Almanaque nº 1

TEATRO EM FAMÍLIA
Colaboração: Myriam Brito Corrêa Nunes
Em tempos que já lá vão, havia na rua Santa Luiza um palacete que ia da atual praça Niterói
até onde é hoje a rua Jaceguai. Aos poucos, o terreno do palacete foi sendo dividido e
várias casas e vilas ou avenidas foram construídas e alugadas. Pois bem, o Rei já havia
falecido, o Príncipe herdeiro também, mas os demais continuavam a rodear a rainha e a
residir no palacete e, nas redondezas residiam também parentes e amigos da família real.
Naquela época não existia televisão, smartphone, telefone e nem o rádio estava na crista
da onda. Mas, os príncipes resolveram divertir os habitantes de seu reino. Em um galpão da
propriedade onde antes era a vacaria, um de seus empregados, muito habilidoso, montava
um palco com cortina, cenário e uma caixa para ficar o ponto (onde alguém se escondia
para ler o texto e dar a dica para quem porventura esquecesse sua fala).
Assim, escolhiam uma peça de teatro, ensaiavam e no dia da apresentação cada vizinho
trazia sua cadeira de casa e, por 2 ou 3 noites, a diversão estava garantida. Alguns
convidados traziam de casa doces e guloseimas para distribuir, nos intervalos, para as
crianças e algumas vezes algum voluntário declamava uma poesia ou cantava uma
canção. Havia um ensaiador convidado, o poeta e professor de literatura Atílio Milano (na
foto abaixo de pé com os braços cruzados) e o ponto era sempre o Antônio Alves Corrêa
Nunes (tio Toniquinho), o mais velho dos irmãos vivos, escolhido por ter uma voz rouca, de
falsete.
Tudo se encaixava perfeitamente e a trupe era convidada para se apresentar em outras
festas. Continua no próximo número...