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No dizer de Almeida Santos, Vítor Ramalho é o africano mais português e o português mais africano<br />
e, se me é permitido , a par de José Aparecido de Oliveira, o mais lusófono.<br />
Nascido em Angola, seria em Lisboa, enquanto estudante na Faculdade de Direito, que adere ao movimento<br />
de revolta estudantil para derrubar a ditadura e pela autodeterminação e independência das<br />
ex-colónias portuguesas. Por tais actos viria a ser punido severamente pela PIDE. Derrubada a ditadura,<br />
participou activamente na consolidação da liberdade e da democracia e não tardou a ser uma<br />
figura de referência no mundo sindical e político. Vítor Ramalho, sempre que foi chamado a desempenhar<br />
funções públicas quer a nível do governo, do parlamento ou de outras instituições, sempre se<br />
pautou por um escrupuloso rigor de servidor público “ blindado à prova de bala “ e com uma enorme<br />
capacidade de trabalho - por onde passou deixou obra feita.<br />
Enquanto governante, Vítor Ramalho recuperou dezenas e dezenas de empresas falidas, entre elas a<br />
emblemática “ LISNAVE “; na INATEL recuperou e modernizou as unidades hoteleiras e outros equipamentos<br />
da instituição; presentemente, na UCCLA, não só está a fazer obra como já fez história ao<br />
convocar figuras históricas dos movimentos de libertação dos países de língua portuguesa para participarem<br />
em duas conferências ( Coimbra e Lisboa ) subordinadas ao tema “ A luta pela independência<br />
“. Neste evento estiveram presentes cerca de 100 ex-combatentes, entre eles 14 ex-primeiros ministros<br />
e 4 ex-chefes de estado. As intervenções dos conferencistas foram publicadas constituindo, assim, um<br />
acervo de indispensável consulta para quem queira conhecer a história da luta pela independência<br />
das ex-colónias portuguesas.<br />
Passados 44 anos após a descolonização, nenhum organismo português teve o arrojo e visão estratégica<br />
para levar a cabo um evento desta natureza. Só a determinação, a coragem e, sobretudo, a<br />
ligação afectiva que Vítor Ramalho tem e cultiva com os povos do mundo lusófono tornou possível este<br />
acontecimento.<br />
Pela forma urbana, culta e livre como se exprime, sem abdicar dos seus valores e princípios, é chamado<br />
com frequência pelos órgãos de comunicação social para se pronunciar relativamente a noticias<br />
do país e do mundo e, muito em particular, dos países de língua oficial portuguesa.<br />
Não foi por acaso que Mário Soares o chamou para seu colaborador na presidência da república.<br />
Mário Soares sabia que podia contar com o seu amigo. Entre os muitos eventos que levaram a cabo,<br />
realço o último: as duas Aulas Magnas. Mário Soares sonhou e Vítor Ramalho executou.<br />
Quem tem o privilégio de conhecer e conviver com Vítor Ramalho sabe que é um homem solidário e<br />
que está sempre presente nos bons e nos maus momentos. A nossa relação de amizade com o Vítor<br />
leva-nos a considerá-lo como um elemento da família.<br />
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Obrigado, Vítor Ramalho<br />
Carlos Luiz e Maria de Jesus