da biomassa total da comunida<strong>de</strong> zooplanctônica (E) aos tratamentos peixe e nutriente. Asemana 1 refere-se às amostras coletadas antes da adição <strong>de</strong> peixes e nutrientes aos tratamentos enão foram incluídas na analise. Os valores representam a média (n = 4 ± EP). Os asteriscos indicamos níveis <strong>de</strong> significância dados pela RM-ANOVA (*P < 0,05, **P < 0,01, ***P < 0,001) para os efeitosdo peixe (P), nutriente (N), tempo (T) e das interações entre eles. Letras iguais ao lado das legendasque i<strong>de</strong>ntificam os tratamentos indicam inexistência <strong>de</strong> diferença estatística entre eles (Análise <strong>de</strong>contraste pareado com correção <strong>de</strong> Bonferroni seqüencial). Note diferenças entre as escalas dasfiguras.58


Figura 5 - Resposta temporal do biovolume (µm 3 .mL -1 ) dos principais grupos taxonômicos (A - E) edo biovolume total da comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica (F) aos tratamentos peixe e nutriente. A semana 1refere-se às amostras coletadas antes da adição <strong>de</strong> peixes e nutrientes e não foram incluídas naanalise. Os valores representam a média (n = 4 ± EP). Os asteriscos indicam os níveis <strong>de</strong>significância dados pela RM-ANOVA (*P < 0,05, **P < 0,01, ***P < 0,001) para os efeitos do peixe(P), nutriente (N), tempo (T) e da interação entre eles. Letras iguais ao lado das legendas quei<strong>de</strong>ntificam os tratamentos indicam inexistência <strong>de</strong> diferença estatística entre eles (Análise <strong>de</strong>contraste pareado com correção <strong>de</strong> Bonferroni seqüencial). Note diferenças entre as escalas dasfiguras.59


Figura 6 - Contribuição proporcional dos grupos zooplanctônicos à biomassa total da comunida<strong>de</strong>,nos diferentes tratamentos ao longo das semanas: (A) CTRL; (B) PEIXE; (C) NUT; (D) PEIXE+NUT.60


Figura 7 - Contribuição proporcional das classes <strong>de</strong> algas ao biovolume total da comunida<strong>de</strong>fitoplanctônica, nos diferentes tratamentos ao longo das semanas: (A) CTRL; (B) PEIXE; (C) NUT;(D) PEIXE+NUT.61


Figura 8 - Magnitu<strong>de</strong> do efeito (± 95% “bootstrapped” intervalos <strong>de</strong> confiança) da: (A) predação <strong>de</strong>peixes sobre a biomassa total e dos diferentes grupos da comunida<strong>de</strong> zooplanctônica, com e semadição <strong>de</strong> nutrientes; (B) adição <strong>de</strong> nutrientes sobre a biomassa total e dos diferentes grupos dacomunida<strong>de</strong> zooplanctônica, na presença e na ausência <strong>de</strong> peixes. <strong>Efeito</strong>s são significativos quando asbarras <strong>de</strong> intervalo <strong>de</strong> confiança não sobrepõem a linha pontilhada.Figura 9 - Magnitu<strong>de</strong> do efeito (±95% “bootstrapped” intervalos <strong>de</strong> confiança) da: (A) presença <strong>de</strong> peixessobre o biovolume total e dos diferentes grupos da comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica, com e sem adição <strong>de</strong>nutrientes; (B) adição <strong>de</strong> nutrientes sobre o biovolume total e dos diferentes grupos da comunida<strong>de</strong>fitoplanctônica, na presença e na ausência <strong>de</strong> peixes. <strong>Efeito</strong>s são significativos quando as barras <strong>de</strong>intervalo <strong>de</strong> confiança não sobrepõem a linha pontilhada.62


Figura 10 – Regressões lineares entre o biovolume total do fitoplâncton e a biomassa total do zooplâncton (a) ao longo <strong>de</strong>todos os tratamentos, (b) na ausência <strong>de</strong> peixe e (c) na presença <strong>de</strong> peixe. Dados são médias semanais entre as quatroréplicas <strong>de</strong> cada tratamento.63


Figura 11 - Comparação dos valores <strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong> do efeito (Hedges’ d) da presença <strong>de</strong> peixessobre o zooplâncton (A) e o fitoplâncton (B) registrados no presente estudo (barras escuras)com valores apresentados em uma meta-análise <strong>de</strong> 11 experimentos (Brett e Goldmand, 1996).64


DiscussãoOs resultados <strong>de</strong>sta pesquisa sugerem que a predação por peixes onívoros nãofiltradores,a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nutrientes, e a interação <strong>de</strong> ambos os fatores tiveram efeitosignificativo na biomassa do fitoplâncton e do zooplâncton. A presença do peixe reduziusignificativamente a biomassa total do zooplâncton e aumentou a biomassa total dofitoplâncton, produzindo um resultado que suporta a ocorrência <strong>de</strong> cascata trófica. Noentanto, a magnitu<strong>de</strong> e a direção do efeito dos peixes foi variável nos diferentes grupostaxonômicos <strong>de</strong> fitoplâncton e zooplâncton e foi significativamente influenciado pela adição<strong>de</strong> nutrientes.A<strong>de</strong>quação ExperimentalEste experimento foi <strong>de</strong>senhado <strong>de</strong> acordo com recomendações <strong>de</strong> Frost et al.(2001) que dizem que muitas das importantes interações que acontecem no plâncton estãobem representadas em experimentos <strong>de</strong> mesocosmos <strong>de</strong> mais 1 m 3 , com um tempo <strong>de</strong>duração <strong>de</strong> pelo menos uma semana. Nosso experimento conduzido no campo incluiuelementos que representam importantes componentes dos ecossistemas aquáticos, como opadrão <strong>de</strong> circulação térmica, o contato com o sedimento e interações com a comunida<strong>de</strong>perifítica. As manipulações dos peixes e dos nutrientes foram eficientes, i.e., a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><strong>de</strong> peixes foi estável durante as 11 semanas experimentais, e a concentração <strong>de</strong> N e Pdissolvido foi mantida maior nos tratamentos enriquecidos do que nos tratamentos comconcentração ambiente. Sendo assim, estamos certos que as condições realísticasadotadas neste experimento revelaram padrões confiáveis na distribuição <strong>de</strong> biomassa dosníveis tróficos em resposta a pressão <strong>de</strong> predação e o efeito <strong>de</strong> nutrientes.65


Dinâmica Temporal das Comunida<strong>de</strong>s Planctônicas em Resposta à ManipulaçãoExperimental.Os resultados obtidos no presente estudo indicam que o efeito das variáveiscategóricas manipuladas (peixe e nutriente), seja na biomassa do zooplâncton ou nobiovolume do fitoplâncton, foi <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do tempo experimental (Tabela. 3 e 4, Fig. 4 e 5).A expressão dos efeitos foi mais evi<strong>de</strong>nte após algumas semanas do início do experimento,provavelmente <strong>de</strong>vido ao atraso na resposta das comunida<strong>de</strong>s aos fatores manipulados. Osresultados globais foram consistentes com padrões <strong>de</strong> cascata trófica. Diferentemente dascomunida<strong>de</strong>s planctônicas instituídas logo após a montagem das unida<strong>de</strong>s experimentais insitu, as comunida<strong>de</strong>s bentônica e perifítica levaram um tempo maior para colonizar asunida<strong>de</strong>s. Sendo assim, foi fundamental consi<strong>de</strong>rar uma duração experimental compatívelcom o <strong>de</strong>senvolvimento das interações tróficas em ca<strong>de</strong>ias múltiplas doHyphesobrycon bifasciatus.Vários estudos <strong>de</strong>monstraram a importância <strong>de</strong> levar em consi<strong>de</strong>ração o tempo emexperimentos <strong>de</strong> perturbação permanente (“press pertubation”), sobretudo porque aintensida<strong>de</strong> e a direção das interações ecológicas são altamente variáveis com o tempo(Paine 1988; Yodzis 1988; Menge et al. 1994; Power et al. 1996; Sarnelle 1997; Attay<strong>de</strong> &Hansson 2001b; Bell et al. 2003). É esperado que o aumento da duração experimentalproduza resultados mais previsíveis, uma vez transposta a fase transiente do processosucessional pós-perturbação (Hastings 1996; Attay<strong>de</strong> & Hansson 2001b). A maior parte dosestudos <strong>de</strong>monstra que experimentos <strong>de</strong> longa duração produzem cascatas tróficas <strong>de</strong>gran<strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>, mas estes efeitos po<strong>de</strong>m se estabilizar, aumentar ou mesmo <strong>de</strong>crescerapós algumas gerações do produtor primário (Polis et al. 1996a; Persson 1999; Polis 1999;Bell et al. 2003). Esta variação <strong>de</strong> resposta é conseqüência <strong>de</strong> que nem todas as espécies<strong>de</strong> um mesmo nível trófico (i.e. fitoplâncton ou zooplâncton) são igualmente palatáveis evulneráveis ao consumo. A heterogeneida<strong>de</strong> específica intra-níveis tróficos temconsi<strong>de</strong>rável influência na dinâmica temporal das interações entre espécies (Polis et al.1996b; Attay<strong>de</strong> & Hansson 2001b; Bell et al. 2003; Hansson et al. 2004) e po<strong>de</strong> influenciar66


também o quanto as forças ascen<strong>de</strong>ntes e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes irão controlar um nível trófico emparticular (Henry et al. 2006).Experimentos em mesocosmos feitos in situ têm a vantagem <strong>de</strong> incorporar adiversida<strong>de</strong> natural <strong>de</strong> formas, tamanho e palatabilida<strong>de</strong> das espécies. Os resultados <strong>de</strong>steexperimento <strong>de</strong>monstraram que a heterogeneida<strong>de</strong> intra-níveis tróficos teve um efeitosubstancial na resposta das comunida<strong>de</strong>s fitoplanctônicas e zooplanctônicas aos fatoresmanipulados, na dinâmica predador-presa e conseqüentemente na ocorrência <strong>de</strong> cascatatrófica.Nos tratamentos on<strong>de</strong> os peixes não foram incluídos (CTRL e NUT), o biovolumetotal do fitoplâncton aumentou em resposta à adição <strong>de</strong> nutrientes (Fig. 5, Tabela 4). Noentanto, a partir da 3 a semana, o aumento da biomassa total do zooplâncton no tratamentoNUT (Fig. 4) gerou um controle <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte eficaz sobre o fitoplâncton (Fig. 10B),<strong>de</strong>monstrado pela tendência <strong>de</strong> queda do biovolume total até a 7 asemana (Fig. 5). Osgrupos zooplanctônicos dominantes no tratamento NUT foram cladóceros e copépo<strong>de</strong>scalanói<strong>de</strong>s (Fig. 6C) que são reconhecidos por apresentarem altas taxas <strong>de</strong> filtração epotencial para o controle <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> algas (Hansson 1992; Sarnelle 1993). Comoresultado da intensa herbivoria entre a 3 a e a 7 a semana no tratamento NUT, foi observadoum <strong>de</strong>créscimo significativo no biovolume <strong>de</strong> Cryptophyceae e Chlorophyceae, que sãoclasses <strong>de</strong> algas consi<strong>de</strong>radas respectivamente <strong>de</strong> alta e média qualida<strong>de</strong> nutricional epalatabilida<strong>de</strong> para o zooplâncton (Brett et al. 2000). Simultaneamente ao <strong>de</strong>créscimo <strong>de</strong>biovolume do fitoplâncton no tratamento NUT, foi registrado um aumento da contribuiçãorelativa do biovolume <strong>de</strong> Cyanophyceae, que chegou a dominar inteiramente o tratamentona 11 asemana (Fig. 7C). A sucessão na comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica <strong>de</strong>u-se pelasubstituição <strong>de</strong> algas <strong>de</strong> crescimento rápido e palatáveis como Cryptophyceae eChlorophyceae, por algas <strong>de</strong> crescimento lento e reconhecida resistência à herbivoria,como são as Cyanophyceae. Esta substituição por algas impalatáveis po<strong>de</strong> ter enfraquecidoo controle imposto pela herbivoria do zooplâncton sobre o fitoplâncton. E as conseqüências<strong>de</strong>sta mudança na qualida<strong>de</strong> do alimento aparentemente propagaram-se à comunida<strong>de</strong>67


zooplanctônica, que apresentou redução da biomassa <strong>de</strong> crustáceos entre a 6 a e a 11 asemana, quando os rotíferos mostraram significativo restabelecimento em sua biomassa.Nossos resultados dão suporte a uma previsão secundária pouco explorada dateoria <strong>de</strong> cascatas tróficas aquáticas, que prevê atenuação do controle <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte emcomunida<strong>de</strong>s heterogêneas on<strong>de</strong> algas resistentes à herbivoria atingem altas biomassas(Agrawal 1998; Bell 2002). Segundo esta previsão, algas <strong>de</strong> menor tamanho, comcrescimento mais rápido e mais palatáveis dominam em sistemas on<strong>de</strong> a herbivoria formínima; por outro lado, algas resistentes que crescem mais lentamente como resultado doinvestimento em <strong>de</strong>fesa, <strong>de</strong>vem se <strong>de</strong>senvolver e dominar sob intensa herbivoria. Existe umbalanço entre habilida<strong>de</strong> competitiva e palatabilida<strong>de</strong> na comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> algas, que éfundamental em mediar a interação entre os níveis tróficos (Agrawal 1998; Hansson et al.1998; Bell 2002).Quando os peixes foram incluídos (PEIXE e PEIXE+NUT), a biomassa dozooplâncton foi reduzida em relação aos tratamentos sem peixe (Fig. 4E, Tabela 3),enquanto o biovolume total e o biovolume da maioria das classes do fitoplâncton tiveram umaumento significativo (Fig. 5, Tabela 4). Isto sugere que a presença <strong>de</strong> peixes foi umimportante fator na redução da pressão <strong>de</strong> herbivoria do zooplâncton sobre o fitoplâncton,induzindo a ocorrência <strong>de</strong> cascata trófica. Apesar dos efeitos positivos globais dos peixessobre o fitoplâncton, o aumento do biovolume <strong>de</strong>sta comunida<strong>de</strong> foi ainda maior notratamento PEIXE+NUT, quando houve a combinação <strong>de</strong> efeitos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes eascen<strong>de</strong>ntes (Fig. 5F e 10C, Tabela 4). Embora neste experimento mecanismosrelacionados à interação trófica entre o fitoplâncton e o zooplâncton não tenham sidocontrolados, dois mecanismos não mutuamente exclusivos parecem ter contribuído para oresultado acentuado <strong>de</strong>sta combinação <strong>de</strong> fatores.Primeiro, H. bifasciatus <strong>de</strong>monstrou ser um peixe <strong>de</strong> hábito seletivo na predação <strong>de</strong>organismos zooplanctônicos <strong>de</strong> maior tamanho, produzindo um efeito global <strong>de</strong> redução dabiomassa <strong>de</strong> cladóceros e copépo<strong>de</strong>s (Tabela 4), que são consi<strong>de</strong>rados herbívoros <strong>de</strong>maior eficiência (Gilbert 1985, 1988; Hansson 1992; Sarnelle 1997). Especificamente no68


tratamento PEIXE+NUT, a redução da biomassa <strong>de</strong> copépo<strong>de</strong>s não foi significativa (Fig.4C, Tabela 4). O aumento da contribuição relativa <strong>de</strong> copépo<strong>de</strong>s da or<strong>de</strong>m Cyclopoida (Fig.6D), neste tratamento, provavelmente compensou a perda total do grupo por predação. Talfato po<strong>de</strong> estar relacionado ao maior po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> evasibilida<strong>de</strong> dos copépo<strong>de</strong>s ciclopói<strong>de</strong>s àpredação, comportamento muitas vezes <strong>de</strong>scrito para este grupo (Drenner & McComas1980; Zaret 1980). A redução da biomassa do macrozooplâncton pela predação dos peixestambém produziu um efeito indireto <strong>de</strong> aumento da biomassa <strong>de</strong> rotíferos, pelo relaxamentodas pressões competitivas inter-específicas. Diversos trabalhos experimentais <strong>de</strong>monstrama vantagem competitiva <strong>de</strong> organismos zooplanctônicos <strong>de</strong> maior tamanho (i.e.macrozooplâncton) na coleta <strong>de</strong> partículas em suspensão (Gilbert 1988; Jack & Gilbert1994; Sarnelle 1997; Hansson et al. 1998). Esta vantagem, no entanto, é suprimida pelapresença <strong>de</strong> peixes que exibem predação seletiva por tamanho e favorecem o crescimento<strong>de</strong> organismos menores como rotíferos, ou com maior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fuga (Brooks &Dodson 1965; Grygierek et al. 1966; Hall et al. 1970; Lynch 1979; Hurlbert & Mulla 1981;Langeland 1982; Langeland & Reinertsen 1982). O favorecimento do microzooplânctonmediado pela presença <strong>de</strong> peixes foi significativamente maior no tratamento PEIXE+NUT(Fig. 4A, Tabela 3). De forma geral, a presença <strong>de</strong> peixes combinada à adição <strong>de</strong> nutrientesproduziu um aumento <strong>de</strong> biomassa total do zooplâncton (Fig. 10C). Este aumento <strong>de</strong>u-seprincipalmente pelo crescimento do microzooplâncton, po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> evasibilida<strong>de</strong> doscopépo<strong>de</strong>s ciclopói<strong>de</strong>s à predação, e redução não tão drástica da biomassa <strong>de</strong> cladócerospor predação (i.e. as perdas po<strong>de</strong>m ter sido compensadas pelo aumento <strong>de</strong> recursosdisponíveis) (Fig. 4B). De modo que, embora com uma biomassa zooplanctônica totalmaior, o tratamento PEIXE+NUT sofreu uma redução funcional <strong>de</strong> herbivoria, uma vez queas espécies presentes eram pouco eficientes no controle do fitoplâncton, o que resultou emaumento consi<strong>de</strong>rável do biovolume das algas (Fig. 5 e 10C, Tabela 4).Segundo, é conhecido que a distribuição <strong>de</strong> tamanho da comunida<strong>de</strong> zooplanctônicapo<strong>de</strong> afetar também a distribuição <strong>de</strong> tamanho das algas <strong>de</strong> várias maneiras (Bogdan et al.1980; DeMott 1985). Em geral, gran<strong>de</strong> abundância <strong>de</strong> microzooplâncton <strong>de</strong>ve reduzir o69


iovolume <strong>de</strong> algas pequenas, liberando o grupo <strong>de</strong> algas maiores e/ou impalatáveis (e.g.Cyanophyceae) da competição com as espécies pequenas e <strong>de</strong> crescimento rápido (e.g.Chlorophyceae e Cryptophyceae) (McCauley & Briand 1979; Reynolds 1984; Kerfoot et al.1988; Leibold 1989; Gliwicz 1990; Sarnelle 1993; Agrawal 1998). Embora este efeito domicrozooplâncton sobre algas tenha presumivelmente ocorrido neste experimento, uma vezque registramos um aumento simultâneo <strong>de</strong> náuplios, rotíferos e Cyanophyceae, este nãoparece ter sido o principal mecanismo responsável pelo aumento adicional <strong>de</strong> biovolumetotal do fitoplâncton no tratamento PEIXE+NUT. Algumas vezes o crescimento rápido <strong>de</strong>algas pequenas po<strong>de</strong> ser por si só um mecanismo <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa contra herbivoria (Coley et al.1985). Em condições eutróficas, algas <strong>de</strong> crescimento rápido po<strong>de</strong>m suplantar a pressão <strong>de</strong>herbivoria do microzooplâncton, e exibir um crescimento líquido maior do que em situação<strong>de</strong> limitação por nutrientes. Assim, o gran<strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> biovolume <strong>de</strong> algas palatáveiscomo Chlorophyceae e Cryptophyceae no tratamento PEIXE+NUT, mesmo sob pressão <strong>de</strong>herbivoria do microzooplâncton, po<strong>de</strong> ter sido função da dinâmica <strong>de</strong> nutrientes que asfavoreceram. Há também a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> classes consi<strong>de</strong>radas palatáveis, comoChlorophyceae, conterem espécies <strong>de</strong> tamanho gran<strong>de</strong> para o consumo domicrozooplâncton, e com isso terem se tornado abundantes no tratamento PEIXE+NUT.Segundo Agrawal (1998), palatabilida<strong>de</strong> e resistência à herbivoria são característicasrelativas à espécie <strong>de</strong> herbívoro que se estuda, e portanto, é difícil fazer classificaçõesrigorosas. Assim sendo, o aumento <strong>de</strong> biovolume <strong>de</strong> algas impalatáveis, somado aoaumento do biovolume <strong>de</strong> algas <strong>de</strong> crescimento rápido que foram estimuladas pela adição<strong>de</strong> nutrientes, parecem ter gerado o padrão <strong>de</strong> cascata trófica, com a adição <strong>de</strong> um terceironível trófico (Fig. 10C). <strong>Efeito</strong>s não mutuamente exclusivos da adição <strong>de</strong> nutrientes e dapredação por peixes modificaram a composição das comunida<strong>de</strong>s fitoplanctônica ezooplanctônicas alterando a força <strong>de</strong> interação trófica entre estas comunida<strong>de</strong>s eprovocando o padrão <strong>de</strong> aumento linear observado entre a biomassa zooplanctônica efitoplanctônica nos tratamentos com a presença <strong>de</strong> peixes em diferentes condições tróficas(Fig. 10C).70


O mo<strong>de</strong>lo tradicional <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias tróficas presa-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte (prey-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt mo<strong>de</strong>l)e suas modificações (Hairston et al. 1960; Fretwell 1977; Oksanen et al. 1981; Scheffer1991) enfatizam o controle dos produtores primários pelos consumidores, e prevêem queem sistemas <strong>de</strong> dois níveis tróficos (fitoplâncton e zooplâncton), os efeitos doenriquecimento por nutrientes são convertidos em aumento <strong>de</strong> biomassa apenas para osherbívoros; mas que em sistemas <strong>de</strong> três níveis tróficos (fitoplâncton, zooplâncton e peixes)o aumento <strong>de</strong> biomassa é previsto apenas para os organismos posicionados nos níveistróficos ímpares. Nossos resultados para sistemas <strong>de</strong> dois níveis tróficos (CONTROLE eNUT, Fig. 10B) são consistentes com o mo<strong>de</strong>lo presa-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. No entanto, emcontraste a este mo<strong>de</strong>lo, a maior biomassa <strong>de</strong> fitoplâncton e zooplâncton observada nostratamentos com peixes (PEIXE e PEIXE+NUT, Fig. 10C), parece corroborar o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>resposta razão-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte (ratio-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt mo<strong>de</strong>l), o qual prevê que o aumento nadisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos propaga-se em um constante aumento da biomassa dos níveistróficos superiores (Arditi & Ginzburg 1989). Vários estudos <strong>de</strong> campo e laboratório em teiastróficas aquáticas <strong>de</strong>monstraram resultado similar <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> biomassa simultâneo emsistemas <strong>de</strong> dois e três níveis tróficos (Mazum<strong>de</strong>r 1994; Leibold et al. 1997; Persson et al.2001; Vakkilainen et al. 2004). De forma geral, a adição <strong>de</strong> nutrientes pareceu <strong>de</strong>terminar abiomassa total <strong>de</strong> organismos em cada nível trófico, enquanto a herbivoria e a predaçãopelos peixes pareceu regular tanto a biomassa total quanto relativa dos diferentes gruposfuncionais (i.e. algas palatáveis e impalatáveis; macro e microzooplâncton). Isto enfatiza aimportância da heterogeneida<strong>de</strong> trófica entre os níveis tróficos e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>les nas respostasaos fatores manipulados; e revela a limitação dos mo<strong>de</strong>los teóricos <strong>de</strong> capturar toda avariabilida<strong>de</strong> natural dos sistemas (Leibold et al. 1997; Hulot et al. 2000).Resultados semelhantes a estes já foram <strong>de</strong>scritos por vários autores, que avaliaramo efeito <strong>de</strong> peixes zooplanctívoros e mesmo onívoros filtradores em ca<strong>de</strong>ias tróficaspelágicas (Leibold 1989; Mittelbach et al. 1995; Vanni & Layne 1997; Ives et al. 1999;Vakkilainen et al. 2004; Okun et al. 2008; Ron<strong>de</strong>l et al. 2008). No entanto, o efeito potencial<strong>de</strong> peixes onívoros multi-ca<strong>de</strong>ia e não filtradores nas comunida<strong>de</strong>s planctônicas era incerto.71


Desta forma, nossos resultados indicam que peixes onívoros não-filtradores comoH. bifasciatus, a exemplo dos <strong>de</strong>mais peixes onívoros filtradores e zooplanctívoros, tambémproduzem cascata trófica através da predação seletiva do zooplâncton. Observamos quesubstanciais <strong>de</strong>sdobramentos na dinâmica das comunida<strong>de</strong>s se <strong>de</strong>ram em função daduração experimental, dos grupos taxonômicos avaliados e da disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursosno sistema.<strong>Efeito</strong> da manipulação experimental na intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cascata tróficaA onivoria tem sido apontada como um mecanismo que tanto po<strong>de</strong> enfraquecerquanto intensificar os efeitos dos consumidores sobre os níveis tróficos inferiores. Estacontrovérsia tornou o comportamento onívoro um tema muito abordado na Ecologiarecente, on<strong>de</strong> se postula que o controle <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte dos onívoros não se expressa comintensida<strong>de</strong> similar em todos os ambientes (Pace et al. 1999; Persson 1999; Polis et al.2000; Power 2000; Schmitz et al. 2000). Tem se discutido que a comum ocorrência <strong>de</strong>fortes cascatas tróficas em ambientes aquáticos se <strong>de</strong>ve à linearida<strong>de</strong> das ca<strong>de</strong>ias e àhomogeneida<strong>de</strong> dos níveis tróficos, quando comparados a sistemas terrestres (Hairston &Hairston 1993; Polis et al. 2000). A generalização <strong>de</strong> que ca<strong>de</strong>ias tróficas <strong>de</strong> ambientesaquáticos são sempre simples e favorecem cascata trófica <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> tem sido<strong>de</strong>safiada empírica (Chase 2000; Power 2000) (Capítulo 1) e teoricamente (Hastings 1997;Scheffer 1998; Va<strong>de</strong>boncoeur et al. 2005). A maioria dos estudos empíricos realizados foibasicamente a respeito <strong>de</strong> peixes onívoros filtradores, que exploram produtores primários<strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias pelágicas (Vanni & Findlay 1990; Fernando 1994; Vanni & Layne 1997; Vanni etal. 1997). Nestes trabalhos, a adição <strong>de</strong> interações onívoras em ca<strong>de</strong>ias alimentaresconferiu maior reticularida<strong>de</strong> às interações tróficas, fato que gerou o enfraquecimento dacascata trófica (Fagan 1997; McCann & Hastings 1997). No entanto, pouco se sabeempiricamente sobre os efeitos diretos e indiretos da onivoria multi-ca<strong>de</strong>ia na intensida<strong>de</strong>do controle <strong>de</strong> biomassa dos níveis tróficos em lagos; e como estes efeitos sãoinfluenciados pelo estado trófico.72


Neste experimento, os resultados observados com relação à intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controletrófico tanto para o zooplâncton quanto para o fitoplâncton refletiram o que foi observado nadinâmica <strong>de</strong>stas comunida<strong>de</strong>s, on<strong>de</strong> a intensida<strong>de</strong> e a direção dos efeitos foram variáveis<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do nível trófico e do grupo taxonômico avaliado (Fig. 8 e 9). De maneira geral,o peixe onívoro teve um efeito negativo na biomassa total do zooplâncton <strong>de</strong> maiorintensida<strong>de</strong> na ausência dos nutrientes (Fig. 8A). Três mecanismos po<strong>de</strong>m ter contribuídopara o efeito mais intenso do peixe sobre o zooplâncton na condição sem adição <strong>de</strong>nutrientes (Fig 8B, painel superior) e menos consistente na condição com adição <strong>de</strong>nutrientes (Fig. 8B, painel inferior). (1) As perdas por controle <strong>de</strong> predação na condiçãooligotrófica não foram compensadas por um estímulo ascen<strong>de</strong>nte. Este mecanismo écorroborado pelo fato do zooplâncton ter aumentado sua biomassa pelo estímulo <strong>de</strong>nutrientes (Fig. 8B), o que <strong>de</strong>monstra que o zooplâncton era limitado indiretamente pelosnutrientes. (2) Na condição eutrófica, o peixe po<strong>de</strong> ter saciado sua fome ao acessar osherbívoros zooplanctônicos, que embora sofressem com o impacto da predação, tinhamuma taxa <strong>de</strong> renovação rápida pela alta disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimento; somado a isso, aadição <strong>de</strong> nutrientes favoreceu o aumento <strong>de</strong> espécies menos vulneráveis à predação (i.e.rotíferos e copépo<strong>de</strong>s ciclopói<strong>de</strong>s). (3) Na condição eutrófica, os peixes predaramsignificativamente mais invertebrados bentônicos (Guariento 2008). Esta troca no alvoalimentar po<strong>de</strong> ter relaxado a pressão <strong>de</strong> predação sobre o zooplâncton e permitido que acomunida<strong>de</strong> atingisse valores <strong>de</strong> biomassa mais elevados.A diferença <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> do efeito do peixe onívoro no zooplâncton em diferentescondições tróficas não se propagou em efeito positivo significativamente diferente nobiovolume total do fitoplâncton (Fig. 9A). A menor intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> predação do zooplânctonpelos peixes na condição eutrófica (Fig. 8A) não se traduziu em um efeito <strong>de</strong> cascata tróficaenfraquecido (Fig. 9A). Nesta condição, os organismos zooplanctônicos que sobreviveram àpredação eram herbívoros menos eficientes (rotíferos, náuplios, copépo<strong>de</strong>s ciclopói<strong>de</strong>s).Somado a isto, o estímulo ascen<strong>de</strong>nte produzido pela adição <strong>de</strong> nutrientes ao biovolume dofitoplâncton (Fig. 9B), favoreceu o crescimento <strong>de</strong> espécies resistentes à herbivoria, bem73


como acelerou o crescimento <strong>de</strong> outras, mesmo que vulneráveis à herbivoria.Vários autores prevêem que a predação por peixes planctívoros atua sinergicamentecom o estado trófico do sistema, alterando a intensida<strong>de</strong> da cascata trófica, no entanto, osresultados são controversos. A hipótese proposta por McQueen et al. (1986) prevê que oaumento da biomassa do fitoplâncton pelo efeito indireto <strong>de</strong> peixes planctívoros seria maisforte em sistemas oligotróficos, on<strong>de</strong> a supressão do zooplâncton herbívoro por predaçãoliberaria as populações <strong>de</strong> algas para crescer, mesmo que limitadas por nutrientes. Poroutro lado, em um ambiente eutrófico, a introdução <strong>de</strong> peixes planctívoros não implicaria emaumento <strong>de</strong> biomassa fitoplanctônica, uma vez que as algas dominantes <strong>de</strong>stes sistemassão comumente mais resistentes à herbivoria (e.g. cianobactérias). Segundo algunsautores, esta hipótese seria apenas aplicável a peixes zooplanctívoros visuais queativamente selecionam o macrozooplâncton e indiretamente aumentam a biomassa dofitoplâncton pela supressão eficiente da herbivoria (Lazzaro 1987; Northcote 1988; Vanni &Findlay 1990). Para planctívoros facultativos como peixes onívoros filtradores, a hipóteseproposta por Drenner et al. (1996) prevê intensificação da cascata trófica com o aumento daeutrofização. O comportamento alimentar <strong>de</strong> onívoros filtradores não apenas suprime omacrozooplâncton, mas também age como “bomba <strong>de</strong> nutrientes” enquanto os peixesconsomem nutrientes em forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>trito no sedimento e excretam nutrientes dissolvidosna coluna d’água (Lamarra 1975; Brabrand et al. 1990; Vanni 2002). Este efeito dos peixesonívoros na reciclagem dos nutrientes ten<strong>de</strong> a ser mais forte em sistemas mais eutróficos,on<strong>de</strong> o maior acúmulo <strong>de</strong> nutrientes no sedimento potencializa a ação do peixe como“bomba <strong>de</strong> nutrientes”. Desta forma, em condições eutróficas, tanto a supressão daherbivoria quanto a reciclagem <strong>de</strong> nutrientes mediada pelos onívoros filtradores estimulam ocrescimento das algas, intensificando o efeito <strong>de</strong> cascata trófica (Drenner et al. 1996; Vanniet al. 2006).Baseados no presente experimento, observamos que o comportamento <strong>de</strong> peixesonívoros não filtradores, como o H. bifasciatus, não interagiu sinergicamente com o estadotrófico para modificar a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cascata trófica (Fig. 9A). Testes experimentais <strong>de</strong>sta74


natureza se limitaram durante vários anos a avaliar o efeito dos zooplanctívoros visuais emsua maioria (Post & McQueen 1987; McQueen et al. 1989; Lancaster & Drenner 1990;Lafontaine & McQueen 1991; DeMelo et al. 1992) e <strong>de</strong> onívoros filtradores mais raramente(Drenner et al. 1996; Okun et al. 2008). O comportamento alimentar <strong>de</strong> peixes, aprodutivida<strong>de</strong> do sistema, o tempo <strong>de</strong> substituição das espécies e a palatabilida<strong>de</strong> dasalgas são fatores interligados que afetam a distribuição <strong>de</strong> biomassa em uma re<strong>de</strong> trófica(Cebrian 1999; Persson 1999; Polis 1999; Borer et al. 2005). Portanto, as controvérsias <strong>de</strong>resultados aqui <strong>de</strong>monstrados indicam que mais pesquisas sobre estas relações sãonecessárias. A inclusão dos efeitos <strong>de</strong> peixes onívoros não filtradores multi-ca<strong>de</strong>ia nosmo<strong>de</strong>los atuais po<strong>de</strong> significativamente contribuir para o entendimento da dinâmica <strong>de</strong>re<strong>de</strong>s tróficas (Polis et al. 1996b; Va<strong>de</strong>boncoeur et al. 2005) sobretudo em regiões tropicaison<strong>de</strong> a diversida<strong>de</strong> e abundância <strong>de</strong>stes peixes é maior (Flecker & Hu 1992; Fernando1994; Pough et al. 2005).O experimento com H. bifsaciatus não corroborou a hipótese <strong>de</strong> que o estado tróficoaltera a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cascata trófica sobre o fitoplâncton. No entanto, nossos resultadossão congruentes com vários estudos teóricos que prevêem o enfraquecimento daintensida<strong>de</strong> da cascata trófica pela presença <strong>de</strong> ligações tróficas difusas e mais fracasresultantes do comportamento onívoro dos predadores (Fagan 1997; Leibold et al. 1997;Agrawal 1998; Borer et al. 2005). As comparações entre a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cascata tróficapromovida pelo peixe onívoro no presente estudo e espécies <strong>de</strong> peixes zooplanctívorosestritos (retirados da meta-análise <strong>de</strong> (Brett & Goldman 1996), <strong>de</strong>monstraram que H.bifasciatus promoveu enfraquecimento significativo da cascata trófica ao nível dofitoplâncton (Fig. 11B). Este resultado indica que peixes onívoros não filtradores multica<strong>de</strong>iatêm efeito <strong>de</strong> enfraquecimento semelhante ao previsto para onívoros filtradores, noentanto, este efeito não se dá por mecanismos diretos <strong>de</strong> consumo do fitoplâncton. Osmecanismos indiretos pelos quais os peixes onívoros multi-ca<strong>de</strong>ia po<strong>de</strong>m interferir naintensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cascata trófica <strong>de</strong>vem estar relacionados ao forrageamento adaptativo<strong>de</strong>stes peixes, que modificam sua interação com os herbívoros (i.e. tanto na distribuição <strong>de</strong>75


iomassa quanto a composição <strong>de</strong> espécies) e reverberam seus efeitos até a comunida<strong>de</strong>fitoplanctônica (Va<strong>de</strong>boncoeur et al. 2005). Resultados apresentados por Guariento (2008)mostraram que H. bifasciatus alimentou-se também no compartimento bentônico durantetodo o experimento, com preferência por algas perifíticas na condição sem nutrientes e pormacroinvertebrados bentônicos na condição com nutrientes. É provável que estecomportamento alimentar <strong>de</strong> H. bifasciatus tenha gerado uma interação trófica mais fracacom o zooplâncton, que liberado <strong>de</strong> uma pressão <strong>de</strong> predação intensa manteve ofitoplâncton sob relativo controle <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte.Entretanto é importante ressaltar ainda que a intensida<strong>de</strong> do efeito <strong>de</strong> cascata tróficapromovido pelo H. bifasciatus po<strong>de</strong> ter sido superestimado <strong>de</strong>vido a artefatos experimentaisrelacionados à modificação do habitat da espécie. As condições experimentais dosmesocosmos reduziram a complexida<strong>de</strong> estrutural existente naturalmente no habitatlitorâneo em virtu<strong>de</strong> da ausência da vegetação aquática, que é um importante fatorambiental mediador da força <strong>de</strong> interação predador-presa em comunida<strong>de</strong>s naturais. Emlagos rasos não estratificados, ou mesmo nas regiões litorâneas, a complexida<strong>de</strong> estruturalimposta pela vegetação <strong>de</strong>sempenha um importante papel na redução da eficiência <strong>de</strong>forrageamento <strong>de</strong> diversas espécies <strong>de</strong> peixes (Timms & Moss 1984; Jeppesen et al. 1998).A disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> refúgios po<strong>de</strong> alterar a força da interação trófica entre peixes onívorose organismos zooplanctônicos, dificultando o acesso dos peixes a seu item alimentarpreferencial (herbívoros) e aumentando a expressão do comportamento onívoro (via maiorconsumo <strong>de</strong> produtores primários e <strong>de</strong>tritos). Sendo assim, numa condição <strong>de</strong> maiorcomplexida<strong>de</strong> estrutural, conforme a existente no habitat natural da espécie estudada, seriaesperado uma cascata trófica ainda mais fraca do peixe sobre a comunida<strong>de</strong>fitoplanctônica.Os resultados <strong>de</strong>ste trabalho evi<strong>de</strong>nciaram que onívoros não filtradores po<strong>de</strong>msignificativamente afetar a ocorrência e a força <strong>de</strong> cascatas tróficas. Estudos futuros,sobretudo na região tropical on<strong>de</strong> vivem mais <strong>de</strong> 50% das espécies <strong>de</strong> peixes sendo a suamaioria <strong>de</strong> hábitos onívoros, <strong>de</strong>vem enfatizar o papel <strong>de</strong> onívoros multi-ca<strong>de</strong>ia sobre a76


distribuição da biomassa em ca<strong>de</strong>ias tróficas planctônicas. Do ponto <strong>de</strong> vista prático dagestão dos recursos hídricos, o melhor entendimento dos mecanismos <strong>de</strong> controle trófico<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ados por estes peixes po<strong>de</strong> subsidiar estratégias <strong>de</strong> biomanipulação maisa<strong>de</strong>quadas para a recuperação <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong>gradados tropicais. Do ponto <strong>de</strong> vista teórico,o aprofundamento sobre o conhecimento dos efeitos indiretos <strong>de</strong> peixes onívoros multica<strong>de</strong>iairão significativamente contribuir para o melhor entendimento dos efeitos da onivoriana dinâmica <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias tróficas aquáticas.77


Capítulo III<strong>Efeito</strong>s Diretos e Indiretos da Predação <strong>de</strong> um Peixe Onívoro naEstabilida<strong>de</strong> Temporal da Biomassa e Composição <strong>de</strong> Espécies <strong>de</strong>Comunida<strong>de</strong>s Planctônicas78


IntroduçãoA relação entre complexida<strong>de</strong> (maior número <strong>de</strong> interações tróficas) e estabilida<strong>de</strong><strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s ecológicas tem historicamente recebido consi<strong>de</strong>rável atenção no âmbito daecologia e há muito é consi<strong>de</strong>rada como um tópico <strong>de</strong> intensa controvérsia (Pimm 1980;Lawton & Warren 1989; Diehl 1995; McCann et al. 1998a; Montoya et al. 2003; Montoya etal. 2006). O entendimento da relação entre complexida<strong>de</strong> e estabilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ajudar aelucidar como ca<strong>de</strong>ias tróficas respon<strong>de</strong>m a perturbações, incluindo a extinção <strong>de</strong> espéciescausada por ativida<strong>de</strong>s humanas. O conceito <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ecossistemas abrangetanto a resistência ou sensibilida<strong>de</strong> (o nível pelo qual um sistema é afetado por umaperturbação) quanto a resiliência (a taxa na qual um sistema retorna à sua condição préperturbação).Os primeiros estudos teóricos a respeito da relação entre complexida<strong>de</strong> eestabilida<strong>de</strong> indicaram que teias tróficas simples eram mais estáveis do que teias tróficasmais reticuladas e complexas (May 1973) e que onívoros (espécies que ocupam mais <strong>de</strong>um nível trófico) aumentavam a complexida<strong>de</strong> e por isso <strong>de</strong>sestabilizavam ca<strong>de</strong>ias tróficasnaturais (Pimm & Lawton 1978). Entretanto, comunida<strong>de</strong>s naturais são complexas, compredominância <strong>de</strong> onívoros (Polis et al. 1989; Winemiller 1990; Polis 1991; Diehl 1993; Coll& Guershon 2002; Denno & Fagan 2003; Diehl 2003; Arim & Marquet 2004), e persistem aolongo do tempo, o que contraria a noção <strong>de</strong> que sistemas complexos são instáveis (Polis1991, 1998).Vários estudos teóricos têm recentemente re-analisado a relação entre onivoria eestabilida<strong>de</strong> assumindo entretanto pressupostos mais reais. Os resultados continuamentretanto, apontando para divergências, com alguns mo<strong>de</strong>los prevendo que a onivoriaestabiliza dinâmicas tróficas (McCann & Hastings 1997; McCann et al. 1998a; Kuijper et al.2003; Emmerson & Yearsley 2004; Va<strong>de</strong>boncoeur et al. 2005), enquanto outros sugeremum efeito <strong>de</strong>sestabilizador (Morin & Lawler 1996; Tanabe & Namba 2005) ou que a relaçãoentre onivoria e estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> características particulares da ca<strong>de</strong>ia trófica (e.g.topologia das interações) (Van<strong>de</strong>rmeer 2006). A aparente discrepância entre estudos79


teóricos po<strong>de</strong> <strong>de</strong>rivar <strong>de</strong> diferentes abordagens <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lagem, diferentes critérios <strong>de</strong>estabilida<strong>de</strong> e/ou tipo <strong>de</strong> onivoria explorada [e.g. onivoria intra-ca<strong>de</strong>ia ou onivoria <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ias múltiplas (Va<strong>de</strong>boncoeur et al. 2005; Montoya et al. 2006; Ives & Carpenter 2007)].Além disso, os poucos estudos empíricos <strong>de</strong>signados a avaliar o papel da onivoria naestabilida<strong>de</strong>, também apresentaram resultados conflitantes. Experimentos <strong>de</strong> microcosmosem laboratório <strong>de</strong>monstraram que a variação temporal na população <strong>de</strong> presas (bactérias ealgas) não apresentou resposta diferencial à presença <strong>de</strong> consumidores onívoros epredadores <strong>de</strong> topo (Holyoak & Sach<strong>de</strong>v 1998). Por outro lado, artrópo<strong>de</strong>s onívorosconferiram estabilida<strong>de</strong> populacional a afí<strong>de</strong>os herbívoros submetidos à ação <strong>de</strong> pesticidas(Fagan 1997). A discrepância <strong>de</strong>stes resultados gerou também críticas pelo fato <strong>de</strong> que ossistemas experimentais utilizados não compreendiam em suas abordagens característicasbiológicas e físicas dinamicamente ativas que, entre outros aspectos, são responsáveis por<strong>de</strong>terminar a ocorrência e a força da expressão do forrageamento adaptativo característicodo hábito onívoro (Rosenheim & Corbett 2003; Singer & Bernays 2003). Desta forma, éevi<strong>de</strong>nte que perspectivas teóricas a respeito da relação entre onivoria e estabilida<strong>de</strong>carecem não só <strong>de</strong> um maior número <strong>de</strong> abordagens empíricas, mas também que estasabordagens sejam conduzidas em sistemas ecológicos que conservem parte dacomplexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> teias tróficas naturais (Neutel et al. 2002; Neutel et al. 2007).Experimentos envolvendo os efeitos <strong>de</strong> peixes onívoros na distribuição da biomassa<strong>de</strong> suas presas, notadamente experimentos a respeito <strong>de</strong> cascatas tróficas envolvendocomunida<strong>de</strong>s zooplanctônicas e fitoplanctônicas, são relativamente comuns na literaturaecológica (Drenner et al. 1984a; Drenner et al. 1996; Drenner et al. 1998; Schaus & Vanni2000; Chumchal & Drenner 2004; Chumchal et al. 2005; Figueredo & Giani 2005; Vanni etal. 2006; Okun et al. 2008). Entretanto, surpreen<strong>de</strong>ntemente, nenhum estudo até omomento <strong>de</strong>stinou-se a testar empiricamente os efeitos <strong>de</strong> peixes onívoros sobre aestabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> níveis tróficos inferiores. Nas abordagens teóricas que envolveram estaquestão, o principal mecanismo proposto pelo qual peixes onívoros estabilizariam variaçõestemporais <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s planctônicas seria o fato <strong>de</strong> que na presença <strong>de</strong> sua presa80


preferencial (e.g. zooplâncton) o peixe mantém sua taxa <strong>de</strong> forrageamento sobre este item,mas em caso <strong>de</strong> redução dos estoques <strong>de</strong>sta presa o peixe muda o seu forrageamentopara o fitoplâncton. Este <strong>de</strong>sacoplamento adaptativo em relação a um tipo específico <strong>de</strong>presa/alimento resulta em interações fracas e gera in<strong>de</strong>pendência trófica do consumidoronívoro a uma <strong>de</strong>terminada presa, o que minimiza as clássicas flutuações temporais <strong>de</strong>nso<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntesentre predador e presa responsáveis pelo aumento da probabilida<strong>de</strong>estocástica <strong>de</strong> extinções (McCann et al. 1998a; Va<strong>de</strong>boncoeur et al. 2005).Este tipo <strong>de</strong> mecanismo assume interações tróficas diretas entre o peixe onívoro esuas presas, e portanto, é limitado a explicar situações on<strong>de</strong> o peixe onívoro alimenta-setanto do fitoplâncton quanto do zooplâncton. Entretanto, interações tróficas indiretas sãoonipresentes em teias tróficas naturais (Strauss 1991) e em muitos casos mais importantesem <strong>de</strong>terminar padrões <strong>de</strong> topologia (Miller & Travis 1996) e fluxo <strong>de</strong> energia do queinterações tróficas diretas (Reisewitz et al. 2006), sobretudo em ecossistemas tropicais,on<strong>de</strong> a maior biodiversida<strong>de</strong> favorece o aumento <strong>de</strong> interações indiretas (Flecker & Hu1992).Embora existam alguns exemplos que avaliaram a importância <strong>de</strong> interaçõesindiretas mediadas por onívoros sobre presas (Diehl 1993, 1995), nenhum <strong>de</strong>les é<strong>de</strong>stinado a testar efeitos diretos e indiretos <strong>de</strong> peixes onívoros sobre a estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>comunida<strong>de</strong>s planctônicas. Uma série <strong>de</strong> mecanismos diretos e indiretos mediados porpeixes onívoros foram ainda pouco estudados. Por exemplo, a dieta mais diversificada <strong>de</strong>peixes onívoros leva a uma redução da força <strong>de</strong> interação/predação sobre <strong>de</strong>terminadapresa. A ação direta <strong>de</strong>ste mecanismo po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> intermediária <strong>de</strong> forma a serfraco o bastante para não provocar drásticas reduções na população <strong>de</strong> presas, mas forte osuficiente para relaxar interações competitivas, estabilizando a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> presas(Paine 1966; Chase et al. 2002; HilleRisLambers & Dieckmann 2003). Além disso, conformetem sido proposto na literatura, a pressão <strong>de</strong> predação intermediária (e.g. onivoria) aumentaa diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> presas, o que po<strong>de</strong> maximizar a coexistência <strong>de</strong> espécies (Worm et al.2002). A maior diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies em teias tróficas sujeitas à predação por peixes81


onívoros po<strong>de</strong>ria indiretamente aumentar a estabilida<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong> através da relaçãoentre diversida<strong>de</strong> vs. estabilida<strong>de</strong>, a qual postula por uma série <strong>de</strong> mecanismos quecomunida<strong>de</strong>s mais diversas são mais estáveis (McNaughton 1978; Tilman 1996; Hughes &Roughgar<strong>de</strong>n 2000; McCann 2000; Kiessling 2005; Tilman et al. 2006; Ives & Carpenter2007). Além disso, pouco se sabe se tais mecanismos estabilizadores diretos e indiretos dapredação <strong>de</strong> peixes onívoros sobre níveis tróficos adjacentes (e.g. zooplâncton) reverberam<strong>de</strong> forma <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte na ca<strong>de</strong>ia trófica.Neste estudo, foram avaliados os efeitos <strong>de</strong> um peixe onívoro não filtrador(Hyphessobrycon bifasciatus), sobre a estabilida<strong>de</strong> das comunida<strong>de</strong>s zooplanctônicas efitoplanctônicas. A variabilida<strong>de</strong> temporal da biomassa e composição <strong>de</strong>stas comunida<strong>de</strong>sfoi utilizadas como medida <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong>. Embora a estabilida<strong>de</strong> da biomassa dascomunida<strong>de</strong>s seja uma medida comumente usada, a estabilida<strong>de</strong> da composição <strong>de</strong>espécies tem sido largamente negligenciada (Frank & McNaughton 1991; Sankaran &McNaughton 1999; Forrest & Arnott 2006). Além disso, pelo fato da força <strong>de</strong> interação entrepredador e presa bem como os efeitos indiretos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes sobre a estrutura dascomunida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>rem variar em função do estado trófico (Rosenzweig 1971; Worm et al.2002; Hillebrand et al. 2007), foi verificado como os efeitos do peixe onívoro sobre aestabilida<strong>de</strong> das comunida<strong>de</strong>s interagem com a produtivida<strong>de</strong> do ambiente, manipuladaaqui pela adição <strong>de</strong> nutrientes. Para elucidar possíveis mecanismos indiretos pelos quais osefeitos da onivoria e estado trófico pu<strong>de</strong>ssem afetar a estabilida<strong>de</strong> dos parâmetros eproprieda<strong>de</strong>s das comunida<strong>de</strong>s avaliadas, foram analisados também como a presença dopeixe onívoro e a adição <strong>de</strong> nutrientes modificam estas variáveis. Desta forma duashipóteses gerais foram testadas através <strong>de</strong> um experimento <strong>de</strong> campo on<strong>de</strong> a presença <strong>de</strong>um peixe onívoro e o estado trófico foram manipulados.(1) <strong>Efeito</strong>s diretos e indiretos da predação do peixe onívoro aumentam aestabilida<strong>de</strong> temporal da biomassa e da composição das comunida<strong>de</strong>sfitoplanctônica e zooplanctônica.82


(2) A adição <strong>de</strong> nutrientes enfraquece os efeitos estabilizadores da predação porpeixes onívoros sobre a biomassa e composição das comunida<strong>de</strong>s fito ezooplanctônicas.Os resultados <strong>de</strong>ste experimento foram utilizados para explorar relações <strong>de</strong> duasclasses <strong>de</strong> mecanismos pelas quais a predação por peixes onívoros e a adição <strong>de</strong>nutrientes po<strong>de</strong>m afetar a estabilida<strong>de</strong> das comunida<strong>de</strong>s planctônicas: (1) mediandointerações competitivas e (2) modificando a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies.83


Materiais e MétodosInformações relacionadas a características da área <strong>de</strong> estudo, estrutura dosmesocosmos, <strong>de</strong>senho experimental, procedimento experimental po<strong>de</strong>m seracessadas no capítulo II.Amostragem e Análise das VariáveisAmostragens semanais, conduzidas consecutivamente entre a 1ª e a 7ª semana euma última na 11ª semana, foram realizadas totalizando 8 amostragens ao longo doexperimento. Para evitar efeitos relacionados a variações diárias das amostragens foramsempre conduzidas entre 10 h e 12 h. Como variáveis foram analisados a estrutura (número<strong>de</strong> espécies) e o biovolume fitoplanctônico e biomassa zooplanctônica. Para cadamesocosmo, amostras <strong>de</strong> água da superfície (0,3 m) e fundo (1,6 m) foram coletadas comauxílio <strong>de</strong> garrafa tipo Van Dorn e integradas em um bal<strong>de</strong> <strong>de</strong> on<strong>de</strong> foram retiradasamostras <strong>de</strong> 100 ml para <strong>de</strong>terminação do biovolume (contagem <strong>de</strong> células) e i<strong>de</strong>ntificaçãodas espécies fitoplanctônicas. O zooplâncton foi coletado através <strong>de</strong> 1 arrasto vertical (1,6m) realizado com uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> plâncton <strong>de</strong> 65 µm. O fitoplâncton foi fixado com lugol e ozooplâncton em solução açucarada <strong>de</strong> formalina a 4%. Em laboratório célulasfitoplanctônicas foram contadas através <strong>de</strong> microscopia invertida, i<strong>de</strong>ntificadas ao mais<strong>de</strong>talhado nível taxonômico (em geral espécie ou gênero) e medidas <strong>de</strong> acordo com suaconformação geométrica para o cálculo do biovolume celular (Hillebrand et al. 1999).Organismos zooplanctônicos foram i<strong>de</strong>ntificados ao menor nível taxonômico (excetonáuplios) e contados através <strong>de</strong> microscópio estereoscópico. Apenas os náuplios forammedidos. Os organismos foram agrupados em cladóceros, copépo<strong>de</strong>s (calanói<strong>de</strong>s eciclopói<strong>de</strong>s), náuplios e rotíferos. Para <strong>de</strong>terminação da biomassa <strong>de</strong> microcrustáceos(copépo<strong>de</strong>s e cladóceros), os primeiros 20 exemplares (somente adultos para copépo<strong>de</strong>s)contados <strong>de</strong> cada espécie foram agrupados, secos em estufa a 60 o C por 24 h e em seguidapesados em microbalança Metler mo<strong>de</strong>lo UMT2 para a <strong>de</strong>terminação da biomassa porindivíduo. A biomassa <strong>de</strong> adultos <strong>de</strong> microcrustáceos foi calculada multiplicando o pesomédio por indivíduo <strong>de</strong> cada espécie pela sua respectiva <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> na amostra. Para a84


<strong>de</strong>terminação da biomassa <strong>de</strong> náuplios foram utilizadas equações alométricas (peso xcomprimento) segundo Culver et al. (1985). Em seguida o peso médio por indivíduo foimultiplicado pela <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> náuplios na amostra. Para a <strong>de</strong>terminação da biomassa <strong>de</strong>rotíferos, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada espécie foi multiplicada por seus respectivos pesos médiosobtidos da literatura (Wetzel & Likens 1991).Análises dos DadosForam utilizados dois métodos para analisar os efeitos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e interativosda adição <strong>de</strong> nutrientes e da presença do peixe sobre a diversida<strong>de</strong> das comunida<strong>de</strong>sfitoplanctônicas e zooplanctônicas. Curvas <strong>de</strong> rarefação foram utilizadas como método maisconservativo e que permitiam a análise global dos efeitos dos fatores sobre a diversida<strong>de</strong>planctônica. Curvas <strong>de</strong> rarefação são constituídas do acúmulo do número <strong>de</strong> espécies emfunção do número ou biomassa <strong>de</strong> indivíduos amostrados. O número esperado <strong>de</strong> espéciesé calculado por sucessivas amostragens sobre uma distribuição que assume que indivíduos<strong>de</strong> cada espécie são aleatoriamente distribuídos entre as amostragens (Gotelli & Colwell2001). Desta forma curvas <strong>de</strong> rarefação permitem calcular a riqueza <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong>diferentes comunida<strong>de</strong>s extraindo a interferência relacionada ao esforço <strong>de</strong> amostragem(Connor & McCoy 1979) ou a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> indivíduos (Gotelli & Colwell 2001). As curvas<strong>de</strong> rarefação foram construídas para cada tratamento consi<strong>de</strong>rando a riqueza e a biomassadas espécies por amostra (mesocosmo) incluindo todas as réplicas temporais e espaciaisatravés do programa EstimateS versão 8.0 para Windows (Colwell 2006). Para a construçãodas curvas a rotina utilizada incluiu formulas clássicas para o cálculo <strong>de</strong> Chao1 e Chao2,com 50 permutações sem substituição (bootstrap). Para i<strong>de</strong>ntificar diferenças estatísticasentre as curvas, foram feitas comparações da sobreposição dos intervalos <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong>95% das mesmas até o limite <strong>de</strong> biomassa (zooplanctônica ou fitoplanctônica) <strong>de</strong>terminadopela menor curva. Isto permitiu comparar a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> cada tratamento<strong>de</strong>scontando o efeito da abundância das comunida<strong>de</strong>s (Gotelli & Colwell 2001). Aequitabilida<strong>de</strong> do zooplâncton e do fitoplâncton foi calculada semanalmente através da85


proporção relativa entre o índice <strong>de</strong> Shannon-Wiever (real das amostras) e o índice <strong>de</strong>Shannon-Wiever assumindo proporção relativa máxima entre as espécies. O número <strong>de</strong>espécies total calculado da media dos valores semanais observados em cada tratamentotambém foi utilizado como medida <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies.A estabilida<strong>de</strong> temporal foi estimada para biovolume das classes fitoplanctônicas ebiomassa dos grupos zooplanctônicos, bem como, para o biovolume e biomassa totais<strong>de</strong>ssas comunida<strong>de</strong>s em cada tratamento, através do índice <strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong> populacional(PV) proposto por Heath (2006). Este índice foi escolhido em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outras medidaspadrões <strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong> estatística, tal como o coeficiente <strong>de</strong> variação (CV), pelo fato <strong>de</strong>leser mais robusto a eventos populacionais raros, valores zero e outros aspectos queinfringem a distribuição normal dos dados, uma vez que ele quantifica a variabilida<strong>de</strong> comoa diferença média percentual originada das comparações realizadas entre todos os valores<strong>de</strong> abundância/biomassa observados (Heath 2006). Este índice foi calculado para asdiferentes classes fitoplanctônicas e grupos zooplanctônicos bem como para a biomassa ebiovolume total <strong>de</strong>stas comunida<strong>de</strong>s utilizando os seus valores registrados na sérietemporal <strong>de</strong> um mesmo mesocosmo (excluindo a primeira semana pré-tratamento).Portanto, cada tratamento conteve quatro réplicas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do cálculo <strong>de</strong>variabilida<strong>de</strong> do índice PV. Para todos os cálculos do índice PV foi utilizado o programaMATLAB versão 6.5 para Windows. Os efeitos globais in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e interativos dospeixes e adição <strong>de</strong> nutrientes sobre a estabilida<strong>de</strong> temporal do biovolume do fitoplâncton eda biomassa do zooplâncton foram então primeiramente testados em um mo<strong>de</strong>lomultivariado através <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> variância múltipla (MANOVA) consi<strong>de</strong>rando nutrientes epeixes como fatores categóricos e o índice PV das comunida<strong>de</strong>s fitoplanctônicas ezooplanctônicas como variável <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Em seguida, análises <strong>de</strong> variância bi-fatoriais(two-way ANOVA) foram realizadas para cada variável resposta individualmente para<strong>de</strong>tectar padrões específicos <strong>de</strong> resposta da estabilida<strong>de</strong> temporal das diferentescomunida<strong>de</strong>s aos fatores manipulados (Scheiner 1993). Para diferenciar, os efeitosindividuais <strong>de</strong> cada tratamento sobre a estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada comunida<strong>de</strong>, análises <strong>de</strong>86


contraste com posterior correção seqüencial <strong>de</strong> Bonferroni para múltiplas comparações(Rice 1989) foram realizadas (ver capítulo 2 para <strong>de</strong>talhes do procedimento). As análises <strong>de</strong>variância foram realizadas através do programa STATISTICA 7.0 (StatSoft 2001).Para elucidar possíveis mecanismos pelos quais a predação pelos peixes onívoros ea adição <strong>de</strong> nutrientes po<strong>de</strong>riam influenciar direta e/ou indiretamente a estabilida<strong>de</strong>temporal da biomassa dos níveis tróficos planctônicos analisados, os valores <strong>de</strong> PVreferentes à biomassa total das comunida<strong>de</strong>s fitoplanctônicas e zooplanctônicas forammo<strong>de</strong>lados separadamente em função da riqueza <strong>de</strong> espécies, equitabilida<strong>de</strong> e biomassa(Log 10 ) da própria comunida<strong>de</strong> e da comunida<strong>de</strong> adjacente <strong>de</strong> forma a explorar a expressãointra-trófica e inter-trófica <strong>de</strong> importantes fatores relacionados a características ecológicascomo redundância funcional, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compensação, dominância competitiva,pressão <strong>de</strong> predação e disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos, todos consi<strong>de</strong>rados mecanismos chavena <strong>de</strong>terminação da estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s naturais (MacArthur 1955; Rosenzweig1971; May 1973; Tilman 1999; Cottingham et al. 2001; Halpern et al. 2005; Polley et al.2007; Hillebrand et al. 2008). Para isso foi <strong>de</strong>senvolvida uma série <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los linearesgeneralizados (Generalized Linear Mo<strong>de</strong>ls-GLZ) para observar os efeitos quantitativos dosatributos das comunida<strong>de</strong>s planctônicas sobre a sua estabilida<strong>de</strong>. De forma a selecionar omo<strong>de</strong>lo mais parcimonioso em relação à maior porcentagem <strong>de</strong> explicabilida<strong>de</strong> dos dados,foi utilizado o Akaike’s Information Criterion (AICc, AIC <strong>de</strong> segunda-or<strong>de</strong>m, o qual é indicadopara tamanhos amostrais reduzidos), uma abordagem <strong>de</strong> seleção <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los baseada nateoria da informação (Johnson & Omland 2004). Diferenças no AICc (Δ i ) foram calculadasentre todos os mo<strong>de</strong>los candidatos da série (Burnham & An<strong>de</strong>rson 2002). A parcimônia domo<strong>de</strong>lo é inversamente proporcional ao valor <strong>de</strong> Δ i <strong>de</strong> forma que valores <strong>de</strong> Δ i conferem umsuporte empírico para um dado mo<strong>de</strong>lo (Burnham & An<strong>de</strong>rson 2002). Além disso, osvalores <strong>de</strong> Δ i foram usados para calcular a medida <strong>de</strong> força do mo<strong>de</strong>lo (Akaike’s weight) ou(w i) o que fornece evidência <strong>de</strong> que o mo<strong>de</strong>lo é verda<strong>de</strong>iramente o mais parcimonioso naexplicação dos resultados. Os valores <strong>de</strong> w i são padronizados pelas suas somas ao longo87


<strong>de</strong> todos os mo<strong>de</strong>los avaliados <strong>de</strong> forma que seu valor é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da série <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>losutilizados. A vantagem <strong>de</strong> se usar o critério <strong>de</strong> seleção <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los é que o mesmo permitetestar estatisticamente a resposta da variável <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte a múltiplos concomitantes efeitosecológicos indiretos, os quais são difíceis <strong>de</strong> controlar em experimentos <strong>de</strong> campo on<strong>de</strong> osfatores manipulados adicionam consi<strong>de</strong>rável complexida<strong>de</strong> à dinâmica das comunida<strong>de</strong>s(Johnson & Omland 2004). As análises para a seleção <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los pelo método <strong>de</strong> Akaikeforam conduzidas utilizando o programa SAM (Spatial Analysis in Macroecology) versão 3.0para Windows (Rangel et al. 2006).Para analisar os efeitos dos fatores manipulados sobre a estabilida<strong>de</strong> temporal dacomposição <strong>de</strong> espécies das comunida<strong>de</strong>s fitoplanctônicas e zooplanctônicas (náuplios ecopepoditos não inclusos), foi utilizada a análise explanatória (NMDS - Non-metricMultidimensional Scaling) baseada na dissimilarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bray-Curtis calculada através dasvariáveis coletadas entre semanas adjacentes (a partir da segunda semana) para cadamesocosmo. Ao contrário <strong>de</strong> algumas outras técnicas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nação, a NMDS é a<strong>de</strong>quadapara analisar a composição <strong>de</strong> espécies e não apresenta restrição à cerca da forma darelação entre abundância <strong>de</strong> espécies e gradientes ambientais, o que a torna i<strong>de</strong>al para aanálise dos dados gerados através <strong>de</strong> manipulação experimental <strong>de</strong> múltiplos fatores(Quinn & Keough 2002). A distância <strong>de</strong> Bray-Curtis foi calculada, utilizando dados dabiomassa <strong>de</strong> espécie não transformados. A melhor solução foi encontrada após 400permutações. Os eixos foram consi<strong>de</strong>rados significantes se eles reduziram pelo menos 5%do estresse total, quando comparado a menor dimensão adjacente e se produziram umvalor <strong>de</strong> estresse final significativamente menor do que o produzido por 50 permutaçõesaleatórias <strong>de</strong> Monte Carlo. A NMDS foi realizada utilizando o programa estatístico PC-Ordversão 4.17 (McCune & Mefford 1999). O cálculo da distância <strong>de</strong> Bray-Curtis consi<strong>de</strong>rainformações a respeito da abundância <strong>de</strong> espécies, além efetivamente da presença <strong>de</strong>espécies, e peculiarida<strong>de</strong>s relacionadas ao seu cálculo infringem a premissa <strong>de</strong>in<strong>de</strong>pendência das réplicas necessárias para a análise <strong>de</strong> variância (An<strong>de</strong>rson 2001). Destamaneira uma abordagem alternativa não paramétrica foi adotada para a comparação da88


distância média <strong>de</strong> Bray-Curtis utilizando os valores entre semanas adjacentes (i.e. 2 a - 3 a ,3 a - 4 a , 4 a - 5 a , etc..) como réplicas do tratamento, o que fornece uma medida <strong>de</strong> similarida<strong>de</strong>média temporal <strong>de</strong> todo o experimento. Medidas dos intervalos <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> 95% aoredor dos valores médios da distância <strong>de</strong> Bray-Curtis foram construídas através da técnica<strong>de</strong> “bootstrap” com 4999 permutações (An<strong>de</strong>rson 2001). Diferenças na dissimilarida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Bray-Curtis foram consi<strong>de</strong>radas significantes se os intervalos <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> 95% em tornoda média <strong>de</strong> cada tratamento não fossem sobrepostos. Entretanto, consi<strong>de</strong>rando que asimilarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bray-Curtis calculada entre semanas adjacentes po<strong>de</strong> ser variável ao longodo tempo, ou seja, po<strong>de</strong> apresentar gran<strong>de</strong>s mudanças na composição entre semanasadjacentes ao mesmo tempo que se mantém pouco alterada entre outras, foi tambémcalculada a variabilida<strong>de</strong> (através do índice <strong>de</strong> PV) entre as diferenças <strong>de</strong> Bray-Curtissemanais. Tal cálculo fornece uma medida <strong>de</strong> previsibilida<strong>de</strong> da mudança composicional epermite inferir se a mudança na composição <strong>de</strong> espécies entre semanas adjacentesmantém uma taxa constante (i.e. mais previsível) ou variável (i.e. mais imprevisível) aolongo do tempo em resposta ao tratamento empregado. Desta forma, foram consi<strong>de</strong>radoscomo tendo efeitos consistentes no aumento da estabilida<strong>de</strong> composicional dascomunida<strong>de</strong>s somente os tratamentos on<strong>de</strong> a redução média na dissimilarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bray-Curtis entre semanas adjacentes não foi associada à gran<strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong>(imprevisibilida<strong>de</strong>) da mudança <strong>de</strong> composição ao longo do tempo (Ives & Carpenter 2007).89


ResultadosA presença <strong>de</strong> peixe e a adição <strong>de</strong> nutrientes afetaram significativamente porém <strong>de</strong>forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e antagônica a estabilida<strong>de</strong> temporal das comunida<strong>de</strong>s fitoplanctônicase zooplanctônicas (MANOVA; Tabela 1). A presença <strong>de</strong> peixes promoveu a redução globalda variabilida<strong>de</strong> temporal da biomassa (i.e. aumentou a estabilida<strong>de</strong>) da comunida<strong>de</strong>zooplanctônica, enquanto que a adição <strong>de</strong> nutrientes globalmente contribuiu para oaumento da variabilida<strong>de</strong> temporal das comunida<strong>de</strong>s zooplanctônicas e fitoplanctônicas(MANOVA; Tabela 1A, B). Para ambas as comunida<strong>de</strong>s não foi observado nenhum efeitointerativo multivariado entre os fatores, provavelmente neutralizado pela direção oposta queo efeito dos peixes e nutrientes <strong>de</strong>monstraram isoladamente (Tabela 1).Tabela 1: Resultados da MANOVA mostrando os efeitos globais in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e interativos dapresença <strong>de</strong> peixes e adição <strong>de</strong> nutrientes na estabilida<strong>de</strong> temporal (estimada pelo índice PV) dascomunida<strong>de</strong>s: (a) zooplanctônica consi<strong>de</strong>rando a biomassa (µg.m -3 ) <strong>de</strong> Rotifera, Cladocera,Copepoda, Nauplii e <strong>de</strong> toda a comunida<strong>de</strong> zooplanctônica e (b) fitoplanctônica consi<strong>de</strong>rando obiovolume (µm 3 .mL -1 ) total da comunida<strong>de</strong> e das classes Bacillariophyceae, Chlorophyceae,Cryptophyceae, Cyanophyceae e Euglenophyceae. Valores <strong>de</strong> p em negrito indicam efeitossignificativos dos tratamentos. Setas ao lado do valor <strong>de</strong> p indicam se o fator aumentou ou diminuiu avariabilida<strong>de</strong> temporal da comunida<strong>de</strong>.Pillai Trace gl F p(a) ZooplânctonPeixe 0,86 5,8 10,26 0,0025↓Nutriente 0,89 5,8 14,33 0,0008↑Peixe × Nutriente 0,67 5,8 3,25 0,0673↑(b) FitoplânctonPeixe 0,61 6,7 1,83 0,2220↑Nutriente 0,89 6,7 10,25 0,0035↑Peixe × Nutriente 0,51 6,7 1,21 0,3969↑gl – graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>Análises <strong>de</strong> variância bi-fatoriais (ANOVA two-way) sobre os componentesindividuais das comunida<strong>de</strong>s (grupos e classes) mostraram que para o zooplâncton osefeitos da predação por peixes e adição <strong>de</strong> nutrientes foram significativos apenas para osrotíferos, on<strong>de</strong> a presença <strong>de</strong> peixes diminuiu e a adição <strong>de</strong> nutrientes aumentou avariabilida<strong>de</strong> temporal da biomassa <strong>de</strong>ste grupo (Fig. 1A). Para o fitoplâncton, os efeitos<strong>de</strong>sestabilizadores da adição <strong>de</strong> nutrientes foram significativos sobre o biovolume das90


classes Chlorophyceae, Cyanophyceae e sobre o biovolume total da comunida<strong>de</strong> (Fig. 2B,D, F). Embora, a presença do peixe como fator principal (in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da condição trófica)não tenha exercido efeito significativo sobre nenhum dos componentes da comunida<strong>de</strong>fitoplanctônica, comparações pareadas entre tratamentos mostraram que a variabilida<strong>de</strong>temporal da biomassa total fitoplanctônica no tratamento PEIXE foi significativamentemenor do que os <strong>de</strong>mais tratamentos e o CTRL (Fig. 2F).As curvas <strong>de</strong> rarefação <strong>de</strong>monstraram que a presença do peixe afetoupositivamente a diversida<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong> zooplanctônica (Fig. 3A). Os tratamentosPEIXE e PEIXE+NUT apresentaram os maiores valores <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong>, embora nãotenham sido diferentes entre si. O tratamento PEIXE foi significativamente diferente doCTRL e do tratamento NUT, sendo este último o que apresentou a menor diversida<strong>de</strong>zooplanctônica (Fig. 3A <strong>de</strong>talhe). O tratamento PEIXE+NUT foi significativamente diferenteapenas do tratamento NUT (Fig. 3A <strong>de</strong>talhe). Estes resultados refletem o mesmo padrãoobservado para a estabilida<strong>de</strong> temporal da comunida<strong>de</strong> zooplanctônica, on<strong>de</strong> a presençado peixe e a adição <strong>de</strong> nutrientes afetaram <strong>de</strong> forma contrária os padrões <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> dacomunida<strong>de</strong> zooplanctônica, sendo os efeitos dos peixes positivos e dos nutrientesnegativos. Em relação ao fitoplâncton, as curvas <strong>de</strong> rarefação mostraram que a diversida<strong>de</strong><strong>de</strong> algas foi significativamente diferente entre todos os tratamentos, sendo maior nostratamentos PEIXE, CTRL, NUT e PEIXE+NUT respectivamente (Fig. 3B <strong>de</strong>talhe). Houvesignificativa interação entre os fatores peixe e nutrientes, que quando combinadoscontribuíram para gerar os menores valores <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> fitoplanctônica.Pelas análises <strong>de</strong> regressão linear, apenas a biomassa zooplanctônica foisignificativamente relacionada à variabilida<strong>de</strong> temporal (PV) do zooplâncton, sendo osmaiores valores <strong>de</strong> biomassa zooplanctônica associados à maior instabilida<strong>de</strong> dacomunida<strong>de</strong> zooplanctônica (Fig. 4A). O critério <strong>de</strong> seleção <strong>de</strong> Akaike também selecionou abiomassa zooplanctônica como o principal preditor da variabilida<strong>de</strong> temporal do zooplâncton(Tabela 2). Entretanto, o biovolume e riqueza do fitoplâncton foram selecionados nosegundo mo<strong>de</strong>lo mais parcimonioso proposto pelo método Akaike (Tabela 2).91


Figura 1: Média [n=4 (± EP)] da variabilida<strong>de</strong>temporal da biomassa <strong>de</strong> rotíferos (a),cladóceros (b), copépo<strong>de</strong>s (c), náuplios (d) etoda a comunida<strong>de</strong> zooplanctônica (e) emresposta aos tratamentos experimentais. P(peixe), N (nutriente) <strong>de</strong>notam casos on<strong>de</strong> osfatores foram significativos. *** P < 0,001.Letras diferentes sobre as barras indicamdiferenças estatísticas entre os tratamentos(análise <strong>de</strong> contraste para múltiplascomparações com correção seqüencial <strong>de</strong>Bonferroni). Valores menores <strong>de</strong> PV indicammaior estabilida<strong>de</strong> temporal.Quatro variáveis foram significativamente relacionadas à variabilida<strong>de</strong> temporal dobiovolume total fitoplanctônico (Fig. 5). A biomassa e a equitabilida<strong>de</strong> zooplanctônica e obiovolume fitoplanctônico foram positivamente relacionados à maior variabilida<strong>de</strong> temporalda comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica (Fig. 5A, D, E), enquanto a equitabilida<strong>de</strong> fitoplanctônicalevou a um significativo <strong>de</strong>créscimo da variabilida<strong>de</strong> temporal do fitoplâncton (Fig. 5B). Ocritério <strong>de</strong> seleção Akaike, selecionou o mo<strong>de</strong>lo contendo o biovolume e a riqueza <strong>de</strong>92


espécies fitoplanctônicas como sendo o que explicou a maior variabilida<strong>de</strong> do fitoplâncton(Tabela 3). Entretanto, razões entre as medidas <strong>de</strong> força do melhor mo<strong>de</strong>lo em relação aos4 seguintes mo<strong>de</strong>los (w1/wi) mostraram que a diferença entre estas medidas são muitopequenas (8,192 – 8,875), o que indica consi<strong>de</strong>rável incerteza na seleção <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los, eFigura 2: Média [n=4 (± EP)] da variabilida<strong>de</strong> temporal do biovolume <strong>de</strong> Bacillariophyceae (a),Chlorophyceae (b), Cryptophyceae (c), Cyanophyceae (d), Euglenophyceae (e) e <strong>de</strong> toda acomunida<strong>de</strong> fitoplanctônica (f) em resposta aos tratamentos experimentais. P (peixe), N (nutriente)<strong>de</strong>notam casos on<strong>de</strong> os fatores foram significativos. * P < 0,05, ** P < 0,01, *** P < 0,001. Letrasdiferentes sobre as barras indicam diferenças estatísticas entre os tratamentos (análise <strong>de</strong> contrastepara múltiplas comparações com correção seqüencial <strong>de</strong> Bonferroni). Valores menores <strong>de</strong> PVindicam maior estabilida<strong>de</strong> temporal.93


portanto todas as variáveis contidas nos <strong>de</strong>mais mo<strong>de</strong>los po<strong>de</strong>m ser importantes naexplicação da variabilida<strong>de</strong> do fitoplâncton (Tabela 3).Medidas da distância <strong>de</strong> Bray-Curtis, evi<strong>de</strong>nciaram que o tratamento PEIXEestabilizou significativamente a variabilida<strong>de</strong> temporal da composição <strong>de</strong> espécieszooplanctônicas ao longo do tempo (fig. 6a) e a variabilida<strong>de</strong> (previsibilida<strong>de</strong>) dasmudanças <strong>de</strong> composição entre semanas adjacentes não respon<strong>de</strong>u significativamente anenhum tratamento (fig. 6b), indicando a consistência do efeito estabilizador do peixe nestetratamento. Para o fitoplâncton, foi observado o menor valor médio da distância <strong>de</strong> Bray-Curtis no tratamento PEIXE+NUT (fig. 6c). Entretanto, a análise <strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong> damudança composicional entre semanas adjacentes, mostrou que em média o tratamentoPEIXE+NUT foi o mais imprevisível (maior variabilida<strong>de</strong>) em relação às taxas <strong>de</strong> mudançada composição <strong>de</strong> espécies fitoplanctônicas entre semanas adjacentes (fig. 6d), indicandoque entre certas semanas a magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudança da composição foi baixa, mas emoutras elevada, caracterizando um sistema pouco previsível.A análise exploratória (NMDS) da composição das comunida<strong>de</strong>s fitoplanctônica ezooplanctônica em resposta aos fatores manipulados reforçou o resultado <strong>de</strong> haverconsi<strong>de</strong>rável mudança na composição entre semanas adjacentes (Fig. 7). Para ozooplâncton, a NMDS mostra que o CTRL e os tratamentos começam a divergir a partir dasegunda semana (Fig. 7A). O CTRL e o tratamento PEIXE mostraram trajetórias temporaispraticamente paralelas (mais semelhantes entre si) em relação à composição <strong>de</strong> espécies,mas o tratamento PEIXE, nitidamente apresenta distâncias menores entre os pontos aolongo da progressão temporal, indicando maior estabilida<strong>de</strong> da composição. A partir da 3ªsemana, o tratamento NUT mostrou um padrão <strong>de</strong> sucessão da comunida<strong>de</strong> não direcional,indicando instabilida<strong>de</strong> na trajetória sucessional da comunida<strong>de</strong>. A trajetória temporal maisisolada do tratamento PEIXE+NUT indica baixa similarida<strong>de</strong> composicional <strong>de</strong>stetratamento com os <strong>de</strong>mais.A NMDS para o fitoplâncton mostrou divergência entre os tratamentos a partir da 2ªsemana do experimento (Fig. 7B). A composição <strong>de</strong> espécies fitoplanctônicas divergiu mais94


claramente entre os 4 tratamentos do que foi observado para o zooplâncton, mas estepadrão foi mais evi<strong>de</strong>nte entre as trajetórias temporais dos tratamentos com nutrientes(NUT e PEIXE+NUT) em relação aos tratamentos sem nutrientes (CTRL e PEIXE) (Fig. 7B).As trajetórias dos tratamentos CTRL e PEIXE foram distribuídas ao longo do eixo 2,enquanto as trajetórias dos tratamentos PEIXE+NUT e NUT distribuídas ao longo do eixo 1.Entretanto, assim como o observado para o zooplâncton, a distância entre os pontos que<strong>de</strong>notam a progressão temporal do experimento foram em geral menores no tratamentoPEIXE (principalmente até a 7ª semana), do que o observado nos outros tratamentos,indicando também um efeito estabilizador do peixe sobre o fitoplâncton em condições semadição <strong>de</strong> nutrientes.95


Figura 3: Estimativa da diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies zooplanctônicas (a) e fitoplanctônicas (b) aos efeitosindividuais e interativos da adição <strong>de</strong> nutrientes e da presença <strong>de</strong> peixes estimada por curvas <strong>de</strong> rarefação.As curvas mostram a riqueza <strong>de</strong> espécies esperada para uma dada biomassa/biovolume <strong>de</strong> organismosamostrados. Diferenças estatísticas entre as curvas foram feitas analisando a sobreposição dos intervalos<strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> 95% (barra <strong>de</strong> erros) entre as curvas até o limite fixo <strong>de</strong> biomassa/biovolume indicadospelas setas e representados em <strong>de</strong>talhe nos gráficos internos. Letras diferentes <strong>de</strong>notam que ostratamentos diferem significativamente um do outro.96


Figura 4: Relações entre a variabilida<strong>de</strong> temporal da biomassa total zooplanctônica em relação à biomassatotal (A), equitabilida<strong>de</strong> (B) e riqueza <strong>de</strong> espécies (C) do zooplâncton e ao biovolume total (D),equitabilida<strong>de</strong> (E) e riqueza <strong>de</strong> espécies (F) do fitoplâncton ao longo dos tratamentos experimentais. Pontosrepresentam a média temporal (2 a -11 a semana) da variável em cada mesocosmo. A linha tracejada<strong>de</strong>marca o limite do intervalo <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> 95%. Valores menores <strong>de</strong> PV indicam maior estabilida<strong>de</strong>.97


Figura 5: Relações entre a variabilida<strong>de</strong> temporal do biovolume total fitoplanctônico em relação aobiovolume total (A), equitabilida<strong>de</strong> (B) e riqueza <strong>de</strong> espécies (C) do fitoplâncton e à biomassa total (D),equitabilida<strong>de</strong> (E) e riqueza <strong>de</strong> espécies (F) do zooplâncton ao longo dos tratamentos experimentais.Pontos representam a média temporal (2 a -11 a semana) da variável em cada mesocosmo. A linhatracejada <strong>de</strong>marca o limite do intervalo <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> 95%. Valores menores <strong>de</strong> PV indicam maiorestabilida<strong>de</strong>.98


Tabela 2: Mo<strong>de</strong>los a priori sobre as variáveis <strong>de</strong>terminantes da estabilida<strong>de</strong> temporal da biomassa totalzooplanctônica <strong>de</strong>terminado pelo critério <strong>de</strong> seleção <strong>de</strong> Akaike. (Akaike’s selection criterion values).Apenas mo<strong>de</strong>los mais parcimoniosos com valores <strong>de</strong> (Δ ) menores que 7 são mostrados.Mo<strong>de</strong>lo AIC c Δ AIC c w i w 1 /w iB zoo -37.995 0 0.202B fito, S fito -36.005 1.990 0.075 2.693B zoo, S zoo -35.272 2.724 0.052 3.885E zoo -35.250 2.745 0.051 3.961B zoo, E zoo -35.248 2.748 0.051 3.961E fito -35.168 2.827 0.049 4.122S fito, E fito -35.083 2.912 0.047 4.298B zoo, E fito -35.034 2.961 0.046 4.391B zoo, S fito -34.719 3.277 0.039 5.179S fito, S zoo, E fito -34.569 3.426 0.036 5.611B fito, B zoo -34.362 3.633 0.033 6.121S fito, E zoo -33.961 4.034 0.027 7.481S fito -33.628 4.368 0.023 8.783B fito, S fito, S zoo -33.243 4.752 0.019 10.632B fito -33.039 4.956 0.017 11.882S zoo -32.848 5.147 0.015 13.467B zoo, S fito, S zoo -32.698 5.297 0.014 14.429E fito, E zoo -32.550 5.445 0.013 15.538S fito, S zoo -32.524 5.471 0.013 15.538B fito, S fito, E fito -32.440 5.555 0.013 15.538B fito, S fito, E zoo -32.157 5.838 0.011 18.364B zoo, S fito, E fito -32.090 5.905 0.011 18.364S fito, E fito, E zoo -31.918 6.078 0.010 20.200B fito, B zoo, S fito -31.892 6.103 0.010 20.200S zoo, E fito -31.848 6.147 0.009 22.444B zoo, S fito, E zoo -31.801 6.194 0.009 22.444B fito, E fito -31.702 6.293 0.009 22.444S zoo, E zoo -31.685 6.310 0.009 22.444B fito, E zoo -31.624 6.371 0.008 25.250B zoo, S zoo, E fito -31.393 6.602 0.007 28.857B zoo, S zoo, E zoo -31.360 6.635 0.007 28.857B fito, B zoo, S zoo -31.227 6.768 0.007 28.857S fito, S zoo, E zoo -31.172 6.823 0.007 28.857B zoo, E fito, E zoo -31.111 6.884 0.006 33.667B fito, B zoo, E zoo -31.090 6.905 0.006 33.667B fito, B zoo, E fito -31.028 6.967 0.006 33.667B = Biomassa; S = Número <strong>de</strong> espécies; E = Equitabilida<strong>de</strong>99


Tabela 3: Mo<strong>de</strong>los a priori sobre as variáveis <strong>de</strong>terminantes da estabilida<strong>de</strong> temporal do biovolume totalfitoplanctônico <strong>de</strong>terminado pelo critério <strong>de</strong> seleção <strong>de</strong> Akaike. (Akaike’s selection criterion values).Apenas mo<strong>de</strong>los mais parcimoniosos com valores <strong>de</strong> (D ) menores que 7 são mostrados.Mo<strong>de</strong>lo AIC c Δ AIC c w i w 1 /w iB fito, S fito -42.151 0 0.639B fito, S fito, E zoo -37.954 4.197 0.078 8.192B fito, B zoo, S fito -37.890 4.261 0.076 8.408B fito, S fito, S zoo -37.803 4.349 0.073 8.753B fito, S fito, E fito -37.794 4.357 0.072 8.875B = Biomassa; S = Número <strong>de</strong> espécies; E = Equitabilida<strong>de</strong>100


Figura 7: Dissimilarida<strong>de</strong> média (a, c) e variabilida<strong>de</strong> da dissimilarida<strong>de</strong> (b, d) entre semanasadjacentes na composição das comunida<strong>de</strong>s zooplanctônica (a, b) e fitoplanctônica (b, d). Adissimilarida<strong>de</strong> foi estimada a partir da distância <strong>de</strong> Bray-Curtis. A distância <strong>de</strong> Bray–Curtis po<strong>de</strong>variar <strong>de</strong> 0 (similarida<strong>de</strong> máxima) até 1,0 (dissimilarida<strong>de</strong> máxima), portanto valores médios menores<strong>de</strong>notam uma menor ou mais gradual modificação da composição das comunida<strong>de</strong>s entre semanasadjacentes. O cálculo <strong>de</strong> Bray-Curtis (a, c) foi aplicado para cada mesocosmo comparando semanasadjacentes. Em seguida foram calculadas médias temporais entre todas as semanas para cadamesocosmo que foram utilizadas para calcular a média geral do tratamento e os intervalos <strong>de</strong>confiança <strong>de</strong> 95% (barra <strong>de</strong> erros) através da técnica <strong>de</strong> bootstrap com 4000 iterações. Avariabilida<strong>de</strong> temporal da dissimilarida<strong>de</strong> foi calculada através do índice <strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> PV, entreos valores da distância <strong>de</strong> Bray-Curtis entre semanas adjacentes calculados para cada mesocosmo.Valores mais elevados da variabilida<strong>de</strong> do índice <strong>de</strong> Bray-Curtis significam que a composição dacomunida<strong>de</strong> muda em taxas diferentes entre semanas adjacentes ao longo do experimento (maiorinstabilida<strong>de</strong> nas taxas <strong>de</strong> mudança composicional). Letras diferentes indicam tratamentos on<strong>de</strong> nãohouve sobreposição entre os intervalos <strong>de</strong> confiança (para a, c) e on<strong>de</strong> os tratamentos foramdiferentes entre si com pós-teste <strong>de</strong> Tukey (b, d) evi<strong>de</strong>nciando diferenças estatísticas significativasentre os mesmos. Símbolo N, <strong>de</strong>nota o fator Nutriente e ** significa P < 0,01. Barras <strong>de</strong> erros em (b,d) são ±DP.101


Figura 7: Análise NMDS representando os efeitos dos tratamentos (para os dois eixossignificativos) sobre as trajetórias temporais da composição das comunida<strong>de</strong>s zooplanctônica(a) e fitoplanctônica (b). Círculos <strong>de</strong>stacam o ponto inicial (1 a semana) da trajetória temporaldas comunida<strong>de</strong>s. Cada ponto representa a média entre as quatro réplicas <strong>de</strong> um mesmotratamento em cada semana do experimento.102


DiscussãoEmbora problemas <strong>de</strong> escala sejam inerentes a todas as pesquisasexperimentais, estudos realizados em mesocosmos in situ têm sido consi<strong>de</strong>rados umaferramenta realística na representação da dinâmica em larga escala <strong>de</strong> ecossistemasnaturais (Kemp et al. 2001). De fato, experimentos em mesocosmos já foram usadoscom sucesso para elucidar inúmeras relações ecológicas como interação predadorpresa(Luckinbi 1974), diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies (Dickerson & Robinson 1986),estrutura <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s tróficas (Spencer & Warren 1996) e padrões <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>primária (Petersen et al. 1997). Contudo, ainda não foram testes das prediçõesteóricas da relação onivoria-estabilida<strong>de</strong> em escala experimental a<strong>de</strong>quada. Aabordagem em mesocosmos adotada neste estudo incluiu ambiente físico e estruturadas comunida<strong>de</strong>s bastante próximas da condição real do sistema, simulando asinterações tróficas peculiares ao forrageamento adaptativo <strong>de</strong> onívoros multi-ca<strong>de</strong>ia.Os resultados <strong>de</strong>ste estudo mostraram que as interações fracas <strong>de</strong>correntes dapredação por peixes onívoros aumentaram a estabilida<strong>de</strong> temporal da biomassa e dacomposição das comunida<strong>de</strong>s planctônicas, no entanto, este efeito foi <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dacondição trófica do sistema. O efeito estabilizador da onivoria foi anulado pelo efeitoantagônico <strong>de</strong>sestabilizador da adição <strong>de</strong> nutrientes. Estes resultados corroboram asargumentações teóricas <strong>de</strong> que o forrageamento adaptativo dos predadores onívorosestabelece caminhos alternativos para o fluxo <strong>de</strong> energia, conferindo ao sistemaecológico maior estabilida<strong>de</strong> (Polis et al. 1996b; Fagan 1997; Holt & Polis 1997;McCann & Hastings 1997; McCann et al. 1998a; Kondoh 2003). Adicionalmente, esteestudo forneceu evidências empíricas <strong>de</strong> que predadores onívoros que acoplamca<strong>de</strong>ias tróficas <strong>de</strong> diferentes compartimentos (i.e. onívoros multi-ca<strong>de</strong>ia) tambémagem como estabilizadores <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s tróficas (Polis et al. 1996b; Va<strong>de</strong>boncoeur et al.2005). Além disso, o fato da estabilida<strong>de</strong> ter sido <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da trofia do sistema,sendo as comunida<strong>de</strong>s consistentemente <strong>de</strong>sestabilizadas pelo aumento <strong>de</strong>produtivida<strong>de</strong>, corrobora a clássica hipótese do paradoxo do enriquecimento103


(Rosenzweig 1971; Gilpin 1972; McCauley et al. 1999). Assim, os resultados indicamque a onivoria multi-ca<strong>de</strong>ia e a produtivida<strong>de</strong> do sistema interagem para <strong>de</strong>terminardiferentes aspectos da estabilida<strong>de</strong> das comunida<strong>de</strong>s.O <strong>de</strong>bate a respeito dos mecanismos que estabilizam as interaçõesconsumidor-recurso em ecossistemas aquáticos sujeitos a onivoria consi<strong>de</strong>ra em suamaioria efeitos diretos da alternância na seleção alimentar. Ou seja, a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>um predador onívoro trocar <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> alimento para outro, quando o primeiro estáem baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, ten<strong>de</strong> a manter as populações longe da probabilida<strong>de</strong> estatística<strong>de</strong> se tornar extinta, e assim reduzem a amplitu<strong>de</strong> das oscilações <strong>de</strong> biomassa <strong>de</strong>consumidores e recursos, fato que é consi<strong>de</strong>rado um mecanismo importante namanutenção da estabilida<strong>de</strong> das comunida<strong>de</strong>s naturais. O presente estudo mostra quenão apenas os mecanismos estabilizadores diretos, mas também indiretosrelacionados a mudanças na estrutura e composição das comunida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m mediara estabilida<strong>de</strong>. Tais mecanismos indiretos envolvem alteração da força <strong>de</strong> interaçãotrófica e competitiva entre as espécies e resposta das comunida<strong>de</strong>s a variabilida<strong>de</strong>ambiental (Tilman 1999; Yachi & Loreau 1999; Hillebrand et al. 2008).Estabilida<strong>de</strong> na biomassa do zooplâncton e no biovolume do fitoplânctonDe acordo com a predição dos mo<strong>de</strong>los teóricos, as interações onívoras emre<strong>de</strong>s tróficas aquáticas reduziram a variabilida<strong>de</strong> temporal na biomassa dozooplâncton e no biovolume do fitoplâncton, no entanto, diferentes mecanismos foramresponsáveis pelos resultados em cada uma das comunida<strong>de</strong>s.O efeito <strong>de</strong> um predador na estabilida<strong>de</strong> temporal <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>presas po<strong>de</strong> ter dois mecanismos diretos e indiretos <strong>de</strong> ação. O primeiro é resultadodo consumo direto e direcional do peixe reduzindo a biomassa <strong>de</strong> microcrustáceos, ecom isso, produzindo relaxamento das pressões competitivas intra e inter-específicase prevenindo gran<strong>de</strong>s oscilações <strong>de</strong> biomassa total (Paine 1966; Chase et al. 2002). Osegundo refere-se à mudança na estrutura da comunida<strong>de</strong> das presas pela predação104


seletiva dos competidores superiores, mecanismo que aumenta a coexistência ediversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies e indiretamente aumenta a estabilida<strong>de</strong> local (Chesson 2000;Chase et al. 2002; Miracle et al. 2007).No presente experimento, Hyphesobrycon bifasciatus tanto aumentousignificativamente a diversida<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong> zooplanctônica (Fig. 3A) quantoreduziu sua biomassa total (Capítulo 2, Fig. 1E). No entanto, o critério <strong>de</strong> informaçãoAkaike apontou a redução <strong>de</strong> biomassa total como o mo<strong>de</strong>lo mais importante paraexplicar a maior estabilida<strong>de</strong> temporal da comunida<strong>de</strong> zooplanctônica (Tab. 2, Fig.4A). Ou seja, a redução <strong>de</strong> biomassa do zooplâncton causada pela predação do peixeparece ser um dos principais fatores estabilizadores <strong>de</strong> sua oscilação temporal. Nostratamentos com presença <strong>de</strong> peixe foram registrados os menores valores <strong>de</strong>biomassa do zooplâncton, um padrão evi<strong>de</strong>nte sobretudo no tratamento PEIXE (Fig.4A). Esta redução na biomassa total refletiu a predação seletiva do peixeprincipalmente sobre cladóceros e copépo<strong>de</strong>s, e esta preferência alimentar mediourelações inter-especificas na comunida<strong>de</strong> zooplanctônica, possibilitando o aumento dabiomassa <strong>de</strong> rotíferos. Vários trabalhos encontraram que os rotíferos, que sãocompetidores inferiores, se tornaram abundantes no plâncton apenas quando aspopulações <strong>de</strong> microcrustáceos foram suprimidas por peixes (Grygierek et al. 1966;Gilbert 1985; Sarnelle 1997).Como fonte <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>, a predação atua como um caso especial <strong>de</strong>distúrbio em que o predador geralmente seleciona <strong>de</strong>terminados membros (e.g. porespécie, classe <strong>de</strong> tamanho) da comunida<strong>de</strong> (Huston 1994). Assim, se <strong>de</strong> algumaforma a predação causar uma mortalida<strong>de</strong> diferenciada nos membros dominantes,liberando espaço e/ou recursos para exploração <strong>de</strong> outras espécies, é provável quehaja uma maior coexistência <strong>de</strong> espécies na comunida<strong>de</strong> (Paine 1966; Leibold 1996;Roy & Chattopadhyay 2007). Neste estudo, a predação por H. bifasciatus agiu comoum distúrbio, não extinguindo completamente os microcrustáceos e permitindo aosrotíferos se estabelecerem. O caráter intermediário da pressão <strong>de</strong> predação <strong>de</strong>ste105


peixe <strong>de</strong>u-se pelo seu comportamento adaptativo <strong>de</strong> trocar <strong>de</strong> uma presa para outrapor questões energéticas (ver discussão em Pyke et al. 1977). Esta condição ocorreuquando o predador onívoro passou a consumir tanto o zooplâncton quanto o perifíton,visando complementar sua dieta (Guariento 2008).No entanto, o efeito <strong>de</strong> controle <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte intermediário do peixe parece nãoter sido forte o suficiente para o relaxamento da competição entre os membros dacomunida<strong>de</strong> zooplanctônica, quando o efeito do peixe foi combinado com a adição <strong>de</strong>nutrientes (tratamento PEIXE+NUT) (Fig. 1). Inúmeros trabalhos <strong>de</strong>monstraram oefeito <strong>de</strong>sestabilizador do enriquecimento <strong>de</strong> nutrientes em razão do estímulo aorápido crescimento das populações <strong>de</strong> produtores e consumidores, que se contrapõeao controle <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, e provoca gran<strong>de</strong>s oscilações populacionais (Rosenzweig1971; Deangelis et al. 1989; PerezFuentetaja et al. 1996; Persson et al. 2001;Romanuk et al. 2006). Os resultados do presente experimento corroboram o efeito<strong>de</strong>sestabilizador da adição <strong>de</strong> nutrientes na comunida<strong>de</strong> zooplanctônica, e<strong>de</strong>monstram que o efeito antagônico <strong>de</strong> peixes e nutrientes contribuiu para a ausência<strong>de</strong> efeito interativo <strong>de</strong>stes fatores na estabilida<strong>de</strong> global da comunida<strong>de</strong> (Tabela 1A).O critério <strong>de</strong> informação Akaike incluiu em seu segundo melhor mo<strong>de</strong>lo(∆AIC


adição <strong>de</strong> nutrientes. O efeito estabilizador da riqueza <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> fitoplâncton nacomunida<strong>de</strong> zooplanctônica em mesocosmos sem nutrientes (tratamento PEIXE), e aausência <strong>de</strong> efeito da riqueza em mesocosmos enriquecidos com nutrientes(tratamento PEIXE+NUT), sugerem que o aumento do número <strong>de</strong> espéciesfitoplanctônicas <strong>de</strong>ve contribuir para uma redução na variabilida<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong>zooplanctônica através do mecanismo <strong>de</strong> complementarida<strong>de</strong> no uso dos recursos(Norberg 2000; Loreau & Hector 2001; Cardinale et al. 2002; Romanuk et al. 2006).Por outro lado, nos mesocosmos com alta proporção <strong>de</strong> recursos (fitoplâncton)disponíveis (tratamento NUT e PEIXE+NUT), a biomassa das populaçõeszooplanctônicas <strong>de</strong>ve flutuar mais que nos mesocosmos on<strong>de</strong> o uso dos recursos écompleto (tratamentos CTRL e PEIXE) (Rosenzweig 1971; Deangelis et al. 1989;Romanuk et al. 2006).O critério <strong>de</strong> informação AIC selecionou a biomassa e a riqueza do fitoplânctoncomo as melhores variáveis para explicar estabilida<strong>de</strong> temporal do fitoplâncton (Tabela3). Em geral, o maior biovolume do fitoplâncton foi registrado nos tratamentos comadição <strong>de</strong> nutrientes (NUT e PEIXE+NUT), que também apresentaram a maiorinstabilida<strong>de</strong> temporal da comunida<strong>de</strong> (Fig. 5A). Este resultado corrobora o efeitoglobal significativo do nutriente <strong>de</strong> aumentar a variabilida<strong>de</strong> temporal da comunida<strong>de</strong>fitoplanctônica (Tabela 1B). Por outro lado, os menores valores médios <strong>de</strong> biovolumedo fitoplâncton foram observados nos tratamentos CONTROLE e PEIXE (Fig. 5A) eembora, neste último, a presença do peixe tenha estimulado um aumento <strong>de</strong>biovolume fitoplanctônico significativamente maior do que no controle (Fig. 2F doCapítulo 2), ainda assim, a maior estabilida<strong>de</strong> temporal do fitoplâncton foisignificativamente maior no tratamento PEIXE (Fig. 2F). Isso indica que o efeito daestabilida<strong>de</strong> do fitoplâncton mediada pelo seu biovolume sofreu influência tanto daadição <strong>de</strong> nutrientes quanto da presença <strong>de</strong> peixes. No entanto, o resultadoascen<strong>de</strong>nte da adição dos nutrientes teve um efeito <strong>de</strong>sestabilizador no biovolume dofitoplâncton mais forte que o efeito estabilizador da presença do peixe (Tabela 1B).107


Alguns estudos sugerem assimetria na intensida<strong>de</strong> relativa dos controles ascen<strong>de</strong>ntese <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes na distribuição <strong>de</strong> biomassa em comunida<strong>de</strong>s pelágicas <strong>de</strong> água doce(Brett & Goldman 1997; Borer et al. 2006). É previsto que o controle ascen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>veser maior na base das ca<strong>de</strong>ias tróficas, e o controle <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte maior nos níveistróficos superiores (McQueen et al. 1986). Porém, este é o primeiro trabalho queesten<strong>de</strong> a previsão <strong>de</strong> assimetria no controle ascen<strong>de</strong>nte e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte da biomassados níveis tróficos, para a estabilida<strong>de</strong> temporal das comunida<strong>de</strong>s. As implicaçõespráticas <strong>de</strong>ste resultado <strong>de</strong>monstram que a eutrofização <strong>de</strong> sistemas aquáticos po<strong>de</strong>eliminar o efeito estabilizador previsto para peixes onívoros.A riqueza <strong>de</strong> espécies fitoplanctônicas apresentou, segundo o critério AIC, umacorrelação negativa significativa com a variabilida<strong>de</strong> temporal do biovolume total dacomunida<strong>de</strong> (r = -0,945), ou seja, quanto maior foi a riqueza, maior foi também aestabilida<strong>de</strong> do fitoplâncton. Apesar da análise <strong>de</strong> regressão não ter apresentadorelação entre estas variáveis (Fig. 5C), o critério AIC selecionou a riqueza como umbom mo<strong>de</strong>lo explicador da variabilida<strong>de</strong> temporal do fitoplâncton, pois ele leva emconsi<strong>de</strong>ração não apenas o ajuste dos dados à regressão, mas também acomplexida<strong>de</strong> entre as variáveis incluídas no mo<strong>de</strong>lo (i.e. como as variáveis interagementre si). A análise <strong>de</strong>talhada dos pontos da regressão (Fig. 5C) bem como das curvas<strong>de</strong> rarefação (Fig. 3B) indica que os tratamentos on<strong>de</strong> os peixes foram incluídos(PEIXE e PEIXE+NUT) apresentaram os maiores valores <strong>de</strong> riqueza fitoplanctônica,mas apenas no tratamento PEIXE os maiores valores <strong>de</strong> riqueza estiveramverda<strong>de</strong>iramente relacionados à maior estabilida<strong>de</strong> temporal do fitoplâncton (Fig. 2F).O aumento da riqueza do fitoplâncton mediada pela presença do peixe po<strong>de</strong> tervias <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes e ascen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> atuação. A via <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte diz respeito àredução da biomassa e aumento da diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies do zooplânctonresultantes da pressão <strong>de</strong> predação seletiva do H. bifaciatus (i.e. diminuição daspopulações <strong>de</strong> microcrustáceos possibilitando a coexistência com rotíferos). Destaforma, o equilíbrio entre atenuação <strong>de</strong> herbivoria e manutenção <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong>108


herbívoros com habilida<strong>de</strong>s variadas <strong>de</strong> consumir algas sem pressioná-las à extinção,po<strong>de</strong> ter contribuído para estabelecer uma comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica mais diversa notratamento PEIXE (Fig. 3B) (Agrawal 1998; Scheffer et al. 2003; Hillebrand et al.2007). A via ascen<strong>de</strong>nte pela qual o peixe influencia a comunida<strong>de</strong> fitoplanctônicapo<strong>de</strong> estar relacionada à translocação <strong>de</strong> nutrientes do habitat bentônico/litorâneopara o pelágico via excreção. Neste experimento, o hábito onívoro em ca<strong>de</strong>iasmúltiplas do H. bifasciatus provavelmente atuou translocando nutrientes do perifítonpara a coluna d’água (Guariento 2008). Vários estudos recentes têm <strong>de</strong>monstrado aimportância da excreção <strong>de</strong> peixes como uma fração substancial da <strong>de</strong>manda dasalgas por nutrientes (Vanni 2002); sua contribuição relativa parece ser <strong>de</strong>terminanteem ambientes oligotróficos (Gido 2002) estimulando o aumento da produtivida<strong>de</strong>primária e da diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies pela disponibilização <strong>de</strong> recursos limitantes(Srivastava & Lawton 1998). Entretanto, na condição eutrófica (tratamentoPEIXE+NUT), a atenuação da herbivoria mediada pelo peixe reduziu a diversida<strong>de</strong>provavelmente por favorecer a dominância <strong>de</strong> espécies (Fig. 3B). Este resultado écompatível com o mo<strong>de</strong>lo que prevê que uma pressão <strong>de</strong> herbivoria acentuada temefeito negativo na diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produtores primários, quando estes estão sob regime<strong>de</strong> recursos limitantes, e portanto, a atenuação da herbivoria promove um aumento nadiversida<strong>de</strong> em ambientes oligotróficos (Worm et al. 2002).Inúmeras evidências empíricas <strong>de</strong>monstram que a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies e aestabilida<strong>de</strong> estão positivamente correlacionadas (Frank & McNaughton 1991; Worm &Duffy 2003; Kiessling 2005; Tilman et al. 2006). Os resultados apresentados nesteexperimento para a comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica corroboram esta tendência (Tabela 3).No entanto, os mecanismos por trás <strong>de</strong>sta proposição parecem ser mais complexos doque o simples aumento do número <strong>de</strong> espécies e das possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interaçãotrófica entre elas (McCann 2000). Os argumentos básicos para esta correlaçãopositiva entre diversida<strong>de</strong> e estabilida<strong>de</strong> dos produtores primários em nível <strong>de</strong>comunida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser classificados em duas hipóteses mecanicistas, não109


mutuamente exclusivas. A primeira prevê que quanto maior a diversida<strong>de</strong> maior é aprobabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> co-ocorrência <strong>de</strong> espécies que se complementem em suas funçõesno ambiente através <strong>de</strong> efeitos <strong>de</strong> diferenciação <strong>de</strong> nicho; este mecanismo <strong>de</strong>vesupostamente relaxar a competição inter-específica, prevenindo gran<strong>de</strong>s oscilaçõespopulacionais ("complementarity hypothesis", Tilman 1996; Hooper & Vitousek 1998;Loreau 1998). A segunda hipótese inclui dois pressupostos probabilísticos que po<strong>de</strong>mou não consi<strong>de</strong>rar interação entre as espécies; uma explicação é que aumentando adiversida<strong>de</strong> aumenta a chance <strong>de</strong> pelo menos algumas espécies respon<strong>de</strong>remdiferencialmente à perturbações e à condições flutuantes do ambiente (Lawton &Brown 1994; Naeem & Li 1997; Naeem 1998); a explicação seguinte consi<strong>de</strong>ra quecom o aumento da diversida<strong>de</strong> aumenta as chances do sistema apresentarredundância funcional por conter espécies capazes <strong>de</strong> compensar a perda <strong>de</strong>espécies importantes (Lawton & Brown 1994; Naeem & Li 1997; Naeem 1998). Acombinação <strong>de</strong>stes dois pressupostos probabilísticos é a base conceitual da “hipóteseda segurida<strong>de</strong>” ("insurance hypothesis", Yachi & Loreau 1999) que atualmente temsido amplamente aceita como explicação para a relação positiva entre diversida<strong>de</strong> eestabilida<strong>de</strong>. Isolar <strong>de</strong>ntre os vários mecanismos apresentados, aquele que seja oprincipal gerador da estabilida<strong>de</strong> é uma tarefa difícil para experimentos em escala <strong>de</strong>re<strong>de</strong>s tróficas, sendo na realida<strong>de</strong> possível que eles todos estejam ocorrendosimultaneamente. O presente experimento sugere que a onivoria teve um importanteefeito estabilizador na variabilida<strong>de</strong> temporal da comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica, e queeste efeito foi indiretamente mediado pela riqueza <strong>de</strong> espécies.Estabilida<strong>de</strong> Temporal da Composição do Zooplâncton e do FitoplânctonA estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s tróficas tem sido amplamente discutida baseada navariabilida<strong>de</strong> agregada das comunida<strong>de</strong>s, ou seja, o foco está nas mudanças emvariáveis que integram múltiplas espécies, como por exemplo abundância total,produtivida<strong>de</strong>, ciclagem <strong>de</strong> nutrientes ou biomassa da comunida<strong>de</strong> (Micheli et al.110


1999). Pouca atenção tem sido <strong>de</strong>stinada à variabilida<strong>de</strong> na composição <strong>de</strong> espécies,que leva em consi<strong>de</strong>ração mudanças relativas na abundância das espéciescomponentes (Frank & McNaughton 1991; Sankaran & McNaughton 1999). Até omomento, nenhum estudo foi feito para testar o papel da onivoria na estabilida<strong>de</strong> dacomposição <strong>de</strong> espécies. Além disso, dos raros estudos que contemplamsimultaneamente a variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s agregadas das comunida<strong>de</strong>s e dacomposição <strong>de</strong> espécies, apenas três o fizeram <strong>de</strong> forma a associar resultados(Silvertown et al. 1994; Tilman 1996; Sankaran & McNaughton 1999). A proposta <strong>de</strong>lidar claramente com estas duas vertentes da variabilida<strong>de</strong> das comunida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>promover o entendimento holístico dos fatores que promovem a estabilida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong>ajudar a solucionar um longo caminho <strong>de</strong> controvérsias na ecologia <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s.Por exemplo, May (1973) sugeriu que comunida<strong>de</strong>s mais ricas em espécies seriamtambém menos estáveis, enquanto vários trabalhos empíricos sugerem o oposto(Tilman & Downing 1994; Tilman 1996). Na verda<strong>de</strong>, estes dois resultados po<strong>de</strong>m nãoser necessariamente contraditórios porque May (1973) lidou com a variabilida<strong>de</strong> dacomposição, enquanto os estudos empíricos focaram na variabilida<strong>de</strong> agregada. Omo<strong>de</strong>lo conceitual apresentado por Micheli et al. (1999) <strong>de</strong>monstrou que medidasintegradas (e.g., biomassa da comunida<strong>de</strong>) e a composição <strong>de</strong> espécies po<strong>de</strong>mrespon<strong>de</strong>r in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente a alterações ambientais ou da comunida<strong>de</strong>. Nossoestudo é pioneiro no sentido que experimentalmente <strong>de</strong>monstrou que a onivoria po<strong>de</strong><strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar mecanismos capazes <strong>de</strong> estabilizar tanto medidas integradas dacomunida<strong>de</strong> quanto a composição <strong>de</strong> espécies.A exemplo do que foi observado para biomassa do zooplâncton (Tabela 1), opeixe onívoro também estabilizou a composição <strong>de</strong> espécies do zooplâncton entresemanas adjacentes, e em contraponto, a adição <strong>de</strong> nutrientes produziu um efeito<strong>de</strong>sestabilizador que neutralizou o efeito da presença do peixe (Fig. 6A e 7A).A literatura tem <strong>de</strong>monstrado uma dualida<strong>de</strong> na natureza dos mecanismos queregem a estabilida<strong>de</strong> da dinâmica das espécies e das proprieda<strong>de</strong>s agregadas que111


<strong>de</strong>screvem a comunida<strong>de</strong>. Um mo<strong>de</strong>lo conceitual proposto por Micheli et al. (1999)apresentou como ambos os componentes da variabilida<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mestar relacionados positiva ou negativamente, produzindo cenários extremos comquatro possíveis combinações <strong>de</strong> baixa e alta variabilida<strong>de</strong> da composição e dasproprieda<strong>de</strong>s agregadas. A confrontação <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo com os resultadosexperimentais da variabilida<strong>de</strong> do zooplâncton apontou dois cenários <strong>de</strong> relaçãopositiva. A presença do peixe onívoro produziu baixa variabilida<strong>de</strong> temporal dabiomassa e baixa variabilida<strong>de</strong> da composição <strong>de</strong> espécies zooplanctônicas, cenário<strong>de</strong>nominado como estase (“stasis”). O mecanismo proposto por Micheli (1999) prevêque este cenário ocorre sob condições <strong>de</strong> equilíbrio competitivo entre as espécies, emum ambiente relativamente estável. No tratamento PEIXE, o relaxamento <strong>de</strong>interações <strong>de</strong> competição assimétrica entre as espécies do zooplâncton, mediada pelapredação seletiva do peixe sobre o competidor superior (i.e., microcrustáceos), pareceter sido o principal mecanismo estabilizador. O efeito do peixe na redução dabiomassa total da comunida<strong>de</strong>, simultânea à manutenção da simetria na intensida<strong>de</strong>do efeito <strong>de</strong> competição per capita <strong>de</strong> uma espécie na outra, reduziu a variação tantona flutuação temporal da biomassa quanto na substituição das espécies. Acreditamosque o comportamento onívoro do peixe teve um papel importante neste cenário, pois oforrageamento adaptativo em dois compartimentos (pelágico e bentônico) reduz aprobabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s flutuações populacionais das presas (Polis et al. 1996b;Schindler & Scheuerell 2002; Va<strong>de</strong>boncoeur et al. 2005).Por outro lado, encontramos que a adição <strong>de</strong> nutrientes <strong>de</strong>sacopla o efeitoestabilizador do peixe onívoro, e em conseqüência, observamos uma alta variabilida<strong>de</strong>tanto da biomassa quanto na composição <strong>de</strong> espécies do zooplâncton, produzindo umcenário <strong>de</strong> assincronia (“asynchrony”) no tratamento PEIXE+NUT. A assincroniaocorre quando as espécies respon<strong>de</strong>m <strong>de</strong> forma complexa e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte à fatoresabióticos, produzindo flutuações populacionais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong>, semelhantes aosobservados em ambientes com alta disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos (Rosenzweig 1971;112


Deangelis et al. 1989). No tratamento PEIXE+NUT, o enriquecimento teve um papelcrucial em manter espécies competidoras superiores no sistema, que <strong>de</strong> outra formaseriam vulneráveis a predação. Isso gerou dinâmicas transientes <strong>de</strong> substituição <strong>de</strong>espécies zooplanctônicas e portanto resultou em maior variabilida<strong>de</strong> temporal dabiomassa e da composição.Para a comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica, a presença do peixe onívoro produziu umefeito <strong>de</strong> estabilização do biovolume total apenas no tratamento PEIXE (Fig. 2F), e umefeito <strong>de</strong> estabilização menos evi<strong>de</strong>nte na composição <strong>de</strong> espécies (Fig. 6C e D, 7A).A similarida<strong>de</strong> na composição <strong>de</strong> espécies fitoplanctônicas entre semanas adjacentesapontou apenas o tratamento PEIXE+NUT como o mais estável (Fig. 6C), no entanto,este resultado apresenta um aspecto peculiar que <strong>de</strong>ve ser interpretado à luz davariabilida<strong>de</strong> temporal das mudanças registradas na composição (Fig. 6D). Após aadição <strong>de</strong> nutrientes, um subconjunto das espécies fitoplanctônicas foi perdida,permaneceram no sistema aquelas que se tornaram muito abundantes; a dominânciarelativa <strong>de</strong>stas espécies aumentou significativamente a variabilida<strong>de</strong> em resposta aosnutrientes (Fig. 6D). A dominância <strong>de</strong> espécies aumenta a importância relativa dasinterações competitivas intra-especificas para as espécies dominantes, que vão exibirdinâmicas <strong>de</strong> crescimento logístico até o limite da capacida<strong>de</strong> suporte do sistema,quando <strong>de</strong>crescem bruscamente (Hillebrand et al. 2008). Assim, em sistemas <strong>de</strong> altadominância, on<strong>de</strong> uma ou apenas poucas espécies fazem muita diferença para obiovolume total e para a composição, dinâmicas <strong>de</strong> substituição entre a espécies criamsituações <strong>de</strong> alta similarida<strong>de</strong> entre semanas adjacentes durante as florações, e poroutro lado, criam situações <strong>de</strong> alta dissimilarida<strong>de</strong> nos períodos <strong>de</strong> transiência(Cottingham et al. 2001). Isto explica a maior similarida<strong>de</strong> média na composição dofitoplâncton entre semanas adjacentes em resposta aos nutrientes (Fig. 6C), noentanto, este efeito não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado estabilida<strong>de</strong> per se, pois foi acoplado amenor previsibilida<strong>de</strong> nas taxas semanais <strong>de</strong> mudança composicional (Fig. 6D).113


<strong>Sobre</strong>tudo no tratamento PEIXE+NUT, a presença do peixe agravou a ocorrência <strong>de</strong>florações <strong>de</strong> algas, pois o controle <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte da herbivoria foi reduzido.O resultado da MNDS mostra a distinção na trajetória dos tratamentos on<strong>de</strong>nutrientes foram adicionados (NUT e PEIXE+NUT), além <strong>de</strong> corroborar graficamente aalta variabilida<strong>de</strong> na mudanças da composição <strong>de</strong> espécies fitoplanctônicas emresposta ao enriquecimento (i.e., existem trajetórias longas e curtas entre semanasadjacentes, que representam baixa e alta similarida<strong>de</strong>, respectivamente) (Fig. 7B). Poroutro lado, o tratamento PEIXE mostrou a menor dispersão <strong>de</strong> pontos na trajetóriatemporal entre as semanas, o que é um forte indicativo <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> na composição<strong>de</strong> espécie do fitoplâncton (Fig. 7B). Assim, a presença do peixe onívoro pareceestabilizar tanto a composição do fitoplâncton quanto o biovolume total da comunida<strong>de</strong>através <strong>de</strong> mecanismos ascen<strong>de</strong>ntes e <strong>de</strong>scentes, que atuam impedindo que algumaespécie obtenha monopólio competitivo (Cottingham et al. 2001; Hillebrand et al.2008). Novamente, o efeito do peixe onívoro na estabilida<strong>de</strong> temporal da composiçãodo fitoplâncton parece <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong>cisivamente do estado trófico do sistema.Nosso resultados mostram que o peixe onívoro não filtrador tem efeitoestabilizador tanto nas proprieda<strong>de</strong>s agregadas (i.e., biomassa e diversida<strong>de</strong>) quantona composição <strong>de</strong> espécies dos níveis tróficos basais (i.e., zooplâncton e fitoplâncton).Este resultado é consistente com a idéia <strong>de</strong> que re<strong>de</strong>s tróficas alimentares cominterações onívoras fracas são mais estáveis e por isso, são comumente encontradasna natureza. Os mecanismo responsáveis pelo efeito estabilizador da onivoriaenvolvem interações diretas (e.g., predação seletiva do zooplâncton e excreção <strong>de</strong>nutrientes disponíveis ao fitoplâncton) e indiretas (e.g., alteração das habilida<strong>de</strong>scompetitivas intra e inter-específicas) que modificam atributos das comunida<strong>de</strong>s (e.g.,riqueza, equitabilida<strong>de</strong>) capazes <strong>de</strong> promover estabilida<strong>de</strong> temporal. Nosso resultadosmostram ainda que o papel estabilizador da onivoria é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da integração entrecompartimentos (litorâneo/bentônico) quando os nutrientes são limitantes, no entanto,esta “via <strong>de</strong> estabilização” é enfraquecida em resposta ao enriquecimento trófico. Do114


ponto <strong>de</strong> vista teórico estes resultados são importantes no que diz respeito à teoriadiversida<strong>de</strong>-estabilida<strong>de</strong>, pois mostram que modificações reais da diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>espécies significativamente afetam a estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s agregadas epopulacionais <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s naturais, uma questão que têm sido basicamenteexplorada matematicamente ou utilizando comunida<strong>de</strong>s formadas experimentalmente(Ives & Cardinale 2004). Sob este ponto <strong>de</strong> vista, os resultados indicam que peixesonívoros po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sempenhar funções chave em re<strong>de</strong>s tróficas reais. Sob o aspectoprático, os resultados apontam tendências preocupantes, visto que tanto oenriquecimento trófico, quanto a redução e extinção <strong>de</strong> populações e espécies <strong>de</strong>peixe apresentam um crescente aumento em regiões tropicais. Consi<strong>de</strong>rando aprevalência do hábito onívoro entre os peixes <strong>de</strong> água doce nestes sistemas, taismodificações po<strong>de</strong>m significativamente alterar a forma pela qual as comunida<strong>de</strong>sresistem e respon<strong>de</strong>m a flutuações ambientais, potencializando a chance <strong>de</strong> extinçõespor eventos estocásticos populacionais e conseqüentemente contribuindo para aperda <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> aquática.115


Discussão e Conclusão GeralDes<strong>de</strong> que foi proposta, a teoria <strong>de</strong> cascata trófica tem estimuladocontrovérsias sobre a importância dos fatores ascen<strong>de</strong>ntes (nutrientes) e<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes (predação) na <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> estrutura <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s tróficas (Brett &Goldman 1997; Borer et al. 2006; Gruner et al. 2008). Vários estudos empíricos sevoltaram para esta questão, mas uma crítica veemente do início da década <strong>de</strong> 90pon<strong>de</strong>rou que “mesmo uma breve análise da literatura específica indica que, longe <strong>de</strong>ser robusta, a teoria <strong>de</strong> cascata trófica está baseada em meias-verda<strong>de</strong>s eextrapolação exagerada dos dados”. Des<strong>de</strong> então, muitos estudos <strong>de</strong> síntesebuscaram generalizações na literatura sobre a ocorrência <strong>de</strong> cascata trófica em umaampla varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ecossistemas aquáticos e terrestres (Shurin et al. 2002; Borer etal. 2005); vários mo<strong>de</strong>los matemáticos acrescentaram à teoria elementos cominterações onívoras e heterogeneida<strong>de</strong> dos níveis tróficos (McCann et al. 1998b;Persson 1999). Mas a união das vertentes teóricas e empíricas permanece como umalacuna até os dias atuais. Dentro do escopo restrito <strong>de</strong> ambientes aquáticos <strong>de</strong> águadoce, este estudo teve como objetivo reconciliar proposições empíricas e teóricas.A meta-análise e o experimento apresentados neste estudo promoveramsuporte irrestrito à ocorrência <strong>de</strong> cascata trófica em ecossistemas aquáticos <strong>de</strong> águadoce. Tanto peixes onívoros quanto planctívoros tiveram gran<strong>de</strong> impacto na biomassado zooplâncton; no entanto, a reverberação <strong>de</strong>ste impacto para o fitoplâncton sofreuinfluência da heterogeneida<strong>de</strong> intra-trófica e da disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nutrientes. Apesar<strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nte na maior parte dos experimentos apresentados na meta-análise, aintensida<strong>de</strong> da cascata trófica foi significativamente reduzida pela presença <strong>de</strong> peixesonívoros, assim como previsto pela teoria (Polis et al. 1996b).O segundo aspecto do efeito da onivoria muito abordado, porém aindacontroverso, é a estabilida<strong>de</strong> promovida por ela. MacArthur (1995) pioneiramentepreviu que o aumento <strong>de</strong> “caminhos <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> energia” promovido por interações116


onívoras preveniria gran<strong>de</strong> flutuações das comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> presa, enquanto Pimm eLawton (1978) e May (1972 e 1973) <strong>de</strong>monstraram matematicamente que o aumentodos possíveis tipos <strong>de</strong> interação predador-presa aumentaria significativamente afreqüência <strong>de</strong> extinções. Seguiram-se, a estas duas vertentes, várias discussõesteóricas, porém a ausência <strong>de</strong> síntese sobre o assunto mantém a questão em aberto.Os resultados meta-analíticos <strong>de</strong>monstraram que, se por um lado, a maiorconectivida<strong>de</strong> entre níveis tróficos originadas pela presença do peixe onívoro afetousignificativamente a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cascata trófica, por outro lado, não promoveumaior estabilida<strong>de</strong>. Em nosso experimento, porém, a onivoria teve efeito estabilizadortanto nas proprieda<strong>de</strong>s agregadas (biomassa do zooplâncton e biovolume dofitoplâncton), quanto na composição <strong>de</strong> espécies.A comparação do resultado meta-analítico e do experimento chama atençãopara outra variável importante para o estudo <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s tróficas: o tipo <strong>de</strong> onivoriaabordado. A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> onivoria mais amplamente aceita e estudada é baseada nohábito do predador <strong>de</strong> alimentar-se em mais <strong>de</strong> um nível trófico, porém na mesmaca<strong>de</strong>ia alimentar. <strong>Peixes</strong> onívoros <strong>de</strong>sta natureza geralmente são filtradores que temimpacto direto nas comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fito e zooplâncton. No entanto, a estrutura <strong>de</strong>ecossistemas raramente po<strong>de</strong> ser reduzida a uma simples ca<strong>de</strong>ia (Polis e Strong1996) e predadores, presas e recursos normalmente atravessam os limites <strong>de</strong> habitase ecossistemas (Polis 1991). Esta diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> caminhos tróficos é característicados onívoros multi-ca<strong>de</strong>ia, aos quais é atribuído um efeito teórico <strong>de</strong> conectivida<strong>de</strong> eestabilida<strong>de</strong> ainda mais consistentes (Va<strong>de</strong>boncoeur, 2005).A discordância entre os resultados da meta-análise e do experimento sugereque o tipo <strong>de</strong> onívoro po<strong>de</strong> ser realmente uma variável importante <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar,uma vez que a maioria dos peixes incluídos na meta-análise eram onívoros <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>iasimples, enquanto H. bifasciatus um onívoro multi-ca<strong>de</strong>ia. Neste contexto, éindispensável que experimentos em ca<strong>de</strong>ias tróficas daqui para frente incluam peixesonívoros multi-ca<strong>de</strong>ia, para que seja construído um cenário mais amplo sobre os117


efeitos da onivoria na distribuição <strong>de</strong> biomassa e estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>sagregadas e composição <strong>de</strong> espécies. Além disso, analisar estes efeitossimultaneamente sobre o maior número possível <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s (e.g., planctônicas,litorâneas e bentônicas) e compartimentos (e.g., pelágico, litorâneo e bentônico) po<strong>de</strong>gerar melhores conclusões sobre como o forrageamento adaptativo po<strong>de</strong> influenciar aestabilida<strong>de</strong> ao nível <strong>de</strong> ecossistema.Tanto na meta-análise quanto no experimento, o enriquecimento trófico foi umimportante modificador dos efeitos da onivoria, reduzindo seu efeito estabilizador.Deste modo, a eutrofização antropogênica po<strong>de</strong> alterar significativamente os caminhosevolutivos e ecológicos pelos quais a onivoria se expressa em ecossistemasaquáticos. Esta afirmação é particularmente importante para ecossistemas tropicais,on<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte das espécies <strong>de</strong> peixes são onívoras, e on<strong>de</strong> a <strong>de</strong>gradação dosecossistemas aquáticos continentais é uma crescente realida<strong>de</strong> (Schindler 2007).118


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