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Revista FDR 1 para impressão (mod 12-12) (1)

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02<br />

Por uma consciência negra em novembro e nos demais meses!<br />

Experiência sociológica no <strong>FDR</strong><br />

Sara Alves da Costa¹<br />

No Brasil, o racismo está presente nas relações<br />

sociais desde o processo de colonização e perpassa<br />

em toda nossa história, invisibilizando identidades,<br />

causando exclusão socioeconômica e genocídio dos<br />

povos indígenas e negros. Infelizmente, apesar da<br />

abolição da escravatura, nunca houve superação<br />

efetiva da exclusão de negros(as) que foram relegados<br />

a uma sociedade discriminatória, sem que tivessem<br />

suporte <strong>para</strong> se estabelecerem (SILVA, 2007). Dessa<br />

forma, <strong>para</strong> se promover a equidade étnico-racial é<br />

necessário o combate do racismo em todos os espaços<br />

sociais, inclusive na escola.<br />

Foi com muita luta que os movimentos sociais<br />

negros conquistaram a Lei 10.639/2003, que determina<br />

a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afrobrasileira<br />

e africana em todas as disciplinas da<br />

Educação Básica. Essa lei tem como objetivo central a<br />

desconstrução da herança racista e a valorização das<br />

diferentes etnias que formaram a nação. Para tanto,<br />

Gomes (2005) destaca que é necessário rever os<br />

projetos políticos pedagógicos, os currículos escolares<br />

e as práticas de ensino, visando o empoderamento da identidade de estudantes negros(as) no espaço<br />

escolar, contrariando assim, o legado eurocêntrico ainda persistente na educação.<br />

Conforme Freire (1996), <strong>para</strong> se promover a igualdade, é preciso que as escolas tenham uma ação<br />

educativa que desfaça e refaça mentalidades. No que diz respeito à educação <strong>para</strong> as relações étnicoraciais<br />

e a equidade, as escolas precisam se comprometer não apenas no mês de novembro, mas em todo o<br />

ano letivo. Deste <strong>mod</strong>o, em 2015, desenvolvemos na EEEM Professor Fernando Duarte Rabelo o “Projeto<br />

Sankofa: desconstruindo o racismo e denegrindo a escola”.<br />

Promovemos esse projeto na disciplina de Sociologia, em<br />

conjunto com os estudantes do 3º ano do ensino médio , com<br />

a colaboração dos(as) universitários(as) bolsistas do<br />

PIBID/CSO.<br />

O título “Projeto Sankofa: desconstruindo o racismo e<br />

denegrindo a escola”, pode parecer, à primeira vista, um tanto<br />

<strong>para</strong>doxal. De fato, sua escolha se deu com o propósito de<br />

instigar a curiosidade e até mesmo o desconforto de quem o<br />

ouve e/ou ler. A aluna que o propôs deu a seguinte<br />

justificativa: “Sankofa é um símbolo de origem africana que<br />

mistura o presente e o passado, trazendo transformações. Já<br />

o slogan, usando o termo ressignificado “denegrir”, tem como<br />

objetivo a essencialidade de tornar negro o espaço escolar”.<br />

Tal justificativa nos sensibilizou, pois apresentava uma<br />

tentativa de suplantar o uso pejorativo da expressão denegrir<br />

e trazia consigo a demanda de enegrecer o espaço escolar<br />

historicamente embranquecido.<br />

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Humanidades pelo Instituto de Ensino do Espírito Santo, Bacharel e Licenciada em<br />

Ciências Sociais pela Universidade Federal do Espírito Santo. Atua como professora de Sociologia <strong>para</strong> o ensino médio e como supervisora do<br />

Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - Pibid/Ciências Sociais/UFES.<br />

Cientistas negros que você deveria conhecer<br />

1. Milton Santos, geógrafo<br />

Milton Almeida dos Santos, mais conhecido como Milton Santos, foi um geógrafo<br />

brasileiro nascido em 3 de maio de 1926 em Brotas de Macaúbas, Bahia. Iniciou a<br />

faculdade de direito na Universidade Federal da Bahia aos 18 anos de idade. Milton<br />

sempre foi muito ativo na política. Após se formar em direito fez concurso <strong>para</strong><br />

professor catedrático no colégio municipal de ilhéus e em 1958 concluiu um<br />

doutorado em geografia na universidade de Strasbourg na França. Em 1963, o<br />

governador da Bahia o nomeou presidente da comissão de planejamento<br />

econômico.<br />

Enquanto exerceu o cargo tratou de temas de política econômica e planejamento<br />

regional, a partir de uma perspectiva cientifica. Em 1964 foi preso em decorrência<br />

do golpe militar. Após sair do Brasil foi <strong>para</strong> França aonde viveu até 1971. Recebeu o<br />

título de Doutor Honoris Causa na universidade Toulouse-Le-Mirail, o primeiro dos<br />

20 que recebeu ao longo da vida. Após deixar a França trabalhou em diversos<br />

países como Canadá, Estados Unidos e Venezuela. Enquanto vivia na Venezuela<br />

foi contratado pela Faculdade de Engenharia de Lima <strong>para</strong> elaborar um trabalho<br />

sobre pobreza urbana na América latina. Quando retornou ao Brasil em 1977 tinha<br />

um papel muito grande nas mudanças estruturais do ensino e pesquisa da<br />

geografia no Brasil. Em 1978 iniciou carreira na USP e posteriormente na UFRJ. Ao voltar <strong>para</strong> São Paulo tornou-se<br />

professor de geografia da USP. Milton foi o primeiro nativo de um pais de terceiro mundo a receber o prêmio Vatrin Lud.<br />

Escreveu diversos livros como ''O espaço dividido'' e ''A natureza do espaço'' Morreu em São Paulo no dia 24 de junho<br />

de 2001 aos 75 anos.<br />

Citação famosa: ''Existem apenas duas classes sociais, a dos que não comem e as do que não dormem com medo<br />

da revolução dos que não dormem''<br />

Grupo: Rafael Moraes, Amanda Tabosa, Thays Oliveira, Larissa Oliveira e Martha<br />

2. Sônia Guimarães, professora do ITA<br />

Sônia Guimarães é uma das poucas cientistas negras do Brasil. Quando criança,<br />

era a segunda melhor aluna da sala e adorava matemática. No primário, ficou entre<br />

as cinco melhores da classe. Estudava de tarde, mas quem se destacava tinha a<br />

chance de ir <strong>para</strong> a turma da manhã. Sonia não foi porque foi preterida pela filha de<br />

uma das funcionárias, que havia pleiteado a vaga. “Quem tiraram? A pretinha. Eu<br />

me senti depreciada por isso”, lembra ela. A hoje professora de Física no Instituto<br />

Tecnológico da Aeronáutica(ITA), uma das instituições de ensino mais<br />

conceituadas e concorridas do país, lembra que essa não foi a única passagem de<br />

racismo que a marcou em sua vida. Mas, apesar da torcida contra, conseguiu o<br />

primeiro título de doutorado em física concedido a uma mulher negra brasileira.<br />

Ela possui muitas graduações na área da ciencia, dente elas: Licenciatura Ciências<br />

- Duração Plena pela Universidade Federal de São Carlos (1979), mestrado em<br />

Física Aplicada pelo Instituto de Física e Química de São Carlos - Universidade de<br />

São Paulo (1983) e doutorado (PhD) em Materiais Eletrônicos - The University Of<br />

Manchester Institute Of Science And Technology (1989). Atualmente é professora<br />

adjunto do Instituto Tecnológico da Aeronáutica ITA e Gerente do Projeto de<br />

Sensores de Radiação Infravermelha - SINFRA, do Instituto Aeronáutica e Espaço - IAE, do Comando-Geral de<br />

Tecnologia Aeroespacial CTA. Tornou-se também voluntária ensinando inglês <strong>para</strong> que outros jovens negros realizem<br />

seus sonhos de uma formação no exterior.<br />

Frase: "Necessitamos de mais mulheres negras em posição de destaque acadêmico. Não adianta ser a única. Se<br />

formos muitas e em várias posições hierárquicas, isso vai melhorar"<br />

Grupo: Guilherme Thompson, Talita Loureiro, Leticia Medici, Carla Gonçalves, Maria Eduarda França<br />

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