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ULTIMOS CANTOS

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— Âs setas da afflicção já se esgotarão,<br />

Nem para novo golpe espaço intacto<br />

Em nossos corpos resta.<br />

— Mas tu tremes !<br />

— Talvez do afan da caça...<br />

— Oh filho caro .<br />

Um quê mysterioso aqui me falia,<br />

Aqui no coração; piedosa fraude<br />

Será por certo, que não mentes nunca!<br />

Não conheces temor, e agora temes?<br />

Vejo e sei: é Tupan que nos afflige,<br />

E contra o seu querer não valem brios.<br />

Partamos!...—<br />

E com mão tremula, incerta,<br />

Procura o filho, tateando as trevas<br />

Da sua noite lugubre e medonha.<br />

Sentindo o acre odor das frescas tintas,<br />

Uma idéa fatal correu-lhe á mente....<br />

Do filho os membros gélidos apalpa,<br />

E a dolorosa maciez das plumas<br />

Conhece estremecendo:—foge, volta,<br />

Encontra sob as mãos o duro craneo,<br />

Despido então do natural ornato!....<br />

Recua afflicto e pavido, cobrindo<br />

As mãos ambas os olhos fulminados,<br />

Como que teme ainda o triste velho<br />

De ver, não mais cruel, porém mais clara,<br />

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