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ULTIMOS CANTOS

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ÚLTIMOS <strong>CANTOS</strong>. 279<br />

E não sabe, e não vê, quantos queixumes<br />

Apaga—quantas magoas alivia !<br />

Assim durante a noite o passarinho<br />

Em moita de jasmins derrama occulto<br />

Merencorias canções nos mansos ares;<br />

E não sabe, o feliz, de quantos olhos<br />

Tristes, mas doces lagrimas, arranca!<br />

II.<br />

Perderão-te os meus olhos um momento !<br />

E na volta o meu rosto transtornado,<br />

As vestes luctuosas, que eu trajava,<br />

O mudo, amargo pranto que eu vertia,<br />

Annuncio triste foi de uma desdita,<br />

Qual jamais sentirás: teus tenros annos<br />

Pouparão-te essa dor, que náo tem nome.<br />

De quando sobre as bordas de um sepulchro<br />

Anceia um filho,—enas feições queridas<br />

D'um pai, d'um conselheiro, d'um amigo<br />

O sello eterno vai gravando a morte I<br />

Escutei suas ultimas palavras,<br />

Repassado de dor!—junto ao seu leito,<br />

De joelhos, em lagrimas banhado,<br />

Recebi os seus últimos suspiros.<br />

E a luz funerea e triste que lançarão

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