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Quantos embriões você produz por ano?<br />
Eu já cheguei a produzir 350. Mas hoje tem um<br />
fator limitante de produção de embrião, que são<br />
as receptoras. É difícil, porque você acha, compra,<br />
mas não atende. No ano passado, foram 150;<br />
não produzimos mais por falta de receptoras.<br />
Muitos criadores buscam alternativas para<br />
comercialização de cavalos, além dos leilões.<br />
Você comercializa seus animais de outras formas?<br />
Como os criadores poderiam “fugir” dos<br />
leilões para viabilizar a venda de seus animais?<br />
Existem várias formas. Há mais de sete anos,<br />
eu comecei o Shopping Elfar, que é um dia de<br />
campo que nós fazemos. Eu fui um dos primeiros<br />
a fazer isso. Esta é uma forma extraordinária<br />
para vender animais para pequenos e médios<br />
criadores. Existe o leilão on-line, além dos leilões<br />
virtuais, via televisão. Eu acho que estes leilões<br />
virtuais precisam de um pouco mais de critério,<br />
de uma seleção mais rigorosa, precisam<br />
ter um dono. Quando o leilão tem dono, leva o<br />
nome do criatório, as pessoas que têm vontade<br />
de ter um animal daquele criatório buscam este<br />
leilão. O leilão que não tem dono, que reúne<br />
várias pessoas sem seleção adequada, dificilmente<br />
terá um bom retorno. Por isso eu acho<br />
que leilão virtual tem que ter o nome de um<br />
criatório de referência para ter sucesso. Além<br />
dos leilões presenciais, que são leilões de elite.<br />
Outro dia eu participei de um leilão de uns<br />
amigos em Lavras, que foi feito através da união<br />
de quatro criadores e que foi um sucesso. Foi o<br />
segundo ano, dois dias de leilão, dentro de<br />
Lavras. Venderam os embriões e os animais a um<br />
preço acessível. É um outro padrão de leilão<br />
presencial: simples, objetivo, agradável, entre<br />
amigos. Isso facilita tudo.<br />
Algumas pessoas acreditam que o Mangalarga<br />
<strong>Marchador</strong> está vivendo o ápice da raça. Você<br />
acredita nisso?<br />
A raça já vem crescendo há vários anos.<br />
Quando eu assumi a presidência da ABCCMM,<br />
em 2008, a Associação tinha aproximadamente<br />
2.800 associados. Quando encerrei minha gestão,<br />
em 2015, esse número já se aproximava dos<br />
12.500. Hoje, parece que está bem próximo de<br />
15.000. A raça deu um salto muito grande quando<br />
mostramos para o mundo que o nosso cavalo<br />
é o melhor cavalo de sela do mundo. Antes,<br />
isso só era falado, não era mostrado. Não praticávamos<br />
o que falávamos. Até que mudamos a<br />
parte de julgamento e regulamento voltado para<br />
o cavalo de sela mesmo, cavalo marchado, dissociado,<br />
caracterizado. Mas para continuar a<br />
crescer tem que atender a algumas demandas. A<br />
divulgação é fundamental, é preciso colocar<br />
esse cavalo na mídia. Ninguém vai saber sobre<br />
um produto de alta qualidade se ele estiver<br />
escondido. Outras demandas básicas são a mão<br />
de obra, que é um dos principais gargalos da<br />
raça, e o custo para criar cavalo, que é alto em<br />
qualquer raça. Eu acho que a raça está em um<br />
momento extraordinário, tem seis anos mais ou<br />
menos que está assim. E tem que manter esse<br />
ritmo, manter a divulgação, mostrar para o<br />
mundo inteiro.<br />
Falando sobre mostrar o cavalo para o mundo<br />
inteiro, em sua gestão à frente da ABCCMM,<br />
você buscou fortalecer o mercado externo.<br />
Entretanto, existem as barreiras sanitárias que<br />
limitam a exportação do cavalo para outros<br />
países. Quais as opções encontradas para<br />
manter o crescimento da raça no exterior?<br />
Durante minha gestão, nós focamos nos mercados<br />
interno e externo. Para crescer de dois mil<br />
para doze mil associados, o crescimento no mercado<br />
interno brasileiro tem que ter sido enorme.<br />
Buscamos criar associações em várias<br />
regiões do mundo. Nos EUA já tinha uma associação,<br />
então demos mais suporte técnico.<br />
Fundamos a Associação Europeia, na Alemanha,<br />
e a Associação Italiana, na Itália. Também na<br />
Argentina, mas por problemas com a economia<br />
local, o projeto ficou paralisado.<br />
As barreiras sanitárias complicadas existem, o<br />
mormo na Europa e a babésia nos EUA. A opção<br />
encontrada foi exportar sêmen e embrião congelados<br />
para fortalecer o Mangalarga <strong>Marchador</strong><br />
no exterior. Fizemos um convênio com a Apex<br />
durante dois anos. Eles investiram dois milhões<br />
de reais e foi um projeto extraordinário de divulgação<br />
da raça na Europa e nos EUA.<br />
Os núcleos no exterior precisam de apoio<br />
técnico, não precisam de apoio financeiro.<br />
Por exemplo, em um concurso de prova funcional,<br />
enviar um árbitro daqui para julgar,<br />
dar aulas, ensinamentos, isso é fundamental<br />
para a associação manter o interesse lá fora.<br />
Além disso, incentiva a venda de óvulos e<br />
sêmen congelados.<br />
É fundamental divulgar o cavalo no mercado<br />
externo. A concorrência do cavalo de marcha lá<br />
é muito grande. Passo Fino, Passo Peruano,<br />
American Saddle Horse, Tenessee Walker, entre<br />
outros, mas que nem chegam perto do nosso<br />
cavalo, tanto picada como batida.<br />
Quais as expectativas e projetos para o ano<br />
que vem?<br />
Manter o trabalho que está sendo feito atualmente,<br />
continuar com os investimentos,<br />
melhorar o manejo interno e manter, no mínimo,<br />
o nível no qual chegamos no ano passado.<br />
Não é fácil fazer uma tropa que chegue à<br />
Nacional, isso exige uma dedicação muito<br />
grande de toda a equipe e todo o suporte que<br />
pudermos dar para chegarmos preparados<br />
para a exposição.<br />
Você é natural de outro país. O que você trouxe da<br />
cultura do seu país de origem para sua seleção?<br />
Eu sou muito mais brasileiro do que muito brasileiro.<br />
Sou naturalizado, eu quis ser brasileiro.<br />
Meu avô era criador de cavalo árabe e ele<br />
tinha amigos que eram grandes criadores e,<br />
entre eles, estava um dos maiores criadores do<br />
mundo. O cavalo árabe tem três linhagens básicas:<br />
a egípcia, a polonesa e a americana. Este<br />
amigo do meu avô tinha 200 éguas e 20 garanhões.<br />
As 200 doadoras eram de várias famílias<br />
destas linhagens básicas. O mesmo com os<br />
garanhões. E ele fazia os cruzamentos e sempre<br />
falava que ficaria mil anos sem consanguinidade.<br />
Eu copiei o modelo dele. Tenho 200<br />
doadoras e 40 garanhões. Acredito que tudo o<br />
que eu aprendi com eles foi um ensinamento<br />
muito grande para fazer este trabalho de genética<br />
no Mangalarga <strong>Marchador</strong>. O cavalo deles<br />
tem outra função, para enduros, alta resistência,<br />
mas eles faziam um trabalho baseado na<br />
genética e eu aprendi a fazer a mesma coisa<br />
aqui, quando eu comecei a criar o Mangalarga<br />
<strong>Marchador</strong>. Muita gente me chamou de louco.<br />
O resultado está chegando agora. Foi a aprendizagem<br />
na criação de cavalos que eu trouxe<br />
de lá comigo.<br />
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