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caderno

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olhares sobre a educação em creche<br />

à sua educadora revela-nos um estar no mundo atento, disponível e perspicaz.<br />

Com um certo tom de brincadeira foi dito às crianças que, nesse momento,<br />

só se podia rezar ou dormir, e, surpreendentemente a criança brinca<br />

com a situação e reza tal como o solicitado: “Avé Maria, tenho a barriga<br />

vazia! Cheia de graça, tenho a barriga cheia de massa! (…) Já estou a rezar.”<br />

Parece-nos que a resposta da criança reflete, como um espelho, a sua<br />

educadora. A educadora transborda ironia na sua afirmação pedindo à<br />

criança que reze e, por sua vez, a criança fá-lo “entrando” na brincadeira,<br />

neste jogo quase de faz de conta. O facto de a criança rezar da maneira que<br />

rezou denota um sentir-se livre e confiante na interação com esta educadora.<br />

O relato desta história parece levar-nos, a nós leitores/ouvintes, a centrar<br />

a nossa atenção na criança, ela como o nosso foco principal. Porém,<br />

as ações do educador de infância apresentam-se de forma crucial para<br />

o desenrolar de toda a história, e nesse sentido, também a determina. É<br />

importante ter-se consciência de que os profissionais que trabalham com<br />

crianças são um modelo para as crianças e deve ponderar-se a forma como<br />

atuam em determinadas situações.<br />

Durante este momento da rotina, os adultos convidam as crianças a várias<br />

ações (deitar-se, ficar em silêncio, aconchegar-se, dormir…). A forma<br />

como cada convite é feito, o tom de voz do educador, o olhar, a postura<br />

do corpo, a mensagem, tornam-se referências para a criança, mais ou menos<br />

securizantes. Nesta história, as crianças foram convidadas ao silêncio,<br />

ao dormir, ao rezar e até ao ir para outra cama: “Margarida! Se continuas<br />

sem parar, vou levar-te para a sala da Mónica…. Vais dormir numa caminha<br />

de grades!”. Questiona-se até que ponto este último convite traz ganhos<br />

para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças, por tudo aquilo<br />

que já anteriormente foi referido. Todavia, há também consciência de que<br />

em muitas instituições a falta de apoio de recursos humanos e o desgaste<br />

profissional dos educadores de infância, leva a uma menor capacidade de<br />

assertividade em algumas situações com as crianças. O trabalho com as<br />

crianças deveria assumir-se sempre como uma grande responsabilidade<br />

por parte de todos os responsáveis.<br />

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