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22-12-2016<br />
SEMANA 3<br />
CRÓNICA<br />
INTERNACIONAL<br />
• Jorge Cadima<br />
Histeria<br />
A guerra<br />
na Síria<br />
não é ‘civil’<br />
Ahistérica campanha em torno da libertação de Alepo<br />
é elucidativa. Longe de celebrar o fim de quatro<br />
anos de guerra nessa grande cidade síria, os meios de comunicação,<br />
governos e parlamentos das potências imperialistas<br />
ficaram histéricos com a derrota daqueles a quem<br />
o ex-chefe das tropas da NATO na guerra contra a Jugoslávia,<br />
general Wesley Clark, chamou (literalmente) «os jihadistas<br />
‘bons’ financiados pelos nossos aliados» (USA Today,<br />
11.2.16). Os ‘jihadistas bons’ de Wesley Clark são<br />
aqueles que decapitam crianças, ao mesmo tempo que recebem<br />
apoio militar dos EUA (BBC, 21.7.16). São os que<br />
comem as entranhas de soldados sírios que acabaram de<br />
matar, naquilo que a BBC apelidou de ‘canibalismo ritual’<br />
(BBC, 5.7.13), e são depois entrevistados<br />
pela comunicação social inglesa<br />
para se «explicarem» (Telegraph,<br />
19.5.13). São os que diariamente<br />
bombardeavam com morteiros alvos<br />
civis na Alepo não ocupada e chacinam<br />
a comunidade cristã síria (como<br />
relata a missionária católica argentina Ma. Guadalupe, que<br />
viveu estes quatro anos em Alepo; observador.pt, 25.2.16).<br />
São os mercenários cujos salários são pagos pelas petroditaduras<br />
do Golfo (ABC News ou Times of Israel, 1.4.12),<br />
conhecidas e intransigentes defensoras da democracia e<br />
dos direitos dos povos... E pelo Pentágono (NY Times,<br />
18.9.14 ou Reuters, 22.6.15).<br />
Osofrimento do povo de Alepo foi real. Nos dois lados<br />
da cidade, e não apenas a Leste. Foi-o, porque o imperialismo<br />
(dos EUA e da UE) optou desde o início pela<br />
militarização dos protestos de 2011, armando e financiando<br />
bandos terroristas para efectuar a ‘mudança de regime’<br />
tantas vezes exigida publicamente pelos Obama/Clinton,<br />
Hollande, Cameron e companhia. A guerra na Síria não<br />
é ‘civil’. É uma guerra de agressão externa, que visa<br />
destruir e fragmentar o país, para melhor controlar os enormes<br />
recursos da região.<br />
Nada disto é novo. Em 1957 «Harold MacMillan [PM<br />
inglês] e o presidente [dos EUA] Dwight Eisenhower aprovaram<br />
um plano [dos seus serviços secretos] CIA-MI6 para<br />
encenar falsos incidentes, como pretexto para uma invasão<br />
da Síria pelos seus vizinhos pró-ocidentais», conforme documentos<br />
oficiais descobertos em 2003 (Guardian,<br />
27.9.03). Até a linguagem parece actual: «O plano prevê<br />
a criação dum ‘Comité da Síria Livre’ e o armamento de<br />
‘facções políticas com capacidades paramilitares [...]‘ dentro<br />
da Síria. A CIA e o MI6 instigariam levantamentos internos».<br />
O imperialismo nunca aceitou de bom grado a libertação<br />
dos povos. Em Maio de 1945, no preciso mês<br />
em que terminava a II Guerra Mundial, «tropas francesas<br />
ocuparam o edifício do Parlamento sírio em Damasco, no<br />
qual entraram após rebentar com o portão a tiros de artilharia,<br />
de acordo com o correspondentes da British United<br />
Press. […] aviões franceses deixaram cair várias bombas sobre<br />
Damasco e tropas francesas metralharam várias ruas [da<br />
cidade]» (Sydney Morning Herald, 31.5.45). Tudo isto para<br />
impedir que, após 400 anos de dominação turco-otomana<br />
e um quarto de século de colonização francesa, o<br />
povo sírio alcançasse a sua independência. Tudo isto, poucos<br />
meses após a libertação de Paris da ocupação alemã.<br />
Ahisteria é grande, porque a derrota do imperialismo<br />
em Alepo é pesada. O Embaixador sírio na ONU diz<br />
que agentes dos serviços secretos dos EUA, Israel, Arábia<br />
Saudita, Catar, Turquia, Marrocos e Jordânia estão cercados<br />
em Alepo. A histeria é também porque os dirigentes<br />
imperialistas sabem que, cada vez mais, estão a perder<br />
o controlo ideológico sobre os povos. Como ainda há poucos<br />
dias ficou patente na sua derrota (mais uma) no referendo<br />
que visava alterar a Constituição italiana. O que torna<br />
legítima a pergunta: o que fazem o BE e outras forças<br />
que se proclamam de esquerda, levando água ao moinho<br />
das campanhas propagandísticas que tentam ‘legitimar’ as<br />
guerras imperialistas? Já foi assim aquando da guerra à<br />
Líbia. Não aprendem? Ou não querem aprender?<br />
EDITORIAL<br />
“Partido necessário, indispensável<br />
e insubstituível a um Portugal desenvolvido,<br />
soberano e com futuro<br />
”<br />
REFORÇAR A LUTA<br />
PELA ALTERNATIVA<br />
OComité Central, reunido a 17 de Dezem -<br />
bro de 2016, procedeu à avaliação do XX<br />
Congresso do Partido Comunista Português,<br />
aprovou uma resolução sobre a organização<br />
do trabalho de direcção e definiu um conjunto de<br />
linhas de trabalho e tarefas decorrentes das orientações<br />
aprovadas no Congresso. O Comité Central<br />
analisou os últimos desenvolvimentos da situação<br />
política nacional e internacional.<br />
Honrando os compromissos com os trabalhadores<br />
e o povo e aproveitando todas as oportunidades<br />
para levar mais longe a defesa, reposição<br />
e conquista de direitos, o PCP apresentou<br />
na Assembleia da República uma proposta para<br />
aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN) para<br />
600 euros a partir de Janeiro de 2017. Discutida<br />
e votada na passada sexta-feira esta proposta<br />
foi rejeitada pelos votos do PS, PSD e CDS. Ao<br />
propor o aumento do SMN o PCP deixou claro que<br />
os baixos salários, em particular o SMN, são uma<br />
causa estrutural da pobreza e, portanto, nada<br />
poderia justificar o voto contra destes partidos, a<br />
não ser a sua submissão aos interesses do grande<br />
patronato e a cedência às pressões e chantagens<br />
da UE. Portugal mantém um dos mais baixos<br />
salários mínimos da UE e por essa razão<br />
Por tugal é tam bém, como recentemente reconhe<br />
ceu um relatório do Eurostat, o País que<br />
mantém a maior diferença entre os salários mais<br />
altos e os salários mais baixos na União Europeia.<br />
Os baixos salários, e em particular o baixo valor<br />
do SMN, constituem, como sublinha o PCP, uma<br />
inegável causa da pobreza. Por isso, aumentar o<br />
SMN é uma questão de justiça social, contribui para<br />
uma maior equidade na distribuição da riqueza<br />
e é factor de dinamização da economia.<br />
Em coerência com a sua natureza de classe,<br />
apesar do resultado da votação ter inviabilizado,<br />
no imediato, a aprovação desta proposta,<br />
o PCP vai continuar a sua acção pela valorização<br />
do trabalho e dos trabalhadores, pelo aumento<br />
dos salários (incluindo o SMN) e em defesa dos<br />
direitos dos trabalhadores, batendo-se pela alteração<br />
dos aspectos gravosos da legislação laboral,<br />
nomeadamente a revogação da caducidade<br />
da contratação colectiva e a reposição do tratamento<br />
mais favorável do trabalhador e contra a<br />
precariedade. O PCP vai continuar a agir estimulando<br />
a luta dos trabalhadores nas empresas,<br />
locais de trabalho e sectores em torno da acção<br />
reivindicativa. O PCP vai intensificar a sua acção,<br />
articulando e aproveitando todas as possibilidades<br />
para concretizar objectivos concretos e imediatos,<br />
para abrir caminho à alternativa patriótica<br />
e de esquerda.<br />
A votação da passada sexta-feira evidenciou<br />
mais uma vez a contradição insanável entre a<br />
necessidade de desenvolvimento soberano do<br />
País de que é condição fundamental a valorização<br />
do trabalho e dos trabalhadores, e os interesses<br />
do grande capital. E evidencia também a necessidade<br />
incontornável de ruptura com a política de<br />
direita e de concretização da política patriótica e<br />
de esquerda que o PCP propõe como forma de<br />
dar passos decisivos no caminho de uma alternativa<br />
que assuma a libertação da submissão ao euro,<br />
articulada com a renegociação da dívida e a recuperação<br />
do controlo público da banca e de<br />
outros sectores estratégicos; a defesa da produção<br />
nacional; a valorização dos salários e direitos dos<br />
trabalhadores; a justa tributação fiscal; a valorização<br />
e melhoria dos serviços públicos e das funções<br />
sociais do Estado; a defesa da soberania e<br />
dos interesses nacionais perante as imposições do<br />
grande capital e da UE.<br />
Épor isso particularmente significativo que o Comité<br />
Central do PCP, que assinalou o grande<br />
êxito do XX Congresso, importante momento<br />
de valorização e afirmação do PCP, tenha incluído,<br />
no quadro da intensificação da sua acção<br />
pela concretização dessa alternativa, as três condições<br />
fundamentais para o conseguir: o prosseguimento<br />
da acção de reforço do Partido de que<br />
o próprio Congresso foi um importante passo; o<br />
desenvolvimento da luta de massas que envolve<br />
a necessidade do fortalecimento das organizações<br />
unitárias dos trabalhadores e de outros movimentos<br />
de massas, envolvendo as classes e camadas<br />
sociais antimonopolistas; o empenhamento<br />
na construção da unidade e convergência com democratas<br />
e patriotas, com as forças, sectores e personalidades<br />
disponíveis para a construção da alternativa.<br />
E é igualmente significativo que o Comité<br />
Cen tral, no quadro das exigências hoje colocadas<br />
à intervenção do PCP tenha apelado ao «empenhamento<br />
de todos os militantes do Partido para<br />
a concretização das orientações decididas pelo XX<br />
Congresso assegurando um PCP mais forte, mais<br />
interventivo na luta, com os trabalhadores e o povo,<br />
pela democracia e o socialismo».<br />
E tal como a intervenção do PCP, em articulação<br />
com a luta dos trabalhadores e do povo, foi<br />
determinante e decisiva para derrotar o governo<br />
do PSD/CDS e para criar condições políticas,<br />
após as eleições de 4 de Outubro de 2015, para<br />
a defesa, reposição e conquista de direitos, pese<br />
embora o seu carácter limitado, também agora a<br />
sua acção continua a ser determinante e decisiva<br />
para a concretização da alternativa que todos<br />
os dias se afirma como necessária e possível.<br />
OPCP saiu do seu XX Congresso reforçado.<br />
Mas na sua profunda ligação aos trabalhadores<br />
e ao povo, saiu também determinado e confiante<br />
como Partido necessário, indispensável e<br />
insubstituível para prosseguir a luta por um Portugal<br />
desenvolvido, soberano e com futuro.
4 SEMANA<br />
22-12-2016<br />
ACTUAL<br />
Ainstabilidade internacional atingiu<br />
níveis quase impensáveis há<br />
alguns anos. As suas causas radicam,<br />
como sempre afirmámos, numa deriva<br />
violenta, reaccionária, agressiva e<br />
militarista das classes dominantes e<br />
dos governos das grandes potências<br />
imperialistas. A sucessão vertiginosa<br />
de acontecimentos não nos deve, nem<br />
pode, turvar a visão global e de fundo.<br />
É na crise do capitalismo, na sua natureza<br />
de classe e contradições, e na<br />
reacção do imperialismo a essa crise,<br />
que estão as fundas causas dos recentes<br />
acontecimentos.<br />
Os três ataques de segunda feira não<br />
aconteceram por acaso. Ocorrem num<br />
momento extremamente importante<br />
para os desenvolvimentos da guerra<br />
imperialista na Síria, em que se confirma<br />
as verdades sobre quem está, e<br />
sempre esteve, por detrás daquela<br />
guerra de agressão; num momento em<br />
Por estes dias entra-nos pelos olhos o cortejo de horrores<br />
de uma batalha a que pretendem que assistamos<br />
quase em directo. Mortes, desalojados, fome, imagens de<br />
crianças ensanguentadas, destruição, tudo nos é serviço de<br />
bandeja, embrulhado no pano da acusação ao governo sírio<br />
e aos que o apoiam na defesa da soberania e integridade<br />
do seu território.<br />
A campanha é clara. A partir das centrais mundiais de<br />
desinformação, ao serviço dos interesses do imperialismo,<br />
o objectivo é diabolizar o governo sírio e<br />
mesmo questionar a sua legitimidade para defender<br />
o seu povo de ataques internos ou externos.<br />
Os que hoje sofreram uma pesada derrota com a<br />
vitória do governo sírio em Alepo querem fazer esquecer<br />
quem promoveu (e promove), apoiou (e<br />
apoia) e financiou (e continua a financiar) os movimentos<br />
terroristas que prolongam uma guerra que já custou milhares<br />
de vidas e vai destruindo aquele país. A que não será<br />
alheio o manto de silêncio lançado sobre notícias que referem<br />
a detenção de oficiais de exércitos e serviços de informação<br />
de países como os EUA, a Turquia ou a Arábia<br />
Saudita, exactamente em Alepo, onde não estariam a fazer<br />
turismo, presume-se.<br />
O terrorismo e a guerra<br />
• Ângelo Alves<br />
Alepo<br />
• João Frazão<br />
Quando perguntarem...<br />
• Manuel Gouveia<br />
que a «coligação» dos EUA, NATO,<br />
Turquia e petro-ditaduras do Golfo<br />
Pérsico não só sofre uma pesada derrota,<br />
como começa a registar importantíssimas<br />
fissuras.<br />
O que os três ataques, cada um com<br />
um objectivo concreto, demonstram, é<br />
que a guerra na Síria, e em geral no<br />
Médio Oriente, está longe<br />
de estar terminada. O assassinato<br />
do embaixador russo<br />
visou limitar complexas negociações<br />
entre Turquia,<br />
Irão e Federação Russa relativas<br />
a soluções diplomáticas<br />
para a guerra na Síria. O ataque<br />
em Berlim visou reavivar o sentimento<br />
de medo e terror na Europa, que<br />
justifique mais guerra e mais medidas<br />
securitárias, como aliás Hollande já<br />
veio afirmar. Pode ser aliás o clique,<br />
e o lastro psicológico, por detrás de<br />
uma ainda maior e mais directa escalada<br />
de guerra imperialista na Síria e<br />
Iraque. O ataque de Zurique, num<br />
centro de oração islâmico, tem como<br />
objectivo manter a tensão religiosa<br />
com que se tenta envolver o conflito<br />
no Médio Oriente.<br />
Os três convergem num mesmo propósito.<br />
Não permitir que a vitória do<br />
legítimo governo sírio em<br />
Alepo atinja dois objectivos:<br />
1 – Desmascarar quem são<br />
de facto os terroristas (circulam<br />
as notícias de dezenas<br />
de agentes de forças especiais<br />
ligados à NATO e às<br />
petro-monarquias cercados ou mesmo<br />
já capturados em Alepo) 2 – Abrir<br />
campo a compromissos negociais que<br />
envolvam um dos responsáveis da<br />
guerra: a Turquia. Para impedir estes<br />
dois objectivos vale tudo. Como sempre,<br />
o terrorismo serve os interesses<br />
da reacção e do imperialismo.<br />
Querem fazer esquecer as movimentações do imperialismo<br />
e dos seus aliados na região, que alimentaram ódios e<br />
acções aventureiras que desestabilizaram todo Norte de<br />
África, de que a Líbia é apenas um dos mais expressivos<br />
exemplos.<br />
Como parte da linha confusionista em curso, procura-se<br />
amalgamar as responsabilidades, ilibando os principais culpados<br />
e seus mentores.<br />
Neste objectivo, insere-se o debate, na passada<br />
semana, na AR, de um Voto de Repúdio do<br />
BE, em que os autores nem por uma vez referem<br />
a acção hedionda do chamado «Estado Islâmico»<br />
contra o qual a Síria, com o apoio da<br />
Rússia, tem desenvolvido uma ofensiva sem tréguas,<br />
como aliás qualquer um de nós exigiria.<br />
Condenar crimes contra as populações, qualquer um condenará;<br />
rejeitar a violação dos direitos humanos (mesmo<br />
sabendo que o conteúdo desta expressão é muito diverso,<br />
dependendo do ângulo de classe pela qual se observe!),<br />
todos rejeitarão, mas os autores de um tal texto não desconhecerão<br />
que, objectivamente, ele branqueia os horrores<br />
dos verdadeiros responsáveis de uma situação que nenhum<br />
de nós deseja.<br />
Na próxima semana, aqueles que<br />
se queixam que não se fazem as<br />
greves que eles querem, queixar-se-<br />
-ão das greves que se fazem. Dois pré-<br />
-avisos de greve prometem paralisar<br />
os Aeroportos Nacionais. Nos dias 27,<br />
28 e 29 de Dezembro entram em greve<br />
os Assistentes de Portos e Aeroportos,<br />
os trabalhadores que asseguram<br />
o controlo de passageiros e bagagem.<br />
Nos dias 28, 29 e 30 é a vez da Assistência<br />
em Escala (vulgo Handling).<br />
São duas lutas que vêm de longe,<br />
em sectores altamente precarizados e<br />
desregulados, onde os trabalhadores<br />
portugueses são cada vez mais espremidos<br />
para alimentar o lucro<br />
dos capitalistas de empresas<br />
tendencialmente multinacionais<br />
como a Securitas, a<br />
Prossegur, a Ryanair ou a<br />
Vinci, perante a cumplicidade<br />
dos sucessivos governos, ora mais<br />
activos ora mais passivos, mas até hoje<br />
sempre aliados do processo de liberalização<br />
em curso.<br />
Num clima de medo, perseguições<br />
e chantagens múltiplas, onde o cinismo<br />
e a hipocrisia de patrões e governos<br />
é revoltante e revolta, os trabalhadores<br />
têm construído um caminho de<br />
resistência – de organização, unidade<br />
e luta – que sendo um caminho longo<br />
e árduo, lhes permitirá, mais cedo<br />
do que tarde, travar a destruição de<br />
direitos, impor o acesso à contratação<br />
colectiva para todos e travar a precariedade.<br />
Aos que perguntarem pelas<br />
razões da greve, sugiro<br />
que lhes transmitam este<br />
caso, relatado ao PCP na<br />
iniciativa realizada na passada<br />
sexta-feira no aeroporto<br />
de Lisboa: um trabalhador, para<br />
o caso, da Prossegur, atravessou à<br />
chuva um percurso de quase um quilómetro<br />
para chegar ao Aeroporto (apesar<br />
de haver milhares de lugares em<br />
parque de estacionamento pago, e apesar<br />
de à noite até estarem vazios), para<br />
se apresentar no seu posto às 4h30,<br />
tendo-lhe sido passada uma repreensão,<br />
com ameaça de despedimento,<br />
por estar indevidamente fardado, pois<br />
tinha as pernas das calças... molhadas<br />
(é que também não há lugar para<br />
estes trabalhadores se fardarem no<br />
Aeroporto, nem cacifo para deixarem<br />
os seus pertences devidamente protegidos,<br />
nem local para tomada de refeições).<br />
Um exemplo, onde a única<br />
coisa que tem sido estranha e pouco<br />
comum à vida de milhares de trabalhadores<br />
do Aeroporto tem sido a chuva.<br />
FRASES<br />
“<br />
Só ficava bem ao PSD, em vez de<br />
buscar desesperadamente um candidato<br />
só pelo orgulho de ir sozinho, poder juntar-se<br />
[a Assunção Cristas] para uma vitória<br />
na capital. ”<br />
(Raul Almeida,<br />
Lusa, 15.12.16)<br />
“<br />
Neste momento, acho que o PSD devia<br />
convencer Santana Lopes a ser candidato<br />
à Assembleia Municipal, com Assunção<br />
Cristas para a Câmara. ” (Idem, ibidem)<br />
“<br />
Aquilo que o Presidente da República<br />
espera deste grupo [Global Media] é<br />
que seja, como é seu dever, imparcial,<br />
isento e implacável no escrutínio de todos,<br />
a começar no Presidente. ”<br />
(Marcelo Rebelo de Sousa,<br />
TVI24, 15.12.16)<br />
“<br />
Vivemos num país onde a corrupção<br />
está enraizada. ” (Maria Filomena Mónica,<br />
Negócios, 16.12.16)<br />
“<br />
Não, por amor de Deus, por que é<br />
que haveria de sair zangado [da<br />
CGD]? ”<br />
(António Domingues,<br />
Lusa, 16.12.16)<br />
“<br />
Comparar escolas onde a propina<br />
mensal é de 500 euros com escolas situadas<br />
em meios socioeconómicos complexos<br />
não tem nenhum sentido. ”<br />
(Tiago Brandão Rodrigues,<br />
Expresso, 17.12.16)<br />
“<br />
A lei diz que o salário mínimo é definido<br />
pelo Governo ouvida a Concertação<br />
Social e não pela Concertação Social ouvido<br />
o Governo. ”<br />
(Vieira da Silva,<br />
Ibidem)<br />
“<br />
A margem de Passos Coelho já acabou.<br />
”<br />
(Alberto João Jardim,<br />
Público, 18.12.16)<br />
“<br />
Na Europa criou-se uma situação insustentável<br />
em que todos os países estão<br />
descontentes com as soluções encontradas<br />
para a crise financeira. ”<br />
(José Brandão de Brito,<br />
Negócios, 19.12.16)<br />
“<br />
A Europa está a transformar-se num<br />
projecto de contingência. ” (Joseph Weiler,<br />
Público, 19.12.16)<br />
“<br />
A nossa reacção ao «Brexit» é pão e<br />
circo. ”<br />
(Idem, ibidem)<br />
“<br />
A renegociação da dívida vai-se impor<br />
– a realidade tem muita foça – mas<br />
quanto mais tarde pior. ” (Carlos Carvalhas,<br />
Público, 20.12.16)
22-12-2016<br />
EM FOCO<br />
5<br />
Chumbo do aumento do SMN proposto pelo PCP nada muda na luta que continua<br />
Exigência de justiça e dignidade<br />
Arecomendação proposta pelo<br />
PCP para uma actualização<br />
para 600 euros do salário<br />
mínimo nacional já em Janeiro próximo<br />
foi chumbada sexta-feira passada, 16, no<br />
Parlamento. Uma certeza fica porém do<br />
debate: não vai parar a luta pela<br />
dignificação do trabalho e contra essa<br />
injustiça que é manter um salário em<br />
níveis que só alimentam a pobreza.<br />
Os baixos<br />
salários, em<br />
particular o SMN,<br />
são uma causa<br />
estrutural da<br />
pobreza<br />
A garantia foi deixada no<br />
final da discussão pela deputada<br />
comunista Rita Rato<br />
e pouco tempo antes da<br />
votação do projecto de resolução<br />
da sua bancada, inviabilizado<br />
pelos votos negativos<br />
do PS, PSD e CDS.<br />
Sobre as razões que do<br />
ponto de vista social sustentam<br />
a proposta comunista,<br />
aliás detalhadamente<br />
expostas pela parlamentar<br />
do PCP, ninguém ousou<br />
no debate questioná-las, tal<br />
a sua justeza e o carácter<br />
momentoso da sua necessidade.<br />
É que no nosso País, como<br />
salientou a deputada<br />
do PCP, quase um terço<br />
das pessoas em situação de<br />
pobreza corresponde a trabalhadores<br />
que «todos os<br />
dias se levantam para ir trabalhar»,<br />
mas que não conseguem<br />
com o que levam<br />
para casa ao fim do mês fazer<br />
face às suas «despesas<br />
básicas».<br />
Ou seja – e essa é a<br />
questão nodal que a bancada<br />
comunista pôs no centro<br />
do debate –, os baixos<br />
salários, e em particular o<br />
valor do salário mínimo nacional,<br />
constituem uma «inegável<br />
causa de pobreza».<br />
E acontece que Portugal<br />
não só mantém um dos<br />
mais baixos salários mínimos<br />
nacionais da Europa,<br />
mesmo considerando a retribuição<br />
a 14 meses, como<br />
corre o «risco de se<br />
atrasar ainda mais», nomeadamente<br />
em relação à vizinha<br />
Espanha, advertiu Rita<br />
Rato.<br />
Hipocrisia<br />
Ora sendo tudo isto uma<br />
inegável verdade, como justificaram<br />
pois PS, PSD e<br />
O «veto» dos patrões<br />
A tese de que a definição do valor do SMN deve<br />
ser determinada em sede de concertação social é<br />
defendida com unhas e dentes pelo PSD e CDS-<br />
PP. Esse é um cavalo de batalha seu – e bem se<br />
percebe porquê. É que, na prática, a<br />
concertação social tem servido para dar<br />
cobertura ao «veto» que as confederações<br />
aplicam a tudo o que signifique melhoria de<br />
salários ou combate à pobreza. Rita Rato<br />
sublinhou-o de forma contundente, entendendo<br />
que o Parlamento perante este quadro «não pode<br />
ficar indiferente ou confortável». Mas disse mais.<br />
Reagindo ainda à posição daqueles partidos<br />
sobre o envolvimento da AR nesta matéria,<br />
considerou que quando toca a «cortar salários e<br />
direitos», ambos acham que há toda a<br />
legitimidade» para tomar decisões; já quando se<br />
trata de «repor salários e repor direitos», aí, alto<br />
e pára o baile, a AR «nunca tem legitimidade».<br />
À alegação de PSD e CDS-PP de que o aumento<br />
proposto pelo PCP está no domínio do<br />
«impensável» e das «impossibilidades» respondeu<br />
ainda a deputada comunista recordando que<br />
mesmo aqui ao lado, em Espanha, o que está em<br />
discussão é um aumento do SMN para 700<br />
euros, o que corresponde a um acréscimo de 60<br />
euros.<br />
O PCP não deixa de valorizar a proposta de aumento para 557 euros indicado para o próximo ano, fruto da luta dos trabalhadores<br />
e da acção dos comunistas, mas entende que fica aquém do exigível para combater a pobreza.<br />
Sempre em queda<br />
O salário mínimo nacional, criação da Revolução<br />
de Abril que representou na altura uma melhoria<br />
substancial nas condições vida dos trabalhadores,<br />
abrangendo cerca de 50 por cento da população<br />
activa (68 por cento na função pública) – o que<br />
diz bem da depauperação e miséria herdada do<br />
fascismo –, sofreu uma progressiva e profunda<br />
desvalorização nas décadas seguintes, com<br />
actualizações abaixo do aumento dos<br />
rendimentos médios e do índice de preços ao<br />
consumidor. A isto somou-se a sua congelação<br />
entre 2011 e 2014.<br />
De acordo com os últimos dados disponíveis, o<br />
número de trabalhadores que sobrevive com 470<br />
euros líquidos (530 euros ilíquidos) ascende a<br />
mais de 631 mil.<br />
Importa igualmente ter presente que se o SMN<br />
tivesse sido actualizado, levando em conta a<br />
inflação e o aumento da produtividade, o seu<br />
valor rondaria hoje os 900 euros por mês.<br />
CDS a sua recusa à proposta<br />
do PCP? Os argumentos,<br />
em rigor, são nossos<br />
bem conhecidos. Do<br />
lado do PSD e CDS, sem<br />
surpresa, não passou despercebida<br />
a coincidência<br />
de posições com o que têm<br />
dito as entidades patronais.<br />
Alegada foi, por um lado,<br />
a necessidade de remeter<br />
o processo de decisão para<br />
a concertação social, confinando-o<br />
a este órgão; por<br />
outro lado, faz-se depender<br />
qualquer actualização<br />
do SMN de outros factores,<br />
designadamente da obtenção<br />
de contrapartidas para<br />
o patronato, embrulhando<br />
tudo num «acordo social<br />
de médio prazo».<br />
Disso mesmo é testemunho<br />
o projecto de resolução<br />
que o PSD submeteu<br />
também a debate e no qual<br />
recomenda «um diálogo sério<br />
com os parceiros sociais<br />
sobre crescimento,<br />
competitividade e emprego<br />
e que inclua a actualização<br />
do SMN».<br />
Mas ressalvando sempre<br />
que é a favor de um aumento<br />
do SMN que «seja<br />
decidido em sede de concertação<br />
social». «O Governo<br />
pode decidir aumentar<br />
o SMN sem acordo em sede<br />
de concertação social,<br />
mas essa é a via da imposição<br />
e não da tradição portuguesa»,<br />
disse a deputada<br />
laranja Clara Marques<br />
Mendes.<br />
No mesmo exacto sentido<br />
se pronunciou o deputado<br />
do CDS-PP Filipe Anacoreta<br />
Correia, invocando<br />
que uma «matéria desta<br />
responsabilidade não pode<br />
deixar de estar ligada à<br />
concertação social».<br />
Pretexto hipócrita ao serviço<br />
de uma estratégia que<br />
mais não visa, afinal, do que<br />
prolongar uma intolerável<br />
iniquidade e injustiça.<br />
Não às «borlas»<br />
E por isso tais argumentos<br />
foram firmemente contestados<br />
pela bancada comunista<br />
– no que foi acompanhada<br />
pelo PEV e BE –,<br />
com Rita Rato a sublinhar<br />
que, hoje, o que assume<br />
carácter de «exigência nacional»<br />
é o aumento do salário<br />
mínimo nacional e «não<br />
mais borlas ao patronato».<br />
«Não venham com o estafado<br />
argumento dos custos<br />
para as empresas e contrapartidas<br />
para o patronato.<br />
As remunerações têm<br />
um peso de apenas 18 por<br />
cento na estrutura de custos<br />
das empresas, muito inferior<br />
a outros custos com<br />
energia, combustíveis, telecomunicações,<br />
crédito ou<br />
seguros», sublinhou a deputada<br />
do PCP, não escondendo<br />
a sua indignação<br />
por, como se não bastasse<br />
a «inaceitável redução da<br />
TSU das contribuições das<br />
empresas para a Segurança<br />
Social», vir ainda o patronato<br />
«chantagear por<br />
mais medidas para subsidiar<br />
o aumento do SMN».<br />
E a todas as bancadas,<br />
incluindo à do PS – que<br />
por não se querer libertar<br />
dos constrangimentos a que<br />
o País está sujeito mostra<br />
pouca ambição nesta matéria,<br />
não obstante ter reconhecido<br />
pela voz do deputado<br />
José Rui Cruz que<br />
o «aumento do SMN é condição<br />
para o desenvolvimento<br />
económico», ter garantido<br />
que «partilha das<br />
mesmas preocupações» do<br />
PCP e que, «na prática,<br />
quer o mesmo mas em ritmos<br />
diferentes» –, Rita Rato<br />
fez questão de lembrar<br />
que é ao Governo que «cabe<br />
fixar o valor do SMN»,<br />
instando-o, por isso, a «assumir<br />
as suas competências<br />
constitucionais» e a decidir-se<br />
pela sua fixação em<br />
Janeiro de 2017 nos 600<br />
euros.<br />
Porque, sustentou, aumentar<br />
o SMN é uma exigência<br />
nacional fundada<br />
em razões de justiça social<br />
e de maior equidade na<br />
distribuição da riqueza mas<br />
também em razões económicas,<br />
«pelo aumento do<br />
poder de compra, dinamização<br />
da economia e do<br />
mercado interno, reforço<br />
do financiamento da segurança<br />
social, e garantia de<br />
maior incorporação nacional<br />
em actividades como o<br />
turismo».<br />
Foto LUSA
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA<br />
6 22-12-2016<br />
Acesso ao Superior de alunos com necessidades especiais<br />
Garantir integração e inclusão<br />
Adaptar os edifícios e equipamentos de modo<br />
a ultrapassar os obstáculos arquitectónicos, eis<br />
uma das medidas preconizadas pelo PCP em<br />
diploma que visa assegurar no Ensino Superior<br />
a igualdade de oportunidades aos jovens com<br />
necessidades especiais.<br />
Ver garantidos os apoios<br />
técnicos e materiais pedagógicos<br />
adequados às necessidades<br />
específicas de cada<br />
jovem é outro objectivo que<br />
a bancada comunista gostaria<br />
de ver concretizado, do<br />
mesmo modo que pugna pela<br />
contratação dos meios humanos<br />
necessários ao acompanhamento<br />
dos estudantes<br />
com estas características: docentes,<br />
funcionários, técnicos,<br />
psicólogos e outros profissionais<br />
da Educação Especial.<br />
Frente a não descurar é<br />
também a da luta pela «existência<br />
de equipas multidisciplinares<br />
que acompanhem<br />
a realidade e as necessidades<br />
destes jovens», segundo<br />
a perspectiva vertida no projecto<br />
de resolução do PCP,<br />
actualmente em comissão<br />
para onde baixou, sem votação,<br />
depois de apreciado<br />
em plenário no passado dia<br />
21 de Outubro. Idêntica tramitação<br />
tiveram diplomas<br />
sobre a mesma matéria do<br />
PEV, PS, BE, PSD e PAN.<br />
No debate então ocorrido<br />
a deputada comunista Diana<br />
Ferreira defendeu ainda<br />
que «importa conciliar a escola<br />
pública com os preceitos<br />
constitucionais, com a Lei<br />
de Bases do Sistema Educativo,<br />
com a Lei Anti-Discriminação,<br />
com as normas e<br />
orientações internacionais e<br />
com os princípios da igualdade<br />
de oportunidades, numa<br />
escola para todos e com<br />
uma resposta educativa de<br />
qualidade para todos».<br />
Estando em causa um direito<br />
humano fundamental<br />
como é o direito à educação,<br />
trata-se, pois, como frisou a<br />
deputada do PCP, de garantir<br />
que ele seja fruído por todos,<br />
em igualdade de oportunidades,<br />
tendo presente<br />
as necessidades educativas<br />
de todos e de cada um, «de<br />
modo a que todos os alunos<br />
obtenham, em todos os graus<br />
de ensino, designadamente<br />
do Ensino Superior, os grandes<br />
benefícios que uma educação<br />
inclusiva pode potenciar».<br />
Mas para isso, observou,<br />
têm de ser assegurados os<br />
necessários meios humanos<br />
e técnicos, a par dos materiais<br />
pedagógicos adequados,<br />
sem falar das adaptações<br />
dos espaços físicos das<br />
escolas e do imprescindível<br />
acompanhamento às necessidades<br />
específicas de cada<br />
O direito à Educação<br />
deve ser garantido<br />
em todos os graus<br />
de ensino e em<br />
condições<br />
de igualdade<br />
criança e jovem em todos os<br />
graus do seu percurso escolar.<br />
Com a sua iniciativa legislativa,<br />
o PCP pretende assim<br />
contribuir para um melhor<br />
conhecimento das dificuldades<br />
sentidas pelos jovens<br />
com necessidades educativas<br />
especiais e/ou deficiência<br />
no acesso ao Superior,<br />
bem como na sua<br />
frequência, passo antecedente<br />
à adopção de medidas que<br />
«garantam a estes jovens o<br />
cumprimento do seu direito<br />
à Educação»<br />
O caminho a seguir<br />
No projecto de resolução do PCP recomenda-se ao<br />
Governo que proceda ao levantamento do número de<br />
estudantes com necessidades educativas especiais a<br />
frequentar o Ensino Superior público, identificando<br />
essas mesmas necessidades.<br />
Idêntico levantamento é defendido quanto ao número<br />
de estudantes com deficiência no Ensino Superior<br />
público, identificando as várias deficiências.<br />
O Executivo é instado, por outro lado, a tomar medidas<br />
que o levem a conhecer bem a realidade dos edifícios<br />
das instituições de Ensino Superior Público, identificando<br />
as adaptações feitas e as carências existentes.<br />
O levantamento das estruturas existentes nas instituições<br />
de Ensino Superior Público de apoio a jovens com<br />
necessidades especiais é outra das medidas sugeridas<br />
no diploma comunista, onde se advoga ainda uma<br />
recolha de informação sobre as carências existentes<br />
naquelas instituições, designadamente em matéria de<br />
recursos humanos vocacionados para o devido<br />
acompanhamento aos estudantes com necessidades<br />
especiais, e, bem assim, de materiais pedagógicos<br />
adequados às necessidades ou deficiências destes<br />
estudantes.<br />
Por fim, o PCP defende que o Executivo planifique,<br />
num prazo de seis meses, e calendarize, a tomada de<br />
medidas que respondam às necessidades de intervenção<br />
identificadas, nomeadamente no que se refere à<br />
eliminação das barreiras arquitectónicas, à contratação<br />
dos profissionais necessários e à garantia dos referidos<br />
materiais pedagógicos.<br />
Grande parte das carências e dificuldades no Ensino Especial é o resultado da política de sucessivos<br />
governos de desinvestimento na Escola Pública e subfinanciamento do Ensino Superior<br />
Regime jurídico<br />
da Educação Especial<br />
O Grupo Parlamentar do PCP formalizou<br />
a entrega de um projecto de lei que<br />
define o regime jurídico da Educação Especial.<br />
Entregue na passada semana na<br />
AR, este diploma abrange matérias que<br />
visam garantir a igualdade de direitos no<br />
acesso à educação para todas as crianças,<br />
jovens e adultos com deficiência, bem como<br />
as responsabilidades do Estado neste<br />
domínio.<br />
Depois de anos em que o Ensino Básico<br />
e Secundário foi sujeito a uma contínua<br />
redução do financiamento público<br />
(menos 2000 milhões entre 2011 e 2015,<br />
sendo que o corte na Educação Especial<br />
foi de 53 milhões de euros), o que acentuou<br />
a discriminação das crianças com<br />
necessidades educativas especiais e degradou<br />
o seu processo pedagógico inclusivo,<br />
o diploma comunista vem suprir lacunas<br />
definindo um conjunto de medidas<br />
destinadas a assegurar uma «efectiva inclusão»<br />
destas crianças e jovens. O que<br />
passa, do ponto de vista da bancada comunista,<br />
pela existência de ajudas técnicas,<br />
por adequados financiamentos, uma<br />
acção social escolar orientada para uma<br />
real igualdade de oportunidades, uma «organização<br />
e gestão democrática da vida<br />
escolar e dos recursos educativos». Mas<br />
que passa também por assegurar aos pais<br />
e encarregados de educação o seu «direito<br />
primordial a terem os seus filhos/educandos<br />
na escola das outras crianças da<br />
comunidade», e, noutro plano, por garantir<br />
na legislação laboral o seu direito a um<br />
maior crédito de horas de forma a possibilitar<br />
a sua participação no processo educativo<br />
das crianças e jovens pelos quais<br />
são responsáveis.<br />
Votos sobre Cuba e Síria têm o vot<br />
Rejeitar a provo<br />
e a mentir<br />
Com os votos favoráveis<br />
do PSD, CDS-PP e PAN,<br />
a abstenção do PS e BE e<br />
os votos contra do PCP e<br />
do PEV, foi aprovado dia<br />
16 um voto que o seu autor<br />
– o PSD – designa de<br />
protesto pela «obstrução»<br />
em Cuba ao trabalho de<br />
jornalistas da SIC e Expresso<br />
por ocasião do falecimento<br />
de Fidel Castro.<br />
«Foram interceptados e<br />
interrogados pelas autoridades<br />
cubanas e, dessa forma,<br />
alvo de dificuldades<br />
acrescidas na realização do<br />
seu trabalho», refere-se no<br />
voto, onde se acrescenta<br />
que o «regime cubano dá,<br />
desta forma, provas de não<br />
ter assimilado práticas democráticas<br />
e respeitadoras<br />
da liberdade de informação<br />
e de expressão, com as<br />
quais não se pode pactuar».<br />
Distanciando-se em absoluto<br />
de tal iniciativa, o<br />
Grupo Parlamentar do PCP,<br />
em declaração de voto, considera<br />
que através dela a<br />
bancada do PSD pretendeu<br />
«associar a Assembleia da<br />
República a uma autêntica<br />
manobra de provocação ao<br />
serviço daqueles que, de<br />
forma consciente e premeditada<br />
e recorrendo às mais<br />
grosseiras falsidades, desrespeitaram<br />
o profundo significado<br />
das cerimónias fúnebres<br />
de Fidel Castro recentemente<br />
realizadas em<br />
Cuba».<br />
«Trata-se de uma deplorável<br />
iniciativa de hostilidade<br />
ao Estado e ao Povo de<br />
Cuba que se inscreve ao invés<br />
da História, nomeadamente<br />
considerando que se<br />
deslocou recentemente a<br />
Cuba uma visita ao mais alto<br />
nível do Estado português<br />
e que a União Europeia<br />
acabou de revogar a<br />
inadmissível "posição comum"<br />
de ingerência contra<br />
o Estado soberano de<br />
Cuba e encetou a aprovação<br />
de um Acordo de Diálogo<br />
Político e Cooperação<br />
da União Europeia com Cuba»,<br />
acrescenta a declaração<br />
de voto assinada pelos<br />
deputados comunistas João<br />
Oliveira e António Filipe.<br />
Depois de salientar que<br />
a AR «deve pugnar a sua<br />
intervenção no respeito pela<br />
Constituição da República<br />
e não servir de instrumento<br />
ou suporte a acções<br />
que não se inscrevem no<br />
quadro do desenvolvimento<br />
de laços com base na<br />
igualdade, reciprocidade e<br />
respeito mútuo com outros<br />
estados e povos», o texto<br />
da bancada comunista sublinha<br />
que a «maior resposta<br />
a este tipo de iniciativas<br />
e provocações deu-a o povo<br />
cubano que, com a sua<br />
dignidade e firmeza, renovou<br />
a sua vontade de prosseguir<br />
o caminho de afirmação<br />
soberana e independência,<br />
de justiça e progresso<br />
social, que conquistou<br />
com a sua revolução<br />
libertadora, profundamente<br />
patriótica e solidária com<br />
todos os povos do mundo».<br />
Não ser cúmplice<br />
dos agressores<br />
Aprovado pela AR dia<br />
16, com os votos favoráveis<br />
do PSD, PS, CDS, BE e<br />
PAN, foi ainda um voto de<br />
«repúdio» apresentado pelo<br />
BE, «pelos bombardeamentos<br />
e os crimes contras<br />
as populações na cidade de<br />
Alepo, na Síria». Contra votaram<br />
PCP e PEV, com a<br />
bancada comunista a apresentar<br />
uma declaração onde<br />
justifica a sua posição<br />
começando por lembrar<br />
que «coerentemente e da<br />
mesma forma que o fez relativamente<br />
às guerras de<br />
agressão contra o Iraque e<br />
a Líbia e os seus povos, o<br />
PCP, desde o primeiro momento,<br />
denunciou e condenou<br />
a guerra de agressão<br />
que se abateu sobre a República<br />
Árabe Síria e o povo<br />
sírio, com o seu cortejo<br />
de hediondos crimes, brutais<br />
violações dos direitos<br />
humanos, morte, sofrimento<br />
e destruição».<br />
Depois de chamar a atenção<br />
para o facto de essa<br />
«cruel guerra de agressão»<br />
ser protagonizada por grupos<br />
armados, «criados, pagos<br />
e apoiados pelos Estados<br />
Unidos, as grande potências<br />
da União Europeia<br />
– como o Reino Unido e a<br />
França – e os seus aliados<br />
na região, como a Turquia,<br />
Israel, a Arábia Saudita ou<br />
o Catar», o texto rubricado<br />
pelos deputados João Oliveira<br />
e Carla Cruz assinala<br />
que esta é uma «guerra de<br />
agressão que, na senda da<br />
destruição do Iraque e da<br />
Líbia, e desrespeitando os<br />
mais fundamentais direitos<br />
do povo sírio e o Direito Internacional,<br />
visa destruir o<br />
Estado sírio, com o seu posicionamento<br />
soberano, independente,<br />
multicultural<br />
e pan-árabe».<br />
E porque «é solidário<br />
com a resistência da Síria<br />
e do seu povo em defesa<br />
da sua soberania e integridade<br />
territorial da sua pá-
22-12-2016<br />
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA<br />
7<br />
o contra do PCP<br />
cação<br />
a<br />
tria face a uma criminosa<br />
agressão, o PCP afirma que<br />
«não esconde, e por isso<br />
não é conivente, nem é<br />
cúmplice, com os agressores<br />
e as suas monstruosas<br />
criações».<br />
O PCP recusa-se ainda a<br />
equiparar a «acção agressiva<br />
dos Estados Unidos,<br />
da NATO, das grandes potências<br />
da União Europeia<br />
e seus aliados, à postura de<br />
outros países que se posicionam,<br />
agem e articulam<br />
no plano internacional no<br />
respeito da Carta das Nações<br />
Unidas e apoiam povos<br />
e estados vítimas do<br />
bloqueio, desestabilização<br />
e agressão», entendendo<br />
que estabelecer qualquer<br />
paralelismo «seria fazer o<br />
jogo dos verdadeiros agressores,<br />
branqueando os seus<br />
crimes e responsabilidades».<br />
«Para o PCP, os grupos<br />
armados que espalham o<br />
terror e são responsáveis<br />
pelos mais hediondos crimes<br />
no Iraque, não passam<br />
a ser designados por «rebeldes»<br />
só porque o fazem<br />
na Síria – designem-se eles<br />
por «Estado Islâmico»,<br />
«Frente Al-Nusra» ou<br />
«Jabhat Fateh al-Sham», ou<br />
por uma qualquer outra designação<br />
de conveniência<br />
que esses grupos venham<br />
a adoptar», lê-se na declaração<br />
de voto do Grupo<br />
Parlamentar do PCP, onde<br />
se afirma ainda que os<br />
acontecimentos em curso<br />
em Alepo correspondem à<br />
«libertação da cidade e dos<br />
seus habitantes dos grupos<br />
terroristas que há anos,<br />
apoiados e suportados pelos<br />
EUA e seus aliados, os<br />
utilizam para alcançar os<br />
seus objectivos, ou seja,<br />
destruir aquele país».<br />
A formação comunista<br />
sublinha, ainda, que a «corajosa<br />
resistência da Síria<br />
e do seu povo exige não a<br />
vergonhosa associação ou<br />
a conivência com as campanhas<br />
que visam branquear<br />
a agressão levada a<br />
cabo pelos Estados Unidos<br />
e seus aliados, mas a solidariedade<br />
de todos os que<br />
defendem os direitos do povo<br />
sírio e a paz».<br />
«Rejeitando a mentira e<br />
não cedendo a manobras<br />
de pressão, impõe-se a continuação<br />
da solidariedade<br />
com a resistência da Síria<br />
e do seu povo. Esse é o caminho<br />
da Paz – é do seu<br />
lado que o PCP está», remata<br />
a declaração de voto<br />
do Grupo Parlamentar comunista.<br />
PCP denuncia degradação na distribuição dos CTT<br />
Serviço público e direitos sob fogo<br />
O PCP considera que há um ataque ao serviço<br />
público postal e aos seus trabalhadores,<br />
defendendo por isso ser urgente que haja uma<br />
«vontade política» capaz de «enfrentar os interesses<br />
dos grandes grupos económicos que<br />
hoje controlam os CTT».<br />
Os lucros dos CTT<br />
aumentam mas a<br />
qualidade do serviço<br />
piora<br />
Múltiplos são os exemplos<br />
que comprovam essa<br />
linha de degradação e ataque,<br />
com reflexos na contínua<br />
erosão da qualidade<br />
do serviço prestado aos<br />
utentes e no agravar dos<br />
problemas dos trabalhadores.<br />
«Agora é a própria distribuição<br />
do correio que<br />
está a ser degradada», alertou<br />
na AR, dia 14, o deputado<br />
comunista Bruno<br />
Dias numa declaração política<br />
em que demonstrou<br />
o carácter indissociável entre<br />
a situação actual e o<br />
processo que conduziu à<br />
privatização dos CTT.<br />
A testemunhar essa deterioração<br />
e o mau serviço<br />
prestado às populações (ver<br />
caixa) está, por exemplo,<br />
o caso de um Centro de<br />
Distribuição Postal onde o<br />
correio só está a ser distribuído<br />
uma vez por semana.<br />
Essa é apenas uma situação<br />
entre as muitas detectadas<br />
em 32 CDP de vários<br />
pontos do País, segundo<br />
o apuramento feito pelas<br />
estruturas representativas<br />
dos trabalhadores da<br />
empresa, nomeadamente<br />
o Sindicato Nacional dos<br />
Trabalhadores dos Correios<br />
e Telecomunicações<br />
(SNTCT).<br />
O que o País tem vindo<br />
a assistir é, pois, a uma degradação<br />
deste serviço público<br />
essencial, isto depois<br />
de terem encerrado 564<br />
estações e postos dos CTT<br />
desde 2009, e de as populações<br />
– especialmente as<br />
do interior – terem perdido<br />
centenas e centenas de<br />
escolas, tribunais e juntas<br />
de freguesia, serviços e instituições<br />
com um papel vital<br />
no esforço de contrariar<br />
o «isolamento e o abandono»,<br />
como bem sublinhou<br />
o deputado do PCP.<br />
Despedimento<br />
encapotado<br />
A vida está a comprovar a razão do PCP quando advertiu que a privatização dos CTT<br />
significaria pior serviço para as populações e um agravar das condições dos seus trabalhadores<br />
A sofrer as consequências<br />
das orientações que<br />
regem a empresa estão<br />
igualmente os seus trabalhadores<br />
das diversas áreas,<br />
os quais estão a ser alvo,<br />
segundo Bruno Dias,<br />
de uma «verdadeira operação<br />
de despedimento colectivo<br />
encapotado, por via<br />
de cartas para “rescisões<br />
por mútuo acordo”».<br />
Uma operação – onde<br />
não têm faltado as «pressões,<br />
chantagens e assédio<br />
moral», segundo relatos dos<br />
trabalhadores – a que a administração<br />
chama de «processo<br />
de optimização de recursos<br />
humanos», mas que<br />
em rigor tem o propósito<br />
de lançar trabalhadores no<br />
desemprego, apesar de<br />
«faltar pessoal em vários<br />
sectores».<br />
Uma realidade, em suma,<br />
que vem demonstrar,<br />
mais uma vez, que para os<br />
detentores do capital a qualidade<br />
do serviço postal e<br />
os direitos dos trabalhadores<br />
são uma coisa menor<br />
face à única lei que reconhecem:<br />
a maximização do<br />
lucro.<br />
Daí Bruno Dias ter posto<br />
o acento tónico na necessidade<br />
de pôr cobro a<br />
esta política de ataque ao<br />
serviços público e aos trabalhadores<br />
levada a cabo<br />
pelos grupos que controlam<br />
os CTT, deixando, pela<br />
parte do PCP, a garantia<br />
de que continuará firme,<br />
ao lado das populações,<br />
na luta em defesa do<br />
serviço público postal e dos<br />
CTT, colocando a empresa<br />
«verdadeiramente ao serviço<br />
do povo e do País».<br />
E foi no quadro dessa luta,<br />
aliás, que a bancada comunista<br />
confrontou já o Governo<br />
com a necessidade<br />
de ser dada uma resposta<br />
clara à actuação dos CTT<br />
e viu aprovado em comissão,<br />
no mesmo dia em que<br />
levou este assunto a plenário,<br />
um requerimento seu<br />
no sentido de ouvir na Assembleia<br />
da República, sobre<br />
os problemas identificados,<br />
as organizações representativas<br />
dos trabalhadores<br />
dos CTT e também<br />
a Autoridade Nacional de<br />
Comunicações.<br />
Só entre Janeiro<br />
e Setembro deste ano,<br />
os lucros dos CTT ascenderam a<br />
46 milhões de euros. A este valor<br />
acresce os 72,1 milhões registados<br />
em 2015, os 77,2 milhões em 2014,<br />
os 61 milhões em 2013. Dividendos<br />
que antes da privatização entravam<br />
nos cofres do Estado e que agora<br />
vão direitinhos para os grupos<br />
económicos a quem o anterior<br />
governo vendeu<br />
a empresa.<br />
Nestes anos recentes várias foram as lutas das populações contra o fecho de postos e<br />
estações dos CTT ( na foto, Ervidel 14-05-2013)<br />
Mau serviço e desrespeito<br />
Situações de atraso na entrega dos vales postais com<br />
as pensões de reforma que chegam a ser de 15 dias<br />
ou mais, eis um retrato bem revelador da perda de<br />
qualidade a que chegou o serviço postal. A anomalia<br />
não se fica por aqui e em diversas regiões do País o<br />
reformado é ainda obrigado a ir de estação em estação<br />
até encontrar a que tenha o dinheiro suficiente que<br />
permita resgatar o seu vale postal.<br />
Este é um dos vários exemplos que atesta esse grau<br />
de degradação em que mergulhou o serviço prestado<br />
pelo CTT, confirmando aliás os vários «alertas e<br />
denúncias» que têm chegado ao conhecimento da<br />
Assembleia da República.<br />
Bruno Dias enumerou na sua intervenção várias outras<br />
situações inadmissíveis como é o caso da distribuição<br />
postal efectuada com «giro em dobra», ou seja, com<br />
recurso a carteiros disponíveis para trabalhar para<br />
além do que lhes está atribuído na sua jornada,<br />
realidade verificada em 132 casos, em 55 Centros<br />
de Distribuição Postal. E por isso «há cartas que ficam<br />
vários dias no Centro de Distribuição Postal à espera<br />
para serem entregues», denunciou o deputado do<br />
PCP, que disse ainda ter relatos de «centenas de giros<br />
agenciados», isto é, distribuição de correio<br />
subcontratada a indivíduos, a empresas que em cada<br />
momento podem ou não garantir o serviço, já que não<br />
estão enquadrados na estrutura do CTT nem são por<br />
estes substituídos se faltarem.<br />
A descaracterização das estações de correios e mesmo<br />
a sua desarticulação naquilo que é a sua vocação<br />
e função primordial – assegurar o serviço<br />
público postal – foi outro ponto para o<br />
qual Bruno Dias chamou a atenção,<br />
lamentando que se tenham<br />
transformado em «bazares e os<br />
trabalhadores do serviço postal<br />
em vendedores de livros, discos,<br />
materiais de papelaria, etc.,<br />
etc., etc.»<br />
Medida criticável, do ponto de<br />
vista do PCP, é também a<br />
introdução de «um banco<br />
dentro dos correios», com<br />
todas as exigências de serviço<br />
e funcionamento inerentes quer<br />
para os seus trabalhadores quer<br />
para o atendimento aos utentes.<br />
«São dezenas de estações dos correios,<br />
especificamente apontadas pelos<br />
trabalhadores, onde as filas de espera e os<br />
tempos de espera se tornam insuportáveis para<br />
os utentes enquanto são colocados funcionários pela<br />
empresa não no atendimento ao serviço postal... mas<br />
no serviço bancário», condenou o deputado comunista,<br />
perante um silêncio incomodado das bancadas do<br />
PSD e do CDS, que, ficando-se pelos apartes, se<br />
demitiram de ir a debate.
8 PCP<br />
22-12-2016<br />
José Dias Coelho foi assassinado há 55 anos<br />
Os comunistas não esquecem os seus heróis<br />
O PCP homenageou na segunda-feira, 19, José<br />
Dias Coelho, dedicado militante comunista<br />
e talentoso artista plástico, no local em que há<br />
exactamente 55 anos foi assassinado pela PI-<br />
DE.<br />
José Dias Coelho<br />
foi assassinado<br />
à queima-roupa<br />
pela PIDE<br />
«De todas as sementes<br />
confiadas à terra, é o sangue<br />
derramado pelos mártires<br />
que faz nascer as mais<br />
copiosas searas.» Foi esta<br />
a legenda da última gravura<br />
de José Dias Coelho para<br />
o Avante! clandestino,<br />
relativa ao assassinato de<br />
Cândido Martins (Capilé)<br />
em Novembro de 1961,<br />
numa manifestação em Almada.<br />
Poucos dias depois,<br />
a 19 de Dezembro, foi o<br />
próprio José Dias Coelho a<br />
tombar aos 38 anos, varado<br />
pelas balas da PIDE. O<br />
crime foi perpetrado em<br />
Alcântara, na antiga Rua<br />
dos Lusíadas, actual Rua<br />
José Dias Coelho. O local<br />
está hoje assinalado com<br />
uma placa evocativa.<br />
Foi precisamente aí que,<br />
ao final da tarde da passada<br />
segunda-feira, a Comissão<br />
de Freguesia de Alcântara<br />
do PCP homenageou<br />
uma vez mais este abnegado<br />
militante comunista, funcionário<br />
clandestino do Partido<br />
e talentoso artista plástico,<br />
cuja obra colocou ao<br />
serviço da causa que abraçou<br />
desde muito jovem. Na<br />
evocação, Paulo Raimundo,<br />
do Secretariado, garantiu<br />
que os tiros dos «“pides”<br />
e a crueldade do fascismo<br />
não conseguem fazer<br />
desaparecer o artista,<br />
não abalam o revolucionário,<br />
não apagam a chama<br />
do ideal pelo qual José Dias<br />
Coelho lutou de forma abnegada,<br />
intensa, criativa,<br />
determinada e com capacidades<br />
extraordinárias».<br />
O dirigente comunista<br />
realçou particularmente as<br />
«capacidades extraordinárias<br />
na ligação aos outros,<br />
as capacidades únicas no<br />
trabalho em unidade, as<br />
PCP realiza ronda de encontros<br />
Divulgar as conclusões<br />
do XX Congresso<br />
O PCP iniciou na manhã de anteontem, 20, na sede<br />
nacional da CGTP-IN, em Lisboa, uma ronda de encontros<br />
para divulgar as decisões e orientações emanadas<br />
do seu XX Congresso, que se realizou em Almada no<br />
início do mês. Da Intersindical, a delegação comunista<br />
rumou ao Palácio de Belém para uma audiência com o<br />
Presidente da República. Ontem foi a vez do Bloco de<br />
Esquerda, estando igualmente previstas reuniões semelhantes<br />
com o Partido Ecologista «Os Verdes» e com o<br />
PS.<br />
No que respeita às conclusões do Congresso, o Secretário-geral<br />
do Partido afirmou, à saída do encontro com o<br />
Chefe de Estado, aquelas que foram as principais ideias<br />
transmitidas: relativamente à situação internacional, a<br />
grande incerteza e instabilidade existentes e as ameaças<br />
de guerra, limitações à democracia e à soberania que<br />
pairam sobre os povos, e a coexistência destas realidades<br />
com efectivas possibilidades de transformações progressistas,<br />
sendo a luta dos povos o factor determinante<br />
para garantir avanços no sentido positivo; quanto à situação<br />
do País, os efeitos da política de direita prosseguida<br />
nas últimas décadas e os eixos centrais da política<br />
patriótica e de esquerda que o PCP defende. O Secretário-geral<br />
do Partido destacou três propostas fundamentais<br />
dos comunistas: a renegociação da dívida, o controlo<br />
público da banca e a ruptura com a submissão ao<br />
euro.<br />
Aumento do SMN<br />
Da reunião com a CGTP-IN, em que esteve acompanhado<br />
por Francisco Lopes e Fernanda Mateus, da Comissão<br />
Política, Jerónimo de Sousa sublinhou a convergência<br />
de pontos de vista entre ambas as organizações<br />
no que respeita ao necessário aumento do salário mínimo<br />
para 600 euros já em Janeiro, à importância dos<br />
avanços alcançados no último ano e ao carácter limitado<br />
da actual solução política. A insuficiente valorização<br />
Para os comunistas, homenagear o passado é fundamental para construir o futuro, realçou<br />
Paulo Raimundo<br />
do salário mínimo decidida pelo Governo, de 557 euros,<br />
e a sua resistência em desbloquear a contratação<br />
colectiva.<br />
O dirigente comunista considerou ainda inaceitável a<br />
descida de um ponto percentual na TSU das empresas<br />
como «contrapartida» para o aumento do salário mínimo,<br />
realçando não ser admissível que «sejam dinheiros<br />
da Segurança Social a alimentar, mais uma vez, o lucro<br />
dos patrões». Reconhecendo que o Governo não aceitou<br />
a proposta do PCP para o aumento do salário mínimo,<br />
Jerónimo de Sousa garantiu que o Partido irá insistir na<br />
medida, tal como o fez nos últimos meses relativamente<br />
às pensões: «se a partir de Agosto vai haver o maior aumento<br />
de pensões dos últimos anos, isso deve-se à persistência<br />
do PCP».<br />
Já o Secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos<br />
(que liderava a delegação constituída ainda pelos membros<br />
da Comissão Executiva João Torres, Deolinda Machado<br />
e José Augusto Oliveira), encontrou paralelos entre<br />
o actual Governo e o anterior na insistência em compensar<br />
o patronato pelo justo e necessário aumento dos<br />
salários e, em particular, do Salário Mínimo Nacional.<br />
«Quando as empresas têm lucros eles são distribuídos<br />
pelos accionistas. Não se justifica agora que sejam os trabalhadores<br />
e reformados a pagar o aumento do SMN»,<br />
realçou, considerando insuficiente os 557 euros propos-<br />
capacidades que o revelaram<br />
um mobilizador nato,<br />
presente em todas as lutas<br />
políticas e estudantis dos<br />
anos 40 e 50» enquanto<br />
activista e dirigente do<br />
MUD Juvenil. Foram todas<br />
estas capacidades que possibilitaram<br />
a José Dias Coelho,<br />
e por seu intermédio<br />
ao Partido, contacto e ligação<br />
com as «mais importantes<br />
figuras democráticas<br />
da cultura e da arte» daquele<br />
tempo, valorizou Paulo<br />
Raimundo.<br />
Opção plenamente<br />
assumida<br />
Lembrando a adesão de<br />
José Dias Coelho ao Partido,<br />
no final dos anos 40, e<br />
a sua primeira prisão, pouco<br />
depois, o membro do<br />
Secretariado do Comité<br />
Central destacou a sua passagem<br />
à clandestinidade,<br />
opção que assumiu «de corpo<br />
e alma», pois «sabia ao<br />
que ia e acima de tudo por<br />
que ia». Como uma vez<br />
afirmou, «em toda a parte<br />
há um espaço de mim que<br />
se quer dar» e José Dias<br />
Coelho «deu e deu muito»,<br />
sublinhou Paulo Raimundo.<br />
Desde logo, «deixou para<br />
trás uma importante e<br />
significativa carreira artística».<br />
Mas, para a sua nova<br />
vida de revolucionário<br />
profissional, clandestino,<br />
«levou consigo a sua arte».<br />
Entre outras importantes<br />
tarefas que assumiu «com<br />
as suas mãos, conhecimentos,<br />
engenho», foi a montagem<br />
de uma oficina de<br />
falsificação de documentos<br />
para defesa dos militantes<br />
clandestinos, quer para o<br />
trabalho de organização<br />
quer para as relações internacionais<br />
do Partido.<br />
Em inícios de 1961 passou<br />
a integrar a direcção<br />
partidária de Lisboa, com<br />
a responsabilidade do Sector<br />
Intelectual, onde mais<br />
uma vez sobressaiu a sua<br />
capacidade de «ligação aos<br />
outros»: alargou-se o prestígio<br />
e influência do Partido<br />
entre esta camada e com<br />
ela a própria oposição democrática<br />
ao fascismo.<br />
Construir o futuro<br />
A concluir, Paulo Raimundo<br />
afirmou que se a vida<br />
de José Dias Coelho terminou,<br />
de forma tão violenta<br />
e abrupta, há 55<br />
anos, o mesmo não se passa<br />
com a luta que «honrou<br />
com o seu exemplo de firmeza<br />
serena, de convicções<br />
e de carácter, e que nós,<br />
com orgulho comunista,<br />
queremos guardar para<br />
sempre como património<br />
da nossa luta colectiva». Da<br />
parte das actuais gerações<br />
de comunistas, garantiu<br />
Paulo Raimundo, «aqui estamos<br />
e estaremos, recordamos<br />
os nossos, os nossos<br />
que são parte integrante<br />
da luta do nosso povo»,<br />
pois «recordar e homenagear<br />
os nossos é recordar<br />
e homenagear a luta dos<br />
trabalhadores e do nosso<br />
povo. É isso que fazemos<br />
e faremos, homenageando<br />
o passado, honrando-o no<br />
presente, construindo o futuro».<br />
Antes, Catarina Ângelo,<br />
da Comissão de Freguesia,<br />
proferiu também algumas<br />
palavras sobre a figura e<br />
o exemplo de José Dias<br />
Coelho.<br />
Casa do Douro<br />
Uma delegação do PCP dirigida por João Frazão, da<br />
Comissão Política, visitou recentemente a sede da Casa<br />
do Douro, no concelho do Peso da Régua. Na reunião<br />
que manteve com a Comissão Administrativa, o PCP<br />
voltou a defender a reposição dos «poderes e atribuições<br />
históricas» que a Casa do Douro sempre teve enquanto<br />
instituição de direito público.<br />
O dirigente comunista realçou também a necessidade<br />
de a Casa do Douro recuperar a sua capacidade de<br />
intervenção, que lhe permita assegurar que o «desequilíbrio<br />
natural desta região única no mundo, entre produção e<br />
comércio, se reequilibre a favor dos pequenos e médios<br />
viticultores». João Frazão confessou ainda as preocupações<br />
que o PCP tinha quanto ao pagamento de salários e<br />
indemnizações aos trabalhadores, confessando que a<br />
Comissão Administrativa garantiu que «esses serão os<br />
primeiros a ser ressarcidos», algo que considerou «muito<br />
positivo».
22-12-2016<br />
PCP 9<br />
ALGARVE<br />
Petróleo suspenso<br />
Ao rescindir um conjunto de contratos<br />
de pesquisa, prospecção,<br />
desenvolvimento e produção de<br />
petróleo e gás natural no Algarve, o<br />
Governo foi ao encontro das<br />
preocupações manifestadas pelo PCP,<br />
que desde o início realçou que o País<br />
não podia ser amarrado a contratos<br />
que se revelassem «contrários aos<br />
interesses nacionais». A decisão<br />
confirma ainda que, como o PCP<br />
sempre afirmou, a exploração dos<br />
recursos energéticos do País é uma<br />
matéria «demasiado importante e<br />
sensível para avançar sem um amplo<br />
debate público e sem que seja<br />
assegurada a defesa dos interesses<br />
nacionais». Só desta forma, acrescenta-<br />
-se no comunicado emitido no dia 14<br />
pelo Secretariado da Direcção da<br />
Organização Regional do Algarve,<br />
«será possível ponderar, de forma<br />
esclarecida, as vantagens e<br />
desvantagens, a oportunidade e as<br />
condições do aproveitamento dos<br />
recursos energéticos nacionais,<br />
renováveis e não renováveis, com vista<br />
a assegurar a soberania energética do<br />
nosso País».<br />
Logo em 2011, lembra-se, o PCP<br />
denunciou a opção do anterior governo<br />
de, «à margem do diálogo com<br />
populações, autarquias e outras<br />
estruturas, demitir o Estado das suas<br />
responsabilidades e entregar a<br />
exploração de hidrocarbonetos a<br />
multinacionais do sector», tendo sido<br />
por iniciativa do Partido que esses<br />
contratos, até então desconhecidos do<br />
público, foram divulgados. Também<br />
nessa altura o PCP exigiu a realização<br />
de estudos de impacto ambiental e<br />
económico. Esta intervenção do PCP<br />
expressou-se na aprovação, a 1 de<br />
Julho, de um Projecto de Resolução<br />
que recomendava a realização de<br />
estudos capazes de determinar os riscos<br />
resultantes da prospecção e pesquisa<br />
de petróleo e gás natural e definir as<br />
medidas para os eliminar ou minimizar.<br />
«Este foi um passo importante, porque<br />
vincula politicamente o Governo a<br />
promover essas avaliações», conclui-<br />
-se no comunicado.<br />
PARLAMENTO EUROPEU<br />
Apoios à EMEF<br />
O deputado do PCP no Parlamento<br />
Europeu, João Pimenta Lopes, visitou<br />
recentemente as oficinas da EMEF em<br />
Contumil, no Porto, onde são evidentes<br />
as consequências da política de direita<br />
e das imposições da União Europeia<br />
no sector dos transportes nacional e,<br />
em particular, na ferrovia. Na EMEF,<br />
estas políticas saldaram-se no<br />
desinvestimento prolongado, numa<br />
enorme pressão visando a privatização<br />
do sector, nos défices de mão-de-obra,<br />
na desvalorização dos recursos<br />
humanos e no afunilamento do<br />
conhecimento que não é transmitido,<br />
por falta de admissão de novos<br />
quadros. Nesta visita, foi identificada<br />
a necessidade de investimentos para<br />
a recuperação e expansão da oficina,<br />
com vista a dar resposta à «elevada<br />
procura de trabalho de manutenção<br />
que mantém». Na sequência da<br />
deslocação a esta unidade, o PCP<br />
questionou a Comissão Europeia acerca<br />
dos fundos a que podem ter acesso<br />
empresas públicas como a EMEF para<br />
investimentos relacionados com a<br />
expansão estrutural e a renovação de<br />
infra-estruturas.<br />
Unidade, confiança<br />
e luta<br />
Como tem sido sublinhado, o XX Congresso bro de 2015 e que implica aproveitar<br />
todas as oportunidades para levar<br />
o mais longe possível a reposi-<br />
do PCP constitui um grande êxito e foi<br />
demonstrativo da unidade, determinação e ção de rendimentos e direitos; na<br />
confiança dos comunistas portugueses em torno do ideal luta que, articulando objectivos imediatos<br />
e objectivos estratégicos, se<br />
e do projecto por que lutam. O Congresso traduziu a trava pela ruptura com a política de<br />
elevada consciência política e ideológica do colectivo direita e pela concretização de uma<br />
política patriótica e de esquerda indissociável<br />
da luta por uma demo-<br />
partidário que constitui o PCP e que se revelou ao longo<br />
do processo preparatório e nos três dias da sua<br />
cracia avançada vinculada aos valores<br />
de Abril, pelo socialismo e o co-<br />
realização.<br />
munismo.<br />
De facto, o modo como os militantes<br />
e as organizações do PCP se enlhos<br />
ao longo dos três dias; os con-<br />
delegados participaram nos trabavolveram<br />
na preparação do Congresso<br />
que incluiu, ao longo de meses, sença de 62 delegações estrangeiteúdos<br />
das 137 intervenções; a pre-<br />
Momento marcante<br />
a discussão dos tópicos para as Teses,<br />
a sua construção e discussão e de internacionalista do PCP; a preto<br />
marcante na vida do Partido. A<br />
ras como expressão da solidarieda-<br />
O XX Congresso foi um momen-<br />
a eleição de delegados; o modo como,<br />
num aprofundado processo de de convidados; a unidade verifica-<br />
a ideologia dominante com os seus<br />
sença e o entusiasmo dos milhares sua importância e significado – que<br />
Manuel auscultação, se construiu a proposta<br />
de composição do Comité Cen-<br />
aspectos, fizeram deste Congresso tudo fez para desvalorizar – projecda<br />
nas votações, entre muitos outros multifacetados e poderosos meios<br />
Rodrigues<br />
Membro<br />
tral; como se planificou e realizou uma extraordinária afirmação do Partido,<br />
da sua identidade, acção e força. sociedade portuguesa.<br />
tam-se agora na vida do Partido e na<br />
da Comissão<br />
milhares de reuniões, assembleias<br />
Política<br />
e plenários, com mais de 20 mil participantes<br />
e a apresentação de quaterminação<br />
e confiança ficou clara Sousa na sua intervenção de encer-<br />
Neste ambiente de unidade, de-<br />
Mas como afirmou Jerónimo de<br />
se duas mil propostas de emenda/alteração<br />
ao projecto de resolução pocação<br />
do colectivo partidário com as não este Partido, que nunca teve<br />
a profunda compreensão e identifiramento<br />
do Congresso: «quem selítica,<br />
a maioria das quais integradas<br />
no texto final; como se realizou e continua a ser chamado a dar na em tantas e tantas lutas e que nun-<br />
exigentes respostas que o Partido foi uma vida fácil, que foi temperado<br />
o rol imenso de tarefas necessárias complexa situação nacional e internacional<br />
que estamos a viver, nomearotas,<br />
que nunca descansou face a<br />
ca desanimou perante recuos e der-<br />
ao êxito do Congresso; como os 1154<br />
damente na luta contra a política avanços e vitórias, pode afirmar a<br />
“<br />
de exploração, empobrecimento e sua confiança nos trabalhadores, no<br />
Os trabalhadores declínio nacional do governo PSD/ nosso povo, a sua confiança numa<br />
/CDS com um contributo determinante<br />
e decisivo para o seu isola-<br />
O Congresso do PCP foi o espe-<br />
pátria soberana?»<br />
e o povo sabem que<br />
mento social e derrota política e eleitoral;<br />
na luta pela defesa, reposição mar a sua identidade e natureza de<br />
lho de um Partido apostado em afir-<br />
podem confiar neste<br />
e conquista de direitos possibilitada classe, prosseguindo na luta pelos<br />
pela nova correlação de forças na seus objectivos supremos, o socialismo<br />
e o comunismo, confirmando<br />
Partido ” AR após as eleições de 4 de Outu-<br />
e reafirmando a sua base teórica, o<br />
marxismo-leninismo, no seu desenvolvimento<br />
criativo, patriótico e internacionalista,<br />
com uma profunda<br />
democracia interna, um Partido que<br />
– como frisou o Secretário-geral – não<br />
regateará nenhum esforço, nenhuma<br />
tarefa, que visem defender e conquistar<br />
direitos e melhorar as condições<br />
de vida dos trabalhadores e<br />
do povo, sempre com os olhos postos<br />
na linha do horizonte, no objectivo<br />
supremo que anima e justifica<br />
a nossa razão de ser e de lutar: uma<br />
sociedade liberta da exploração do<br />
homem pelo homem».<br />
A reunião do Comité Central de<br />
sábado passado definiu um conjunto<br />
de linhas de trabalho e tarefas decorrentes<br />
das orientações aprovadas<br />
no Congresso que agora urge levar<br />
à prática, com o empenhamento de<br />
todos os militantes do Partido.<br />
Face à complexidade e exigência<br />
da situação nacional e internacional,<br />
os trabalhadores e o povo sabem<br />
que podem confiar neste Partido,<br />
que não vira as costas à luta e, depois<br />
deste Congresso, está mais forte<br />
e preparado para prosseguir os<br />
combates do presente de olhos postos<br />
no futuro.
10 PCP<br />
22-12-2016<br />
Dia Internacional das Migrações<br />
Apoiar quem está longe da sua terra<br />
Evocando o Dia Internacional das Migrações,<br />
o PCP reafirmou a sua disponibilidade para<br />
defender os interesses e aspirações dos portugueses<br />
residentes no estrangeiro e das comunidades<br />
imigrantes em Portugal.<br />
A ONU proclamou, no<br />
ano 2000, o dia 18 de Dezembro<br />
como Dia Internacional<br />
das Migrações, lembrado<br />
pelo PCP numa nota<br />
do seu Gabinete de Imprensa<br />
emitida dois dias<br />
antes. Ao assinalar a data,<br />
o PCP começa por chamar<br />
a atenção para o facto de<br />
nenhum dos países da<br />
União Europeia ter ratificado<br />
ainda a «Convenção<br />
da ONU sobre a Protecção<br />
dos Direitos de todos os<br />
Trabalhadores Migrantes<br />
e Membros de suas Famílias»,<br />
passados 26 anos da<br />
sua adopção pela Assembleia-geral<br />
das Nações Unidas.<br />
Devendo constituir uma<br />
preocupação constante, garante<br />
o PCP, a luta pela<br />
protecção dos direitos dos<br />
O País deve<br />
romper com as<br />
directivas<br />
europeias sobre<br />
imigração<br />
trabalhadores migrantes e<br />
suas famílias assume hoje<br />
uma «nova dimensão e actualidade»,<br />
perante o recrudescimento<br />
do racismo<br />
e da xenofobia, com partidos<br />
e forças de extrema-<br />
-direita a obterem posições<br />
significativas nos governos<br />
e parlamentos em vários<br />
países europeus. Para o<br />
Partido, a «crise global do<br />
capitalismo» é responsável<br />
pela degradação da situação<br />
económica e social,<br />
enormes níveis de pobreza<br />
e exclusão, intensificação<br />
da exploração, repressão<br />
e opressão dos povos<br />
e ainda pelo desencadear<br />
de conflitos militares que<br />
«espalham a fome, a morte<br />
e a destruição». Aos fluxos<br />
migratórios por razões<br />
económicas juntam-se, assim,<br />
os que «fogem à guerra,<br />
à violência sem limites,<br />
à barbárie».<br />
O PCP acusa ainda o<br />
imperialismo de responder<br />
à «tragédia humanitária»<br />
que ele próprio criou com<br />
«medidas de cariz policial,<br />
repressivas e persecutórias»,<br />
de controlo da mão-<br />
-de-obra imigrante e de<br />
detenção e expulsão dos<br />
“considerados ilegais”» e<br />
com o aumento das dificuldades<br />
impostas ao reagrupamento<br />
familiar.<br />
Particulares<br />
responsabilidades<br />
Coesão territorial<br />
Passar do diagnóstico<br />
à solução<br />
O PCP não desvaloriza os sucessivos<br />
estudos e análises à realidade das regiões<br />
do interior do País, mas entende que o<br />
diagnóstico está feito e que urge, sim, passar<br />
à resolução concreta dos muitos problemas<br />
que as atingem. Num comunicado<br />
do Secretariado da Direcção da Organização<br />
Regional de Bragança, de dia 16, o<br />
Partido, lembrando a aprovação pelo Governo<br />
do Programa Nacional para a Coesão<br />
Territorial e a recente «preocupação<br />
do PSD com os «territórios de baixa densidade»,<br />
acusa as políticas levadas a cabo<br />
ao longo de anos pela situação que actualmente<br />
se vive nessas regiões, como o envelhecimento<br />
e o despovoamento.<br />
Para o PCP, o ataque aos serviços públicos<br />
«por via do encerramento, concentração<br />
ou ainda da municipalização de serviços<br />
de saúde, educação, Justiça ou dos<br />
meios de segurança», a extinção de juntas<br />
de freguesia, a destruição da produção<br />
nacional e a consequente diminuição<br />
de postos de trabalho, o aumento do desemprego<br />
e da emigração ou as dificuldades<br />
de mobilidade nestas regiões são das<br />
mais graves medidas levadas a cabo nos<br />
últimos anos por sucessivos governos e<br />
agravado pelo anterior executivo PSD-CDS.<br />
Retomando as conclusões das jornadas<br />
parlamentares do PCP de Abril, realizadas<br />
nos distritos de Vila Real e Bragança<br />
e dedicadas precisamente ao combate às<br />
assimetrias regionais e ao despovoamento<br />
e à desertificação do interior, o comunicado<br />
recorda uma das ideias centrais no<br />
debate parlamentar de Maio, sobre estas<br />
questões: «uma política de desenvolvimento<br />
é algo mais do que distribuir escassos<br />
recursos de investimento público e esperar<br />
pelo investimento privado estimulado<br />
a partir daquele. Desenvolvimento não é<br />
o mesmo que crescimento económico e este<br />
último é muitas vezes sobrevalorizado<br />
para esconder a inexistência do primeiro.»<br />
Os comunistas sublinham que o desenvolvimento<br />
do interior «está intimamente<br />
ligado à distribuição da riqueza e não à<br />
“pobreza” dos territórios» e que as designadas<br />
«assimetrias regionais» são, também<br />
elas, expressão das assimetrias sociais inerentes<br />
à injusta repartição de rendimentos<br />
e consequente desigualdade de oportunidades.<br />
A defesa das funções sociais<br />
do Estado, salvaguardando o carácter universal<br />
das diversas áreas, do poder local<br />
democrático e a instituição de um poder<br />
regional decorrente da regionalização são<br />
medidas necessárias.<br />
Ora, realça ainda o Partido, o «Programa<br />
Nacional para a Coesão Territorial»<br />
não responde às necessidades do interior,<br />
sendo preciso antes de mais «legitimar<br />
prioridades mediante um exercício de governação<br />
regional devidamente participado,<br />
discutido e sufragado, pois só com uma<br />
disponibilidade orçamental própria e com<br />
meios de governação próprios, o interior<br />
poderá definir as suas próprias prioridades».<br />
Encarar o desenvolvimento regional<br />
exige, na opinião dos comunistas, respostas<br />
ao nível do emprego com direitos, do<br />
apoio à produção (na agricultura, floresta<br />
e indústria extractiva), da reindustrialização,<br />
da elevação das condições de vida,<br />
do apoio à investigação e ao turismo, das<br />
condições de mobilidade, transportes e<br />
comunicações.<br />
António Sousa Maia<br />
Aos 72 anos, faleceu o camarada<br />
António Sousa Maia. Natural de Lisboa,<br />
era torneiro de profissão e membro do<br />
Partido desde 1976. Estava organizado<br />
na freguesia de Odivelas. Integrou o grupo<br />
Cantares de Abril.<br />
Armando Pinto Lopes<br />
Faleceu com 92 anos o camarada<br />
Armando Pinto Lopes. Natural da freguesia<br />
de Eja, Penafiel, foi um dirigente<br />
associativo muito activo, tendo pertencido<br />
aos órgãos sociais da CNA, do FC Porto,<br />
dos Bombeiros e da Junta de Turismo de<br />
Entre-os-Rios. Foi inúmeras vezes candidato<br />
da CDU na sua freguesia, tendo<br />
sido eleito na Assembleia Municipal de<br />
Penafiel. Integrou a Comissão Concelhia<br />
de Penafiel e a Direcção sub-Regional<br />
do Vale do Sousa e Baixo Tâmega do<br />
PCP.<br />
Joaquim Gracias<br />
Faleceu aos 97 anos o camarada<br />
Joaquim Gracias. Natural da freguesia<br />
de Nespereira, em Gouveia, tinha ligação<br />
ao Partido desde 1946, ano em que,<br />
ainda jovem, participou na organização<br />
das históricas lutas dos operários de<br />
lanifícios de Gouveia e da Corda da Serra.<br />
Cumpriu durante anos tarefas de recebimento<br />
de quotas, primeiro na empresa<br />
e depois no seu bairro, tendo sido ainda<br />
membro da Comissão Concelhia de<br />
Gouveia.<br />
Portugal, com cerca de<br />
cinco milhões de portugueses<br />
e luso-descendentes<br />
espalhados pelo mundo<br />
e com uma significativa<br />
comunidade imigrante e<br />
com muitas centenas de<br />
asilados e refugiados devia,<br />
na opinião do PCP,<br />
«romper com directivas,<br />
acordos e agendas da<br />
União Europeia, que não<br />
atacam as causas profundas<br />
dos fenómenos migratórios,<br />
antes os agravam».<br />
Só nos últimos anos, acrescenta,<br />
mais de meio milhão<br />
de portugueses deixaram<br />
o País na esperança<br />
de «encontrar no estrangeiro<br />
uma melhor qualidade<br />
de vida e de trabalho».<br />
Na maioria dos casos, para<br />
tentarem ter uma vida<br />
digna e enviarem dinheiro<br />
para as famílias, estes emigrantes<br />
enfrentam «dificuldades»<br />
e «sacrifícios».<br />
O PCP há muito que se<br />
bate pela prestação de serviços<br />
públicos de qualidade<br />
aos emigrantes portugueses,<br />
designadamente<br />
uma «eficiente e moderna<br />
rede consular e o ensino<br />
da língua identitária aos filhos<br />
dos trabalhadores<br />
portugueses no estrangeiro».<br />
No caso dos imigrantes,<br />
no essencial com condições<br />
de vida muito precárias<br />
e particularmente sujeitos<br />
aos efeitos da intensificação<br />
da exploração,<br />
aumentaram as dificuldades<br />
para todos quantos<br />
pretendem obter a legalização,<br />
ao mesmo tempo<br />
que se mantém a «inqualificável<br />
situação legislativa»<br />
CAMARADAS FALECIDOS<br />
A crise do capitalismo<br />
e as guerras<br />
imperialistas provocam<br />
o aumento do fluxo de<br />
migrantes e refugiados<br />
de filhos poderem ser separados<br />
dos pais, face à<br />
expulsão destes.<br />
A este respeito, o Partido<br />
condena a transposição<br />
para a legislação portuguesa<br />
das diversas directivas<br />
da União Europeia (nomeadamente<br />
a Directiva do<br />
Retorno a as alterações aos<br />
Acordos de Schengen) e<br />
defende uma justa política<br />
nacional de acolhimento e<br />
integração dos imigrantes,<br />
de regularização dos indocumentados<br />
e de respeito<br />
pelos seus direitos, liberdades<br />
e garantias. E defende<br />
que o País ratifique<br />
o quanto antes a «Convenção<br />
da ONU sobre a Protecção<br />
dos Direitos de todos<br />
os Trabalhadores Migrantes<br />
e suas Famílias».<br />
Joaquim Martinho dos Santos<br />
Faleceu o camarada Joaquim Martinho<br />
dos Santos, de Montemor-o-Novo. Encontrava-se<br />
ligado ao Partido desde muito<br />
antes do 25 de Abril.<br />
José Matos Silva<br />
Com 81 anos, faleceu o camarada José<br />
Matos Silva, natural da Cova da Piedade,<br />
em Almada. Trabalhou no Arsenal do<br />
Alfeite como apontador, foi eleito e<br />
presidente da Assembleia de Freguesia de<br />
Amora, no concelho do Seixal, onde estava<br />
organizado.<br />
Maria Elizabete Rumaneiro<br />
Faleceu no passado dia 5 a camarada<br />
Maria Elizabete Rumaneiro, de 65 anos.<br />
Activa desde jovem na luta pela liberdade,<br />
participou em 1973 no último Congresso<br />
da Oposição Democrática, em Aveiro, tendo<br />
sido espancada pela polícia de choque.<br />
Aderiu ao PCP após o 25 de Abril, integrando<br />
durante longos anos a Comissão<br />
de Freguesia de São João dos Montes, em<br />
Vila Franca de Xira, e as listas da APU e<br />
da CDU para a Assembleia de Freguesia,<br />
tendo sido eleita em sucessivos mandatos.<br />
Participou também no movimento associativo<br />
popular, no Grupo de Teatro A Forja e na<br />
União Desportiva e Columbófila Adoslouquense,<br />
do qual era secretária.<br />
*<br />
Aos familiares e amigos dos comunistas falecidos,<br />
o colectivo do Avante! manifesta sentidas<br />
condolências.
22-12-2016<br />
NACIONAL<br />
11<br />
Aprofundar a discussão<br />
A sede da Ecolojovem – «Os Verde», em Lisboa,<br />
acolheu, no dia 18, uma nova reunião do Comité<br />
Nacional Preparatório (CNP) Português do 19.º<br />
Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes,<br />
que se realiza entre 14 e 22 de Outubro, na cidade<br />
de Sochi, Rússia. Na iniciativa aprofundou-se a<br />
discussão sobre o plano de actividades do CNP, que<br />
terá a sua iniciativa pública de lançamento no dia 26<br />
de Janeiro, em Lisboa.<br />
O CNP continua aberto à participação de associações,<br />
estruturas e grupos informais juvenis que queiram<br />
contribuir para a promoção dos valores da paz e pelos<br />
direitos da juventude, divulgando em Portugal o 19.º<br />
Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes.<br />
Trabalhadores prejudicados<br />
João Ferreira e Carlos Moura, vereadores do PCP na<br />
Câmara de Lisboa, acompanhados por eleitos na<br />
Freguesia dos Olivais e estruturas sindicais e<br />
profissionais, realizaram uma visita, no dia 16, à<br />
cidade aeroportuária, estacionamentos e espaços<br />
adjacentes, para analisar o problema da falta de<br />
estacionamento para trabalhadores do aeroporto, que<br />
tem tido consequências negativas nas zonas<br />
residenciais próximas, nomeadamente no Bairro da<br />
Encarnação.<br />
No final da iniciativa, João Ferreira lembrou que<br />
«desde a privatização do aeroporto, houve uma<br />
alteração na política da empresa [que gere a<br />
infra-estrutura, a ANA – Aeroportos de Portugal]<br />
relativamente ao estacionamento» e «tem havido uma<br />
tendência crescente para tirar lugares de<br />
estacionamento aos cerca de 20 mil trabalhadores que<br />
ali exercem funções», em áreas como a segurança, a<br />
logística e o comércio.<br />
Para o eleito do PCP, em causa está uma «total<br />
insensibilidade por parte da empresa, que, para<br />
aumentar receitas [com o estacionamento] tira lugares<br />
aos trabalhadores». A situação afecta sobretudo os<br />
«trabalhadores mais recentes, com baixos salários e<br />
em situação precária, que são empurrados a pagar<br />
uma avença quando dantes havia lugar garantido ou a<br />
empresa comparticipava uma parte», denunciou João<br />
Ferreira, salientando que muitos daqueles<br />
trabalhadores «têm de ir trabalhar em horários<br />
[nocturnos ou de madrugada] em que não há<br />
transporte público», como o Metro ou autocarro.<br />
Simultaneamente, acrescentou, esta realidade «cria<br />
uma pressão fortíssima sobre os moradores da zona»,<br />
visto que, dada a falta de lugares e a cobrança feita,<br />
os funcionários do aeroporto procuram<br />
estacionamento nas redondezas, tendo que se deslocar<br />
«um quilómetro ou mais para vir trabalhar».<br />
O vereador do PCP garantiu ainda que vai «levantar o<br />
assunto na Câmara de Lisboa, para que a autarquia<br />
pressione o Governo a resolver o problema».<br />
No início deste mês, o Partido entregou um<br />
requerimento na Assembleia da República<br />
questionando o executivo sobre «que medidas serão<br />
tomadas pelo Governo junto da ANA, para que esta<br />
encontre uma solução que permita aos trabalhadores<br />
do aeroporto estacionar no local, particularmente nos<br />
períodos em que a oferta de transporte público é<br />
insuficiente».<br />
Para os deputados Bruno Dias, Rita Rato, Miguel<br />
Tiago e Ana Mesquita, que assinam o documento, «é<br />
indispensável ter em conta que os trabalhadores do<br />
aeroporto não podem ficar à mercê das políticas de<br />
exploração e maximização do lucro da Vinci»,<br />
empresa francesa que detém a ANA.<br />
Contentores sem condições para profissionais<br />
e utentes da saúde<br />
Consultas à chuva no Algarve<br />
Nas unidade de saúde familiar (USF) Lauroé,<br />
no Centro de Saúde de Loulé, e de Albufeira<br />
chove dentro dos gabinetes, uma situação que<br />
está a indignar utentes e profissionais.<br />
Centros de saúde<br />
funcionam em<br />
contentores<br />
degradados<br />
Estas duas USF funcionam<br />
em contentores que<br />
têm vindo a degradar-se ao<br />
longo dos anos, razão pela<br />
qual sofrem infiltrações<br />
de água que comprometem<br />
o sistema eléctrico e o funcionamento<br />
dos telefones,<br />
bem como a integridade<br />
dos equipamentos, nomeadamente<br />
informáticos.<br />
Simultaneamente, «alguns<br />
funcionários têm vindo<br />
a queixar-se de reacções<br />
alérgicas do foro respiratório<br />
e dermatológico,<br />
que atribuem ao isolamento<br />
térmico/acústico do contentor<br />
que está podre», denuncia,<br />
em comunicado divulgado<br />
no dia 14, o Sindicato<br />
dos Enfermeiros Portugueses<br />
(SEP).<br />
A mesma fonte dá conta<br />
de que «o serviço de Saúde<br />
Ocupacional da Administração<br />
Regional de Saúde<br />
(ARS) do Algarve está<br />
desprovido dos recursos<br />
humanos necessários e suficientes<br />
para fazer o levantamento<br />
dos riscos a que<br />
os profissionais estão expostos<br />
no seu local de trabalho,<br />
bem como a elaboração<br />
de proposta das necessárias<br />
medidas preventivas,<br />
que cabe à ARS garantir».<br />
Triste realidade<br />
No início do mês, o sindicato<br />
entregou ao secretário<br />
de Estado da Saúde,<br />
Manuel Delgado, no decurso<br />
de uma visita ao Algarve,<br />
uma cópia do manifesto<br />
«Por condições de trabalho<br />
dignas e cuidados de<br />
saúde de qualidade e segurança»,<br />
um documento dirigido<br />
ao ministro da tutela.<br />
O manifesto, subscrito no<br />
espaço de três dias por 47<br />
enfermeiros, descreve a situação<br />
vivida diariamente<br />
na urgência do Hospital de<br />
Caos em Ponte de Lima<br />
Nos serviços de medicina do Hospital de Ponte de<br />
Lima, diariamente com sobrelotação de doentes, a<br />
maioria dos enfermeiros tem até 200 horas em dívida<br />
de trabalho suplementar, não havendo «previsão de<br />
quando poderão ser pagas».<br />
Numa nota de 13 de Dezembro à comunicação social, o<br />
Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) dá ainda<br />
conta de enfermeiras que estão a ser impedidas do<br />
direito a duas horas diárias para amamentação.<br />
Face a este «cenário terceiro mundista», o SEP exige a<br />
«rápida admissão de enfermeiros», o «pagamento<br />
imediato, de acordo com a preferência dos<br />
interessados, das horas as mais, ou seja, em tempo e/ou<br />
em dinheiro» e o «cumprimento do regulamento de<br />
horários negociado naquela instituição e de todos os<br />
direitos consagrados na Lei».<br />
Problema de saúde<br />
pública em Torres Novas<br />
A Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo<br />
alertou, muito recentemente, a presidente do Conselho<br />
Directivo da Administração Regional de Saúde de<br />
Lisboa e Vale do Tejo para um problema de saúde<br />
pública derivado da poluição hídrica e atmosférica da<br />
Ribeira da Boa Água e cursos hídricos a montante e<br />
jusante.<br />
Esta situação, que ocorre no concelho de Torres Novas,<br />
afecta populações e toda a cadeia alimentar. «Nesta área<br />
encontram-se escolas, zonas habitacionais e actividades<br />
industriais e comerciais com grande procura e com<br />
centenas de trabalhadores», informam os utentes.<br />
Chove nos gabinetes dos centros de saúde de Loulé e Albufeira<br />
Portimão e aponta propostas<br />
de solução para melhor<br />
segurança dos utentes e<br />
profissionais.<br />
No discurso de inauguração<br />
da USF Atlântico Sul,<br />
no Centro de Saúde de Portimão,<br />
o governante avançou<br />
que a solução para a<br />
resolução dos problemas<br />
dos serviços de urgência<br />
passa pelo reforço dos cuidados<br />
de saúde primários<br />
e por uma maior disponibilidade<br />
dos profissionais<br />
junto dos utentes no sentido<br />
de se prevenir idas à<br />
urgência.<br />
Numa breve reunião com<br />
Manuel Delgado, o SEP sublinhou<br />
que para a concretização<br />
das ideias avançadas<br />
são necessários 150<br />
enfermeiros nos cuidados<br />
de saúde primários e 450<br />
nos hospitais algarvios, para<br />
além de viaturas, tendo<br />
em conta que as existentes<br />
são insuficientes, com avarias<br />
frequentes e algumas<br />
bastante degradadas. Foram<br />
ainda avançadas outras<br />
reivindicações, como<br />
a aplicação das 35 horas<br />
de trabalho para todos os<br />
enfermeiros, independentemente<br />
do vínculo laboral<br />
e a reposição do valor integral<br />
das horas de qualidade<br />
e extraordinárias.<br />
Seis mil auxiliares<br />
em falta<br />
A Federação Nacional dos Sindicatos dos<br />
Trabalhadores das Funções Públicas e Sociais alertou,<br />
no dia 14, em conferência de imprensa realizada no<br />
Porto, para a falta de seis mil auxiliares de saúde, nos<br />
hospitais e centros de saúde. De acordo com Luís<br />
Pesca, dirigente da federação, a falta destes<br />
trabalhadores será mais sentida «nos picos normais de<br />
gripe e de outros sintomas», que vão levar a que «os<br />
tempos de espera no hospital voltem outra vez a ser<br />
humilhantes para um país que se diz desenvolvido».<br />
Luís Pesca não descarta a possibilidade de «uma<br />
grande acção de luta» já em Janeiro, que poderá passar<br />
«por um momento de greve de todos os trabalhadores<br />
da saúde, devido à ausência de resposta no que diz<br />
respeito à negociação das carreiras» e à «ausência de<br />
resposta à contratação de novos efectivos».<br />
INEM<br />
Também o Sindicato dos Trabalhadores em Funções<br />
Públicas e Sociais do Norte (STFPSN) admitiu, no dia<br />
14, avançar com «medidas ainda mais duras» do que a<br />
greve ao trabalho extraordinário caso o Governo não<br />
resolva os tempos de espera de socorro no Instituto<br />
Nacional de Emergência Médica (INEM), motivados<br />
pela falta de recursos humanos.
12 NACIONAL<br />
22-12-2016<br />
PCP denuncia atraso nos pagamentos<br />
Natal mais pobre no Pico<br />
Serviço público<br />
No dia 15, a Câmara do Seixal aprovou uma tomada<br />
de posição a exigir a reposição da circulação dos<br />
barcos da Transtejo e a melhoria do serviço público<br />
de transportes.<br />
Na reunião onde foi aprovado o documento, Joaquim<br />
Santos, presidente da autarquia, defendeu que «o<br />
transporte fluvial no rio Tejo assume uma enorme e<br />
estratégica importância na mobilidade das populações<br />
da Área Metropolitana de Lisboa (AML), que tem<br />
vindo, de anos a esta parte, a ser posta em causa com<br />
a política seguida, assente na redução do número de<br />
trabalhadores e das acções de manutenção regular<br />
das frotas da Transtejo, conduzindo a vários cortes na<br />
oferta de transporte, e à recorrente supressão de<br />
carreiras programadas, gerando uma enorme perda<br />
de fiabilidade na operação».<br />
Em causa está a situação vivida pelos utentes da<br />
Transtejo, com a constante eliminação de carreiras,<br />
devido à paragem de várias embarcações, por falta de<br />
manutenção. No dia 5 de Dezembro, do total de vinte<br />
e dois navios afectos à Transtejo, só seis se<br />
encontravam operacionais, ou seja, 73 por cento da<br />
frota esteve inoperacional.<br />
A esta situação de degradação do serviço público de<br />
transportes acresce ainda a necessidade da criação de<br />
um sistema tarifário que abarque a intermodalidade<br />
em toda a AML. Entende a autarquia que se deveria<br />
criar atractividade para uma utilização do serviço de<br />
transportes colectivos em detrimento da mobilidade<br />
individual. Contudo, apostar na qualidade deste<br />
serviço e na sua sustentabilidade só é possível através<br />
uma utilização integrada que permita reforçar a<br />
mobilidade em toda a AML.<br />
O passe social intermodal é, neste sentido, o garante<br />
para uma verdadeira prestação do serviço público de<br />
transportes, integrando todos os operadores e modos<br />
de transporte, com um tarifário que responda às<br />
necessidades actuais, para estimular a sua utilização.<br />
Utentes indignados<br />
Num comunicado divulgado na segunda-feira, 19, a<br />
Comissão de Utentes do Seixalinho, no Montijo,<br />
exige uma reunião urgente à administração da<br />
Transtejo, por considerar que o serviço prestado por<br />
aquela empresa «tem vindo a degradar-se ao longo<br />
dos últimos anos». Os utentes vão, por isso, realizar<br />
uma concentração de protesto, no dia 4 de Janeiro, no<br />
Terminal Fluvial do Cais do Sodré, em Lisboa.<br />
Nas últimas semanas, os representantes dos<br />
trabalhadores, sindicatos, utentes e autarquias têm<br />
contestado os problemas nas ligações fluviais do rio<br />
Tejo na região de Lisboa. No dia 7, um grupo<br />
deslocou-se ao Ministério do Ambiente (que tutela os<br />
transportes urbanos) para entregar um documento a<br />
dar conta da situação actual das transportadoras<br />
Transtejo e da Soflusa.<br />
Incentivar a economia<br />
A PineFlavour, unidade fabril de processamento de<br />
pinha e de pinhão, foi este mês inaugurada na Zona<br />
Industrial de Grândola, num investimento de 1,5<br />
milhões de euros, com o objectivo de aproveitar<br />
matéria-prima nacional para comercializar no mercado<br />
interno e externo.<br />
Segundo o presidente da autarquia, António Figueira<br />
Mendes, o investimento é um exemplo de que «as<br />
potencialidades do concelho não se resumem e<br />
esgotam nos 45 quilómetros de costa atlântica e na<br />
actividade turística». «É fundamental que saibamos<br />
conjugar esforços e tirar partido das inúmeras<br />
riquezas do território, nomeadamente na fileira<br />
florestal», acentua o eleito do PCP.<br />
O PCP questionou, segunda-feira, 19, o Governo<br />
Regional dos Açores sobre os atrasos no<br />
pagamento dos serviços de transporte escolar<br />
na ilha do Pico.<br />
Num requerimento entregue<br />
na Assembleia Legislativa<br />
da Região Autónoma<br />
dos Açores, João<br />
Paulo Corvelo, deputado<br />
do PCP eleito pela ilha das<br />
Flores, explica que a falta<br />
de pagamento do serviço<br />
de transporte escolar na<br />
ilha do Pico «levou ao atraso<br />
no pagamento do subsídio<br />
de Natal aos trabalhadores»,<br />
uma «situação tanto<br />
mais inadmissível quando<br />
decorre do incumprimento<br />
de obrigações por<br />
parte da própria Administração<br />
Regional».<br />
Os comunistas querem<br />
por isso saber «qual o atraso<br />
total existente nestes pagamentos»,<br />
«o que explica<br />
esta situação» e «quando<br />
serão pagas as verbas devidas<br />
à empresa em causa».<br />
Segundo informações avançadas<br />
nos últimos dias, nas<br />
Incumprimento<br />
de obrigações<br />
por parte da<br />
Administração<br />
Regional<br />
escolas da Madalena e São<br />
Roque o executivo PS não<br />
efectuou o pagamento no<br />
último trimestre e na Escola<br />
das Lajes do Pico durante<br />
todo o ano de 2016.<br />
Repor a legalidade<br />
O Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC)<br />
promoveu, no dia 12, no Ateneu de Coimbra, um debate<br />
sobre «A situação na Síria».<br />
Na iniciativa – que contou com o apoio do Sindicato dos<br />
Professores da Região Centro e do próprio Ateneu – abordou-se<br />
os complexos e recentes desenvolvimentos na batalha<br />
de Alepo, a resistência do povo sírio e apelou-se à<br />
necessidade de diversificar as fontes de informação, dado<br />
o cerco informativo e a manipulação que no Ocidente<br />
se desenvolve sobre o assunto.<br />
Ilda Figueiredo, presidente do CPPC, fez um detalhado<br />
enquadramento histórico daquela região e referiu as<br />
consecutivas e terríveis guerras e acções do imperialismo<br />
desencadeadas nos últimos 15 anos com o objectivo de<br />
domínio geoestratégico e de se apoderar de diversas fontes<br />
de matérias primas em todo o Médio Oriente e não só.<br />
Também os Bombeiros<br />
Voluntários da Madalena,<br />
na ilha do Pico, não receberam<br />
o subsídio de Natal<br />
atempadamente, uma situação<br />
que motivou um requerimento<br />
de João Paulo Corvelo,<br />
entregue no dia 13,<br />
onde se pergunta ao Governo<br />
Regional «se já transferiu<br />
todas as verbas devidas»<br />
e «quando será pago»<br />
aquele suplemento.<br />
Para o PCP, «este atraso<br />
é difícil de entender»,<br />
uma vez que as associações<br />
de bombeiros «recebem do<br />
Serviço Regional de Protecção<br />
Civil as verbas necessárias<br />
para estes subsídios».<br />
Coimbra debate situação na Síria<br />
Até ao final do ano, está patente<br />
no Mercado do Livramento,<br />
em Setúbal, uma exposição<br />
de fotografias da sede<br />
e dos calabouços da PIDE<br />
naquela cidade (Bairro Salgado),<br />
iniciativa da delegação<br />
concelhia da União de Resistentes<br />
Antifascistas Portugueses<br />
(URAP), com o apoio da<br />
Câmara Municipal, da Junta<br />
de Freguesia de São Sebastião<br />
e da União das Freguesias de<br />
Setúbal.<br />
Na inauguração, no dia 16,<br />
Pedro Soares, autor das fotografias<br />
e membro da URAP,<br />
sublinhou: «Jamais podemos<br />
perder oportunidades de denunciar<br />
o fascismo e evocar o<br />
combate pelo 25 de Abril».<br />
Mau cheiro<br />
na EB das Flores<br />
No dia 6, João Paulo Corvelo apresentou um<br />
outro requerimento a questionar o Governo<br />
Regional sobre os «intensos maus cheiros» que,<br />
uma vez mais, invadiram a Escola Básica (EB)<br />
das Flores, causando um profundo incómodo a<br />
professores, funcionários e estudantes,<br />
tornando muito difícil aí permanecer ou<br />
trabalhar.<br />
«Os maus cheiros que provêm das fossas do<br />
edifício são um problema recorrente, que<br />
acontece desde a inauguração da escola,<br />
sugerindo a existência de graves erros de<br />
construção que nunca foram corrigidos», alerta<br />
o deputado do PCP, lembrando que a «questão»<br />
foi colocada por diversas vezes ao Governo<br />
Regional, nomeadamente pelo Conselho de Ilha<br />
das Flores e pela Câmara e Assembleia<br />
Municipal das Lajes das Flores, «sem que no<br />
entanto tenha existido qualquer resposta ou<br />
intervenção para corrigir o problema».<br />
No final do debate, apelou-se à mobilização das pessoas<br />
para a luta pela paz<br />
Denunciar o fascismo em Setúbal<br />
Com uma luta antifascista que vem de longe, a URAP tem desenvolvido a sua acção<br />
em defesa dos ideais do 25 de Abril e da democracia
22-12-2016 TRABALHADORES<br />
13<br />
Barata<br />
Devido a constantes<br />
atrasos no pagamento de<br />
salários, os trabalhadores<br />
das Pastelarias Barata, em<br />
Castelo Branco, decidiram<br />
na passada sexta-feira<br />
marcar greve para 24 de<br />
Dezembro, informou o<br />
Sindicato da Hotelaria do<br />
Centro, que formalizou o<br />
pré-aviso. A greve será<br />
concretizada caso os patrões<br />
não paguem antes o salário<br />
de Novembro e o subsídio<br />
de Natal.<br />
Viseu<br />
O pessoal da SUCH que<br />
assegura o serviço de<br />
alimentação no Hospital de<br />
São Teotónio, em Viseu, fez<br />
greve na sexta-feira, dia 16,<br />
com adesão total,<br />
cumprindo apenas os<br />
serviços mínimos, em<br />
protesto contra os ritmos de<br />
trabalho muito intensos. A<br />
situação deve-se a haver<br />
número insuficiente de<br />
funcionários para as<br />
necessidades do serviço,<br />
como explicou à agência<br />
Lusa um dirigente do<br />
Sindicato da Hotelaria do<br />
Centro, e foi agravada pela<br />
decisão da administração<br />
de não tomar medidas, a<br />
tempo e horas, para garantir<br />
a substituição de<br />
trabalhadores em baixa ou<br />
em licença de maternidade.<br />
Afonso Figueiredo deu<br />
conta de pressões para obter<br />
trabalho em dias de<br />
descanso semanal ou para<br />
prolongamento de turnos,<br />
chegando a jornadas de 12<br />
ou 13 horas. É reivindicado<br />
que entrem para o quadro<br />
efectivo trabalhadores com<br />
vínculos precários, em<br />
postos de trabalho<br />
permanentes, que estão<br />
sujeitos a ainda maior<br />
pressão, realçou o dirigente.<br />
Reintegração<br />
Frente ao Hotel Crowne<br />
Plaza Vilamoura<br />
estiveram, no dia 15, os<br />
trabalhadores e activistas<br />
sindicais ilegalmente<br />
despedidos a 21 de<br />
Novembro, para exigirem a<br />
reintegração nos seus postos<br />
de trabalho. O Sindicato da<br />
Hotelaria do Algarve, que<br />
organizou a concentração,<br />
assinalou a presença<br />
solidária de representantes<br />
da União dos Sindicatos do<br />
Algarve (CGTP-IN) e de<br />
outras estruturas sindicais,<br />
bem como outros<br />
trabalhadores. O sindicato<br />
acusa a administração de<br />
pretender liquidar a<br />
organização sindical no hotel<br />
para continuar a baixar<br />
salários, a não pagar<br />
milhares de euros de<br />
trabalho suplementar e a<br />
desrespeitar direitos<br />
fundamentais dos<br />
trabalhadores. Um novo<br />
protesto ficou anunciado<br />
para dia 29.<br />
Acções em várias empresas e grande plenário distrital<br />
Dia de luta no Porto<br />
O plenário da União dos Sindicatos do Porto<br />
foi realizado num dia em que ocorreram acções<br />
de protesto no comércio, na saúde, na<br />
hotelaria, na alimentação e nas telecomunicações.<br />
Quarta-feira, 14 de Dezembro,<br />
«foi um dia de acção<br />
e luta» do movimento<br />
sindical unitário do Porto.<br />
Num depoimento publicado<br />
no sítio da União dos<br />
Sindicatos do Porto, o coordenador<br />
da estrutura distrital<br />
da CGTP-IN referiu<br />
que, de manhã, tiveram lugar<br />
acções do CESP, junto<br />
de lojas do Pingo Doce<br />
e do Minipreço; do Sindicato<br />
dos Enfermeiros Portugueses,<br />
no Hospital de<br />
São João; do Sindicato dos<br />
Trabalhadores em Funções<br />
Públicas, junto do CODU<br />
do INEM; do Sindicato da<br />
Hotelaria, junto do Hospital<br />
da Arrábida, inserida na campanha<br />
nacional da CGTP-<br />
-IN contra a precariedade,<br />
que ali tem níveis elevados;<br />
e do Sintab, na Confeitaria<br />
Torres, na Trofa.<br />
Foi «um dia de intensa<br />
actividade sindical pelos<br />
direitos, interesses e aspirações<br />
dos trabalhadores»,<br />
disse Tiago Oliveira, enumerando<br />
as iniciativas realizadas<br />
durante a manhã.<br />
Ficou patente a<br />
determinação de<br />
prosseguir a luta<br />
O Sindicato do Comércio,<br />
Escritórios e Serviços<br />
(CESP/CGTP-IN) rebate a<br />
estratégia patronal para redução<br />
dos salários e desregulação<br />
total dos horários<br />
e, perante as posições da<br />
associação patronal da<br />
grande distribuição (APED),<br />
persiste em mobilizar os<br />
trabalhadores para reivindicarem<br />
directamente nas<br />
empresas.<br />
Na negociação do contrato<br />
colectivo de trabalho,<br />
o sindicato reclama: aumentos<br />
salariais de 40 euros,<br />
para todos os trabalhadores,<br />
com eliminação<br />
da Tabela B; 25 dias de<br />
férias; horário semanal de<br />
39 horas; passagem a efectivos<br />
de todos os trabalhadores<br />
que estão com vínculos<br />
precários em postos<br />
de trabalho permanentes;<br />
equiparação da carreira<br />
de operador de armazém<br />
à de operador de supermercado.<br />
Mas a APED<br />
contrapõe a redução do<br />
valor do trabalho suplementar<br />
e em dia feriado,<br />
a introdução do «banco»<br />
de horas e a recusa de<br />
qualquer actualização salarial.<br />
O CESP considera inaceitável<br />
a posição patronal,<br />
lembrando as centenas de<br />
milhões de lucros gerados<br />
no sector e o aumento das<br />
vendas em 3,1 por cento,<br />
nos primeiros nove meses<br />
de 2016, em contraste com<br />
as baixas remunerações que<br />
os trabalhadores auferem,<br />
a rondar o valor do salário<br />
mínimo nacional.<br />
A decisão de continuar<br />
a realizar plenários e reuniões,<br />
nas lojas e armazéns,<br />
e acções públicas frente a<br />
sedes e estabelecimentos<br />
das principais empresas,<br />
teve expressão em três locais,<br />
na semana passada.<br />
Os participantes no plenário foram, no final dos trabalhos, até ao edifício da NOS,<br />
onde se realizou uma concentração contra os elevados índices de precariedade laboral na<br />
empresa e no sector<br />
De tarde, no auditório da<br />
Casa Sindical, realizou-se<br />
«um grande plenário distrital,<br />
com mais de 250 dirigentes<br />
e delegados», que<br />
analisou «a grande actividade<br />
levada a cabo desde<br />
o 11.º Congresso da USP,<br />
em Junho, sem baixar os<br />
braços, com apresentação<br />
de cadernos reivindicativos,<br />
com um forte combate<br />
à intenção do patronato<br />
de atacar a contratação colectiva».<br />
Na discussão, «ficou expressa<br />
grande determinação<br />
para continuar a luta<br />
pelas justas reivindicações<br />
dos trabalhadores», realçou<br />
o coordenador da USP<br />
e membro da Comissão<br />
Executiva da CGTP-IN.<br />
O dia terminou com uma<br />
concentração, ao fim da<br />
tarde, em Campanhã, frente<br />
ao edifício da NOS, para<br />
onde os participantes no<br />
plenário distrital se deslocaram<br />
em manifestação.<br />
Esta iniciativa integrou-se<br />
na campanha nacional contra<br />
a precariedade e por<br />
emprego com direitos. Foram<br />
relevados os índices<br />
de trabalho precário, quer<br />
a nível nacional e no distrito,<br />
quer no sector das telecomunicações,<br />
«onde este<br />
flagelo predomina mais»,<br />
como explicou Tiago Oliveira.<br />
Luta nos supermercados<br />
Porto, Avenida da Boavista<br />
Olival das Minas, Vialonga<br />
Frente à loja do Pingo<br />
Doce, na Avenida da Boavista,<br />
no Porto, concentraram-se<br />
no dia 14, ao fim<br />
da manhã, três dezenas de<br />
trabalhadores.<br />
À mesma hora, também<br />
Frente ao Hospital de São João, o SEP voltou a chamar a<br />
atenção para a falta de profissionais de enfermagem, o aumento<br />
da carga sobre os enfermeiros ao serviço e o incumprimento<br />
do pagamento do trabalho realizado e dos tempos<br />
de descanso<br />
Porto, Rua 5 de Outubro<br />
no Porto, um número semelhante<br />
de trabalhadores<br />
concentrou-se frente ao Minipreço,<br />
na Rua 5 de Outubro,<br />
destacando-se neste<br />
caso a acusação de que<br />
o grupo espanhol DIA assedia<br />
funcionários, procurando<br />
levar a que rescindam<br />
contratos, para facilitar<br />
a estratégia de franquiar<br />
lojas, com o objectivo<br />
de baixar salários e retirar<br />
direitos, a fim de aumentar<br />
os lucros.<br />
No dia 16, à hora de almoço,<br />
o CESP promoveu<br />
uma concentração de trabalhadores<br />
do Pingo Doce,<br />
no Olival das Minas<br />
(Vialonga, Vila Franca de<br />
Xira), colocando o acento<br />
nos problemas relativos à<br />
organização do tempo de<br />
trabalho, quer quanto a horários<br />
e intervalos, quer no<br />
aumento da carga, devido<br />
à falta de pessoal.
14 TRABALHADORES 22-12-2016<br />
Excepção<br />
Na Transtejo e na Soflusa<br />
o Governo deve tomar<br />
«medidas excepcionais,<br />
que respondam no<br />
imediato às necessidades<br />
das empresas, de modo<br />
a repor a qualidade<br />
do serviço público de<br />
transporte fluvial» e<br />
garantir «que situações<br />
de supressão, como<br />
existiram num passado<br />
recente, não se voltem<br />
a repetir», exigiram as<br />
organizações de<br />
trabalhadores e de utentes<br />
e as câmaras municipais<br />
que se reuniram, no dia<br />
13, com o ministro do<br />
Ambiente. Numa nota,<br />
publicada dia 15 pela<br />
Fectrans/CGTP-IN e<br />
subscrita pelas demais<br />
entidades, refere-se que foi<br />
reafirmada a importância<br />
de ter sido interrompido<br />
o processo que o governo<br />
PSD/CDS tinha em marcha,<br />
para privatizar a Transtejo<br />
e Soflusa, notando que,<br />
«para essa decisão ter<br />
consequências, se impõe a<br />
melhoria da gestão das<br />
empresas».<br />
«Valorizando» a informação<br />
de que o Governo vai<br />
nomear um conselho de<br />
administração em<br />
exclusividade para estas<br />
empresas, o qual terá de<br />
apresentar, até ao final de<br />
Fevereiro, um plano urgente<br />
de manutenção dos navios,<br />
entre outras medidas,<br />
considera-se «insuficiente»<br />
a falta de acções para<br />
resolver de imediato<br />
problemas graves.<br />
É referida a renovação<br />
de certificados de<br />
navegabilidade, que alguns<br />
vão caducar em 2017.<br />
Diagnóstico<br />
«Ao fim da mais longa<br />
greve da história das<br />
nossas profissões, atingimos<br />
o nosso primeiro grande<br />
objectivo», anunciou o<br />
Sindicato Nacional dos<br />
Técnicos Superiores de<br />
Saúde das áreas de<br />
Diagnóstico e Terapêutica,<br />
num comunicado que emitiu<br />
no dia 13. Na véspera<br />
tinha sido assinado um<br />
acordo com o Governo<br />
sobre o novo regime das<br />
carreiras profissionais,<br />
para consagrar o estatuto<br />
de técnico superior a todos<br />
os técnicos de diagnóstico<br />
e terapêutica. O STSS,<br />
sindicato não filiado que<br />
integra a Frente Comum<br />
da Administração Pública,<br />
reafirma que «esta era uma<br />
etapa sem a qual não seria<br />
possível negociar quaisquer<br />
matérias de importância<br />
determinante para<br />
as nossas profissões».<br />
Congratulando-se pelo<br />
resultado, que exigiu ainda<br />
posição firme numa reunião,<br />
dia 2, já com a greve<br />
levantada, o sindicato alerta<br />
para as próximas etapas.<br />
Normalizar a negociação e aumentar salários<br />
Levada a carta à ANIMEE<br />
Dirigentes e delegados sindicais, representando milhares<br />
de trabalhadores de empresas fabricantes<br />
de material eléctrico e electrónico, entregaram dia<br />
15 à ANIMEE a Carta Reivindicativa para 2017,<br />
com um alerta de luta.<br />
O ministro do Trabalho<br />
deve intervir para travar o<br />
ataque à contratação colectiva<br />
desencadeado pelas seguradoras,<br />
que procuram ganhar<br />
cerca de 40 milhões de<br />
euros por ano, à custa de<br />
congelamentos de carreiras e<br />
promoções, do fim das diuturnidades<br />
(antiguidades), do<br />
complemento do subsídio de<br />
doença (incluindo os primeiros<br />
três dias de baixa) e do suplemento<br />
(20 por cento da remuneração-base)<br />
por horário<br />
diferenciado ou por turnos.<br />
Para tentar reunir-se com<br />
o governante e transmitir-lhe<br />
esta mensagem, uma vez que<br />
está sem resposta um pedido<br />
de reunião feito em Maio, o<br />
Sindicato Nacional dos Profissionais<br />
de Seguros e Afins<br />
(Sinapsa) realizou uma concentração<br />
na Praça de Londres,<br />
em Lisboa, durante a<br />
tarde de 15 de Dezembro.<br />
Com os dirigentes e delegados<br />
sindicais, esteve uma delegação<br />
da CGTP-IN, incluindo<br />
o Secretário-geral,<br />
Arménio Carlos, e o coordenador<br />
da União dos Sindicatos<br />
de Lisboa, Libério Domingues,<br />
membro da Comissão<br />
Executiva.<br />
Com o apoio de um carro<br />
de som, foi distribuído um folheto<br />
aos transeuntes. Foi entregue<br />
um dossier no Ministério<br />
e também aos jornalistas.<br />
A Associação Portuguesa<br />
de Seguradores «agiu com<br />
má-fé negocial», quando há<br />
Os patrões<br />
só ouvem a voz<br />
da unidade<br />
e da luta<br />
dos trabalhadores<br />
O documento resultou de<br />
uma proposta da Fiequimetal/CGTP-IN<br />
e dos sindicatos<br />
com representação no sector,<br />
que foi discutida com os<br />
trabalhadores nos últimos<br />
dois meses. A entrega à associação<br />
patronal foi assinalada<br />
com uma concentração<br />
nacional de representantes<br />
dos trabalhadores, ao fim da<br />
manhã de quinta-feira da semana<br />
passada, em frente à<br />
sede da ANIMEE, na Avenida<br />
Guerra Junqueiro, em<br />
Lisboa.<br />
A jornada serviu também<br />
para exigir a normalização<br />
do processo de negociação<br />
do contrato colectivo de trabalho<br />
e o fim do bloqueio<br />
patronal da contratação colectiva.<br />
Em contraposição à<br />
perda de poder de compra<br />
dos salários, à intensificação<br />
dos ritmos de trabalho (que<br />
neste sector é apontada como<br />
a principal causa de doenças<br />
profissionais), à precariedade<br />
de emprego e ao desajustamento<br />
das carreiras<br />
profissionais, foram apontados<br />
os elevados lucros das empresas.<br />
«Só em 2015, meia<br />
Travar o ataque<br />
nos Seguros<br />
um ano se extinguiu como<br />
associação patronal, para perder<br />
a representatividade<br />
como subscritora do contrato<br />
colectivo de trabalho de<br />
2008, acusou Paulo Mourato.<br />
O presidente do Sinapsa<br />
(sindicato não filiado na Inter,<br />
mas com o qual «temos em<br />
comum a defesa dos interesses<br />
dos trabalhadores», como<br />
realçou Arménio Carlos) acusou<br />
ainda o Ministério do<br />
Trabalho de «permitir uma<br />
violação grosseira» do direito<br />
de negociação da contratação<br />
colectiva. Tal sucedeu<br />
em dois passos: viabilizou a<br />
alteração de estatutos da APS,<br />
em Novembro de 2015, e, a<br />
29 de Junho, publicou uma<br />
portaria de extensão do acordo<br />
colectivo de trabalho que<br />
as seguradoras subscreveram<br />
com as estruturas da UGT e<br />
onde ficaram contempladas<br />
as perdas para os trabalhadores.<br />
Foi neste contexto que sete<br />
No «teste dos Seguros», o ministro tem de mostrar que<br />
defende a dinamização da contratação colectiva, defenderam<br />
os dirigentes do Sinapsa e da CGTP-IN<br />
Frente à sede da associação patronal, foi apontado o contraste entre os elevados lucros<br />
das empresas e os baixos salários dos trabalhadores<br />
seguradoras comunicaram<br />
aos seus trabalhadores que<br />
pretendem deixar de aplicar<br />
o CCT de 2008, para o trocarem<br />
pelo ACT de 2016.<br />
«O contrato do Sinapsa é<br />
atacado porque é melhor para<br />
os trabalhadores», observou<br />
Arménio Carlos, reiterando a<br />
acusação de que a APS pretende<br />
assim escapar-se ao<br />
cumprimento do acórdão do<br />
Supremo Tribunal de Justiça,<br />
que em 2012 pôs fim a um<br />
processo que visava a caducidade.<br />
Exigiu que o Ministério<br />
do Trabalho e a DGERT<br />
travem as pretensões da APS<br />
e salientou que este «teste<br />
dos Seguros» é uma questão<br />
política. Se aqui vingasse esta<br />
manobra patronal «outras se<br />
sucederiam noutros sectores»,<br />
pelo que se justifica<br />
prosseguir a resistência e a<br />
luta nos Seguros, merecendo<br />
a solidariedade dos demais<br />
trabalhadores, defendeu Arménio<br />
Carlos.<br />
dúzia de multinacionais obtiveram<br />
resultados líquidos<br />
superiores a 250 milhões de<br />
euros», disse Rogério Silva,<br />
coordenador da Fiequimetal<br />
e membro da Comissão Executiva<br />
da CGTP-IN.<br />
Intervindo na concentração,<br />
pouco antes de uma delegação<br />
subir à sede patronal,<br />
acentuou que «a resistência<br />
dos trabalhadores e a<br />
sua luta têm permitido que<br />
os direitos que emanam do<br />
nosso contrato colectivo sejam<br />
respeitados nas empresas<br />
do sector» e assegurou<br />
que, «se não houver avanços,<br />
nos próximos meses, vamos<br />
agir em conformidade» e<br />
«em cada empresa, dar a<br />
resposta à altura dos acontecimentos».<br />
Sobre os problemas mais<br />
sentidos e a resposta dos trabalhadores,<br />
falaram também<br />
dirigentes do SIESI, do SITE<br />
CSRA e do SITE Norte,<br />
como se refere na notícia publicada<br />
no sítio electrónico da<br />
federação. O caso da Hanon<br />
Systems, em Palmela, foi<br />
apontado como exemplo da<br />
disponibilidade crescente<br />
para fazer frente à imposição<br />
de horários e ritmos de trabalho<br />
«cada vez mais desumanos».<br />
Contra a intenção<br />
da administração de roubar<br />
o direito ao descanso no dia<br />
23 de Dezembro, há muito<br />
conquistado, os trabalhadores<br />
marcaram greve para<br />
essa data.<br />
A delegação, recebida por<br />
um representante patronal,<br />
informou que a ANIMEE declarou<br />
que irá analisar a Carta<br />
Reivindicativa. Numa breve<br />
intervenção, antes de<br />
terminar o protesto na rua,<br />
João Torres, da Comissão<br />
Executiva da CGTP-IN, alertou<br />
que esperar a resposta<br />
patronal não basta, sendo<br />
essencial acentuar os sinais<br />
de disponibilidade para intensificar<br />
a luta, pois é isso<br />
que os patrões vêem».<br />
Exemplo<br />
na EMEF<br />
Se quer combater a precariedade laboral, o Governo tem<br />
de dar o exemplo e promover a admissão de pessoal na EMEF,<br />
defenderam as organizações representativas dos trabalhadores<br />
da empresa de manutenção ferroviária, no dia 16. Uma<br />
delegação deslocou-se à sede da CP (única accionista da<br />
EMEF), onde entregou uma carta com esta reivindicação, sendo<br />
enviado um documento semelhante ao Ministério do Planeamento<br />
e das Infra-estruturas, ao primeiro-ministro e aos<br />
grupos parlamentares.<br />
A Fectrans/CGTP-IN e o seu sindicato ferroviário editaram<br />
também um folheto, distribuído por alguns activistas na estação<br />
do Rossio, enquanto decorria a entrega na sede. Aí se<br />
relata que as empresas reconhecem a falta de pessoal, pediram<br />
autorização da tutela para admitir trabalhadores, mas foram<br />
despedidos 35 ferroviários com vínculos precários e, se<br />
alguns passaram a efectivos, a outros foi indicado que se inscrevessem<br />
numa empresa de trabalho temporário.
16 22-12-2016<br />
capitalismo e da ofensiva do imperialismo.<br />
A vitória de Donald Trump nas eleições para a<br />
presidência dos EUA evidenciou os profundos<br />
problemas e contradições que caracterizam a<br />
sociedade norte-americana, e que são expressão<br />
do aprofundamento da crise estrutural do<br />
capitalismo.<br />
O Comité Central do PCP sublinha a importância<br />
e significado da resistência da Síria e do seu povo<br />
em defesa da sua soberania e integridade<br />
territorial face à agressão do imperialismo norte-<br />
-americano e seus aliados, que promovem, apoiam<br />
e financiam os grupos terroristas que aí agem.<br />
O Comité Central do PCP alerta para as manobras<br />
de desestabilização visando países do continente<br />
africano e reafirma a sua solidariedade com as<br />
lutas dos povos da América Latina em defesa dos<br />
seus direitos, conquistas e soberania face à<br />
investida do imperialismo e das oligarquias.<br />
O Comité Central do PCP presta homenagem a<br />
Fidel Castro, revolucionário comunista, patriota e<br />
internacionalista, cujo exemplo animou e<br />
continuará a animar a luta das forças progressistas<br />
e revolucionárias de todo o mundo.<br />
2 – Na Europa, num quadro de persistência da<br />
crise económica e social, com evidentes reflexos<br />
no plano político, de que o recente referendo na<br />
Itália é mais uma expressão, acentua-se a deriva<br />
militarista e antidemocrática da União Europeia.<br />
Os recentes desenvolvimentos confirmam a<br />
tendência de uma ainda maior militarização da<br />
União Europeia, com o projecto «União da<br />
Defesa», a par do aprofundamento da política<br />
desumana relativa aos refugiados.<br />
O Comité Central do PCP chama a atenção para<br />
a ofensiva em curso contra os direitos democráticos<br />
e a liberdade de expressão na União Europeia<br />
com vista a institucionalizar a censura ideológica<br />
ou a restringir a intervenção dos deputados do<br />
Parlamento Europeu e concentrar o poder nos<br />
dois maiores grupos do PE, tornando ainda mais<br />
opaco o seu funcionamento.<br />
3 – A evolução da situação nacional,<br />
nomeadamente a aprovação do Orçamento do<br />
Estado para 2017, confirma a avaliação do XX<br />
Congresso quer quanto a avanços e conquistas<br />
que, com a luta dos trabalhadores e das massas<br />
populares e a intervenção determinante do PCP,<br />
foi possível consagrar, quer quanto às limitações<br />
que comporta para a resposta plena e necessária<br />
aos problemas nacionais. Limitações que decorrem<br />
dos constrangimentos externos e das opções do<br />
Governo do PS, que tornam ainda mais nítida e<br />
inadiável a adopção de uma política patriótica e<br />
de esquerda.<br />
As pressões quer da Comissão Europeia ou do<br />
Banco Central Europeu, quer do FMI que, a<br />
pretexto das «avaliações» pós pacto de agressão –<br />
em si mesmas expressão das limitações à soberania<br />
e independência nacionais –, visam não só<br />
questionar e influenciar o curso da nova fase da<br />
vida política nacional, como continuar a impor<br />
critérios e opções ditas de «consolidação<br />
orçamental» ou de «reformas estruturais»<br />
responsáveis pelo rumo de empobrecimento,<br />
declínio e submissão que marcaram os últimos<br />
anos.<br />
Os desenvolvimentos em torno da Caixa Geral de<br />
Depósitos (CGD), inseparáveis das opções do<br />
Governo do PS e da acção desestabilizadora do<br />
PSD e do CDS/PP, tornam ainda mais actuais as<br />
prevenções e exigência do PCP quanto às<br />
condições indispensáveis para que o banco público<br />
possa assumir o seu papel de financiador da<br />
economia e das pequenas e médias empresas, e<br />
de instrumento ao serviço do desenvolvimento<br />
soberano do País. A nova administração agora<br />
anunciada pelo Governo – e em particular a<br />
nomeação do seu novo presidente com o seu<br />
conhecido desempenho ao serviço dos interesses<br />
do grande capital – não corresponde às condições<br />
que garantam uma gestão e uma actividade de<br />
acordo com o interesse público e os objectivos que<br />
a CGD deve desempenhar na estratégia de<br />
crescimento económico.<br />
O papel determinante que o sector financeiro sob<br />
controlo público deve ser chamado a desempenhar<br />
numa política ao serviço do interesse nacional<br />
obriga a que, a par da afirmação da CGD como<br />
principal banco público, se opte pela integração<br />
do Novo Banco na esfera do controlo do Estado,<br />
recusando a sua entrega a desbarato e com um<br />
imenso prejuízo para o erário público.<br />
A construção da alternativa política patriótica e de<br />
esquerda, capaz de concretizar uma política ao<br />
serviço dos trabalhadores, do povo e do País,<br />
questão da maior actualidade, constitui uma<br />
complexa mas exaltante tarefa dos comunistas<br />
portugueses, tal como foi assinalado no XX<br />
Congresso, inseparável da intensificação e<br />
alargamento da luta de massas, da convergência<br />
dos democratas e patriotas, e do reforço do<br />
Partido.<br />
O PCP, força portadora da política alternativa<br />
necessária a um Portugal com futuro, reafirma o<br />
compromisso com os trabalhadores e o povo, com<br />
todos os democratas e patriotas, de agir e lutar<br />
para que finalmente seja possível romper com a<br />
exploração, o empobrecimento, o declínio e a<br />
dependência e alcançar um Portugal desenvolvido<br />
e soberano.<br />
III<br />
Iniciativa, acção e reforço<br />
do Partido<br />
1 – A situação nacional coloca ao Partido a<br />
necessidade de uma intensa acção, articulando e<br />
aproveitando a concretização de todas as<br />
possibilidades de levar mais longe a defesa,<br />
reposição e conquista de direitos, com o objectivo<br />
essencial da concretização de uma alternativa<br />
patriótica e de esquerda. Tais objectivos<br />
determinam direcções de trabalho e tarefas no<br />
plano da luta dos trabalhadores e do povo, do<br />
fortalecimento das organizações unitárias de
EM FOCO<br />
17<br />
massas, do trabalho político unitário, da iniciativa<br />
e do reforço da organização do Partido.<br />
2 – O desenvolvimento da luta reivindicativa dos<br />
trabalhadores e do povo reclama das organizações<br />
e militantes do Partido uma intervenção que<br />
contribua para o fortalecimento das organizações<br />
unitárias dos trabalhadores e de outros movimentos<br />
de massas, envolvendo todas as classes e camadas<br />
sociais antimonopolistas, importante contributo<br />
para o alargamento da frente social de luta.<br />
3 – O Comité Central do PCP reafirma o<br />
empenhamento do PCP na convergência de forças,<br />
sectores e personalidades disponíveis para a<br />
construção da alternativa patriótica e de esquerda.<br />
Nesse sentido decide desenvolver um vasto<br />
conjunto de contactos com personalidades<br />
independentes, democratas e patriotas, com<br />
aqueles que intervêm nas organizações e<br />
movimentos de massas e que estão interessados<br />
em convergir no objectivo de encontrar um novo<br />
rumo para o País.<br />
4 – No quadro da valorização e afirmação da<br />
política patriótica e de esquerda e da alternativa<br />
política que a concretize, entre outras iniciativas,<br />
o Comité Central decide realizar uma campanha<br />
em torno da libertação da submissão ao euro entre<br />
Janeiro e Junho de 2017 que, em articulação com<br />
a exigência da renegociação da dívida e da<br />
recuperação do controlo público da banca,<br />
esclareça da insustentabilidade dos<br />
constrangimentos e imposições da União Europeia,<br />
e mobilize vários sectores da sociedade para a<br />
necessidade e possibilidade da libertação da<br />
submissão ao euro, pela produção, o emprego e<br />
a soberania nacional.<br />
O Comité Central do PCP sublinha a importância<br />
da acção pelo aumento dos salários e pela fixação<br />
do salário mínimo nacional em 600 euros no início<br />
de 2017, cuja necessidade a rejeição do Projecto<br />
de Resolução do PCP na Assembleia da República<br />
com os votos do PS, PSD e CDS/PP não altera.<br />
Valoriza as acções já realizadas nesse sentido e<br />
apela ao seu desenvolvimento, bem como das<br />
iniciativas de defesa dos direitos dos trabalhadores,<br />
com a alteração dos aspectos gravosos da legislação<br />
laboral, nomeadamente a revogação da caducidade<br />
da contratação colectiva e a reposição do<br />
tratamento mais favorável do trabalhador.<br />
O Comité Central decide prosseguir a campanha<br />
«Mais direitos, mais futuro, não à precariedade»,<br />
para o período entre Janeiro e o 1.º de Maio de<br />
2017, afirmando a aplicação do princípio de que<br />
a um posto de trabalho permanente deve<br />
corresponder um vínculo de trabalho efectivo.<br />
Assume a maior importância garantir uma forte<br />
expressão das Comemorações do 8 de Março, Dia<br />
Internacional da Mulher, e dos dias 24 e 28 de<br />
Março, Dia do Estudante e Dia Nacional da<br />
Juventude, respectivamente, e assegurar uma forte<br />
participação popular nas iniciativas comemorativas<br />
do 25 de Abril.<br />
O Comité Central do PCP apela aos militantes do<br />
Partido para que, nas empresas e locais de<br />
trabalho, nas organizações dos trabalhadores,<br />
intervenham desde já na preparação do 1.º de<br />
Maio, fazendo desta data uma poderosa afirmação<br />
da luta dos trabalhadores e do povo na defesa,<br />
reposição e conquista de direitos, integrada no<br />
quadro mais geral da luta pela ruptura com a<br />
política de direita e pela concretização da política<br />
patriótica e de esquerda.<br />
5 – A preparação das eleições para as autarquias<br />
locais de 2017 constitui um importante momento<br />
para afirmar e valorizar a CDU como um espaço<br />
de participação unitária e de convergência<br />
democrática, para valorizar a reconhecida<br />
capacidade de gestão, de entrega aos interesses<br />
das populações e resposta aos seus problemas,<br />
para afirmar uma presença singular no exercício<br />
do poder e o reconhecido percurso de trabalho,<br />
honestidade e competência que tem marcado a<br />
sua presença ao longo dos mandatos.<br />
A CDU – Coligação Democrática Unitária<br />
concorrerá a todos os municípios do País e ao<br />
maior número possível de freguesias, afirmando<br />
o seu projecto distintivo, confirmando-se como a<br />
grande força de esquerda no Poder Local<br />
indispensável ao progresso e desenvolvimento local<br />
e regional, à defesa dos interesses das populações<br />
e do Poder Local democrático.<br />
No âmbito da preparação das eleições para as<br />
autarquias locais, o Comité Central do PCP<br />
convoca para o dia 8 de Abril a realização de um<br />
Encontro Nacional do PCP.<br />
6 – O Comité Central do PCP afirma a<br />
importância da acção do Partido com destaque<br />
para as comemorações do 86.º aniversário do<br />
Avante!, do 96.º aniversário do Partido e do<br />
centenário da Revolução de Outubro, que se<br />
desenvolverão sob o lema «Centenário da<br />
Revolução de Outubro – Socialismo, exigência da<br />
actualidade e do futuro» cuja abertura terá lugar<br />
a 28 de Janeiro, o 11.º Congresso da JCP que<br />
se realizará em Setúbal nos dias 1 e 2 de Abril de<br />
2017 e a Festa do Avante! em 1, 2 e 3 de<br />
Setembro de 2017.<br />
7 – O Comité Central, no quadro das suas<br />
competências, ratificou a composição da Comissão<br />
Central de Quadros (CCQ) e da Comissão<br />
Administrativa e Financeira (CAF), tomou decisões<br />
sobre organização do trabalho de direcção e foi<br />
informado da distribuição de tarefas entre os<br />
membros dos organismos executivos.<br />
8 – No seguimento do grande êxito que constituiu<br />
o XX Congresso, importa dar concretização às<br />
orientações relativas ao reforço da organização<br />
partidária, questão decisiva para que cumpra o seu<br />
papel.<br />
O Comité Central do PCP considera prioritário o<br />
reforço do trabalho de direcção aos vários níveis,<br />
com identificação de necessidades, adopção de<br />
medidas para responder às exigências imediatas e<br />
de um horizonte mais largo, inseridas numa acção<br />
mais geral de levantamento, acompanhamento,<br />
responsabilização e formação de quadros, e de<br />
alargamento do número de camaradas com tarefas<br />
permanentes.<br />
A campanha de valorização e difusão do Avante!<br />
aumentando a venda regular a mais leitores dentro<br />
do Partido e com uma audaciosa acção de contacto<br />
para fora, alargando o número de responsáveis pela<br />
distribuição, realizando vendas especiais, de que<br />
é exemplo a agendada para 12 de Janeiro,<br />
promovendo a leitura, contribuindo mais para o<br />
seu conteúdo com informação oportuna e<br />
sistematizada, exige o empenho das organizações<br />
e militantes.<br />
O Comité Central do PCP salienta a necessidade<br />
da elaboração por todas as organizações do plano<br />
de trabalho para o reforço do Partido em 2017,<br />
articulado com uma intensa intervenção política,<br />
incluindo, entre outras, as seguintes linhas de<br />
orientação: medidas para o fortalecimento da<br />
organização do Partido nas empresas e locais de<br />
trabalho; recrutamento de novos militantes e a sua<br />
integração; dinamização das organizações de base<br />
do Partido; desenvolvimento do trabalho de massas,<br />
pela organização e estruturação de outras camadas<br />
e sectores específicos; o trabalho de propaganda;<br />
independência financeira do Partido, designadamente<br />
pelo reforço da estrutura para o recebimento de<br />
quotas, o alargamento do número de camaradas a<br />
pagar quotas regularmente e o aumento do seu<br />
valor, a par da dinamização de campanhas e<br />
iniciativas de fundos, com destaque para a campanha<br />
«Um dia de salário para o Partido».<br />
Ciente das exigências que estão colocadas, o Comité<br />
Central apela ao empenhamento de todos os<br />
militantes do Partido para a concretização das<br />
orientações decididas pelo XX Congresso,<br />
assegurando um PCP mais forte, mais interventivo<br />
na luta, com os trabalhadores e o povo, pela<br />
democracia e pelo Socialismo.
18 EM FOCO<br />
22-12-2016<br />
Nota informativa sobre questões de direcção apreciadas<br />
na reunião do Comité Central do PCP no seguimento<br />
do XX Congresso<br />
1. Na sua reunião de 17 de Dezembro, o Comité<br />
Central debateu e aprovou uma resolução sobre<br />
a Organização do Trabalho de Direcção Central.<br />
2. O Comité Central, ratificou as composições da<br />
Comissão Central de Quadros e da Comissão<br />
Administrativa e Financeira, decididas pelo<br />
Secretariado do Comité Central.<br />
A Comissão Central de Quadros é composta por<br />
José Capucho, Luísa Araújo, Maria da Piedade<br />
Morgadinho; Pedro Guerreiro.<br />
A Comissão Administrativa e Financeira é<br />
composta por Alexandre Araújo, Álvaro Pato,<br />
Armando Rodrigues, Elsa Pedro, José Capucho<br />
e Manuela Pinto Ângelo.<br />
3. O Comité Central tomou conhecimento das<br />
medidas de direcção já decididas e da<br />
distribuição de tarefas e responsabilidades ao<br />
nível da Comissão Política e Secretariado e<br />
Direcções Regionais e que nos seus aspectos<br />
fundamentais são as seguintes:<br />
• A nível da Comissão Política são<br />
responsáveis por Organizações Regionais:<br />
Gonçalo Oliveira (Braga); Jaime Toga (Porto,<br />
Viana do Castelo, Vila Real e Bragança); Octávio<br />
Augusto (Aveiro e Viseu); Patrícia Machado<br />
(Guarda e Castelo Branco); Vladimiro Vale<br />
(Coimbra); Ângelo Alves (Leiria); Carlos<br />
Gonçalves (Santarém); Armindo Miranda<br />
(Lisboa); Margarida Botelho (Setúbal); João Dias<br />
Coelho (Direcção Regional do Alentejo); Vasco<br />
Cardoso (Algarve) e Jorge Cordeiro (Açores e<br />
Madeira).<br />
• São ainda responsáveis directos por<br />
Organizações Regionais: Filipe Vintém (Viana<br />
do Castelo); Jorge Humberto (Vila Real); Filipe<br />
Costa (Bragança); Tiago Vieira (Aveiro); João<br />
Abreu (Viseu); Diogo d'Ávila (Santarém); Rogério<br />
Silva (Portalegre); João Pauzinho (Évora); Miguel<br />
Madeira (Beja); Manuel Valente (Litoral<br />
Alentejano). No quadro próprio que se refere às<br />
Organizações das Regiões Autónomas dos Açores<br />
e da Madeira, são responsáveis no plano do<br />
Comité Central por estas organizações, Martinho<br />
Baptista (Açores) e Edgar Silva (Madeira).<br />
• Em termos de Secretariado, acompanham<br />
Organizações Regionais: Paulo Raimundo (Porto,<br />
Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Bragança);<br />
Alexandre Araújo (Coimbra, Aveiro, Viseu, Guarda<br />
e Castelo Branco); Manuela Pinto Ângelo (Leiria<br />
e Santarém); Francisco Lopes (Lisboa); José<br />
Capucho (Setúbal); Luísa Araújo (Évora, Beja,<br />
Portalegre, Litoral Alentejano e a Direcção Regional<br />
do Alentejo); Rui Braga (Algarve e Direcção da<br />
Organização da Emigração) e Jorge Cordeiro<br />
(Açores e Madeira).<br />
• Áreas de Trabalho e intervenção política<br />
e seus responsáveis no plano da Comissão<br />
Política: Área do Movimento Operário, Sindical<br />
e das Questões Laborais – Francisco Lopes;<br />
Área para os Assuntos Sociais – Fernanda<br />
Mateus; Área para a Luta e o Movimento das<br />
Mulheres – Fernanda Mateus; Área do Trabalho<br />
Autárquico, do Movimento Associativo e do<br />
Desporto – Jorge Cordeiro; Área do Ambiente<br />
– Vladimiro Vale; Área da Economia – Vasco<br />
Cardoso; Área dos Serviços Públicos e Defesa<br />
do Consumidor – José Capucho; Área da Saúde<br />
— Jorge Pires; Área da Educação, Ciência e<br />
Tecnologia – Jorge Pires; Área da Cultura –<br />
Jorge Pires; Área da Juventude – João Frazão;<br />
Área da Comunicação – Jorge Cordeiro; Área<br />
dos Assuntos Constitucionais, da Justiça e<br />
da Administração Interna – Rui Fernandes;<br />
Área da Defesa Nacional – Rui Fernandes;<br />
Área da Integração Europeia – Ângelo Alves;<br />
Área dos Assuntos Internacionais e da Política<br />
Externa – Ângelo Alves.<br />
• Ainda no âmbito da Comissão Política são<br />
responsáveis: Manuel Rodrigues pelo Avante!;<br />
João Frazão pelas questões da Agricultura; Rui<br />
Fernandes pelas questões da Emigração e da<br />
Imigração; Jorge Cordeiro pelo Gabinete de<br />
Imprensa; Carlos Gonçalves pelo Departamento<br />
de Propaganda e pelas questões da<br />
Toxicodependência; Octávio Augusto pelas questões<br />
do Desporto e pelas questões da Protecção Civil;<br />
João Dias Coelho pelas questões da habitação;<br />
João Oliveira pelo Grupo Parlamentar da Assembleia<br />
da República; João Frazão pela ligação à JCP no<br />
quadro da área da Juventude.<br />
• São responsáveis directos por áreas,<br />
comissões e grupos de estudo: Agostinho Lopes<br />
(questões económicas, Comissão das Actividades<br />
Económicas envolvendo designadamente PME,<br />
Movimento Cooperativo, Turismo e Pescas) e Rosa<br />
Rabiais (questões da Emigração e Imigração).<br />
Os sectores e empresas de âmbito pluridistrital e<br />
nacional, têm como responsável por este trabalho<br />
João Frazão.<br />
4. No âmbito do Secretariado e para além da<br />
multiplicidade de tarefas decorrentes das suas<br />
funções e das tarefas já referidas, nomeadamente<br />
a ligação às Organizações Regionais: Pedro<br />
Guerreiro é responsável pela Secção Internacional<br />
e pelo Organismo do Trabalho dos Deputados do<br />
PCP no Parlamento Europeu; Francisco Lopes,<br />
pelo Gabinete e Comissão de Organização e pelo<br />
Grupo Parlamentar da Assembleia da República;<br />
Jorge Cordeiro pelo Departamento de Propaganda<br />
e Gabinete de Imprensa; Rui Braga pelas questões<br />
da Imigração e Alexandre Araújo, pelo Secretariado<br />
da Festa do Avante!.<br />
5. São directores do Avante! e de O Militante,<br />
respectivamente Manuel Rodrigues e Albano<br />
Nunes, sendo a responsabilidade do Avante! e de<br />
O Militante a nível do Secretariado de Manuela<br />
Pinto Ângelo.<br />
6. O Comité Central encarregou o Secretariado e<br />
a Comissão Política de dar continuidade à<br />
arrumação das estruturas de apoio ao trabalho de<br />
direcção central, mantendo-se em funcionamento<br />
as comissões e grupos de estudo existentes na<br />
altura da realização do XX Congresso.<br />
17 de Dezembro de 2016<br />
O Comité Central do Partido Comunista Português
22-12-2016 EUROPA<br />
19<br />
• João Ferreira<br />
Ataque à democracia,<br />
ao pluralismo<br />
e à transparência<br />
Por mais que a União<br />
Europeia se arvore<br />
em referência da<br />
democracia (conceito que<br />
elucidativamente os tratados<br />
assimilam ao de «economia de<br />
mercado»), não é possível esconder<br />
o carácter anti-democrático da<br />
integração capitalista europeia.<br />
Anti-democrático porque contrário<br />
ao interesse dos povos e porque<br />
desprezando a sua vontade e<br />
participação. Antidemocrático<br />
porque fundado em imposições<br />
supranacionais, desrespeitador das<br />
soberanias nacionais. Antidemocrático<br />
no que diz respeito ao<br />
funcionamento das suas próprias<br />
instituições, nas quais um<br />
directório de potências põe e<br />
dispõe, impondo a sua vontade e os<br />
seus interesses.<br />
Em jeito introdutório, vem este<br />
parágrafo cimeiro a propósito das<br />
recentes alterações introduzidas ao<br />
Regimento do Parlamento<br />
Europeu. Celebrada como o<br />
expoente da democracia pan-<br />
-europeia, esta instituição é hoje<br />
palco e expressão maior de um<br />
processo de acentuada erosão e<br />
subversão de instrumentos e<br />
possibilidades de intervenção<br />
democrática. Um ataque à<br />
democracia que acompanha e<br />
integra um ataque mais amplo, que<br />
em última instância visa as<br />
condições de vida dos<br />
trabalhadores e dos povos na<br />
Europa, uma das dimensões da<br />
profunda e arrastada crise em que<br />
a União Europeia se encontra<br />
mergulhada.<br />
Há mais de dois anos que os dois<br />
maiores grupos políticos do<br />
Parlamento Europeu – PPE<br />
(direita) e S&D (social-democracia),<br />
– mancomunados com outras<br />
expressões da mesma coisa<br />
(liberais, conservadores, etc.) e<br />
com colaboracionistas diversos,<br />
andavam a cozinhar alterações de<br />
fundo às regras que regem o<br />
funcionamento do Parlamento<br />
Europeu. O objectivo: dotar a<br />
instituição de «maior eficácia».<br />
O projecto viu finalmente a luz do<br />
dia e foi a votos na semana<br />
passada. A intenção era votá-lo<br />
simplesmente, sem discussão em<br />
plenário. Só por iniciativa dos<br />
deputados do PCP e por proposta<br />
do seu grupo, o GUE/NGL, foi<br />
possível criar as condições para<br />
que o debate se realizasse. E foi<br />
possível, assim, desmascarar os<br />
reais objectivos e consequências<br />
deste projecto, agora concretizado<br />
(aprovadas que foram as alterações,<br />
por larga maioria, mas ainda assim<br />
com cerca de 200 votos contra).<br />
Vejamos, em síntese, alguns dos<br />
aspectos mais significativos das<br />
alterações introduzidas.<br />
Foram alterados (nalguns casos<br />
criados) limiares mínimos para<br />
desencadear determinados<br />
processos – como o agendamento<br />
de debates ou a apresentação de<br />
propostas de alteração a<br />
determinados relatórios (legislativos<br />
e não legislativos). Passa a ser<br />
exigido um número tal de<br />
assinaturas de deputados que, na<br />
prática, o desencadear (ou<br />
inversamente o bloqueio) destes<br />
processos passa a estar mas mãos<br />
dos grandes grupos políticos.<br />
Mas não é apenas a intervenção<br />
dos grupos políticos mais pequenos<br />
que é limitada, também a iniciativa<br />
individual dos deputados é<br />
fortemente cerceada. De tal forma<br />
que faz sentido falar-se de uma<br />
autêntica «lei da rolha». As<br />
declarações escritas – instrumento<br />
através do qual os deputados<br />
podiam projectar o debate de<br />
temas que considerassem<br />
relevantes – foram abolidas. O<br />
número de resoluções que um<br />
deputado pode subscrever passa a<br />
estar limitado. Idem relativamente<br />
às propostas de alteração que pode<br />
apresentar. Idem ainda<br />
relativamente às declarações de<br />
voto orais. O mesmo em relação às<br />
perguntas que pode apresentar a<br />
outras instituições –<br />
nomeadamente à Comissão<br />
Europeia e ao Conselho. Tal<br />
acarreta uma diminuição do poder<br />
de escrutínio sobre essas outras<br />
instituições, já que os limites<br />
impostos são muito restritivos. Este<br />
era, aliás, um dos instrumentos de<br />
intervenção mais importantes, pela<br />
possibilidade que abre de<br />
confrontar as instituições com<br />
realidades muito diversas,<br />
decorrentes de medidas e acções<br />
tomadas ao nível da UE e com<br />
impacto na vida nacional.<br />
Em nome da «eficácia legislativa»<br />
são instituídos processos<br />
legislativos rápidos, ditos «fast-<br />
-track», assim uma espécie de «atar<br />
e pôr ao fumeiro», uma vez<br />
enchido o «chouriço» legislativo.<br />
Limitando a intervenção dos<br />
deputados no processo e<br />
dificultando o seu escrutínio<br />
público.<br />
Uma outra forma de limitar o<br />
escrutínio público da actuação dos<br />
eleitos foi criar mais dificuldades<br />
aos pedidos de votos nominais, ou<br />
seja, à existência de um registo<br />
escrito do sentido de voto<br />
individual dos deputados, com o<br />
qual os mesmos poderão depois ser<br />
confrontados.<br />
Foi graças à existência destes<br />
«votos nominais» que todos<br />
podemos hoje saber, por exemplo,<br />
que os deputados portugueses do<br />
PS, PSD e CDS votaram a favor de<br />
todas as alterações aqui<br />
mencionadas, entre outras também<br />
graves. Será caso para dizer que<br />
sabem bem o que lá fazem. Sabem<br />
e querem escondê-lo…<br />
O novo regimento do PE limita a capacidade de intervenção dos deputados<br />
PE reduz direitos dos deputados<br />
Intervenção limitada<br />
O Parlamento Europeu aprovou, dia 13, novas<br />
regras de funcionamento, que reduzem os direitos<br />
dos deputados e limitam a sua capacidade de<br />
intervenção.<br />
Novas regras<br />
prejudicam<br />
democracia<br />
e transparência<br />
Em comunicado, os deputados<br />
do PCP no PE repudiaram<br />
as alterações ao<br />
regimento, considerando que<br />
prejudicam gravemente a<br />
democracia, o pluralismo e<br />
a transparência no funcionamento<br />
do Parlamento Europeu.<br />
Entre outros aspectos, os<br />
deputados do PCP salientam:<br />
– a «forte limitação da<br />
iniciativa individual dos deputados<br />
e da iniciativa dos<br />
grupos políticos mais pequenos»;<br />
– a instituição de «processos<br />
legislativos rápidos,<br />
ditos “fast-track”, que limitam<br />
a intervenção dos deputados<br />
e dificultam o seu<br />
escrutínio público»;<br />
– a limitação do número<br />
de perguntas escritas (máximo<br />
de 20 em três meses)<br />
às instituições como a Comissão<br />
Europeia e o Conselho;<br />
– a limitação do número<br />
de votos nominais por sessão<br />
plenária, procedimento<br />
que permite identificar<br />
a forma como cada deputado<br />
vota, «imprescindível<br />
a um efectivo escrutínio sobre<br />
o trabalho dos eleitos»;<br />
– a limitação do direito<br />
dos deputados de apresentarem<br />
propostas de alteração<br />
a relatórios, legislativos<br />
e não legislativos, em comissões<br />
especializadas das<br />
quais não sejam membros;<br />
– a eliminação das declarações<br />
escritas, «um importante<br />
instrumento ao dispor<br />
dos deputados que permite<br />
trazer ao Parlamento Europeu<br />
temas diversos, bem<br />
como lutas e aspirações dos<br />
povos dos vários estados-<br />
-membros»;<br />
– A limitação das declarações<br />
de voto orais e do<br />
número de resoluções (uma<br />
por mês) que cada deputado<br />
pode subscrever.<br />
Depois de ter sido aprovada<br />
na Comissão de Assuntos<br />
Constitucionais, com<br />
os votos favoráveis dos deputados<br />
Paulo Rangel (PSD)<br />
e Pedro Silva Pereira (PS),<br />
a proposta subiu a plenário<br />
onde contou com o apoio<br />
do PS, PSD, CDS e MPT.<br />
Por seu lado, os deputados<br />
comunistas não só se<br />
opuseram à proposta como<br />
lançaram um Apelo Público<br />
a favor da suspensão do<br />
processo de revisão do Regimento<br />
e pelo aumento da<br />
democracia, do pluralismo<br />
e da transparência no funcionamento<br />
do Parlamento<br />
Europeu. Este apelo reuniu<br />
dezenas de subscrições de<br />
deputados, de vários grupos<br />
políticos, e largas centenas<br />
de subscrições de cidadãos<br />
e personalidades preocupadas<br />
com esta questão.<br />
Contra exclusão<br />
da língua portuguesa<br />
O deputado do PCP no Parlamento Europeu,<br />
João Ferreira, vice-presidente da<br />
Assembleia Parlamentar Paritária ACP-<br />
UE, decidiu não participar na sessão desta<br />
Assembleia, que teve lugar em Nairobi,<br />
no Quénia, de 17 a 21, em protesto<br />
pela não disponibilização pelo Parlamento<br />
Europeu de serviços de interpretação<br />
activa de português.<br />
Em comunicado, os deputados do PCP<br />
recordam que «o português é uma das<br />
cinco línguas oficiais da Assembleia Parlamentar<br />
Paritária ACP-UE».<br />
Além de ser uma das línguas oficiais da<br />
União Europeia, «é também a língua oficial<br />
de seis dos países que integram esta<br />
Assembleia (Angola, Cabo Verde, Guiné-<br />
Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe<br />
e Timor-Leste)».<br />
De acordo com o regimento, compete<br />
ao Parlamento Europeu assegurar os serviços<br />
de interpretação em cada uma das<br />
línguas oficiais.<br />
Ao tomar conhecimento que não seria<br />
garantida a presença na Assembleia da<br />
cabine portuguesa, e que por conseguinte<br />
não seria disponibilizada interpretação<br />
activa em português, o deputado do PCP<br />
de imediato contactou o presidente da Assembleia<br />
Parlamentar Paritária ACP-UE,<br />
Louis Michel, solicitando-lhe que a decisão<br />
fosse revertida, «em nome do respeito<br />
pelo princípio do multilinguismo e pelo<br />
regimento». No mesmo sentido, foi também<br />
contactado o presidente do Parlamento<br />
Europeu, Martin Schulz.<br />
Na ausência de resposta favorável, o deputado<br />
do PCP, João Ferreira, transmitiu<br />
aos serviços competentes um protesto formal,<br />
cancelando a sua participação.
20 INTERNACIONAL<br />
22-12-2016<br />
Costa Sorridente,<br />
eleições e crises<br />
AÁfrica Ocidental<br />
termina 2017 com<br />
mais uma crise<br />
política, desta vez na Gâmbia,<br />
situação que pode agravar-se,<br />
transformar-se em conflito violento<br />
e implicar mais ingerências<br />
estrangeiras.<br />
A história não é nova no<br />
continente: num dado país<br />
organizam-se eleições<br />
«democráticas» em moldes muitas<br />
vezes impostos pelo Ocidente, os<br />
vencidos não aceitam os resultados,<br />
aprofundam-se divisões étnicas,<br />
religiosas e regionais, há<br />
necessidade de mediação<br />
internacional, o impasse eterniza-<br />
-se, o desenvolvimento é<br />
bloqueado, sofrem os do costume.<br />
Na Gâmbia, um pequeno território<br />
encravado no Senegal, com menos<br />
de dois milhões de habitantes, cujo<br />
principal recurso económico, além<br />
da agricultura, pecuária e pesca, é<br />
o turismo – chamam-lhe a Costa<br />
Sorridente, muito procurada por<br />
turistas europeus –, realizaram-se<br />
eleições a 1 de Dezembro.<br />
Esperava-se mais uma vitória fácil<br />
do actual presidente, Yahya<br />
Jammeeh, que chegou ao poder<br />
através de um golpe de estado<br />
militar, em 1994, e depois foi<br />
eleito e reeleito para quatro<br />
mandatos.<br />
Aconteceu, contudo, o inesperado:<br />
o candidato da oposição unida,<br />
Adama Barrow, um empresário<br />
pouco conhecido, venceu o<br />
escrutínio e a comissão eleitoral<br />
declarou-o vencedor, ainda que por<br />
escassa margem (19 mil votos).<br />
Houve manifestações populares de<br />
alegria, a Justiça soltou sob fiança<br />
40 oposicionistas, multiplicaram-se<br />
as declarações de júbilo dos<br />
improváveis triunfadores.<br />
Num primeiro momento, e também<br />
de forma surpreendente, Jammeeh,<br />
antes acusado pelos adversários de<br />
autoritarismo, aceitou e reconheceu<br />
publicamente a derrota. Uma<br />
semana depois, decidiu contestar os<br />
resultados, recorreu para o<br />
Supremo Tribunal (que não<br />
funciona há anos e tem falta de<br />
juízes), à cautela mandou o exército<br />
cercar e encerrar as instalações da<br />
comissão eleitoral, propôs a<br />
repetição das eleições.<br />
Soaram os alarmes na «comunidade<br />
internacional». As Nações Unidas e<br />
a União Africana, os Estados<br />
Unidos e a União Europeia,<br />
governos e personalidades<br />
apelaram à aceitação da vontade<br />
manifestada nas urnas. Em vão:<br />
apoiado pelas forças armadas,<br />
Jammeeh mostra querer<br />
permanecer no poder.<br />
«Todos os meios»<br />
Para tentar uma solução negociada,<br />
a Comunidade Económica dos<br />
• Carlos Lopes Pereira<br />
Estados da África Ocidental<br />
(Cedeao), com longa prática de<br />
mediação de conflitos em países<br />
membros, enviou a Banjul uma<br />
delegação de alto nível, chefiada<br />
pela presidente da Libéria, Ellen<br />
Johnson Sirlea. Mas a missão não<br />
teve êxito e esbarrou na<br />
intransigência do presidente<br />
gambiano.<br />
Os dirigentes oeste-africanos<br />
reuniram-se no sábado, 17, em<br />
Abuja, na cimeira anual da<br />
Cedeao, e designaram como<br />
mediadores da crise pós-eleitoral<br />
na Gâmbia o presidente da Nigéria,<br />
Muhammadu Buhari, e o<br />
presidente cessante do Gana, John<br />
Dramani Mahama, ele que há dias<br />
perdeu as eleições no seu país e<br />
reconheceu a vitória do líder da<br />
oposição, Nana Akufo-Addo.<br />
O comunicado final da cimeira<br />
exorta o dirigente gambiano a<br />
aceitar o resultado do escrutínio, a<br />
abster-se de «qualquer acção<br />
susceptível de pôr em perigo a<br />
transição» e a efectuar a<br />
«transferência pacífica do poder ao<br />
presidente eleito». A organização<br />
regional assegura que recorrerá a<br />
«todos os meios necessários para<br />
fazer aplicar o resultado do 1.º de<br />
Dezembro», sem contudo<br />
especificar medidas concretas.<br />
Yahya Jammeeh, cujo quarto<br />
mandato de cinco anos termina a<br />
19 de Janeiro próximo, de acordo<br />
com a Constituição gambiana, não<br />
assistiu à cimeira na capital<br />
nigeriana. Se se recusar a transferir<br />
o poder até essa data, «perderá a<br />
sua legitimidade constitucional e<br />
todo o presidente que perde a sua<br />
legitimidade constitucional torna-se<br />
um renegado», declarou um porta-<br />
-voz da coligação da oposição que<br />
elegeu Barrow.<br />
Face a este impasse, os media<br />
africanos têm especulado que uma<br />
possibilidade para pressionar<br />
Jammeeh seria a imposição de<br />
sanções económicas. Mas surgiram<br />
já vozes a admitir soluções<br />
musculadas, como a do presidente<br />
da Comissão da Cedeao, Marcel de<br />
Souza, para quem a diplomacia é a<br />
via privilegiada, ainda que «uma<br />
intervenção militar possa ser<br />
equacionada» para forçar a<br />
aceitação dos resultados eleitorais.<br />
Já Macky Sall, presidente do<br />
Senegal, o grande vizinho da<br />
Gâmbia, afirma estar convencido<br />
de que o diálogo conseguirá<br />
convencer Jammeeh a aceitar a<br />
vitória de Barrow. Em todo o caso,<br />
os senegaleses enviaram para<br />
Banjul uma dezena de guarda-<br />
-costas para «garantir a segurança»<br />
do presidente eleito gambiano.<br />
Claramente, Dakar não morre de<br />
amores por Jammeeh, que no<br />
passado apoiou um movimento<br />
guerrilheiro separatista de<br />
Casamanse, região senegalesa entre<br />
a Gâmbia e a Guiné-Bissau.<br />
Ciberguerra entre EUA e Rússia<br />
Kissinger apoia Obama<br />
O Kremlin rejeitou as acusações de Obama de<br />
que a Rússia interferiu nas presidenciais dos<br />
EUA, em benefício de Trump, a partir do ciberespaço.<br />
Henry Kissinger veio em socorro<br />
do presidente cessante.<br />
O antigo secretário de Estado<br />
norte-americano Henry<br />
Kissinger espera que os Estados<br />
Unidos se vinguem<br />
da Rússia levando a cabo<br />
os seus próprios ataques cibernéticos.<br />
As declarações surgem<br />
após serviços secretos norte-americanos<br />
como o FBI<br />
e a CIA e o próprio presidente<br />
cessante Barack Obama<br />
terem assegurado que<br />
os russos levaram a cabo<br />
actos de pirataria informática<br />
para influenciarem as<br />
eleições presidenciais, favorecendo<br />
Donald Trump<br />
– confirmado vencedor pelo<br />
Colégio Eleitoral, segunda-feira,<br />
19 – e prejudicando<br />
Hillary Clinton.<br />
«Não duvido que a Rússia<br />
nos esteja a piratear e<br />
espero que nós também estejamos<br />
a fazer pirataria<br />
ali», disse o antigo governante<br />
sob as presidências<br />
de Richard Nixon e Gerald<br />
Acusações dos<br />
EUA são<br />
«totalmente<br />
infundadas»<br />
Ford, entrevistado pelo programa<br />
«Face the Nation»,<br />
da cadeia CBS, e citado pela<br />
televisão Russia Today.<br />
Kissinger afirmou que<br />
qualquer país possui capacidades<br />
para a pirataria informática<br />
mas reconheceu<br />
que «nenhum quer admitir<br />
a envergadura do que está<br />
a fazer».<br />
Em Outubro deste ano, a<br />
organização WikiLeaks publicou<br />
mais de 50 mil correios<br />
electrónicos da campanha<br />
da candidata democrata<br />
Hillary Clinton que revelavam<br />
práticas internas<br />
da sua equipa de trabalho.<br />
Foram divulgados documentos<br />
que demonstraram como<br />
a direcção do Partido<br />
O Colégio Eleitoral confirmou por 270 votos a vitória de<br />
Trump, apesar dos protestos em várias cidades<br />
Democrata beneficiou Hillary<br />
e prejudicou Bernie<br />
Sanders, seu adversário nas<br />
primárias.<br />
Vários meios de comunicação<br />
e, mais tarde, o próprio<br />
Obama e até Hillary,<br />
acusaram a Rússia, sob as<br />
ordens directas do presidente<br />
Vladímir Putin, de<br />
perpetrar ataques informáticos<br />
contra os servidores<br />
de correio electrónico dos<br />
democratas.<br />
Moscovo rejeitou estas<br />
acusações, classificando-as<br />
de «totalmente infundadas,<br />
baseadas em nada e não<br />
apresentando qualquer dado<br />
que as comprove».<br />
Hoje com 93 anos, conhecido<br />
tanto pela sua habilidade<br />
política como pelo<br />
seu anti-comunismo, Kissinger<br />
– que era secretário<br />
de Estado quando os EUA<br />
apoiaram o golpe militar fascista<br />
no Chile, em 1973, ou<br />
a invasão da África do Sul<br />
racista a Angola, em 1975<br />
– comparou o presidente<br />
Putin a «um personagem de<br />
Dostoyevski».<br />
Putin «é um homem com<br />
um profundo sentimento de<br />
ligação à História russa», «é<br />
um frio calculista [defensor]<br />
dos interesses nacionais da<br />
Rússia, que considera, talvez<br />
com razão, que têm algumas<br />
características únicas».<br />
Para Putin, «é crucial<br />
a questão da identidade russa»,<br />
uma vez que, com o<br />
desaparecimento da União<br />
Soviética, a Rússia «perdeu<br />
uns 300 anos da sua história»,<br />
opinou Kissinger.<br />
Bombas sobre o Iémen<br />
Um bombista fez-se explodir, no dia 18,<br />
no meio de recrutas, junto à base militar<br />
de Al-Sawlaban, perto do aeroporto de<br />
Aden, no Sul do Iémen. Houve mais de<br />
50 mortos e dezenas de feridos.<br />
O denominado «Estado Islâmico» reivindicou<br />
o atentado, semelhante a outro, há<br />
dias, na mesma base, que matou 48 soldados.<br />
Em Agosto, uma bomba, num centro<br />
de recrutamento militar de Aden, vitimou<br />
70 pessoas.<br />
A carnificina é parte da mortandade em<br />
curso no Iémen, onde rebeldes xiitas<br />
Houthis combatem o governo do presidente<br />
Mansour Hadi, apoiado desde 2015 por<br />
uma coligação militar liderada pela Arábia<br />
Saudita, com o auxílio dos EUA e da Grã-<br />
-Bretanha. Os rebeldes controlam parte da<br />
capital, Sana, no Norte, e a região Noroeste.<br />
Aden está nas mãos de facções apoiantes<br />
do governo. No Sul, actuam grupos de<br />
terroristas ligados à Al-Qaida e ao EI.<br />
A coligação entre sauditas e ocidentais<br />
é responsável por bombardeamentos aéreos<br />
em todo o Iémen. As Nações Unidas<br />
falam em milhares de mortos, em milhões<br />
de deslocados e em 70 por cento da população<br />
a necessitar de assistência humanitária.<br />
Na edição de segunda-feira, 19, o jornal<br />
The Guardian escreve que a Grã-Bretanha<br />
fornece à Arábia Saudita bombas de fragmentação,<br />
que são lançadas no Iémen, e<br />
treina militares sauditas.<br />
Dois «pormenores» lembrados pelo jornal<br />
inglês: 1.º – as bombas de fragmentação<br />
são proibidas por um tratado de que<br />
Londres é signatário; e 2.º – a Grã-Bretanha<br />
vendeu, desde o início da agressão ao<br />
Iémen, «milhões de libras de material de<br />
guerra» aos sauditas.<br />
Doze mortos em Berlim<br />
Na segunda-feira, 19, um camião irrompeu<br />
sobre as pessoas que visitavam um<br />
mercado de Natal, em Berlim, provocando<br />
12 mortos e meia centena de feridos.<br />
As autoridades estão a tratar o caso como<br />
«possível atentado terrorista». Entretanto,<br />
a presidente do partido da direita radical<br />
Alternativa para a Alemanha, Frauke Petry,<br />
veio a público dizer que o seu país «já<br />
não é seguro», exigindo ao Governo que<br />
retome o controlo das fronteiras.
22-12-2016<br />
INTERNACIONAL<br />
21<br />
Bolívia<br />
Os bolivianos festejaram<br />
o 11.º aniversário da<br />
chegada ao poder de Evo<br />
Morales que, em Dezembro<br />
de 2005, venceu as<br />
eleições com maioria<br />
absoluta. Foi a primeira<br />
vez que um político<br />
indígena chegou à<br />
presidência da República<br />
da Bolívia. Morales voltou<br />
a ganhar nas urnas em<br />
2009 e 2014.<br />
Cem mil pessoas<br />
participaram, no domingo,<br />
18, dos festejos do<br />
chamado Dia da Revolução<br />
Democrática Cultural, na<br />
localidade de Ivirgarzama,<br />
no departamento de<br />
Cochabamba, no centro.<br />
Estiveram presentes<br />
organizações sociais,<br />
movimentos indígenas e<br />
representantes de governos<br />
latino-americanos e<br />
caribenhos. Destaque,<br />
entre os convidados, para<br />
os presidentes do Equador,<br />
Rafael Correa, e da<br />
Venezuela, Nicolás<br />
Maduro.<br />
Na véspera, terminou em<br />
Santa Cruz, na zona<br />
oriental, o IX Congresso<br />
do Movimiento al<br />
Socialismo (MAS), a força<br />
política liderada por<br />
Morales.<br />
Nestes 11 anos, a Bolívia<br />
democratizou-se e tem<br />
alcançado êxitos<br />
significativos em diferentes<br />
domínios. Foi<br />
nacionalizado o sector dos<br />
hidrocarbonetos e o PIB<br />
cresceu cinco vezes em<br />
relação a 2005.<br />
Argélia<br />
As Nações Unidas<br />
mantêm neste momento<br />
em África nove missões<br />
de manutenção da paz e<br />
de vigilância, informou o<br />
ministro argelino dos<br />
Negócios Estrangeiros,<br />
Ramtane Lamamra. Há 16<br />
missões deste tipo em todo<br />
o mundo.<br />
Falando em Argel, à<br />
margem de um seminário<br />
sobre segurança em África,<br />
o estadista considerou ser<br />
necessário que a ONU<br />
intensifique a cooperação,<br />
neste âmbito, com as<br />
instituições da União<br />
Africana, tendo em vista «o<br />
estabelecimento sustentável<br />
e eficiente da paz e da<br />
estabilidade no continente».<br />
Além da Minurso, a missão<br />
das Nações Unidas<br />
responsável pela<br />
organização de um<br />
referendo sobre a<br />
autodeterminação do povo<br />
do Sahara Ocidental –<br />
ocupado ilegalmente por<br />
Marrocos –, as outras<br />
missões em África são na<br />
Libéria, Costa do Marfim,<br />
República Democrática do<br />
Congo, Sudão, Darfur,<br />
Sudão do Sul, Mali e<br />
República Centro Africana.<br />
Conselho de Segurança unânime sobre Síria<br />
Observadores em Alepo<br />
Após a libertação de Alepo pelo exército sírio,<br />
procede-se agora a operações de evacuação<br />
de civis da cidade. Por unanimidade,<br />
o Conselho de Segurança aprovou uma resolução<br />
nesse sentido.<br />
O Conselho de Segurança<br />
das Nações Unidas<br />
adoptou na segunda-feira,<br />
19, uma resolução para a<br />
supervisão internacional da<br />
evacuação de civis da zona<br />
oriental de Alepo e a<br />
imediata ajuda humanitária<br />
à população.<br />
Parte da cidade tinha<br />
caído, em 2013, nas mãos<br />
de grupos jihadistas. Em<br />
Novembro, as tropas governamentais<br />
sírias iniciaram<br />
uma nova etapa da<br />
ofensiva para libertar Alepo<br />
e o seu rápido avanço<br />
foi possível graças ao apoio<br />
da aviação russa. A 15 deste<br />
mês, concluiu-se a libertação<br />
de Alepo, com a recuperação<br />
dos bairros orientais<br />
por parte do exército.<br />
Decorre desde então a<br />
evacuação da população,<br />
em operações organizadas<br />
pelas autoridades sírias,<br />
tendo já deixado a cidade<br />
cerca de 10 mil pessoas.<br />
De acordo com a resolução<br />
aprovada pelo Conselho<br />
de Segurança, os funcionários<br />
da ONU e das organizações<br />
humanitárias levarão<br />
a cabo «uma supervisão<br />
neutral adequada e<br />
uma observação directa da<br />
evacuação dos bairros orientais<br />
de Alepo e de outros<br />
bairros da cidade». O<br />
texto insiste em que todas<br />
as partes do conflito têm<br />
de garantir um acesso seguro<br />
e livre aos observadores,<br />
assim como criar condições<br />
para a entrega de<br />
ajuda humanitária.<br />
Militares presos<br />
Desde a libertação, os<br />
jihadistas que ocupavam<br />
bairros orientais de Alepo<br />
Militares<br />
estrangeiros<br />
foram presos<br />
em Alepo<br />
foram autorizados a partir<br />
para Idlib (sob controlo da<br />
Al-Qaeda) ou Raqqa (controlada<br />
pelo Estado Islâmico)<br />
ou entregar-se ao exército.<br />
Os que optaram pela<br />
retirada foram evacuados<br />
em autocarros, sob a protecção<br />
da Síria e Rússia,<br />
na presença de representantes<br />
das Nações Unidas.<br />
Alguns jihadistas fugiram,<br />
misturando-se com a<br />
população civil. Os serviços<br />
de segurança conseguiram<br />
identificá-los e mais<br />
de 1500 foram presos durante<br />
o processo de registo<br />
dos 120 mil habitantes<br />
que se encontravam nos<br />
bairros libertados.<br />
Segundo informa a Red<br />
Voltaire, o deputado e presidente<br />
da Câmara de Comércio<br />
de Alepo, Fares<br />
Shehabi, publicou uma lista<br />
não exaustiva de 14 oficiais<br />
estrangeiros detidos<br />
pelas forças especiais sírias<br />
num bunker da NATO<br />
no Leste de Alepo. Desta<br />
relação fazem parte militares<br />
dos EUA, Israel, Turquia,<br />
Qatar, Arábia Saudita<br />
(oito), Jordânia e Marrocos.<br />
Nada que não se soubesse<br />
já, mas dá uma ideia da<br />
dimensão da agressão imperialista<br />
à República Árabe<br />
Síria.<br />
A evacuação de civis da zona oriental de Alepo vai ser acompanhada por observadores<br />
da ONU<br />
«Provocação» para minar<br />
as relações russo-turcas<br />
O embaixador da Rússia na Turquia, Andréi Kárlov,<br />
foi assassinado a tiro em Ankara, na segunda-feira, 19,<br />
durante a cerimónia de inauguração de uma exposição,<br />
numa zona central da cidade.<br />
O autor do crime, abatido no local pelas forças de segurança,<br />
foi identificado como sendo Mert Altintas, de<br />
22 anos, um oficial da polícia turca.<br />
Testemunhos relatam que o criminoso irrompeu numa<br />
conhecida galeria de arte do bairro de Cankaya, na<br />
capital turca, onde decorria a abertura da exposição de<br />
fotografia intitulada «Rússia através dos olhos dos turcos»,<br />
e disparou vários tiros contra o diplomata, gritando<br />
«Alá é grande!» e «Não se esqueçam de Alepo!, Não<br />
se esqueçam da Síria!».<br />
Kárlov, de 62 anos, foi transportado para um hospital<br />
mas não resistiu aos ferimentos.<br />
O presidente russo, Vladímir Putin, classificou o assassinato<br />
de «vil» e declarou que a resposta tem que ser<br />
«a intensificação da luta contra o terrorismo», avisando<br />
que os responsáveis por tais actos «pagarão por isso».<br />
Para Putin, o atentado foi «uma provocação destinada a<br />
minar as relações russo-turcas».<br />
Também o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan,<br />
afirmou que o objectivo do assassinato do diplomata<br />
russo foi «piorar as relações» entre Moscovo e Ankara,<br />
«uma provocação dirigida contra o processo de<br />
normalização das relações bilaterais» entre a Turquia e<br />
a Rússia.<br />
Os presidentes dos dois países conversaram telefonicamente<br />
logo na noite de segunda-feira e Erdogan anunciou<br />
que «a Turquia e a Rússia formarão uma comissão<br />
conjunta para investigar o crime», com a participação de<br />
peritos turcos e russos.<br />
Para o ministro russo dos Negócios estrangeiros, Serguéi<br />
Lavrov, «o essencial que temos de averiguar é quem<br />
está por detrás deste atentado». Ou seja: após a vitória<br />
de Alepo, quem está interessado em prosseguir a guerra<br />
de agressão à Síria?<br />
O assassinato do embaixador Andréi Kárlov ocorreu<br />
em vésperas de uma reunião, a nível ministerial, entre<br />
a Rússia, o Irão e a Turquia, para debater a situação na<br />
Síria, reunião essa que não foi cancelada.<br />
China-EUA<br />
A China vai devolver<br />
aos Estados Unidos o<br />
drone submarino<br />
capturado pela marinha<br />
chinesa no Mar do Sul da<br />
China.<br />
Em Pequim, um porta-voz<br />
do Ministério da Defesa,<br />
Yang Yujun, explicou que,<br />
no dia 15, um veículo não<br />
identificado foi recolhido<br />
por um navio chinês para<br />
evitar problemas à<br />
navegação. O aparelho foi<br />
examinado e verificou-se<br />
que se tratava de um drone<br />
submarino dos EUA, pelo<br />
que foi contactada a parte<br />
norte-americana, tendo as<br />
autoridades chinesas<br />
aceitado devolvê-lo «de<br />
maneira apropriada».<br />
Em Washington, o<br />
Pentágono confirmou um<br />
«entendimento» com o<br />
governo chinês para a<br />
devolução do veículo não<br />
tripulado que, alegou,<br />
dedicava-se à pesquisa<br />
científica.<br />
A China acusa os EUA de<br />
enviar navios e aviões de<br />
combate em missões de<br />
reconhecimento em águas<br />
chinesas. Reafirmou que<br />
continuará vigilante e que<br />
adoptará as «medidas<br />
necessárias».<br />
Camboja<br />
O Partido Popular do<br />
Camboja aprovou um<br />
plano visando aumentar a<br />
sua implantação, na<br />
perspectiva das próximas<br />
eleições.<br />
«A nossa estratégia inclui<br />
a aceleração do<br />
desenvolvimento das<br />
aldeias e comunas para<br />
ganhar o coração do povo»,<br />
disse Sok Eysan, porta-voz<br />
da 40.ª Convenção do<br />
comité central do partido<br />
governante, reunida a 17<br />
e 18, em Phnom Penh.<br />
«Temos muita confiança<br />
em novas vitórias do PPC<br />
nas eleições comunais de<br />
2017 e nas nacionais de<br />
2018», afirmou.<br />
O CPP governa desde<br />
1979 e é liderado por Hun<br />
Sen, primeiro-ministro.<br />
Jordânia<br />
Quatro homens,<br />
suspeitos de ligação aos<br />
terroristas do denominado<br />
«Estado Islâmico», foram<br />
abatidos pelas forças de<br />
segurança, no domingo,<br />
18, em Karak, no Sul da<br />
Jordânia, depois de um<br />
bando armado ter atacado<br />
sítios turísticos e morto 10<br />
pessoas, incluindo uma<br />
canadiana.<br />
Após uma operação de<br />
cinco horas, forças<br />
especiais libertaram os civis<br />
feitos reféns no castelo de<br />
Karak, uma fortificação<br />
medieval construída por<br />
Cruzados cristãos. Mais de<br />
20 civis e militares ficaram<br />
feridos.
22 EM FOCO<br />
22-12-2016<br />
Prosseguimos<br />
neste número<br />
a publicação<br />
de intervenções e saudações<br />
proferidas no XX Congresso<br />
do PCP, realizado em Almada<br />
de 2 a 4 de Dezembro.<br />
Subtítulos da responsabilidade<br />
da Redacção<br />
A Organização do Partido<br />
Armindo<br />
Miranda<br />
Membro<br />
da Comissão<br />
Política<br />
do Comité<br />
Central<br />
No conjunto das medidas tomadas nestes<br />
anos para reforçar o Partido salienta-se a<br />
Resolução do Comité Central «Mais<br />
organização, mais intervenção, maior influência –<br />
um PCP mais forte», em que se destacam a<br />
Campanha Nacional de Recrutamento e a acção<br />
nacional de contacto com os membros do Partido<br />
para a elevação da militância, actualização de<br />
dados e entrega do cartão de membro do<br />
Partido, com grande impacto em todo o colectivo<br />
partidário.<br />
Foram recrutados, nos últimos quatro anos,<br />
5300 militantes, dos quais 2127 no âmbito da<br />
campanha referida. Trata-se de um grande êxito<br />
do Partido, traduzido na constituição e reforço de<br />
células de empresa, organizações locais e no<br />
reforço de organizações e movimentos de massas.<br />
E alguns desses novos militantes, como já foi<br />
dito, são delegados ao XX Congresso. Uma<br />
saudação para todos estes novos militantes!<br />
Depois da prevista redução resultante da acção<br />
para esclarecer a situação de cada militante, o<br />
Partido conta com 54 280 membros.<br />
Destes, uma larga maioria é operário (39%) e<br />
empregado (32%); 15 por cento têm menos de<br />
40 anos, 41 por cento têm entre 41 e 64 anos, e<br />
44 por cento mais de 64 anos. A percentagem<br />
de mulheres subiu para 31 por cento.<br />
Existem 2542 organismos, dos quais 354 são de<br />
empresa, local de trabalho ou sector, e 616 de<br />
locais de residência.<br />
Temos estado a falar do primeiro significado da<br />
organização, que abarca os problemas e tarefas<br />
como o recrutamento, a estruturação, os órgãos<br />
do Partido, os organismos e as organizações e<br />
suas competências e responsabilidades.<br />
Mas como a organização não é um fim em si<br />
mesmo, mas sim um instrumento para intervir<br />
sobre a realidade que queremos transformar,<br />
num segundo significado mais lato abarcamos<br />
toda a actividade partidária. Organização<br />
significa definição de objectivos e acções a<br />
realizar; calendarização dos actos e etapas da sua<br />
concretização; mobilização e distribuição dos<br />
recursos necessários; distribuição de tarefas, sua<br />
direcção e execução. Neste segundo significado,<br />
organização é sistematização, é método, é<br />
eficácia. E coloca o Partido, de forma<br />
organizada, fora dos Centros de Trabalho, nas<br />
empresas e na rua, informando e aprendendo<br />
com os trabalhadores e o povo, dinamizando a<br />
sua luta, que pela ruptura que provoca, pela<br />
confiança que transmite e pela fantástica força<br />
transformadora que transporta, é o elemento<br />
essencial para alterar a situação política a favor<br />
dos trabalhadores, do povo e do País.<br />
No projecto de Resolução Política destacam-se,<br />
entre outras, as seguintes linhas de reforço do<br />
Partido:<br />
• A realização de uma grande acção de<br />
recrutamento e adesão de novos militantes.<br />
Teremos de falar com milhares de portugueses e<br />
fundamentar a importância da sua adesão ao<br />
Partido. E temos muitos argumentos, camaradas!<br />
• E a elevação e valorização da militância:<br />
– Como elemento de reforço agregador e de<br />
compromisso com o Partido.<br />
– Como factor de realização pessoal de cada<br />
militante.<br />
– E como elemento fundamental da força do<br />
Partido.<br />
Com base num certo espírito de organização que<br />
existe no Partido, por vezes perguntamos a um<br />
camarada: qual é a tua organização? Devíamos<br />
também passar a perguntar: qual é a tua tarefa<br />
no Partido? E podemos começar já aqui no<br />
Congresso!<br />
Atribuir a cada militante uma tarefa e um<br />
organismo onde possa prestar contas dessa tarefa<br />
é, por isso, essencial para tornar o Partido mais<br />
forte e com maior capacidade de intervenção.<br />
E se um camarada tem três horas por semana<br />
para dar ao Partido, há que arranjar tarefas de<br />
acordo com essa disponibilidade.<br />
Pensar o trabalho de direcção para responder a<br />
esta exigência é tarefa de todos os organismos.<br />
Penso, camaradas, que nenhum de nós tem<br />
dúvidas. Indo por aqui, vamos alargar muito a<br />
força organizada do Partido.<br />
Reforço da organização e intervenção do Partido<br />
junto da classe operária e dos trabalhadores é a<br />
principal prioridade do trabalho partidário.<br />
Entretanto, são muitas e diversas as dificuldades<br />
objectivas que nos condicionam. O desemprego,<br />
a precariedade, a repressão, os baixos salários,<br />
entre outras. Mas são apenas isso, dificuldades,<br />
não são impossibilidades. E partindo das<br />
condições concretas, há que recrutar mais<br />
trabalhadores para o Partido, criar células de<br />
empresa e responsabilizar mais quadros por este<br />
trabalho.<br />
A par destas e de outras medidas a dinamizar de<br />
imediato, deve ser concretizada uma grande<br />
acção nacional sobre o Partido nas empresas e<br />
locais de trabalho.<br />
As organizações de base local têm grande<br />
importância na actividade geral do Partido e na<br />
sua ligação às massas.<br />
Avançámos de forma considerável nesta<br />
direcção, mas o que falta fazer ainda é imenso.<br />
Há que alargar a dinamização da luta das<br />
populações e camadas específicas a partir dos<br />
seus problemas e aspirações.<br />
As organizações, quando ligadas ao meio de<br />
onde emergem, à vida, ao novo, alargam o<br />
prestígio do Partido, são alimentadas pela<br />
contagiante força transformadora e alegria da<br />
luta e aí encontram os novos militantes, os<br />
quadros, as energias, a inspiração e os recursos<br />
tão necessários à luta que travamos.<br />
A ligação às massas é, por isso, o alimento sem o<br />
qual o Partido não vive de forma saudável.<br />
Identificar e arredar da vida das organizações os<br />
bloqueios que as impedem de avançar de forma<br />
mais decidida na ligação ao povo é, pois, tarefa<br />
prioritária de todo o Partido.<br />
A este propósito, no Rumo à Vitória, o camarada<br />
Álvaro Cunhal deixou-nos este ensinamento.<br />
Passo a citar: «Sem organização pode fazer-se<br />
coisas, mas não se pode lançar grandes lutas,<br />
dar-lhes continuidade, elevá-las a um nível<br />
superior». Fim de citação.<br />
O povo português precisa e espera que no<br />
imediato dinamizemos a sua luta pela resolução<br />
dos seus problemas e aspirações. E para isso<br />
precisamos de mais organização.<br />
Os operários e os restantes trabalhadores<br />
precisam e esperam que o Partido dê mais força<br />
à sua luta contra a exploração e a opressão. E<br />
para isso precisamos de mais organização.<br />
Temos de elevar a luta a níveis superiores para<br />
concretizar a política patriótica e de esquerda e a<br />
Democracia Avançada, parte integrante da<br />
sociedade socialista que havemos de construir. E<br />
para isso precisamos de mais, mas mesmo muito<br />
mais organização.<br />
Todos sabemos que o grande capital não tem<br />
medo da luta, tem medo, sim, da luta<br />
organizada.<br />
E por isso coloca todo o seu poderoso arsenal<br />
político, orgânico e ideológico ao serviço de um<br />
objectivo. Destruir o Partido e a sua organização<br />
para melhor poder explorar os trabalhadores e o<br />
povo.<br />
Certamente estareis de acordo que daqui do<br />
nosso Congresso afirmemos, com toda a<br />
determinação: tirem o cavalinho da chuva! Os<br />
trabalhadores, o povo e este grande colectivo não<br />
vão permitir que este Partido seja destruído! E<br />
vamos reforçar ainda mais a nossa organização,<br />
tornar o Partido mais forte e mais ligado às<br />
massas, para dar mais força à luta que nos vai<br />
guiar neste objectivo difícil, sim, mas generoso,<br />
profundamente humanista e revolucionário: levar<br />
a felicidade a casa dos portugueses.
22-12-2016 EM FOCO 23<br />
A luta política e ideológica<br />
Manuela<br />
Bernardino<br />
Membro<br />
do Secretariado<br />
do Comité<br />
Central<br />
Nos quatro anos decorridos desde o XIX<br />
Congresso aprofundou-se e diversificou-<br />
-se no nosso País a ofensiva ideológica<br />
contra os trabalhadores e a sua luta, contra o<br />
PCP e a sua intervenção política e social, contra<br />
as suas orientações para a construção de uma<br />
alternativa patriótica e de esquerda e contra o<br />
seu projecto de uma sociedade socialista.<br />
Com o aprofundamento da crise do capitalismo<br />
acentuaram-se os problemas resultantes de mais<br />
de quatro décadas de política de direita e de 30<br />
anos de integração capitalista na UE. O País<br />
tornou-se mais dependente e vulnerável, mais<br />
submisso e subalternizado, situação que se<br />
agravou com o pacto de agressão, sustentado<br />
numa violenta e sofisticada campanha ideológica.<br />
Recorrendo a diversos meios, nomeadamente à<br />
comunicação social dominante, à manipulação das<br />
novas tecnologias de informação e a uma<br />
estratégia de incutir o medo, o grande capital e os<br />
partidos que protegem os seus interesses<br />
procuraram ganhar os trabalhadores e outras<br />
camadas antimonopolistas para não se oporem à<br />
retirada de direitos e ao roubo de salários e<br />
pensões, o que permitia a acumulação de lucros,<br />
ou seja, que fossem os que são explorados e «os<br />
que menos podem» a pagar a crise.<br />
Difundindo a ideia das inevitabilidades, do<br />
individualismo como solução dos problemas de<br />
cada um e da resignação face à situação do País,<br />
o governo PSD/CDS proclamava a inutilidade da<br />
luta organizada, fazia apelos «patrióticos» aos<br />
sacrifícios que dizia serem iguais para todos e<br />
necessários para honrar os compromissos com a<br />
UE e outros credores, alienava funções sociais do<br />
Estado, privatizava serviços, vendia ao desbarato<br />
empresas públicas, enaltecendo o «estado<br />
mínimo» que é afinal o estado máximo para o<br />
grande capital nacional e estrangeiro.<br />
Acusaram os trabalhadores e o povo de viverem<br />
acima das suas possibilidades para cortarem<br />
brutalmente salários, pensões e apoios sociais<br />
enquanto tapavam os buracos da banca privada.<br />
À inaudita e intensa campanha ideológica, virada<br />
para os problemas internos, associaram uma outra<br />
que, partindo da concepção do fim da história e<br />
do fim da luta de classes, visava desacreditar a<br />
possibilidade e necessidade de uma alternativa<br />
política, apresentando a exploração como<br />
fenómeno natural, necessário à lógica de<br />
competição e reprodução capitalista. Com a<br />
promoção do anticomunismo, procuraram ampliar<br />
o preconceito e a rejeição do ideal e do projecto<br />
comunistas.<br />
O PCP, ciente das suas responsabilidades, esteve<br />
diariamente junto dos trabalhadores e das<br />
populações, interveio por objectivos concretos e<br />
imediatos, articulando a luta social e de massas<br />
com a intervenção no plano político, eleitoral e<br />
institucional, assumindo-se como a força que mais<br />
defende os interesses nacionais, o regime<br />
democrático e a Constituição da República que o<br />
consagra. É a esta actuação do nosso Partido, ao<br />
papel do movimento sindical de classe e à luta de<br />
massas do nosso povo que se deve a derrota do<br />
governo PSD/CDS nas eleições de 4 de Outubro.<br />
Delas resultou uma nova arrumação de forças na<br />
AR que, com a decisiva contribuição do PCP,<br />
possibilitou a solução política que afastou o<br />
governo PSD/CDS, permitindo iniciar o caminho,<br />
ainda tímido e insuficiente, da recuperação de<br />
direitos e rendimentos.<br />
Prosseguir o esclarecimento<br />
Nova situação, novas linhas de ofensiva<br />
ideológica. Ao longo deste ano, multiplicaram-se<br />
as chantagens, as ameaças de sanções, as<br />
ingerências externas da UE. PSD e CDS<br />
propagaram a instabilidade e o medo do futuro.<br />
Em ambos os planos, procurou-se boicotar<br />
qualquer recuperação social e económica. Esta<br />
constatação diz muito sobre a real importância<br />
política daquilo que se alcançou com as eleições<br />
legislativas do ano passado.<br />
Mas é necessário prosseguir a nossa acção de<br />
esclarecimento.<br />
A solução política que existe é a de um governo<br />
do PS com o programa do PS.<br />
É necessário afirmar junto das massas que o PCP<br />
não integra o Governo nem fez uma coligação com<br />
o PS. O que existe é uma «posição conjunta» que<br />
permitiu afastar o governo PSD/CDS e avançar<br />
para a solução de problemas urgentes dos<br />
trabalhadores e do povo. E afirmar que só com<br />
uma política patriótica e de esquerda, que rompa<br />
com a política de direita e rejeite os<br />
constrangimentos da UE e do euro será possível<br />
dar solução aos grandes problemas nacionais.<br />
Na luta contra a revisão da história e o<br />
apagamento do papel do PCP tiveram real<br />
importância as iniciativas do nosso Partido por<br />
ocasião do centenário do camarada Álvaro Cunhal<br />
e sobre os 40 anos da Revolução de Abril e da<br />
Constituição da República.<br />
As comemorações do 100.º aniversário da<br />
Revolução de Outubro constituirão uma<br />
oportunidade para evidenciar a exigência da<br />
superação revolucionária do capitalismo e<br />
projectar a superioridade do socialismo.<br />
Com este Congresso, o colectivo partidário é<br />
chamado a assumir cada vez maiores<br />
responsabilidades na luta ideológica.<br />
A par do reforço da organização, da formação<br />
política e ideológica dos quadros, do estudo dos<br />
documentos centrais do Partido e do Avante! e de<br />
O Militante é necessário divulgar a natureza do<br />
capitalismo, combater a exploração, lutar contra<br />
as ideologias reaccionárias – o fascismo, o<br />
racismo, a xenofobia – e denunciar velhas e novas<br />
formas da social-democracia.<br />
É ainda necessário valorizar a luta e os seus<br />
sucessos, mesmo que pequenos, e divulgar o<br />
projecto do PCP da Democracia Avançada, etapa<br />
actual da luta pelo socialismo e o comunismo.<br />
Os fundos do Partido<br />
Manuela Pinto<br />
Ângelo<br />
Membro<br />
do Secretariado<br />
do Comité<br />
Central<br />
Ofinanciamento do Partido assente na<br />
actividade política e na militância, base da<br />
independência financeira do PCP,<br />
confirma-se como elemento indissociável da<br />
identidade do Partido e da sua independência<br />
política e ideológica.<br />
As contas consolidadas de todo o Partido, entre<br />
2012 e 2015, distribuídas aos delegados,<br />
confirmam que o financiamento do PCP assenta<br />
nas receitas e meios próprios, que correspondem<br />
a 90 por cento do total, nomeadamente quotas,<br />
contribuições de filiados e eleitos, donativos,<br />
iniciativas de fundos e numa rigorosa gestão do<br />
património. A subvenção pública corresponde a<br />
10 por cento, confirmando a independência<br />
financeira e política do Partido face a grupos<br />
económicos e outros interesses que não os dos<br />
trabalhadores e do povo.<br />
As contas apresentam um resultado global<br />
positivo de um milhão e 261 mil euros, para o<br />
qual contribuiram receitas extraordinárias e<br />
institucionais que permitiram superar o saldo<br />
negativo decorrente do funcionamento e<br />
actividade regular do Partido de mais de um<br />
milhão de euros por ano, situação que nos afastou<br />
do objectivo de não dependência daquelas<br />
receitas extraordinárias e institucionais.<br />
A evolução positiva das receitas, que cresceram<br />
acima das despesas, não foi suficiente para<br />
inverter uma grave situação de desequilíbrio<br />
financeiro e de dependência do geral das<br />
Organizações Regionais em relação à Caixa<br />
Central.<br />
Nas receitas destaca-se o valor das quotizações,<br />
que se reforçou em 2014 e 2015, fruto da acção<br />
nacional de contactos com os membros do<br />
Partido; a contribuição de filiados, reflectindo o<br />
êxito da Campanha Nacional de Fundos; a<br />
contribuição de eleitos, estável nos quatro anos;<br />
o resultado das iniciativas onde se inclui a Festa<br />
do Avante!.<br />
O êxito político e financeiro da Campanha<br />
Nacional de Fundos «Mais espaço, Mais Festa.<br />
Futuro com Abril» para aquisição da Quinta do<br />
Cabo, com a recolha de mais de um milhão e<br />
200 mil euros, deu possibilidades de concretizar<br />
a sua compra e fazer face a infra-estruturas<br />
indispensáveis, constituiu uma demonstração de<br />
reconhecimento e apoio ao PCP e à Festa do<br />
Avante! e das muitas possibilidades para o<br />
crescimento e alargamento da recolha financeira.<br />
Uma experiência notável da capacidade de<br />
concretização do colectivo partidário que<br />
devemos projectar no desenvolvimento do<br />
trabalho futuro.<br />
Os resultados relevam, não escamoteando<br />
dificuldades, a existência de potencialidades que<br />
urge concretizar, para que em todas as<br />
circunstâncias estejam garantidos os meios<br />
financeiros próprios indispensáveis à actividade<br />
partidária.<br />
Para alargar a compreensão sobre a importância<br />
dos fundos, ultrapassar incompreensões e<br />
subestimações políticas, é necessário aprofundar<br />
o trabalho de direcção, alargar a discussão, o<br />
trabalho colectivo, o controlo de execução, criar<br />
estruturas que garantam rigor na gestão, no<br />
controlo financeiro e orçamental e responsabilizar<br />
mais quadros por estas tarefas.<br />
São orientações prioritárias para a política de<br />
fundos e para atingir o equilíbrio financeiro: o<br />
aumento das receitas próprias, em particular das<br />
quotizações; a diminuição e contenção de<br />
despesas que não têm reflexo directo na<br />
actividade política; garantir a auto suficiência face<br />
a receitas de carácter extraordinário, pontual e<br />
institucional; reduzir a dependência das<br />
organizações de apoios da Caixa Central.<br />
O recebimento regular das quotizações, elemento<br />
central para a independência financeira do<br />
Partido, exige discussão política e ideológica para<br />
que cada membro do partido, no cumprimento de<br />
um dever fundamental, assuma a iniciativa do<br />
pagamento da quota, assim como o seu aumento,<br />
tendo como referência um por cento do<br />
vencimento.<br />
É indispensável que todos os militantes tenham<br />
quem lhe receba as quotas, só possível com mais<br />
camaradas com a importante tarefa do seu<br />
recebimento (tendo como referência um para<br />
cada 20 militantes), a intensificação do<br />
pagamento por meio bancário e a adopção do<br />
método de controlo mensal em cada organismo.<br />
É ainda indispensável valorizar e intervir para:<br />
• Alargar as contribuições de militantes,<br />
simpatizantes e outros amigos do Partido;<br />
• Assegurar as contribuições de eleitos e<br />
membros do Partido em cargos públicos;<br />
• A recolha das contribuições pela
24 EM FOCO<br />
22-12-2016<br />
participação nas mesas de voto, que cada<br />
militante deve assumir;<br />
• Realizar iniciativas e dinamizar as campanhas<br />
de fundos, nomeadamente a campanha «Um dia<br />
de salário para o Partido» que está a decorrer,<br />
cujo êxito depende da contribuição e empenho<br />
de todos os militantes e alargamento de<br />
contactos;<br />
• Alargar a difusão e a venda do Avante!<br />
e de O Militante;<br />
• Prosseguir a política de conservação e<br />
rentabilização do património e melhorar o<br />
funcionamento dos Centros de Trabalho.<br />
O património do PCP<br />
O património do PCP e a forma como foi<br />
assegurado ao longo de décadas é em si uma<br />
afirmação ímpar e distintiva do nosso Partido na<br />
sociedade portuguesa.<br />
Não resulta de favores ou compromissos com o<br />
capital, pelo contrário é resultante do<br />
empenhamento, militância e contribuição de<br />
gerações de comunistas. E por isso mesmo<br />
camaradas temos justificado orgulho.<br />
É resultado da realização de campanhas de<br />
fundos com a contribuição de muitos militantes e<br />
simpatizantes, com a intervenção militante na<br />
construção e conservação de instalações e<br />
também fruto de doações ao Partido de inúmeros<br />
militantes.<br />
É assim que o Partido conta com estes<br />
importantes meios próprios para o funcionamento<br />
dos Centros de Trabalho, a Festa do Avante! e<br />
outras estruturas de apoio; meios próprios, não<br />
dependentes de terceiros, que constituem<br />
instrumento indispensável à intervenção do<br />
Partido ao serviço dos trabalhadores, do povo e<br />
do País e uma componente da sua independência<br />
política e ideológica.<br />
Todas as receitas e despesas resultantes do<br />
património estão nas contas entregues ao<br />
Tribunal Constitucional e todos os espaços não<br />
afectos à actividade partidária pagam IMI, de<br />
acordo com a lei. O PCP assume todas as suas<br />
responsabilidades fiscais, não especula com<br />
imobiliário, nem promove off-shores como alguns<br />
de forma caluniosa querem fazer crer.<br />
O Partido considera que o papel reconhecido<br />
pela Constituição da República Portuguesa aos<br />
partidos e à sua actividade política deve continuar<br />
a ter expressão no regime tributário. Da parte do<br />
PCP estamos à vontade para afirmar que a nossa<br />
actividade e objectivos, inteiramente postos ao<br />
serviço dos trabalhadores e do povo, justificam<br />
esse reconhecimento.<br />
Denunciamos e repudiamos o ataque<br />
desencadeado contra o PCP a propósito do seu<br />
património, deturpando e caluniando,<br />
mistificando a sua origem e natureza. Inserido no<br />
objectivo mais geral de condicionar e limitar a<br />
intervenção do Partido, tem de continuar a ser<br />
firmemente condenado e combatido.<br />
No vasto arsenal de ataque ao Partido inscreve-se<br />
a Lei do Financiamento dos Partidos e das<br />
Campanhas Eleitorais que, pelo conjunto de<br />
disposições antidemocráticas que consagra,<br />
constitui um claro ataque ao PCP, à sua<br />
autonomia e organização e à sua maior realização<br />
política e cultural, a Festa do Avante!.<br />
As inaceitáveis normas de intromissão, agravadas<br />
com as interpretações abusivas da Entidade das<br />
Contas e dos Financiamentos dos Partidos<br />
Políticos que conduzem à aplicação de coimas<br />
inadmissíveis, representam uma inaceitável<br />
prática de ingerência e manipulação que<br />
rejeitamos.<br />
O PCP, com a autoridade de quem defende<br />
elevadas exigências de rigor e transparência no<br />
financiamento dos partidos, continuará a dar<br />
combate e reitera a sua posição de denúncia e<br />
exigência de revogação e substituição da Lei do<br />
Financiamento que consagra inaceitáveis<br />
limitações ao financiamento baseado na<br />
actividade política e na militância.<br />
Com confiança na força, capacidade e empenho<br />
do colectivo partidário é possível aumentar a<br />
capacidade financeira do nosso Partido para<br />
prosseguir com os trabalhadores e o povo a luta<br />
pela Democracia e o Socialismo.<br />
A intervenção do PCP no Parlamento Europeu<br />
João Ferreira<br />
Deputado<br />
do PCP<br />
ao Parlamento<br />
Europeu<br />
Membro<br />
do Comité<br />
Centrall<br />
Nos últimos quatro anos, o PCP interveio no<br />
Parlamento Europeu para defender e<br />
afirmar os interesses dos trabalhadores,<br />
do povo e do País; combateu firmemente todas as<br />
decisões prejudiciais ao interesse nacional;<br />
reclamou, aproveitou e exigiu, a favor do País, a<br />
mobilização de todos os meios, recursos e<br />
possibilidades; denunciou e interveio para<br />
minimizar, com iniciativas concretas, os<br />
condicionalismos e as consequências negativas da<br />
integração capitalista europeia.<br />
Uma acção que se insere na actividade geral do<br />
Partido; que reflecte, nos seus objectivos e<br />
prioridades, a evolução da própria União<br />
Europeia e os constrangimentos que dela<br />
decorrem no plano nacional; uma acção que dá<br />
voz às lutas, aos anseios, aspirações dos<br />
trabalhadores, das populações, dos agricultores,<br />
dos pescadores, dos micro, pequenos e médios<br />
empresários, das mulheres, da juventude, de<br />
Norte a Sul do País e das Regiões Autónomas.<br />
Denunciámos e rejeitámos todas as pressões e<br />
chantagens desenvolvidas contra Portugal e<br />
afirmámos o inalienável direito de cada povo a<br />
um desenvolvimento soberano e a decidir do seu<br />
próprio destino.<br />
Combatemos as pulsões e as ilusões federalistas,<br />
o aprofundamento da União Económica e<br />
Monetária, e a concentração de poder económico<br />
e político no directório de potências.<br />
Denunciámos e combatemos a chamada União<br />
Bancária – uma gigantesca operação de<br />
concentração do sector bancário à escala europeia<br />
e um dos passos mais graves dados após a criação<br />
do euro.<br />
Foi por iniciativa do PCP que a renegociação das<br />
dívidas públicas ou a revogação do Tratado<br />
Orçamental foram levadas ao Parlamento<br />
Europeu.<br />
Avançámos com propostas inovadoras, como um<br />
programa de apoio aos países intervencionados<br />
pela troika ou programas de apoio à saída<br />
negociada do euro por parte dos estados-<br />
-membros cuja permanência na moeda única se<br />
tenha revelado insustentável.<br />
Exigimos medidas de regulação da produção e<br />
dos mercados do leite e da carne, revertendo a<br />
desregulação promovida pela PAC e assegurando<br />
preços justos à produção. Defendemos medidas<br />
de apoio à pequena pesca.<br />
Uma intervenção ímpar<br />
Denunciámos a dramática situação social e o<br />
desemprego. Exigimos medidas de combate à<br />
pobreza, às desigualdades e à exclusão social.<br />
Demos voz à luta pelos direitos das mulheres; à<br />
promoção da cultura e língua portuguesas; à<br />
defesa da Natureza e dos seus recursos.<br />
Denunciámos e combatemos os tratados de livre<br />
comércio – essa forma de proteccionismo dos<br />
ricos e poderosos – como o TTIP, o CETA e o<br />
TISA –, tentativas de instaurar uma espécie de<br />
nova ordem mundial assente numa autêntica<br />
ditadura das multinacionais.<br />
Levámos mais longe a luta pela paz, pela amizade<br />
e a solidariedade com todos os povos do mundo.<br />
Contra o intervencionismo externo da União<br />
Europeia, a ingerência, o militarismo e a guerra.<br />
Denunciámos o drama dos migrantes e<br />
refugiados, propusemos medidas de apoio<br />
orientadas para o acolhimento e a integração, e<br />
combatemos as políticas xenófobas, reaccionárias<br />
e desumanas da União Europeia.<br />
Combatemos a ofensiva anti-democrática em<br />
curso no Parlamento Europeu, o anticomunismo<br />
e o branqueamento do fascismo, e as tentativas –<br />
concretizadas, umas, e em curso, outras – para<br />
limitar gravemente a iniciativa dos deputados e<br />
dos grupos políticos.<br />
Foi e é uma intervenção ímpar no quadro<br />
partidário nacional!<br />
Uma luta que é também uma contribuição para a<br />
construção de uma outra Europa, de estados<br />
soberanos e iguais em direitos, de cooperação, de<br />
progresso e de paz. Contribuição que<br />
continuamos a dar em variados planos,<br />
nomeadamente no Grupo Confederal da Esquerda<br />
Unitária/Esquerda Verde Nórdica do Parlamento<br />
Europeu, do qual somos fundadores, e no qual<br />
continuamos a intervir defendendo o seu carácter<br />
confederal, pugnando pela sua afirmação como<br />
voz alternativa às políticas da direita e da social-<br />
-democracia, rejeitando a sua instrumentalização<br />
e afirmando o seu papel independente face a<br />
estruturas supranacionais de natureza diversa.<br />
Traduzindo o justo reconhecimento do trabalho<br />
desenvolvido pelo PCP no Parlamento Europeu,<br />
nas últimas eleições, em 2014, a CDU registou<br />
um assinalável progresso, com 12,7 por cento dos<br />
votos e a eleição do terceiro deputado,<br />
conseguida mesmo num quadro em que foi<br />
reduzido o número total de deputados<br />
portugueses. O resultado mais expressivo em 25<br />
anos!<br />
Ficámos e estamos mais fortes para a luta que<br />
continua!<br />
Uma luta que requer o reforço da articulação e<br />
cooperação das forças progressistas e de<br />
esquerda, com destaque para os comunistas,<br />
baseadas numa clara posição de ruptura com a<br />
integração capitalista europeia. Esta é condição<br />
da construção da Europa dos trabalhadores e dos<br />
povos.<br />
Condição da edificação de um novo quadro<br />
político, institucional, de cooperação económica,<br />
de solidariedade para o desenvolvimento, de paz<br />
e amizade entre os povos e estados soberanos e<br />
iguais em direitos.
22-12-2016 EM FOCO 25<br />
A luta em defesa do Poder Local Democrático<br />
– As eleições autárquicas de 2017<br />
João Dias<br />
Coelho<br />
Membro<br />
da Comissão<br />
Política<br />
do Comité<br />
Central<br />
Se os governos do PS fizeram um caminho<br />
que gerou mais dificuldades e restrições à<br />
autonomia administrativa e financeira das<br />
autarquias, o governo PSD/CDS desenvolveu,<br />
afrontando a Constituição da República, uma<br />
brutal ofensiva contra o poder local democrático<br />
nascido da Revolução de Abril.<br />
Com o governo PSD/CDS entrou-se num novo<br />
patamar marcado pela busca da concretização<br />
de um projecto de subversão do poder local, que<br />
não é separável da tentativa de reconfiguração<br />
do Estado aos interesses do capital monopolista.<br />
Das atribuições ao regime financeiro, da<br />
organização do território à estrutura de serviços,<br />
tudo foi objecto da ofensiva, suspendendo,<br />
diminuindo ou eliminando elementos essenciais<br />
que deram corpo à autonomia e aos princípios<br />
consagrados na Constituição.<br />
Fundada numa cínica «Reforma da<br />
Administração Local», esta ofensiva traduziu-se<br />
num poder local mais empobrecido na sua<br />
dimensão democrática, atingido no exercício das<br />
suas atribuições e competências, cerceado de<br />
meios e recursos financeiros e humanos capazes<br />
de assegurar a capacidade de resposta às<br />
aspirações e interesses da população.<br />
A liquidação de freguesias, com a consequente<br />
perda de identidade e diminuição da<br />
proximidade e participação, a imposição da Lei<br />
dos Compromissos, a «obrigatoriedade» da<br />
redução de trabalhadores e a proibição de<br />
recrutamento traduziram-se na redução da<br />
qualidade do serviço público.<br />
Nas investidas contra o poder local e as<br />
populações integram-se também os processos de<br />
alteração às competências da ERSAR –<br />
Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e<br />
Resíduos, os processos de agregação e<br />
verticalização dos sistemas de água que<br />
procurando retirar aos municípios a competência<br />
da gestão da água em baixa têm no bojo a sua<br />
privatização, ao que se junta os processos de<br />
privatização da recolha e tratamento dos<br />
resíduos sólidos, a tentativa de transferência<br />
para as autarquias de competências da<br />
responsabilidade da Administração Central do<br />
Estado nas áreas da saúde, educação, segurança<br />
social e cultura.<br />
A ofensiva descaracterizadora do poder local<br />
avançou muito, mas a resistência, o trabalho, a<br />
dedicação de milhares de eleitos, a luta geral<br />
dos trabalhadores e do povo, conseguiu travá-la<br />
em muitos dos seus aspectos.<br />
Neste tempo em que resistir é já avançar, cada<br />
passo que damos, cada direito e conquista<br />
reposta por força da luta dos trabalhadores e do<br />
povo e da intervenção do PCP é uma vitória das<br />
populações e dos trabalhadores.<br />
É neste quadro que valorizamos, fruto da luta<br />
dos trabalhadores, da acção de milhares de<br />
eleitos e do PCP, a reposição das 35 horas de<br />
trabalho semanais na Administração Pública<br />
local para todos os que já as tinham, o fim dos<br />
cortes salariais, o descongelamento das<br />
admissões de pessoal nas autarquias locais, a<br />
abertura do caminho para o combate à<br />
precariedade laboral.<br />
Não desistimos de aproveitar nenhuma<br />
oportunidade para repor e conquistar direitos,<br />
defender o poder local democrático e os direitos<br />
das populações, mas não perdemos de vista que<br />
só com a ruptura com a política de direita, com<br />
uma política alternativa patriótica e esquerda é<br />
possível construir um Portugal mais justo, com<br />
um poder local mais forte nas suas diversas<br />
dimensões.<br />
Reforçar a CDU<br />
O processo de reconfiguração do Estado aos<br />
interesses do capital monopolista não está<br />
derrotado. O Governo do PS prossegue um<br />
caminho que, diferente na forma, busca a<br />
concretização de alterações que conduzirá a este<br />
objectivo, como está patente no prosseguimento<br />
das tentativas de municipalização da educação,<br />
saúde, cultura e segurança social, na já<br />
anunciada «democratização» das Comissões de<br />
Coordenação e Desenvolvimento Regional, no<br />
reforço das Comunidades Intermunicipais.<br />
Ao invés do caminho trilhado pelos sucessivos<br />
governos da política de direita do PS, PSD e<br />
CDS-P, mais democracia significa mais poder<br />
local, mais e melhores condições de vida para as<br />
populações, mais desenvolvimento local e<br />
regional.<br />
Não ignorando dificuldades e insuficiências,<br />
milhares de eleitos comunistas e seus aliados na<br />
CDU agem no dia-a-dia, trabalham com<br />
honestidade e competência sempre ao serviço<br />
das populações.<br />
A CDU, importante espaço de participação<br />
democrática e de acção política, que tendo o<br />
PCP e o PEV como suporte jurídico da coligação<br />
integra, na sua expressão política, a Intervenção<br />
Democrática, para além de milhares de cidadãos<br />
sem filiação partidária, é um exemplo da força e<br />
das potencialidades da unidade democrática.<br />
Pelo trabalho desenvolvido pelos seus eleitos, a<br />
CDU assume-se como a força determinante na<br />
luta pelo progresso e pelo desenvolvimento local<br />
e regional e na defesa do poder local<br />
democrático. É com esta convicção que partimos<br />
para a batalha eleitoral autárquica do próximo<br />
ano.<br />
Grande força no poder local, a CDU apresentarse-à<br />
nas eleições autárquicas do próximo ano<br />
tendo como o eixo prioritário de intervenção<br />
política a afirmação do projecto autárquico.<br />
Definindo como objectivo concorrer a todos os<br />
órgãos municipais e ao maior número possível<br />
de freguesias, a par do reforço da nossa votação<br />
e do número de eleitos, com reforço das<br />
presidências de câmaras municipais e de juntas<br />
de freguesias, o PCP e a CDU apresentar-se-ão<br />
no próximo acto eleitoral com a tranquilidade de<br />
quem sabe tudo ter feito para melhorar a<br />
qualidade de vida das populações e defender o<br />
poder local.<br />
Portadores deste capital de prestígio construído<br />
no trabalho, na proximidade com as populações,<br />
na mobilização e participação popular, na<br />
resolução dos problemas e aspirações das<br />
populações, o PCP concorrerá nas próximas<br />
eleições autárquicas no quadro da CDU.<br />
Vamos pois com confiança prosseguir o trabalho,<br />
cumprindo os compromissos com os<br />
trabalhadores e o povo, erguendo um grande<br />
resultado eleitoral da CDU nas próximas eleições<br />
autárquicas, condição para a defesa do poder<br />
local democrático, dos serviços públicos e a<br />
melhoria da qualidade de vida das populações,<br />
contributo para a ruptura com a política de<br />
direita e a construção da alternativa.
26 EM FOCO<br />
22-12-2016<br />
Sobre o Avante!<br />
Manuel<br />
Rodrigues<br />
Membro<br />
da Comissão<br />
Política<br />
do Comité<br />
Central<br />
Como órgão central do PCP, o Avante! é o<br />
único jornal que veicula a informação e o<br />
esclarecimento de que os trabalhadores e<br />
o povo precisam, num quadro em que a maior<br />
parte dos órgãos da comunicação social são<br />
ferramentas controladas e orientadas pelo<br />
grande capital para promover e defender os<br />
interesses dos grupos económicos e financeiros;<br />
para veicular e servir de suporte à ideologia<br />
dominante; para desvalorizar o trabalho e os<br />
trabalhadores; para atacar os valores de Abril;<br />
para silenciar, denegrir, deturpar ou<br />
desvalorizar os interesses e as lutas dos<br />
trabalhadores e do povo; para silenciar e<br />
deturpar a acção dos comunistas e o ideal e<br />
projecto por que lutam; para silenciar e<br />
deturpar a luta dos povos; para criminalizar a<br />
luta organizada, os lutadores e a resistência.<br />
Na sua ligação às massas, como meio de contacto<br />
com os seus militantes, simpatizantes e outros<br />
democratas, o Avante! desempenha um papel<br />
insubstituível na acção do PCP, na informação das<br />
posições, análises e orientações do Partido a nível<br />
nacional e internacional, na batalha das ideias, na<br />
elevação da consciência de classe, política e<br />
ideológica, na formação e ajuda aos militantes<br />
visando a sua intervenção, no esclarecimento, na<br />
informação sobre a luta dos trabalhadores e dos<br />
povos. Um papel cujo significado e importância a<br />
sua história bem atesta.<br />
A difusão da imprensa partidária – do Avante! e<br />
de O Militante – contribui para o reforço orgânico<br />
do Partido.<br />
Dando concretização à Resolução Política do XIX<br />
Congresso, o Comité Central decidiu a realização<br />
de uma campanha nacional de divulgação do<br />
Avante! inserida na acção de reforço do Partido.<br />
A campanha, em desenvolvimento, procura elevar<br />
a valorização do Avante! e promover a sua<br />
divulgação e venda por forma a alargar o prestígio<br />
e influência social, eleitoral, política e ideológica<br />
do Partido. Uma campanha, como a experiência<br />
o demonstra, cujo êxito só pode ser alcançado<br />
tomando como sua base essencial e decisiva a<br />
organização do Partido e a militância dos seus<br />
membros.<br />
Por isso, a divulgação do Avante! passará sempre,<br />
entre outras de linhas de trabalho, pela elevação<br />
da consciência entre os militantes quanto à<br />
importância da leitura e venda do Avante!; pela<br />
responsabilização de mais quadros e criação de<br />
estruturas de divulgação do Avante! nas<br />
Organizações Regionais; pelo aumento da rede de<br />
distribuição e venda (abrindo novas ADE) e<br />
promoção pública com bancas e outras acções de<br />
rua; pela promoção, divulgação e venda regular<br />
do Avante! nas empresas e locais de trabalho.<br />
De olhos no futuro<br />
Esta campanha inclui um vasto conjunto de<br />
iniciativas pelas organizações regionais,<br />
nomeadamente as vendas especiais, e em que se<br />
integra também a edição de um número especial<br />
exclusivo para a 40.ª edição da Festa do Avante!<br />
Inclui igualmente um plano de remodelação do<br />
Avante! e da sua presença na Internet, em curso,<br />
e que, procurando corresponder aos resultados<br />
do debate travado no Partido, visa a sua melhoria.<br />
Por outro lado, o reforço da ligação e colaboração<br />
com as organizações do Partido, com o envio<br />
regular de notícias, sugestões ou informações é<br />
importante para diversificar e manter um<br />
tratamento actual dos seus conteúdos. Tal como<br />
é importante o tratamento de temas da<br />
actualidade com interesse para a batalha das<br />
ideias.<br />
O reforço do Avante! significará sempre reforço<br />
do Partido e sem reforço do Partido é impensável<br />
o reforço do Avante!.<br />
O Avante! nasceu nos tempos difíceis do fascismo<br />
e, como órgão central do PCP, deu um<br />
determinante contributo para o seu derrube e<br />
para a afirmação de liberdade, emancipação<br />
social e independência nacional que a Revolução<br />
de Abril materializou.<br />
Hoje como ontem, num tempo diferente mas não<br />
menos exigente, o Avante! como órgão central do<br />
PCP continuará na luta pela defesa, reposição e<br />
conquista de direitos, que não se pode desligar da<br />
luta pela alternativa patriótica e de esquerda,<br />
indissociável da luta por uma democracia<br />
avançada vinculada aos valores de Abril, da luta<br />
pelo socialismo e o comunismo.<br />
Valorizando e divulgando o Avante! reforçaremos<br />
o nosso colectivo partidário e agiremos com mais<br />
força pelo ideal e o projecto comunistas.<br />
Pelas lutas do presente encurtaremos o caminho<br />
do futuro.<br />
A Festa do Avante!<br />
Alexandre<br />
Araújo<br />
Membro<br />
do Secretariado<br />
do Comité<br />
Central<br />
AFesta de Abril, da juventude, dos<br />
trabalhadores e do Povo, a Festa do<br />
Avante! realizou a sua 40.ª edição,<br />
constituindo um extraordinário êxito.<br />
Um importante acontecimento político, cultural,<br />
desportivo e de massas, indelevelmente marcado<br />
pela integração da Quinta do Cabo, para alargar<br />
e valorizar a Festa, para fazer uma Festa maior e<br />
melhor.<br />
Uma Festa com mais espaço, sempre cheia, com<br />
grande participação, onde se destaca a ampla<br />
participação da juventude, também de muitas<br />
famílias, de crianças, de homens e mulheres que<br />
vieram pela primeira vez à Festa.<br />
Uma festa para todos, num ambiente de<br />
tranquilidade, fraternidade e solidariedade.<br />
Um êxito tão mais de valorizar tendo em conta<br />
que, devido ao seu alargamento, há muitos anos<br />
que não tínhamos uma Festa do Avante! tão<br />
exigente. Tivemos de desbravar um terreno<br />
virgem, de instalar as infra-estruturas de águas e<br />
esgotos, de comunicações, de energia e<br />
iluminação pública, tivemos de abrir novos<br />
acessos e arruamentos, de construir novas praças,<br />
uma nova entrada, um novo espaço criança, de<br />
plantar árvores e de cuidar da decoração e<br />
embelezamento do novo espaço, entre muitos<br />
outros aspectos.<br />
Exigências a que demos resposta, nesta forma tão<br />
nossa de construir a Festa, assente no colectivo<br />
partidário, na militância de milhares de homens,<br />
mulheres e jovens, em que cada organização<br />
assumiu as suas responsabilidades e foi mesmo<br />
para além delas, com uma contribuição fraterna<br />
e solidária, indispensável para que tudo estivesse<br />
pronto, numa experiência que importa preservar<br />
para o futuro e que daqui saudamos.<br />
A Festa foi uma vez mais uma poderosa<br />
demonstração da capacidade de realização dos<br />
comunistas e do seu Partido.<br />
Lançámos a Campanha de Fundos para a<br />
aquisição da Quinta do Cabo e o alargamento da<br />
Festa num momento em que o povo português era<br />
alvo de uma feroz ofensiva.<br />
Só uma grande confiança no colectivo partidário,<br />
nos democratas e patriotas, nos trabalhadores e<br />
no povo português, confiança na Festa do Avante!<br />
e no seu enraizamento junto de sucessivas<br />
gerações que ao longo destes 40 anos cresceram<br />
com ela, podia fazer crer que se alcançaria com<br />
êxito os objectivos.<br />
O alargamento e valorização da Festa, a<br />
campanha de fundos e a aquisição da Quinta do<br />
Cabo são importantes manifestações de confiança<br />
no futuro. São a prova que é possível vencer<br />
dificuldades e obstáculos e avançar.<br />
A 40.ª edição da Festa do Avante! comprovou<br />
plenamente a necessidade e sobretudo as<br />
potencialidades que o alargamento e valorização<br />
da Festa com a Quinta do Cabo permitem.<br />
Os resultados atingidos são positivos e foi visível<br />
a satisfação geral da organização, dos militantes<br />
do Partido e dos visitantes da Festa.<br />
Em muitos aspectos colocámos a Quinta do Cabo<br />
ao nível já atingido na Atalaia, onde estão<br />
incorporados 25 anos de intervenções e<br />
investimentos.<br />
Mas trata-se de uma obra sempre inacabada, que<br />
exigirá que se prolongue por muitos anos os<br />
investimentos e trabalhos.<br />
Preparar a Festa de 2017<br />
Vencer constrangimentos, evitar momentos de
22-12-2016 EM FOCO 27<br />
ruptura, melhorar a qualidade para receber os<br />
seus milhares de visitantes, oferecer melhores<br />
condições aos construtores da Festa, alargar e<br />
diversificar novos pólos de atracção, são<br />
objectivos que se vão continuar a colocar nos<br />
próximos anos.<br />
Partindo da experiência de 40 festas, da sua<br />
identidade, da experiência deste ano, teremos de<br />
prosseguir e aprofundar a discussão que iniciámos<br />
sobre a Festa, o seu enriquecimento e valorização,<br />
num debate que envolva os membros do Partido<br />
e da JCP, aproveitando a experiência dos<br />
construtores da Festa mas também dos seus<br />
visitantes e de todos aqueles que nela participam.<br />
Debate que sem descurar aspectos ligados ao seu<br />
projecto e construção, que de certa forma tiveram<br />
alguma centralidade nesta fase, deve aprofundar<br />
aspectos decisivos para o futuro da Festa como<br />
sejam o seu programa político-cultural, com o<br />
enriquecimento do seu programa e a resposta à<br />
criação de novos pólos de atracção; o<br />
funcionamento da Festa, com o encontrar de<br />
soluções que garantam maior conforto e<br />
comodidade para os seus visitantes; a promoção<br />
e divulgação da Festa, que se assume como a<br />
mais importante prioridade de forma a alargar a<br />
participação e a mobilização para a Festa.<br />
A Festa do Avante! é, com natural orgulho, uma<br />
grande obra dos comunistas e do seu partido, mas<br />
não o fazemos para nos fecharmos sobre nós<br />
mesmos, antes para a abrir a todos, para a abrir<br />
aos seus milhares de visitantes, para a abrir à<br />
juventude, aos trabalhadores e ao povo português.<br />
A Festa do Avante! é um espaço de alegria e<br />
convívio, por onde passa o que de melhor<br />
acontece e se produz no nosso País.<br />
Um espaço de valorização das artes e da cultura,<br />
do desporto, dos grandes espectáculos, da música<br />
erudita à mais popular, do teatro ao cinema, às<br />
exposições, artes plásticas, do livro, da ciência,<br />
da gastronomia e da cultura regional<br />
É neste sentido que estamos já a preparar a Festa<br />
do Avante!/2017, cuja divulgação se deve iniciar<br />
desde já.<br />
E que no aniversário do Partido, em Março,<br />
teremos as EP para comprar e para alargar a rede<br />
de dinamizadores da sua venda.<br />
Que em Junho iniciaremos as Jornadas de<br />
trabalho, tendo este ano de ser articuladas com<br />
momentos decisivos da preparação das eleições<br />
autárquicas, e por isso mesmo exigindo da<br />
organização partidária um esforço suplementar.<br />
E a 1, 2 e 3 de Setembro aí estaremos na Festa<br />
do Avante!.<br />
Uma Festa que constituirá uma poderosa<br />
iniciativa, capaz de afirmar os valores, projecto e<br />
ideais do Partido, de afirmar os valores de Abril.<br />
Porque não há festa como esta, viva a Festa do<br />
Avante!<br />
Saudações de delegações internacionais<br />
Partido Comunista da Venezuela<br />
Carolus Wimmer<br />
Secretário<br />
de relações<br />
internacionais<br />
do Partido<br />
Comunista<br />
da Venezuela<br />
Com grande alegria e força revolucionária<br />
queremos, em nome do Comité Central da<br />
Venezuela (PCV), agradecer o convite e<br />
enviamos a todos os delegados e militantes do<br />
glorioso Partido Comunista Português uma<br />
calorosa saudação e os nossos desejos de sucesso<br />
nos trabalhos do vosso XX Congresso.<br />
É importante recordar neste momento os laços<br />
históricos entre o Partido Comunista da<br />
Venezuela e os comunistas portugueses.<br />
Conhecemo-los como exilados políticos, durante<br />
os 48 anos de luta antifascista e clandestinidade<br />
do Partido Comunista Português, quando nos<br />
acompanharam nas lutas políticas na Venezuela,<br />
quando através do debate político e ideológico<br />
aprendemos das vossas experiências de luta<br />
contra a ditadura e contra o colonialismo. Os<br />
nossos laços fortaleceram-se posteriormente até<br />
hoje nos mais variados campos revolucionários.<br />
Muito Obrigado!<br />
Agradecemos a consequente solidariedade do<br />
Partido Comunista Português com a luta da classe<br />
operária e o povo trabalhador que,<br />
acompanhados pelo PCV, avançam um processo<br />
de libertação progressista nacional, de orientação<br />
patriótica, antioligárquica e antimonopolista.<br />
Muito Obrigada!<br />
Defendemos o carácter marxista-leninista do<br />
partido da classe operária que é necessário nesta<br />
luta de classes. Por tudo isto, é um dever<br />
inevitável e vital preservar o carácter e a natureza<br />
da classe do Partido, que – nas palavras do<br />
grande dirigente comunista Álvaro Cunhal –<br />
«afirma-se e revela-se na ideologia, nos<br />
objectivos, na composição social, na estrutura<br />
orgânica, no trabalho de massas e, de uma forma<br />
geral, em todos os aspectos da sua actividade».<br />
O Partido Comunista da Venezuela está confiante<br />
que este XX Congresso cumprirá com as metas<br />
traçadas e será um grande repositório de<br />
experiências revolucionárias para a classe<br />
operária e os povos do mundo.<br />
Frentes Democrática e Popular de Libertação da Palestina<br />
Saudação<br />
conjunta<br />
lida<br />
no Congresso<br />
Permitam, em primeiro lugar, que vos<br />
transmita, em nome das Frentes<br />
Democrática e Popular de Libertação da<br />
Palestina, e em nome da OLP, uma saudação<br />
cordial e combativa e<br />
o agradecimento, pelo<br />
convite para o vosso<br />
XX Congresso, um<br />
importante<br />
acontecimento na vida<br />
do vosso grande<br />
partido da classe<br />
trabalhadora<br />
portuguesa, e um<br />
agradecimento<br />
também pelo vosso<br />
compromisso de solidariedade internacionalista e<br />
de defesa da verdadeira democracia, dos direitos<br />
do homem e das classes populares.<br />
Como sabem, o povo palestino sofre, desde há<br />
décadas a odiosa e genocida ocupação sionista da<br />
sua pátria, suporta as mais cruéis atrocidades –<br />
perseguições, assassinatos impunes, castigo<br />
colectivo, encarceramento massivo dos seus<br />
cidadãos, o confisco das suas terras e<br />
propriedades, a construção do muro do<br />
apartheid, a demolição das suas casas, o<br />
arranque das suas árvores de fruto e o roubo das<br />
suas águas, a tortura física e psicológica dos<br />
nossos presos. Tudo isto, para lá do cerco à Faixa<br />
de Gaza, isolada por terra, mar e ar desde há<br />
uma década, convertida numa verdadeira prisão<br />
para um milhão e 800 mil seres humanos. Temos<br />
mais de sete mil presos nas cadeias de Israel,<br />
entre eles representantes legítimos do povo como<br />
o camarada Ahmed Saadat, Secretário-geral da<br />
Frente Popular, de Samer Al-Isawi, membro do<br />
Comité Central da Frente Democrática, e Marwan<br />
Barguti, dirigente da Al-Fatah.<br />
Queremos aproveitar este Congresso para vos<br />
assegurar que a nossa luta pela unidade e em<br />
defesa dos nossos direitos inalienáveis, em<br />
particular o direito ao retorno dos refugiados, e à<br />
autodeterminação e construção de um Estado<br />
democrático e independente é o nosso único<br />
objectivo.<br />
Para terminar, desejamos todos os êxitos ao vosso<br />
congresso.
ARGUMENTOS<br />
28 22-12-2016<br />
SEGURANÇA INTERNA<br />
• Rui Fernandes<br />
Dando corpo às suas opções tem o<br />
PCP vindo a dar-lhe expressão concreta<br />
com a apresentação de um conjunto<br />
de iniciativas na Assembleia da República.<br />
Realça-se, neste âmbito, a apresentação de um projecto<br />
sobre Higiene e Saúde no trabalho; de um outro<br />
alargando os direitos para o exercício sócio-profissional<br />
na GNR; um outro visando a consagração<br />
da Polícia Marítima como uma polícia civilista, com<br />
uma Lei Orgânica própria como qualquer outra força<br />
policial e, ainda, um sobre a Condição Policial.<br />
Trata-se de um conjunto de iniciativas que reforçando<br />
os direitos dos profissionais das forças e serviços<br />
de segurança potencia, inerentemente, o reforço<br />
dos direitos dos cidadãos.<br />
Na verdade, mantém-se inaceitáveis anacronismos<br />
no que respeita ao exercício de direitos e há restrição<br />
dos mesmos. Anacronismos que ferem o princípio<br />
estabelecido no artigo 270.º da Constituição<br />
da República quando estipula que a restrição de direitos<br />
deve ser estabelecida «na estrita medida das<br />
exigências próprias das respectivas funções». Isto é,<br />
as restrições devem ser as menores possíveis. Continuar<br />
a ter hoje uma Polícia Marítima com um estatuto<br />
militarizado ou uma GNR militar é um absurdo.<br />
Tão absurdo quanto isto é consagrar numa Lei o<br />
direito à constituição de associações de natureza sócio-profissional<br />
(caso da GNR e dos militares das<br />
Forças Armadas) mas depois não as dotar de capacidade<br />
para efectivamente cumprirem o papel que<br />
determina a sua criação. Aliás, no caso dos militares<br />
das Forças Armadas, embora esteja consagrado<br />
na Lei a possibilidade de integrarem grupos de trabalho<br />
para determinados assuntos, nunca tal se verificou,<br />
sendo adoptado o já bem conhecido sistema<br />
da «ouvição».<br />
O projecto que o PCP apresentou sobre o alargamento<br />
dos direitos na GNR visa responder a esta<br />
questão básica e da mais elementar justiça. Este<br />
mesmo sentido tem o projecto sobre Condição Policial.<br />
Condição Policial é uma expressão que percorre<br />
muitos textos e até discursos. Mas o que é, em<br />
que se consubstancia essa tal condição policial?<br />
PALAVRAS CRUZADAS<br />
Quando alguns dizem que não pode ser tratado de<br />
forma igual aquilo que é diferente, isso assenta em<br />
quê? Numa óbvia percepção, é claro. A percepção<br />
é interessante, mas não chega, como a vida tem mostrado,<br />
para respeitar direitos. Muito menos serve<br />
para os respectivos profissionais exigirem o respeito<br />
por eles. Ora, é a estas questões que o PCP pretende<br />
dar resposta com a referida iniciativa.<br />
Por fim, a iniciativa consagrando um conjunto de<br />
princípios, regras e o envolvimento participativo dos<br />
respectivos profissionais com vista à melhoria das<br />
condições de saúde e higiene no trabalho. Muito se<br />
tem falado nos suicídios entre os profissionais das<br />
forças e serviços de segurança. Se isso é verdade,<br />
não o é menos as referências a amianto em esquadras,<br />
as condições deploráveis de muitas outras esquadras<br />
e postos, entre variados outros aspectos.<br />
Os anos passam, mas os problemas arrastam-se.<br />
Noutros casos, não acontece assim porque a opção<br />
é o fecho de esquadras, dentro da concepção prevalecente<br />
de uma segurança reactiva e não preventiva.<br />
O projecto do PCP procura elevar o patamar da<br />
Reforçar os direitos<br />
dos profissionais é reforçar<br />
os direitos dos cidadãos<br />
preocupação e da resposta ao problema. Retira o<br />
tratamento desta problemática do plano da retórica<br />
e da boa vontade, para o plano da criação de mecanismos,<br />
envolvimentos e responsabilizações concretas.<br />
Este apontamento sobre as iniciativas apresentadas,<br />
cremos, torna claro o seu sentido geral. Iniciativas<br />
que honram o património de intervenção do<br />
PCP nesta área. Iniciativas que visam dignificar os<br />
profissionais. Iniciativas que dignificando os profissionais,<br />
dignificam as respectivas instituições, mesmo<br />
que alguns pensem que assim não é. Estes que<br />
assim pensem, são os que continuam agarrados a<br />
um tempo que não existe, mas que pretendem perpetuar<br />
artificialmente através da imposição do medo,<br />
de enquadramentos legais que lhes permita o<br />
«quero, posso e mando», a gestão «a olho» e de acordo<br />
com as conveniências.<br />
HORIZONTAIS: 1 - Óxido ou hidróxido de cálcio; exceder-se; protege com vedação. 2 -<br />
Caminhar; encorajou; pequeno (Brasil). 3 - Sublime; pão de milho; acrónimo de Imposto sobre o<br />
Valor Acrescentado. 4 - Por conseguinte; cingir com os braços. 5 - Réptil sáurio; relação;<br />
concordância dos sons finais de dois ou mais versos. 6 - Elemento de formação de palavras que<br />
exprime a ideia de novo; imitação cómica. 7 - Indica lugar, tempo, modo, causa, fim e outras<br />
relações (prep.); contr. da prep. em com o art. def. a; fileira; contr. da prep. a com o artigo ou<br />
pronome o; contr. da prep. de com o art. def. a. 8 - Que não pode ser abalado; nove mais um. 9<br />
- Apertar com nó ou laçada; desloca-se para fora; seio de mulher (poét.). 10 - Metal cinzento,<br />
brilhante e magnético de número atómico 27; homem moço. 11 - Naquele lugar; cantor<br />
ambulante; desmontar. 12 - Tocar de leve; tolo, ingénuo (gír.); movia-se de um sítio para outro.<br />
13 - Discursar; conjunto de peças que compõem o escudo heráldico; estabelecimento ou local onde<br />
se servem bebidas.<br />
VERTICAIS: 1 - Tempestade que se desloca redemoinhando com enorme velocidade; animal<br />
do grupo dos acarídeos, que inclui os causadores da sarna do homem e as carraças dos cães. 2 -<br />
Unidade de medida agrária equivalente ao decâmetro quadrado; exprime a ideia de metade, meio<br />
ou quase (pref.); cheiro agradável. 3 - Grande extensão de água cercada de terra; rama de nabo<br />
pouco desenvolvido. 4 - Dizia-se dos filhos de negros que eram alvos e de cabelos louros; camada<br />
gordurosa do leite; o espaço aéreo. 5 - Aniversário natalício; conspirar. 6 - Bismuto (s.q.); cólera;<br />
talento. 7 - A unidade; conjunto de regras de comportamento consideradas como universalmente<br />
válidas; perfume. 8 - Debaixo de; género de oleáceas de flores aromáticas; sufixo diminutivo. 9 - Popularidade; revolver a terra com enxada ou sacho; carta de<br />
jogar. 10 - Aquilo que o artífice produz; emprega-se para excitar ou animar (interj.); batráquio anfíbio aquático, anuro, da família dos ranídeos. 11 - Relativo a<br />
marido; variedade de enchido de lombo de porco em tripa larga. 12 - Assisti; agastamento; dilatação a seguir ao esófago das aves, onde os alimentos são amolecidos,<br />
antes de passarem à moela. 13 - Encrespar; dez mais dois. 14 - Deusa; ave palmípede, espécie de pato; camareira. 15 - Navega ao largo; arrastar pesadamente.<br />
HORIZONTAIS: 1 - Cal; abusar; veda. 2 - Ir; animou; mirim. 3 - Celso; broa; IVA. 4 - Assim; abraçar. 5 - Osga; rol; rima. 6 - Neo; caricatura. 7 -<br />
Em; na; ala; ao; da. 8 - Inabalável; dez. 9 - Atar; sai; pomo. 10 - Cobalto; rapaz. 11 - Ali; aedo; apear. 12 - Roçar; otário; ia. 13 - Orar; brasão; bar.<br />
VERTICAIS: 1 - Ciclone; ácaro. 2 - Are; semi; olor. 3 - Lago; nabiça. 4 - Assa; nata; ar. 5 - Anos; cabalar. 6 - Bi; ira; arte. 7 - Um; moral; odor. 8 -<br />
Sob; lilás; ota. 9 - Aura; cavar; ás. 10 - Obra; eia; rã. 11 - Marital; paio. 12 - Vi; amuo; papo. 13 - Eriçar; doze. 14 - Diva; adem; aia. 15 - Amara; azorrar.<br />
Lê e divulga<br />
Assinatura<br />
(IVA e portes incluídos)<br />
(50 números) . . . . . . . . . . . . . . . . . 54.00<br />
(25 números) . . . . . . . . . . . . . . . . . 28.00<br />
Europa: (50 números) . . . . . . . . . . . . 120.00<br />
Extra Europa: (50 números) . . . . . . . 180.00<br />
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22-12-2016 ARGUMENTOS 29<br />
HISTÓRIA<br />
• Domingos Abrantes<br />
Passaram-se 55 anos desde<br />
que, no dia 4 de Dezembro<br />
de 1961, fruto<br />
de um longo trabalho de organização e<br />
criatividade, teve lugar a fuga da cadeia<br />
do Forte de Caxias, vulgarmente<br />
conhecida como a fuga do carro blindado<br />
de Salazar, uma das mais espectaculares,<br />
audaciosas, arriscadas e<br />
complexas fugas colectivas que tiveram<br />
lugar nas cadeias fascistas.<br />
Naquele dia o regime fascista e o seu<br />
aparelho repressivo sofreram pesada<br />
derrota e o PCP importante vitória política<br />
e organizativa. Oito dos seus quadros,<br />
quase todos funcionários do Partido<br />
e alguns membros do Comité<br />
Central condenados a longos anos de<br />
prisão – António Gervásio, António Tereso,<br />
Domingos Abrantes, Francisco<br />
Miguel, Guilherme da Costa Carvalho,<br />
Ilídio Esteves, José Magro e Rolando<br />
Verdial – recuperaram a liberdade para<br />
retomar o seu lugar na luta clandestina<br />
contra o fascismo.<br />
A fuga de Caxias<br />
O quadro político, prisional e partidário<br />
que se vivia não é pouco relevante<br />
na avaliação do significado e importância<br />
desta fuga, ocorrida depois da<br />
igualmente audaciosa fuga do Forte de<br />
Peniche (Janeiro/1960), que restituiu<br />
à liberdade o camarada Álvaro Cunhal<br />
e mais nove destacados quadros do<br />
Partido.<br />
O ano de 1961 constituiu um marco<br />
na crise do regime e da luta antifascista,<br />
com o início das guerras coloniais;<br />
o agravamento da crise económica; o<br />
isolamento internacional do regime;<br />
dissensões internas nas forças armadas<br />
por parte de sectores fascistas que defendiam<br />
o afastamento de Salazar para<br />
salvar o regime; impacto do assalto ao<br />
navio Santa Maria e ao avião da TAP;<br />
reforço da actividade e unidade da<br />
MEMÓRIA<br />
oposição democrática, tendo como pano<br />
de fundo a intensificação da luta de<br />
massas e o crescente papel do PCP.<br />
O PCP regista no seu património de<br />
organização e luta um significativo número<br />
de fugas. Todas elas – colectivas<br />
ou individuais – tiveram particularidades<br />
e esta não fugiu à regra. A sua singularidade<br />
reside no facto de ter sido<br />
organizada a partir da infiltração no<br />
aparelho de direcção da cadeia; se ter<br />
utilizado um carro da cadeia; ter decorrido<br />
à luz do dia perante o olhar atónito<br />
dos guardas prisionais e da GNR; os<br />
fugitivos terem sofrido uma barragem<br />
de fogo com armas de guerra; ter sido<br />
de preparada e organizada pelo colectivo<br />
partidário sem apoio exterior.<br />
O Partido tinha como orientação que<br />
os funcionários, uma vez caídos nas<br />
garras da polícia, deveriam tentar fugir<br />
para recuperar o seu posto na luta<br />
clandestina. Uma tarefa que requer<br />
atento estudo do sistema de segurança<br />
e da rotina dos carcereiros, combate à<br />
impaciência, disciplina, perseverança<br />
e sobretudo procurar novos caminhos<br />
quando os seguidos se revelavam inviáveis.<br />
A fuga de Caxias tem disto tudo em<br />
doses redobradas. Tentadas várias soluções,<br />
a chave acabou por partir da<br />
surpreendente proposta do camarada<br />
José Magro de se tentar infiltrar um camarada<br />
nos serviços da cadeia para fazer<br />
o reconhecimento do espaço e ver<br />
das possibilidades de fuga.<br />
A espinhosa tarefa recaiu sobre o camarada<br />
Tereso, ex-motorista da Carris<br />
e já julgado e condenado. Não foi fácil<br />
convencê-lo, como não foi fácil fazer os<br />
carcereiros «engolir» a súbita disposição<br />
de Tereso «rachar» e colocar-se ao<br />
serviço do inimigo.<br />
Tereso revelou enormes qualidades<br />
1509 – Publicação<br />
de O elogio da Loucura<br />
para a tarefa, suportando o desprezo<br />
dos outros presos, das famílias e colegas<br />
de trabalho, que ignoravam a sua<br />
falsa qualidade de rachado. Revelou-<br />
-se um mestre na arte da dissimulação<br />
junto dos carcereiros e do director da<br />
cadeia, tornando-se a pessoa da sua<br />
confiança, com direito a circular livremente.<br />
Passados vários meses, quando todas<br />
as saídas pareciam bloqueadas, descobre<br />
o carro e propõe que se estudasse<br />
a sua utilização. Rapidamente a proposta<br />
foi aceite, ainda que houvesse<br />
ideias muito claras quanto à audácia e<br />
à complexidade da sua execução.<br />
Até ao dia da fuga foi necessário dar<br />
resposta a imensos problemas, a maior<br />
parte dos quais só podiam ser testados<br />
no momento da fuga, nomeadamente:<br />
como fazer chegar o carro sem levantar<br />
suspeitas ao único local a que se tinha<br />
acesso – o recreio no interior do<br />
interior da cadeia –, não se sabendo<br />
antecipadamente a hora do recreio; como<br />
reagiriam os GNR à fuga realizada<br />
literalmente nas suas barbas; como fazer<br />
sair o carro do interior da cadeia<br />
com os portões fechados; e a questão<br />
das questões era saber se o carro era<br />
mesmo blindado e como suportaria o<br />
Escrito originalmente em latim («Encomium Moriae»), «O Elogio<br />
da Loucura» é uma das mais conhecidas obras do escritor, filósofo<br />
e teólogo Desidério Erasmo, vulgarmente conhecido como Erasmo<br />
de Roterdão, que a dedicou ao seu amigo Thomas More, autor<br />
da «Utopia», no nome do qual se inspirou (More e Mória /<br />
Loucura). Extraordinária sátira à sociedade da época, a obra,<br />
particularmente crítica dos homens da Igreja, não poupa ninguém.<br />
Antecipando as críticas, Erasmo escreve na dedicatória a More:<br />
«já prevejo que não faltarão detractores para insurgir-se contra<br />
ela, acusando-a de frivolidade indigna de um teólogo, de sátira<br />
indecente para a moderação cristã, em suma, clamando e<br />
cacarejando contra o facto de eu ter ressuscitado a antiga comédia<br />
e, qual novo Luciano [autor do «Diálogo dos Mortos», considerado<br />
ímpio e ateu], ter magoado a todos sem piedade». Invocando<br />
não ser ele quem fala mas sim a Loucura, personificada como<br />
uma entidade viva, o autor congratula-se de «ter elogiado a<br />
Loucura sem estar inteiramente louco» e lembra que «há muito<br />
tempo existe a liberdade de estilo com a qual se zomba da<br />
maneira como vive e conversa o homem, a não ser que se caia<br />
no cinismo e no veneno». Mais de 500 anos depois, a obra<br />
permanece actual.<br />
potencial de fogo durante um percurso<br />
de mais de 900 metros.<br />
A fuga na sua execução crucial durou<br />
apenas 60 segundos, que nas circunstâncias<br />
pareceram uma eternidade.<br />
Provou-se então que o carro era<br />
mesmo blindado e capaz de resistir às<br />
19 balas de guerra, e que os carros de<br />
Salazar eram à prova de bala, para<br />
bem dos comunistas fugitivos e do PCP<br />
que assim conseguiu recuperar um elevado<br />
número de quadros.<br />
Depois da fuga as autoridades policiais<br />
– PIDE e GNR – procederam a<br />
um inquérito para averiguar as condições<br />
em que se deu a fuga e eventuais<br />
colaborações das forças de segurança<br />
da cadeia.<br />
Para além da falsa conclusão da PI-<br />
DE de que a fuga só poderia ter tido o<br />
apoio do exterior, e da conclusão da<br />
GNR de que esta se processou a uma<br />
rapidez superior à capacidade de reacção<br />
dos elementos da Guarda, importa<br />
deixar registado o essencial do Relatório<br />
oficial pelo seu rigor factual: «No<br />
dia 4 de Dezembro de 1961, pelas<br />
9h35m, sete reclusos que se encontravam<br />
no fosso interior do reduto Norte<br />
do Forte de Caxias na hora do recreio,<br />
auxiliados por outro recluso da sala de<br />
trabalho do mesmo Forte (a sala dos<br />
rachados), levaram a cabo uma espectacular<br />
e audaciosa fuga, aproveitando<br />
com raro sentido de oportunidade não<br />
só os meios materiais de que puderam<br />
dispor, como o ambiente de confiança<br />
que se havia generalizado à volta de<br />
um dos evadidos cuja liberdade de movimentação<br />
dentro do Forte era praticamente<br />
ilimitada e lhe permitiu levar<br />
até ao local do início da fuga um automóvel<br />
sem despertar a mínima suspeita».<br />
O sucesso da Fuga de Caxias perdurará<br />
como exemplo do trabalho colectivo,<br />
capacidade organizativa, perseverança<br />
na concretização dos objectivos,<br />
respeito pelas regras conspirativas e<br />
determinação em servir o Partido e a<br />
sua luta.<br />
Com excepção de Verdial, que acabaria<br />
por trair o Partido, todos os camaradas<br />
se empenharam no desenvolvimento<br />
da actividade partidária, e<br />
todos, com excepção de Guilherme da<br />
Costa Carvalho que morreu em 1973,<br />
tiveram a felicidade de viver o derrube<br />
da ditadura fascista e de dar a sua contribuição<br />
para a implantação do regime<br />
democrático, objectivo pelo qual lutaram<br />
sucessivas gerações de comunistas.
TELEVISÃO<br />
30 22-12-2016<br />
TVISTO<br />
• Correia da Fonseca<br />
Nos dias<br />
de ser bom<br />
Como facilmente<br />
se adivinha, o<br />
título desta<br />
dupla coluna é uma pobre<br />
glosa de um inesquecível<br />
poema de António Gedeão, ele<br />
próprio poeta inesquecível e de<br />
facto inesquecido ao contrário<br />
do que vem acontecendo com<br />
José Gomes Ferreira e muitos<br />
outros. Este lamentável e<br />
também sintomático<br />
desaparecimento da poesia e<br />
dos poetas na nossa memória<br />
colectiva terá muito a ver com<br />
a ausência da poesia nos<br />
diversos canais da televisão<br />
portuguesa, bem se sabendo<br />
que todos eles mostram mais<br />
apreço pelos futebóis e seus<br />
sábios do que por Gedeão e<br />
seus pares na comoção e de<br />
facto na intervenção, pois<br />
acontece que a poesia intervém<br />
na vida social mesmo quando<br />
não parece fazê-lo. Talvez a<br />
actual presença de um poeta<br />
no topo do Ministério da<br />
Cultura possa ser um factor<br />
que contrarie esta desafeição<br />
da TV em relação à poesia,<br />
nem que seja por alguma<br />
ligeira e neste caso útil<br />
intenção de lhe agradar, já que<br />
o Ministério da Cultura voltou<br />
agora a ter alguma autoridade<br />
sobre a televisão, mas esta é<br />
uma probabilidade muito<br />
remota. De caminho, registe-se<br />
que na obra poética de Luís<br />
Filipe de Castro Mendes<br />
figuram a dada altura, como<br />
tema, os «mercados» que vêm<br />
surgindo como algozes do<br />
nosso País e do seu povo,<br />
muito se desejando, como se<br />
compreenderá, que o poeta<br />
não só nunca esqueça esse seu<br />
momento poético mas também<br />
que, caso se torne adequado, o<br />
lembre a quem eventualmente<br />
dele precise de ser lembrado.<br />
Porque se os amigos são para<br />
as ocasiões, também os poetas<br />
o devem ser.<br />
Onde se lembra<br />
Castrim<br />
Voltemos, porém, à quadra<br />
que atravessamos para registar<br />
o evidente: que o Natal está<br />
nos diversos canais da<br />
televisão portuguesa na sua<br />
dupla forma: na habitual<br />
ofensiva comercial<br />
consubstanciada na<br />
intensificação publicitária e no<br />
registo de iniciativas de índole<br />
caritativa, em grande parte<br />
segundo o velho modelo da<br />
«sopa dos pobres» e do «abrigo<br />
para os sem-abrigo». Com a<br />
vénia devida ao Presépio, é<br />
imperioso lembrar que o Natal<br />
passa depressa e que as<br />
terríveis carências ficam sem<br />
que se saiba o que foi feito<br />
para que no próximo Natal não<br />
haja gente sem tecto nem duas<br />
refeições por dia. Isto porque o<br />
Natal, além se ser tão sonora e<br />
luminosamente celebrado,<br />
deverá ser um estímulo.<br />
Permita-se que se recorde aqui<br />
um poemeto de Mário Castrim,<br />
esse nome enorme do<br />
jornalismo em geral e da<br />
crítica de TV em especial:<br />
«Passado o Natal, /quem é o<br />
que era / negou-se à Primavera<br />
que em si tem. / Não reverdeceu,<br />
/ ficou pequenino, / perdeu-se no<br />
cominho.» Esta é apenas, já se<br />
vê, uma minúscula<br />
homenagem a um homem que<br />
continua a fazer-nos muita falta<br />
até para nos falar desta<br />
televisão comercialona que<br />
muitas vezes parece continuar<br />
a vender a sua alma ao Diabo.<br />
Talvez, quem sabe?, seja este<br />
o Diabo cuja chegada o dr.<br />
Passos anunciou. Agora, como<br />
se sabe, transferiu a sua<br />
expectativa para Melchior,<br />
Baltazar e Gaspar, os míticos<br />
reis que trouxeram ao presépio<br />
mirra, incenso e oiro. É claro<br />
que isto do oiro seria<br />
especialmente bem-vindo, mas<br />
o mais certo é que esta<br />
previsão do dr. Passos seja<br />
mais um erro seu. Temos que<br />
entender: o doutor ainda não<br />
está refeito da decepção que<br />
sobre ele desabou e basta<br />
olhar para a lapela do seu<br />
casaco para nos certificarmos<br />
de que o trauma continua: o<br />
emblema que teima em<br />
ostentar sugere que ele<br />
continua a considerar-se<br />
primeiro-ministro de Portugal<br />
embora numa espécie de<br />
exílio, um pouco como<br />
tradicionalmente se diz que<br />
alguns doentes julgam ser<br />
Napoleão. Não é: é o líder do<br />
maior partido da oposição, o<br />
que aliás não é pouco. Porque<br />
estamos nos «dias de ser bom»,<br />
desejemos-lhe rápida cura<br />
ainda que não possamos<br />
desejar-lhe muitas<br />
prosperidades no próximo ano.<br />
É que a eventual prosperidade<br />
(política, entenda-se!) do dr.<br />
Pedro Passos Coelho seria o<br />
regresso da espoliação do povo<br />
português, a vinda de novas<br />
infelicidades em lugar da<br />
mirra, do incenso e do oiro<br />
que os magos trariam. Assim,<br />
o Diabo seria um pouco ele<br />
próprio. O povo nos livrará do<br />
regresso desse pesadelo.
22-12-2016<br />
AGENDA<br />
31<br />
Reuniões<br />
e outras iniciativas<br />
Montemor-o-Novo<br />
– Sábado, 31, às 19h00, passagem do ano,<br />
no CT de Montemor-o-Novo. Cada camarada<br />
deve levar um exemplar do Avante!, a sua<br />
especialidade gastronómica ou outros bens<br />
alimentícios, camaradagem, boa disposição<br />
e simpatia!<br />
Palmela<br />
– Quarta-feira, 28, às 13h00, almoço de final<br />
do ano, da Célula do PCP na Autoeuropa<br />
(Contactos: 938990500, 934876100,<br />
967221428).<br />
Feira do Livro<br />
Faro<br />
No CT do PCP de Faro<br />
(Rua de Portugal, 44).<br />
Até 28 de Dezembro, aberta ao público<br />
entre as 17h00 e as 20h00.<br />
Sábado, 17, apresentações e tertúlia com<br />
a presença de autores algarvios, como Adão<br />
Contreiras, Carina Infante do Carmo,<br />
Damião Pereira e Fernando Martins.<br />
Bancas de Natal<br />
Algueirão, Mem-Martins<br />
No CT do PCP (Estrada de Mem-Martins, 257 b),<br />
até 23 de Dezembro.<br />
Horário: dias úteis, das 14h00 às 18h00; sábados,<br />
das 10h30 às 12h00, excepto sábdo, 17, que será<br />
das 15h00 às 18h00.<br />
Almada<br />
No Ct Concelhio, até ao final do ano<br />
Livros (novos e usados), vídeos, DVD, CD,<br />
discos de vinil, pequenos brindes, quadros (óleos<br />
e serigrafias), louças, vidros, medalhas, molduras,<br />
artesanato e muito mais...<br />
Amadora<br />
No CT do PCP na Amadora, até 6 de Janeiro de 2017.<br />
Aberta todos os dias úteis das 9h30 às 17h00; às<br />
segundas aberta até às 21h00.<br />
Benfica<br />
No CT do PCP de Benfica (Av. Grão Vasco, 36 A),<br />
até 22 de Dezembro.<br />
Horário: terças, quintas e sábados, das 10h00 às<br />
13h00 e das 15h00 às 18h30; quartas das 15h00<br />
às 18h00.<br />
Jerónimo de Sousa<br />
Secretário-geral do PCP<br />
Sexta-feira, 23<br />
15h00 – Encontro do PCP<br />
com a Confederação<br />
Portuguesa das Micro,<br />
Pequenas e Médias Empresas<br />
(CPPME)<br />
na sede desta no Seixal<br />
Quinta-feira, 29<br />
15h00 – Braga<br />
Visita ao Presépio<br />
de Priscos
32<br />
ÚLTIMAS<br />
22-12-2016<br />
A TALHE DE FOICE<br />
• Henrique Custódio<br />
Nem<br />
repara?!...<br />
Duas particularidades ocorreram na semana<br />
passada: os Reis Magos trazidos no camelo<br />
de Passos Coelho e Passos Coelho a entrar<br />
na cáfila de João Jardim. Uma caldeirada.<br />
Os Reis Magos de Passos Coelho foram<br />
anunciados pelo próprio em mais um dos seus<br />
intermináveis «jantares de correligionários»<br />
(há quem quantifique em 3500 km o périplo<br />
do homem entre manjares, pelo País fora).<br />
E o anúncio de Passos pretendia ser uma<br />
rectificação das gafes que reconheceu e procurou<br />
emendar com uma graçola que se tornou... nova<br />
gafe. Desta vez com Reis Magos que Passos, de<br />
olho maroto à esquina do Novo Testamento,<br />
anunciava para breve, trotando nos camelos pela<br />
areia fora do seu desnorte. O resultado foi nova<br />
especulação do comentarismo pafiano,<br />
a esgravatar subentendidos na «misteriosa frase»<br />
dos Reis Magos, desembocando a coisa numa<br />
bisonha barafunda à volta dos inescrutáveis<br />
«desígnios» de Coelho, pelos vistos bem escondidos<br />
no fundo da toca.<br />
A cáfila que Alberto João Jardim procurou tanger<br />
por quatro páginas do Público estava carregada<br />
de ajuste de contas com Passos Coelho, de quem<br />
o soba reformado da pérola do Atlântico declarou<br />
que «a margem dele já acabou», considerando<br />
que Coelho «continua a fazer [fincapé] que as<br />
políticas dele eram social-democratas, quando<br />
eram na verdade tecnocratas e conservadoras<br />
impostas pelas instituições estrangeiras e que<br />
fizeram de nós um protectorado», rematando c<br />
om o que achou um desaforo pessoal:<br />
«No congresso em que eu saí, nem uma palavra<br />
para mim. Isto não se faz. É mau carácter».<br />
Cá se fazem, cá se pagam e Jardim, que não<br />
esquece, aproveitou a oportunidade de largar<br />
o barco de Passos Coelho para lhe ajuntar uma<br />
vingançazita. O trivial, nesta rapaziada.<br />
O que de notório se tira destes episódios<br />
é o isolamento sem retorno de Passos Coelho,<br />
perdido no seu papel de chanceler no exílio<br />
(continua religiosamente a ostentar<br />
a bandeirinha na lapela), discursando para<br />
plateias rarefeitas de entusiasmo, cada vez mais<br />
viradas para o que vêem nos pratos do que para<br />
o que ouvem do orador, batendo umas palmas<br />
moles e acenando bandeiras desgarradas.<br />
E a proverbial turbulência do PSD, quando<br />
lhe falta a mesa do Orçamento a que se sentar,<br />
já se manifesta por outras jantaradas (é sempre<br />
à mesa que esta gente se degladia), que<br />
proliferam igualmente pelo território nacional,<br />
saltando nomes como pipocas na panela, todos<br />
estando e fingindo não estar, todos querendo<br />
e jurando não querer.<br />
Mas o desassossego está instalado e prolifera,<br />
e a direcção do PSD de Passos Coelho nem<br />
consegue um candidato próprio às câmaras<br />
municipais de Lisboa e do Porto, nas próximas<br />
eleições autárquicas.<br />
Que diabo! Passos Coelho nem repara que<br />
a contestação interna à sua direcção já desceu<br />
ao nível de João Jardim?!...<br />
CGTP-IN critica proposta desequilibrada do Governo<br />
O mínimo dos patrões<br />
Para a CGTP-IN, a proposta do Governo sobre o<br />
salário mínimo nacional é «um documento desequilibrado<br />
e de cedência inequívoca às chantagens<br />
das confederações patronais».<br />
A confederação tomou posição<br />
anteontem, sobre a reunião<br />
de segunda-feira no Conselho<br />
Permanente da Concertação<br />
Social, destacando<br />
que «os valores apresentados<br />
para a actualização do salário<br />
mínimo nacional são insuficientes;<br />
o patronato continua<br />
a ser financiado pelos impostos<br />
pagos pelos trabalhadores,<br />
reformados e pensionistas; a<br />
contratação colectiva e a precariedade<br />
do emprego são<br />
tratadas de forma genérica e<br />
sem compromissos objectivos,<br />
nomeadamente no que<br />
respeita à revogação da norma<br />
da caducidade e à reintrodução<br />
plena do princípio do tratamento<br />
mais favorável; os<br />
patrões são contemplados<br />
Os trabalhadores<br />
vão lutar pelo<br />
aumento geral<br />
dos salários<br />
em 2017<br />
com um novo e chorudo pacote<br />
financeiro».<br />
Reafirmando que «continuará<br />
empenhada em contribuir<br />
para encontrar soluções<br />
justas, que respondam aos<br />
problemas dos trabalhadores»,<br />
a Intersindical declara<br />
que «não será contemplativa<br />
nem colaboracionista com<br />
propostas que, a pretexto da<br />
negociação do salário mínimo<br />
nacional, sirvam para acentuar<br />
as desigualdades entre o<br />
trabalho e o capital». «Independentemente<br />
do que resultar<br />
das reuniões da CPCS», a<br />
CGTP-IN «exorta todos os<br />
trabalhadores a lutarem nos<br />
seus locais de trabalho pelo<br />
aumento do salário mínimo<br />
nacional para 600 euros, em<br />
2017, e pelo aumento geral<br />
dos salários».<br />
No comunicado de imprensa<br />
que a central divulgou<br />
ao fim da tarde desta terça-<br />
-feira, a proposta do Governo<br />
é comentada em onze<br />
pontos.<br />
O valor de 557 euros é<br />
insuficiente, insistindo a Inter<br />
que «faz todo o sentido» aumentar<br />
para 600 euros já em<br />
Janeiro, até porque, «se tivermos<br />
presente o valor da inflação<br />
e da produtividade ao<br />
longo dos anos», deveria ficar<br />
em 902 euros. Ao propor actualizações<br />
semestrais, para<br />
As «prendas» recusadas e as reivindicações reafirmadas pelos trabalhadores e pelos sindicatos<br />
foram deixadas numa simbólica árvore de Natal, no centro de Braga, na sexta-feira,<br />
dia 16, após um plenário distrital de sindicatos. Uma iniciativa semelhante foi marcada para<br />
ontem à tarde, frente ao Ministério da Saúde, em Lisboa<br />
Concerto<br />
pela Paz<br />
O Teatro Rivoli, no Porto, acolhe, no dia 7 de Janeiro, às<br />
17 horas, um Concerto pela Paz, promovido pelo Conselho<br />
Português para a Paz e Cooperação (CPPC). No espectáculo<br />
– para maiores de três anos<br />
e com entrada gratuita mediante<br />
o levantamento de bilhete<br />
no dia anterior e até ao<br />
limite da sala – conta com a<br />
actuarão de Balleteatro, Bando<br />
dos Gambozinos, Colectivo<br />
«Uma Vontade de Música»,<br />
Conservatório de Música<br />
do Porto, Coral de Letras<br />
da Universidade do Porto,<br />
Orquestra Juvenil de Bonjóia<br />
e Pedro Abrunhosa.<br />
chegar a 600 euros durante o<br />
ano de 2019, o Governo «visa<br />
diluir no tempo a actualização»,<br />
o que acarreta «manifesto<br />
prejuízo para os trabalhadores»,<br />
ao admitir que mesmo<br />
aquela meta seja alcançada<br />
noutro mês, que não Janeiro.<br />
A CGTP-IN nota que esta posição<br />
«contraria o que está<br />
consagrado no Programa do<br />
Governo».<br />
É deixado um alerta para a<br />
tentativa de adoptar, a partir<br />
de 2020, um modelo de actualização<br />
que denota «uma<br />
clara intenção de inverter o<br />
rumo de aumento do salário<br />
mínimo nacional acima da<br />
inflação».<br />
A Inter volta a lembrar<br />
que, no total dos custos das<br />
empresas, os encargos com<br />
salários (incluindo a Segurança<br />
Social), «são pouco significativos»,<br />
e cita dados do<br />
Banco de Portugal, referentes<br />
a 2015: 13,6 por cento, na<br />
média de todas as empresas;<br />
um mínimo de oito por cento,<br />
nas empresas do comércio, e<br />
um máximo de 25,4 por cento,<br />
no alojamento e restauração;<br />
médias de 11,1 por cento,<br />
nas grandes empresas, e<br />
de 16,4 por cento, nas pequenas.<br />
Para as associações patronais,<br />
o Governo teve uma «atitude<br />
magnânima» e contemplou<br />
«a esmagadora maioria»<br />
das suas exigências, apesar<br />
de dispor de relatórios, elaborados<br />
pelo próprio Executivo,<br />
que «mostram não<br />
haver impactos negativos<br />
para a economia e o emprego,<br />
decorrentes do aumento do<br />
salário mínimo».<br />
Com a prometida redução<br />
da contribuição patronal para<br />
a Segurança Social, em um<br />
ponto percentual, o Governo<br />
«está a incentivar as empresas<br />
a apostarem na contratação de<br />
trabalhadores com o salário<br />
mínimo nacional».<br />
Mais força<br />
ao PCP!<br />
Está em curso a campanha «Um dia<br />
de salário para o Partido», na qual se<br />
apela aos militantes e amigos, aos<br />
democratas e patriotas, para que<br />
contribuam com um dia de salário ou<br />
com outro valor que entendam adequado,<br />
de acordo com as suas possibilidades,<br />
para reforçar a capacidade<br />
financeira do PCP.