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Mão na massa<br />
A obra em 10 etapas<br />
Orçar uma obra é uma tarefa complexa<br />
Orçar uma obra é uma tarefa complexa,<br />
mesmo considerando uma casa<br />
básica, de porte médio (pouco mais de<br />
100 m²) e com terreno apto para receber<br />
a edificação. O proprietário precisa<br />
saber não só quanto ele tem para<br />
gastar, como a forma de distribuir o<br />
orçamento com prudência do projeto<br />
aos acabamentos.<br />
A ideia é olhar a construção ou a<br />
reforma de modo global e adaptar seus<br />
investimentos: se a residência precisa<br />
de fundações elaboradas, porque o terreno<br />
é muito inclinado, o dono terá que<br />
investir menos dinheiro (ou poupar<br />
mais) para os detalhes.<br />
Mesmo que o estudo seja bem feito,<br />
o orçamento de uma obra é uma estimativa:<br />
na construção civil você tem a<br />
ideia, projeta, calcula um preço e só depois<br />
constrói. É um processo que pode<br />
requerer meses de trabalho e que está<br />
sujeito a imprevistos.<br />
A métrica sagrada é aquela que indica<br />
que, do gasto total, 60% será com<br />
materiais e 40% com a mão de obra. No<br />
jogo do “tira e põe”, a somatória não<br />
pode ultrapassar os 100% do valor definido<br />
para a empreita como um todo.<br />
1. Projeto, aprovações na prefeitura<br />
e outras burocracias: de 3% a 5%<br />
Ter um projeto é essencial para melhor<br />
prever as etapas da obra, conseguir<br />
orçá-la e planejar um cronograma.<br />
Não tê-lo significa descobrir mais problemas<br />
e pensar em mais soluções no<br />
meio do caminho, acarretando atrasos<br />
e custos acima dos esperados. Sobre as<br />
burocracias, não tem jeito: faça tudo<br />
certinho e dentro dos prazos.<br />
2. Preparações preliminares:<br />
até 3%<br />
Antes de começar, é preciso preparar<br />
o canteiro: mobilizar equipes;<br />
construir instalações provisórias,<br />
como um barracão para depositar<br />
materiais e guardar ferramentas; instalar<br />
tapumes, quadro de energia e<br />
betoneiras, entre outras providências.<br />
Esta infraestrutura é variável de<br />
acordo com o porte da obra e as condições<br />
do local.<br />
SOLUTIONs FOR LIFE I 51
Mão na massa<br />
3. Fundações: de 3% a 7%<br />
Inclui escavações e movimentações<br />
de terra para regularizar o lote;<br />
um eventual muro de arrimo, caso o<br />
terreno seja inclinado; e a própria fundação.<br />
Considere, em uma construção<br />
convencional sobre terreno firme e<br />
seco, os gastos com fôrmas, aço e concreto.<br />
Condições como encharcamento<br />
ou inclinação do solo demandam<br />
aumentos nos custos.<br />
4. Estrutura: de 12% a 20%<br />
São os pilares, vigas e lajes de concreto<br />
armado feitos no local ou as lajes<br />
pré-moldadas. Para casas térreas, nem<br />
sempre há a necessidade de pilares, o<br />
que diminui o valor da etapa. Os sobrados<br />
requerem mais cuidados estruturais,<br />
desde a fundação. Para os que<br />
optam pelos sistemas industrializados<br />
(metálicos, ‘steel frame’ ou ‘wood frame’),<br />
o gasto com material é maior, mas<br />
a mão de obra é mais em conta.<br />
A etapa da<br />
execução é a<br />
que demanda<br />
mais tempo<br />
5. Fechamentos: de 10% a 19%<br />
Inclui os materiais para as alvenarias<br />
(tijolos, cimento, areia etc.); muros<br />
que cercam a casa; janelas; portas<br />
e portões. A alvenaria é o menos<br />
custoso - 6%, em média. Os outros<br />
elementos variam, pois dependem do<br />
tipo eleito. Por exemplo, há caixilhos<br />
de alumínio, ferro, PVC e madeira (entre<br />
outros) sob medida ou não, com<br />
mais ou menos vidros que podem dar<br />
forma a portas e janelas. Para que fizéssemos<br />
esta estimativa, foram consideradas<br />
portas e janelas de alumínio,<br />
padrão. Portanto, pesquise bem<br />
antes de sair passando o cartão. Leia<br />
mais<br />
6.Cobertura: de 3% a 5%<br />
O montante se baseia em um telhado<br />
convencional, de quatro águas. Na<br />
conta entram a estrutura de madeira<br />
(ou metal), as telhas cerâmicas (mais<br />
comuns), calhas, rufos e impermeabilizações.<br />
Agora, se houver grandes inclinações,<br />
no estilo Campos do Jordão,<br />
o custo ultrapassa essa estimativa.<br />
7. Instalações elétricas: 8% em<br />
média<br />
Não são apenas fios: há conduítes,<br />
interruptores e tomadas, quadros de<br />
força, cabos para dados e telefonia e,<br />
se você não exagerar no glamour e no<br />
design, poderá incluir aqui também o<br />
valor das luminárias. Uma dica dos engenheiros<br />
é considerar a instalação de<br />
um sistema de proteção contra raios,<br />
que fará o aterramento da rede. Afinal,<br />
é isto que faz as tomadas com três pinos<br />
serem mais seguras.<br />
8. Instalações hidráulicas:<br />
de 9% a 12%<br />
Além dos tubos de PVC, coloque<br />
neste pacote as caixas d’água, metais<br />
e louças para cozinhas, banheiros e lavanderias.<br />
Se houver instalações específicas<br />
para água quente e gás, compute<br />
nessa etapa. Uma boa é pensar em um<br />
sistema para o reúso de água da chuva:<br />
ele elevará a porcentagem de gastos,<br />
mas em longo prazo trará economia,<br />
sem falar no bem ao meio ambiente.<br />
9. Acabamentos internos e<br />
externos: de 20% a 38%<br />
É nesta hora que os olhos brilham e<br />
o bolso pesa. Não se iluda com travertinos,<br />
cerâmicas retrô e um piso de madeira<br />
natural se a poupança para a obra<br />
for justa. Para se manter no patamar dos<br />
20%, invista em argamassas pré-fabricadas,<br />
cerâmicas mais simples e porcelanatos<br />
com bom custo benefício, além<br />
da boa e velha tinta (com qualidade).<br />
10. Limpeza, retoques e<br />
arremates: 1% a 2%<br />
A obra acabou, mas a bagunça está<br />
lá: se quiser uma limpeza profissional<br />
para preservar os materiais recém-<br />
-instalados, essa é a hora. Além disso,<br />
desmobilizar a equipe pode ter custos,<br />
bem como o direcionamento de restos<br />
de materiais e equipamentos. Nessa<br />
porcentagem, também inclua um ou<br />
outro reparo de última hora. n<br />
52 I SOLUTIONs FOR LIFE<br />
SOLUTIONs FOR LIFE I 53
Pelo mundo<br />
Maceió. Praia<br />
do Francês<br />
Nas águas de Alagoas<br />
Guia conta com dicas de praias, cidade histórica e<br />
pólo gastronômico. Lista do G1 apresenta destinos que<br />
ficam a, no máximo, 40 Km da capital<br />
Roteiro de praias perto<br />
de Maceió é opção para curtir as<br />
férias no litoral<br />
Para quem está em Maceió nas férias<br />
de julho e pretende expandir a diversão<br />
pelos arredores da capital alagoana,<br />
o G1 preparou um guia especial<br />
com roteiros bem perto da capital, que<br />
podem ser feitos tanto em viagens de<br />
fim de semana ou em excursões curtas<br />
de apenas um dia.<br />
São opçõs nos litorais Norte e Sul,<br />
com praias, passeios histórico-culturais<br />
e uma variedade gastronômica<br />
que compõem destinos indispensáveis<br />
para o lazer em família ou a dois.<br />
As boas vindas do roteiro da diversão<br />
no Litoral Norte alagoano começa<br />
a apenas 27 km de Maceió, na cidade de<br />
Paripueira, onde é possível mergulhar<br />
em um mar de águas mornas, calmas e<br />
claras que tem inúmeras piscinas naturais.<br />
Para se chegar até essas piscinas,<br />
a 2 km da praia, é preciso navegar. O<br />
passeio, entre navegação e permanência<br />
nas piscinas naturais onde é<br />
possível se banhar próximo a diversas<br />
espécies da vida marinha, dura<br />
cerca de 1h30 e é feito por catamarã<br />
ou lancha.<br />
As piscinas naturais estão localizadas<br />
dentro da Área de Proteção Ambiental<br />
(APA) Costa dos Corais, onde<br />
está a segunda maior barreira de corais<br />
do mundo.<br />
Outro destino que vale a pena conhecer<br />
é a praia de Carro Quebrado,<br />
na Barra de Santo Antônio, município<br />
que fica a 37 km ao norte da capital alagoana.<br />
O atrativo do lugar, que preserva<br />
ainda praias semidesertas, são as falésias<br />
com areias coloridas que ficam<br />
bem próximas do mar. Além é claro,<br />
da enorme faixa de areia e do mar que<br />
possui um belo azul.<br />
Já no Litoral Sul alagoano, um dos<br />
principais atrativos, que também fica<br />
bem próximo de Maceió, é o pólo gastronômico<br />
da Massagueira.<br />
Pequeno povoado pertencente ao<br />
município de Marechal Dedororo, o<br />
lugar é especial pela culinária baseada<br />
em frutos do mar, considerada boa e barata,<br />
e pela vista dos restaurantes que<br />
ficam às margens da lagoa Manguaba.<br />
Os doces do lugar, comercializados<br />
em tabuleiros de barracas rústicas que<br />
ficam às margens da rodovia AL-101<br />
Sul, também são bem conhecidos e<br />
apreciados. Principalmente as cocadas<br />
de frutas: coco, maracujá, goiaba<br />
e os suspiros feitos à base de claras de<br />
ovos, limão e açúcar.<br />
Com águas claras e mornas, a praia<br />
do Francês possui espaços divididos.<br />
As piscinas naturais estão localizadas<br />
dentro da Área de Proteção Ambiental<br />
(APA) Costa dos Corais, onde<br />
está a segunda maior barreira de corais<br />
do mundo.<br />
54 I SOLUTIONs FOR LIFE<br />
SOLUTIONs FOR LIFE I 55
Pelo mundo<br />
Quias restiae<br />
volecatem.<br />
Et officius<br />
moluptatus.<br />
Com praias, passeios históricos, culturais e grande variedade gastronômica<br />
que compõem um destino indispensável para o lazer em família ou amigos<br />
Roteiro de praias perto de Maceió<br />
é opção para curtir as férias no litoral<br />
Para quem está em Maceió nas<br />
férias de julho e pretende expandir a<br />
diversão pelos arredores da capital alagoana,<br />
o G1 preparou um guia especial<br />
com roteiros bem perto da capital, que<br />
podem ser feitos tanto em viagens de<br />
fim de semana ou em excursões curtas<br />
de apenas um dia.<br />
São opçõs nos litorais Norte e Sul,<br />
com praias, passeios histórico-culturais<br />
e uma variedade gastronômica<br />
que compõem destinos indispensáveis<br />
para o lazer em família ou a dois.<br />
As boas vindas do roteiro da diversão<br />
no Litoral Norte alagoano começa a<br />
apenas 27 km de Maceió, na cidade de Paripueira,<br />
onde é possível mergulhar em<br />
um mar de águas mornas, calmas e claras<br />
que tem inúmeras piscinas naturais.<br />
Para se chegar até essas piscinas, a<br />
2 km da praia, é preciso navegar. O passeio,<br />
entre navegação e permanência<br />
nas piscinas naturais onde é possível<br />
se banhar próximo a diversas espécies<br />
da vida marinha, dura cerca de 1h30 e é<br />
feito por catamarã ou lancha.<br />
As piscinas naturais estão localizadas<br />
dentro da Área de Proteção Ambiental<br />
(APA) Costa dos Corais, onde<br />
está a segunda maior barreira de corais<br />
do mundo.<br />
Outro destino que vale a pena conhecer<br />
é a praia de Carro Quebrado, na Barra<br />
de Santo Antônio, município que fica a 37<br />
km ao norte da capital alagoana.<br />
O atrativo do lugar, que preserva<br />
ainda praias semidesertas, são as falésias<br />
com areias coloridas que ficam<br />
bem próximas do mar. Além é claro,<br />
da enorme faixa de areia e do mar que<br />
possui um belo azul.<br />
Já no Litoral Sul alagoano, um dos<br />
principais atrativos, que também fica<br />
bem próximo de Maceió, é o pólo gastronômico<br />
da Massagueira.<br />
Pequeno povoado pertencente ao<br />
município de Marechal Dedororo, o lugar<br />
é especial pela culinária baseada em<br />
frutos do mar, considerada boa e barata,<br />
e pela vista dos restaurantes que ficam<br />
às margens da lagoa Manguaba.<br />
Os doces do lugar, comercializados<br />
em tabuleiros de barracas rústicas que<br />
ficam às margens da rodovia AL-101<br />
Sul, também são bem conhecidos e<br />
apreciados. Principalmente as cocadas<br />
de frutas: coco, maracujá, goiaba e os<br />
suspiros feitos à base de claras de ovos,<br />
limão e açúcar.<br />
Com águas claras e mornas, a praia<br />
do Francês possui espaços divididos. n<br />
56 I SOLUTIONs FOR LIFE<br />
SOLUTIONs FOR LIFE I 57
58 I SOLUTIONs FOR LIFE<br />
SOLUTIONs FOR LIFE I 59
60 I SOLUTIONs FOR LIFE<br />
SOLUTIONs FOR LIFE I 61
Personagem<br />
Passagem de<br />
Santos Dumont<br />
pelas Cataratas<br />
do Iguaçu faz<br />
100 anos<br />
Livro do autor Renato Rios Pruner<br />
relembra a visita do aviador ao Paraná<br />
Imagem de<br />
Santos Dumont<br />
recepciona<br />
visitantes no<br />
Parque Nacional<br />
do Iguaçu<br />
Há 100 anos, as Cataratas do Iguaçu,<br />
em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná,<br />
recebiam a visita de Santos Dumont.<br />
A passagem do aclamado aviador pela<br />
região foi fundamental para a criação<br />
do Parque Nacional do Iguaçu, principal<br />
cartão-postal da região e responsável<br />
por atrair mais de 1,5 milhão de pessoas<br />
por ano à cidade.<br />
“Quando passei por Curityba, fui<br />
falar com o presidente do Estado [Afonso<br />
Camargo] sómente sobre o lguassú: pedir-lhe<br />
se interesses pelo salto, o torne<br />
mais fácil e commoda a excursão, imagine<br />
que não existe nem hotel por aquellas<br />
paragens. Existe, com o nome de hotel,<br />
uma casinha, com dois quartos e uma<br />
sala apenas...”, declarou Dumont na época,<br />
sugerindo o que seria mais tarde a<br />
principal vocação econômica da região.<br />
A visita não foi planejada, afirma o<br />
piloto aposentado e instrutor de voo<br />
Renato Rios Pruner, autor do livro “Frederico<br />
Engel, pioneiro no turismo e hotelaria<br />
em Foz do Iguaçu”. O bisneto de<br />
Engel falou sobre um dos símbolos mais<br />
importantes da cidade, que comemora<br />
102 anos de emancipação.<br />
“Meu bisavô ficou sabendo que Santos<br />
Dumont estava em Porto Aguirre,<br />
onde atracavam os vapores chegados<br />
de Posadas – capital do estado argentino<br />
de Misiones, na fronteira -, vindo de<br />
Buenos Aires. Pensou na importância<br />
que isso teria e, depois de falar com o<br />
prefeito coronel Jorge Schimmelpfeng,<br />
foi para lá fazer o convite para que ficasse<br />
uns dias na cidade”, lembra.<br />
O aviador ficou na então Vila Iguassu<br />
de 24 a 27 de abril de 1916. Primeiro<br />
se hospedou no Hotel Brasil, na cidade.<br />
E, à tarde, partiu a cavalo com Engel<br />
e o filho até outro hotel que levava<br />
o mesmo nome, próximo aos Saltos de<br />
Santa Maria, as hoje famosas Cataratas<br />
do Iguaçu, onde ficou por dois dias, contemplando-as<br />
de todos os ângulos que<br />
podia, “de dia e de noite, à luz do luar”.<br />
62 I SOLUTIONs FOR LIFE<br />
SOLUTIONs FOR LIFE I 63
Personagem<br />
Cataratas do lado<br />
argentino. Tão<br />
belas quanto as<br />
brasileiras<br />
Quando passei por<br />
Curityba, fui falar com<br />
o presidente do Estado<br />
sómente sobre o lguassú:<br />
pedir-lhe se interesses<br />
pelo salto, o torne mais<br />
fácil e commoda a<br />
excursão, imagine que<br />
não existe nem hotel por<br />
aquellas paragens.<br />
A estrada de 18 km pelo mato, rememora<br />
Renato, era mantida pelo seu<br />
bisavô e cortava uma propriedade privada<br />
que pertencia ao uruguaio Jesus<br />
Val. Eram seis horas de viagem de carroça.<br />
Atualmente, em pouco mais de 20<br />
minutos percorre-se a mesma distância<br />
e se deparar com o maior conjunto de<br />
quedas d'água do mundo.<br />
Cenário encantador<br />
A “casinha” mencionada por Dumont,<br />
onde ficou hospedado, pertencia<br />
a Frederido Engel, que arrendou<br />
do uruguaio o pequeno barraco e uma<br />
porção de terra junto aos saltos para<br />
explorar turisticamente. “O que distraía<br />
o turista era a grande variedade de<br />
pássaros – tucanos, pombas, papagaios,<br />
caturritos, colibris, e muitas outras espécies.<br />
Havia muitos animais – bandos<br />
de macacos, quatis, iraras, veados, etc.<br />
Tudo isto, bem como as lindas parasitas<br />
em árvores frondosas, distraía o sacrificado<br />
viajante”, descreve no livro.<br />
A fauna e a flora do parque ainda<br />
chamam a atenção dos visitantes, agora<br />
transportados em ônibus panorâmicos<br />
pelo mesmo trajeto na mata aberto por<br />
Engel e seu batalhão de peões responsáveis<br />
pela manutenção da estrada.<br />
“No primeiro passeio que fez, acompanhado<br />
por Frederido, Santos Dumont<br />
subiu numa tora que estava presa<br />
às pedras e uns cinco metros por cima<br />
do Salto Floriano. Frederico ficou apavorado,<br />
considerando o imenso perigo<br />
a que estava se expondo e pela responsabilidade<br />
que havia assumido, empenhando-se<br />
em trazê-lo para o lado brasileiro.<br />
Foram momentos de verdadeira<br />
angústia. O aviador não se importou<br />
com o tempo que ali esteve, de braços<br />
cruzados, sobre um precipício de 80<br />
metros”, cita outro trecho.<br />
Criação do parque<br />
Impressionado com o que tinha visto<br />
e inconformado por se tratar de uma<br />
propriedade privada, Dumont convenceu-se<br />
de que deveria fazer algo. “Posso<br />
dizer-lhe que esta maravilha não pode<br />
continuar a pertencer a um particular.<br />
Eu vou a Curitiba falar com o presidente<br />
do Estado do Paraná, para providenciar<br />
a desapropriação das Cataratas e<br />
dos 205 mil hectares de terra (o que hoje<br />
é o Parque Nacional do Iguaçu).”<br />
Foram seis dias de viagem a cavalo<br />
até Guarapuava acompanhado de um<br />
soldado da polícia e por um fiscal da<br />
prefeitura. De lá, seguiu de carro e de<br />
trem até a capital do estado, onde chegou<br />
nove dias depois de ter deixado a<br />
fronteira. No dia 8 de maio foi recebido<br />
por Afonso Camargo, a quem sugeriu<br />
a desapropriação da área e a criação de<br />
um parque. Poucos meses depois a área<br />
passou a pertencer à União.<br />
E, no dia 19 de janeiro de 1939, um<br />
decreto assinado pelo presidente Getúlio<br />
Vargas criava junto às Cataratas de<br />
Santa Maria o Parque Nacional do Iguaçu,<br />
com os seus atuais 185 mil hectares<br />
do lado brasileiro. Além das cataratas, o<br />
parque abriga o maior remanescente de<br />
floresta Atlântica da região sul do Brasil.<br />
Festejadas e admiradas pelos milhões<br />
de pessoas que já fizeram o mesmo<br />
caminho de Dumont, o único desapontado<br />
com as consequências da<br />
visita às quedas d’água tenha sido o<br />
antigo dono das terras. Em uma carta a<br />
Engel, Jesus Val reclama do preço pago<br />
pela propriedade, “muito abaixo do que<br />
gastou nas várias viagens até Curitiba<br />
para poder receber”.<br />
Uma estátua de bronze, inaugurada<br />
em 1979, homenageia a passagem do<br />
ilustre visitante, considerado o padrinho<br />
da unidade de conservação, a segunda<br />
mais visitada do país, atrás apenas do<br />
Parque Nacional da Tijuca, que abriga o<br />
Cristo Redentor, no Rio de Janeiro.<br />
Para lembrar o centenário da passagem<br />
do pai da aviação pelas Cataratas<br />
do Iguaçu, um totem recebe os<br />
visitantes na entrada da reserva, intitulada<br />
Patrimônio Mundial Natural<br />
pela Organização das Nações Unidas<br />
para a Educação, a Ciência e a Cultura<br />
(Unesco) desde 1986. Desde 1999, a estrutura<br />
de visitação do PNI é administrada<br />
pela Concessionária Cataratas<br />
do Iguaçu S.A. n<br />
64 I SOLUTIONs FOR LIFE<br />
SOLUTIONs FOR LIFE I 65
Pelo mundo<br />
80<br />
pontos<br />
turísticos<br />
em mapa<br />
virtual<br />
Levantamento foi feito<br />
pelo Observatório<br />
Litoral Sustentável.<br />
Mapeamento traz<br />
pontos naturais,<br />
gastronômicos/e<br />
culturais<br />
Oitenta e sete atrativos turísticos de<br />
São Sebastião, Caraguatatuba, Ubatuba<br />
e Ilhabela foram destacados em um mapa<br />
virtual. A iniciativa é do Observatório Litoral<br />
Sustentável e foca em atividades ligadas<br />
a natureza e as tradições culturais. Os<br />
pontos destacados são praias, trilhas, monumentos<br />
e opções gastronômicas.<br />
As opções vão além de sol e praia. O<br />
observatório criou um roteiro que divide<br />
as opções em atrativos naturais, atrativos<br />
culturais, atividades econômicas, esportes<br />
e serviços. O mapa pode ser explorado gratuitamente<br />
pela internet. Caso se interesse<br />
por um dos pontos, basta clicar para ter<br />
acesso a uma descrição detalhada.<br />
Os pontos turísticos escolhidos n<br />
Pontos<br />
turísticos são<br />
representados<br />
por ícones.<br />
Clicando, há<br />
informações<br />
66 I SOLUTIONs FOR LIFE<br />
SOLUTIONs FOR LIFE I 67
68 I SOLUTIONs FOR LIFE<br />
SOLUTIONs FOR LIFE I 69
Personagem<br />
Gênio<br />
da<br />
pintura<br />
Biografia deste<br />
importante artista<br />
plástico do século XX,<br />
suas principais obras<br />
de arte, pinturas,<br />
esculturas, cerâmica,<br />
artes gráficas<br />
O artista espanhol Pablo Picasso<br />
(25/10/1881-8/4/1973) destacou-se<br />
em diversas áreas das artes plásticas:<br />
pintura, escultura, artes gráficas e cerâmica.<br />
Picasso é considerado um dos<br />
mais importantes artistas plásticos do<br />
século XX.<br />
Nasceu na cidade espanhola de<br />
Málaga. Fez seus estudos na cidade de<br />
Barcelona, porém trabalhou, principalmente<br />
na França. Seu talento para o<br />
desenho e artes plásticas foi observado<br />
desde sua infância.<br />
Suas obras podem ser divididas<br />
em várias fases, de acordo com a valorização<br />
de certas cores. A fase Azul<br />
(1901-1904) foi o período onde predominou<br />
os tons de azul. Nesta fase, o<br />
artista dá uma atenção toda especial<br />
aos elementos marginalizados pela<br />
sociedade. Na Fase Rosa (1905-1907),<br />
predomina as cores rosa e vermelho,<br />
e suas obras ganham uma conotação<br />
lírica. Recebe influência do artista<br />
Cézanne e desenvolve o estilo artístico<br />
conhecido como cubismo. O marco<br />
inicial deste período é a obra Les<br />
Demoiselles d’Avignon (1907) , cuja<br />
característica principal é a decomposição<br />
da realidade humana.<br />
Em 1937, no auge da Guerra Civil<br />
Espanhola ( 1936-1939), pinta seu mural<br />
mais conhecido: Guernica. Esta<br />
obra já pertence ao expressionismo e<br />
mostra a violência e o massacre sofridos<br />
pela população da cidade de Guernica.<br />
Na década de 1940, volta ao passado<br />
e pinta diversos quadros retomando<br />
as temáticas do início de sua carreira.<br />
Neste período, passa a dedicar-se a outras<br />
áreas das artes plásticas: escultura,<br />
gravação e cerâmica. Já na década<br />
de 1960, começa a pintar obras de artes<br />
de outros artistas famosos: O Almoço<br />
Sobre a Relva de Manet e As Meninas<br />
do artista plástico Velázquez, são<br />
exemplos deste período.<br />
Já com 87 anos, Picasso realiza diversas<br />
gravuras, retomando momentos<br />
da juventude. Nesta última fase de<br />
sua vida, aborda as seguintes temáticas:<br />
a alegria do circo, o teatro, as tradicionais<br />
touradas e muitas passagens<br />
marcadas pelo erotismo. Morreu em<br />
1973 numa região perto de Cannes, na<br />
França. n<br />
70 I SOLUTIONs FOR LIFE<br />
SOLUTIONs FOR LIFE I 71
História<br />
Discurso com final perfeito<br />
Há 50 anos, um<br />
homem negro,<br />
Martin Luther King<br />
fez um discurso que<br />
ajudou a mudar<br />
a América<br />
72 I SOLUTIONs FOR LIFE<br />
A maior parte dos americanos ouviu<br />
Martin Luther King discursar pela<br />
primeira vez há 50 anos em Washington,<br />
na maior manifestação em defesa<br />
da igualdade racial nos Estados Unidos.<br />
Menos de três meses depois, o Presidente<br />
Kennedy morria, assassinado<br />
a tiro. Esses dois momentos mudaram<br />
para sempre as relações raciais na<br />
América.<br />
Fomos até ao Sul, onde o racismo<br />
foi mais virulento, ver como é que uma<br />
comunidade branca elegeu um negro<br />
como James Fields, ainda antes de a<br />
América votar em Barack Obama.<br />
Suas palavras ecoaram em um contexto<br />
de divisão e segregação racial no<br />
país que se colocava como moderno e<br />
como liderança mundial.<br />
Enquanto os norte-americanos<br />
possuíam as mais avançadas tecnologias<br />
e armas, negros eram impedidos<br />
de dividir espaços com brancos, o casamento<br />
entre negros e brancos era<br />
proibido e jovens afrodescendentes<br />
tinham acesso limitado à educação.<br />
Na Guerra Fria, os Estados Unidos<br />
Discurso<br />
feito em<br />
Washington<br />
A vida foi dividida entre a família e os discursos acalorados contra o racismo<br />
faziam a propaganda de que aquele era<br />
o regime e o país onde todos gostariam<br />
de viver – exceto os negros, que<br />
tinham de se limitar aos assentos reservados<br />
nos ônibus.<br />
Desde que o pastor proferiu seu<br />
discurso há 50 anos, muitas leis segregacionistas<br />
foram derrubadas no país<br />
e muitos direitos foram garantidos aos<br />
negros.<br />
Ainda assim, as palavras do homem<br />
que virou símbolo da luta por<br />
vias não-violentas ainda têm a mesma<br />
força e urgência das décadas passadas.<br />
Cem anos atrás um grande americano,<br />
em cuja sombra simbólica nos<br />
encontramos hoje, assinou a proclamação<br />
da emancipação [dos escravos].<br />
Este decreto momentoso chegou<br />
como grande farol de esperança para<br />
milhões de escravos negros queimados<br />
nas chamas da injustiça abrasadora.<br />
Chegou como o raiar de um dia de<br />
alegria, Mas, cem anos mais tarde, o<br />
negro ainda não está livre. Cem anos<br />
mais tarde, a vida do negro ainda é<br />
duramente tolhida pelas algemas da<br />
segregação e os grilhões da discriminação.<br />
Cem anos mais tarde, o negro habita<br />
uma ilha solitária de pobreza, em<br />
meio ao vasto oceano de prosperidade<br />
material. Cem anos mais tarde, o negro<br />
continua a mofar nos cantos da sociedade<br />
americana, como exilado em<br />
sua própria terra.<br />
Então viemos aqui hoje para dramatizar<br />
uma situação hedionda.<br />
“<br />
I had<br />
a dream<br />
”<br />
Desde que o pastor proferiu seu<br />
discurso há 50 anos, muitas leis segregacionistas<br />
foram derrubadas e muitos<br />
direitos garantidos.<br />
Ainda assim, as palavras do homem<br />
que virou símbolo da luta por vias<br />
não-violentas ainda têm a mesma força<br />
e urgência das décadas passadas.<br />
Esses dois momentos mudaram<br />
para sempre as relações raciais na<br />
América.<br />
Fomos até ao Sul, onde o racismo<br />
foi mais virulento, ver como é que uma<br />
comunidade branca elegeu um negro<br />
como James Fields, ainda antes de a<br />
América votar em Barack Obama. n<br />
SOLUTIONs FOR LIFE I 73
74 I SOLUTIONs FOR LIFE<br />
SOLUTIONs FOR LIFE I 75
Arte<br />
Colírio para a alma<br />
Crítico de arte e curador,<br />
Agnaldo Farias enalteceu acervo da exposição<br />
76 I SOLUTIONs FOR LIFE<br />
SOLUTIONs FOR LIFE I 77
Arte<br />
possam enxergar certas características<br />
não só da arte mas do nosso próprio<br />
país.<br />
Durante três dias seguidos, o<br />
crítico de arte Agnaldo Farias,<br />
professor da Faculdade<br />
de Arquitetura e Urbanismo<br />
da Universidade de São Paulo e<br />
curador de importantes bienais e instituições<br />
culturais do Brasil e de Joanesburgo<br />
(África do Sul), ministrou aulas<br />
para os mediadores do Espaço Cultural<br />
Airton Queiroz.<br />
Em pauta, informações e curiosidades<br />
do acervo da Coleção Airton<br />
Queiroz, que reúne 253 obras do século<br />
XVII à atualidade, e que estará aberta<br />
ao público, gratuitamente, até 19 de<br />
dezembro de 2016. E serão esses mediadores,<br />
alunos da Unifor, os responsáveis<br />
por repassar aos visitantes aspectos<br />
da exposição, como conteúdo,<br />
organização e informações relevantes<br />
sobre as obras e seus autores.<br />
Em entrevista a seguir, o professor<br />
Agnaldo Farias destaca a importância<br />
da exposição para o cenário das artes<br />
plásticas no Brasil, bem como a iniciativa<br />
do chanceler Airton Queiroz de<br />
expor seu acervo à visitação pública.<br />
Sobre as obras, ele é taxativo: “essa exposição<br />
é um privilégio do Ceará. Poucos<br />
Estados no Brasil têm esse tipo de<br />
Telas dos<br />
mais variados<br />
expoentes da<br />
arte<br />
privilégio”.<br />
Qual a importância da Coleção<br />
Airton Queiroz para as artes<br />
plásticas no Brasil?<br />
Poucas coleções têm a abrangência<br />
da Coleção Airton Queiroz. É um<br />
projeto muito ambicioso: traz artistas<br />
do século XVI, a partir de Frans Post<br />
e Eckhout, até chegar a Ana Holck,<br />
Adriana Varejão e<br />
É impressionante nós possuirmos<br />
em nosso país um acervo da qualidade<br />
da Coleção Airton Queiroz. É um grande<br />
patrimônio porque a partir desta<br />
exposição nós podemos ter acesso a algumas<br />
das obras mais importantes do<br />
mundo. O público que visitar a exposição<br />
terá conhecimento do que melhor<br />
foi produzido nos últimos 400 anos. O<br />
que é muito significativo. A bem da verdade,<br />
é um fato extraordinário.<br />
Além disso, a exposição está muito<br />
bem montada, muito bem organizada<br />
e muito coerente. As obras conversam<br />
entre si. Trata-se de um conjunto muito<br />
consistente e coeso, o que contribui<br />
para que as pessoas tenham familiaridade<br />
com a arte. E isso faz falta nos<br />
nossos dias. As pessoas precisam ter os<br />
olhos bem alimentados para que elas<br />
Professor da<br />
USP<br />
ministrou<br />
workshop<br />
para<br />
mediadores<br />
do Espaço<br />
Cultural<br />
Quais os principais aspectos que o<br />
senhor destacaria na Coleção Airton<br />
Queiroz?<br />
O principal ponto que eu destacaria<br />
é o modo como a exposição está organizada.<br />
São cinco núcleos: o de artistas<br />
estrangeiros, que apesar de ser menor,<br />
tem artistas muito significativos: Rubens,<br />
Matisse, Marc Chagall, Salvador<br />
Dali, até chegar a Joaquín Torres-Garcia,<br />
que é um artista uruguaio da maior<br />
importância. Um outro núcleo muito<br />
importante é aquele que vem do século<br />
XVII até a academia, que sai de Post e<br />
Eckhout e passa por Aleijadinho e vai<br />
até Eliseu Visconti.<br />
O núcleo do Modernismo, que começa<br />
com duas telas fundamentais, de<br />
Lasar Segall e Anita Mafalti, percorrendo<br />
por uma tela de Portinari muito<br />
significativa, até atingir artistas extraordinários,<br />
como Iberê Camargo e<br />
Guignard, por exemplo. Já o núcleo das<br />
Abstrações, que abrange os anos 50 e<br />
que no Brasil começa com a inauguração<br />
dos museus de Arte Moderna de<br />
São Paulo e do Rio de Janeiro e com a<br />
Bienal de São Paulo. Nesse núcleo você<br />
encontra os artistas concretos e neoconcretos,<br />
além de artistas como Volpi,<br />
Sérgio Camargo e Mira Schendel.<br />
Como o senhor avalia a decisão do<br />
chanceler Airton Queiroz de expor<br />
seu acervo particular?<br />
Trata-se de uma grande generosidade<br />
do chanceler Airton Queiroz.<br />
Seria fundamental que houvesse mais<br />
pessoas assim, que tivessem esse desprendimento.<br />
Afinal, o custo para adquirir<br />
essas obras é muito alto, além<br />
de salvaguardá-las. Ao proceder dessa<br />
forma, o colecionador demonstra claramente<br />
que a ideia não é de entesou-<br />
A refeição mais completa tem origem na aristocracia<br />
inglesa. A nobreza costumava reunir os ingleses logo<br />
78 I SOLUTIONs FOR LIFE<br />
A refeição mais completa tem origem na aristocracia<br />
inglesa. A nobreza costumava reunir os ingleses logo<br />
SOLUTIONs FOR LIFE I 79
Arte<br />
ramento, não é enriquecer com isso,<br />
mas, principalmente, reunir, porque<br />
respeita esse material, e expô-lo, como<br />
prova de excelência de nossa cultura.<br />
Como senhor avalia o trabalho<br />
feito com os mediadores que vão<br />
trabalhar no atendimento ao público<br />
na Coleção Airton Queiroz?<br />
É um trabalho delicioso porque é<br />
um pessoal muitíssimo interessado, é<br />
uma turma que tem um pique muito<br />
grande, muito entusiasmada, apaixonada,<br />
fascinada e também muito<br />
curiosa. E que tem uma avidez por conhecimento<br />
muito grande. Então isso<br />
é muito gratificante porque a troca é<br />
intensa. E eles absorvem as informações<br />
como esponjas. São atenciosos e<br />
muito educados.<br />
Tenho certeza que eles vão realizar<br />
um belíssimo trabalho porque são<br />
pessoas que gostam de gente. Acredito<br />
que eles vão transmitir com o mesmo<br />
entusiasmo e respeito com que absorveram<br />
as informações sobre as obras<br />
que nós transmitimos para eles.<br />
Qual o recado que o senhor deixa<br />
para os cearenses?<br />
Que visitem a Coleção Airton<br />
Queiroz. Isso é imprescindível. Ela<br />
Centro de<br />
exposições<br />
pertence ao povo brasileiro, mas pertence<br />
ao povo cearense em particular.<br />
Então todos têm que usufruí-la, têm<br />
que tirar proveito dela. Essa exposição<br />
é um privilégio do Ceará. Poucos Estados<br />
no Brasil têm esse tipo de privilégio.<br />
Trata-se de uma grande generosidade<br />
do chanceler Airton Queiroz.<br />
Seria fundamental que houvesse mais<br />
pessoas assim, que tivessem esse desprendimento.<br />
Afinal, o custo para adquirir<br />
essas obras é muito alto, além<br />
de salvaguardá-las. Ao proceder dessa<br />
forma, o colecionador demonstra claramente<br />
que a ideia não é de entesouramento,<br />
não é enriquecer com isso,<br />
mas, principalmente, reunir, porque<br />
respeita esse material, e expô-lo, como<br />
prova de excelência de nossa cultura.<br />
O quinto e último núcleo, dedicado<br />
à produção contemporânea, traz Beatriz<br />
Milhazes, dos anos 80, até chegar<br />
a Ana Holck, que é uma artista muito<br />
mais recente. Separados ou juntos,<br />
esses núcleos têm muita substância,<br />
muita qualidade para ser vista e apreciada.<br />
Durante três dias seguidos, o crítico<br />
de arte Agnaldo Farias, professor<br />
da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo<br />
da Universidade de São Paulo e<br />
curador de importantes bienais e instituições<br />
culturais do Brasil e de Joanesburgo<br />
(África do Sul), ministrou aulas<br />
para os mediadores do Espaço Cultural<br />
Airton Queiroz.<br />
Em pauta, informações e curiosidades<br />
do acervo da Coleção Airton<br />
Queiroz, que reúne 253 obras do século<br />
XVII à atualidade, e que estará aberta<br />
ao público, gratuitamente, até 19 de<br />
dezembro de 2016. E serão esses mediadores,<br />
alunos da Unifor, os responsáveis<br />
por repassar aos visitantes aspectos<br />
da exposição, como conteúdo,<br />
organização e informações relevantes<br />
sobre as obras e seus autores.<br />
Em entrevista a seguir, o professor<br />
Agnaldo Farias destaca a importância<br />
da exposição para o cenário das artes<br />
plásticas no Brasil, bem como a iniciativa<br />
do chanceler Airton Queiroz de<br />
expor seu acervo à visitação pública.<br />
Sobre as obras, ele é taxativo: “essa exposição<br />
é um privilégio do Ceará. Poucos<br />
Estados no Brasil têm esse tipo de<br />
privilégio”.<br />
Qual a importância da Coleção<br />
Airton Queiroz para as artes<br />
plásticas no Brasil?<br />
Poucas coleções têm a abrangência<br />
da Coleção Airton Queiroz. É um<br />
projeto muito ambicioso: traz artistas<br />
do século XVI, a partir de Frans Post<br />
e Eckhout, até chegar a Ana Holck,<br />
Adriana Varejão e Gustavo Rezende,<br />
que são jovens artistas, ainda trabalhando.<br />
É impressionante nós possuirmos<br />
em nosso país um acervo da qualidade<br />
da Coleção Airton Queiroz. É um grande<br />
patrimônio porque a partir desta<br />
exposição nós podemos ter acesso a algumas<br />
das obras mais importantes do<br />
mundo. O público que visitar a exposição<br />
terá conhecimento do que melhor<br />
foi produzido nos últimos 400 anos.<br />
O que é muito significativo. A bem da<br />
A refeição mais completa tem origem na aristocracia<br />
inglesa. A nobreza costumava reunir os ingleses logo<br />
80 I SOLUTIONs FOR LIFE<br />
SOLUTIONs FOR LIFE I 81
Arte<br />
Agnaldo Farias: Diretor Geral de Curadoria e Cultura Geral<br />
verdade, é um fato extraordinário.<br />
Além disso, a exposição está muito<br />
bem montada, muito bem organizada<br />
e muito coerente. As obras conversam<br />
entre si. Trata-se de um conjunto muito<br />
consistente e coeso, o que contribui<br />
para que as pessoas tenham familiaridade<br />
com a arte. E isso faz falta nos<br />
nossos dias. As pessoas precisam ter<br />
os olhos bem alimentados para que<br />
elas possam enxergar certas características<br />
não só da arte mas do nosso<br />
próprio país.<br />
Quais os principais aspectos que o<br />
senhor destacaria na Coleção Airton<br />
82 I SOLUTIONs FOR LIFE<br />
Queiroz?<br />
O principal ponto que eu destacaria<br />
é o modo como a exposição está organizada.<br />
São cinco núcleos: o de artistas<br />
estrangeiros, que apesar de ser menor,<br />
tem artistas muito significativos: Rubens,<br />
Matisse, Marc Chagall, Salvador<br />
Dali, até chegar a Joaquín Torres-Garcia,<br />
que é um artista uruguaio da maior<br />
importância. Um outro núcleo muito<br />
importante é aquele que vem do século<br />
XVII até a academia, que sai de Post e<br />
Eckhout e passa por Aleijadinho e vai<br />
até Eliseu Visconti.<br />
O núcleo do Modernismo, que começa<br />
com duas telas fundamentais, de<br />
Lasar Segall e Anita Mafalti, percorrendo<br />
por uma tela de Portinari muito<br />
significativa, até atingir artistas extraordinários,<br />
como Iberê Camargo e<br />
Guignard, por exemplo. Já o núcleo das<br />
Abstrações, que abrange os anos 50 e<br />
que no Brasil começa com a inauguração<br />
dos museus de Arte Moderna de<br />
São Paulo e do Rio de Janeiro e com a<br />
Bienal de São Paulo. Nesse núcleo você<br />
encontra os artistas concretos e neoconcretos,<br />
além de artistas como Volpi,<br />
Sérgio Camargo e Mira Schendel.<br />
Como o senhor avalia a decisão do<br />
chanceler Airton Queiroz de expor<br />
seu acervo particular?<br />
Trata-se de uma grande generosidade<br />
do chanceler Airton Queiroz.<br />
Seria fundamental que houvesse mais<br />
pessoas assim, que tivessem esse desprendimento.<br />
Afinal, o custo para adquirir<br />
essas obras é muito alto, além<br />
de salvaguardá-las. Ao proceder dessa<br />
forma, o colecionador demonstra claramente<br />
que a ideia não é de entesouramento,<br />
não é enriquecer com isso,<br />
mas, principalmente, reunir, porque<br />
respeita esse material, e expô-lo, como<br />
prova de excelência de nossa cultura.<br />
Como senhor avalia o trabalho<br />
feito com os mediadores que vão<br />
trabalhar no atendimento ao público<br />
na Coleção Airton Queiroz?<br />
É um trabalho delicioso porque é<br />
um pessoal muitíssimo interessado, é<br />
uma turma que tem um pique muito<br />
grande, muito entusiasmada, apaixonada,<br />
fascinada e também muito<br />
curiosa. E que tem uma avidez por conhecimento<br />
muito grande. Então isso<br />
é muito gratificante porque a troca é<br />
intensa. E eles absorvem as informações<br />
como esponjas. São atenciosos e<br />
muito educados.<br />
Tenho certeza que eles vão realizar<br />
um belíssimo trabalho porque são<br />
A refeição mais completa tem origem na aristocracia<br />
inglesa. A nobreza costumava reunir os ingleses logo<br />
pessoas que gostam de gente. Acredito<br />
que eles vão transmitir com o mesmo<br />
entusiasmo e respeito com que absorveram<br />
as informações sobre as obras<br />
que nós transmitimos para eles.<br />
Qual o recado que o senhor deixa<br />
para os cearenses?<br />
Que visitem a Coleção Airton<br />
Queiroz. Isso é imprescindível. Ela<br />
pertence ao povo brasileiro, mas pertence<br />
ao povo cearense em particular.<br />
Então todos têm que usufruí-la, têm<br />
que tirar proveito dela. Essa exposição<br />
é um privilégio do Ceará. Poucos Estados<br />
no Brasil têm esse tipo de privilégio.<br />
Trata-se de uma grande generosidade<br />
do chanceler Airton Queiroz.<br />
Seria fundamental que houvesse mais<br />
pessoas assim, que tivessem esse desprendimento.<br />
Afinal, o custo para adquirir<br />
essas obras é muito alto, além<br />
de salvaguardá-las. Ao proceder dessa<br />
forma, o colecionador demonstra claramente<br />
que a ideia não é de entesouramento,<br />
não é enriquecer com isso,<br />
mas, principalmente, reunir, porque<br />
respeita esse material, e expô-lo, como<br />
prova de excelência de nossa cultura.<br />
O quinto e último núcleo, dedicado<br />
à produção contemporânea, traz Beatriz<br />
Milhazes, dos anos 80, até chegar<br />
a Ana Holck, que é uma artista muito<br />
mais recente. Separados ou juntos,<br />
esses núcleos têm muita substância,<br />
muita qualidade para ser vista e apreciada.<br />
O quinto e último núcleo, dedicado<br />
à produção contemporânea, traz Beatriz<br />
Milhazes, dos anos 80, até chegar<br />
a Ana Holck, que é uma artista muito<br />
mais recente. Separados ou juntos,<br />
esses núcleos têm muita substância,<br />
muita qualidade para ser vista e apreciada.<br />
Como o senhor avalia a decisão do<br />
chanceler Airton Queiroz de expor<br />
seu acervo particular?<br />
Trata-se de uma grande generosidade<br />
do chanceler Airton Queiroz.<br />
Seria fundamental que houvesse mais<br />
pessoas assim, que tivessem esse desprendimento.<br />
Afinal, o custo para adquirir<br />
essas obras é muito alto, além<br />
de salvaguardá-las. Ao proceder dessa<br />
forma, o colecionador demonstra claramente<br />
que a ideia não é de entesouramento,<br />
não é enriquecer com isso,<br />
mas, principalmente, reunir, porque<br />
respeita esse material, e expô-lo, como<br />
prova de excelência de nossa cultura.<br />
Como senhor avalia o trabalho<br />
feito com os mediadores que vão<br />
trabalhar no atendimento ao público<br />
na Coleção Airton Queiroz?<br />
É um trabalho delicioso porque é<br />
um pessoal muitíssimo interessado, é<br />
uma turma que tem um pique muito<br />
grande, muito entusiasmada, apaixonada,<br />
fascinada e também muito<br />
curiosa. E que tem uma avidez por conhecimento<br />
muito grande. Então isso<br />
é muito gratificante porque a troca é<br />
intensa. E eles absorvem as informações<br />
como esponjas. São atenciosos e<br />
muito educados.<br />
Tenho certeza que eles vão realizar<br />
um belíssimo trabalho porque são<br />
pessoas que gostam de gente. Acredito<br />
que eles vão transmitir com o mesmo<br />
entusiasmo e respeito com que absorveram<br />
as informações sobre as obras<br />
que nós transmitimos para eles.<br />
Qual o recado que o senhor deixa<br />
para os cearenses?<br />
Que visitem a Coleção Airton<br />
Queiroz. Isso é imprescindível. Ela<br />
pertence ao povo brasileiro, mas pertence<br />
ao povo cearense em particular.<br />
Então todos têm que usufruí-la, têm<br />
que tirar proveito dela. Essa exposição<br />
é umÉ um trabalho delicioso porque<br />
é um pessoal muitíssimo interessado,<br />
é uma turma que tem um pique muito<br />
grande, muito entusiasmada, apaixonada,<br />
fascinada e também muito<br />
curiosa. E que tem uma<br />
avidez por conhecimento muito<br />
grande. Então isso é muito gratificante<br />
porque a troca é intensa. E el v, que<br />
é uma artista muito mais recente. Separados<br />
ou juntos, esses núcleos têm<br />
muita substância, muita qualidade<br />
para ser vista e apreciada. n<br />
SOLUTIONs FOR LIFE I 83
84 I SOLUTIONs FOR LIFE<br />
SOLUTIONs FOR LIFE I 85
Moda<br />
As diferentes<br />
faces da<br />
moda<br />
Pode até parecer um contrassenso,<br />
mas a designer de sapatos Mari Giudicelli<br />
não usa salto alto. E não é por uma<br />
questão física, mas filosófica mesmo.<br />
Ela, que acaba de trazer para o Rio sua<br />
linha de calçados hit entre as it-girls de<br />
Nova York, se justifica:<br />
— Ao longo da história, o salto alto<br />
foi implementado como símbolo de poder<br />
e ícone de discernimento entre realeza<br />
e plebe. Mas, acredito que saltos<br />
baixos intitulam as mulheres, dando<br />
liberdade de movimento.<br />
Lutamos tanto por direitos iguais;<br />
a ideia de salto alto não faz sentido<br />
para mim.<br />
Colecionadora assumida — ela estima<br />
ter 80 pares —, Mari conta que<br />
tem desde tabis (modelo tradicional<br />
japonês) até exemplares contemporâneos.<br />
No closet, itens da Prada, Gucci,<br />
Miu Miu, Céline, Martiniano, Maryam<br />
Nassir Zadeh, Dries Van Noten, Lemaire<br />
e tênis Converse e Vans:<br />
— Todos baixos — resume ela, que<br />
conseguiu salvar a maioria do incêndio<br />
que atingiu seu apartamento no<br />
Brooklyn, no fim do ano passado.<br />
Na marca que leva seu nome, Mari<br />
busca trabalhar silhuetas clássicas,<br />
atualizando-as com uma combinação<br />
distinta de materiais. A mule, um dos<br />
ícones dos anos 1990, está entre os<br />
seus shapes favoritos:<br />
— Ela é elegante e também despojada,<br />
podendo ser usada em qualquer<br />
ocasião. O que é importante para mim,<br />
na criação de um guarda-roupa holístico.<br />
Esse estilo limpo, prático, utilitário<br />
e industrialista (como ela mesmo define)<br />
da carioca chamou a atenção do<br />
fotógrafo Dan McMahon, que a viu nas<br />
ruas de Nova York e a convidou para<br />
trabalhar como modelo.<br />
— Os clientes que me contratam<br />
sabem que sou designer acima de qualquer<br />
coisa e que não tenho medidas-<br />
-padrão. A maioria dos trabalhos chega<br />
até mim por boca a boca.<br />
Casting é muito desagradável, então<br />
eu evito — diz ela, que já posou<br />
para grifes cools como Maryam Nassir<br />
Escolher as roupas,<br />
de uma grande e<br />
badalada festividade<br />
ou mesmo as<br />
vestimentas<br />
do dia a dia requer<br />
despojamento,<br />
interação e sintonia<br />
com a vida<br />
Zadeh, Jacquemus, Mansur Gavriel e<br />
Eckhaus Latta; e, no ano passado, assinou<br />
contrato com a agência Ford Models.<br />
Claro que, para ser modelo, a beleza<br />
também conta. O cabelo, sua marca<br />
registrada, ela corta com o amigo Tim<br />
Wandrey:<br />
— Ele, por acaso, trabalha num salão<br />
super fancy que é zero eu, chamado<br />
Red Door.<br />
Escova? Nem pensar.<br />
— Eu uso o xampu Iles Formula<br />
(criado para tratar os cabelos castigados<br />
das famosas), e lavo antes de dormir,<br />
assim ele acorda amassado — conta<br />
ela, que faz as próprias unhas uma<br />
vez por mês e não usa esmalte.<br />
REFERÊNCIA INDIEE<br />
Por estar em um time especial de<br />
modelos, Mari garante que não faz dieta,<br />
mas pratica a ioga Iyengar há oito<br />
anos, além de TRX (método de exercícios<br />
físicos em que se utiliza o peso do<br />
próprio corpo).<br />
— Me alimento de forma saudável,<br />
com muitos vegetais e frutas, pouca<br />
carne, açúcares e nada artificial.<br />
Meu único vício é o café — conta ela,<br />
que adora cozinhar e costuma matar<br />
as saudades da comida brasileira<br />
nos restaurantes Miss Favela, Beco e<br />
Casa:<br />
— Amo pedir moqueca, caldo verde<br />
e banana frita.<br />
O tipo excêntrico e os traços marcantes<br />
fizeram de Mari uma espécie<br />
de musa indie em Nova York, sendo<br />
aclamada por revistas como a “Vogue”<br />
americana, a “W”, o jornal “New York<br />
Times” e o site “Huffington Post”. n<br />
Mari<br />
Giudiccelli,<br />
colecionadora<br />
assumida de<br />
sapatos<br />
86 I SOLUTIONs FOR LIFE<br />
SOLUTIONs FOR LIFE I 87
88 I SOLUTIONs FOR LIFE<br />
SOLUTIONs FOR LIFE I 89
90 I SOLUTIONs FOR LIFE