Índice - Uroepm - Urologia da Escola Paulista de Medicina
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sinopse <strong>de</strong><br />
UROLOGIA<br />
Disciplina <strong>de</strong> <strong>Urologia</strong> <strong>da</strong> <strong>Escola</strong><br />
<strong>Paulista</strong> <strong>de</strong> <strong>Medicina</strong> - Unifesp<br />
Editores<br />
Val<strong>de</strong>mar Ortiz<br />
Miguel Srougi<br />
Conselho Editorial<br />
Agnaldo Pereira Ce<strong>de</strong>nho<br />
Américo Sakai<br />
Antonio Macedo<br />
Archime<strong>de</strong>s Nardozza Filho<br />
Arcilio <strong>de</strong> Jesus Roque<br />
Arnaldo Fazuoli<br />
Carlos Dzyk<br />
Claudio J. R. Almei<strong>da</strong><br />
Flávio Ortiz Hering<br />
Homero Bruschini<br />
Hudson <strong>de</strong> Lima<br />
José Cury<br />
José Carlos Truzzi<br />
José R. Kauffmann<br />
Joaquim A. Claro<br />
Jorge Had<strong>da</strong>d<br />
Luciano Nesralah<br />
Marcos Mori<br />
Mauricio Hachul<br />
Nelson Gatás<br />
Rogério Simonetti<br />
Roberto Kiehl<br />
Uma publicação do<br />
Rua Henrique Martins, 493<br />
CEP 04504-000<br />
Tel.: (011) 884-9911<br />
Fax: (011) 884-9993 - São Paulo - SP<br />
E-mail: moreirajr@ibm.net<br />
Diretor Presi<strong>de</strong>nte: Américo Moreira Jr.<br />
Gerente Comercial: M. Rachel Bellusci<br />
Publici<strong>da</strong><strong>de</strong>: J. H. Fransani<br />
Editor <strong>de</strong> Arte: Victor F. Marcílio<br />
Revisão: Sônia Garcia<br />
Instruções aos Colaboradores<br />
Serão bem-vin<strong>da</strong>s quaisquer colaborações, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />
obe<strong>de</strong>çam aos mol<strong>de</strong>s <strong>da</strong>s matérias expostas na revista.<br />
O conteúdo <strong>de</strong>ve ser primariamente <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m terapêutica<br />
ou diagnóstica. Naturalmente, serão acolhi<strong>da</strong>s<br />
com entusiasmo to<strong>da</strong>s as modificações no sentido<br />
<strong>de</strong> tornar a informação mais assimilável e atrativa.<br />
<strong>Índice</strong><br />
EDITORIAL<br />
Val<strong>de</strong>mar Ortiz .................................................................................... 2<br />
ARTIGOS DE REVISÃO<br />
PSA livre e total. Vantagens e limitações<br />
Daniel D. G. Seabra .......................................................................... 3<br />
Ureterectomia endoscópica no tumor <strong>de</strong> via excretora<br />
Luciano João Nesrallah ....................................................................... 7<br />
Bloqueio androgênico total no câncer <strong>da</strong> próstata disseminado.<br />
Fim <strong>da</strong> polêmica?<br />
Flávio Hering .................................................................................... 9<br />
Uso <strong>de</strong> mucosa bucal no tratamento <strong>da</strong> hipospadia<br />
Antônio Macedo Júnior .................................................................... 11<br />
ATUALIZAÇÃO<br />
Internet para o urologista<br />
José Roberto Kauffmann .................................................................... 16<br />
Bibliografia urológica ............................................................ 22<br />
SINOPSE DE UROLOGIA - ANO 1 - Nº 2 - 1997 1
A<br />
EDITORIAL<br />
A<br />
Internet tem contribuído <strong>de</strong> uma forma <strong>de</strong>cisiva na comunicação científica<br />
mundial, tornando o acesso ao conhecimento rápido e fácil. Essa<br />
ferramenta <strong>de</strong> trabalho, quando bem utiliza<strong>da</strong>, é capaz <strong>de</strong> suprir quase to<strong>da</strong>s as<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do médico no seu dia-a-dia. Um urologista isolado numa ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
distante po<strong>de</strong> discutir seus casos mais difíceis com qualquer autori<strong>da</strong><strong>de</strong> mundial.<br />
Basta um computador, um mo<strong>de</strong>m, uma linha telefônica e um servidor<br />
para a Internet. Se quiser sofisticar, um bom scanner <strong>de</strong> mesa ou uma máquina<br />
fotográfica digital permite o envio <strong>de</strong> imagens radiográficas via Internet. Mas,<br />
na<strong>da</strong> melhor do que presenciar uma reunião anatomoclínica ao vivo on<strong>de</strong> são<br />
discutidos, em tempo real, casos clínicos variados, po<strong>de</strong>ndo-se ouvir e emitir<br />
opinião sobre os mesmos. Esse exercício intelectual é absolutamente necessário<br />
e insubstituível por mais que se avance na tecnologia <strong>da</strong> comunicação.<br />
Nossas reuniões, às quintas-feiras <strong>da</strong>s 7:30 às 9:00 horas, têm contado com<br />
a presença constante <strong>de</strong> 50 a 60 colegas urologistas, imagenologistas, patologistas,<br />
clínicos, resi<strong>de</strong>ntes e alunos. São apresentados entre quatro e seis casos<br />
clínicos que são exaustivamente discutidos. No final, todos são convi<strong>da</strong>dos<br />
para um lanche bastante concorrido, quando ocorre um bate papo informal e<br />
relaxante. As portas estão abertas a todos colegas que queiram participar <strong>de</strong>ssas<br />
reuniões, assistindo, apresentando casos, opinando e tirando suas dúvi<strong>da</strong>s.<br />
Val<strong>de</strong>mar Ortiz<br />
2 SINOPSE DE UROLOGIA - ANO 1 - Nº 2 - 1997
O PSA ou antígeno específico <strong>da</strong> próstata é uma glicoproteína<br />
<strong>da</strong> família <strong>da</strong>s calicreínas com 34.000 dáltons <strong>de</strong> peso molecular<br />
e constituí<strong>da</strong> por 240 aminoácidos e quatro ca<strong>de</strong>ias laterais<br />
<strong>de</strong> carboidratos.<br />
Produzido quase exclusivamente pelas células epiteliais<br />
prostáticas (98%), tem como função biológica a lise do coágulo<br />
seminal, fluidificando o sêmen. Outros tecidos humanos também<br />
sintetizam o PSA ou fragmentos <strong>de</strong>le em menor escala. O<br />
mesmo já foi isolado no sêmen, no sangue, na urina, saliva, líquido<br />
amniótico, leite <strong>de</strong> mulheres na lactação, soro <strong>de</strong> mulheres<br />
normais, glândulas periuretrais, perianais, além <strong>de</strong> neoplasias<br />
cutâneas, tumores <strong>de</strong>: glândulas salivares, rim, ovário, pulmão,<br />
mama, leucemia mielói<strong>de</strong>, linfoma não-Hodgkin, entre<br />
outros. Por esse motivo ele é consi<strong>de</strong>rado quase próstata-específico,<br />
mas não é câncer-específico: suas concentrações plasmáticas<br />
po<strong>de</strong>m elevar-se em pacientes com a<strong>de</strong>nocarcinoma <strong>da</strong> próstata,<br />
mas também naqueles com patologias benignas (HBP, infecções,<br />
infartos) e também em homens normais. Mesmo assim<br />
tornou-se, no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>sta déca<strong>da</strong>, uma ferramenta útil no diagnóstico,<br />
estadiamento e controle <strong>de</strong> cura dos pacientes portadores<br />
<strong>de</strong> a<strong>de</strong>nocarcinoma <strong>da</strong> próstata, ultrapassando a fosfatase<br />
áci<strong>da</strong> prostática (FAP) como marcador tumoral no manuseio <strong>de</strong><br />
pacientes com esta doença (1) .<br />
O papel do PSA no rastreamento e <strong>de</strong>tecção precoce do câncer<br />
<strong>da</strong> próstata está estabelecido. O seu emprego permite <strong>de</strong>tectar<br />
entre 2,2% e 5,7% e é melhor que os outros métodos usados:<br />
quando comparado ao toque retal ele aumenta em um terço o<br />
po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção e quando comparado à ultra-sonografia transretal<br />
os resultados são superponíveis, mas não há invasivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />
os custos são reduzidos. Deve-se mencionar que, se usados dois<br />
ou três métodos conjuntamente, haverá um aumento no po<strong>de</strong>r<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção, porém nem sempre significativos.<br />
Alguns pontos permanecem controversos acerca do uso do<br />
PSA como método <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção: consi<strong>de</strong>rando-se o valor < 4 ng/<br />
ml como normal, encontrar-se-á por volta <strong>de</strong> 80% dos homens<br />
ARTIGO DE REVISÃO<br />
PSA livre e total<br />
Vantagens e limitações<br />
Daniel D. G. Seabra<br />
realmente normais (especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>) e até 20% <strong>de</strong> neoplasias (falso-negativo).<br />
Por outro lado, tendo o valor do PSA > 10 ng/ml<br />
como anormal, por volta <strong>de</strong> 70% <strong>de</strong> pacientes terão a neoplasia<br />
(sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong>) e até 30% <strong>de</strong> homens serão normais ou portadores<br />
<strong>de</strong> distúrbios benignos (falso-positivo). Além disso, na faixa<br />
consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como in<strong>de</strong>termina<strong>da</strong> (PSA entre 4 a 10 ng/ml), entre<br />
65% e 70% dos homens são portadores <strong>de</strong> HBP e são submetidos<br />
a biópsias <strong>de</strong>snecessárias, <strong>de</strong> alto custo e não isentos <strong>de</strong><br />
morbi<strong>da</strong><strong>de</strong> (2) .<br />
Visando aumentar a especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> (em termos práticos diminuir<br />
o número <strong>de</strong> biópsias negativas) do PSA na <strong>de</strong>tecção do<br />
câncer <strong>da</strong> próstata, vários autores propuseram métodos alternativos<br />
<strong>de</strong> interpretação <strong>de</strong>ste marcador, principalmente na faixa<br />
in<strong>de</strong>termina<strong>da</strong>. Apesar <strong>de</strong> carecerem vali<strong>da</strong>ção <strong>de</strong>finitiva, parecem<br />
ter algum valor prático:<br />
a) Valor máximo esperado do PSA (PSA esperado ou PSA E ):<br />
divisão do volume <strong>da</strong> glândula prostática medi<strong>da</strong> pelo USTR<br />
por 12 (ou di<strong>da</strong>ticamente por 10). Assim, uma próstata <strong>de</strong> 30 g<br />
produzirá um PSA <strong>de</strong> 3 ng/ml e uma próstata <strong>de</strong> 80 g produzirá<br />
um PSA <strong>de</strong> 8 ng/ml. A biópsia será indica<strong>da</strong> se, por exemplo,<br />
um PSA <strong>de</strong> 8 ng/ml for encontrado num homem com próstata <strong>de</strong><br />
30 g;<br />
b) Densi<strong>da</strong><strong>de</strong> do PSA (PSA D ): divisão do valor do PSA pelo<br />
volume <strong>da</strong> glândula prostática medi<strong>da</strong> pelo USTR. Caso o PSA D<br />
for > 0,15 ng/ml a chance <strong>de</strong> neoplasia girará em torno <strong>de</strong> 30%.<br />
Recentemente citou-se uma variação do PSA D : o valor do PSA<br />
ajustado ao volume <strong>da</strong> zona <strong>de</strong> transição (a região que mais produz<br />
PSA). Ela seria mais acura<strong>da</strong> que o PSA D na <strong>de</strong>tecção do<br />
câncer localizado <strong>da</strong> próstata, mas a sua aplicação prática necessita<br />
estudos confirmatórios.<br />
Os inconvenientes do cálculo <strong>da</strong> PSA D e do PSA E são: um<br />
erro <strong>de</strong> até 10% no cálculo do volume prostático, além dos custos<br />
e <strong>da</strong> invasivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> ultra-sonografia transretal (2) ;<br />
c) Veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> do PSA (PSA V ): quando se obtêm valores seriados<br />
do PSA em seguimento <strong>de</strong> 1,5 a 2 anos e há um aumento<br />
SINOPSE DE UROLOGIA - ANO 1 - Nº 2 - 1997 3
Tabela 1 - Estratificação do PSA por i<strong>da</strong><strong>de</strong> e raça (3)<br />
Faixa etária Valores <strong>de</strong> referência<br />
(anos) Asiáticos Negros Brancos<br />
40-49 0-2 0-2 0-2,5<br />
50-59 0-3 0-4 0-3,5<br />
60-69 0-4 0-4,5 0-4,5<br />
70-79 0-5 0-5,5 0-6,5<br />
maior que 0,75 ng/ml ao ano nos valores iniciais, a chance <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção<br />
é maior que 70%. De outro modo, se esses pacientes forem<br />
seguidos por mais <strong>de</strong> dois anos e houver aumento do PSA <strong>de</strong> 20%<br />
ou mais ao ano, a presença <strong>de</strong> neoplasia será muito sugestiva.<br />
O emprego do PSA V , porém, é limita<strong>da</strong> pela variação biológica<br />
intrínseca do PSA (<strong>de</strong> 5% a 15%), além <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
vários exames, o que eleva os custos. Um outro fenômeno a ser<br />
lembrado: em próstatas com mais <strong>de</strong> 60 g <strong>de</strong> HBP e cuja hiperplasia<br />
tem uma gran<strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento, os valores do<br />
PSA po<strong>de</strong>m aumentar proporcionalmente ao aumento <strong>da</strong> glândula<br />
e não necessariamente pelo aumento do tumor, o que atrapalha<br />
o raciocínio do PSAv (2) ;<br />
d) Estratificação do PSA pela I<strong>da</strong><strong>de</strong> (PSA I<strong>da</strong><strong>de</strong> ou PSA i ):<br />
com o transcorrer dos anos há alterações histológicas e volumétricas<br />
<strong>da</strong> próstata e os valores do PSA também mu<strong>da</strong>m. O emprego<br />
<strong>da</strong> estratificação do PSA pela i<strong>da</strong><strong>de</strong> e raça (Tabela 1) aumenta<br />
a sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do PSA na <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> neoplasias em<br />
pacientes jovens, diagnosticando mais tumores precoces e órgãos-confinado;<br />
aumentará, também, a especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> do PSA<br />
em pacientes mais idosos já que a biópsia neles será indica<strong>da</strong><br />
em níveis mais altos do marcador. A limitação do uso <strong>de</strong>ste método<br />
é que po<strong>de</strong>rá haver um aumento indiscriminado na taxa <strong>de</strong><br />
biópsias <strong>de</strong>snecessárias em homens jovens (falso-positivo) e uma<br />
per<strong>da</strong> no po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> tumores teoricamente curáveis<br />
em homens mais velhos, <strong>de</strong> até 70-72 anos (falso-negativo) (3) ;<br />
e) Relação PSA livre/total (PSA L/T ou % PSA livre): o PSA<br />
é encontrado no plasma sob duas formas moleculares principais:<br />
conjunga<strong>da</strong> (PSA C ) e livre (PSA L ) e a soma <strong>de</strong>las correspon<strong>de</strong><br />
ao PSA total (PSA T ). A maior parcela do PSA (até 95%)<br />
encontra-se conjunga<strong>da</strong> a inibidores <strong>de</strong> proteases séricas (Figura<br />
1), principalmente a α1-macroglobulina (AMG) e a α1antiquimotripsina<br />
(ACT). Como apenas a ligação do PSA à ACT<br />
é reconheci<strong>da</strong> imunologicamente, dispõe-se <strong>de</strong> métodos que<br />
<strong>de</strong>tectam o PSA livre (5% a 40%) e o PSA conjugado à ACT<br />
(60%-95%).Os pacientes portadores <strong>de</strong> neoplasia prostática têm<br />
elevação do PSA conjugado e o inverso é válido: pacientes com<br />
HBP têm níveis elevados <strong>de</strong> PSA livre. Quando se consi<strong>de</strong>ra<br />
PSA livre e total<br />
Vantagens e limitações<br />
Figura 1 - Formas moleculares do PSA na circulação e suas relações<br />
com HBP e câncer <strong>da</strong> próstata (1) .<br />
valores <strong>de</strong> PSA < 10 ng/ml, a proporção <strong>de</strong> PSA livre sobre o<br />
total (relação L/T) é significativamente menor nos pacientes com<br />
neoplasia do que naqueles com HBP (0,18 versus 0,28; p <<br />
0,0001) (1) .<br />
Vantagens do uso <strong>da</strong> relação PSA livre/total (L/T)<br />
O emprego <strong>de</strong>sta regra po<strong>de</strong> aumentar a especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />
PSA em até 20% (<strong>de</strong> 55% para 73%) sem comprometer a sua<br />
sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em <strong>de</strong>corrência disto, espera-se um aumento no<br />
número <strong>de</strong> pacientes tratados <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>finitiva e favorável (2) .<br />
De acordo com Vashi e cols., a faixa do PSA total i<strong>de</strong>al para<br />
o uso <strong>da</strong> relação L/T situa-se entre 3 a 10 ng/ml. Quando o PSA T<br />
tem níveis entre 3 e 4 ng/ml, o melhor valor para se conseguir<br />
90% <strong>de</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> é o uso <strong>da</strong> relação L/T < 0,19, o que resultará<br />
numa taxa <strong>de</strong> biópsia <strong>de</strong> 73% e numa taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção do<br />
câncer igual a 44%. Caso os valores do PSA T estejam entre 4 e<br />
10 ng/ml o melhor valor para se conseguir 95% <strong>de</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
é < 0,24, o que resultará em cerca <strong>de</strong> 13% a menos <strong>de</strong> biópsias<br />
negativas e apenas 5% <strong>de</strong> falha na <strong>de</strong>tecção dos tumores. Então,<br />
naqueles pacientes cujo PSA T esteja entre 3 e 4 ng/ml o uso <strong>da</strong><br />
relação L/T aumentará a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção e naqueles cujo PSA T<br />
se situa entre 4 e 10 ng/ml ocorrerá uma diminuição do número<br />
<strong>de</strong> biópsias negativas, aumentando a especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> e reduzindo<br />
os custos e a morbi<strong>da</strong><strong>de</strong> (4) .<br />
Elgamel e cols. relataram que o uso <strong>da</strong> relação L/T aumenta<br />
as chances <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção dos tumores <strong>de</strong> estágio T 1 C (não visíveis,<br />
não palpáveis e <strong>de</strong>scobertos após biópsia dos pacientes com<br />
aumento do PSA T ). Lembram ain<strong>da</strong> que 84% <strong>de</strong>stes tumores são<br />
clinicamente significativos e muitos <strong>de</strong>les comparáveis aos tumores<br />
T2 <strong>de</strong> mesmo grau (5) .<br />
4 SINOPSE DE UROLOGIA - ANO 1 - Nº 2 - 1997
Outra vantagem é o aumento na taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção nos pacientes<br />
com PSA T entre 4 e 10 ng/ml e que já foram submetidos a<br />
duas ou mais biópsias negativas, mas persistem com elevações<br />
do PSA total. Nestes casos, usando-se o valor <strong>da</strong> relação PSA L/<br />
T < 0,10 como sugestivo <strong>de</strong> neoplasia, mantém-se uma taxa <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> 91% (sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong>) com uma redução para 14% no<br />
número <strong>de</strong> biópsias negativas (86% <strong>de</strong> especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>), o que<br />
torna a relação L/T um po<strong>de</strong>roso preditor <strong>da</strong> presença <strong>de</strong> neoplasia<br />
neste grupo <strong>de</strong> pacientes (6) .<br />
Naqueles com suspeita <strong>de</strong> câncer e que usam finasteri<strong>da</strong> por<br />
mais <strong>de</strong> nove meses <strong>de</strong>ve ser lembrado que há um <strong>de</strong>créscimo<br />
<strong>de</strong> até 50% nos valores do PSA L e T, mas a relação L/T mantém-se<br />
constante, tornando-a útil no diagnóstico do tumor nestes<br />
homens (10) .<br />
Limitações do uso <strong>da</strong> relação PSA livre/total (PSA L/T)<br />
O PSA livre, assim como o total, tem variações biológicas.<br />
Ornstein e cols. estu<strong>da</strong>ram a variação biológica do PSA L e PSA<br />
T, colhendo amostras <strong>de</strong> soro <strong>de</strong> pacientes antes do toque retal e<br />
em três ocasiões até 30 dias após o exame. A variação biológica<br />
foi <strong>de</strong> 14,7% para o PSA L e 14% para o PSA T. Além disso,<br />
uma hora após o toque retal houve aumento médio <strong>de</strong> 31% nos<br />
valores do PSA T e <strong>de</strong> 48% no PSA L , mas que se normalizaram<br />
ao fim do primeiro dia. Estu<strong>da</strong>ram ain<strong>da</strong> as alterações do PSA L<br />
e T em homens submetidos à biópsia prostática e observaram<br />
que o PSA T permanece elevado após uma semana <strong>da</strong> biópsia,<br />
mas o PSA L retorna aos níveis normais (7) . Sabe-se que inflamações<br />
e infecções na próstrata alteram os valores do PSA T e L<br />
como os vistos após a biópsia prostática. A não observação dos<br />
diferentes retornos aos níveis basais <strong>de</strong>stas duas formas do PSA,<br />
tanto após procedimentos como após a cura <strong>de</strong> afecções benignas,<br />
po<strong>de</strong> afetar o uso <strong>da</strong> relação PSA L/T na prática clínica.<br />
Outra limitação a ser lembra<strong>da</strong> é que há um aumento <strong>da</strong> especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
mas nem sempre um aumento concomitante <strong>da</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
do método. A escolha <strong>de</strong> um valor <strong>de</strong> corte para o<br />
PSA L que separe as neoplasias <strong>da</strong>s patologias benignas é algo<br />
confuso. Os trabalhos iniciais relatavam que se a relação L/T<br />
fosse < 0,15, as chances <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação do câncer seriam altas,<br />
por volta <strong>de</strong> 95%, mas à custa <strong>de</strong> 36% a 46% <strong>de</strong> biópsias negativas.<br />
Reduzindo-se o valor <strong>de</strong> corte para < 0,07 a chance <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção<br />
será um pouco maior, com uma taxa baixa <strong>de</strong> biópsias<br />
negativas (em torno <strong>de</strong> 5%). Por outro lado, consi<strong>de</strong>rando-se um<br />
valor <strong>de</strong> corte > 0,25 como normal ou portador <strong>de</strong> HBP, a chance<br />
<strong>de</strong> encontrar tumor seria <strong>de</strong> apenas 7% e, aliás, essa seria a taxa<br />
<strong>de</strong> per<strong>da</strong> <strong>de</strong> tumores <strong>de</strong>tectáveis já que esses pacientes não seriam<br />
biopsiados (9) . O uso <strong>de</strong>stes dois valores <strong>de</strong> corte cria uma<br />
lacuna (entre 0,07 e 0,25) in<strong>de</strong>fini<strong>da</strong>, motivo <strong>de</strong> per<strong>da</strong> do po<strong>de</strong>r<br />
PSA livre e total<br />
Vantagens e limitações<br />
Figura 2 - Curva ROC para % PSA livre e PSA total na distinção entre<br />
câncer <strong>da</strong> próstata precoce e curável <strong>da</strong> HBP, no valor <strong>de</strong> PSA T entre 3<br />
e 10 ng/ml (4) .<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção e <strong>de</strong> confusão na prática clínica. Outros autores,<br />
citando valores <strong>de</strong> corte diferentes, chegaram a resultados os<br />
mais diversos.<br />
A escolha <strong>de</strong> um valor <strong>de</strong> corte único e i<strong>de</strong>al (0,21; 0,19;<br />
0,17; 0,15 ou menor) para a relação L/T <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
maximizar a sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> (<strong>de</strong>tecção) ou a especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> (diminuição<br />
do número <strong>de</strong> biópsias <strong>de</strong>snecessárias), enquanto se otimiza<br />
a eficiência diagnóstica. Vê-se, claramente, que a sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
e a especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> são variáveis inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. O i<strong>de</strong>al<br />
é que as duas tenham taxas superiores a 95%, mas nem sempre<br />
isto é possível (9) . Ultimamente tem sido utilizado um método<br />
estatístico elegante: a curva ROC (do inglês Receiving<br />
Operating Caracteristic), na qual ca<strong>da</strong> valor <strong>de</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
correspon<strong>de</strong> uma especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> (1 - especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>) e a área sob<br />
a curva po<strong>de</strong> ser calcula<strong>da</strong> correspon<strong>de</strong>ndo à acurácia do método.<br />
Tem a vantagem, ain<strong>da</strong>, <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r comparar métodos diferentes.<br />
Toma-se, como exemplo, a Figura 2, em que a área sob a<br />
curva do PSA livre é 0.72 e a área sob a curva do PSA total é<br />
0.51, diferença estatisticamente significativa (P < 0,001), o que<br />
atesta a superiori<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> relação PSA L/T sobre o PSA T no diagnóstico<br />
do câncer <strong>da</strong> próstata.<br />
Deve ser lembrado, também, que a escolha <strong>de</strong> qualquer valor<br />
<strong>de</strong> corte é afetado tanto pelo volume <strong>da</strong> glândula prostática<br />
como pelo próprio valor do PSA T , estando contra-indicado o uso<br />
<strong>da</strong> relação L/T em próstatas <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 50 - 60 g e com PSA T ><br />
10 ng/ml.<br />
SINOPSE DE UROLOGIA - ANO 1 - Nº 2 - 1997 5
Concluindo, os valores <strong>de</strong> PSA entre 3 (ou 4) até 10 ng/ml<br />
são consi<strong>de</strong>rados como zona in<strong>de</strong>termina<strong>da</strong> e para aumentar as<br />
chances <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>da</strong> neoplasia e ao mesmo tempo reduzir o<br />
número <strong>de</strong> biópsias <strong>de</strong>snecessárias foram criados métodos alternativos<br />
<strong>de</strong> interpretacão do PSA: PSA E , PSA D , PSA V , PSA I relação<br />
PSA L/T. Sem dúvi<strong>da</strong>, a incorporação <strong>da</strong> relação PSA livre/<br />
total tem se mostrado uma <strong>da</strong>s mais úteis, aumentando a eficiência<br />
diagnóstica do PSA em até 20%, apesar <strong>da</strong>s várias limitações<br />
<strong>de</strong>scritas.<br />
Enquanto outros métodos mais eficazes ain<strong>da</strong> não estão disponíveis,<br />
a maiores chances <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> neoplasia prostática<br />
com os menores índices <strong>de</strong> morbi<strong>da</strong><strong>de</strong> e custos são observados<br />
nos pacientes mais idosos, com PSA total próximo ou maior que<br />
10 ng/ml e cuja relação L/T seja < 0,07. As menores chances <strong>de</strong><br />
se encontrar neoplasia seriam observa<strong>da</strong>s em homens com i<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
< 60 anos, PSA total próximo ou menor que 4 ng/nl e relação<br />
L/T > 0,25 (9) .<br />
PSA livre e total<br />
Vantagens e limitações<br />
Referências bibliográficas<br />
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Paulo - Ed. Record, 1995 p.89 - 111.<br />
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PSA. Urol. Clin. North Am., 1997, 24 (2): 353-365.<br />
3. Richardson ID, Oesterling JE. - Age-Especific reference ranges for<br />
serum PSA - Urol Clin North Am., 1997, 24 (2): 339-351.<br />
4. Vashi AR., Wojno KJ, Hemrishi W. et al. - Determinatios of the “reflex<br />
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referred for prostatic elevation using the AxSym system. Urology,<br />
1997, jan 49:1, 19-27.<br />
5. Elgamel AA, Eormillie FJ, Van Poppel HP et al. - Free-to-total prostatic<br />
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stage T 1 C prostate cancer. J Urol, 1996 - sep, 156: 3, 1042-1047.<br />
6. Morgan TG, Mcleod AG, Leifer EG et al. - Prospective use of free<br />
PSA to avoid repeat prostate biopsies in men with elevated total PSA<br />
Urology, 1996, <strong>de</strong>c, 48: 6a - Suppl., 76-80.<br />
7. Ornstein OK, Rao GS, Smith O. et al. - Effect of digital rectal<br />
examination and needle biopsy on serum total and percentage of free<br />
PSA levels. J Urol, 1997, jan, 157: 1, 198.<br />
8. Prestigiacomo AF, Lilja H., Petterson K et al., - A comparison of the<br />
free fraction of serum PSA in men with benign and cancerous prostates.<br />
The best case scenario. J Urol, 1996, aug, 156: 2, 350-354.<br />
9. Chen YT., Lu<strong>de</strong>rer AA., Thiel RP. et al. - Using proportion of free-tototal<br />
PSA, age and total PSA to predict the probability of prostate<br />
cancer. Urology, 1996, Apr., 47: 4, 518-524.<br />
10. Matzkin H., Barak M., Braf Z. - Effect of finasteri<strong>de</strong> on free and total<br />
serum PSA in men with BPH. Br J. Urol, 1996, Sep: 78: 3, 405-8.<br />
6 SINOPSE DE UROLOGIA - ANO 1 - Nº 2 - 1997
Ureterectomia endoscópica no tumor<br />
<strong>de</strong> via excretora<br />
A nefroureterectomia com remoção completa do ureter constitui<br />
a forma i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> se tratar o carcinoma <strong>de</strong> células transicionais<br />
do trato urinário alto. Nestes casos, o rim <strong>de</strong>ve ser removido em<br />
bloco com a gordura perirrenal, a fáscia <strong>de</strong> Gerota e todo o ureter.<br />
A retira<strong>da</strong> completa do ureter é importante para a evolução do<br />
paciente, pois recidiva tumoral local é observa<strong>da</strong> entre 30% e 55%<br />
dos casos em que o ureter distal foi preservado. O método convencional<br />
requer duas incisões: lombotomia para a nefrectomia e<br />
uma incisão na fossa ilíaca para a ureterectomia, incluindo o segmento<br />
ureteral intravesical. Em 1953 foi <strong>de</strong>scrito por McDonald a<br />
nefroureterectomia com incisão lombar única com a remoção do<br />
ureter distal por intussucepção via transuretral.<br />
Figura 1: Ureterectomia endoscópica.<br />
ARTIGO DE REVISÃO<br />
Luciano João Nesrallah<br />
Técnica cirúrgica<br />
A técnica cirúrgica consiste em três passos: cistoscopia e<br />
passagem do cateter ureteral, nefrectomia e remoção transuretral<br />
do ureter. Iniciamos o procedimento pela cistoscopia com<br />
aplicação <strong>de</strong> cateter ureteral 5F. O mesmo é fixado à son<strong>da</strong> Foley<br />
para não haver migração, enquanto posicionamos o paciente para<br />
a segun<strong>da</strong> parte do procedimento que é a realização <strong>de</strong> lombotomia.<br />
A nefrectomia é feita com remoção <strong>da</strong> gordura perirrenal e<br />
<strong>da</strong> fáscia <strong>de</strong> Gerota e procuramos dissecar o ureter o mais distal<br />
possível, o que facilita a sua intussucepção posterior. O ureter é<br />
seccionado aproxima<strong>da</strong>mente a 5 cm dos vasos ilíacos e o cateter<br />
ureteral é fixado com dois a três<br />
pontos transfixantes ao coto ureteral<br />
para que a intussucepção seja<br />
realiza<strong>da</strong> sem que o cateter escape.<br />
Após o fechamento <strong>da</strong> incisão<br />
lombar, o paciente é colocado em<br />
posição <strong>de</strong> litotomia para realizarmos<br />
o último passo do procedimento.<br />
Ressectoscópio 24F montado<br />
com faca <strong>de</strong> Collins é introduzido<br />
pela uretra lateralmente ao<br />
cateter ureteral e proce<strong>de</strong>mos a incisão<br />
<strong>da</strong> pare<strong>de</strong> vesical cerca <strong>de</strong> 5<br />
mm ao redor do meato ureteral até<br />
vizualizarmos a gordura perivesical.<br />
O ureter é então removido por<br />
tração do cateter ureteral. Os pontos<br />
<strong>de</strong> sangramento na pare<strong>de</strong> vesical<br />
são cauterizados e son<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
Foley é aplica<strong>da</strong> na bexiga e manti<strong>da</strong><br />
por cinco a sete dias.<br />
SINOPSE DE UROLOGIA - ANO 1 - Nº 2 - 1997 7
Discussão<br />
Vários métodos <strong>de</strong> nefroureterectomia com incisão única<br />
foram <strong>de</strong>scritos. No primeiro, <strong>de</strong>scrito em 1952, o ureter era<br />
<strong>de</strong>sinserido <strong>da</strong> bexiga por ressecção transuretral antes <strong>da</strong> nefroureterectomia.<br />
A técnica <strong>de</strong> intussucepção ureteral foi <strong>de</strong>scrita em<br />
1953 e sofreu várias modificações até chegar a metodização utiliza<strong>da</strong><br />
atualmente e que foi <strong>de</strong>scrita em 1986 por Miskowiak.<br />
Jacobsen utilizou esta técnica em 18 pacientes e conseguiu remover<br />
o ureter distal endoscopicamente em 16. Em dois pacientes<br />
o cateter escapou e foi necessário realizar uma segun<strong>da</strong> incisão<br />
para realizar a ureterectomia. Clayman também obteve sucesso<br />
em 18 pacientes submetidos a nefroureterectomia com<br />
intussucepção ureteral.<br />
A ressecção transuretral do ureter não <strong>de</strong>ve ser realiza<strong>da</strong> em<br />
pacientes com cirurgia ureteral prévia ou processo inflamatório<br />
Ureterectomia endoscópica no tumor<br />
<strong>de</strong> via excretora<br />
ureteral que o torne fixo às estruturas pélvicas.<br />
A ureterectomia endoscópica é um procedimento seguro e<br />
também mais rápido e fácil quando comparado à ureterectomia<br />
convencional.<br />
Referências bibliográficas<br />
1. Mc Donald DF. Intussuception ureterectomy: a method of removal of<br />
the ureteral stump at time of nephroureterectomy without an additional<br />
incision. Surg Gynecol Obstet 1953, 97: 565-568.<br />
2. Miskowiak J. Stripping of the distal ureter after nephrectomy for pelvis<br />
papiloma. Scand J Urol Nephrol 1986, 20: 285-287.<br />
3. Jacobsen JD, Raffns (e B, Olesen E, Kvist E. Stripping of the distal<br />
ureter in association with nephroureterectomy. Evaluation of the<br />
method. Scand J Urol Nephrol 1994, 28: 45-47.<br />
4. Roth S, van Ahlen H, Semjonow A, Hertle L. Modified ureteral<br />
stripping as an alternative to open surgical ureterectomy. J Urol 1996,<br />
155: 1568-1571.<br />
8 SINOPSE DE UROLOGIA - ANO 1 - Nº 2 - 1997
Bloqueio androgênico total no<br />
câncer <strong>da</strong> próstata disseminado.<br />
Fim <strong>da</strong> polêmica?<br />
Segundo a American Cancer Society, em 1997 nos Estados<br />
Unidos terão sido diagnosticados aproxima<strong>da</strong>mente 300 mil casos<br />
<strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> próstata e 40% já terão doença dissemina<strong>da</strong> por<br />
ocasião do diagnóstico.<br />
Des<strong>de</strong> o início dos anos 40 quando Huggins & Hodges (1)<br />
<strong>de</strong>monstraram a <strong>de</strong>pendência hormonal do a<strong>de</strong>nocarcinoma <strong>de</strong><br />
próstata estu<strong>da</strong>ndo o eixo hipotalâmico-hipofisário-gona<strong>da</strong>l,<br />
vários esquemas terapêuticos foram utilizados para esse fim.<br />
Existem indícios que o câncer <strong>de</strong> próstata metastático existe <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
a pré-história <strong>de</strong>vido a ossos com a doença encontrados em fósseis,<br />
porém só no início do século 19 foi reconhecido como doença<br />
e creditado a Langstaff, em 1817, a <strong>de</strong>scrição do primeiro<br />
câncer prostático em um homem <strong>de</strong> 68 anos com a <strong>de</strong>nominação<br />
<strong>de</strong> fungus haemato<strong>de</strong>s, e mais tar<strong>de</strong> Recanier usou o termo “metástase”<br />
para referir o crescimento do tumor em sítio secundário.<br />
Talvez a primeira referência <strong>da</strong> <strong>de</strong>pendência hormonal <strong>da</strong><br />
célula prostática tenha sido referi<strong>da</strong> no século 18, quando Hunter,<br />
em 1788, estabeleceu uma associação entre orquiectomia e crescimento<br />
prostático em ratos púberes (2) .<br />
A orquiectomia bilateral foi o primeiro tratamento hormonal<br />
a ser instituído para o a<strong>de</strong>nocarcinoma prostático, diminuindo<br />
em aproxima<strong>da</strong>mente 90% o nível <strong>da</strong> testosterona circulante,<br />
permanecendo até hoje como tratamento “stan<strong>da</strong>rt” do câncer<br />
prostático metastático, pois é um método eficaz com poucos efeitos<br />
colaterais e resultados rápidos.<br />
Os estrógenos inibem a liberação do hormônio luteinizante<br />
(LH) através <strong>da</strong> hipófise e foram um dos primeiros medicamentos<br />
a serem utilizados para o tratamento do câncer prostático<br />
*Mestre e doutor em Cirurgia - Unifesp/EPM. Assistente <strong>da</strong> Disciplina<br />
<strong>de</strong> <strong>Urologia</strong> <strong>da</strong> Unifesp/EPM<br />
EDITORIAL<br />
Flávio Hering*<br />
metastático posteriormente outras drogas foram introduzi<strong>da</strong>s.<br />
O tratamento hormonal tem seus inconvenientes e efeitos<br />
colaterais, como, por exemplo, a per<strong>da</strong> do <strong>de</strong>sejo e <strong>da</strong> potência<br />
sexual, fogachos, genecomastia, diminuição dos pêlos do corpo,<br />
astemia, entre outros. Os fogachos ocorreu mais na orquiectomia<br />
e nos LHRH análogos. Os estrógenos favorecem a ginecomastia<br />
e os fenômenos trombo embólicos. Antiandrogênicos<br />
periféricos, principalmente a flutami<strong>da</strong> po<strong>de</strong> ocasionar diarréia<br />
e alterações hepáticas.<br />
O conceito <strong>de</strong> bloqueio androgênico máximo (BAM), surgiu<br />
no início dos anos 80 quando Labrie (4) publicou que a pequena<br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> testosterona produzi<strong>da</strong> pela adrenal e <strong>da</strong><br />
conversão <strong>da</strong> androstenediona e <strong>da</strong> <strong>de</strong>idroepiandrosterona seria<br />
responsável pelo crescimento do tumor, e preconizou a associação<br />
<strong>de</strong> duas terapias, uma bloquea<strong>da</strong> a produção <strong>de</strong> andrógenos<br />
pelo testículo, e outra os andrógenos produzidos pela adrenal.<br />
O primeiro estudo do Veteran’s Administration Cooperative<br />
Urological Research Group (3) (VACURG) comparou quatro tratamentos<br />
para câncer <strong>de</strong> próstata entre os anos 50 e 60: a) DES 5<br />
mg/dia; b) orquiectomia; c) orquiectomia associa<strong>da</strong> a DES 5 mg/<br />
dia; d) placebo com o intuito <strong>de</strong> verificar se o tratamento combinado<br />
(orquiectomia associa<strong>da</strong> a DES) era melhor que monoterapia,<br />
e verificaram que não houve diferença em temos <strong>de</strong> sobrevi<strong>da</strong><br />
quando comparado só com orquiectomia ou com DES.<br />
Posteriormente, esses pacientes foram reanalisados e juntamente<br />
em estádios C e D verificaram que o DES na dose <strong>de</strong><br />
1mg/dia tem uma boa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> contra o câncer, diminuindo os<br />
efeitos colaterais. O DES na dose <strong>de</strong> 0,2 mg tem efeito placebo.<br />
Vários estudos foram realizados, <strong>de</strong>ntre eles um grupo americano<br />
e outro europeu (4,5) , que concluíram que pacientes no grupo<br />
do BAM com doença metastática mínima tiveram uma ligeira<br />
vantagem.<br />
SINOPSE DE UROLOGIA - ANO 1 - Nº 2 - 1997 9
AUTOR ESTUDO Nº PAC. ESCORE VANTAGEM<br />
DE BAM<br />
QUALIDADE (SOBREVIDA)<br />
JANKNIGT Nilutami<strong>da</strong> + Orquiectomia vs. Placebo + Orquiectomia 357 58 -<br />
BELAND Nilutami<strong>da</strong> + Orquiectomia vs. Placebo + Orquiectomia 174 54 -<br />
BRISSET Nilutami<strong>da</strong> + Orquiectomia vs. Placebo + Orquiectomia 121 30 -<br />
NAMER Nilutami<strong>da</strong> + Orquiectomia vs. Placebo + Orquiectomia 104 29 -<br />
KNONAGEL Nilutami<strong>da</strong> + Orquiectomia vs. Placebo + Orquiectomia 42 19 -<br />
CRAWFORD Flutami<strong>da</strong> + Leuproli<strong>de</strong> vs. Placebo + Leuproli<strong>de</strong> 549 53 +<br />
TYRRELL Flutami<strong>da</strong> + Goserelina vs. Placebo + Goserelina 540 24 +<br />
BOCARDO Flutami<strong>da</strong> + Goserelina vs. Goserelina 304 45 -<br />
FOURCARD Flutami<strong>da</strong> + Goserelina vs. Placebo + Goserelina 245 23 -<br />
DENIS Flutami<strong>da</strong> + Goserelina vs. Orquiectomia 159 50 +<br />
IVERSEN Flutami<strong>da</strong> + Goserelina vs. Orquiectomia 247 48 -<br />
SCHULZE Flutami<strong>da</strong> + Goserelina/Orquiectomia vs. Goserelina/Orquiectomia 80 20 -<br />
Figura 1 - Metanálise BAM x Monoterapia. A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Caubet e col. (6) .<br />
Revendo uma importante metanálise do Prostate Cancer<br />
Trialists’ Collaborative Group (PCTCG) (6) com 22 estudos, esse<br />
grupo concluiu que não houve vantagem quanto a sobrevi<strong>da</strong><br />
quando o BAM foi comparado com a castração (química ou cirúrgica)<br />
- Figura 1.<br />
Por outro lado, Caubert e col (7) realizaram uma metanálise,<br />
incluindo 12 estudos que compararam BAM, utilizando antiandrogênicos<br />
não esterói<strong>de</strong>s com castração e concluíram que houve<br />
uma discreta vantagem do BAM (54% x 45%).<br />
Na reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, todos esses estudos não são homogêneos na<br />
escolha do paciente no estadiamento correto e no início do tratamento,<br />
além do a<strong>de</strong>nocarcinoma prostático ser uma neoplasia<br />
muito heterogênea, atrapalhando na interpretação dos resultados.<br />
Embora ain<strong>da</strong> existam autores que <strong>de</strong>fen<strong>da</strong>m o BAM para<br />
doença metastática mínima, a maioria esta optando novamente<br />
pela monoterapia, em vista dos efeitos colaterais <strong>da</strong> associação<br />
<strong>da</strong>s drogas, do custo, dos resultados contraditórios não <strong>de</strong>monstrando<br />
uma real vantagem no tempo livre <strong>de</strong> doença e na sobrevi<strong>da</strong>,<br />
e “uma diferença para ser uma diferença, precisa fazer a<br />
diferença” (Schulze) (7) .<br />
Bloqueio androgênico total no câncer <strong>da</strong> próstata disseminado.<br />
Fim <strong>da</strong> polêmica?<br />
Referências bibliográficas<br />
1. Huggins C, Ho<strong>de</strong>ges CV - Studies on prostate cancer - The effects of<br />
castration of estrogen and of androgen injection on serum phosphatases<br />
in metastatic carcinoma of the prostate. Cancer Res 1: 293-7, 1941.<br />
2. McLeod DG, O’Brien ME - Hormonal management of metastatic prostatic<br />
cancer and quality of life issues. In: Vogelzang N, Scardino PT,<br />
Shipley WV, Coffey D. Compreensive Textbook of Genitourinary<br />
Oncology. Baltimore Willians & Wilkins, 1996, p. 854.<br />
3. Veterans Administration Cooperative Urological Research Group -<br />
Treatment and survival of patients with cancer of prostate. Surg.<br />
Gynecol. Obstet. 124: 1011-17, 1967.<br />
4. Labrie F, Dupont A, Belanger A - Combined treatment with flutami<strong>de</strong><br />
and surgical or medical (LHRH agonist) castration in metastatic<br />
prostate cancer. Lancet 1: 48-51, 1986.<br />
5. Crawford ED, Eisenburger MA, McLeod DG - A controlled trial of<br />
leuproli<strong>de</strong> with and without flutami<strong>da</strong> in prostatic carcinoma. N. Engl.<br />
J. Med. 321: 419-24, 1989.<br />
6. Prostate cancer trialist’s Collaborative Group - Maximum androgen<br />
blocka<strong>de</strong> in advanced prostate cancer: an overview of 22 randomized<br />
turuaks with 3.283 <strong>de</strong>aths in 5.710 patients. Lancet 346: 265, 1995.<br />
7. Caubet JF, Tosteson TD, Dong EW, Naylon EM, Whiting GW, Ernstoff<br />
MS, Ross SD - Maximum androgen blocka<strong>de</strong> in advanced prostate<br />
cancer: a meta-analysis ofpublished randomized controlled trials using<br />
nonsteroi<strong>da</strong>l antiandrogens. Urology 49: 71-8, 1997.<br />
8. Schulze H, Kal<strong>de</strong>nhoff H, Senge T - Evaluation of total vs partial<br />
androgen blocka<strong>de</strong> in the treatment of advanced prostate cancer. Urol.<br />
Int. 43: 193-78, 1998.<br />
10 SINOPSE DE UROLOGIA - ANO 1 - Nº 2 - 1997
Introdução<br />
Uso <strong>de</strong> mucosa bucal no tratamento<br />
<strong>da</strong> hipospadia<br />
Diante <strong>da</strong> constatação <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 300 técnicas operatórias<br />
distintas <strong>de</strong>scritas para a correção <strong>da</strong> hipospadia, fica evi<strong>de</strong>nte<br />
que não se dispõe <strong>de</strong> técnica universalmente aceita no tratamento<br />
<strong>de</strong>sta <strong>de</strong>formi<strong>da</strong><strong>de</strong> congênita. A pele prepucial e peniana constitui<br />
o tecido mais frequentemente empregado para substituir a<br />
uretra, principalmente na forma <strong>de</strong> retalhos pediculados. Dentre<br />
os pontos favoráveis dos retalhos pediculados, a proximi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
entre o sítio doador e a neouretra, bem como o aporte sanguíneo<br />
conferido pelo pedículo adjacente são os mais importantes. Dentre<br />
os fatores negativos, a eventual dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>da</strong>ptação do<br />
segmento pediculado <strong>da</strong> face dorsal para a ventral na confecção<br />
<strong>da</strong> neouretra constitui o principal inconveniente. A utilização <strong>de</strong><br />
retalhos prepuciais livres foi muito preconiza<strong>da</strong> anteriormente,<br />
mas elevados índices <strong>de</strong> complicação acabaram por limitar sua<br />
indicação nos últimos anos.<br />
Existem situações, entretanto, em que os pacientes já foram<br />
submetidos a múltiplos procedimentos para correção <strong>da</strong><br />
hipospadia e não obtiveram êxito. Nesta circunstância, observase<br />
uma haste peniana ain<strong>da</strong> com meato hipospádico e sobretudo<br />
um intenso processo cicatricial na face ventral do pênis. A inexistência<br />
<strong>de</strong> pele prepucial e peniana disponível para uma nova<br />
reconstrução <strong>da</strong> uretra <strong>de</strong>ixa o urologista praticamente limitado<br />
a enxertos livres <strong>de</strong> outras áreas. Esta situação clínica recebe a<br />
<strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> hipospadia “cripple” e constitui um dos maiores<br />
<strong>de</strong>safios em hipospadiologia.<br />
Diversos estudos anteriores avaliaram emprego <strong>de</strong> pele <strong>da</strong><br />
face interna do braço e a mucosa vesical, sem no entanto apresentar<br />
resultados muito convincentes já num seguimento <strong>de</strong> curto<br />
e médio prazo. A mucosa vesical, que parecia ser um material<br />
<strong>de</strong> boa quali<strong>da</strong><strong>de</strong> na reconstrução <strong>da</strong> uretra, <strong>de</strong>monstrou complicações<br />
em quase 50% dos casos publicados, nota<strong>da</strong>mente formação<br />
<strong>de</strong> prolapsos, divertículos e alterações ao nível do meato<br />
como estenose.<br />
ARTIGO DE REVISÃO<br />
Antônio Macedo Júnior<br />
A mucosa bucal chamou atenção <strong>de</strong> pesquisadores <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Mainz na Alemanha, motivados pelos bons resultados<br />
<strong>da</strong> utilização <strong>de</strong> mucosa bucal como transplantado livre<br />
em cirurgia ocular e tumores <strong>de</strong> faringe. Revendo a literatura,<br />
encontrou-se um único relato <strong>de</strong> caso isolado com a utilização<br />
<strong>de</strong> mucosa bucal em hipospadia <strong>de</strong>scrito nos anos 40 por Humby<br />
em Londres. Passou-se a partir <strong>de</strong> então a investigar a técnica<br />
experimentalmente em animais e a seguir numa série clínica preliminar,<br />
culminando com a primeira publicação padroniza<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
técnica e resultados iniciais realiza<strong>da</strong> por Bürger e col em 1992.<br />
O objetivo <strong>de</strong>sta revisão é discutir os diversos aspectos referentes<br />
ao uso <strong>de</strong> mucosa bucal na cirurgia <strong>de</strong> hipospadia: indicações,<br />
<strong>de</strong>talhes técnicos, cui<strong>da</strong>dos pós-operatórios, proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
histológicas e resultados.<br />
Quando operar?<br />
Sabe-se que o pênis cresce muito pouco entre o segundo e o<br />
quinto ano <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>. Desta forma, parece sensato indicar a cirurgia<br />
já a partir do segundo ano <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, consi<strong>de</strong>rando que a<br />
hipospadia está frequentemente associa<strong>da</strong> a efeitos psicológicos<br />
negativos no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> criança.<br />
Berg e col. compararam dois grupos <strong>de</strong> crianças opera<strong>da</strong>s<br />
entre o terceiro e quarto ano <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>, respectivamente por<br />
hipospadia e apendicite agu<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma que o tempo <strong>de</strong> internação<br />
e o estresse cirúrgico fossem equivalentes. Os autores observaram<br />
uma tendência niti<strong>da</strong>mente maior a problemas neuróticos<br />
e comportamentos sociais anormais no grupo <strong>da</strong>s crianças<br />
com hipospadia. Importante também evitar a separação mãe-filho<br />
durante o tratamento cirúrgico, <strong>de</strong>vendo a mesma estar presente<br />
durante to<strong>da</strong>s as fases do tratamento.<br />
Acreditamos que os pacientes <strong>de</strong>vam ser operados <strong>de</strong> maneira<br />
flexível entre o segundo e terceiro ano <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> forma que, caso<br />
uma reoperação se faça necessária após nove meses, o tratamento<br />
terá sido completado antes do início <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> escolar <strong>da</strong> criança.<br />
SINOPSE DE UROLOGIA - ANO 1 - Nº 2 - 1997 11
Vale lembrar que um tratamento tópico do pênis, com poma<strong>da</strong><br />
<strong>de</strong> testosterona a 1% por seis semanas antes <strong>da</strong> cirurgia, facilita<br />
muito o procedimento reconstrutivo. A melhoria <strong>da</strong>s condições<br />
locais <strong>da</strong> pele no sítio operatório obti<strong>da</strong> com este pré-tratamento<br />
facilita a uretroplastia, especialmente nos casos <strong>de</strong><br />
genitália muito pequena.<br />
Material <strong>de</strong> sutura e <strong>de</strong>rivação urinária<br />
A questão do material <strong>de</strong> sutura empregado e incidência <strong>de</strong><br />
fístulas urinárias no pós-operatório motivou diversos autores a<br />
avaliar comparativamente as opções atualmente utiliza<strong>da</strong>s na<br />
uretroplastia. Estudo recente em 110 pacientes observou uma<br />
incidência <strong>de</strong> fístula <strong>de</strong> 13,4% para categute cromado contra<br />
26,6% para ácido poliglicólico. Estes <strong>da</strong>dos confirmam a constatação<br />
<strong>de</strong> que material <strong>de</strong> sutura auto-absorvível <strong>de</strong> longa duração<br />
(ácido poliglicólico) apresenta resultados inferiores aos do<br />
categute.<br />
Outro ponto controverso é a escolha <strong>da</strong> melhor <strong>de</strong>rivação<br />
urinária durante o pós-operatório inicial. Deve-se <strong>de</strong>sviar a urina<br />
<strong>da</strong> área recém-opera<strong>da</strong>, possibilitando melhores condições<br />
<strong>de</strong> cicatrização local, o que se consegue através <strong>de</strong> uma cistostomia<br />
por punção suprapúbica.<br />
Acredita-se que o e<strong>de</strong>ma glandular pós-operatório aumente<br />
a pressão intra-uretral e, consequentemente, o risco <strong>de</strong> formação<br />
<strong>de</strong> fístulas. A presença <strong>de</strong> um cateter uretral <strong>de</strong> silicone<br />
apenas para drenagem <strong>da</strong>s secreções uretrais e, portanto, disposto<br />
apenas pouco proximalmente à linha <strong>de</strong> sutura <strong>da</strong> uretroplastia,<br />
protege a anastomose durante a fase crítica na primeira<br />
semana.<br />
Retira<strong>da</strong> e preparo <strong>da</strong> mucosa bucal<br />
A obtenção <strong>da</strong> mucosa bucal é feita a partir <strong>da</strong> mucosa do<br />
lábio inferior, <strong>de</strong> disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> constante e fácil apresentação<br />
uma vez dispostos pontos <strong>de</strong> reparo na transição <strong>da</strong> mucosa com<br />
o róseo do lábio. Apenas do lábio inferior é possível obter retalhos<br />
<strong>de</strong> até 10 cm <strong>de</strong> comprimento, o que permite tratar a quase<br />
totali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s hipospadias em criança. Caso seja necessário um<br />
comprimento maior, po<strong>de</strong>-se avançar na mucosa jugal, atentando<br />
para não atingir o ducto <strong>da</strong> glândula parotí<strong>de</strong>a <strong>de</strong> localização<br />
mais profun<strong>da</strong>.<br />
É pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>marcar as dimensões do retalho a ser removido<br />
com azul <strong>de</strong> metileno, sendo que a largura do transplantado<br />
<strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> no mínimo 1,5 cm. Sabe-se que existe uma tendência<br />
<strong>de</strong> retração do retalho estima<strong>da</strong> em 10% e que, portanto, <strong>de</strong>ve<br />
ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> no momento <strong>da</strong> <strong>de</strong>limitação do sítio doador.<br />
Importante lembrar que a intubação nasotraqueal, apesar <strong>de</strong> não<br />
Uso <strong>de</strong> mucosa bucal no tratamento<br />
<strong>da</strong> hipospadia<br />
Fig. 1 - Retira<strong>da</strong> do retalho <strong>de</strong> mucosa bucal do lábio inferior.<br />
Fig. 2 - Aspecto final <strong>da</strong> mucosa bucal após sua preparação.<br />
indispensável, <strong>de</strong>ve ser estimula<strong>da</strong> por facilitar o procedimento<br />
<strong>de</strong> retira<strong>da</strong> <strong>da</strong> mucosa bucal.<br />
A injeção submucosa <strong>de</strong> uma solução <strong>de</strong> adrenalina 1: 100<br />
mil disten<strong>de</strong> a mucosa bucal assim facilitando sua retira<strong>da</strong> bem<br />
como a hemostasia local. A retira<strong>da</strong> do transplantado <strong>de</strong>ve ser<br />
cui<strong>da</strong>dosa e o mais superficial possível. Durante o procedimento<br />
se reconhece o tecido subcutâneo imediatamente abaixo<br />
<strong>da</strong> mucosa que <strong>de</strong>ve ser preservado, <strong>de</strong> forma a servir como<br />
parâmetro <strong>de</strong> retira<strong>da</strong>. Desta forma, impedindo-se o aprofun<strong>da</strong>mento<br />
até a musculatura orbicularis oris e bucinatória se evita<br />
eventuais complicações do tipo retração do lábio. A área cruenta<br />
não <strong>de</strong>ve ser aproxima<strong>da</strong> ou sutura<strong>da</strong>, sendo suficiente<br />
uma boa hemostasia, cobrindo-se a seguir a região com uma<br />
gase úmi<strong>da</strong>.<br />
O transplantado é trazido e afixado nos vértices a uma placa<br />
<strong>de</strong> cortiça com a face submucosa volta<strong>da</strong> para cima. Promovese<br />
assim remoção dos resquícios <strong>de</strong> gordura até que a mucosa<br />
esteja totalmente transparente.<br />
12 SINOPSE DE UROLOGIA - ANO 1 - Nº 2 - 1997
Fig. 3 - Anastomose onlay do transplantado <strong>de</strong> mucosa bucal à placa<br />
uretral.<br />
Preservação <strong>da</strong> placa uretral: reconstrução onlay<br />
Um gran<strong>de</strong> avanço em cirurgia <strong>de</strong> hipospadia foi a incorporação<br />
do conceito <strong>de</strong> preservação <strong>da</strong> placa uretral. Reconhecese<br />
atualmente que a presença <strong>de</strong> “chor<strong>de</strong>e” não implica necessariamente<br />
em seccionar-se a placa uretral, a fita <strong>de</strong> pele manti<strong>da</strong><br />
na dissecção <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o meato hipospádico até o ponto que se <strong>de</strong>seja<br />
avançar a uretra no momento do <strong>de</strong>senluvamento <strong>da</strong> haste<br />
peniana.<br />
O conceito <strong>de</strong> se aproveitar esta porção <strong>de</strong> pele como assoalho<br />
<strong>da</strong> neouretra, à qual se anastomosa o tecido <strong>de</strong> reconstrução<br />
uretral como um teto ou “patch”, recebe a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> técnica<br />
onlay. A gran<strong>de</strong> vantagem <strong>de</strong>sta técnica é a <strong>de</strong> se evitar<br />
enxertos ou retalhos tubularizados, sabi<strong>da</strong>mente <strong>de</strong> maior potencial<br />
para complicações. De fato, a reconstrução onlay <strong>da</strong> uretra<br />
vem dominando o cenário em cirurgia <strong>de</strong> uretra, e na correção<br />
com mucosa bucal esta é uma prerrogativa fun<strong>da</strong>mental. Não se<br />
<strong>de</strong>ve tubularizar o transplantado <strong>de</strong> mucosa bucal, pois os índices<br />
<strong>de</strong> complicação são nota<strong>da</strong>mentes maiores.<br />
De fato, a correção do chor<strong>de</strong>e po<strong>de</strong> ser feita na quase totali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
dos casos, removendo-se o tecido fibroso junto à placa<br />
uretral e, se necessário, <strong>de</strong>scolando e suspen<strong>de</strong>ndo a mesma dos<br />
corpos cavernosos como <strong>de</strong>monstrado inicialmente por Mollard<br />
na França. Em casos extremos, po<strong>de</strong> ser feita a compensação <strong>da</strong><br />
Uso <strong>de</strong> mucosa bucal no tratamento<br />
<strong>da</strong> hipospadia<br />
Fig. 4 - Aspecto histológico <strong>da</strong> mucosa bucal: observar a espessura do<br />
epitélio e uma lâmina própria <strong>de</strong>lga<strong>da</strong>.<br />
curvatura peniana por meio <strong>de</strong> uma sutura <strong>de</strong> Nesbit na face<br />
dorsal. Neste caso, promove-se a dissecção do feixe erigente na<br />
face dorsal do pênis, separando-o <strong>da</strong> túnica albugínea do corpo<br />
cavernoso. O feixe <strong>de</strong>ve ser reparado e suspenso, <strong>de</strong> forma que<br />
a plicatura <strong>de</strong> Nesbit seja feita no ponto <strong>de</strong> maior convexi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
na face dorsal <strong>da</strong> haste peniana.<br />
Detalhes técnicos<br />
Uma vez preparado o leito, representado pela placa uretral e<br />
completado o preparo <strong>da</strong> mucosa bucal, é feita a anastomose e<br />
confecção <strong>da</strong> neouretra por meio <strong>de</strong> duas linhas <strong>de</strong> sutura contínua<br />
com fio <strong>de</strong> categute cromado 5/0 ou 6/0. Importante atentar<br />
que a face mucosa do retalho terá localização intraluminar. Os<br />
cui<strong>da</strong>dos óbvios em cirurgia plástico-reconstrutiva <strong>de</strong>vem ser<br />
observados: apuro técnico, material cirúrgico <strong>de</strong>licado, instrumental<br />
<strong>de</strong> magnificação.<br />
É importante mobilizar <strong>da</strong> face dorsal do pênis para a região<br />
ventral um retalho dártico bem vascularizado, que recobrirá a<br />
mucosa bucal e que será responsável pela nutrição <strong>de</strong>sta. Este<br />
talvez seja o ponto mais importante <strong>da</strong> cirurgia, já que a integração<br />
do transplantado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> inicialmente <strong>de</strong> irrigação por difusão,<br />
até que se forme uma neovascularização que suprirá <strong>de</strong>finitivamente<br />
a mucosa bucal. Na ausência <strong>de</strong>ste tecido rico em<br />
irrigação, <strong>da</strong>ndo suporte ao transplantado <strong>de</strong> mucosa bucal, o<br />
<strong>de</strong>stino <strong>de</strong>ste será certamente a necrose com per<strong>da</strong> completa <strong>da</strong><br />
uretra reconstruí<strong>da</strong>.<br />
Com relação ao ponto em que se <strong>de</strong>ve levar o neomeato uretral,<br />
alguns <strong>da</strong>dos recentes reacen<strong>de</strong>ram uma discussão sobre a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
ou não <strong>de</strong> se levar a uretra até a extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> glan<strong>de</strong>.<br />
De fato, a ânsia e preciosismo em se obter um resultado estético<br />
que muitas vezes supera a normali<strong>da</strong><strong>de</strong> é responsável por<br />
SINOPSE DE UROLOGIA - ANO 1 - Nº 2 - 1997 13
índices <strong>de</strong> complicação elevados, principalmente estenose do<br />
meato levando à formação <strong>de</strong> fístulas. Um estudo interessante,<br />
avaliando a topografia do meato uretral em adultos internados<br />
para serem submetidos a procedimentos endoscópicos <strong>de</strong> próstata<br />
e bexiga, revelou que apenas 55% dos 500 pacientes estu<strong>da</strong>dos<br />
apresentavam o meato na extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Os <strong>de</strong>mais pacientes<br />
apresentavam algum grau <strong>de</strong> hipospadia glan<strong>da</strong>r e mesmo<br />
coronal. Curioso, que a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong>stas hipospadias ditas<br />
“inci<strong>de</strong>ntais”, a maioria <strong>de</strong>stes pacientes e respectivas parceiras,<br />
não tinha se apercebido <strong>de</strong> qualquer anormali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Acreditamos que o meato <strong>de</strong>va em cirurgia <strong>de</strong> hipospadia<br />
ser disposto num ponto acima do sulco coronal em direção à<br />
glan<strong>de</strong>, sem que se recubra a neouretra com os “flaps” mobilizados<br />
<strong>de</strong> glan<strong>de</strong>, já que é justamente este <strong>de</strong>talhe técnico o principal<br />
responsável pela fibrose e estenose do meato e uretra distal.<br />
Observando-se este cui<strong>da</strong>do consegue-se minimizar <strong>de</strong> forma<br />
significativa as complicações cirúrgicas do procedimento.<br />
Cui<strong>da</strong>dos pós-operatórios<br />
I<strong>de</strong>almente o curativo <strong>de</strong>ve ser mantido oclusivo por sete<br />
dias, uma vez que a manipulação e troca precoce <strong>de</strong> curativos<br />
po<strong>de</strong>m interferir com a integração do enxerto. Esta situação, consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong><br />
i<strong>de</strong>al, nem sempre é factível em nosso meio, já que<br />
nem to<strong>da</strong>s instituições dispõem <strong>de</strong> ban<strong>da</strong>gens que absorvem as<br />
secreções locais, mantendo a superfície peniana seca e, portanto,<br />
menos suscetível a infecções secundárias locais. Utilizandose<br />
um curativo com gases cirúrgicas, este <strong>de</strong>ve ser mantido intacto<br />
por pelo menos quatro dias.<br />
Entre sete e <strong>de</strong>z dias se retira o splint uretral e o paciente<br />
realiza a primeira micção uretral assisti<strong>da</strong> pelo médico. A cistostomia<br />
é retira<strong>da</strong> a seguir ou manti<strong>da</strong> por duas semanas adicionais<br />
caso se visualize algum extravasamento.<br />
É comum após a retira<strong>da</strong> do curativo a presença <strong>de</strong> crostas<br />
hemáticas a<strong>de</strong>ri<strong>da</strong>s à glan<strong>de</strong> e junto ao neomeato. Estas não <strong>de</strong>vem<br />
ser removi<strong>da</strong>s mecanicamente <strong>de</strong>vendo-se apenas aguar<strong>da</strong>r<br />
a sua que<strong>da</strong> espontânea, estimulando banhos <strong>de</strong> imersão em banheiras.<br />
Em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>stas crostas, muitas vezes o jato numa<br />
fase inicial se apresenta bipartido, o que causa alguma ansie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
aos pais, razão pela qual eles <strong>de</strong>vam ser alertados previamente.<br />
Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s histológicas e imunoistoquímicas <strong>da</strong><br />
mucosa bucal<br />
A mucosa bucal apresenta algumas características interessantes<br />
do ponto <strong>de</strong> vista histológico e imunoistoquímico, que<br />
parecem se correlacionar com os resultados excelentes obtidos<br />
com o método.<br />
Uso <strong>de</strong> mucosa bucal no tratamento<br />
<strong>da</strong> hipospadia<br />
Tabela 1 - Resultados com a utilização <strong>de</strong> mucosa bucal em uretroplastia<br />
Autor Ano n Complicações<br />
Bürger e col. 1992 6 50%<br />
Dessanti e col. 1992 8 14%<br />
Brock e col. 1994 6 20%<br />
Duckett e col. 1995 18 34%<br />
Macedo 1996 53 15%<br />
Unifesp-EPM/Beneficência 1997 18 13%<br />
Avaliando-se um corte <strong>de</strong> mucosa bucal corado pela técnica<br />
<strong>de</strong> hematoxilina-eosina, observa-se um epitélio muito espesso.<br />
A espessura <strong>de</strong>ste epitélio chega a ser quatro a cinco vezes maior<br />
que o epitélio <strong>da</strong> mucosa vesical e pele. Sabe-se que a espessura<br />
do epitélio é quem confere uma maior resistência e firmeza<br />
ao tecido, impedindo a formação <strong>de</strong> prolapsos e divertículos.<br />
Talvez por isso seja comum observar estas complicações em uretroplastia<br />
com mucosa vesical, ao passo que elas praticamente<br />
não são verifica<strong>da</strong>s com a mucosa bucal. A lâmina própria <strong>da</strong><br />
mucosa bucal é muito <strong>de</strong>lga<strong>da</strong>, o que facilita o processo <strong>de</strong> nutrição<br />
inicial do transplantado a partir <strong>de</strong> difusão até que se promova<br />
a formação <strong>de</strong> neovascularização local.<br />
Macedo avaliou em tese <strong>de</strong> doutorado a concentração <strong>de</strong> Ig<br />
A nos diversos tecidos empregados em reconstrução uretral e<br />
constatou uma concentração niti<strong>da</strong>mente maior <strong>de</strong>sta imunoglobulina<br />
na mucosa bucal. Esta constatação confirma a observação<br />
clínica <strong>da</strong> inexistência <strong>de</strong> complicações infecciosas no sítio<br />
uretral, a <strong>de</strong>speito <strong>da</strong> cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> oral ser um ambiente <strong>de</strong> flora<br />
bacteriana abun<strong>da</strong>nte. Finalmente, a autor submeteu os mesmos<br />
tecidos a estudos imunoistoquímicos com citoqueratinas, agora<br />
comparando-os com a mucosa uretral normal. De cinco citoqueratinas<br />
testa<strong>da</strong>s se observou coincidências <strong>de</strong> coloração em quatro<br />
<strong>de</strong>las entre a mucosa bucal e uretral, ao passo que com outros<br />
tecidos no máximo duas concordâncias foram verifica<strong>da</strong>s.<br />
Este fato confirma a maior similari<strong>da</strong><strong>de</strong> histológica entre mucosa<br />
bucal e uretral.<br />
Resultados<br />
Avaliando-se a literatura a cerca <strong>da</strong> utilização <strong>de</strong> mucosa bucal<br />
em reconstrução uretral, encontramos resultados muito favoráveis,<br />
consi<strong>de</strong>rando que a casuística é basicamente forma<strong>da</strong> por<br />
pacientes multioperados e com intensa fibrose local. Os resultados<br />
<strong>de</strong>monstram complicações <strong>de</strong> 20%, enquanto nesta população<br />
com outras técnicas os índices são acima <strong>de</strong> 50%. Os resultados<br />
com a técnica po<strong>de</strong>m ser melhor avaliados na Tabela 1.<br />
14 SINOPSE DE UROLOGIA - ANO 1 - Nº 2 - 1997
Dentre as vantagens mais importantes do método <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>stacar-se<br />
a constante disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> mucosa bucal, sua fácil<br />
retira<strong>da</strong> com baixa morbi<strong>da</strong><strong>de</strong> e proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s clínicas que se<br />
a<strong>de</strong>quam muito bem à uretroplastia.<br />
Uma vez confirmados estes resultados num seguimento mais<br />
prolongado, a utilização <strong>de</strong> mucosa bucal em correção <strong>de</strong><br />
hipospadia irá firmar-se certamente como uma <strong>da</strong>s melhores opções<br />
<strong>de</strong> tratamento.<br />
Referências bibliográficas<br />
1. Macedo Jr, A: Verwendung von Mundschleimhaut zur Rekonstruktion<br />
<strong>de</strong>s unteren Harntraktes. (Utilização <strong>de</strong> mucosa bucal na reconstrução<br />
do trato urinário inferior) - Tese <strong>de</strong> doutorado: Johannes Gutenberg<br />
Uso <strong>de</strong> mucosa bucal no tratamento<br />
<strong>da</strong> hipospadia<br />
Universität, Mainz, Alemanha; 1996.<br />
2. Macedo Jr, A; Fichtner, J; Hohenfellner, R: Utilização <strong>de</strong> mucosa bucal<br />
para correção <strong>de</strong> hipospadia. In Avanços em <strong>Urologia</strong>: R Hohenfellner,<br />
A Macedo Jr, J Fichtner. Editora Atheneu, 1996: 393-401.<br />
3. Macedo Jr, A; Fichtner, J; Gilfrich, C; Fisch, M:<br />
Harnröhrenrekonstruktion: Erfahrung mit 24 Fällen. Urologe A<br />
Supplement 1 (1995) 4:95.<br />
4. Macedo Jr, A; Fichtner, J; Fisch, M; Srougi, M; Hohenfellner, R: Novos<br />
conceitos em hipospadia: utilização <strong>de</strong> mucosa bucal para reconstrução<br />
<strong>de</strong> uretra. Rev Paul Ped 15 (1) 1997: 14-16.<br />
5. Fichtner, J; Macedo Jr A; Fisch, M; Bürger, R; Hohenfellner: Konzept<br />
<strong>de</strong>r Hypospadiekorrektur mittels Mundschleimhaut-onlay Flap. Akt<br />
Urol 26 (1) 1995: 1-10.<br />
6. Fichtner, J; Macedo Jr, A; Voges, G; Fisch, M; Filipas, D; Hohenfellner,<br />
R: Buccal mucosa onlay for open urethral strictures repair. J Urol 155<br />
(5) 1996, 522 A.<br />
SINOPSE DE UROLOGIA - ANO 1 - Nº 2 - 1997 15
A Internet é a maior re<strong>de</strong> <strong>de</strong> computadores do mundo. Na<br />
ver<strong>da</strong><strong>de</strong> ela é uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s, que se comunicam entre si<br />
através <strong>de</strong> um protocolo comum chamado Internet Protocol (IP),<br />
trocando informações livremente.<br />
É uma re<strong>de</strong> aberta, isto é, qualquer pessoa po<strong>de</strong> acessá-la e a<br />
maioria dos seus serviços são grátis, pelo menos por enquanto!<br />
Seu enorme sucesso, nos tempos atuais, tem sido resultado<br />
<strong>de</strong> sua interface amigável, uma vastíssima disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> comercial,<br />
sua gran<strong>de</strong> funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>, características alia<strong>da</strong>s ao<br />
número crescente <strong>de</strong> usuários.<br />
A Internet foi inicialmente concebi<strong>da</strong>, como recurso <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa<br />
pelos EUA em 1960. Em 1969, o Departamento <strong>de</strong> Defesa<br />
norte-americano criou a ARPANET. Servia para ligar esse <strong>de</strong>partamento<br />
aos fornecedores <strong>de</strong> recursos militares e a universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
liga<strong>da</strong>s à pesquisa militar. A re<strong>de</strong> utilizava o encaminhamento<br />
dinâmico como mo<strong>de</strong>lo, isto é, se uma <strong>da</strong>s conexões fosse<br />
rompi<strong>da</strong> por um ataque inimigo, o tráfego po<strong>de</strong>ria ser encaminhado<br />
a outras conexões.<br />
Com o sucesso <strong>da</strong> ARPANET e a entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> várias universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<br />
a re<strong>de</strong> começou a ficar sobrecarrega<strong>da</strong>. Em 1986, a<br />
National Science Foun<strong>da</strong>tion (NSF) <strong>de</strong>cidiu instalar centros <strong>de</strong><br />
supercomputadores conectados em re<strong>de</strong> entre si e conectados<br />
aos usuários <strong>de</strong> várias re<strong>de</strong>s regionais, criando as bases <strong>da</strong> estrutura<br />
atual. Chamava-se Darpanet-Internet.<br />
A NSFNET funcionou muito bem até 1990, quando se tornou<br />
claro que os supercomputadores estavam obsoletos.A partir<br />
<strong>da</strong>í, por volta <strong>de</strong> 1994, a Internet começou a ser toma<strong>da</strong> por gran<strong>de</strong>s<br />
re<strong>de</strong>s priva<strong>da</strong>s (como: IBM, Sprint, PSI e Alternet) e, paralelamente,<br />
ocorreu o <strong>de</strong>sligamento <strong>da</strong> NSF.<br />
A liberação para uso comercial <strong>da</strong> Internet provocou um crescimento<br />
exponencial <strong>da</strong> re<strong>de</strong> com milhões <strong>de</strong> novos usuários a<br />
ca<strong>da</strong> ano.<br />
Os recursos <strong>da</strong> Internet são constituídos por vários serviços,<br />
<strong>de</strong>ntre os quais, o mais popular é o correio eletrônico (e-mail).<br />
Com ele você po<strong>de</strong> trocar correspondência eletrônica com o<br />
mundo inteiro, substituindo o telefonema e as cartas em papel. É<br />
rápido, fácil e barato. Através <strong>da</strong>s listas <strong>de</strong> correspondência você<br />
ATUALIZAÇÃO<br />
Internet para o urologista<br />
José Roberto Kauffmann<br />
po<strong>de</strong>rá discutir em grupo diversos assuntos e conhecer pessoas<br />
com interesses similares.<br />
Informação: Atualmente, quase todos os tipos <strong>de</strong> informação<br />
estão disponíveis para consulta na Internet. Des<strong>de</strong> referências<br />
bibliográficas até jogos, passando por jornais, revistas, catálogos<br />
<strong>de</strong> produtos para compra, programas educacionais, horários<br />
<strong>de</strong> vôos, programação <strong>de</strong> congressos e muito mais.<br />
Conversação on-line: Você po<strong>de</strong> “falar” em tempo real com<br />
várias pessoas, usando um mesmo idioma. Conheci<strong>da</strong> como Chat,<br />
esta comunicação utiliza o IRC - Internet Relay Chat. Você digita<br />
frases e, quase em tempo real, sua mensagem é recebi<strong>da</strong> por<br />
outras pessoas que estejam no IRC naquele momento. Você po<strong>de</strong><br />
comunicar-se com pessoas em outras ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, Estados e países<br />
pagando apenas a ligação local. Da mesma forma que existem<br />
as listas <strong>de</strong> correspondência para troca <strong>de</strong> e-mail, existem também<br />
os chat groups para que pessoas com interesses afins possam<br />
encontrar-se.<br />
Transferência <strong>de</strong> arquivos: Textos, sons, fotos, gráficos,<br />
ví<strong>de</strong>os, programas, jogos po<strong>de</strong>m ser transferidos para o seu micro,<br />
utilizando o protocolo FTP (File Transfer Protocol). Os “sites”<br />
para realização do FTP são universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, agências governamentais,<br />
companhias ou indivíduos que mantêm arquivos em seus<br />
computadores, para serem transferidos.<br />
Hoje os browsers (programas <strong>de</strong> navegação) incluem comandos<br />
para realização do FTP, tornando a transferência <strong>de</strong> arquivos<br />
(“download”) mais fácil para o usuário.<br />
Conexão com a Internet<br />
As duas principais formas <strong>de</strong> acesso<br />
Acesso <strong>de</strong>dicado: É um acesso direto utilizado por empresas,<br />
provedores <strong>de</strong> acesso, universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s públicas. Essa<br />
conexão permite uma transmissão muito rápi<strong>da</strong> <strong>de</strong> informações<br />
16 SINOPSE DE UROLOGIA - ANO 1 - Nº 2 - 1997
e acesso 24 horas por dia a vários usuários. Exige um número <strong>de</strong><br />
linhas <strong>de</strong>dica<strong>da</strong>s e equipamentos sofisticados, elevando <strong>de</strong>ste<br />
modo, o custo operacional.<br />
Acesso via provedor: Existem inúmeras empresas provedoras<br />
<strong>de</strong> acesso à Internet. Geralmente é feita uma assinatura mensal<br />
<strong>de</strong> acesso, com direito a um certo número <strong>de</strong> horas no período.<br />
Essas empresas fornecem os programas, sua configuração e as<br />
rotinas <strong>de</strong> instalação.<br />
O acesso via provedor utiliza dois protocolos <strong>de</strong> comunicação<br />
por linha telefônica serial: protocolo SLIP (Serial Line<br />
Internet Protocol) e o protocolo PPP (Point to Point Protocol),<br />
mais novo, rápido e livre <strong>de</strong> erros.<br />
Esses dois protocolos permitem utilizar qualquer software<br />
<strong>de</strong> mercado, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que este aten<strong>da</strong> às configurações do seu provedor.<br />
A maioria dos provedores fornece os programas necessários<br />
para o acesso à Internet. Basicamente são três tipos <strong>de</strong> programa:<br />
- Programa <strong>de</strong> conexão: efetua a discagem para o provedor e<br />
transfere a informação entre o seu computador e a Internet.<br />
Entre eles temos o Trumpet Winsock, Camaleon e a “re<strong>de</strong> dialup”<br />
do Windows 95;<br />
- Programa <strong>de</strong> E-mail: man<strong>da</strong> e recebe os correios eletrônicos.<br />
Entre eles o mais comum é o Eudora, temos também o<br />
Microsoft Exchange e o Netscape Mail;<br />
- Programa <strong>de</strong> consulta (“Browser”): explora e visualiza as informações<br />
<strong>da</strong> Internet. Entre ele temos o Netscape Navigator,<br />
Internet Explorer, Mosaic, entre outros.<br />
Equipamento necessário<br />
A gran<strong>de</strong> maioria dos microcomputadores do mercado po<strong>de</strong>m<br />
ser usados para acesso à Internet, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que tenham um<br />
mo<strong>de</strong>m.<br />
Mo<strong>de</strong>m (Modulador / DEModulador) é um equipamento que<br />
tem duas funções:<br />
- Converter informações binárias do micro em sinais analógicos<br />
a serem transmitidos através <strong>de</strong> linhas telefônicas;<br />
- Converter <strong>de</strong> volta os sinais analógicos <strong>de</strong> uma linha telefônica<br />
em <strong>da</strong>dos binários.<br />
Hoje, mais frequentemente, é usa<strong>da</strong> uma placa interna ao<br />
micro, conheci<strong>da</strong> como Placa Fax-Mo<strong>de</strong>m, que tem como funções<br />
o recebimento e envio <strong>de</strong> fax, assim como a transmissão e<br />
recepção <strong>de</strong> mensagens via mo<strong>de</strong>m. A veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> transmissão<br />
<strong>da</strong>s informações varia <strong>de</strong> acordo com o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> placa e<br />
Internet para o urologista<br />
hoje a mais comum é a <strong>de</strong> 28.800 (“bauds per second “).<br />
Recomen<strong>da</strong>-se atualmente, no ambiente padrão IBM-compatíveis,<br />
um microcomputador Pentium 100 mhz ou superior com<br />
pelo menos 16 MB <strong>de</strong> memória RAM e mo<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 33.600 bps.<br />
Quem a administra (financia)?<br />
Nenhuma organização é dona ou controla a Internet. Não<br />
existe regulamentação governamental e ninguém censura a informação.<br />
Não existem taxas pelo recebimento ou envio <strong>de</strong> informações<br />
a longa distância. Quando uma informação é envia<strong>da</strong>, as<br />
organizações pelas quais esta passa é que pagam para operar e<br />
manter a parte <strong>de</strong>les na Internet, tornando possível assim, evitarse<br />
taxas <strong>de</strong> longa distância.<br />
Governos, agências governamentais, universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, companhias<br />
e indivíduos disponibilizam informações grátis na Internet,<br />
com as mais varia<strong>da</strong>s finali<strong>da</strong><strong>de</strong>s: educação, propagan<strong>da</strong> etc.<br />
World Wi<strong>de</strong> Web<br />
O World Wi<strong>de</strong> Web, WWW, ou simplesmente Web é um dos<br />
serviços disponíveis na Internet que torna o processo <strong>de</strong> procura<br />
<strong>de</strong> informações rápido, po<strong>de</strong>roso e intuitivo. Utiliza uma interface<br />
gráfica interativa que facilita a busca e consulta <strong>de</strong> informações.<br />
A Web nasceu em 1991 no laboratório CERN, na Suíça, cria<strong>da</strong><br />
por Tim Berners-Lee. Surgiu como uma linguagem para<br />
interligação <strong>de</strong> computadores <strong>de</strong> seu laboratório com equipamentos<br />
<strong>de</strong> outros órgãos <strong>de</strong> pesquisa, apresentando documentos<br />
científicos <strong>de</strong> forma simples.<br />
No início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1990, inúmeras enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s já se apresentavam<br />
na Internet, produzindo documentos (“pages”) com<br />
suas informações. O que <strong>de</strong>terminou o crescimento do WWW<br />
foi a criação <strong>de</strong> um programa chamado NCSA Mosaic, pela universi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Illinois, que permitia o acesso à Web num ambiente<br />
gráfico, tipo Windows. Antes do Mosaic só era possível exibir<br />
textos na Web.<br />
O WWW é baseado numa tecnologia chama<strong>da</strong> <strong>de</strong> “hipertexto”,<br />
na qual o acesso às informações é feito <strong>de</strong> forma não linear,<br />
criando-se conexões entre diferentes partes <strong>da</strong>s informações e<br />
relacionando-as <strong>de</strong> forma ilimita<strong>da</strong>. No mundo do hipertexto, as<br />
informações são organiza<strong>da</strong>s em relação a outras informações.<br />
A partir <strong>de</strong> palavras-chave (“hotwords”) são estabeleci<strong>da</strong>s relações<br />
entre temas distintos, mas que tenham parte em comum.As<br />
relações entre partes diferentes <strong>de</strong> informações são frequentemente<br />
mais valiosas do que as próprias partes. Essas ligações<br />
(“links”) po<strong>de</strong>m ocorrer entre diferentes computadores, em bancos<br />
<strong>de</strong> <strong>da</strong>dos diferentes e nos mais diversos pontos geográficos<br />
SINOPSE DE UROLOGIA - ANO 1 - Nº 2 - 1997 17
<strong>da</strong> re<strong>de</strong>, em todo o mundo. Daí a noção <strong>de</strong> teia do WWW.<br />
Hoje, na Web os documentos são apresentados em páginas<br />
(“pages “) que po<strong>de</strong>m conter texto, figuras, gráficos, sons, ví<strong>de</strong>os,<br />
animações e “links”com outras páginas, ampliando o conceito<br />
<strong>de</strong> hipertexto para hipermídia.<br />
Assim, to<strong>da</strong> a estrutura <strong>da</strong> Web se baseia na apresentação <strong>de</strong><br />
documentos em que há palavras-chave <strong>de</strong> interligação com outros<br />
documentos, <strong>de</strong> forma ca<strong>da</strong> vez mais completa e sofistica<strong>da</strong>.<br />
To<strong>da</strong>s as “páginas” <strong>de</strong> uma mesma instituição (universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<br />
órgãos <strong>de</strong> governo, enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa, empresas priva<strong>da</strong>s)<br />
estão reuni<strong>da</strong>s em locais <strong>de</strong>nominados “sites”.<br />
Essa forma <strong>de</strong> consulta é chama<strong>da</strong> “navegação”. Um usuário<br />
“navega” através dos “sites”, os quais contêm “pages” e<br />
“links” para outras “pages” em outros “sites”.<br />
Estes são os principais recursos <strong>da</strong> Internet, existem muitos<br />
outros.<br />
A Internet <strong>de</strong> hoje, segundo Bill Gates em seu livro “A Estra<strong>da</strong><br />
do Futuro”, na<strong>da</strong> mais é que uma precursora <strong>da</strong> “superestra<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> informação”.<br />
“... A estra<strong>da</strong> <strong>da</strong> informação nos pemitirá ter maior controle<br />
sobre nossos horários, po<strong>de</strong>remos fazer a nossa programação <strong>de</strong><br />
televisão, escolher qual filme queremos assistir, sem necessitar<br />
do vi<strong>de</strong>ocassete. Todos os sistemas estarão integrados em re<strong>de</strong>,<br />
oferecendo aplicativos, jogos, correio eletrônico e seviços bancários<br />
em casa. A estra<strong>da</strong> vai existir por causa <strong>de</strong> uma confluência<br />
<strong>de</strong> avanços tecnológicos, tanto nas comunicações como nos<br />
computadores. Fornecerá uma combinação <strong>de</strong> informação, serviços<br />
educacionais, entretenimento, compras e comunicação individual...”<br />
Atualmente muitas <strong>de</strong>ssas novas facili<strong>da</strong><strong>de</strong>s já estão começando<br />
a aparecer, como o vi<strong>de</strong>o on <strong>de</strong>mand <strong>da</strong> Direct-TV, mas<br />
ain<strong>da</strong> falta infra-estrutura <strong>de</strong> comunicação, como cabos, fibras<br />
ópticas, servidores <strong>de</strong> alta veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> e plataformas <strong>de</strong> software<br />
(tudo muito caro ain<strong>da</strong>).<br />
Quando os sistemas <strong>de</strong> comunicação especializa<strong>da</strong> (linhas<br />
telefônicas e cabos <strong>de</strong> televisão) convergirem, <strong>de</strong> forma generaliza<strong>da</strong>,<br />
para um aparelho <strong>de</strong> informação digital único, a estra<strong>da</strong><br />
terá chegado.<br />
É esperar para ver. O futuro não está tão longe quanto parece...<br />
“Sites” urológicos e <strong>de</strong> interesse geral<br />
Universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
- Unifesp-<strong>Escola</strong> <strong>Paulista</strong> <strong>de</strong> <strong>Medicina</strong>: http://www.epm.br<br />
- Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Medicina</strong> <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo: http://<br />
Internet para o urologista<br />
www.usp.br/medicina/<br />
- Urology Home Page (Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Toronto):<br />
http://bro<strong>de</strong>l.med.utoronto.ca/UROL/UROLgeneralintro.html<br />
Instituições<br />
- Associação <strong>Paulista</strong> <strong>de</strong> <strong>Medicina</strong>: http://www.apm.org.br<br />
- Instituto Nacional <strong>de</strong> Câncer: http://www.ibase.br/~incancer<br />
- World Health Organization: http://www.who.ch<br />
- National Institutes of Health (NIH): http://www.nih.gov/<br />
- Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> <strong>Urologia</strong>: http://www.sbu.com.br<br />
- SBU secção <strong>de</strong> Santa Catarina: http://www.melim.com.br/sbusc<br />
- Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Brasileira para o Progresso <strong>da</strong> Ciência (SBPC):<br />
http://www.ciencia.org.br/<br />
Bibliotecas<br />
- Biblioteca Regional <strong>de</strong> <strong>Medicina</strong> (Bireme):<br />
http://www.bireme.br<br />
- National Library of Medicine (disponibiliza o “Free Medline”):<br />
http://www.nlm.nih.gov/<br />
Centros médicos virtuais<br />
- Virtual Hospital: http://www.indy.radiology.uiowa.edu/<br />
VirtualHospital.html<br />
- Virtual Medical Center: http://www-sci.lib.uci.edu/HSG/<br />
Medical.html<br />
- Virtual Library - biociences and medicine: http://www.ohsu.edu/<br />
cliniweb/wwwvl/]<br />
Recursos médicos<br />
- Medical Matrix: http://www.medmatrix.org/<br />
- Martin<strong>da</strong>le´s Health Science Gui<strong>de</strong>:<br />
http://www-sci.lib.uci.edu/HSG/HSGui<strong>de</strong>.html<br />
- Tra<strong>de</strong> Wave Corporation:<br />
http://galaxy.tra<strong>de</strong>wave.com/galaxy/Medicine.html<br />
Ferramentas <strong>de</strong> pesquisa e busca no WWW<br />
- Lycos: http://www.lycos.com<br />
- Infoseek: http://www.infoseek.com<br />
- Yahoo!: http://www.yahoo.com<br />
- Hotbot: http://www.hotbot.com<br />
- Altavista: http://www.altavista.digital.com<br />
- Cadê? (em português): http://www.ca<strong>de</strong>.com.br<br />
- Metasearch (cinco em um): http://metasearch.com/<br />
18 SINOPSE DE UROLOGIA - ANO 1 - Nº 2 - 1997
Pesquisa bibliográfica<br />
- HealthGate - Free MEDLINE http://www.healthgate.com/<br />
HealthGate/MEDLINE/search-advanced.shtml<br />
- National Library of Medicine- FreeMedline:<br />
http://www.nlm.nih.gov/<strong>da</strong>tabases/freemedl.htm<br />
- Paper Chase: http://enterprise.bih.harvard.edu:80/paperchase/<br />
- Silverplatter: http://www.silverplatter.com/physicians/<br />
Câncer <strong>de</strong> próstata<br />
- Basic and Clinical Aspects of Prostate Cancer:<br />
http://www.secapl.com/prostate/top.html<br />
Nesse site existem links para: Capcure, The Prostate Cancer<br />
Infolink, Oncolink Cancer Listsever, The Prostatis Foun<strong>da</strong>tion,<br />
Patient Experiences with prostate cancer therapies, The<br />
University of Pennsylvania Multimedia Oncology Resource,<br />
Prostate Cancer General Info, Living Through Prostate Surgery,<br />
The University of Michigan Cancer Center Homepage, Medinfo<br />
- NCI Cancer- Net, artigos <strong>de</strong> revisão e newsgroups.<br />
Cistite intersticial<br />
http://www.niddk.nih.gov/interstitialcystitis/interstitialcystitis.html<br />
Home pages <strong>de</strong> urologistas<br />
- Urology Home Page - Página do Márcio:<br />
http:www.geocities.com/paris/2111/<br />
É uma página muito rica <strong>de</strong> links, informações e dicas.<br />
- Marcelo A. <strong>de</strong> Cresci Paraguassu:<br />
http://www.linkway.com.br/encontro/paraguassu/<br />
- Giannis Zoumpos:<br />
http//platon.ee.duth.gr/~intermed/infobase/zoumpos.htm<br />
Página interessante, cheia <strong>de</strong> links urológicos (universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<br />
fellowships etc.).<br />
E-mails <strong>de</strong> urologistas<br />
- http://www.geocities.com/athens/5835/alfa.htm<br />
Jornais eletrônicos e revistas<br />
- <strong>Urologia</strong> Online: http://www.epm.br/cirurgia/uronline/in<strong>de</strong>x.htm<br />
- Medscape - Urology: http://www5.medscape.com/Home/Topics/<br />
Internet para o urologista<br />
urology/urology.mhtml<br />
- <strong>Urologia</strong> Contemporânea: http://www.urologiacontemp.com/<br />
- UroNews: http://www.uronews.org.br<br />
- JBU Home Page: http://www.web-look.com/jbu/<br />
- Urology Online (alemão):http:www.uro.<strong>de</strong>/<br />
Congressos<br />
- XXVI Congresso Brasileiro <strong>de</strong> <strong>Urologia</strong>:<br />
http://www.sbucon.com.br/pcient.htm<br />
Glossário Internet resumido<br />
- Anonymous FTP - processo <strong>de</strong> “logging in” e transferência <strong>de</strong><br />
arquivos <strong>de</strong> servidores ftp, permitindo a qualquer usuário na<br />
Internet <strong>da</strong>r “download” em arquivos. Há milhares <strong>de</strong> servidores<br />
ftp anonymous na Internet. Conecte-se como anonymous e<br />
use seu en<strong>de</strong>reço eletrônico como senha.<br />
- ARPAnet - ancestral <strong>da</strong> Internet, re<strong>de</strong> <strong>de</strong> computadores militares<br />
e pesquisa, <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> nos anos 70 pela ARPA (Advanced<br />
Research Projects Agency), uma agência do Departamento <strong>de</strong><br />
Defesa dos EUA.<br />
- Attachment - método <strong>de</strong> enviar arquivos binários através do<br />
correio eletrônico (e-mail) na Internet.<br />
- Backbone - espinha dorsal <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>s re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comunicação<br />
na Internet. A parte <strong>da</strong> Internet que liga as re<strong>de</strong>s nacionais entre<br />
si e com as re<strong>de</strong>s internacionais.<br />
- Browser- “Paginador” - uma ferramenta utiliza<strong>da</strong> para visualizar<br />
hipertextos. São exemplos o Netscape, o Mosaic e o<br />
Internet Explorer.<br />
- DNS - “Domain Name Server”- uma base <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos distribuí<strong>da</strong><br />
usa<strong>da</strong> pelos computadores <strong>da</strong> Internet para fazer a versão<br />
dos nomes <strong>de</strong> domínio para o en<strong>de</strong>reço IP e vice-versa.<br />
Domain Name - um nome único, composto dos nomes do computador,<br />
re<strong>de</strong>, instituição, tipo (edu, com, gov....) e país (br, uk,<br />
jp...) do qual o computador é parte, separado por pontos. Os<br />
computadores norte-americanos não usam a sigla do país, pois<br />
quando a Internet começou não havia o resto do mundo.<br />
- E-mail - Eletronic Mail - sistema <strong>de</strong> envio e recebimento <strong>de</strong><br />
mensagens off-line que permite a transferência <strong>de</strong> texto ou <strong>de</strong><br />
mensagens mais complexas através <strong>da</strong> Internet e <strong>de</strong> outros sistemas.<br />
SINOPSE DE UROLOGIA - ANO 1 - Nº 2 - 1997 19
- FAQ - “Frequently Asked Questions”- arquivos com uma<br />
lista <strong>de</strong> in<strong>da</strong>gações e respostas feitas a uma lista <strong>de</strong> discussão<br />
ou “ Newsgroups”.<br />
- File Type - antes <strong>de</strong> transferir um arquivo pelo ftp, o tipo <strong>de</strong><br />
arquivo <strong>de</strong>ve ser especificado como ASCII ou Binário. A transferência<br />
<strong>de</strong> arquivo ASCII é mais rápi<strong>da</strong>, porém só permite<br />
arquivos que contenham caracteres. Programas e arquivos comprimidos<br />
<strong>de</strong>vem ser transferidos como arquivos binários, sendo<br />
o processo <strong>de</strong> transferência mais lento. Entretanto, o arquivo<br />
transferido é uma cópia exata do arquivo original.<br />
- Finger - programa para localizar usuários e suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
nos computadores ligados à Internet.<br />
- FTP - File Transfer Protocol - um protocolo para transferir<br />
arquivos <strong>de</strong> um computador para outro na Internet.<br />
- Hipermídia - documento em hipertexto que incorpora textos,<br />
gráficos, sons, imagens e animações.<br />
- Hipertexto - documento estruturado que permite leitura, seleciona<strong>da</strong>,<br />
através <strong>de</strong> conexões (“links”) para outros documentos.<br />
- Host (Servidor) - um computador ligado à Internet é chamado<br />
<strong>de</strong> “host”.<br />
- HTML - Hypertext Markup Language - linguagem <strong>de</strong> marcação<br />
utiliza<strong>da</strong> em hipertextos, especifica a estrutura e função<br />
dos documentos transmitidos via WWW. Entre outras funções<br />
permite a criação <strong>de</strong> conexões hipertexto, tabelas, inserir gráficos<br />
e outros elementos interativos.<br />
- HTTP - Hypertext Transmission Protocol - usado pelos servidores<br />
e clientes WWW para comunicação e transferência <strong>de</strong><br />
pedidos e documentos.<br />
- IP - Internet Protocol - protocolo para comunicação <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos<br />
na Internet.<br />
- IP address - a “quadra com pontos”, um número único composto<br />
<strong>de</strong> quatro números (ca<strong>da</strong> um na faixa <strong>de</strong> 0-255) usados<br />
para i<strong>de</strong>ntificar os servidores na Internet.<br />
- IRC - Internet Relay Chat - bate-papo ao vivo, sem censura,<br />
sem assunto <strong>de</strong>finido que une <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> pessoas simultaneamente<br />
em diversas partes do mundo, como se estivessem numa<br />
sala. Em geral a pessoa escolhe o “canal” <strong>de</strong> um assunto <strong>de</strong><br />
interesse: extraterrestres, religião, política, tanto faz. As conversas<br />
são coisas <strong>de</strong> lunáticos. A linguagem oficial é o inglês<br />
<strong>da</strong> pior quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Internet para o urologista<br />
- LAN - Local Area Network - uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> computadores, com<br />
distribuição geográfica restrita, que utiliza protocolos do tipo<br />
Ethernet, Token-Ring e ARCnet para a comunicação entre suas<br />
máquinas.<br />
- Listserver - um programa usado para distribuição <strong>de</strong> correspondências<br />
para Listas <strong>de</strong> Discussão.<br />
- Mailing List - Listas <strong>de</strong> Discussão - método <strong>de</strong> comunicação<br />
<strong>da</strong> Internet para pessoas com interesses comuns. Todos os inscritos<br />
<strong>de</strong> uma lista recebem mensagens coloca<strong>da</strong>s na lista via<br />
correio eletrônico. Algumas listas são mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s e somente<br />
correspondências seleciona<strong>da</strong>s são envia<strong>da</strong>s aos inscritos.<br />
- MIME - Multiporpose Internet Mail Extensions - <strong>de</strong>finido<br />
nas especificações e <strong>de</strong>scrições do formato <strong>de</strong> corpo <strong>de</strong> mensagens<br />
Internet, permite o transporte <strong>de</strong> mensagens formata<strong>da</strong>s<br />
incluindo caracteres acentuados, imagens etc.<br />
- Mo<strong>de</strong>rator (Mo<strong>de</strong>rador) - “proprietário” <strong>de</strong> uma lista <strong>de</strong> discussão,<br />
filtra as mensagens antes <strong>de</strong> distribuir para os inscritos.<br />
- Netiquette - regras para um comportamento apropriado na<br />
Internet, mais especificamente para enviar mensagens para o<br />
“News Groups”. Por exemplo, leia to<strong>da</strong>s as mensagens <strong>da</strong> lista<br />
pelo menos uma semana antes <strong>de</strong> colocar uma questão sobre<br />
o assunto.<br />
- Netscape - interface gráfica para paginar (“browser”) o WWW.<br />
- NSFnet - o segmento <strong>da</strong> Internet <strong>de</strong>senvolvido nos anos 80<br />
sob o patrocínio <strong>da</strong> National Science Foun<strong>da</strong>tion.<br />
- Ping - programa para verificação <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um servidor<br />
específico. Informa também se o servidor específico está “vivo”,<br />
bem como a rota utiliza<strong>da</strong> pelos pacotes para atingir aquele<br />
servidor.<br />
- PPP – Point to Point Protocol - protocolo <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong><br />
PCs à Internet através <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> comunicação serial (telefone).<br />
- SLIP - Serial Line Internet Protocol - um protocolo que permite<br />
a conexão <strong>de</strong> um PC à Internet através <strong>de</strong> uma linha serial<br />
(telefone).<br />
- Smilie - método para expressar sentimentos em mensagens<br />
basea<strong>da</strong>s em texto, incline sua cabeça à esquer<strong>da</strong> para ler:<br />
:-) estou feliz, é brinca<strong>de</strong>ira, gostei;<br />
:-( estou triste, não gostei.<br />
20 SINOPSE DE UROLOGIA - ANO 1 - Nº 2 - 1997
- TCP - Transmission Control Protocol - protocolo <strong>de</strong> transmissão<br />
<strong>de</strong> <strong>da</strong>dos na Internet.<br />
- Telnet - protocolo para “login” remoto na Internet. O computador<br />
cliente ro<strong>da</strong> um programa que emula um terminal conectado<br />
ao servidor através <strong>da</strong> Internet.<br />
- URL - Unified Resource Locator - padrão utilizado para i<strong>de</strong>ntificar<br />
informações na Internet <strong>de</strong> acordo com o serviço requerido<br />
para acessar o recurso, a localização (host) e o arquivo ou<br />
nome do item.<br />
Internet para o urologista<br />
- Usenet news group - método <strong>de</strong> comunicação na Internet. Sistema<br />
distribuído <strong>de</strong> artigos e mensagens (News), no qual os<br />
inscritos usam um programa especial que recupera as últimas<br />
mensagens envia<strong>da</strong>s. Há milhares <strong>de</strong> “news groups” focalizando<br />
inúmeros assuntos.<br />
- WWW (3W) World Wi<strong>de</strong> Web - “Teia <strong>de</strong> Alcance Mundial” ou<br />
simplesmente Web, sistema <strong>de</strong> servidores baseados no protocolo<br />
HTTP para transmissão <strong>de</strong> documentos em formato <strong>de</strong><br />
hipertexto e conexão aos recursos <strong>da</strong> Internet.<br />
SINOPSE DE UROLOGIA - ANO 1 - Nº 2 - 1997 21
� Estudos epi<strong>de</strong>miológicos avaliaram a relação entre a<br />
incidência do câncer <strong>da</strong> próstata e o exercício físico.<br />
Foram selecionados 17 trabalhos que estu<strong>da</strong>ram o nível<br />
<strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física medido pelo tempo dispendido<br />
em práticas esportivas, lazer e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> profissional.<br />
Apesar <strong>da</strong>s limitações metodológicas <strong>da</strong> maioria dos<br />
estudos, observou-se que em nove <strong>de</strong>les o exercício físico<br />
diminui o risco <strong>de</strong> câncer <strong>da</strong> próstata. Outros cinco<br />
estudos não mostraram diferenças com o grupo-controle<br />
e em três, observou-se aumento <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> câncer<br />
<strong>da</strong> próstata com o exercício físico.<br />
Sports Med, 23:271-78, 1997.<br />
�<br />
�<br />
Encontra-se em an<strong>da</strong>mento nos EUA, o chamado The<br />
Prostate Cancer Prevention Trial (PCPT) um estudo randomizado,<br />
placebo controlado, com 18 mil homens acima<br />
<strong>de</strong> 55 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>, tomando 5 mg <strong>de</strong> finasteri<strong>da</strong><br />
diariamente ou placebo. O estudo foi planejado para<br />
terminar após sete anos, quando todos os participantes<br />
serão submetidos à biópsia prostática. A questão é saber<br />
se a finasteri<strong>da</strong> tem efeito profilático para reduzir a<br />
incidência do câncer <strong>da</strong> próstata.<br />
Semin Urol Oncol, 14(suppl 2): 4-10, 1996.<br />
Estudo multicêntrico realizado por clínicas <strong>de</strong>rmatológicas<br />
nos EUA avaliou o efeito do selênio na dieta para<br />
prevenção <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> pele. Um total <strong>de</strong> 1312 pacientes,<br />
com i<strong>da</strong><strong>de</strong> média <strong>de</strong> 63 anos, foram divididos em<br />
Bibliografia Urológica<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
dois grupos para receber 200 microgramas <strong>de</strong> selênio<br />
ao dia ou placebo. Após oito anos, constatou-se que o<br />
selênio não teve efeito protetor contra o câncer <strong>de</strong> pele,<br />
mas mostrou uma diminuição na incidência <strong>de</strong> câncer<br />
<strong>da</strong> próstata, pulmão e colorretal.<br />
Jama, 276(24): 1957-63, Dec 1996.<br />
As on<strong>da</strong>s <strong>de</strong> choque causam proliferação <strong>de</strong> células mesangiais<br />
glomerulares e a formação <strong>de</strong> anticorpos antimembrana<br />
basal glomerular. Efeito protetor contra essas<br />
lesões foi observado experimentalmente com <strong>de</strong>rmatan<br />
sulfato, um glicosaminoglicano. Por outro lado, outros<br />
estudos experimentais <strong>de</strong>monstraram efeito protetor <strong>da</strong><br />
função tubular com verapamil, um bloqueador <strong>de</strong> canal<br />
<strong>de</strong> cálcio.<br />
Urology, 49:145-50, 1997.<br />
A análise histológica e imunoistoquímica <strong>da</strong> bexiga <strong>de</strong><br />
fetos com obstrução infravesical revelou que o aumento<br />
<strong>da</strong> espessura <strong>da</strong> pare<strong>de</strong> vesical não se <strong>de</strong>ve apenas à hipertrofia<br />
e hiperplasia muscular. Todos os tecidos contribuem<br />
igualmente para espessar a pare<strong>de</strong> vesical mantendo<br />
constante suas proporções. Logo, a bexiga fetal<br />
obstruí<strong>da</strong> não apresenta <strong>de</strong>posição aumenta<strong>da</strong> <strong>de</strong> colágeno.<br />
Um melhor conhecimento do mecanismo <strong>de</strong> regulação<br />
<strong>da</strong> <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção do tecido colágeno fetal po<strong>de</strong>rá trazer gran<strong>de</strong>s<br />
avanços no tratamento <strong>de</strong>ssas obstruções.<br />
Urology, 49:104-8, 1997.<br />
22 SINOPSE DE UROLOGIA - ANO 1 - Nº 2 - 1997<br />
�<br />
�