Como Criar o Cão Perfeito desde Filhotinho - Cesar Millan
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Viva o chefe<br />
Mr. President, o buldogue inglês<br />
Agora que eu já tinha arranjado o próximo pit bull favorito dos Estados Unidos, meu<br />
labrador tranquilo e minha raça terrier movida pelo olfato, queria escolher uma raça com<br />
características inatas completamente diferentes para o último filhote do projeto. Sempre tive<br />
uma afinidade especial com os buldogues — e, nos Estados Unidos, não estou sozinho.<br />
Segundo o jornal USA Today, os buldogues já estão há dois anos na lista do AKC dos “dez<br />
cães mais populares dos Estados Unidos”.[2] Há muitos estereótipos sobre os buldogues —<br />
que são preguiçosos e só querem ficar deitados, que não precisam de muita energia ou<br />
estímulo, ou que são sempre tranquilos, sossegados e de temperamento gentil. Em muitos<br />
casos, estes estereótipos se provam verdadeiros, mas há o outro lado da moeda.<br />
A verdade é que o buldogue é originário das Ilhas Britânicas, sendo o seu nome uma<br />
referência ao objetivo para o qual ele foi originalmente desenvolvido geneticamente — ser um<br />
astro no esporte brutal mas infelizmente popular do bullbaiting,[3] no qual um touro era<br />
colocado em um cercado ou em um buraco, e um ou mais cães eram soltos para cima dele,<br />
para atacar seu pescoço com suas mandíbulas. Os primeiros buldogues — descendentes dos<br />
antigos mastins asiáticos misturados com pugs — foram criados especificamente para serem<br />
ferozes, robustos e incrivelmente resistentes à dor. Quando o bullbaiting foi proibido na<br />
Inglaterra, em 1835, uma geração de amantes de buldogue mais bondosa e tranquila tomou<br />
conta da linha, acabando por eliminar da raça quase toda a ferocidade do buldogue inglês<br />
original. Mas aquelas características de belicosidade, persistência e o que muitos chamam de<br />
“teimosia” permanecem profundamente arraigadas no DNA de cada buldogue. Com certos<br />
cães, pode ser um grande desafio canalizar adequadamente essas tendências da raça.<br />
Uma característica pouco conhecida sobre os buldogues de todas as variedades é que eles<br />
são, em certo sentido, deficientes de nascença por terem sido planejados por humanos para<br />
terem focinhos encovados e achatados, e traqueias curtas. A Mãe Natureza não planejou esse<br />
tipo de focinho em seu esboço de cachorros, mas no início da história dos buldogues, os<br />
humanos teorizaram que um focinho mais chato possibilitaria uma mandíbula mais forte para<br />
morder o touro. O fato de os buldogues resfolegarem e roncarem é muitas vezes um ponto de<br />
empatia bem humorada entre donos de buldogues, e este é um dos efeitos colaterais de sua<br />
formação física artificial como cães.<br />
Outra consequência da constituição física singular dos buldogues está no seu faro,<br />
geralmente pior que o das outras raças, o que os coloca em desvantagem para rastrear e torna<br />
mais difícil para eles encontrar o caminho de volta quando se perdem ou são separados de sua<br />
matilha. Eles também podem cair em um padrão de usar mais os olhos que o nariz ao interagir<br />
com o mundo que os cerca, o que não é natural para um cão e pode fazer com que tenham mais<br />
conflitos com outros cães logo de cara, se iniciarem contato visual com um estranho antes da<br />
hora ou no momento errado. <strong>Como</strong> acho que o focinho de um cão é fundamental para seu<br />
comportamento, quis criar um buldogue inglês direito, me esforçando mais um pouco para lhe<br />
dar o tipo de criação movida pelo olfato que meus outros cães têm. Quis realçar o melhor das<br />
qualidades de sua raça — paciência, lealdade e afeição — para que ele crescesse mais cão do<br />
que buldogue.<br />
Meu buldogue inglês ideal me chegaria no mesmo mês em que comprei Angel, vindo de um