REVISTA AUTOMOTIVO - EDIÇÃO 136 - JANEIRO DE 2019
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ARTIGOAnderson Aoca<br />
Novo olhar sobre a<br />
Transformação Digital<br />
e o setor<br />
automotivo<br />
(parte 2)<br />
Anderson Aoca<br />
Arquiteto de Soluções da Engineering do Brasil –<br />
subsidiária da multinacional italiana fornecedora<br />
de soluções e serviços de TI. Mais informações em<br />
br.engineering. Perguntas relativas ao assunto podem<br />
ser encaminhadas ao e-mail:<br />
consultores@revistaautomotivo.com.br<br />
E<br />
m continuação à edição anterior, o foco nesse artigo<br />
será o pilar de Digital Operation, tratando especificamente<br />
das operações fabris através da Indústria 4.0.<br />
Para explicar, cito os nove pilares da Indústria 4.0 para<br />
executar a transformação digital dentro das fábricas:<br />
• Robótica avançada com aplicação de robôs autônomos e colaborativos;<br />
• Simulação de plantas e processos;<br />
• Integração de sistemas falando de integração vertical e horizontal;<br />
• Internet das coisas, o famoso iOT e, no caso da indústria o iiOT<br />
(Industrial Internet of Things);<br />
• Ciber Security, que a é a segurança que delineia tudo isso, que<br />
cerca e protege toda essa troca de informações,<br />
• Computação em Nuvem;<br />
• Manufatura aditiva mais conhecida como impressão 3D;<br />
• Realidade aumentada;<br />
• Sistemas baseados em Big Data e Analytics.<br />
Vamos focar em um dos pilares da Indústria 4.0,<br />
o pilar Integração de sistemas.<br />
Esse pilar trata da Integração vertical e horizontal do sistema.<br />
Quando falamos em integração vertical, devemos ter em mente<br />
a disponibilidade da informação desde o chão de fábrica até as<br />
camadas mais altas onde são tomadas as decisões de negócio, por<br />
exemplo, os ERPs (Enterprise Resource Planning) ou sistemas de BI<br />
(Business Inteligence). Já a Integração horizontal trata da integração<br />
da cadeia produtiva como um todo, não focando simplesmente na<br />
fábrica, mas na cadeia completa. Isso significa informação disponível<br />
desde o cliente externo até a sua cadeia de suprimentos, passando<br />
pelo processo fabril e sistemas smart grid para balancear o consumo<br />
de energia, alinhado à demanda do mercado, que vai ditar o ritmo de<br />
adequação da cadeia produtiva. O objetivo final é: a cadeia produtiva<br />
ser orientada à demanda de mercado adequando o ritmo trabalho de<br />
todos os seus componentes conforme necessário.<br />
Por exemplo, havendo um aumento de demanda do mercado,<br />
adequa-se o ritmo da cadeia produtiva para atender a essa demanda.<br />
O mesmo ocorre, no sentido inverso, se houver redução da demanda<br />
de mercado.<br />
Podemos dizer que o pilar de integração de sistemas é um dos mais<br />
importantes dentro do conceito de indústria 4.0, pois é através dele<br />
que os dados coletados no chão de fábrica podem ser transformados<br />
em informação e trafegados até as camadas mais altas dos sistemas<br />
corporativos permitindo que o negócio seja transformado.<br />
Apesar da indústria automotiva ter um nível de automação de sistemas<br />
altíssimo, percebemos que um dos maiores gaps está exatamente<br />
no pilar de integração. O volume de dados gerados no chão de fábrica é<br />
enorme e o volume de informação gerada a partir destes dados é ainda<br />
maior. Porém o nível de integração é muitas vezes baixo. Se olharmos<br />
para as camadas de controle de processos e monitoramento e supervisão,<br />
por exemplo, vemos gaps importantes como falta de gerenciamento<br />
de eventos e alarmes, ausência de histórico de falhas, carência de<br />
ferramentas robustas para análise de causas raiz de paradas ou eventos<br />
indesejáveis como, por exemplo, incongruências físico-lógicas. Uma<br />
incongruência físico-lógica acontece quando a informação do sistema<br />
lógico não representa a realidade física de uma linha, podendo causar<br />
paradas, atrasos, erros de sequenciamento e outros problemas maiores<br />
dentro da linha produtiva. A Transformação Digital através da Indústria<br />
4.0 caminha no sentido da descentralização do controle, exigindo sistemas<br />
capazes de tomar decisões ou fornecer informações precisas em<br />
camadas cada vez mais próximas do chão de fábrica, por exemplo, na<br />
camada de controle de processos ou mesmo na camada de instrumentação<br />
e coleta de dados, para que os operadores possam tomar decisões<br />
rápidas e assertivas ou, através da aplicação de Machine Learning e<br />
Inteligência Artificial, permitir que o próprio sistema tome a decisão.<br />
Nesse conceito de descentralização é essencial o compartilhamento<br />
de informações entre os vários sistemas, utilizando o que<br />
chamamos de Digital Integration, permitindo também a descentralização<br />
das análises de dados, enriquecendo os sistemas de camadas<br />
mais baixas, já citados anteriormente, com ferramentas de análises<br />
mais apuradas, rápidas e precisas.<br />
Mas antes de aplicarmos tecnologias mais avançadas ou direcionar<br />
estudos para outros pilares da indústria 4.0 devemos avaliar os<br />
sistemas atuais com foco no tratamento de dados e integração, pois<br />
ganhos substanciais virão dessa análise. Uma informação errada ou<br />
de má qualidade é muito pior do que a falta de informação. É preciso<br />
olhar o chão de fábrica de forma diferente, pois existe muita tecnologia<br />
aplicada, mas nem sempre utilizada em toda a sua capacidade. Trocar<br />
a tecnologia pode não ser a única solução. O principal gap encontrado<br />
nas indústrias, e a indústria automotiva não é exceção, ainda continua<br />
sendo a integração dos sistemas e a geração de informação de forma<br />
clara e precisa para a tomada de decisões e ações de forma ágil e<br />
assertiva. Antes de atacar todos os pilares da indústria 4.0 precisamos<br />
pensar primeiramente nesse pilar. Concorda?<br />
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