Revista Visão nº 8
O Nosso Ouro em Grãos
O Nosso Ouro em Grãos
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
PESQUISA EM CAMPO<br />
Pesquisadoras da Embrapa lançam<br />
artigo inédito sobre melhoria do arroz<br />
O melhor do agronegócio<br />
RONDÔNIA<br />
Ano I I Nº 8 - Rondônia<br />
Junho de 2016<br />
Valor<br />
R$ 12.00<br />
Logística:<br />
navio<br />
vai levar<br />
produtos de<br />
RO pela costa<br />
brasileira e<br />
Mercosul<br />
O NO$$O OURO<br />
EM GRÃOS<br />
LAVOURA TECNIFICADA GARANTE PRODUTIVIDADE<br />
ACIMA DAS 180 SACAS DE CAFÉ POR HECTARE. CONHEÇA<br />
AS TECNOLOGIAS PARA PRODUZIR MAIS E MELHOR<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
1
MËQUINAS MAQUINAS AGRÎCOLAS<br />
Tel:<br />
Tel:<br />
3418-3675<br />
(69) 8486-4253<br />
9943-9660<br />
AV. JK - CENTRO - NOVA BRASILÂNDIAD’OESTE -RO<br />
2 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
e<br />
IRRI<br />
AÇÕES<br />
CADA GOTAS D’ÁGUA É IMPORTANTE PARA A SUA LAVOURA<br />
RESULTADO DE UMA BOA IRRIGAÇÃO<br />
AUMENTAR<br />
A PRODUÇÃO<br />
E ECONOMIZAR<br />
ÁGUA E ENERGIA<br />
É O NOSSO COMPROMISSO.<br />
CADA GOTAS D’ÁGUA É IMPORTANTE PARA A SUA LAVOURA<br />
Tel:<br />
Tel:<br />
RESULTADO DE UMA BOA IRRIGAÇÃO<br />
AUMENTAR<br />
A PRODUÇÃO<br />
E ECONOMIZAR<br />
ÁGUA E ENERGIA<br />
3418-3675<br />
(69)<br />
8486-4253<br />
9943-9660<br />
É O NOSSO COMPROMISSO.<br />
3418-3675<br />
(69)<br />
8486-4253<br />
9943-9660<br />
JUNHO MAIO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
3<br />
AV. JK - CENTRO - NOVA BRASILÂNDIAD’OESTE -RO
Índice<br />
ENTREVISTA<br />
Presidente da<br />
6<br />
Aprosmat fala à <strong>Visão</strong><br />
como associações<br />
fortes solidificam a<br />
agricultura.<br />
LANÇAMENTO<br />
Geneticista da Matsuda<br />
apresenta novas cultivares de<br />
capim.<br />
14<br />
34<br />
VALE DO<br />
JAMARI<br />
Cultivo de soja avança<br />
sobre áreas da grande<br />
região de Ariquemes.<br />
10<br />
PESQUISA<br />
EM CAMPO<br />
Doutoras da Embrapa lançam<br />
artigo inédito sobre pesquisa<br />
de melhoramento do arroz.<br />
20<br />
LOGÍSTICA<br />
Navio vai levar produtos<br />
de Rondônia pela costa<br />
brasileira e países do<br />
Mercosul.<br />
54<br />
ESPECIAL<br />
Cafeicultura<br />
tecnificada garante<br />
boa produtividade em<br />
lavouras do estado, mas<br />
em outras a falta de<br />
chuva causou retração<br />
na produção do grão.<br />
AGROINDÚSTRIA<br />
Agroindustrias familiares<br />
driblam a crise com trabalho,<br />
empreendedorismo e bons<br />
produtos.<br />
66<br />
Expediente<br />
<strong>Revista</strong><br />
RONDÔNIA<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Visão</strong> Rondônia é de propriedade editorial de<br />
G.B. COSTA COMUNICAÇÕES-ME<br />
CNPJ: 23.588.281/0001-40<br />
Editora-chefe: Ivonete Gomes DRT-345<br />
Redação: Avenida Guaporé, 4248, SL 2, Igarapé, Porto Velho, Rondônia.<br />
Tel: 69 32259705 - Assinatura: visaorondonia@gmail.com<br />
Comercial: Leny Vieira - fone: 69 9213-0947/9977-7779<br />
Designer Gráfico: Cesar Prisisnhuki Faria<br />
Colaboradores: Gerson Costa, Eliânio Nascimento, Flávia Rosane,<br />
Marcos Lock, Giliane Perin Renata Silva e Edmilson Rodrigues.<br />
Impressão: Editora Gráfica Print<br />
Tiragem: 5.000 mil exemplares<br />
4 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
EDITORIAL<br />
Café nos quatro<br />
cantos de Rondônia<br />
No promissor município de Nova Brasilândia<br />
D´Oeste, a propriedade do Júlio Cesar Mendes é quase<br />
um ponto turístico nos fins de semana e feriado. Gente<br />
de toda a região visita a lavoura de 22,7 hectares<br />
em busca de conhecimento para alcançar maior<br />
produtividade no cafezal.<br />
O anfitrião interrompe as atividades laborais<br />
para responder as perguntas, falar do sistema de<br />
irrigação por gotejamento com tecnologia israelense,<br />
recomendar mudas clonais que estão produzindo<br />
bem e apresentam, além de maior uniformidade<br />
de maturação, alta resistência a pragas e doenças e<br />
BARCAÇA SECA CAFÉ da Embrapa<br />
tolerância ao estresse climático. O próprio Júlio já seria<br />
atração suficiente pelo exemplo de empreendedorismo.<br />
Veio à Rondônia aos 18 anos para trabalhar na colheita<br />
do café e, hoje, é empresário e segundo maior produtor<br />
de conilon da chamada região da Zona da Mata. A<br />
lavoura dele é tecnificada e a produtividade chega a<br />
182 sacas por hectare.<br />
Júlio César representa a nova realidade da<br />
cafeicultura, uma atividade que se tornou viável e<br />
lucrativa depois do surgimento de mudas clonais<br />
e outras tecnologias. O termo pode até parecer<br />
repetitivo, mas não há outro para substituir: os clones<br />
revolucionaram o cultivo de conilon no estado. O<br />
levantamento da Conab revela um crescimento de<br />
4,5 mil hectares de área plantada, mas andando por<br />
Rondônia a impressão que se tem é que todo mundo<br />
está plantando café.<br />
Por isso, a <strong>Visão</strong> Rondônia buscou para esta edição o<br />
máximo de informações possíveis sobre a cafeicultura.<br />
Na Embrapa, conversamos com pesquisadores<br />
e analistas que desenvolvem técnicas para garantir<br />
a melhor qualidade na secagem dos grãos, poda de<br />
formação para aumento de produtividade e formas<br />
corretas de produção de mudas em viveiro. É um<br />
trabalho incessante para levar ao produtor informações<br />
que propiciem o melhor do clonal em cada fase de toda<br />
cadeia produtiva.<br />
Que a boa leitura esteja acompanhada do nosso<br />
bom café!<br />
IVONETE GOMES<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
5
ENTREVISTA<br />
Associações fortes,<br />
agricultura sólida<br />
Carlos Ernesto Augustin<br />
Presidente da Associação dos Produtores de Sementes do Mato Grosso (Aprosmat)<br />
Por Gerson Costa<br />
Fotos: Marcos Figueira<br />
Natural de Carazinho (RS), pioneiro no ramo de sementes no Mato Grosso desde os idos de 1984, quando<br />
se instalou na zona rural de Pedra Preta, Carlos Ernesto Augustin, presidente da Associação dos Produtores<br />
de Sementes do Mato Grosso (Aprosmat) explica que não há fórmula para o sucesso do estado vizinho na<br />
produção de grãos, mas tão somente associações sólidas com lastro econômico para pesquisa, tecnologia e<br />
intervenção do poder político para o agronegócio crescer. Em entrevista à <strong>Revista</strong> <strong>Visão</strong> Rondônia, o produtor<br />
fala das expectativas do novo governo Michel Temer, da gestão do senador Blairo Maggi no Ministério da<br />
Agricultura e aconselha o agricultor rondoniense a agregar entidades fortes para não depender apenas do<br />
poder público. “O Governo faz pouco”, diz ele, que é associado da AMPA, (Associação Mato-grossense dos<br />
Produtores de Algodão), entidade que tem fundos na cifra de R$ 30 milhões anuais. Para ele, o Brasil precisa<br />
avançar em três diretrizes: logística, seguro agrícola e tecnologia.<br />
6 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
ENTREVISTA<br />
Com a mudança de governo<br />
no Brasil, após essa onda de<br />
escândalos, o senhor espera<br />
ventos mais favoráveis ao<br />
agronegócio?<br />
Diante de uma possível estabilidade<br />
econômica, a volta da<br />
normalidade com mudanças de<br />
ministérios e a nova direção política,<br />
é totalmente favorável ao nosso<br />
setor porque agora podemos ter<br />
mais objetividade em nossos pleitos,<br />
coisa que no governo anterior<br />
não existia, como se fosse uma<br />
oposição ao trabalho da agricultura<br />
brasileira. Sem dúvida, em se<br />
estabilizando esse novo governo,<br />
nós vamos ter momentos mais<br />
favoráveis.<br />
Aqui (Rondônia), o agricultor tem o café,<br />
soja, milho, pimenta, a piscicultura,<br />
mas é preciso adotar o modelo do Mato<br />
Grosso criando associações fortes e não ficar<br />
esperando apenas pelo Governo.”<br />
Por ser do Mato Grosso, maior<br />
produtor de grãos do Brasil, o<br />
novo ministro da Agricultura,<br />
Blairo Maggi, contribuirá ainda<br />
mais para o desenvolvimento<br />
do setor? Qual a sua<br />
expectativa?<br />
O fato de ele ser do Mato Grosso,<br />
lógico que nos deixa animado. Mas,<br />
principalmente por ele conhecer o<br />
setor da agricultura empresarial, a<br />
dinâmica da exportação, logística,<br />
enfim, é um grande conhecedor<br />
do tema e que pode trabalhar com<br />
precisão para melhor tomada de<br />
decisões.<br />
O senhor está há mais<br />
de 30 anos no Mato<br />
Grosso e conheceu bem o<br />
desenvolvimento daquele<br />
estado. Qual a fórmula para o<br />
sucesso da produção agrícola<br />
de lá?<br />
O estado do Mato Grosso sempre<br />
se destacou por ter associações<br />
fortes. Hoje, nós temos a AMPA,<br />
que tem fundos para tocar seu<br />
orçamento e, diria, que são valores<br />
expressivos, a Aprosoja (Associação<br />
dos Produtores de Soja), que da<br />
mesma forma agrega associados<br />
e tem grande volume de recursos,<br />
e a Aprosmat (Associação dos<br />
Produtores de Sementes do Mato<br />
Grosso), que tem 35 anos, pioneira<br />
das associações. Essa união para<br />
combater as dificuldades sempre<br />
nos levou a soluções. As dificuldades<br />
são inúmeras: falta de estradas,<br />
impostos, endividamento, câmbio,<br />
doenças como a ferrugem-asiática<br />
e nematoides, mudanças de variedades...<br />
e, diante desse cenário<br />
existe a necessidade de aperfeiçoamento<br />
constante. E isso o agricultor<br />
não consegue sozinho e também<br />
não consegue só pedindo para o<br />
Governo. O Governo faz muito pouco.<br />
Quando os produtores se unem<br />
e constroem associações sólidas, as<br />
ações têm mais objetividade, não<br />
apenas dentro dos estados, mas<br />
em todo Brasil.<br />
Essas associações têm uma<br />
atuação forte em Brasília, no<br />
Congresso, correto?<br />
Correto. Nós temos atividade<br />
muito forte junto a Frente Parlamentar<br />
da Agricultura, onde temos<br />
reuniões todas as terças-feiras.<br />
Nós apoiamos financeiramente<br />
o instituto que garante a Frente.<br />
Tudo isso faz diferença. Rondônia<br />
é um estado jovem na produção<br />
rural, não chega a ser tão grande<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
7
ENTREVISTA<br />
como o Mato Grosso, mas agregar<br />
os produtores em associações fortes<br />
trará grandes resultados. Essa<br />
união fez uma grande diferença<br />
no Mato Grosso e fará também em<br />
Rondônia.<br />
Em sua opinião, o Brasil precisa<br />
avançar em quais áreas para<br />
melhorar o agronegócio?<br />
Número um, que todo mundo<br />
sabe, principalmente na região do<br />
Centro-Oeste, é a logística. Nós<br />
do Mato Grosso estamos a 2 mil<br />
quilômetros dos portos e, agora,<br />
de Porto Velho a 1.400 quilômetros,<br />
que ainda é distante. Vocês<br />
aqui tem a facilidade do porto de<br />
Porto Velho que é um corredor de<br />
exportação magnífico. A logística é<br />
um problema seríssimo que atinge<br />
a todos que estão no interior da<br />
América Latina como nós. Outra<br />
coisa que faz diferença brutal nos<br />
países desenvolvidos, e que agora<br />
começa a ser corrigido por aqui,<br />
é o seguro agrícola. O agricultor<br />
que sofreu uma intempérie, que<br />
precisava colher 50 sacas de soja<br />
e colheu apenas 15, vai levar de 5<br />
a 6 anos para se recuperar. Hoje,<br />
não temos um seguro adequado.<br />
Nos Estados Unidos e na Europa,<br />
quando acontece uma perda desse<br />
porte, o seguro resolve o problema.<br />
E como resolver essa<br />
questão do seguro?<br />
Política é a solução. Tanto nos<br />
países ricos como no Brasil, o governo<br />
paga até 50% do prêmio do<br />
seguro, mas aqui é pago de um<br />
jeito que não beneficia o agricultor,<br />
apenas o banco. É preciso, de forma<br />
urgente, o país adotar um sistema<br />
de seguro agrícola eficiente. Neste<br />
ano, no Mato Grosso, tivemos<br />
grandes dificuldades com o clima.<br />
A produtividade foi menor, a safrinha<br />
foi menor. E aí? Quem paga a<br />
conta?<br />
Além da logística e do seguro,<br />
o que mais é preciso para<br />
avançar?<br />
Uma terceira necessidade são<br />
investimentos em tecnologias. O<br />
mundo evoluiu muito. A transgenia<br />
é uma realidade e não tem<br />
como ficar de fora. E agora tem o<br />
software aplicado à agricultura que<br />
começa a tomar corpo com grandes<br />
resultados para o setor. O Brasil<br />
precisa investir na informatização<br />
do campo, com mapas digitalizados,<br />
análise de solo, adubação,<br />
variedade e até sementes. Para ter<br />
ideia, a gente compra máquinas<br />
do mercado americano que tem<br />
tecnologia embarcada muito maior<br />
do que estamos usando. Aí vem<br />
outra questão que é a capacitação<br />
de mão de obra para utilização<br />
dessas novas tecnologias. Não dá<br />
para ficar parado.<br />
Que conselho o senhor daria<br />
ao produtor rondoniense?<br />
Eu não conhecia direito o estado<br />
de Rondônia. Mas vindo de<br />
Porto Velho à Ji-Paraná, observei<br />
que um dos pilares são as pequenas<br />
propriedades desenvolvendo<br />
cidades de certa forma homogêneas.<br />
Vejo isso com bons olhos<br />
porque tem difusão de culturas.<br />
Aqui, o agricultor tem o café, soja,<br />
milho, pimenta, a piscicultura, mas<br />
é preciso adotar o modelo do Mato<br />
Grosso, criando associações fortes<br />
e não ficar esperando apenas pelo<br />
Governo.<br />
O agricultor precisa saber de<br />
sua importância e criar fundos<br />
financeiros para tocar essas associações<br />
e ir atrás da solução de<br />
seus problemas. Isso faz a grande<br />
diferença na agricultura.<br />
É preciso, de<br />
forma urgente,<br />
o país adotar um<br />
sistema de seguro<br />
agrícola eficiente.<br />
Neste ano no Mato<br />
Grosso tivemos<br />
grandes dificuldades<br />
com o clima. A<br />
produtividade foi<br />
menor, a safrinha foi<br />
menor. E aí? Quem<br />
paga a conta?”<br />
8 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
眀 眀 眀 ⸀ 瘀 漀 攀 爀 椀 洀 愀 ⸀ 挀 漀 洀 ⸀ 戀 爀<br />
䴀 䄀 一 䄀 唀 匀 ⼀ 䄀 䴀 䄀 娀 伀 一 䄀 匀<br />
䄀 嘀 ⸀ 匀 愀 渀 琀 漀 猀 䐀 甀 洀 漀 渀 琀 Ⰰ 猀 ⼀ 渀 Ⰰ 猀 氀 ⸀ Ⰰ 吀 倀 匀 䤀 䤀<br />
䄀 攀 爀 漀 瀀 漀 爀 琀 漀 䤀 渀 琀 攀 爀 渀 愀 挀 椀 漀 渀 愀 氀 䈀 爀 椀 最 愀 搀 攀 椀 爀 漀<br />
䔀 搀 甀 愀 爀 搀 漀 䜀 漀 洀 攀 猀<br />
䘀 漀 渀 攀 猀 㨀 ⠀ 㤀 ㈀⤀ アパート 㘀 㔀 ㈀ⴀ 㠀 ㈀ ⼀ ⠀ 㤀 ㈀⤀ 㤀 㐀 㔀 㘀 ⴀ 㐀 㤀 ㈀<br />
⠀ 㤀 ㈀⤀ 㠀 㠀 ⴀ 㠀 㜀 アパート<br />
䌀 唀 䤀 䄀 䈀 섀 ⼀ 䴀 䄀 吀 伀 䜀 刀 伀 匀 匀 伀<br />
䠀 愀 渀 最 愀 爀 䘀 渀 椀 砀 ⼀ 䄀 攀 爀 漀 瀀 漀 爀 琀 漀 䴀 愀 爀 攀 挀 栀 愀 氀 刀 漀 渀 搀 漀 渀<br />
⠀ 嘀 爀 稀 攀 愀 䜀 爀 愀 渀 搀 攀 ⤀<br />
䘀 漀 渀 攀 㨀 ⠀ 㘀 㔀 ⤀ 㠀 アパート 㠀 ⴀ 㔀 㤀 <br />
倀 伀 刀 吀 伀 嘀 䔀 䰀 䠀 伀 ⼀ 刀 伀 一 䐀 퐀 一 䤀 䄀<br />
䄀 瘀 ⸀ 䰀 愀 甀 爀 漀 䨀 漀 猀 Ⰰ 渀 먀 㘀 㐀 㤀 Ⰰ 猀 氀 ⸀ 㐀 ጠ 䈀 愀 椀 爀 爀 漀 䈀 攀 氀 洀 漀 渀 琀<br />
䄀 攀 爀 漀 瀀 漀 爀 琀 漀 䤀 渀 琀 攀 爀 渀 愀 挀 椀 漀 渀 愀 氀 搀 攀 刀 漀 渀 搀 渀 椀 愀<br />
䘀 漀 渀 攀 㨀 ⠀ 㘀 㤀 ⤀ 㤀 㤀 㠀 ⴀアパート 㜀 㐀<br />
䔀 ⴀ 洀 愀 椀 氀 㨀 愀 攀 爀 漀 爀 椀 洀 愀 䀀 甀 漀 氀 ⸀ 挀 漀 洀 ⸀ 戀 爀<br />
刀 䤀 伀 䈀 刀 䄀 一 䌀 伀 ⼀ 䄀 䌀 刀 䔀<br />
䄀 攀 爀 漀 瀀 漀 爀 琀 漀 䤀 渀 琀 攀 爀 渀 愀 挀 椀 漀 渀 愀 氀 搀 攀 刀 椀 漀 䈀 爀 愀 渀 挀 漀 ⴀ 䄀 䌀<br />
䘀 漀 渀 攀 猀 㨀 ⠀ 㘀 㠀 ⤀ アパート㈀ⴀ 㤀 㐀<br />
⠀ 㘀 㠀 ⤀ 㤀 㤀 㠀 㐀 ⴀ 㘀 㤀 㐀<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
9
PESQUISA EM CAMPO<br />
DOUTORAS DA<br />
EMBRAPA NO<br />
melhoramento<br />
do arroz e segurança<br />
alimentar<br />
Fotos: Marcos Figueira<br />
O arroz é um dos cereais mais consumidos em todo o mundo e<br />
estima-se que contribua ao redor de 20% da energia e 15% da<br />
proteína ingerida pela população.<br />
Em alguns países da Ásia a quantidade<br />
de arroz consumida é maior<br />
que 100 kg por habitante por ano,<br />
representando mais da metade da ingestão<br />
diária de energia e proteína. É bastante<br />
alta quando comparada à alguns países da<br />
Europa, com o consumo de 10 kg ou menos<br />
de arroz por habitante.<br />
No Brasil a quantidade consumida é<br />
mediana, com variações entre regiões, entre<br />
40 a 60 kg per capita ao ano, que pode<br />
representar em torno de 15% da energia e<br />
10% da proteína da dieta nacional.<br />
Durante décadas a pesquisa brasileira<br />
teve como foco principal o volume de<br />
produção, independente da qualidade do<br />
produto, especialmente para o arroz não<br />
irrigado. O objetivo era produzir o máximo,<br />
mas isso não era suficiente.<br />
Sabemos agora que a nossa preferência<br />
é pelo grão polido, quase transparente e<br />
brilhoso, de formato alongado e estreito,<br />
sem manchas, sem esbranquiçado, tecnicamente<br />
denominado de “longo fino,<br />
tipo 1”. Muitos diziam “agulhinha” para<br />
este formato de grão, que era produzido<br />
no Sul do Brasil, em áreas irrigadas até o<br />
lançamento da variedade Primavera, pela<br />
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária<br />
– Embrapa, em 1997.<br />
Além do formato do grão, a Primavera<br />
tem excelente qualidade de cozimento,<br />
tornando-se a principal variedade de arroz<br />
para condições de cultivo não irrigado. A<br />
estrutura e propriedade do amido que<br />
compõe o grão desta variedade resultam<br />
em grãos cozidos macios e não empapados,<br />
mesmo logo após a colheita.<br />
O impacto da variedade Primavera foi<br />
tão importante no mercado que se tornou<br />
o padrão de excelência, melhorou o preço<br />
pago ao produtor de arroz, aumentou o<br />
preço de mercado do arroz de sequeiro –<br />
sem irrigação, e alterou até o sistema de<br />
produção do arroz.<br />
Nessa mudança econômica e técnica<br />
mudou até mesmo a nomenclatura, do<br />
antigo nome de arroz de sequeiro passamos<br />
a ter arroz de terras altas, mais tecnificado,<br />
com variedades mais exigentes em<br />
cuidados no campo e após a colheita, mas<br />
muito mais produtivas e com grão com<br />
melhor qualidade culinária. E ao invés de<br />
“agulhinha”, a denominação tornou-se tipo<br />
AS DOUTORAS<br />
Marley Marico<br />
Utumi, Valácia<br />
Lemes da Silva<br />
Lobo, Raquel<br />
Mello, Isabela<br />
Volpi Furtini<br />
10 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
Primavera.<br />
O arroz no Brasil é produzido<br />
em basicamente dois sistemas,<br />
o irrigado e o de terras altas.<br />
Nos últimos vinte anos a área<br />
cultivada diminuiu e a produção<br />
aumentou, pois a produtividade<br />
aumentou mais que o aumento da<br />
população. A produção brasileira<br />
é bastante concentrada na região<br />
Sul, com mais de 2/3 da produção,<br />
enquanto a segunda maior região<br />
produtora é a região Norte, com<br />
menos de 10% da produção nacional.<br />
A concentração no Sul preocupa,<br />
pois problemas climáticos<br />
naquela região podem resultar<br />
em grande impacto na produção<br />
brasileira, ressaltando-se também<br />
que as altas produções têm custo<br />
muito elevado num insumo que<br />
é extremamente importante: a<br />
água, pois o arroz sulista é praticamente<br />
todo irrigado e a água<br />
é extremamente necessária nos<br />
centros urbanos.<br />
Além disso, a necessidade de<br />
transportar e distribuir grandes<br />
volumes de arroz desde o Sul<br />
envolve custo que parece ilógico,<br />
pois é possível no mínimo a<br />
produção para consumo mais<br />
regionalizado.<br />
Novos consumidores e situações<br />
de clima, mercado e<br />
economia pedem visão mais<br />
abrangente, pois a dinâmica do<br />
mercado, das áreas para produção<br />
e do consumidor mudam com o<br />
tempo e a pesquisa tem que estar<br />
antenada nas possíveis alterações<br />
e sempre com olhar para o futuro,<br />
pois uma nova variedade brasileira<br />
de arroz demora de cinco a dez<br />
anos para se tornar comercial. Isso<br />
na parte do melhoramento genético,<br />
porque também é necessário<br />
conhecimento, pesquisa e trabalho<br />
de várias áreas, como ajustes<br />
em máquinas, equipamentos e<br />
produtos, tornando necessário<br />
esse aspecto de antecipar e trabalhar<br />
com muitos profissionais<br />
de instituições de diversas regiões.<br />
Do campo, com<br />
as pesquisas,<br />
à mesa<br />
A pesquisa brasileira, especialmente<br />
na Embrapa, continua<br />
focada no cuidado básico para alta<br />
produtividade, estabilidade em<br />
diversos ambientes e qualidade<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 11
PESQUISA EM CAMPO<br />
do produto resultante para o consumidor<br />
e nas demandas específicas do mercado,<br />
seja para consumo interno, como para<br />
exportação.<br />
Mundialmente o arroz é atacado pelo<br />
fungo Pyricularea grisea, causador da<br />
brusone, doença que pode provocar perda<br />
total da produção de grãos. A pesquisa<br />
tenta monitorar o fungo e suas raças e<br />
avaliar o material genético vegetal em<br />
condições controladas e em campo, criando<br />
ou usando condições que promovam<br />
alta incidência da doença, para auxiliar<br />
a seleção de diversos pais para novas<br />
variedades mais tolerantes em condições<br />
de cultivo comercial.<br />
Rondônia, o terceiro maior produtor<br />
de arroz na região Norte se destaca nos<br />
resultados de pesquisa com brusone, no<br />
Campo Experimental da Embrapa Rondônia<br />
em Vilhena, município na região<br />
Sul do estado, que, além disso, é vizinho<br />
ao estado do Mato Grosso, importante<br />
produtor de arroz da região Centro Oeste.<br />
Regionalmente, Vilhena é conhecida<br />
como Cidade Clima, com temperatura<br />
mais amena, com até 70C de diferença<br />
entre a maior e menor temperatura do ar,<br />
num período de 24 horas. No ensaio especial<br />
para brusone em Vilhena, as plantas<br />
ficam naturalmente cobertas de orvalho,<br />
chove quase todos os dias e são utilizados<br />
adubos em excesso e plantas naturalmente<br />
doentes muito próximas, de<br />
modo que quase todos os anos é possível<br />
obter resultados de extrema tolerância e<br />
extrema sensibilidade entre as centenas<br />
de materiais genéticos de arroz do Brasil<br />
e estrangeiros e avaliar as linhagens de<br />
arroz de todas as instituições parceiras do<br />
programa de melhoramento genético de<br />
arroz brasileiro.<br />
Sobre o programa de melhoramento<br />
nacional, que conta com parceiros do<br />
Rio Grande do Sul até Roraima, a Embrapa<br />
Rondônia participa especialmente<br />
nas ações para arroz de terras altas, nos<br />
ensaios finais e intermediários de linhagens<br />
para obtenção e registro de novas<br />
cultivares comerciais. Os ensaios finais<br />
12 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
ocorrem simultaneamente em três locais<br />
do estado, Porto Velho, Ouro Preto do<br />
Oeste e Vilhena, já os intermediários e<br />
avaliação de famílias, apenas em Vilhena,<br />
pois a quantidade de sementes disponíveis<br />
nessas fases ainda não é suficiente<br />
para muitos locais.<br />
Na avaliação de famílias e seleção de<br />
plantas individuais dentro das melhores<br />
famílias para obter novas linhagens e variedades,<br />
buscam-se os objetivos comuns<br />
do projeto de pesquisa: produtividade,<br />
tolerância a doenças e ao acamamento<br />
e qualidade de grãos;. e específicos para<br />
região quente e chuvosa, como extrema<br />
tolerância ao acamamento e baixa altura<br />
de planta. O ciclo mais curto passou a ser<br />
foco também, visando novas variedades<br />
mais precoces, para mais e melhor inserção<br />
do arroz em cultivos na segunda<br />
safra, recuperação/renovação de pastagens,<br />
consórcios com outras espécies ou<br />
sucessão de cultivos.<br />
Nesse sentido, recentemente estiveram<br />
em Rondônia pesquisadoras da<br />
Embrapa, do grupo de melhoramento de<br />
arroz, para diversas ações na área de pesquisa,<br />
como auditar a qualidade do trabalho<br />
de campo e promover treinamento,<br />
discussões, informes de novos enfoques<br />
na pesquisa e apoio para seleção mais eficiente<br />
de linhagens promissoras; coletar<br />
material doente para estudos na área de<br />
biologia molecular; além de estruturar a<br />
programação de ações para avaliação de<br />
problemas emergentes.<br />
Uma das curiosidades sobre como<br />
está a seleção das melhores plantas no<br />
campo, próximo de 10% das quase 400<br />
progênies rondonianas semeadas nesta<br />
safra – descendentes das famílias que<br />
vieram para cá e que foram selecionadas<br />
durante dois a cinco anos, em Vilhena –,<br />
foram escolhidas como as melhores, para<br />
mais avaliação de pós-colheita e preparo<br />
para outros ensaios em Goiás, sede do<br />
programa de melhoramento da Embrapa<br />
e com condições climáticas bem diferentes<br />
das de Rondônia. Assim, poderemos<br />
obter um material genético que também<br />
seja superior para regiões com pouca<br />
chuva, pouca água para irrigação ou solos<br />
mais arenosos.<br />
Atualmente, sobre o melhoramento<br />
de arroz de terras altas, Goiás é a sede<br />
de cruzamentos e seleções, para seis populações,<br />
duas delas para produtividade<br />
e qualidade são avaliadas e continua-se<br />
a seleção em Goiás, Mato Grosso e Rondônia.<br />
Aí então, os melhores materiais<br />
retornam para Goiás para mais testes e<br />
entram nos ensaios regionais e depois<br />
nacionais, em mais estados. Feito isso,<br />
a melhor linhagem torna-se cultivar, a<br />
próxima a ser lançada pela Embrapa está<br />
prevista para até o ano de 2018.<br />
O trabalho de melhoramento de arroz<br />
pela Embrapa em Rondônia – com condições<br />
climáticas de calor intenso, muita<br />
chuva e ambiente propício às principais<br />
doenças (e algumas emergentes) –, conta<br />
com a colaboração de diversas instituições<br />
e está em continuidade aos projetos<br />
de melhoramento realizados pela Embrapa<br />
em todo o país. Isso tem permitido<br />
selecionar e disponibilizar plantas com<br />
características que podem ser interessantes<br />
para a pesquisa. Já foram selecionadas<br />
linhagens mais produtivas, com formato<br />
de grão adequado, mas menores alturas<br />
de planta, ciclo médio precoce e folhas e<br />
colmos que mantem-se verdes mesmo na<br />
época da colheita. A cultivar de arroz de<br />
terras altas BRS Esmeralda, por exemplo,<br />
é uma das mais recentes, desenvolvidas<br />
e recomendadas para Rondônia.<br />
Autoras:<br />
Marley Marico Utumi, Valácia Lemes<br />
da Silva Lobo, Raquel Mello, Isabela Volpi<br />
Furtini<br />
*Engenheiras Agrônomas,<br />
doutoras pesquisadoras em Produção<br />
Vegetal da Embrapa Rondônia1, em<br />
Fitossanidade2 e em Melhoramento<br />
Genético3, da Embrapa Arroz e Feijão<br />
Colaboração:<br />
Renata Kelly da Silva, jornalista da<br />
Embrapa Rondônia, MTb 12361/MG.<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 13
PESQUISA EM CAMPO<br />
MATSUDA LANÇA<br />
DUAS NOVAS<br />
cultivares de capim<br />
Há quase sete décadas no mercado, o Grupo Matsuda é líder mundial na produção e<br />
comercialização de sementes para pastagens tropicais e investe, continuadamente, em<br />
novos produtos por meio de pesquisas e melhoramento genético.<br />
Por Edmilson Rodrigues<br />
Fotos: Marcos Figueira<br />
Com dimensões continentais,<br />
o Brasil tem<br />
grande parte de suas<br />
terras exploradas pela agricultura e<br />
pecuária, e o Grupo Matsuda busca<br />
produzir capim para determinados<br />
nichos de clientes que fazem uso<br />
de diferentes tipos de forrageiras.<br />
Antes do lançamento dos produtos,<br />
técnicos do Grupo Matsuda<br />
realizam Brasil afora o trabalho<br />
chamado de Valor de Cultivo e<br />
Uso (VCU), teste exigido pelo Ministério<br />
da Agricultura, Pecuária e<br />
Abastecimento (Mapa) para avaliar<br />
o índice produtivo da forrageira e<br />
a qualidade. Também realiza trabalho<br />
de adaptação da forrageira<br />
em vários biomas. O trabalho do<br />
Departamento de Pesquisas e Desenvolvimento<br />
do Grupo Matsuda,<br />
através do melhoramento genético,<br />
tem resultado em lançamentos<br />
de novas cultivares de forrageiras<br />
tropicais adaptadas para as diversas<br />
regiões do país, contribuindo<br />
para a geração de plantas adaptadas<br />
aos variados ecossistemas e<br />
geradoras potenciais de forragem<br />
de alto valor.<br />
Durante a 5ª Rondônia Rural<br />
Show em Ji-Paraná, a Matsuda<br />
14 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
apresentou mais duas novas forrageiras:<br />
as cultivares Andropogon<br />
gayanus cv. MG7 Tupã, e a Setária<br />
sphacelata MG11 Tijuca, que são<br />
frutos de 10 anos de estudos e<br />
seleção de plantas e avaliação de<br />
teste de desempenho e ganho de<br />
peso dos animais.<br />
Em 2015, o Grupo Matsuda<br />
havia apresentado na feira de<br />
agronegócio de Ji-Paraná duas<br />
variedades de forrageiras: a panicum<br />
maximum MG12 Paredão e a<br />
brachiaria brizantha MG13 Braúna.<br />
Ambas recomendadas para as fases<br />
de cria, recria e engorda.<br />
Para mostrar a eficiência das<br />
novas plantas e falar das características,<br />
esteve na Vitrine Tecnológica<br />
da Rondônia Rural Show o engenheiro<br />
agrônomo Alberto Takashi<br />
Tsuhako, responsável técnico do<br />
Departamento de Sementes do<br />
Grupo Matsuda.<br />
MG7 Tupã<br />
A MG7 Tupã é uma forrageira<br />
que pode ser indicada para solos<br />
de média a baixa fertilidade,<br />
mais rasos e com cascalho. É um<br />
produto para regiões mais secas,<br />
com ciclo de florescimento de<br />
aproximadamente 10 dias e recomendado<br />
para bovinos nas fases<br />
de cria, recria e engorda, podendo<br />
ser oferecido também a equinos.<br />
MG7 Tupã é uma cultivar de fácil<br />
manejo porque tem porte menor,<br />
talo mais fino, rebrote mais intenso<br />
e ciclo mais longo. O pastejo<br />
deve ocorrer quando as plantas<br />
atingirem 50 a 60 cm, até a altura<br />
de 18 a 20 cm do solo. O ciclo mais<br />
tardio dessa forrageira faz com que<br />
a planta demore mais no processo<br />
de florescimento, mantendo por<br />
mais tempo o seu ciclo vegetativo,<br />
ou seja, o período em que a planta<br />
mais cresce, mais produz forragem<br />
e mantém por mais tempo a qualidade<br />
nutricional.<br />
ALBERTO TAKASHI, engenheiro agrônomo e geneticista<br />
MG11 Tijuca<br />
MG11 Tijuca Hibrido que teve<br />
origem em 2004, através dos<br />
cruzamentos diversos de acessos<br />
de Seraria sphacelata do banco<br />
de germoplasma da Matsuda<br />
Genética e posterior seleção de<br />
população. O trabalho de seleção<br />
de plantas visava um material com<br />
superior produção de forragem,<br />
maior quantidade de folhas, porte<br />
mais baixo e menores teores de<br />
oxalato, características superiores<br />
a cultivar Kazangula, comercializada<br />
há anos. A cultivar MG121<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 15
PESQUISA EM CAMPO<br />
Tijuca é uma gramínea tetraplóide,<br />
de ciclo perene, entouceirada de<br />
crescimento ereto, altura em torno<br />
de 1,65m, com folhas de coloração<br />
verde-azulada e mais de 30 cm de<br />
comprimento por de 1,0 cm de<br />
largura e colmo fino de 0,38 cm<br />
de diâmetro. A planta apresenta<br />
boa qualidade nutricional, tolera<br />
solos de média e baixa fertilidade,<br />
recomendada para bovinos<br />
na fase de cria, recria e engorda,<br />
podendo ser utilizada também<br />
para equinos. A boa tolerância de<br />
solos mal drenados faz com que<br />
a MG11 Tijuca seja uma boa opção<br />
para substituir a Humidicola<br />
nestas áreas, possui a vantagem<br />
de apresentar melhor qualidade<br />
nutricional e suas sementes não<br />
apresentarem dormência. O pastejo<br />
deve ocorrer com plantas de<br />
60 a 70 cm, até a altura de 20cm<br />
de solo. A MG11 Tijuca foi selecionada<br />
visando à diminuição de<br />
teores de oxalato na planta, que<br />
quando consumido pelos animais<br />
através do pastejo pode causar<br />
intoxicação, caracterizado por andar<br />
cambaleante, tetania, diarreia,<br />
escorrimento nasal e, em alguns<br />
casos, sanguinolento.<br />
O técnico do Grupo Matsuda<br />
explicou que as sementes dessas<br />
cultivares serão comercializadas<br />
através da tecnologia de revestimento<br />
“Série Gold Matsuda”, as<br />
chamadas “sementes inteligentes”<br />
que possui tratamento com polímero<br />
e fungicida, melhorando a<br />
eficiência da germinação. Jorge<br />
Matsuda, diretor-presidente do<br />
Grupo Matsuda, também presente<br />
ao evento de Ji-Paraná, enfatizou<br />
que a incessante busca por novos<br />
materiais acompanha a tendência<br />
da evolução tecnológica da pecuária<br />
tropical, revelando altas produtividades<br />
concebidas visando<br />
sempre à sustentabilidade.<br />
NOTA DO PESQUISADOR<br />
O pesquisador do Grupo Matsuda avalia que o trabalho de distribuição<br />
de sementes em Rondônia através da parceria com a Agro<br />
Sementes gerou frutos. A pecuária cresceu, os pastos melhoraram<br />
e o setor evoluiu. Todavia, alerta Alberto Takashi, surgem pragas<br />
naturais que precisam ser combatidas com estudo e tecnologia.<br />
“O grande problema aqui no Norte a gente sabe que é a cigarrinha<br />
das pastagens. Se fosse só a cigarrinha das pastagens o brachiarão<br />
resolvia o problema, mas acontece que está vindo a cigarrinha da<br />
cana-de-açúcar que o nome científico é mahanarva fimbriolata, e<br />
essa cigarrinha não tem nenhum pasto que é resistente onde tem a<br />
presença da cigarrinha vermelha”, observa o agrônomo.<br />
Para esse problema, Alberto Takashi sugere o capim colonião<br />
panicum maximum MG12 Paredão, que tem uma boa relação folha<br />
e talo que possui o joçal (espinho) que fica na base da planta e repele<br />
o ataque de cigarrinha. “A principal característica do MG12 Paredão<br />
para o Norte e aqui para Rondônia é que não sofre ataque da cigarrinha<br />
porque tem um joçal, um pêlo duro igual da cana-de-açúcar, de<br />
zero a vinte centímetros. Como a cigarrinha coloca os ovos no solo,<br />
a ninfa, quando vai eclodir os ovos, não consegue atacar e acaba<br />
morrendo”, revela o pesquisador.<br />
Segundo o Takashi, a característica do solo de Rondônia, uma parte<br />
do Acre e do Amazonas, encharcado, tem problema de drenagem.<br />
A solução para essas terras é a MG11 Tijuca, fruto do cruzamento da<br />
Kazangula, Narok e a Nandi. A MG11 Tijuca não tem oxalato, tem o<br />
talo mais fino e maior quantidade de folhas e da humidicola, solução<br />
anterior, herdou apenas a tolerância a solos alagados.<br />
Analisando a proximidade de Rondônia com mercados norte-<br />
-americano e europeu, Alberto Takashi deu a dica: “É um local estratégico<br />
para atender não só o Brasil, mas o mundo globalizado. Aproveitem<br />
o potencial que vocês têm em Rondônia. Tem umidade, tem<br />
sol, e a coisa mais importante: tem gente com vontade de trabalhar”.<br />
16 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
PECUÁRIA<br />
PECUARISTAS DE<br />
Rondônia com<br />
“los hermanos”<br />
Melhoramento genético e sistema de produção de carne foram os principais<br />
temas abordados no intercâmbio de pecuaristas brasileiros na Argentina<br />
Por Tatiana Freitas<br />
AAlta Genetics realizou<br />
um Showcase na Argentina<br />
para os clientes<br />
brasileiros. Participaram aproximadamente<br />
50 pecuaristas da<br />
Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso,<br />
Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,<br />
Paraná, Rondônia e São Paulo. O<br />
objetivo da companhia é mostrar a<br />
cultura de produção na Argentina<br />
por meio de experiências técnicas,<br />
trocas de ideias e tecnologias, além<br />
de apresentar a genética disponível<br />
da empresa no país.<br />
“É uma oportunidade para<br />
mostrarmos ao mercado a força e<br />
expressão que a genética argentina<br />
têm. Nós temos muito a aprender<br />
com eles que produzem uma carne<br />
de alta qualidade em um ambiente<br />
a pasto e trabalham em um cenário<br />
de livre concorrência entre muitos<br />
frigoríficos”, explica Tiago Carrara,<br />
gerente de mercado da Alta.<br />
As raças trabalhadas durante o<br />
Showcase foram: Angus, Hereford,<br />
Red Angus, Brangus, Braford e<br />
Red Brangus. O evento começou<br />
em Buenos Aires, seguido de uma<br />
visita ao Mercado Liniers – maior<br />
centro de vendas de animais vivos<br />
para frigoríficos da América Latina<br />
– considerado o mais importante<br />
balizador de preços da carne no<br />
país. Os clientes puderam conferir<br />
em tempo real os arremates de<br />
diversas categorias. “Eles também<br />
ficaram impressionados com a<br />
livre concorrência que ocorre por<br />
lá, onde são cadastrados mais de<br />
200 frigoríficos e abatedouros, o<br />
que não ocorre no Brasil”, afirma<br />
Carrara.<br />
Os visitantes também estiveram<br />
na fazenda Las Tres Cruces da<br />
raça Brangus, sendo uma das três<br />
principais desta raça na Argentina,<br />
e conheceram um pouco da cultura<br />
gaúcha na cidade de San Antonio<br />
de Areco rica em artesanatos com<br />
couro, prata e bronze. Também<br />
visitaram a Central da Alta Ciale<br />
em Capitan Sarmiento, e ouviram<br />
palestras sobre melhoramento genético,<br />
evolução genética, critérios<br />
de seleção adotados, mercado de<br />
carne no Brasil e sistema de cruzamento<br />
industrial como alternativa<br />
para otimizar ganhos.<br />
Para fechar, houve desfile de<br />
40 touros das raças trabalhadas e<br />
visita a Cabanha Charles Del Guerrero,<br />
a responsável pela primeira<br />
importação da raça Angus para a<br />
Argentina.<br />
“O Brasil tem sido muito pressionado<br />
a abrir novos mercados<br />
para exportação de carne e estes<br />
mercados exigem melhor qualidade<br />
da carne. Ir para a Argentina<br />
buscar essas iniciativas é uma forma<br />
de vencermos estes desafios”,<br />
finaliza o Gerente de Mercado.<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 17
LOGÍSTICA<br />
TRANSPORTE<br />
INTERMODAL<br />
Hidrovia do Madeira<br />
aproxima Rondônia<br />
do resto do mundo<br />
Por Edmilson Rodrigues<br />
Épromissor o horizonte<br />
que se abre com as<br />
perspectivas de envio,<br />
a cada dia, de mais mercadorias<br />
de Rondônia, Mato Grosso, e parte<br />
do Mato Grosso do Sul, pela<br />
hidrovia do Madeira até o Porto<br />
de Manaus e de lá para qualquer<br />
parte do mundo. À medida que os<br />
gargalos logísticos são reduzidos a<br />
conexão de Rondônia via Rota do<br />
Pacífico com os principais portos<br />
do planeta se torna realidade, ao<br />
passo que os empresários do setor<br />
do agronegócio são atraídos para<br />
essa alternativa de escoamento<br />
da produção. Essa modalidade de<br />
transporte já é utilizada por muitas<br />
empresas rondonienses que encurtam<br />
distância e diluem o custo da<br />
logística.<br />
A primeira grande companhia<br />
de transporte marítimo a iniciar<br />
operação com rota a partir do<br />
porto de Porto Velho foi a Mediterranean<br />
Sphipping Company (MSC),<br />
líder mundial no transporte de<br />
contêineres global. Com sede em<br />
Genebra, na Suíça, a MSC possui<br />
mais de 440 embarcações, opera<br />
480 escritórios em 150 países,<br />
navega em mais de 200 rotas de<br />
18 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016<br />
18 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
comércio, e em 315 portos. Com a<br />
estratégia de uma nova rota para<br />
atender com vantagens Rondônia,<br />
Amazonas e o Sul do Mato Grosso<br />
e aproximar o destino de países<br />
mais próximos e do continente<br />
europeu, a MSC através empresa<br />
SC - a operadora no estado que<br />
transporta os contêineres de balsa<br />
até Manaus – amplia seus parceiros<br />
e atrai novos exportadores.<br />
A nova rota permite a redução<br />
do tempo de deslocamento de<br />
cargas em até 25 dias. Antes, o produto<br />
seguia em uma balsa de Porto<br />
Velho até Manaus e depois por um<br />
navio por toda a costa brasileira<br />
até o Sul, e de lá era enviado para<br />
o destino final, numa operação que<br />
durava entre 80 a 90 dias. Hoje a<br />
rota é de Porto Velho a Manaus,<br />
seguindo o navio direto para o Panamá,<br />
onde navios da MSC partem<br />
para qualquer destino do planeta.<br />
A companhia MSC hoje exporta<br />
produtos de Rondônia para o<br />
mundo inteiro, desde madeira<br />
beneficiada, cassiterita, carne<br />
congelada e as mercadorias têm<br />
como destino os Estados Unidos<br />
da América, a Holanda, a Rússia,<br />
a China, e países da Europa, do<br />
Oriente Médio e da África. Pelo<br />
porto da Capital, a Gramazon de<br />
Ji-Paraná também envia granito<br />
para Manaus e exporta para a Itália.<br />
Além dessa movimentação de<br />
transporte internacional, existem<br />
as cargas normais de soja e grãos,<br />
e rotas saindo de Rondônia para<br />
Manaus (AM) e Santarém (PA) com<br />
contêineres de compensados, de<br />
leite UHT e leite em pó da indústria<br />
Italac de Jarú e do Laticínio Tradição<br />
de Ji-Paraná, baterias; o óleo<br />
de soja da multinacional ADM que<br />
é produzido em Rondonópolis, no<br />
Mato Grosso também segue pelo<br />
porto de Porto Velho.<br />
Na ocasião da 5ª Rondônia<br />
Rural Show, Rui Lourenço, Diretor<br />
Comercial da MSC no Brasil, anunciou<br />
novos parceiros interessados<br />
em exportar carne congelada para<br />
a Europa e o continente africano:<br />
“O foco principal é a logística<br />
fluvial voltada para o comércio<br />
exterior. Tem um potencial muito<br />
grande, há um interesse muito<br />
grande das autoridades. Ao invés<br />
de escoar seu produto através dos<br />
portos do sul aqui você tem um<br />
canal gigante sem restrição de<br />
atendimento fluvial”, comentou o<br />
preposto da MSC, sobre a hidrovia<br />
do Rio Madeira.<br />
Seguindo a tendência de empresas<br />
como os Frigoríficos Minerva,<br />
Tangará e Friboi que se beneficiam<br />
do transporte intermodal<br />
partindo do porto de Rondônia, o<br />
Frigorífico Gonçalves, de Jarú, que<br />
utiliza porto de Navegantes (SC)<br />
para exportar carne para Alexandria,<br />
no Egito, Saint Petersburg,<br />
na Rússia e Hong Kong, na China,<br />
está em vias de fechar uma parceria<br />
com a MSC, segundo informou<br />
Elias José Silva, gerente comercial<br />
da indústria. “De fato, a gente está<br />
tentando usar a rota. A gente ainda<br />
não fez nenhum embarque, vamos<br />
iniciar com um teste via Porto<br />
Velho, e essa mercadoria seguirá<br />
de balsa até Manaus, de Manaus a<br />
carne segue para Hong Kong. Vamos<br />
verificar o tempo de custo. No<br />
passado não deu certo, mas agora<br />
a gente está fazendo a análise para<br />
fazer um teste”.<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
19
LOGÍSTICA<br />
NAVIO VAI ATENDER<br />
RONDÔNIA<br />
pela costa brasileira<br />
e o Mercosul<br />
Diante dos resultados satisfatórios obtidos com a operacionalização da Mediterranean<br />
Sphipping Company (MSC), uma nova rota partindo de Porto Velho foi anunciada no final<br />
de maio, que terá como destino toda costa brasileira, e o Mercosul.<br />
Por Edmilson Rodrigues<br />
Um serviço semanal de<br />
cabotagem vai conectar<br />
o porto de Porto Velho<br />
ao porto de Manaus, seguindo<br />
por uma rota que cruzará toda a<br />
costa brasileira e terá como destino<br />
final Buenos Aires, na Argentina.<br />
Essa rota surge a partir da formalização<br />
da parceria entre a Operadora<br />
Portuária SC Transportes<br />
de Porto Velho e a Log-In Logística<br />
Intermodal, que possui uma<br />
rede integrada de movimentação<br />
portuária por uma extensa malha<br />
intermodal com abrangência geográfica<br />
em todo o Brasil e países<br />
do Mercosul. A MSC não tem permissão<br />
para operar no Mercosul,<br />
mas essa rota será realizada pela<br />
Log-In Logística Intermodal que<br />
20 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO MAIO 2016
gerencia e opera soluções para<br />
movimentação de cargas por meio<br />
de cabotagem, complementada<br />
por ponta rodoviária, e oferece<br />
armazenagem de carga em seus<br />
terminais.<br />
A nova rota vai permitir que<br />
produtos de Rondônia sejam transportados<br />
através de balsas pela<br />
hidrovia do Madeira até Manaus,<br />
de onde partirá um navio semanalmente<br />
com destino a Belém, porto<br />
de Suape em Recife, Fortaleza,<br />
Salvador, Rio de Janeiro, Santos,<br />
Paranaguá, Itajaí, Rio Grande do Sul<br />
e, por último, Buenos Aires.<br />
As empresas que atualmente<br />
utilizam o transporte rodoviário<br />
já começam a migrar para o transporte<br />
intermodal para obterem<br />
a redução no custo do frete. O<br />
frigorífico de peixes Zaltana Pescados,<br />
localizado em Ariquemes,<br />
vai enviar o pescado (tambaqui,<br />
pintado e pirarucu) para o centro<br />
sul do país, para abastecer as redes<br />
de supermercado dos grupos<br />
Pão de Açúcar e Wal-Mart. A Brazil<br />
Manganese Corporation (BMC),<br />
que extrai manganês das minas<br />
de Jaburi e Rio Madeira, na região<br />
de Espigão d’Oeste, vai utilizar o<br />
serviço intermodal para enviar<br />
produtos do manganês a usinas<br />
metalúrgicas de São Paulo e de<br />
Salvador.<br />
O empresário Gilberto Maciel,<br />
da SC Transportes, explica que o<br />
navio da Log-In não vai voltar vazio.<br />
Trará cargas para empresas de<br />
Rondônia que terão uma redução<br />
de custo significativa e vantajosa.<br />
A empresa de suplemento mineral<br />
Big Sal, por exemplo, vai utilizar o<br />
transporte fluvial ao invés de enviar<br />
carretas para o Nordeste brasileiro.<br />
Reduzindo o custo do transporte,<br />
vai baratear o preço final para o<br />
consumidor. No retorno, o navio da<br />
Log-In também poderá trazer insumos<br />
agrícolas, fertilizante e matéria<br />
prima para muitas indústrias que<br />
atuam em Rondônia.<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 21
TENDAS DO COLOMBO:<br />
11 anos de liderança<br />
no Norte do Brasil<br />
Desde quando surgiu<br />
no seguimento de locação<br />
de tendas para<br />
quaisquer ocasiões, e de estrutura<br />
para grandes eventos, a empresa<br />
Tendas do Colombo lidera o mercado<br />
rondoniense, e a cada ano<br />
amplia seus parceiros da iniciativa<br />
privada, no setor público e às<br />
organizações do setor produtivo.<br />
A tendas do Colombo é uma<br />
empresa com sede em Ouro Preto<br />
do Oeste que vai completar 11<br />
anos em setembro. Administrada<br />
pelo casal Cícero e Rosania Albuquerque,<br />
a Tendas do Colombo<br />
a nível nacional está classificada<br />
como a 3ª maior empresa do<br />
seguimento no país em locação<br />
de arquibancadas, estandes e<br />
tendas diferenciadas; a empresa<br />
está presente nos maiores e mais<br />
importante eventos do estado<br />
de Rondônia, no Acre e no sul do<br />
Amazonas.<br />
No seu quadro de funcionários,<br />
a empresa conta com<br />
engenheiro elétrico, engenheiro<br />
químico e engenheiro elétrico, e<br />
segue todas as normas exigidas<br />
pelo Corpo de Bombeiros e a<br />
ABNT. No recinto da feira da 5ª<br />
Rondônia Rural Show, ocorrida<br />
em maio, a Tendas do Colombo<br />
instalou 51 estandes e 128 tendas<br />
e desde o primeiro ano fornece<br />
sua estrutura para o evento. Nas<br />
maiores feiras agropecuárias dos<br />
municípios de Rondônia, a Tendas<br />
do Colombo oferece estrutura<br />
de tendas, pisos com tablado<br />
carpetados e elevados, palco e<br />
camarotes. A empresa também<br />
instala plataforma “sustencar”<br />
nas principais concessionárias<br />
no estado.<br />
A Tendas do Colombo atua no<br />
mercado com o sentido voltado<br />
em estar sempre modernizando<br />
sua estrutura para melhor<br />
atender a ampla clientela: “Nós<br />
estamos presente nos principais<br />
eventos de Rondônia, sempre<br />
trabalhando com eficiência para<br />
garantir a qualidade do nosso<br />
trabalho, o que faz a cada ano aumentar<br />
a nossa responsabilidade<br />
e o nosso número de parceiros”,<br />
define o empresário Cícero Albuquerque.<br />
22 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
23
UM SHOW DE FEIRA<br />
24 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
Maior feira agropecuária do Norte<br />
promete ser maior em 2017<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
25
AGRONEGÓCIO<br />
Por Gerson Costa<br />
Fotos: Marcos Figueira<br />
Inegável afirmar que a crise<br />
econômica pela qual passa o<br />
país não tenha sido sentida<br />
na 5ª edição da Rondônia Rural<br />
Show, realizada de 25 a 28 de maio<br />
no Parque de Exposições Hermínio<br />
Victorelli, em Ji-Paraná. Mas, em<br />
contrapartida, a feira demonstrou<br />
superação. A mostra agrícola, que<br />
em 2017 será realizada em área<br />
própria, também em Ji-Paraná,<br />
apresentou dados que comprovam<br />
isso, e expõe uma mudança<br />
de comportamento do produtor<br />
rural, que esteve mais decidido a<br />
investir e mais cuidadoso com seus<br />
recursos.<br />
Essa afirmação foi unânime<br />
entre os representantes de instituições<br />
financeiras que participaram<br />
da 5ª Rondônia Rural<br />
Show, que tiveram pedidos de<br />
financiamentos (custeio de investimento)<br />
de R$ 346.370.706,50, em<br />
3.446 propostas. Só no Banco da<br />
Amazônia S.A. (Basa) foram apresentados<br />
propostas no montante<br />
de R$ 169.422.523,46. Na mesma<br />
instituição foram liberados ainda<br />
durante a Rondônia Rural Show R$<br />
7.896.959,65.<br />
Esses números, que ainda podem<br />
ter aumento, já que até o final<br />
de junho há análise de propostas,<br />
foram repassados por José Paulo<br />
Ribeiro Gonçalves, coordenador-<br />
-geral do evento, que informou<br />
ainda a quantidade de visitantes<br />
nos quatro dias de feira: 68.051<br />
pessoas.<br />
A Associação de Assistência<br />
Técnica e Extensão Rural (Emater)<br />
transportou 4.201 pessoas. Ainda<br />
durante a feira foram entregues<br />
108 títulos definitivos de propriedade,<br />
o que influencia diretamente<br />
na liberação de crédito.<br />
O total de expositores chegou a<br />
380 na edição deste ano. O Pavilhão<br />
da Agroindústria reuniu 98 expositores<br />
e movimentou R$ 178 mil.<br />
Os 132 artesãos que expuseram<br />
produtos na feira movimentaram<br />
R$ 100 mil. Nas salas de palestras<br />
do Serviço de Apoio à Pequena e<br />
Média Empresa (Sebrae) a participação<br />
chegou a 1.182 pessoas.<br />
Sobre as tecnologias, o secretário<br />
Evandro Padovani (Agricultura)<br />
citou o repasse de informações aos<br />
produtores, destacando os Caminhos<br />
do Café, Leite e Carne, que<br />
foram organizados pela Empresa<br />
Brasileira de Pesquisa Agropecuária<br />
(Embrapa) em ambientes que<br />
26 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
explicavam o passo a passo da produção<br />
até a comercialização. Ali,<br />
dados técnicos e informações sobre<br />
a cadeia produtiva e métodos<br />
de produção foram repassados de<br />
forma didática, com interação dos<br />
técnicos com o público, que teve<br />
a oportunidade de tirar dúvidas. A<br />
vitrine tecnológica, onde empresas<br />
ligadas ao setor primário fizeram<br />
demonstrações práticas de seus<br />
produtos, também foi destacada.<br />
Sobre as máquinas expostas na<br />
feira, Padovani disse que “foram<br />
um atrativo à parte”, com muitas<br />
pessoas tendo a oportunidade<br />
de ligar e até manobrar máquinas<br />
gigantescas e ultramodernas que<br />
geralmente só são vistas em reportagens<br />
sobre grandes produtores<br />
pela televisão. Para o secretário,<br />
essas máquinas já estão introduzidas<br />
nas propriedades e nos<br />
sonhos de consumo dos produtores<br />
rondonienses, em razão dos<br />
resultados financeiros que trazem<br />
às propriedades.<br />
Novidades<br />
em máquinas<br />
e pesquisas<br />
Durante a 5ª Rondônia Rural<br />
Show, os expositores apresentaram<br />
novidades para o setor produtivo<br />
direcionado à colheita de grãos,<br />
plantio e divulgação de novas sementes<br />
de alta produtividade criadas<br />
a partir de estudos científicos<br />
da área privada e pela Embrapa.<br />
Na área reservada a grandes<br />
máquinas, o estande da Case<br />
chamou atenção com a colhedora<br />
AF2566, um monstro mecanizado,<br />
equipado com softwares avançados<br />
e tecnologia de ponta para colheita<br />
da soja. O produtor também<br />
pode conhecer a Farmall 80 e 95,<br />
além da Maxxum 110, 125 e 150,<br />
tratores de amplo uso nas lavouras.<br />
Há mais de 40 anos no ramo,<br />
a Pemaza apresentou um mix de<br />
produtos incorporados para máquinas<br />
do agronegócio da linha<br />
Goodyear. “A gente já era da linha<br />
agro com a atividade na propriedade<br />
rural (Agromaza, que vendeu<br />
touros PO em menos de 2 horas<br />
na Rondônia Rural Show) e vendia<br />
muito pneu para uso florestal, mas<br />
de seis anos para cá ampliamos<br />
nossa participação no agronegócio”,<br />
disse Sávio Martins.<br />
Outra novidade apresentada<br />
para o café foi a máquina recolhedora<br />
semimecanizada da MIAC mo-<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
27
AGRONEGÓCIO<br />
delo 2CR. Três unidades foram negociadas na<br />
feira pela Jacomin Agropecuária e Irrigações<br />
que tem sede em Nova Brasilândia do Oeste.<br />
A máquina chamou atenção dos produtores<br />
porque reduz o custo da mão de obra no<br />
momento da colheita dos grãos.<br />
A Matsuda também esteve presente na<br />
vitrine tecnológica trazendo a pesquisa da<br />
forrageira panicum máximo Paredão. De alta<br />
produtividade, esse novo produto substitui<br />
o capim Mombaça. O pesquisador Alberto<br />
Takachi disse que nos testes o capim produz<br />
seis toneladas a mais de matéria verde por<br />
hectare do que o Mombaça, crescendo até 3<br />
metros de altura com nutrientes poderosos<br />
para engorda do animal.<br />
Sementeiros<br />
prometem<br />
expandir<br />
participação<br />
Embora os números da 5ª Rondônia Rural<br />
Show não estejam consolidados, a 6ª edição<br />
promete ser bem maior. Além do local próprio<br />
adquirido através de cessão da prefeitura de<br />
Ji-Paraná, visitantes de outros países e estados<br />
prometem aumentar a participação com<br />
exposição de produtos, serviços e tecnologia.<br />
Os bolivianos, que negociaram cerca de R$ 1<br />
milhão com a Casa da Lavoura, confirmaram<br />
retorno no próximo ano.<br />
O presidente da Associação dos Produtores<br />
de Sementes do Mato Grosso (Aprosmat),<br />
Carlos Ernesto Augustin, garantiu ao<br />
secretário Evandro Padovani a expansão de<br />
sua participação junto com os associados<br />
para expor as pesquisas de sementes de soja,<br />
algodão, forrageiras, entre outras culturas, na<br />
vitrine tecnológica. A Aprosmat congrega a<br />
Agro Norte, Amaggi, Araguya Sementes para<br />
Pasto, Boa Forma Sementes, Celi Sementes,<br />
Girassol Agrícola, Grupo Bom Futuro, Sementes<br />
Acampo, Sementes Adriana, Sementes<br />
Araguaia, Sementes Aurora, Sementes Arco-<br />
-Iris, Sementes Batovi, Sementes Bom Jesus,<br />
Sementes Campeã, entre outras, cuja maioria<br />
estará na próxima edição da Rondônia Rural<br />
Show.<br />
28 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 29
NOVIDADES NO MERCADO<br />
BUDNY LANÇA<br />
transplantadora da café<br />
No mercado há 25 anos, a brasileira Budny aposta em<br />
Rondônia como o novo alicerce do agronegócio do Brasil<br />
Por Ivonete Gomes<br />
Fotos: Marcos Figueira<br />
O<br />
implemento agrícola<br />
foi apresentado na 5ª<br />
Rondônia Rural Show<br />
pelo presidente da fábrica, Carlos<br />
Budny. “Nosso agricultor tem hoje<br />
a necessidade de expandir seus negócios<br />
com tecnologia e estamos<br />
sempre trabalhando para oferecer<br />
inovações”, disse o presidente.<br />
A transplantadora da Budny é<br />
fruto de uma joint venture com<br />
uma empresa italiana e vai ajudar<br />
os cafeicultores na redução de<br />
custos de transplante da lavoura.<br />
Em Rondônia, onde há uma corrida<br />
para substituição das plantas<br />
formadas a partir de sementes<br />
pelas mudas clonais, a máquina<br />
chega para aliviar o alto preço da<br />
contratação de mão de obra. A<br />
transplantadora também pode ser<br />
utilizada na formação de lavouras<br />
de outras culturas.<br />
A Budny levou, ainda, à maior<br />
feira do agronegócio do Norte<br />
a inovação dos motores. As máquinas<br />
agrícolas estão com motores<br />
MWM de até 75 cavalos de<br />
potência. “É a potência de motor<br />
adequada ao agronegócio”, diz<br />
Carlos Budny.<br />
A empresa, que expande a<br />
participação e ganha espaço nas<br />
lavouras rondonienses, já está presente<br />
em países do Mercosul como<br />
Paraguai, Uruguai, Argentina e, em<br />
breve, também na Bolívia, onde iniciou<br />
negociações para exportação<br />
de maquinário.<br />
Presente em todas as edições da<br />
Rondônia Rural Show, o presidente<br />
lista o evento entre os 20 melhores<br />
do Brasil. “Para nós é um orgulho.<br />
Estivemos na primeira feira, ainda<br />
pequena, e agora estamos vendo<br />
essa grandiosidade. Rondônia continua<br />
crescendo e caminha para ser<br />
o novo alicerce do agronegócio do<br />
Brasil”, diz Budny.<br />
30 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
31
NEGÓCIOS<br />
R$ 100 MILHÕES<br />
vão para o campo<br />
Com as linhas de crédito rural, levadas ao produtor na 5ª Rondônia Rural Show,<br />
o Banco do Brasil recebeu R$ 100 milhões em propostas para financiamento de<br />
materiais, máquinas e implementos agrícolas. Desse total, R$ 54 milhões foram<br />
negociados durante os quatro dias do evento. O valor médio das propostas girou em torno<br />
de R$ 150 mil. Foram mais de 300 apresentadas no estande do banco.<br />
A instituição foi responsável pela liberação de crédito para a compra da primeira recolhedora<br />
de café conilon do estado de Rondônia. O implemento foi vendido pela Jacomin<br />
Agropecuária e Irrigações aos produtores Antônio e Dionísio Alves Sobrinho (os Baianos),<br />
do município de Alvorada do Oeste. O valor financiado foi de R$ 152 mil. A máquina, da<br />
marca Miac, tem capacidade para recolher 1.500 latões por dia e reduz em até 60% os<br />
custos de colheita do café.<br />
32 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
Conheça as linhas de crédito<br />
Pronaf Mais Alimentos – atendimento ao agricultor familiar<br />
Prazo: 10 anos com até 03 anos de carência<br />
Juros: até 5,5% a.a.<br />
Itens financiados: máquinas, equipamentos, tratores, cerca baração,<br />
animais, etc.<br />
Custeio Agricultor Familiar - Pronaf<br />
Prazo: 01 ano<br />
Juros: até 5,5% a.a.<br />
Itens financiados: despesas normais de produção<br />
BNDES Pronamp – Investimento: atendimento ao médio produtor<br />
Prazo: investimento fixo 08 anos, animais e máquina 06 anos. Linha<br />
com até 3 anos de carência.<br />
Juros: 7,5% a.a.<br />
Itens financiados: compra de insumos, sal mineral e adubos, mão de<br />
obra na produção.<br />
EQUIPE DO BANCO DO BRASIL<br />
comemora volume de negócios<br />
da maior feira do Norte<br />
Custeio Agropecuário – atendimento geral a produtores<br />
Prazo: 01 ano<br />
Juros: 8,75% a.a.<br />
Itens financiados: compra de insumos, sal mineral e adubos, mão de<br />
obra na produção<br />
BNDES ABC: Agricultura de baixo carbono<br />
Prazo: 10 aos, com 03 anos de carência<br />
Juros: até 8% a.a.<br />
Itens financiados: projeto de infraestrutura rural, recuperação de<br />
pastagens e plantio de florestas. Animais, máquina e tratores – 40%<br />
do projeto podem ser para esses itens.<br />
Inovagro – Inovocação Tecnológica<br />
Prazo: 10 anos com até 03 anos de carência<br />
Juros: 7,5% a.a.<br />
Itens financiados: projeto de infraestrutura rural, englobando a<br />
melhoria tecnológica da produção<br />
Finame Moderfrota<br />
Prazo: até 08 anos<br />
Juros: 7,5% a.a.<br />
Itens financiados: máquinas e equipamentos novos e usados<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
33
ESPECIAL<br />
FALTOU SÃO PEDRO<br />
para dar uma forcinha ao cafezal<br />
A área plantada de café em Rondônia aumentou em 4,5 mil hectares, chegando<br />
a 94.561, mas a produção apresenta queda e deve ficar em 1,6 milhão de sacas<br />
este ano, 100 mil sacas a menos que a safra 2015<br />
34 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
35
ESPECIAL<br />
Por Ivonete Gomes<br />
Por Marcos Figueira<br />
A<br />
informação consta no relatório<br />
do Observatório Agrícola da<br />
Companhia Nacional de Abastecimento<br />
(Conab), que atribui a retração<br />
de produção à menor produtividade ocasionada<br />
pela falta de chuvas no período<br />
de florada, de setembro a outubro. Nas<br />
áreas irrigadas, a ocorrência de sol forte e<br />
altas temperaturas, registradas em outubro<br />
e novembro, prejudicaram a formação<br />
dos cafeeiros e ocasionaram a queda dos<br />
chumbinhos.<br />
Os números mostram uma queda de<br />
11% de produtividade nos maiores produtores<br />
de conilon do país. No Espírito Santo,<br />
onde há crise hídrica sem precedentes, a<br />
redução foi maior: 16,5%, enquanto em<br />
Rondônia a queda chegou a 5,6%, seguida<br />
de Minas Gerais com 2,3%.<br />
Segundo estimativas da Conab, a produção<br />
da safra 2016 será de 49,7 milhões<br />
de sacas beneficiadas de 60 quilos de<br />
café conilon e arábica . A área plantada<br />
foi calculada em 1,9 milhão hectares (ha).<br />
A produção do conilon representa 18,9%<br />
da produção total e está estimada em 9,4<br />
milhões de sacas, uma redução de 16% em<br />
relação ao ciclo anterior.<br />
Para a safra 2016, considerando as<br />
duas espécies (arábica e conilon), estima-<br />
-se produtividade média de 25,58 sc/ha,<br />
equivalendo a um ganho de 13,7% em<br />
relação à safra passada. Com exceção do<br />
estado de Rondônia, região do Cerrado<br />
baiano, regiões da Zona da Mata e Norte<br />
de Minas, Espírito Santo e do Paraná, todos<br />
outros estados apresentam crescimento na<br />
produtividade.<br />
Perspectivas<br />
Os dados levantados indicam que a área<br />
da cultura para a safra atual deverá permanecer<br />
inalterada. No estado de Rondônia,<br />
a área de produção prevista é de 87.657<br />
hectares, com produtividade média ainda<br />
baixa - 18,56 sc/ha. A queda não foi maior<br />
por que houve entrada de novas áreas de<br />
cultivo do clonal, com produtividade bem<br />
superior as de lavouras seminais. São aproximadamente<br />
7 mil hectares de café clonal<br />
em formação em todo o estado.<br />
Desde a implantação dos clonais em<br />
Rondônia por agricultores capixabas, a<br />
cafeicultura passa por um processo gradativo<br />
de substituição de lavouras. Em alguns<br />
municípios a troca por mudas de café clonal<br />
já ultrapassa 40%.<br />
De acordo com a Conab, essa mudança<br />
vem de fatores como o apoio do governo<br />
e prefeituras na distribuição de calcário e<br />
mudas e o trabalho de extensão rural da<br />
Emater em 44 escritórios situados nas regiões<br />
produtoras. Há, ainda, a contribuição de<br />
instituições financeiras como o Basa, Banco<br />
do Brasil e cooperativas que têm disponibilizado<br />
volume de crédito para custeio e<br />
investimentos necessários.<br />
A Embrapa e o Idaron também constam<br />
no relatório do Observatório Agrícola<br />
como grandes parceiras. A primeira pelas<br />
pesquisas desenvolvidas para melhoramento<br />
de mudas resistentes a pragas e<br />
doenças e com tolerância ao déficit hídrico.<br />
A segunda, por ter publicado portaria<br />
aprovando os requisitos fitossanitários<br />
para a produção, o comércio, entrada, o<br />
trânsito, armazenamento e utilização de<br />
mudas no estado.<br />
36 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
Agricultor mais consciente,<br />
menor custo de produção<br />
O Observatório Agrícola também destaca no relatório<br />
da safra 2016 a busca por profissionalização<br />
dos agricultores. Os pesquisadores verificaram que<br />
em Rondônia os cafeicultores estão adotando boas<br />
práticas agrícolas, principalmente em seleção de<br />
cultivares mais adaptadas, irrigação, adubação adequada,<br />
manejo integrado de pragas e mecanização.<br />
O resultado do avanço da tecnologia é a redução de<br />
21,9% no custo de produção.<br />
Para levantar os custos de produção do conilon<br />
no estado, a Conab levou em consideração a implantação<br />
de alta tecnologia no cultivo do café como<br />
a adoção do sistema de irrigação por aspersão. A<br />
produtividade média alcançada a partir do terceiro<br />
ano, na fase produtiva, é de 4.050 kg/ha ou 68 sacas<br />
de 60 quilos. No sistema de sequeiro, a produtividade<br />
era de apenas 25 sc/ha. A surpresa também decorre<br />
da utilização de mudas adaptadas ao clima e solo,<br />
um trabalho executado pela Embrapa e produtores<br />
independentes de mudas. As variedades lançadas no<br />
campo apresentam grãos com maior uniformidade<br />
de maturação e rendimento no beneficiamento superior<br />
a 52%, o que elevou a produtividade média<br />
para a casa das 68 sacas por hectare em cafezais novos.<br />
Em algumas propriedades a colheita ultrapassa<br />
as 100 sc/ha.<br />
Sobre os levantamentos<br />
da Conab<br />
A Companhia Nacional de Abastecimento realiza<br />
quatro levantamentos no campo ao longo do<br />
ano safra da cultura:<br />
1º - Em novembro e dezembro, com divulgação<br />
em janeiro, no período de pós-florada, um dos<br />
mais importantes da cultura. Nessa ocasião o clima<br />
favorável e as boas práticas agrícolas garantem a<br />
uniformidade e qualidade dos grãos;<br />
2º - Em maio, com divulgação em junho, no<br />
período de pré-colheita, quando menos de 20%<br />
do café do país foram colhidos;<br />
3º - Em agosto, com divulgação em setembro,<br />
no período de plena colheita, de março a outubro,<br />
concentrada de maio a agosto. Nessa fase de levantamento<br />
a colheita já ultrapassa 90% do total<br />
em todo o país;<br />
4º - Em dezembro, com divulgação em janeiro,<br />
é o último da safra e compreende o período de<br />
pós-colheita, com dados consolidados.<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
37
ESPECIAL<br />
JÚLIO CÉSAR MENDES<br />
Passado: colhedor de café<br />
Presente: empresário e cafeicultor<br />
Futuro: o maior em produtividade do Brasil<br />
Por Ivonete Gomes<br />
Enquanto muitos produtores<br />
lamentam a colheita de grãos<br />
abaixo do esperado, outros comemoram<br />
a alta produtividade garantida pela<br />
cafeicultura tecnificada. Com 58 mil pés de<br />
café conilon plantados em 22,8 hectares, o<br />
produtor de Nova Brasilândia do Oeste, Júlio<br />
César Mendes, é um deles. Em uma área<br />
de mudas clonais selecionadas, a produtividade<br />
chegou a 182 sacas por hectare na<br />
última safra e o número vem se repetindo<br />
nesta colheita, iniciada na primeira semana<br />
de junho.<br />
Natural de Aracruz, o capixaba veio<br />
à Rondônia há 17 anos contratado para<br />
ajudar na colheita de um cafezal. Gostou<br />
do que viu nos campos rondonienses e só<br />
telefonou para mãe para informar o novo<br />
endereço que escolheu para viver. Hoje,<br />
Júlio César é empresário do agronegócio,<br />
um dos maiores produtores do estado e não<br />
para de ampliar os investimentos no conilon.<br />
“Estamos preparando uma área para<br />
plantar mais 38 mil pés”, diz o agricultor.<br />
Este ano, o custo de produção da lavoura<br />
do Júlio César girou em torno de R$ 113,00<br />
por saca. É alto, segundo ele, porque somados<br />
a todos os tratos culturais das áreas em<br />
produção estão os gastos com a formação<br />
da nova lavoura. Mas, com a aquisição de<br />
uma máquina para colheita semimecanizada,<br />
o produtor vai ter uma redução de<br />
60% dos custos com mão de obra. “Sem a<br />
máquina eu teria que contratar 80 pessoas<br />
para colheita manual, que levaria mais de<br />
três dias para ser concluída”, diz o capixaba.<br />
A recolhedora do produtor é da marca<br />
Miac e tem capacidade para 1.500 latões<br />
por dia, cerca de 83 sacas de café beneficiado.<br />
“Hoje eu tenho somente quatro<br />
colaboradores na propriedade e mantenho<br />
esse mesmo número na colheita. Se não<br />
fosse a máquina, o custo seria 40% maior”,<br />
afirma o produtor que, colocando as contas<br />
na ponta do lápis, espera uma economia<br />
de R$ 57 mil.<br />
O produtor Júlio César está entre os cafeicultores<br />
de Rondônia que não poupam<br />
na adoção das tecnologias disponíveis para<br />
melhorar a lavoura. Ele, os irmãos e o tio<br />
produzem mudas de clonais no viveiro da<br />
cidade e, a cada safra, fazem a seleção de<br />
materiais mais resistentes a pragas e doenças,<br />
mais tolerantes ao estresse climático<br />
e com alto poder produtivo. “Tivemos um<br />
material aqui que não deu certo. Esse, já<br />
descartamos e transplantamos outras mudas.<br />
O trabalho de pesquisa não para”, diz.<br />
Outro fator importante para a garantia<br />
da alta produtividade do conilon de Rondônia<br />
é a irrigação. Preocupado sempre<br />
com os custos da lavoura e com a sustentabilidade,<br />
o produtor Júlio César adotou<br />
o sistema de irrigação por gotejamento da<br />
Netafim. A tecnologia israelense reduz os<br />
custos com energia e consome quantidade<br />
de água infinitamente maior que o sistema<br />
por aspersão. “Tudo aqui é automatizado.<br />
Não falta água para o café se desenvolver<br />
em todas as fases. Mas, o que nos deixa<br />
também muito satisfeitos, é a economia<br />
com energia elétrica. Antes, a conta da propriedade<br />
era de dois mil e duzentos reais e<br />
hoje não passa de novecentos”, comemora<br />
o produtor.<br />
38 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
39
ESPECIAL<br />
Os 10 passos da cafeicultura tecnificada<br />
Segundo o analista do Campo Experimental da Embrapa de Ouro Preto do Oeste, João Maria, pequenas<br />
ações resultam em grandes produções. Veja quais as técnicas recomendadas para a lavoura cafeeira:<br />
1 – ESCOLHA DA ÁREA<br />
Verifique se área escolhida<br />
para o plantio tem topografia<br />
adequada para o cultivo de<br />
canéfora. Dê preferência a<br />
áreas planas.<br />
2 – BOA FERTILIDADE<br />
através de análises de solo,<br />
feitas em laboratório, saiba os<br />
nutrientes que faltam para a<br />
terra escolhida.<br />
4 – BOA COVA/SULCO:<br />
Faça covas profundas. Quanto<br />
mais fundas, melhor para a<br />
planta.<br />
3 – HISTÓRICO DA ÁREA<br />
Pesquise se na área já houve<br />
plantio de culturas suscetíveis a<br />
nematoides, como hortaliças.<br />
5 – Espaçamento<br />
A Embrapa recomenda uma<br />
haste por metro quadrado.<br />
40 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
7 – ADUBAÇÃO<br />
QUÍMICA E ORGÂNICA:<br />
Use produtos de boa<br />
qualidade, na quantidade<br />
apontada na análise de solo,<br />
dentro dos sulcos.<br />
6 – CALAGEM<br />
O calcário é essencial para<br />
correção de acidez do solo.<br />
É aconselhável a aplicação<br />
sempre que necessário.<br />
8 – Mudas<br />
Nunca compre mudas sem<br />
procedência. Em Rondônia,<br />
a Embrapa recomenda a BRS<br />
Ouro Preto, mas há viveiristas<br />
com materiais que também<br />
apresentam alta qualidade.<br />
9 – PODA DE FORMAÇÃO<br />
Esse procedimento, feito<br />
da forma correta, aumenta<br />
em até 30% a produtividade.<br />
Os pesquisadores indicam a<br />
apical ou vergamento. A técnica<br />
do vergamento promove<br />
crescimento vegetativo superior<br />
durante a formação de cafeeiros<br />
clonais na região amazônica.<br />
10 – IRRIGAÇÃO<br />
Café irrigado é sinônimo de alta produtividade. Em<br />
Rondônia, os produtores estão optando pelo sistema de<br />
gotejamento que gera economia de água e energia elétrica.<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
41
ESPECIAL<br />
QUE TAL<br />
SECAR O CAFÉ<br />
NO TERREIRO?<br />
Tecnologia desenvolvida pela Embrapa Rondônia garante<br />
qualidade, economia e sustentabilidade na cafeicultura<br />
Por Ivonete Gomes<br />
Fotos: Marcos Figueira<br />
Não basta produzir, tem que produzir<br />
com qualidade. A busca do mercado<br />
por um café cada vez melhor, levou<br />
os cafeicultores de Rondônia a uma corrida por<br />
práticas que garantam a segurança alimentar,<br />
uma bebida saborosa e, consequentemente, a<br />
satisfação do consumidor final. O resultado do<br />
sabor e pureza depende do desenvolvimento<br />
de toda a cadeia produtiva, desde a escolha<br />
de mudas que apresentem uniformidade de<br />
maturação dos grãos, até a torrefação. Todas as<br />
fases são importantes, mas uma das principais<br />
preocupações é o processo correto de secagem<br />
do fruto pós-colheita.<br />
De acordo com o analista da Embrapa de<br />
Ouro Preto do Oeste, João Maria Diocleciano, os<br />
grãos colhidos devem ser submetidos imediatamente<br />
ao processo de secagem. “O café não<br />
pode esperar. Depois do terceiro dia, os grãos<br />
úmidos ficam suscetíveis ao ataque de fungos<br />
e começam a fermentar. Isso compromete a<br />
qualidade da bebida”, alerta.<br />
Para garantir grãos secos de forma homogênea<br />
e sem fermentação, a Embrapa Rondônia<br />
desenvolveu uma técnica simples e sustentável:<br />
a Barcaça Seca Café. A estrutura é composta de<br />
um terreiro de cimento com cobertura móvel.<br />
Tem custo acessível, diminui a utilização de mão<br />
de obra e mantém o processo de retirada da<br />
umidade do fruto até no período noturno. Em<br />
condições amazônicas, a temperatura de secagem<br />
varia de 25°C a 45°C, com média próxima<br />
da ideal (35°C).<br />
A cobertura móvel pode ser adaptada em<br />
qualquer terreiro de cimento convencional e<br />
qualquer material transparente pode ser usado<br />
como cobertura. O produtor também pode<br />
automatizar o sistema para ser acionado sem<br />
que ele esteja presente. “Nós mostramos aqui<br />
que a cobertura pode ser acionada de forma<br />
manual e com controle remoto. Mas ela pode ser<br />
melhorada ainda mais com instalações de relés<br />
que acionem o mecanismo quando houver falta<br />
de luz, à noite ou quando indicar chuva”, explica<br />
o analista que pensou o sistema.<br />
As pesquisas realizadas no campo experimental<br />
da Embrapa, em uma barcaça de 20x30<br />
metros com capacidade para 24 sacas por vez,<br />
mostraram que o sistema de secagem mantém<br />
as características sensoriais do café, proporcionando<br />
uma bebida de qualidade.<br />
O tempo de secagem pode variar de oito a<br />
dez dias. Depois de colocar os grãos no terreiro,<br />
o produtor deve fazer as leiras seguindo a<br />
própria sombra. “Essa técnica garante melhor<br />
aproveitando da luz do sol e uniformização<br />
da secagem. Deve ser feita a cada duas horas”,<br />
orienta João Maria.<br />
42 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
Qualidade e economia<br />
incomparáveis<br />
Além de garantir uma secagem correta, sem os riscos de fermentação e<br />
queima em secadores que utilizam altas temperaturas para acelerar o processo,<br />
a Barcaça Seca Café gera uma economia de R$ 20,00 por saca ao produtor. Esse<br />
é o valor praticado por cerealistas para uso do secador. Secando na própria propriedade,<br />
o cafeicultor vai enviar os grãos direto para o beneficiamento. Além<br />
de poupar dinheiro vai ajudar o meio ambiente, contribuindo com a redução<br />
de queima de combustível nos secadores, como lenha e carvão.<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
43
ESPECIAL<br />
Mudas clonais em<br />
tubete e um viveiro padrão<br />
Novas técnicas para reduzir os riscos de<br />
contaminação da lavoura por nematoides<br />
e manter a saúde do produtor<br />
Por Ivonete Gomes<br />
Fotos: Marcos Figueira<br />
Responde pelo nome de nematoide o grande<br />
pesadelo dos produtores de café. O verme é<br />
de difícil controle e combate e leva à perda<br />
total da lavoura. Vive no solo em qualquer ambiente<br />
e consegue resistir ao estresse hídrico durante anos.<br />
Ele chega às áreas de cultivo pela irrigação, ventos<br />
fortes, máquinas e implementos agrícolas, movimento<br />
de animais e pessoas na lavoura e, principalmente, por<br />
mudas produzidas em solos infectados. Por isso, para<br />
eliminar os riscos de levar o nematoide embalado em<br />
sacolinhas de mudas, a Embrapa vem recomendando<br />
aos viveiristas de Rondônia a produção de mudas de<br />
café clonal em tubete.<br />
O material de plástico em forma de tubo, de 180<br />
ml, é preenchido com uma mistura de substratos que<br />
substituem o solo, eliminando em 100% os riscos de<br />
contaminação da lavoura por nematoide. “Estamos<br />
fazendo um trabalho de pesquisa para que produtor<br />
faça seu próprio subestrato na propriedade, diminuindo<br />
os custos de produção de mudas nos tubetes”, diz o<br />
analista da Embrapa, João Maria Diocleciano.<br />
A pesquisa de produção de mudas de café clonal em<br />
tubetes foi desenvolvida no Campo Experimental da<br />
Embrapa de Ouro Preto do Oeste em um viveiro padrão.<br />
A empresa de pesquisas vem orientando os produtores<br />
de mudas sobre a adoção de técnicas corretas tanto<br />
para o melhor desenvolvimento das plantas e quanto<br />
para eliminação de riscos de doenças do viveirista relacionadas<br />
ao trabalho nas estufas. “Mostramos como<br />
é mais confortável o produtor trabalhar com as mudas<br />
em tubete colocadas em bancadas 80 cm de altura. Ele<br />
não precisa ficar agachado para manusear as mudas.<br />
Isso evita que no futuro ele tenha graves doenças ergométricas”,<br />
diz o analista.<br />
As bancadas e a estrutura do viveiro padrão são<br />
metálicas e as bandejas de plástico, com 54 tubetes,<br />
são leves e de fácil manuseio. No viveiro padrão, a<br />
recomendação é pelo uso de irrigação por microaspersão.<br />
O sistema libera gotículas de água que são<br />
absorvidas pelas folhas da planta e proporcionam o<br />
desenvolvimento inicial das mudas clonais. “No viveiro<br />
da Embrapa, trabalhamos com a irrigação em quatro<br />
setores. A distribuição de água é feita de acordo com<br />
a necessidade das mudas”, explica João Maria.<br />
O viveiro padrão tem cobertura plástica e uma<br />
espécie de forro de sombrite que funciona como uma<br />
cortina. A técnica ajuda na climatização e controle da<br />
luz. “Quando estamos na fase de formação dos clones,<br />
as cortinas ficam sempre fechadas. Depois, controlamos<br />
de acordo com a necessidade de luz das plantas”.<br />
Voltando a falar do risco de nematoide, é importante<br />
a dica sobre o piso do viveiro para nunca permitir que<br />
a muda tenha contato com o solo. A Embrapa indica uma<br />
forragem com pedra brita. “Quanto mais o produtor de<br />
mudas se aproximar desse modelo viveiro, melhor vai<br />
produzir”, concluiu o analista da Embrapa.<br />
44 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
45
ESPECIAL<br />
46 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
PODA AUMENTA<br />
em até 30% produtividade<br />
do canéfora<br />
A chamada “poda de formação” melhora desempenho das plantas na primeira safra<br />
Por Renata Silva<br />
Uma nova técnica sistematizada<br />
pela Embrapa<br />
Rondônia, chamada<br />
poda de formação, pode fazer<br />
com que os cafeeiros da espécie<br />
canéfora (Conilon e Robusta) apresentem<br />
aumento de até 30% de<br />
produtividade na primeira safra. A<br />
prática ainda permite a padronização<br />
das podas de produção, já que<br />
as hastes formadas apresentarão a<br />
mesma idade. A poda dos cafeeiros<br />
é praticada por alguns cafeicultores,<br />
porém sem critérios e de forma<br />
empírica. A sistematização traz embasamento<br />
técnico e comprovação<br />
de resultados.<br />
Além disso, se os cafeeiros forem<br />
plantados no mês de janeiro e<br />
a poda realizada em março, a técnica<br />
pode evitar que as plantas cresçam<br />
o suficiente para florescerem<br />
em julho, ou agosto, evitando a colheita<br />
do primeiro ano, conhecida<br />
como catação, que é muitas vezes<br />
inviável para o agricultor, devido<br />
ao alto custo e baixo rendimento.<br />
O pesquisador Marcelo Curitiba,<br />
que sistematizou a poda de formação,<br />
afirma que o aumento da<br />
produtividade na primeira safra e<br />
as demais vantagens compensam<br />
o investimento de tempo que o<br />
produtor faz. Ele exemplifica que<br />
para realização da poda são gastos,<br />
aproximadamente, dez segundos<br />
por planta. Assim, em um dia de<br />
serviço (equivalente a oito horas),<br />
é possível realizar a poda em<br />
aproximadamente 2.900 plantas,<br />
o que corresponde a um hectare<br />
plantado em espaçamento de três<br />
metros entre linhas por 1,15 m<br />
entre plantas.<br />
O cientista comenta que a<br />
operação de seleção de brotos<br />
e a desbrota são um pouco mais<br />
trabalhosas, devido, especialmente<br />
ao processo de seleção. Assim,<br />
considerada a necessidade de 60<br />
segundos por planta, em um dia<br />
de serviço é possível realizar a<br />
poda em aproximadamente 500<br />
plantas, ou seja, aproximadamente<br />
seis dias para fazer a poda em um<br />
hectare. “Em resumo, são necessários<br />
aproximadamente sete dias de<br />
serviço para o retorno de até 30%<br />
da produção de frutos, um retorno<br />
que vale a pena”, conclui Curitiba.<br />
O produtor de café do Município<br />
de Alta Floresta D’Oeste (RO),<br />
Ademar Schmidt, conheceu a<br />
técnica a aprovou. “Eu não deixo<br />
de fazer a poda de formação nas<br />
minhas áreas recém-plantadas. É<br />
fácil de fazer e traz vários benefícios<br />
para a lavoura”, diz. Ele aprendeu<br />
a técnica com a filha Raquel, engenheira-agrônoma<br />
que, em suas<br />
atividades de pesquisa, aplicou<br />
o conhecimento nas lavouras do<br />
pai. “Começamos a usar a poda nas<br />
lavouras para o meu experimento<br />
do trabalho de conclusão do curso.<br />
Vimos os resultados e gostamos.<br />
Depois disso, em todas as lavouras<br />
utilizamos a poda de formação. Os<br />
principais benefícios que destacamos<br />
é a facilidade de aplicação<br />
da técnica e a padronização da<br />
lavoura para a poda programada<br />
depois da terceira colheita”, comenta,<br />
frisando que aumenta a<br />
produtividade já na primeira safra<br />
em torno de 30%.<br />
Outros cafeicultores de Rondônia<br />
já tiveram acesso à nova técnica<br />
e puderam ver o passo a passo para<br />
realizar a poda de formação em<br />
suas lavouras. “Esse treinamento<br />
foi importante porque percebi as<br />
vantagens que essa prática pode<br />
ter”, destacou a produtora familiar<br />
Marlene Alves, durante treinamen-<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
47
ESPECIAL<br />
to realizado em maio deste ano, em<br />
Porto Velho. Ela acrescentou que irá<br />
aplicar a técnica e passar adiante o<br />
conhecimento adquirido.<br />
A técnica<br />
Para que se possa compreender<br />
a importância desta poda, os<br />
cafeeiros Conilon e Robusta são<br />
arbustos multi-hastes (multicaules)<br />
que necessitam ser manejados<br />
de maneira a manter um número<br />
adequado de hastes por planta e<br />
por área, para que possam atingir<br />
o máximo potencial produtivo. O<br />
número de hastes de sustentação<br />
está diretamente relacionado à<br />
produtividade das plantas de café.<br />
Diferentemente dos cafeeiros da<br />
espécie arábica, que são conduzidos<br />
no sistema mono-haste.<br />
Apesar de o cafeeiro ser capaz<br />
de emitir brotações que se tornarão<br />
hastes, isso pode demorar a acontecer<br />
em cafezais recém-plantados<br />
no campo. Este atraso na emissão<br />
de brotos reflete em atraso na<br />
formação da copa multi-haste e,<br />
consequentemente, em menor<br />
produtividade na primeira safra da<br />
lavoura. Esse atraso pode durar até<br />
um ano ou mais e, com isso, além<br />
da reduzida capacidade produtiva,<br />
os brotos formados tardiamente<br />
crescem em condições de baixa<br />
luminosidade e comprometem a<br />
capacidade de sustentação da produção<br />
dos ramos com frutos. “Para<br />
aumentar a capacidade produtiva<br />
na primeira safra, evitar a formação<br />
de hastes finas e alongadas<br />
e padronizar o estádio de desenvolvimento<br />
das hastes produtivas,<br />
recomenda-se a técnica de poda de<br />
formação dos cafeeiros canéfora”,<br />
reforça Curitiba.<br />
Segundo o pesquisador, há<br />
relatos de agricultores que fazem<br />
uma poda similar a esta, de maneira<br />
empírica, mas ela ainda não<br />
havia sido sistematizada, com o<br />
passo a passo e o detalhamento<br />
das vantagens e benefícios causados.<br />
“É uma nova tecnologia, não<br />
havia sistematização para a poda<br />
de formação”, destaca. Com a sistematização,<br />
os produtores podem<br />
seguir as orientações da Embrapa<br />
e obter os resultados na lavoura.<br />
CAFÉ<br />
O passo a passo<br />
A poda de formação é uma técnica<br />
indicada para a formação precoce da<br />
copa dos cafeeiros Conilon e Robusta<br />
e seu objetivo é contribuir com a alta<br />
produtividade na primeira safra. Ela é<br />
realizada de forma manual, utilizandose<br />
como ferramenta uma tesoura de<br />
poda, e consiste de duas etapas: a<br />
poda do ponteiro e limpeza do caule<br />
das plantas; a seleção de brotos e a<br />
limpeza do caule das plantas.<br />
48 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016<br />
O primeiro passo<br />
é a eliminação de<br />
todos os ramos de<br />
produção, folhas<br />
baixeiras e gema<br />
apical (olho do<br />
cafeeiro).<br />
Cerca de 45 a 90<br />
dias após a poda<br />
apical, deve ser<br />
realizada a desbrota,<br />
eliminando-se<br />
o excesso de<br />
brotos conforme<br />
a expectativa do<br />
número de hastes<br />
que se pretende<br />
manter por planta.
Dessa forma,<br />
mantém-se de três<br />
a quatro brotos<br />
por planta, dando<br />
preferência para os<br />
brotos inseridos na<br />
parte mais baixa<br />
do caule.<br />
No momento da<br />
desbrota, devem<br />
ser eliminados<br />
os ramos de<br />
produção do<br />
baixeiro que<br />
tenham surgido<br />
após a poda.<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
49
SUSTENTABILIDADE<br />
POR UMA<br />
irrigação sustentável<br />
O agronegócio está sempre na contra mão da crise. Ainda que a agricultura seja<br />
pouco reconhecida pela sociedade urbana, os números confirmam: em 2015 o Brasil<br />
fechou mais de 1,5 milhão de vagas de empregos, segundo informações do Cadastro<br />
Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Já a agricultura foi o único setor<br />
que gerou mais empregos: 9.821 vagas foram abertas nesse período.<br />
Por Tatiana Freitas<br />
A<br />
sustentabilidade no agro cresce<br />
a cada dia: produtores se preocupam<br />
com a gestão das lavouras,<br />
com a qualidade dos alimentos produzidos,<br />
em atuar de maneira responsável com boas<br />
práticas agrícolas, investindo no campo com<br />
tecnologia avançada e que aumentem a<br />
produtividade.<br />
Quando o assunto é irrigação, não é só<br />
a água quem está envolvida. “É gestão do<br />
uso, é tecnologia, é conhecimento”, explica<br />
Carlos Sanches, gerente agronômico da<br />
Netafim que ressalta: “Temos que saber<br />
usar a água. É um bem finito, que serve a<br />
sociedade rural e urbana. Se não fizermos o<br />
uso correto, afetará o sistema de forma que<br />
até alimento faltará”. Dados mostram que a<br />
necessidade hídrica da agricultura brasileira<br />
chega a 72% de toda a água disponível para<br />
consumo.<br />
50 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
51
SUSTENTABILIDADE<br />
Confira cinco dicas para garantir uma<br />
irrigação sustentável na lavoura<br />
01 Conheça sua infraestrutura: avalie se possui o equipamento de irrigação<br />
mais adequado para a cultura. Eficiência de irrigação é a porcentagem de<br />
água que realmente entra no solo e é usada pela cultura em comparação com<br />
a quantidade bombeada para o sistema: medir e monitorar; uniformidade de<br />
aplicação; uso eficiente da água (m3/ha); e custos de funcionamento.<br />
02 Escolha bem a tecnologia: a irrigação<br />
por gotejamento consiste em levar água<br />
pontualmente e na medida certa para a<br />
planta através de tubos com gotejadores.<br />
O gotejo ainda auxilia no expressivo<br />
aumento da produtividade – podendo<br />
chegar até 200%. “O gotejador permite<br />
que o produtor também realize a técnica<br />
de nutrirrigação em que os nutrientes<br />
são aplicados direto na raiz através das<br />
gotas de água. Dessa forma, a planta<br />
se alimenta mais vezes e em menores<br />
quantidades, o que é ideal para que<br />
absorva os fertilizantes de forma saudável”,<br />
destaca. Além disso, o produtor reduz<br />
custos na produção (mão-de-obra, energia<br />
e insumos), garante homogeneidade<br />
das lavouras, facilidade de manejo com<br />
a implantação da nutrirrigação, entre<br />
outros, que podem representar até 20% de<br />
economia na fazenda.<br />
03 Monitore a lavoura: já existem tecnologias disponíveis para<br />
fazer o controle e gestão automatizados da fazenda, em tempo<br />
real. Mas ainda que o produtor não possa gastar neste momento,<br />
ele mesmo pode controlar. “É preciso gerir a quantidade de<br />
água, fertilizantes, e até de mão-de-obra. Pequenas mudanças<br />
na propriedade como a mudança do horário da irrigação podem<br />
afetar positivamente o balanço final”, acrescenta Sanches.<br />
52 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
04 Conheça os recursos hídricos e de solos, entenda o clima de propriedade<br />
(pluviosidade, temperatura e evapotranspiração), consulte um engenheiro<br />
agrônomo se houver necessidade, e entenda a outorga de água e suas condições<br />
e limitações. Por exemplo: A sua capacidade de armazenamento em barragem<br />
corresponde à sua outorga? Conheça a capacidade de retenção do solo.<br />
A agricultura<br />
está indo<br />
em direção à<br />
sustentabilidade,<br />
e para que<br />
este caminho<br />
seja cada vez<br />
mais curto, são<br />
necessárias<br />
mudanças<br />
frequentes<br />
para garantir a<br />
produtividade<br />
no futuro.<br />
05 Conheça a real necessidade da cultura: compare o uso da água contra os outros na<br />
região. O conhecimento de quando e quanto deve ser aplicado de água depende de medição<br />
da humidade do solo e qual estado vegetativo se encontra a cultura. Muitos irrigantes ainda<br />
não utilizam qualquer forma de monitoramento e programação de irrigação, que devem<br />
formar a base do uso do planejamento de uso da água durante a temporada de irrigação. “Não<br />
é correto confiar somente na pré-programação sem examinar as condições do solo no campo,<br />
mas igualmente basear as decisões de irrigação objetivamente na intuição, experiência ou<br />
caminhando a pé pela área, não vão garantir a aplicação de água ideal”, alerta Sanches.<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
53
SOJA<br />
SOJA<br />
O novo filão do<br />
agronegócio no<br />
Vale do Jamari<br />
54 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
A região já ocupa o segundo lugar no ranking de produção<br />
do estado, e promete ultrapassar o Cone sul, que deu pontapé<br />
inicial ao plantio do grão em Rondônia<br />
Por Jaqueline Alencar<br />
Os investimentos começaram<br />
na microrregião de Vilhena,<br />
atraindo produtores do<br />
estado vizinho. Agora é a hora e a vez<br />
do Vale do Jamari. É o que afirma o<br />
engenheiro agrônomo e fiscal de defesa<br />
agropecuária do Idaron Augusto<br />
Fernandes Neto.<br />
Em entrevista à <strong>Visão</strong> Rondônia, ele<br />
conta que a produção de soja na grande<br />
região de Ariquemes vai ultrapassar<br />
o município campeão, que já ocupou<br />
praticamente toda área disponível para<br />
a cultura do grão. “Nossa região ainda<br />
tem muita área a ser plantada. Com isso,<br />
podemos sim chegar ao topo da lista”,<br />
confirma o engenheiro.<br />
A região de Ariquemes conta apenas<br />
com 37 propriedades cadastradas e<br />
71 produtores investindo em soja e já<br />
atingiu uma área plantada de 15,1 mil<br />
hectares, com produção na casa dos<br />
906 mil quilos. A previsão na região é<br />
de que essa produção se mantenha ou<br />
cresça ainda mais na safra 2016/2017.<br />
De acordo com o engenheiro agrônomo,<br />
a grande projeção da soja no Vale<br />
do Jamari vem acontecendo graças ao<br />
porto de Porto Velho, que tem dado<br />
corpo ao embarque do grão e despertado<br />
interesse dos produtores da região,<br />
empresários de outros estados e até<br />
investidores estrangeiros.<br />
A lucratividade no negócio é certa<br />
e, segundo Augusto Neto, está diretamente<br />
ligada à necessidade de rotação<br />
de culturas. Ou seja, é preciso manter o<br />
solo fértil, integrando na propriedade a<br />
soja, o milho e o capim.<br />
Os projetos públicos e privados de<br />
investimentos também têm estimulado<br />
o cultivo da soja na região. E para quem<br />
ainda duvida que o grão não seja um<br />
bom negócio, o engenheiro do Idaron<br />
garante: “A soja só era inviável até hoje<br />
por causa do custo. Mas, com esta logística<br />
proporcionada através dos portos<br />
(público e privado), dos incentivos que<br />
vêm sendo feitos através do Governo do<br />
Estado como distribuição de calcário,<br />
revenda de insumos e a implantação de<br />
Armazéns de beneficiamento na região,<br />
a produção se tornou um grande filão<br />
no mercado”.<br />
Vazio<br />
sanitário<br />
Outra preocupação dos produtores<br />
em relação aos investimentos<br />
na soja, de acordo com o<br />
fiscal, é com a ferrugem asiática. A<br />
solução, explica Augusto Neto, é o<br />
vazio sanitário, período em que o<br />
produtor não pode ter na lavoura<br />
plantas vivas de soja, ou seja, ela<br />
deve ser mantida por um prazo que<br />
varia de 60 a 90 dias, sem folhas. O<br />
tempo considera o máximo de sobrevivência<br />
dos esporos no ar, que<br />
é de 55 dias. Em Rondônia, o vazio<br />
sanitário começa em 15 de junho e<br />
vai até 15 de setembro. “Somados<br />
os incentivos e as técnicas, com<br />
certeza, investir na soja na nossa<br />
região, ou em qualquer outra do<br />
estado, é de fato, um grande negócio”,<br />
completa.<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
55
SOJA<br />
COMEÇOU<br />
A VAZIO<br />
SANITÁRIO<br />
da soja e multa é<br />
de quase R$ 2,5 mil<br />
Por Amabile Casarin<br />
O<br />
vazio sanitário da soja, período<br />
em que o cultivo da<br />
soja fica proibido, começou<br />
no dia 15 deste mês e segue até 15 de<br />
setembro. Após o vazio sanitário, os<br />
produtores devem cadastrar as áreas<br />
produtoras de soja na Agência de Defesa<br />
Sanitária Agrosilvopastoril do Estado<br />
de Rondônia (Idaron), através do site da<br />
instituição (www.idaron.ro.gov.br) ou<br />
em uma unidade de atendimento.<br />
A medida busca diminuir e controlar<br />
a ferrugem asiática da soja, umas das<br />
principais pragas deste tipo de lavoura.<br />
A ferrugem asiática pode causar danos<br />
ao cultivo da soja de até 90%. Além da<br />
proibição do cultivo, o produtor também<br />
deve eliminar todas as plantas<br />
voluntárias, conhecidas como tigueras,<br />
seja por meio mecânico ou químico.<br />
A gerente de Defesa Vegetal, Rachel<br />
Barbosa, explica que o vazio sanitário<br />
contribui para a diminuição do uso de<br />
agrotóxico. “Desde que começamos<br />
a monitorar o volume de produtos<br />
agrotóxicos utilizados no controle da<br />
ferrugem asiática da soja percebemos<br />
uma diminuição considerável. Em 2011,<br />
tínhamos um consumo em torno de<br />
320.000 litros e hoje verificamos que<br />
esse consumo caiu para 24.500 litros”.<br />
Esse período coincide com a adoção<br />
do vazio sanitário da soja como medida<br />
de controle. “Essa diminuição é bem<br />
expressiva visto que a área de plantio<br />
cresceu pouco mais que 50%, sendo em<br />
2011 de 107 mil hectares passando para<br />
244 mil na safra 2015/2016”.<br />
O não cumprimento do vazio sanitário<br />
pode acarretar em multa de R$<br />
2.443,60 por área plantada. Já para o<br />
produtor que não destruir as plantas<br />
voluntárias a multa é de R$ 6.109,00<br />
por área, podendo ser acrescido em R$<br />
1.221,80 por hectare caso o produtor<br />
recuse-se a destruir essas plantas. A falta<br />
de cadastro da área na Idaron também<br />
pode gerar multa de R$ 1221,80 para o<br />
produtor.<br />
Além de Rondônia, Distrito Federal<br />
e mais dez estados adotam o vazio<br />
sanitário como medida de controle da<br />
ferrugem asiática da soja: Bahia, Goiás,<br />
Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso<br />
do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, São<br />
Paulo e Tocantins.<br />
56 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
Fiscalização do<br />
vazio sanitário<br />
A safra 2015/2016 representou um<br />
aumento de propriedades cadastradas<br />
na Idaron em relação a 2014/2015. Na<br />
última safra foram cadastradas 1.125<br />
propriedades com plantio de soja,<br />
totalizando 244.720,13 ha. Já na safra<br />
2014/2015 foram cadastradas 1.106 áreas<br />
produtoras, totalizando 234.173,35<br />
ha.<br />
No último vazio sanitário da soja, a<br />
Idaron fez 1.122 fiscalizações em 96,38%<br />
das áreas produtoras de soja no Estado,<br />
registrando, entre as agências de defesa<br />
agropecuária do país, o maior percentual<br />
de fiscalização. Foram emitidas 52<br />
notificações e 28 autuações.<br />
Segundo o coordenador de Pragas,<br />
João Paulo Quaresma, o objetivo, neste<br />
vazio sanitário, é fiscalizar in loco todas<br />
as áreas cadastradas na última safra.<br />
Produção de soja<br />
A produção de soja no Estado vem aumentando<br />
a cada ano. Segundo a Companhia Nacional<br />
de Abastecimento (Conab), na safra 2014/2015<br />
foram produzidos 732,9 mil toneladas e na safra<br />
2015/2016 foram produzidos 787,5 mil toneladas,<br />
representando um aumento de 7,4%.<br />
No país, a soja representa quase metade de<br />
todos os grãos produzidos. As lavouras renderam<br />
96.905,1 mil toneladas, aumentando em 0,7% o<br />
quantitativo em relação à safra 2014/2015. O Brasil<br />
é o maior exportador de soja do mundo, seguido<br />
pelos Estados Unidos.<br />
Em Rondônia, de janeiro a maio deste ano, a<br />
soja foi responsável por 44,1% das exportações<br />
estaduais, seguida pela carne bovina congelada,<br />
com 36,45%. Neste período, foram exportados<br />
595,11 milhões de quilos de soja, o que gerou<br />
US$ 209,31 milhões. A exportação de soja teve<br />
um aumento de 32,32% em relação ao mesmo<br />
período de 2015.<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 57
Laboratório de análises agrícolas<br />
Uma empresa especializada em Análises Agrícolas que tem como principal foco promover o<br />
desenvolvimento agrícola. Seguimos os mais rigorosos critérios e normas previstas na Legislação<br />
brasileira para prestar nossos Serviços. Contamos com profissionais capacitados e laboratórios<br />
montados com tecnologia de ponta, tudo isso para garantir precisão, qualidade e confiança na<br />
análise agrícola da sua propriedade independentemente da cultura ou pastagem. Chegamos para<br />
somar, queremos colaborar com o aumento da sua produtividade, otimizar seus investimentos em<br />
insumos, pois acreditamos em Rondônia e no Brasil.<br />
NÃO DESPERDICE DINHEIRO<br />
Faça a análise agrícola de sua propriedade<br />
Av. Norte Sul, 6413 - Bairro Planalto, Rolim de Moura, RO<br />
58 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016<br />
(69) 3442-1218
SOLO<br />
CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS<br />
Rondônia é sede da RCC até 2018<br />
Começaram os preparativos em Rondônia para a realização da 12ª Reunião Brasileira<br />
de Classificação e Correlação de Solos, promovida pela Sociedade Brasileira de<br />
Ciência do Solo (SBCS) e reconhecida entre seus membros por “RCC”.<br />
Por Renata Silva<br />
Fotos: Paulo Wadt e Lúcia Anjos<br />
O<br />
evento deve acontecer<br />
nos próximos dois<br />
anos no estado e já<br />
foi realizado em diversas regiões<br />
do país, desde 1979, tendo como<br />
finalidade aperfeiçoar e discutir o<br />
sistema brasileiro de classificação<br />
de solos, ferramenta importante<br />
para o planejamento de atividades<br />
econômicas em nível local, regional<br />
e nacional, e também para a gestão<br />
de recursos naturais, tanto o solo,<br />
como água e vegetação.<br />
Uma particularidade importante<br />
das RCCs é que essa Reunião não<br />
ocorre em auditórios ou dentro de<br />
instituições, mas leva especialistas<br />
da área de pesquisa, desenvolvimento<br />
e ensino superior nos locais<br />
de ocorrência dos solos a serem<br />
discutidos e debatidos. Ou seja, o<br />
evento é uma atividade itinerante<br />
e que irá percorrer os principais<br />
ambientes do Estado de Rondônia.<br />
Neste sentido, de 25 a 30 de<br />
abril, foi realizada uma das etapas<br />
preparatórias da RCC de Rondônia e<br />
diversas regiões foram percorridas<br />
em um roteiro que se deslocou de<br />
Porto Velho a Vilhena, ao longo do<br />
eixo da rodovia BR 364, adentrando<br />
por rodovias estaduais e estradas<br />
vicinais, bem como, pelas rodovias<br />
BR 429 e BR 435, com passagens<br />
pelas cidades de Ariquemes, Machadinho<br />
do Oeste, Jaru, Ouro Preto<br />
do Oeste, Teixeirópolis, Urupá, Alvorada<br />
do Oeste, Rolim de Moura, Alta<br />
Floresta do Oeste, Pimenta Bueno,<br />
Vilhena, Colorado do Oeste, Cabixi,<br />
Chupinguaia, dentre outras. Segundo<br />
a professora do Instituto Federal<br />
de Rondônia (Ifro), Stella Matoso, “é<br />
importante que o percurso escolhido<br />
reflita a diversidade de solos<br />
do ambiente amazônico, para que<br />
aquela visão equivocada tida pelos<br />
leigos e mesmo profissionais acerca<br />
da homogeneidade de ambientes<br />
na Amazônia seja refutada”.<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 59
SOLO<br />
Especialistas da Embrapa, Universidade<br />
Federal Rural do Rio<br />
de Janeiro (UFRRJ), Universidade<br />
Federal de Rondônia (Unir), Ifro,<br />
Instituto Brasileiro de Geografia e<br />
Estatística (IBGE) e da Companhia<br />
de Pesquisa de Recursos Minerais<br />
(CPRM) estiveram envolvidos nesta<br />
etapa preparatória, os quais foram<br />
unânimes ao reconhecer a complexidade<br />
dos eventos geológicos<br />
que ocorreram onde hoje se situa o<br />
estado de Rondônia, determinando<br />
a formação de solos com ampla<br />
variabilidade de propriedades e<br />
quanto a sua capacidade de uso<br />
da terra.<br />
O pesquisador da Embrapa Rondônia,<br />
Paulo Wadt, destaca que o<br />
conhecimento sobre o potencial de<br />
uso das terras na Amazônia passa<br />
pelo conhecimento aprimorado<br />
dos solos e ambientes da região, o<br />
qual não pode ficar estagnado em<br />
conceitos e definições estabelecidas<br />
sobre os solos da Amazônia da<br />
época em que a agricultura estava<br />
migrando para a região dos cerrados<br />
brasileiros. “É importante que<br />
especialistas conheçam os solos<br />
amazônicos em seu ambiente atual,<br />
para refletirem sobre alternativas<br />
de ocupação, conservação e preservação<br />
destes recursos naturais”,<br />
destaca. Espera-se que mais de 100<br />
especialistas em solos visitem os<br />
diferentes ambientes de Rondônia<br />
durante o evento, estabelecendo<br />
correlações entre a paisagem natural,<br />
a geologia local, o uso agrícola e<br />
a natureza e propriedades dos solos<br />
de cada ponto a ser visitado.<br />
A expectativa dos participantes<br />
desta etapa preparatória é de que a<br />
RCC de Rondônia, assim como aconteceu<br />
nas RCCs de Roraima (2013) e do<br />
Acre (2010), eleve a um novo patamar<br />
o entendimento da complexidade dos<br />
solos do bioma Amazônico, equivocadamente<br />
descritos como invariavelmente<br />
inférteis e improdutivos.<br />
“Desde a RCC do Acre, e depois a RCC<br />
de Roraima, houve um enorme avanço<br />
no conhecimento sobre os solos<br />
amazônicos, inclusive, na revisão de<br />
indicadores de acidez do solo, como<br />
o alumínio trocável. E em Rondônia, a<br />
expectativa é que o avanço sobre o conhecimento<br />
continue surpreendendo<br />
a todos dada a enorme variabilidade<br />
geológica dos ambientes encontrados<br />
nesta viagem preparatória”, explica a<br />
professora da UFRRJ, Lúcia Anjos.<br />
ORDEM<br />
Latossolo<br />
Argissolo<br />
Luvissolo<br />
Neossolo<br />
Nitossolo<br />
Cambissolo<br />
Chemossolo<br />
Espodossolo<br />
Plintossolo<br />
Gleissolo<br />
Organossolo<br />
Classificação do Solo Brasileiro<br />
SUB<br />
ORDEM<br />
Vermelho 2,5 YR ou 10R<br />
Vermelho-Amarelo 5 YR<br />
Amarelo 7,5 ou 10YR<br />
GRANDE<br />
GRUPO<br />
Eutrópico<br />
Mesotrópico<br />
Mesoálico<br />
Distrófico<br />
Ácrico<br />
Álico<br />
Alumínio<br />
Alíco<br />
SUB<br />
GRUPO<br />
Típico<br />
Intermediário<br />
FAMÍLIA<br />
Textura<br />
Horizone A<br />
SÉRIE<br />
Manejo<br />
60 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 61
PESQUISA EM CAMPO<br />
O LABORATÓRIO DE SOLOS<br />
da Embrapa Rondônia recebe<br />
certificação de excelência<br />
Por Renata Silva<br />
Laboratório de Análises de<br />
Solos e Plantas da Embrapa<br />
Rondônia, em Porto<br />
Velho, está mais uma vez entre<br />
os melhores laboratórios avaliados<br />
pelo Programa de Análise<br />
de Qualidade de Laboratórios de<br />
Fertilidade (PAQLF), coordenado<br />
pela Embrapa Solos (RJ), tendo recebido<br />
o Selo de Qualidade PAQLF<br />
2016. Segundo a pesquisadora<br />
responsável pelo Laboratório, Marília<br />
Locatelli, o Certificado de Excelência<br />
recebido é um reconhecimento<br />
ao trabalho desenvolvido<br />
no ano de 2015. “Demonstra que<br />
foram atendidos, com excelência,<br />
os critérios de qualidade de análise<br />
de solos constantes no Manual<br />
de Métodos de Análise de Solos da<br />
Embrapa. Assim como os produtores<br />
que trazem suas amostras para<br />
o laboratório podem ter confiança<br />
nos resultados”, destaca.<br />
As análises de fertilidade do<br />
solo atendem tanto às pesquisas<br />
da Embrapa Rondônia quanto<br />
aos clientes externos (produtores<br />
e técnicos). Essa análise é fundamental<br />
para diagnose do solo e<br />
planejamento dos produtores,<br />
para garantir uma produção sustentável,<br />
e precisam ser feitas em<br />
laboratórios confiáveis. “A certificação<br />
é a garantia dessa confiabilidade<br />
que todos os usuários<br />
do nosso laboratório terão e permitem<br />
fazer suas interpretações<br />
e recomendações de corretivos<br />
e adubos. É importante<br />
para a pesquisa e para os produtores<br />
rurais o monitoramento da<br />
fertilidade através de resultados<br />
confiáveis”, completa Locatelli.<br />
Foram avaliados mais de 140<br />
laboratórios em todo o país e o<br />
Laboratório de Solos da Embrapa<br />
Rondônia obteve a classificação<br />
nível A, com a nota 95,54, que<br />
corresponde ficar entre os 10 melhores<br />
laboratórios do programa.<br />
“É uma grande satisfação para nós<br />
da Embrapa Rondônia que a cada<br />
ano mantém essa certificação, devido<br />
à sua equipe que está sempre<br />
atenda à qualidade dos seus<br />
serviços”, reforça o pesquisador<br />
da Embrapa<br />
Rondônia, Ângelo<br />
Mansur.<br />
62 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
O Programa<br />
O Programa de Análise de<br />
Qualidade de Laboratórios de<br />
Fertilidade (PAQLF) tem como<br />
principal objetivo a verificação<br />
da qualidade das determinações<br />
analíticas em solos dos laboratórios<br />
de instituições públicas e<br />
privadas, tendo em vista a garantia<br />
dos resultados gerados pelos<br />
participantes e utilizados para o<br />
cálculo dos níveis de adubação<br />
e calagem que serão aplicados<br />
pelos produtores rurais de todas<br />
as regiões do Brasil.<br />
O PAQLF fornece, a cada ano,<br />
um kit com 12 amostras de solo<br />
aos laboratórios participantes,<br />
para determinações de fertilidade<br />
de solos. Os laboratórios avaliados<br />
como sendo de excelência<br />
adquirem o direito de utilizar o<br />
Selo de Qualidade do PAQLF pelo<br />
período de um ano. Tais selos são<br />
rastreáveis, únicos em programas<br />
desta natureza, possuindo itens<br />
de segurança que impedem sua<br />
falsificação ou utilização indevida.<br />
Além disso, o programa auxilia<br />
aos laboratórios para identificação<br />
dos problemas detectados<br />
e também com treinamentos e<br />
disponibilização de metodologias<br />
ente outras informações<br />
que permitem a melhoria<br />
continua dos laboratórios<br />
participantes do<br />
PAQLF.<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
63
PRODUTO NOSSO<br />
PRODUÇÃO DE<br />
TOMATE MOVIMENTA<br />
economia de São Felipe<br />
Com seis mil habitantes, o município de São Felipe do Oeste, localizado a 541 quilômetros<br />
de Porto Velho, é o maior produtor de tomate do estado de Rondônia. Cerca de 40% da<br />
população vivem diretamente do plantio e venda do fruto.<br />
Por Gerson Costa<br />
Os irmãos Ademir Rodrigues<br />
de Moraes e Adair<br />
Rodrigues de Moraes<br />
cultivam tomate há mais de 15<br />
anos e são os maiores produtores<br />
da microrregião da Zona da Mata.<br />
No sítio da família estão plantados<br />
53 mil pés em uma área de 4 hectares.<br />
Toda produção é comercializada<br />
para Manaus, mas os preços<br />
não agradam os agricultores. Sem<br />
apoio governamental, os irmãos<br />
precisam negociar com os atravessadores,<br />
que formam carteis de<br />
preços e acabam fazendo “leilão”<br />
na propriedade. Uma caixa com 21<br />
quilos, geralmente negociada a R$<br />
35,00, é vendida, dependendo do<br />
mercado e do apuro do agricultor,<br />
a R$ 21,00. Os frutos são levados<br />
ainda verdes para aguentar o longo<br />
trajeto de balsa até a capital do<br />
Amazonas, onde o preço da caixa<br />
do tomate é negociado por até R$<br />
200,00.<br />
Ademir acredita que se o governo<br />
criasse um centro distribuidor<br />
e fornecesse o transporte para o<br />
tomate, o produtor ganharia mais<br />
com a lavoura, eliminando a figura<br />
do atravessador. A falta de incentivo<br />
público é mais grave em São<br />
Felipe. O município tem extensão<br />
territorial de pouco mais de 541<br />
quilômetros quadrados e mais de<br />
500 mil pés sustentando cerca de<br />
duas mil famílias de agricultores.<br />
A maioria reclama da ausência da<br />
Empresa Estadual de Assistência<br />
Técnica e Extensão Rural do Estado<br />
de Rondônia (Emater). As variedades<br />
e técnicas de plantio foram um<br />
aprendizado feito a duras penas<br />
pelos produtores, perdendo lavouras<br />
para as pragas e cultivando<br />
64 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
frutos sem ter mercado apropriado.<br />
Os irmãos Rodrigues cultivam<br />
a variedade faccini que, segundo<br />
eles, tem boa aceitação no mercado<br />
de hortaliças. Mas já amargaram<br />
prejuízos com o tipo santa adélia.<br />
Como não tem extensão rural a<br />
disposição, a família é quem faz<br />
as pesquisas por conta própria.<br />
Nessa safra foram plantados 1 mil<br />
pés da variedade “liberty” como<br />
“experiência”.<br />
Custos e<br />
as pragas<br />
na lavoura<br />
No sítio dos irmãos Rodrigues<br />
o custo de produção é alto. Eles<br />
têm gastos com sementes (cerca<br />
de R$ 330,00 a cada 1 mil pés),<br />
adubo, sistema de irrigação<br />
por gotejo e a mão de obra. No<br />
plantio e trato da lavoura, são 4 a<br />
5 pessoas cuidando diariamente<br />
do espaçamento da planta e das<br />
hastes para segurar o caule. Na<br />
colheita, esse número salta para<br />
25 homens colhendo o tomate.<br />
A praga mais comum em São<br />
Felipe é a murchadeira. A murcha<br />
bacteriana é uma doença<br />
comum nos trópicos e regiões<br />
mais quentes. As plantas afetadas<br />
murcham a partir da parte<br />
apical e os sintomas, na fase<br />
inicial, manifestam-se nas horas<br />
mais quentes do dia. A murcha<br />
vai progredindo de forma irreversível,<br />
devido a não translocacão<br />
de água e seiva pelo sistema<br />
vascular, até causar a morte da<br />
planta. Para fugir da praga, a<br />
cada nova safra, os irmãos Rodrigues<br />
mudam a lavoura de local e<br />
só retornam ao plantio original a<br />
cada 2 anos. “Conseguimos evitar<br />
a doença transferindo a lavoura<br />
de lugar a cada ano”, explicou<br />
Ademir. Na sua propriedade, ele<br />
colhe duas safras por ano. “Isso<br />
tudo puxa os custos. Porque a<br />
gente tem que mudar também<br />
o sistema de irrigação”, conta<br />
ele. “Aguardamos que o estado<br />
nos dê condições para vender<br />
a bons preços nosso produto e<br />
nos forneça assistência técnica”,<br />
cobrou.<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
65
PRODUTO NOSSO<br />
AGROINDÚSTRIA<br />
FAMILIAR<br />
e diversificação<br />
ignoram crise<br />
Fé no potencial da terra e força nos braços faz dos agroindustriais<br />
familiares de Rondônia vencedores e empreendedores do futuro<br />
da maior vocação do estado: o agro .<br />
Por Roni Viana<br />
As características de Rondônia,<br />
onde a predominância<br />
é de pequenas<br />
propriedades, levam a um processo<br />
em expansão agroindustrial<br />
no estado. O fortalecimento da<br />
agroindústria, sobretudo familiar,<br />
tem garantindo a mudança na<br />
vida de muitas pessoas, que acreditam<br />
no potencial de suas terras<br />
e na força de seus braços. Prova<br />
irrefutável foi a Rondônia Rural<br />
Show, que aconteceu de 25 a 28<br />
de maio em Ji-Paraná, e que destinou<br />
um pavilhão exclusivamente<br />
aos agroindustriais familiares.<br />
Ali estiveram aproximadamente<br />
100 expositores, que movimentaram<br />
R$ 178 mil em quatro dias<br />
de feira. Os números parecem<br />
pequenos perto dos números<br />
gerais, mas há de se observar que<br />
as vendas são todas feitas à vista,<br />
em dinheiro.<br />
O governo, por<br />
meio da Secretaria<br />
de Agricultura<br />
(Seagri) e órgãos<br />
parceiros, incentiva<br />
a participação<br />
dos produtores<br />
nas grandes<br />
feiras, com apoio<br />
ao deslocamento e<br />
estadia e o resultado é<br />
lucro certo para quem<br />
não espera o cliente<br />
vir até ele, mas vai<br />
aonde ele está.<br />
Um dos exemplos desses “nômades”<br />
da agroindústria rondoniense<br />
é o ex-carreteiro José<br />
Ribamar Paulo Egito, de 39 anos,<br />
do Sítio Coqueiral em Espigão do<br />
Oeste. Juntamente com seus familiares<br />
(são três famílias inteiras<br />
vivendo dessa atividade) e com<br />
apoio do técnico da Associação<br />
de Assistência Técnica e Extensão<br />
Rural (Emater), Samuel Borges,<br />
o produtor José Ribamar envasa<br />
200 garrafas de 400 mililitros (ml)<br />
por semana. O resultado vem de<br />
3.500 pés de coco em uma área de<br />
8 hectares (ha). Ele conta que a capacidade<br />
industrial é de 300 litros/<br />
dia, mas não há coco suficiente<br />
para tanto. Investimentos são<br />
feitos para melhorar a produção,<br />
que vem de uma nova variedade<br />
de coco anão de alta produção.<br />
Isso vem sendo feito há dois anos<br />
com safra agroecológica, com zero<br />
66 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
O PRODUTOR JOSÉ RIBAMAR<br />
deixou a boleia de uma carreta<br />
para investir em propriedade<br />
rural familiar, sempre com<br />
apoio do técnico da Emater,<br />
Samuel Borges<br />
uso de defensivos. O controle de<br />
pragas é feito manualmente e com<br />
uso de repelentes naturais.<br />
Na variedade que utilizam na<br />
propriedade, a capacidade de<br />
cada pé de coco é de 250 frutos<br />
por ano. A colheita é feita de<br />
maneira cíclica, ou seja, os mais<br />
maduros de cada pé são retirados,<br />
enquanto os mais verdes ficam no<br />
pé até chegarem ao ponto.<br />
Sobre os investimentos na<br />
propriedade, o produtor diz que<br />
no início (há dois anos) fez financiamento<br />
de custeio no valor de<br />
R$ 60 mil junto ao Banco da Amazônia<br />
S.A. (Basa) e mais R$ 45 mil<br />
para a estrutura do prédio onde<br />
ficam as máquinas. Os recursos de<br />
custeio são aplicados em irrigação<br />
e adubação do coqueiral, o que<br />
eleva a produtividade. A 5ª edição<br />
da Rondônia Rural Show foi a primeira<br />
com a participação do Sítio<br />
Coqueiral, mas os proprietários<br />
se mostraram satisfeitos com o<br />
resultado; toda a produção levada<br />
à feira foi vendida nos dois primeiros<br />
dias, a partir daí foi preciso vir<br />
mais garrafas de água de coco de<br />
Espigão até Ji-Paraná. Além dos<br />
cocos, a propriedade, que tem<br />
uma área total de 32 ha, produz<br />
peixe e café, o que comprova que<br />
acreditar e diversificar são atividades<br />
de futuro em Rondônia.<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 67
PRODUTO NOSSO<br />
Doces regionais de Candeias do Jamari<br />
JOÃO E MARIA, de<br />
Candeias do Jamari,<br />
trouxeram doces<br />
de frutos regionais<br />
e se mostraram<br />
animados com a<br />
edição de 2016 da<br />
Rondônia Rural Show<br />
A diversificação da produção<br />
nas propriedades se refletiu na<br />
5ª Rondônia Rural Show. No<br />
pavilhão da agroindústria havia<br />
produtores de doces a temperos,<br />
passando por vinhos, água de<br />
coco e embutidos. Produtores<br />
de todas as regiões do Estado<br />
vieram até o parque de exposições<br />
de Ji-Paraná. Dois desses<br />
produtores formam o casal Maria<br />
Augusta Santos Oliveira e João<br />
Lino (59 anos), que vieram à feira<br />
pela segunda vez. De Candeias<br />
do Jamari, a quase 350 quilômetros<br />
de Ji-Paraná, o casal obteve<br />
bom resultado com a venda de<br />
doces feitos com a produção de<br />
frutas regionais.<br />
A marca “Sabor do Sítio”, já<br />
registrada, está no mercado há<br />
cinco anos e, além de utilizar<br />
todo o potencial produtivo das<br />
terras do casal, em algumas épocas<br />
do ano os vizinhos também<br />
entregam parte da produção.<br />
Para a aquisição de equipamentos,<br />
Maria Agusta e João<br />
Lino dizem que tiveram apoio<br />
dos bancos do Povo e Basa, em<br />
linhas especiais de custeio e investimento<br />
que também influenciaram<br />
sua decisão de investir.<br />
Decisão acertada, disseram, pelo<br />
resultado que conseguiram nos<br />
quatro dias da mostra agrícola.<br />
68 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
Culinária variada vem<br />
de múltiplas culturas<br />
DE MINAS GERAIS PARA<br />
RONDÔNIA<br />
e a maior feira de negócios<br />
rurais do Norte; queijos<br />
e outros derivados do<br />
leite estiveram entre os<br />
produtos mais vendidos<br />
Os incentivos dados pelo governo<br />
federal na década de 70<br />
para que produtores colonizassem<br />
o Norte do país fez com que pessoas<br />
de diversos estados viessem a<br />
Rondônia. Paranaenses, gaúchos,<br />
catarinenses, capixabas, mineiros;<br />
praticamente de todos os estados<br />
do país, as famílias atenderem ao<br />
chamado do governo e fizeram<br />
de Rondônia o que se tornou.<br />
Junto com os costumes, veio a<br />
culinária e é indiscutível que uma<br />
das mais apreciadas é a mineira.<br />
E essa culinária esteve presente à<br />
Rondônia Rural Show 2016, trazida<br />
por Edimar Martins do Carmo<br />
(49 anos). Natural de Governador<br />
Valadares, o produtor de Nova<br />
Mamoré, trouxe queijo, manteiga<br />
de garrafa e outros derivados do<br />
leite que estiveram à venda durante<br />
a feira. Colhendo os resultados<br />
dos investimentos que fez há dois<br />
anos, o produtor mal conseguiu<br />
falar à <strong>Revista</strong> <strong>Visão</strong>, tamanha a<br />
procura dos produtos expostos<br />
no seu estande.<br />
Atencioso tanto à reportagem<br />
quanto aos clientes, Edimar<br />
Martins conta que procurou recursos<br />
do Programa Nacional do<br />
Fortalecimento da Agricultura<br />
Familiar (Pronaf) para construir a<br />
estrutura onde estão as máquinas.<br />
O maquinário, como informou, foi<br />
repassado pelo governo do Estado<br />
em forma de comodato e isso foi<br />
um dos grandes diferenciais para<br />
que esteja prosperando.<br />
O produtor afirma que a Rondônia<br />
Rural Show é uma feira que<br />
traz ótimos resultados comerciais,<br />
mas além disso promove a divulgação<br />
da produção da agroindústria<br />
familiar de Rondônia, “e isso é<br />
muito importante”, disse.<br />
Para a próxima edição da mostra<br />
agrícola, que já será em nova<br />
área (Ji-Paraná fez doação de área<br />
exclusiva à Rondônia Rural Show),<br />
Edimar Martins diz que pretende<br />
trazer ainda maior variedade de<br />
produtos e em maior quantidade.<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 69
EMPREENDEDORISMO<br />
HIDROPONIA<br />
Negócio promissor<br />
faz irmãos mudarem<br />
de atividade<br />
Em Ouro Preto do Oeste há um exemplo positivo de como a atividade da<br />
horticultura, com o domínio da técnica da hidroponia, fez dois irmãos mudarem<br />
de ramos, quando vislumbraram a possibilidade de ganhar dinheiro pelo<br />
sistema de cultivo de hortaliças dentro de estufas sem uso de solo. Um cultivo de<br />
produção disciplinado que eles sequer tinham conhecimento.<br />
Por Edmilson Rodrigues<br />
Texto e fotos<br />
Em março de 2012, Natanael<br />
Borges Barroso, 40<br />
anos, administrava uma<br />
fábrica de estofados, mas o comércio<br />
ia mal, as contas não fechavam<br />
e as dívidas se multiplicavam. O<br />
irmão, Natan Borges Barroso, 46,<br />
lidava com uma pequena fábrica<br />
de produção de lingeries, mas<br />
também não estava satisfeito com<br />
o desempenho financeiro do empreendimento<br />
e vivia preocupado<br />
com o endividamento.<br />
Os irmãos visitaram na região<br />
hortas produzidas em sistema de<br />
hidroponia e adquiriram conhecimento<br />
necessário para começar.<br />
Inicialmente, investiram R$ 8 mil<br />
em duas estufas, cada uma medindo<br />
cinco metros e meio de largura<br />
HORTA FAMILIAR<br />
Todo o trabalho executado na<br />
Horta Ouro Verde é feito em<br />
família. Além do produtor rural<br />
Natanael Borges, trabalham na<br />
cultiva a mulher, as duas filhas<br />
gêmeas de 18 anos, o irmão<br />
Natan com a mulher e um filho,<br />
outro irmão mais velho e os pais.<br />
A Horta Ouro Verde já recebeu<br />
universitários de cursos de<br />
Agronomia do campus da Ulbra<br />
de Ji-Paraná em temporada<br />
de trabalho de estágio. Eles<br />
ajudaram na construção de<br />
estufas, participaram do plantio,<br />
de em todos os processos até a<br />
colheita do produto final.<br />
70 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
por 20 metros de comprimento. A<br />
produção inicial das duas estufas<br />
foi de 4.200 pés de alface. Como<br />
para cada maço (sacola) de alface<br />
são necessários dois pés, dava para<br />
embalar 2.100 maços.<br />
RESULTADO EM<br />
CURTO PRAZO<br />
Quatro anos depois, a Horta Ouro<br />
Verde conta com uma área de produção<br />
de 1 alqueire e cultiva alface,<br />
agrião, almeirão e salsa em 39 estufas,<br />
20 com até 60 metros de comprimento.<br />
Cada uma tem capacidade<br />
de produzir mais de 2.000 pés de<br />
verduras nas covas das bancadas.<br />
De acordo com Natanael, ao longo<br />
dos anos, as dívidas com banco e<br />
os fornecedores do antigo ramo de<br />
fabricar e reformar estofados foram<br />
sanadas graças ao lucro obtido com<br />
a horta. Ele também já recuperou o<br />
investimento de aproximadamente<br />
R$ 140 mil na ampliação da área de<br />
produção. As verduras produzidas<br />
são comercializadas nos principais<br />
supermercados da cidade de Ouro<br />
Preto, e esporadicamente em estabelecimentos<br />
das cidades de Jaru e<br />
de Ji-Paraná.<br />
PROSPERIDADE<br />
A Horta Ouro Verde criada pelos<br />
irmãos que queriam mudar de ramo<br />
vem comprovando que a produção<br />
de hortaliças com emprego das técnicas<br />
da hidroponia gera alta produtividade<br />
com verduras de qualidade<br />
superior. A horta permite colheitas<br />
ininterruptas independente das variações<br />
do tempo, e essa eficiência<br />
apresentada dá o retorno financeiro<br />
imediato e em curto prazo. “Nossa<br />
horta permite o controle de produção<br />
e temos mercado garantido e<br />
em expansão. Tudo que nós construímos<br />
em ampliação e melhorias<br />
até o momento nós tiramos daqui.<br />
Não temos uma matemática precisa<br />
porque agora é que começamos a<br />
contabilizar, mas os resultados estão<br />
aí”, comemora Natanael.<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 71
EMPREENDEDORISMO<br />
PROSPERIDADE<br />
E SUCESSO<br />
de todas as feiras<br />
da semana<br />
Por Giliane Perin<br />
Há 15 anos, Vilma Cândido<br />
da Silva é feirante.<br />
No início ela produzia<br />
e vendia um pouco de tudo, frutas,<br />
verduras, legumes. Chegou a<br />
participar de todas as feiras livres<br />
que havia em Cacoal. Há seis anos,<br />
Vilma começou a trabalhar diferente.<br />
Percebendo a dificuldade<br />
que muitos agricultores tinham<br />
em trazer os seus produtos para a<br />
cidade, ela se propôs a “intermediar”<br />
o negócio. Hoje Vilma é uma<br />
atravessadora, compra o produto<br />
direto dos produtores e revende<br />
nas feiras de Cacoal.<br />
“Atravessar é como nós feirantes<br />
chamamos aqueles que<br />
assim como eu, fazem esse meio<br />
de campo. Tem produtor que não<br />
tem como trazer os produtos para<br />
a cidade. No meu caso eu compro<br />
mandioca para vender aqui nas feiras.<br />
Então eu vou lá, compro deles<br />
e venho vender na cidade, nas três<br />
feiras em que eu participo”, conta.<br />
O atravessador se tornou uma<br />
figura importante, tanto para os<br />
produtores, quanto para os feirantes.<br />
Seja pela questão financeira,<br />
pelas condições das estradas na<br />
área rural ou qualquer que seja<br />
o motivo, muitos agricultores<br />
perderiam a produção se não<br />
houvesse os atravessadores que se<br />
comprometem a ir na propriedade<br />
comprar o produto diretamente do<br />
produtor para a revenda.<br />
Vilma compra a mandioca de<br />
seis famílias. Já o feirante Sedival<br />
Pezin Viguini, popular Valzinho,<br />
também atravessador, adquire os<br />
produtos de mais de 20 famílias.<br />
“Eu faço feira de segunda a segunda<br />
e vendo de tudo: banana,<br />
mamão, abóbora, inhame, laranja,<br />
limão, folhas, tudo o que for hortifruti.<br />
Compro os produtos lá com<br />
os agricultores e isso é bom para<br />
mim e para eles. Eles têm para<br />
quem vender, venda garantida, e<br />
eu também”, brinca o feirante que,<br />
ao lado da esposa, está há mais de<br />
sete anos trabalhando nas feiras-<br />
-livres de Cacoal.<br />
Ao todo, oito feiras são realizadas<br />
por semana em diversos<br />
locais da cidade. As maiores e mais<br />
famosas acontecem no centro de<br />
Cacoal, nas avenidas Guaporé, no<br />
domingo, e São Paulo, no sábado,<br />
além do Feirão do Produtor, na<br />
quinta-feira, na marginal da BR-<br />
364, saída para Ji-Paraná. Além delas,<br />
os bairros Village do Sol II, Vista<br />
Alegre, Princesa Isabel, Bruizon e<br />
Teixeirão também contam com<br />
suas feiras-livres que a cada dia<br />
atraem novos clientes e também<br />
novos feirantes.<br />
Associação<br />
e organização<br />
A Associação dos Feirantes de<br />
Cacoal (AFEC) tem sede própria,<br />
mas está abandonada. Para recu-<br />
72 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
perar o espaço, alguns feirantes<br />
tomaram a frente e convocaram<br />
uma reunião para criar uma comissão<br />
provisória com o objetivo de<br />
organizar uma nova eleição para a<br />
direção da associação.<br />
Desta comissão, além dos dois<br />
feirantes citados no início desta reportagem,<br />
Vilma e Valzinho, fazem<br />
parte também os empreendedores<br />
Cícero Balbino Pereira e Vagner<br />
Lopes Rodrigues.<br />
A comissão tem como presidente<br />
Josiane Jorge da Silva Ventorelle<br />
que ao lado do esposo, o<br />
também feirante Luiz Carlos, tem<br />
se esforçado para unir os grupo e<br />
organizar a atividade.<br />
“Essa comissão foi criada para<br />
representar os feirantes em quaisquer<br />
situações. Estamos nos organizando<br />
e vamos defender a<br />
nossa classe. Vamos promover a<br />
eleição para escolher os nossos<br />
representantes definitivos. Queremos<br />
legalizar a nossa associação<br />
para poder gerar investimentos<br />
nas feiras-livres de Cacoal, seja na<br />
melhoria da energia, aluguel de<br />
banheiros químicos, de caçambas<br />
para reunir o lixo no final dos trabalhos<br />
ou o que for possível para<br />
melhorar o nosso serviço”, explicou<br />
Josiane.<br />
Segundo o levantamento feito<br />
pela comissão, o número de bancas<br />
por feira varia de 57 a até 145<br />
barracas. “Nas feiras de segunda,<br />
terça e quinta-feira, nos bairros<br />
mais afastados do centro, o número<br />
de barracas é de 57 a 68. Mas<br />
já nas maiores, que é a de quinta<br />
no feirão, a de sexta, de sábado e<br />
domingo, chegamos a ter até 145<br />
barracas”, ressaltou a presidente<br />
da comissão.<br />
O casal do<br />
pão de queijo<br />
Josiane e o esposo Luiz Carlos<br />
têm uma história de muito sucesso<br />
nas feira-livres de Cacoal. Os dois<br />
são feirantes há mais de 15 anos,<br />
moravam em um sítio do pai de<br />
Josiane, em Colorado D’Oeste e<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 73
EMPREENDEDORISMO<br />
faziam feira em Vilhena. O produto?<br />
Pão de queijo! Mas por lá os negócios<br />
não engrenaram e, em meio a<br />
uma situação financeira complicada,<br />
o casal resolveu deixar o sul do<br />
estado e seguir em busca de uma<br />
nova vida em Cacoal.<br />
“Viemos pra cá com um saveirinho<br />
todo amarrado no arame e um<br />
forninho. No primeiro dia já estávamos<br />
fazendo feira”, relembrou Luiz.<br />
A família está em Cacoal há um<br />
pouco mais de cinco anos. “Com<br />
um mês, a gente percebeu que já<br />
começava a formar fila na nossa<br />
barraca, atrás do nosso pão de<br />
queijo, fomos e compramos mais<br />
um forno. E o negócio continuou<br />
crescendo. Em toda feira que a gente<br />
ia o povo se aglomerava atrás do<br />
nosso pão de queijo”, comemora<br />
Josiane.<br />
“O sucesso, graças a Deus, não<br />
parou mais e segue aumentando.<br />
Hoje, a gente tem 20 fornos elétricos<br />
e as vendas passaram de 300<br />
para mais. Bem mais de 1.500 pães<br />
de queijo vendidos por semana”,<br />
diz Luiz Carlos.<br />
O casal, que no início enfrentou<br />
sozinho as feiras livres de Cacoal,<br />
hoje emprega sete funcionários<br />
com carteira assinada e contrata<br />
quatro diaristas para trabalhar nas<br />
maiores feiras. “Não conhecíamos<br />
ninguém, às vezes a gente chegava<br />
num lugar, armava tudo e depois<br />
vinha o dono do ponto pedindo<br />
para gente sair que ali o lugar era<br />
dele. Pegávamos o forno quente e<br />
íamos atrás de outro canto”, conta<br />
seu Luiz.<br />
Hoje o pão de queijo – O Autêntico<br />
- tem lugares garantidos em<br />
todas as feiras da cidade. “Muitos<br />
viram o nosso sucesso e teve quem<br />
quisesse imitar. Mas conquistamos<br />
o nosso espaço e as coisas têm<br />
dado muito certo. Cacoal é a cidade<br />
das bênçãos para gente. Tudo<br />
o que temos aqui, agradecemos<br />
muito a Deus”.<br />
Foi graças à venda do pão de<br />
queijo que a família saiu do aluguel<br />
e hoje já conta até mesmo com<br />
uma indústria para a fabricação dos<br />
pães de queijo.<br />
74 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
ECONOMIA<br />
MILHO PARA<br />
garantir o leite<br />
Pequenos criadores se unem para produzir silagem de milho<br />
e manter produtividade na entressafra<br />
Por Edmilson Rodrigues<br />
Criadores de gado de leite<br />
da região de Ouro Preto<br />
do Oeste se uniram<br />
para produzir silagem de milho e<br />
alimentar o rebanho na estação da<br />
seca - a partir de julho - período<br />
em que o rendimento cai devido<br />
à escassez de pasto. Duas associações<br />
rurais, a Aspror (Linha 153) e<br />
a Asproleite (Linha 203), iniciaram<br />
em 2014 o plantio de milho. A<br />
iniciativa tem estimulado outros<br />
grupos de produtores associados<br />
a fazerem o mesmo.<br />
A Emater repassou uma ensiladeira<br />
para a associação da Linha<br />
153 e o mesmo equipamento é<br />
cedido para a Asproleite. O plantio<br />
do milho é feito entre outubro<br />
e novembro e na safrinha entre<br />
janeiro e fevereiro. Este ano, as<br />
chuvas atrasaram o trabalho das<br />
semeadoras, e o milho safrinha<br />
só foi plantado em março. Os<br />
associados fazem o trabalho de<br />
plantio e colheita em conjunto, um<br />
ajudando o outro.<br />
A Asproleite, comandada pelo<br />
produtor Ozeas Martins, produziu<br />
250 toneladas de silagem<br />
para quatro sócios, e o milho da<br />
lavoura da safrinha em maio rendeu<br />
mais 70 toneladas. A Aspror,<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 75
ECONOMIA<br />
presidida pelo produtor Wilson<br />
Maltezo, produziu 400 toneladas<br />
de milho que serão utilizadas por<br />
cinco produtores associados. A<br />
produção é armazenada em silo<br />
de superfície, coberta com lona<br />
plástica.<br />
Ozeas Martins se recorda que<br />
no primeiro plantio, há dois anos, a<br />
adesão era menor. Foram colhidas<br />
entre 80 a 90 toneladas de milho,<br />
mas, ainda assim, o resultado e os<br />
benefícios empolgaram outros<br />
criadores. “Se for fazer contas só<br />
do apurado com a venda do leite,<br />
o produtor vai achar que não compensa,<br />
mas com a silagem as vacas<br />
não emagrecem e não atrasam<br />
para entrar no cio, os bezerros crescem<br />
mais e a mortalidade diminui.<br />
O gado bem alimentado o lucro é<br />
maior”, ensina.<br />
O dirigente da Asproleite avalia<br />
que a iniciativa dos criadores de<br />
gado das duas associações é um<br />
bom começo. Os resultados motivaram<br />
outros produtores, mas<br />
falta apoio para que a produção<br />
de pequenos criadores se multiplique.<br />
“Se nós conseguirmos<br />
uma ensiladeira só para a nossa<br />
associação, a produção pode triplicar<br />
ou até mais. Uma pena que<br />
a ensiladeira da associação da linha<br />
153 não consegue atender a todos”,<br />
lamentou.<br />
76 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
AGRICULTORES PODEM PROCURAR<br />
AGÊNCIAS PARA REFINANCIAR<br />
DÍVIDA E RENOVAR CRÉDITO<br />
Ao comentar a aprovação da<br />
Medida Provisória 707/15, alterando<br />
os prazos para renegociação<br />
da dívida dos agricultores com os<br />
bancos oficiais, o deputado federal<br />
Luiz Cláudio (PR-RO) alertou aos<br />
produtores rurais de Rondônia a<br />
procurar as agências do Banco da<br />
Amazônia (Basa) e Banco do Brasil<br />
(BB) para refinanciar suas dívidas e<br />
buscar novos investimentos para<br />
custeio da lavoura e pecuária.<br />
O parlamentar esclarece que os<br />
prazos para pagamento foram ampliados<br />
para o mês de dezembro<br />
de 2016, evitando que o nome dos<br />
produtores fosse encaminhado a<br />
Dívida Ativa da União, impedindo<br />
o acesso a novos créditos. “Nós<br />
sabemos que os produtores rurais<br />
tiveram problemas por causa das<br />
condições climáticas e outros fatores<br />
externos. Na Câmara, buscamos<br />
alternativas para ampliar esses prazos<br />
e abrir novas linhas de crédito”,<br />
esclareceu o deputado.<br />
Originalmente, o texto prorrogava<br />
a dívida para dezembro de<br />
2015, o que causou sérios transtornos<br />
para a agricultura familiar.<br />
Luiz Cláudio também informou aos<br />
produtores que ainda não fizeram<br />
o Cadastro Ambiental Rural (CAR)<br />
que os prazos também foram<br />
ampliados. A Lei já está valendo,<br />
após aprovação no Senado e<br />
sanção presidencial. “Desde que<br />
assumi como deputado federal,<br />
abracei essa luta em defesa dos<br />
agricultores que são responsáveis<br />
pelo crescimento do PIB brasileiro<br />
e geração de empregos e renda<br />
e não poderiam ser prejudicados<br />
pelo governo federal”, defendeu.<br />
Luiz Cláudio diz que tem encontrado<br />
muitos produtores com<br />
sérios problemas com os empréstimos<br />
bancários e outros que não<br />
tiveram condições de procurar em<br />
tempo hábil os órgãos governamentais<br />
para realizar o CAR. “Não<br />
sabemos se haverá novos prazos,<br />
por isso é importante o produtor<br />
se regularizar o quanto antes”,<br />
defendeu.<br />
Tratores e implementos<br />
Luiz Cláudio também comemorou<br />
a liberação de R$ 11 milhões de<br />
emenda coletiva, assinada por ele e<br />
o senador Ivo Cassol (PP-RO), para<br />
compra de mais de 110 tratores<br />
com implementos agrícolas. As<br />
máquinas deverão ser entregues<br />
nos próximos meses as associações<br />
de produtores rurais. “São recursos<br />
orçamentários da União”, esclareceu<br />
ele, que dependem dos trâmites de<br />
Brasília para sua liberação.<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 77
COMISSÃO DE AGRICULTURA<br />
78 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
O DESAFIO DE MANTER AS<br />
futuras gerações no campo<br />
“O trabalhador não vai para o campo por decreto. É necessário<br />
melhorar as condições de vida através de políticas públicas”<br />
Por Gerson Costa<br />
Fotos: Marcos Figueira<br />
Vice-presidente da Comissão<br />
de Agricultura<br />
e Reforma Agrária do<br />
Senado, o senador Acir Gurgacz<br />
(PDT-RO) defendeu a criação de<br />
políticas públicas, garantindo infraestrutura,<br />
acesso à comunicação<br />
digital e à saúde de qualidade, para<br />
manter as futuras gerações de agricultores<br />
no campo. O parlamentar<br />
vê com grande preocupação a falta<br />
de conforto na maioria dos lares<br />
dos produtores, causando o êxodo<br />
rural de seus filhos para as cidades,<br />
inchando os núcleos urbanos e<br />
gerando escassez de mão de obra<br />
nas lavouras. “O grande desafio é<br />
levar conforto para quem mora no<br />
campo. Existe uma campanha nacional<br />
para que o homem não saia<br />
do campo, mas não adianta campanha<br />
senão houver condições de<br />
melhorar a vida do agricultor. Ele<br />
manda seu filho estudar na cidade,<br />
depois o filho não quer voltar mais<br />
porque no sítio não tem internet,<br />
TV, asfalto, enfim o conforto das<br />
cidades”, explicou o parlamentar.<br />
Acir incluiu no Orçamento da<br />
União recursos para levar asfalto<br />
para as linhas vicinais de todo<br />
Brasil através de parcerias entre<br />
os governos estadual, municipal<br />
e federal. Um experimento desse<br />
projeto está em curso na Linha<br />
12 em Ji-Paraná e em breve será<br />
levado para outros municípios<br />
rondonienses. “É um projeto embrionário,<br />
mas queremos tornar<br />
uma grande realidade para levar<br />
conforto aos nossos produtores”,<br />
esclareceu. “O trabalhador não<br />
vai para o campo por decreto. É<br />
necessário melhorar as condições<br />
de vida através de políticas públicas<br />
garantindo acesso a hospitais,<br />
internet, TV e lazer”, reafirmou.<br />
Crédito sem título definitivo<br />
Em entrevista a <strong>Revista</strong> <strong>Visão</strong> Rondônia, Acir confirmou que está desenvolvendo<br />
várias ações pelo setor produtivo. Durante audiência na cidade de Ji-Paraná,<br />
através da Comissão de Agricultura, o representante pedetista conseguiu do Banco<br />
do Brasil a garantia da liberação dos recursos do Pronaf (Programa Nacional de<br />
Agricultura Familiar) através de empréstimo sem a necessidade de apresentar o<br />
título definitivo da terra.<br />
Hoje, o produtor, mesmo sem o documento de sua data, pode pegar<br />
dinheiro emprestado apresentando o contrato de compra e venda ou<br />
de posse da terra. Para Acir, a solução é paliativa, já que as linhas de<br />
crédito do Pronaf são limitadas e conforme o agricultor vai melhorando<br />
de vida ele busca mais recursos para ampliar sua produção.<br />
“Precisamos garantir o título definitivo. Tenho feito muitas gestões<br />
no Ministério da Agricultura e no antigo MDA (Ministério de<br />
Desenvolvimento Agrário), que virou secretaria”, arrematou.<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
79
INFORME PUBLICITÁRIO<br />
Fecomércio-RO cria conselhos<br />
para empresários do turismo<br />
A Federação de Comércio de Bens,<br />
Serviços e Turismo (Fecomércio-<br />
RO) aceitou o desafio lançado pela<br />
Confederação Nacional do Comércio<br />
(CNC) para criar uma rede sustentável<br />
de turismo em Rondônia que garanta a<br />
geração de emprego e renda numa das<br />
regiões mais bonitas do Brasil.<br />
Para dar conta deste projeto<br />
ambicioso, afim de contribuir com<br />
o Estado e Municípios, o presidente<br />
da Fecomércio-RO, em parceria com<br />
a ABAV, Iphan, Sindhotel, Sebrae,<br />
Prefeituras, Governo do Estado, e mais<br />
27 entidades do trade do turismo<br />
criaram o Conselho Empresarial do<br />
Turismo do Estado de Rondônia<br />
(Conetur).<br />
Lançado no dia 29 de agosto de<br />
2015, na presença de autoridades<br />
estaduais, municipais, imprensa e<br />
empresários, no Teatro Um do Sesc,<br />
em Porto Velho, o Conetur, sugeriu<br />
a criação da 1ª Estância Turística, na<br />
cidade de Ouro Preto D´Oeste, na<br />
região central do Estado.<br />
“O Conetur escolheu Ouro Preto<br />
D´Oeste para trabalhar o Projeto-piloto<br />
não só pela sua beleza, mas, também<br />
por sua infraestrutura. O bom deste<br />
projeto-piloto é que o prefeito Alex<br />
Testoni abraçou a causa, reconhecendo<br />
a cidade como estância turística na<br />
Lei Orgânica, fazendo investimentos<br />
nos locais potencialmente turísticos<br />
e criando um conselho municipal do<br />
turismo”, disse o presidente do Conetur,<br />
Raniery Coelho.<br />
Ouro Preto D´Oeste hoje já é o<br />
destino de muitos turistas e aventureiros<br />
amantes do esporte radical e da<br />
gastronomia. A cidade possui a segunda<br />
maior cobertura vegetal urbana do País<br />
e possui vários pontos turísticos como o<br />
Morro Chico Mendes, que oferece salto<br />
de parapente, o Vale das Cachoeiras,<br />
a Fazendinha, o Ouropark, e o Hotel<br />
Resort Graúna.<br />
Para dar conta dessa nova demanda<br />
e responsabilidade turística, os<br />
empresários têm também contribuido.<br />
Todos os trabalhadores que atuam<br />
direta e indiretamente nos serviços<br />
da Estância Turística de Ouro Preto<br />
D´Oeste são treinados nas áreas em que<br />
atuam. Ouro Preto D´Oeste é apenas o<br />
modelo que o Conetur quer implantar<br />
nos 52 municípios do Estado<br />
Turismo e Negócio<br />
caminham juntos<br />
O Conetur aproveitou a vinda da<br />
comitiva boliviana à Feira de Negócios<br />
da 5ª Rondônia Rural Show, na cidade<br />
de Ji-Paraná, para mostrar o potencial<br />
turístico de Ouro Preto D´Oeste. Na<br />
saída de Ji-Paraná, a comitiva de<br />
empresários bolivianos conheceu<br />
vários empreendimentos do turismo e<br />
também o comércio da carne bovina,<br />
e leite, além da criação de peixes em<br />
cativeiro. É uma boa alternativa para<br />
unir turismo e negócio. A comitiva<br />
ficou encantada com os atrativos e a<br />
gastronomia local e prometeram voltar<br />
em 2017 para a próxima Rondônia Rural<br />
Show.<br />
Presidente do Conetur<br />
aborda turismo em<br />
seminário sobre logística<br />
O presidente do Conetur, Raniery<br />
Coelho, foi um dos componentes da<br />
Mesa no Seminário sobre Logística na<br />
80 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
5ª Rondônia Rural Show. Raniery,<br />
mais uma vez, saiu em defesa do<br />
investimento na infraestrutura como<br />
forma de modernização e crescimento<br />
da economia. Ele destacou como uma<br />
das prioridades o alfandegamento<br />
do aeroporto internacional de<br />
Porto Velho. Segundo ele, a falta<br />
de estrutura penaliza não somente<br />
as oportunidades de negócios<br />
com outros países, mas, também, a<br />
atividade turística.<br />
Porto Velho, Nova Mamoré<br />
e Guajará-Mirim, são os próximos<br />
“alvos” do Conetur<br />
O Conetur escolheu as cidades<br />
de Porto Velho, Guajará-Mirim<br />
e Nova Mamoré para abrigar os<br />
projetos de turismo sustentável.<br />
São cidades situadas na chamada<br />
região do vale do Madeira, que foram<br />
fundadas a partir da construção<br />
da ferrovia centenária Madeira-<br />
Mamoré possuindo monumentos<br />
da época do Ciclo da Borracha e<br />
muita história para contar. Nos<br />
três municípios foram realizados o<br />
planejamento estratégico de turismo,<br />
conjuntamente com empresários e<br />
autoridades da região. Um dos efeitos<br />
imediatos deste planejamento foi a<br />
ativação dos conselhos municipais<br />
de turismo das três cidades.<br />
ATIVIDADES<br />
Porto Velho – No dia 8 de março,<br />
o Conetur promoveu um City Tour<br />
pelo centro antigo da cidade, e<br />
visitou vários monumentos históricos<br />
da região central, com a presença<br />
do historiador Anisio Gorayeb, que<br />
contou detalhes sobre cada um<br />
dos pontos visitados. O City Tour<br />
começou com um café da manhã<br />
no antigo Mercado Municipal e a<br />
apresentação de show culturais,<br />
e terminou no recém-inaugurado<br />
Memorial Rondon, na localidade<br />
de Santo Antônio, que conta toda<br />
a trajetória do Marechal Cândido<br />
Rondon.<br />
Guajará-Mirim e Nova Mamoré<br />
– O Conetur esteve presente em<br />
Guajará-Mirim e Nova Mamoré em<br />
três ocasiões: a de apresentação do<br />
projeto turístico, o de elaboração do<br />
planejamento estratégico, e oficinas.<br />
Os empresários e as autoridades<br />
desses municípios estão abraçando<br />
a causa porque sabem de suas<br />
potencialidades turísticas. Guajará-<br />
Mirim e Nova Mamoré possuem<br />
mais de 90% de seus territórios<br />
formados por florestas e áreas de<br />
preservação. Além de suas belezas<br />
naturais, possuem excelentes pontos<br />
para pesca amadora e monumentos<br />
históricos da ferrovia Madeira-<br />
Mamoré. O Conetur é formado pelas<br />
seguintes instituições: Fecomércio-<br />
RO, Sindhotel, Sebrae, Iphan,<br />
Arom, Sindieletrico, Sirecom, Setur,<br />
Sindilojas, SRTE-RO, Sesc, Senac,<br />
SIndiber, Singaro, Sinfarmacia, Secovi,<br />
Semdestur, Sinvsul, Secovi, Abrasel,<br />
Conventions & Visitors Bureau, Sepd-<br />
RO, Sinalimentos, Sindipeças, Abav-<br />
RO, Sescoop, e Associação Brasileira<br />
da Indústria Hoteleira.<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 81
ARTIGO CIENTÍFICO<br />
ANÁLISE ECONÔMICA DO MANEJO<br />
ALIMENTAR DE BOVINOS DE CORTE NAS<br />
FASES DE RECRIA E ENGORDA EM VILHENA<br />
A pecuária de corte tem ocupado lugar de destaque frente à produção animal,<br />
e vem assumindo posição de liderança no mercado mundial de carnes. O Brasil<br />
possui hoje o maior rebanho comercial do mundo, é o segundo maior produtor<br />
mundial de carne bovina. (HOFFMANN et al.2014).<br />
De acordo com a Associação Brasileira das<br />
Indústrias Exportadoras de Carne – ABIEC<br />
(2013), a bovinocultura de corte representa<br />
a maior fatia do agronegócio brasileiro, gerando faturamento<br />
de mais de R$ 50 bilhões/ano e oferecendo<br />
cerca de 7,5 milhões de empregos.<br />
A crescente demanda por produtos de origem animal<br />
torna necessária a otimização da produção animal<br />
para se obter um eficiente e competitivo programa de<br />
produção contínua de carne, deve-se buscar eliminar<br />
as fases negativas do processo, proporcionando ao<br />
animal condições para se desenvolver normalmente,<br />
durante todo o ano, para que atinjam as condições<br />
de abate mais precocemente. Para isso, é fundamental<br />
ampliar o conhecimento, tanto em avaliação dos<br />
alimentos quanto em determinação das exigências<br />
dos animais, o que permitirá manter o suprimento de<br />
alimentos em equilíbrio com as exigências nutricionais<br />
dos animais (MENDES, 2013)<br />
A alimentação é fundamental na definição da<br />
rentabilidade na criação do gado de corte. Por isso,<br />
é indispensável que o pecuarista conheça a fundo os<br />
principais conceitos de nutrição animal e as características<br />
nutricionais dos principais alimentos (NETO e<br />
PRADO, 2014).<br />
No Brasil, o ano apresenta pelo menos duas estações<br />
definidas, em termos de crescimento e qualidade<br />
de forragem: uma com crescimento intenso, quando,<br />
normalmente, a qualidade é adequada; e outra, com<br />
crescimento baixo ou nulo, quando, geralmente, a qualidade<br />
da forrageira é inadequada para o desempenho<br />
animal. Além da menor oferta, o animal dispõe de um<br />
pasto pobre em proteína, com maior teor de fibra e<br />
altamente lignificada. A consequência é que em sistemas<br />
de produção baseados somente em pastagens<br />
o ano todo, os ganhos de peso são baixos ou há perda<br />
de peso (PRADO, 2004).<br />
Contudo, Detmann et al. (2004) afirmaram que<br />
o pasto deve ser entendido como um componente<br />
do sistema de produção com elevada complexidade,<br />
uma vez que este fornece substratos aos animais e<br />
é passível de apresentar uma variação qualitativa e<br />
quantitativa ao longo do ano, influenciada principalmente<br />
por fatores abióticos, precipitação, temperatura<br />
e radiação solar.<br />
O consumo de forragem por animais em pastejo é<br />
influenciado por três grupos de fatores: os que afetam<br />
o processo de digestão, os que afetam o processo de<br />
ingestão e aqueles que afetam as exigências nutricionais<br />
e a demanda por nutrientes (BERCHIELLI et al.,<br />
2006). A avaliação do comportamento ingestivo de<br />
novilhos em pastejo recebendo suplementação é essencial<br />
para o manejo adequado desses animais, uma<br />
vez que a suplementação com concentrado não deve<br />
ser utilizada com o objetivo de substituir o pasto, mas<br />
sim complementá-lo.<br />
Além disso, há a preocupação com os custos dos<br />
alimentos, para que a produção seja economicamente<br />
vantajosa e as possíveis combinações que poderiam<br />
resultar num alimento que ofereça o máximo de<br />
82 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
nutrição a um custo mínimo. A recria é geralmente<br />
realizada em pastagem, com suplementação de<br />
mistura mineral durante o ano todo e com ou sem<br />
suplementação de concentrados nos períodos<br />
críticos de produção de forragem. Alguns autores,<br />
principalmente nos Estados Unidos, sugerem o uso<br />
de concentrados durante o verão, para aumentar a<br />
taxa de lotação das pastagens ou em pequenas quantidades<br />
para explorar o efeito aditivo de volumoso e<br />
concentrado no aumento do ganho diário de peso<br />
vivo (RODRIGUES, 2003).<br />
Na pecuária deve-se estar atento a despesas com<br />
insumos (minerais, medicamentos, rações, adubos,<br />
etc.), folha de pagamento e seus encargos, despesas de<br />
manutenção (combustíveis, lubrificantes mecânicos,<br />
etc.) despesas administrativas (impostos, taxas, escritórios,<br />
material de limpeza, etc.) despesas com lavouras<br />
destinadas à alimentação dos animais (preparo da<br />
terra, mão-de-obra, adubos, inseticidas, etc.) despesas<br />
extras como fretes e comissões, por exemplo, para que<br />
o produtor possa conhecer sua propriedade e analisar<br />
os resultados obtidos. Os custos com depreciações,<br />
investimentos, financiamentos devem também ser<br />
controlados e compor juntamente com os demais o<br />
custo de produção total (HOFFMAN et al., 1987)<br />
A correta elaboração dos custos de produção<br />
permite uma leitura mais clara da realidade da atividade<br />
produtiva, possibilitando um diagnóstico mais<br />
preciso da real situação da propriedade frente aos<br />
diversos cultivos, culturas e explorações desenvolvidas<br />
(ARBAGE, 2000). Em grande parte das propriedades<br />
no Brasil, os pecuaristas conhecem apenas dados de<br />
custos variáveis ou diretos e as receitas obtidas na propriedade.<br />
Com isso o produtor passa a ter um fluxo de<br />
caixa negativo em grande parte do ano ficando mais<br />
vulnerável as oscilações do mercado.<br />
Com base no contexto o objetivo deste trabalho é<br />
realizar uma analise econômica do manejo de bovinos<br />
na fase de engorda suplementados com uma dieta<br />
especifica para acelerar o processo de terminação<br />
encurtando o ciclo com intuito de diminuir custos e<br />
aumentar renda.<br />
Deste modo, o presente trabalho ter por finalidade<br />
realizar uma analise econômica do manejo de bovinos<br />
na fase de engorda suplementados com uma dieta<br />
especifica em Vilhena – RO.<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 83
ARTIGO CIENTÍFICO<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Nesta pesquisa foi utilizada de acordo com os seus<br />
objetivos o método quantitativo de caráter exploratório<br />
e descritivo.<br />
Segundo Gil (2002), as pesquisas descritivas tem<br />
como objetivo primordial a descrição das características<br />
de determinada população ou fenômeno ou, então<br />
o estabelecimento de relações entre variáveis.<br />
Utilizando assim um estudo de caso na Fazenda<br />
Campinho, lote 109, setor Rio Vermelho, Gleba Guaporé,<br />
Vilhena – RO. O clima é do tipo tropical quente e<br />
úmido com duas estações bem definidas.<br />
Foi desenvolvida entrevista com o proprietário,<br />
observação direta e também dados documentais extraídos<br />
da fazenda, tendo assim a análise do custo de<br />
produção na pecuária de corte.<br />
Nesta pesquisa foi analisada a realidade de produção<br />
de um único lote de 35 animais machos da raça Nelore<br />
e Simental desmamdos resultantes de cruzamento<br />
industrial, no qual foi utilizado o cruzamento terminal<br />
de duas raças, produzindo animais de sangue ¾ Simental<br />
e1/ Nelore, conduzidos a pasto e suplementados.<br />
O manejo da suplementação constituiu de 03 tipos<br />
diferentes de ração proteinada, as mesmas foram fornecidas<br />
pelo prazo de um ano. Sendo que:<br />
A primeira logo após o desmame com a seguinte<br />
composição: Para cada 500 quilos de ração tem – se:<br />
milho 263kg, Girassol 60 kg, Soja 75 kg, PhosCalcio 15<br />
kg, sal comum 25 kg (limitador de consumo), núcleo<br />
mineral 40 kg, ureia 22 kg. Com um consumo esperado<br />
de 0,600kg/dia/cab.<br />
A segunda ração será fornecida quatro meses após<br />
o desmame milho 220 kg, Algodão 81 kg, Soja 20 kg,<br />
PhosCalcio 35 kg, sal comum 50 kg (limitador de consumo),<br />
núcleo mineral 75 kg, ureia 19 kg, sendo esperado<br />
um consumo de 0,400gr/dia/cab.<br />
A terceira ração será fornecida 08 meses após o<br />
desmame, durante os últimos 04 meses da engorda<br />
sendo: milho 211 kg, Algodão 140 kg, Soja 25kg, Phos-<br />
Calcio 35 kg, sal comum 25kg (limitador de consumo),<br />
núcleo mineral 45 kg, ureia 19 kg, sendo esperado um<br />
consumo de 1,512 kg/cab/dia.<br />
Os animais foram suplementados com a ração,<br />
enquanto pastejam uma área de 58,3 há de pastos da<br />
Brachiaria brizanta. Após um ano de suplementação os<br />
animais foram abatidos e comercializados a preço de<br />
mercado e foram avaliada a equação custo x beneficio<br />
do fornecimento da suplementação nesta fase, através<br />
da pesquisa, consulta e constatação dos dados de<br />
custos e receitas provenientes neste estudo.<br />
RESULTADOS<br />
E DISCUSSÃO<br />
Os resultados foram expressos através de tabelas e<br />
agrupados de acordo com os tipos de dados e custos<br />
onde constam os valores bem como volumes/pesos<br />
obtidos nesta pesquisa.<br />
Na tabela 01 estão expostos os dados de receita,<br />
Preço da arroba, e de desempenho animal, produção<br />
total em arrobas, arrobas.ha.ano-1, peso médio ao<br />
abate, peso médio recria, taxa de lotação e outros números<br />
importantes tais como idade média na recria,<br />
idade ao abate e período de semi-confimaneto, que<br />
compreende o período em que os animais receberam<br />
a suplementação enquanto pastejavam.<br />
Tabela 01: Receitas, desempenho animal. Fazenda<br />
Campinho, Vilhena – RO, 2015.<br />
RECEITAS, DESEMPENHO<br />
ANIMAL E OUTROS NUMEROS<br />
Preço da arroba (R$) R$ 140,00<br />
Produção total em arrobas (@) 686,79<br />
Arroba/ha/ano 10,40<br />
Idade média – recria (meses) 9<br />
Peso médio - recria (Kg) 255<br />
Idade ao abate (meses) 24<br />
Peso médio ao abate (Kg) 294,34<br />
Número de animais no lote 35<br />
Taxa de lotação no período (U.A.) 1,06<br />
Período de semi-confinamento<br />
(meses)<br />
15<br />
Destes dados ressaltamos o preço da arroba, o qual<br />
estava valorizado no período da venda, representando<br />
R$ 140,00.@-1. Valor este bem acima do obtido por<br />
Coelho et. al. (2008), em estudo similar realizado em<br />
Minas Gerais, onde o preço da arroba do boi foi de R$<br />
79,04. Dados obtidos por Araujo et. al. (2009) para o<br />
município Camapuã MS, também foram inferiores aos<br />
obtidos nesta pesquisa, os quais foram de R$ 70,00.@-1.<br />
Observamos que a produção de arrobas por hectare/ano<br />
foi de 10,40 arrobas, comparando com os<br />
índices produtivos de outras regiões, segundo dados<br />
obtidos pelo pesquisador Moacir Corsi (BEEF WORLD,<br />
2015), a média de produção brasileira para a bovino-<br />
84 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO MAIO 2016
Tabela 02: Despesas gerais mensais de custeio obtidas. Fazenda Campinho, Vilhena – RO, 2015.<br />
Despesas mensais gerais de custeio<br />
Und Valor r$ Percentual<br />
Mineral para recria R$ R$ 72,10 5,78%<br />
Vacina – aftosa R$ R$ 5,60 0,45%<br />
Vacina – carbúnculo R$ R$ 3,73 0,30%<br />
Vacina – raiva R$ R$ 1,94 0,16%<br />
Antitóxicos e carrapaticida R$ R$ 7,33 0,59%<br />
Despesas com vermífugos R$ R$ 1,98 0,16%<br />
Hora/máquina R$ R$ 26,66 2,14%<br />
Salários de funcionário R$ R$ 71,11 5,70%<br />
Prolabore do proprietário R$ R$ 788,00 63,12%<br />
Diárias R$ R$ 0,00 0,00%<br />
Uréia/mês R$ R$ 1,87 0,15%<br />
Herbicida/inseticida – pastagem R$ R$ 30,29 2,43%<br />
Combustível para veículos R$ R$ 35,76 2,86%<br />
Energia elétrica R$ R$ 150,00 12,02%<br />
Depreciação (10% ao ano) R$ R$ 10,30 0,83%<br />
Despesas administrativas R$ R$ 41,66 3,34%<br />
Total/mês R$ 1.248,33 100,00%<br />
Despesas (15 meses) – final R$ 18.724,95 100,00%<br />
cultura de corte está em 5 arrobas por hectare ano.<br />
Em projetos realizados pelo mesmo, obteve resultados<br />
entre 30 e 40 @ por hectare ano. Os projetos<br />
foram implantados nas cidades de Rondonópolis-MT,<br />
Rancharia-SP e Paragominas-PA (BEEF WORLD, 2015).<br />
Na Tabela 02 temos as despesas gerais mensais<br />
da produção. Destas damos destaque ao custo com<br />
o pró-labore do proprietário, representa mais da<br />
metade dos custos da propriedade, com 63,12%<br />
do total dos custos. Em segundo lugar em maiores<br />
participações nos custos aparece o custo com energia<br />
elétrica que representou 12,02% dos custos. Em<br />
terceiro aparecem os custos com minerais de recria,<br />
que representou 5,78% dos custos.<br />
Em estudo realizado por Costa et. al. (2009), o<br />
custo com pró-labore ficou em foi de 4,21% dos<br />
custos totais, neste estudo houve investimento em<br />
melhorias de pastagem em benfeitorias, as<br />
quais representaram grande parte dos custos nesta<br />
pesquisa.<br />
Em contra partida, a menor participação nos custos<br />
gerais mensais ficou para os custos com ureia, que<br />
representou 0,15%, seguidos dos custos com vacina<br />
da raiva, 0,16% e vermífugos, 0,16%.<br />
Neste estudo os custos com mão de obra representaram<br />
5,70% dos custos gerais. Em estudo realizado<br />
por Costa et. al. (2009) os serviços de mão de<br />
obra rerepresentaram 15,23% dos custos totais. Os<br />
custos do presente trabalho foram feitos baseados<br />
no custo para os 35 animais apenas, onde a fazenda<br />
com 1 funcionário, por isso ficaram bem abaixo dos<br />
custos encontrados por Costa et. al (2009).<br />
Na tabela 03 observamos os custos com aquisição<br />
dos animais para a engorda, os quais foram<br />
adquiridos com nove meses de idade. Este valor<br />
foi quase duas vezes maior que os custos gerais da<br />
produção, R$ 35.000,00 da aquisição de animais<br />
contra R$ 18.724,95. Dividindo o custo de animais<br />
pelo numero de meses, que foram 15, temos um<br />
custo mensal de R$ 2.333,33 referente a aquisição<br />
de bezerros. Este custo é quase três vezes maior<br />
que o maior custo geral, que foi o do pró-labore do<br />
proprietário, ou seja, R$ 2.333,33 contra R$ 788,00<br />
respectivamente.<br />
Tabela 03: Despesas com aquisição de animais, aos nove<br />
meses de idade. Fazenda Campinho, Vilhena – RO, 2015.<br />
Aquisição<br />
de animais<br />
(recria)<br />
Bezerros<br />
desmama<br />
c/ idade de<br />
9 meses<br />
Qtde<br />
35,00<br />
Valor<br />
unitário<br />
R$<br />
1.000,00<br />
Valor total<br />
R$<br />
35.000,00<br />
JUNHO MAIO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
85
ARTIGO CIENTÍFICO<br />
Analisando a tabela 04, encontramos os resultados<br />
do custo com o manejo da suplementação utilizado<br />
para o sistema adotado que foi o de semi-confinamento.<br />
Notamos que apesar de utilizada em menor período<br />
e com menor preço por quilo que a ração inicial, a ração<br />
final representou um maior custo total, isto se deve ao<br />
fato de que a ração dos últimos dias de engorda ser<br />
consumida em maior quantidade que a ração da fase<br />
inicial. O custo total com a suplementação, considerando<br />
as fases inicial e final, foi de R$ 8.265,81. Este valor<br />
representou menos da metade dos custos gerais e<br />
menos de ¼ do custo com aquisição de animais.<br />
No sistema confinado o preço de compra dos<br />
animais e dos alimentos, além do preço de venda,<br />
são de fundamental importância para a viabilidade<br />
econômica do confinamento. Em regiões onde o preço<br />
de compra do boi (na entrada) é superior a 20% da<br />
arroba de boi gordo, os preços de grãos e subprodutos<br />
são elevados devido à distância da fábrica até na<br />
fazenda; e os preços de boi gordo não são elevados, é<br />
totalmente descartada a possibilidade de realizar este<br />
confinamento, pois será inviável economicamente na<br />
maioria dos anos (BARBOSA, 2007).<br />
Somando-se as tabelas 02, 03 e 04 temos o total<br />
dos custos da produção, que se deu em um período<br />
de 15 meses, de R$ 61.990,76.<br />
Sendo assim os custos com despesas gerais representaram<br />
30,21% dos custos totais, os custos com<br />
aquisição de animais representaram 56,46% dos custos<br />
totais e os custos com suplementação representaram<br />
13,33% dos custos totais de produção, totalizando<br />
assim os 100% de custos. Em estudo de caso realizado<br />
por Souza (2009), os custos obtidos com suplementos<br />
minerais e proteinados foi de 24% dos custos totais.<br />
Na Tabela 05 observamos os pesos finais em arrobas<br />
obtidos ao final produção. BARBOSA et al. (2004)<br />
concluiram que a suplementação protéicoenergética a<br />
pasto, nos níveis de ingestão de 0,17 e 0,37% do peso<br />
vivo médio, proporcionou maior desempenho dos<br />
bovinos em relação à suplementação mineral, durante<br />
a época de transição águas-seca e que foram viáveis<br />
economicamente, proporcionando maiores valores<br />
econômicos quando comparadas à suplementação<br />
mineral.<br />
A Tabela 06 traz os dados finais de custos e receita.<br />
Constatamos que receita bruta para estudo foi de R$<br />
96.151, 07, o custo final foi de R$ 61.990,76 resultando<br />
em lucro liquido de R$ 34.160,31. O lucro liquidou representou<br />
36%,, ou seja, o custo deste estudo ficaram<br />
em 64%.<br />
Tabela 04: Despesas com a suplementação utilizada no manejo de engorda, semi-extensivo.<br />
Fazenda Campinho, Vilhena – RO, 2015.<br />
Central de custos – ração Dias Qtd – Kg Custo/Kg R$ Valor R$<br />
Consumo de ração inicial 304 4.676 R$ 0,74 R$ 3.436,86<br />
Consumo de ração final 125 6.615 R$ 0,73 R$ 4.828,95<br />
Total 429 11.291 R$ 0,74 R$ 8.265,81<br />
Custo médio total - ração R$ 8.265,81<br />
Tabela 05: Peso em arrobas obtidos ao final da produção. Fazenda Campinho, Vilhena – RO, 2015.<br />
Produção @ Período (anos) Total (@/ano)<br />
Arrobas totais 686,79 2,00 343,40<br />
Arrobas (@ semi-confinamento) 595,00 1,25<br />
Tabela 06: Dados finais de receitas e despesas totais da produção.<br />
Fazenda Campinho, Vilhena – RO, 2015.<br />
Fluxo de caixa Valor R$ Percentual<br />
Receita bruta R$ 96.151,07 100%<br />
Despesas de custeio final R$ 61.990,76 64%<br />
Lucro líquido R$ 34.160,31 36%<br />
86 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016
Tabela 07: Custo de produção por arroba, produção de arroba de quinze meses e receita de semifinamento<br />
obtidos através de estudo de caso de analise econômica de criação de bovinos de corte.<br />
Fazenda Campinho, Vilhena – RO, 2015.<br />
Custo de produção (@ semi-confinamento) R$ 27,26<br />
Produção de arrobas (15 meses): 91,79<br />
Receita (@ semi - confinamento): R$ 12.851,07<br />
Observando a tabela 07, verificamos que se analisarmos<br />
apenas o ganho de peso do sistema adotado<br />
neste estudo, a receita da produção foi de R$ 12.851,07.<br />
Isso se deve a grande valorização do boi gordo entre<br />
o período de compra do animal ao período de venda.<br />
O ganho de peso total deste estudo foi de 91,79<br />
arrobas, onde o ganho por unidade animal (U. A.) foi<br />
de 2,62 arrobas e a arroba do boi gordo foi comercializada<br />
a R$ 140,00. Desta forma obtivemos um custo<br />
por arroba de R$ 27,26.<br />
Euclides (2001) suplementando novilhos em pastagens<br />
de B. decumbens e B. brizantha, com uma mistura<br />
múltipla na base de 0,2% do peso vivo, encontrou<br />
para novilhos suplementados e não suplementados,<br />
respectivamente, ganhos médios diários de 740g/dia<br />
e 535g/dia. O custo da suplementação foi de R$ 26,00/<br />
novilho, e a diferença no ganho de cerca de 200g/cab/<br />
dia, em 184 dias significa 36,8kg de peso vivo ou 1,28@<br />
(52% de rendimento de carcaça).<br />
CONCLUSÕES<br />
O sistema de engorda em manejo de semi-confinamento,<br />
com 3 tipos de suplementação diferentes<br />
apresentou uma rentabilidade de 36%, gerando um<br />
custo de 64%.<br />
É de suma importância a analise econômica dos<br />
sistemas de produção e manejos na pecuária de corte,<br />
visando identificar maneira de reduzir custos, uma vez<br />
que as margens de lucro estão ficando mais apertadas<br />
com o passar do tempo.<br />
Autores:<br />
1 Gilson Martendal; 2 Cleverson Oliveira dos Santos;<br />
3 Rômulo Gonçalves Costa Junior; e 4 Jucilene Correa<br />
Martenda; 4 Giancarlo Dalla Costa<br />
1 Acadêmico do Curso de Zootecnia da Faculdade da<br />
Amazônia – FAMA, Vilhena – RO;<br />
E-mail: gilsonmartendal@hotmail.com<br />
2 Docentes do Curso de Zootecnia pela Faculdade da<br />
Amazônia – FAMA, Vilhena – RO;<br />
E-mail: coszootec@hotmail.com; giandallavet@gmail.com.<br />
3 Docente do Curso Técnico em Agropecuária Integrado ao<br />
Ensino Médio da Escola Estadual Castro Alves, Dourados – MS;<br />
E-mail: romulogcosta@hotmail.com<br />
4 Acadêmica do Curso de Agronomia Faculdade da<br />
Amazônia – FAMA, Vilhena – RO. E-mail: jucilene.cmartendal@<br />
gmail.com<br />
Foto: Renata Silva<br />
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 87
INFORME PUBLICITÁRIO<br />
REQUERIDO PELO SINJUR DESDE 2012,<br />
concurso de remoção finalmente<br />
será realizado pelo TJRO<br />
O concurso de remoção que,<br />
desde 2012, tem sido pauta constante nas<br />
reivindicações do Sinjur junto ao Tribunal<br />
de Justiça de Rondônia finalmente será<br />
permanente. As regras do Processo<br />
Seletivo Permanente de Remoção (PSPR)<br />
foram definidas nos termos da Lei<br />
Complementar n. 68/92.<br />
No DJE 98, o TJRO publicou a<br />
Resolução N. 014/2016-PR define as<br />
regras da remoção. Haverá remoção<br />
mediante a existência de vagas no local<br />
pretendido, a lotação do servidor removido<br />
deve ser compatível com as atribuições do<br />
seu cargo efetivo e será concedida por ato<br />
do presidente do Tribunal de Justiça.<br />
O servidor interessado em ser<br />
removido para qualquer comarca do<br />
Estado deverá inscrever-se no PSPR, por<br />
meio de ferramenta a ser disponibilizada<br />
no Portal do Servidor do TJRO. A inscrição<br />
pode ser realizada independentemente da<br />
existência de vagas na comarca de<br />
destino, pois a inscrição não pressupõe a<br />
remoção, mas a garantia de concorrer no<br />
PSPR.<br />
Segundo o TJRO, para fins de<br />
classificação e de desempate, serão<br />
observados requisitos, como maior tempo<br />
de exercício ininterrupto na comarca de<br />
origem, como servidor efetivo; tempo de<br />
exercício no Poder Judiciário do Estado<br />
(efetivo); maior nível de escolaridade,<br />
devidamente registrada no DRH, entre<br />
outros.<br />
O servidor poderá inscrever-se<br />
para até três comarcas, sendo aceitas<br />
alterações da comarca de destino até um<br />
dia antes da publicação da listagem dos<br />
servidores inscritos, realizado por meio do<br />
aviso publicado no Diário da Justiça do<br />
Estado.<br />
O Tribunal definiu, ainda, os impedimentos<br />
para remoção, como os que estiverem em<br />
estágio probatório. Outro ponto importante<br />
é que não ficam vinculadas ao PSPR as<br />
remoções como as de ofício, no interesse<br />
da administração e a pedido do interessado.<br />
A resolução será publicada no dia 30 de<br />
maio.<br />
“Essa é mais uma grande conquista<br />
do trabalhador e estávamos empenhado<br />
nessa luta desde 2012, pois todos sabemos<br />
que a remoção não era exercida da<br />
forma que queríamos e muita vezes<br />
chegava até ser injusta para quem<br />
pleiteava a remoção e não chegava a<br />
oportunidade. Só quem já precisou ou<br />
quem espera ser removido sabe o real<br />
tamanho dessa conquista”, afirmou o<br />
presidente do Sinjur, Roque.<br />
A Diretoria do Sinjur agradece o<br />
Presidente do TJRO, Desembargador<br />
Sansão Saldanha, que no início deste ano<br />
ao receber a Pauta Anual 2016, na qual<br />
constava o pedido do Concurso de<br />
Remoção, disse que analisaria e que<br />
atenderia os pleitos na medida do possível<br />
e hoje vemos essa realidade.<br />
88 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I MAIO JUNHO 2016
JUNHO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 89
90 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I JUNHO 2016