Revista Bolsista de Valor vol. 3

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para o Sudeste: soja, mamona, algodão, girassol, gordura animal e óleos de peixes. Para a produção de biodiesel em relação ao mercado mundial, a competitividade brasileira esbarra nos elevados custos de produção, tendo em vista que a tecnologia de processamento ainda não é muito avançada. Pela sua capacidade produtiva na região Nordeste, a mamona foi a principal oleaginosa na fase inicial do PNPB. Contudo, embora a região Nordeste tenha aptidão agronômica para o cultivo e expansão desta matéria-prima, as práticas e tecnologias de manejo dessa cultura são inadequadas, tornando a produção de biodiesel a partir dessa oleaginosa cara, não conseguindo um preço de mercado muito alto, diminuindo a competitividade do produto. Em relação ao babaçu, embora seja cultivado em uma área de 18 milhões de hectares no Maranhão, o custo de extração do vegetal é elevado, em função da sua produção ainda ser baseada no extrativismo, com baixo padrão de organização (MAPA, 2005). No caso da soja, mesmo com potencial para oferecer todo o óleo necessário para uma mistura B5 no Brasil, tal matéria-prima apresenta restrições de natureza econômica, tendo em vista o elevado custo de produção do óleo e o custo de oportunidade da opção de exportar o grão, o farelo ou o próprio óleo para o mercado internacional. Além disso, na principal região produtora de soja (Centro-Sul), os benefícios fiscais são menores, afetando a competitividade da cultura destinada para a fabricação de biodiesel. A cultura com melhor desempenho na produção do biocombustível é o dendê, com o qual é possível obter 6 mil litros por hectare cultivado (PAULILLO et al., 2006), porém sua produção também se dá com base no extrativismo, com práticas e tecnologia de manejo ineficientes. Tornando necessário o investimento em pesquisas para que a produção possa ocorrer em larga escala. A fim de conferir uma dimensão à perspectiva de expansão da produção de biodiesel no Brasil, foram efetuadas projeções para o período 2005–2035. Foram considerados os seguintes parâmetros básicos para efetuar a projeção: • Taxa geométrica de crescimento do consumo de óleo diesel ou sucedâneos de 3,5% a.a.; • Mistura de biodiesel ao óleo diesel iniciando em 2% e finalizando em 40%; • Produtividade de óleo iniciando em 600 quilogramas por hectare (kg/ha) e finalizando em 5.000 kg/ha; • Considerou-se grande usina aquela que processa acima de 100 mil toneladas por ano (kt. ano-1); • Parcela da produção alocada a grandes usinas de 80 %; • Craqueadores instalados em pequenas comunidades ou propriedades rurais atingindo 100.000 no final do período, com produção média de 250 L.dia-1. A Figura 2 mostra que o Brasil poderá produzir, apenas para o mercado interno, um volume aproximado de 50 GL, sendo a maior parcela produzida por transesterificação (80%) e o restante por craqueamento. Figura 2 – Estimativa da produção de biodiesel para consumo interno Fonte: Elaboração de D. L. Gazzoni Estima-se que a produção de biodiesel para os mercados externos e internos, no final do período, será equivalente (Figura 3). Figura 3 – Estimativa da produção total de biodiesel Fonte: Elaboração de D. L. Gazzoni Considerações Finais Percebe-se que o biodiesel ainda não possui medidas de competir com os combustíveis derivados do petróleo, sendo necessário um maior investimento na pesquisa por matérias-primas, novos catalisadores, processos de produção, entre outros. Há também a possibilidade de se estudarem as diversas culturas existentes no país, procurando maior produtividade nelas e ocasionando maior inserção do produto no mercado. Além disso, deve haver um maior investimento do governo brasileiro na produção do biodiesel no país, pois devido a suas vastas áreas de terras cultiváveis, o Brasil demonstra um grande potencial para ser um dos líderes na produção do biocombustível. Esses 152
investimentos podem seguir a tendência dos países estrangeiros, baseando-se em subsídios na produção, para tornar o preço do produto final mais barato. Referências AMORIM, P. Q. R. Perspectiva histórica da cadeia da mamona e a introdução da produção de biodiesel no semi-árido brasileiro sob o enfoque da teoria dos custos de transação. Monografia apresentada à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo. Piracicaba – SP, 2005. ANP - Agência Nacional do Petróleo. Disponível em: . Acesso em: 13 nov. 2012. BEZERRA, R. T. R. Extração do óleo de babaçu (Orbignia martiana) porprensagem contínua. 2000. 73 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Universidade Federal de Viçosa, 2000. PAULILLO, L. F.; MELLO, F. O. T.; VIAN, C. E. F. Análise da competitividade das cadeias de agroenergia no Brasil. In: BUAINAIN, A. M.; BATALHA, M. O. (Coord.). Análise da competitividade das cadeias agroindustriais brasileiras. São Carlos: DEP-UFSCAR/IE- UNICAMP, fev. 2006. 119 p. (Projeto MAPA/IICA). PAULILLO, L. F.; VIAN, C. E. F., SHIKIDA, P. F. A.; MELLO, F. O. T. Álcool combustível e biodiesel no Brasil: quo vadis?, RER, Rio de Janeiro, vol. 45, nº 03, p. 531-565, jul/set 2007. SARTORI, M. A.; PEREZ, R.; JÚNIOR, A. G. S.; MACHADO, S. R. S.; SANTOS, M. M. S.; MIRANDA, C. A. C., Análise de arranjos para extração de óleos vegetais e suprimento de usina de biodiesel, RESR, Piracicaba, SP, vol. 47, nº 02, p. 419-434, abr/jun 2009. SUAREZ, P. A. Z.; SANTOS, A. L. F., ROGRIGUES, J. P., ALVES, M. B. Biocombustíveis a partir de óleos e gorduras: desafios tecnológicos para viabilizá-los, Quim. Nova, Vol. 32, No. 3, p. 768-775, 2009. CHISTI, Y.; Biotech. Adv. 2007, 25, 294. DABDOUB, M. J.; BRONZEL, J. L.; RAMPIN, M. A. Biodiesel: visão crítica do status atual e perspectivas na academia e na indústria, Quim. Nova, Vol. 32, No. 3, p. 776-792, 2009 F.O. LICHT. World Ethanol & Biofuels Report. Várias edições. 2005 LÔBO, I. P.; CRUZ, R. S.; FERREIRA, S. L. C. Biodiesel: parâmetros de qualidade e métodos analíticos, Quim. Nova, Vol. 32, No. 6, p. 1596- 1608, 2009. MACEDO, C. C. S.; ABREU, F. R.; TAVARES, A. P.; ALVES, M. B.; ZARA, L. F.; RUBIM J. C.; SUAREZ, P. A. Z.; J. Braz. Chem. Soc., 2006, 17, 1291. MAPA. Plano Nacional de Agroenergia, outubro/2005. MATÉRIAS-PRIMAS para produção de Biodiesel. Disponível em: . Acesso em: 13 maio 2010. OLIVEIRA, L. B.; DA COSTA, A. O. Biodiesel: uma experiência de desenvolvimento sustentável. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENERGIA, 9. 2002. Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: COPPE, 2002. vol. IV, p. 1772-1779. 153
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