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lhado com o cineasta anteriormente em O Senhor da<br />

Guerra (1965). Com um nome forte encabeçando o elenco<br />

e com um diretor já anexado, Jacobus precisava provar<br />

para a Fox – o único estúdio que se interessou, capitaneado<br />

pelo então jovem Richard Zanuck – que era possível<br />

transportar aquela história de forma não risível. A<br />

maquiagem dos macacos era uma preocupação e um<br />

teste foi realizado, com participação de Heston, interpretando<br />

ao lado de seu antigo parceiro de Os Dez Mandamentos<br />

(1956) Edward G. Robinson, irreconhecível como<br />

o Dr. Zaius. A gravação, embora crua, foi o suficiente<br />

para o sinal verde para as filmagens e o resto, como dizem,<br />

é história do cinema.<br />

Na trama, assinada por Michael Wilson e Rod<br />

Serling, acompanhamos a trajetória de três astronautas<br />

que estão a milhares de anos-luz da Terra de acordo com<br />

os cálculos de sua nave espacial. Taylor (Charlton Heston),<br />

Landon (Robert Gunner) e Dodge (Jeff Burton) sobrevivem<br />

à missão, lançada em 1972 em seu planeta<br />

natal, chegando aquele local em 3978. A paisagem desértica<br />

e a topografia irregular sugerem que estão em um<br />

local desabitado. Logo, no entanto, eles encontram figuras<br />

semelhantes aos humanos, mas mais primitivas, vestindo<br />

roupas de peles de animais e não se comunicando<br />

com palavras. Taylor acredita estar em um local em que<br />

facilmente conseguirá dominar. Mal ele sabia que os<br />

seres que mandam no planeta chegariam logo, montados<br />

em cavalos, caçando aqueles humanoides – e os astronautas.<br />

Para sua surpresa, seus caçadores são símios<br />

falantes, inteligentes. Nesse “manicômio”, como Taylor<br />

define, os macacos estão no poder e os humanos são os<br />

subjugados. Em sua cela, sem poder falar por conta de<br />

um ferimento na garganta, o astronauta tenta explicar<br />

com gestos e com sua escrita que não é como os outros.<br />

Isso chama a atenção dos cientistas Zira (Kim Hunter) e<br />

Cornelius (Roddy McDowall), que há tempos fazem experiências<br />

com humanos na esperança de provar alguma<br />

inteligência naqueles seres primitivos. Quem não gosta<br />

nada dessa novidade é o orangotango Dr. Zaius (Maurice<br />

Evans), que vê nessa heresia de seus subalternos uma<br />

ameaça ao status quo da sociedade símia. Quando Taylor<br />

consegue finalmente falar, provando que não é limitado<br />

como seus iguais, o conflito entre os macacos e o astronauta<br />

aumenta.<br />

Embora tenha muitas diferenças em relação ao<br />

seu material original, O Planeta dos Macacos mantém a<br />

ideia dos escritos de Pierre Boulle no que tange a superioridade<br />

do intelecto dos símios no futuro. Curiosamente,<br />

o escritor havia imaginado um ambiente muito parecido<br />

com o nosso planeta Terra da época, urbano, e o roteirista<br />

Rod Serling concebeu uma sociedade avançada para<br />

seus personagens, mostrando os macacos ultrapassando<br />

as invenções humanas. Uma ideia ótima, mas de difícil<br />

produção em 1968. Isso requereria um orçamento muito<br />

maior, algo que a Fox não arriscaria. Por isso, Michael<br />

Wilson foi convidado para dar uma polida no roteiro. O<br />

profissional, um dos tantos que estavam na lista negra de<br />

Hollywood, autor de roteiros clássicos como A Felicidade<br />

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