30.01.2018 Views

GAZETA DIARIO 494

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Foz do Iguaçu, terça-feira, 30 de janeiro de 2018<br />

MORTE NA ADUANA<br />

Cidade<br />

11<br />

Caso Ademir Gonçalves permanece sem<br />

respostas após um ano de investigações<br />

Família aguarda resultados da exumação realizada no dia 31 de outubro;<br />

demora no processo preocupa advogados de defesa<br />

Da assessoria<br />

Reportagem<br />

Ademir foi abordado por servidores da Receita<br />

Federal, quando retornava do trabalho no dia 28<br />

de janeiro do ano passado<br />

Corpo da vítima foi exumado na presença de peritos, familiares e advogados<br />

de defesa; resultado deve sair no início de fevereiro<br />

Um ano após a morte<br />

de Ademir Gonçalves<br />

Costa, a família ainda<br />

aguarda respostas sobre<br />

o que de fato aconteceu<br />

na tarde do dia 28 de janeiro<br />

de 2017, na aduana<br />

da Ponte Internacional<br />

da Amizade. Diversos<br />

laudos, múltiplas<br />

versões e nenhuma conclusão<br />

da verdadeira<br />

causa mortis da vítima,<br />

apontada preliminarmente<br />

como intoxicação<br />

exógena.<br />

De acordo com os advogados<br />

de defesa da família,<br />

o processo segue<br />

sem grandes avanços<br />

desde a exumação do<br />

corpo no dia 31 de outubro<br />

do ano passado, e<br />

apenas com o resultado<br />

do inquérito por parte<br />

da Polícia Federal, o<br />

caso poderá ter uma<br />

nova repercussão. Ao<br />

todo, foram coletadas 20<br />

amostras biológicas que<br />

passam por análise em<br />

Brasília a fim de pesquisar<br />

todas as substâncias<br />

encontradas no primeiro<br />

laudo.<br />

"O delegado pediu<br />

um prazo de 90 dias após<br />

a exumação, mas eles<br />

querem prolongar o máximo<br />

possível para que<br />

a população esqueça.<br />

Nós iremos contestar<br />

duramente caso os resultados<br />

venham de forma<br />

absurda como no primeiro<br />

inquérito. Acreditamos<br />

no trabalho da<br />

Polícia Federal, mas<br />

neste caso, o corporativismo<br />

tem falado mais<br />

alto", disse o advogado<br />

Almir José dos Santos.<br />

Ademir, na época<br />

com 39 anos, trabalhava<br />

como vendedor em<br />

Ciudad del Este, no Paraguai.<br />

Na data dos fatos,<br />

ele retornava do<br />

país vizinho em um mototáxi,<br />

quando foi abordado<br />

por servidores da<br />

Receita Federal. Na ocasião,<br />

os fiscais alegaram<br />

que o rapaz havia resistido<br />

à ordem para descer<br />

do veículo e acabou sendo<br />

preso.<br />

Algemado e com as<br />

calças arriadas, a vítima<br />

foi exposta a ação de um<br />

spray de pimenta e colocada<br />

em uma sala na<br />

aduana, onde passou<br />

mal e acabou morrendo.<br />

Essa foi a versão relatada<br />

pelos servidores, no<br />

entanto, os familiares<br />

afirmam que Ademir foi<br />

vítima de tortura e abuso<br />

de autoridade, visto<br />

que o corpo apresentava<br />

diversos hematomas.<br />

O primeiro inquérito<br />

por parte da PF inocentou<br />

os fiscais com base<br />

em um laudo que apontava<br />

a causa da morte<br />

como sendo por intoxicação<br />

causada pelos fármacos<br />

Lidocaína, Fenacetina,<br />

Sildenafil e Clobenzorex,<br />

que teriam<br />

sido ingeridos.<br />

Insatisfeita com a<br />

conclusão do processo, a<br />

família da vítima solicitou<br />

uma reavaliação dos<br />

fatos, apresentando uma<br />

nova versão formulada<br />

paralelamente pelo perito<br />

criminal Sergio Hernandez,<br />

juntamente com<br />

o farmacologista Leandro<br />

Molina, que contestava<br />

os dados apresentados<br />

pelo delegado, apontando<br />

que a morte teria<br />

sido causada por asfixia<br />

direta e indireta e não<br />

pela ingestão de substâncias<br />

tóxicas.<br />

Uma sensação<br />

de vazio<br />

De acordo com o perito<br />

Hernandez, o laudo avaliado<br />

pela Polícia Federal para<br />

concluir o inquérito teria<br />

sido fraudado para denegrir<br />

a imagem de Ademir e para<br />

justificar a ação dos<br />

servidores da Receita, visto<br />

que no documento<br />

particular não foram<br />

encontrados vestígios de<br />

drogas no corpo da vítima.<br />

Diante da divergência de<br />

informações, o juiz da 5ª<br />

Vara Federal de Foz do<br />

Iguaçu, Edilberto Barbosa<br />

Clementino, determinou que<br />

um novo processo fosse<br />

aberto com base em novos<br />

exames, a partir da<br />

exumação do corpo de<br />

Ademir. O procedimento foi<br />

realizado na presença de<br />

peritos, familiares e<br />

advogados de defesa. O<br />

resultado deve ficar pronto<br />

no início de fevereiro.<br />

Para a família, a sensação é<br />

de vazio e dúvidas que eles<br />

esperam finalmente sanar<br />

com o resultado dos novos<br />

exames. "São inúmeros<br />

pontos de interrogação<br />

porque queremos saber de<br />

fato o que ocorreu. É um<br />

sofrimento que não termina<br />

principalmente para as<br />

crianças que ficaram sem o<br />

pai. Tudo o que queremos<br />

são respostas, porque o que<br />

fizeram com o Ademir foi<br />

injusto", contou a ex-esposa<br />

da vítima, Adriana da Silva.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!