Terra Sonambula - Mia Couto

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Nono caderno de Kindzu Apresentação de Virgínia Décimo capítulo A doença do pântano Décimo caderno de Kindzu No campo da morte Décimo primeiro capítulo Ondas escrevendo estórias Último caderno de Kindzu As páginas da terra Glossário
Primeiro capítulo A ESTRADA MORTA Naquele lugar, a guerra tinha morto a estrada. Pelos caminhos só as hienas se arrastavam, focinhando entre cinzas e poeiras. A paisagem se mestiçara de tristezas nunca vistas, em cores que se pegavam à boca. Eram cores sujas, tão sujas que tinham perdido toda a leveza, esquecidas da ousadia de levantar asas pelo azul. Aqui, o céu se tornara impossível. E os viventes se acostumaram ao chão, em resignada aprendizagem da morte. A estrada que agora se abre a nossos olhos não se entrecruza com outra nenhuma. Está mais deitada que os séculos, suportando sozinha toda a distância. Pelas bermas apodrecem carros incendiados, restos de pilhagens. Na savana em volta, apenas os embondeiros contemplam o mundo a desflorir. Um velho e um miúdo vão seguindo pela estrada. Andam bambolentos como se caminhar fosse seu único serviço desde que nasceram. Vão para lá de nenhuma parte, dando o vindo por não ido, à espera do adiante. Fogem da guerra, dessa guerra que contaminara toda a sua terra. Vão na ilusão de, mais além, haver um refúgio tranquilo. Avançam descalços, suas vestes têm a mesma cor do caminho. O velho se chama Tuahir. É magro, parece ter perdido toda a substância. O jovem se chama Muidinga. Caminha à frente desde que saíra do campo de refugiados. Se nota nele um leve coxear, uma perna demorando mais que o passo. Vestígio da doença que, ainda há pouco, o arrastara quase até à morte. Quem o recolhera fora o velho Tuahir, quando todos outros o haviam abandonado. O menino estava já sem estado, os ranhos lhe saíam não do nariz mas de toda a cabeça. O velho teve que lhe ensinar todos os inícios: andar, falar, pensar. Muidinga se meninou outra vez. Esta segunda infância, porém, fora apressada pelos ditados da sobrevivência. Quando ini- ciaram a viagem já ele se acostumava de cantar, dando vaga a distraídas brincriações. No convívio com a solidão, porém, o canto acabou por migrar de si. Os dois caminheiros condiziam com a estrada, murchos e desesperançados. Muidinga e Tuahir param agora frente a um autocarro queimado. Discutem, discordandose. O jovem lança o saco no chão, acordando poeira. O velho ralha: — Estou-lhe a dizer, miúdo: vamos instalar casa aqui mesmo. — Mas aqui? Num machimbombo todo incendiado? — Você não sabe nada, miúdo. O que já está queimado não volta a arder. Muidinga não ganha convencimento. Olha a planície, tudo parece desmaiado. Naquele território, tão despido de brilho, ter razão é algo que já não dá vontade. Por isso ele não insiste. Roda à volta do machimbombo. O veículo se despistara, ficara meio atravessado na rodovia. A dianteira estava amassada de encontro a um imenso embondeiro. Muidinga se encosta ao tronco da árvore e pergunta:
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morte se está melhor que aqui. E,
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Sétimo caderno de Kindzu UM GUIA E
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Os bebedeiros se encolheram: as pal
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A prostituta estremeceu, seus olhos
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— Kindzu, emendei. — Kindzu, ac
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juntos que lerpámos, ninguém fico
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De repente, o pai se desata a rir.
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espinhos que pétalas. Os capins j
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— Vejo. Porquê? — É que a min
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Chegara ao pátio da velha casa. As
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Carolinda lhe avisa: ele estava a s
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Não era apenas bonita. Sua beleza
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O velho treme tanto que suas palavr
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Décimo caderno de Kindzu NO CAMPO
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segurança. — Agora me dá o cola
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Sorri, vendo Carolinda se enroscar
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— Era uma mulher, já tinha idade
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Décimo primeiro capítulo ONDAS ES
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Último caderno de Kindzu AS PÁGIN
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pequenas coisas. As cores, de tanto
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Então, as letras, uma por uma, se
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Petromaxes: candeeiros a petróleo.
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