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GAZETA DIARIO 785

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Foz do Iguaçu, terça-feira, 29 de janeiro de 2019<br />

SAÚDE<br />

Cidade<br />

07<br />

Plano de tratamento para dependentes<br />

químicos deve ser apresentado hoje<br />

Justiça Federal impôs prazo para que prefeitura cumpra convênio pactuado em 2014 e que<br />

até hoje não foi devidamente executado no município<br />

Bruno Soares<br />

Reportagem<br />

Vence nesta terça-feira<br />

(29) o prazo para que a Prefeitura<br />

de Foz do Iguaçu<br />

apresente um plano de contratação<br />

de entidades especializadas<br />

no tratamento de<br />

jovens e adultos dependentes<br />

químicos.<br />

A determinação partiu<br />

da Justiça Federal em resposta<br />

à ação ajuizada pelo<br />

Ministério Público Federal<br />

(MPF) em novembro de<br />

2017. A iniciativa, assinada<br />

pela procuradora Daniela<br />

Sitta, foi tomada à época<br />

para obrigar o poder público<br />

local a viabilizar a instalação<br />

de duas unidades de acolhimento<br />

para dependentes<br />

químicos de crack e outras<br />

drogas. A medida foi resultado<br />

de um inquérito instaurado<br />

ainda em 2014, durante<br />

a gestão do ex-prefeito<br />

Reni Pereira (PSB), após o<br />

credenciamento do município<br />

ao programa federal Crack<br />

é Possível Vencer, até hoje<br />

não devidamente implementado<br />

na cidade.<br />

Para demonstrar que a<br />

ação não se limitou apenas<br />

à gestão do ex-prefeito, o<br />

MPF destacou que a atual<br />

administração teve de devolver<br />

recursos ao governo federal<br />

por não apresentar projetos<br />

para captação dos valores.<br />

"A postura de descaso<br />

com a Rede de Atenção<br />

Psicossocial também é demonstrada<br />

pelo fato de que<br />

o Município teve de devolver<br />

ao Ministério da Saúde<br />

recursos destinados para o<br />

investimento em dois<br />

CAPs, porque deixou de realizar<br />

as licitações em tempo<br />

hábil, conforme "ilustram"<br />

os seguintes documentos",<br />

comprovou o MPF<br />

ao anexar à ação um memorando<br />

feito pela Secretaria<br />

de Obras, datado de 26<br />

de junho de 2017, que demonstra<br />

a inoperância do<br />

poder público.<br />

Acionada pela reportagem<br />

do jornal Gazeta Diário<br />

na manhã de ontem<br />

(28), a chefe da Divisão de<br />

Saúde Mental de Foz do<br />

Iguaçu, Guaraci Lopes, informou<br />

não ter condição de<br />

compartilhar a documentação<br />

que deverá ser apresentada<br />

hoje à Justiça Federal,<br />

conforme previsto em sentença<br />

publicada em outubro<br />

de 2018.<br />

"Não posso compartilhar<br />

porque não está pronto. Recebi<br />

parte da documentação<br />

na última sexta-feira e hoje<br />

preciso revisar. Nesta terça<br />

apresento todo o material<br />

para ser analisado pela secretária<br />

de Saúde e pelo prefeito.<br />

Antes disso não posso<br />

divulgar nada", pontuou a<br />

Foto: Kiko Sierich/arquivo<br />

Prefeitura estima que existam cerca de 200 pessoas<br />

em situação de rua em Foz, parte delas com<br />

problemas crônicos com álcool e outras drogas<br />

responsável pela demanda,<br />

ao garantir que o prazo judicial<br />

será cumprido.<br />

Sem apresentar valores<br />

ou mais detalhes, Guaraci<br />

afirmou que a prefeitura<br />

pretende contratar duas<br />

entidades para viabilizar o<br />

acolhimento público de jovens<br />

e adultos dependentes<br />

químicos. "O de adultos deverá<br />

ficar com a Sagrada<br />

Família, e o infantojuvenil<br />

com a Associação Fraternidade<br />

Aliança. Os imóveis<br />

estão selecionados, e pretendemos<br />

dar início à execução<br />

dos serviços entre<br />

março e abril", informou.<br />

Antes de abrir as portas<br />

para a população que necessita<br />

do atendimento, caberá<br />

à prefeitura promover<br />

a adequação dos dois imóveis<br />

selecionados conforme<br />

os critérios de acessibilidade<br />

previstos em lei, além<br />

capacitar servidores e adquirir<br />

a mobília para o devido<br />

funcionamento dos<br />

equipamentos. "Temos de<br />

conseguir fazer tudo até o<br />

mês de abril porque não<br />

temos mais tempo. Todo<br />

esse processo demorou<br />

muito e agora precisa ser<br />

viabilizado", completou a<br />

responsável.<br />

Atendimento atual<br />

Atualmente pessoas com problemas de<br />

drogadição são atendidas no Caps AD do<br />

bairro Yolanda. A reportagem visitou a<br />

unidade na manhã de ontem e observou o<br />

prédio em boas condições, se comparado<br />

ao período em que a ação movida pelo<br />

MPF fora ajuizada. Entretanto a falta de<br />

estrutura devida para o tratamento ainda<br />

impera aos atendidos. "A equipe aqui é<br />

muito boa. A moça da limpeza trabalha<br />

muito bem, melhorou bastante o cuidado,<br />

mas falta muito para ficar bom. Não<br />

temos estrutura que garanta um serviço<br />

melhor. O pessoal aqui faz o que pode",<br />

opinou CVR, 48 anos, há três assistida pelo<br />

Caps AD.<br />

Dependente de álcool e cocaína, a mulher<br />

reclama da falta de atividades<br />

profissionalizantes do local. "Eu gosto de<br />

vir aqui pela convivência, pelo vínculo que<br />

tenho com as pessoas. Ajuda muito, mas<br />

gostaria que houvesse um trabalho que<br />

desse algum norte para gente, que<br />

ajudasse a conseguir um trabalho.<br />

Ninguém é dependente químico porque<br />

quer. É fundamental vir aqui para me<br />

manter bem, e acredito que tudo possa<br />

melhorar muito se houver mais atenção<br />

das autoridades", defendeu a usuária do<br />

serviço.<br />

De acordo com a Divisão de Saúde Mental<br />

de Foz, a população em situação de rua<br />

que vive na cidade gira em torno de 200<br />

pessoas, parte delas com problemas<br />

crônicos com álcool e outras drogas. Até o<br />

momento a Secretaria de Saúde não<br />

concluiu o estudo que indicará quantas<br />

dessas pessoas precisarão de<br />

atendimento nos equipamentos previstos<br />

para serem abertos até abril próximo.

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