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Folha <strong>FDR</strong> - Edição 01 - Agosto 2013<br />
ATITUDE <strong>FDR</strong><br />
EDIÇÃO Nº01/ 2017- CEEMTI “PROFESSOR FERNANDO DUARTE RABELO”<br />
ISABELLE<br />
SANTANA<br />
Aluna do 2M3 fala de<br />
superação e autoestima<br />
BALANÇO CULTURAL<br />
CEEMTI PROF. FERNANDO<br />
DUARTE RABELO<br />
SÓ DESCONTRAÇÃO...<br />
Conheça as produções<br />
incríveis dos alunos <strong>FDR</strong>:<br />
poesias, contos, músicas,<br />
parodias e teatro.<br />
ATITUDE <strong>FDR</strong><br />
Ano 1 - Nº - Dez/2017<br />
Distribuição Gratuita<br />
Prof. Orientador<br />
Adenilson Mendes dos Santos<br />
Articuladora do ProEMI<br />
Regina Maura de Oliveira Babilon<br />
Diretor<br />
José Paulo de Andrade Gomes Lopes<br />
Capa<br />
Iris Rodrigues de Menezes - Turma 1M1<br />
Diagramação e Edição<br />
William Keffer<br />
Impressão<br />
DIGRÁFICA & EDITORA ME<br />
Praça Cristóvão Jacques, 260 Praia de Santa Helena, Vitória/ES. CEP: 29.055-070.<br />
Tel/Fax: (27) 3235-9269. E-mail: escoladuarterabelo@sedu.es.gov.br<br />
ENTREVISTA COM SUELY BISPO E PALESTRA COM LULA ROCHA<br />
A cor da pele está no DNA. Não somos mais<br />
negros ou brancos. Somos todos mestiços. O único<br />
problema é que o ser humano só vai entender isso,<br />
quando for perceptível ao olhar.<br />
Jefferson Camargo<br />
04
<strong>FDR</strong>Consciente e<br />
conscientizando
CONSCIÊNCIA NEGRA<br />
Ser negro é refletir sobre a posição<br />
na sociedade,<br />
Que em uma época era sofrida de<br />
escravidão,<br />
Em um tempo onde não havia<br />
igualdade,<br />
Onde os negros sofriam<br />
discriminação!<br />
Zumbi, um homem guerreiro, porém<br />
negro!<br />
Lutou contra a desigualdade de<br />
classes,<br />
Em uma geração de diferença de<br />
egos.<br />
O sentimento de discriminação por<br />
cor,<br />
Foi um sentimento de muita tristeza!<br />
O negro não tem culpa de ser<br />
diferente,<br />
Afinal, foi uma diferença feita pela<br />
natureza!<br />
Apesar de um tempo, os negros<br />
foram ganhando espaço!<br />
Mas ainda não tinham direito a<br />
algumas <strong>mod</strong>alidades,<br />
Essa exclusão foi aos poucos se<br />
diluindo,<br />
Hoje o negro tem um pequeno<br />
espaço na sociedade!<br />
Jonata 1m1<br />
HELENA<br />
"A nossa cor não pode ser julgada,<br />
É parte de quem somos<br />
Apenas peço que não aja de<br />
mente fechada,<br />
Isso é agir de uma forma<br />
retardada.<br />
Agora não vem me dizer<br />
Que você não vê nada<br />
Enquanto você fecha os olhos,<br />
Uma negra no Brasil está sendo<br />
humilhada.<br />
Todo dia o racismo mata,<br />
Precisamos conscientizar, negro<br />
nunca foi pedaço de lata.<br />
Isso um dia vai acabar, porque o<br />
negro, do seu preconceito daqui<br />
pra frente não vai precisar.<br />
Preta linda! Negra plena!<br />
Seu nome? Uma guerreira<br />
chamada Helena,<br />
Que por ser negra, nunca precisou<br />
de sua pena".<br />
Isaque S. de Almeida 1M1<br />
PROVADORES DE VERDADES<br />
Oxalá traz provadores de verdades<br />
Vim provar todas as dores pra<br />
cuspir em liberdade<br />
Sarandê ê... ô... quilombo chega de<br />
dor<br />
Me dê forças e sabedoria seu São<br />
Benedito do amor<br />
Zumbi liderou sem pudor, sem<br />
rancor e assim libertou nossa raça<br />
Quanto mais passa o tempo mais o<br />
tempo passa a nos fazer mudar<br />
Hoje o negro que tu cortas nas<br />
costas, amanhã passa nas cotas e<br />
começa a advogar<br />
Não me gabo a Zacimba gaba mas<br />
me sinto preso em algum lugar<br />
Mentes negreiras, navios pensantes<br />
Palavras afiadas, chicotes<br />
murmurantes<br />
Palavras são <strong>para</strong>digmas, <strong>para</strong><br />
dignos, não pagam dízimos, pagam<br />
dividas<br />
Divida seus conceitos de vida, <strong>para</strong><br />
tu somos pagãos, mas <strong>para</strong> nós ,<br />
somos todos irmãos<br />
Consciência negra é amar,<br />
consciência negra é abraçar<br />
Consciência negra é se conhecer e<br />
acima de tudo RESPEITAR.<br />
João Emílio Damaceno 1m1<br />
A Educação das Relações Étnico-raciais e Afrodescendência nas escolas, é parte<br />
obrigatória do currículo, defendida pela lei nº 10.639/03. Dada a sua importância, faz-se<br />
necessário que todos os educadores das escolas públicas e privadas tenham total<br />
conhecimento da seriedade desta lei. Ela se insere em um processo de luta pela<br />
superação do racismo na sociedade brasileira, da qual o Movimento Negro e muitos<br />
outros grupos entram em um campo de batalha antirracista e em defesa de uma<br />
sociedade homogênea no que tange às questões das diferenças étnicos-raciais. Assim,<br />
ATITUDE <strong>FDR</strong> entra em ação, não apenas <strong>para</strong> cumprir uma lei, mas <strong>para</strong> defender<br />
ações positivas que contribuam <strong>para</strong> o fim dessas desigualdades.<br />
A revista é um projeto do professor de História Adenilson Mendes dos Santos,<br />
juntamente com os professores da área de Ciências Humanas da CEEMTI “Professor<br />
Fernando Duarte Rabelo”, abraçado por outras áreas de conhecimento. A orientação<br />
coube a todos que se propuseram a contribuir com o projeto, a quem agradecemos<br />
imensamente. A coordenação ficou por conta dos professores de Humanas: Adenilson<br />
Mendes dos Santos, Samira de Souza Sanches, Vanderleia Loss Pugnal, Fernando<br />
Fiorotti Poltronieri, Rodrigo Brito Silva Bonjardim, Carla Wstane de Souza Moreira,<br />
Roberto Márcio da Silveira, Romulo Benedito Pereira, Amanda Kessia Gonçalves Pires,<br />
Rosângela Ribeiro dos Santos que, além de representarem suas turmas nas produções,<br />
estiveram na coordenação geral.<br />
Os trabalhos publicados foram produzidos pelos alunos, mas a revista está<br />
enriquecida com textos e entrevistas, dentre os quais, destacamos o texto da professora<br />
de Sociologia, Sara Alves da Costa, a entrevista com a atriz Suely Bispo, textos de Lula<br />
Rocha e Pastor Cláudio da Chaga Soares, além de uma apresentação ao leitor da<br />
belíssima aluna Isabelle Santana. Além desses nomes, merecem destaque o professor<br />
de Física, João Carlos da Conceição, a professora de Biologia Jéssica Aflavio dos Santos,<br />
os professores de Língua Portuguesa Alana Rúbia Stein Rocha, Anailda Fachetti, Fabíola<br />
Campos Garone, Vangevaldo Cardoso dos Santos, Andrea Tenório, Regina Maura de<br />
Oliveira Babilon, Sileyr dos Santos Ribeiro e a professora de Artes, Daniela Barbato<br />
Siqueira.<br />
Neste ano, a revista abordou o tema “Consciência Negra” que faz referência ao<br />
dia 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos<br />
Palmares, em 1695. A revista tem como tema “ATITUDE <strong>FDR</strong>” porque pretende abordar<br />
outras temáticas nos próximos anos e contribuir <strong>para</strong> dar notoriedade àqueles que,<br />
durante muito tempo, não tiveram vez e nem voz, e ainda sofrem as mazelas de uma<br />
sociedade que heroiciza os que são privilegiados e colocam no anonimato os menos<br />
favorecidos.<br />
Agradecimentos especiais ao Diretor José Paulo de Andrade Gomes Lopes pelo<br />
apoio e incentivo dado, e ao prof. William Keffer que, mesmo não fazendo parte do grupo<br />
de professores do <strong>FDR</strong> neste ano de 2017, voluntariamente, diagramou e editou a revista.<br />
Negra! Não sou escura nem morena<br />
Eu sou Negra!<br />
Antes era mais uma na fazenda,<br />
Mas nem por isso mereço sua pena.<br />
Minha pele negra é mais que uma cor,<br />
Ela é raça, luta e sabor!<br />
Costumava ser símbolo de tristeza e dor,<br />
Mas hoje, junto com outras raças,<br />
represento o amor.<br />
Negra! Não sou clara nem bombom,<br />
Negra pele, negro som<br />
Filha de um povo sangue bom!<br />
Respeito é o que peço,<br />
Igualdade é o que busco,<br />
Fazer do mundo um lugar mais puro!<br />
Ariaydner 1m1<br />
Saudade define o que sinto de casa, além<br />
da senzala, a lembrança me leva<br />
a raiz da minha terra, linda morena !<br />
Me encanta em meio a relva !<br />
Vamos fugir de volta a nossa terra<br />
O feitor já não pode nos alcançar,<br />
Agora só a guarda pode nos pegar !<br />
Oh! minha morena, não chores por favor!<br />
Não chores por uma terra que só te<br />
magoou,<br />
há um quilombo não muito longe daqui !<br />
Lá, nosso povo resiste a isso que nos foi<br />
imposto aqui !<br />
Zumbi lidera Palmares com grande coragem<br />
abriga aos fugidos e acolhe com irmandade<br />
vamos comigo minha amada lutar por<br />
liberdade !<br />
Thaynara 1m1<br />
36<br />
01
02<br />
Por uma consciência negra em novembro e nos demais meses!<br />
Experiência sociológica no <strong>FDR</strong><br />
Sara Alves da Costa¹<br />
No Brasil, o racismo está presente nas relações<br />
sociais desde o processo de colonização e perpassa<br />
em toda nossa história, invisibilizando identidades,<br />
causando exclusão socioeconômica e genocídio dos<br />
povos indígenas e negros. Infelizmente, apesar da<br />
abolição da escravatura, nunca houve superação<br />
efetiva da exclusão de negros(as) que foram relegados<br />
a uma sociedade discriminatória, sem que tivessem<br />
suporte <strong>para</strong> se estabelecerem (SILVA, 2007). Dessa<br />
forma, <strong>para</strong> se promover a equidade étnico-racial é<br />
necessário o combate do racismo em todos os espaços<br />
sociais, inclusive na escola.<br />
Foi com muita luta que os movimentos sociais<br />
negros conquistaram a Lei 10.639/2003, que determina<br />
a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afrobrasileira<br />
e africana em todas as disciplinas da<br />
Educação Básica. Essa lei tem como objetivo central a<br />
desconstrução da herança racista e a valorização das<br />
diferentes etnias que formaram a nação. Para tanto,<br />
Gomes (2005) destaca que é necessário rever os<br />
projetos políticos pedagógicos, os currículos escolares<br />
e as práticas de ensino, visando o empoderamento da identidade de estudantes negros(as) no espaço<br />
escolar, contrariando assim, o legado eurocêntrico ainda persistente na educação.<br />
Conforme Freire (1996), <strong>para</strong> se promover a igualdade, é preciso que as escolas tenham uma ação<br />
educativa que desfaça e refaça mentalidades. No que diz respeito à educação <strong>para</strong> as relações étnicoraciais<br />
e a equidade, as escolas precisam se comprometer não apenas no mês de novembro, mas em todo o<br />
ano letivo. Deste <strong>mod</strong>o, em 2015, desenvolvemos na EEEM Professor Fernando Duarte Rabelo o “Projeto<br />
Sankofa: desconstruindo o racismo e denegrindo a escola”.<br />
Promovemos esse projeto na disciplina de Sociologia, em<br />
conjunto com os estudantes do 3º ano do ensino médio , com<br />
a colaboração dos(as) universitários(as) bolsistas do<br />
PIBID/CSO.<br />
O título “Projeto Sankofa: desconstruindo o racismo e<br />
denegrindo a escola”, pode parecer, à primeira vista, um tanto<br />
<strong>para</strong>doxal. De fato, sua escolha se deu com o propósito de<br />
instigar a curiosidade e até mesmo o desconforto de quem o<br />
ouve e/ou ler. A aluna que o propôs deu a seguinte<br />
justificativa: “Sankofa é um símbolo de origem africana que<br />
mistura o presente e o passado, trazendo transformações. Já<br />
o slogan, usando o termo ressignificado “denegrir”, tem como<br />
objetivo a essencialidade de tornar negro o espaço escolar”.<br />
Tal justificativa nos sensibilizou, pois apresentava uma<br />
tentativa de suplantar o uso pejorativo da expressão denegrir<br />
e trazia consigo a demanda de enegrecer o espaço escolar<br />
historicamente embranquecido.<br />
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Humanidades pelo Instituto de Ensino do Espírito Santo, Bacharel e Licenciada em<br />
Ciências Sociais pela Universidade Federal do Espírito Santo. Atua como professora de Sociologia <strong>para</strong> o ensino médio e como supervisora do<br />
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - Pibid/Ciências Sociais/UFES.<br />
Cientistas negros que você deveria conhecer<br />
1. Milton Santos, geógrafo<br />
Milton Almeida dos Santos, mais conhecido como Milton Santos, foi um geógrafo<br />
brasileiro nascido em 3 de maio de 1926 em Brotas de Macaúbas, Bahia. Iniciou a<br />
faculdade de direito na Universidade Federal da Bahia aos 18 anos de idade. Milton<br />
sempre foi muito ativo na política. Após se formar em direito fez concurso <strong>para</strong><br />
professor catedrático no colégio municipal de ilhéus e em 1958 concluiu um<br />
doutorado em geografia na universidade de Strasbourg na França. Em 1963, o<br />
governador da Bahia o nomeou presidente da comissão de planejamento<br />
econômico.<br />
Enquanto exerceu o cargo tratou de temas de política econômica e planejamento<br />
regional, a partir de uma perspectiva cientifica. Em 1964 foi preso em decorrência<br />
do golpe militar. Após sair do Brasil foi <strong>para</strong> França aonde viveu até 1971. Recebeu o<br />
título de Doutor Honoris Causa na universidade Toulouse-Le-Mirail, o primeiro dos<br />
20 que recebeu ao longo da vida. Após deixar a França trabalhou em diversos<br />
países como Canadá, Estados Unidos e Venezuela. Enquanto vivia na Venezuela<br />
foi contratado pela Faculdade de Engenharia de Lima <strong>para</strong> elaborar um trabalho<br />
sobre pobreza urbana na América latina. Quando retornou ao Brasil em 1977 tinha<br />
um papel muito grande nas mudanças estruturais do ensino e pesquisa da<br />
geografia no Brasil. Em 1978 iniciou carreira na USP e posteriormente na UFRJ. Ao voltar <strong>para</strong> São Paulo tornou-se<br />
professor de geografia da USP. Milton foi o primeiro nativo de um pais de terceiro mundo a receber o prêmio Vatrin Lud.<br />
Escreveu diversos livros como ''O espaço dividido'' e ''A natureza do espaço'' Morreu em São Paulo no dia 24 de junho<br />
de 2001 aos 75 anos.<br />
Citação famosa: ''Existem apenas duas classes sociais, a dos que não comem e as do que não dormem com medo<br />
da revolução dos que não dormem''<br />
Grupo: Rafael Moraes, Amanda Tabosa, Thays Oliveira, Larissa Oliveira e Martha<br />
2. Sônia Guimarães, professora do ITA<br />
Sônia Guimarães é uma das poucas cientistas negras do Brasil. Quando criança,<br />
era a segunda melhor aluna da sala e adorava matemática. No primário, ficou entre<br />
as cinco melhores da classe. Estudava de tarde, mas quem se destacava tinha a<br />
chance de ir <strong>para</strong> a turma da manhã. Sonia não foi porque foi preterida pela filha de<br />
uma das funcionárias, que havia pleiteado a vaga. “Quem tiraram? A pretinha. Eu<br />
me senti depreciada por isso”, lembra ela. A hoje professora de Física no Instituto<br />
Tecnológico da Aeronáutica(ITA), uma das instituições de ensino mais<br />
conceituadas e concorridas do país, lembra que essa não foi a única passagem de<br />
racismo que a marcou em sua vida. Mas, apesar da torcida contra, conseguiu o<br />
primeiro título de doutorado em física concedido a uma mulher negra brasileira.<br />
Ela possui muitas graduações na área da ciencia, dente elas: Licenciatura Ciências<br />
- Duração Plena pela Universidade Federal de São Carlos (1979), mestrado em<br />
Física Aplicada pelo Instituto de Física e Química de São Carlos - Universidade de<br />
São Paulo (1983) e doutorado (PhD) em Materiais Eletrônicos - The University Of<br />
Manchester Institute Of Science And Technology (1989). Atualmente é professora<br />
adjunto do Instituto Tecnológico da Aeronáutica ITA e Gerente do Projeto de<br />
Sensores de Radiação Infravermelha - SINFRA, do Instituto Aeronáutica e Espaço - IAE, do Comando-Geral de<br />
Tecnologia Aeroespacial CTA. Tornou-se também voluntária ensinando inglês <strong>para</strong> que outros jovens negros realizem<br />
seus sonhos de uma formação no exterior.<br />
Frase: "Necessitamos de mais mulheres negras em posição de destaque acadêmico. Não adianta ser a única. Se<br />
formos muitas e em várias posições hierárquicas, isso vai melhorar"<br />
Grupo: Guilherme Thompson, Talita Loureiro, Leticia Medici, Carla Gonçalves, Maria Eduarda França<br />
35
<strong>12</strong> ANOS DE ESCRAVIDÃO<br />
HISTÓRIAS CRUZADAS<br />
BESOURO<br />
Indicações de Filmes<br />
O filme do diretor Steve McQueen, de gênero drama e biografia e que estreou em 2014, retrata a<br />
vida de Solomon Nothurp, um homem negro, livre, nortista e que foi raptado e vítima da escravidão.<br />
Na trama , ele passa <strong>12</strong> anos como escravo, buscando uma forma de voltar <strong>para</strong> sua vida de<br />
liberdade, passando por diversos senhores, longe de sua esposa e filhos. Nesse tempo como<br />
escravo ele acaba conhecendo Patsey uma jovem negra e escrava que sofre todo tipo de abuso,<br />
inclusive sexual, pelo senhor Edwin, um dos senhores por qual Solomon passou.<br />
A história é muito envolvente e consegue emocionar diferentes públicos, prendendo o espectador<br />
e transformando as 2 horas em poucos minutos. O final é surpreendente e garante fortes emoções.<br />
Histórias cruzadas, relata sobre o drama que as empregadas negras dos Estados Unidos passam<br />
durante a luta pelos direitos civis em meados do século passado. Conta sobre as dificuldades em que<br />
elas tinham por receber menos, não ter direitos iguais a população branca, serem chamadas ''pessoas<br />
de cor''.<br />
O filme trilha um caminho dos mais intimistas, priorizando as questões pessoais dos personagens em<br />
questões de detrimentos históricos e políticos que poderiam tornar o filme mais emocionante.<br />
Ana Carolina Scarton de Olivera; Guilherme Rodrigues Ramos Pereira; Hennessy Iorrana Vieira<br />
Spessimilli; Higor Bandeira da Silva;raquel Borges Faioli<br />
Nosso grupo foi selecionado <strong>para</strong> assistir o filme "Besouro" que conta a história de um escravo que<br />
luta pelos seus direitos. Filme feito e produzido por direção brasileira. A abolição da escravidão no<br />
Brasil se deu com a assinatura da lei Áurea em 13 de maio de 1888, mesmo com a libertação, os<br />
negros não eram vistos como pessoas da sociedade, eles não tinham o direito à moradia,<br />
alimentação ou trabalho. Alguns ex escravos encontraram um caminho <strong>para</strong> lutar pelos seus direitos,<br />
criado uma coreografia que junta a dança e a luta, eles chamavam de capoeira. O Besouro<br />
mangangá ou Besouro cordão de ouro, nasceu na Bahia, ele foi representante dos negros sempre<br />
com vitórias contra autoridades constituídas. Aos 20 anos ele era analfabeto e um capoeirista de<br />
renome. Ele trabalhava em uma fazenda e se submetia as condições de trabalho impostos pelos<br />
fazendeiros e não temia as opressões. Conta a história de Besouro, as lutas pelos ideais de seu clã,<br />
acabando se tornando uma lenda da capoeira. Um bom filme <strong>para</strong> assistir <strong>para</strong> aqueles, gostam da cultura afro<br />
brasileira. Nosso grupo conclui que é um ótimo filme que relata a luta dos escravos pelos seus direitos.<br />
Roberto Conceição, João Saraiva, Rafael Barcelos e Alexandre De Paulo<br />
DJANGO LIVRE<br />
Django (Jamie Foxx) é um escravo liberto cujo passado brutal com seus antigos proprietários leva-o<br />
ao encontro do caçador de recompensas alemão Dr. King Schultz (Christoph Waltz). Schultz está em<br />
busca dos irmãos assassinos Brittle, e somente Django pode levá-lo a eles. O pouco ortodoxo Schultz<br />
compra Django com a promessa de libertá-lo após capturar suas presas. Ao realizar seu plano,<br />
Schultz libera Django, embora os dois homens decidam continuar juntos. Mas Django tem como<br />
objetivo principal encontrar e resgatar Broomhilda (Kerry Washington), sua esposa, que ele não vê<br />
desde que ela foi adquirida por outros proprietários a vários anos atrás. A busca de Django e Schultz<br />
leva-os a Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), o dono de "Candyland", uma plantação famosa pelo<br />
treinador Ace Woody, que treina os escravos locais <strong>para</strong> a luta. Ao explorarem o local com identidades<br />
falsas, Django e Schultz chamam a atenção de Stephen (Samuel L. Jackson), o escravo de confiança de Candie. Os<br />
movimentos dos dois começam a ser traçados, e logo uma perigosa organização fecha o cerco em torno de ambos.<br />
Para Django e Schultz conseguirem escapar com Broomhilda, eles terão que escolher entre independência e<br />
solidariedade, sacrifício e sobrevivência.<br />
O projeto se organizou em três temas geradores: desmistificando a<br />
democracia racial no Brasil; refletindo sobre a exclusão e as<br />
oportunidades do povo negro na sociedade brasileira; valorizando a<br />
história e a cultura afro-brasileira. Foram nove meses de aplicação do<br />
projeto, que teve, <strong>para</strong> além das aulas expositivas dialogadas,<br />
atividades tais como: cineclube sobre negros e negras na produção<br />
cinematográfica; exposição fotográfica sobre identidade negra;<br />
produção textual a partir das narrativas de pessoas negras; pesquisa<br />
sobre o mito da democracia racial; laboratório de imprensa sobre<br />
representação de negros(as) na mídia; visita à comunidade quilombola<br />
de Monte Alegre situada no município de Cachoeiro de Itapemirim<br />
(ES); roda de debate sobre religiões de matriz africana; palestra sobre<br />
políticas afirmativas e cotas raciais, entre outras. Todas as atividades<br />
estiveram diretamente atreladas aos conceitos sociológicos propostos<br />
no currículo SEDU e encaminhavam a culminância do projeto. No mês de novembro do mesmo ano, o<br />
resultado final do percurso educativo foi um espetáculo artístico realizado pelos(as) estudantes do 3º ano,<br />
evidenciando a transformação de pensamento pela qual todos(as) nós passamos.<br />
Cada turma desenvolveu uma apresentação artística composta por músicas, teatros, danças, vídeos<br />
autorais, paródias, esquetes e poesias. Norteamos as apresentações de acordo com os temas e nomeamos<br />
cada turma com uma expressão que fosse significativa <strong>para</strong> o grupo, a citar: Exê Babá - Conhecer e respeitar<br />
as religiões de matriz africana; Emicida - Valorizar a estética, o estilo e a identidade negra; Dandara -<br />
Reconhecer o protagonismo negro no Brasil, na África e no mundo; Kizomba - Apresentar danças, músicas e<br />
jogos afro-brasileiros. A mostra possibilitou desenvolver o tema da diversidade cultural de forma lúdica e<br />
artística, de <strong>mod</strong>o que os alunos assimilassem as principais ideias discutidas ao longo do processo. Além<br />
disso, promoveu ações que despertaram o senso crítico dos(as) alunos(as), contribuindo <strong>para</strong> a sua<br />
formação ética e moral e potencializou o desenvolvimento das relações pessoais dos discentes dentro do<br />
corpo social e político, contribuindo <strong>para</strong> o seu desenvolvimento pessoal.<br />
Portanto, consideramos que o debate sobre a questão racial deve ser uma constante no espaço<br />
escolar, possibilitando a desconstrução do racismo, a valorização das identidades negras e a promoção do<br />
respeito à diversidade étnico-racial. Essa tarefa deve contar com os(as) professores(as) de todas as áreas<br />
de conhecimento, sendo fundamental, <strong>para</strong> isso, a formação continuada e intensiva sobre a temática,<br />
visando ultrapassar os sensos comuns reproduzidos de <strong>mod</strong>o insistente na escola. É somando esforços e se<br />
comprometendo politicamente com uma educação antirracista, que poderemos, enquanto escola, superar<br />
essa mazela social. Lutemos juntos(as)!<br />
REFERÊNCIAS<br />
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e<br />
Terra, 1996.<br />
GOMES, N. L. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil: uma breve<br />
discussão. In: BRASIL. Educação Anti-racista: caminhos abertos pela Lei federal nº 10.639/03. Brasília,<br />
MEC, Secretaria de educação continuada e alfabetização e diversidade, 2005. P. 39 – 62.<br />
SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves e. Aprender, ensinar e relações étnico raciais no Brasil. Educação.<br />
Porto Alegre/RS, ano<br />
Vitor Siqueira da Silva; Lucas Alves Da Conceicao; Paulo Roberto Santos do Nascimento; Joao Pedro Sales Teixeira;<br />
Hayrann Daros Fernandes<br />
34<br />
03
Paródias<br />
Dia da da Consciência Negra<br />
Em meio a esse mar de de injustiças e de de opressão, eu eu estava afundando cada vez mais. Não havia ninguém que<br />
pudesse me salvar, já já estava cansado e totalmente desgastado daquilo. Fui obrigado a fazer coisas que não<br />
queria, vivi em péssimas condições naquela senzala, fui fui torturado. Não pude nem mesmo ter ter um momento de<br />
de<br />
liberdade e praticar a capoeira com os os meus irmãos. De De tudo, o que eu eu mais queria era ser livre e finalmente<br />
poder respirar o ar ar que me fora tirado. Decidi então que, pela liberdade do do meu povo, iria enfrentar qualquer<br />
coisa, não importava o quão doloroso fosse.<br />
Me vi vi correndo sem rumo pela mata, senti que o medo e a adrenalina percorriam o meu corpo, mas eu eu permaneci<br />
centrado no no meu objetivo. Pude então avistar um quilombo, chamado Palmares. Foi onde consegui notoriedade<br />
defendendo o meu povo nas batalhas contra os os portugueses e me tornei o líder daquele quilombo. Entretanto,<br />
anos mais tarde fui fui capturado e morto por enfrentar e, e, sobretudo impor ao ao governo o que queríamos.<br />
Hoje, já já não estou mais por aí, aí, porém me sinto orgulhoso olhando daqui de de cima. Eu Eu consegui deixar o meu<br />
legado.<br />
Música: Flor do Reggae - Ivete Sangalo<br />
Um brilho negro chegou<br />
Na ilha inteira<br />
E a lua que trás tristeza<br />
É lua cheia<br />
Um grito de dor que vem<br />
Do peito de quem deixou alguém<br />
Esta terra me dá saudade<br />
De quem me deixou<br />
E agora tá tão distante em outra ilha<br />
O branco me causou dor<br />
E disse que eu era um ninguém<br />
Pra vida inteira<br />
Como se eu fosse ninguém<br />
Você me espanca<br />
Como se eu fosse ninguém<br />
Me chicoteia<br />
Nesse navio eu vou a noite inteira<br />
Porque morrer de dor<br />
É brincadeira<br />
Se eu fosse de outra cor<br />
Você ia me aceitar<br />
Se eu fosse de outra cor<br />
Ia me amar<br />
O preconceito dura a vida inteira<br />
E a exclusão do negro<br />
Não é brincadeira<br />
Alunos: Carolina Bertoni; Lariane Oliveira;<br />
Maria Paula Maia; Keyson Gustavo - 2M1<br />
Lídia Silveira Gonçalves- 2M1<br />
Música: Oh novinha (Mc Don Juan)<br />
Oh zumbi eu quero te ver contente<br />
No dia 13 libertou muita gente<br />
Que no quilombo confesso tu tem<br />
moral<br />
E aqui no Brasil foi fundamental<br />
Então mudando de assunto todo<br />
mundo junto<br />
Vários assuntos em somente um<br />
conjunto<br />
Sem vitimismo , sem vitimismo<br />
Essa música é <strong>para</strong> acabar com o<br />
racismo<br />
Então amigo vou falar namoral<br />
Na escola esse assunto é fundamental<br />
Então se liga aqui na reflexão<br />
O Zumbi foi importante <strong>para</strong> o fim da<br />
escravidão<br />
Nome: Bruno Henrique, Vinícius Batista,<br />
Rodrigo Morais e Pedro Ferreira - 2M1<br />
Discriminação Social do Negro no Brasil<br />
Racismo é a discriminação social baseada na ideia de que existem diferentes raças<br />
humanas e que uma é superior à outra. No Brasil, o crime por racismo é previsto por lei e é<br />
inafiançável e imprescritível. Será que existem mesmo raças superiores às outras? Até<br />
quando precisaremos de leis <strong>para</strong> este tipo de crime? Só as leis bastam <strong>para</strong> erradicar<br />
esse mal que insiste em prevalecer na nossa sociedade?<br />
Pesquisa da Consultoria Etnus/2017 revela que 67% dos negros entrevistados<br />
acreditam que deixaram de ser contratados por causa da cor da sua pele. Além disso,<br />
seis em cada dez entrevistados são vítimas de racismo no ambiente de trabalho. Com<br />
isso, pode-se observar que o racismo se encontra impregnado entre nós.<br />
Recentemente, em Londres, ocorreu um caso de racismo que assustou o mundo. No<br />
anúncio da marca Dove uma mulher negra, após a utilização dos produtos da marca teria<br />
se tornada branca, dando a entender que ela estaria “suja” devido ao seu tom de pele. No<br />
Brasil esse racismo também é comum diante da mídia, principalmente em novelas onde<br />
os mais ricos e bem-sucedidos são os brancos, e os mais pobres são negros.<br />
Ao se analisar qualquer dado sobre educação no país, é fácil perceber que ela não é <strong>para</strong> negros. Um exemplo bem<br />
comum é o que ocorre nas universidades, onde não encontramos negros fazendo os principais cursos em áreas<br />
profissionais. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2015 mostrou que, mesmo<br />
com percentual de negros no ensino superior tenha dobrado nos últimos dez anos, o número equivale a menos da<br />
metade dos números de jovens brancos nas mesmas condições. E, segundo essa instituição, isso é reflexo do atraso<br />
escolar, que é maior com negros do que com alunos brancos.<br />
Diante disso, observa-se que no Brasil, mesmo sendo um país miscigenado, são recorrentes os casos de racismo e de<br />
exclusão. A legislação está aí, mas os casos não <strong>para</strong>m de crescer. Seria importante que campanhas e políticas<br />
públicas de inclusão fossem criadas, como aumentar os investimentos em educação inclusiva e ofertar currículos<br />
desde as séries iniciais que visem ao exercício da cidadania, <strong>para</strong> que todos possam conviver pacificamente,<br />
aceitando as diferenças.<br />
Consciência Negra<br />
Thiago Carneiro e Iorhan Eduardo de Souza Rodrigues - 2m3<br />
O Brasil é um país diverso em culturas e etnias, mas apesar dessa<br />
diversidade o racismo é frequente, por mais que se tenha feito <strong>para</strong><br />
evitá-lo, como criação de legislações que o torna crime. Esse<br />
comportamento exclusivo tem negado, principalmente à raça<br />
afrodescendente, diversos direitos.<br />
Apesar de a escravidão no país ter acabado, até hoje é possível<br />
perceber a diferença de oportunidades entre negros e brancos.<br />
Dados da pesquisa de emprego e desemprego (PED) mostram<br />
que, mesmo onde a desigualdade entre afrodescendentes e<br />
brancos é menor - na capital cearense -, o valor recebido pelos<br />
negros é cerca de vinte por cento mais baixo.<br />
Não é apenas no mercado de trabalho que o racismo ocorre. Um<br />
exemplo disso é o recente caso da jovem Monalisa Alcântara, eleita<br />
Miss Brasil, e a terceira negra eleita em sessenta e três anos de<br />
concurso. A moça de dezoito anos foi convidada <strong>para</strong> o programa<br />
Fátima Bernardes, da Rede Globo, e logo após sofreu diversos<br />
comentários racistas nas redes sociais.<br />
Como se vê, o racismo, ainda que velado, afeta a vida de diversos<br />
cidadãos. Por esse motivo, é necessário que as pessoas se conscientizem, mas <strong>para</strong> isso acontecer, a população,<br />
junto com o governo, precisa investir nessa área, criando campanhas e utilizando a mídia como recurso. Essas ações,<br />
certamente, servirão <strong>para</strong> ao menos amenizar essas práticas racistas, contribuindo <strong>para</strong> um país mais justo e<br />
igualitário.<br />
Kênia 2m3<br />
04 33
LEMBRANÇAS DE PALMARES NO DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA<br />
A ele fora dedicado o Dia<br />
Nacional da Consciência Negra<br />
(estabelecido pelo projeto lei número<br />
10.639). Foi escolhida a data de 20 de<br />
novembro, pois foi a que morreu o<br />
líder do Quilombo de Palmares.<br />
Porém a morte deste grande<br />
guerreiro seria apenas o começo de<br />
muitas outras histórias, e as<br />
lembranças e exemplos deixados por<br />
e s t e s e r v i r i a m e m o u t r a s<br />
oportunidades <strong>para</strong> fortalecer a luta<br />
de um povo e enriquecer sua cultura.<br />
“No Brasil colonial, Palmares foi a<br />
maior comunidade de [escravos negros]<br />
fugitivos, datando de 1597 a primeira<br />
referência a ela. Localizada entre<br />
Alagoas e Pernambuco.”<br />
Para além disso, é também o<br />
símbolo da resistência negra à<br />
escravidão e de contestação ao<br />
p o d e r c o l o n i a l d a A m é r i c a<br />
Portuguesa.<br />
Até meados do século XX o<br />
que se observa na historiografia<br />
brasileira é uma omissão do<br />
episódio palmariano, Palmares não<br />
tinha não ocupava nos livros de<br />
história o seu devido lugar. Mas<br />
acima do escrito, não há dúvidas de<br />
que o sentimento deixado por<br />
aqueles que batalharam na Serra<br />
da Barriga esteve junto a outros<br />
guerreiros negros em muitos<br />
combates, levantes e revoltas por<br />
todo Brasil.<br />
“Valeu Zumbi!<br />
O grito forte dos Palmares<br />
Que correu terras, céus e mares<br />
Influenciando a abolição.”<br />
O “grito” de dor de Zumbi ao<br />
ver Palmares ser arrasado por<br />
Domingos Jorge Velho influenciou a<br />
abolição (1888), mas antes disso<br />
esteve presente na Revolta dos<br />
Malês (1835, Salvador-BA) e na<br />
I n s u r r e i ç ã o d e Q u e i m a d o s<br />
(1849,Serra-ES); depois disso ainda<br />
estaria na Revolta da Chibata (1910,<br />
Rio de Janeiro-RJ).<br />
Este mesmo grito foi entoado<br />
incontáveis vezes, algumas sem<br />
sequer ser ouvido, por personagens<br />
vencidos pelas mais diversas e<br />
adversas circunstâncias históricas.<br />
Mas estamos aqui <strong>para</strong> gritar<br />
que estes “vencidos” não estão nem<br />
serão derrotados, pois por nós não<br />
serão esquecidos.<br />
Turma: 1M4<br />
32 05
HQ<br />
“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua<br />
pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para<br />
odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem<br />
aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.”<br />
Nelson Mandela<br />
06<br />
31
Vamos falar de música negra?<br />
KUDURO<br />
“kuduro” que significa “bumbum duro” nasceu de uma mistura de música eletrônica e alguns<br />
ritmos angolanos como sungura, quizomba, ragga. Os principais instrumentos utilizados são<br />
caixas de ritmos, e também um computador de mixagens, e claro, a voz do artista que a<br />
interpreta.<br />
Grupo: Guilherme Fernandes, Pedro Henrik Tavares, Thalyta Costa, Ana Carolina Souza, Rony<br />
Fernandes, Gabriel Lana – 3M2<br />
FUNK: A CULTURA DE MASSA<br />
Apesar de terem o mesmo nome o funk que originou dos Estados Unidos por meio da<br />
mistura do jazz, soul e R&B realizada por músicos afro-americanos é diferente do funk<br />
carioca. O funk carioca é oriundo das favelas do estado do Rio de Janeiro. Suas letras<br />
refletem o cotidiano das comunidades. Ele está presente em nossa sociedade e isso é<br />
um fato, fortemente ligado ao público jovem, em consequência, o ritmo se espalhou. Ao<br />
mesmo tempo passou a ser alvo de ataques e preconceito da sociedade. Apesar de<br />
tudo, tornou-se um dos maiores fenômenos de massa brasileira.<br />
Grupo: Maria Eduarda, Marluza, Alexandra, Carem e Thaiza. – 3M2<br />
BLUES E JAZZ<br />
O Blues surgiu em meados do século XVIII, em meio às fazendas de algodão no Mississipi,<br />
localizado ao sul estadunidense. Os afrodescendentes nessas terras criavam e cantavam<br />
melodias lentas e melancólicas, que expressavam o sofrimento, discriminação e<br />
desamparo por qual passavam. Por meio dessa manifestação artística, conseguiam<br />
amenizar a dor e angústia. Sua estrutura possuía um lado musical e lírico, caracterizado por<br />
notas graves e repetitivas. O Jazz surgiu entre o final do século XIX e início do século XX no<br />
estado americano de Luisiana. Inspirado pelo Blues e o ragtime, o Jazz possui sua origem<br />
voltada <strong>para</strong> as tradições culturais dos negros que dançavam, cantavam e tocavam tambor em meio à rotina<br />
de trabalho.<br />
SAMBA<br />
O samba, segundo críticos, historiadores e cientistas sociais, é considerado o gênero musical mais<br />
original do Brasil. Sua origem nos traz a mistura de ritmos e tradições presentes na história do<br />
nosso país, desde o período colonial. Durante a escravidão, os africanos trouxeram consigo<br />
antigos batuques originários de seus países. Os batuques, danças e músicas, estavam associados<br />
a rituais religiosos que instituía a comunicação entre os grupos étcnicos.<br />
Grupo: Raphel Ribeiro, Lucas Nascimento, Thales, Vinicius – 3M2<br />
REGGAE<br />
O reggae é um estilo musical que nasceu na Jamaica. Esse ritmo começou a se expandir no<br />
mundo por volta de 1970, é uma mistura de estilos musicais, os instrumentos mais<br />
utilizados são:a bateria, contra baixo e a guitarra, a música trás a realidade de alguns<br />
países pobres também a questões social, principalmente dos jamaicanos, também aborda<br />
assuntos que envolve religião, por volta dos anos 70 começou surgir várias músicas que<br />
marcaram a época e alcançaram o topo da lista de sucesso em rádios, por conta disso<br />
vários cantores passaram a incorporar o estilo reggae.<br />
RAP<br />
O Rap (Rhythm and Poetry, Ritmo e Poesia, na tradução) se originou na Jamaica na década de<br />
1960 quando surgiram os sistemas de som (caixas de som que permitiam que a música fosse<br />
remixada pelos DJs, principalmente a música Disco), que eram colocados nas ruas dos guetos<br />
jamaicanos <strong>para</strong> animar os bailes de rua. Esses bailes, apesar de serem um local de<br />
descontração e de diversão, era o espaço onde jamaicanos usavam a música <strong>para</strong> abordar<br />
temas sociais como a violência nas favelas e a situação política do país, mas sem deixar de<br />
falar de temas polêmicos como sexo e drogas. Na década de 1970, com a crise econômica na<br />
ilha da Jamaica, muitos jovens foram obrigados a emigrar <strong>para</strong> os Estados Unidos. Com a<br />
chegada dos jamaicanos no continente americano, o rap passou a ser popularizado e começou a ser o<br />
principal integrante das festas de rua dessa época e em pouco tempo passou a ser comercializado como uma<br />
das vertentes que formam a cultura do Hip Hop.<br />
Grupo: Emilly Moraes, Fernanda Fraga, Laesth Alves, Pollyana Barreto, Raquel Licia e Victor Siqueira - 3M3<br />
OS QUILOMBOS E A RESISTÊNCIA À ESCRAVIDÃO<br />
Você já ouviu falar em quilombos?<br />
Nos séculos XVII e XVIII, o Brasil viveu o período de<br />
escravidão. O termo quilombo era usado <strong>para</strong><br />
denominar os lugares escondidos e fortificados,<br />
localizados no meio das matas, em que os escravos<br />
negros refugiavam-se em suas fugas. Viviam nesses<br />
locais de acordo com suas culturas, sobrevivendo com<br />
plantações da comunidade, com música, dança e<br />
manifestações religiosas condizentes com suas<br />
culturas. Para os portugueses em 1740, o termo era<br />
entendido como o agrupamento de cinco ou mais negros<br />
fugidos. Os negros que viviam em quilombos, recebiam<br />
o nome de quilombolas.<br />
Quilombos no ES<br />
Historicamente, as comunidades quilombolas tiveram<br />
uma grande importância <strong>para</strong> a formação cultural do<br />
estado do Espírito Santo, como a produção de farinha e<br />
o beiju. Entretanto, o desenvolvimento industrial e a<br />
chegada de empreendimentos econômicos, tornaramse<br />
uns dos fatores que contribuíram <strong>para</strong> a dificuldade<br />
da permanência dos quilombos e a sua obtenção de<br />
autonomias, dentre elas, destaca-se, o território.<br />
Resistência foi uma estratégia de defesa utilizada pelos<br />
quilombos <strong>para</strong> enfrentar a repressão oriunda da classe<br />
senhorial e das Forças do Império. No século XIX, os<br />
quilombolas eram chamados de “escravos do mato” ou<br />
“negros do mato” pela polícia e pelos presidentes das<br />
províncias. O termo “do mato” se referia a um líder quilombola do distrito de Cariacica, Antônio do Mato.<br />
Como reflexo, hodiernamente, vários quilombos foram reconhecidos judicialmente. Constitui-se, dentre<br />
eles, os quilombos de São Domingos, de Graúna e Linharinho.<br />
O quilombo de Linharinho foi a primeira comunidade<br />
reconhecida no Espírito Santo, tem como líder Gessi<br />
Cassiano, fica localizada na região do Sapê do Norte,<br />
onde ficam os municípios de São Mateus e Conceição da<br />
Barra, assim como o quilombo de São Domingos. A<br />
comunidade quilombola de São Domingos apresenta<br />
mais de três gerações de descendentes de quilombolas e<br />
ainda estão lutando pelo reconhecimento, que lhes foi<br />
retirado na Ditadura Militar, e tem como líder Altiane<br />
Blandino. A comunidade de Graúna está localizada no<br />
interior de Itapemirim, e luta pelo seu reconhecimento,<br />
que foi um dos principais debates ocorridos no II<br />
S e m i n á r i o N a c i o n a l d e A f r i c a n i d a d e s e A f r o<br />
descendência, realizado na Universidade Federal do<br />
Espírito Santo (UFES).<br />
Infere-se, portanto, que as sociedades quilombolas são<br />
símbolos de persistência, visto que o seu reconhecimento<br />
territorial se deu através dessa característica. Outras<br />
comunidades quilombolas do Espírito Santo são: São<br />
Mateus, Graúna, Araçatiba, Monte Alegre e São<br />
Domingos. Todas essas comunidades, socialmente<br />
falando, vêm em viés de baixa, pois, nem o direito de uma moradia eles têm, porque sabem que a qualquer<br />
momento eles podem perder suas terras <strong>para</strong> fazendeiros ou até mesmo <strong>para</strong> grandes empresas. Essas<br />
comunidades não enfrentam somente o risco iminente da desapropriação, também há relatos de<br />
perseguição policial, por exemplo, em São Domingos, metade das 150 famílias têm algum membro que<br />
responde a processo ou já foi preso acusado de crimes ligados à madeira, segundo a associação de<br />
moradores.<br />
Turma: 3RED1 matutino<br />
30<br />
07
Entrevista com Suely Bispo<br />
Suely Bispo nasceu na Bahia, mas é capixaba por<br />
adoção. Formada em História, Mestre em Literatura é no<br />
campo das artes que ela se destacou. Sua presença de mais<br />
de 20 anos nos palcos capixabas foi entrecortada por uma<br />
produção consistente de poemas, lançados em obras como<br />
Desnudalma. Além disso, envolveu-se em outros assuntos<br />
como a produção artística, a dança e a numerologia.<br />
Contribuiu como mais uma voz em favor da herança africana<br />
e das causas da negritude. Recentemente, sua trajetória<br />
ganhou mais projeção quando interpretou a personagem<br />
“Doninha”, na novela “Velho Chico”, da Rede Globo. Nesta<br />
entrevista, <strong>para</strong> os alunos do 4º ano integrado em rede de<br />
computadores, a atriz reflete sobre sua carreira, poesia, sua<br />
experiência como professora, o processo criativo, entre<br />
outras questões que rondam a alma de uma grande atriz e<br />
poetisa.<br />
Você apesar de nascer na Bahia veio <strong>para</strong> o Espírito<br />
Santo quando criança, tal mudança impactou de alguma<br />
maneira na sua formação artística?(Carlos Alexandre e<br />
David Segóvia)<br />
Eu cheguei ao Espírito Santo bem jovem e foi aqui que me<br />
tornei artista. Na Bahia cheguei a fazer dança afro, mas era<br />
uma fase em que não sabia o que seria da vida. Entretanto,<br />
não houve impacto significativo, foi aqui que desenvolvi meu<br />
potencial artístico.<br />
Como surgiu o seu amor pela literatura? Alguém te<br />
influenciou nesse gosto? (Dayner Allan e Jhennyfer<br />
Carolline)<br />
Pelo que eu lembro, desde criança sempre gostei de ler<br />
muito e estudar. Acho que foi aí que começou esse<br />
amor, essa prática de leitura. Eu me lembro de que na minha casa tinha uma estante, uma coleção de capa<br />
dura de Jorge Amado, os romances, eu era criança e peguei <strong>para</strong> ler. Tinha uns oito ou nove anos, não<br />
entendia muito bem. Os livros de Jorge Amado não eram <strong>para</strong> criança, mas eu gostava de ler assim mesmo.<br />
Na adolescência gostava de Machado de Assis, de ler e estudar. Mas, também, tinha a referência do meu<br />
pai que lia muito jornal.<br />
Em ser atriz, como isso apareceu <strong>para</strong> você? O convite de Margareth Maia nos anos 90 foi importante<br />
<strong>para</strong> seguir esse caminho ou você já planejava explorar esse campo? (Mayrianne)<br />
O caminho <strong>para</strong> atriz a princípio não foi planejado. Eu comecei a sentir o desejo de fazer teatro aqui no<br />
Espírito Santo. A primeira peça que eu fiz foi em 1987 no teatro amador. Eu falo 20 anos porque em 1996<br />
veio meu registro de atriz profissional. Assim, eu coloco que assumi ser atriz mesmo quando resolvi tirar<br />
meu registro profissional. A minha primeira peça foi em 1987 se chamava Gangue do Beijo, um texto de José<br />
Louzeiro. Fui dirigida por Armando Mecenas. Ali, eu trabalhei com vários atores que depois continuaram sua<br />
carreira no Espirito Santo, Dudu Guimarães, Tereza de Almeida, Verônica Gomes, entre outros. Era uma<br />
peça com muita gente, juvenil, se passava em uma escola e era bem divertido. Eu era muito tímida também,<br />
certa vez tive um ataque de timidez em que sumi do palco. Fiquei com medo de ir <strong>para</strong> frente do palco de<br />
novo. Fiquei trabalhando nos bastidores. Fiz contrarregragem, fiz sonoplastia e fiz operação de som. Eu<br />
gostava muito dessa parte técnica do teatro, coisa que gosto até hoje. Às vezes acontece de eu fazer o som<br />
de uma peça. Quando Margareth me chamou <strong>para</strong> voltar ao teatro, no nosso grupo Guardiões da Poesia, eu<br />
voltei à frente da cena de novo. Foi no início dos anos 1990, em 1991, por aí. Depois veio o convite do Teatro<br />
Experimental Capixaba <strong>para</strong> eu entrar no processo criativo da peça Fausto de Goethe. Um texto clássico do<br />
romantismo alemão, que nós adaptamos <strong>para</strong> realidade do Brasil do terceiro mundo, favela, mostrando a<br />
pobreza, a miséria. Foi ali com essa peça que me profissionalizei. Vocês podem encontrar na internet. Essa<br />
peça tinha uma linguagem múltipla de teatro, vídeo e dança. Nas redes sociais vocês podem encontrar<br />
vídeos, são imagens fortes, mesmo <strong>para</strong> os dias de hoje.<br />
ISABELLE SANTANA SE APRESENTA A VOCÊS COMO:<br />
Uma menina que, desde pequena questionava a Deus o porquê de ter a pele mais escura, o cabelo cheio e<br />
o nariz de batata em que, desde pequena aprendeu a se odiar, não por causa da sua família, mas pelas<br />
pessoas que tinha ao seu redor.<br />
Uma menina que, <strong>para</strong> tentar se sentir melhor e mais aceitável pela sociedade, alisava o cabelo <strong>para</strong><br />
abaixar o volume que tinha. Uma menina que nunca entendeu o porquê de sempre ser chamada de macaca<br />
com o intuito de ser ofendida. Uma menina que sempre questionava o porquê de não poder ser qualquer<br />
outro animal, mas sempre o macaco. Uma menina que chorava de soluçar, porque não se achava bonita e<br />
se sentia rejeita pela merda de padrão que a sociedade criou. Uma menina que não compreendia porque a<br />
lápis era chamado de “cor de pele” se não representava a pele dela. Uma menina que em todas as novelas<br />
que assistiu, a escrava sempre tinha que ser preta. Pois é, essa menininha inocente, que desde pequena<br />
aprendeu a se odiar era eu.<br />
Com o passar do tempo eu fui me aceitando e aceitando a historia dos meus antepassados, antepassados<br />
que lutaram muito <strong>para</strong> conquistar cada direito que tenho hoje. Passei não somente a me aceitar, como me<br />
orgulhar pela história da minha etnia e por fazer parte dela.<br />
Amadureci com o passar do tempo e com as pessoas que entraram em minha vida (vale ressaltar que uma<br />
dessas pessoas são os professores (as) desta escola e os meus colegas do 1 ano), que me fizeram crescer<br />
não somente intelectualmente, mas também culturalmente, formando essa garota cheia de amor próprio<br />
que sou hoje!<br />
Aprendi que, a única coisa que as pessoas têm igual, são as diferenças e que devemos respeitá-las e<br />
aceitá-las como são. Apesar de tudo que tenho visto, acredito na evolução das pessoas e quero deixar<br />
como refle, duas frases de Nelson Mandela ,uma pessoa que me representa muito:<br />
“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar <strong>para</strong> mudar o mundo.”<br />
“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para<br />
odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.”<br />
Se você se sente como eu me sentia, vou falar uma frase que minha mãe costuma me dizer: “Você é muito<br />
linda garota!”.<br />
Sou Isabelle Santana!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!<br />
08 29
A Exclusão do Negro no Brasil<br />
Atualmente, um dos temas mais abordados em jornais e redes sociais é a questão da exclusão do negro no<br />
Brasil, principalmente em grandes estados, onde a desigualdade tem predominância. Essa realidade é decorrente de<br />
um histórico de humilhações, quando o negro foi trazido <strong>para</strong> fazer trabalhos braçais e tratados como escravos. Se o<br />
mundo é composto de etnias diversas, não há razão em subjugar uma raça em detrimento da outra.<br />
É incompreensível que uma raça julgue a outra pela quantidade de melanina, cuja função é apenas a de se<br />
defender do sol. A anatomia do ser humano é tão perfeita, mas não se pode dizer o mesmo da sua mentalidade, pois o<br />
homem é capaz de menosprezar o próximo pela cor da pele.<br />
Hoje, graças a grandes líderes como Nelson Mandela e Martin Luther King, entre outros, que defenderam a<br />
ordem, a justiça, a honra e a igualdade, mostrando que todos nós por dentro somos iguais e, portanto, todos devem ter<br />
os mesmos direitos sociais, muita coisa mudou, porém o racismo insiste em ignorar esses pensamentos. É preciso<br />
entender que uma simples cor não interfere no intelecto, não muda o caráter da pessoa.<br />
Hoje em dia as pessoas são mais conscientes de que o preconceito racial é na verdade um grande problema a<br />
ser tratado. Uma forma de acabar com isso, é ensinar aos filhos a ter respeito com o próximo, assim talvez possamos<br />
desfrutar futuramente em uma sociedade mais justa.<br />
A Exclusão do negro no Brasil<br />
Bruno Motta louro / Felipe Santos 2m4<br />
A população mundial é uma miscigenação de povos, com cultura e valores diversificados. O Brasil é um<br />
exemplo claro dessas misturas, quando foi colonizado pelos portugueses, que trouxeram africanos <strong>para</strong> o trabalho<br />
pesado no país. Mas será que a diversidade é respeitada neste país?<br />
Os negros vivem livres hoje no país como qualquer outra pessoa de cor branca ou parda e têm os mesmos<br />
direitos como cidadãos, ou pelo menos deveria ter. O fato é que ele ainda é diferenciado pela sociedade. Um comercial<br />
da marca Dove mostrou isso claramente quando uma mulher negra levanta a camisa e vira uma mulher branca ao<br />
usar o produto da marca, mostrando que os negros são pessoas ''sujas''.<br />
Dados estatísticos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostram que 66,1 % das casas nas<br />
periferias são chefiadas por negros, enquanto que apenas 17% da população rica é composta por negros e que os<br />
mesmos representam 3/4 da população pobre. Fica claro que mesmo que a situação do negro no Brasil tenha sido<br />
melhorada nos últimos anos ainda restam resquícios do Brasil colonial.<br />
A diversidade trouxe diferenças físicas em nossa sociedade, mas não devemos olhá-la com preconceito,<br />
desrespeitando o próximo. Cabe à sociedade se conscientizar de que todos são iguais e, desde cedo, aprender<br />
respeitar as pessoas, não pelo que se vê, mas pelo que se é.<br />
Liberdade, ainda que tardia<br />
Kayo Vinicius e Áleffe Henrique - 2M4<br />
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2015), mais da metade da população<br />
brasileira (54%) é negra e a cada dez pessoas, três são mulheres. A população negra está ingressada no Brasil desde<br />
o período colonial, contexto histórico decorrente do tráfico negreiro praticado pelos portugueses. Com a abolição da<br />
escravatura, os escravos foram declarados libertos, mas será que essa liberdade realmente existe?<br />
Em pleno século XXI, os negros ainda sofrem com a exclusão social. A partir da abolição, muitos deles não se<br />
encontraram socialmente, consequentemente passaram a viver em aglomerados subnormais, muitos se tornaram<br />
moradores de rua e, devido à falta de educação, encontraram dificuldades no mercado de trabalho, além de sofrer na<br />
pele com o racismo velado reproduzido de diversas maneiras por uma sociedade hipócrita.<br />
Hoje, não são raros os casos de racismo. Atrizes, cantoras, jogadores de futebol e membros da sociedade,<br />
afrodescendentes, padecem desse mal. A atriz Tais Araújo, por exemplo, recebeu uma enxurrada de comentários<br />
racistas em uma foto postada em suas redes sociais. A cantora Ludmilla também sofreu discriminação através de um<br />
comentário em sua foto no instagram, por um homem que se dizia fã da mesma. Há casos também de jogadores de<br />
futebol negros, que amargam desprezos em campo. Tais Araújo conseguiu sair vitoriosa do ocorrido, mas muitas<br />
dessas vítimas têm de lidar com isso sem o mesmo resultado.<br />
Como se vê, a liberdade dos negros ainda não se concretizou. As pessoas devem visar à conscientização<br />
<strong>para</strong> desconstruir essas ideias segregadoras, que tanto afetam a humanidade. É preciso criar políticas educacionais<br />
baseadas em conceitos referentes a valores à diversidade e a relações sociais mais pacíficas, com ideais<br />
democráticos <strong>para</strong> uma relação humana sem essa visão racista, excludente e desmerecedora, que persiste em<br />
permanecer viva.<br />
Filipe Carneiro da Silva e Emanuelly Batista Paiva - 2M4<br />
Para você, como funciona a escrita<br />
e o atuar? (João Mateus e Pedro<br />
Vitor)<br />
Geralmente, são dois processos<br />
diferentes, pois a escrita é mais<br />
solitária. O momento de criar, na<br />
escrita, costuma ser mais individual.<br />
Agora, o atuar é em grupo. Mesmo<br />
quando faço um solo, um monólogo,<br />
tem uma equipe, tem o diretor, os<br />
técnicos, o músico, etc. Então, a<br />
gente não fica tão sozinho, essa é a<br />
principal diferença. Em alguns casos<br />
consigo unir os dois momentos,<br />
quando, por exemplo, crio um roteiro<br />
e o enceno. Isto ocorreu no meu<br />
espetáculo “Um recital <strong>para</strong> Miguel<br />
Marvilla”. Eu criei um roteiro a partir<br />
da vida, da obra, do poeta e depois o<br />
encenei através de um monólogo.<br />
Resumindo, em alguns momentos eu<br />
consigo unir estes dois recursos, pelo<br />
fato de ser atriz e escritora.”<br />
O que te levou a trabalhar com a<br />
temática da identidade negra, da<br />
cultura africana? Existem outros<br />
assuntos ou temas que lhe atraem<br />
no campo literário?( Leticia<br />
Pezzini e Vinicius Lins)<br />
Olha, as dificuldades são muitas, não é uma carreira fácil. Para mim, a minha maior dificuldade foi vencer as minhas<br />
próprias dificuldades internas. Vencer a timidez, vencer as minhas limitações técnicas, conhecer o ofício mesmo, a<br />
profissão. Dominar técnicas de voz, de corpo, de interpretação. Isso é o grande lance do ator. Dominando essas<br />
técnicas você vai se aperfeiçoando, vai melhorando compreendendo melhor o seu ofício. Agora, as questões externas<br />
de vencer as dificuldades, a instabilidade da profissão, a falta de apoio, de patrocínio. Você tem sempre que correr<br />
atrás de patrocinador. É uma carreira que aqui no ES o mercado é muito restrito. Na verdade é restrito no Brasil todo,<br />
não é um mercado fácil. O ES não é exceção. Mas considero que minhas maiores dificuldades foram às internas.<br />
Principalmente, superar a timidez, as dificuldades com a voz, porque no início não tinha uma voz pronta <strong>para</strong> o teatro,<br />
fui aprender técnicas, fiz aulas de canto. Fui buscar conhecimento. No início da minha carreira, no grupo da UFES<br />
Guardiões da Poesia, tive um pequeno problema nas cordas vocais. Um pólipo devido à má utilização das minhas<br />
cordas vocais no teatro. Não precisei operar porque com os exercícios de voz, consegui operar o problema. Logo,<br />
vencer a mim mesma foram as minhas maiores dificuldades.<br />
Você tem formação acadêmica em história e mestrado em literatura. Já trabalhou como professora? Que<br />
contribuições <strong>para</strong> a trajetória artística essa experiência na universidade te deu? (Andreia e Hamayra)<br />
Sim, eu tenho essa formação e já trabalhei como professora no início nos anos 90. Lecionei na Serra e,<br />
simultaneamente, fazia teatro. Quando estava começando, lembro de levar meus alunos ao teatro. Desenvolvi um<br />
projeto na escola chamado “A escola vai ao teatro”. Eu ficava “louca” <strong>para</strong> garantir que os alunos fossem ao teatro,<br />
elaborava declaração <strong>para</strong> pedir autorização dos pais. Eu tinha muita vontade de realizar um projeto de formação de<br />
plateia. Mobilizar a escola <strong>para</strong> o projeto era muito legal. Só que os professores, em sua maioria, tinham uma postura<br />
do tipo dia do teatro era igual folga. Eu ficava louca <strong>para</strong> dar conta, na verdade, só dois professores se disponibilizavam<br />
a me ajudar, indo junto comigo. Os outros eram desinteressados e não se envolviam muito. Mas a responsabilidade de<br />
organizar, de estar com eles era minha, sendo que a maioria era de adolescentes e pré-adolescentes. Trabalhei<br />
também em outras escolas. Hoje eu dou mais aula de teatro. Cada ano é diferente. Têm momentos que eu estou mais<br />
ligada a uma instituição têm outros, como esse ano, que eu fiz mais trabalhos pontuais. Fui chamada muitas vezes <strong>para</strong><br />
falar sobre o negro no teatro e convidada pela companhia Afronta <strong>para</strong> dar minha contribuição. Foi muito gratificante<br />
participar desse trabalho de formação. Sobre minha formação acadêmica e a relação com as artes é uma questão de<br />
conhecimento. É importante ter conhecimento, buscá-lo é sempre uma forma de ampliar a nossa capacidade de<br />
pensar. Tenho um senso crítico muito forte e isso levo <strong>para</strong> minha arte. Uma visão crítica da realidade, que reflete sobre<br />
o mundo, que não reproduz ideologias e acredita em tudo que vê. Eu sempre me pergunto o que tem por trás das<br />
coisas. Isso, sem dúvida, a universidade me deu. Tenho minha capacidade crítica muito aguçada, o que me faz<br />
impaciente a certas opiniões. Pessoas com a mente muito fechada têm que buscar ampliar a sua visão e respeitar a<br />
diferença que existe no mundo.<br />
28 09
Em sua entrevista ao blog “Livros por Lívia”, ao ser questionada acerca do título do livro Desnudalma, você<br />
afirma que “A ideia da nudez do corpo e da alma e ainda a nudez do autor está presente do início ao fim do<br />
livro”. Esta perspectiva não é oposta ao que faz o ator que se “veste” com personagens diversos. Como lidar<br />
com esta dupla tarefa no processo de criação artística? (Gabriele Tonom)<br />
Em Desnudalmas a ideia da nudez independe de estar de roupa ou não, pois não estou falando só da nudez física,<br />
mas da nudez da alma (Desnudalmas). O ator em cena pode estar com qualquer tipo de roupa, mas o corpo dele está<br />
exposto. Eu sinto isso. O público diante do ator vê seu corpo como um todo. E você está ali, aberto, exposto, diante do<br />
público, é neste sentido que falo em nudez. Eu realmente já tive essa sensação, mesmo vestida. Como escrevi nos<br />
poemas, me senti como se estivesse nua, pois o público estava vendo o meu ser, a minha alma. Tive essa sensação<br />
muito forte quando participei de um espetáculo shakespeariano. Shakespeare por si só, já exige muito do ator. Era um<br />
monólogo com quatro personagens da obra de Shakespeare. Convidei o diretor Paulo de Paula <strong>para</strong> dirigir, e foi um<br />
espetáculo de muito sucesso no final dos anos 1990, entre 1998 e 1999. Apresentei esse espetáculo durante uns três<br />
ou quatro anos, cheguei a ser premiada. Os personagens Julieta, Ofélia, entre outros, exigiam muito de mim, teve um<br />
momento que eu estava ali entregue, na cena, e eu tive uma sensação como se estivesse nua, mesmo estando<br />
vestida.<br />
No mesmo blog , você comenta que o livro Desnudalma expressa sua vivência religiosa com os Orixás. Você<br />
pensa em lançar algum livro que cite suas experiências na sua nova religião messiânica? (Sulamyta<br />
Fernandes Breda)<br />
No meu livro Desnudalmas, trago experiências que transitam entre uma religião e outra. Tem poemas sobre orixás e<br />
sobre a igreja messiânica. As diferenças de como fazer ikebana, que é um tipo de arte japonesa de arranjos florais. E<br />
isso é abordado no livro, minha vida na messiânica. Consequentemente, eu não excluo as demais religiões, ao<br />
contrário isso serve <strong>para</strong> acrescentar. Quando era criança frequentava a igreja católica o que me fez nutrir um respeito<br />
enorme pelos santos, Nossa Senhora A meu ver tudo se soma, pois quando você exclui você nega o que lhe<br />
empobrece como pessoa. Você acaba se tornando preconceituoso.<br />
Na websérie -de filme poesias de autores afro-brasileiros -Palavra Negra, seus trabalhos poéticos foram<br />
interpretados junto a outros nomes da história da poesia negra, como Abdias do Nascimento e Elisa Lucinda.<br />
Ser mencionada ao lado destes autores te dá ideia de “missão cumprida”?( Carlos)<br />
Não deixa de ser um reconhecimento, fico feliz por isso! Porque me identifico com os autores, então é ótimo.<br />
Como você dimensiona o impacto na sua carreira da participação na novela “Velho Chico”? (Carlos e Iurya)<br />
O impacto maior é a visibilidade. Que não se restringe ao Brasil, pois a novela passava no exterior. Foi uma<br />
experiência muito boa, muito positiva pra mim, apesar de já ser uma atriz experiente no teatro e de já ter feito cinema, a<br />
televisão é uma nova linguagem <strong>para</strong> mim. A velocidade da TV e a forma de produção é muito diferente. O teatro é algo<br />
mais artesanal e a televisão industrial. Ter que dar conta de toda pressão e responsabilidade de estar no meio de<br />
atores consagrados e extremamente reconhecidos. Por exemplo, recentemente fui convidada <strong>para</strong> ser<br />
homenageada na semana da Consciência Negra, na cidade de Congo, interior da Paraíba, em Festival de Cinema<br />
chamado Cinecongo. A cidade tem uma influência da cultura negra muito forte. Essa foi uma das experiências mais<br />
recentes. Jamais esperei que isso fosse acontecer, pessoas de Estados distantes me seguindo e me homenageando<br />
em um evento como esse. Percebo que muitos mineiros e paulistas me seguem nas redes sociais, acompanhando<br />
minhas notícias.<br />
Mancala, Woare, Bao<br />
Morabaraba ou Umlabalaba<br />
Senet<br />
Zamma Dhamet<br />
ALGUNS JOGOS AFRICANOS<br />
É um dos jogos mais antigos do mundo, que remonta milhares de anos. Tabuleiros foram<br />
encontrados esculpidos em telhados de túmulos egípcios antigos em Luxor e Tebas. Em<br />
Alguns lugares o jogo é conhecido como Bao, Oware, Ayo, Omweso, Enkeshui ou Aweet.<br />
Há mais de 200 versões deste jogo onde o objetivo é o de “contar e captura”. Jogado em<br />
toda a África, todos com um pouco com diferentes regras. No Norte e Oeste da África, é<br />
comum o uso de duas fileiras de covas, na Etiópia eles jogam com 3 linhas, e no Leste e no<br />
Sul da África, eles jogam com quatro linhas.<br />
Jogo tradicional africano muito praticado na África do Sul. A versão chamada Shax também é<br />
popular na Somália e Achi em Gana. Na versão sul-africana do jogo as peças são chamadas<br />
de “vacas” e o objetivo é formar “moinhos” ou linhas de três, a fim de “dis<strong>para</strong>r” um dos<br />
adversários “vacas”.<br />
Um dos mais antigos e conhecidos jogos de tabuleiro que remonta ao Antigo Egito, cerca<br />
de 4000 anos atrás. Versões atuais do jogo são produzidas por diversas empresas.<br />
O tabuleiro de 3 níveis de 6 ou 10 casas, das quais algumas eram marcadas com<br />
hieróglifos. Existem as casas benéficas e as maléficas, especialmente às com marcações<br />
de água. Pode ser jogado só, um contra um, ou até em grupo.<br />
Tradicional e jogado no Norte da África, é semelhante ao jogo de damas. O tabuleiro é quadrado com 9<br />
linhas de diâmetro e 9 <strong>para</strong> baixo. Cada jogador recebe 40 peças, preto e brancas. Preto começa a<br />
jogar primeiro. As peças seguem o padrão da placa, só pode mover <strong>para</strong> frente, e capturar seus<br />
adversários pulando sobre eles. Se uma peça chega ao fim oposto do tabuleiro é promovida e pode<br />
então mover em todas as direções.<br />
Fanorona<br />
Jogo de tabuleiro originário de Madagascar, o tabuleiro é composto de linhas verticais,<br />
horizontais e diagonais, cujas interseções são as casas do tabuleiro. Cada jogador controla<br />
22 peças, que são posicionadas antes da partida, deixando vazia a casa central. Os<br />
adversários jogam alternadamente, movimentando uma peça de cada vez, podendo efetuar<br />
captura de peças adversárias. O jogador que ficar sem peças perde a partida.<br />
Há dois <strong>mod</strong>os de capturar peças adversárias: por aproximação e por afastamento. Ao<br />
realizar uma captura, o jogador pode realizar outros movimentos de captura com a mesma peça na mesma jogada,<br />
exceto na primeira jogada do jogador na partida.<br />
Tsolo Yematatu<br />
Significa “jogo de pedras jogado com três”, e sua origem se deu no continente Africano no país<br />
Zimbábue. É um simples jogo de raciocínio lógico e estratégia, e suas partidas podem demandar muito<br />
tempo pela relação desses dois elementos. O Tsoro é jogado em um tabuleiro em forma de triângulo<br />
isósceles dividido ao meio por uma linha na vertical e outra na horizontal, e é realizado por dois<br />
jogadores, cada jogador dispõe de três peças de mesma cor que inicialmente ficam de fora do tabuleiro.<br />
O objetivo do Tsoro é ser o primeiro jogador a formar uma linha de três peças suas. O jogador que irá<br />
iniciar o jogo é decidido na sorte. Os movimentos são alternados, cada jogador na sua vez, coloca uma de suas peças<br />
em uma casa vazia no tabuleiro, após todas as peças tiverem sido colocadas restará apenas uma casa vazia, a partir<br />
daí cada jogador move uma peça vizinha a casa vazia, é permitido também saltar sobre uma peça, sua ou do<br />
adversário.<br />
10 27
EXPERIÊNCIA DE VIDA EM UM QUILOMBO<br />
ajudam na plantação, deram um carro novo e um baú<br />
fechado <strong>para</strong> as meninas fazerem entregas. Somente<br />
os prefeitos que hoje dão assistência. Quando eu<br />
morava lá não tinha isso não. Cada um com o seu.<br />
A cultura do quilombo de onde a senhora veio<br />
ainda é preservada?<br />
“Nem todas. Como os mais velhos já morreram,<br />
algumas coisas foram se perdendo. Mas algumas<br />
festas continuam, mas agora só na cidade de<br />
Conceição da Barra, como o Congo, Reis, Meu Amado<br />
São Sebastião, que é em Itaúnas e “tá” muito animado.<br />
É uma coisa que não acaba de jeito nenhum. Vai<br />
morrendo um e eles vão colocando outro.<br />
Mudando um pouco de assunto, a senhora já<br />
sofreu algum preconceito?<br />
“Nunca! Graças a Deus. Tinha atividades pra homem<br />
mas eu tomava as frentes, mesmo sendo mulher, fazia<br />
e dava conta. As vezes os meninos que eu fui criada<br />
junto não faziam o que eu fazia. Não tinha preconceito<br />
por isso, eles adoravam que eu fazia. Nem por ser<br />
negra. Se alguém chamou eu não escutei, porque se<br />
eu escutasse eu voltava “pra” trás e ia dar uma<br />
resposta muito boa.”<br />
Nailma Maria Dulce da Conceição<br />
E ao procurar um emprego? A senhora encontrou<br />
Gurigica – Vitória<br />
alguma dificuldade?<br />
“Eu não precisava procurar pois já fazia tudo o que era<br />
Então senhora Nailma, o que existia no quilombo onde<br />
necessário <strong>para</strong> me sustentar, eu produzia e vendia.”<br />
a senhora viveu que é diferente daqui? O que tinha lá<br />
que a senhora sente falta aqui na cidade?<br />
Para finalizar, a senhora acredita que é importante<br />
“O que existia lá e nunca vai ter aqui é o meu trabalho na<br />
falar o que viveu <strong>para</strong> outras pessoas?<br />
roça. Sinto falta das minhas plantações, animais... Sinto<br />
“Eu acho importante porque tem muitas pessoas que<br />
falta até hoje pois não posso estar lá fazendo algo que eu<br />
pensam que isso não existiu. Eu acho que deve! As<br />
goste, no que é meu de fato.”<br />
escolas têm que acompanhar melhor, porque na<br />
minha época não tinha. Eu não tive escola. Agora a<br />
A senhora citou anteriormente que não pode estar<br />
prefeitura tem ônibus de manhã, meio-dia e a noite que<br />
onde nasceu. Por que? O que te impede de estar lá?<br />
pega as crianças da creche. O conforto “tá muito<br />
“Porque eu não tenho nada mais lá. Nenhuma terra...”<br />
beleza pura”. Era isso que era meu sonho antigamente<br />
e hoje eu não tenho. É uma lembrança muito bonita.<br />
A senhora ainda mantém alguma cultura que aprendeu<br />
Eles não isolaram, não. Lá está bem cuidado, não tem<br />
lá?<br />
nada pra reclamar porque está tudo certinho.<br />
“Muitas coisas. Fabricar sabão e torrar café são coisas<br />
que a gente fazia lá. A dança que eu mais gostava era forró,<br />
Então o que a senhora diria <strong>para</strong> os jovens de hoje<br />
eu tocava sanfona e batia pandeiro. Eu batia muito<br />
que ainda passam pelas dificuldades que a<br />
pandeiro.”<br />
senhora passou?<br />
“Lutem <strong>para</strong> não serem só empregados, mas sejam<br />
Tem algo de lá que ninguém conseguiu tirar de você?<br />
donos de seus negócios, pois quando eu era da roça,<br />
“A esperança de ter uma terra “pra mim”, plantar até o final<br />
eu plantava, colhia e vendia, eu mesma não pedia a<br />
da minha vida. Porque você fica pensando assim: eu sou<br />
ninguém, eu mesma comprava, eu sustentava, eu e os<br />
aposentada hoje, mas se eu tivesse minha terra lá, eu tinha<br />
outros. Ficou muito dinheiro <strong>para</strong> trás que eu não<br />
muito mais e era muito mais feliz e vocês todos também<br />
recebi até hoje. Porque eu fazia e vendia <strong>para</strong> “os<br />
eram felizes junto comigo. Porque ia lá, buscava, trazia. É<br />
outros”, mas “os outros” esqueciam de mim; ninguém<br />
uma esperança que você não apaga nunca! Ela fica toda<br />
mandava em mim, e assim eu ia me sustentando.<br />
vida.”<br />
Estudem <strong>para</strong> aprenderem coisas boas. Não vão pela<br />
cabeça do outro, se alguém falar que seu esforço é em<br />
Lá a senhora sentia a assistência do governo na sua<br />
vão, não acredite. É só você ter a cabeça e chamar por<br />
antiga comunidade?<br />
Deus, porque Deus é quem guia a gente.”<br />
“Quando eu estava lá tinha um prefeito, mas não ajudava<br />
não. Agora eles ajudam as pessoas que estão lá. Eles<br />
4 REDE 1 MATUTINO<br />
26<br />
CANDOMBLÉ<br />
Nome da Mabaia (Barracão) onde foi feita a visita.<br />
Agradecimento a mãe de santo Euzenira, que nos recebeu muito bem, e tirou nossas<br />
dúvidas sobre sua religião.<br />
Entrevista<br />
Como você entrou <strong>para</strong> o Candomblé?<br />
“Bom, eu entrei aos 18 anos, contra pai, contra mãe, por motivo de doença. Não entrei por<br />
que queria seguir o Candomblé, eu entrei por opção de cuidado, porque a medicina não<br />
dava mais conta de mim, pois tinha uma doença que não tinha diagnóstico nenhum, ou seja,<br />
era uma doença espiritual. Não foi por opção na época. Hoje, se eu tivesse que escolher,<br />
entraria de corpo e alma.<br />
Que mensagem você procura passar com sua religião?<br />
“Tudo de bom, tudo de melhor, porque esse seguimento que eu tenho, essa religião, nos ensina a nos educar, tem<br />
limites. O que eu posso passar <strong>para</strong> vocês é que aprendi a ser humilde, a ter respeito pelas pessoas, e que tudo que eu<br />
tenho não é meu é de todos, então eu divido tudo que eu tenho, tudo que eu posso. Tudo que eu tenho <strong>para</strong> passar de<br />
bom <strong>para</strong> as pessoas eu passo, pois é isso que a religião prega, apesar de que a maioria não faça, o verdadeiro<br />
seguimento é esse, dividir o pão, passar o que tem de melhor às pessoas, porque precisamos da ajuda um do outro,<br />
então a mensagem da minha religião, <strong>para</strong> mim, é isso, é o que eu aprendi.”<br />
Como você lida com os preconceitos e as críticas à sua religião?<br />
“Olha, eu lido naturalmente, porque os preconceitos me fazem crescer cada vez mais. Eu não tenho medo do<br />
preconceito, eu tenho respeito a mim mesma, porque nada do que eles falam é verdade, porque eu sei que a religião<br />
não é isso, então os preconceitos não me atingem em nada, não. Às vezes, vêm as barreiras porque você é ofendido,<br />
mas Deus nos deu a capacidade de perdoar, então o que falam é porque não têm conhecimento, pois, se tivessem,<br />
amariam muito mais a natureza, porque Deus é a natureza. Quando me chamam me macumbeira, não sabem nem o<br />
que estão falando, porque macumba é um instrumento, então isso não me atinge em nada, não.”<br />
Quais são suas práticas religiosas?<br />
“Sempre praticar o bem. Eu procuro, através das ervas, pre<strong>para</strong>r um chá, um<br />
banho, eu atendo as pessoas, sou psicóloga, sou advogada, eu sou tudo. Mas<br />
não sou eu sozinha, tem uma força que me faz ajudar aquela pessoa.”<br />
Quais são suas práticas mais conhecidas?<br />
“As práticas conhecidas são o benzimento, o banho, tem o passe, o poder da<br />
energia, que eu posso até curar uma pessoa com o passe, porque não sou eu,<br />
vou falar mais uma vez, é uma força que puxa a negatividade. Às vezes, você<br />
chega aqui com um problema, uma dor de cabeça, aí a gente leva <strong>para</strong> o<br />
banho de ervas <strong>para</strong> tirar aquela negatividade. Antigamente era o benzimento,<br />
tinha vezes que a ervar saia murcha porque puxa força negativa.”<br />
O que você dá e o que recebe em troca na sua religião?<br />
“A gente dá mais do que recebe, porque você nunca viu pai de santo ou mãe de santo ricos, pois nós buscamos o<br />
equilíbrio, nós somos felizes com o que temos, Deus nos dá o equilíbrio, o necessário <strong>para</strong> viver. As pessoas que<br />
aparecem aqui foi Deus que colocou no nosso caminho, porque a gente não vai de porta em porta convidar ninguém, as<br />
pessoas que nos procuram. É muito bom <strong>para</strong> quem segue direito, porque, em todas religiões, existem os que seguem<br />
direito e os que não seguem. Eu nunca vou poder dar... quem sou eu pra dar?! Eu ajudo se tiver na beira do abismo,<br />
mas dar não sou capaz.”<br />
Por que alguém deveria entrar <strong>para</strong> o Candomblé?<br />
“Pois é um seguimento tradicional dos nossos ancestrais. É uma forma de cultuar a Deus pela natureza, o Candomblé<br />
é natureza. Acho que, se as pessoas procurassem saber mais sobre a religião, quem conhece o Candomblé ama,<br />
porque você está em constante contato com Deus, pode falar com ele a toda hora através da natureza.”<br />
Por que o sacrifício de animais?<br />
“Então, quando a gente sai do útero da nossa mãe, nasce no mundo material, a gente vem banhado de sangue, então o<br />
sangue é vida. A gente não usa o animal, como alguns dizem, <strong>para</strong> sacrifício: você não come o animal vivo come? Tem<br />
que sacrificar porque é a lei da sobrevivência. Dentro do Candomblé, a gente não usa o animal <strong>para</strong> fazer mal <strong>para</strong><br />
ninguém, não, a gente usa <strong>para</strong> si próprio. Além de nos alimentar, ele nos fortalece, então não se usa o animal sem que<br />
se reze primeiro, porque o animal é servido <strong>para</strong> quem está aqui dentro, os nossos convidados, os iniciantes. Então<br />
não é <strong>para</strong> matar e fazer macumba, como dizem, é <strong>para</strong> nos alimentarmos e nos fortalecer.”<br />
11
Umbanda, uma religião afro-brasileira<br />
Entrevista com Andréia, dirigente do terreiro Fraternidade Umbandista Cabocla Iara<br />
Velho, Caboclo e etc ...”<br />
A sua religião tem influência ou base em outras religiões? Quais?<br />
“A umbanda é uma religião brasileira, fundada por uma pessoa que foi<br />
considerada esquizofrênica por falar com o “nada”, que recebeu uma<br />
entidade que o revelou que ele fundaria uma religião.”<br />
Vocês possuem dogmas religiosos, regras que um indivíduo deve<br />
seguir ou como ele dever se comportar?<br />
“Na Umbanda, seguimos muito o Novo Testamento. Fraternidade, caridade<br />
e respeito ao próximo e por si mesmo, acima de tudo. Porém não somos fãs<br />
de vícios. Nós nunca imporíamos a uma pessoa que ela pare, mas<br />
tentaríamos instruí-la a <strong>para</strong>r.'’<br />
Quais as maiores diferenças da Umbanda <strong>para</strong> o Candomblé a seu<br />
ver?<br />
R: “No Candomblé, não existe incorporação, no Candomblé eles dançam<br />
<strong>para</strong> o Orixá, eles o cultuam... Eu não sei direito como explicar, mas eles não<br />
incorporam como nós, umbandistas, fazemos. Na Umbanda, existe Preto<br />
ALGUNS EXEMPLOS DE COMIDAS AFRO-BRASILEIRAS:<br />
Feijoada<br />
Acarajé<br />
A feijoada, se originou nas senzalas. Enquanto as melhores carnes iam <strong>para</strong> a mesa<br />
dos senhores, os escravos ficavam com as sobras: pés e orelhas de porco, linguiça,<br />
carne-seca etc. Esses ingredientes eram misturados com feijão preto ou mulatinho e<br />
cozidos num grande caldeirão, trazendo como resultado a famosa feijoada.<br />
O Acarajé é feito de massa de feijão-fradinho, cebola e sal e frita em azeite-dedendê.<br />
O acarajé pode ser servido com pimenta, camarão seco, vatapá, caruru<br />
ou salada: quase todos componentes e pratos típicos da cozinha da Bahia.<br />
É um prato típico da culinária baiana e um dos principais produtos vendidos no<br />
tabuleiro da baiana (nome dado ao recipiente usado pela baiana do acarajé <strong>para</strong><br />
expor os alimentos), que são mais carregados no tempero e mais saborosos,<br />
diferentes de quando feitos <strong>para</strong> um orixá de religião afro-brasileira.<br />
Na igreja Evangélica existe algo parecido?<br />
R: “Na igreja, fala-se muito no fogo divino. Para nós, esse fogo divino tem um nome, Egunitá. Ah, o amor de Deus, pra<br />
nós? Oxum. Justiça divina? Xangô. Conhecimento divino? Oxossi... Se você for olhar, é a mesma coisa com nomes<br />
diferentes.”<br />
Existe alguma divindade mais importante ou superior?<br />
“Não, <strong>para</strong> nós, todas são importantes. Por exemplo: quem, aqui nesta sala, é mais importante? Aos olhos de Deus,<br />
todos nós somos iguais. Para nós, não existe o Caboclo ser mais importante que o Preto Velho ou vice-e-versa. Cada<br />
um dentro do seu espaço, da melhor forma.”<br />
O que Oxalá representa na Umbanda?<br />
“Oxalá representa a fé. Se você for voltar á criação, você vai perceber que Deus fez o mundo em sete dias, não foi?<br />
Quando você vai fizer alguma coisa, você acredita que algo novo vai surgir, então, você tem fé, você crê em alguma<br />
coisa nova. Esse sentimento de Deus, de crer em alguma coisa nova ou em fazer algo representa Oxalá <strong>para</strong> nós.”<br />
Você ouve muitas coisas ruins sobre a Umbanda? Como pessoas chamando os ritos de macumba ou<br />
confundindo Exu com demônio e etc...?<br />
''Eu dei uma palestra na UFES sobre Umbanda <strong>para</strong> os professores. Tinha um problema sério com eles, não<br />
entendiam muito bem e acabavam misturando tudo como naquela história 'umbanda é macumba' e etc. Existem<br />
pessoas ruins em todas as religiões, não só nas de matriz africana. Ás vezes, a pessoa está lendo um salmo e, ao<br />
mesmo tempo, se preocupando em acabar com o outro. Existe um ponto nosso que diz assim 'Quem diz que a<br />
Umbanda é ruim? A umbanda não é ruim não. O que faz a Umbanda ser ruim é o mau pensamente e o mau coração'”.<br />
E quanto às pessoas intolerantes e ao preconceito? Como você lida?<br />
“O maior problema do preconceito está nisso, se você faz alguma coisa comigo, eu fico assim: 'Ah, ele fez isso comigo<br />
e eu vou devolver <strong>para</strong> ele. Eu não quero saber dele porque ele é evangélico'... Se eu começar a fazer isso, esse<br />
preconceito vai ser de mão dupla. Eu vou estar sendo preconceituosa com você e você comigo e sabe quando nós<br />
vamos resolver isso? Nunca.<br />
Alguma coisa aconteceu? Vá atrás, converse, tente resolver. Então, assim, a fraternidade não tem nenhum grande<br />
problema com preconceito, porque a gente vai atrás e conversa, tanto que tenho muitos amigos evangélicos, acho<br />
que, da mesma forma que eles têm que me respeitar, eu tenho que respeitá-los.”<br />
Abará<br />
Cuscuz<br />
Mungunzá (Canjica)<br />
Azeite de dendê<br />
Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de feijão-fradinho temperada com<br />
pimenta, sal, cebola e azeite-de-dendê, algumas vezes com camarão seco, inteiro ou<br />
moído e misturado à massa, que é embrulhada em folha de bananeira e cozida em<br />
água. No candomblé, é comida de santo, oferecida a Iansã, Obá e Ibeji.<br />
É uma herança dos povos islamizados da África, é composto de farinha de trigo ou<br />
de arroz e servida com carne e verdura. As nossas cozinheiras<br />
introduziram a carne-seca e o torresmo como complemento.<br />
Em sua versão doce, o cuscuz é feito com leite de vaca, leite de<br />
coco, tapioca e leite condensado.<br />
Alimento pre<strong>para</strong>do com milho em grão e servido doce (com leite de coco) ou<br />
salgado (com acompanhamento de carne-de-sal/ ou torresmo) com leite.<br />
O azeite de dendê também é um dos ingredientes mais importantes da culinária<br />
negra. Este azeite é extraído da polpa do dendezeiro, uma palmeira de origem<br />
africana , sendo responsável por dara cor, o sabor e o aroma de tantas receitas<br />
deliciosas como o caruru, o vatapá e o acarajé.<br />
TURMA 1V4<br />
Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/culinaria/culinaria-afro-brasileira<br />
<strong>12</strong> 25
Abayomi<br />
No último dia 11 de outubro, os alunos da turma “1V5” do CEEMTI<br />
Fernando Duarte Rabelo se reuniram durante uma aula de história <strong>para</strong><br />
participar de uma oficina <strong>para</strong> a produção de bonecas “Abayomi”.<br />
Inspirados pela tradição de uma arte história, a turma aprendeu a confeccionar<br />
essas bonequinhas com o intuito de enriquecer a nossa Mostra Cultural com<br />
temática em homenagem a Consciência Negra no dia 20 de novembro.<br />
As bonecas, em si, possuem uma história muito interessante. Para<br />
acalentar seus filhos durante os horrores das terríveis viagens dos navios<br />
negreiros que realizavam a travessia do Atlântico, as mães africanas rasgavam<br />
retalhos de suas próprias vestes e com eles criavam pequenas bonecas, feitas<br />
de tranças ou nós, que serviriam também como amuletos de proteção.<br />
Quando em território brasileiro, as negras, na condição de escravas,<br />
continuaram a prática, muitas vezes <strong>para</strong> oferecer a suas filhas e filhos algo com<br />
o que brincar e amenizar as dores da dura vida que enfrentavam.<br />
As bonecas não possuem demarcação de olho, nariz ou boca, isso<br />
favorece o reconhecimento das múltiplas etnias africanas.<br />
Hoje, estas simplórias bonecas são símbolo da resistência negra<br />
feminina, seu nome que possui diferentes traduções, todas elas muito<br />
significativas <strong>para</strong> a cultura afro-brasileira, por vezes o nome “abayomi”<br />
representa em português o termo “encontro precioso” em outras é representado<br />
pela frase “eu estou dando pra você o que há de melhor em mim”.<br />
Assim, mais do que artesanato, mais do que história, “Abayomi” é filosofia<br />
<strong>para</strong> vida.<br />
Turma 1V5<br />
O Teatro<br />
Os artistas afro-brasileiros ainda estão marginalizados no campo da arte pela pouca<br />
visibilidade ou pelos critérios de exclusão marcantes nas produções. Como personagens, nem<br />
sempre são maioria protagonistas, e quando surgem, estão caracterizados de forma<br />
estereotipada. Fazem parte de um grupo restrito, contribui de forma mínima <strong>para</strong> a representação<br />
dos 97 milhões de afro-brasileiros.<br />
A nação brasileira, com um quadro de desigualdade e exclusão encoberta pelo reforço<br />
cotidiano do mito da democracia racial, possui um espaço potencial <strong>para</strong> o encontro com o<br />
espectador de um teatro de contornos estéticos a proclamar as matrizes culturais constitutivas da<br />
história da resistência negra.<br />
Não é fácil sobreviver como artista cênico no Brasil. Muito menos como artista negro. Um<br />
teatro a reafirmar a identidade negra no Brasil apresenta-se como um espaço de resistência.<br />
As personagens negras, portanto, são apresentadas a partir do ponto de vista dominante,<br />
quase nunca em um contexto centrado na experiência negra. Na maioria das produções teatrais,<br />
os papéis destinados a negros e negras estão limitados a um contexto de marginalidade e<br />
servidão que ignora a vida destes seres humanos que vieram ao Brasil e outro. Homens e<br />
mulheres de origens diversas com muitas histórias de lutas e vitórias, civilizações, cultura e<br />
conhecimento além da pernóstica escravidão.<br />
A memória da resistência negra tem sido silenciada. Isso pode ser explicado<br />
historicamente consultando as origens da participação dos artistas negros na cena teatral<br />
brasileira. Invisibilidade não quer dizer inexistência.<br />
O teatro negro brasileiro está vivo e atuante.<br />
Todo teatro tem um destino. O teatro grego teve o seu, o teatro medieval também. O teatro<br />
elisabetano, sem dúvida, construiu cenários diante de um mundo com necessidades específicas.<br />
Existem inúmeras outras formas de fazer teatro. O teatro, forma de representação estética da<br />
realidade, está sempre a questionar o seu próprio tempo, a apontar caminhos.<br />
Cristiane Sobral e Andréa Tenório - Turma 1V6<br />
24<br />
13
Análise do artigo<br />
"A Eugenia no Brasil''<br />
No artigo intitulado A eugenia no Brasil, Maria Eunice de S. Maciel apresenta um conceito pseudocientífico que<br />
teve grande repercussão no cenário científico e intelectual brasileiro nos anos iniciais do século XX: a eugenia.<br />
Surgido na Europa, com as ideias de Francis Galton, a eugenia é um movimento que apresenta um conjunto<br />
de ideias e práticas relativas a um “melhoramento da raça humana.” A ampla divulgação dessas ideias com bases<br />
pseudocientíficas serviu como justificativa <strong>para</strong> alguns dos crimes sociais mais bárbaros deste século: racismo e<br />
discriminações.<br />
No passado, “raça” era um termo usado <strong>para</strong> definir nacionalidade, população e etnia, além da discussão<br />
sobre a identidade nacional e o futuro da nação. Acreditava-se que o Brasil não progredia por causa de sua<br />
caracterização como “país mestiço”, com o cruzamento de brancos, negros e índios. Alguns autores como Le Bon,<br />
Lombroso e Gonineau, no século XIX, disseminavam ideias baseadas em hierarquia racial, e afirmavam que a raça<br />
branca era superior às demais. Era amplamente difundido também o discurso de que o comportamento humano se<br />
dava de forma hereditária. Partindo desse princípio, por exemplo, os indivíduos já nasceriam predispostos a vícios e<br />
crimes, sendo julgados por suas fisionomias, até mesmo como geneticamente anormais. Diante desse cenário,<br />
chegou-se a propor o controle de casamentos <strong>para</strong> os cidadãos brasileiros e a proibição por lei de casamentos interraciais.<br />
Em meio a tudo isso, surge, ainda, a ideia do “branqueamento da população”: dizia-se,<br />
então, que a solução <strong>para</strong> o problema racial no Brasil seria miscigenar a população e,<br />
assim, com o passar do tempo, chegar-se-ia ao fenótipo branco. O dito “problema de<br />
raças no Brasil” afetou em proporções tamanhas o meio médico-científico que<br />
chegou-se a confundir os conceitos de “hygiene” e “eugenia”. Acreditava-se que o<br />
negro e o mestiço eram sujos e, assim, <strong>para</strong> “higienizar” o país era necessária uma<br />
série de medidas, entre elas, as eugênicas.<br />
A eugenia no Brasil foi introduzida especificamente na Faculdade de<br />
Medicina do Rio de Janeiro. O maior protagonista dessas teorias no Brasil foi o<br />
médico Renato Kehl, que preconizava uma série de proibições matrimoniais e<br />
seleções reprodutivas que remetem à criações de animais, aplicadas a seres<br />
humanos. À ideia de “melhoria racial” associavam-se medidas como a<br />
segregação dos deficientes criminais, a esterilização dos “anormais”,<br />
mestiços, negros e criminosos (<strong>para</strong> que não procriassem) e educação<br />
eugênica obrigatória nas escolas. Com isso, acreditava se que os<br />
“inferiores” ou “semi-humanos”, segundo Kehl, iriam se extinguir,<br />
restando, assim, somente a “raça superior”.<br />
Em 1929, acontece o 1° Congresso Brasileiro de<br />
Eugenia, que abordou temas como os perigos raciais das<br />
imigrações e do Movimento Feminista, que começava a criar<br />
forças no país: as mulheres não se sentiam mais no dever<br />
de procriar, e, <strong>para</strong> os eugenistas, isso era preocupante, já<br />
que seriam elas as responsáveis pela criação da “nova<br />
raça”. A tese da eugenia não era apenas usada como<br />
argumentos pseudocientíficos, mas também a<br />
possibilidade de como medidas sociais e políticas.<br />
O discurso eugênico nunca se efetivou<br />
formalmente no Brasil, mas, ainda assim, foi levado a<br />
sério pela crença das pessoas no saber médico, o<br />
que, infelizmente, resultou numa sociedade de<br />
privilégios, controlada por ideias de hierarquia<br />
racial e de pessoas preconceituosas. As<br />
consequências e resquícios disso são uma<br />
sociedade desumana e a aceitação de propostas<br />
tidas por muitos como científicas, que justificavam<br />
e acionavam a exclusão social de todos que não<br />
fossem brancos. Mais além do racismo, do<br />
autoritarismo e da discriminação, essas ideias<br />
negam a uma parte da humanidade sua própria<br />
humanidade.<br />
RACISMO E ESCRAVIDÃO FICARAM MESMO NO PASSADO?<br />
Diga-me qual a tua interpretação sobre o racismo no Brasil e eu direi quem és.<br />
O racismo consiste em qualquer pensamento ou atitude que segregue as raças humanas, considerandoas<br />
superiores ou inferiores. Atualmente, mesmo que de forma camuflada, grande parte da população ainda é<br />
racista.<br />
Durante o período da escravidão, os não-brancos, por possuírem raça e cultura distinta dos demais, eram<br />
considerados seres inferiores. Com isso, sofreram abusos físicos e psicológicos, que deixaram sequelas sociais<br />
que podem ser vistas e sentidas até os dias atuais.<br />
Como visto no documentário A história do racismo e do preconceito, tudo isso teve início com os<br />
europeus e <strong>para</strong> fins econômicos: os negros eram vendidos e trazidos às Américas por meio de navios negreiros.<br />
Segundo estimativas, foram mais de 2 milhões de pessoas mortas em razão das condições precárias em que se<br />
davam as viagens. Além disso, quando chegavam ao seu destino, na América, muitos cometiam suicídio, como<br />
forma de evitar a escravidão. Após se tornarem escravos sua média de vida não passava de 15 anos.<br />
Com isso, nota-se que o racismo não é um fato da atualidade. Desde os primórdios, os não-brancos são<br />
taxados como inferiores, e, por isso, sofrem preconceito, são segregados e marginalizados. O preconceito que o<br />
escravo sofria naquela época não se distingue do que os negros sofrem hoje. Mesmo que se dê de forma<br />
implícita, o racismo ainda está ali, enraizado.<br />
Dado os acontecimentos retratados nos documentários Racismo camuflado no Brasil e A história do<br />
racismo e do preconceito, a escravidão foi um ato de extrema ganância e etnocentrismo, que gerou<br />
consequências em todo o globo. Apesar de ter sido abolido (banido por lei), tanto a escravidão quanto o racismo<br />
são atitudes que ainda estão presentes em nossa sociedade, que até hoje não se desprenderam dessas<br />
correntes do passado.<br />
Turma 2v1<br />
Crônica<br />
Às vezes, penso em como seria ser livre<br />
Bater asas, sentir o vento no seu corpo, sacudir os cabelos e sentir o frio da geada de manhã, ver o sol nascendo<br />
na velocidade de uma nuvem atravessando o céu,<br />
se sentar em um prédio e olhar <strong>para</strong> todas as pessoas levantando <strong>para</strong> trabalhar como se fossem pequenas<br />
formiguinhas, ver o tempo passar e mudar sentada no alto de um prédio.<br />
As ruas não são movimentadas pela manhã, devagar começar a ganhar pequenos pontinhos de cores,<br />
movimentação e barulho.<br />
No começo da tarde pessoas saem de seus compromissos e se misturam em igualdade em que os sons se unifica<br />
e se tornam apenas um, os ônibus começam a encher, as pessoas entram com dificuldade, e correria, por mais<br />
que reclamem das coisas ou <strong>mod</strong>os elas não compreende que elas também a fazem, fazem mesmo sem saber...<br />
O sol já esta bem no Centro do céu, as pessoas já voltaram <strong>para</strong> os seus compromissos, a rua parece bem menos<br />
movimentada, mesmo assim ainda tem gente, se você for <strong>para</strong>r <strong>para</strong> observar vai notar que a face das pessoas,<br />
não são das muitas amigáveis, elas carregam preocupações, medo, nojo, inveja, timidez e vazio, isso não me<br />
agrada, mas quem sou eu <strong>para</strong> ficar a julgar a humanidade...<br />
O final da tarde já esta se aproximando, as luzes começam a se acender, e de pouco a pouco as pessoas<br />
começam a se movimentar, algumas até correm.. é engraçado.<br />
Com pouco tempo começa a ficar com muvuca, os ônibus enchem, as pessoas reclamam, correm, gritam,<br />
conversam.. o mesmo ciclo, a mesma coisa sempre.<br />
O começo da noite, não tem tantas pessoas nas ruas, andando, mas mesmo assim tem uma pequena quantia de<br />
carros, as coisas começam a ficar mais calmas, o céu se abre mostrando a sua imensidão de estrelas, as árvores<br />
dançam ao ritmo do vento que as balançam, a noite vai se alargando, devagar as pessoas começam a sumir e<br />
voltar <strong>para</strong> suas casas.<br />
Já é madrugada, não tem muita gente aqui, parece tudo calmo, o céu está tão limpo, se por um momento eu<br />
fechar os olhos consigo enxergar a cidade, e ela inteira dorme, ou quase toda... sempre á frutas ruins em uma<br />
árvore que é bela, e elas estragam as aparências,<br />
Em uma rua dessa cidade há como escutar gritos mudos pedindo ajuda, casas silenciosas fazendo barulho<br />
horríveis, pessoas caladas com suas mente pertubadas... a cidade nunca esta em completo silêncio, até por que<br />
até mesmo o silêncio grita.<br />
A madrugada já está chegando no fim, começa a aparecer os primeiros raios de sol, a cidade daqui a pouco<br />
começa a se levantar , não quero rever essa rotina, vou procurar outro lugar <strong>para</strong> observar o levantar, o deitar e a<br />
calmaria, procurar um lugar em que eu possa me sentar e ficar vagamente observando a vida alheia. Orgulho pelo<br />
tom de pele, cabelo afro e sorriso que sobrepõe o preconceito.<br />
Turma 2v2<br />
Aprimorar, Convencer e Renovar.<br />
Ariellly Nara - 3V2<br />
14 23
A LUTA PELA VIDA DA JUVENTUDE NEGRA<br />
O POVO (DE) SANTO E<br />
RESISTÊNCIA<br />
Livre do açoite da senzala<br />
Preso na miséria da favela.<br />
In: 100 anos de liberdade - realidade ou ilusão?<br />
Samba Enredo da Mangueira, 1988.<br />
Axé Malungo!<br />
Luiz Inácio Silva da Rocha<br />
O Espírito Santo é um dos estados que mais mata jovens negros no Brasil. De acordo com o Atlas da Violência<br />
2016, que analisou uma série histórica de homicídios cometidos com arma de fogo de 2004 a 2014, concluiu-se que<br />
enquanto a taxa de homicídios <strong>para</strong> 100 mil habitantes caiu <strong>para</strong> brancos de 15,3 <strong>para</strong> 10,9; a de negros subiu de 37,2<br />
<strong>para</strong> 46,4. Isso significa que, em 2014, a cada 10 mortes por arma de fogo ocorridas no Espírito Santo, 8 eram de<br />
negros, ou seja, 83,4% dos assassinatos.<br />
Por isso, o Fórum Estadual de Juventude Negra - FEJUNES lançou em maio de 2008 a Campanha Estadual<br />
Contra o Extermínio da Juventude Negra. A iniciativa visa denunciar os altos índices de violência que recai sob o<br />
segmento, as péssimas condições de vida que a população negra enfrenta e pressionar os governos <strong>para</strong> a adoção<br />
de medidas que possam reverter este quadro.<br />
Durante a Campanha, já foram realizadas diversas ações, tais como oficinas, panfletagens, atos públicos,<br />
produção de vídeos e cartilhas, palestras e caravanas culturais. Além disso, o FEJUNES realiza, há uma década, a<br />
Marcha Estadual Contra o Extermínio da Juventude Negra, que reúne dezenas de jovens de diversas comunidades<br />
da Grande Vitória e do interior nas ruas do Centro da Capital, em protesto contra a violência que atinge o povo negro<br />
no estado.<br />
Toda essa luta é <strong>para</strong> denunciar que o racismo continua produzindo desigualdades e violências em nosso<br />
país, ao ponto de determinar que algumas vidas não tenham tanto valor quanto outras. Essa diferença na letalidade<br />
entre brancos e negros é mais uma perversidade do racismo que hierarquiza as relações sociais e nos inferioriza pela<br />
simples distinção da cor de pele.<br />
Por isso, continuaremos nossa caminhada e vemos na educação o campo prioritário <strong>para</strong> a descontração do<br />
racismo no Brasil. Precisamos cada vez mais discutir os seus efeitos em nossa sociedade e pensar formas de<br />
combate-lo diariamente. Só assim conseguiremos viver numa sociedade onde a concentração de melanina não seja<br />
preponderante <strong>para</strong> definir quem tem mais direitos ou não.<br />
Lula Rocha - É Coordenador do Círculo Palmarino, organização nacional do Movimento Negro, um dos<br />
fundadores do Fórum Estadual de Juventude Negra e Membro do Observatório Capixaba de Juventude. Foi<br />
presidente dos Conselhos Estaduais de Direitos Humanos e de Juventude e Consultor da Secretaria Nacional<br />
de Juventude da Presidência da República. É formado em Direito.<br />
A história de exclusão e de segregação do Povo Negro e,<br />
especificamente, do Povo de Santo se fundem e confundem com o<br />
processo de escravização de negros e negras na terra chamada Brasil. É<br />
importante que percebamos que o programa europeu de dominação<br />
escravagista e racista não se limitou ao campo econômico - a mão de<br />
obra escrava dos negros e negras. Ele foi - e ainda o é - mais perverso,<br />
pois além de inferiorizar a estética do povo negro (os referenciais de<br />
beleza presente nas novelas globais são europeus), afirmar a<br />
incapacidade cognitiva do povo negro, a sua arte (identificada como<br />
primitiva) e, de forma mais forte, a experiência do Sagrado do Povo de<br />
Santo ao desacreditar os seus ritos e espiritualidade como sendo<br />
manifestações folclóricas ou demoníacas.<br />
No entanto, o que o programa europeu de dominação conseguiu<br />
durante anos omitir aos desatentos, - tanto através do recorte cristão<br />
católico (em países de fala portuguesa e espanhola) quanto em sua<br />
versão protestante (por exemplo, a calvinista na África do Sul) -, quão<br />
demoníaca eram as suas pretensões e intenções.<br />
Eis a razão de se resgatar e dizer que um dos fatores que ajudou<br />
Cláudio da Chaga Soares<br />
o Povo Negro a resistir ao banzo (a dor como aversão à privação da<br />
liberdade) e ao horror da escravidão foi a sua espiritualidade. Para isso, o<br />
Povo de Santo, - de forma subversiva e revolucionária -, inspirado nos contos orais sobre os seus ancestrais revividos<br />
como guerreiros e guerreiras colocava, sob os altares dos santos reverenciados pela religião cristã católica,<br />
assentamentos aos seus orixás. É, por isso, que em algumas regiões do Brasil, os orixás recebem nomes e ou são<br />
representados por santos católicos: por exemplo, a Iemanjá, no Píer que recebe o seu nome em Camburí, está mais<br />
<strong>para</strong> Nossa Senhora que à sua representação nos terreiros de Candomblé. Essas memórias contadas, cantadas e<br />
celebradas ritualisticamente devolviam aos seus celebrantes motivo de esperança <strong>para</strong> vencer a escravidão.<br />
Por isso, como teólogo e pastor presbiteriano, posso afirmar, sem hesitar, que toda a religião que legitima a<br />
exclusão e dominação é demoníaca. Portanto, no caso em estudo, Deus não estava entre aqueles que em seu nome<br />
penduravam belos crucifixos em suas Casas Grandes ou que em suas mãos carregavam exemplares da Escritura<br />
Sagrada, e, sim, estava entre os que 'habitavam' as senzalas chamando-o ora de Oxalá, Xangô, Iansã, entre outros<br />
nomes.<br />
Se no ano do centenário da assinatura da Lei Áurea, a Escola de Samba da Mangueira afirmava que o povo<br />
negro estava “preso na miséria da favela”, hoje, o Povo de Santo, nem nas favelas mais podem estar, pois há registros<br />
em várias partes do país de Casas de Santo que estão sendo destruídas por cristãos fundamentalistas<br />
neopentecostais e, em alguns casos, como no Estado do Rio de Janeiro, em que os praticantes de religiões de matriz<br />
africana estão sendo forçados a um novo êxodo por serem expulsos das favelas pelo novo braço coercitivo: os<br />
milicianos - herdeiros dessa cultura fundamentalista e nada evangélica que demoniza a experiência religiosa do Povo<br />
Negro.<br />
22<br />
¹É pastor da Igreja Presbiteriana Unida, teólogo, licenciado em Filosofia e Mestre em Ciências das Religiões.<br />
²É de conhecimento comum que quando os navios negreiros aportavam no Brasil, os negros e as negras recebiam de<br />
imediato o batismo e nome cristãos e a benção da Igreja à política escravagista que durou mais de 300 anos em nosso<br />
país.<br />
³Na África do Sul, país de Nelson Mandela, os calvinistas holandeses apoiaram e promoveram o apartheid: regime de<br />
segregação racial no qual os direitos da maioria composta por negros foram cerceados pelo governo formado pela<br />
minoria branca durante os anos de adotado de 1948 a 1994.<br />
15
Amanheceu. Cinzento e frio estava a manhã, como todas as manhãs que tinham se passado desde<br />
que os negros foram capturados de sua terra. Já tinham se passado anos, e as estações tinham se passado<br />
muitas vezes, mas os dias sempre eram cinzentos. Pelo menos <strong>para</strong> mim era assim. Quando fui raptado vi<br />
minha mãe morrer no navio negreiro e via meu pai apanhar constantemente. Eu, uma criança que não sabia<br />
o que era viver, chorava só de pensar que aquele seria meu destino. E foi. Quando jovem só sabia o que era<br />
trabalhar e apanhar. Não sabia o que era dormir, tampouco o que era descanso. E foi assim por tanto tempo,<br />
que eu nem sei quanto tempo durou. Até que um dia fui participar de uma reunião secreta com alguns de<br />
meu povo. Pretendíamos fugir de nossa miséria, e mesmo sabendo que seria perigoso estávamos<br />
decididos. Organizamos tudo e, na noite marcada, fugimos. Foi o dia em que mais corri na minha vida. A<br />
cada passo me sentia mais forte e vivo, o ar meio gélido da noite se transformou em calor vigoroso. A cada<br />
campo diferente e a cada passada meio cambaleante parecia que meu verdadeiro lar e os braços abertos de<br />
meus pais apareceriam bem diante dos meus olhos outra vez. Sentia que tinha voltado a ser criança e meu<br />
desejo ardente por viver estava em chamas. Porém, antes mesmo que eu finalmente deixasse de ver as<br />
manhãs cinzentas, fui surpreendido por uma baita chicotada de meu senhor, que ficou sabendo da fuga e foi<br />
atrás de nós. Minha condição de escravo voltou antes mesmo de eu saber o que era liberdade.<br />
Dia da Consciência Negra<br />
Letícia de Oliveira Queiroz - 3v1<br />
Em meio a esse mar de injustiças e de opressão, eu estava afundando cada vez mais. Não havia<br />
ninguém que pudesse me salvar, já estava cansado e totalmente desgastado daquilo. Fui obrigado a fazer<br />
coisas que não queria, vivi em péssimas condições naquela senzala, fui torturado. Não pude nem mesmo ter<br />
um momento de liberdade e praticar a capoeira com os meus irmãos. De tudo, o que eu mais queria era ser<br />
livre e finalmente poder respirar o ar que me fora tirado. Decidi então que, pela liberdade do meu povo, iria<br />
enfrentar qualquer coisa, não importava o quão doloroso fosse.<br />
Me vi correndo sem rumo pela mata, senti que o medo e a adrenalina percorriam o meu corpo, mas eu<br />
permaneci centrado no meu objetivo. Pude então avistar um quilombo, chamado Palmares. Foi onde<br />
consegui notoriedade defendendo o meu povo nas batalhas contra os portugueses e me tornei o líder<br />
daquele quilombo. Entretanto, anos mais tarde fui capturado e morto por enfrentar e, sobretudo impor ao<br />
governo o que queríamos.<br />
Hoje, já não estou mais por aí, porém me sinto orgulhoso olhando daqui de cima. Eu consegui deixar<br />
o meu legado.<br />
Apenas o pensamento de mais um<br />
CRÔNICAS<br />
Lídia Silveira Gonçalves - 2M1<br />
O galo cantou, o sol já está nascendo, eu já não aguento mais, minhas costas parecem que vão se<br />
quebrar, dormindo no chão frio, com marcas de chicotadas nas costas, eu quero fugir disso tudo, mas como<br />
irei? Meu avô não conseguiu, meu pai também não, o que me garante que dessa vez dará certo? O que me<br />
garante que aquele homem, aquele que nasceu livre e voltou por nós, Zumbi, que estava morto e reviveu,<br />
esse homem podia ter outro destino, a não ser perder a cabeça em meio a praça pública, mas ele morreu<br />
resistindo aos "homi" português, ele liderou aquele quilombo, ele deixou uma marca, ele deixou uma<br />
esperança de que meu filho possa não ter o mesmo destino que o meu, que o do meu pai e do meu avô, mas<br />
agora estou acorrentado, amanhã é minha vez de deixar alguma esperança <strong>para</strong> meu povo.<br />
Juan Oliveira - 3V1<br />
A infeliz realidade do trabalho no Espírito Santo: será que a<br />
escravidão realmente chegou ao fim?<br />
A lei áurea, legalizada pela Princesa Isabel em 1888, teve como principal<br />
objetivo abolir a escravidão no Brasil. Entretanto, mesmo anos depois de tal fato, o<br />
trabalho forçado ainda é evidente e elucida diversas formas de mascarar a<br />
escravização contemporânea.<br />
Quando falamos em trabalho escravo, logo pensamos nos negros que sofreram<br />
ao longo do tempo, mas esse problema continua presente na rotina dos capixabas,<br />
por exemplo, sob diversas formas de trabalho submisso. Desde as roupas que<br />
vestimos até o alimento que comemos, existe o suor de pessoas que são<br />
escravizadas diariamente através de trabalhos exaustivos e em condições<br />
precárias. Essa crueldade é uma dura realidade devastadora de sonhos, que<br />
compromete o destino de muitas famílias.<br />
Atualmente, no Espírito Santo, muitas pessoas que vivem em situações precárias, de crianças a idosos, são<br />
contratadas por carvoarias, tecelagens, canteiros de obras, dentre outros que prometem bons salários e adequadas<br />
condições de trabalho, mas na verdade obrigam esses indivíduos a trabalharem em péssimas condições, como pouco<br />
tempo <strong>para</strong> refeições e um ambiente nocivo, prejudicial a saúde dessas pessoas.<br />
Para que tais situações sejam erradicadas, as políticas públicas que combatem a escravidão contemporânea<br />
devem ser intensificadas, no sentindo de serem mais eficazes, considerando também a fiscalização a cerca do<br />
cumprimento ou não das mesmas em diversos locais de trabalho (principalmente nos citados anteriormente). Além<br />
disso, os cidadãos, trabalhadores devem ser incentivados a denunciarem atitudes exploratórias, no sentido escravista,<br />
pois muitas vezes apenas estes conseguem descobrir tais fatos. Todas as formas de combate à escravidão <strong>mod</strong>erna<br />
são bem-vindas, pois esse mal já deveria ter chegado a um fim concreto há muito tempo.<br />
Vidas Se<strong>para</strong>das<br />
Turma: 3V3<br />
Professor Orientador: Roberto Marcio da Silveira<br />
De 1948 a 1995, ocorreu, na África do Sul, um regime<br />
segregacionista que negava aos negros direitos sociais e<br />
políticos e foi denominado apartheid - ou “vidas se<strong>para</strong>das”, em<br />
africâner. Embora a discriminação já existisse no país africano<br />
desde o século XVII - quando os colonizadores europeus<br />
ingleses e holandeses instalaram suas colônias - o termo passou<br />
a ser usado legalmente apenas em 1948.<br />
Apesar da população majoritariamente negra, no<br />
apartheid, o governo era controlado pelos brancos de origem<br />
europeia, que criavam leis e governavam guiados pelos próprios<br />
interesses. Somente os brancos atuavam nos cargos diretivos<br />
do governo, no Parlamento, e eram eles os proprietários de<br />
terras produtivas. Já aos negros cabia o trabalho nas minas, nas<br />
fazendas e na indústria; eram, portanto, a mão de obra barata.<br />
A segregação racial esteve presente nos espaços<br />
comuns do país: transportes, escolas, bibliotecas, praças,<br />
parques, praia e até bebedouros eram se<strong>para</strong>dos de acordo com<br />
a etnia, além disso, aos negros eram vetados o sufrágio e a<br />
candidatura política. Enfim, todos os lugares foram marcados<br />
pela violência do regime. A lei de se<strong>para</strong>ção estava estabelecida, no princípio, visando à conservação e à pureza<br />
cultural, pois os defensores do apartheid consideravam a raça branca superior.<br />
Na década de 1960, a violência do regime ganha o mundo e conquista o apoio da opinião pública internacional<br />
devido a morte de sessenta negros pela polícia em uma manifestação pacífica contra o apartheid. Fazia oposição ao<br />
regime o Congresso Nacional Africano (CNA), criado em 1940, no qual o pacifista Nelson Mandela foi a figura mais<br />
influente. Feito prisioneiro em 1962, por 27 anos, Mandela foi libertado em 1990, depois de uma campanha<br />
internacional e após vencer as eleições presidenciais, governa o país de 1994 a 1999 criando políticas sociais e<br />
habitacionais que atendessem a população negra da África do Sul.<br />
Turma 3ªV01EMRED<br />
16 21
Moda Afro<br />
A influência da cultura africana é estampada nas cores, formas e estilo da <strong>mod</strong>a atual afrobrasileira.<br />
De acordo com o Portal da Cultura Afro-brasileira, isso pode ser observado na utilização de<br />
tecidos coloridos, tecidos africanos, ou mesmo agregando nessa <strong>mod</strong>a, artefatos regionais, como a<br />
renda e o bordado. Para os consultores desse portal, falar de uma <strong>mod</strong>a afro é tentar sintetizar parte de<br />
uma cultura muito rica e vasta. Construímos então uma <strong>mod</strong>a afro-brasileira, onde a cultura regional<br />
também nos influencia. Um grupo é identificado pelas suas vestimentas, seus costumes, sua cultura,<br />
criando assim um estilo próprio. Para eles, a valorização desse estilo é resultado da nossa política de<br />
afirmação. Sim, <strong>mod</strong>a também é uma ferramenta importante pra nossa identidade, pois faz parte de<br />
quem somos.<br />
Os sites sobre <strong>mod</strong>a nos ensinam que apesar das referências com animais, pinturas corporais e<br />
outros estilos de tribos tradicionais, a <strong>mod</strong>a africana é muito mais conceitual do que se imagina e isso foi o<br />
que encantou alguns estilistas <strong>para</strong> levantar a bandeira e levar os tecidos africanos <strong>para</strong> as passarelas<br />
das principais semanas de <strong>mod</strong>a mundiais. Os desenhos nas peças vão muito mais que apenas adornos,<br />
possuem uma interpretação pessoal da região que aos olhos ocidentais podem passar despercebido,<br />
mas nem por isso desprezado. São estampas lindas que permitem looks incríveis.<br />
Na palestra sobre “Influencias Africanas na Moda: vestimenta e estamparia” as estilistas nos<br />
ensinam que as roupas africanas possuem um toque de tradição tanto em seus <strong>mod</strong>elos como nas<br />
estampas. Muitos dos desenhos não são apenas grafismos, mas remetem a algumas tribos antigas, são<br />
estampas rupestres. Muitos dos símbolos nos vestidos são ligados a provérbios antigos da cultura oral.<br />
Nos sites relacionados à <strong>mod</strong>a, identificamos que os tecidos africanos são uma das maiores<br />
expressões da cultura local e de outra afirmação, ou seja: enquanto as brasileiras se vestem <strong>para</strong> entrar<br />
em um grupo social, uma tribo, as africanas, mostram em suas roupas o diferencial, sua expressão<br />
pessoal, porque elas já fazem parte de uma tribo. No Brasil se tornaram <strong>mod</strong>a porque são realmente<br />
bonitas e fáceis de combinar tanto <strong>para</strong> usar de dia como de noite. Há quem misture estilos ocidentais e<br />
nossas pechas queridas como a saia lápis com uma linda blusa da <strong>mod</strong>a africana e crie um visual mais<br />
chamativo e bacana. Incluindo os cabelos que também fazem parte de quem somos, como nos<br />
expressamos, eles definiam a pessoa e o grupo a que pertencia. É um complexo sistema de linguagem<br />
que pode indicar posição social, identidade étnica, origem, religião e idade.<br />
Adornos multicoloridos, tranças, dreads e blacks dão um toque bonito em qualquer visual. Mas,<br />
vão muito além da procura pela beleza. Assumir o gosto e o respeito pelas diferentes formas da estética<br />
negra sinaliza um pertencimento e um orgulho dessa herança.<br />
Nós, negras e negros, não nos vestimos simplesmente, nós nos produzimos, produzimos<br />
identidade e valores. A <strong>mod</strong>a africana é linda como são lindos os negros e as negras brasileiras e<br />
africanas.<br />
Karen Barbosa Lourenço - 1V8<br />
O Samba e o Carnaval<br />
A história do Carnaval é uma das mais bem produzidas<br />
e ricas no mundo contemporâneo. Por conta dessa riqueza<br />
cultural, <strong>para</strong> exaltar a Semana da Consciência Negra,<br />
enraizada na identidade, a trajetória desse povo será contada<br />
sob a ótica do carnaval na passarela do samba de Vitória, Rio<br />
de Janeiro e São Paulo. Pois o carnaval é uma festa que tem<br />
mostrado a cada ano a força do povo negro.<br />
O Estudo apresentará imagens, sambas-enredo e<br />
sinopses dos desfiles de carnaval nos últimos dez anos. Vale<br />
destacar que a proposta é resgatar fragmentos da história do<br />
Carnaval protagonizada pelo povo negro, e "Foi graças a esse<br />
povo que o Carnaval, uma festa originalmente europeia,<br />
incorporou aqui no Brasil características de origem africana,<br />
como o samba, a capoeira e o candomblé", segundo a<br />
jornalista Clarissa Lima.<br />
Dia do Samba – Considerado símbolo nacional, o<br />
samba é comemorado no dia 02 de dezembro em todo o<br />
Brasil. Há diversas versões <strong>para</strong> o surgimento desta data,<br />
mas a mais conhecida delas diz que a data foi instituída em<br />
1940, na Bahia, <strong>para</strong> homenagear o sambista mineiro Ary<br />
Barroso. Em 1963 foi instituído o Dia Nacional do Samba pelo<br />
governo brasileiro. Desde 1972, a data é comemorada nas<br />
ruas e praças de todo o País.<br />
SAMBAS-ENREDO<br />
ESCOLAS DE SAMBA DE VITÓRIA – ES<br />
Unidos de Barreiros: Samba-enredo 2017: “Uganda,<br />
a pérola da África”<br />
Independente de Boa Vista: Samba- enredo 2013:<br />
''Diáspora Africana - O grito de liberdade de uma raça''<br />
Imperatriz do Forte: Samba-enredo 2016: ''África: do<br />
berço da humanidade ao santuário milenar da sabedoria''<br />
ESCOLAS DE SAMBA do RIO DE JANEIRO:<br />
Acadêmicos do Cubango: Samba Enredo 2002 –<br />
África (o Exuberante Paraíso Negro).<br />
Beija Flor: Samba-enredo 2001: A Saga de Agotime<br />
- Maria Mineira Naê.<br />
Salgueiro: Samba-enredo 1992 - O Negro Que Virou<br />
Ouro Nas Terras do Salgueiro.<br />
ESCOLAS DE SAMBA DE SÃO PAULO<br />
Acadêmicos do Tatuapé: Samba-enredo: Mãe África<br />
conta sua história: Do berço sagrado da humanidade à<br />
abençoada terra do grande Zimbabwe.<br />
Pérola Negra:Samba-enredo: 'Do Canindé ao samba<br />
no pé. A Vila Madalena nos passos do balé'.<br />
Tom Maior: Samba-enredo: Uma nova Angola se<br />
abre <strong>para</strong> o mundo! Em nome da paz, Martinho da Vila<br />
canta a liberdade!<br />
Mocidade Alegre: Samba-enredo: 'Ayo – A alma<br />
ancestral do samba',<br />
Nenê de Vila Matilde: Samba-enredo: "A epopeia de<br />
uma deusa africana".<br />
TURMA: 2V3<br />
PROFESSOR ORIENTADOR: VANGEVALDO CARDOSO DOS<br />
SANTOS<br />
20<br />
17
Consciência Negra/ Soul Reggae<br />
"Há uma voz que ora<br />
As nossas memórias<br />
E relata nas praças<br />
A sofrida história ... negra<br />
Grita por justiça<br />
Direito de igualdade<br />
Ao irmão oprimido<br />
Pela sociedade hipócrita<br />
Refrão:<br />
Pare <strong>para</strong> ouvir<br />
Vamos refletir<br />
A Consciência Negra<br />
Jamais desistir<br />
Vamos prosseguir<br />
Resistência negra<br />
Há uma exclusão irmão ... irmão<br />
Muitos pela sobras<br />
Vivendo a liberdade escravos de um sistema<br />
Que aos poucos os devora<br />
Não fique <strong>para</strong>do, Oh, não!<br />
Enquanto o outro chora<br />
Tome essa bandeira afrobrasileira<br />
Levante e vam'bora."<br />
Sobre a música<br />
A luta dos negros não é só deles, é nossa também<br />
Temos que <strong>para</strong>r de sermos hipócritas, fazer e não falar, pensar mais nas nossas<br />
atitudes. Lutar por justiça e direito iguais, por amor, <strong>para</strong> um mundo melhor.<br />
Temos que lutar pela nossa história, temos que está com isso sempre na memória.<br />
Alunos: Felipe Velozo, Saymon, Yasmin Juliana, Beatriz.<br />
Nossa Cor (Léo Santana)<br />
Falam de mim, falam de você<br />
Falam de nós, falam da nossa cor<br />
Ainda nos tempos de hoje<br />
Existem gente sem amor<br />
Barack Obama é negro!<br />
Léo santana é negro!<br />
Ronaldinho gaucho é negro!<br />
É negro! É negro!<br />
Carlinho brown é negro!<br />
Ivete sangalo é negra!<br />
Claudinha leite é negra!<br />
Daniela mercury.<br />
E se você não é negro<br />
Se junte a nós que não tem preconceito.<br />
Essa é uma homenagem a Nelson Mandela, e outras personalidades negras.<br />
Mas, infelizmente nos dias de hoje existe gente preconceituosa, sem amor e<br />
com racismo, então quem tem orgulho de ser negro, mão <strong>para</strong> cima homens e<br />
mulheres, o cantor fala no início da música.<br />
Fala também de pessoas que viviam nas periferias que sofrem preconceito e<br />
racismo, por serem negros, pobres e por morarem em lugares de baixa renda.<br />
(favelas)<br />
Na música fala também que se a pessoa não for negra que é <strong>para</strong> se juntar a<br />
quem não tem preconceito.<br />
Compositor: Neime<br />
Alunos: Lorrayne dos Santos, Jade, Luanna, Amanda e Igor<br />
Nego Drama<br />
Desde o início<br />
Por ouro e prata<br />
Olha quem morre<br />
Então veja você quem mata<br />
Histórias, registros<br />
Escritos<br />
Não é conto<br />
Nem fábula<br />
Lenda ou mito<br />
Não foi sempre dito<br />
Que preto não tem vez<br />
Recebe o mérito, a farda<br />
Que pratica o mal<br />
Me ver<br />
Pobre, preso ou morto<br />
Já é cultural<br />
A música fala sobre a luta do pobre e negro, fala sobre o que os pobres passam sobre a mão do governo e<br />
os preconceitos de pessoas com dinheiro e que se acham superiores.<br />
Diz também que muitos negros não tinham oportunidades e acabam recorrendo ao crime, alguns são<br />
espertos e recorrem <strong>para</strong> o esporte, diz também que o negro é injustiçado e julgado precocemente pela sua<br />
cor.<br />
Essa música também lembra um pouco de como era antigamente, os negros viviam com medo de serem<br />
mortos a qualquer momento.<br />
O negro sempre sofre com o preconceito todos os dias que só por serem negros tem classe baixa, um<br />
exemplo foi o antigo presidente Barack Obama, ele era negro, então olhe o seu conceito antes de julgar<br />
alguém.<br />
Não é porque a pessoa é negra que ela não tem potencial <strong>para</strong> ter um futuro, existem e existiram muitos<br />
negros que fizeram história, como por exemplo Machado de Assis, Fundador da Academia Brasileira de<br />
Letras, uma de suas frases que ficou marcada foi: “A vida sem luta é um mar morto no centro do organismo<br />
universal”. Não só ele, mas como muitos negros que existem, sofreram e sofrem com o preconceito racial,<br />
mas isso não diz que você não tem futuro, estude, siga seus sonhos, esforce-se, pois só assim você<br />
independentemente de cor ou etnia poderá mudar o mundo mais importante que existe, o seu.<br />
Alunos: Breno Robert, Marlon Santos, Adenilson e Sávio.<br />
Negro não nego (MC Mestiço)<br />
A música nos traz que devemos ter orgulho em dizer que somos negros.<br />
Porque a sociedade insiste em dizer que somos mestiços, pardos,<br />
mulatos, mas, não dizem negros.<br />
“... Meu cabelo é enrolado<br />
Eu digo que sou negro<br />
Eles dizem que sou mulato<br />
Mulato vem de mula<br />
E eu não sou bicho...”<br />
A música nos mostra também que a mídia tem sido a grande influência<br />
em propor um padrão à sociedade, em que ser negro e ter cabelo<br />
crespo não está no padrão. A sociedade propõe que somos todos<br />
iguais, mas ainda há preconceito e discriminação com o negro, e que<br />
apesar do passar dos anos, muitos ainda têm a visão de que negro é<br />
inferior. Ainda existe muitas pessoas que acham que o dia da<br />
consciência negra é regresso, e que as cotas são segregações e não<br />
inclusões. Eles pensam que 400 anos de escravidão podem ser<br />
apagados com um dia de conscientização.<br />
Seja Negro e Não Negue!<br />
Nomes: Ana Beatriz Corrêa, Clara Vieira, Fábia Correia, Laura<br />
Isabel e Vitória Firmiano Simões.<br />
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