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Minas em Cena Motors 2017

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COMPORTAMENTO • Mobilidade Urbana<br />

Crédito Wolf Wagner<br />

Um olhar crítico sobre o<br />

TRÂNSITO DE BH<br />

DIAGNÓSTICO E SUGESTÕES DE INTERVENÇÕES<br />

JOSÉ APARECIDO RIBEIRO*<br />

Belo Horizonte vive período conturbado<br />

<strong>em</strong> relação ao t<strong>em</strong>a<br />

mobilidade urbana. O trânsito<br />

é um dos principais probl<strong>em</strong>as que<br />

afetam a vida de milhões de pessoas<br />

diariamente. O estresse não escolhe<br />

classe, n<strong>em</strong> tampouco meio de transporte.<br />

No carro, no ônibus, no metrô,<br />

no taxi, e até caminhando pelas ruas,<br />

o que se vê é lentidão, e sensação de<br />

impotência diante da realidade.<br />

Cruzar a cidade fica cada vez<br />

mais difícil, d<strong>em</strong>orado e arriscado.<br />

O trânsito está parado s<strong>em</strong>pre<br />

nos mesmos lugares. O t<strong>em</strong>a deixou<br />

de ser assunto para especialistas,<br />

e hoje precisa ser discutido<br />

no campo da saúde pública, do<br />

b<strong>em</strong>-estar e da economia urbana.<br />

Belo Horizonte está parando e<br />

pouco ou nada t<strong>em</strong> sido feito pelo<br />

poder público para permitir uma<br />

mobilidade urbana com fluidez.<br />

METRÔ: MITO OU REALIDADE?<br />

A cidade não precisa e não t<strong>em</strong><br />

dinheiro para metrô, seu custo de<br />

construção é inviável economicamente.<br />

Os modais recomendados<br />

pela engenharia, capazes de substituir<br />

o metro são: Monotrilho e VLT.<br />

Importante esclarecer que, para ser<br />

viável, metrô exige um fluxo de 60<br />

mil passageiros hora/pico/sentido.<br />

O km de metrô subterrâneo custa<br />

R$ 700 milhões e, ao contrário do<br />

que se pensa, não é prioridade.<br />

José Aparecido Ribeiro<br />

MONOTRILHO E VLT, CONJUGADOS<br />

COM BRT E METRÔ DE SUPERFÍCIE<br />

SÃO VIÁVEIS E POSSÍVEIS<br />

BH possui atualmente uma d<strong>em</strong>anda<br />

de 30 mil passageiros hora/<br />

pico/sentido, transportados <strong>em</strong><br />

ônibus, 70% deles convencionais,<br />

s<strong>em</strong> ar-condicionado, desconfortáveis<br />

e s<strong>em</strong> apelos capazes de<br />

provocar mudanças de hábitos <strong>em</strong><br />

qu<strong>em</strong> usa o transporte individual.<br />

Exist<strong>em</strong> 130 km de projetos de<br />

monotrilho viáveis, prontos, esperando<br />

por vontade política. Monotrilho<br />

carrega até 48 mil passageiros<br />

e custa cinco vezes menos que<br />

o metrô. A escolha de um desses<br />

modais ou dos dois, conjugados<br />

com ônibus convencionais e BRT,<br />

garante transporte de boa qualidade<br />

para os próximos 100 anos.<br />

OBRAS ESTRUTURAIS: FAZÊ-<br />

-LAS OU NÃO? DESAFIO É PRIO-<br />

RIZAR AS MAIS IMPORTANTES<br />

Embora algumas obras de infraestrutura<br />

tenham sido feitas nos<br />

dois últimos governos, <strong>em</strong>baladas<br />

pelo advento da Copa do Mundo<br />

<strong>em</strong> 2014, (corredores da Cristiano<br />

Machado e Antônio Carlos/Pedro<br />

I) Via 710 sendo concluída, a cidade<br />

ainda possui um passivo bastante<br />

significativo. Já são 40 anos<br />

s<strong>em</strong> construir trincheiras, viadutos,<br />

túneis e elevados. A região Centro<br />

Sul é a que mais sofre com a infraestrutura<br />

defasada, pois concentra<br />

o maior volume de trafego.<br />

FALTA COMPROMISSO COM A<br />

FLUIDEZ - SINAIS DE TRÂNSITO<br />

EM EXCESSO E SEM SINCRONIA<br />

O traçado da capital não contribui<br />

para a fluidez do tráfego.<br />

Porém, para piorar o número de<br />

sinais v<strong>em</strong> aumentando e já ultrapassa<br />

os 1.100 equipamentos.<br />

A maioria deles s<strong>em</strong> sincronia ou<br />

sincronizados <strong>em</strong> ondas vermelhas<br />

para impedir a fluidez. O que<br />

gera estresse e risco de acidentes,<br />

quando o motorista tenta recuperar<br />

t<strong>em</strong>po perdido <strong>em</strong> sinais<br />

ou engarrafamentos. Os sinais já<br />

não dão conta do volume de tráfego<br />

nos horários de pico.<br />

FROTA DE VEÍCULOS CAMINHAN-<br />

DO PARA A CASA DOS 1,8 MILHÃO<br />

DE UNIDADES E OS GARGALOS<br />

PERMANECEM IMEXÍVEIS<br />

Com volume <strong>em</strong> crescimento<br />

permanente, ausência de intervenções<br />

de engenharia nos mais<br />

de 150 gargalos que a cidade<br />

possui e que esperam por intervenções<br />

de engenharia, a cidade<br />

caminha para o caos. Trânsito parado<br />

significa queima desnecessária<br />

de combustível, perda de<br />

t<strong>em</strong>po e milhares de toneladas<br />

de CO2 na atmosfera.<br />

O PLANMOB (PLANO DE MOBI-<br />

LIDADE) - CICLOVIAS VAZIAS<br />

Desenhado pela PBH <strong>em</strong> 2008,<br />

e desconhecido da maioria da população,<br />

o Planmob traça metas<br />

para a mobilidade até 2030, tendo<br />

como foco medidas de restrição ao<br />

uso do carro, incentivo a bicicleta,<br />

BRT e caminhadas. Porém, desconsidera<br />

o fato de a cidade não oferecer<br />

clima e topografia adequados<br />

para a prática do ciclismo, transporte<br />

coletivo de baixa qualidade<br />

e topografia que não incentiva a<br />

caminhada. Os 87 km de ciclovias<br />

existentes passam a maior parte do<br />

t<strong>em</strong>po vazias, ou são usados por<br />

atletas que representam 0,6% da<br />

população. Enquanto isso, espaço<br />

<strong>em</strong> vias saturadas são disputados<br />

literalmente ‘à tapa e no grito’ por<br />

motoristas irritados com o trânsito.<br />

GARGALOS CRÔNICOS QUE<br />

SOMAM MAIS DE 150<br />

No Planmob, obras de infraestrutura<br />

para desatar gargalos crônicos<br />

e permitir fluidez não são sequer<br />

consideradas. A BHTrans não<br />

consegue eleger as mais importantes<br />

e n<strong>em</strong> tampouco intervir<br />

proativamente para evitar engarrafamentos<br />

nos pontos nevrálgicos<br />

do trânsito. O efetivo da BH-<br />

Trans desapareceu das ruas. Obras<br />

são consideradas pelos gestores<br />

da PBH como paradigma, <strong>em</strong>bora<br />

sejam inevitáveis e urgentes.<br />

CARRO NÃO SAI DE CENA<br />

Dados do Ipea mostram que a<br />

indústria automobilística representa<br />

23% do PIB nacional e 15% da mão<br />

de obra economicamente ativa. A<br />

taxa de motorização do Brasil, que é<br />

de 25%, ainda é baixa se comparada<br />

à Norte Americana, que é de 90%,<br />

e à Europeia, que ultrapassa 70%.<br />

Vale l<strong>em</strong>brar que o brasileiro é apaixonado<br />

por carro, atribuindo a ele<br />

mais do que o significado de meio<br />

de transporte, mas status, liberdade,<br />

símbolo de ascensão social, mobilidade,<br />

sonho de consumo e objeto<br />

de desejo número um.<br />

ROTAS ALTERNATIVAS<br />

A cidade possui mais de 50<br />

rotas alternativas que, se b<strong>em</strong> asfaltadas,<br />

sinalizadas e conhecidas<br />

pela população, pod<strong>em</strong> tirar dos<br />

grandes corredores milhares de<br />

veículos. Estima-se que 20% do<br />

tráfego dos corredores saturados<br />

pod<strong>em</strong> ser distribuídos pelas rotas<br />

alternativas que cruzam os bairros,<br />

ligando as várias regiões da cidade.<br />

ASFALTO RUIM: MURUNDUS E<br />

DESNÍVEIS NO PISO<br />

O piso asfáltico de BH está <strong>em</strong><br />

péssimo estado de conservação.<br />

Um olhar atento às ruas e avenidas<br />

da capital é possível notar que são<br />

poucas as que não possu<strong>em</strong> r<strong>em</strong>endos.<br />

A maioria dos bairros nunca<br />

receberam recapeamento. Milhares<br />

de km de vias são intransitáveis. Se<br />

já não bastasse o desgaste natural,<br />

não existe fiscalização quanto ao<br />

uso do subsolo. Gasmig, C<strong>em</strong>ig,<br />

Copasa e <strong>em</strong>presas de fibra ótica<br />

cortam as ruas da cidade e não<br />

devolv<strong>em</strong> o asfalto com a mesma<br />

qualidade. O serviço de fechamento<br />

de valas é feito por <strong>em</strong>preiteiros<br />

s<strong>em</strong> compromisso com a estética<br />

urbana. Tampas de ferro desniveladas,<br />

murundus, valas que danificam<br />

os veículos se multiplicam, s<strong>em</strong> que<br />

haja punição ou obrigatoriedade de<br />

correção dos serviços mal feitos.<br />

ANEL RODOVIÁRIO<br />

O trânsito de BH t<strong>em</strong> sido<br />

afetado <strong>em</strong> toda a sua extensão<br />

quando acontece um<br />

acidente no Anel Rodoviário.<br />

Acidentes recentes com carretas<br />

atravessadas na via param<br />

a cidade, gerando engarrafamentos<br />

gigantes que chegam<br />

a durar mais de 6 horas. Há<br />

menos de 2 meses, a responsabilidade<br />

sobre a gestão do<br />

Anel Rodoviário voltou para o<br />

DNIT. Esteve desde 2012 sob a<br />

tutela do estado. Pela primeira<br />

vez, <strong>em</strong> 20 anos, há esperança<br />

de que obras serão feitas para<br />

minimizar os riscos de aciden-<br />

90 MINAS EM CENA<br />

MINAS EM CENA 91

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