02-edicao-revista-lika-agosto (1)

Celebridades
Página 16
Por Serg Smigg / Reportagem: Edinho Meirelles
QUASE
SAGAUM
DEFILHO
Leia até o fim. É lá que vai compreender melhor a alma de
Fabiano Martins. O gosto por música veio aos 11 anos, com a
primeira duplinha: Paulo Henrique e Fabiano; aos 13, outra; a
terceira, durou dos 14 aos 18. Foi quando resolveu sair de onde
nasceu, Itu-SP, e buscar o mundo.
Passou por Goiânia, Rio, B. Horizonte e chegou a S. Paulo em
2008 sem local para dormir, com 140,00R$ e milhões de toneladas
de esperança; começou a cantar nas ruas do centro e ali fez tudo
acontecer. Dessas ruas, saíram 03 CDs; o primeiro vendeu 70 mil
cópias sem gravadora, sem empresário; delas, chegou ao Altas
Horas na Globo. Nelas, se encontrou.
Tinha pensado em desistir e dar um jeito de ir para a Europa.
Tentaria um trabalho qualquer por 5 ou 6 anos e voltaria para
entrar na música novamente. Sem dinheiro, andava a pé; a cesta
básica que a mãe enviava evitou que passasse fome. Queria ir
embora, mas os dias se formaram de outra maneira.
Viu no centro de S. Paulo uma banda tocando pop rock;
cismou. Dia seguinte, viu a dupla mirim David e Rômulo
vendendo CDs, informou-se com seu pai. Soube que precisava
de alvará da prefeitura. Foi a Itu, pediu à mãe que vendesse um
carro velho, voltou para S. Paulo, tirou alvará, começou a cantar.
Poucas pessoas na plateia, que foi aumentando… aumentando.
Conseguiu gravar um CD. Vendeu muito. Gravou outro. Vendeu
mais. No fim de 2015, lançou o terceiro, com mais estrutura:
maestro de nomes com Zezé Di Camargo e Luciano, Pablo e J. Quest.
Hoje, mesmo com crise e CD fora de moda, vive bem. Canta mais em
Sorocaba, Campinas e Guarulhos.
Fabiano Martins tem uma saga em forma de vida. Passou por
bocados realmente difíceis, mas talvez o mais marcante tenha sido
o processo movido contra si pelo próprio pai por causa de desabafo
ingênuo, inofensivo que fez em redes sociais. Era um momento
difícil, precisava vomitar. Desde os 14 anos, sabe de quem é filho;
comprovação por DNA veio aos 20. Nesse tempo, muitos advogados
diziam que conseguiriam facilmente a pensão atrasada. Mas preferiu
buscar seus sonhos sozinho. Batalhou, sobreviveu.
Seu pai se sentiu ofendido. Pediu 20 mil reais na Justiça por danos
morais. Fabiano ficou arrasado. Nunca um apoio, nunca um carinho,
nunca atenção. Mas se sentiu ofendido. As pessoas apontaram dedo
para ”o oportunista, aquele que quer dinheiro do pai”. Não viram em
quantas ruas o rapaz trabalhou, quantas chuvas tomou, quantas horas
tocou por um dinheiro mesmo sabendo de quem era filho havia anos .
revista-lika.indd 16
7/28/16 5:26 PM