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<strong>LiteraLivre</strong> nº 2<br />
Amélia Luz<br />
Pirapetinga/MG<br />
Nem Romeu, nem Julieta<br />
Já perdi a conta dos casos que ouvi de namorados românticos.<br />
Coisas do passado, é claro. Hoje em dia tudo está muito diferente, as<br />
moças não ganham mais as serenatas nas noites de lua cheia, mas elas<br />
vão com os seus “ficantes” curtir a balada vazando noites de agito total.<br />
Bom seria mesmo ser a Colombina do Pierrô, ser a Julieta do<br />
Romeu, ganhar flores, chocolates, poesias autografadas e, no álbum da<br />
vida estar na primeira página ao lado do eterno namorado, aquele do<br />
primeiro olhar, do primeiro aperto de mão e do primeiro beijo no portão<br />
a despertar a primeira taquicardia.<br />
Receber atenções especiais, corações flechados desenhados nas<br />
árvores do jardim com direito a nomes e datas. Ser escravos do Cupido<br />
até o fim da vida e contar e recontar todas as viagens, todos os<br />
presentes de aniversário, natal, dia das mães e, por que não, dia dos<br />
namorados mesmo comemorando as Bodas de Prata ou de Ouro.<br />
Embora tudo isso seja sonho enterrado vivemos o pesadelo da falta<br />
de sensibilidade, de virarmos geleiras humanas sem a menor emoção a<br />
manifestar. Já não mais existem românticos que mesmo de “jeans e de<br />
calça desbotada” mandam “flores para a namorada” como na antiga<br />
canção. Que pena!<br />
Com a revolução feminista visando a igualdade de condições, a<br />
mulher deixou de ser o sexo frágil que dependia da proteção do homem,<br />
preocupado em lhe proporcionar o melhor em muitos casos. Será que a<br />
mulher só ganhou ou também perdeu?<br />
Despiu-se de rendas e cetins, vestiu uma bruta calça de brim, tirou<br />
o chapéu e a flor dos cabelos e saiu por aí tentando fazer a sua<br />
liberdade, ou melhor, a sua igualdade de poderes diante do sexo oposto.<br />
Os homens comodamente se retraíram, guardaram os seus violões<br />
e suas poesias com declarações de amor e nem sabem se a lua é cheia<br />
ou minguante, porque minguados estão os seus sentimentos neste jogo<br />
da vida em que a nudez da mulher, reveladora de todos os seus<br />
encantos, agora é exposta, não despertando mais aquela curiosidade<br />
que despertavam excitações. Vivemos um tempo de amores<br />
passageiros, de divórcios e separações e casamento á moda dos nossos<br />
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