ESTATUTOS-FINAL
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Preâmbulo<br />
A Venerável Irmandade de Nossa Senhora da Lapa foi criada em 1755 por um sacerdote<br />
brasileiro, natural de S. Paulo, de nome Ângelo de Sequeira, que veio a Portugal com a intenção de<br />
visitar e saudar o Rei e de difundir o culto à Senhora da Lapa. Durante o tempo da sua estadia no<br />
Porto (dez a doze anos), o missionário apostólico utilizando a escrita mas sobretudo a pregação como<br />
canal de transmissão das suas ideias, desenvolveu nos ouvintes o sentido da prática da fraternidade,<br />
congregou pessoas, fez aprovar os primeiros estatutos da Irmandade e lançou as fundações do<br />
Templo que lhes haveria de servir de acolhimento e de casa comum. Ao mesmo tempo aprofundou<br />
as raízes da Instituição e imprimiu nela algumas marcas identitárias, a saber: a devoção a Nossa<br />
Senhora da Lapa, fazendo da sua Igreja um centro de irradiação dessa devoção, o esplendor do culto<br />
divino apoiado na arte musical (o Padre Ângelo era um músico dotado), uma espiritualidade assente<br />
na conversão interior, no arrependimento (daí a criação da Capela da Lapa das Confissões) e na<br />
fraternidade, a formação dos jovens pela ideação do Seminário- Colégio da Lapa.<br />
O sentido de entreajuda fraterna foi-se concretizando no auxílio diversificado aos irmãos<br />
necessitados, enfermos ou idosos, no seu enterramento post mortem em espaço sagrado e na<br />
celebração de sufrágios por alma.<br />
Com o decorrer do tempo, estas linhas de atuação sedimentaram-se, desenvolveram-se e<br />
inspiraram novas realizações. Assim, a devoção a Nossa Senhora da Lapa e o esplendor litúrgico dos<br />
atos de culto na Igreja tornaram-se conhecidos fora de portas. Através da vivência litúrgica e da<br />
música, a influência da Igreja da Lapa irradiou, excedendo em muito os limites da cidade e da região.<br />
O Seminário sonhado pelo fundador converteu-se no pequeno mas influente Real Colégio da<br />
Irmandade da Lapa e nele estudaram vultos marcantes da cultura portuguesa. Mais tarde<br />
transformou-se numa Escola do ensino básico, da qual beneficiaram milhares de rapazes e meninas.<br />
A necessidade de enterrar os irmãos falecidos levou a Irmandade a ser pioneira, construindo<br />
o primeiro cemitério em Portugal em espaço independente e separado da Igreja.<br />
A solidariedade inspirou numa primeira fase, já no séc. XX, por alturas da I Guerra Mundial<br />
um serviço de refeição diária aos pobres. Mas a grande obra no campo da fraternidade foi a<br />
construção do Hospital que se inaugurou nos inícios do séc. XX e que, graças à dedicação das<br />
sucessivas Mesas Administrativas, à competência profissional dos seus médicos, à dedicação dos<br />
enfermeiros e funcionários, ao gosto pela inovação, rapidamente se tornou num equipamento de<br />
grande utilidade não só para os irmãos necessitados mas para a população em geral, sendo apontado<br />
como um equipamento de excelência.<br />
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