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Cartilha

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RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ESTADUAL<br />

PONTA DO TUBARÃO<br />

HISTÓRICO DA RESERVA<br />

O povo de Diogo Lopes sempre foi<br />

muito hospitaleiro e apegado a seu chão,<br />

porém de forma que não se apropriava ou<br />

acumulava, não havia ganância pela terra.<br />

Era um sentimento de que tudo era de<br />

todos.<br />

Com este jeito de ser nunca se preocupou<br />

em legalizar suas terras ou seu pedaço de<br />

chão, mas tudo partilhava e colocava em<br />

comum.<br />

A restinga ou costa sempre foi<br />

utilizada pelos moradores, pescadores do<br />

lugar e de fora como local de lazer para<br />

banhar-se no mar ou simplesmente<br />

passar o dia, antigamente para<br />

desembarque de pescado na época da<br />

safra, pelas difíceis condições de<br />

navegação no estuário e para a atividade<br />

de pesca, principalmente do tresmalho.<br />

Até por volta da década de 50, algumas<br />

famílias passavam a época da safra<br />

morando na restinga ou na Ilha do<br />

Tubarão. Dona Izabel (Bebé), falecida em<br />

2012 com 102 anos, ainda criança foi uma<br />

das suas moradoras.<br />

Os ranchos de pesca construídos<br />

na costa pelos pescadores eram utilizados<br />

para esta atividade, para os apetrechos,<br />

descanso, pernoite, salga dos pescados,<br />

proteger do sol os peixes capturados e era<br />

o local de receber os moradores que iam<br />

participar da pescaria e partilhar o almoço<br />

(pirão de peixe). Em algumas ocasiões o<br />

rancho era o local do lazer onde a<br />

comunidade se reunia com os pescadores<br />

e várias famílias numa confraternização<br />

não programada.<br />

Na comunidade passou a se ouvir<br />

os boatos que a costa tinha dono,<br />

inclusive um vigia. Dona Lelé e Ribinha<br />

fizeram um rancho que usavam para<br />

3<br />

passar os finais de semana e acolher<br />

outros moradores.<br />

Ela foi comunicada para retirar o<br />

rancho. Os donos de caprinos, ovinos e<br />

jumentos que circulavam por lá para se<br />

alimentarem, também foram advertidos<br />

para retirá-los.<br />

Tanto quanto aos boatos, quanto a<br />

retirada do rancho e dos animais não<br />

foram dadas atenção e as pessoas<br />

guardavam para si esta situação.<br />

Em março de 1996, moradores de<br />

Diogo Lopes acordaram alarmados, pois<br />

viram fumaça subindo aos céus de algum<br />

ponto da costa aparentando a ocorrência<br />

de um incêndio nas proximidades dos<br />

ranchos dos pescadores e do de Dona<br />

Lelé e Ribinha.<br />

Intrigados com aquela situação um<br />

grupo de pessoas saiu para verificar do<br />

que se tratava e vêm que do rancho de<br />

Dona Lelé e Ribinha restaram apenas às<br />

cinzas. Estarrecidos toda população<br />

começa a se questionar quem teria sido<br />

capaz de cometer ato tão criminoso.<br />

Revoltados e curiosos com o fato os<br />

moradores começam a especular quem<br />

teria interesse em incendiar o rancho na<br />

costa.<br />

A partir destas especulações<br />

começam a recordar boatos e achar que<br />

tinham algum significado, pois os<br />

falatórios mencionavam que a “costa”<br />

tinha um dono. Outros boatos<br />

mencionavam que na tarde do dia anterior<br />

tinham visto um veículo circulando na<br />

comunidade e que os rastros de pneus na<br />

praia eram semelhantes aos deste<br />

veículo. A população passa a relacionar<br />

uma conversa ou outra e a acreditar que<br />

existem estes supostos “donos” da costa,

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