RCIA - ED. 165 - ABRIL 2019
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IGNÁCIO LOYOLA BRANDÃO<br />
Ele é araraquarense<br />
E vem agraciando a nossa gente<br />
Com sua literatura surpreendente<br />
Ficou conhecido internacionalmente<br />
No jornalismo, na tradução<br />
Nos contos ou no teatro<br />
Ignácio de Loyola Brandão<br />
Tornou-se o nosso astro<br />
HOMENAGEM DO LICEU<br />
Ignácio de Loyola sempre<br />
lembrado pelas crianças do<br />
Liceu Monteiro Lobato<br />
Indicação para o escritor<br />
araraquarense assumir a<br />
cadeira n° 11 da Academia<br />
Brasileira de Letras, faz<br />
transbordar de alegria os<br />
diversos segmentos da<br />
comunidade.<br />
Da mesma forma que a euforia<br />
tocou a sensibilidade do escritor<br />
Ignácio de Loyola Brandão, indicado<br />
em março para assumir a cadeira n°<br />
11 da Academia Brasileira de Letras,<br />
os alunos do Liceu Monteiro Lobato<br />
comemoraram e recordaram a oportunidade<br />
que tiveram de conhecer<br />
suas obras três anos atrás, em concurso<br />
literário organizado pela escola.<br />
Ao saber então que o seu trabalho<br />
seria tema do concurso, Loyola<br />
Brandão enviou uma carta de agradecimento,<br />
transformando essa<br />
gratidão em uma missiva até hoje<br />
guardada com carinho pelas crianças<br />
do Liceu. Podemos dizer que o<br />
trabalho escolar dos alunos, três anos<br />
depois, simboliza o eterno reconhecimento<br />
ao seu sucesso.<br />
Para a escola não há outra forma<br />
de homenagear Loyola a não ser tornar<br />
pública uma missiva que faz parte<br />
da nossa história.<br />
Amigos do Liceu Monteiro Lobato.<br />
Este ano que caminha para o final me<br />
trouxe um mundo de alegrias.<br />
Recebi o Prêmio Machado de Assis da<br />
Academia Brasileira de Letras, o maior<br />
do Brasil.<br />
Publiquei um novo livro de crônicas –<br />
que será lançado aqui em Araraquara na<br />
terça-feira, dia 25.<br />
Vou inaugurar na segunda-feira, aqui<br />
em Araraquara, uma biblioteca com meu<br />
nome no Instituto Federal de Educação,<br />
Ciência e Tecnologia de São Paulo –<br />
Campus de Araraquara.<br />
Querem coisa melhor para um escritor?<br />
Ter o nome ligado a uma biblioteca?<br />
Quando achei que já tinha acabado tudo,<br />
soube que aqui no Liceu Monteiro Lobato<br />
vocês leram, estudaram, trabalharam<br />
em cima de textos meus.<br />
Ou seja, lembraram-se de mim.<br />
Aí eu disse: não precisa de mais nada.<br />
O que vocês fizeram sabem o que significa?<br />
A vida. A minha vida.<br />
O escritor pode morrer.<br />
E vai morrer, claro, ninguém dura pra<br />
sempre. E Deus me livre de viver 500<br />
anos e olharem pra mim dizendo: olha<br />
aí um dinossauro do século XXI.<br />
Talvez não saibam que o que vai me<br />
conferir vida para sempre são os meus<br />
livros.<br />
Estarei sempre vivo para cada leitor<br />
que abrir uma página minha. Vocês<br />
Já fez crônicas, romances<br />
E se destacou na literatura infanto-juvenil<br />
Não é a toa que é conhecido<br />
Como um dos maiores autores do Brasil<br />
Já falou da coxinha<br />
De amor e de futebol<br />
Mas a sua maior paixão<br />
É a nossa querida Morada do Sol<br />
Verônica Bonazi Perez / Aluna do Liceu<br />
2016 - 4° ano B / <strong>2019</strong> - 7° ano A<br />
hoje, amanhã, vocês à medida que se<br />
desenvolverem e continuarem me lendo,<br />
transmitindo essa leitura a filhos e netos,<br />
vocês estarão me mantendo vivo.<br />
Fiquei bem contente ao saber que passaram<br />
um tempo mergulhado nas coisas<br />
que criei, inventei, copiei da vida, lembrei<br />
de minha vida. Transformaram-se em<br />
amigos, passaram a participar de minha<br />
existência, são confidentes, cúmplices.<br />
Quero dizer mais. Formei minha cabeça<br />
lendo Monteiro Lobato. Eu era pobre e<br />
tinha um amigo, cujo nome lembro até<br />
hoje, Sérgio Foz, que me emprestou toda<br />
a coleção, livro a livro.<br />
Aprendi com Lobato, com Narizinho,<br />
com Emília, com Pedro, dona Benta, tia<br />
Anastácia e todo aquele mundo a ser<br />
livre na literatura. A usar a fantasia, o<br />
delírio, a loucura, o humor, a ironia, a<br />
sátira para criar e olhar a vida e o mundo.<br />
Amei Narizinho e nem imaginam o<br />
que fiz com ela naquele sítio que foi no<br />
fundo do meu quintal, no interior do meu<br />
quarto, na varanda, assim como é para<br />
vocês.<br />
Tudo o que posso dizer, amigos do<br />
Liceu Monteiro Lobato, é que a literatura<br />
não me fez rico, mas me fez feliz, vivi e<br />
vivo como quero. Aos 80 anos sou um<br />
homem sempre recomeçando com projetos,<br />
ideias, livros e personagens loucos<br />
para saírem da cabeça. E com vocês e<br />
com os que me leem estarei vivo para<br />
sempre.<br />
Dizer o que? Obrigado, nada mais.<br />
Ignácio de Loyola Brandão<br />
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