Semente-crioula-cuidar-multiplicar-e-partilhar
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CAPÍTULO 1<br />
falar pra Regina da história do resgate das sementes. Foi bom o senhor<br />
ter chegado, assim a gente pode contar do trabalho que a gente tem<br />
feito aqui na região.<br />
Seu Damião logo se animou! Adora uma prosa por qualquer assunto<br />
à toa... pra falar do trabalho com as sementes então, ele esquece até<br />
do almoço!<br />
— Vamos contar a história da comunidade Terra Boa, então!, disse<br />
Seu Damião. – É um bom exemplo pra começar a entender do assunto...<br />
— Terra Boa?, perguntou Regina, já curiosa. – Eu tenho um colega<br />
que mora lá. É parente da Dalvinha. Que trabalho de resgate que tem<br />
lá?<br />
Seu Damião foi logo se sentando para começar a falar:<br />
— Sabe, Regina, antigamente, lá na comunidade de Terra Boa, tinha<br />
muito agricultor que plantava batata. Aqui na nossa região teve muita<br />
imigração de gente da Europa, gente que teve que deixar a Rússia, a<br />
Ucrânia, a Polônia, Alemanha, Itália... e veio parar aqui no sul do Brasil<br />
no século passado. Essa gente veio com suas tradições, seu conhecimento,<br />
mas não teve oportunidade de trazer quase nada de lá.<br />
Dona Amália, que ouvia agachada transplantando suas mudas de alface,<br />
continuou:<br />
— Veja que sabedoria antiga, minha filha: as sementes são os maiores<br />
tesouros dos agricultores. Eles não trouxeram dinheiro nem jóias<br />
porque não tinham, mas trouxeram sementes, que era o seu bem mais<br />
valioso.<br />
— Pois é, retomou Seu Damião. — É o caso da família do Cléber, lá<br />
de Terra Boa. Os avós dele, quando vieram da Polônia, trouxeram as<br />
sementes de uma batatinha branca e de uma outra batata maior, com<br />
casca cor de rosa. E assim como os avós do Cléber, tem muita gente que<br />
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CAPÍTULO 1