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Revista Visão nº 8

O Nosso Ouro em Grãos

O Nosso Ouro em Grãos

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PESQUISA EM CAMPO<br />

Pesquisadoras da Embrapa lançam<br />

artigo inédito sobre melhoria do arroz<br />

O melhor do agronegócio<br />

RONDÔNIA<br />

Ano I I Nº 8 - Rondônia<br />

Junho de 2016<br />

Valor<br />

R$ 12.00<br />

Logística:<br />

navio<br />

vai levar<br />

produtos de<br />

RO pela costa<br />

brasileira e<br />

Mercosul<br />

O NO$$O OURO<br />

EM GRÃOS<br />

LAVOURA TECNIFICADA GARANTE PRODUTIVIDADE<br />

ACIMA DAS 180 SACAS DE CAFÉ POR HECTARE. CONHEÇA<br />

AS TECNOLOGIAS PARA PRODUZIR MAIS E MELHOR<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

1


MËQUINAS MAQUINAS AGRÎCOLAS<br />

Tel:<br />

Tel:<br />

3418-3675<br />

(69) 8486-4253<br />

9943-9660<br />

AV. JK - CENTRO - NOVA BRASILÂNDIAD’OESTE -RO<br />

2 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


e<br />

IRRI<br />

AÇÕES<br />

CADA GOTAS D’ÁGUA É IMPORTANTE PARA A SUA LAVOURA<br />

RESULTADO DE UMA BOA IRRIGAÇÃO<br />

AUMENTAR<br />

A PRODUÇÃO<br />

E ECONOMIZAR<br />

ÁGUA E ENERGIA<br />

É O NOSSO COMPROMISSO.<br />

CADA GOTAS D’ÁGUA É IMPORTANTE PARA A SUA LAVOURA<br />

Tel:<br />

Tel:<br />

RESULTADO DE UMA BOA IRRIGAÇÃO<br />

AUMENTAR<br />

A PRODUÇÃO<br />

E ECONOMIZAR<br />

ÁGUA E ENERGIA<br />

3418-3675<br />

(69)<br />

8486-4253<br />

9943-9660<br />

É O NOSSO COMPROMISSO.<br />

3418-3675<br />

(69)<br />

8486-4253<br />

9943-9660<br />

JUNHO MAIO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

3<br />

AV. JK - CENTRO - NOVA BRASILÂNDIAD’OESTE -RO


Índice<br />

ENTREVISTA<br />

Presidente da<br />

6<br />

Aprosmat fala à <strong>Visão</strong><br />

como associações<br />

fortes solidificam a<br />

agricultura.<br />

LANÇAMENTO<br />

Geneticista da Matsuda<br />

apresenta novas cultivares de<br />

capim.<br />

14<br />

34<br />

VALE DO<br />

JAMARI<br />

Cultivo de soja avança<br />

sobre áreas da grande<br />

região de Ariquemes.<br />

10<br />

PESQUISA<br />

EM CAMPO<br />

Doutoras da Embrapa lançam<br />

artigo inédito sobre pesquisa<br />

de melhoramento do arroz.<br />

20<br />

LOGÍSTICA<br />

Navio vai levar produtos<br />

de Rondônia pela costa<br />

brasileira e países do<br />

Mercosul.<br />

54<br />

ESPECIAL<br />

Cafeicultura<br />

tecnificada garante<br />

boa produtividade em<br />

lavouras do estado, mas<br />

em outras a falta de<br />

chuva causou retração<br />

na produção do grão.<br />

AGROINDÚSTRIA<br />

Agroindustrias familiares<br />

driblam a crise com trabalho,<br />

empreendedorismo e bons<br />

produtos.<br />

66<br />

Expediente<br />

<strong>Revista</strong><br />

RONDÔNIA<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Visão</strong> Rondônia é de propriedade editorial de<br />

G.B. COSTA COMUNICAÇÕES-ME<br />

CNPJ: 23.588.281/0001-40<br />

Editora-chefe: Ivonete Gomes DRT-345<br />

Redação: Avenida Guaporé, 4248, SL 2, Igarapé, Porto Velho, Rondônia.<br />

Tel: 69 32259705 - Assinatura: visaorondonia@gmail.com<br />

Comercial: Leny Vieira - fone: 69 9213-0947/9977-7779<br />

Designer Gráfico: Cesar Prisisnhuki Faria<br />

Colaboradores: Gerson Costa, Eliânio Nascimento, Flávia Rosane,<br />

Marcos Lock, Giliane Perin Renata Silva e Edmilson Rodrigues.<br />

Impressão: Editora Gráfica Print<br />

Tiragem: 5.000 mil exemplares<br />

4 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


EDITORIAL<br />

Café nos quatro<br />

cantos de Rondônia<br />

No promissor município de Nova Brasilândia<br />

D´Oeste, a propriedade do Júlio Cesar Mendes é quase<br />

um ponto turístico nos fins de semana e feriado. Gente<br />

de toda a região visita a lavoura de 22,7 hectares<br />

em busca de conhecimento para alcançar maior<br />

produtividade no cafezal.<br />

O anfitrião interrompe as atividades laborais<br />

para responder as perguntas, falar do sistema de<br />

irrigação por gotejamento com tecnologia israelense,<br />

recomendar mudas clonais que estão produzindo<br />

bem e apresentam, além de maior uniformidade<br />

de maturação, alta resistência a pragas e doenças e<br />

BARCAÇA SECA CAFÉ da Embrapa<br />

tolerância ao estresse climático. O próprio Júlio já seria<br />

atração suficiente pelo exemplo de empreendedorismo.<br />

Veio à Rondônia aos 18 anos para trabalhar na colheita<br />

do café e, hoje, é empresário e segundo maior produtor<br />

de conilon da chamada região da Zona da Mata. A<br />

lavoura dele é tecnificada e a produtividade chega a<br />

182 sacas por hectare.<br />

Júlio César representa a nova realidade da<br />

cafeicultura, uma atividade que se tornou viável e<br />

lucrativa depois do surgimento de mudas clonais<br />

e outras tecnologias. O termo pode até parecer<br />

repetitivo, mas não há outro para substituir: os clones<br />

revolucionaram o cultivo de conilon no estado. O<br />

levantamento da Conab revela um crescimento de<br />

4,5 mil hectares de área plantada, mas andando por<br />

Rondônia a impressão que se tem é que todo mundo<br />

está plantando café.<br />

Por isso, a <strong>Visão</strong> Rondônia buscou para esta edição o<br />

máximo de informações possíveis sobre a cafeicultura.<br />

Na Embrapa, conversamos com pesquisadores<br />

e analistas que desenvolvem técnicas para garantir<br />

a melhor qualidade na secagem dos grãos, poda de<br />

formação para aumento de produtividade e formas<br />

corretas de produção de mudas em viveiro. É um<br />

trabalho incessante para levar ao produtor informações<br />

que propiciem o melhor do clonal em cada fase de toda<br />

cadeia produtiva.<br />

Que a boa leitura esteja acompanhada do nosso<br />

bom café!<br />

IVONETE GOMES<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

5


ENTREVISTA<br />

Associações fortes,<br />

agricultura sólida<br />

Carlos Ernesto Augustin<br />

Presidente da Associação dos Produtores de Sementes do Mato Grosso (Aprosmat)<br />

Por Gerson Costa<br />

Fotos: Marcos Figueira<br />

Natural de Carazinho (RS), pioneiro no ramo de sementes no Mato Grosso desde os idos de 1984, quando<br />

se instalou na zona rural de Pedra Preta, Carlos Ernesto Augustin, presidente da Associação dos Produtores<br />

de Sementes do Mato Grosso (Aprosmat) explica que não há fórmula para o sucesso do estado vizinho na<br />

produção de grãos, mas tão somente associações sólidas com lastro econômico para pesquisa, tecnologia e<br />

intervenção do poder político para o agronegócio crescer. Em entrevista à <strong>Revista</strong> <strong>Visão</strong> Rondônia, o produtor<br />

fala das expectativas do novo governo Michel Temer, da gestão do senador Blairo Maggi no Ministério da<br />

Agricultura e aconselha o agricultor rondoniense a agregar entidades fortes para não depender apenas do<br />

poder público. “O Governo faz pouco”, diz ele, que é associado da AMPA, (Associação Mato-grossense dos<br />

Produtores de Algodão), entidade que tem fundos na cifra de R$ 30 milhões anuais. Para ele, o Brasil precisa<br />

avançar em três diretrizes: logística, seguro agrícola e tecnologia.<br />

6 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


ENTREVISTA<br />

Com a mudança de governo<br />

no Brasil, após essa onda de<br />

escândalos, o senhor espera<br />

ventos mais favoráveis ao<br />

agronegócio?<br />

Diante de uma possível estabilidade<br />

econômica, a volta da<br />

normalidade com mudanças de<br />

ministérios e a nova direção política,<br />

é totalmente favorável ao nosso<br />

setor porque agora podemos ter<br />

mais objetividade em nossos pleitos,<br />

coisa que no governo anterior<br />

não existia, como se fosse uma<br />

oposição ao trabalho da agricultura<br />

brasileira. Sem dúvida, em se<br />

estabilizando esse novo governo,<br />

nós vamos ter momentos mais<br />

favoráveis.<br />

Aqui (Rondônia), o agricultor tem o café,<br />

soja, milho, pimenta, a piscicultura,<br />

mas é preciso adotar o modelo do Mato<br />

Grosso criando associações fortes e não ficar<br />

esperando apenas pelo Governo.”<br />

Por ser do Mato Grosso, maior<br />

produtor de grãos do Brasil, o<br />

novo ministro da Agricultura,<br />

Blairo Maggi, contribuirá ainda<br />

mais para o desenvolvimento<br />

do setor? Qual a sua<br />

expectativa?<br />

O fato de ele ser do Mato Grosso,<br />

lógico que nos deixa animado. Mas,<br />

principalmente por ele conhecer o<br />

setor da agricultura empresarial, a<br />

dinâmica da exportação, logística,<br />

enfim, é um grande conhecedor<br />

do tema e que pode trabalhar com<br />

precisão para melhor tomada de<br />

decisões.<br />

O senhor está há mais<br />

de 30 anos no Mato<br />

Grosso e conheceu bem o<br />

desenvolvimento daquele<br />

estado. Qual a fórmula para o<br />

sucesso da produção agrícola<br />

de lá?<br />

O estado do Mato Grosso sempre<br />

se destacou por ter associações<br />

fortes. Hoje, nós temos a AMPA,<br />

que tem fundos para tocar seu<br />

orçamento e, diria, que são valores<br />

expressivos, a Aprosoja (Associação<br />

dos Produtores de Soja), que da<br />

mesma forma agrega associados<br />

e tem grande volume de recursos,<br />

e a Aprosmat (Associação dos<br />

Produtores de Sementes do Mato<br />

Grosso), que tem 35 anos, pioneira<br />

das associações. Essa união para<br />

combater as dificuldades sempre<br />

nos levou a soluções. As dificuldades<br />

são inúmeras: falta de estradas,<br />

impostos, endividamento, câmbio,<br />

doenças como a ferrugem-asiática<br />

e nematoides, mudanças de variedades...<br />

e, diante desse cenário<br />

existe a necessidade de aperfeiçoamento<br />

constante. E isso o agricultor<br />

não consegue sozinho e também<br />

não consegue só pedindo para o<br />

Governo. O Governo faz muito pouco.<br />

Quando os produtores se unem<br />

e constroem associações sólidas, as<br />

ações têm mais objetividade, não<br />

apenas dentro dos estados, mas<br />

em todo Brasil.<br />

Essas associações têm uma<br />

atuação forte em Brasília, no<br />

Congresso, correto?<br />

Correto. Nós temos atividade<br />

muito forte junto a Frente Parlamentar<br />

da Agricultura, onde temos<br />

reuniões todas as terças-feiras.<br />

Nós apoiamos financeiramente<br />

o instituto que garante a Frente.<br />

Tudo isso faz diferença. Rondônia<br />

é um estado jovem na produção<br />

rural, não chega a ser tão grande<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

7


ENTREVISTA<br />

como o Mato Grosso, mas agregar<br />

os produtores em associações fortes<br />

trará grandes resultados. Essa<br />

união fez uma grande diferença<br />

no Mato Grosso e fará também em<br />

Rondônia.<br />

Em sua opinião, o Brasil precisa<br />

avançar em quais áreas para<br />

melhorar o agronegócio?<br />

Número um, que todo mundo<br />

sabe, principalmente na região do<br />

Centro-Oeste, é a logística. Nós<br />

do Mato Grosso estamos a 2 mil<br />

quilômetros dos portos e, agora,<br />

de Porto Velho a 1.400 quilômetros,<br />

que ainda é distante. Vocês<br />

aqui tem a facilidade do porto de<br />

Porto Velho que é um corredor de<br />

exportação magnífico. A logística é<br />

um problema seríssimo que atinge<br />

a todos que estão no interior da<br />

América Latina como nós. Outra<br />

coisa que faz diferença brutal nos<br />

países desenvolvidos, e que agora<br />

começa a ser corrigido por aqui,<br />

é o seguro agrícola. O agricultor<br />

que sofreu uma intempérie, que<br />

precisava colher 50 sacas de soja<br />

e colheu apenas 15, vai levar de 5<br />

a 6 anos para se recuperar. Hoje,<br />

não temos um seguro adequado.<br />

Nos Estados Unidos e na Europa,<br />

quando acontece uma perda desse<br />

porte, o seguro resolve o problema.<br />

E como resolver essa<br />

questão do seguro?<br />

Política é a solução. Tanto nos<br />

países ricos como no Brasil, o governo<br />

paga até 50% do prêmio do<br />

seguro, mas aqui é pago de um<br />

jeito que não beneficia o agricultor,<br />

apenas o banco. É preciso, de forma<br />

urgente, o país adotar um sistema<br />

de seguro agrícola eficiente. Neste<br />

ano, no Mato Grosso, tivemos<br />

grandes dificuldades com o clima.<br />

A produtividade foi menor, a safrinha<br />

foi menor. E aí? Quem paga a<br />

conta?<br />

Além da logística e do seguro,<br />

o que mais é preciso para<br />

avançar?<br />

Uma terceira necessidade são<br />

investimentos em tecnologias. O<br />

mundo evoluiu muito. A transgenia<br />

é uma realidade e não tem<br />

como ficar de fora. E agora tem o<br />

software aplicado à agricultura que<br />

começa a tomar corpo com grandes<br />

resultados para o setor. O Brasil<br />

precisa investir na informatização<br />

do campo, com mapas digitalizados,<br />

análise de solo, adubação,<br />

variedade e até sementes. Para ter<br />

ideia, a gente compra máquinas<br />

do mercado americano que tem<br />

tecnologia embarcada muito maior<br />

do que estamos usando. Aí vem<br />

outra questão que é a capacitação<br />

de mão de obra para utilização<br />

dessas novas tecnologias. Não dá<br />

para ficar parado.<br />

Que conselho o senhor daria<br />

ao produtor rondoniense?<br />

Eu não conhecia direito o estado<br />

de Rondônia. Mas vindo de<br />

Porto Velho à Ji-Paraná, observei<br />

que um dos pilares são as pequenas<br />

propriedades desenvolvendo<br />

cidades de certa forma homogêneas.<br />

Vejo isso com bons olhos<br />

porque tem difusão de culturas.<br />

Aqui, o agricultor tem o café, soja,<br />

milho, pimenta, a piscicultura, mas<br />

é preciso adotar o modelo do Mato<br />

Grosso, criando associações fortes<br />

e não ficar esperando apenas pelo<br />

Governo.<br />

O agricultor precisa saber de<br />

sua importância e criar fundos<br />

financeiros para tocar essas associações<br />

e ir atrás da solução de<br />

seus problemas. Isso faz a grande<br />

diferença na agricultura.<br />

É preciso, de<br />

forma urgente,<br />

o país adotar um<br />

sistema de seguro<br />

agrícola eficiente.<br />

Neste ano no Mato<br />

Grosso tivemos<br />

grandes dificuldades<br />

com o clima. A<br />

produtividade foi<br />

menor, a safrinha foi<br />

menor. E aí? Quem<br />

paga a conta?”<br />

8 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


眀 眀 眀 ⸀ 瘀 漀 攀 爀 椀 洀 愀 ⸀ 挀 漀 洀 ⸀ 戀 爀<br />

䴀 䄀 一 䄀 唀 匀 ⼀ 䄀 䴀 䄀 娀 伀 一 䄀 匀<br />

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JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

9


PESQUISA EM CAMPO<br />

DOUTORAS DA<br />

EMBRAPA NO<br />

melhoramento<br />

do arroz e segurança<br />

alimentar<br />

Fotos: Marcos Figueira<br />

O arroz é um dos cereais mais consumidos em todo o mundo e<br />

estima-se que contribua ao redor de 20% da energia e 15% da<br />

proteína ingerida pela população.<br />

Em alguns países da Ásia a quantidade<br />

de arroz consumida é maior<br />

que 100 kg por habitante por ano,<br />

representando mais da metade da ingestão<br />

diária de energia e proteína. É bastante<br />

alta quando comparada à alguns países da<br />

Europa, com o consumo de 10 kg ou menos<br />

de arroz por habitante.<br />

No Brasil a quantidade consumida é<br />

mediana, com variações entre regiões, entre<br />

40 a 60 kg per capita ao ano, que pode<br />

representar em torno de 15% da energia e<br />

10% da proteína da dieta nacional.<br />

Durante décadas a pesquisa brasileira<br />

teve como foco principal o volume de<br />

produção, independente da qualidade do<br />

produto, especialmente para o arroz não<br />

irrigado. O objetivo era produzir o máximo,<br />

mas isso não era suficiente.<br />

Sabemos agora que a nossa preferência<br />

é pelo grão polido, quase transparente e<br />

brilhoso, de formato alongado e estreito,<br />

sem manchas, sem esbranquiçado, tecnicamente<br />

denominado de “longo fino,<br />

tipo 1”. Muitos diziam “agulhinha” para<br />

este formato de grão, que era produzido<br />

no Sul do Brasil, em áreas irrigadas até o<br />

lançamento da variedade Primavera, pela<br />

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária<br />

– Embrapa, em 1997.<br />

Além do formato do grão, a Primavera<br />

tem excelente qualidade de cozimento,<br />

tornando-se a principal variedade de arroz<br />

para condições de cultivo não irrigado. A<br />

estrutura e propriedade do amido que<br />

compõe o grão desta variedade resultam<br />

em grãos cozidos macios e não empapados,<br />

mesmo logo após a colheita.<br />

O impacto da variedade Primavera foi<br />

tão importante no mercado que se tornou<br />

o padrão de excelência, melhorou o preço<br />

pago ao produtor de arroz, aumentou o<br />

preço de mercado do arroz de sequeiro –<br />

sem irrigação, e alterou até o sistema de<br />

produção do arroz.<br />

Nessa mudança econômica e técnica<br />

mudou até mesmo a nomenclatura, do<br />

antigo nome de arroz de sequeiro passamos<br />

a ter arroz de terras altas, mais tecnificado,<br />

com variedades mais exigentes em<br />

cuidados no campo e após a colheita, mas<br />

muito mais produtivas e com grão com<br />

melhor qualidade culinária. E ao invés de<br />

“agulhinha”, a denominação tornou-se tipo<br />

AS DOUTORAS<br />

Marley Marico<br />

Utumi, Valácia<br />

Lemes da Silva<br />

Lobo, Raquel<br />

Mello, Isabela<br />

Volpi Furtini<br />

10 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


Primavera.<br />

O arroz no Brasil é produzido<br />

em basicamente dois sistemas,<br />

o irrigado e o de terras altas.<br />

Nos últimos vinte anos a área<br />

cultivada diminuiu e a produção<br />

aumentou, pois a produtividade<br />

aumentou mais que o aumento da<br />

população. A produção brasileira<br />

é bastante concentrada na região<br />

Sul, com mais de 2/3 da produção,<br />

enquanto a segunda maior região<br />

produtora é a região Norte, com<br />

menos de 10% da produção nacional.<br />

A concentração no Sul preocupa,<br />

pois problemas climáticos<br />

naquela região podem resultar<br />

em grande impacto na produção<br />

brasileira, ressaltando-se também<br />

que as altas produções têm custo<br />

muito elevado num insumo que<br />

é extremamente importante: a<br />

água, pois o arroz sulista é praticamente<br />

todo irrigado e a água<br />

é extremamente necessária nos<br />

centros urbanos.<br />

Além disso, a necessidade de<br />

transportar e distribuir grandes<br />

volumes de arroz desde o Sul<br />

envolve custo que parece ilógico,<br />

pois é possível no mínimo a<br />

produção para consumo mais<br />

regionalizado.<br />

Novos consumidores e situações<br />

de clima, mercado e<br />

economia pedem visão mais<br />

abrangente, pois a dinâmica do<br />

mercado, das áreas para produção<br />

e do consumidor mudam com o<br />

tempo e a pesquisa tem que estar<br />

antenada nas possíveis alterações<br />

e sempre com olhar para o futuro,<br />

pois uma nova variedade brasileira<br />

de arroz demora de cinco a dez<br />

anos para se tornar comercial. Isso<br />

na parte do melhoramento genético,<br />

porque também é necessário<br />

conhecimento, pesquisa e trabalho<br />

de várias áreas, como ajustes<br />

em máquinas, equipamentos e<br />

produtos, tornando necessário<br />

esse aspecto de antecipar e trabalhar<br />

com muitos profissionais<br />

de instituições de diversas regiões.<br />

Do campo, com<br />

as pesquisas,<br />

à mesa<br />

A pesquisa brasileira, especialmente<br />

na Embrapa, continua<br />

focada no cuidado básico para alta<br />

produtividade, estabilidade em<br />

diversos ambientes e qualidade<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 11


PESQUISA EM CAMPO<br />

do produto resultante para o consumidor<br />

e nas demandas específicas do mercado,<br />

seja para consumo interno, como para<br />

exportação.<br />

Mundialmente o arroz é atacado pelo<br />

fungo Pyricularea grisea, causador da<br />

brusone, doença que pode provocar perda<br />

total da produção de grãos. A pesquisa<br />

tenta monitorar o fungo e suas raças e<br />

avaliar o material genético vegetal em<br />

condições controladas e em campo, criando<br />

ou usando condições que promovam<br />

alta incidência da doença, para auxiliar<br />

a seleção de diversos pais para novas<br />

variedades mais tolerantes em condições<br />

de cultivo comercial.<br />

Rondônia, o terceiro maior produtor<br />

de arroz na região Norte se destaca nos<br />

resultados de pesquisa com brusone, no<br />

Campo Experimental da Embrapa Rondônia<br />

em Vilhena, município na região<br />

Sul do estado, que, além disso, é vizinho<br />

ao estado do Mato Grosso, importante<br />

produtor de arroz da região Centro Oeste.<br />

Regionalmente, Vilhena é conhecida<br />

como Cidade Clima, com temperatura<br />

mais amena, com até 70C de diferença<br />

entre a maior e menor temperatura do ar,<br />

num período de 24 horas. No ensaio especial<br />

para brusone em Vilhena, as plantas<br />

ficam naturalmente cobertas de orvalho,<br />

chove quase todos os dias e são utilizados<br />

adubos em excesso e plantas naturalmente<br />

doentes muito próximas, de<br />

modo que quase todos os anos é possível<br />

obter resultados de extrema tolerância e<br />

extrema sensibilidade entre as centenas<br />

de materiais genéticos de arroz do Brasil<br />

e estrangeiros e avaliar as linhagens de<br />

arroz de todas as instituições parceiras do<br />

programa de melhoramento genético de<br />

arroz brasileiro.<br />

Sobre o programa de melhoramento<br />

nacional, que conta com parceiros do<br />

Rio Grande do Sul até Roraima, a Embrapa<br />

Rondônia participa especialmente<br />

nas ações para arroz de terras altas, nos<br />

ensaios finais e intermediários de linhagens<br />

para obtenção e registro de novas<br />

cultivares comerciais. Os ensaios finais<br />

12 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


ocorrem simultaneamente em três locais<br />

do estado, Porto Velho, Ouro Preto do<br />

Oeste e Vilhena, já os intermediários e<br />

avaliação de famílias, apenas em Vilhena,<br />

pois a quantidade de sementes disponíveis<br />

nessas fases ainda não é suficiente<br />

para muitos locais.<br />

Na avaliação de famílias e seleção de<br />

plantas individuais dentro das melhores<br />

famílias para obter novas linhagens e variedades,<br />

buscam-se os objetivos comuns<br />

do projeto de pesquisa: produtividade,<br />

tolerância a doenças e ao acamamento<br />

e qualidade de grãos;. e específicos para<br />

região quente e chuvosa, como extrema<br />

tolerância ao acamamento e baixa altura<br />

de planta. O ciclo mais curto passou a ser<br />

foco também, visando novas variedades<br />

mais precoces, para mais e melhor inserção<br />

do arroz em cultivos na segunda<br />

safra, recuperação/renovação de pastagens,<br />

consórcios com outras espécies ou<br />

sucessão de cultivos.<br />

Nesse sentido, recentemente estiveram<br />

em Rondônia pesquisadoras da<br />

Embrapa, do grupo de melhoramento de<br />

arroz, para diversas ações na área de pesquisa,<br />

como auditar a qualidade do trabalho<br />

de campo e promover treinamento,<br />

discussões, informes de novos enfoques<br />

na pesquisa e apoio para seleção mais eficiente<br />

de linhagens promissoras; coletar<br />

material doente para estudos na área de<br />

biologia molecular; além de estruturar a<br />

programação de ações para avaliação de<br />

problemas emergentes.<br />

Uma das curiosidades sobre como<br />

está a seleção das melhores plantas no<br />

campo, próximo de 10% das quase 400<br />

progênies rondonianas semeadas nesta<br />

safra – descendentes das famílias que<br />

vieram para cá e que foram selecionadas<br />

durante dois a cinco anos, em Vilhena –,<br />

foram escolhidas como as melhores, para<br />

mais avaliação de pós-colheita e preparo<br />

para outros ensaios em Goiás, sede do<br />

programa de melhoramento da Embrapa<br />

e com condições climáticas bem diferentes<br />

das de Rondônia. Assim, poderemos<br />

obter um material genético que também<br />

seja superior para regiões com pouca<br />

chuva, pouca água para irrigação ou solos<br />

mais arenosos.<br />

Atualmente, sobre o melhoramento<br />

de arroz de terras altas, Goiás é a sede<br />

de cruzamentos e seleções, para seis populações,<br />

duas delas para produtividade<br />

e qualidade são avaliadas e continua-se<br />

a seleção em Goiás, Mato Grosso e Rondônia.<br />

Aí então, os melhores materiais<br />

retornam para Goiás para mais testes e<br />

entram nos ensaios regionais e depois<br />

nacionais, em mais estados. Feito isso,<br />

a melhor linhagem torna-se cultivar, a<br />

próxima a ser lançada pela Embrapa está<br />

prevista para até o ano de 2018.<br />

O trabalho de melhoramento de arroz<br />

pela Embrapa em Rondônia – com condições<br />

climáticas de calor intenso, muita<br />

chuva e ambiente propício às principais<br />

doenças (e algumas emergentes) –, conta<br />

com a colaboração de diversas instituições<br />

e está em continuidade aos projetos<br />

de melhoramento realizados pela Embrapa<br />

em todo o país. Isso tem permitido<br />

selecionar e disponibilizar plantas com<br />

características que podem ser interessantes<br />

para a pesquisa. Já foram selecionadas<br />

linhagens mais produtivas, com formato<br />

de grão adequado, mas menores alturas<br />

de planta, ciclo médio precoce e folhas e<br />

colmos que mantem-se verdes mesmo na<br />

época da colheita. A cultivar de arroz de<br />

terras altas BRS Esmeralda, por exemplo,<br />

é uma das mais recentes, desenvolvidas<br />

e recomendadas para Rondônia.<br />

Autoras:<br />

Marley Marico Utumi, Valácia Lemes<br />

da Silva Lobo, Raquel Mello, Isabela Volpi<br />

Furtini<br />

*Engenheiras Agrônomas,<br />

doutoras pesquisadoras em Produção<br />

Vegetal da Embrapa Rondônia1, em<br />

Fitossanidade2 e em Melhoramento<br />

Genético3, da Embrapa Arroz e Feijão<br />

Colaboração:<br />

Renata Kelly da Silva, jornalista da<br />

Embrapa Rondônia, MTb 12361/MG.<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 13


PESQUISA EM CAMPO<br />

MATSUDA LANÇA<br />

DUAS NOVAS<br />

cultivares de capim<br />

Há quase sete décadas no mercado, o Grupo Matsuda é líder mundial na produção e<br />

comercialização de sementes para pastagens tropicais e investe, continuadamente, em<br />

novos produtos por meio de pesquisas e melhoramento genético.<br />

Por Edmilson Rodrigues<br />

Fotos: Marcos Figueira<br />

Com dimensões continentais,<br />

o Brasil tem<br />

grande parte de suas<br />

terras exploradas pela agricultura e<br />

pecuária, e o Grupo Matsuda busca<br />

produzir capim para determinados<br />

nichos de clientes que fazem uso<br />

de diferentes tipos de forrageiras.<br />

Antes do lançamento dos produtos,<br />

técnicos do Grupo Matsuda<br />

realizam Brasil afora o trabalho<br />

chamado de Valor de Cultivo e<br />

Uso (VCU), teste exigido pelo Ministério<br />

da Agricultura, Pecuária e<br />

Abastecimento (Mapa) para avaliar<br />

o índice produtivo da forrageira e<br />

a qualidade. Também realiza trabalho<br />

de adaptação da forrageira<br />

em vários biomas. O trabalho do<br />

Departamento de Pesquisas e Desenvolvimento<br />

do Grupo Matsuda,<br />

através do melhoramento genético,<br />

tem resultado em lançamentos<br />

de novas cultivares de forrageiras<br />

tropicais adaptadas para as diversas<br />

regiões do país, contribuindo<br />

para a geração de plantas adaptadas<br />

aos variados ecossistemas e<br />

geradoras potenciais de forragem<br />

de alto valor.<br />

Durante a 5ª Rondônia Rural<br />

Show em Ji-Paraná, a Matsuda<br />

14 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


apresentou mais duas novas forrageiras:<br />

as cultivares Andropogon<br />

gayanus cv. MG7 Tupã, e a Setária<br />

sphacelata MG11 Tijuca, que são<br />

frutos de 10 anos de estudos e<br />

seleção de plantas e avaliação de<br />

teste de desempenho e ganho de<br />

peso dos animais.<br />

Em 2015, o Grupo Matsuda<br />

havia apresentado na feira de<br />

agronegócio de Ji-Paraná duas<br />

variedades de forrageiras: a panicum<br />

maximum MG12 Paredão e a<br />

brachiaria brizantha MG13 Braúna.<br />

Ambas recomendadas para as fases<br />

de cria, recria e engorda.<br />

Para mostrar a eficiência das<br />

novas plantas e falar das características,<br />

esteve na Vitrine Tecnológica<br />

da Rondônia Rural Show o engenheiro<br />

agrônomo Alberto Takashi<br />

Tsuhako, responsável técnico do<br />

Departamento de Sementes do<br />

Grupo Matsuda.<br />

MG7 Tupã<br />

A MG7 Tupã é uma forrageira<br />

que pode ser indicada para solos<br />

de média a baixa fertilidade,<br />

mais rasos e com cascalho. É um<br />

produto para regiões mais secas,<br />

com ciclo de florescimento de<br />

aproximadamente 10 dias e recomendado<br />

para bovinos nas fases<br />

de cria, recria e engorda, podendo<br />

ser oferecido também a equinos.<br />

MG7 Tupã é uma cultivar de fácil<br />

manejo porque tem porte menor,<br />

talo mais fino, rebrote mais intenso<br />

e ciclo mais longo. O pastejo<br />

deve ocorrer quando as plantas<br />

atingirem 50 a 60 cm, até a altura<br />

de 18 a 20 cm do solo. O ciclo mais<br />

tardio dessa forrageira faz com que<br />

a planta demore mais no processo<br />

de florescimento, mantendo por<br />

mais tempo o seu ciclo vegetativo,<br />

ou seja, o período em que a planta<br />

mais cresce, mais produz forragem<br />

e mantém por mais tempo a qualidade<br />

nutricional.<br />

ALBERTO TAKASHI, engenheiro agrônomo e geneticista<br />

MG11 Tijuca<br />

MG11 Tijuca Hibrido que teve<br />

origem em 2004, através dos<br />

cruzamentos diversos de acessos<br />

de Seraria sphacelata do banco<br />

de germoplasma da Matsuda<br />

Genética e posterior seleção de<br />

população. O trabalho de seleção<br />

de plantas visava um material com<br />

superior produção de forragem,<br />

maior quantidade de folhas, porte<br />

mais baixo e menores teores de<br />

oxalato, características superiores<br />

a cultivar Kazangula, comercializada<br />

há anos. A cultivar MG121<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 15


PESQUISA EM CAMPO<br />

Tijuca é uma gramínea tetraplóide,<br />

de ciclo perene, entouceirada de<br />

crescimento ereto, altura em torno<br />

de 1,65m, com folhas de coloração<br />

verde-azulada e mais de 30 cm de<br />

comprimento por de 1,0 cm de<br />

largura e colmo fino de 0,38 cm<br />

de diâmetro. A planta apresenta<br />

boa qualidade nutricional, tolera<br />

solos de média e baixa fertilidade,<br />

recomendada para bovinos<br />

na fase de cria, recria e engorda,<br />

podendo ser utilizada também<br />

para equinos. A boa tolerância de<br />

solos mal drenados faz com que<br />

a MG11 Tijuca seja uma boa opção<br />

para substituir a Humidicola<br />

nestas áreas, possui a vantagem<br />

de apresentar melhor qualidade<br />

nutricional e suas sementes não<br />

apresentarem dormência. O pastejo<br />

deve ocorrer com plantas de<br />

60 a 70 cm, até a altura de 20cm<br />

de solo. A MG11 Tijuca foi selecionada<br />

visando à diminuição de<br />

teores de oxalato na planta, que<br />

quando consumido pelos animais<br />

através do pastejo pode causar<br />

intoxicação, caracterizado por andar<br />

cambaleante, tetania, diarreia,<br />

escorrimento nasal e, em alguns<br />

casos, sanguinolento.<br />

O técnico do Grupo Matsuda<br />

explicou que as sementes dessas<br />

cultivares serão comercializadas<br />

através da tecnologia de revestimento<br />

“Série Gold Matsuda”, as<br />

chamadas “sementes inteligentes”<br />

que possui tratamento com polímero<br />

e fungicida, melhorando a<br />

eficiência da germinação. Jorge<br />

Matsuda, diretor-presidente do<br />

Grupo Matsuda, também presente<br />

ao evento de Ji-Paraná, enfatizou<br />

que a incessante busca por novos<br />

materiais acompanha a tendência<br />

da evolução tecnológica da pecuária<br />

tropical, revelando altas produtividades<br />

concebidas visando<br />

sempre à sustentabilidade.<br />

NOTA DO PESQUISADOR<br />

O pesquisador do Grupo Matsuda avalia que o trabalho de distribuição<br />

de sementes em Rondônia através da parceria com a Agro<br />

Sementes gerou frutos. A pecuária cresceu, os pastos melhoraram<br />

e o setor evoluiu. Todavia, alerta Alberto Takashi, surgem pragas<br />

naturais que precisam ser combatidas com estudo e tecnologia.<br />

“O grande problema aqui no Norte a gente sabe que é a cigarrinha<br />

das pastagens. Se fosse só a cigarrinha das pastagens o brachiarão<br />

resolvia o problema, mas acontece que está vindo a cigarrinha da<br />

cana-de-açúcar que o nome científico é mahanarva fimbriolata, e<br />

essa cigarrinha não tem nenhum pasto que é resistente onde tem a<br />

presença da cigarrinha vermelha”, observa o agrônomo.<br />

Para esse problema, Alberto Takashi sugere o capim colonião<br />

panicum maximum MG12 Paredão, que tem uma boa relação folha<br />

e talo que possui o joçal (espinho) que fica na base da planta e repele<br />

o ataque de cigarrinha. “A principal característica do MG12 Paredão<br />

para o Norte e aqui para Rondônia é que não sofre ataque da cigarrinha<br />

porque tem um joçal, um pêlo duro igual da cana-de-açúcar, de<br />

zero a vinte centímetros. Como a cigarrinha coloca os ovos no solo,<br />

a ninfa, quando vai eclodir os ovos, não consegue atacar e acaba<br />

morrendo”, revela o pesquisador.<br />

Segundo o Takashi, a característica do solo de Rondônia, uma parte<br />

do Acre e do Amazonas, encharcado, tem problema de drenagem.<br />

A solução para essas terras é a MG11 Tijuca, fruto do cruzamento da<br />

Kazangula, Narok e a Nandi. A MG11 Tijuca não tem oxalato, tem o<br />

talo mais fino e maior quantidade de folhas e da humidicola, solução<br />

anterior, herdou apenas a tolerância a solos alagados.<br />

Analisando a proximidade de Rondônia com mercados norte-<br />

-americano e europeu, Alberto Takashi deu a dica: “É um local estratégico<br />

para atender não só o Brasil, mas o mundo globalizado. Aproveitem<br />

o potencial que vocês têm em Rondônia. Tem umidade, tem<br />

sol, e a coisa mais importante: tem gente com vontade de trabalhar”.<br />

16 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


PECUÁRIA<br />

PECUARISTAS DE<br />

Rondônia com<br />

“los hermanos”<br />

Melhoramento genético e sistema de produção de carne foram os principais<br />

temas abordados no intercâmbio de pecuaristas brasileiros na Argentina<br />

Por Tatiana Freitas<br />

AAlta Genetics realizou<br />

um Showcase na Argentina<br />

para os clientes<br />

brasileiros. Participaram aproximadamente<br />

50 pecuaristas da<br />

Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso,<br />

Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,<br />

Paraná, Rondônia e São Paulo. O<br />

objetivo da companhia é mostrar a<br />

cultura de produção na Argentina<br />

por meio de experiências técnicas,<br />

trocas de ideias e tecnologias, além<br />

de apresentar a genética disponível<br />

da empresa no país.<br />

“É uma oportunidade para<br />

mostrarmos ao mercado a força e<br />

expressão que a genética argentina<br />

têm. Nós temos muito a aprender<br />

com eles que produzem uma carne<br />

de alta qualidade em um ambiente<br />

a pasto e trabalham em um cenário<br />

de livre concorrência entre muitos<br />

frigoríficos”, explica Tiago Carrara,<br />

gerente de mercado da Alta.<br />

As raças trabalhadas durante o<br />

Showcase foram: Angus, Hereford,<br />

Red Angus, Brangus, Braford e<br />

Red Brangus. O evento começou<br />

em Buenos Aires, seguido de uma<br />

visita ao Mercado Liniers – maior<br />

centro de vendas de animais vivos<br />

para frigoríficos da América Latina<br />

– considerado o mais importante<br />

balizador de preços da carne no<br />

país. Os clientes puderam conferir<br />

em tempo real os arremates de<br />

diversas categorias. “Eles também<br />

ficaram impressionados com a<br />

livre concorrência que ocorre por<br />

lá, onde são cadastrados mais de<br />

200 frigoríficos e abatedouros, o<br />

que não ocorre no Brasil”, afirma<br />

Carrara.<br />

Os visitantes também estiveram<br />

na fazenda Las Tres Cruces da<br />

raça Brangus, sendo uma das três<br />

principais desta raça na Argentina,<br />

e conheceram um pouco da cultura<br />

gaúcha na cidade de San Antonio<br />

de Areco rica em artesanatos com<br />

couro, prata e bronze. Também<br />

visitaram a Central da Alta Ciale<br />

em Capitan Sarmiento, e ouviram<br />

palestras sobre melhoramento genético,<br />

evolução genética, critérios<br />

de seleção adotados, mercado de<br />

carne no Brasil e sistema de cruzamento<br />

industrial como alternativa<br />

para otimizar ganhos.<br />

Para fechar, houve desfile de<br />

40 touros das raças trabalhadas e<br />

visita a Cabanha Charles Del Guerrero,<br />

a responsável pela primeira<br />

importação da raça Angus para a<br />

Argentina.<br />

“O Brasil tem sido muito pressionado<br />

a abrir novos mercados<br />

para exportação de carne e estes<br />

mercados exigem melhor qualidade<br />

da carne. Ir para a Argentina<br />

buscar essas iniciativas é uma forma<br />

de vencermos estes desafios”,<br />

finaliza o Gerente de Mercado.<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 17


LOGÍSTICA<br />

TRANSPORTE<br />

INTERMODAL<br />

Hidrovia do Madeira<br />

aproxima Rondônia<br />

do resto do mundo<br />

Por Edmilson Rodrigues<br />

Épromissor o horizonte<br />

que se abre com as<br />

perspectivas de envio,<br />

a cada dia, de mais mercadorias<br />

de Rondônia, Mato Grosso, e parte<br />

do Mato Grosso do Sul, pela<br />

hidrovia do Madeira até o Porto<br />

de Manaus e de lá para qualquer<br />

parte do mundo. À medida que os<br />

gargalos logísticos são reduzidos a<br />

conexão de Rondônia via Rota do<br />

Pacífico com os principais portos<br />

do planeta se torna realidade, ao<br />

passo que os empresários do setor<br />

do agronegócio são atraídos para<br />

essa alternativa de escoamento<br />

da produção. Essa modalidade de<br />

transporte já é utilizada por muitas<br />

empresas rondonienses que encurtam<br />

distância e diluem o custo da<br />

logística.<br />

A primeira grande companhia<br />

de transporte marítimo a iniciar<br />

operação com rota a partir do<br />

porto de Porto Velho foi a Mediterranean<br />

Sphipping Company (MSC),<br />

líder mundial no transporte de<br />

contêineres global. Com sede em<br />

Genebra, na Suíça, a MSC possui<br />

mais de 440 embarcações, opera<br />

480 escritórios em 150 países,<br />

navega em mais de 200 rotas de<br />

18 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016<br />

18 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


comércio, e em 315 portos. Com a<br />

estratégia de uma nova rota para<br />

atender com vantagens Rondônia,<br />

Amazonas e o Sul do Mato Grosso<br />

e aproximar o destino de países<br />

mais próximos e do continente<br />

europeu, a MSC através empresa<br />

SC - a operadora no estado que<br />

transporta os contêineres de balsa<br />

até Manaus – amplia seus parceiros<br />

e atrai novos exportadores.<br />

A nova rota permite a redução<br />

do tempo de deslocamento de<br />

cargas em até 25 dias. Antes, o produto<br />

seguia em uma balsa de Porto<br />

Velho até Manaus e depois por um<br />

navio por toda a costa brasileira<br />

até o Sul, e de lá era enviado para<br />

o destino final, numa operação que<br />

durava entre 80 a 90 dias. Hoje a<br />

rota é de Porto Velho a Manaus,<br />

seguindo o navio direto para o Panamá,<br />

onde navios da MSC partem<br />

para qualquer destino do planeta.<br />

A companhia MSC hoje exporta<br />

produtos de Rondônia para o<br />

mundo inteiro, desde madeira<br />

beneficiada, cassiterita, carne<br />

congelada e as mercadorias têm<br />

como destino os Estados Unidos<br />

da América, a Holanda, a Rússia,<br />

a China, e países da Europa, do<br />

Oriente Médio e da África. Pelo<br />

porto da Capital, a Gramazon de<br />

Ji-Paraná também envia granito<br />

para Manaus e exporta para a Itália.<br />

Além dessa movimentação de<br />

transporte internacional, existem<br />

as cargas normais de soja e grãos,<br />

e rotas saindo de Rondônia para<br />

Manaus (AM) e Santarém (PA) com<br />

contêineres de compensados, de<br />

leite UHT e leite em pó da indústria<br />

Italac de Jarú e do Laticínio Tradição<br />

de Ji-Paraná, baterias; o óleo<br />

de soja da multinacional ADM que<br />

é produzido em Rondonópolis, no<br />

Mato Grosso também segue pelo<br />

porto de Porto Velho.<br />

Na ocasião da 5ª Rondônia<br />

Rural Show, Rui Lourenço, Diretor<br />

Comercial da MSC no Brasil, anunciou<br />

novos parceiros interessados<br />

em exportar carne congelada para<br />

a Europa e o continente africano:<br />

“O foco principal é a logística<br />

fluvial voltada para o comércio<br />

exterior. Tem um potencial muito<br />

grande, há um interesse muito<br />

grande das autoridades. Ao invés<br />

de escoar seu produto através dos<br />

portos do sul aqui você tem um<br />

canal gigante sem restrição de<br />

atendimento fluvial”, comentou o<br />

preposto da MSC, sobre a hidrovia<br />

do Rio Madeira.<br />

Seguindo a tendência de empresas<br />

como os Frigoríficos Minerva,<br />

Tangará e Friboi que se beneficiam<br />

do transporte intermodal<br />

partindo do porto de Rondônia, o<br />

Frigorífico Gonçalves, de Jarú, que<br />

utiliza porto de Navegantes (SC)<br />

para exportar carne para Alexandria,<br />

no Egito, Saint Petersburg,<br />

na Rússia e Hong Kong, na China,<br />

está em vias de fechar uma parceria<br />

com a MSC, segundo informou<br />

Elias José Silva, gerente comercial<br />

da indústria. “De fato, a gente está<br />

tentando usar a rota. A gente ainda<br />

não fez nenhum embarque, vamos<br />

iniciar com um teste via Porto<br />

Velho, e essa mercadoria seguirá<br />

de balsa até Manaus, de Manaus a<br />

carne segue para Hong Kong. Vamos<br />

verificar o tempo de custo. No<br />

passado não deu certo, mas agora<br />

a gente está fazendo a análise para<br />

fazer um teste”.<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

19


LOGÍSTICA<br />

NAVIO VAI ATENDER<br />

RONDÔNIA<br />

pela costa brasileira<br />

e o Mercosul<br />

Diante dos resultados satisfatórios obtidos com a operacionalização da Mediterranean<br />

Sphipping Company (MSC), uma nova rota partindo de Porto Velho foi anunciada no final<br />

de maio, que terá como destino toda costa brasileira, e o Mercosul.<br />

Por Edmilson Rodrigues<br />

Um serviço semanal de<br />

cabotagem vai conectar<br />

o porto de Porto Velho<br />

ao porto de Manaus, seguindo<br />

por uma rota que cruzará toda a<br />

costa brasileira e terá como destino<br />

final Buenos Aires, na Argentina.<br />

Essa rota surge a partir da formalização<br />

da parceria entre a Operadora<br />

Portuária SC Transportes<br />

de Porto Velho e a Log-In Logística<br />

Intermodal, que possui uma<br />

rede integrada de movimentação<br />

portuária por uma extensa malha<br />

intermodal com abrangência geográfica<br />

em todo o Brasil e países<br />

do Mercosul. A MSC não tem permissão<br />

para operar no Mercosul,<br />

mas essa rota será realizada pela<br />

Log-In Logística Intermodal que<br />

20 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO MAIO 2016


gerencia e opera soluções para<br />

movimentação de cargas por meio<br />

de cabotagem, complementada<br />

por ponta rodoviária, e oferece<br />

armazenagem de carga em seus<br />

terminais.<br />

A nova rota vai permitir que<br />

produtos de Rondônia sejam transportados<br />

através de balsas pela<br />

hidrovia do Madeira até Manaus,<br />

de onde partirá um navio semanalmente<br />

com destino a Belém, porto<br />

de Suape em Recife, Fortaleza,<br />

Salvador, Rio de Janeiro, Santos,<br />

Paranaguá, Itajaí, Rio Grande do Sul<br />

e, por último, Buenos Aires.<br />

As empresas que atualmente<br />

utilizam o transporte rodoviário<br />

já começam a migrar para o transporte<br />

intermodal para obterem<br />

a redução no custo do frete. O<br />

frigorífico de peixes Zaltana Pescados,<br />

localizado em Ariquemes,<br />

vai enviar o pescado (tambaqui,<br />

pintado e pirarucu) para o centro<br />

sul do país, para abastecer as redes<br />

de supermercado dos grupos<br />

Pão de Açúcar e Wal-Mart. A Brazil<br />

Manganese Corporation (BMC),<br />

que extrai manganês das minas<br />

de Jaburi e Rio Madeira, na região<br />

de Espigão d’Oeste, vai utilizar o<br />

serviço intermodal para enviar<br />

produtos do manganês a usinas<br />

metalúrgicas de São Paulo e de<br />

Salvador.<br />

O empresário Gilberto Maciel,<br />

da SC Transportes, explica que o<br />

navio da Log-In não vai voltar vazio.<br />

Trará cargas para empresas de<br />

Rondônia que terão uma redução<br />

de custo significativa e vantajosa.<br />

A empresa de suplemento mineral<br />

Big Sal, por exemplo, vai utilizar o<br />

transporte fluvial ao invés de enviar<br />

carretas para o Nordeste brasileiro.<br />

Reduzindo o custo do transporte,<br />

vai baratear o preço final para o<br />

consumidor. No retorno, o navio da<br />

Log-In também poderá trazer insumos<br />

agrícolas, fertilizante e matéria<br />

prima para muitas indústrias que<br />

atuam em Rondônia.<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 21


TENDAS DO COLOMBO:<br />

11 anos de liderança<br />

no Norte do Brasil<br />

Desde quando surgiu<br />

no seguimento de locação<br />

de tendas para<br />

quaisquer ocasiões, e de estrutura<br />

para grandes eventos, a empresa<br />

Tendas do Colombo lidera o mercado<br />

rondoniense, e a cada ano<br />

amplia seus parceiros da iniciativa<br />

privada, no setor público e às<br />

organizações do setor produtivo.<br />

A tendas do Colombo é uma<br />

empresa com sede em Ouro Preto<br />

do Oeste que vai completar 11<br />

anos em setembro. Administrada<br />

pelo casal Cícero e Rosania Albuquerque,<br />

a Tendas do Colombo<br />

a nível nacional está classificada<br />

como a 3ª maior empresa do<br />

seguimento no país em locação<br />

de arquibancadas, estandes e<br />

tendas diferenciadas; a empresa<br />

está presente nos maiores e mais<br />

importante eventos do estado<br />

de Rondônia, no Acre e no sul do<br />

Amazonas.<br />

No seu quadro de funcionários,<br />

a empresa conta com<br />

engenheiro elétrico, engenheiro<br />

químico e engenheiro elétrico, e<br />

segue todas as normas exigidas<br />

pelo Corpo de Bombeiros e a<br />

ABNT. No recinto da feira da 5ª<br />

Rondônia Rural Show, ocorrida<br />

em maio, a Tendas do Colombo<br />

instalou 51 estandes e 128 tendas<br />

e desde o primeiro ano fornece<br />

sua estrutura para o evento. Nas<br />

maiores feiras agropecuárias dos<br />

municípios de Rondônia, a Tendas<br />

do Colombo oferece estrutura<br />

de tendas, pisos com tablado<br />

carpetados e elevados, palco e<br />

camarotes. A empresa também<br />

instala plataforma “sustencar”<br />

nas principais concessionárias<br />

no estado.<br />

A Tendas do Colombo atua no<br />

mercado com o sentido voltado<br />

em estar sempre modernizando<br />

sua estrutura para melhor<br />

atender a ampla clientela: “Nós<br />

estamos presente nos principais<br />

eventos de Rondônia, sempre<br />

trabalhando com eficiência para<br />

garantir a qualidade do nosso<br />

trabalho, o que faz a cada ano aumentar<br />

a nossa responsabilidade<br />

e o nosso número de parceiros”,<br />

define o empresário Cícero Albuquerque.<br />

22 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

23


UM SHOW DE FEIRA<br />

24 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


Maior feira agropecuária do Norte<br />

promete ser maior em 2017<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

25


AGRONEGÓCIO<br />

Por Gerson Costa<br />

Fotos: Marcos Figueira<br />

Inegável afirmar que a crise<br />

econômica pela qual passa o<br />

país não tenha sido sentida<br />

na 5ª edição da Rondônia Rural<br />

Show, realizada de 25 a 28 de maio<br />

no Parque de Exposições Hermínio<br />

Victorelli, em Ji-Paraná. Mas, em<br />

contrapartida, a feira demonstrou<br />

superação. A mostra agrícola, que<br />

em 2017 será realizada em área<br />

própria, também em Ji-Paraná,<br />

apresentou dados que comprovam<br />

isso, e expõe uma mudança<br />

de comportamento do produtor<br />

rural, que esteve mais decidido a<br />

investir e mais cuidadoso com seus<br />

recursos.<br />

Essa afirmação foi unânime<br />

entre os representantes de instituições<br />

financeiras que participaram<br />

da 5ª Rondônia Rural<br />

Show, que tiveram pedidos de<br />

financiamentos (custeio de investimento)<br />

de R$ 346.370.706,50, em<br />

3.446 propostas. Só no Banco da<br />

Amazônia S.A. (Basa) foram apresentados<br />

propostas no montante<br />

de R$ 169.422.523,46. Na mesma<br />

instituição foram liberados ainda<br />

durante a Rondônia Rural Show R$<br />

7.896.959,65.<br />

Esses números, que ainda podem<br />

ter aumento, já que até o final<br />

de junho há análise de propostas,<br />

foram repassados por José Paulo<br />

Ribeiro Gonçalves, coordenador-<br />

-geral do evento, que informou<br />

ainda a quantidade de visitantes<br />

nos quatro dias de feira: 68.051<br />

pessoas.<br />

A Associação de Assistência<br />

Técnica e Extensão Rural (Emater)<br />

transportou 4.201 pessoas. Ainda<br />

durante a feira foram entregues<br />

108 títulos definitivos de propriedade,<br />

o que influencia diretamente<br />

na liberação de crédito.<br />

O total de expositores chegou a<br />

380 na edição deste ano. O Pavilhão<br />

da Agroindústria reuniu 98 expositores<br />

e movimentou R$ 178 mil.<br />

Os 132 artesãos que expuseram<br />

produtos na feira movimentaram<br />

R$ 100 mil. Nas salas de palestras<br />

do Serviço de Apoio à Pequena e<br />

Média Empresa (Sebrae) a participação<br />

chegou a 1.182 pessoas.<br />

Sobre as tecnologias, o secretário<br />

Evandro Padovani (Agricultura)<br />

citou o repasse de informações aos<br />

produtores, destacando os Caminhos<br />

do Café, Leite e Carne, que<br />

foram organizados pela Empresa<br />

Brasileira de Pesquisa Agropecuária<br />

(Embrapa) em ambientes que<br />

26 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


explicavam o passo a passo da produção<br />

até a comercialização. Ali,<br />

dados técnicos e informações sobre<br />

a cadeia produtiva e métodos<br />

de produção foram repassados de<br />

forma didática, com interação dos<br />

técnicos com o público, que teve<br />

a oportunidade de tirar dúvidas. A<br />

vitrine tecnológica, onde empresas<br />

ligadas ao setor primário fizeram<br />

demonstrações práticas de seus<br />

produtos, também foi destacada.<br />

Sobre as máquinas expostas na<br />

feira, Padovani disse que “foram<br />

um atrativo à parte”, com muitas<br />

pessoas tendo a oportunidade<br />

de ligar e até manobrar máquinas<br />

gigantescas e ultramodernas que<br />

geralmente só são vistas em reportagens<br />

sobre grandes produtores<br />

pela televisão. Para o secretário,<br />

essas máquinas já estão introduzidas<br />

nas propriedades e nos<br />

sonhos de consumo dos produtores<br />

rondonienses, em razão dos<br />

resultados financeiros que trazem<br />

às propriedades.<br />

Novidades<br />

em máquinas<br />

e pesquisas<br />

Durante a 5ª Rondônia Rural<br />

Show, os expositores apresentaram<br />

novidades para o setor produtivo<br />

direcionado à colheita de grãos,<br />

plantio e divulgação de novas sementes<br />

de alta produtividade criadas<br />

a partir de estudos científicos<br />

da área privada e pela Embrapa.<br />

Na área reservada a grandes<br />

máquinas, o estande da Case<br />

chamou atenção com a colhedora<br />

AF2566, um monstro mecanizado,<br />

equipado com softwares avançados<br />

e tecnologia de ponta para colheita<br />

da soja. O produtor também<br />

pode conhecer a Farmall 80 e 95,<br />

além da Maxxum 110, 125 e 150,<br />

tratores de amplo uso nas lavouras.<br />

Há mais de 40 anos no ramo,<br />

a Pemaza apresentou um mix de<br />

produtos incorporados para máquinas<br />

do agronegócio da linha<br />

Goodyear. “A gente já era da linha<br />

agro com a atividade na propriedade<br />

rural (Agromaza, que vendeu<br />

touros PO em menos de 2 horas<br />

na Rondônia Rural Show) e vendia<br />

muito pneu para uso florestal, mas<br />

de seis anos para cá ampliamos<br />

nossa participação no agronegócio”,<br />

disse Sávio Martins.<br />

Outra novidade apresentada<br />

para o café foi a máquina recolhedora<br />

semimecanizada da MIAC mo-<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

27


AGRONEGÓCIO<br />

delo 2CR. Três unidades foram negociadas na<br />

feira pela Jacomin Agropecuária e Irrigações<br />

que tem sede em Nova Brasilândia do Oeste.<br />

A máquina chamou atenção dos produtores<br />

porque reduz o custo da mão de obra no<br />

momento da colheita dos grãos.<br />

A Matsuda também esteve presente na<br />

vitrine tecnológica trazendo a pesquisa da<br />

forrageira panicum máximo Paredão. De alta<br />

produtividade, esse novo produto substitui<br />

o capim Mombaça. O pesquisador Alberto<br />

Takachi disse que nos testes o capim produz<br />

seis toneladas a mais de matéria verde por<br />

hectare do que o Mombaça, crescendo até 3<br />

metros de altura com nutrientes poderosos<br />

para engorda do animal.<br />

Sementeiros<br />

prometem<br />

expandir<br />

participação<br />

Embora os números da 5ª Rondônia Rural<br />

Show não estejam consolidados, a 6ª edição<br />

promete ser bem maior. Além do local próprio<br />

adquirido através de cessão da prefeitura de<br />

Ji-Paraná, visitantes de outros países e estados<br />

prometem aumentar a participação com<br />

exposição de produtos, serviços e tecnologia.<br />

Os bolivianos, que negociaram cerca de R$ 1<br />

milhão com a Casa da Lavoura, confirmaram<br />

retorno no próximo ano.<br />

O presidente da Associação dos Produtores<br />

de Sementes do Mato Grosso (Aprosmat),<br />

Carlos Ernesto Augustin, garantiu ao<br />

secretário Evandro Padovani a expansão de<br />

sua participação junto com os associados<br />

para expor as pesquisas de sementes de soja,<br />

algodão, forrageiras, entre outras culturas, na<br />

vitrine tecnológica. A Aprosmat congrega a<br />

Agro Norte, Amaggi, Araguya Sementes para<br />

Pasto, Boa Forma Sementes, Celi Sementes,<br />

Girassol Agrícola, Grupo Bom Futuro, Sementes<br />

Acampo, Sementes Adriana, Sementes<br />

Araguaia, Sementes Aurora, Sementes Arco-<br />

-Iris, Sementes Batovi, Sementes Bom Jesus,<br />

Sementes Campeã, entre outras, cuja maioria<br />

estará na próxima edição da Rondônia Rural<br />

Show.<br />

28 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 29


NOVIDADES NO MERCADO<br />

BUDNY LANÇA<br />

transplantadora da café<br />

No mercado há 25 anos, a brasileira Budny aposta em<br />

Rondônia como o novo alicerce do agronegócio do Brasil<br />

Por Ivonete Gomes<br />

Fotos: Marcos Figueira<br />

O<br />

implemento agrícola<br />

foi apresentado na 5ª<br />

Rondônia Rural Show<br />

pelo presidente da fábrica, Carlos<br />

Budny. “Nosso agricultor tem hoje<br />

a necessidade de expandir seus negócios<br />

com tecnologia e estamos<br />

sempre trabalhando para oferecer<br />

inovações”, disse o presidente.<br />

A transplantadora da Budny é<br />

fruto de uma joint venture com<br />

uma empresa italiana e vai ajudar<br />

os cafeicultores na redução de<br />

custos de transplante da lavoura.<br />

Em Rondônia, onde há uma corrida<br />

para substituição das plantas<br />

formadas a partir de sementes<br />

pelas mudas clonais, a máquina<br />

chega para aliviar o alto preço da<br />

contratação de mão de obra. A<br />

transplantadora também pode ser<br />

utilizada na formação de lavouras<br />

de outras culturas.<br />

A Budny levou, ainda, à maior<br />

feira do agronegócio do Norte<br />

a inovação dos motores. As máquinas<br />

agrícolas estão com motores<br />

MWM de até 75 cavalos de<br />

potência. “É a potência de motor<br />

adequada ao agronegócio”, diz<br />

Carlos Budny.<br />

A empresa, que expande a<br />

participação e ganha espaço nas<br />

lavouras rondonienses, já está presente<br />

em países do Mercosul como<br />

Paraguai, Uruguai, Argentina e, em<br />

breve, também na Bolívia, onde iniciou<br />

negociações para exportação<br />

de maquinário.<br />

Presente em todas as edições da<br />

Rondônia Rural Show, o presidente<br />

lista o evento entre os 20 melhores<br />

do Brasil. “Para nós é um orgulho.<br />

Estivemos na primeira feira, ainda<br />

pequena, e agora estamos vendo<br />

essa grandiosidade. Rondônia continua<br />

crescendo e caminha para ser<br />

o novo alicerce do agronegócio do<br />

Brasil”, diz Budny.<br />

30 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

31


NEGÓCIOS<br />

R$ 100 MILHÕES<br />

vão para o campo<br />

Com as linhas de crédito rural, levadas ao produtor na 5ª Rondônia Rural Show,<br />

o Banco do Brasil recebeu R$ 100 milhões em propostas para financiamento de<br />

materiais, máquinas e implementos agrícolas. Desse total, R$ 54 milhões foram<br />

negociados durante os quatro dias do evento. O valor médio das propostas girou em torno<br />

de R$ 150 mil. Foram mais de 300 apresentadas no estande do banco.<br />

A instituição foi responsável pela liberação de crédito para a compra da primeira recolhedora<br />

de café conilon do estado de Rondônia. O implemento foi vendido pela Jacomin<br />

Agropecuária e Irrigações aos produtores Antônio e Dionísio Alves Sobrinho (os Baianos),<br />

do município de Alvorada do Oeste. O valor financiado foi de R$ 152 mil. A máquina, da<br />

marca Miac, tem capacidade para recolher 1.500 latões por dia e reduz em até 60% os<br />

custos de colheita do café.<br />

32 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


Conheça as linhas de crédito<br />

Pronaf Mais Alimentos – atendimento ao agricultor familiar<br />

Prazo: 10 anos com até 03 anos de carência<br />

Juros: até 5,5% a.a.<br />

Itens financiados: máquinas, equipamentos, tratores, cerca baração,<br />

animais, etc.<br />

Custeio Agricultor Familiar - Pronaf<br />

Prazo: 01 ano<br />

Juros: até 5,5% a.a.<br />

Itens financiados: despesas normais de produção<br />

BNDES Pronamp – Investimento: atendimento ao médio produtor<br />

Prazo: investimento fixo 08 anos, animais e máquina 06 anos. Linha<br />

com até 3 anos de carência.<br />

Juros: 7,5% a.a.<br />

Itens financiados: compra de insumos, sal mineral e adubos, mão de<br />

obra na produção.<br />

EQUIPE DO BANCO DO BRASIL<br />

comemora volume de negócios<br />

da maior feira do Norte<br />

Custeio Agropecuário – atendimento geral a produtores<br />

Prazo: 01 ano<br />

Juros: 8,75% a.a.<br />

Itens financiados: compra de insumos, sal mineral e adubos, mão de<br />

obra na produção<br />

BNDES ABC: Agricultura de baixo carbono<br />

Prazo: 10 aos, com 03 anos de carência<br />

Juros: até 8% a.a.<br />

Itens financiados: projeto de infraestrutura rural, recuperação de<br />

pastagens e plantio de florestas. Animais, máquina e tratores – 40%<br />

do projeto podem ser para esses itens.<br />

Inovagro – Inovocação Tecnológica<br />

Prazo: 10 anos com até 03 anos de carência<br />

Juros: 7,5% a.a.<br />

Itens financiados: projeto de infraestrutura rural, englobando a<br />

melhoria tecnológica da produção<br />

Finame Moderfrota<br />

Prazo: até 08 anos<br />

Juros: 7,5% a.a.<br />

Itens financiados: máquinas e equipamentos novos e usados<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

33


ESPECIAL<br />

FALTOU SÃO PEDRO<br />

para dar uma forcinha ao cafezal<br />

A área plantada de café em Rondônia aumentou em 4,5 mil hectares, chegando<br />

a 94.561, mas a produção apresenta queda e deve ficar em 1,6 milhão de sacas<br />

este ano, 100 mil sacas a menos que a safra 2015<br />

34 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

35


ESPECIAL<br />

Por Ivonete Gomes<br />

Por Marcos Figueira<br />

A<br />

informação consta no relatório<br />

do Observatório Agrícola da<br />

Companhia Nacional de Abastecimento<br />

(Conab), que atribui a retração<br />

de produção à menor produtividade ocasionada<br />

pela falta de chuvas no período<br />

de florada, de setembro a outubro. Nas<br />

áreas irrigadas, a ocorrência de sol forte e<br />

altas temperaturas, registradas em outubro<br />

e novembro, prejudicaram a formação<br />

dos cafeeiros e ocasionaram a queda dos<br />

chumbinhos.<br />

Os números mostram uma queda de<br />

11% de produtividade nos maiores produtores<br />

de conilon do país. No Espírito Santo,<br />

onde há crise hídrica sem precedentes, a<br />

redução foi maior: 16,5%, enquanto em<br />

Rondônia a queda chegou a 5,6%, seguida<br />

de Minas Gerais com 2,3%.<br />

Segundo estimativas da Conab, a produção<br />

da safra 2016 será de 49,7 milhões<br />

de sacas beneficiadas de 60 quilos de<br />

café conilon e arábica . A área plantada<br />

foi calculada em 1,9 milhão hectares (ha).<br />

A produção do conilon representa 18,9%<br />

da produção total e está estimada em 9,4<br />

milhões de sacas, uma redução de 16% em<br />

relação ao ciclo anterior.<br />

Para a safra 2016, considerando as<br />

duas espécies (arábica e conilon), estima-<br />

-se produtividade média de 25,58 sc/ha,<br />

equivalendo a um ganho de 13,7% em<br />

relação à safra passada. Com exceção do<br />

estado de Rondônia, região do Cerrado<br />

baiano, regiões da Zona da Mata e Norte<br />

de Minas, Espírito Santo e do Paraná, todos<br />

outros estados apresentam crescimento na<br />

produtividade.<br />

Perspectivas<br />

Os dados levantados indicam que a área<br />

da cultura para a safra atual deverá permanecer<br />

inalterada. No estado de Rondônia,<br />

a área de produção prevista é de 87.657<br />

hectares, com produtividade média ainda<br />

baixa - 18,56 sc/ha. A queda não foi maior<br />

por que houve entrada de novas áreas de<br />

cultivo do clonal, com produtividade bem<br />

superior as de lavouras seminais. São aproximadamente<br />

7 mil hectares de café clonal<br />

em formação em todo o estado.<br />

Desde a implantação dos clonais em<br />

Rondônia por agricultores capixabas, a<br />

cafeicultura passa por um processo gradativo<br />

de substituição de lavouras. Em alguns<br />

municípios a troca por mudas de café clonal<br />

já ultrapassa 40%.<br />

De acordo com a Conab, essa mudança<br />

vem de fatores como o apoio do governo<br />

e prefeituras na distribuição de calcário e<br />

mudas e o trabalho de extensão rural da<br />

Emater em 44 escritórios situados nas regiões<br />

produtoras. Há, ainda, a contribuição de<br />

instituições financeiras como o Basa, Banco<br />

do Brasil e cooperativas que têm disponibilizado<br />

volume de crédito para custeio e<br />

investimentos necessários.<br />

A Embrapa e o Idaron também constam<br />

no relatório do Observatório Agrícola<br />

como grandes parceiras. A primeira pelas<br />

pesquisas desenvolvidas para melhoramento<br />

de mudas resistentes a pragas e<br />

doenças e com tolerância ao déficit hídrico.<br />

A segunda, por ter publicado portaria<br />

aprovando os requisitos fitossanitários<br />

para a produção, o comércio, entrada, o<br />

trânsito, armazenamento e utilização de<br />

mudas no estado.<br />

36 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


Agricultor mais consciente,<br />

menor custo de produção<br />

O Observatório Agrícola também destaca no relatório<br />

da safra 2016 a busca por profissionalização<br />

dos agricultores. Os pesquisadores verificaram que<br />

em Rondônia os cafeicultores estão adotando boas<br />

práticas agrícolas, principalmente em seleção de<br />

cultivares mais adaptadas, irrigação, adubação adequada,<br />

manejo integrado de pragas e mecanização.<br />

O resultado do avanço da tecnologia é a redução de<br />

21,9% no custo de produção.<br />

Para levantar os custos de produção do conilon<br />

no estado, a Conab levou em consideração a implantação<br />

de alta tecnologia no cultivo do café como<br />

a adoção do sistema de irrigação por aspersão. A<br />

produtividade média alcançada a partir do terceiro<br />

ano, na fase produtiva, é de 4.050 kg/ha ou 68 sacas<br />

de 60 quilos. No sistema de sequeiro, a produtividade<br />

era de apenas 25 sc/ha. A surpresa também decorre<br />

da utilização de mudas adaptadas ao clima e solo,<br />

um trabalho executado pela Embrapa e produtores<br />

independentes de mudas. As variedades lançadas no<br />

campo apresentam grãos com maior uniformidade<br />

de maturação e rendimento no beneficiamento superior<br />

a 52%, o que elevou a produtividade média<br />

para a casa das 68 sacas por hectare em cafezais novos.<br />

Em algumas propriedades a colheita ultrapassa<br />

as 100 sc/ha.<br />

Sobre os levantamentos<br />

da Conab<br />

A Companhia Nacional de Abastecimento realiza<br />

quatro levantamentos no campo ao longo do<br />

ano safra da cultura:<br />

1º - Em novembro e dezembro, com divulgação<br />

em janeiro, no período de pós-florada, um dos<br />

mais importantes da cultura. Nessa ocasião o clima<br />

favorável e as boas práticas agrícolas garantem a<br />

uniformidade e qualidade dos grãos;<br />

2º - Em maio, com divulgação em junho, no<br />

período de pré-colheita, quando menos de 20%<br />

do café do país foram colhidos;<br />

3º - Em agosto, com divulgação em setembro,<br />

no período de plena colheita, de março a outubro,<br />

concentrada de maio a agosto. Nessa fase de levantamento<br />

a colheita já ultrapassa 90% do total<br />

em todo o país;<br />

4º - Em dezembro, com divulgação em janeiro,<br />

é o último da safra e compreende o período de<br />

pós-colheita, com dados consolidados.<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

37


ESPECIAL<br />

JÚLIO CÉSAR MENDES<br />

Passado: colhedor de café<br />

Presente: empresário e cafeicultor<br />

Futuro: o maior em produtividade do Brasil<br />

Por Ivonete Gomes<br />

Enquanto muitos produtores<br />

lamentam a colheita de grãos<br />

abaixo do esperado, outros comemoram<br />

a alta produtividade garantida pela<br />

cafeicultura tecnificada. Com 58 mil pés de<br />

café conilon plantados em 22,8 hectares, o<br />

produtor de Nova Brasilândia do Oeste, Júlio<br />

César Mendes, é um deles. Em uma área<br />

de mudas clonais selecionadas, a produtividade<br />

chegou a 182 sacas por hectare na<br />

última safra e o número vem se repetindo<br />

nesta colheita, iniciada na primeira semana<br />

de junho.<br />

Natural de Aracruz, o capixaba veio<br />

à Rondônia há 17 anos contratado para<br />

ajudar na colheita de um cafezal. Gostou<br />

do que viu nos campos rondonienses e só<br />

telefonou para mãe para informar o novo<br />

endereço que escolheu para viver. Hoje,<br />

Júlio César é empresário do agronegócio,<br />

um dos maiores produtores do estado e não<br />

para de ampliar os investimentos no conilon.<br />

“Estamos preparando uma área para<br />

plantar mais 38 mil pés”, diz o agricultor.<br />

Este ano, o custo de produção da lavoura<br />

do Júlio César girou em torno de R$ 113,00<br />

por saca. É alto, segundo ele, porque somados<br />

a todos os tratos culturais das áreas em<br />

produção estão os gastos com a formação<br />

da nova lavoura. Mas, com a aquisição de<br />

uma máquina para colheita semimecanizada,<br />

o produtor vai ter uma redução de<br />

60% dos custos com mão de obra. “Sem a<br />

máquina eu teria que contratar 80 pessoas<br />

para colheita manual, que levaria mais de<br />

três dias para ser concluída”, diz o capixaba.<br />

A recolhedora do produtor é da marca<br />

Miac e tem capacidade para 1.500 latões<br />

por dia, cerca de 83 sacas de café beneficiado.<br />

“Hoje eu tenho somente quatro<br />

colaboradores na propriedade e mantenho<br />

esse mesmo número na colheita. Se não<br />

fosse a máquina, o custo seria 40% maior”,<br />

afirma o produtor que, colocando as contas<br />

na ponta do lápis, espera uma economia<br />

de R$ 57 mil.<br />

O produtor Júlio César está entre os cafeicultores<br />

de Rondônia que não poupam<br />

na adoção das tecnologias disponíveis para<br />

melhorar a lavoura. Ele, os irmãos e o tio<br />

produzem mudas de clonais no viveiro da<br />

cidade e, a cada safra, fazem a seleção de<br />

materiais mais resistentes a pragas e doenças,<br />

mais tolerantes ao estresse climático<br />

e com alto poder produtivo. “Tivemos um<br />

material aqui que não deu certo. Esse, já<br />

descartamos e transplantamos outras mudas.<br />

O trabalho de pesquisa não para”, diz.<br />

Outro fator importante para a garantia<br />

da alta produtividade do conilon de Rondônia<br />

é a irrigação. Preocupado sempre<br />

com os custos da lavoura e com a sustentabilidade,<br />

o produtor Júlio César adotou<br />

o sistema de irrigação por gotejamento da<br />

Netafim. A tecnologia israelense reduz os<br />

custos com energia e consome quantidade<br />

de água infinitamente maior que o sistema<br />

por aspersão. “Tudo aqui é automatizado.<br />

Não falta água para o café se desenvolver<br />

em todas as fases. Mas, o que nos deixa<br />

também muito satisfeitos, é a economia<br />

com energia elétrica. Antes, a conta da propriedade<br />

era de dois mil e duzentos reais e<br />

hoje não passa de novecentos”, comemora<br />

o produtor.<br />

38 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

39


ESPECIAL<br />

Os 10 passos da cafeicultura tecnificada<br />

Segundo o analista do Campo Experimental da Embrapa de Ouro Preto do Oeste, João Maria, pequenas<br />

ações resultam em grandes produções. Veja quais as técnicas recomendadas para a lavoura cafeeira:<br />

1 – ESCOLHA DA ÁREA<br />

Verifique se área escolhida<br />

para o plantio tem topografia<br />

adequada para o cultivo de<br />

canéfora. Dê preferência a<br />

áreas planas.<br />

2 – BOA FERTILIDADE<br />

através de análises de solo,<br />

feitas em laboratório, saiba os<br />

nutrientes que faltam para a<br />

terra escolhida.<br />

4 – BOA COVA/SULCO:<br />

Faça covas profundas. Quanto<br />

mais fundas, melhor para a<br />

planta.<br />

3 – HISTÓRICO DA ÁREA<br />

Pesquise se na área já houve<br />

plantio de culturas suscetíveis a<br />

nematoides, como hortaliças.<br />

5 – Espaçamento<br />

A Embrapa recomenda uma<br />

haste por metro quadrado.<br />

40 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


7 – ADUBAÇÃO<br />

QUÍMICA E ORGÂNICA:<br />

Use produtos de boa<br />

qualidade, na quantidade<br />

apontada na análise de solo,<br />

dentro dos sulcos.<br />

6 – CALAGEM<br />

O calcário é essencial para<br />

correção de acidez do solo.<br />

É aconselhável a aplicação<br />

sempre que necessário.<br />

8 – Mudas<br />

Nunca compre mudas sem<br />

procedência. Em Rondônia,<br />

a Embrapa recomenda a BRS<br />

Ouro Preto, mas há viveiristas<br />

com materiais que também<br />

apresentam alta qualidade.<br />

9 – PODA DE FORMAÇÃO<br />

Esse procedimento, feito<br />

da forma correta, aumenta<br />

em até 30% a produtividade.<br />

Os pesquisadores indicam a<br />

apical ou vergamento. A técnica<br />

do vergamento promove<br />

crescimento vegetativo superior<br />

durante a formação de cafeeiros<br />

clonais na região amazônica.<br />

10 – IRRIGAÇÃO<br />

Café irrigado é sinônimo de alta produtividade. Em<br />

Rondônia, os produtores estão optando pelo sistema de<br />

gotejamento que gera economia de água e energia elétrica.<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

41


ESPECIAL<br />

QUE TAL<br />

SECAR O CAFÉ<br />

NO TERREIRO?<br />

Tecnologia desenvolvida pela Embrapa Rondônia garante<br />

qualidade, economia e sustentabilidade na cafeicultura<br />

Por Ivonete Gomes<br />

Fotos: Marcos Figueira<br />

Não basta produzir, tem que produzir<br />

com qualidade. A busca do mercado<br />

por um café cada vez melhor, levou<br />

os cafeicultores de Rondônia a uma corrida por<br />

práticas que garantam a segurança alimentar,<br />

uma bebida saborosa e, consequentemente, a<br />

satisfação do consumidor final. O resultado do<br />

sabor e pureza depende do desenvolvimento<br />

de toda a cadeia produtiva, desde a escolha<br />

de mudas que apresentem uniformidade de<br />

maturação dos grãos, até a torrefação. Todas as<br />

fases são importantes, mas uma das principais<br />

preocupações é o processo correto de secagem<br />

do fruto pós-colheita.<br />

De acordo com o analista da Embrapa de<br />

Ouro Preto do Oeste, João Maria Diocleciano, os<br />

grãos colhidos devem ser submetidos imediatamente<br />

ao processo de secagem. “O café não<br />

pode esperar. Depois do terceiro dia, os grãos<br />

úmidos ficam suscetíveis ao ataque de fungos<br />

e começam a fermentar. Isso compromete a<br />

qualidade da bebida”, alerta.<br />

Para garantir grãos secos de forma homogênea<br />

e sem fermentação, a Embrapa Rondônia<br />

desenvolveu uma técnica simples e sustentável:<br />

a Barcaça Seca Café. A estrutura é composta de<br />

um terreiro de cimento com cobertura móvel.<br />

Tem custo acessível, diminui a utilização de mão<br />

de obra e mantém o processo de retirada da<br />

umidade do fruto até no período noturno. Em<br />

condições amazônicas, a temperatura de secagem<br />

varia de 25°C a 45°C, com média próxima<br />

da ideal (35°C).<br />

A cobertura móvel pode ser adaptada em<br />

qualquer terreiro de cimento convencional e<br />

qualquer material transparente pode ser usado<br />

como cobertura. O produtor também pode<br />

automatizar o sistema para ser acionado sem<br />

que ele esteja presente. “Nós mostramos aqui<br />

que a cobertura pode ser acionada de forma<br />

manual e com controle remoto. Mas ela pode ser<br />

melhorada ainda mais com instalações de relés<br />

que acionem o mecanismo quando houver falta<br />

de luz, à noite ou quando indicar chuva”, explica<br />

o analista que pensou o sistema.<br />

As pesquisas realizadas no campo experimental<br />

da Embrapa, em uma barcaça de 20x30<br />

metros com capacidade para 24 sacas por vez,<br />

mostraram que o sistema de secagem mantém<br />

as características sensoriais do café, proporcionando<br />

uma bebida de qualidade.<br />

O tempo de secagem pode variar de oito a<br />

dez dias. Depois de colocar os grãos no terreiro,<br />

o produtor deve fazer as leiras seguindo a<br />

própria sombra. “Essa técnica garante melhor<br />

aproveitando da luz do sol e uniformização<br />

da secagem. Deve ser feita a cada duas horas”,<br />

orienta João Maria.<br />

42 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


Qualidade e economia<br />

incomparáveis<br />

Além de garantir uma secagem correta, sem os riscos de fermentação e<br />

queima em secadores que utilizam altas temperaturas para acelerar o processo,<br />

a Barcaça Seca Café gera uma economia de R$ 20,00 por saca ao produtor. Esse<br />

é o valor praticado por cerealistas para uso do secador. Secando na própria propriedade,<br />

o cafeicultor vai enviar os grãos direto para o beneficiamento. Além<br />

de poupar dinheiro vai ajudar o meio ambiente, contribuindo com a redução<br />

de queima de combustível nos secadores, como lenha e carvão.<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

43


ESPECIAL<br />

Mudas clonais em<br />

tubete e um viveiro padrão<br />

Novas técnicas para reduzir os riscos de<br />

contaminação da lavoura por nematoides<br />

e manter a saúde do produtor<br />

Por Ivonete Gomes<br />

Fotos: Marcos Figueira<br />

Responde pelo nome de nematoide o grande<br />

pesadelo dos produtores de café. O verme é<br />

de difícil controle e combate e leva à perda<br />

total da lavoura. Vive no solo em qualquer ambiente<br />

e consegue resistir ao estresse hídrico durante anos.<br />

Ele chega às áreas de cultivo pela irrigação, ventos<br />

fortes, máquinas e implementos agrícolas, movimento<br />

de animais e pessoas na lavoura e, principalmente, por<br />

mudas produzidas em solos infectados. Por isso, para<br />

eliminar os riscos de levar o nematoide embalado em<br />

sacolinhas de mudas, a Embrapa vem recomendando<br />

aos viveiristas de Rondônia a produção de mudas de<br />

café clonal em tubete.<br />

O material de plástico em forma de tubo, de 180<br />

ml, é preenchido com uma mistura de substratos que<br />

substituem o solo, eliminando em 100% os riscos de<br />

contaminação da lavoura por nematoide. “Estamos<br />

fazendo um trabalho de pesquisa para que produtor<br />

faça seu próprio subestrato na propriedade, diminuindo<br />

os custos de produção de mudas nos tubetes”, diz o<br />

analista da Embrapa, João Maria Diocleciano.<br />

A pesquisa de produção de mudas de café clonal em<br />

tubetes foi desenvolvida no Campo Experimental da<br />

Embrapa de Ouro Preto do Oeste em um viveiro padrão.<br />

A empresa de pesquisas vem orientando os produtores<br />

de mudas sobre a adoção de técnicas corretas tanto<br />

para o melhor desenvolvimento das plantas e quanto<br />

para eliminação de riscos de doenças do viveirista relacionadas<br />

ao trabalho nas estufas. “Mostramos como<br />

é mais confortável o produtor trabalhar com as mudas<br />

em tubete colocadas em bancadas 80 cm de altura. Ele<br />

não precisa ficar agachado para manusear as mudas.<br />

Isso evita que no futuro ele tenha graves doenças ergométricas”,<br />

diz o analista.<br />

As bancadas e a estrutura do viveiro padrão são<br />

metálicas e as bandejas de plástico, com 54 tubetes,<br />

são leves e de fácil manuseio. No viveiro padrão, a<br />

recomendação é pelo uso de irrigação por microaspersão.<br />

O sistema libera gotículas de água que são<br />

absorvidas pelas folhas da planta e proporcionam o<br />

desenvolvimento inicial das mudas clonais. “No viveiro<br />

da Embrapa, trabalhamos com a irrigação em quatro<br />

setores. A distribuição de água é feita de acordo com<br />

a necessidade das mudas”, explica João Maria.<br />

O viveiro padrão tem cobertura plástica e uma<br />

espécie de forro de sombrite que funciona como uma<br />

cortina. A técnica ajuda na climatização e controle da<br />

luz. “Quando estamos na fase de formação dos clones,<br />

as cortinas ficam sempre fechadas. Depois, controlamos<br />

de acordo com a necessidade de luz das plantas”.<br />

Voltando a falar do risco de nematoide, é importante<br />

a dica sobre o piso do viveiro para nunca permitir que<br />

a muda tenha contato com o solo. A Embrapa indica uma<br />

forragem com pedra brita. “Quanto mais o produtor de<br />

mudas se aproximar desse modelo viveiro, melhor vai<br />

produzir”, concluiu o analista da Embrapa.<br />

44 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

45


ESPECIAL<br />

46 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


PODA AUMENTA<br />

em até 30% produtividade<br />

do canéfora<br />

A chamada “poda de formação” melhora desempenho das plantas na primeira safra<br />

Por Renata Silva<br />

Uma nova técnica sistematizada<br />

pela Embrapa<br />

Rondônia, chamada<br />

poda de formação, pode fazer<br />

com que os cafeeiros da espécie<br />

canéfora (Conilon e Robusta) apresentem<br />

aumento de até 30% de<br />

produtividade na primeira safra. A<br />

prática ainda permite a padronização<br />

das podas de produção, já que<br />

as hastes formadas apresentarão a<br />

mesma idade. A poda dos cafeeiros<br />

é praticada por alguns cafeicultores,<br />

porém sem critérios e de forma<br />

empírica. A sistematização traz embasamento<br />

técnico e comprovação<br />

de resultados.<br />

Além disso, se os cafeeiros forem<br />

plantados no mês de janeiro e<br />

a poda realizada em março, a técnica<br />

pode evitar que as plantas cresçam<br />

o suficiente para florescerem<br />

em julho, ou agosto, evitando a colheita<br />

do primeiro ano, conhecida<br />

como catação, que é muitas vezes<br />

inviável para o agricultor, devido<br />

ao alto custo e baixo rendimento.<br />

O pesquisador Marcelo Curitiba,<br />

que sistematizou a poda de formação,<br />

afirma que o aumento da<br />

produtividade na primeira safra e<br />

as demais vantagens compensam<br />

o investimento de tempo que o<br />

produtor faz. Ele exemplifica que<br />

para realização da poda são gastos,<br />

aproximadamente, dez segundos<br />

por planta. Assim, em um dia de<br />

serviço (equivalente a oito horas),<br />

é possível realizar a poda em<br />

aproximadamente 2.900 plantas,<br />

o que corresponde a um hectare<br />

plantado em espaçamento de três<br />

metros entre linhas por 1,15 m<br />

entre plantas.<br />

O cientista comenta que a<br />

operação de seleção de brotos<br />

e a desbrota são um pouco mais<br />

trabalhosas, devido, especialmente<br />

ao processo de seleção. Assim,<br />

considerada a necessidade de 60<br />

segundos por planta, em um dia<br />

de serviço é possível realizar a<br />

poda em aproximadamente 500<br />

plantas, ou seja, aproximadamente<br />

seis dias para fazer a poda em um<br />

hectare. “Em resumo, são necessários<br />

aproximadamente sete dias de<br />

serviço para o retorno de até 30%<br />

da produção de frutos, um retorno<br />

que vale a pena”, conclui Curitiba.<br />

O produtor de café do Município<br />

de Alta Floresta D’Oeste (RO),<br />

Ademar Schmidt, conheceu a<br />

técnica a aprovou. “Eu não deixo<br />

de fazer a poda de formação nas<br />

minhas áreas recém-plantadas. É<br />

fácil de fazer e traz vários benefícios<br />

para a lavoura”, diz. Ele aprendeu<br />

a técnica com a filha Raquel, engenheira-agrônoma<br />

que, em suas<br />

atividades de pesquisa, aplicou<br />

o conhecimento nas lavouras do<br />

pai. “Começamos a usar a poda nas<br />

lavouras para o meu experimento<br />

do trabalho de conclusão do curso.<br />

Vimos os resultados e gostamos.<br />

Depois disso, em todas as lavouras<br />

utilizamos a poda de formação. Os<br />

principais benefícios que destacamos<br />

é a facilidade de aplicação<br />

da técnica e a padronização da<br />

lavoura para a poda programada<br />

depois da terceira colheita”, comenta,<br />

frisando que aumenta a<br />

produtividade já na primeira safra<br />

em torno de 30%.<br />

Outros cafeicultores de Rondônia<br />

já tiveram acesso à nova técnica<br />

e puderam ver o passo a passo para<br />

realizar a poda de formação em<br />

suas lavouras. “Esse treinamento<br />

foi importante porque percebi as<br />

vantagens que essa prática pode<br />

ter”, destacou a produtora familiar<br />

Marlene Alves, durante treinamen-<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

47


ESPECIAL<br />

to realizado em maio deste ano, em<br />

Porto Velho. Ela acrescentou que irá<br />

aplicar a técnica e passar adiante o<br />

conhecimento adquirido.<br />

A técnica<br />

Para que se possa compreender<br />

a importância desta poda, os<br />

cafeeiros Conilon e Robusta são<br />

arbustos multi-hastes (multicaules)<br />

que necessitam ser manejados<br />

de maneira a manter um número<br />

adequado de hastes por planta e<br />

por área, para que possam atingir<br />

o máximo potencial produtivo. O<br />

número de hastes de sustentação<br />

está diretamente relacionado à<br />

produtividade das plantas de café.<br />

Diferentemente dos cafeeiros da<br />

espécie arábica, que são conduzidos<br />

no sistema mono-haste.<br />

Apesar de o cafeeiro ser capaz<br />

de emitir brotações que se tornarão<br />

hastes, isso pode demorar a acontecer<br />

em cafezais recém-plantados<br />

no campo. Este atraso na emissão<br />

de brotos reflete em atraso na<br />

formação da copa multi-haste e,<br />

consequentemente, em menor<br />

produtividade na primeira safra da<br />

lavoura. Esse atraso pode durar até<br />

um ano ou mais e, com isso, além<br />

da reduzida capacidade produtiva,<br />

os brotos formados tardiamente<br />

crescem em condições de baixa<br />

luminosidade e comprometem a<br />

capacidade de sustentação da produção<br />

dos ramos com frutos. “Para<br />

aumentar a capacidade produtiva<br />

na primeira safra, evitar a formação<br />

de hastes finas e alongadas<br />

e padronizar o estádio de desenvolvimento<br />

das hastes produtivas,<br />

recomenda-se a técnica de poda de<br />

formação dos cafeeiros canéfora”,<br />

reforça Curitiba.<br />

Segundo o pesquisador, há<br />

relatos de agricultores que fazem<br />

uma poda similar a esta, de maneira<br />

empírica, mas ela ainda não<br />

havia sido sistematizada, com o<br />

passo a passo e o detalhamento<br />

das vantagens e benefícios causados.<br />

“É uma nova tecnologia, não<br />

havia sistematização para a poda<br />

de formação”, destaca. Com a sistematização,<br />

os produtores podem<br />

seguir as orientações da Embrapa<br />

e obter os resultados na lavoura.<br />

CAFÉ<br />

O passo a passo<br />

A poda de formação é uma técnica<br />

indicada para a formação precoce da<br />

copa dos cafeeiros Conilon e Robusta<br />

e seu objetivo é contribuir com a alta<br />

produtividade na primeira safra. Ela é<br />

realizada de forma manual, utilizandose<br />

como ferramenta uma tesoura de<br />

poda, e consiste de duas etapas: a<br />

poda do ponteiro e limpeza do caule<br />

das plantas; a seleção de brotos e a<br />

limpeza do caule das plantas.<br />

48 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016<br />

O primeiro passo<br />

é a eliminação de<br />

todos os ramos de<br />

produção, folhas<br />

baixeiras e gema<br />

apical (olho do<br />

cafeeiro).<br />

Cerca de 45 a 90<br />

dias após a poda<br />

apical, deve ser<br />

realizada a desbrota,<br />

eliminando-se<br />

o excesso de<br />

brotos conforme<br />

a expectativa do<br />

número de hastes<br />

que se pretende<br />

manter por planta.


Dessa forma,<br />

mantém-se de três<br />

a quatro brotos<br />

por planta, dando<br />

preferência para os<br />

brotos inseridos na<br />

parte mais baixa<br />

do caule.<br />

No momento da<br />

desbrota, devem<br />

ser eliminados<br />

os ramos de<br />

produção do<br />

baixeiro que<br />

tenham surgido<br />

após a poda.<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

49


SUSTENTABILIDADE<br />

POR UMA<br />

irrigação sustentável<br />

O agronegócio está sempre na contra mão da crise. Ainda que a agricultura seja<br />

pouco reconhecida pela sociedade urbana, os números confirmam: em 2015 o Brasil<br />

fechou mais de 1,5 milhão de vagas de empregos, segundo informações do Cadastro<br />

Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Já a agricultura foi o único setor<br />

que gerou mais empregos: 9.821 vagas foram abertas nesse período.<br />

Por Tatiana Freitas<br />

A<br />

sustentabilidade no agro cresce<br />

a cada dia: produtores se preocupam<br />

com a gestão das lavouras,<br />

com a qualidade dos alimentos produzidos,<br />

em atuar de maneira responsável com boas<br />

práticas agrícolas, investindo no campo com<br />

tecnologia avançada e que aumentem a<br />

produtividade.<br />

Quando o assunto é irrigação, não é só<br />

a água quem está envolvida. “É gestão do<br />

uso, é tecnologia, é conhecimento”, explica<br />

Carlos Sanches, gerente agronômico da<br />

Netafim que ressalta: “Temos que saber<br />

usar a água. É um bem finito, que serve a<br />

sociedade rural e urbana. Se não fizermos o<br />

uso correto, afetará o sistema de forma que<br />

até alimento faltará”. Dados mostram que a<br />

necessidade hídrica da agricultura brasileira<br />

chega a 72% de toda a água disponível para<br />

consumo.<br />

50 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

51


SUSTENTABILIDADE<br />

Confira cinco dicas para garantir uma<br />

irrigação sustentável na lavoura<br />

01 Conheça sua infraestrutura: avalie se possui o equipamento de irrigação<br />

mais adequado para a cultura. Eficiência de irrigação é a porcentagem de<br />

água que realmente entra no solo e é usada pela cultura em comparação com<br />

a quantidade bombeada para o sistema: medir e monitorar; uniformidade de<br />

aplicação; uso eficiente da água (m3/ha); e custos de funcionamento.<br />

02 Escolha bem a tecnologia: a irrigação<br />

por gotejamento consiste em levar água<br />

pontualmente e na medida certa para a<br />

planta através de tubos com gotejadores.<br />

O gotejo ainda auxilia no expressivo<br />

aumento da produtividade – podendo<br />

chegar até 200%. “O gotejador permite<br />

que o produtor também realize a técnica<br />

de nutrirrigação em que os nutrientes<br />

são aplicados direto na raiz através das<br />

gotas de água. Dessa forma, a planta<br />

se alimenta mais vezes e em menores<br />

quantidades, o que é ideal para que<br />

absorva os fertilizantes de forma saudável”,<br />

destaca. Além disso, o produtor reduz<br />

custos na produção (mão-de-obra, energia<br />

e insumos), garante homogeneidade<br />

das lavouras, facilidade de manejo com<br />

a implantação da nutrirrigação, entre<br />

outros, que podem representar até 20% de<br />

economia na fazenda.<br />

03 Monitore a lavoura: já existem tecnologias disponíveis para<br />

fazer o controle e gestão automatizados da fazenda, em tempo<br />

real. Mas ainda que o produtor não possa gastar neste momento,<br />

ele mesmo pode controlar. “É preciso gerir a quantidade de<br />

água, fertilizantes, e até de mão-de-obra. Pequenas mudanças<br />

na propriedade como a mudança do horário da irrigação podem<br />

afetar positivamente o balanço final”, acrescenta Sanches.<br />

52 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


04 Conheça os recursos hídricos e de solos, entenda o clima de propriedade<br />

(pluviosidade, temperatura e evapotranspiração), consulte um engenheiro<br />

agrônomo se houver necessidade, e entenda a outorga de água e suas condições<br />

e limitações. Por exemplo: A sua capacidade de armazenamento em barragem<br />

corresponde à sua outorga? Conheça a capacidade de retenção do solo.<br />

A agricultura<br />

está indo<br />

em direção à<br />

sustentabilidade,<br />

e para que<br />

este caminho<br />

seja cada vez<br />

mais curto, são<br />

necessárias<br />

mudanças<br />

frequentes<br />

para garantir a<br />

produtividade<br />

no futuro.<br />

05 Conheça a real necessidade da cultura: compare o uso da água contra os outros na<br />

região. O conhecimento de quando e quanto deve ser aplicado de água depende de medição<br />

da humidade do solo e qual estado vegetativo se encontra a cultura. Muitos irrigantes ainda<br />

não utilizam qualquer forma de monitoramento e programação de irrigação, que devem<br />

formar a base do uso do planejamento de uso da água durante a temporada de irrigação. “Não<br />

é correto confiar somente na pré-programação sem examinar as condições do solo no campo,<br />

mas igualmente basear as decisões de irrigação objetivamente na intuição, experiência ou<br />

caminhando a pé pela área, não vão garantir a aplicação de água ideal”, alerta Sanches.<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

53


SOJA<br />

SOJA<br />

O novo filão do<br />

agronegócio no<br />

Vale do Jamari<br />

54 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


A região já ocupa o segundo lugar no ranking de produção<br />

do estado, e promete ultrapassar o Cone sul, que deu pontapé<br />

inicial ao plantio do grão em Rondônia<br />

Por Jaqueline Alencar<br />

Os investimentos começaram<br />

na microrregião de Vilhena,<br />

atraindo produtores do<br />

estado vizinho. Agora é a hora e a vez<br />

do Vale do Jamari. É o que afirma o<br />

engenheiro agrônomo e fiscal de defesa<br />

agropecuária do Idaron Augusto<br />

Fernandes Neto.<br />

Em entrevista à <strong>Visão</strong> Rondônia, ele<br />

conta que a produção de soja na grande<br />

região de Ariquemes vai ultrapassar<br />

o município campeão, que já ocupou<br />

praticamente toda área disponível para<br />

a cultura do grão. “Nossa região ainda<br />

tem muita área a ser plantada. Com isso,<br />

podemos sim chegar ao topo da lista”,<br />

confirma o engenheiro.<br />

A região de Ariquemes conta apenas<br />

com 37 propriedades cadastradas e<br />

71 produtores investindo em soja e já<br />

atingiu uma área plantada de 15,1 mil<br />

hectares, com produção na casa dos<br />

906 mil quilos. A previsão na região é<br />

de que essa produção se mantenha ou<br />

cresça ainda mais na safra 2016/2017.<br />

De acordo com o engenheiro agrônomo,<br />

a grande projeção da soja no Vale<br />

do Jamari vem acontecendo graças ao<br />

porto de Porto Velho, que tem dado<br />

corpo ao embarque do grão e despertado<br />

interesse dos produtores da região,<br />

empresários de outros estados e até<br />

investidores estrangeiros.<br />

A lucratividade no negócio é certa<br />

e, segundo Augusto Neto, está diretamente<br />

ligada à necessidade de rotação<br />

de culturas. Ou seja, é preciso manter o<br />

solo fértil, integrando na propriedade a<br />

soja, o milho e o capim.<br />

Os projetos públicos e privados de<br />

investimentos também têm estimulado<br />

o cultivo da soja na região. E para quem<br />

ainda duvida que o grão não seja um<br />

bom negócio, o engenheiro do Idaron<br />

garante: “A soja só era inviável até hoje<br />

por causa do custo. Mas, com esta logística<br />

proporcionada através dos portos<br />

(público e privado), dos incentivos que<br />

vêm sendo feitos através do Governo do<br />

Estado como distribuição de calcário,<br />

revenda de insumos e a implantação de<br />

Armazéns de beneficiamento na região,<br />

a produção se tornou um grande filão<br />

no mercado”.<br />

Vazio<br />

sanitário<br />

Outra preocupação dos produtores<br />

em relação aos investimentos<br />

na soja, de acordo com o<br />

fiscal, é com a ferrugem asiática. A<br />

solução, explica Augusto Neto, é o<br />

vazio sanitário, período em que o<br />

produtor não pode ter na lavoura<br />

plantas vivas de soja, ou seja, ela<br />

deve ser mantida por um prazo que<br />

varia de 60 a 90 dias, sem folhas. O<br />

tempo considera o máximo de sobrevivência<br />

dos esporos no ar, que<br />

é de 55 dias. Em Rondônia, o vazio<br />

sanitário começa em 15 de junho e<br />

vai até 15 de setembro. “Somados<br />

os incentivos e as técnicas, com<br />

certeza, investir na soja na nossa<br />

região, ou em qualquer outra do<br />

estado, é de fato, um grande negócio”,<br />

completa.<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

55


SOJA<br />

COMEÇOU<br />

A VAZIO<br />

SANITÁRIO<br />

da soja e multa é<br />

de quase R$ 2,5 mil<br />

Por Amabile Casarin<br />

O<br />

vazio sanitário da soja, período<br />

em que o cultivo da<br />

soja fica proibido, começou<br />

no dia 15 deste mês e segue até 15 de<br />

setembro. Após o vazio sanitário, os<br />

produtores devem cadastrar as áreas<br />

produtoras de soja na Agência de Defesa<br />

Sanitária Agrosilvopastoril do Estado<br />

de Rondônia (Idaron), através do site da<br />

instituição (www.idaron.ro.gov.br) ou<br />

em uma unidade de atendimento.<br />

A medida busca diminuir e controlar<br />

a ferrugem asiática da soja, umas das<br />

principais pragas deste tipo de lavoura.<br />

A ferrugem asiática pode causar danos<br />

ao cultivo da soja de até 90%. Além da<br />

proibição do cultivo, o produtor também<br />

deve eliminar todas as plantas<br />

voluntárias, conhecidas como tigueras,<br />

seja por meio mecânico ou químico.<br />

A gerente de Defesa Vegetal, Rachel<br />

Barbosa, explica que o vazio sanitário<br />

contribui para a diminuição do uso de<br />

agrotóxico. “Desde que começamos<br />

a monitorar o volume de produtos<br />

agrotóxicos utilizados no controle da<br />

ferrugem asiática da soja percebemos<br />

uma diminuição considerável. Em 2011,<br />

tínhamos um consumo em torno de<br />

320.000 litros e hoje verificamos que<br />

esse consumo caiu para 24.500 litros”.<br />

Esse período coincide com a adoção<br />

do vazio sanitário da soja como medida<br />

de controle. “Essa diminuição é bem<br />

expressiva visto que a área de plantio<br />

cresceu pouco mais que 50%, sendo em<br />

2011 de 107 mil hectares passando para<br />

244 mil na safra 2015/2016”.<br />

O não cumprimento do vazio sanitário<br />

pode acarretar em multa de R$<br />

2.443,60 por área plantada. Já para o<br />

produtor que não destruir as plantas<br />

voluntárias a multa é de R$ 6.109,00<br />

por área, podendo ser acrescido em R$<br />

1.221,80 por hectare caso o produtor<br />

recuse-se a destruir essas plantas. A falta<br />

de cadastro da área na Idaron também<br />

pode gerar multa de R$ 1221,80 para o<br />

produtor.<br />

Além de Rondônia, Distrito Federal<br />

e mais dez estados adotam o vazio<br />

sanitário como medida de controle da<br />

ferrugem asiática da soja: Bahia, Goiás,<br />

Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso<br />

do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, São<br />

Paulo e Tocantins.<br />

56 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


Fiscalização do<br />

vazio sanitário<br />

A safra 2015/2016 representou um<br />

aumento de propriedades cadastradas<br />

na Idaron em relação a 2014/2015. Na<br />

última safra foram cadastradas 1.125<br />

propriedades com plantio de soja,<br />

totalizando 244.720,13 ha. Já na safra<br />

2014/2015 foram cadastradas 1.106 áreas<br />

produtoras, totalizando 234.173,35<br />

ha.<br />

No último vazio sanitário da soja, a<br />

Idaron fez 1.122 fiscalizações em 96,38%<br />

das áreas produtoras de soja no Estado,<br />

registrando, entre as agências de defesa<br />

agropecuária do país, o maior percentual<br />

de fiscalização. Foram emitidas 52<br />

notificações e 28 autuações.<br />

Segundo o coordenador de Pragas,<br />

João Paulo Quaresma, o objetivo, neste<br />

vazio sanitário, é fiscalizar in loco todas<br />

as áreas cadastradas na última safra.<br />

Produção de soja<br />

A produção de soja no Estado vem aumentando<br />

a cada ano. Segundo a Companhia Nacional<br />

de Abastecimento (Conab), na safra 2014/2015<br />

foram produzidos 732,9 mil toneladas e na safra<br />

2015/2016 foram produzidos 787,5 mil toneladas,<br />

representando um aumento de 7,4%.<br />

No país, a soja representa quase metade de<br />

todos os grãos produzidos. As lavouras renderam<br />

96.905,1 mil toneladas, aumentando em 0,7% o<br />

quantitativo em relação à safra 2014/2015. O Brasil<br />

é o maior exportador de soja do mundo, seguido<br />

pelos Estados Unidos.<br />

Em Rondônia, de janeiro a maio deste ano, a<br />

soja foi responsável por 44,1% das exportações<br />

estaduais, seguida pela carne bovina congelada,<br />

com 36,45%. Neste período, foram exportados<br />

595,11 milhões de quilos de soja, o que gerou<br />

US$ 209,31 milhões. A exportação de soja teve<br />

um aumento de 32,32% em relação ao mesmo<br />

período de 2015.<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 57


Laboratório de análises agrícolas<br />

Uma empresa especializada em Análises Agrícolas que tem como principal foco promover o<br />

desenvolvimento agrícola. Seguimos os mais rigorosos critérios e normas previstas na Legislação<br />

brasileira para prestar nossos Serviços. Contamos com profissionais capacitados e laboratórios<br />

montados com tecnologia de ponta, tudo isso para garantir precisão, qualidade e confiança na<br />

análise agrícola da sua propriedade independentemente da cultura ou pastagem. Chegamos para<br />

somar, queremos colaborar com o aumento da sua produtividade, otimizar seus investimentos em<br />

insumos, pois acreditamos em Rondônia e no Brasil.<br />

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58 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016<br />

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SOLO<br />

CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS<br />

Rondônia é sede da RCC até 2018<br />

Começaram os preparativos em Rondônia para a realização da 12ª Reunião Brasileira<br />

de Classificação e Correlação de Solos, promovida pela Sociedade Brasileira de<br />

Ciência do Solo (SBCS) e reconhecida entre seus membros por “RCC”.<br />

Por Renata Silva<br />

Fotos: Paulo Wadt e Lúcia Anjos<br />

O<br />

evento deve acontecer<br />

nos próximos dois<br />

anos no estado e já<br />

foi realizado em diversas regiões<br />

do país, desde 1979, tendo como<br />

finalidade aperfeiçoar e discutir o<br />

sistema brasileiro de classificação<br />

de solos, ferramenta importante<br />

para o planejamento de atividades<br />

econômicas em nível local, regional<br />

e nacional, e também para a gestão<br />

de recursos naturais, tanto o solo,<br />

como água e vegetação.<br />

Uma particularidade importante<br />

das RCCs é que essa Reunião não<br />

ocorre em auditórios ou dentro de<br />

instituições, mas leva especialistas<br />

da área de pesquisa, desenvolvimento<br />

e ensino superior nos locais<br />

de ocorrência dos solos a serem<br />

discutidos e debatidos. Ou seja, o<br />

evento é uma atividade itinerante<br />

e que irá percorrer os principais<br />

ambientes do Estado de Rondônia.<br />

Neste sentido, de 25 a 30 de<br />

abril, foi realizada uma das etapas<br />

preparatórias da RCC de Rondônia e<br />

diversas regiões foram percorridas<br />

em um roteiro que se deslocou de<br />

Porto Velho a Vilhena, ao longo do<br />

eixo da rodovia BR 364, adentrando<br />

por rodovias estaduais e estradas<br />

vicinais, bem como, pelas rodovias<br />

BR 429 e BR 435, com passagens<br />

pelas cidades de Ariquemes, Machadinho<br />

do Oeste, Jaru, Ouro Preto<br />

do Oeste, Teixeirópolis, Urupá, Alvorada<br />

do Oeste, Rolim de Moura, Alta<br />

Floresta do Oeste, Pimenta Bueno,<br />

Vilhena, Colorado do Oeste, Cabixi,<br />

Chupinguaia, dentre outras. Segundo<br />

a professora do Instituto Federal<br />

de Rondônia (Ifro), Stella Matoso, “é<br />

importante que o percurso escolhido<br />

reflita a diversidade de solos<br />

do ambiente amazônico, para que<br />

aquela visão equivocada tida pelos<br />

leigos e mesmo profissionais acerca<br />

da homogeneidade de ambientes<br />

na Amazônia seja refutada”.<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 59


SOLO<br />

Especialistas da Embrapa, Universidade<br />

Federal Rural do Rio<br />

de Janeiro (UFRRJ), Universidade<br />

Federal de Rondônia (Unir), Ifro,<br />

Instituto Brasileiro de Geografia e<br />

Estatística (IBGE) e da Companhia<br />

de Pesquisa de Recursos Minerais<br />

(CPRM) estiveram envolvidos nesta<br />

etapa preparatória, os quais foram<br />

unânimes ao reconhecer a complexidade<br />

dos eventos geológicos<br />

que ocorreram onde hoje se situa o<br />

estado de Rondônia, determinando<br />

a formação de solos com ampla<br />

variabilidade de propriedades e<br />

quanto a sua capacidade de uso<br />

da terra.<br />

O pesquisador da Embrapa Rondônia,<br />

Paulo Wadt, destaca que o<br />

conhecimento sobre o potencial de<br />

uso das terras na Amazônia passa<br />

pelo conhecimento aprimorado<br />

dos solos e ambientes da região, o<br />

qual não pode ficar estagnado em<br />

conceitos e definições estabelecidas<br />

sobre os solos da Amazônia da<br />

época em que a agricultura estava<br />

migrando para a região dos cerrados<br />

brasileiros. “É importante que<br />

especialistas conheçam os solos<br />

amazônicos em seu ambiente atual,<br />

para refletirem sobre alternativas<br />

de ocupação, conservação e preservação<br />

destes recursos naturais”,<br />

destaca. Espera-se que mais de 100<br />

especialistas em solos visitem os<br />

diferentes ambientes de Rondônia<br />

durante o evento, estabelecendo<br />

correlações entre a paisagem natural,<br />

a geologia local, o uso agrícola e<br />

a natureza e propriedades dos solos<br />

de cada ponto a ser visitado.<br />

A expectativa dos participantes<br />

desta etapa preparatória é de que a<br />

RCC de Rondônia, assim como aconteceu<br />

nas RCCs de Roraima (2013) e do<br />

Acre (2010), eleve a um novo patamar<br />

o entendimento da complexidade dos<br />

solos do bioma Amazônico, equivocadamente<br />

descritos como invariavelmente<br />

inférteis e improdutivos.<br />

“Desde a RCC do Acre, e depois a RCC<br />

de Roraima, houve um enorme avanço<br />

no conhecimento sobre os solos<br />

amazônicos, inclusive, na revisão de<br />

indicadores de acidez do solo, como<br />

o alumínio trocável. E em Rondônia, a<br />

expectativa é que o avanço sobre o conhecimento<br />

continue surpreendendo<br />

a todos dada a enorme variabilidade<br />

geológica dos ambientes encontrados<br />

nesta viagem preparatória”, explica a<br />

professora da UFRRJ, Lúcia Anjos.<br />

ORDEM<br />

Latossolo<br />

Argissolo<br />

Luvissolo<br />

Neossolo<br />

Nitossolo<br />

Cambissolo<br />

Chemossolo<br />

Espodossolo<br />

Plintossolo<br />

Gleissolo<br />

Organossolo<br />

Classificação do Solo Brasileiro<br />

SUB<br />

ORDEM<br />

Vermelho 2,5 YR ou 10R<br />

Vermelho-Amarelo 5 YR<br />

Amarelo 7,5 ou 10YR<br />

GRANDE<br />

GRUPO<br />

Eutrópico<br />

Mesotrópico<br />

Mesoálico<br />

Distrófico<br />

Ácrico<br />

Álico<br />

Alumínio<br />

Alíco<br />

SUB<br />

GRUPO<br />

Típico<br />

Intermediário<br />

FAMÍLIA<br />

Textura<br />

Horizone A<br />

SÉRIE<br />

Manejo<br />

60 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 61


PESQUISA EM CAMPO<br />

O LABORATÓRIO DE SOLOS<br />

da Embrapa Rondônia recebe<br />

certificação de excelência<br />

Por Renata Silva<br />

Laboratório de Análises de<br />

Solos e Plantas da Embrapa<br />

Rondônia, em Porto<br />

Velho, está mais uma vez entre<br />

os melhores laboratórios avaliados<br />

pelo Programa de Análise<br />

de Qualidade de Laboratórios de<br />

Fertilidade (PAQLF), coordenado<br />

pela Embrapa Solos (RJ), tendo recebido<br />

o Selo de Qualidade PAQLF<br />

2016. Segundo a pesquisadora<br />

responsável pelo Laboratório, Marília<br />

Locatelli, o Certificado de Excelência<br />

recebido é um reconhecimento<br />

ao trabalho desenvolvido<br />

no ano de 2015. “Demonstra que<br />

foram atendidos, com excelência,<br />

os critérios de qualidade de análise<br />

de solos constantes no Manual<br />

de Métodos de Análise de Solos da<br />

Embrapa. Assim como os produtores<br />

que trazem suas amostras para<br />

o laboratório podem ter confiança<br />

nos resultados”, destaca.<br />

As análises de fertilidade do<br />

solo atendem tanto às pesquisas<br />

da Embrapa Rondônia quanto<br />

aos clientes externos (produtores<br />

e técnicos). Essa análise é fundamental<br />

para diagnose do solo e<br />

planejamento dos produtores,<br />

para garantir uma produção sustentável,<br />

e precisam ser feitas em<br />

laboratórios confiáveis. “A certificação<br />

é a garantia dessa confiabilidade<br />

que todos os usuários<br />

do nosso laboratório terão e permitem<br />

fazer suas interpretações<br />

e recomendações de corretivos<br />

e adubos. É importante<br />

para a pesquisa e para os produtores<br />

rurais o monitoramento da<br />

fertilidade através de resultados<br />

confiáveis”, completa Locatelli.<br />

Foram avaliados mais de 140<br />

laboratórios em todo o país e o<br />

Laboratório de Solos da Embrapa<br />

Rondônia obteve a classificação<br />

nível A, com a nota 95,54, que<br />

corresponde ficar entre os 10 melhores<br />

laboratórios do programa.<br />

“É uma grande satisfação para nós<br />

da Embrapa Rondônia que a cada<br />

ano mantém essa certificação, devido<br />

à sua equipe que está sempre<br />

atenda à qualidade dos seus<br />

serviços”, reforça o pesquisador<br />

da Embrapa<br />

Rondônia, Ângelo<br />

Mansur.<br />

62 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


O Programa<br />

O Programa de Análise de<br />

Qualidade de Laboratórios de<br />

Fertilidade (PAQLF) tem como<br />

principal objetivo a verificação<br />

da qualidade das determinações<br />

analíticas em solos dos laboratórios<br />

de instituições públicas e<br />

privadas, tendo em vista a garantia<br />

dos resultados gerados pelos<br />

participantes e utilizados para o<br />

cálculo dos níveis de adubação<br />

e calagem que serão aplicados<br />

pelos produtores rurais de todas<br />

as regiões do Brasil.<br />

O PAQLF fornece, a cada ano,<br />

um kit com 12 amostras de solo<br />

aos laboratórios participantes,<br />

para determinações de fertilidade<br />

de solos. Os laboratórios avaliados<br />

como sendo de excelência<br />

adquirem o direito de utilizar o<br />

Selo de Qualidade do PAQLF pelo<br />

período de um ano. Tais selos são<br />

rastreáveis, únicos em programas<br />

desta natureza, possuindo itens<br />

de segurança que impedem sua<br />

falsificação ou utilização indevida.<br />

Além disso, o programa auxilia<br />

aos laboratórios para identificação<br />

dos problemas detectados<br />

e também com treinamentos e<br />

disponibilização de metodologias<br />

ente outras informações<br />

que permitem a melhoria<br />

continua dos laboratórios<br />

participantes do<br />

PAQLF.<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

63


PRODUTO NOSSO<br />

PRODUÇÃO DE<br />

TOMATE MOVIMENTA<br />

economia de São Felipe<br />

Com seis mil habitantes, o município de São Felipe do Oeste, localizado a 541 quilômetros<br />

de Porto Velho, é o maior produtor de tomate do estado de Rondônia. Cerca de 40% da<br />

população vivem diretamente do plantio e venda do fruto.<br />

Por Gerson Costa<br />

Os irmãos Ademir Rodrigues<br />

de Moraes e Adair<br />

Rodrigues de Moraes<br />

cultivam tomate há mais de 15<br />

anos e são os maiores produtores<br />

da microrregião da Zona da Mata.<br />

No sítio da família estão plantados<br />

53 mil pés em uma área de 4 hectares.<br />

Toda produção é comercializada<br />

para Manaus, mas os preços<br />

não agradam os agricultores. Sem<br />

apoio governamental, os irmãos<br />

precisam negociar com os atravessadores,<br />

que formam carteis de<br />

preços e acabam fazendo “leilão”<br />

na propriedade. Uma caixa com 21<br />

quilos, geralmente negociada a R$<br />

35,00, é vendida, dependendo do<br />

mercado e do apuro do agricultor,<br />

a R$ 21,00. Os frutos são levados<br />

ainda verdes para aguentar o longo<br />

trajeto de balsa até a capital do<br />

Amazonas, onde o preço da caixa<br />

do tomate é negociado por até R$<br />

200,00.<br />

Ademir acredita que se o governo<br />

criasse um centro distribuidor<br />

e fornecesse o transporte para o<br />

tomate, o produtor ganharia mais<br />

com a lavoura, eliminando a figura<br />

do atravessador. A falta de incentivo<br />

público é mais grave em São<br />

Felipe. O município tem extensão<br />

territorial de pouco mais de 541<br />

quilômetros quadrados e mais de<br />

500 mil pés sustentando cerca de<br />

duas mil famílias de agricultores.<br />

A maioria reclama da ausência da<br />

Empresa Estadual de Assistência<br />

Técnica e Extensão Rural do Estado<br />

de Rondônia (Emater). As variedades<br />

e técnicas de plantio foram um<br />

aprendizado feito a duras penas<br />

pelos produtores, perdendo lavouras<br />

para as pragas e cultivando<br />

64 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


frutos sem ter mercado apropriado.<br />

Os irmãos Rodrigues cultivam<br />

a variedade faccini que, segundo<br />

eles, tem boa aceitação no mercado<br />

de hortaliças. Mas já amargaram<br />

prejuízos com o tipo santa adélia.<br />

Como não tem extensão rural a<br />

disposição, a família é quem faz<br />

as pesquisas por conta própria.<br />

Nessa safra foram plantados 1 mil<br />

pés da variedade “liberty” como<br />

“experiência”.<br />

Custos e<br />

as pragas<br />

na lavoura<br />

No sítio dos irmãos Rodrigues<br />

o custo de produção é alto. Eles<br />

têm gastos com sementes (cerca<br />

de R$ 330,00 a cada 1 mil pés),<br />

adubo, sistema de irrigação<br />

por gotejo e a mão de obra. No<br />

plantio e trato da lavoura, são 4 a<br />

5 pessoas cuidando diariamente<br />

do espaçamento da planta e das<br />

hastes para segurar o caule. Na<br />

colheita, esse número salta para<br />

25 homens colhendo o tomate.<br />

A praga mais comum em São<br />

Felipe é a murchadeira. A murcha<br />

bacteriana é uma doença<br />

comum nos trópicos e regiões<br />

mais quentes. As plantas afetadas<br />

murcham a partir da parte<br />

apical e os sintomas, na fase<br />

inicial, manifestam-se nas horas<br />

mais quentes do dia. A murcha<br />

vai progredindo de forma irreversível,<br />

devido a não translocacão<br />

de água e seiva pelo sistema<br />

vascular, até causar a morte da<br />

planta. Para fugir da praga, a<br />

cada nova safra, os irmãos Rodrigues<br />

mudam a lavoura de local e<br />

só retornam ao plantio original a<br />

cada 2 anos. “Conseguimos evitar<br />

a doença transferindo a lavoura<br />

de lugar a cada ano”, explicou<br />

Ademir. Na sua propriedade, ele<br />

colhe duas safras por ano. “Isso<br />

tudo puxa os custos. Porque a<br />

gente tem que mudar também<br />

o sistema de irrigação”, conta<br />

ele. “Aguardamos que o estado<br />

nos dê condições para vender<br />

a bons preços nosso produto e<br />

nos forneça assistência técnica”,<br />

cobrou.<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

65


PRODUTO NOSSO<br />

AGROINDÚSTRIA<br />

FAMILIAR<br />

e diversificação<br />

ignoram crise<br />

Fé no potencial da terra e força nos braços faz dos agroindustriais<br />

familiares de Rondônia vencedores e empreendedores do futuro<br />

da maior vocação do estado: o agro .<br />

Por Roni Viana<br />

As características de Rondônia,<br />

onde a predominância<br />

é de pequenas<br />

propriedades, levam a um processo<br />

em expansão agroindustrial<br />

no estado. O fortalecimento da<br />

agroindústria, sobretudo familiar,<br />

tem garantindo a mudança na<br />

vida de muitas pessoas, que acreditam<br />

no potencial de suas terras<br />

e na força de seus braços. Prova<br />

irrefutável foi a Rondônia Rural<br />

Show, que aconteceu de 25 a 28<br />

de maio em Ji-Paraná, e que destinou<br />

um pavilhão exclusivamente<br />

aos agroindustriais familiares.<br />

Ali estiveram aproximadamente<br />

100 expositores, que movimentaram<br />

R$ 178 mil em quatro dias<br />

de feira. Os números parecem<br />

pequenos perto dos números<br />

gerais, mas há de se observar que<br />

as vendas são todas feitas à vista,<br />

em dinheiro.<br />

O governo, por<br />

meio da Secretaria<br />

de Agricultura<br />

(Seagri) e órgãos<br />

parceiros, incentiva<br />

a participação<br />

dos produtores<br />

nas grandes<br />

feiras, com apoio<br />

ao deslocamento e<br />

estadia e o resultado é<br />

lucro certo para quem<br />

não espera o cliente<br />

vir até ele, mas vai<br />

aonde ele está.<br />

Um dos exemplos desses “nômades”<br />

da agroindústria rondoniense<br />

é o ex-carreteiro José<br />

Ribamar Paulo Egito, de 39 anos,<br />

do Sítio Coqueiral em Espigão do<br />

Oeste. Juntamente com seus familiares<br />

(são três famílias inteiras<br />

vivendo dessa atividade) e com<br />

apoio do técnico da Associação<br />

de Assistência Técnica e Extensão<br />

Rural (Emater), Samuel Borges,<br />

o produtor José Ribamar envasa<br />

200 garrafas de 400 mililitros (ml)<br />

por semana. O resultado vem de<br />

3.500 pés de coco em uma área de<br />

8 hectares (ha). Ele conta que a capacidade<br />

industrial é de 300 litros/<br />

dia, mas não há coco suficiente<br />

para tanto. Investimentos são<br />

feitos para melhorar a produção,<br />

que vem de uma nova variedade<br />

de coco anão de alta produção.<br />

Isso vem sendo feito há dois anos<br />

com safra agroecológica, com zero<br />

66 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


O PRODUTOR JOSÉ RIBAMAR<br />

deixou a boleia de uma carreta<br />

para investir em propriedade<br />

rural familiar, sempre com<br />

apoio do técnico da Emater,<br />

Samuel Borges<br />

uso de defensivos. O controle de<br />

pragas é feito manualmente e com<br />

uso de repelentes naturais.<br />

Na variedade que utilizam na<br />

propriedade, a capacidade de<br />

cada pé de coco é de 250 frutos<br />

por ano. A colheita é feita de<br />

maneira cíclica, ou seja, os mais<br />

maduros de cada pé são retirados,<br />

enquanto os mais verdes ficam no<br />

pé até chegarem ao ponto.<br />

Sobre os investimentos na<br />

propriedade, o produtor diz que<br />

no início (há dois anos) fez financiamento<br />

de custeio no valor de<br />

R$ 60 mil junto ao Banco da Amazônia<br />

S.A. (Basa) e mais R$ 45 mil<br />

para a estrutura do prédio onde<br />

ficam as máquinas. Os recursos de<br />

custeio são aplicados em irrigação<br />

e adubação do coqueiral, o que<br />

eleva a produtividade. A 5ª edição<br />

da Rondônia Rural Show foi a primeira<br />

com a participação do Sítio<br />

Coqueiral, mas os proprietários<br />

se mostraram satisfeitos com o<br />

resultado; toda a produção levada<br />

à feira foi vendida nos dois primeiros<br />

dias, a partir daí foi preciso vir<br />

mais garrafas de água de coco de<br />

Espigão até Ji-Paraná. Além dos<br />

cocos, a propriedade, que tem<br />

uma área total de 32 ha, produz<br />

peixe e café, o que comprova que<br />

acreditar e diversificar são atividades<br />

de futuro em Rondônia.<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 67


PRODUTO NOSSO<br />

Doces regionais de Candeias do Jamari<br />

JOÃO E MARIA, de<br />

Candeias do Jamari,<br />

trouxeram doces<br />

de frutos regionais<br />

e se mostraram<br />

animados com a<br />

edição de 2016 da<br />

Rondônia Rural Show<br />

A diversificação da produção<br />

nas propriedades se refletiu na<br />

5ª Rondônia Rural Show. No<br />

pavilhão da agroindústria havia<br />

produtores de doces a temperos,<br />

passando por vinhos, água de<br />

coco e embutidos. Produtores<br />

de todas as regiões do Estado<br />

vieram até o parque de exposições<br />

de Ji-Paraná. Dois desses<br />

produtores formam o casal Maria<br />

Augusta Santos Oliveira e João<br />

Lino (59 anos), que vieram à feira<br />

pela segunda vez. De Candeias<br />

do Jamari, a quase 350 quilômetros<br />

de Ji-Paraná, o casal obteve<br />

bom resultado com a venda de<br />

doces feitos com a produção de<br />

frutas regionais.<br />

A marca “Sabor do Sítio”, já<br />

registrada, está no mercado há<br />

cinco anos e, além de utilizar<br />

todo o potencial produtivo das<br />

terras do casal, em algumas épocas<br />

do ano os vizinhos também<br />

entregam parte da produção.<br />

Para a aquisição de equipamentos,<br />

Maria Agusta e João<br />

Lino dizem que tiveram apoio<br />

dos bancos do Povo e Basa, em<br />

linhas especiais de custeio e investimento<br />

que também influenciaram<br />

sua decisão de investir.<br />

Decisão acertada, disseram, pelo<br />

resultado que conseguiram nos<br />

quatro dias da mostra agrícola.<br />

68 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


Culinária variada vem<br />

de múltiplas culturas<br />

DE MINAS GERAIS PARA<br />

RONDÔNIA<br />

e a maior feira de negócios<br />

rurais do Norte; queijos<br />

e outros derivados do<br />

leite estiveram entre os<br />

produtos mais vendidos<br />

Os incentivos dados pelo governo<br />

federal na década de 70<br />

para que produtores colonizassem<br />

o Norte do país fez com que pessoas<br />

de diversos estados viessem a<br />

Rondônia. Paranaenses, gaúchos,<br />

catarinenses, capixabas, mineiros;<br />

praticamente de todos os estados<br />

do país, as famílias atenderem ao<br />

chamado do governo e fizeram<br />

de Rondônia o que se tornou.<br />

Junto com os costumes, veio a<br />

culinária e é indiscutível que uma<br />

das mais apreciadas é a mineira.<br />

E essa culinária esteve presente à<br />

Rondônia Rural Show 2016, trazida<br />

por Edimar Martins do Carmo<br />

(49 anos). Natural de Governador<br />

Valadares, o produtor de Nova<br />

Mamoré, trouxe queijo, manteiga<br />

de garrafa e outros derivados do<br />

leite que estiveram à venda durante<br />

a feira. Colhendo os resultados<br />

dos investimentos que fez há dois<br />

anos, o produtor mal conseguiu<br />

falar à <strong>Revista</strong> <strong>Visão</strong>, tamanha a<br />

procura dos produtos expostos<br />

no seu estande.<br />

Atencioso tanto à reportagem<br />

quanto aos clientes, Edimar<br />

Martins conta que procurou recursos<br />

do Programa Nacional do<br />

Fortalecimento da Agricultura<br />

Familiar (Pronaf) para construir a<br />

estrutura onde estão as máquinas.<br />

O maquinário, como informou, foi<br />

repassado pelo governo do Estado<br />

em forma de comodato e isso foi<br />

um dos grandes diferenciais para<br />

que esteja prosperando.<br />

O produtor afirma que a Rondônia<br />

Rural Show é uma feira que<br />

traz ótimos resultados comerciais,<br />

mas além disso promove a divulgação<br />

da produção da agroindústria<br />

familiar de Rondônia, “e isso é<br />

muito importante”, disse.<br />

Para a próxima edição da mostra<br />

agrícola, que já será em nova<br />

área (Ji-Paraná fez doação de área<br />

exclusiva à Rondônia Rural Show),<br />

Edimar Martins diz que pretende<br />

trazer ainda maior variedade de<br />

produtos e em maior quantidade.<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 69


EMPREENDEDORISMO<br />

HIDROPONIA<br />

Negócio promissor<br />

faz irmãos mudarem<br />

de atividade<br />

Em Ouro Preto do Oeste há um exemplo positivo de como a atividade da<br />

horticultura, com o domínio da técnica da hidroponia, fez dois irmãos mudarem<br />

de ramos, quando vislumbraram a possibilidade de ganhar dinheiro pelo<br />

sistema de cultivo de hortaliças dentro de estufas sem uso de solo. Um cultivo de<br />

produção disciplinado que eles sequer tinham conhecimento.<br />

Por Edmilson Rodrigues<br />

Texto e fotos<br />

Em março de 2012, Natanael<br />

Borges Barroso, 40<br />

anos, administrava uma<br />

fábrica de estofados, mas o comércio<br />

ia mal, as contas não fechavam<br />

e as dívidas se multiplicavam. O<br />

irmão, Natan Borges Barroso, 46,<br />

lidava com uma pequena fábrica<br />

de produção de lingeries, mas<br />

também não estava satisfeito com<br />

o desempenho financeiro do empreendimento<br />

e vivia preocupado<br />

com o endividamento.<br />

Os irmãos visitaram na região<br />

hortas produzidas em sistema de<br />

hidroponia e adquiriram conhecimento<br />

necessário para começar.<br />

Inicialmente, investiram R$ 8 mil<br />

em duas estufas, cada uma medindo<br />

cinco metros e meio de largura<br />

HORTA FAMILIAR<br />

Todo o trabalho executado na<br />

Horta Ouro Verde é feito em<br />

família. Além do produtor rural<br />

Natanael Borges, trabalham na<br />

cultiva a mulher, as duas filhas<br />

gêmeas de 18 anos, o irmão<br />

Natan com a mulher e um filho,<br />

outro irmão mais velho e os pais.<br />

A Horta Ouro Verde já recebeu<br />

universitários de cursos de<br />

Agronomia do campus da Ulbra<br />

de Ji-Paraná em temporada<br />

de trabalho de estágio. Eles<br />

ajudaram na construção de<br />

estufas, participaram do plantio,<br />

de em todos os processos até a<br />

colheita do produto final.<br />

70 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


por 20 metros de comprimento. A<br />

produção inicial das duas estufas<br />

foi de 4.200 pés de alface. Como<br />

para cada maço (sacola) de alface<br />

são necessários dois pés, dava para<br />

embalar 2.100 maços.<br />

RESULTADO EM<br />

CURTO PRAZO<br />

Quatro anos depois, a Horta Ouro<br />

Verde conta com uma área de produção<br />

de 1 alqueire e cultiva alface,<br />

agrião, almeirão e salsa em 39 estufas,<br />

20 com até 60 metros de comprimento.<br />

Cada uma tem capacidade<br />

de produzir mais de 2.000 pés de<br />

verduras nas covas das bancadas.<br />

De acordo com Natanael, ao longo<br />

dos anos, as dívidas com banco e<br />

os fornecedores do antigo ramo de<br />

fabricar e reformar estofados foram<br />

sanadas graças ao lucro obtido com<br />

a horta. Ele também já recuperou o<br />

investimento de aproximadamente<br />

R$ 140 mil na ampliação da área de<br />

produção. As verduras produzidas<br />

são comercializadas nos principais<br />

supermercados da cidade de Ouro<br />

Preto, e esporadicamente em estabelecimentos<br />

das cidades de Jaru e<br />

de Ji-Paraná.<br />

PROSPERIDADE<br />

A Horta Ouro Verde criada pelos<br />

irmãos que queriam mudar de ramo<br />

vem comprovando que a produção<br />

de hortaliças com emprego das técnicas<br />

da hidroponia gera alta produtividade<br />

com verduras de qualidade<br />

superior. A horta permite colheitas<br />

ininterruptas independente das variações<br />

do tempo, e essa eficiência<br />

apresentada dá o retorno financeiro<br />

imediato e em curto prazo. “Nossa<br />

horta permite o controle de produção<br />

e temos mercado garantido e<br />

em expansão. Tudo que nós construímos<br />

em ampliação e melhorias<br />

até o momento nós tiramos daqui.<br />

Não temos uma matemática precisa<br />

porque agora é que começamos a<br />

contabilizar, mas os resultados estão<br />

aí”, comemora Natanael.<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 71


EMPREENDEDORISMO<br />

PROSPERIDADE<br />

E SUCESSO<br />

de todas as feiras<br />

da semana<br />

Por Giliane Perin<br />

Há 15 anos, Vilma Cândido<br />

da Silva é feirante.<br />

No início ela produzia<br />

e vendia um pouco de tudo, frutas,<br />

verduras, legumes. Chegou a<br />

participar de todas as feiras livres<br />

que havia em Cacoal. Há seis anos,<br />

Vilma começou a trabalhar diferente.<br />

Percebendo a dificuldade<br />

que muitos agricultores tinham<br />

em trazer os seus produtos para a<br />

cidade, ela se propôs a “intermediar”<br />

o negócio. Hoje Vilma é uma<br />

atravessadora, compra o produto<br />

direto dos produtores e revende<br />

nas feiras de Cacoal.<br />

“Atravessar é como nós feirantes<br />

chamamos aqueles que<br />

assim como eu, fazem esse meio<br />

de campo. Tem produtor que não<br />

tem como trazer os produtos para<br />

a cidade. No meu caso eu compro<br />

mandioca para vender aqui nas feiras.<br />

Então eu vou lá, compro deles<br />

e venho vender na cidade, nas três<br />

feiras em que eu participo”, conta.<br />

O atravessador se tornou uma<br />

figura importante, tanto para os<br />

produtores, quanto para os feirantes.<br />

Seja pela questão financeira,<br />

pelas condições das estradas na<br />

área rural ou qualquer que seja<br />

o motivo, muitos agricultores<br />

perderiam a produção se não<br />

houvesse os atravessadores que se<br />

comprometem a ir na propriedade<br />

comprar o produto diretamente do<br />

produtor para a revenda.<br />

Vilma compra a mandioca de<br />

seis famílias. Já o feirante Sedival<br />

Pezin Viguini, popular Valzinho,<br />

também atravessador, adquire os<br />

produtos de mais de 20 famílias.<br />

“Eu faço feira de segunda a segunda<br />

e vendo de tudo: banana,<br />

mamão, abóbora, inhame, laranja,<br />

limão, folhas, tudo o que for hortifruti.<br />

Compro os produtos lá com<br />

os agricultores e isso é bom para<br />

mim e para eles. Eles têm para<br />

quem vender, venda garantida, e<br />

eu também”, brinca o feirante que,<br />

ao lado da esposa, está há mais de<br />

sete anos trabalhando nas feiras-<br />

-livres de Cacoal.<br />

Ao todo, oito feiras são realizadas<br />

por semana em diversos<br />

locais da cidade. As maiores e mais<br />

famosas acontecem no centro de<br />

Cacoal, nas avenidas Guaporé, no<br />

domingo, e São Paulo, no sábado,<br />

além do Feirão do Produtor, na<br />

quinta-feira, na marginal da BR-<br />

364, saída para Ji-Paraná. Além delas,<br />

os bairros Village do Sol II, Vista<br />

Alegre, Princesa Isabel, Bruizon e<br />

Teixeirão também contam com<br />

suas feiras-livres que a cada dia<br />

atraem novos clientes e também<br />

novos feirantes.<br />

Associação<br />

e organização<br />

A Associação dos Feirantes de<br />

Cacoal (AFEC) tem sede própria,<br />

mas está abandonada. Para recu-<br />

72 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


perar o espaço, alguns feirantes<br />

tomaram a frente e convocaram<br />

uma reunião para criar uma comissão<br />

provisória com o objetivo de<br />

organizar uma nova eleição para a<br />

direção da associação.<br />

Desta comissão, além dos dois<br />

feirantes citados no início desta reportagem,<br />

Vilma e Valzinho, fazem<br />

parte também os empreendedores<br />

Cícero Balbino Pereira e Vagner<br />

Lopes Rodrigues.<br />

A comissão tem como presidente<br />

Josiane Jorge da Silva Ventorelle<br />

que ao lado do esposo, o<br />

também feirante Luiz Carlos, tem<br />

se esforçado para unir os grupo e<br />

organizar a atividade.<br />

“Essa comissão foi criada para<br />

representar os feirantes em quaisquer<br />

situações. Estamos nos organizando<br />

e vamos defender a<br />

nossa classe. Vamos promover a<br />

eleição para escolher os nossos<br />

representantes definitivos. Queremos<br />

legalizar a nossa associação<br />

para poder gerar investimentos<br />

nas feiras-livres de Cacoal, seja na<br />

melhoria da energia, aluguel de<br />

banheiros químicos, de caçambas<br />

para reunir o lixo no final dos trabalhos<br />

ou o que for possível para<br />

melhorar o nosso serviço”, explicou<br />

Josiane.<br />

Segundo o levantamento feito<br />

pela comissão, o número de bancas<br />

por feira varia de 57 a até 145<br />

barracas. “Nas feiras de segunda,<br />

terça e quinta-feira, nos bairros<br />

mais afastados do centro, o número<br />

de barracas é de 57 a 68. Mas<br />

já nas maiores, que é a de quinta<br />

no feirão, a de sexta, de sábado e<br />

domingo, chegamos a ter até 145<br />

barracas”, ressaltou a presidente<br />

da comissão.<br />

O casal do<br />

pão de queijo<br />

Josiane e o esposo Luiz Carlos<br />

têm uma história de muito sucesso<br />

nas feira-livres de Cacoal. Os dois<br />

são feirantes há mais de 15 anos,<br />

moravam em um sítio do pai de<br />

Josiane, em Colorado D’Oeste e<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 73


EMPREENDEDORISMO<br />

faziam feira em Vilhena. O produto?<br />

Pão de queijo! Mas por lá os negócios<br />

não engrenaram e, em meio a<br />

uma situação financeira complicada,<br />

o casal resolveu deixar o sul do<br />

estado e seguir em busca de uma<br />

nova vida em Cacoal.<br />

“Viemos pra cá com um saveirinho<br />

todo amarrado no arame e um<br />

forninho. No primeiro dia já estávamos<br />

fazendo feira”, relembrou Luiz.<br />

A família está em Cacoal há um<br />

pouco mais de cinco anos. “Com<br />

um mês, a gente percebeu que já<br />

começava a formar fila na nossa<br />

barraca, atrás do nosso pão de<br />

queijo, fomos e compramos mais<br />

um forno. E o negócio continuou<br />

crescendo. Em toda feira que a gente<br />

ia o povo se aglomerava atrás do<br />

nosso pão de queijo”, comemora<br />

Josiane.<br />

“O sucesso, graças a Deus, não<br />

parou mais e segue aumentando.<br />

Hoje, a gente tem 20 fornos elétricos<br />

e as vendas passaram de 300<br />

para mais. Bem mais de 1.500 pães<br />

de queijo vendidos por semana”,<br />

diz Luiz Carlos.<br />

O casal, que no início enfrentou<br />

sozinho as feiras livres de Cacoal,<br />

hoje emprega sete funcionários<br />

com carteira assinada e contrata<br />

quatro diaristas para trabalhar nas<br />

maiores feiras. “Não conhecíamos<br />

ninguém, às vezes a gente chegava<br />

num lugar, armava tudo e depois<br />

vinha o dono do ponto pedindo<br />

para gente sair que ali o lugar era<br />

dele. Pegávamos o forno quente e<br />

íamos atrás de outro canto”, conta<br />

seu Luiz.<br />

Hoje o pão de queijo – O Autêntico<br />

- tem lugares garantidos em<br />

todas as feiras da cidade. “Muitos<br />

viram o nosso sucesso e teve quem<br />

quisesse imitar. Mas conquistamos<br />

o nosso espaço e as coisas têm<br />

dado muito certo. Cacoal é a cidade<br />

das bênçãos para gente. Tudo<br />

o que temos aqui, agradecemos<br />

muito a Deus”.<br />

Foi graças à venda do pão de<br />

queijo que a família saiu do aluguel<br />

e hoje já conta até mesmo com<br />

uma indústria para a fabricação dos<br />

pães de queijo.<br />

74 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


ECONOMIA<br />

MILHO PARA<br />

garantir o leite<br />

Pequenos criadores se unem para produzir silagem de milho<br />

e manter produtividade na entressafra<br />

Por Edmilson Rodrigues<br />

Criadores de gado de leite<br />

da região de Ouro Preto<br />

do Oeste se uniram<br />

para produzir silagem de milho e<br />

alimentar o rebanho na estação da<br />

seca - a partir de julho - período<br />

em que o rendimento cai devido<br />

à escassez de pasto. Duas associações<br />

rurais, a Aspror (Linha 153) e<br />

a Asproleite (Linha 203), iniciaram<br />

em 2014 o plantio de milho. A<br />

iniciativa tem estimulado outros<br />

grupos de produtores associados<br />

a fazerem o mesmo.<br />

A Emater repassou uma ensiladeira<br />

para a associação da Linha<br />

153 e o mesmo equipamento é<br />

cedido para a Asproleite. O plantio<br />

do milho é feito entre outubro<br />

e novembro e na safrinha entre<br />

janeiro e fevereiro. Este ano, as<br />

chuvas atrasaram o trabalho das<br />

semeadoras, e o milho safrinha<br />

só foi plantado em março. Os<br />

associados fazem o trabalho de<br />

plantio e colheita em conjunto, um<br />

ajudando o outro.<br />

A Asproleite, comandada pelo<br />

produtor Ozeas Martins, produziu<br />

250 toneladas de silagem<br />

para quatro sócios, e o milho da<br />

lavoura da safrinha em maio rendeu<br />

mais 70 toneladas. A Aspror,<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 75


ECONOMIA<br />

presidida pelo produtor Wilson<br />

Maltezo, produziu 400 toneladas<br />

de milho que serão utilizadas por<br />

cinco produtores associados. A<br />

produção é armazenada em silo<br />

de superfície, coberta com lona<br />

plástica.<br />

Ozeas Martins se recorda que<br />

no primeiro plantio, há dois anos, a<br />

adesão era menor. Foram colhidas<br />

entre 80 a 90 toneladas de milho,<br />

mas, ainda assim, o resultado e os<br />

benefícios empolgaram outros<br />

criadores. “Se for fazer contas só<br />

do apurado com a venda do leite,<br />

o produtor vai achar que não compensa,<br />

mas com a silagem as vacas<br />

não emagrecem e não atrasam<br />

para entrar no cio, os bezerros crescem<br />

mais e a mortalidade diminui.<br />

O gado bem alimentado o lucro é<br />

maior”, ensina.<br />

O dirigente da Asproleite avalia<br />

que a iniciativa dos criadores de<br />

gado das duas associações é um<br />

bom começo. Os resultados motivaram<br />

outros produtores, mas<br />

falta apoio para que a produção<br />

de pequenos criadores se multiplique.<br />

“Se nós conseguirmos<br />

uma ensiladeira só para a nossa<br />

associação, a produção pode triplicar<br />

ou até mais. Uma pena que<br />

a ensiladeira da associação da linha<br />

153 não consegue atender a todos”,<br />

lamentou.<br />

76 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


AGRICULTORES PODEM PROCURAR<br />

AGÊNCIAS PARA REFINANCIAR<br />

DÍVIDA E RENOVAR CRÉDITO<br />

Ao comentar a aprovação da<br />

Medida Provisória 707/15, alterando<br />

os prazos para renegociação<br />

da dívida dos agricultores com os<br />

bancos oficiais, o deputado federal<br />

Luiz Cláudio (PR-RO) alertou aos<br />

produtores rurais de Rondônia a<br />

procurar as agências do Banco da<br />

Amazônia (Basa) e Banco do Brasil<br />

(BB) para refinanciar suas dívidas e<br />

buscar novos investimentos para<br />

custeio da lavoura e pecuária.<br />

O parlamentar esclarece que os<br />

prazos para pagamento foram ampliados<br />

para o mês de dezembro<br />

de 2016, evitando que o nome dos<br />

produtores fosse encaminhado a<br />

Dívida Ativa da União, impedindo<br />

o acesso a novos créditos. “Nós<br />

sabemos que os produtores rurais<br />

tiveram problemas por causa das<br />

condições climáticas e outros fatores<br />

externos. Na Câmara, buscamos<br />

alternativas para ampliar esses prazos<br />

e abrir novas linhas de crédito”,<br />

esclareceu o deputado.<br />

Originalmente, o texto prorrogava<br />

a dívida para dezembro de<br />

2015, o que causou sérios transtornos<br />

para a agricultura familiar.<br />

Luiz Cláudio também informou aos<br />

produtores que ainda não fizeram<br />

o Cadastro Ambiental Rural (CAR)<br />

que os prazos também foram<br />

ampliados. A Lei já está valendo,<br />

após aprovação no Senado e<br />

sanção presidencial. “Desde que<br />

assumi como deputado federal,<br />

abracei essa luta em defesa dos<br />

agricultores que são responsáveis<br />

pelo crescimento do PIB brasileiro<br />

e geração de empregos e renda<br />

e não poderiam ser prejudicados<br />

pelo governo federal”, defendeu.<br />

Luiz Cláudio diz que tem encontrado<br />

muitos produtores com<br />

sérios problemas com os empréstimos<br />

bancários e outros que não<br />

tiveram condições de procurar em<br />

tempo hábil os órgãos governamentais<br />

para realizar o CAR. “Não<br />

sabemos se haverá novos prazos,<br />

por isso é importante o produtor<br />

se regularizar o quanto antes”,<br />

defendeu.<br />

Tratores e implementos<br />

Luiz Cláudio também comemorou<br />

a liberação de R$ 11 milhões de<br />

emenda coletiva, assinada por ele e<br />

o senador Ivo Cassol (PP-RO), para<br />

compra de mais de 110 tratores<br />

com implementos agrícolas. As<br />

máquinas deverão ser entregues<br />

nos próximos meses as associações<br />

de produtores rurais. “São recursos<br />

orçamentários da União”, esclareceu<br />

ele, que dependem dos trâmites de<br />

Brasília para sua liberação.<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 77


COMISSÃO DE AGRICULTURA<br />

78 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


O DESAFIO DE MANTER AS<br />

futuras gerações no campo<br />

“O trabalhador não vai para o campo por decreto. É necessário<br />

melhorar as condições de vida através de políticas públicas”<br />

Por Gerson Costa<br />

Fotos: Marcos Figueira<br />

Vice-presidente da Comissão<br />

de Agricultura<br />

e Reforma Agrária do<br />

Senado, o senador Acir Gurgacz<br />

(PDT-RO) defendeu a criação de<br />

políticas públicas, garantindo infraestrutura,<br />

acesso à comunicação<br />

digital e à saúde de qualidade, para<br />

manter as futuras gerações de agricultores<br />

no campo. O parlamentar<br />

vê com grande preocupação a falta<br />

de conforto na maioria dos lares<br />

dos produtores, causando o êxodo<br />

rural de seus filhos para as cidades,<br />

inchando os núcleos urbanos e<br />

gerando escassez de mão de obra<br />

nas lavouras. “O grande desafio é<br />

levar conforto para quem mora no<br />

campo. Existe uma campanha nacional<br />

para que o homem não saia<br />

do campo, mas não adianta campanha<br />

senão houver condições de<br />

melhorar a vida do agricultor. Ele<br />

manda seu filho estudar na cidade,<br />

depois o filho não quer voltar mais<br />

porque no sítio não tem internet,<br />

TV, asfalto, enfim o conforto das<br />

cidades”, explicou o parlamentar.<br />

Acir incluiu no Orçamento da<br />

União recursos para levar asfalto<br />

para as linhas vicinais de todo<br />

Brasil através de parcerias entre<br />

os governos estadual, municipal<br />

e federal. Um experimento desse<br />

projeto está em curso na Linha<br />

12 em Ji-Paraná e em breve será<br />

levado para outros municípios<br />

rondonienses. “É um projeto embrionário,<br />

mas queremos tornar<br />

uma grande realidade para levar<br />

conforto aos nossos produtores”,<br />

esclareceu. “O trabalhador não<br />

vai para o campo por decreto. É<br />

necessário melhorar as condições<br />

de vida através de políticas públicas<br />

garantindo acesso a hospitais,<br />

internet, TV e lazer”, reafirmou.<br />

Crédito sem título definitivo<br />

Em entrevista a <strong>Revista</strong> <strong>Visão</strong> Rondônia, Acir confirmou que está desenvolvendo<br />

várias ações pelo setor produtivo. Durante audiência na cidade de Ji-Paraná,<br />

através da Comissão de Agricultura, o representante pedetista conseguiu do Banco<br />

do Brasil a garantia da liberação dos recursos do Pronaf (Programa Nacional de<br />

Agricultura Familiar) através de empréstimo sem a necessidade de apresentar o<br />

título definitivo da terra.<br />

Hoje, o produtor, mesmo sem o documento de sua data, pode pegar<br />

dinheiro emprestado apresentando o contrato de compra e venda ou<br />

de posse da terra. Para Acir, a solução é paliativa, já que as linhas de<br />

crédito do Pronaf são limitadas e conforme o agricultor vai melhorando<br />

de vida ele busca mais recursos para ampliar sua produção.<br />

“Precisamos garantir o título definitivo. Tenho feito muitas gestões<br />

no Ministério da Agricultura e no antigo MDA (Ministério de<br />

Desenvolvimento Agrário), que virou secretaria”, arrematou.<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

79


INFORME PUBLICITÁRIO<br />

Fecomércio-RO cria conselhos<br />

para empresários do turismo<br />

A Federação de Comércio de Bens,<br />

Serviços e Turismo (Fecomércio-<br />

RO) aceitou o desafio lançado pela<br />

Confederação Nacional do Comércio<br />

(CNC) para criar uma rede sustentável<br />

de turismo em Rondônia que garanta a<br />

geração de emprego e renda numa das<br />

regiões mais bonitas do Brasil.<br />

Para dar conta deste projeto<br />

ambicioso, afim de contribuir com<br />

o Estado e Municípios, o presidente<br />

da Fecomércio-RO, em parceria com<br />

a ABAV, Iphan, Sindhotel, Sebrae,<br />

Prefeituras, Governo do Estado, e mais<br />

27 entidades do trade do turismo<br />

criaram o Conselho Empresarial do<br />

Turismo do Estado de Rondônia<br />

(Conetur).<br />

Lançado no dia 29 de agosto de<br />

2015, na presença de autoridades<br />

estaduais, municipais, imprensa e<br />

empresários, no Teatro Um do Sesc,<br />

em Porto Velho, o Conetur, sugeriu<br />

a criação da 1ª Estância Turística, na<br />

cidade de Ouro Preto D´Oeste, na<br />

região central do Estado.<br />

“O Conetur escolheu Ouro Preto<br />

D´Oeste para trabalhar o Projeto-piloto<br />

não só pela sua beleza, mas, também<br />

por sua infraestrutura. O bom deste<br />

projeto-piloto é que o prefeito Alex<br />

Testoni abraçou a causa, reconhecendo<br />

a cidade como estância turística na<br />

Lei Orgânica, fazendo investimentos<br />

nos locais potencialmente turísticos<br />

e criando um conselho municipal do<br />

turismo”, disse o presidente do Conetur,<br />

Raniery Coelho.<br />

Ouro Preto D´Oeste hoje já é o<br />

destino de muitos turistas e aventureiros<br />

amantes do esporte radical e da<br />

gastronomia. A cidade possui a segunda<br />

maior cobertura vegetal urbana do País<br />

e possui vários pontos turísticos como o<br />

Morro Chico Mendes, que oferece salto<br />

de parapente, o Vale das Cachoeiras,<br />

a Fazendinha, o Ouropark, e o Hotel<br />

Resort Graúna.<br />

Para dar conta dessa nova demanda<br />

e responsabilidade turística, os<br />

empresários têm também contribuido.<br />

Todos os trabalhadores que atuam<br />

direta e indiretamente nos serviços<br />

da Estância Turística de Ouro Preto<br />

D´Oeste são treinados nas áreas em que<br />

atuam. Ouro Preto D´Oeste é apenas o<br />

modelo que o Conetur quer implantar<br />

nos 52 municípios do Estado<br />

Turismo e Negócio<br />

caminham juntos<br />

O Conetur aproveitou a vinda da<br />

comitiva boliviana à Feira de Negócios<br />

da 5ª Rondônia Rural Show, na cidade<br />

de Ji-Paraná, para mostrar o potencial<br />

turístico de Ouro Preto D´Oeste. Na<br />

saída de Ji-Paraná, a comitiva de<br />

empresários bolivianos conheceu<br />

vários empreendimentos do turismo e<br />

também o comércio da carne bovina,<br />

e leite, além da criação de peixes em<br />

cativeiro. É uma boa alternativa para<br />

unir turismo e negócio. A comitiva<br />

ficou encantada com os atrativos e a<br />

gastronomia local e prometeram voltar<br />

em 2017 para a próxima Rondônia Rural<br />

Show.<br />

Presidente do Conetur<br />

aborda turismo em<br />

seminário sobre logística<br />

O presidente do Conetur, Raniery<br />

Coelho, foi um dos componentes da<br />

Mesa no Seminário sobre Logística na<br />

80 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


5ª Rondônia Rural Show. Raniery,<br />

mais uma vez, saiu em defesa do<br />

investimento na infraestrutura como<br />

forma de modernização e crescimento<br />

da economia. Ele destacou como uma<br />

das prioridades o alfandegamento<br />

do aeroporto internacional de<br />

Porto Velho. Segundo ele, a falta<br />

de estrutura penaliza não somente<br />

as oportunidades de negócios<br />

com outros países, mas, também, a<br />

atividade turística.<br />

Porto Velho, Nova Mamoré<br />

e Guajará-Mirim, são os próximos<br />

“alvos” do Conetur<br />

O Conetur escolheu as cidades<br />

de Porto Velho, Guajará-Mirim<br />

e Nova Mamoré para abrigar os<br />

projetos de turismo sustentável.<br />

São cidades situadas na chamada<br />

região do vale do Madeira, que foram<br />

fundadas a partir da construção<br />

da ferrovia centenária Madeira-<br />

Mamoré possuindo monumentos<br />

da época do Ciclo da Borracha e<br />

muita história para contar. Nos<br />

três municípios foram realizados o<br />

planejamento estratégico de turismo,<br />

conjuntamente com empresários e<br />

autoridades da região. Um dos efeitos<br />

imediatos deste planejamento foi a<br />

ativação dos conselhos municipais<br />

de turismo das três cidades.<br />

ATIVIDADES<br />

Porto Velho – No dia 8 de março,<br />

o Conetur promoveu um City Tour<br />

pelo centro antigo da cidade, e<br />

visitou vários monumentos históricos<br />

da região central, com a presença<br />

do historiador Anisio Gorayeb, que<br />

contou detalhes sobre cada um<br />

dos pontos visitados. O City Tour<br />

começou com um café da manhã<br />

no antigo Mercado Municipal e a<br />

apresentação de show culturais,<br />

e terminou no recém-inaugurado<br />

Memorial Rondon, na localidade<br />

de Santo Antônio, que conta toda<br />

a trajetória do Marechal Cândido<br />

Rondon.<br />

Guajará-Mirim e Nova Mamoré<br />

– O Conetur esteve presente em<br />

Guajará-Mirim e Nova Mamoré em<br />

três ocasiões: a de apresentação do<br />

projeto turístico, o de elaboração do<br />

planejamento estratégico, e oficinas.<br />

Os empresários e as autoridades<br />

desses municípios estão abraçando<br />

a causa porque sabem de suas<br />

potencialidades turísticas. Guajará-<br />

Mirim e Nova Mamoré possuem<br />

mais de 90% de seus territórios<br />

formados por florestas e áreas de<br />

preservação. Além de suas belezas<br />

naturais, possuem excelentes pontos<br />

para pesca amadora e monumentos<br />

históricos da ferrovia Madeira-<br />

Mamoré. O Conetur é formado pelas<br />

seguintes instituições: Fecomércio-<br />

RO, Sindhotel, Sebrae, Iphan,<br />

Arom, Sindieletrico, Sirecom, Setur,<br />

Sindilojas, SRTE-RO, Sesc, Senac,<br />

SIndiber, Singaro, Sinfarmacia, Secovi,<br />

Semdestur, Sinvsul, Secovi, Abrasel,<br />

Conventions & Visitors Bureau, Sepd-<br />

RO, Sinalimentos, Sindipeças, Abav-<br />

RO, Sescoop, e Associação Brasileira<br />

da Indústria Hoteleira.<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 81


ARTIGO CIENTÍFICO<br />

ANÁLISE ECONÔMICA DO MANEJO<br />

ALIMENTAR DE BOVINOS DE CORTE NAS<br />

FASES DE RECRIA E ENGORDA EM VILHENA<br />

A pecuária de corte tem ocupado lugar de destaque frente à produção animal,<br />

e vem assumindo posição de liderança no mercado mundial de carnes. O Brasil<br />

possui hoje o maior rebanho comercial do mundo, é o segundo maior produtor<br />

mundial de carne bovina. (HOFFMANN et al.2014).<br />

De acordo com a Associação Brasileira das<br />

Indústrias Exportadoras de Carne – ABIEC<br />

(2013), a bovinocultura de corte representa<br />

a maior fatia do agronegócio brasileiro, gerando faturamento<br />

de mais de R$ 50 bilhões/ano e oferecendo<br />

cerca de 7,5 milhões de empregos.<br />

A crescente demanda por produtos de origem animal<br />

torna necessária a otimização da produção animal<br />

para se obter um eficiente e competitivo programa de<br />

produção contínua de carne, deve-se buscar eliminar<br />

as fases negativas do processo, proporcionando ao<br />

animal condições para se desenvolver normalmente,<br />

durante todo o ano, para que atinjam as condições<br />

de abate mais precocemente. Para isso, é fundamental<br />

ampliar o conhecimento, tanto em avaliação dos<br />

alimentos quanto em determinação das exigências<br />

dos animais, o que permitirá manter o suprimento de<br />

alimentos em equilíbrio com as exigências nutricionais<br />

dos animais (MENDES, 2013)<br />

A alimentação é fundamental na definição da<br />

rentabilidade na criação do gado de corte. Por isso,<br />

é indispensável que o pecuarista conheça a fundo os<br />

principais conceitos de nutrição animal e as características<br />

nutricionais dos principais alimentos (NETO e<br />

PRADO, 2014).<br />

No Brasil, o ano apresenta pelo menos duas estações<br />

definidas, em termos de crescimento e qualidade<br />

de forragem: uma com crescimento intenso, quando,<br />

normalmente, a qualidade é adequada; e outra, com<br />

crescimento baixo ou nulo, quando, geralmente, a qualidade<br />

da forrageira é inadequada para o desempenho<br />

animal. Além da menor oferta, o animal dispõe de um<br />

pasto pobre em proteína, com maior teor de fibra e<br />

altamente lignificada. A consequência é que em sistemas<br />

de produção baseados somente em pastagens<br />

o ano todo, os ganhos de peso são baixos ou há perda<br />

de peso (PRADO, 2004).<br />

Contudo, Detmann et al. (2004) afirmaram que<br />

o pasto deve ser entendido como um componente<br />

do sistema de produção com elevada complexidade,<br />

uma vez que este fornece substratos aos animais e<br />

é passível de apresentar uma variação qualitativa e<br />

quantitativa ao longo do ano, influenciada principalmente<br />

por fatores abióticos, precipitação, temperatura<br />

e radiação solar.<br />

O consumo de forragem por animais em pastejo é<br />

influenciado por três grupos de fatores: os que afetam<br />

o processo de digestão, os que afetam o processo de<br />

ingestão e aqueles que afetam as exigências nutricionais<br />

e a demanda por nutrientes (BERCHIELLI et al.,<br />

2006). A avaliação do comportamento ingestivo de<br />

novilhos em pastejo recebendo suplementação é essencial<br />

para o manejo adequado desses animais, uma<br />

vez que a suplementação com concentrado não deve<br />

ser utilizada com o objetivo de substituir o pasto, mas<br />

sim complementá-lo.<br />

Além disso, há a preocupação com os custos dos<br />

alimentos, para que a produção seja economicamente<br />

vantajosa e as possíveis combinações que poderiam<br />

resultar num alimento que ofereça o máximo de<br />

82 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


nutrição a um custo mínimo. A recria é geralmente<br />

realizada em pastagem, com suplementação de<br />

mistura mineral durante o ano todo e com ou sem<br />

suplementação de concentrados nos períodos<br />

críticos de produção de forragem. Alguns autores,<br />

principalmente nos Estados Unidos, sugerem o uso<br />

de concentrados durante o verão, para aumentar a<br />

taxa de lotação das pastagens ou em pequenas quantidades<br />

para explorar o efeito aditivo de volumoso e<br />

concentrado no aumento do ganho diário de peso<br />

vivo (RODRIGUES, 2003).<br />

Na pecuária deve-se estar atento a despesas com<br />

insumos (minerais, medicamentos, rações, adubos,<br />

etc.), folha de pagamento e seus encargos, despesas de<br />

manutenção (combustíveis, lubrificantes mecânicos,<br />

etc.) despesas administrativas (impostos, taxas, escritórios,<br />

material de limpeza, etc.) despesas com lavouras<br />

destinadas à alimentação dos animais (preparo da<br />

terra, mão-de-obra, adubos, inseticidas, etc.) despesas<br />

extras como fretes e comissões, por exemplo, para que<br />

o produtor possa conhecer sua propriedade e analisar<br />

os resultados obtidos. Os custos com depreciações,<br />

investimentos, financiamentos devem também ser<br />

controlados e compor juntamente com os demais o<br />

custo de produção total (HOFFMAN et al., 1987)<br />

A correta elaboração dos custos de produção<br />

permite uma leitura mais clara da realidade da atividade<br />

produtiva, possibilitando um diagnóstico mais<br />

preciso da real situação da propriedade frente aos<br />

diversos cultivos, culturas e explorações desenvolvidas<br />

(ARBAGE, 2000). Em grande parte das propriedades<br />

no Brasil, os pecuaristas conhecem apenas dados de<br />

custos variáveis ou diretos e as receitas obtidas na propriedade.<br />

Com isso o produtor passa a ter um fluxo de<br />

caixa negativo em grande parte do ano ficando mais<br />

vulnerável as oscilações do mercado.<br />

Com base no contexto o objetivo deste trabalho é<br />

realizar uma analise econômica do manejo de bovinos<br />

na fase de engorda suplementados com uma dieta<br />

especifica para acelerar o processo de terminação<br />

encurtando o ciclo com intuito de diminuir custos e<br />

aumentar renda.<br />

Deste modo, o presente trabalho ter por finalidade<br />

realizar uma analise econômica do manejo de bovinos<br />

na fase de engorda suplementados com uma dieta<br />

especifica em Vilhena – RO.<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 83


ARTIGO CIENTÍFICO<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Nesta pesquisa foi utilizada de acordo com os seus<br />

objetivos o método quantitativo de caráter exploratório<br />

e descritivo.<br />

Segundo Gil (2002), as pesquisas descritivas tem<br />

como objetivo primordial a descrição das características<br />

de determinada população ou fenômeno ou, então<br />

o estabelecimento de relações entre variáveis.<br />

Utilizando assim um estudo de caso na Fazenda<br />

Campinho, lote 109, setor Rio Vermelho, Gleba Guaporé,<br />

Vilhena – RO. O clima é do tipo tropical quente e<br />

úmido com duas estações bem definidas.<br />

Foi desenvolvida entrevista com o proprietário,<br />

observação direta e também dados documentais extraídos<br />

da fazenda, tendo assim a análise do custo de<br />

produção na pecuária de corte.<br />

Nesta pesquisa foi analisada a realidade de produção<br />

de um único lote de 35 animais machos da raça Nelore<br />

e Simental desmamdos resultantes de cruzamento<br />

industrial, no qual foi utilizado o cruzamento terminal<br />

de duas raças, produzindo animais de sangue ¾ Simental<br />

e1/ Nelore, conduzidos a pasto e suplementados.<br />

O manejo da suplementação constituiu de 03 tipos<br />

diferentes de ração proteinada, as mesmas foram fornecidas<br />

pelo prazo de um ano. Sendo que:<br />

A primeira logo após o desmame com a seguinte<br />

composição: Para cada 500 quilos de ração tem – se:<br />

milho 263kg, Girassol 60 kg, Soja 75 kg, PhosCalcio 15<br />

kg, sal comum 25 kg (limitador de consumo), núcleo<br />

mineral 40 kg, ureia 22 kg. Com um consumo esperado<br />

de 0,600kg/dia/cab.<br />

A segunda ração será fornecida quatro meses após<br />

o desmame milho 220 kg, Algodão 81 kg, Soja 20 kg,<br />

PhosCalcio 35 kg, sal comum 50 kg (limitador de consumo),<br />

núcleo mineral 75 kg, ureia 19 kg, sendo esperado<br />

um consumo de 0,400gr/dia/cab.<br />

A terceira ração será fornecida 08 meses após o<br />

desmame, durante os últimos 04 meses da engorda<br />

sendo: milho 211 kg, Algodão 140 kg, Soja 25kg, Phos-<br />

Calcio 35 kg, sal comum 25kg (limitador de consumo),<br />

núcleo mineral 45 kg, ureia 19 kg, sendo esperado um<br />

consumo de 1,512 kg/cab/dia.<br />

Os animais foram suplementados com a ração,<br />

enquanto pastejam uma área de 58,3 há de pastos da<br />

Brachiaria brizanta. Após um ano de suplementação os<br />

animais foram abatidos e comercializados a preço de<br />

mercado e foram avaliada a equação custo x beneficio<br />

do fornecimento da suplementação nesta fase, através<br />

da pesquisa, consulta e constatação dos dados de<br />

custos e receitas provenientes neste estudo.<br />

RESULTADOS<br />

E DISCUSSÃO<br />

Os resultados foram expressos através de tabelas e<br />

agrupados de acordo com os tipos de dados e custos<br />

onde constam os valores bem como volumes/pesos<br />

obtidos nesta pesquisa.<br />

Na tabela 01 estão expostos os dados de receita,<br />

Preço da arroba, e de desempenho animal, produção<br />

total em arrobas, arrobas.ha.ano-1, peso médio ao<br />

abate, peso médio recria, taxa de lotação e outros números<br />

importantes tais como idade média na recria,<br />

idade ao abate e período de semi-confimaneto, que<br />

compreende o período em que os animais receberam<br />

a suplementação enquanto pastejavam.<br />

Tabela 01: Receitas, desempenho animal. Fazenda<br />

Campinho, Vilhena – RO, 2015.<br />

RECEITAS, DESEMPENHO<br />

ANIMAL E OUTROS NUMEROS<br />

Preço da arroba (R$) R$ 140,00<br />

Produção total em arrobas (@) 686,79<br />

Arroba/ha/ano 10,40<br />

Idade média – recria (meses) 9<br />

Peso médio - recria (Kg) 255<br />

Idade ao abate (meses) 24<br />

Peso médio ao abate (Kg) 294,34<br />

Número de animais no lote 35<br />

Taxa de lotação no período (U.A.) 1,06<br />

Período de semi-confinamento<br />

(meses)<br />

15<br />

Destes dados ressaltamos o preço da arroba, o qual<br />

estava valorizado no período da venda, representando<br />

R$ 140,00.@-1. Valor este bem acima do obtido por<br />

Coelho et. al. (2008), em estudo similar realizado em<br />

Minas Gerais, onde o preço da arroba do boi foi de R$<br />

79,04. Dados obtidos por Araujo et. al. (2009) para o<br />

município Camapuã MS, também foram inferiores aos<br />

obtidos nesta pesquisa, os quais foram de R$ 70,00.@-1.<br />

Observamos que a produção de arrobas por hectare/ano<br />

foi de 10,40 arrobas, comparando com os<br />

índices produtivos de outras regiões, segundo dados<br />

obtidos pelo pesquisador Moacir Corsi (BEEF WORLD,<br />

2015), a média de produção brasileira para a bovino-<br />

84 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO MAIO 2016


Tabela 02: Despesas gerais mensais de custeio obtidas. Fazenda Campinho, Vilhena – RO, 2015.<br />

Despesas mensais gerais de custeio<br />

Und Valor r$ Percentual<br />

Mineral para recria R$ R$ 72,10 5,78%<br />

Vacina – aftosa R$ R$ 5,60 0,45%<br />

Vacina – carbúnculo R$ R$ 3,73 0,30%<br />

Vacina – raiva R$ R$ 1,94 0,16%<br />

Antitóxicos e carrapaticida R$ R$ 7,33 0,59%<br />

Despesas com vermífugos R$ R$ 1,98 0,16%<br />

Hora/máquina R$ R$ 26,66 2,14%<br />

Salários de funcionário R$ R$ 71,11 5,70%<br />

Prolabore do proprietário R$ R$ 788,00 63,12%<br />

Diárias R$ R$ 0,00 0,00%<br />

Uréia/mês R$ R$ 1,87 0,15%<br />

Herbicida/inseticida – pastagem R$ R$ 30,29 2,43%<br />

Combustível para veículos R$ R$ 35,76 2,86%<br />

Energia elétrica R$ R$ 150,00 12,02%<br />

Depreciação (10% ao ano) R$ R$ 10,30 0,83%<br />

Despesas administrativas R$ R$ 41,66 3,34%<br />

Total/mês R$ 1.248,33 100,00%<br />

Despesas (15 meses) – final R$ 18.724,95 100,00%<br />

cultura de corte está em 5 arrobas por hectare ano.<br />

Em projetos realizados pelo mesmo, obteve resultados<br />

entre 30 e 40 @ por hectare ano. Os projetos<br />

foram implantados nas cidades de Rondonópolis-MT,<br />

Rancharia-SP e Paragominas-PA (BEEF WORLD, 2015).<br />

Na Tabela 02 temos as despesas gerais mensais<br />

da produção. Destas damos destaque ao custo com<br />

o pró-labore do proprietário, representa mais da<br />

metade dos custos da propriedade, com 63,12%<br />

do total dos custos. Em segundo lugar em maiores<br />

participações nos custos aparece o custo com energia<br />

elétrica que representou 12,02% dos custos. Em<br />

terceiro aparecem os custos com minerais de recria,<br />

que representou 5,78% dos custos.<br />

Em estudo realizado por Costa et. al. (2009), o<br />

custo com pró-labore ficou em foi de 4,21% dos<br />

custos totais, neste estudo houve investimento em<br />

melhorias de pastagem em benfeitorias, as<br />

quais representaram grande parte dos custos nesta<br />

pesquisa.<br />

Em contra partida, a menor participação nos custos<br />

gerais mensais ficou para os custos com ureia, que<br />

representou 0,15%, seguidos dos custos com vacina<br />

da raiva, 0,16% e vermífugos, 0,16%.<br />

Neste estudo os custos com mão de obra representaram<br />

5,70% dos custos gerais. Em estudo realizado<br />

por Costa et. al. (2009) os serviços de mão de<br />

obra rerepresentaram 15,23% dos custos totais. Os<br />

custos do presente trabalho foram feitos baseados<br />

no custo para os 35 animais apenas, onde a fazenda<br />

com 1 funcionário, por isso ficaram bem abaixo dos<br />

custos encontrados por Costa et. al (2009).<br />

Na tabela 03 observamos os custos com aquisição<br />

dos animais para a engorda, os quais foram<br />

adquiridos com nove meses de idade. Este valor<br />

foi quase duas vezes maior que os custos gerais da<br />

produção, R$ 35.000,00 da aquisição de animais<br />

contra R$ 18.724,95. Dividindo o custo de animais<br />

pelo numero de meses, que foram 15, temos um<br />

custo mensal de R$ 2.333,33 referente a aquisição<br />

de bezerros. Este custo é quase três vezes maior<br />

que o maior custo geral, que foi o do pró-labore do<br />

proprietário, ou seja, R$ 2.333,33 contra R$ 788,00<br />

respectivamente.<br />

Tabela 03: Despesas com aquisição de animais, aos nove<br />

meses de idade. Fazenda Campinho, Vilhena – RO, 2015.<br />

Aquisição<br />

de animais<br />

(recria)<br />

Bezerros<br />

desmama<br />

c/ idade de<br />

9 meses<br />

Qtde<br />

35,00<br />

Valor<br />

unitário<br />

R$<br />

1.000,00<br />

Valor total<br />

R$<br />

35.000,00<br />

JUNHO MAIO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />

85


ARTIGO CIENTÍFICO<br />

Analisando a tabela 04, encontramos os resultados<br />

do custo com o manejo da suplementação utilizado<br />

para o sistema adotado que foi o de semi-confinamento.<br />

Notamos que apesar de utilizada em menor período<br />

e com menor preço por quilo que a ração inicial, a ração<br />

final representou um maior custo total, isto se deve ao<br />

fato de que a ração dos últimos dias de engorda ser<br />

consumida em maior quantidade que a ração da fase<br />

inicial. O custo total com a suplementação, considerando<br />

as fases inicial e final, foi de R$ 8.265,81. Este valor<br />

representou menos da metade dos custos gerais e<br />

menos de ¼ do custo com aquisição de animais.<br />

No sistema confinado o preço de compra dos<br />

animais e dos alimentos, além do preço de venda,<br />

são de fundamental importância para a viabilidade<br />

econômica do confinamento. Em regiões onde o preço<br />

de compra do boi (na entrada) é superior a 20% da<br />

arroba de boi gordo, os preços de grãos e subprodutos<br />

são elevados devido à distância da fábrica até na<br />

fazenda; e os preços de boi gordo não são elevados, é<br />

totalmente descartada a possibilidade de realizar este<br />

confinamento, pois será inviável economicamente na<br />

maioria dos anos (BARBOSA, 2007).<br />

Somando-se as tabelas 02, 03 e 04 temos o total<br />

dos custos da produção, que se deu em um período<br />

de 15 meses, de R$ 61.990,76.<br />

Sendo assim os custos com despesas gerais representaram<br />

30,21% dos custos totais, os custos com<br />

aquisição de animais representaram 56,46% dos custos<br />

totais e os custos com suplementação representaram<br />

13,33% dos custos totais de produção, totalizando<br />

assim os 100% de custos. Em estudo de caso realizado<br />

por Souza (2009), os custos obtidos com suplementos<br />

minerais e proteinados foi de 24% dos custos totais.<br />

Na Tabela 05 observamos os pesos finais em arrobas<br />

obtidos ao final produção. BARBOSA et al. (2004)<br />

concluiram que a suplementação protéicoenergética a<br />

pasto, nos níveis de ingestão de 0,17 e 0,37% do peso<br />

vivo médio, proporcionou maior desempenho dos<br />

bovinos em relação à suplementação mineral, durante<br />

a época de transição águas-seca e que foram viáveis<br />

economicamente, proporcionando maiores valores<br />

econômicos quando comparadas à suplementação<br />

mineral.<br />

A Tabela 06 traz os dados finais de custos e receita.<br />

Constatamos que receita bruta para estudo foi de R$<br />

96.151, 07, o custo final foi de R$ 61.990,76 resultando<br />

em lucro liquido de R$ 34.160,31. O lucro liquidou representou<br />

36%,, ou seja, o custo deste estudo ficaram<br />

em 64%.<br />

Tabela 04: Despesas com a suplementação utilizada no manejo de engorda, semi-extensivo.<br />

Fazenda Campinho, Vilhena – RO, 2015.<br />

Central de custos – ração Dias Qtd – Kg Custo/Kg R$ Valor R$<br />

Consumo de ração inicial 304 4.676 R$ 0,74 R$ 3.436,86<br />

Consumo de ração final 125 6.615 R$ 0,73 R$ 4.828,95<br />

Total 429 11.291 R$ 0,74 R$ 8.265,81<br />

Custo médio total - ração R$ 8.265,81<br />

Tabela 05: Peso em arrobas obtidos ao final da produção. Fazenda Campinho, Vilhena – RO, 2015.<br />

Produção @ Período (anos) Total (@/ano)<br />

Arrobas totais 686,79 2,00 343,40<br />

Arrobas (@ semi-confinamento) 595,00 1,25<br />

Tabela 06: Dados finais de receitas e despesas totais da produção.<br />

Fazenda Campinho, Vilhena – RO, 2015.<br />

Fluxo de caixa Valor R$ Percentual<br />

Receita bruta R$ 96.151,07 100%<br />

Despesas de custeio final R$ 61.990,76 64%<br />

Lucro líquido R$ 34.160,31 36%<br />

86 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016


Tabela 07: Custo de produção por arroba, produção de arroba de quinze meses e receita de semifinamento<br />

obtidos através de estudo de caso de analise econômica de criação de bovinos de corte.<br />

Fazenda Campinho, Vilhena – RO, 2015.<br />

Custo de produção (@ semi-confinamento) R$ 27,26<br />

Produção de arrobas (15 meses): 91,79<br />

Receita (@ semi - confinamento): R$ 12.851,07<br />

Observando a tabela 07, verificamos que se analisarmos<br />

apenas o ganho de peso do sistema adotado<br />

neste estudo, a receita da produção foi de R$ 12.851,07.<br />

Isso se deve a grande valorização do boi gordo entre<br />

o período de compra do animal ao período de venda.<br />

O ganho de peso total deste estudo foi de 91,79<br />

arrobas, onde o ganho por unidade animal (U. A.) foi<br />

de 2,62 arrobas e a arroba do boi gordo foi comercializada<br />

a R$ 140,00. Desta forma obtivemos um custo<br />

por arroba de R$ 27,26.<br />

Euclides (2001) suplementando novilhos em pastagens<br />

de B. decumbens e B. brizantha, com uma mistura<br />

múltipla na base de 0,2% do peso vivo, encontrou<br />

para novilhos suplementados e não suplementados,<br />

respectivamente, ganhos médios diários de 740g/dia<br />

e 535g/dia. O custo da suplementação foi de R$ 26,00/<br />

novilho, e a diferença no ganho de cerca de 200g/cab/<br />

dia, em 184 dias significa 36,8kg de peso vivo ou 1,28@<br />

(52% de rendimento de carcaça).<br />

CONCLUSÕES<br />

O sistema de engorda em manejo de semi-confinamento,<br />

com 3 tipos de suplementação diferentes<br />

apresentou uma rentabilidade de 36%, gerando um<br />

custo de 64%.<br />

É de suma importância a analise econômica dos<br />

sistemas de produção e manejos na pecuária de corte,<br />

visando identificar maneira de reduzir custos, uma vez<br />

que as margens de lucro estão ficando mais apertadas<br />

com o passar do tempo.<br />

Autores:<br />

1 Gilson Martendal; 2 Cleverson Oliveira dos Santos;<br />

3 Rômulo Gonçalves Costa Junior; e 4 Jucilene Correa<br />

Martenda; 4 Giancarlo Dalla Costa<br />

1 Acadêmico do Curso de Zootecnia da Faculdade da<br />

Amazônia – FAMA, Vilhena – RO;<br />

E-mail: gilsonmartendal@hotmail.com<br />

2 Docentes do Curso de Zootecnia pela Faculdade da<br />

Amazônia – FAMA, Vilhena – RO;<br />

E-mail: coszootec@hotmail.com; giandallavet@gmail.com.<br />

3 Docente do Curso Técnico em Agropecuária Integrado ao<br />

Ensino Médio da Escola Estadual Castro Alves, Dourados – MS;<br />

E-mail: romulogcosta@hotmail.com<br />

4 Acadêmica do Curso de Agronomia Faculdade da<br />

Amazônia – FAMA, Vilhena – RO. E-mail: jucilene.cmartendal@<br />

gmail.com<br />

Foto: Renata Silva<br />

JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 87


INFORME PUBLICITÁRIO<br />

REQUERIDO PELO SINJUR DESDE 2012,<br />

concurso de remoção finalmente<br />

será realizado pelo TJRO<br />

O concurso de remoção que,<br />

desde 2012, tem sido pauta constante nas<br />

reivindicações do Sinjur junto ao Tribunal<br />

de Justiça de Rondônia finalmente será<br />

permanente. As regras do Processo<br />

Seletivo Permanente de Remoção (PSPR)<br />

foram definidas nos termos da Lei<br />

Complementar n. 68/92.<br />

No DJE 98, o TJRO publicou a<br />

Resolução N. 014/2016-PR define as<br />

regras da remoção. Haverá remoção<br />

mediante a existência de vagas no local<br />

pretendido, a lotação do servidor removido<br />

deve ser compatível com as atribuições do<br />

seu cargo efetivo e será concedida por ato<br />

do presidente do Tribunal de Justiça.<br />

O servidor interessado em ser<br />

removido para qualquer comarca do<br />

Estado deverá inscrever-se no PSPR, por<br />

meio de ferramenta a ser disponibilizada<br />

no Portal do Servidor do TJRO. A inscrição<br />

pode ser realizada independentemente da<br />

existência de vagas na comarca de<br />

destino, pois a inscrição não pressupõe a<br />

remoção, mas a garantia de concorrer no<br />

PSPR.<br />

Segundo o TJRO, para fins de<br />

classificação e de desempate, serão<br />

observados requisitos, como maior tempo<br />

de exercício ininterrupto na comarca de<br />

origem, como servidor efetivo; tempo de<br />

exercício no Poder Judiciário do Estado<br />

(efetivo); maior nível de escolaridade,<br />

devidamente registrada no DRH, entre<br />

outros.<br />

O servidor poderá inscrever-se<br />

para até três comarcas, sendo aceitas<br />

alterações da comarca de destino até um<br />

dia antes da publicação da listagem dos<br />

servidores inscritos, realizado por meio do<br />

aviso publicado no Diário da Justiça do<br />

Estado.<br />

O Tribunal definiu, ainda, os impedimentos<br />

para remoção, como os que estiverem em<br />

estágio probatório. Outro ponto importante<br />

é que não ficam vinculadas ao PSPR as<br />

remoções como as de ofício, no interesse<br />

da administração e a pedido do interessado.<br />

A resolução será publicada no dia 30 de<br />

maio.<br />

“Essa é mais uma grande conquista<br />

do trabalhador e estávamos empenhado<br />

nessa luta desde 2012, pois todos sabemos<br />

que a remoção não era exercida da<br />

forma que queríamos e muita vezes<br />

chegava até ser injusta para quem<br />

pleiteava a remoção e não chegava a<br />

oportunidade. Só quem já precisou ou<br />

quem espera ser removido sabe o real<br />

tamanho dessa conquista”, afirmou o<br />

presidente do Sinjur, Roque.<br />

A Diretoria do Sinjur agradece o<br />

Presidente do TJRO, Desembargador<br />

Sansão Saldanha, que no início deste ano<br />

ao receber a Pauta Anual 2016, na qual<br />

constava o pedido do Concurso de<br />

Remoção, disse que analisaria e que<br />

atenderia os pleitos na medida do possível<br />

e hoje vemos essa realidade.<br />

88 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I MAIO JUNHO 2016


JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 89


90 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016

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