Zine Zona da Mata
Experiências de um Laboratório Ambiental Permanente
Experiências de um Laboratório Ambiental Permanente
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de telhados vivos, pisos permeáveis,<br />
cisternas e jardins de<br />
chuva. O cérebro é um órgão<br />
que não opera por meio de regras,<br />
mas sim de princípios, e é<br />
responsável pela toma<strong>da</strong> de decisões,<br />
como o destino do lixo.<br />
Elemento que, segundo ele, é<br />
peça chave para o crescimento<br />
<strong>da</strong> cultura capitalista.<br />
Na ativi<strong>da</strong>de do dia<br />
seguinte, que aconteceu no<br />
quintal do Goethe, Lotufo levou<br />
cal, areia, argila e pigmentos<br />
naturais como o açafrão para<br />
mostrar algumas varie<strong>da</strong>des<br />
de materiais de construção<br />
simples e de baixo impacto<br />
ambiental. “Quando a técnica<br />
e o material são acessíveis<br />
e hackeáveis, a comuni<strong>da</strong>de<br />
pode acumular poder através<br />
do conhecimento, pois vai se<br />
apropriar e melhorar aquilo,<br />
criar sua própria estética, que é<br />
a linguagem do fazer junto, do<br />
mutirão”, ensinou. Dali seguimos<br />
para um reconhecimento<br />
<strong>da</strong>s características do terreno e<br />
foi necessário desviar de alguns<br />
abacates que caiam com força<br />
no chão. Depois, a turma foi<br />
dividi<strong>da</strong> em grupos e ca<strong>da</strong> um<br />
começou a criar seu projeto<br />
para uma área de convivência<br />
no quintal. Nesse exercício<br />
de ecologia <strong>da</strong> imaginação, o<br />
processo importou mais do que<br />
o resultado, até porque uma<br />
manhã é muito pouco tempo<br />
para uma tarefa imersiva e lenta<br />
como essa. A percepção de<br />
ca<strong>da</strong> um, com suas experiências<br />
e conhecimento adquirido,<br />
enriqueceu o resultado. “Todos<br />
têm energia para aflorar e é em<br />
comuni<strong>da</strong>de que ela nasce”,<br />
desvendou Lotufo, enquanto<br />
o pessoal se preparava para<br />
mostrar seus projetos.<br />
Durante as apresentações<br />
dos projetos, que em sua maioria<br />
tinham cisternas e curvas de<br />
nível para armazenar e direcionar<br />
as águas <strong>da</strong> chuva e evitar<br />
o desgaste do solo, hortas,<br />
composteiras e um local mais<br />
central para palestras e conversas,<br />
ouviu-se uma gritaria <strong>da</strong><br />
rua. Era alguém atravessando o<br />
viaduto <strong>da</strong> aveni<strong>da</strong> Sumaré, que<br />
dá vista para o quintal, pedindo<br />
abacates. “Achei isso muito<br />
curioso, pois revelou o desenho<br />
do território e que o terreno<br />
dialoga de formas diferentes<br />
com quem está dentro e fora<br />
do quintal”, contou Tomaz.<br />
Pensei nos abacates e lembrei<br />
de uma de suas máximas ditas<br />
na noite anterior: “Energia e<br />
abundâcia em excesso podem<br />
ser problema e virar poluição”.<br />
Parece que chegou a hora de<br />
distribuir os abacates.<br />
Participantes <strong>da</strong><br />
oficina apresentam<br />
propostas<br />
ao Quintal<br />
Lotufo demonstra<br />
sobre bioconstrução<br />
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