Como Criar o Cão Perfeito desde Filhotinho - Cesar Millan
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A passagem do bastão<br />
Um velho amigo meu, técnico em veterinária que por acaso também é meu conterrâneo de<br />
Sinaloa, estado do México, entende e concorda com as minhas filosofias sobre criação de<br />
cães, e também tem uma cadela pit bull calma e equilibrada — um cachorro tranquilo para a<br />
família que sempre foi uma “babá” dos sonhos ideal para os filhos pequenos dele. Meu amigo<br />
me informou ter escolhido essa cadela a dedo para criar e que ela havia tido uma nova<br />
ninhada. Sabendo da aposentadoria iminente de Daddy e conhecendo as minhas preocupações<br />
crescentes em relação a isso, ele me convidou para dar uma olhada nos filhotes, dizendo:<br />
“Quem sabe você não acha o próximo Daddy”.<br />
Quando Daddy e eu chegamos à casa do meu amigo para ver a ninhada, fiquei aliviado de<br />
encontrar a cadela tão afetuosa, delicada e submissa com crianças humanas quanto eu me<br />
lembrava. Ela tinha o temperamento ideal para um cão de família e era também uma mãe ativa,<br />
alerta e atenciosa com seus filhotes. O temperamento dos pais de um filhotinho é vital, porque<br />
é uma característica muitas vezes transmitida de geração para geração. Meu amigo me mostrou<br />
uma foto do pai dos cãezinhos — também um pit bull bem-criado e saudável, além de ser um<br />
premiado cão de exposição. Embora eu não tivesse podido conhecer pessoalmente o pai<br />
porque ele já havia voltado para o seu estado natal, sei que os cães de exposição, por<br />
definição, precisam ter um grau de autocontrole, paciência e estabilidade maior do que o<br />
animal de estimação doméstico médio. Enquanto eu olhava a ninhada de filhotes de oito<br />
semanas fofinhos e desajeitados, um macho imediatamente me chamou a atenção. Ele era todo<br />
cinza com um pouco de branco no peito, e tinha os olhos azuis-claros mais amáveis. Era o que<br />
se conhece como um pit bull azul. Mas o que mais me atraiu nele foi sua energia. Embora<br />
fisicamente ele não se parecesse nada com Daddy, sua serenidade me fez lembrá-lo na hora.<br />
Fui imediatamente atraído por esse cãozinho, mas, naquele caso, eu não era o encantador de<br />
cães mais experiente da sala. Esse era um trabalho para Daddy. Qualquer cão pode lhe dizer<br />
muito mais sobre outro animal — cão, gato, ou homem! — do que um humano pode, e é por<br />
isso que sempre levo muito a sério os instintos dos meus cães. Na verdade, costumo levar<br />
Daddy ou algum outro dos meus cães mais equilibrados comigo para reuniões de negócios,<br />
para ver como eles reagem a qualquer pessoa que eu venha a conhecer. Se um dos meus cães<br />
tranquilos, submissos e calmos inexplicavelmente recua diante de uma pessoa, ignora-a ou<br />
evita-a, eu sempre presto muita atenção. Meu cachorro pode estar tentando me dizer algo de<br />
que preciso saber.<br />
Entrei com Daddy no quarto cheio de filhotes brincalhões de pit bull — um estadista idoso<br />
e digno chegando em uma alvoroçada turma de jardim de infância. Eu tinha notado que um dos<br />
filhotes agia de forma mais dominadora quando estava perto das crianças da casa — subindo<br />
em cima delas e abocanhando-as —, então tentei apresentá-lo a Daddy. Daddy imediatamente<br />
rosnou para ele e virou as costas. Com sua idade, Daddy não tinha energia nem paciência para<br />
jovens mal-educados e impositivos. Outro cãozinho que escolhi — um sujeito menos enérgico<br />
— não provocou o menor interesse em Daddy; ele o ignorou completamente. Os cães mais<br />
velhos não gastam sua preciosa energia com filhotes que os irritam. Mas como Daddy reagiria<br />
ao cãozinho cinzento que tanto me atraíra? Eu estava rezando para que nossos instintos e<br />
energias estivessem sintonizados para essa decisão muito importante.<br />
Delicadamente levantei o carinha cinzento pelo cangote e apresentei seu traseiro a Daddy,