Revista Foco 2

Entrevista
pessoas que ajudam todo mês, não
chega a um salário mínimo.
E o município? Ele contribui de
alguma forma?
Fornece professores e demais
funcionários. Assim como o Estado
também.
E a Diocese está com alguma
ajuda permanente ao projeto?
Não. Hoje a Diocese não está
contribuindo. Só na época do Dom
Abel que não faltava nada. Dom
Eduardo cortou totalmente e o novo
bispo, Dom Francisco, quando chegou
o contrato já estava cancelado.
Ele encontrou a Diocese numa situação
difícil, mas ele já esteve por
aqui, gosta do trabalho, já almoçou
com a gente, celebrou aqui. Nós gostamos
muito dele.
Como a senhora descreve sua relação
com Campo Maior?
Eu não posso me queixar. Eu
acho assim, nosso povo nordestino
tem medo de partilhar, abrir a mão e
“Nosso povo tem tão
pouco que tem medo
de partilhar e faltar
amanhã.
”
doar, mas porque tem medo de faltar
pra ele, ele sabe o que é passar fome.
Não é que o povo não seja generoso,
mas tem as razões dele. O brasileiro
ganha pouco, trabalha hoje mas não
sabe se terá emprego amanhã. Tem
a questão dos empresários que poderiam
doar mais, e não doam. Mas na
questão do tratamento eu não posso
me queixar. Tenho título de cidadania
de Campo Maior, Medalha do
Jenipapo, Mérito Renascença. Então
sou reconhecida.
Como a senhora acredita que a
educação pode contribuir para
reduzir a violência?
Qualquer país que quer avançar,
prioriza a educação. Não existe desenvolvimento
sem educação. Mas
ela está tomando um rumo esquisito.
A violência está dentro das escolas,
porque dentro das escolas chegou
a droga. É bom lembrarmos que o
combate a violência também depende
da família. Muitas vezes vejo aqui
mesmo caso de mães que nem precisam
deixar os filhos aqui, e querem
colocar para se ver livre dos próprios
filhos algumas horas. A criança precisa
do amor e da presença da mãe e
do pai. Muitas vezes a criança passa
o dia longe da mãe, e quando chega a
noite em casa, ela chora, os pais cansados
do trabalho ao invés de irem
brincar, entregam o celular e pronto.
Esse vínculo perdido influencia no
tipo de adulto que as crianças vão se
tornar. A mãe as vezes se sente culpada
porque não deu atenção, e deixa
a criança fazer o que quer. Tudo isso
leva a gente para um caminho ruim.
Penitenciária de Campo Maior é uma
das referências em segurança pública
Com mais de um ano de inauguração
a Penitenciária Regional
José de Arimatéia Barbosa
Leite, em Campo Maior, não
registrou nenhuma fuga ou entrada
de material ilícito. A penitenciária é
referência em procedimento de segurança
tendo estrutura para garantir a
manutenção e a disciplina que exige
o sistema prisional.
Em 2017 o sistema carcerário
do Piauí foi reforçado com a inauguração
da penitenciária que ajudou o
estado superar a marca de 400 vagas
abertas pela Secretaria de Justiça no
intervalo de dois anos.
A obra possui módulo de vistoria,
guaritas, módulo administrativo,
cozinha, consultório odontológico,
médico e psicológico. O presídio
também conta com celas individuais
e setor de triagem para recebimento
de presos, um módulo educacional e
um módulo de visita íntima, brinquedoteca,
parlatório, área de inclusão
além de atender às novas normas da
arquitetura penal, possuindo revestimento
de concreto armado.
Para o diretor da unidade, o
agente penitenciário campomaiorense,
Hermogem Paz, o bom funcionamento
da unidade é fruto de um
trabalho que concilia segurança e
humanização. “Nossa unidade possui
procedimento diferenciado de
Diretor do Presídio, Hermogem Paz
disciplina e atende todas as regras
que dizem respeito às assistências,
como educação, saúde e família”, informou
Ȧ abertura da unidade prisional
contribuiu para a diminuição
do déficit de vagas e reforçou a estrutura
prisional da região norte do
estado.
Módulo Educacional
Revista Foco | 07