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Revista 56 TOP Marchador

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Quantos embriões você produz por ano?<br />

Eu já cheguei a produzir 350. Mas hoje tem um<br />

fator limitante de produção de embrião, que são<br />

as receptoras. É difícil, porque você acha, compra,<br />

mas não atende. No ano passado, foram 150;<br />

não produzimos mais por falta de receptoras.<br />

Muitos criadores buscam alternativas para<br />

comercialização de cavalos, além dos leilões.<br />

Você comercializa seus animais de outras formas?<br />

Como os criadores poderiam “fugir” dos<br />

leilões para viabilizar a venda de seus animais?<br />

Existem várias formas. Há mais de sete anos,<br />

eu comecei o Shopping Elfar, que é um dia de<br />

campo que nós fazemos. Eu fui um dos primeiros<br />

a fazer isso. Esta é uma forma extraordinária<br />

para vender animais para pequenos e médios<br />

criadores. Existe o leilão on-line, além dos leilões<br />

virtuais, via televisão. Eu acho que estes leilões<br />

virtuais precisam de um pouco mais de critério,<br />

de uma seleção mais rigorosa, precisam<br />

ter um dono. Quando o leilão tem dono, leva o<br />

nome do criatório, as pessoas que têm vontade<br />

de ter um animal daquele criatório buscam este<br />

leilão. O leilão que não tem dono, que reúne<br />

várias pessoas sem seleção adequada, dificilmente<br />

terá um bom retorno. Por isso eu acho<br />

que leilão virtual tem que ter o nome de um<br />

criatório de referência para ter sucesso. Além<br />

dos leilões presenciais, que são leilões de elite.<br />

Outro dia eu participei de um leilão de uns<br />

amigos em Lavras, que foi feito através da união<br />

de quatro criadores e que foi um sucesso. Foi o<br />

segundo ano, dois dias de leilão, dentro de<br />

Lavras. Venderam os embriões e os animais a um<br />

preço acessível. É um outro padrão de leilão<br />

presencial: simples, objetivo, agradável, entre<br />

amigos. Isso facilita tudo.<br />

Algumas pessoas acreditam que o Mangalarga<br />

<strong>Marchador</strong> está vivendo o ápice da raça. Você<br />

acredita nisso?<br />

A raça já vem crescendo há vários anos.<br />

Quando eu assumi a presidência da ABCCMM,<br />

em 2008, a Associação tinha aproximadamente<br />

2.800 associados. Quando encerrei minha gestão,<br />

em 2015, esse número já se aproximava dos<br />

12.500. Hoje, parece que está bem próximo de<br />

15.000. A raça deu um salto muito grande quando<br />

mostramos para o mundo que o nosso cavalo<br />

é o melhor cavalo de sela do mundo. Antes,<br />

isso só era falado, não era mostrado. Não praticávamos<br />

o que falávamos. Até que mudamos a<br />

parte de julgamento e regulamento voltado para<br />

o cavalo de sela mesmo, cavalo marchado, dissociado,<br />

caracterizado. Mas para continuar a<br />

crescer tem que atender a algumas demandas. A<br />

divulgação é fundamental, é preciso colocar<br />

esse cavalo na mídia. Ninguém vai saber sobre<br />

um produto de alta qualidade se ele estiver<br />

escondido. Outras demandas básicas são a mão<br />

de obra, que é um dos principais gargalos da<br />

raça, e o custo para criar cavalo, que é alto em<br />

qualquer raça. Eu acho que a raça está em um<br />

momento extraordinário, tem seis anos mais ou<br />

menos que está assim. E tem que manter esse<br />

ritmo, manter a divulgação, mostrar para o<br />

mundo inteiro.<br />

Falando sobre mostrar o cavalo para o mundo<br />

inteiro, em sua gestão à frente da ABCCMM,<br />

você buscou fortalecer o mercado externo.<br />

Entretanto, existem as barreiras sanitárias que<br />

limitam a exportação do cavalo para outros<br />

países. Quais as opções encontradas para<br />

manter o crescimento da raça no exterior?<br />

Durante minha gestão, nós focamos nos mercados<br />

interno e externo. Para crescer de dois mil<br />

para doze mil associados, o crescimento no mercado<br />

interno brasileiro tem que ter sido enorme.<br />

Buscamos criar associações em várias<br />

regiões do mundo. Nos EUA já tinha uma associação,<br />

então demos mais suporte técnico.<br />

Fundamos a Associação Europeia, na Alemanha,<br />

e a Associação Italiana, na Itália. Também na<br />

Argentina, mas por problemas com a economia<br />

local, o projeto ficou paralisado.<br />

As barreiras sanitárias complicadas existem, o<br />

mormo na Europa e a babésia nos EUA. A opção<br />

encontrada foi exportar sêmen e embrião congelados<br />

para fortalecer o Mangalarga <strong>Marchador</strong><br />

no exterior. Fizemos um convênio com a Apex<br />

durante dois anos. Eles investiram dois milhões<br />

de reais e foi um projeto extraordinário de divulgação<br />

da raça na Europa e nos EUA.<br />

Os núcleos no exterior precisam de apoio<br />

técnico, não precisam de apoio financeiro.<br />

Por exemplo, em um concurso de prova funcional,<br />

enviar um árbitro daqui para julgar,<br />

dar aulas, ensinamentos, isso é fundamental<br />

para a associação manter o interesse lá fora.<br />

Além disso, incentiva a venda de óvulos e<br />

sêmen congelados.<br />

É fundamental divulgar o cavalo no mercado<br />

externo. A concorrência do cavalo de marcha lá<br />

é muito grande. Passo Fino, Passo Peruano,<br />

American Saddle Horse, Tenessee Walker, entre<br />

outros, mas que nem chegam perto do nosso<br />

cavalo, tanto picada como batida.<br />

Quais as expectativas e projetos para o ano<br />

que vem?<br />

Manter o trabalho que está sendo feito atualmente,<br />

continuar com os investimentos,<br />

melhorar o manejo interno e manter, no mínimo,<br />

o nível no qual chegamos no ano passado.<br />

Não é fácil fazer uma tropa que chegue à<br />

Nacional, isso exige uma dedicação muito<br />

grande de toda a equipe e todo o suporte que<br />

pudermos dar para chegarmos preparados<br />

para a exposição.<br />

Você é natural de outro país. O que você trouxe da<br />

cultura do seu país de origem para sua seleção?<br />

Eu sou muito mais brasileiro do que muito brasileiro.<br />

Sou naturalizado, eu quis ser brasileiro.<br />

Meu avô era criador de cavalo árabe e ele<br />

tinha amigos que eram grandes criadores e,<br />

entre eles, estava um dos maiores criadores do<br />

mundo. O cavalo árabe tem três linhagens básicas:<br />

a egípcia, a polonesa e a americana. Este<br />

amigo do meu avô tinha 200 éguas e 20 garanhões.<br />

As 200 doadoras eram de várias famílias<br />

destas linhagens básicas. O mesmo com os<br />

garanhões. E ele fazia os cruzamentos e sempre<br />

falava que ficaria mil anos sem consanguinidade.<br />

Eu copiei o modelo dele. Tenho 200<br />

doadoras e 40 garanhões. Acredito que tudo o<br />

que eu aprendi com eles foi um ensinamento<br />

muito grande para fazer este trabalho de genética<br />

no Mangalarga <strong>Marchador</strong>. O cavalo deles<br />

tem outra função, para enduros, alta resistência,<br />

mas eles faziam um trabalho baseado na<br />

genética e eu aprendi a fazer a mesma coisa<br />

aqui, quando eu comecei a criar o Mangalarga<br />

<strong>Marchador</strong>. Muita gente me chamou de louco.<br />

O resultado está chegando agora. Foi a aprendizagem<br />

na criação de cavalos que eu trouxe<br />

de lá comigo.<br />

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