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S. C. Stephens - Rock Star #4 - Intenso Demais (Pelo ponto de vista de Kellan Kyle) [oficial]

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ela assistir ao filme e nos divertimos muito juntos. Tentei não me sentir mal a respeito do claro afastamento<br />

que rolava entre Denny e ela. Fiz <strong>de</strong> tudo para não me sentir feliz, também. A relação <strong>de</strong>les era separada da<br />

nossa, ou pelo menos eu me convencia que era assim. Eu seria qualquer coisa que Kiera precisasse que eu<br />

fosse.<br />

Tomamos nossos cafés em meio a um silêncio confortável. Por mais que o líquido que corria pela minha<br />

garganta me aquecesse, isso não era nada comparado a me sentar ao lado <strong>de</strong> Kiera. Ela me aquecia <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro<br />

para fora. Descongelava lugares escuros e esquecidos dos quais eu nem sabia que existiam. Só estar perto<br />

<strong>de</strong>la já tornava tudo melhor.<br />

Quando nossas bebidas estavam acabando, colocamos os copos vazios na grama e eu peguei seus <strong>de</strong>dos.<br />

Eles ainda estavam mornos <strong>de</strong> segurar a bebida quente. Kiera interrompeu o silêncio com uma pergunta que<br />

fiquei surpreso ao ouvir.<br />

– Aquela música que você tocou no fim <strong>de</strong> semana passado, com uma letra meio forte… Não é realmente<br />

sobre uma mulher, é?<br />

Eu sabia exatamente a qual música ela se referia. O nome <strong>de</strong> canção era “I Know” e, como ela disse, eu a<br />

tinha tocado poucos dias antes. A letra falava <strong>de</strong> uma mulher em um relacionamento abusivo. Escon<strong>de</strong>r-me<br />

atrás <strong>de</strong>ssa mentira era o mais perto que eu conseguia chegar do meu passado. Mas eu não percebi que Kiera<br />

tinha prestado tanta atenção nas palavras, e não fazia i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que ela pu<strong>de</strong>sse ter tamanha intuição sobre<br />

mim, a <strong>ponto</strong> <strong>de</strong> ler nas entrelinhas. Como diabos ela sabia disso?<br />

Vendo a pergunta não formulada em meu rosto, ela forneceu uma resposta que eu não tinha imaginado.<br />

– Denny. Ele me contou o que aconteceu quando estava morando com a sua família. A música é sobre<br />

você mesmo, não? Você e seu pai?<br />

Voltei os olhos para longe <strong>de</strong>la e fitei longamente o parque. Denny. Eu <strong>de</strong>via ter adivinhado. Fiquei um<br />

pouco magoado por ele ter contado a ela algo tão pessoal a meu respeito. Por outro lado, fiquei contente por<br />

ela saber. Só que eu não queria falar sobre isso, ainda. Balancei a cabeça, mas não disse nada.<br />

– Quer conversar sobre isso? – perguntou Kiera, calmamente.<br />

– Não. – Eu não queria mesmo. Não havia propósito em pensar no assunto, e muito menos em discuti-lo.<br />

As coisas eram como eram.<br />

– Mas vai conversar? – insistiu ela, com um tom <strong>de</strong> dor e compaixão na voz.<br />

Dando um longo suspiro, olhei para a grama. Agarrando uma folha comprida e fina como uma lâmina,<br />

enrolei-a nos <strong>de</strong>dos. De repente eu me senti como aquele pedaço <strong>de</strong> grama sendo torcido em meus <strong>de</strong>dos<br />

contra a vonta<strong>de</strong>. O que ele diria, se pu<strong>de</strong>sse falar?<br />

Faça o que quiser comigo, já estou <strong>de</strong>stroçado mesmo.<br />

Quando olhei para ela, os olhos <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> meu pai nublaram minha visão.<br />

– Não há nada para conversar, Kiera.<br />

Ele me batia porque odiava a mim e a tudo que eu representava. Minha mãe lhe permitia fazer o que<br />

quisesse comigo porque eu tinha arruinado a sua vida. Eu estrago tudo; basta olhar para o que eu fiz com<br />

você e com Denny…<br />

– Se Denny contou a você o que viu e o que fez por mim, então você sabe tanto quanto qualquer um.<br />

– Não tanto quanto você. – Sua voz era firme, mas cheia <strong>de</strong> empatia. Um filete gelado percorreu minha<br />

espinha. Ela não ia <strong>de</strong>sistir do assunto, <strong>de</strong>ssa vez; ia forçar a barra, bisbilhotar e tentar <strong>de</strong>scobrir meus<br />

segredos. Só que eu não estava pronto para revelá-los. Acho que jamais me sentiria pronto. No entanto…<br />

também não queria que ela parasse <strong>de</strong> perguntar.<br />

Parecendo estar se <strong>de</strong>sculpando por insistir, ela perguntou:<br />

– Ele batia sempre em você?<br />

Havia tantas recordações me bombar<strong>de</strong>ando que eu não conseguia separar umas das outras. Eu me vi me<br />

encolhendo sob seus punhos pesados, eu o vi gritando enquanto seu cinto rasgava minhas coxas nuas. Eu me

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