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SALVADOR DOMINGO <strong>29</strong>/5/<strong>2016</strong> OPINIÃO A3<br />
DESTAQUES<br />
DO PORTAL<br />
A TARDE<br />
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dosfilmesemcartaz;<br />
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(Cidadão Repórter)<br />
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SIMANCA<br />
Ocacete<br />
dejucá<br />
João Augusto de Lima Rocha<br />
Prof. titular da Politécnica/Ufba e membro do<br />
Conselho Curador da Fundação Anísio Teixeira<br />
jrjoaroch@gmail.com<br />
Caesalpinia ferrea, o jucá é uma tradicional<br />
árvore frondosa das matas<br />
brasileiras, principalmente do Nordeste,<br />
cujo tronco dá uma madeira conhecida<br />
pela alta densidade e dureza.<br />
Suas folhas dão um chá utilizado popularmente<br />
no tratamento de diabetes e,<br />
comoanti-inflamatório,notratamentode<br />
afecção catarral, cólica intestinal, disenteria,<br />
faringite, gota, hemorragia, reumatismo,<br />
sífilis, tosse e hemorróidas. O jucá<br />
étambém conhecido como pau-ferroe,<br />
segundo dizem, se alguém tomar uma<br />
surra decacetefeito dejucá, ficabastante<br />
prejudicado.<br />
No ambiente vetusto da colenda Congregação<br />
da Escola Politécnica da Bahia, lá<br />
pelo início dos anos 1960, havia um compenetrado<br />
professor catedrático que se gabava<br />
de ter um cacete de jucá guardado no<br />
carro, com a finalidadede protegê-lo, na<br />
eventualidade de ataque asua pessoa, inclusivedealunomalcriado,insatisfeitocom<br />
nota, segundo asseverava.<br />
Certa vez, durante o animado cafezinho<br />
que antecedia às reuniões da Congregação<br />
da Politécnica, rolava o papo descontraído<br />
dos catedráricos, quando veio à baila o assuntodocacetedejucá,decujapropriedade<br />
gabava-se o autoritário catedrático. No afã<br />
de provar a veracidade do inusitado fato, e<br />
tendo alguém duvidado de sua palavra,<br />
com voz alterada afirmou o seguinte: –<br />
Tenho, sim, tenho um cacete de jucá no<br />
carro,evocêsagoraficamsabendoparaque<br />
serve. Nisso, vira-se bruscamente para o<br />
lado do saudoso eespitituoso mestreHildéricoPinheirodeOliveira,conhecidopelas<br />
desconcertantes tiradas de humor, ditas<br />
comar de grande seriedade, e afirma: –<br />
Hildérico,você, porexemplo, conhece, ou<br />
não conhece o cacete de jucá?<br />
EHildérico,entresérioemalicioso,respondeu:<br />
–Eu mesmo não, colega; pois se<br />
nem mesmo Jucá eu conheço!<br />
Pelo visto, o assunto é bastante atual: o<br />
interino presidente MichelTemercertamente<br />
já sabia quem era Jucá, mas só<br />
agora é que vem experimentar os estraçalhantes<br />
efeitos do cacete de jucá!<br />
Dom Murilo S.R. Krieger<br />
Arcebispo de São Salvador da Bahia e primaz do Brasil<br />
sec.arcebispo@arquidiocesesalvador.org.br<br />
Divulgação<br />
OpresidentedosEUAe<br />
asIrmãzinhasdosPobres<br />
No dia 17 de maio passado, as agências<br />
de notícia norte-americanas<br />
deram destaque a um fato que foi<br />
praticamente ignoradoaquinoBrasil:religiosas<br />
que dirigem um hospital nos EstadosUnidosvenceram,naSupremaCorte<br />
do país, um processo contra opresidente<br />
Obama.<br />
Em 2012, o governo norte-americano<br />
decretou que, a partir de então, todas as<br />
empresas e instituições são obrigadas a<br />
fornecer um plano de saúde a seus empregados<br />
que inclua, inclusive, aesterilização<br />
e o aborto. Na prática, as ordens<br />
dogovernoobrigariamoscatólicosesuas<br />
instituições católicas –e, também, outras<br />
pessoas e instituições que defendem o<br />
respeito à vida desde a sua concepção –<br />
a agir contra a própria consciência.<br />
Diante disso, uma congregação religiosa<br />
feminina –as Irmãzinhas dos Pobres<br />
–, decidiu levar o caso à Suprema Corte.<br />
Esta decidiu, de forma unânime, que elas<br />
não poderão ser multadas por não obedecerem<br />
às ordens de Obama. Oadvogado<br />
queas defendeu, Mark Rienzi, ao<br />
tomarconhecimentodoveredito,comentou:<br />
"Essa decisão unânime é uma imensa<br />
vitória paraasIrmãzinhas, para aliberdade<br />
religiosa e para todos os norte-americanos".<br />
No ano passado, quando corria o processo,<br />
o papa Francisco, antes de deixar<br />
os Estados Unidos, visitou a comunidade<br />
religiosa, dado origem a uma observação<br />
do porta-voz da Santa Sé, padre Federico<br />
Lombardi: "É um sinal evidente do apoio<br />
do papa a elas".<br />
É importante que isto fique claro: um<br />
cristão não pode, jamais, conformar-se<br />
com uma lei em si mesma imoral; e esse<br />
éocaso precisamente daquela lei que<br />
admite em princípio a liceidade do aborto.<br />
Um cristão não pode participar de<br />
uma campanha de opinião em favor de<br />
uma lei de tal gênero, nem lhe dar a<br />
própria adesão. Não pode, menos ainda,<br />
colaborar na sua aplicação. "É inadmissível<br />
que médicos ou enfermeiras venham<br />
a se encontrar em situações que os<br />
obriguem a cooperar, de maneira imediata,<br />
em abortos, e de ter que escolher<br />
entre a lei cristã e a sua situação profissional.<br />
O que compete à Lei, pelo contrário,<br />
éprocurar levar adiante uma reforma<br />
da sociedade edas condições de<br />
vida em todos osambientes, acomeçar<br />
pelos mais desfavorecidos, a fim de que<br />
se torne possível um acolhimento a toda<br />
a criança que vem a este mundo. (...) Tem<br />
de ser promovida toda uma política positiva,<br />
a fim de que sempre possa haver<br />
para o aborto uma alternativa concretamente<br />
possível e honrosa" (Congr.<br />
Dout. da Fé, 1974).<br />
O direito à vida é um valor moral fundamental.Éverdadequeasleisdealguns<br />
países autorizam asupressão direta de<br />
inocentes, sob as mais variadas justificativas:<br />
"A mulher é dona de seu corpo";<br />
"A criança no ventre materno não tem<br />
direitos";"Cadaumtemodireito defazer<br />
o que julgar mais conveniente"; "O bebê<br />
esperado tem anencefalia" etc. Ora, no<br />
momento em que uma lei priva uma<br />
categoria de seres humanos da proteção<br />
que alegislação civil deveria conceder-lhes,<br />
o Estado está negando a igualdade<br />
de todos perante a lei. Quando o<br />
Estado não se põe a serviço dos direitos<br />
de cada um dos cidadãos e, particularmente,<br />
de quem é mais fraco, são ameaçados<br />
os fundamentos mesmos deum<br />
Estado de direito.<br />
Nosso Deus é o Deus da vida. Seguir a<br />
própriaconsciência,naobediênciaàleide<br />
Deus, nem sempre é um caminho fácil;<br />
isso pode ter como consequência grandes<br />
sacrifícios.Noentanto,ébomressaltarque<br />
o caminho do verdadeiro desenvolvimento<br />
da pessoa humana passa poressa fidelidade<br />
constante a uma consciência<br />
mantida na retidão da verdade. Sem nos<br />
esquecermos, poroutro lado,deque um<br />
cristão não pode limitar os horizontes de<br />
suavidaaestemundo.Avidapresentenos<br />
preparaparaumaoutravida,àluzdaqual<br />
devemos tomar nossas decisões. "No final<br />
da vida, seremos julgamos pelo amor" (S.<br />
João da Cruz).<br />
EDITORIAL<br />
Brincando<br />
deserDeus<br />
Édifícilescapardosentimentodeinquietação<br />
comanotícia de quecientistas se<br />
reuniram secretamente na Universidade<br />
Harvard,emmeadosdestemês,paradiscutiremoprojetodesintetizarogenoma<br />
humano,umpassoparaacriaçãodeum<br />
seràimagemesemelhançadaquelesque<br />
foram–segundoocristianismo–criados<br />
porDeus.<br />
Apesquisagenéticatemlevadoaavanços<br />
significativos no tratamento e prevençãode<br />
doenças, permitindo identificar<br />
a predisposiçãopresente ainda em<br />
fasedegestação,oquelevaaumrisco,já<br />
que tira do terreno da ficção científica o<br />
processo da eugenia, isto é, a seleção de<br />
genes apartir de pressupostos culturais,<br />
deraçaoudecor,porexemplo.<br />
Os avanços científicos frequentemente<br />
tocamemumazonacinzentanoquediz<br />
respeitoàética,e<br />
permitem contestações<br />
jurídicas<br />
diante de<br />
consequências<br />
ainda longe de<br />
ser delimitadas.<br />
Corporações donas<br />
da tecnologiapodemdeter<br />
patentes que<br />
lhes permitam<br />
manipular a<br />
criação de uma<br />
sociedade com<br />
baseempadrões<br />
pré-definidos,<br />
portanto homogênea.<br />
Nada mais antidemocrático do<br />
quepatentearavida.<br />
Pode-se imaginaradiscriminação, na<br />
sociedade,depessoasgeneticamentepropensasadeterminadostiposdedoenças.<br />
Ou as dificuldades de ordem psicológica<br />
paraumserquebiologicamentenãopossuíssepaioumãe.<br />
Jáem1997aUnesco,porintermédiodo<br />
ComitêInternacionaldeBioética,proclamouaDeclaraçãoUniversal<br />
sobre GenomaeDireitosHumanos,queemseus25<br />
artigos estabelece as bases jurídicas da<br />
comunidadeglobalnessamatéria.Ogenoma,<br />
dizodocumento,ébase fundamentalparatodososmembrosdafamília<br />
humana efator de reconhecimento de<br />
suadignidadeediversidadeintrínsecas.É,<br />
por essa visão, patrimônio da humanidade,não<br />
podendoser propriedadede<br />
institutos de pesquisa, laboratórios ou<br />
corporações.<br />
Há,comosevê,umainfinidadedequestões<br />
que precisam ser discutidas globalmente,antes<br />
queoscientistas se tranquemparadebaterseafinalqueremmesmobrincardeDeus.<br />
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