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22-12-2016<br />

SEMANA 3<br />

CRÓNICA<br />

INTERNACIONAL<br />

• Jorge Cadima<br />

Histeria<br />

A guerra<br />

na Síria<br />

não é ‘civil’<br />

Ahistérica campanha em torno da libertação de Alepo<br />

é elucidativa. Longe de celebrar o fim de quatro<br />

anos de guerra nessa grande cidade síria, os meios de comunicação,<br />

governos e parlamentos das potências imperialistas<br />

ficaram histéricos com a derrota daqueles a quem<br />

o ex-chefe das tropas da NATO na guerra contra a Jugoslávia,<br />

general Wesley Clark, chamou (literalmente) «os jihadistas<br />

‘bons’ financiados pelos nossos aliados» (USA Today,<br />

11.2.16). Os ‘jihadistas bons’ de Wesley Clark são<br />

aqueles que decapitam crianças, ao mesmo tempo que recebem<br />

apoio militar dos EUA (BBC, 21.7.16). São os que<br />

comem as entranhas de soldados sírios que acabaram de<br />

matar, naquilo que a BBC apelidou de ‘canibalismo ritual’<br />

(BBC, 5.7.13), e são depois entrevistados<br />

pela comunicação social inglesa<br />

para se «explicarem» (Telegraph,<br />

19.5.13). São os que diariamente<br />

bombardeavam com morteiros alvos<br />

civis na Alepo não ocupada e chacinam<br />

a comunidade cristã síria (como<br />

relata a missionária católica argentina Ma. Guadalupe, que<br />

viveu estes quatro anos em Alepo; observador.pt, 25.2.16).<br />

São os mercenários cujos salários são pagos pelas petroditaduras<br />

do Golfo (ABC News ou Times of Israel, 1.4.12),<br />

conhecidas e intransigentes defensoras da democracia e<br />

dos direitos dos povos... E pelo Pentágono (NY Times,<br />

18.9.14 ou Reuters, 22.6.15).<br />

Osofrimento do povo de Alepo foi real. Nos dois lados<br />

da cidade, e não apenas a Leste. Foi-o, porque o imperialismo<br />

(dos EUA e da UE) optou desde o início pela<br />

militarização dos protestos de 2011, armando e financiando<br />

bandos terroristas para efectuar a ‘mudança de regime’<br />

tantas vezes exigida publicamente pelos Obama/Clinton,<br />

Hollande, Cameron e companhia. A guerra na Síria não<br />

é ‘civil’. É uma guerra de agressão externa, que visa<br />

destruir e fragmentar o país, para melhor controlar os enormes<br />

recursos da região.<br />

Nada disto é novo. Em 1957 «Harold MacMillan [PM<br />

inglês] e o presidente [dos EUA] Dwight Eisenhower aprovaram<br />

um plano [dos seus serviços secretos] CIA-MI6 para<br />

encenar falsos incidentes, como pretexto para uma invasão<br />

da Síria pelos seus vizinhos pró-ocidentais», conforme documentos<br />

oficiais descobertos em 2003 (Guardian,<br />

27.9.03). Até a linguagem parece actual: «O plano prevê<br />

a criação dum ‘Comité da Síria Livre’ e o armamento de<br />

‘facções políticas com capacidades paramilitares [...]‘ dentro<br />

da Síria. A CIA e o MI6 instigariam levantamentos internos».<br />

O imperialismo nunca aceitou de bom grado a libertação<br />

dos povos. Em Maio de 1945, no preciso mês<br />

em que terminava a II Guerra Mundial, «tropas francesas<br />

ocuparam o edifício do Parlamento sírio em Damasco, no<br />

qual entraram após rebentar com o portão a tiros de artilharia,<br />

de acordo com o correspondentes da British United<br />

Press. […] aviões franceses deixaram cair várias bombas sobre<br />

Damasco e tropas francesas metralharam várias ruas [da<br />

cidade]» (Sydney Morning Herald, 31.5.45). Tudo isto para<br />

impedir que, após 400 anos de dominação turco-otomana<br />

e um quarto de século de colonização francesa, o<br />

povo sírio alcançasse a sua independência. Tudo isto, poucos<br />

meses após a libertação de Paris da ocupação alemã.<br />

Ahisteria é grande, porque a derrota do imperialismo<br />

em Alepo é pesada. O Embaixador sírio na ONU diz<br />

que agentes dos serviços secretos dos EUA, Israel, Arábia<br />

Saudita, Catar, Turquia, Marrocos e Jordânia estão cercados<br />

em Alepo. A histeria é também porque os dirigentes<br />

imperialistas sabem que, cada vez mais, estão a perder<br />

o controlo ideológico sobre os povos. Como ainda há poucos<br />

dias ficou patente na sua derrota (mais uma) no referendo<br />

que visava alterar a Constituição italiana. O que torna<br />

legítima a pergunta: o que fazem o BE e outras forças<br />

que se proclamam de esquerda, levando água ao moinho<br />

das campanhas propagandísticas que tentam ‘legitimar’ as<br />

guerras imperialistas? Já foi assim aquando da guerra à<br />

Líbia. Não aprendem? Ou não querem aprender?<br />

EDITORIAL<br />

“Partido necessário, indispensável<br />

e insubstituível a um Portugal desenvolvido,<br />

soberano e com futuro<br />

”<br />

REFORÇAR A LUTA<br />

PELA ALTERNATIVA<br />

OComité Central, reunido a 17 de Dezem -<br />

bro de 2016, procedeu à avaliação do XX<br />

Congresso do Partido Comunista Português,<br />

aprovou uma resolução sobre a organização<br />

do trabalho de direcção e definiu um conjunto de<br />

linhas de trabalho e tarefas decorrentes das orientações<br />

aprovadas no Congresso. O Comité Central<br />

analisou os últimos desenvolvimentos da situação<br />

política nacional e internacional.<br />

Honrando os compromissos com os trabalhadores<br />

e o povo e aproveitando todas as oportunidades<br />

para levar mais longe a defesa, reposição<br />

e conquista de direitos, o PCP apresentou<br />

na Assembleia da República uma proposta para<br />

aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN) para<br />

600 euros a partir de Janeiro de 2017. Discutida<br />

e votada na passada sexta-feira esta proposta<br />

foi rejeitada pelos votos do PS, PSD e CDS. Ao<br />

propor o aumento do SMN o PCP deixou claro que<br />

os baixos salários, em particular o SMN, são uma<br />

causa estrutural da pobreza e, portanto, nada<br />

poderia justificar o voto contra destes partidos, a<br />

não ser a sua submissão aos interesses do grande<br />

patronato e a cedência às pressões e chantagens<br />

da UE. Portugal mantém um dos mais baixos<br />

salários mínimos da UE e por essa razão<br />

Por tugal é tam bém, como recentemente reconhe<br />

ceu um relatório do Eurostat, o País que<br />

mantém a maior diferença entre os salários mais<br />

altos e os salários mais baixos na União Europeia.<br />

Os baixos salários, e em particular o baixo valor<br />

do SMN, constituem, como sublinha o PCP, uma<br />

inegável causa da pobreza. Por isso, aumentar o<br />

SMN é uma questão de justiça social, contribui para<br />

uma maior equidade na distribuição da riqueza<br />

e é factor de dinamização da economia.<br />

Em coerência com a sua natureza de classe,<br />

apesar do resultado da votação ter inviabilizado,<br />

no imediato, a aprovação desta proposta,<br />

o PCP vai continuar a sua acção pela valorização<br />

do trabalho e dos trabalhadores, pelo aumento<br />

dos salários (incluindo o SMN) e em defesa dos<br />

direitos dos trabalhadores, batendo-se pela alteração<br />

dos aspectos gravosos da legislação laboral,<br />

nomeadamente a revogação da caducidade<br />

da contratação colectiva e a reposição do tratamento<br />

mais favorável do trabalhador e contra a<br />

precariedade. O PCP vai continuar a agir estimulando<br />

a luta dos trabalhadores nas empresas,<br />

locais de trabalho e sectores em torno da acção<br />

reivindicativa. O PCP vai intensificar a sua acção,<br />

articulando e aproveitando todas as possibilidades<br />

para concretizar objectivos concretos e imediatos,<br />

para abrir caminho à alternativa patriótica<br />

e de esquerda.<br />

A votação da passada sexta-feira evidenciou<br />

mais uma vez a contradição insanável entre a<br />

necessidade de desenvolvimento soberano do<br />

País de que é condição fundamental a valorização<br />

do trabalho e dos trabalhadores, e os interesses<br />

do grande capital. E evidencia também a necessidade<br />

incontornável de ruptura com a política de<br />

direita e de concretização da política patriótica e<br />

de esquerda que o PCP propõe como forma de<br />

dar passos decisivos no caminho de uma alternativa<br />

que assuma a libertação da submissão ao euro,<br />

articulada com a renegociação da dívida e a recuperação<br />

do controlo público da banca e de<br />

outros sectores estratégicos; a defesa da produção<br />

nacional; a valorização dos salários e direitos dos<br />

trabalhadores; a justa tributação fiscal; a valorização<br />

e melhoria dos serviços públicos e das funções<br />

sociais do Estado; a defesa da soberania e<br />

dos interesses nacionais perante as imposições do<br />

grande capital e da UE.<br />

Épor isso particularmente significativo que o Comité<br />

Central do PCP, que assinalou o grande<br />

êxito do XX Congresso, importante momento<br />

de valorização e afirmação do PCP, tenha incluído,<br />

no quadro da intensificação da sua acção<br />

pela concretização dessa alternativa, as três condições<br />

fundamentais para o conseguir: o prosseguimento<br />

da acção de reforço do Partido de que<br />

o próprio Congresso foi um importante passo; o<br />

desenvolvimento da luta de massas que envolve<br />

a necessidade do fortalecimento das organizações<br />

unitárias dos trabalhadores e de outros movimentos<br />

de massas, envolvendo as classes e camadas<br />

sociais antimonopolistas; o empenhamento<br />

na construção da unidade e convergência com democratas<br />

e patriotas, com as forças, sectores e personalidades<br />

disponíveis para a construção da alternativa.<br />

E é igualmente significativo que o Comité<br />

Cen tral, no quadro das exigências hoje colocadas<br />

à intervenção do PCP tenha apelado ao «empenhamento<br />

de todos os militantes do Partido para<br />

a concretização das orientações decididas pelo XX<br />

Congresso assegurando um PCP mais forte, mais<br />

interventivo na luta, com os trabalhadores e o povo,<br />

pela democracia e o socialismo».<br />

E tal como a intervenção do PCP, em articulação<br />

com a luta dos trabalhadores e do povo, foi<br />

determinante e decisiva para derrotar o governo<br />

do PSD/CDS e para criar condições políticas,<br />

após as eleições de 4 de Outubro de 2015, para<br />

a defesa, reposição e conquista de direitos, pese<br />

embora o seu carácter limitado, também agora a<br />

sua acção continua a ser determinante e decisiva<br />

para a concretização da alternativa que todos<br />

os dias se afirma como necessária e possível.<br />

OPCP saiu do seu XX Congresso reforçado.<br />

Mas na sua profunda ligação aos trabalhadores<br />

e ao povo, saiu também determinado e confiante<br />

como Partido necessário, indispensável e<br />

insubstituível para prosseguir a luta por um Portugal<br />

desenvolvido, soberano e com futuro.


4 SEMANA<br />

22-12-2016<br />

ACTUAL<br />

Ainstabilidade internacional atingiu<br />

níveis quase impensáveis há<br />

alguns anos. As suas causas radicam,<br />

como sempre afirmámos, numa deriva<br />

violenta, reaccionária, agressiva e<br />

militarista das classes dominantes e<br />

dos governos das grandes potências<br />

imperialistas. A sucessão vertiginosa<br />

de acontecimentos não nos deve, nem<br />

pode, turvar a visão global e de fundo.<br />

É na crise do capitalismo, na sua natureza<br />

de classe e contradições, e na<br />

reacção do imperialismo a essa crise,<br />

que estão as fundas causas dos recentes<br />

acontecimentos.<br />

Os três ataques de segunda feira não<br />

aconteceram por acaso. Ocorrem num<br />

momento extremamente importante<br />

para os desenvolvimentos da guerra<br />

imperialista na Síria, em que se confirma<br />

as verdades sobre quem está, e<br />

sempre esteve, por detrás daquela<br />

guerra de agressão; num momento em<br />

Por estes dias entra-nos pelos olhos o cortejo de horrores<br />

de uma batalha a que pretendem que assistamos<br />

quase em directo. Mortes, desalojados, fome, imagens de<br />

crianças ensanguentadas, destruição, tudo nos é serviço de<br />

bandeja, embrulhado no pano da acusação ao governo sírio<br />

e aos que o apoiam na defesa da soberania e integridade<br />

do seu território.<br />

A campanha é clara. A partir das centrais mundiais de<br />

desinformação, ao serviço dos interesses do imperialismo,<br />

o objectivo é diabolizar o governo sírio e<br />

mesmo questionar a sua legitimidade para defender<br />

o seu povo de ataques internos ou externos.<br />

Os que hoje sofreram uma pesada derrota com a<br />

vitória do governo sírio em Alepo querem fazer esquecer<br />

quem promoveu (e promove), apoiou (e<br />

apoia) e financiou (e continua a financiar) os movimentos<br />

terroristas que prolongam uma guerra que já custou milhares<br />

de vidas e vai destruindo aquele país. A que não será<br />

alheio o manto de silêncio lançado sobre notícias que referem<br />

a detenção de oficiais de exércitos e serviços de informação<br />

de países como os EUA, a Turquia ou a Arábia<br />

Saudita, exactamente em Alepo, onde não estariam a fazer<br />

turismo, presume-se.<br />

O terrorismo e a guerra<br />

• Ângelo Alves<br />

Alepo<br />

• João Frazão<br />

Quando perguntarem...<br />

• Manuel Gouveia<br />

que a «coligação» dos EUA, NATO,<br />

Turquia e petro-ditaduras do Golfo<br />

Pérsico não só sofre uma pesada derrota,<br />

como começa a registar importantíssimas<br />

fissuras.<br />

O que os três ataques, cada um com<br />

um objectivo concreto, demonstram, é<br />

que a guerra na Síria, e em geral no<br />

Médio Oriente, está longe<br />

de estar terminada. O assassinato<br />

do embaixador russo<br />

visou limitar complexas negociações<br />

entre Turquia,<br />

Irão e Federação Russa relativas<br />

a soluções diplomáticas<br />

para a guerra na Síria. O ataque<br />

em Berlim visou reavivar o sentimento<br />

de medo e terror na Europa, que<br />

justifique mais guerra e mais medidas<br />

securitárias, como aliás Hollande já<br />

veio afirmar. Pode ser aliás o clique,<br />

e o lastro psicológico, por detrás de<br />

uma ainda maior e mais directa escalada<br />

de guerra imperialista na Síria e<br />

Iraque. O ataque de Zurique, num<br />

centro de oração islâmico, tem como<br />

objectivo manter a tensão religiosa<br />

com que se tenta envolver o conflito<br />

no Médio Oriente.<br />

Os três convergem num mesmo propósito.<br />

Não permitir que a vitória do<br />

legítimo governo sírio em<br />

Alepo atinja dois objectivos:<br />

1 – Desmascarar quem são<br />

de facto os terroristas (circulam<br />

as notícias de dezenas<br />

de agentes de forças especiais<br />

ligados à NATO e às<br />

petro-monarquias cercados ou mesmo<br />

já capturados em Alepo) 2 – Abrir<br />

campo a compromissos negociais que<br />

envolvam um dos responsáveis da<br />

guerra: a Turquia. Para impedir estes<br />

dois objectivos vale tudo. Como sempre,<br />

o terrorismo serve os interesses<br />

da reacção e do imperialismo.<br />

Querem fazer esquecer as movimentações do imperialismo<br />

e dos seus aliados na região, que alimentaram ódios e<br />

acções aventureiras que desestabilizaram todo Norte de<br />

África, de que a Líbia é apenas um dos mais expressivos<br />

exemplos.<br />

Como parte da linha confusionista em curso, procura-se<br />

amalgamar as responsabilidades, ilibando os principais culpados<br />

e seus mentores.<br />

Neste objectivo, insere-se o debate, na passada<br />

semana, na AR, de um Voto de Repúdio do<br />

BE, em que os autores nem por uma vez referem<br />

a acção hedionda do chamado «Estado Islâmico»<br />

contra o qual a Síria, com o apoio da<br />

Rússia, tem desenvolvido uma ofensiva sem tréguas,<br />

como aliás qualquer um de nós exigiria.<br />

Condenar crimes contra as populações, qualquer um condenará;<br />

rejeitar a violação dos direitos humanos (mesmo<br />

sabendo que o conteúdo desta expressão é muito diverso,<br />

dependendo do ângulo de classe pela qual se observe!),<br />

todos rejeitarão, mas os autores de um tal texto não desconhecerão<br />

que, objectivamente, ele branqueia os horrores<br />

dos verdadeiros responsáveis de uma situação que nenhum<br />

de nós deseja.<br />

Na próxima semana, aqueles que<br />

se queixam que não se fazem as<br />

greves que eles querem, queixar-se-<br />

-ão das greves que se fazem. Dois pré-<br />

-avisos de greve prometem paralisar<br />

os Aeroportos Nacionais. Nos dias 27,<br />

28 e 29 de Dezembro entram em greve<br />

os Assistentes de Portos e Aeroportos,<br />

os trabalhadores que asseguram<br />

o controlo de passageiros e bagagem.<br />

Nos dias 28, 29 e 30 é a vez da Assistência<br />

em Escala (vulgo Handling).<br />

São duas lutas que vêm de longe,<br />

em sectores altamente precarizados e<br />

desregulados, onde os trabalhadores<br />

portugueses são cada vez mais espremidos<br />

para alimentar o lucro<br />

dos capitalistas de empresas<br />

tendencialmente multinacionais<br />

como a Securitas, a<br />

Prossegur, a Ryanair ou a<br />

Vinci, perante a cumplicidade<br />

dos sucessivos governos, ora mais<br />

activos ora mais passivos, mas até hoje<br />

sempre aliados do processo de liberalização<br />

em curso.<br />

Num clima de medo, perseguições<br />

e chantagens múltiplas, onde o cinismo<br />

e a hipocrisia de patrões e governos<br />

é revoltante e revolta, os trabalhadores<br />

têm construído um caminho de<br />

resistência – de organização, unidade<br />

e luta – que sendo um caminho longo<br />

e árduo, lhes permitirá, mais cedo<br />

do que tarde, travar a destruição de<br />

direitos, impor o acesso à contratação<br />

colectiva para todos e travar a precariedade.<br />

Aos que perguntarem pelas<br />

razões da greve, sugiro<br />

que lhes transmitam este<br />

caso, relatado ao PCP na<br />

iniciativa realizada na passada<br />

sexta-feira no aeroporto<br />

de Lisboa: um trabalhador, para<br />

o caso, da Prossegur, atravessou à<br />

chuva um percurso de quase um quilómetro<br />

para chegar ao Aeroporto (apesar<br />

de haver milhares de lugares em<br />

parque de estacionamento pago, e apesar<br />

de à noite até estarem vazios), para<br />

se apresentar no seu posto às 4h30,<br />

tendo-lhe sido passada uma repreensão,<br />

com ameaça de despedimento,<br />

por estar indevidamente fardado, pois<br />

tinha as pernas das calças... molhadas<br />

(é que também não há lugar para<br />

estes trabalhadores se fardarem no<br />

Aeroporto, nem cacifo para deixarem<br />

os seus pertences devidamente protegidos,<br />

nem local para tomada de refeições).<br />

Um exemplo, onde a única<br />

coisa que tem sido estranha e pouco<br />

comum à vida de milhares de trabalhadores<br />

do Aeroporto tem sido a chuva.<br />

FRASES<br />

“<br />

Só ficava bem ao PSD, em vez de<br />

buscar desesperadamente um candidato<br />

só pelo orgulho de ir sozinho, poder juntar-se<br />

[a Assunção Cristas] para uma vitória<br />

na capital. ”<br />

(Raul Almeida,<br />

Lusa, 15.12.16)<br />

“<br />

Neste momento, acho que o PSD devia<br />

convencer Santana Lopes a ser candidato<br />

à Assembleia Municipal, com Assunção<br />

Cristas para a Câmara. ” (Idem, ibidem)<br />

“<br />

Aquilo que o Presidente da República<br />

espera deste grupo [Global Media] é<br />

que seja, como é seu dever, imparcial,<br />

isento e implacável no escrutínio de todos,<br />

a começar no Presidente. ”<br />

(Marcelo Rebelo de Sousa,<br />

TVI24, 15.12.16)<br />

“<br />

Vivemos num país onde a corrupção<br />

está enraizada. ” (Maria Filomena Mónica,<br />

Negócios, 16.12.16)<br />

“<br />

Não, por amor de Deus, por que é<br />

que haveria de sair zangado [da<br />

CGD]? ”<br />

(António Domingues,<br />

Lusa, 16.12.16)<br />

“<br />

Comparar escolas onde a propina<br />

mensal é de 500 euros com escolas situadas<br />

em meios socioeconómicos complexos<br />

não tem nenhum sentido. ”<br />

(Tiago Brandão Rodrigues,<br />

Expresso, 17.12.16)<br />

“<br />

A lei diz que o salário mínimo é definido<br />

pelo Governo ouvida a Concertação<br />

Social e não pela Concertação Social ouvido<br />

o Governo. ”<br />

(Vieira da Silva,<br />

Ibidem)<br />

“<br />

A margem de Passos Coelho já acabou.<br />

”<br />

(Alberto João Jardim,<br />

Público, 18.12.16)<br />

“<br />

Na Europa criou-se uma situação insustentável<br />

em que todos os países estão<br />

descontentes com as soluções encontradas<br />

para a crise financeira. ”<br />

(José Brandão de Brito,<br />

Negócios, 19.12.16)<br />

“<br />

A Europa está a transformar-se num<br />

projecto de contingência. ” (Joseph Weiler,<br />

Público, 19.12.16)<br />

“<br />

A nossa reacção ao «Brexit» é pão e<br />

circo. ”<br />

(Idem, ibidem)<br />

“<br />

A renegociação da dívida vai-se impor<br />

– a realidade tem muita foça – mas<br />

quanto mais tarde pior. ” (Carlos Carvalhas,<br />

Público, 20.12.16)


22-12-2016<br />

EM FOCO<br />

5<br />

Chumbo do aumento do SMN proposto pelo PCP nada muda na luta que continua<br />

Exigência de justiça e dignidade<br />

Arecomendação proposta pelo<br />

PCP para uma actualização<br />

para 600 euros do salário<br />

mínimo nacional já em Janeiro próximo<br />

foi chumbada sexta-feira passada, 16, no<br />

Parlamento. Uma certeza fica porém do<br />

debate: não vai parar a luta pela<br />

dignificação do trabalho e contra essa<br />

injustiça que é manter um salário em<br />

níveis que só alimentam a pobreza.<br />

Os baixos<br />

salários, em<br />

particular o SMN,<br />

são uma causa<br />

estrutural da<br />

pobreza<br />

A garantia foi deixada no<br />

final da discussão pela deputada<br />

comunista Rita Rato<br />

e pouco tempo antes da<br />

votação do projecto de resolução<br />

da sua bancada, inviabilizado<br />

pelos votos negativos<br />

do PS, PSD e CDS.<br />

Sobre as razões que do<br />

ponto de vista social sustentam<br />

a proposta comunista,<br />

aliás detalhadamente<br />

expostas pela parlamentar<br />

do PCP, ninguém ousou<br />

no debate questioná-las, tal<br />

a sua justeza e o carácter<br />

momentoso da sua necessidade.<br />

É que no nosso País, como<br />

salientou a deputada<br />

do PCP, quase um terço<br />

das pessoas em situação de<br />

pobreza corresponde a trabalhadores<br />

que «todos os<br />

dias se levantam para ir trabalhar»,<br />

mas que não conseguem<br />

com o que levam<br />

para casa ao fim do mês fazer<br />

face às suas «despesas<br />

básicas».<br />

Ou seja – e essa é a<br />

questão nodal que a bancada<br />

comunista pôs no centro<br />

do debate –, os baixos<br />

salários, e em particular o<br />

valor do salário mínimo nacional,<br />

constituem uma «inegável<br />

causa de pobreza».<br />

E acontece que Portugal<br />

não só mantém um dos<br />

mais baixos salários mínimos<br />

nacionais da Europa,<br />

mesmo considerando a retribuição<br />

a 14 meses, como<br />

corre o «risco de se<br />

atrasar ainda mais», nomeadamente<br />

em relação à vizinha<br />

Espanha, advertiu Rita<br />

Rato.<br />

Hipocrisia<br />

Ora sendo tudo isto uma<br />

inegável verdade, como justificaram<br />

pois PS, PSD e<br />

O «veto» dos patrões<br />

A tese de que a definição do valor do SMN deve<br />

ser determinada em sede de concertação social é<br />

defendida com unhas e dentes pelo PSD e CDS-<br />

PP. Esse é um cavalo de batalha seu – e bem se<br />

percebe porquê. É que, na prática, a<br />

concertação social tem servido para dar<br />

cobertura ao «veto» que as confederações<br />

aplicam a tudo o que signifique melhoria de<br />

salários ou combate à pobreza. Rita Rato<br />

sublinhou-o de forma contundente, entendendo<br />

que o Parlamento perante este quadro «não pode<br />

ficar indiferente ou confortável». Mas disse mais.<br />

Reagindo ainda à posição daqueles partidos<br />

sobre o envolvimento da AR nesta matéria,<br />

considerou que quando toca a «cortar salários e<br />

direitos», ambos acham que há toda a<br />

legitimidade» para tomar decisões; já quando se<br />

trata de «repor salários e repor direitos», aí, alto<br />

e pára o baile, a AR «nunca tem legitimidade».<br />

À alegação de PSD e CDS-PP de que o aumento<br />

proposto pelo PCP está no domínio do<br />

«impensável» e das «impossibilidades» respondeu<br />

ainda a deputada comunista recordando que<br />

mesmo aqui ao lado, em Espanha, o que está em<br />

discussão é um aumento do SMN para 700<br />

euros, o que corresponde a um acréscimo de 60<br />

euros.<br />

O PCP não deixa de valorizar a proposta de aumento para 557 euros indicado para o próximo ano, fruto da luta dos trabalhadores<br />

e da acção dos comunistas, mas entende que fica aquém do exigível para combater a pobreza.<br />

Sempre em queda<br />

O salário mínimo nacional, criação da Revolução<br />

de Abril que representou na altura uma melhoria<br />

substancial nas condições vida dos trabalhadores,<br />

abrangendo cerca de 50 por cento da população<br />

activa (68 por cento na função pública) – o que<br />

diz bem da depauperação e miséria herdada do<br />

fascismo –, sofreu uma progressiva e profunda<br />

desvalorização nas décadas seguintes, com<br />

actualizações abaixo do aumento dos<br />

rendimentos médios e do índice de preços ao<br />

consumidor. A isto somou-se a sua congelação<br />

entre 2011 e 2014.<br />

De acordo com os últimos dados disponíveis, o<br />

número de trabalhadores que sobrevive com 470<br />

euros líquidos (530 euros ilíquidos) ascende a<br />

mais de 631 mil.<br />

Importa igualmente ter presente que se o SMN<br />

tivesse sido actualizado, levando em conta a<br />

inflação e o aumento da produtividade, o seu<br />

valor rondaria hoje os 900 euros por mês.<br />

CDS a sua recusa à proposta<br />

do PCP? Os argumentos,<br />

em rigor, são nossos<br />

bem conhecidos. Do<br />

lado do PSD e CDS, sem<br />

surpresa, não passou despercebida<br />

a coincidência<br />

de posições com o que têm<br />

dito as entidades patronais.<br />

Alegada foi, por um lado,<br />

a necessidade de remeter<br />

o processo de decisão para<br />

a concertação social, confinando-o<br />

a este órgão; por<br />

outro lado, faz-se depender<br />

qualquer actualização<br />

do SMN de outros factores,<br />

designadamente da obtenção<br />

de contrapartidas para<br />

o patronato, embrulhando<br />

tudo num «acordo social<br />

de médio prazo».<br />

Disso mesmo é testemunho<br />

o projecto de resolução<br />

que o PSD submeteu<br />

também a debate e no qual<br />

recomenda «um diálogo sério<br />

com os parceiros sociais<br />

sobre crescimento,<br />

competitividade e emprego<br />

e que inclua a actualização<br />

do SMN».<br />

Mas ressalvando sempre<br />

que é a favor de um aumento<br />

do SMN que «seja<br />

decidido em sede de concertação<br />

social». «O Governo<br />

pode decidir aumentar<br />

o SMN sem acordo em sede<br />

de concertação social,<br />

mas essa é a via da imposição<br />

e não da tradição portuguesa»,<br />

disse a deputada<br />

laranja Clara Marques<br />

Mendes.<br />

No mesmo exacto sentido<br />

se pronunciou o deputado<br />

do CDS-PP Filipe Anacoreta<br />

Correia, invocando<br />

que uma «matéria desta<br />

responsabilidade não pode<br />

deixar de estar ligada à<br />

concertação social».<br />

Pretexto hipócrita ao serviço<br />

de uma estratégia que<br />

mais não visa, afinal, do que<br />

prolongar uma intolerável<br />

iniquidade e injustiça.<br />

Não às «borlas»<br />

E por isso tais argumentos<br />

foram firmemente contestados<br />

pela bancada comunista<br />

– no que foi acompanhada<br />

pelo PEV e BE –,<br />

com Rita Rato a sublinhar<br />

que, hoje, o que assume<br />

carácter de «exigência nacional»<br />

é o aumento do salário<br />

mínimo nacional e «não<br />

mais borlas ao patronato».<br />

«Não venham com o estafado<br />

argumento dos custos<br />

para as empresas e contrapartidas<br />

para o patronato.<br />

As remunerações têm<br />

um peso de apenas 18 por<br />

cento na estrutura de custos<br />

das empresas, muito inferior<br />

a outros custos com<br />

energia, combustíveis, telecomunicações,<br />

crédito ou<br />

seguros», sublinhou a deputada<br />

do PCP, não escondendo<br />

a sua indignação<br />

por, como se não bastasse<br />

a «inaceitável redução da<br />

TSU das contribuições das<br />

empresas para a Segurança<br />

Social», vir ainda o patronato<br />

«chantagear por<br />

mais medidas para subsidiar<br />

o aumento do SMN».<br />

E a todas as bancadas,<br />

incluindo à do PS – que<br />

por não se querer libertar<br />

dos constrangimentos a que<br />

o País está sujeito mostra<br />

pouca ambição nesta matéria,<br />

não obstante ter reconhecido<br />

pela voz do deputado<br />

José Rui Cruz que<br />

o «aumento do SMN é condição<br />

para o desenvolvimento<br />

económico», ter garantido<br />

que «partilha das<br />

mesmas preocupações» do<br />

PCP e que, «na prática,<br />

quer o mesmo mas em ritmos<br />

diferentes» –, Rita Rato<br />

fez questão de lembrar<br />

que é ao Governo que «cabe<br />

fixar o valor do SMN»,<br />

instando-o, por isso, a «assumir<br />

as suas competências<br />

constitucionais» e a decidir-se<br />

pela sua fixação em<br />

Janeiro de 2017 nos 600<br />

euros.<br />

Porque, sustentou, aumentar<br />

o SMN é uma exigência<br />

nacional fundada<br />

em razões de justiça social<br />

e de maior equidade na<br />

distribuição da riqueza mas<br />

também em razões económicas,<br />

«pelo aumento do<br />

poder de compra, dinamização<br />

da economia e do<br />

mercado interno, reforço<br />

do financiamento da segurança<br />

social, e garantia de<br />

maior incorporação nacional<br />

em actividades como o<br />

turismo».<br />

Foto LUSA


ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA<br />

6 22-12-2016<br />

Acesso ao Superior de alunos com necessidades especiais<br />

Garantir integração e inclusão<br />

Adaptar os edifícios e equipamentos de modo<br />

a ultrapassar os obstáculos arquitectónicos, eis<br />

uma das medidas preconizadas pelo PCP em<br />

diploma que visa assegurar no Ensino Superior<br />

a igualdade de oportunidades aos jovens com<br />

necessidades especiais.<br />

Ver garantidos os apoios<br />

técnicos e materiais pedagógicos<br />

adequados às necessidades<br />

específicas de cada<br />

jovem é outro objectivo que<br />

a bancada comunista gostaria<br />

de ver concretizado, do<br />

mesmo modo que pugna pela<br />

contratação dos meios humanos<br />

necessários ao acompanhamento<br />

dos estudantes<br />

com estas características: docentes,<br />

funcionários, técnicos,<br />

psicólogos e outros profissionais<br />

da Educação Especial.<br />

Frente a não descurar é<br />

também a da luta pela «existência<br />

de equipas multidisciplinares<br />

que acompanhem<br />

a realidade e as necessidades<br />

destes jovens», segundo<br />

a perspectiva vertida no projecto<br />

de resolução do PCP,<br />

actualmente em comissão<br />

para onde baixou, sem votação,<br />

depois de apreciado<br />

em plenário no passado dia<br />

21 de Outubro. Idêntica tramitação<br />

tiveram diplomas<br />

sobre a mesma matéria do<br />

PEV, PS, BE, PSD e PAN.<br />

No debate então ocorrido<br />

a deputada comunista Diana<br />

Ferreira defendeu ainda<br />

que «importa conciliar a escola<br />

pública com os preceitos<br />

constitucionais, com a Lei<br />

de Bases do Sistema Educativo,<br />

com a Lei Anti-Discriminação,<br />

com as normas e<br />

orientações internacionais e<br />

com os princípios da igualdade<br />

de oportunidades, numa<br />

escola para todos e com<br />

uma resposta educativa de<br />

qualidade para todos».<br />

Estando em causa um direito<br />

humano fundamental<br />

como é o direito à educação,<br />

trata-se, pois, como frisou a<br />

deputada do PCP, de garantir<br />

que ele seja fruído por todos,<br />

em igualdade de oportunidades,<br />

tendo presente<br />

as necessidades educativas<br />

de todos e de cada um, «de<br />

modo a que todos os alunos<br />

obtenham, em todos os graus<br />

de ensino, designadamente<br />

do Ensino Superior, os grandes<br />

benefícios que uma educação<br />

inclusiva pode potenciar».<br />

Mas para isso, observou,<br />

têm de ser assegurados os<br />

necessários meios humanos<br />

e técnicos, a par dos materiais<br />

pedagógicos adequados,<br />

sem falar das adaptações<br />

dos espaços físicos das<br />

escolas e do imprescindível<br />

acompanhamento às necessidades<br />

específicas de cada<br />

O direito à Educação<br />

deve ser garantido<br />

em todos os graus<br />

de ensino e em<br />

condições<br />

de igualdade<br />

criança e jovem em todos os<br />

graus do seu percurso escolar.<br />

Com a sua iniciativa legislativa,<br />

o PCP pretende assim<br />

contribuir para um melhor<br />

conhecimento das dificuldades<br />

sentidas pelos jovens<br />

com necessidades educativas<br />

especiais e/ou deficiência<br />

no acesso ao Superior,<br />

bem como na sua<br />

frequência, passo antecedente<br />

à adopção de medidas que<br />

«garantam a estes jovens o<br />

cumprimento do seu direito<br />

à Educação»<br />

O caminho a seguir<br />

No projecto de resolução do PCP recomenda-se ao<br />

Governo que proceda ao levantamento do número de<br />

estudantes com necessidades educativas especiais a<br />

frequentar o Ensino Superior público, identificando<br />

essas mesmas necessidades.<br />

Idêntico levantamento é defendido quanto ao número<br />

de estudantes com deficiência no Ensino Superior<br />

público, identificando as várias deficiências.<br />

O Executivo é instado, por outro lado, a tomar medidas<br />

que o levem a conhecer bem a realidade dos edifícios<br />

das instituições de Ensino Superior Público, identificando<br />

as adaptações feitas e as carências existentes.<br />

O levantamento das estruturas existentes nas instituições<br />

de Ensino Superior Público de apoio a jovens com<br />

necessidades especiais é outra das medidas sugeridas<br />

no diploma comunista, onde se advoga ainda uma<br />

recolha de informação sobre as carências existentes<br />

naquelas instituições, designadamente em matéria de<br />

recursos humanos vocacionados para o devido<br />

acompanhamento aos estudantes com necessidades<br />

especiais, e, bem assim, de materiais pedagógicos<br />

adequados às necessidades ou deficiências destes<br />

estudantes.<br />

Por fim, o PCP defende que o Executivo planifique,<br />

num prazo de seis meses, e calendarize, a tomada de<br />

medidas que respondam às necessidades de intervenção<br />

identificadas, nomeadamente no que se refere à<br />

eliminação das barreiras arquitectónicas, à contratação<br />

dos profissionais necessários e à garantia dos referidos<br />

materiais pedagógicos.<br />

Grande parte das carências e dificuldades no Ensino Especial é o resultado da política de sucessivos<br />

governos de desinvestimento na Escola Pública e subfinanciamento do Ensino Superior<br />

Regime jurídico<br />

da Educação Especial<br />

O Grupo Parlamentar do PCP formalizou<br />

a entrega de um projecto de lei que<br />

define o regime jurídico da Educação Especial.<br />

Entregue na passada semana na<br />

AR, este diploma abrange matérias que<br />

visam garantir a igualdade de direitos no<br />

acesso à educação para todas as crianças,<br />

jovens e adultos com deficiência, bem como<br />

as responsabilidades do Estado neste<br />

domínio.<br />

Depois de anos em que o Ensino Básico<br />

e Secundário foi sujeito a uma contínua<br />

redução do financiamento público<br />

(menos 2000 milhões entre 2011 e 2015,<br />

sendo que o corte na Educação Especial<br />

foi de 53 milhões de euros), o que acentuou<br />

a discriminação das crianças com<br />

necessidades educativas especiais e degradou<br />

o seu processo pedagógico inclusivo,<br />

o diploma comunista vem suprir lacunas<br />

definindo um conjunto de medidas<br />

destinadas a assegurar uma «efectiva inclusão»<br />

destas crianças e jovens. O que<br />

passa, do ponto de vista da bancada comunista,<br />

pela existência de ajudas técnicas,<br />

por adequados financiamentos, uma<br />

acção social escolar orientada para uma<br />

real igualdade de oportunidades, uma «organização<br />

e gestão democrática da vida<br />

escolar e dos recursos educativos». Mas<br />

que passa também por assegurar aos pais<br />

e encarregados de educação o seu «direito<br />

primordial a terem os seus filhos/educandos<br />

na escola das outras crianças da<br />

comunidade», e, noutro plano, por garantir<br />

na legislação laboral o seu direito a um<br />

maior crédito de horas de forma a possibilitar<br />

a sua participação no processo educativo<br />

das crianças e jovens pelos quais<br />

são responsáveis.<br />

Votos sobre Cuba e Síria têm o vot<br />

Rejeitar a provo<br />

e a mentir<br />

Com os votos favoráveis<br />

do PSD, CDS-PP e PAN,<br />

a abstenção do PS e BE e<br />

os votos contra do PCP e<br />

do PEV, foi aprovado dia<br />

16 um voto que o seu autor<br />

– o PSD – designa de<br />

protesto pela «obstrução»<br />

em Cuba ao trabalho de<br />

jornalistas da SIC e Expresso<br />

por ocasião do falecimento<br />

de Fidel Castro.<br />

«Foram interceptados e<br />

interrogados pelas autoridades<br />

cubanas e, dessa forma,<br />

alvo de dificuldades<br />

acrescidas na realização do<br />

seu trabalho», refere-se no<br />

voto, onde se acrescenta<br />

que o «regime cubano dá,<br />

desta forma, provas de não<br />

ter assimilado práticas democráticas<br />

e respeitadoras<br />

da liberdade de informação<br />

e de expressão, com as<br />

quais não se pode pactuar».<br />

Distanciando-se em absoluto<br />

de tal iniciativa, o<br />

Grupo Parlamentar do PCP,<br />

em declaração de voto, considera<br />

que através dela a<br />

bancada do PSD pretendeu<br />

«associar a Assembleia da<br />

República a uma autêntica<br />

manobra de provocação ao<br />

serviço daqueles que, de<br />

forma consciente e premeditada<br />

e recorrendo às mais<br />

grosseiras falsidades, desrespeitaram<br />

o profundo significado<br />

das cerimónias fúnebres<br />

de Fidel Castro recentemente<br />

realizadas em<br />

Cuba».<br />

«Trata-se de uma deplorável<br />

iniciativa de hostilidade<br />

ao Estado e ao Povo de<br />

Cuba que se inscreve ao invés<br />

da História, nomeadamente<br />

considerando que se<br />

deslocou recentemente a<br />

Cuba uma visita ao mais alto<br />

nível do Estado português<br />

e que a União Europeia<br />

acabou de revogar a<br />

inadmissível "posição comum"<br />

de ingerência contra<br />

o Estado soberano de<br />

Cuba e encetou a aprovação<br />

de um Acordo de Diálogo<br />

Político e Cooperação<br />

da União Europeia com Cuba»,<br />

acrescenta a declaração<br />

de voto assinada pelos<br />

deputados comunistas João<br />

Oliveira e António Filipe.<br />

Depois de salientar que<br />

a AR «deve pugnar a sua<br />

intervenção no respeito pela<br />

Constituição da República<br />

e não servir de instrumento<br />

ou suporte a acções<br />

que não se inscrevem no<br />

quadro do desenvolvimento<br />

de laços com base na<br />

igualdade, reciprocidade e<br />

respeito mútuo com outros<br />

estados e povos», o texto<br />

da bancada comunista sublinha<br />

que a «maior resposta<br />

a este tipo de iniciativas<br />

e provocações deu-a o povo<br />

cubano que, com a sua<br />

dignidade e firmeza, renovou<br />

a sua vontade de prosseguir<br />

o caminho de afirmação<br />

soberana e independência,<br />

de justiça e progresso<br />

social, que conquistou<br />

com a sua revolução<br />

libertadora, profundamente<br />

patriótica e solidária com<br />

todos os povos do mundo».<br />

Não ser cúmplice<br />

dos agressores<br />

Aprovado pela AR dia<br />

16, com os votos favoráveis<br />

do PSD, PS, CDS, BE e<br />

PAN, foi ainda um voto de<br />

«repúdio» apresentado pelo<br />

BE, «pelos bombardeamentos<br />

e os crimes contras<br />

as populações na cidade de<br />

Alepo, na Síria». Contra votaram<br />

PCP e PEV, com a<br />

bancada comunista a apresentar<br />

uma declaração onde<br />

justifica a sua posição<br />

começando por lembrar<br />

que «coerentemente e da<br />

mesma forma que o fez relativamente<br />

às guerras de<br />

agressão contra o Iraque e<br />

a Líbia e os seus povos, o<br />

PCP, desde o primeiro momento,<br />

denunciou e condenou<br />

a guerra de agressão<br />

que se abateu sobre a República<br />

Árabe Síria e o povo<br />

sírio, com o seu cortejo<br />

de hediondos crimes, brutais<br />

violações dos direitos<br />

humanos, morte, sofrimento<br />

e destruição».<br />

Depois de chamar a atenção<br />

para o facto de essa<br />

«cruel guerra de agressão»<br />

ser protagonizada por grupos<br />

armados, «criados, pagos<br />

e apoiados pelos Estados<br />

Unidos, as grande potências<br />

da União Europeia<br />

– como o Reino Unido e a<br />

França – e os seus aliados<br />

na região, como a Turquia,<br />

Israel, a Arábia Saudita ou<br />

o Catar», o texto rubricado<br />

pelos deputados João Oliveira<br />

e Carla Cruz assinala<br />

que esta é uma «guerra de<br />

agressão que, na senda da<br />

destruição do Iraque e da<br />

Líbia, e desrespeitando os<br />

mais fundamentais direitos<br />

do povo sírio e o Direito Internacional,<br />

visa destruir o<br />

Estado sírio, com o seu posicionamento<br />

soberano, independente,<br />

multicultural<br />

e pan-árabe».<br />

E porque «é solidário<br />

com a resistência da Síria<br />

e do seu povo em defesa<br />

da sua soberania e integridade<br />

territorial da sua pá-


22-12-2016<br />

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA<br />

7<br />

o contra do PCP<br />

cação<br />

a<br />

tria face a uma criminosa<br />

agressão, o PCP afirma que<br />

«não esconde, e por isso<br />

não é conivente, nem é<br />

cúmplice, com os agressores<br />

e as suas monstruosas<br />

criações».<br />

O PCP recusa-se ainda a<br />

equiparar a «acção agressiva<br />

dos Estados Unidos,<br />

da NATO, das grandes potências<br />

da União Europeia<br />

e seus aliados, à postura de<br />

outros países que se posicionam,<br />

agem e articulam<br />

no plano internacional no<br />

respeito da Carta das Nações<br />

Unidas e apoiam povos<br />

e estados vítimas do<br />

bloqueio, desestabilização<br />

e agressão», entendendo<br />

que estabelecer qualquer<br />

paralelismo «seria fazer o<br />

jogo dos verdadeiros agressores,<br />

branqueando os seus<br />

crimes e responsabilidades».<br />

«Para o PCP, os grupos<br />

armados que espalham o<br />

terror e são responsáveis<br />

pelos mais hediondos crimes<br />

no Iraque, não passam<br />

a ser designados por «rebeldes»<br />

só porque o fazem<br />

na Síria – designem-se eles<br />

por «Estado Islâmico»,<br />

«Frente Al-Nusra» ou<br />

«Jabhat Fateh al-Sham», ou<br />

por uma qualquer outra designação<br />

de conveniência<br />

que esses grupos venham<br />

a adoptar», lê-se na declaração<br />

de voto do Grupo<br />

Parlamentar do PCP, onde<br />

se afirma ainda que os<br />

acontecimentos em curso<br />

em Alepo correspondem à<br />

«libertação da cidade e dos<br />

seus habitantes dos grupos<br />

terroristas que há anos,<br />

apoiados e suportados pelos<br />

EUA e seus aliados, os<br />

utilizam para alcançar os<br />

seus objectivos, ou seja,<br />

destruir aquele país».<br />

A formação comunista<br />

sublinha, ainda, que a «corajosa<br />

resistência da Síria<br />

e do seu povo exige não a<br />

vergonhosa associação ou<br />

a conivência com as campanhas<br />

que visam branquear<br />

a agressão levada a<br />

cabo pelos Estados Unidos<br />

e seus aliados, mas a solidariedade<br />

de todos os que<br />

defendem os direitos do povo<br />

sírio e a paz».<br />

«Rejeitando a mentira e<br />

não cedendo a manobras<br />

de pressão, impõe-se a continuação<br />

da solidariedade<br />

com a resistência da Síria<br />

e do seu povo. Esse é o caminho<br />

da Paz – é do seu<br />

lado que o PCP está», remata<br />

a declaração de voto<br />

do Grupo Parlamentar comunista.<br />

PCP denuncia degradação na distribuição dos CTT<br />

Serviço público e direitos sob fogo<br />

O PCP considera que há um ataque ao serviço<br />

público postal e aos seus trabalhadores,<br />

defendendo por isso ser urgente que haja uma<br />

«vontade política» capaz de «enfrentar os interesses<br />

dos grandes grupos económicos que<br />

hoje controlam os CTT».<br />

Os lucros dos CTT<br />

aumentam mas a<br />

qualidade do serviço<br />

piora<br />

Múltiplos são os exemplos<br />

que comprovam essa<br />

linha de degradação e ataque,<br />

com reflexos na contínua<br />

erosão da qualidade<br />

do serviço prestado aos<br />

utentes e no agravar dos<br />

problemas dos trabalhadores.<br />

«Agora é a própria distribuição<br />

do correio que<br />

está a ser degradada», alertou<br />

na AR, dia 14, o deputado<br />

comunista Bruno<br />

Dias numa declaração política<br />

em que demonstrou<br />

o carácter indissociável entre<br />

a situação actual e o<br />

processo que conduziu à<br />

privatização dos CTT.<br />

A testemunhar essa deterioração<br />

e o mau serviço<br />

prestado às populações (ver<br />

caixa) está, por exemplo,<br />

o caso de um Centro de<br />

Distribuição Postal onde o<br />

correio só está a ser distribuído<br />

uma vez por semana.<br />

Essa é apenas uma situação<br />

entre as muitas detectadas<br />

em 32 CDP de vários<br />

pontos do País, segundo<br />

o apuramento feito pelas<br />

estruturas representativas<br />

dos trabalhadores da<br />

empresa, nomeadamente<br />

o Sindicato Nacional dos<br />

Trabalhadores dos Correios<br />

e Telecomunicações<br />

(SNTCT).<br />

O que o País tem vindo<br />

a assistir é, pois, a uma degradação<br />

deste serviço público<br />

essencial, isto depois<br />

de terem encerrado 564<br />

estações e postos dos CTT<br />

desde 2009, e de as populações<br />

– especialmente as<br />

do interior – terem perdido<br />

centenas e centenas de<br />

escolas, tribunais e juntas<br />

de freguesia, serviços e instituições<br />

com um papel vital<br />

no esforço de contrariar<br />

o «isolamento e o abandono»,<br />

como bem sublinhou<br />

o deputado do PCP.<br />

Despedimento<br />

encapotado<br />

A vida está a comprovar a razão do PCP quando advertiu que a privatização dos CTT<br />

significaria pior serviço para as populações e um agravar das condições dos seus trabalhadores<br />

A sofrer as consequências<br />

das orientações que<br />

regem a empresa estão<br />

igualmente os seus trabalhadores<br />

das diversas áreas,<br />

os quais estão a ser alvo,<br />

segundo Bruno Dias,<br />

de uma «verdadeira operação<br />

de despedimento colectivo<br />

encapotado, por via<br />

de cartas para “rescisões<br />

por mútuo acordo”».<br />

Uma operação – onde<br />

não têm faltado as «pressões,<br />

chantagens e assédio<br />

moral», segundo relatos dos<br />

trabalhadores – a que a administração<br />

chama de «processo<br />

de optimização de recursos<br />

humanos», mas que<br />

em rigor tem o propósito<br />

de lançar trabalhadores no<br />

desemprego, apesar de<br />

«faltar pessoal em vários<br />

sectores».<br />

Uma realidade, em suma,<br />

que vem demonstrar,<br />

mais uma vez, que para os<br />

detentores do capital a qualidade<br />

do serviço postal e<br />

os direitos dos trabalhadores<br />

são uma coisa menor<br />

face à única lei que reconhecem:<br />

a maximização do<br />

lucro.<br />

Daí Bruno Dias ter posto<br />

o acento tónico na necessidade<br />

de pôr cobro a<br />

esta política de ataque ao<br />

serviços público e aos trabalhadores<br />

levada a cabo<br />

pelos grupos que controlam<br />

os CTT, deixando, pela<br />

parte do PCP, a garantia<br />

de que continuará firme,<br />

ao lado das populações,<br />

na luta em defesa do<br />

serviço público postal e dos<br />

CTT, colocando a empresa<br />

«verdadeiramente ao serviço<br />

do povo e do País».<br />

E foi no quadro dessa luta,<br />

aliás, que a bancada comunista<br />

confrontou já o Governo<br />

com a necessidade<br />

de ser dada uma resposta<br />

clara à actuação dos CTT<br />

e viu aprovado em comissão,<br />

no mesmo dia em que<br />

levou este assunto a plenário,<br />

um requerimento seu<br />

no sentido de ouvir na Assembleia<br />

da República, sobre<br />

os problemas identificados,<br />

as organizações representativas<br />

dos trabalhadores<br />

dos CTT e também<br />

a Autoridade Nacional de<br />

Comunicações.<br />

Só entre Janeiro<br />

e Setembro deste ano,<br />

os lucros dos CTT ascenderam a<br />

46 milhões de euros. A este valor<br />

acresce os 72,1 milhões registados<br />

em 2015, os 77,2 milhões em 2014,<br />

os 61 milhões em 2013. Dividendos<br />

que antes da privatização entravam<br />

nos cofres do Estado e que agora<br />

vão direitinhos para os grupos<br />

económicos a quem o anterior<br />

governo vendeu<br />

a empresa.<br />

Nestes anos recentes várias foram as lutas das populações contra o fecho de postos e<br />

estações dos CTT ( na foto, Ervidel 14-05-2013)<br />

Mau serviço e desrespeito<br />

Situações de atraso na entrega dos vales postais com<br />

as pensões de reforma que chegam a ser de 15 dias<br />

ou mais, eis um retrato bem revelador da perda de<br />

qualidade a que chegou o serviço postal. A anomalia<br />

não se fica por aqui e em diversas regiões do País o<br />

reformado é ainda obrigado a ir de estação em estação<br />

até encontrar a que tenha o dinheiro suficiente que<br />

permita resgatar o seu vale postal.<br />

Este é um dos vários exemplos que atesta esse grau<br />

de degradação em que mergulhou o serviço prestado<br />

pelo CTT, confirmando aliás os vários «alertas e<br />

denúncias» que têm chegado ao conhecimento da<br />

Assembleia da República.<br />

Bruno Dias enumerou na sua intervenção várias outras<br />

situações inadmissíveis como é o caso da distribuição<br />

postal efectuada com «giro em dobra», ou seja, com<br />

recurso a carteiros disponíveis para trabalhar para<br />

além do que lhes está atribuído na sua jornada,<br />

realidade verificada em 132 casos, em 55 Centros<br />

de Distribuição Postal. E por isso «há cartas que ficam<br />

vários dias no Centro de Distribuição Postal à espera<br />

para serem entregues», denunciou o deputado do<br />

PCP, que disse ainda ter relatos de «centenas de giros<br />

agenciados», isto é, distribuição de correio<br />

subcontratada a indivíduos, a empresas que em cada<br />

momento podem ou não garantir o serviço, já que não<br />

estão enquadrados na estrutura do CTT nem são por<br />

estes substituídos se faltarem.<br />

A descaracterização das estações de correios e mesmo<br />

a sua desarticulação naquilo que é a sua vocação<br />

e função primordial – assegurar o serviço<br />

público postal – foi outro ponto para o<br />

qual Bruno Dias chamou a atenção,<br />

lamentando que se tenham<br />

transformado em «bazares e os<br />

trabalhadores do serviço postal<br />

em vendedores de livros, discos,<br />

materiais de papelaria, etc.,<br />

etc., etc.»<br />

Medida criticável, do ponto de<br />

vista do PCP, é também a<br />

introdução de «um banco<br />

dentro dos correios», com<br />

todas as exigências de serviço<br />

e funcionamento inerentes quer<br />

para os seus trabalhadores quer<br />

para o atendimento aos utentes.<br />

«São dezenas de estações dos correios,<br />

especificamente apontadas pelos<br />

trabalhadores, onde as filas de espera e os<br />

tempos de espera se tornam insuportáveis para<br />

os utentes enquanto são colocados funcionários pela<br />

empresa não no atendimento ao serviço postal... mas<br />

no serviço bancário», condenou o deputado comunista,<br />

perante um silêncio incomodado das bancadas do<br />

PSD e do CDS, que, ficando-se pelos apartes, se<br />

demitiram de ir a debate.


8 PCP<br />

22-12-2016<br />

José Dias Coelho foi assassinado há 55 anos<br />

Os comunistas não esquecem os seus heróis<br />

O PCP homenageou na segunda-feira, 19, José<br />

Dias Coelho, dedicado militante comunista<br />

e talentoso artista plástico, no local em que há<br />

exactamente 55 anos foi assassinado pela PI-<br />

DE.<br />

José Dias Coelho<br />

foi assassinado<br />

à queima-roupa<br />

pela PIDE<br />

«De todas as sementes<br />

confiadas à terra, é o sangue<br />

derramado pelos mártires<br />

que faz nascer as mais<br />

copiosas searas.» Foi esta<br />

a legenda da última gravura<br />

de José Dias Coelho para<br />

o Avante! clandestino,<br />

relativa ao assassinato de<br />

Cândido Martins (Capilé)<br />

em Novembro de 1961,<br />

numa manifestação em Almada.<br />

Poucos dias depois,<br />

a 19 de Dezembro, foi o<br />

próprio José Dias Coelho a<br />

tombar aos 38 anos, varado<br />

pelas balas da PIDE. O<br />

crime foi perpetrado em<br />

Alcântara, na antiga Rua<br />

dos Lusíadas, actual Rua<br />

José Dias Coelho. O local<br />

está hoje assinalado com<br />

uma placa evocativa.<br />

Foi precisamente aí que,<br />

ao final da tarde da passada<br />

segunda-feira, a Comissão<br />

de Freguesia de Alcântara<br />

do PCP homenageou<br />

uma vez mais este abnegado<br />

militante comunista, funcionário<br />

clandestino do Partido<br />

e talentoso artista plástico,<br />

cuja obra colocou ao<br />

serviço da causa que abraçou<br />

desde muito jovem. Na<br />

evocação, Paulo Raimundo,<br />

do Secretariado, garantiu<br />

que os tiros dos «“pides”<br />

e a crueldade do fascismo<br />

não conseguem fazer<br />

desaparecer o artista,<br />

não abalam o revolucionário,<br />

não apagam a chama<br />

do ideal pelo qual José Dias<br />

Coelho lutou de forma abnegada,<br />

intensa, criativa,<br />

determinada e com capacidades<br />

extraordinárias».<br />

O dirigente comunista<br />

realçou particularmente as<br />

«capacidades extraordinárias<br />

na ligação aos outros,<br />

as capacidades únicas no<br />

trabalho em unidade, as<br />

PCP realiza ronda de encontros<br />

Divulgar as conclusões<br />

do XX Congresso<br />

O PCP iniciou na manhã de anteontem, 20, na sede<br />

nacional da CGTP-IN, em Lisboa, uma ronda de encontros<br />

para divulgar as decisões e orientações emanadas<br />

do seu XX Congresso, que se realizou em Almada no<br />

início do mês. Da Intersindical, a delegação comunista<br />

rumou ao Palácio de Belém para uma audiência com o<br />

Presidente da República. Ontem foi a vez do Bloco de<br />

Esquerda, estando igualmente previstas reuniões semelhantes<br />

com o Partido Ecologista «Os Verdes» e com o<br />

PS.<br />

No que respeita às conclusões do Congresso, o Secretário-geral<br />

do Partido afirmou, à saída do encontro com o<br />

Chefe de Estado, aquelas que foram as principais ideias<br />

transmitidas: relativamente à situação internacional, a<br />

grande incerteza e instabilidade existentes e as ameaças<br />

de guerra, limitações à democracia e à soberania que<br />

pairam sobre os povos, e a coexistência destas realidades<br />

com efectivas possibilidades de transformações progressistas,<br />

sendo a luta dos povos o factor determinante<br />

para garantir avanços no sentido positivo; quanto à situação<br />

do País, os efeitos da política de direita prosseguida<br />

nas últimas décadas e os eixos centrais da política<br />

patriótica e de esquerda que o PCP defende. O Secretário-geral<br />

do Partido destacou três propostas fundamentais<br />

dos comunistas: a renegociação da dívida, o controlo<br />

público da banca e a ruptura com a submissão ao<br />

euro.<br />

Aumento do SMN<br />

Da reunião com a CGTP-IN, em que esteve acompanhado<br />

por Francisco Lopes e Fernanda Mateus, da Comissão<br />

Política, Jerónimo de Sousa sublinhou a convergência<br />

de pontos de vista entre ambas as organizações<br />

no que respeita ao necessário aumento do salário mínimo<br />

para 600 euros já em Janeiro, à importância dos<br />

avanços alcançados no último ano e ao carácter limitado<br />

da actual solução política. A insuficiente valorização<br />

Para os comunistas, homenagear o passado é fundamental para construir o futuro, realçou<br />

Paulo Raimundo<br />

do salário mínimo decidida pelo Governo, de 557 euros,<br />

e a sua resistência em desbloquear a contratação<br />

colectiva.<br />

O dirigente comunista considerou ainda inaceitável a<br />

descida de um ponto percentual na TSU das empresas<br />

como «contrapartida» para o aumento do salário mínimo,<br />

realçando não ser admissível que «sejam dinheiros<br />

da Segurança Social a alimentar, mais uma vez, o lucro<br />

dos patrões». Reconhecendo que o Governo não aceitou<br />

a proposta do PCP para o aumento do salário mínimo,<br />

Jerónimo de Sousa garantiu que o Partido irá insistir na<br />

medida, tal como o fez nos últimos meses relativamente<br />

às pensões: «se a partir de Agosto vai haver o maior aumento<br />

de pensões dos últimos anos, isso deve-se à persistência<br />

do PCP».<br />

Já o Secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos<br />

(que liderava a delegação constituída ainda pelos membros<br />

da Comissão Executiva João Torres, Deolinda Machado<br />

e José Augusto Oliveira), encontrou paralelos entre<br />

o actual Governo e o anterior na insistência em compensar<br />

o patronato pelo justo e necessário aumento dos<br />

salários e, em particular, do Salário Mínimo Nacional.<br />

«Quando as empresas têm lucros eles são distribuídos<br />

pelos accionistas. Não se justifica agora que sejam os trabalhadores<br />

e reformados a pagar o aumento do SMN»,<br />

realçou, considerando insuficiente os 557 euros propos-<br />

capacidades que o revelaram<br />

um mobilizador nato,<br />

presente em todas as lutas<br />

políticas e estudantis dos<br />

anos 40 e 50» enquanto<br />

activista e dirigente do<br />

MUD Juvenil. Foram todas<br />

estas capacidades que possibilitaram<br />

a José Dias Coelho,<br />

e por seu intermédio<br />

ao Partido, contacto e ligação<br />

com as «mais importantes<br />

figuras democráticas<br />

da cultura e da arte» daquele<br />

tempo, valorizou Paulo<br />

Raimundo.<br />

Opção plenamente<br />

assumida<br />

Lembrando a adesão de<br />

José Dias Coelho ao Partido,<br />

no final dos anos 40, e<br />

a sua primeira prisão, pouco<br />

depois, o membro do<br />

Secretariado do Comité<br />

Central destacou a sua passagem<br />

à clandestinidade,<br />

opção que assumiu «de corpo<br />

e alma», pois «sabia ao<br />

que ia e acima de tudo por<br />

que ia». Como uma vez<br />

afirmou, «em toda a parte<br />

há um espaço de mim que<br />

se quer dar» e José Dias<br />

Coelho «deu e deu muito»,<br />

sublinhou Paulo Raimundo.<br />

Desde logo, «deixou para<br />

trás uma importante e<br />

significativa carreira artística».<br />

Mas, para a sua nova<br />

vida de revolucionário<br />

profissional, clandestino,<br />

«levou consigo a sua arte».<br />

Entre outras importantes<br />

tarefas que assumiu «com<br />

as suas mãos, conhecimentos,<br />

engenho», foi a montagem<br />

de uma oficina de<br />

falsificação de documentos<br />

para defesa dos militantes<br />

clandestinos, quer para o<br />

trabalho de organização<br />

quer para as relações internacionais<br />

do Partido.<br />

Em inícios de 1961 passou<br />

a integrar a direcção<br />

partidária de Lisboa, com<br />

a responsabilidade do Sector<br />

Intelectual, onde mais<br />

uma vez sobressaiu a sua<br />

capacidade de «ligação aos<br />

outros»: alargou-se o prestígio<br />

e influência do Partido<br />

entre esta camada e com<br />

ela a própria oposição democrática<br />

ao fascismo.<br />

Construir o futuro<br />

A concluir, Paulo Raimundo<br />

afirmou que se a vida<br />

de José Dias Coelho terminou,<br />

de forma tão violenta<br />

e abrupta, há 55<br />

anos, o mesmo não se passa<br />

com a luta que «honrou<br />

com o seu exemplo de firmeza<br />

serena, de convicções<br />

e de carácter, e que nós,<br />

com orgulho comunista,<br />

queremos guardar para<br />

sempre como património<br />

da nossa luta colectiva». Da<br />

parte das actuais gerações<br />

de comunistas, garantiu<br />

Paulo Raimundo, «aqui estamos<br />

e estaremos, recordamos<br />

os nossos, os nossos<br />

que são parte integrante<br />

da luta do nosso povo»,<br />

pois «recordar e homenagear<br />

os nossos é recordar<br />

e homenagear a luta dos<br />

trabalhadores e do nosso<br />

povo. É isso que fazemos<br />

e faremos, homenageando<br />

o passado, honrando-o no<br />

presente, construindo o futuro».<br />

Antes, Catarina Ângelo,<br />

da Comissão de Freguesia,<br />

proferiu também algumas<br />

palavras sobre a figura e<br />

o exemplo de José Dias<br />

Coelho.<br />

Casa do Douro<br />

Uma delegação do PCP dirigida por João Frazão, da<br />

Comissão Política, visitou recentemente a sede da Casa<br />

do Douro, no concelho do Peso da Régua. Na reunião<br />

que manteve com a Comissão Administrativa, o PCP<br />

voltou a defender a reposição dos «poderes e atribuições<br />

históricas» que a Casa do Douro sempre teve enquanto<br />

instituição de direito público.<br />

O dirigente comunista realçou também a necessidade<br />

de a Casa do Douro recuperar a sua capacidade de<br />

intervenção, que lhe permita assegurar que o «desequilíbrio<br />

natural desta região única no mundo, entre produção e<br />

comércio, se reequilibre a favor dos pequenos e médios<br />

viticultores». João Frazão confessou ainda as preocupações<br />

que o PCP tinha quanto ao pagamento de salários e<br />

indemnizações aos trabalhadores, confessando que a<br />

Comissão Administrativa garantiu que «esses serão os<br />

primeiros a ser ressarcidos», algo que considerou «muito<br />

positivo».


22-12-2016<br />

PCP 9<br />

ALGARVE<br />

Petróleo suspenso<br />

Ao rescindir um conjunto de contratos<br />

de pesquisa, prospecção,<br />

desenvolvimento e produção de<br />

petróleo e gás natural no Algarve, o<br />

Governo foi ao encontro das<br />

preocupações manifestadas pelo PCP,<br />

que desde o início realçou que o País<br />

não podia ser amarrado a contratos<br />

que se revelassem «contrários aos<br />

interesses nacionais». A decisão<br />

confirma ainda que, como o PCP<br />

sempre afirmou, a exploração dos<br />

recursos energéticos do País é uma<br />

matéria «demasiado importante e<br />

sensível para avançar sem um amplo<br />

debate público e sem que seja<br />

assegurada a defesa dos interesses<br />

nacionais». Só desta forma, acrescenta-<br />

-se no comunicado emitido no dia 14<br />

pelo Secretariado da Direcção da<br />

Organização Regional do Algarve,<br />

«será possível ponderar, de forma<br />

esclarecida, as vantagens e<br />

desvantagens, a oportunidade e as<br />

condições do aproveitamento dos<br />

recursos energéticos nacionais,<br />

renováveis e não renováveis, com vista<br />

a assegurar a soberania energética do<br />

nosso País».<br />

Logo em 2011, lembra-se, o PCP<br />

denunciou a opção do anterior governo<br />

de, «à margem do diálogo com<br />

populações, autarquias e outras<br />

estruturas, demitir o Estado das suas<br />

responsabilidades e entregar a<br />

exploração de hidrocarbonetos a<br />

multinacionais do sector», tendo sido<br />

por iniciativa do Partido que esses<br />

contratos, até então desconhecidos do<br />

público, foram divulgados. Também<br />

nessa altura o PCP exigiu a realização<br />

de estudos de impacto ambiental e<br />

económico. Esta intervenção do PCP<br />

expressou-se na aprovação, a 1 de<br />

Julho, de um Projecto de Resolução<br />

que recomendava a realização de<br />

estudos capazes de determinar os riscos<br />

resultantes da prospecção e pesquisa<br />

de petróleo e gás natural e definir as<br />

medidas para os eliminar ou minimizar.<br />

«Este foi um passo importante, porque<br />

vincula politicamente o Governo a<br />

promover essas avaliações», conclui-<br />

-se no comunicado.<br />

PARLAMENTO EUROPEU<br />

Apoios à EMEF<br />

O deputado do PCP no Parlamento<br />

Europeu, João Pimenta Lopes, visitou<br />

recentemente as oficinas da EMEF em<br />

Contumil, no Porto, onde são evidentes<br />

as consequências da política de direita<br />

e das imposições da União Europeia<br />

no sector dos transportes nacional e,<br />

em particular, na ferrovia. Na EMEF,<br />

estas políticas saldaram-se no<br />

desinvestimento prolongado, numa<br />

enorme pressão visando a privatização<br />

do sector, nos défices de mão-de-obra,<br />

na desvalorização dos recursos<br />

humanos e no afunilamento do<br />

conhecimento que não é transmitido,<br />

por falta de admissão de novos<br />

quadros. Nesta visita, foi identificada<br />

a necessidade de investimentos para<br />

a recuperação e expansão da oficina,<br />

com vista a dar resposta à «elevada<br />

procura de trabalho de manutenção<br />

que mantém». Na sequência da<br />

deslocação a esta unidade, o PCP<br />

questionou a Comissão Europeia acerca<br />

dos fundos a que podem ter acesso<br />

empresas públicas como a EMEF para<br />

investimentos relacionados com a<br />

expansão estrutural e a renovação de<br />

infra-estruturas.<br />

Unidade, confiança<br />

e luta<br />

Como tem sido sublinhado, o XX Congresso bro de 2015 e que implica aproveitar<br />

todas as oportunidades para levar<br />

o mais longe possível a reposi-<br />

do PCP constitui um grande êxito e foi<br />

demonstrativo da unidade, determinação e ção de rendimentos e direitos; na<br />

confiança dos comunistas portugueses em torno do ideal luta que, articulando objectivos imediatos<br />

e objectivos estratégicos, se<br />

e do projecto por que lutam. O Congresso traduziu a trava pela ruptura com a política de<br />

elevada consciência política e ideológica do colectivo direita e pela concretização de uma<br />

política patriótica e de esquerda indissociável<br />

da luta por uma demo-<br />

partidário que constitui o PCP e que se revelou ao longo<br />

do processo preparatório e nos três dias da sua<br />

cracia avançada vinculada aos valores<br />

de Abril, pelo socialismo e o co-<br />

realização.<br />

munismo.<br />

De facto, o modo como os militantes<br />

e as organizações do PCP se enlhos<br />

ao longo dos três dias; os con-<br />

delegados participaram nos trabavolveram<br />

na preparação do Congresso<br />

que incluiu, ao longo de meses, sença de 62 delegações estrangeiteúdos<br />

das 137 intervenções; a pre-<br />

Momento marcante<br />

a discussão dos tópicos para as Teses,<br />

a sua construção e discussão e de internacionalista do PCP; a preto<br />

marcante na vida do Partido. A<br />

ras como expressão da solidarieda-<br />

O XX Congresso foi um momen-<br />

a eleição de delegados; o modo como,<br />

num aprofundado processo de de convidados; a unidade verifica-<br />

a ideologia dominante com os seus<br />

sença e o entusiasmo dos milhares sua importância e significado – que<br />

Manuel auscultação, se construiu a proposta<br />

de composição do Comité Cen-<br />

aspectos, fizeram deste Congresso tudo fez para desvalorizar – projecda<br />

nas votações, entre muitos outros multifacetados e poderosos meios<br />

Rodrigues<br />

Membro<br />

tral; como se planificou e realizou uma extraordinária afirmação do Partido,<br />

da sua identidade, acção e força. sociedade portuguesa.<br />

tam-se agora na vida do Partido e na<br />

da Comissão<br />

milhares de reuniões, assembleias<br />

Política<br />

e plenários, com mais de 20 mil participantes<br />

e a apresentação de quaterminação<br />

e confiança ficou clara Sousa na sua intervenção de encer-<br />

Neste ambiente de unidade, de-<br />

Mas como afirmou Jerónimo de<br />

se duas mil propostas de emenda/alteração<br />

ao projecto de resolução pocação<br />

do colectivo partidário com as não este Partido, que nunca teve<br />

a profunda compreensão e identifiramento<br />

do Congresso: «quem selítica,<br />

a maioria das quais integradas<br />

no texto final; como se realizou e continua a ser chamado a dar na em tantas e tantas lutas e que nun-<br />

exigentes respostas que o Partido foi uma vida fácil, que foi temperado<br />

o rol imenso de tarefas necessárias complexa situação nacional e internacional<br />

que estamos a viver, nomearotas,<br />

que nunca descansou face a<br />

ca desanimou perante recuos e der-<br />

ao êxito do Congresso; como os 1154<br />

damente na luta contra a política avanços e vitórias, pode afirmar a<br />

“<br />

de exploração, empobrecimento e sua confiança nos trabalhadores, no<br />

Os trabalhadores declínio nacional do governo PSD/ nosso povo, a sua confiança numa<br />

/CDS com um contributo determinante<br />

e decisivo para o seu isola-<br />

O Congresso do PCP foi o espe-<br />

pátria soberana?»<br />

e o povo sabem que<br />

mento social e derrota política e eleitoral;<br />

na luta pela defesa, reposição mar a sua identidade e natureza de<br />

lho de um Partido apostado em afir-<br />

podem confiar neste<br />

e conquista de direitos possibilitada classe, prosseguindo na luta pelos<br />

pela nova correlação de forças na seus objectivos supremos, o socialismo<br />

e o comunismo, confirmando<br />

Partido ” AR após as eleições de 4 de Outu-<br />

e reafirmando a sua base teórica, o<br />

marxismo-leninismo, no seu desenvolvimento<br />

criativo, patriótico e internacionalista,<br />

com uma profunda<br />

democracia interna, um Partido que<br />

– como frisou o Secretário-geral – não<br />

regateará nenhum esforço, nenhuma<br />

tarefa, que visem defender e conquistar<br />

direitos e melhorar as condições<br />

de vida dos trabalhadores e<br />

do povo, sempre com os olhos postos<br />

na linha do horizonte, no objectivo<br />

supremo que anima e justifica<br />

a nossa razão de ser e de lutar: uma<br />

sociedade liberta da exploração do<br />

homem pelo homem».<br />

A reunião do Comité Central de<br />

sábado passado definiu um conjunto<br />

de linhas de trabalho e tarefas decorrentes<br />

das orientações aprovadas<br />

no Congresso que agora urge levar<br />

à prática, com o empenhamento de<br />

todos os militantes do Partido.<br />

Face à complexidade e exigência<br />

da situação nacional e internacional,<br />

os trabalhadores e o povo sabem<br />

que podem confiar neste Partido,<br />

que não vira as costas à luta e, depois<br />

deste Congresso, está mais forte<br />

e preparado para prosseguir os<br />

combates do presente de olhos postos<br />

no futuro.


10 PCP<br />

22-12-2016<br />

Dia Internacional das Migrações<br />

Apoiar quem está longe da sua terra<br />

Evocando o Dia Internacional das Migrações,<br />

o PCP reafirmou a sua disponibilidade para<br />

defender os interesses e aspirações dos portugueses<br />

residentes no estrangeiro e das comunidades<br />

imigrantes em Portugal.<br />

A ONU proclamou, no<br />

ano 2000, o dia 18 de Dezembro<br />

como Dia Internacional<br />

das Migrações, lembrado<br />

pelo PCP numa nota<br />

do seu Gabinete de Imprensa<br />

emitida dois dias<br />

antes. Ao assinalar a data,<br />

o PCP começa por chamar<br />

a atenção para o facto de<br />

nenhum dos países da<br />

União Europeia ter ratificado<br />

ainda a «Convenção<br />

da ONU sobre a Protecção<br />

dos Direitos de todos os<br />

Trabalhadores Migrantes<br />

e Membros de suas Famílias»,<br />

passados 26 anos da<br />

sua adopção pela Assembleia-geral<br />

das Nações Unidas.<br />

Devendo constituir uma<br />

preocupação constante, garante<br />

o PCP, a luta pela<br />

protecção dos direitos dos<br />

O País deve<br />

romper com as<br />

directivas<br />

europeias sobre<br />

imigração<br />

trabalhadores migrantes e<br />

suas famílias assume hoje<br />

uma «nova dimensão e actualidade»,<br />

perante o recrudescimento<br />

do racismo<br />

e da xenofobia, com partidos<br />

e forças de extrema-<br />

-direita a obterem posições<br />

significativas nos governos<br />

e parlamentos em vários<br />

países europeus. Para o<br />

Partido, a «crise global do<br />

capitalismo» é responsável<br />

pela degradação da situação<br />

económica e social,<br />

enormes níveis de pobreza<br />

e exclusão, intensificação<br />

da exploração, repressão<br />

e opressão dos povos<br />

e ainda pelo desencadear<br />

de conflitos militares que<br />

«espalham a fome, a morte<br />

e a destruição». Aos fluxos<br />

migratórios por razões<br />

económicas juntam-se, assim,<br />

os que «fogem à guerra,<br />

à violência sem limites,<br />

à barbárie».<br />

O PCP acusa ainda o<br />

imperialismo de responder<br />

à «tragédia humanitária»<br />

que ele próprio criou com<br />

«medidas de cariz policial,<br />

repressivas e persecutórias»,<br />

de controlo da mão-<br />

-de-obra imigrante e de<br />

detenção e expulsão dos<br />

“considerados ilegais”» e<br />

com o aumento das dificuldades<br />

impostas ao reagrupamento<br />

familiar.<br />

Particulares<br />

responsabilidades<br />

Coesão territorial<br />

Passar do diagnóstico<br />

à solução<br />

O PCP não desvaloriza os sucessivos<br />

estudos e análises à realidade das regiões<br />

do interior do País, mas entende que o<br />

diagnóstico está feito e que urge, sim, passar<br />

à resolução concreta dos muitos problemas<br />

que as atingem. Num comunicado<br />

do Secretariado da Direcção da Organização<br />

Regional de Bragança, de dia 16, o<br />

Partido, lembrando a aprovação pelo Governo<br />

do Programa Nacional para a Coesão<br />

Territorial e a recente «preocupação<br />

do PSD com os «territórios de baixa densidade»,<br />

acusa as políticas levadas a cabo<br />

ao longo de anos pela situação que actualmente<br />

se vive nessas regiões, como o envelhecimento<br />

e o despovoamento.<br />

Para o PCP, o ataque aos serviços públicos<br />

«por via do encerramento, concentração<br />

ou ainda da municipalização de serviços<br />

de saúde, educação, Justiça ou dos<br />

meios de segurança», a extinção de juntas<br />

de freguesia, a destruição da produção<br />

nacional e a consequente diminuição<br />

de postos de trabalho, o aumento do desemprego<br />

e da emigração ou as dificuldades<br />

de mobilidade nestas regiões são das<br />

mais graves medidas levadas a cabo nos<br />

últimos anos por sucessivos governos e<br />

agravado pelo anterior executivo PSD-CDS.<br />

Retomando as conclusões das jornadas<br />

parlamentares do PCP de Abril, realizadas<br />

nos distritos de Vila Real e Bragança<br />

e dedicadas precisamente ao combate às<br />

assimetrias regionais e ao despovoamento<br />

e à desertificação do interior, o comunicado<br />

recorda uma das ideias centrais no<br />

debate parlamentar de Maio, sobre estas<br />

questões: «uma política de desenvolvimento<br />

é algo mais do que distribuir escassos<br />

recursos de investimento público e esperar<br />

pelo investimento privado estimulado<br />

a partir daquele. Desenvolvimento não é<br />

o mesmo que crescimento económico e este<br />

último é muitas vezes sobrevalorizado<br />

para esconder a inexistência do primeiro.»<br />

Os comunistas sublinham que o desenvolvimento<br />

do interior «está intimamente<br />

ligado à distribuição da riqueza e não à<br />

“pobreza” dos territórios» e que as designadas<br />

«assimetrias regionais» são, também<br />

elas, expressão das assimetrias sociais inerentes<br />

à injusta repartição de rendimentos<br />

e consequente desigualdade de oportunidades.<br />

A defesa das funções sociais<br />

do Estado, salvaguardando o carácter universal<br />

das diversas áreas, do poder local<br />

democrático e a instituição de um poder<br />

regional decorrente da regionalização são<br />

medidas necessárias.<br />

Ora, realça ainda o Partido, o «Programa<br />

Nacional para a Coesão Territorial»<br />

não responde às necessidades do interior,<br />

sendo preciso antes de mais «legitimar<br />

prioridades mediante um exercício de governação<br />

regional devidamente participado,<br />

discutido e sufragado, pois só com uma<br />

disponibilidade orçamental própria e com<br />

meios de governação próprios, o interior<br />

poderá definir as suas próprias prioridades».<br />

Encarar o desenvolvimento regional<br />

exige, na opinião dos comunistas, respostas<br />

ao nível do emprego com direitos, do<br />

apoio à produção (na agricultura, floresta<br />

e indústria extractiva), da reindustrialização,<br />

da elevação das condições de vida,<br />

do apoio à investigação e ao turismo, das<br />

condições de mobilidade, transportes e<br />

comunicações.<br />

António Sousa Maia<br />

Aos 72 anos, faleceu o camarada<br />

António Sousa Maia. Natural de Lisboa,<br />

era torneiro de profissão e membro do<br />

Partido desde 1976. Estava organizado<br />

na freguesia de Odivelas. Integrou o grupo<br />

Cantares de Abril.<br />

Armando Pinto Lopes<br />

Faleceu com 92 anos o camarada<br />

Armando Pinto Lopes. Natural da freguesia<br />

de Eja, Penafiel, foi um dirigente<br />

associativo muito activo, tendo pertencido<br />

aos órgãos sociais da CNA, do FC Porto,<br />

dos Bombeiros e da Junta de Turismo de<br />

Entre-os-Rios. Foi inúmeras vezes candidato<br />

da CDU na sua freguesia, tendo<br />

sido eleito na Assembleia Municipal de<br />

Penafiel. Integrou a Comissão Concelhia<br />

de Penafiel e a Direcção sub-Regional<br />

do Vale do Sousa e Baixo Tâmega do<br />

PCP.<br />

Joaquim Gracias<br />

Faleceu aos 97 anos o camarada<br />

Joaquim Gracias. Natural da freguesia<br />

de Nespereira, em Gouveia, tinha ligação<br />

ao Partido desde 1946, ano em que,<br />

ainda jovem, participou na organização<br />

das históricas lutas dos operários de<br />

lanifícios de Gouveia e da Corda da Serra.<br />

Cumpriu durante anos tarefas de recebimento<br />

de quotas, primeiro na empresa<br />

e depois no seu bairro, tendo sido ainda<br />

membro da Comissão Concelhia de<br />

Gouveia.<br />

Portugal, com cerca de<br />

cinco milhões de portugueses<br />

e luso-descendentes<br />

espalhados pelo mundo<br />

e com uma significativa<br />

comunidade imigrante e<br />

com muitas centenas de<br />

asilados e refugiados devia,<br />

na opinião do PCP,<br />

«romper com directivas,<br />

acordos e agendas da<br />

União Europeia, que não<br />

atacam as causas profundas<br />

dos fenómenos migratórios,<br />

antes os agravam».<br />

Só nos últimos anos, acrescenta,<br />

mais de meio milhão<br />

de portugueses deixaram<br />

o País na esperança<br />

de «encontrar no estrangeiro<br />

uma melhor qualidade<br />

de vida e de trabalho».<br />

Na maioria dos casos, para<br />

tentarem ter uma vida<br />

digna e enviarem dinheiro<br />

para as famílias, estes emigrantes<br />

enfrentam «dificuldades»<br />

e «sacrifícios».<br />

O PCP há muito que se<br />

bate pela prestação de serviços<br />

públicos de qualidade<br />

aos emigrantes portugueses,<br />

designadamente<br />

uma «eficiente e moderna<br />

rede consular e o ensino<br />

da língua identitária aos filhos<br />

dos trabalhadores<br />

portugueses no estrangeiro».<br />

No caso dos imigrantes,<br />

no essencial com condições<br />

de vida muito precárias<br />

e particularmente sujeitos<br />

aos efeitos da intensificação<br />

da exploração,<br />

aumentaram as dificuldades<br />

para todos quantos<br />

pretendem obter a legalização,<br />

ao mesmo tempo<br />

que se mantém a «inqualificável<br />

situação legislativa»<br />

CAMARADAS FALECIDOS<br />

A crise do capitalismo<br />

e as guerras<br />

imperialistas provocam<br />

o aumento do fluxo de<br />

migrantes e refugiados<br />

de filhos poderem ser separados<br />

dos pais, face à<br />

expulsão destes.<br />

A este respeito, o Partido<br />

condena a transposição<br />

para a legislação portuguesa<br />

das diversas directivas<br />

da União Europeia (nomeadamente<br />

a Directiva do<br />

Retorno a as alterações aos<br />

Acordos de Schengen) e<br />

defende uma justa política<br />

nacional de acolhimento e<br />

integração dos imigrantes,<br />

de regularização dos indocumentados<br />

e de respeito<br />

pelos seus direitos, liberdades<br />

e garantias. E defende<br />

que o País ratifique<br />

o quanto antes a «Convenção<br />

da ONU sobre a Protecção<br />

dos Direitos de todos<br />

os Trabalhadores Migrantes<br />

e suas Famílias».<br />

Joaquim Martinho dos Santos<br />

Faleceu o camarada Joaquim Martinho<br />

dos Santos, de Montemor-o-Novo. Encontrava-se<br />

ligado ao Partido desde muito<br />

antes do 25 de Abril.<br />

José Matos Silva<br />

Com 81 anos, faleceu o camarada José<br />

Matos Silva, natural da Cova da Piedade,<br />

em Almada. Trabalhou no Arsenal do<br />

Alfeite como apontador, foi eleito e<br />

presidente da Assembleia de Freguesia de<br />

Amora, no concelho do Seixal, onde estava<br />

organizado.<br />

Maria Elizabete Rumaneiro<br />

Faleceu no passado dia 5 a camarada<br />

Maria Elizabete Rumaneiro, de 65 anos.<br />

Activa desde jovem na luta pela liberdade,<br />

participou em 1973 no último Congresso<br />

da Oposição Democrática, em Aveiro, tendo<br />

sido espancada pela polícia de choque.<br />

Aderiu ao PCP após o 25 de Abril, integrando<br />

durante longos anos a Comissão<br />

de Freguesia de São João dos Montes, em<br />

Vila Franca de Xira, e as listas da APU e<br />

da CDU para a Assembleia de Freguesia,<br />

tendo sido eleita em sucessivos mandatos.<br />

Participou também no movimento associativo<br />

popular, no Grupo de Teatro A Forja e na<br />

União Desportiva e Columbófila Adoslouquense,<br />

do qual era secretária.<br />

*<br />

Aos familiares e amigos dos comunistas falecidos,<br />

o colectivo do Avante! manifesta sentidas<br />

condolências.


22-12-2016<br />

NACIONAL<br />

11<br />

Aprofundar a discussão<br />

A sede da Ecolojovem – «Os Verde», em Lisboa,<br />

acolheu, no dia 18, uma nova reunião do Comité<br />

Nacional Preparatório (CNP) Português do 19.º<br />

Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes,<br />

que se realiza entre 14 e 22 de Outubro, na cidade<br />

de Sochi, Rússia. Na iniciativa aprofundou-se a<br />

discussão sobre o plano de actividades do CNP, que<br />

terá a sua iniciativa pública de lançamento no dia 26<br />

de Janeiro, em Lisboa.<br />

O CNP continua aberto à participação de associações,<br />

estruturas e grupos informais juvenis que queiram<br />

contribuir para a promoção dos valores da paz e pelos<br />

direitos da juventude, divulgando em Portugal o 19.º<br />

Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes.<br />

Trabalhadores prejudicados<br />

João Ferreira e Carlos Moura, vereadores do PCP na<br />

Câmara de Lisboa, acompanhados por eleitos na<br />

Freguesia dos Olivais e estruturas sindicais e<br />

profissionais, realizaram uma visita, no dia 16, à<br />

cidade aeroportuária, estacionamentos e espaços<br />

adjacentes, para analisar o problema da falta de<br />

estacionamento para trabalhadores do aeroporto, que<br />

tem tido consequências negativas nas zonas<br />

residenciais próximas, nomeadamente no Bairro da<br />

Encarnação.<br />

No final da iniciativa, João Ferreira lembrou que<br />

«desde a privatização do aeroporto, houve uma<br />

alteração na política da empresa [que gere a<br />

infra-estrutura, a ANA – Aeroportos de Portugal]<br />

relativamente ao estacionamento» e «tem havido uma<br />

tendência crescente para tirar lugares de<br />

estacionamento aos cerca de 20 mil trabalhadores que<br />

ali exercem funções», em áreas como a segurança, a<br />

logística e o comércio.<br />

Para o eleito do PCP, em causa está uma «total<br />

insensibilidade por parte da empresa, que, para<br />

aumentar receitas [com o estacionamento] tira lugares<br />

aos trabalhadores». A situação afecta sobretudo os<br />

«trabalhadores mais recentes, com baixos salários e<br />

em situação precária, que são empurrados a pagar<br />

uma avença quando dantes havia lugar garantido ou a<br />

empresa comparticipava uma parte», denunciou João<br />

Ferreira, salientando que muitos daqueles<br />

trabalhadores «têm de ir trabalhar em horários<br />

[nocturnos ou de madrugada] em que não há<br />

transporte público», como o Metro ou autocarro.<br />

Simultaneamente, acrescentou, esta realidade «cria<br />

uma pressão fortíssima sobre os moradores da zona»,<br />

visto que, dada a falta de lugares e a cobrança feita,<br />

os funcionários do aeroporto procuram<br />

estacionamento nas redondezas, tendo que se deslocar<br />

«um quilómetro ou mais para vir trabalhar».<br />

O vereador do PCP garantiu ainda que vai «levantar o<br />

assunto na Câmara de Lisboa, para que a autarquia<br />

pressione o Governo a resolver o problema».<br />

No início deste mês, o Partido entregou um<br />

requerimento na Assembleia da República<br />

questionando o executivo sobre «que medidas serão<br />

tomadas pelo Governo junto da ANA, para que esta<br />

encontre uma solução que permita aos trabalhadores<br />

do aeroporto estacionar no local, particularmente nos<br />

períodos em que a oferta de transporte público é<br />

insuficiente».<br />

Para os deputados Bruno Dias, Rita Rato, Miguel<br />

Tiago e Ana Mesquita, que assinam o documento, «é<br />

indispensável ter em conta que os trabalhadores do<br />

aeroporto não podem ficar à mercê das políticas de<br />

exploração e maximização do lucro da Vinci»,<br />

empresa francesa que detém a ANA.<br />

Contentores sem condições para profissionais<br />

e utentes da saúde<br />

Consultas à chuva no Algarve<br />

Nas unidade de saúde familiar (USF) Lauroé,<br />

no Centro de Saúde de Loulé, e de Albufeira<br />

chove dentro dos gabinetes, uma situação que<br />

está a indignar utentes e profissionais.<br />

Centros de saúde<br />

funcionam em<br />

contentores<br />

degradados<br />

Estas duas USF funcionam<br />

em contentores que<br />

têm vindo a degradar-se ao<br />

longo dos anos, razão pela<br />

qual sofrem infiltrações<br />

de água que comprometem<br />

o sistema eléctrico e o funcionamento<br />

dos telefones,<br />

bem como a integridade<br />

dos equipamentos, nomeadamente<br />

informáticos.<br />

Simultaneamente, «alguns<br />

funcionários têm vindo<br />

a queixar-se de reacções<br />

alérgicas do foro respiratório<br />

e dermatológico,<br />

que atribuem ao isolamento<br />

térmico/acústico do contentor<br />

que está podre», denuncia,<br />

em comunicado divulgado<br />

no dia 14, o Sindicato<br />

dos Enfermeiros Portugueses<br />

(SEP).<br />

A mesma fonte dá conta<br />

de que «o serviço de Saúde<br />

Ocupacional da Administração<br />

Regional de Saúde<br />

(ARS) do Algarve está<br />

desprovido dos recursos<br />

humanos necessários e suficientes<br />

para fazer o levantamento<br />

dos riscos a que<br />

os profissionais estão expostos<br />

no seu local de trabalho,<br />

bem como a elaboração<br />

de proposta das necessárias<br />

medidas preventivas,<br />

que cabe à ARS garantir».<br />

Triste realidade<br />

No início do mês, o sindicato<br />

entregou ao secretário<br />

de Estado da Saúde,<br />

Manuel Delgado, no decurso<br />

de uma visita ao Algarve,<br />

uma cópia do manifesto<br />

«Por condições de trabalho<br />

dignas e cuidados de<br />

saúde de qualidade e segurança»,<br />

um documento dirigido<br />

ao ministro da tutela.<br />

O manifesto, subscrito no<br />

espaço de três dias por 47<br />

enfermeiros, descreve a situação<br />

vivida diariamente<br />

na urgência do Hospital de<br />

Caos em Ponte de Lima<br />

Nos serviços de medicina do Hospital de Ponte de<br />

Lima, diariamente com sobrelotação de doentes, a<br />

maioria dos enfermeiros tem até 200 horas em dívida<br />

de trabalho suplementar, não havendo «previsão de<br />

quando poderão ser pagas».<br />

Numa nota de 13 de Dezembro à comunicação social, o<br />

Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) dá ainda<br />

conta de enfermeiras que estão a ser impedidas do<br />

direito a duas horas diárias para amamentação.<br />

Face a este «cenário terceiro mundista», o SEP exige a<br />

«rápida admissão de enfermeiros», o «pagamento<br />

imediato, de acordo com a preferência dos<br />

interessados, das horas as mais, ou seja, em tempo e/ou<br />

em dinheiro» e o «cumprimento do regulamento de<br />

horários negociado naquela instituição e de todos os<br />

direitos consagrados na Lei».<br />

Problema de saúde<br />

pública em Torres Novas<br />

A Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo<br />

alertou, muito recentemente, a presidente do Conselho<br />

Directivo da Administração Regional de Saúde de<br />

Lisboa e Vale do Tejo para um problema de saúde<br />

pública derivado da poluição hídrica e atmosférica da<br />

Ribeira da Boa Água e cursos hídricos a montante e<br />

jusante.<br />

Esta situação, que ocorre no concelho de Torres Novas,<br />

afecta populações e toda a cadeia alimentar. «Nesta área<br />

encontram-se escolas, zonas habitacionais e actividades<br />

industriais e comerciais com grande procura e com<br />

centenas de trabalhadores», informam os utentes.<br />

Chove nos gabinetes dos centros de saúde de Loulé e Albufeira<br />

Portimão e aponta propostas<br />

de solução para melhor<br />

segurança dos utentes e<br />

profissionais.<br />

No discurso de inauguração<br />

da USF Atlântico Sul,<br />

no Centro de Saúde de Portimão,<br />

o governante avançou<br />

que a solução para a<br />

resolução dos problemas<br />

dos serviços de urgência<br />

passa pelo reforço dos cuidados<br />

de saúde primários<br />

e por uma maior disponibilidade<br />

dos profissionais<br />

junto dos utentes no sentido<br />

de se prevenir idas à<br />

urgência.<br />

Numa breve reunião com<br />

Manuel Delgado, o SEP sublinhou<br />

que para a concretização<br />

das ideias avançadas<br />

são necessários 150<br />

enfermeiros nos cuidados<br />

de saúde primários e 450<br />

nos hospitais algarvios, para<br />

além de viaturas, tendo<br />

em conta que as existentes<br />

são insuficientes, com avarias<br />

frequentes e algumas<br />

bastante degradadas. Foram<br />

ainda avançadas outras<br />

reivindicações, como<br />

a aplicação das 35 horas<br />

de trabalho para todos os<br />

enfermeiros, independentemente<br />

do vínculo laboral<br />

e a reposição do valor integral<br />

das horas de qualidade<br />

e extraordinárias.<br />

Seis mil auxiliares<br />

em falta<br />

A Federação Nacional dos Sindicatos dos<br />

Trabalhadores das Funções Públicas e Sociais alertou,<br />

no dia 14, em conferência de imprensa realizada no<br />

Porto, para a falta de seis mil auxiliares de saúde, nos<br />

hospitais e centros de saúde. De acordo com Luís<br />

Pesca, dirigente da federação, a falta destes<br />

trabalhadores será mais sentida «nos picos normais de<br />

gripe e de outros sintomas», que vão levar a que «os<br />

tempos de espera no hospital voltem outra vez a ser<br />

humilhantes para um país que se diz desenvolvido».<br />

Luís Pesca não descarta a possibilidade de «uma<br />

grande acção de luta» já em Janeiro, que poderá passar<br />

«por um momento de greve de todos os trabalhadores<br />

da saúde, devido à ausência de resposta no que diz<br />

respeito à negociação das carreiras» e à «ausência de<br />

resposta à contratação de novos efectivos».<br />

INEM<br />

Também o Sindicato dos Trabalhadores em Funções<br />

Públicas e Sociais do Norte (STFPSN) admitiu, no dia<br />

14, avançar com «medidas ainda mais duras» do que a<br />

greve ao trabalho extraordinário caso o Governo não<br />

resolva os tempos de espera de socorro no Instituto<br />

Nacional de Emergência Médica (INEM), motivados<br />

pela falta de recursos humanos.


12 NACIONAL<br />

22-12-2016<br />

PCP denuncia atraso nos pagamentos<br />

Natal mais pobre no Pico<br />

Serviço público<br />

No dia 15, a Câmara do Seixal aprovou uma tomada<br />

de posição a exigir a reposição da circulação dos<br />

barcos da Transtejo e a melhoria do serviço público<br />

de transportes.<br />

Na reunião onde foi aprovado o documento, Joaquim<br />

Santos, presidente da autarquia, defendeu que «o<br />

transporte fluvial no rio Tejo assume uma enorme e<br />

estratégica importância na mobilidade das populações<br />

da Área Metropolitana de Lisboa (AML), que tem<br />

vindo, de anos a esta parte, a ser posta em causa com<br />

a política seguida, assente na redução do número de<br />

trabalhadores e das acções de manutenção regular<br />

das frotas da Transtejo, conduzindo a vários cortes na<br />

oferta de transporte, e à recorrente supressão de<br />

carreiras programadas, gerando uma enorme perda<br />

de fiabilidade na operação».<br />

Em causa está a situação vivida pelos utentes da<br />

Transtejo, com a constante eliminação de carreiras,<br />

devido à paragem de várias embarcações, por falta de<br />

manutenção. No dia 5 de Dezembro, do total de vinte<br />

e dois navios afectos à Transtejo, só seis se<br />

encontravam operacionais, ou seja, 73 por cento da<br />

frota esteve inoperacional.<br />

A esta situação de degradação do serviço público de<br />

transportes acresce ainda a necessidade da criação de<br />

um sistema tarifário que abarque a intermodalidade<br />

em toda a AML. Entende a autarquia que se deveria<br />

criar atractividade para uma utilização do serviço de<br />

transportes colectivos em detrimento da mobilidade<br />

individual. Contudo, apostar na qualidade deste<br />

serviço e na sua sustentabilidade só é possível através<br />

uma utilização integrada que permita reforçar a<br />

mobilidade em toda a AML.<br />

O passe social intermodal é, neste sentido, o garante<br />

para uma verdadeira prestação do serviço público de<br />

transportes, integrando todos os operadores e modos<br />

de transporte, com um tarifário que responda às<br />

necessidades actuais, para estimular a sua utilização.<br />

Utentes indignados<br />

Num comunicado divulgado na segunda-feira, 19, a<br />

Comissão de Utentes do Seixalinho, no Montijo,<br />

exige uma reunião urgente à administração da<br />

Transtejo, por considerar que o serviço prestado por<br />

aquela empresa «tem vindo a degradar-se ao longo<br />

dos últimos anos». Os utentes vão, por isso, realizar<br />

uma concentração de protesto, no dia 4 de Janeiro, no<br />

Terminal Fluvial do Cais do Sodré, em Lisboa.<br />

Nas últimas semanas, os representantes dos<br />

trabalhadores, sindicatos, utentes e autarquias têm<br />

contestado os problemas nas ligações fluviais do rio<br />

Tejo na região de Lisboa. No dia 7, um grupo<br />

deslocou-se ao Ministério do Ambiente (que tutela os<br />

transportes urbanos) para entregar um documento a<br />

dar conta da situação actual das transportadoras<br />

Transtejo e da Soflusa.<br />

Incentivar a economia<br />

A PineFlavour, unidade fabril de processamento de<br />

pinha e de pinhão, foi este mês inaugurada na Zona<br />

Industrial de Grândola, num investimento de 1,5<br />

milhões de euros, com o objectivo de aproveitar<br />

matéria-prima nacional para comercializar no mercado<br />

interno e externo.<br />

Segundo o presidente da autarquia, António Figueira<br />

Mendes, o investimento é um exemplo de que «as<br />

potencialidades do concelho não se resumem e<br />

esgotam nos 45 quilómetros de costa atlântica e na<br />

actividade turística». «É fundamental que saibamos<br />

conjugar esforços e tirar partido das inúmeras<br />

riquezas do território, nomeadamente na fileira<br />

florestal», acentua o eleito do PCP.<br />

O PCP questionou, segunda-feira, 19, o Governo<br />

Regional dos Açores sobre os atrasos no<br />

pagamento dos serviços de transporte escolar<br />

na ilha do Pico.<br />

Num requerimento entregue<br />

na Assembleia Legislativa<br />

da Região Autónoma<br />

dos Açores, João<br />

Paulo Corvelo, deputado<br />

do PCP eleito pela ilha das<br />

Flores, explica que a falta<br />

de pagamento do serviço<br />

de transporte escolar na<br />

ilha do Pico «levou ao atraso<br />

no pagamento do subsídio<br />

de Natal aos trabalhadores»,<br />

uma «situação tanto<br />

mais inadmissível quando<br />

decorre do incumprimento<br />

de obrigações por<br />

parte da própria Administração<br />

Regional».<br />

Os comunistas querem<br />

por isso saber «qual o atraso<br />

total existente nestes pagamentos»,<br />

«o que explica<br />

esta situação» e «quando<br />

serão pagas as verbas devidas<br />

à empresa em causa».<br />

Segundo informações avançadas<br />

nos últimos dias, nas<br />

Incumprimento<br />

de obrigações<br />

por parte da<br />

Administração<br />

Regional<br />

escolas da Madalena e São<br />

Roque o executivo PS não<br />

efectuou o pagamento no<br />

último trimestre e na Escola<br />

das Lajes do Pico durante<br />

todo o ano de 2016.<br />

Repor a legalidade<br />

O Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC)<br />

promoveu, no dia 12, no Ateneu de Coimbra, um debate<br />

sobre «A situação na Síria».<br />

Na iniciativa – que contou com o apoio do Sindicato dos<br />

Professores da Região Centro e do próprio Ateneu – abordou-se<br />

os complexos e recentes desenvolvimentos na batalha<br />

de Alepo, a resistência do povo sírio e apelou-se à<br />

necessidade de diversificar as fontes de informação, dado<br />

o cerco informativo e a manipulação que no Ocidente<br />

se desenvolve sobre o assunto.<br />

Ilda Figueiredo, presidente do CPPC, fez um detalhado<br />

enquadramento histórico daquela região e referiu as<br />

consecutivas e terríveis guerras e acções do imperialismo<br />

desencadeadas nos últimos 15 anos com o objectivo de<br />

domínio geoestratégico e de se apoderar de diversas fontes<br />

de matérias primas em todo o Médio Oriente e não só.<br />

Também os Bombeiros<br />

Voluntários da Madalena,<br />

na ilha do Pico, não receberam<br />

o subsídio de Natal<br />

atempadamente, uma situação<br />

que motivou um requerimento<br />

de João Paulo Corvelo,<br />

entregue no dia 13,<br />

onde se pergunta ao Governo<br />

Regional «se já transferiu<br />

todas as verbas devidas»<br />

e «quando será pago»<br />

aquele suplemento.<br />

Para o PCP, «este atraso<br />

é difícil de entender»,<br />

uma vez que as associações<br />

de bombeiros «recebem do<br />

Serviço Regional de Protecção<br />

Civil as verbas necessárias<br />

para estes subsídios».<br />

Coimbra debate situação na Síria<br />

Até ao final do ano, está patente<br />

no Mercado do Livramento,<br />

em Setúbal, uma exposição<br />

de fotografias da sede<br />

e dos calabouços da PIDE<br />

naquela cidade (Bairro Salgado),<br />

iniciativa da delegação<br />

concelhia da União de Resistentes<br />

Antifascistas Portugueses<br />

(URAP), com o apoio da<br />

Câmara Municipal, da Junta<br />

de Freguesia de São Sebastião<br />

e da União das Freguesias de<br />

Setúbal.<br />

Na inauguração, no dia 16,<br />

Pedro Soares, autor das fotografias<br />

e membro da URAP,<br />

sublinhou: «Jamais podemos<br />

perder oportunidades de denunciar<br />

o fascismo e evocar o<br />

combate pelo 25 de Abril».<br />

Mau cheiro<br />

na EB das Flores<br />

No dia 6, João Paulo Corvelo apresentou um<br />

outro requerimento a questionar o Governo<br />

Regional sobre os «intensos maus cheiros» que,<br />

uma vez mais, invadiram a Escola Básica (EB)<br />

das Flores, causando um profundo incómodo a<br />

professores, funcionários e estudantes,<br />

tornando muito difícil aí permanecer ou<br />

trabalhar.<br />

«Os maus cheiros que provêm das fossas do<br />

edifício são um problema recorrente, que<br />

acontece desde a inauguração da escola,<br />

sugerindo a existência de graves erros de<br />

construção que nunca foram corrigidos», alerta<br />

o deputado do PCP, lembrando que a «questão»<br />

foi colocada por diversas vezes ao Governo<br />

Regional, nomeadamente pelo Conselho de Ilha<br />

das Flores e pela Câmara e Assembleia<br />

Municipal das Lajes das Flores, «sem que no<br />

entanto tenha existido qualquer resposta ou<br />

intervenção para corrigir o problema».<br />

No final do debate, apelou-se à mobilização das pessoas<br />

para a luta pela paz<br />

Denunciar o fascismo em Setúbal<br />

Com uma luta antifascista que vem de longe, a URAP tem desenvolvido a sua acção<br />

em defesa dos ideais do 25 de Abril e da democracia


22-12-2016 TRABALHADORES<br />

13<br />

Barata<br />

Devido a constantes<br />

atrasos no pagamento de<br />

salários, os trabalhadores<br />

das Pastelarias Barata, em<br />

Castelo Branco, decidiram<br />

na passada sexta-feira<br />

marcar greve para 24 de<br />

Dezembro, informou o<br />

Sindicato da Hotelaria do<br />

Centro, que formalizou o<br />

pré-aviso. A greve será<br />

concretizada caso os patrões<br />

não paguem antes o salário<br />

de Novembro e o subsídio<br />

de Natal.<br />

Viseu<br />

O pessoal da SUCH que<br />

assegura o serviço de<br />

alimentação no Hospital de<br />

São Teotónio, em Viseu, fez<br />

greve na sexta-feira, dia 16,<br />

com adesão total,<br />

cumprindo apenas os<br />

serviços mínimos, em<br />

protesto contra os ritmos de<br />

trabalho muito intensos. A<br />

situação deve-se a haver<br />

número insuficiente de<br />

funcionários para as<br />

necessidades do serviço,<br />

como explicou à agência<br />

Lusa um dirigente do<br />

Sindicato da Hotelaria do<br />

Centro, e foi agravada pela<br />

decisão da administração<br />

de não tomar medidas, a<br />

tempo e horas, para garantir<br />

a substituição de<br />

trabalhadores em baixa ou<br />

em licença de maternidade.<br />

Afonso Figueiredo deu<br />

conta de pressões para obter<br />

trabalho em dias de<br />

descanso semanal ou para<br />

prolongamento de turnos,<br />

chegando a jornadas de 12<br />

ou 13 horas. É reivindicado<br />

que entrem para o quadro<br />

efectivo trabalhadores com<br />

vínculos precários, em<br />

postos de trabalho<br />

permanentes, que estão<br />

sujeitos a ainda maior<br />

pressão, realçou o dirigente.<br />

Reintegração<br />

Frente ao Hotel Crowne<br />

Plaza Vilamoura<br />

estiveram, no dia 15, os<br />

trabalhadores e activistas<br />

sindicais ilegalmente<br />

despedidos a 21 de<br />

Novembro, para exigirem a<br />

reintegração nos seus postos<br />

de trabalho. O Sindicato da<br />

Hotelaria do Algarve, que<br />

organizou a concentração,<br />

assinalou a presença<br />

solidária de representantes<br />

da União dos Sindicatos do<br />

Algarve (CGTP-IN) e de<br />

outras estruturas sindicais,<br />

bem como outros<br />

trabalhadores. O sindicato<br />

acusa a administração de<br />

pretender liquidar a<br />

organização sindical no hotel<br />

para continuar a baixar<br />

salários, a não pagar<br />

milhares de euros de<br />

trabalho suplementar e a<br />

desrespeitar direitos<br />

fundamentais dos<br />

trabalhadores. Um novo<br />

protesto ficou anunciado<br />

para dia 29.<br />

Acções em várias empresas e grande plenário distrital<br />

Dia de luta no Porto<br />

O plenário da União dos Sindicatos do Porto<br />

foi realizado num dia em que ocorreram acções<br />

de protesto no comércio, na saúde, na<br />

hotelaria, na alimentação e nas telecomunicações.<br />

Quarta-feira, 14 de Dezembro,<br />

«foi um dia de acção<br />

e luta» do movimento<br />

sindical unitário do Porto.<br />

Num depoimento publicado<br />

no sítio da União dos<br />

Sindicatos do Porto, o coordenador<br />

da estrutura distrital<br />

da CGTP-IN referiu<br />

que, de manhã, tiveram lugar<br />

acções do CESP, junto<br />

de lojas do Pingo Doce<br />

e do Minipreço; do Sindicato<br />

dos Enfermeiros Portugueses,<br />

no Hospital de<br />

São João; do Sindicato dos<br />

Trabalhadores em Funções<br />

Públicas, junto do CODU<br />

do INEM; do Sindicato da<br />

Hotelaria, junto do Hospital<br />

da Arrábida, inserida na campanha<br />

nacional da CGTP-<br />

-IN contra a precariedade,<br />

que ali tem níveis elevados;<br />

e do Sintab, na Confeitaria<br />

Torres, na Trofa.<br />

Foi «um dia de intensa<br />

actividade sindical pelos<br />

direitos, interesses e aspirações<br />

dos trabalhadores»,<br />

disse Tiago Oliveira, enumerando<br />

as iniciativas realizadas<br />

durante a manhã.<br />

Ficou patente a<br />

determinação de<br />

prosseguir a luta<br />

O Sindicato do Comércio,<br />

Escritórios e Serviços<br />

(CESP/CGTP-IN) rebate a<br />

estratégia patronal para redução<br />

dos salários e desregulação<br />

total dos horários<br />

e, perante as posições da<br />

associação patronal da<br />

grande distribuição (APED),<br />

persiste em mobilizar os<br />

trabalhadores para reivindicarem<br />

directamente nas<br />

empresas.<br />

Na negociação do contrato<br />

colectivo de trabalho,<br />

o sindicato reclama: aumentos<br />

salariais de 40 euros,<br />

para todos os trabalhadores,<br />

com eliminação<br />

da Tabela B; 25 dias de<br />

férias; horário semanal de<br />

39 horas; passagem a efectivos<br />

de todos os trabalhadores<br />

que estão com vínculos<br />

precários em postos<br />

de trabalho permanentes;<br />

equiparação da carreira<br />

de operador de armazém<br />

à de operador de supermercado.<br />

Mas a APED<br />

contrapõe a redução do<br />

valor do trabalho suplementar<br />

e em dia feriado,<br />

a introdução do «banco»<br />

de horas e a recusa de<br />

qualquer actualização salarial.<br />

O CESP considera inaceitável<br />

a posição patronal,<br />

lembrando as centenas de<br />

milhões de lucros gerados<br />

no sector e o aumento das<br />

vendas em 3,1 por cento,<br />

nos primeiros nove meses<br />

de 2016, em contraste com<br />

as baixas remunerações que<br />

os trabalhadores auferem,<br />

a rondar o valor do salário<br />

mínimo nacional.<br />

A decisão de continuar<br />

a realizar plenários e reuniões,<br />

nas lojas e armazéns,<br />

e acções públicas frente a<br />

sedes e estabelecimentos<br />

das principais empresas,<br />

teve expressão em três locais,<br />

na semana passada.<br />

Os participantes no plenário foram, no final dos trabalhos, até ao edifício da NOS,<br />

onde se realizou uma concentração contra os elevados índices de precariedade laboral na<br />

empresa e no sector<br />

De tarde, no auditório da<br />

Casa Sindical, realizou-se<br />

«um grande plenário distrital,<br />

com mais de 250 dirigentes<br />

e delegados», que<br />

analisou «a grande actividade<br />

levada a cabo desde<br />

o 11.º Congresso da USP,<br />

em Junho, sem baixar os<br />

braços, com apresentação<br />

de cadernos reivindicativos,<br />

com um forte combate<br />

à intenção do patronato<br />

de atacar a contratação colectiva».<br />

Na discussão, «ficou expressa<br />

grande determinação<br />

para continuar a luta<br />

pelas justas reivindicações<br />

dos trabalhadores», realçou<br />

o coordenador da USP<br />

e membro da Comissão<br />

Executiva da CGTP-IN.<br />

O dia terminou com uma<br />

concentração, ao fim da<br />

tarde, em Campanhã, frente<br />

ao edifício da NOS, para<br />

onde os participantes no<br />

plenário distrital se deslocaram<br />

em manifestação.<br />

Esta iniciativa integrou-se<br />

na campanha nacional contra<br />

a precariedade e por<br />

emprego com direitos. Foram<br />

relevados os índices<br />

de trabalho precário, quer<br />

a nível nacional e no distrito,<br />

quer no sector das telecomunicações,<br />

«onde este<br />

flagelo predomina mais»,<br />

como explicou Tiago Oliveira.<br />

Luta nos supermercados<br />

Porto, Avenida da Boavista<br />

Olival das Minas, Vialonga<br />

Frente à loja do Pingo<br />

Doce, na Avenida da Boavista,<br />

no Porto, concentraram-se<br />

no dia 14, ao fim<br />

da manhã, três dezenas de<br />

trabalhadores.<br />

À mesma hora, também<br />

Frente ao Hospital de São João, o SEP voltou a chamar a<br />

atenção para a falta de profissionais de enfermagem, o aumento<br />

da carga sobre os enfermeiros ao serviço e o incumprimento<br />

do pagamento do trabalho realizado e dos tempos<br />

de descanso<br />

Porto, Rua 5 de Outubro<br />

no Porto, um número semelhante<br />

de trabalhadores<br />

concentrou-se frente ao Minipreço,<br />

na Rua 5 de Outubro,<br />

destacando-se neste<br />

caso a acusação de que<br />

o grupo espanhol DIA assedia<br />

funcionários, procurando<br />

levar a que rescindam<br />

contratos, para facilitar<br />

a estratégia de franquiar<br />

lojas, com o objectivo<br />

de baixar salários e retirar<br />

direitos, a fim de aumentar<br />

os lucros.<br />

No dia 16, à hora de almoço,<br />

o CESP promoveu<br />

uma concentração de trabalhadores<br />

do Pingo Doce,<br />

no Olival das Minas<br />

(Vialonga, Vila Franca de<br />

Xira), colocando o acento<br />

nos problemas relativos à<br />

organização do tempo de<br />

trabalho, quer quanto a horários<br />

e intervalos, quer no<br />

aumento da carga, devido<br />

à falta de pessoal.


14 TRABALHADORES 22-12-2016<br />

Excepção<br />

Na Transtejo e na Soflusa<br />

o Governo deve tomar<br />

«medidas excepcionais,<br />

que respondam no<br />

imediato às necessidades<br />

das empresas, de modo<br />

a repor a qualidade<br />

do serviço público de<br />

transporte fluvial» e<br />

garantir «que situações<br />

de supressão, como<br />

existiram num passado<br />

recente, não se voltem<br />

a repetir», exigiram as<br />

organizações de<br />

trabalhadores e de utentes<br />

e as câmaras municipais<br />

que se reuniram, no dia<br />

13, com o ministro do<br />

Ambiente. Numa nota,<br />

publicada dia 15 pela<br />

Fectrans/CGTP-IN e<br />

subscrita pelas demais<br />

entidades, refere-se que foi<br />

reafirmada a importância<br />

de ter sido interrompido<br />

o processo que o governo<br />

PSD/CDS tinha em marcha,<br />

para privatizar a Transtejo<br />

e Soflusa, notando que,<br />

«para essa decisão ter<br />

consequências, se impõe a<br />

melhoria da gestão das<br />

empresas».<br />

«Valorizando» a informação<br />

de que o Governo vai<br />

nomear um conselho de<br />

administração em<br />

exclusividade para estas<br />

empresas, o qual terá de<br />

apresentar, até ao final de<br />

Fevereiro, um plano urgente<br />

de manutenção dos navios,<br />

entre outras medidas,<br />

considera-se «insuficiente»<br />

a falta de acções para<br />

resolver de imediato<br />

problemas graves.<br />

É referida a renovação<br />

de certificados de<br />

navegabilidade, que alguns<br />

vão caducar em 2017.<br />

Diagnóstico<br />

«Ao fim da mais longa<br />

greve da história das<br />

nossas profissões, atingimos<br />

o nosso primeiro grande<br />

objectivo», anunciou o<br />

Sindicato Nacional dos<br />

Técnicos Superiores de<br />

Saúde das áreas de<br />

Diagnóstico e Terapêutica,<br />

num comunicado que emitiu<br />

no dia 13. Na véspera<br />

tinha sido assinado um<br />

acordo com o Governo<br />

sobre o novo regime das<br />

carreiras profissionais,<br />

para consagrar o estatuto<br />

de técnico superior a todos<br />

os técnicos de diagnóstico<br />

e terapêutica. O STSS,<br />

sindicato não filiado que<br />

integra a Frente Comum<br />

da Administração Pública,<br />

reafirma que «esta era uma<br />

etapa sem a qual não seria<br />

possível negociar quaisquer<br />

matérias de importância<br />

determinante para<br />

as nossas profissões».<br />

Congratulando-se pelo<br />

resultado, que exigiu ainda<br />

posição firme numa reunião,<br />

dia 2, já com a greve<br />

levantada, o sindicato alerta<br />

para as próximas etapas.<br />

Normalizar a negociação e aumentar salários<br />

Levada a carta à ANIMEE<br />

Dirigentes e delegados sindicais, representando milhares<br />

de trabalhadores de empresas fabricantes<br />

de material eléctrico e electrónico, entregaram dia<br />

15 à ANIMEE a Carta Reivindicativa para 2017,<br />

com um alerta de luta.<br />

O ministro do Trabalho<br />

deve intervir para travar o<br />

ataque à contratação colectiva<br />

desencadeado pelas seguradoras,<br />

que procuram ganhar<br />

cerca de 40 milhões de<br />

euros por ano, à custa de<br />

congelamentos de carreiras e<br />

promoções, do fim das diuturnidades<br />

(antiguidades), do<br />

complemento do subsídio de<br />

doença (incluindo os primeiros<br />

três dias de baixa) e do suplemento<br />

(20 por cento da remuneração-base)<br />

por horário<br />

diferenciado ou por turnos.<br />

Para tentar reunir-se com<br />

o governante e transmitir-lhe<br />

esta mensagem, uma vez que<br />

está sem resposta um pedido<br />

de reunião feito em Maio, o<br />

Sindicato Nacional dos Profissionais<br />

de Seguros e Afins<br />

(Sinapsa) realizou uma concentração<br />

na Praça de Londres,<br />

em Lisboa, durante a<br />

tarde de 15 de Dezembro.<br />

Com os dirigentes e delegados<br />

sindicais, esteve uma delegação<br />

da CGTP-IN, incluindo<br />

o Secretário-geral,<br />

Arménio Carlos, e o coordenador<br />

da União dos Sindicatos<br />

de Lisboa, Libério Domingues,<br />

membro da Comissão<br />

Executiva.<br />

Com o apoio de um carro<br />

de som, foi distribuído um folheto<br />

aos transeuntes. Foi entregue<br />

um dossier no Ministério<br />

e também aos jornalistas.<br />

A Associação Portuguesa<br />

de Seguradores «agiu com<br />

má-fé negocial», quando há<br />

Os patrões<br />

só ouvem a voz<br />

da unidade<br />

e da luta<br />

dos trabalhadores<br />

O documento resultou de<br />

uma proposta da Fiequimetal/CGTP-IN<br />

e dos sindicatos<br />

com representação no sector,<br />

que foi discutida com os<br />

trabalhadores nos últimos<br />

dois meses. A entrega à associação<br />

patronal foi assinalada<br />

com uma concentração<br />

nacional de representantes<br />

dos trabalhadores, ao fim da<br />

manhã de quinta-feira da semana<br />

passada, em frente à<br />

sede da ANIMEE, na Avenida<br />

Guerra Junqueiro, em<br />

Lisboa.<br />

A jornada serviu também<br />

para exigir a normalização<br />

do processo de negociação<br />

do contrato colectivo de trabalho<br />

e o fim do bloqueio<br />

patronal da contratação colectiva.<br />

Em contraposição à<br />

perda de poder de compra<br />

dos salários, à intensificação<br />

dos ritmos de trabalho (que<br />

neste sector é apontada como<br />

a principal causa de doenças<br />

profissionais), à precariedade<br />

de emprego e ao desajustamento<br />

das carreiras<br />

profissionais, foram apontados<br />

os elevados lucros das empresas.<br />

«Só em 2015, meia<br />

Travar o ataque<br />

nos Seguros<br />

um ano se extinguiu como<br />

associação patronal, para perder<br />

a representatividade<br />

como subscritora do contrato<br />

colectivo de trabalho de<br />

2008, acusou Paulo Mourato.<br />

O presidente do Sinapsa<br />

(sindicato não filiado na Inter,<br />

mas com o qual «temos em<br />

comum a defesa dos interesses<br />

dos trabalhadores», como<br />

realçou Arménio Carlos) acusou<br />

ainda o Ministério do<br />

Trabalho de «permitir uma<br />

violação grosseira» do direito<br />

de negociação da contratação<br />

colectiva. Tal sucedeu<br />

em dois passos: viabilizou a<br />

alteração de estatutos da APS,<br />

em Novembro de 2015, e, a<br />

29 de Junho, publicou uma<br />

portaria de extensão do acordo<br />

colectivo de trabalho que<br />

as seguradoras subscreveram<br />

com as estruturas da UGT e<br />

onde ficaram contempladas<br />

as perdas para os trabalhadores.<br />

Foi neste contexto que sete<br />

No «teste dos Seguros», o ministro tem de mostrar que<br />

defende a dinamização da contratação colectiva, defenderam<br />

os dirigentes do Sinapsa e da CGTP-IN<br />

Frente à sede da associação patronal, foi apontado o contraste entre os elevados lucros<br />

das empresas e os baixos salários dos trabalhadores<br />

seguradoras comunicaram<br />

aos seus trabalhadores que<br />

pretendem deixar de aplicar<br />

o CCT de 2008, para o trocarem<br />

pelo ACT de 2016.<br />

«O contrato do Sinapsa é<br />

atacado porque é melhor para<br />

os trabalhadores», observou<br />

Arménio Carlos, reiterando a<br />

acusação de que a APS pretende<br />

assim escapar-se ao<br />

cumprimento do acórdão do<br />

Supremo Tribunal de Justiça,<br />

que em 2012 pôs fim a um<br />

processo que visava a caducidade.<br />

Exigiu que o Ministério<br />

do Trabalho e a DGERT<br />

travem as pretensões da APS<br />

e salientou que este «teste<br />

dos Seguros» é uma questão<br />

política. Se aqui vingasse esta<br />

manobra patronal «outras se<br />

sucederiam noutros sectores»,<br />

pelo que se justifica<br />

prosseguir a resistência e a<br />

luta nos Seguros, merecendo<br />

a solidariedade dos demais<br />

trabalhadores, defendeu Arménio<br />

Carlos.<br />

dúzia de multinacionais obtiveram<br />

resultados líquidos<br />

superiores a 250 milhões de<br />

euros», disse Rogério Silva,<br />

coordenador da Fiequimetal<br />

e membro da Comissão Executiva<br />

da CGTP-IN.<br />

Intervindo na concentração,<br />

pouco antes de uma delegação<br />

subir à sede patronal,<br />

acentuou que «a resistência<br />

dos trabalhadores e a<br />

sua luta têm permitido que<br />

os direitos que emanam do<br />

nosso contrato colectivo sejam<br />

respeitados nas empresas<br />

do sector» e assegurou<br />

que, «se não houver avanços,<br />

nos próximos meses, vamos<br />

agir em conformidade» e<br />

«em cada empresa, dar a<br />

resposta à altura dos acontecimentos».<br />

Sobre os problemas mais<br />

sentidos e a resposta dos trabalhadores,<br />

falaram também<br />

dirigentes do SIESI, do SITE<br />

CSRA e do SITE Norte,<br />

como se refere na notícia publicada<br />

no sítio electrónico da<br />

federação. O caso da Hanon<br />

Systems, em Palmela, foi<br />

apontado como exemplo da<br />

disponibilidade crescente<br />

para fazer frente à imposição<br />

de horários e ritmos de trabalho<br />

«cada vez mais desumanos».<br />

Contra a intenção<br />

da administração de roubar<br />

o direito ao descanso no dia<br />

23 de Dezembro, há muito<br />

conquistado, os trabalhadores<br />

marcaram greve para<br />

essa data.<br />

A delegação, recebida por<br />

um representante patronal,<br />

informou que a ANIMEE declarou<br />

que irá analisar a Carta<br />

Reivindicativa. Numa breve<br />

intervenção, antes de<br />

terminar o protesto na rua,<br />

João Torres, da Comissão<br />

Executiva da CGTP-IN, alertou<br />

que esperar a resposta<br />

patronal não basta, sendo<br />

essencial acentuar os sinais<br />

de disponibilidade para intensificar<br />

a luta, pois é isso<br />

que os patrões vêem».<br />

Exemplo<br />

na EMEF<br />

Se quer combater a precariedade laboral, o Governo tem<br />

de dar o exemplo e promover a admissão de pessoal na EMEF,<br />

defenderam as organizações representativas dos trabalhadores<br />

da empresa de manutenção ferroviária, no dia 16. Uma<br />

delegação deslocou-se à sede da CP (única accionista da<br />

EMEF), onde entregou uma carta com esta reivindicação, sendo<br />

enviado um documento semelhante ao Ministério do Planeamento<br />

e das Infra-estruturas, ao primeiro-ministro e aos<br />

grupos parlamentares.<br />

A Fectrans/CGTP-IN e o seu sindicato ferroviário editaram<br />

também um folheto, distribuído por alguns activistas na estação<br />

do Rossio, enquanto decorria a entrega na sede. Aí se<br />

relata que as empresas reconhecem a falta de pessoal, pediram<br />

autorização da tutela para admitir trabalhadores, mas foram<br />

despedidos 35 ferroviários com vínculos precários e, se<br />

alguns passaram a efectivos, a outros foi indicado que se inscrevessem<br />

numa empresa de trabalho temporário.


16 22-12-2016<br />

capitalismo e da ofensiva do imperialismo.<br />

A vitória de Donald Trump nas eleições para a<br />

presidência dos EUA evidenciou os profundos<br />

problemas e contradições que caracterizam a<br />

sociedade norte-americana, e que são expressão<br />

do aprofundamento da crise estrutural do<br />

capitalismo.<br />

O Comité Central do PCP sublinha a importância<br />

e significado da resistência da Síria e do seu povo<br />

em defesa da sua soberania e integridade<br />

territorial face à agressão do imperialismo norte-<br />

-americano e seus aliados, que promovem, apoiam<br />

e financiam os grupos terroristas que aí agem.<br />

O Comité Central do PCP alerta para as manobras<br />

de desestabilização visando países do continente<br />

africano e reafirma a sua solidariedade com as<br />

lutas dos povos da América Latina em defesa dos<br />

seus direitos, conquistas e soberania face à<br />

investida do imperialismo e das oligarquias.<br />

O Comité Central do PCP presta homenagem a<br />

Fidel Castro, revolucionário comunista, patriota e<br />

internacionalista, cujo exemplo animou e<br />

continuará a animar a luta das forças progressistas<br />

e revolucionárias de todo o mundo.<br />

2 – Na Europa, num quadro de persistência da<br />

crise económica e social, com evidentes reflexos<br />

no plano político, de que o recente referendo na<br />

Itália é mais uma expressão, acentua-se a deriva<br />

militarista e antidemocrática da União Europeia.<br />

Os recentes desenvolvimentos confirmam a<br />

tendência de uma ainda maior militarização da<br />

União Europeia, com o projecto «União da<br />

Defesa», a par do aprofundamento da política<br />

desumana relativa aos refugiados.<br />

O Comité Central do PCP chama a atenção para<br />

a ofensiva em curso contra os direitos democráticos<br />

e a liberdade de expressão na União Europeia<br />

com vista a institucionalizar a censura ideológica<br />

ou a restringir a intervenção dos deputados do<br />

Parlamento Europeu e concentrar o poder nos<br />

dois maiores grupos do PE, tornando ainda mais<br />

opaco o seu funcionamento.<br />

3 – A evolução da situação nacional,<br />

nomeadamente a aprovação do Orçamento do<br />

Estado para 2017, confirma a avaliação do XX<br />

Congresso quer quanto a avanços e conquistas<br />

que, com a luta dos trabalhadores e das massas<br />

populares e a intervenção determinante do PCP,<br />

foi possível consagrar, quer quanto às limitações<br />

que comporta para a resposta plena e necessária<br />

aos problemas nacionais. Limitações que decorrem<br />

dos constrangimentos externos e das opções do<br />

Governo do PS, que tornam ainda mais nítida e<br />

inadiável a adopção de uma política patriótica e<br />

de esquerda.<br />

As pressões quer da Comissão Europeia ou do<br />

Banco Central Europeu, quer do FMI que, a<br />

pretexto das «avaliações» pós pacto de agressão –<br />

em si mesmas expressão das limitações à soberania<br />

e independência nacionais –, visam não só<br />

questionar e influenciar o curso da nova fase da<br />

vida política nacional, como continuar a impor<br />

critérios e opções ditas de «consolidação<br />

orçamental» ou de «reformas estruturais»<br />

responsáveis pelo rumo de empobrecimento,<br />

declínio e submissão que marcaram os últimos<br />

anos.<br />

Os desenvolvimentos em torno da Caixa Geral de<br />

Depósitos (CGD), inseparáveis das opções do<br />

Governo do PS e da acção desestabilizadora do<br />

PSD e do CDS/PP, tornam ainda mais actuais as<br />

prevenções e exigência do PCP quanto às<br />

condições indispensáveis para que o banco público<br />

possa assumir o seu papel de financiador da<br />

economia e das pequenas e médias empresas, e<br />

de instrumento ao serviço do desenvolvimento<br />

soberano do País. A nova administração agora<br />

anunciada pelo Governo – e em particular a<br />

nomeação do seu novo presidente com o seu<br />

conhecido desempenho ao serviço dos interesses<br />

do grande capital – não corresponde às condições<br />

que garantam uma gestão e uma actividade de<br />

acordo com o interesse público e os objectivos que<br />

a CGD deve desempenhar na estratégia de<br />

crescimento económico.<br />

O papel determinante que o sector financeiro sob<br />

controlo público deve ser chamado a desempenhar<br />

numa política ao serviço do interesse nacional<br />

obriga a que, a par da afirmação da CGD como<br />

principal banco público, se opte pela integração<br />

do Novo Banco na esfera do controlo do Estado,<br />

recusando a sua entrega a desbarato e com um<br />

imenso prejuízo para o erário público.<br />

A construção da alternativa política patriótica e de<br />

esquerda, capaz de concretizar uma política ao<br />

serviço dos trabalhadores, do povo e do País,<br />

questão da maior actualidade, constitui uma<br />

complexa mas exaltante tarefa dos comunistas<br />

portugueses, tal como foi assinalado no XX<br />

Congresso, inseparável da intensificação e<br />

alargamento da luta de massas, da convergência<br />

dos democratas e patriotas, e do reforço do<br />

Partido.<br />

O PCP, força portadora da política alternativa<br />

necessária a um Portugal com futuro, reafirma o<br />

compromisso com os trabalhadores e o povo, com<br />

todos os democratas e patriotas, de agir e lutar<br />

para que finalmente seja possível romper com a<br />

exploração, o empobrecimento, o declínio e a<br />

dependência e alcançar um Portugal desenvolvido<br />

e soberano.<br />

III<br />

Iniciativa, acção e reforço<br />

do Partido<br />

1 – A situação nacional coloca ao Partido a<br />

necessidade de uma intensa acção, articulando e<br />

aproveitando a concretização de todas as<br />

possibilidades de levar mais longe a defesa,<br />

reposição e conquista de direitos, com o objectivo<br />

essencial da concretização de uma alternativa<br />

patriótica e de esquerda. Tais objectivos<br />

determinam direcções de trabalho e tarefas no<br />

plano da luta dos trabalhadores e do povo, do<br />

fortalecimento das organizações unitárias de


EM FOCO<br />

17<br />

massas, do trabalho político unitário, da iniciativa<br />

e do reforço da organização do Partido.<br />

2 – O desenvolvimento da luta reivindicativa dos<br />

trabalhadores e do povo reclama das organizações<br />

e militantes do Partido uma intervenção que<br />

contribua para o fortalecimento das organizações<br />

unitárias dos trabalhadores e de outros movimentos<br />

de massas, envolvendo todas as classes e camadas<br />

sociais antimonopolistas, importante contributo<br />

para o alargamento da frente social de luta.<br />

3 – O Comité Central do PCP reafirma o<br />

empenhamento do PCP na convergência de forças,<br />

sectores e personalidades disponíveis para a<br />

construção da alternativa patriótica e de esquerda.<br />

Nesse sentido decide desenvolver um vasto<br />

conjunto de contactos com personalidades<br />

independentes, democratas e patriotas, com<br />

aqueles que intervêm nas organizações e<br />

movimentos de massas e que estão interessados<br />

em convergir no objectivo de encontrar um novo<br />

rumo para o País.<br />

4 – No quadro da valorização e afirmação da<br />

política patriótica e de esquerda e da alternativa<br />

política que a concretize, entre outras iniciativas,<br />

o Comité Central decide realizar uma campanha<br />

em torno da libertação da submissão ao euro entre<br />

Janeiro e Junho de 2017 que, em articulação com<br />

a exigência da renegociação da dívida e da<br />

recuperação do controlo público da banca,<br />

esclareça da insustentabilidade dos<br />

constrangimentos e imposições da União Europeia,<br />

e mobilize vários sectores da sociedade para a<br />

necessidade e possibilidade da libertação da<br />

submissão ao euro, pela produção, o emprego e<br />

a soberania nacional.<br />

O Comité Central do PCP sublinha a importância<br />

da acção pelo aumento dos salários e pela fixação<br />

do salário mínimo nacional em 600 euros no início<br />

de 2017, cuja necessidade a rejeição do Projecto<br />

de Resolução do PCP na Assembleia da República<br />

com os votos do PS, PSD e CDS/PP não altera.<br />

Valoriza as acções já realizadas nesse sentido e<br />

apela ao seu desenvolvimento, bem como das<br />

iniciativas de defesa dos direitos dos trabalhadores,<br />

com a alteração dos aspectos gravosos da legislação<br />

laboral, nomeadamente a revogação da caducidade<br />

da contratação colectiva e a reposição do<br />

tratamento mais favorável do trabalhador.<br />

O Comité Central decide prosseguir a campanha<br />

«Mais direitos, mais futuro, não à precariedade»,<br />

para o período entre Janeiro e o 1.º de Maio de<br />

2017, afirmando a aplicação do princípio de que<br />

a um posto de trabalho permanente deve<br />

corresponder um vínculo de trabalho efectivo.<br />

Assume a maior importância garantir uma forte<br />

expressão das Comemorações do 8 de Março, Dia<br />

Internacional da Mulher, e dos dias 24 e 28 de<br />

Março, Dia do Estudante e Dia Nacional da<br />

Juventude, respectivamente, e assegurar uma forte<br />

participação popular nas iniciativas comemorativas<br />

do 25 de Abril.<br />

O Comité Central do PCP apela aos militantes do<br />

Partido para que, nas empresas e locais de<br />

trabalho, nas organizações dos trabalhadores,<br />

intervenham desde já na preparação do 1.º de<br />

Maio, fazendo desta data uma poderosa afirmação<br />

da luta dos trabalhadores e do povo na defesa,<br />

reposição e conquista de direitos, integrada no<br />

quadro mais geral da luta pela ruptura com a<br />

política de direita e pela concretização da política<br />

patriótica e de esquerda.<br />

5 – A preparação das eleições para as autarquias<br />

locais de 2017 constitui um importante momento<br />

para afirmar e valorizar a CDU como um espaço<br />

de participação unitária e de convergência<br />

democrática, para valorizar a reconhecida<br />

capacidade de gestão, de entrega aos interesses<br />

das populações e resposta aos seus problemas,<br />

para afirmar uma presença singular no exercício<br />

do poder e o reconhecido percurso de trabalho,<br />

honestidade e competência que tem marcado a<br />

sua presença ao longo dos mandatos.<br />

A CDU – Coligação Democrática Unitária<br />

concorrerá a todos os municípios do País e ao<br />

maior número possível de freguesias, afirmando<br />

o seu projecto distintivo, confirmando-se como a<br />

grande força de esquerda no Poder Local<br />

indispensável ao progresso e desenvolvimento local<br />

e regional, à defesa dos interesses das populações<br />

e do Poder Local democrático.<br />

No âmbito da preparação das eleições para as<br />

autarquias locais, o Comité Central do PCP<br />

convoca para o dia 8 de Abril a realização de um<br />

Encontro Nacional do PCP.<br />

6 – O Comité Central do PCP afirma a<br />

importância da acção do Partido com destaque<br />

para as comemorações do 86.º aniversário do<br />

Avante!, do 96.º aniversário do Partido e do<br />

centenário da Revolução de Outubro, que se<br />

desenvolverão sob o lema «Centenário da<br />

Revolução de Outubro – Socialismo, exigência da<br />

actualidade e do futuro» cuja abertura terá lugar<br />

a 28 de Janeiro, o 11.º Congresso da JCP que<br />

se realizará em Setúbal nos dias 1 e 2 de Abril de<br />

2017 e a Festa do Avante! em 1, 2 e 3 de<br />

Setembro de 2017.<br />

7 – O Comité Central, no quadro das suas<br />

competências, ratificou a composição da Comissão<br />

Central de Quadros (CCQ) e da Comissão<br />

Administrativa e Financeira (CAF), tomou decisões<br />

sobre organização do trabalho de direcção e foi<br />

informado da distribuição de tarefas entre os<br />

membros dos organismos executivos.<br />

8 – No seguimento do grande êxito que constituiu<br />

o XX Congresso, importa dar concretização às<br />

orientações relativas ao reforço da organização<br />

partidária, questão decisiva para que cumpra o seu<br />

papel.<br />

O Comité Central do PCP considera prioritário o<br />

reforço do trabalho de direcção aos vários níveis,<br />

com identificação de necessidades, adopção de<br />

medidas para responder às exigências imediatas e<br />

de um horizonte mais largo, inseridas numa acção<br />

mais geral de levantamento, acompanhamento,<br />

responsabilização e formação de quadros, e de<br />

alargamento do número de camaradas com tarefas<br />

permanentes.<br />

A campanha de valorização e difusão do Avante!<br />

aumentando a venda regular a mais leitores dentro<br />

do Partido e com uma audaciosa acção de contacto<br />

para fora, alargando o número de responsáveis pela<br />

distribuição, realizando vendas especiais, de que<br />

é exemplo a agendada para 12 de Janeiro,<br />

promovendo a leitura, contribuindo mais para o<br />

seu conteúdo com informação oportuna e<br />

sistematizada, exige o empenho das organizações<br />

e militantes.<br />

O Comité Central do PCP salienta a necessidade<br />

da elaboração por todas as organizações do plano<br />

de trabalho para o reforço do Partido em 2017,<br />

articulado com uma intensa intervenção política,<br />

incluindo, entre outras, as seguintes linhas de<br />

orientação: medidas para o fortalecimento da<br />

organização do Partido nas empresas e locais de<br />

trabalho; recrutamento de novos militantes e a sua<br />

integração; dinamização das organizações de base<br />

do Partido; desenvolvimento do trabalho de massas,<br />

pela organização e estruturação de outras camadas<br />

e sectores específicos; o trabalho de propaganda;<br />

independência financeira do Partido, designadamente<br />

pelo reforço da estrutura para o recebimento de<br />

quotas, o alargamento do número de camaradas a<br />

pagar quotas regularmente e o aumento do seu<br />

valor, a par da dinamização de campanhas e<br />

iniciativas de fundos, com destaque para a campanha<br />

«Um dia de salário para o Partido».<br />

Ciente das exigências que estão colocadas, o Comité<br />

Central apela ao empenhamento de todos os<br />

militantes do Partido para a concretização das<br />

orientações decididas pelo XX Congresso,<br />

assegurando um PCP mais forte, mais interventivo<br />

na luta, com os trabalhadores e o povo, pela<br />

democracia e pelo Socialismo.


18 EM FOCO<br />

22-12-2016<br />

Nota informativa sobre questões de direcção apreciadas<br />

na reunião do Comité Central do PCP no seguimento<br />

do XX Congresso<br />

1. Na sua reunião de 17 de Dezembro, o Comité<br />

Central debateu e aprovou uma resolução sobre<br />

a Organização do Trabalho de Direcção Central.<br />

2. O Comité Central, ratificou as composições da<br />

Comissão Central de Quadros e da Comissão<br />

Administrativa e Financeira, decididas pelo<br />

Secretariado do Comité Central.<br />

A Comissão Central de Quadros é composta por<br />

José Capucho, Luísa Araújo, Maria da Piedade<br />

Morgadinho; Pedro Guerreiro.<br />

A Comissão Administrativa e Financeira é<br />

composta por Alexandre Araújo, Álvaro Pato,<br />

Armando Rodrigues, Elsa Pedro, José Capucho<br />

e Manuela Pinto Ângelo.<br />

3. O Comité Central tomou conhecimento das<br />

medidas de direcção já decididas e da<br />

distribuição de tarefas e responsabilidades ao<br />

nível da Comissão Política e Secretariado e<br />

Direcções Regionais e que nos seus aspectos<br />

fundamentais são as seguintes:<br />

• A nível da Comissão Política são<br />

responsáveis por Organizações Regionais:<br />

Gonçalo Oliveira (Braga); Jaime Toga (Porto,<br />

Viana do Castelo, Vila Real e Bragança); Octávio<br />

Augusto (Aveiro e Viseu); Patrícia Machado<br />

(Guarda e Castelo Branco); Vladimiro Vale<br />

(Coimbra); Ângelo Alves (Leiria); Carlos<br />

Gonçalves (Santarém); Armindo Miranda<br />

(Lisboa); Margarida Botelho (Setúbal); João Dias<br />

Coelho (Direcção Regional do Alentejo); Vasco<br />

Cardoso (Algarve) e Jorge Cordeiro (Açores e<br />

Madeira).<br />

• São ainda responsáveis directos por<br />

Organizações Regionais: Filipe Vintém (Viana<br />

do Castelo); Jorge Humberto (Vila Real); Filipe<br />

Costa (Bragança); Tiago Vieira (Aveiro); João<br />

Abreu (Viseu); Diogo d'Ávila (Santarém); Rogério<br />

Silva (Portalegre); João Pauzinho (Évora); Miguel<br />

Madeira (Beja); Manuel Valente (Litoral<br />

Alentejano). No quadro próprio que se refere às<br />

Organizações das Regiões Autónomas dos Açores<br />

e da Madeira, são responsáveis no plano do<br />

Comité Central por estas organizações, Martinho<br />

Baptista (Açores) e Edgar Silva (Madeira).<br />

• Em termos de Secretariado, acompanham<br />

Organizações Regionais: Paulo Raimundo (Porto,<br />

Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Bragança);<br />

Alexandre Araújo (Coimbra, Aveiro, Viseu, Guarda<br />

e Castelo Branco); Manuela Pinto Ângelo (Leiria<br />

e Santarém); Francisco Lopes (Lisboa); José<br />

Capucho (Setúbal); Luísa Araújo (Évora, Beja,<br />

Portalegre, Litoral Alentejano e a Direcção Regional<br />

do Alentejo); Rui Braga (Algarve e Direcção da<br />

Organização da Emigração) e Jorge Cordeiro<br />

(Açores e Madeira).<br />

• Áreas de Trabalho e intervenção política<br />

e seus responsáveis no plano da Comissão<br />

Política: Área do Movimento Operário, Sindical<br />

e das Questões Laborais – Francisco Lopes;<br />

Área para os Assuntos Sociais – Fernanda<br />

Mateus; Área para a Luta e o Movimento das<br />

Mulheres – Fernanda Mateus; Área do Trabalho<br />

Autárquico, do Movimento Associativo e do<br />

Desporto – Jorge Cordeiro; Área do Ambiente<br />

– Vladimiro Vale; Área da Economia – Vasco<br />

Cardoso; Área dos Serviços Públicos e Defesa<br />

do Consumidor – José Capucho; Área da Saúde<br />

— Jorge Pires; Área da Educação, Ciência e<br />

Tecnologia – Jorge Pires; Área da Cultura –<br />

Jorge Pires; Área da Juventude – João Frazão;<br />

Área da Comunicação – Jorge Cordeiro; Área<br />

dos Assuntos Constitucionais, da Justiça e<br />

da Administração Interna – Rui Fernandes;<br />

Área da Defesa Nacional – Rui Fernandes;<br />

Área da Integração Europeia – Ângelo Alves;<br />

Área dos Assuntos Internacionais e da Política<br />

Externa – Ângelo Alves.<br />

• Ainda no âmbito da Comissão Política são<br />

responsáveis: Manuel Rodrigues pelo Avante!;<br />

João Frazão pelas questões da Agricultura; Rui<br />

Fernandes pelas questões da Emigração e da<br />

Imigração; Jorge Cordeiro pelo Gabinete de<br />

Imprensa; Carlos Gonçalves pelo Departamento<br />

de Propaganda e pelas questões da<br />

Toxicodependência; Octávio Augusto pelas questões<br />

do Desporto e pelas questões da Protecção Civil;<br />

João Dias Coelho pelas questões da habitação;<br />

João Oliveira pelo Grupo Parlamentar da Assembleia<br />

da República; João Frazão pela ligação à JCP no<br />

quadro da área da Juventude.<br />

• São responsáveis directos por áreas,<br />

comissões e grupos de estudo: Agostinho Lopes<br />

(questões económicas, Comissão das Actividades<br />

Económicas envolvendo designadamente PME,<br />

Movimento Cooperativo, Turismo e Pescas) e Rosa<br />

Rabiais (questões da Emigração e Imigração).<br />

Os sectores e empresas de âmbito pluridistrital e<br />

nacional, têm como responsável por este trabalho<br />

João Frazão.<br />

4. No âmbito do Secretariado e para além da<br />

multiplicidade de tarefas decorrentes das suas<br />

funções e das tarefas já referidas, nomeadamente<br />

a ligação às Organizações Regionais: Pedro<br />

Guerreiro é responsável pela Secção Internacional<br />

e pelo Organismo do Trabalho dos Deputados do<br />

PCP no Parlamento Europeu; Francisco Lopes,<br />

pelo Gabinete e Comissão de Organização e pelo<br />

Grupo Parlamentar da Assembleia da República;<br />

Jorge Cordeiro pelo Departamento de Propaganda<br />

e Gabinete de Imprensa; Rui Braga pelas questões<br />

da Imigração e Alexandre Araújo, pelo Secretariado<br />

da Festa do Avante!.<br />

5. São directores do Avante! e de O Militante,<br />

respectivamente Manuel Rodrigues e Albano<br />

Nunes, sendo a responsabilidade do Avante! e de<br />

O Militante a nível do Secretariado de Manuela<br />

Pinto Ângelo.<br />

6. O Comité Central encarregou o Secretariado e<br />

a Comissão Política de dar continuidade à<br />

arrumação das estruturas de apoio ao trabalho de<br />

direcção central, mantendo-se em funcionamento<br />

as comissões e grupos de estudo existentes na<br />

altura da realização do XX Congresso.<br />

17 de Dezembro de 2016<br />

O Comité Central do Partido Comunista Português


22-12-2016 EUROPA<br />

19<br />

• João Ferreira<br />

Ataque à democracia,<br />

ao pluralismo<br />

e à transparência<br />

Por mais que a União<br />

Europeia se arvore<br />

em referência da<br />

democracia (conceito que<br />

elucidativamente os tratados<br />

assimilam ao de «economia de<br />

mercado»), não é possível esconder<br />

o carácter anti-democrático da<br />

integração capitalista europeia.<br />

Anti-democrático porque contrário<br />

ao interesse dos povos e porque<br />

desprezando a sua vontade e<br />

participação. Antidemocrático<br />

porque fundado em imposições<br />

supranacionais, desrespeitador das<br />

soberanias nacionais. Antidemocrático<br />

no que diz respeito ao<br />

funcionamento das suas próprias<br />

instituições, nas quais um<br />

directório de potências põe e<br />

dispõe, impondo a sua vontade e os<br />

seus interesses.<br />

Em jeito introdutório, vem este<br />

parágrafo cimeiro a propósito das<br />

recentes alterações introduzidas ao<br />

Regimento do Parlamento<br />

Europeu. Celebrada como o<br />

expoente da democracia pan-<br />

-europeia, esta instituição é hoje<br />

palco e expressão maior de um<br />

processo de acentuada erosão e<br />

subversão de instrumentos e<br />

possibilidades de intervenção<br />

democrática. Um ataque à<br />

democracia que acompanha e<br />

integra um ataque mais amplo, que<br />

em última instância visa as<br />

condições de vida dos<br />

trabalhadores e dos povos na<br />

Europa, uma das dimensões da<br />

profunda e arrastada crise em que<br />

a União Europeia se encontra<br />

mergulhada.<br />

Há mais de dois anos que os dois<br />

maiores grupos políticos do<br />

Parlamento Europeu – PPE<br />

(direita) e S&D (social-democracia),<br />

– mancomunados com outras<br />

expressões da mesma coisa<br />

(liberais, conservadores, etc.) e<br />

com colaboracionistas diversos,<br />

andavam a cozinhar alterações de<br />

fundo às regras que regem o<br />

funcionamento do Parlamento<br />

Europeu. O objectivo: dotar a<br />

instituição de «maior eficácia».<br />

O projecto viu finalmente a luz do<br />

dia e foi a votos na semana<br />

passada. A intenção era votá-lo<br />

simplesmente, sem discussão em<br />

plenário. Só por iniciativa dos<br />

deputados do PCP e por proposta<br />

do seu grupo, o GUE/NGL, foi<br />

possível criar as condições para<br />

que o debate se realizasse. E foi<br />

possível, assim, desmascarar os<br />

reais objectivos e consequências<br />

deste projecto, agora concretizado<br />

(aprovadas que foram as alterações,<br />

por larga maioria, mas ainda assim<br />

com cerca de 200 votos contra).<br />

Vejamos, em síntese, alguns dos<br />

aspectos mais significativos das<br />

alterações introduzidas.<br />

Foram alterados (nalguns casos<br />

criados) limiares mínimos para<br />

desencadear determinados<br />

processos – como o agendamento<br />

de debates ou a apresentação de<br />

propostas de alteração a<br />

determinados relatórios (legislativos<br />

e não legislativos). Passa a ser<br />

exigido um número tal de<br />

assinaturas de deputados que, na<br />

prática, o desencadear (ou<br />

inversamente o bloqueio) destes<br />

processos passa a estar mas mãos<br />

dos grandes grupos políticos.<br />

Mas não é apenas a intervenção<br />

dos grupos políticos mais pequenos<br />

que é limitada, também a iniciativa<br />

individual dos deputados é<br />

fortemente cerceada. De tal forma<br />

que faz sentido falar-se de uma<br />

autêntica «lei da rolha». As<br />

declarações escritas – instrumento<br />

através do qual os deputados<br />

podiam projectar o debate de<br />

temas que considerassem<br />

relevantes – foram abolidas. O<br />

número de resoluções que um<br />

deputado pode subscrever passa a<br />

estar limitado. Idem relativamente<br />

às propostas de alteração que pode<br />

apresentar. Idem ainda<br />

relativamente às declarações de<br />

voto orais. O mesmo em relação às<br />

perguntas que pode apresentar a<br />

outras instituições –<br />

nomeadamente à Comissão<br />

Europeia e ao Conselho. Tal<br />

acarreta uma diminuição do poder<br />

de escrutínio sobre essas outras<br />

instituições, já que os limites<br />

impostos são muito restritivos. Este<br />

era, aliás, um dos instrumentos de<br />

intervenção mais importantes, pela<br />

possibilidade que abre de<br />

confrontar as instituições com<br />

realidades muito diversas,<br />

decorrentes de medidas e acções<br />

tomadas ao nível da UE e com<br />

impacto na vida nacional.<br />

Em nome da «eficácia legislativa»<br />

são instituídos processos<br />

legislativos rápidos, ditos «fast-<br />

-track», assim uma espécie de «atar<br />

e pôr ao fumeiro», uma vez<br />

enchido o «chouriço» legislativo.<br />

Limitando a intervenção dos<br />

deputados no processo e<br />

dificultando o seu escrutínio<br />

público.<br />

Uma outra forma de limitar o<br />

escrutínio público da actuação dos<br />

eleitos foi criar mais dificuldades<br />

aos pedidos de votos nominais, ou<br />

seja, à existência de um registo<br />

escrito do sentido de voto<br />

individual dos deputados, com o<br />

qual os mesmos poderão depois ser<br />

confrontados.<br />

Foi graças à existência destes<br />

«votos nominais» que todos<br />

podemos hoje saber, por exemplo,<br />

que os deputados portugueses do<br />

PS, PSD e CDS votaram a favor de<br />

todas as alterações aqui<br />

mencionadas, entre outras também<br />

graves. Será caso para dizer que<br />

sabem bem o que lá fazem. Sabem<br />

e querem escondê-lo…<br />

O novo regimento do PE limita a capacidade de intervenção dos deputados<br />

PE reduz direitos dos deputados<br />

Intervenção limitada<br />

O Parlamento Europeu aprovou, dia 13, novas<br />

regras de funcionamento, que reduzem os direitos<br />

dos deputados e limitam a sua capacidade de<br />

intervenção.<br />

Novas regras<br />

prejudicam<br />

democracia<br />

e transparência<br />

Em comunicado, os deputados<br />

do PCP no PE repudiaram<br />

as alterações ao<br />

regimento, considerando que<br />

prejudicam gravemente a<br />

democracia, o pluralismo e<br />

a transparência no funcionamento<br />

do Parlamento Europeu.<br />

Entre outros aspectos, os<br />

deputados do PCP salientam:<br />

– a «forte limitação da<br />

iniciativa individual dos deputados<br />

e da iniciativa dos<br />

grupos políticos mais pequenos»;<br />

– a instituição de «processos<br />

legislativos rápidos,<br />

ditos “fast-track”, que limitam<br />

a intervenção dos deputados<br />

e dificultam o seu<br />

escrutínio público»;<br />

– a limitação do número<br />

de perguntas escritas (máximo<br />

de 20 em três meses)<br />

às instituições como a Comissão<br />

Europeia e o Conselho;<br />

– a limitação do número<br />

de votos nominais por sessão<br />

plenária, procedimento<br />

que permite identificar<br />

a forma como cada deputado<br />

vota, «imprescindível<br />

a um efectivo escrutínio sobre<br />

o trabalho dos eleitos»;<br />

– a limitação do direito<br />

dos deputados de apresentarem<br />

propostas de alteração<br />

a relatórios, legislativos<br />

e não legislativos, em comissões<br />

especializadas das<br />

quais não sejam membros;<br />

– a eliminação das declarações<br />

escritas, «um importante<br />

instrumento ao dispor<br />

dos deputados que permite<br />

trazer ao Parlamento Europeu<br />

temas diversos, bem<br />

como lutas e aspirações dos<br />

povos dos vários estados-<br />

-membros»;<br />

– A limitação das declarações<br />

de voto orais e do<br />

número de resoluções (uma<br />

por mês) que cada deputado<br />

pode subscrever.<br />

Depois de ter sido aprovada<br />

na Comissão de Assuntos<br />

Constitucionais, com<br />

os votos favoráveis dos deputados<br />

Paulo Rangel (PSD)<br />

e Pedro Silva Pereira (PS),<br />

a proposta subiu a plenário<br />

onde contou com o apoio<br />

do PS, PSD, CDS e MPT.<br />

Por seu lado, os deputados<br />

comunistas não só se<br />

opuseram à proposta como<br />

lançaram um Apelo Público<br />

a favor da suspensão do<br />

processo de revisão do Regimento<br />

e pelo aumento da<br />

democracia, do pluralismo<br />

e da transparência no funcionamento<br />

do Parlamento<br />

Europeu. Este apelo reuniu<br />

dezenas de subscrições de<br />

deputados, de vários grupos<br />

políticos, e largas centenas<br />

de subscrições de cidadãos<br />

e personalidades preocupadas<br />

com esta questão.<br />

Contra exclusão<br />

da língua portuguesa<br />

O deputado do PCP no Parlamento Europeu,<br />

João Ferreira, vice-presidente da<br />

Assembleia Parlamentar Paritária ACP-<br />

UE, decidiu não participar na sessão desta<br />

Assembleia, que teve lugar em Nairobi,<br />

no Quénia, de 17 a 21, em protesto<br />

pela não disponibilização pelo Parlamento<br />

Europeu de serviços de interpretação<br />

activa de português.<br />

Em comunicado, os deputados do PCP<br />

recordam que «o português é uma das<br />

cinco línguas oficiais da Assembleia Parlamentar<br />

Paritária ACP-UE».<br />

Além de ser uma das línguas oficiais da<br />

União Europeia, «é também a língua oficial<br />

de seis dos países que integram esta<br />

Assembleia (Angola, Cabo Verde, Guiné-<br />

Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe<br />

e Timor-Leste)».<br />

De acordo com o regimento, compete<br />

ao Parlamento Europeu assegurar os serviços<br />

de interpretação em cada uma das<br />

línguas oficiais.<br />

Ao tomar conhecimento que não seria<br />

garantida a presença na Assembleia da<br />

cabine portuguesa, e que por conseguinte<br />

não seria disponibilizada interpretação<br />

activa em português, o deputado do PCP<br />

de imediato contactou o presidente da Assembleia<br />

Parlamentar Paritária ACP-UE,<br />

Louis Michel, solicitando-lhe que a decisão<br />

fosse revertida, «em nome do respeito<br />

pelo princípio do multilinguismo e pelo<br />

regimento». No mesmo sentido, foi também<br />

contactado o presidente do Parlamento<br />

Europeu, Martin Schulz.<br />

Na ausência de resposta favorável, o deputado<br />

do PCP, João Ferreira, transmitiu<br />

aos serviços competentes um protesto formal,<br />

cancelando a sua participação.


20 INTERNACIONAL<br />

22-12-2016<br />

Costa Sorridente,<br />

eleições e crises<br />

AÁfrica Ocidental<br />

termina 2017 com<br />

mais uma crise<br />

política, desta vez na Gâmbia,<br />

situação que pode agravar-se,<br />

transformar-se em conflito violento<br />

e implicar mais ingerências<br />

estrangeiras.<br />

A história não é nova no<br />

continente: num dado país<br />

organizam-se eleições<br />

«democráticas» em moldes muitas<br />

vezes impostos pelo Ocidente, os<br />

vencidos não aceitam os resultados,<br />

aprofundam-se divisões étnicas,<br />

religiosas e regionais, há<br />

necessidade de mediação<br />

internacional, o impasse eterniza-<br />

-se, o desenvolvimento é<br />

bloqueado, sofrem os do costume.<br />

Na Gâmbia, um pequeno território<br />

encravado no Senegal, com menos<br />

de dois milhões de habitantes, cujo<br />

principal recurso económico, além<br />

da agricultura, pecuária e pesca, é<br />

o turismo – chamam-lhe a Costa<br />

Sorridente, muito procurada por<br />

turistas europeus –, realizaram-se<br />

eleições a 1 de Dezembro.<br />

Esperava-se mais uma vitória fácil<br />

do actual presidente, Yahya<br />

Jammeeh, que chegou ao poder<br />

através de um golpe de estado<br />

militar, em 1994, e depois foi<br />

eleito e reeleito para quatro<br />

mandatos.<br />

Aconteceu, contudo, o inesperado:<br />

o candidato da oposição unida,<br />

Adama Barrow, um empresário<br />

pouco conhecido, venceu o<br />

escrutínio e a comissão eleitoral<br />

declarou-o vencedor, ainda que por<br />

escassa margem (19 mil votos).<br />

Houve manifestações populares de<br />

alegria, a Justiça soltou sob fiança<br />

40 oposicionistas, multiplicaram-se<br />

as declarações de júbilo dos<br />

improváveis triunfadores.<br />

Num primeiro momento, e também<br />

de forma surpreendente, Jammeeh,<br />

antes acusado pelos adversários de<br />

autoritarismo, aceitou e reconheceu<br />

publicamente a derrota. Uma<br />

semana depois, decidiu contestar os<br />

resultados, recorreu para o<br />

Supremo Tribunal (que não<br />

funciona há anos e tem falta de<br />

juízes), à cautela mandou o exército<br />

cercar e encerrar as instalações da<br />

comissão eleitoral, propôs a<br />

repetição das eleições.<br />

Soaram os alarmes na «comunidade<br />

internacional». As Nações Unidas e<br />

a União Africana, os Estados<br />

Unidos e a União Europeia,<br />

governos e personalidades<br />

apelaram à aceitação da vontade<br />

manifestada nas urnas. Em vão:<br />

apoiado pelas forças armadas,<br />

Jammeeh mostra querer<br />

permanecer no poder.<br />

«Todos os meios»<br />

Para tentar uma solução negociada,<br />

a Comunidade Económica dos<br />

• Carlos Lopes Pereira<br />

Estados da África Ocidental<br />

(Cedeao), com longa prática de<br />

mediação de conflitos em países<br />

membros, enviou a Banjul uma<br />

delegação de alto nível, chefiada<br />

pela presidente da Libéria, Ellen<br />

Johnson Sirlea. Mas a missão não<br />

teve êxito e esbarrou na<br />

intransigência do presidente<br />

gambiano.<br />

Os dirigentes oeste-africanos<br />

reuniram-se no sábado, 17, em<br />

Abuja, na cimeira anual da<br />

Cedeao, e designaram como<br />

mediadores da crise pós-eleitoral<br />

na Gâmbia o presidente da Nigéria,<br />

Muhammadu Buhari, e o<br />

presidente cessante do Gana, John<br />

Dramani Mahama, ele que há dias<br />

perdeu as eleições no seu país e<br />

reconheceu a vitória do líder da<br />

oposição, Nana Akufo-Addo.<br />

O comunicado final da cimeira<br />

exorta o dirigente gambiano a<br />

aceitar o resultado do escrutínio, a<br />

abster-se de «qualquer acção<br />

susceptível de pôr em perigo a<br />

transição» e a efectuar a<br />

«transferência pacífica do poder ao<br />

presidente eleito». A organização<br />

regional assegura que recorrerá a<br />

«todos os meios necessários para<br />

fazer aplicar o resultado do 1.º de<br />

Dezembro», sem contudo<br />

especificar medidas concretas.<br />

Yahya Jammeeh, cujo quarto<br />

mandato de cinco anos termina a<br />

19 de Janeiro próximo, de acordo<br />

com a Constituição gambiana, não<br />

assistiu à cimeira na capital<br />

nigeriana. Se se recusar a transferir<br />

o poder até essa data, «perderá a<br />

sua legitimidade constitucional e<br />

todo o presidente que perde a sua<br />

legitimidade constitucional torna-se<br />

um renegado», declarou um porta-<br />

-voz da coligação da oposição que<br />

elegeu Barrow.<br />

Face a este impasse, os media<br />

africanos têm especulado que uma<br />

possibilidade para pressionar<br />

Jammeeh seria a imposição de<br />

sanções económicas. Mas surgiram<br />

já vozes a admitir soluções<br />

musculadas, como a do presidente<br />

da Comissão da Cedeao, Marcel de<br />

Souza, para quem a diplomacia é a<br />

via privilegiada, ainda que «uma<br />

intervenção militar possa ser<br />

equacionada» para forçar a<br />

aceitação dos resultados eleitorais.<br />

Já Macky Sall, presidente do<br />

Senegal, o grande vizinho da<br />

Gâmbia, afirma estar convencido<br />

de que o diálogo conseguirá<br />

convencer Jammeeh a aceitar a<br />

vitória de Barrow. Em todo o caso,<br />

os senegaleses enviaram para<br />

Banjul uma dezena de guarda-<br />

-costas para «garantir a segurança»<br />

do presidente eleito gambiano.<br />

Claramente, Dakar não morre de<br />

amores por Jammeeh, que no<br />

passado apoiou um movimento<br />

guerrilheiro separatista de<br />

Casamanse, região senegalesa entre<br />

a Gâmbia e a Guiné-Bissau.<br />

Ciberguerra entre EUA e Rússia<br />

Kissinger apoia Obama<br />

O Kremlin rejeitou as acusações de Obama de<br />

que a Rússia interferiu nas presidenciais dos<br />

EUA, em benefício de Trump, a partir do ciberespaço.<br />

Henry Kissinger veio em socorro<br />

do presidente cessante.<br />

O antigo secretário de Estado<br />

norte-americano Henry<br />

Kissinger espera que os Estados<br />

Unidos se vinguem<br />

da Rússia levando a cabo<br />

os seus próprios ataques cibernéticos.<br />

As declarações surgem<br />

após serviços secretos norte-americanos<br />

como o FBI<br />

e a CIA e o próprio presidente<br />

cessante Barack Obama<br />

terem assegurado que<br />

os russos levaram a cabo<br />

actos de pirataria informática<br />

para influenciarem as<br />

eleições presidenciais, favorecendo<br />

Donald Trump<br />

– confirmado vencedor pelo<br />

Colégio Eleitoral, segunda-feira,<br />

19 – e prejudicando<br />

Hillary Clinton.<br />

«Não duvido que a Rússia<br />

nos esteja a piratear e<br />

espero que nós também estejamos<br />

a fazer pirataria<br />

ali», disse o antigo governante<br />

sob as presidências<br />

de Richard Nixon e Gerald<br />

Acusações dos<br />

EUA são<br />

«totalmente<br />

infundadas»<br />

Ford, entrevistado pelo programa<br />

«Face the Nation»,<br />

da cadeia CBS, e citado pela<br />

televisão Russia Today.<br />

Kissinger afirmou que<br />

qualquer país possui capacidades<br />

para a pirataria informática<br />

mas reconheceu<br />

que «nenhum quer admitir<br />

a envergadura do que está<br />

a fazer».<br />

Em Outubro deste ano, a<br />

organização WikiLeaks publicou<br />

mais de 50 mil correios<br />

electrónicos da campanha<br />

da candidata democrata<br />

Hillary Clinton que revelavam<br />

práticas internas<br />

da sua equipa de trabalho.<br />

Foram divulgados documentos<br />

que demonstraram como<br />

a direcção do Partido<br />

O Colégio Eleitoral confirmou por 270 votos a vitória de<br />

Trump, apesar dos protestos em várias cidades<br />

Democrata beneficiou Hillary<br />

e prejudicou Bernie<br />

Sanders, seu adversário nas<br />

primárias.<br />

Vários meios de comunicação<br />

e, mais tarde, o próprio<br />

Obama e até Hillary,<br />

acusaram a Rússia, sob as<br />

ordens directas do presidente<br />

Vladímir Putin, de<br />

perpetrar ataques informáticos<br />

contra os servidores<br />

de correio electrónico dos<br />

democratas.<br />

Moscovo rejeitou estas<br />

acusações, classificando-as<br />

de «totalmente infundadas,<br />

baseadas em nada e não<br />

apresentando qualquer dado<br />

que as comprove».<br />

Hoje com 93 anos, conhecido<br />

tanto pela sua habilidade<br />

política como pelo<br />

seu anti-comunismo, Kissinger<br />

– que era secretário<br />

de Estado quando os EUA<br />

apoiaram o golpe militar fascista<br />

no Chile, em 1973, ou<br />

a invasão da África do Sul<br />

racista a Angola, em 1975<br />

– comparou o presidente<br />

Putin a «um personagem de<br />

Dostoyevski».<br />

Putin «é um homem com<br />

um profundo sentimento de<br />

ligação à História russa», «é<br />

um frio calculista [defensor]<br />

dos interesses nacionais da<br />

Rússia, que considera, talvez<br />

com razão, que têm algumas<br />

características únicas».<br />

Para Putin, «é crucial<br />

a questão da identidade russa»,<br />

uma vez que, com o<br />

desaparecimento da União<br />

Soviética, a Rússia «perdeu<br />

uns 300 anos da sua história»,<br />

opinou Kissinger.<br />

Bombas sobre o Iémen<br />

Um bombista fez-se explodir, no dia 18,<br />

no meio de recrutas, junto à base militar<br />

de Al-Sawlaban, perto do aeroporto de<br />

Aden, no Sul do Iémen. Houve mais de<br />

50 mortos e dezenas de feridos.<br />

O denominado «Estado Islâmico» reivindicou<br />

o atentado, semelhante a outro, há<br />

dias, na mesma base, que matou 48 soldados.<br />

Em Agosto, uma bomba, num centro<br />

de recrutamento militar de Aden, vitimou<br />

70 pessoas.<br />

A carnificina é parte da mortandade em<br />

curso no Iémen, onde rebeldes xiitas<br />

Houthis combatem o governo do presidente<br />

Mansour Hadi, apoiado desde 2015 por<br />

uma coligação militar liderada pela Arábia<br />

Saudita, com o auxílio dos EUA e da Grã-<br />

-Bretanha. Os rebeldes controlam parte da<br />

capital, Sana, no Norte, e a região Noroeste.<br />

Aden está nas mãos de facções apoiantes<br />

do governo. No Sul, actuam grupos de<br />

terroristas ligados à Al-Qaida e ao EI.<br />

A coligação entre sauditas e ocidentais<br />

é responsável por bombardeamentos aéreos<br />

em todo o Iémen. As Nações Unidas<br />

falam em milhares de mortos, em milhões<br />

de deslocados e em 70 por cento da população<br />

a necessitar de assistência humanitária.<br />

Na edição de segunda-feira, 19, o jornal<br />

The Guardian escreve que a Grã-Bretanha<br />

fornece à Arábia Saudita bombas de fragmentação,<br />

que são lançadas no Iémen, e<br />

treina militares sauditas.<br />

Dois «pormenores» lembrados pelo jornal<br />

inglês: 1.º – as bombas de fragmentação<br />

são proibidas por um tratado de que<br />

Londres é signatário; e 2.º – a Grã-Bretanha<br />

vendeu, desde o início da agressão ao<br />

Iémen, «milhões de libras de material de<br />

guerra» aos sauditas.<br />

Doze mortos em Berlim<br />

Na segunda-feira, 19, um camião irrompeu<br />

sobre as pessoas que visitavam um<br />

mercado de Natal, em Berlim, provocando<br />

12 mortos e meia centena de feridos.<br />

As autoridades estão a tratar o caso como<br />

«possível atentado terrorista». Entretanto,<br />

a presidente do partido da direita radical<br />

Alternativa para a Alemanha, Frauke Petry,<br />

veio a público dizer que o seu país «já<br />

não é seguro», exigindo ao Governo que<br />

retome o controlo das fronteiras.


22-12-2016<br />

INTERNACIONAL<br />

21<br />

Bolívia<br />

Os bolivianos festejaram<br />

o 11.º aniversário da<br />

chegada ao poder de Evo<br />

Morales que, em Dezembro<br />

de 2005, venceu as<br />

eleições com maioria<br />

absoluta. Foi a primeira<br />

vez que um político<br />

indígena chegou à<br />

presidência da República<br />

da Bolívia. Morales voltou<br />

a ganhar nas urnas em<br />

2009 e 2014.<br />

Cem mil pessoas<br />

participaram, no domingo,<br />

18, dos festejos do<br />

chamado Dia da Revolução<br />

Democrática Cultural, na<br />

localidade de Ivirgarzama,<br />

no departamento de<br />

Cochabamba, no centro.<br />

Estiveram presentes<br />

organizações sociais,<br />

movimentos indígenas e<br />

representantes de governos<br />

latino-americanos e<br />

caribenhos. Destaque,<br />

entre os convidados, para<br />

os presidentes do Equador,<br />

Rafael Correa, e da<br />

Venezuela, Nicolás<br />

Maduro.<br />

Na véspera, terminou em<br />

Santa Cruz, na zona<br />

oriental, o IX Congresso<br />

do Movimiento al<br />

Socialismo (MAS), a força<br />

política liderada por<br />

Morales.<br />

Nestes 11 anos, a Bolívia<br />

democratizou-se e tem<br />

alcançado êxitos<br />

significativos em diferentes<br />

domínios. Foi<br />

nacionalizado o sector dos<br />

hidrocarbonetos e o PIB<br />

cresceu cinco vezes em<br />

relação a 2005.<br />

Argélia<br />

As Nações Unidas<br />

mantêm neste momento<br />

em África nove missões<br />

de manutenção da paz e<br />

de vigilância, informou o<br />

ministro argelino dos<br />

Negócios Estrangeiros,<br />

Ramtane Lamamra. Há 16<br />

missões deste tipo em todo<br />

o mundo.<br />

Falando em Argel, à<br />

margem de um seminário<br />

sobre segurança em África,<br />

o estadista considerou ser<br />

necessário que a ONU<br />

intensifique a cooperação,<br />

neste âmbito, com as<br />

instituições da União<br />

Africana, tendo em vista «o<br />

estabelecimento sustentável<br />

e eficiente da paz e da<br />

estabilidade no continente».<br />

Além da Minurso, a missão<br />

das Nações Unidas<br />

responsável pela<br />

organização de um<br />

referendo sobre a<br />

autodeterminação do povo<br />

do Sahara Ocidental –<br />

ocupado ilegalmente por<br />

Marrocos –, as outras<br />

missões em África são na<br />

Libéria, Costa do Marfim,<br />

República Democrática do<br />

Congo, Sudão, Darfur,<br />

Sudão do Sul, Mali e<br />

República Centro Africana.<br />

Conselho de Segurança unânime sobre Síria<br />

Observadores em Alepo<br />

Após a libertação de Alepo pelo exército sírio,<br />

procede-se agora a operações de evacuação<br />

de civis da cidade. Por unanimidade,<br />

o Conselho de Segurança aprovou uma resolução<br />

nesse sentido.<br />

O Conselho de Segurança<br />

das Nações Unidas<br />

adoptou na segunda-feira,<br />

19, uma resolução para a<br />

supervisão internacional da<br />

evacuação de civis da zona<br />

oriental de Alepo e a<br />

imediata ajuda humanitária<br />

à população.<br />

Parte da cidade tinha<br />

caído, em 2013, nas mãos<br />

de grupos jihadistas. Em<br />

Novembro, as tropas governamentais<br />

sírias iniciaram<br />

uma nova etapa da<br />

ofensiva para libertar Alepo<br />

e o seu rápido avanço<br />

foi possível graças ao apoio<br />

da aviação russa. A 15 deste<br />

mês, concluiu-se a libertação<br />

de Alepo, com a recuperação<br />

dos bairros orientais<br />

por parte do exército.<br />

Decorre desde então a<br />

evacuação da população,<br />

em operações organizadas<br />

pelas autoridades sírias,<br />

tendo já deixado a cidade<br />

cerca de 10 mil pessoas.<br />

De acordo com a resolução<br />

aprovada pelo Conselho<br />

de Segurança, os funcionários<br />

da ONU e das organizações<br />

humanitárias levarão<br />

a cabo «uma supervisão<br />

neutral adequada e<br />

uma observação directa da<br />

evacuação dos bairros orientais<br />

de Alepo e de outros<br />

bairros da cidade». O<br />

texto insiste em que todas<br />

as partes do conflito têm<br />

de garantir um acesso seguro<br />

e livre aos observadores,<br />

assim como criar condições<br />

para a entrega de<br />

ajuda humanitária.<br />

Militares presos<br />

Desde a libertação, os<br />

jihadistas que ocupavam<br />

bairros orientais de Alepo<br />

Militares<br />

estrangeiros<br />

foram presos<br />

em Alepo<br />

foram autorizados a partir<br />

para Idlib (sob controlo da<br />

Al-Qaeda) ou Raqqa (controlada<br />

pelo Estado Islâmico)<br />

ou entregar-se ao exército.<br />

Os que optaram pela<br />

retirada foram evacuados<br />

em autocarros, sob a protecção<br />

da Síria e Rússia,<br />

na presença de representantes<br />

das Nações Unidas.<br />

Alguns jihadistas fugiram,<br />

misturando-se com a<br />

população civil. Os serviços<br />

de segurança conseguiram<br />

identificá-los e mais<br />

de 1500 foram presos durante<br />

o processo de registo<br />

dos 120 mil habitantes<br />

que se encontravam nos<br />

bairros libertados.<br />

Segundo informa a Red<br />

Voltaire, o deputado e presidente<br />

da Câmara de Comércio<br />

de Alepo, Fares<br />

Shehabi, publicou uma lista<br />

não exaustiva de 14 oficiais<br />

estrangeiros detidos<br />

pelas forças especiais sírias<br />

num bunker da NATO<br />

no Leste de Alepo. Desta<br />

relação fazem parte militares<br />

dos EUA, Israel, Turquia,<br />

Qatar, Arábia Saudita<br />

(oito), Jordânia e Marrocos.<br />

Nada que não se soubesse<br />

já, mas dá uma ideia da<br />

dimensão da agressão imperialista<br />

à República Árabe<br />

Síria.<br />

A evacuação de civis da zona oriental de Alepo vai ser acompanhada por observadores<br />

da ONU<br />

«Provocação» para minar<br />

as relações russo-turcas<br />

O embaixador da Rússia na Turquia, Andréi Kárlov,<br />

foi assassinado a tiro em Ankara, na segunda-feira, 19,<br />

durante a cerimónia de inauguração de uma exposição,<br />

numa zona central da cidade.<br />

O autor do crime, abatido no local pelas forças de segurança,<br />

foi identificado como sendo Mert Altintas, de<br />

22 anos, um oficial da polícia turca.<br />

Testemunhos relatam que o criminoso irrompeu numa<br />

conhecida galeria de arte do bairro de Cankaya, na<br />

capital turca, onde decorria a abertura da exposição de<br />

fotografia intitulada «Rússia através dos olhos dos turcos»,<br />

e disparou vários tiros contra o diplomata, gritando<br />

«Alá é grande!» e «Não se esqueçam de Alepo!, Não<br />

se esqueçam da Síria!».<br />

Kárlov, de 62 anos, foi transportado para um hospital<br />

mas não resistiu aos ferimentos.<br />

O presidente russo, Vladímir Putin, classificou o assassinato<br />

de «vil» e declarou que a resposta tem que ser<br />

«a intensificação da luta contra o terrorismo», avisando<br />

que os responsáveis por tais actos «pagarão por isso».<br />

Para Putin, o atentado foi «uma provocação destinada a<br />

minar as relações russo-turcas».<br />

Também o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan,<br />

afirmou que o objectivo do assassinato do diplomata<br />

russo foi «piorar as relações» entre Moscovo e Ankara,<br />

«uma provocação dirigida contra o processo de<br />

normalização das relações bilaterais» entre a Turquia e<br />

a Rússia.<br />

Os presidentes dos dois países conversaram telefonicamente<br />

logo na noite de segunda-feira e Erdogan anunciou<br />

que «a Turquia e a Rússia formarão uma comissão<br />

conjunta para investigar o crime», com a participação de<br />

peritos turcos e russos.<br />

Para o ministro russo dos Negócios estrangeiros, Serguéi<br />

Lavrov, «o essencial que temos de averiguar é quem<br />

está por detrás deste atentado». Ou seja: após a vitória<br />

de Alepo, quem está interessado em prosseguir a guerra<br />

de agressão à Síria?<br />

O assassinato do embaixador Andréi Kárlov ocorreu<br />

em vésperas de uma reunião, a nível ministerial, entre<br />

a Rússia, o Irão e a Turquia, para debater a situação na<br />

Síria, reunião essa que não foi cancelada.<br />

China-EUA<br />

A China vai devolver<br />

aos Estados Unidos o<br />

drone submarino<br />

capturado pela marinha<br />

chinesa no Mar do Sul da<br />

China.<br />

Em Pequim, um porta-voz<br />

do Ministério da Defesa,<br />

Yang Yujun, explicou que,<br />

no dia 15, um veículo não<br />

identificado foi recolhido<br />

por um navio chinês para<br />

evitar problemas à<br />

navegação. O aparelho foi<br />

examinado e verificou-se<br />

que se tratava de um drone<br />

submarino dos EUA, pelo<br />

que foi contactada a parte<br />

norte-americana, tendo as<br />

autoridades chinesas<br />

aceitado devolvê-lo «de<br />

maneira apropriada».<br />

Em Washington, o<br />

Pentágono confirmou um<br />

«entendimento» com o<br />

governo chinês para a<br />

devolução do veículo não<br />

tripulado que, alegou,<br />

dedicava-se à pesquisa<br />

científica.<br />

A China acusa os EUA de<br />

enviar navios e aviões de<br />

combate em missões de<br />

reconhecimento em águas<br />

chinesas. Reafirmou que<br />

continuará vigilante e que<br />

adoptará as «medidas<br />

necessárias».<br />

Camboja<br />

O Partido Popular do<br />

Camboja aprovou um<br />

plano visando aumentar a<br />

sua implantação, na<br />

perspectiva das próximas<br />

eleições.<br />

«A nossa estratégia inclui<br />

a aceleração do<br />

desenvolvimento das<br />

aldeias e comunas para<br />

ganhar o coração do povo»,<br />

disse Sok Eysan, porta-voz<br />

da 40.ª Convenção do<br />

comité central do partido<br />

governante, reunida a 17<br />

e 18, em Phnom Penh.<br />

«Temos muita confiança<br />

em novas vitórias do PPC<br />

nas eleições comunais de<br />

2017 e nas nacionais de<br />

2018», afirmou.<br />

O CPP governa desde<br />

1979 e é liderado por Hun<br />

Sen, primeiro-ministro.<br />

Jordânia<br />

Quatro homens,<br />

suspeitos de ligação aos<br />

terroristas do denominado<br />

«Estado Islâmico», foram<br />

abatidos pelas forças de<br />

segurança, no domingo,<br />

18, em Karak, no Sul da<br />

Jordânia, depois de um<br />

bando armado ter atacado<br />

sítios turísticos e morto 10<br />

pessoas, incluindo uma<br />

canadiana.<br />

Após uma operação de<br />

cinco horas, forças<br />

especiais libertaram os civis<br />

feitos reféns no castelo de<br />

Karak, uma fortificação<br />

medieval construída por<br />

Cruzados cristãos. Mais de<br />

20 civis e militares ficaram<br />

feridos.


22 EM FOCO<br />

22-12-2016<br />

Prosseguimos<br />

neste número<br />

a publicação<br />

de intervenções e saudações<br />

proferidas no XX Congresso<br />

do PCP, realizado em Almada<br />

de 2 a 4 de Dezembro.<br />

Subtítulos da responsabilidade<br />

da Redacção<br />

A Organização do Partido<br />

Armindo<br />

Miranda<br />

Membro<br />

da Comissão<br />

Política<br />

do Comité<br />

Central<br />

No conjunto das medidas tomadas nestes<br />

anos para reforçar o Partido salienta-se a<br />

Resolução do Comité Central «Mais<br />

organização, mais intervenção, maior influência –<br />

um PCP mais forte», em que se destacam a<br />

Campanha Nacional de Recrutamento e a acção<br />

nacional de contacto com os membros do Partido<br />

para a elevação da militância, actualização de<br />

dados e entrega do cartão de membro do<br />

Partido, com grande impacto em todo o colectivo<br />

partidário.<br />

Foram recrutados, nos últimos quatro anos,<br />

5300 militantes, dos quais 2127 no âmbito da<br />

campanha referida. Trata-se de um grande êxito<br />

do Partido, traduzido na constituição e reforço de<br />

células de empresa, organizações locais e no<br />

reforço de organizações e movimentos de massas.<br />

E alguns desses novos militantes, como já foi<br />

dito, são delegados ao XX Congresso. Uma<br />

saudação para todos estes novos militantes!<br />

Depois da prevista redução resultante da acção<br />

para esclarecer a situação de cada militante, o<br />

Partido conta com 54 280 membros.<br />

Destes, uma larga maioria é operário (39%) e<br />

empregado (32%); 15 por cento têm menos de<br />

40 anos, 41 por cento têm entre 41 e 64 anos, e<br />

44 por cento mais de 64 anos. A percentagem<br />

de mulheres subiu para 31 por cento.<br />

Existem 2542 organismos, dos quais 354 são de<br />

empresa, local de trabalho ou sector, e 616 de<br />

locais de residência.<br />

Temos estado a falar do primeiro significado da<br />

organização, que abarca os problemas e tarefas<br />

como o recrutamento, a estruturação, os órgãos<br />

do Partido, os organismos e as organizações e<br />

suas competências e responsabilidades.<br />

Mas como a organização não é um fim em si<br />

mesmo, mas sim um instrumento para intervir<br />

sobre a realidade que queremos transformar,<br />

num segundo significado mais lato abarcamos<br />

toda a actividade partidária. Organização<br />

significa definição de objectivos e acções a<br />

realizar; calendarização dos actos e etapas da sua<br />

concretização; mobilização e distribuição dos<br />

recursos necessários; distribuição de tarefas, sua<br />

direcção e execução. Neste segundo significado,<br />

organização é sistematização, é método, é<br />

eficácia. E coloca o Partido, de forma<br />

organizada, fora dos Centros de Trabalho, nas<br />

empresas e na rua, informando e aprendendo<br />

com os trabalhadores e o povo, dinamizando a<br />

sua luta, que pela ruptura que provoca, pela<br />

confiança que transmite e pela fantástica força<br />

transformadora que transporta, é o elemento<br />

essencial para alterar a situação política a favor<br />

dos trabalhadores, do povo e do País.<br />

No projecto de Resolução Política destacam-se,<br />

entre outras, as seguintes linhas de reforço do<br />

Partido:<br />

• A realização de uma grande acção de<br />

recrutamento e adesão de novos militantes.<br />

Teremos de falar com milhares de portugueses e<br />

fundamentar a importância da sua adesão ao<br />

Partido. E temos muitos argumentos, camaradas!<br />

• E a elevação e valorização da militância:<br />

– Como elemento de reforço agregador e de<br />

compromisso com o Partido.<br />

– Como factor de realização pessoal de cada<br />

militante.<br />

– E como elemento fundamental da força do<br />

Partido.<br />

Com base num certo espírito de organização que<br />

existe no Partido, por vezes perguntamos a um<br />

camarada: qual é a tua organização? Devíamos<br />

também passar a perguntar: qual é a tua tarefa<br />

no Partido? E podemos começar já aqui no<br />

Congresso!<br />

Atribuir a cada militante uma tarefa e um<br />

organismo onde possa prestar contas dessa tarefa<br />

é, por isso, essencial para tornar o Partido mais<br />

forte e com maior capacidade de intervenção.<br />

E se um camarada tem três horas por semana<br />

para dar ao Partido, há que arranjar tarefas de<br />

acordo com essa disponibilidade.<br />

Pensar o trabalho de direcção para responder a<br />

esta exigência é tarefa de todos os organismos.<br />

Penso, camaradas, que nenhum de nós tem<br />

dúvidas. Indo por aqui, vamos alargar muito a<br />

força organizada do Partido.<br />

Reforço da organização e intervenção do Partido<br />

junto da classe operária e dos trabalhadores é a<br />

principal prioridade do trabalho partidário.<br />

Entretanto, são muitas e diversas as dificuldades<br />

objectivas que nos condicionam. O desemprego,<br />

a precariedade, a repressão, os baixos salários,<br />

entre outras. Mas são apenas isso, dificuldades,<br />

não são impossibilidades. E partindo das<br />

condições concretas, há que recrutar mais<br />

trabalhadores para o Partido, criar células de<br />

empresa e responsabilizar mais quadros por este<br />

trabalho.<br />

A par destas e de outras medidas a dinamizar de<br />

imediato, deve ser concretizada uma grande<br />

acção nacional sobre o Partido nas empresas e<br />

locais de trabalho.<br />

As organizações de base local têm grande<br />

importância na actividade geral do Partido e na<br />

sua ligação às massas.<br />

Avançámos de forma considerável nesta<br />

direcção, mas o que falta fazer ainda é imenso.<br />

Há que alargar a dinamização da luta das<br />

populações e camadas específicas a partir dos<br />

seus problemas e aspirações.<br />

As organizações, quando ligadas ao meio de<br />

onde emergem, à vida, ao novo, alargam o<br />

prestígio do Partido, são alimentadas pela<br />

contagiante força transformadora e alegria da<br />

luta e aí encontram os novos militantes, os<br />

quadros, as energias, a inspiração e os recursos<br />

tão necessários à luta que travamos.<br />

A ligação às massas é, por isso, o alimento sem o<br />

qual o Partido não vive de forma saudável.<br />

Identificar e arredar da vida das organizações os<br />

bloqueios que as impedem de avançar de forma<br />

mais decidida na ligação ao povo é, pois, tarefa<br />

prioritária de todo o Partido.<br />

A este propósito, no Rumo à Vitória, o camarada<br />

Álvaro Cunhal deixou-nos este ensinamento.<br />

Passo a citar: «Sem organização pode fazer-se<br />

coisas, mas não se pode lançar grandes lutas,<br />

dar-lhes continuidade, elevá-las a um nível<br />

superior». Fim de citação.<br />

O povo português precisa e espera que no<br />

imediato dinamizemos a sua luta pela resolução<br />

dos seus problemas e aspirações. E para isso<br />

precisamos de mais organização.<br />

Os operários e os restantes trabalhadores<br />

precisam e esperam que o Partido dê mais força<br />

à sua luta contra a exploração e a opressão. E<br />

para isso precisamos de mais organização.<br />

Temos de elevar a luta a níveis superiores para<br />

concretizar a política patriótica e de esquerda e a<br />

Democracia Avançada, parte integrante da<br />

sociedade socialista que havemos de construir. E<br />

para isso precisamos de mais, mas mesmo muito<br />

mais organização.<br />

Todos sabemos que o grande capital não tem<br />

medo da luta, tem medo, sim, da luta<br />

organizada.<br />

E por isso coloca todo o seu poderoso arsenal<br />

político, orgânico e ideológico ao serviço de um<br />

objectivo. Destruir o Partido e a sua organização<br />

para melhor poder explorar os trabalhadores e o<br />

povo.<br />

Certamente estareis de acordo que daqui do<br />

nosso Congresso afirmemos, com toda a<br />

determinação: tirem o cavalinho da chuva! Os<br />

trabalhadores, o povo e este grande colectivo não<br />

vão permitir que este Partido seja destruído! E<br />

vamos reforçar ainda mais a nossa organização,<br />

tornar o Partido mais forte e mais ligado às<br />

massas, para dar mais força à luta que nos vai<br />

guiar neste objectivo difícil, sim, mas generoso,<br />

profundamente humanista e revolucionário: levar<br />

a felicidade a casa dos portugueses.


22-12-2016 EM FOCO 23<br />

A luta política e ideológica<br />

Manuela<br />

Bernardino<br />

Membro<br />

do Secretariado<br />

do Comité<br />

Central<br />

Nos quatro anos decorridos desde o XIX<br />

Congresso aprofundou-se e diversificou-<br />

-se no nosso País a ofensiva ideológica<br />

contra os trabalhadores e a sua luta, contra o<br />

PCP e a sua intervenção política e social, contra<br />

as suas orientações para a construção de uma<br />

alternativa patriótica e de esquerda e contra o<br />

seu projecto de uma sociedade socialista.<br />

Com o aprofundamento da crise do capitalismo<br />

acentuaram-se os problemas resultantes de mais<br />

de quatro décadas de política de direita e de 30<br />

anos de integração capitalista na UE. O País<br />

tornou-se mais dependente e vulnerável, mais<br />

submisso e subalternizado, situação que se<br />

agravou com o pacto de agressão, sustentado<br />

numa violenta e sofisticada campanha ideológica.<br />

Recorrendo a diversos meios, nomeadamente à<br />

comunicação social dominante, à manipulação das<br />

novas tecnologias de informação e a uma<br />

estratégia de incutir o medo, o grande capital e os<br />

partidos que protegem os seus interesses<br />

procuraram ganhar os trabalhadores e outras<br />

camadas antimonopolistas para não se oporem à<br />

retirada de direitos e ao roubo de salários e<br />

pensões, o que permitia a acumulação de lucros,<br />

ou seja, que fossem os que são explorados e «os<br />

que menos podem» a pagar a crise.<br />

Difundindo a ideia das inevitabilidades, do<br />

individualismo como solução dos problemas de<br />

cada um e da resignação face à situação do País,<br />

o governo PSD/CDS proclamava a inutilidade da<br />

luta organizada, fazia apelos «patrióticos» aos<br />

sacrifícios que dizia serem iguais para todos e<br />

necessários para honrar os compromissos com a<br />

UE e outros credores, alienava funções sociais do<br />

Estado, privatizava serviços, vendia ao desbarato<br />

empresas públicas, enaltecendo o «estado<br />

mínimo» que é afinal o estado máximo para o<br />

grande capital nacional e estrangeiro.<br />

Acusaram os trabalhadores e o povo de viverem<br />

acima das suas possibilidades para cortarem<br />

brutalmente salários, pensões e apoios sociais<br />

enquanto tapavam os buracos da banca privada.<br />

À inaudita e intensa campanha ideológica, virada<br />

para os problemas internos, associaram uma outra<br />

que, partindo da concepção do fim da história e<br />

do fim da luta de classes, visava desacreditar a<br />

possibilidade e necessidade de uma alternativa<br />

política, apresentando a exploração como<br />

fenómeno natural, necessário à lógica de<br />

competição e reprodução capitalista. Com a<br />

promoção do anticomunismo, procuraram ampliar<br />

o preconceito e a rejeição do ideal e do projecto<br />

comunistas.<br />

O PCP, ciente das suas responsabilidades, esteve<br />

diariamente junto dos trabalhadores e das<br />

populações, interveio por objectivos concretos e<br />

imediatos, articulando a luta social e de massas<br />

com a intervenção no plano político, eleitoral e<br />

institucional, assumindo-se como a força que mais<br />

defende os interesses nacionais, o regime<br />

democrático e a Constituição da República que o<br />

consagra. É a esta actuação do nosso Partido, ao<br />

papel do movimento sindical de classe e à luta de<br />

massas do nosso povo que se deve a derrota do<br />

governo PSD/CDS nas eleições de 4 de Outubro.<br />

Delas resultou uma nova arrumação de forças na<br />

AR que, com a decisiva contribuição do PCP,<br />

possibilitou a solução política que afastou o<br />

governo PSD/CDS, permitindo iniciar o caminho,<br />

ainda tímido e insuficiente, da recuperação de<br />

direitos e rendimentos.<br />

Prosseguir o esclarecimento<br />

Nova situação, novas linhas de ofensiva<br />

ideológica. Ao longo deste ano, multiplicaram-se<br />

as chantagens, as ameaças de sanções, as<br />

ingerências externas da UE. PSD e CDS<br />

propagaram a instabilidade e o medo do futuro.<br />

Em ambos os planos, procurou-se boicotar<br />

qualquer recuperação social e económica. Esta<br />

constatação diz muito sobre a real importância<br />

política daquilo que se alcançou com as eleições<br />

legislativas do ano passado.<br />

Mas é necessário prosseguir a nossa acção de<br />

esclarecimento.<br />

A solução política que existe é a de um governo<br />

do PS com o programa do PS.<br />

É necessário afirmar junto das massas que o PCP<br />

não integra o Governo nem fez uma coligação com<br />

o PS. O que existe é uma «posição conjunta» que<br />

permitiu afastar o governo PSD/CDS e avançar<br />

para a solução de problemas urgentes dos<br />

trabalhadores e do povo. E afirmar que só com<br />

uma política patriótica e de esquerda, que rompa<br />

com a política de direita e rejeite os<br />

constrangimentos da UE e do euro será possível<br />

dar solução aos grandes problemas nacionais.<br />

Na luta contra a revisão da história e o<br />

apagamento do papel do PCP tiveram real<br />

importância as iniciativas do nosso Partido por<br />

ocasião do centenário do camarada Álvaro Cunhal<br />

e sobre os 40 anos da Revolução de Abril e da<br />

Constituição da República.<br />

As comemorações do 100.º aniversário da<br />

Revolução de Outubro constituirão uma<br />

oportunidade para evidenciar a exigência da<br />

superação revolucionária do capitalismo e<br />

projectar a superioridade do socialismo.<br />

Com este Congresso, o colectivo partidário é<br />

chamado a assumir cada vez maiores<br />

responsabilidades na luta ideológica.<br />

A par do reforço da organização, da formação<br />

política e ideológica dos quadros, do estudo dos<br />

documentos centrais do Partido e do Avante! e de<br />

O Militante é necessário divulgar a natureza do<br />

capitalismo, combater a exploração, lutar contra<br />

as ideologias reaccionárias – o fascismo, o<br />

racismo, a xenofobia – e denunciar velhas e novas<br />

formas da social-democracia.<br />

É ainda necessário valorizar a luta e os seus<br />

sucessos, mesmo que pequenos, e divulgar o<br />

projecto do PCP da Democracia Avançada, etapa<br />

actual da luta pelo socialismo e o comunismo.<br />

Os fundos do Partido<br />

Manuela Pinto<br />

Ângelo<br />

Membro<br />

do Secretariado<br />

do Comité<br />

Central<br />

Ofinanciamento do Partido assente na<br />

actividade política e na militância, base da<br />

independência financeira do PCP,<br />

confirma-se como elemento indissociável da<br />

identidade do Partido e da sua independência<br />

política e ideológica.<br />

As contas consolidadas de todo o Partido, entre<br />

2012 e 2015, distribuídas aos delegados,<br />

confirmam que o financiamento do PCP assenta<br />

nas receitas e meios próprios, que correspondem<br />

a 90 por cento do total, nomeadamente quotas,<br />

contribuições de filiados e eleitos, donativos,<br />

iniciativas de fundos e numa rigorosa gestão do<br />

património. A subvenção pública corresponde a<br />

10 por cento, confirmando a independência<br />

financeira e política do Partido face a grupos<br />

económicos e outros interesses que não os dos<br />

trabalhadores e do povo.<br />

As contas apresentam um resultado global<br />

positivo de um milhão e 261 mil euros, para o<br />

qual contribuiram receitas extraordinárias e<br />

institucionais que permitiram superar o saldo<br />

negativo decorrente do funcionamento e<br />

actividade regular do Partido de mais de um<br />

milhão de euros por ano, situação que nos afastou<br />

do objectivo de não dependência daquelas<br />

receitas extraordinárias e institucionais.<br />

A evolução positiva das receitas, que cresceram<br />

acima das despesas, não foi suficiente para<br />

inverter uma grave situação de desequilíbrio<br />

financeiro e de dependência do geral das<br />

Organizações Regionais em relação à Caixa<br />

Central.<br />

Nas receitas destaca-se o valor das quotizações,<br />

que se reforçou em 2014 e 2015, fruto da acção<br />

nacional de contactos com os membros do<br />

Partido; a contribuição de filiados, reflectindo o<br />

êxito da Campanha Nacional de Fundos; a<br />

contribuição de eleitos, estável nos quatro anos;<br />

o resultado das iniciativas onde se inclui a Festa<br />

do Avante!.<br />

O êxito político e financeiro da Campanha<br />

Nacional de Fundos «Mais espaço, Mais Festa.<br />

Futuro com Abril» para aquisição da Quinta do<br />

Cabo, com a recolha de mais de um milhão e<br />

200 mil euros, deu possibilidades de concretizar<br />

a sua compra e fazer face a infra-estruturas<br />

indispensáveis, constituiu uma demonstração de<br />

reconhecimento e apoio ao PCP e à Festa do<br />

Avante! e das muitas possibilidades para o<br />

crescimento e alargamento da recolha financeira.<br />

Uma experiência notável da capacidade de<br />

concretização do colectivo partidário que<br />

devemos projectar no desenvolvimento do<br />

trabalho futuro.<br />

Os resultados relevam, não escamoteando<br />

dificuldades, a existência de potencialidades que<br />

urge concretizar, para que em todas as<br />

circunstâncias estejam garantidos os meios<br />

financeiros próprios indispensáveis à actividade<br />

partidária.<br />

Para alargar a compreensão sobre a importância<br />

dos fundos, ultrapassar incompreensões e<br />

subestimações políticas, é necessário aprofundar<br />

o trabalho de direcção, alargar a discussão, o<br />

trabalho colectivo, o controlo de execução, criar<br />

estruturas que garantam rigor na gestão, no<br />

controlo financeiro e orçamental e responsabilizar<br />

mais quadros por estas tarefas.<br />

São orientações prioritárias para a política de<br />

fundos e para atingir o equilíbrio financeiro: o<br />

aumento das receitas próprias, em particular das<br />

quotizações; a diminuição e contenção de<br />

despesas que não têm reflexo directo na<br />

actividade política; garantir a auto suficiência face<br />

a receitas de carácter extraordinário, pontual e<br />

institucional; reduzir a dependência das<br />

organizações de apoios da Caixa Central.<br />

O recebimento regular das quotizações, elemento<br />

central para a independência financeira do<br />

Partido, exige discussão política e ideológica para<br />

que cada membro do partido, no cumprimento de<br />

um dever fundamental, assuma a iniciativa do<br />

pagamento da quota, assim como o seu aumento,<br />

tendo como referência um por cento do<br />

vencimento.<br />

É indispensável que todos os militantes tenham<br />

quem lhe receba as quotas, só possível com mais<br />

camaradas com a importante tarefa do seu<br />

recebimento (tendo como referência um para<br />

cada 20 militantes), a intensificação do<br />

pagamento por meio bancário e a adopção do<br />

método de controlo mensal em cada organismo.<br />

É ainda indispensável valorizar e intervir para:<br />

• Alargar as contribuições de militantes,<br />

simpatizantes e outros amigos do Partido;<br />

• Assegurar as contribuições de eleitos e<br />

membros do Partido em cargos públicos;<br />

• A recolha das contribuições pela


24 EM FOCO<br />

22-12-2016<br />

participação nas mesas de voto, que cada<br />

militante deve assumir;<br />

• Realizar iniciativas e dinamizar as campanhas<br />

de fundos, nomeadamente a campanha «Um dia<br />

de salário para o Partido» que está a decorrer,<br />

cujo êxito depende da contribuição e empenho<br />

de todos os militantes e alargamento de<br />

contactos;<br />

• Alargar a difusão e a venda do Avante!<br />

e de O Militante;<br />

• Prosseguir a política de conservação e<br />

rentabilização do património e melhorar o<br />

funcionamento dos Centros de Trabalho.<br />

O património do PCP<br />

O património do PCP e a forma como foi<br />

assegurado ao longo de décadas é em si uma<br />

afirmação ímpar e distintiva do nosso Partido na<br />

sociedade portuguesa.<br />

Não resulta de favores ou compromissos com o<br />

capital, pelo contrário é resultante do<br />

empenhamento, militância e contribuição de<br />

gerações de comunistas. E por isso mesmo<br />

camaradas temos justificado orgulho.<br />

É resultado da realização de campanhas de<br />

fundos com a contribuição de muitos militantes e<br />

simpatizantes, com a intervenção militante na<br />

construção e conservação de instalações e<br />

também fruto de doações ao Partido de inúmeros<br />

militantes.<br />

É assim que o Partido conta com estes<br />

importantes meios próprios para o funcionamento<br />

dos Centros de Trabalho, a Festa do Avante! e<br />

outras estruturas de apoio; meios próprios, não<br />

dependentes de terceiros, que constituem<br />

instrumento indispensável à intervenção do<br />

Partido ao serviço dos trabalhadores, do povo e<br />

do País e uma componente da sua independência<br />

política e ideológica.<br />

Todas as receitas e despesas resultantes do<br />

património estão nas contas entregues ao<br />

Tribunal Constitucional e todos os espaços não<br />

afectos à actividade partidária pagam IMI, de<br />

acordo com a lei. O PCP assume todas as suas<br />

responsabilidades fiscais, não especula com<br />

imobiliário, nem promove off-shores como alguns<br />

de forma caluniosa querem fazer crer.<br />

O Partido considera que o papel reconhecido<br />

pela Constituição da República Portuguesa aos<br />

partidos e à sua actividade política deve continuar<br />

a ter expressão no regime tributário. Da parte do<br />

PCP estamos à vontade para afirmar que a nossa<br />

actividade e objectivos, inteiramente postos ao<br />

serviço dos trabalhadores e do povo, justificam<br />

esse reconhecimento.<br />

Denunciamos e repudiamos o ataque<br />

desencadeado contra o PCP a propósito do seu<br />

património, deturpando e caluniando,<br />

mistificando a sua origem e natureza. Inserido no<br />

objectivo mais geral de condicionar e limitar a<br />

intervenção do Partido, tem de continuar a ser<br />

firmemente condenado e combatido.<br />

No vasto arsenal de ataque ao Partido inscreve-se<br />

a Lei do Financiamento dos Partidos e das<br />

Campanhas Eleitorais que, pelo conjunto de<br />

disposições antidemocráticas que consagra,<br />

constitui um claro ataque ao PCP, à sua<br />

autonomia e organização e à sua maior realização<br />

política e cultural, a Festa do Avante!.<br />

As inaceitáveis normas de intromissão, agravadas<br />

com as interpretações abusivas da Entidade das<br />

Contas e dos Financiamentos dos Partidos<br />

Políticos que conduzem à aplicação de coimas<br />

inadmissíveis, representam uma inaceitável<br />

prática de ingerência e manipulação que<br />

rejeitamos.<br />

O PCP, com a autoridade de quem defende<br />

elevadas exigências de rigor e transparência no<br />

financiamento dos partidos, continuará a dar<br />

combate e reitera a sua posição de denúncia e<br />

exigência de revogação e substituição da Lei do<br />

Financiamento que consagra inaceitáveis<br />

limitações ao financiamento baseado na<br />

actividade política e na militância.<br />

Com confiança na força, capacidade e empenho<br />

do colectivo partidário é possível aumentar a<br />

capacidade financeira do nosso Partido para<br />

prosseguir com os trabalhadores e o povo a luta<br />

pela Democracia e o Socialismo.<br />

A intervenção do PCP no Parlamento Europeu<br />

João Ferreira<br />

Deputado<br />

do PCP<br />

ao Parlamento<br />

Europeu<br />

Membro<br />

do Comité<br />

Centrall<br />

Nos últimos quatro anos, o PCP interveio no<br />

Parlamento Europeu para defender e<br />

afirmar os interesses dos trabalhadores,<br />

do povo e do País; combateu firmemente todas as<br />

decisões prejudiciais ao interesse nacional;<br />

reclamou, aproveitou e exigiu, a favor do País, a<br />

mobilização de todos os meios, recursos e<br />

possibilidades; denunciou e interveio para<br />

minimizar, com iniciativas concretas, os<br />

condicionalismos e as consequências negativas da<br />

integração capitalista europeia.<br />

Uma acção que se insere na actividade geral do<br />

Partido; que reflecte, nos seus objectivos e<br />

prioridades, a evolução da própria União<br />

Europeia e os constrangimentos que dela<br />

decorrem no plano nacional; uma acção que dá<br />

voz às lutas, aos anseios, aspirações dos<br />

trabalhadores, das populações, dos agricultores,<br />

dos pescadores, dos micro, pequenos e médios<br />

empresários, das mulheres, da juventude, de<br />

Norte a Sul do País e das Regiões Autónomas.<br />

Denunciámos e rejeitámos todas as pressões e<br />

chantagens desenvolvidas contra Portugal e<br />

afirmámos o inalienável direito de cada povo a<br />

um desenvolvimento soberano e a decidir do seu<br />

próprio destino.<br />

Combatemos as pulsões e as ilusões federalistas,<br />

o aprofundamento da União Económica e<br />

Monetária, e a concentração de poder económico<br />

e político no directório de potências.<br />

Denunciámos e combatemos a chamada União<br />

Bancária – uma gigantesca operação de<br />

concentração do sector bancário à escala europeia<br />

e um dos passos mais graves dados após a criação<br />

do euro.<br />

Foi por iniciativa do PCP que a renegociação das<br />

dívidas públicas ou a revogação do Tratado<br />

Orçamental foram levadas ao Parlamento<br />

Europeu.<br />

Avançámos com propostas inovadoras, como um<br />

programa de apoio aos países intervencionados<br />

pela troika ou programas de apoio à saída<br />

negociada do euro por parte dos estados-<br />

-membros cuja permanência na moeda única se<br />

tenha revelado insustentável.<br />

Exigimos medidas de regulação da produção e<br />

dos mercados do leite e da carne, revertendo a<br />

desregulação promovida pela PAC e assegurando<br />

preços justos à produção. Defendemos medidas<br />

de apoio à pequena pesca.<br />

Uma intervenção ímpar<br />

Denunciámos a dramática situação social e o<br />

desemprego. Exigimos medidas de combate à<br />

pobreza, às desigualdades e à exclusão social.<br />

Demos voz à luta pelos direitos das mulheres; à<br />

promoção da cultura e língua portuguesas; à<br />

defesa da Natureza e dos seus recursos.<br />

Denunciámos e combatemos os tratados de livre<br />

comércio – essa forma de proteccionismo dos<br />

ricos e poderosos – como o TTIP, o CETA e o<br />

TISA –, tentativas de instaurar uma espécie de<br />

nova ordem mundial assente numa autêntica<br />

ditadura das multinacionais.<br />

Levámos mais longe a luta pela paz, pela amizade<br />

e a solidariedade com todos os povos do mundo.<br />

Contra o intervencionismo externo da União<br />

Europeia, a ingerência, o militarismo e a guerra.<br />

Denunciámos o drama dos migrantes e<br />

refugiados, propusemos medidas de apoio<br />

orientadas para o acolhimento e a integração, e<br />

combatemos as políticas xenófobas, reaccionárias<br />

e desumanas da União Europeia.<br />

Combatemos a ofensiva anti-democrática em<br />

curso no Parlamento Europeu, o anticomunismo<br />

e o branqueamento do fascismo, e as tentativas –<br />

concretizadas, umas, e em curso, outras – para<br />

limitar gravemente a iniciativa dos deputados e<br />

dos grupos políticos.<br />

Foi e é uma intervenção ímpar no quadro<br />

partidário nacional!<br />

Uma luta que é também uma contribuição para a<br />

construção de uma outra Europa, de estados<br />

soberanos e iguais em direitos, de cooperação, de<br />

progresso e de paz. Contribuição que<br />

continuamos a dar em variados planos,<br />

nomeadamente no Grupo Confederal da Esquerda<br />

Unitária/Esquerda Verde Nórdica do Parlamento<br />

Europeu, do qual somos fundadores, e no qual<br />

continuamos a intervir defendendo o seu carácter<br />

confederal, pugnando pela sua afirmação como<br />

voz alternativa às políticas da direita e da social-<br />

-democracia, rejeitando a sua instrumentalização<br />

e afirmando o seu papel independente face a<br />

estruturas supranacionais de natureza diversa.<br />

Traduzindo o justo reconhecimento do trabalho<br />

desenvolvido pelo PCP no Parlamento Europeu,<br />

nas últimas eleições, em 2014, a CDU registou<br />

um assinalável progresso, com 12,7 por cento dos<br />

votos e a eleição do terceiro deputado,<br />

conseguida mesmo num quadro em que foi<br />

reduzido o número total de deputados<br />

portugueses. O resultado mais expressivo em 25<br />

anos!<br />

Ficámos e estamos mais fortes para a luta que<br />

continua!<br />

Uma luta que requer o reforço da articulação e<br />

cooperação das forças progressistas e de<br />

esquerda, com destaque para os comunistas,<br />

baseadas numa clara posição de ruptura com a<br />

integração capitalista europeia. Esta é condição<br />

da construção da Europa dos trabalhadores e dos<br />

povos.<br />

Condição da edificação de um novo quadro<br />

político, institucional, de cooperação económica,<br />

de solidariedade para o desenvolvimento, de paz<br />

e amizade entre os povos e estados soberanos e<br />

iguais em direitos.


22-12-2016 EM FOCO 25<br />

A luta em defesa do Poder Local Democrático<br />

– As eleições autárquicas de 2017<br />

João Dias<br />

Coelho<br />

Membro<br />

da Comissão<br />

Política<br />

do Comité<br />

Central<br />

Se os governos do PS fizeram um caminho<br />

que gerou mais dificuldades e restrições à<br />

autonomia administrativa e financeira das<br />

autarquias, o governo PSD/CDS desenvolveu,<br />

afrontando a Constituição da República, uma<br />

brutal ofensiva contra o poder local democrático<br />

nascido da Revolução de Abril.<br />

Com o governo PSD/CDS entrou-se num novo<br />

patamar marcado pela busca da concretização<br />

de um projecto de subversão do poder local, que<br />

não é separável da tentativa de reconfiguração<br />

do Estado aos interesses do capital monopolista.<br />

Das atribuições ao regime financeiro, da<br />

organização do território à estrutura de serviços,<br />

tudo foi objecto da ofensiva, suspendendo,<br />

diminuindo ou eliminando elementos essenciais<br />

que deram corpo à autonomia e aos princípios<br />

consagrados na Constituição.<br />

Fundada numa cínica «Reforma da<br />

Administração Local», esta ofensiva traduziu-se<br />

num poder local mais empobrecido na sua<br />

dimensão democrática, atingido no exercício das<br />

suas atribuições e competências, cerceado de<br />

meios e recursos financeiros e humanos capazes<br />

de assegurar a capacidade de resposta às<br />

aspirações e interesses da população.<br />

A liquidação de freguesias, com a consequente<br />

perda de identidade e diminuição da<br />

proximidade e participação, a imposição da Lei<br />

dos Compromissos, a «obrigatoriedade» da<br />

redução de trabalhadores e a proibição de<br />

recrutamento traduziram-se na redução da<br />

qualidade do serviço público.<br />

Nas investidas contra o poder local e as<br />

populações integram-se também os processos de<br />

alteração às competências da ERSAR –<br />

Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e<br />

Resíduos, os processos de agregação e<br />

verticalização dos sistemas de água que<br />

procurando retirar aos municípios a competência<br />

da gestão da água em baixa têm no bojo a sua<br />

privatização, ao que se junta os processos de<br />

privatização da recolha e tratamento dos<br />

resíduos sólidos, a tentativa de transferência<br />

para as autarquias de competências da<br />

responsabilidade da Administração Central do<br />

Estado nas áreas da saúde, educação, segurança<br />

social e cultura.<br />

A ofensiva descaracterizadora do poder local<br />

avançou muito, mas a resistência, o trabalho, a<br />

dedicação de milhares de eleitos, a luta geral<br />

dos trabalhadores e do povo, conseguiu travá-la<br />

em muitos dos seus aspectos.<br />

Neste tempo em que resistir é já avançar, cada<br />

passo que damos, cada direito e conquista<br />

reposta por força da luta dos trabalhadores e do<br />

povo e da intervenção do PCP é uma vitória das<br />

populações e dos trabalhadores.<br />

É neste quadro que valorizamos, fruto da luta<br />

dos trabalhadores, da acção de milhares de<br />

eleitos e do PCP, a reposição das 35 horas de<br />

trabalho semanais na Administração Pública<br />

local para todos os que já as tinham, o fim dos<br />

cortes salariais, o descongelamento das<br />

admissões de pessoal nas autarquias locais, a<br />

abertura do caminho para o combate à<br />

precariedade laboral.<br />

Não desistimos de aproveitar nenhuma<br />

oportunidade para repor e conquistar direitos,<br />

defender o poder local democrático e os direitos<br />

das populações, mas não perdemos de vista que<br />

só com a ruptura com a política de direita, com<br />

uma política alternativa patriótica e esquerda é<br />

possível construir um Portugal mais justo, com<br />

um poder local mais forte nas suas diversas<br />

dimensões.<br />

Reforçar a CDU<br />

O processo de reconfiguração do Estado aos<br />

interesses do capital monopolista não está<br />

derrotado. O Governo do PS prossegue um<br />

caminho que, diferente na forma, busca a<br />

concretização de alterações que conduzirá a este<br />

objectivo, como está patente no prosseguimento<br />

das tentativas de municipalização da educação,<br />

saúde, cultura e segurança social, na já<br />

anunciada «democratização» das Comissões de<br />

Coordenação e Desenvolvimento Regional, no<br />

reforço das Comunidades Intermunicipais.<br />

Ao invés do caminho trilhado pelos sucessivos<br />

governos da política de direita do PS, PSD e<br />

CDS-P, mais democracia significa mais poder<br />

local, mais e melhores condições de vida para as<br />

populações, mais desenvolvimento local e<br />

regional.<br />

Não ignorando dificuldades e insuficiências,<br />

milhares de eleitos comunistas e seus aliados na<br />

CDU agem no dia-a-dia, trabalham com<br />

honestidade e competência sempre ao serviço<br />

das populações.<br />

A CDU, importante espaço de participação<br />

democrática e de acção política, que tendo o<br />

PCP e o PEV como suporte jurídico da coligação<br />

integra, na sua expressão política, a Intervenção<br />

Democrática, para além de milhares de cidadãos<br />

sem filiação partidária, é um exemplo da força e<br />

das potencialidades da unidade democrática.<br />

Pelo trabalho desenvolvido pelos seus eleitos, a<br />

CDU assume-se como a força determinante na<br />

luta pelo progresso e pelo desenvolvimento local<br />

e regional e na defesa do poder local<br />

democrático. É com esta convicção que partimos<br />

para a batalha eleitoral autárquica do próximo<br />

ano.<br />

Grande força no poder local, a CDU apresentarse-à<br />

nas eleições autárquicas do próximo ano<br />

tendo como o eixo prioritário de intervenção<br />

política a afirmação do projecto autárquico.<br />

Definindo como objectivo concorrer a todos os<br />

órgãos municipais e ao maior número possível<br />

de freguesias, a par do reforço da nossa votação<br />

e do número de eleitos, com reforço das<br />

presidências de câmaras municipais e de juntas<br />

de freguesias, o PCP e a CDU apresentar-se-ão<br />

no próximo acto eleitoral com a tranquilidade de<br />

quem sabe tudo ter feito para melhorar a<br />

qualidade de vida das populações e defender o<br />

poder local.<br />

Portadores deste capital de prestígio construído<br />

no trabalho, na proximidade com as populações,<br />

na mobilização e participação popular, na<br />

resolução dos problemas e aspirações das<br />

populações, o PCP concorrerá nas próximas<br />

eleições autárquicas no quadro da CDU.<br />

Vamos pois com confiança prosseguir o trabalho,<br />

cumprindo os compromissos com os<br />

trabalhadores e o povo, erguendo um grande<br />

resultado eleitoral da CDU nas próximas eleições<br />

autárquicas, condição para a defesa do poder<br />

local democrático, dos serviços públicos e a<br />

melhoria da qualidade de vida das populações,<br />

contributo para a ruptura com a política de<br />

direita e a construção da alternativa.


26 EM FOCO<br />

22-12-2016<br />

Sobre o Avante!<br />

Manuel<br />

Rodrigues<br />

Membro<br />

da Comissão<br />

Política<br />

do Comité<br />

Central<br />

Como órgão central do PCP, o Avante! é o<br />

único jornal que veicula a informação e o<br />

esclarecimento de que os trabalhadores e<br />

o povo precisam, num quadro em que a maior<br />

parte dos órgãos da comunicação social são<br />

ferramentas controladas e orientadas pelo<br />

grande capital para promover e defender os<br />

interesses dos grupos económicos e financeiros;<br />

para veicular e servir de suporte à ideologia<br />

dominante; para desvalorizar o trabalho e os<br />

trabalhadores; para atacar os valores de Abril;<br />

para silenciar, denegrir, deturpar ou<br />

desvalorizar os interesses e as lutas dos<br />

trabalhadores e do povo; para silenciar e<br />

deturpar a acção dos comunistas e o ideal e<br />

projecto por que lutam; para silenciar e<br />

deturpar a luta dos povos; para criminalizar a<br />

luta organizada, os lutadores e a resistência.<br />

Na sua ligação às massas, como meio de contacto<br />

com os seus militantes, simpatizantes e outros<br />

democratas, o Avante! desempenha um papel<br />

insubstituível na acção do PCP, na informação das<br />

posições, análises e orientações do Partido a nível<br />

nacional e internacional, na batalha das ideias, na<br />

elevação da consciência de classe, política e<br />

ideológica, na formação e ajuda aos militantes<br />

visando a sua intervenção, no esclarecimento, na<br />

informação sobre a luta dos trabalhadores e dos<br />

povos. Um papel cujo significado e importância a<br />

sua história bem atesta.<br />

A difusão da imprensa partidária – do Avante! e<br />

de O Militante – contribui para o reforço orgânico<br />

do Partido.<br />

Dando concretização à Resolução Política do XIX<br />

Congresso, o Comité Central decidiu a realização<br />

de uma campanha nacional de divulgação do<br />

Avante! inserida na acção de reforço do Partido.<br />

A campanha, em desenvolvimento, procura elevar<br />

a valorização do Avante! e promover a sua<br />

divulgação e venda por forma a alargar o prestígio<br />

e influência social, eleitoral, política e ideológica<br />

do Partido. Uma campanha, como a experiência<br />

o demonstra, cujo êxito só pode ser alcançado<br />

tomando como sua base essencial e decisiva a<br />

organização do Partido e a militância dos seus<br />

membros.<br />

Por isso, a divulgação do Avante! passará sempre,<br />

entre outras de linhas de trabalho, pela elevação<br />

da consciência entre os militantes quanto à<br />

importância da leitura e venda do Avante!; pela<br />

responsabilização de mais quadros e criação de<br />

estruturas de divulgação do Avante! nas<br />

Organizações Regionais; pelo aumento da rede de<br />

distribuição e venda (abrindo novas ADE) e<br />

promoção pública com bancas e outras acções de<br />

rua; pela promoção, divulgação e venda regular<br />

do Avante! nas empresas e locais de trabalho.<br />

De olhos no futuro<br />

Esta campanha inclui um vasto conjunto de<br />

iniciativas pelas organizações regionais,<br />

nomeadamente as vendas especiais, e em que se<br />

integra também a edição de um número especial<br />

exclusivo para a 40.ª edição da Festa do Avante!<br />

Inclui igualmente um plano de remodelação do<br />

Avante! e da sua presença na Internet, em curso,<br />

e que, procurando corresponder aos resultados<br />

do debate travado no Partido, visa a sua melhoria.<br />

Por outro lado, o reforço da ligação e colaboração<br />

com as organizações do Partido, com o envio<br />

regular de notícias, sugestões ou informações é<br />

importante para diversificar e manter um<br />

tratamento actual dos seus conteúdos. Tal como<br />

é importante o tratamento de temas da<br />

actualidade com interesse para a batalha das<br />

ideias.<br />

O reforço do Avante! significará sempre reforço<br />

do Partido e sem reforço do Partido é impensável<br />

o reforço do Avante!.<br />

O Avante! nasceu nos tempos difíceis do fascismo<br />

e, como órgão central do PCP, deu um<br />

determinante contributo para o seu derrube e<br />

para a afirmação de liberdade, emancipação<br />

social e independência nacional que a Revolução<br />

de Abril materializou.<br />

Hoje como ontem, num tempo diferente mas não<br />

menos exigente, o Avante! como órgão central do<br />

PCP continuará na luta pela defesa, reposição e<br />

conquista de direitos, que não se pode desligar da<br />

luta pela alternativa patriótica e de esquerda,<br />

indissociável da luta por uma democracia<br />

avançada vinculada aos valores de Abril, da luta<br />

pelo socialismo e o comunismo.<br />

Valorizando e divulgando o Avante! reforçaremos<br />

o nosso colectivo partidário e agiremos com mais<br />

força pelo ideal e o projecto comunistas.<br />

Pelas lutas do presente encurtaremos o caminho<br />

do futuro.<br />

A Festa do Avante!<br />

Alexandre<br />

Araújo<br />

Membro<br />

do Secretariado<br />

do Comité<br />

Central<br />

AFesta de Abril, da juventude, dos<br />

trabalhadores e do Povo, a Festa do<br />

Avante! realizou a sua 40.ª edição,<br />

constituindo um extraordinário êxito.<br />

Um importante acontecimento político, cultural,<br />

desportivo e de massas, indelevelmente marcado<br />

pela integração da Quinta do Cabo, para alargar<br />

e valorizar a Festa, para fazer uma Festa maior e<br />

melhor.<br />

Uma Festa com mais espaço, sempre cheia, com<br />

grande participação, onde se destaca a ampla<br />

participação da juventude, também de muitas<br />

famílias, de crianças, de homens e mulheres que<br />

vieram pela primeira vez à Festa.<br />

Uma festa para todos, num ambiente de<br />

tranquilidade, fraternidade e solidariedade.<br />

Um êxito tão mais de valorizar tendo em conta<br />

que, devido ao seu alargamento, há muitos anos<br />

que não tínhamos uma Festa do Avante! tão<br />

exigente. Tivemos de desbravar um terreno<br />

virgem, de instalar as infra-estruturas de águas e<br />

esgotos, de comunicações, de energia e<br />

iluminação pública, tivemos de abrir novos<br />

acessos e arruamentos, de construir novas praças,<br />

uma nova entrada, um novo espaço criança, de<br />

plantar árvores e de cuidar da decoração e<br />

embelezamento do novo espaço, entre muitos<br />

outros aspectos.<br />

Exigências a que demos resposta, nesta forma tão<br />

nossa de construir a Festa, assente no colectivo<br />

partidário, na militância de milhares de homens,<br />

mulheres e jovens, em que cada organização<br />

assumiu as suas responsabilidades e foi mesmo<br />

para além delas, com uma contribuição fraterna<br />

e solidária, indispensável para que tudo estivesse<br />

pronto, numa experiência que importa preservar<br />

para o futuro e que daqui saudamos.<br />

A Festa foi uma vez mais uma poderosa<br />

demonstração da capacidade de realização dos<br />

comunistas e do seu Partido.<br />

Lançámos a Campanha de Fundos para a<br />

aquisição da Quinta do Cabo e o alargamento da<br />

Festa num momento em que o povo português era<br />

alvo de uma feroz ofensiva.<br />

Só uma grande confiança no colectivo partidário,<br />

nos democratas e patriotas, nos trabalhadores e<br />

no povo português, confiança na Festa do Avante!<br />

e no seu enraizamento junto de sucessivas<br />

gerações que ao longo destes 40 anos cresceram<br />

com ela, podia fazer crer que se alcançaria com<br />

êxito os objectivos.<br />

O alargamento e valorização da Festa, a<br />

campanha de fundos e a aquisição da Quinta do<br />

Cabo são importantes manifestações de confiança<br />

no futuro. São a prova que é possível vencer<br />

dificuldades e obstáculos e avançar.<br />

A 40.ª edição da Festa do Avante! comprovou<br />

plenamente a necessidade e sobretudo as<br />

potencialidades que o alargamento e valorização<br />

da Festa com a Quinta do Cabo permitem.<br />

Os resultados atingidos são positivos e foi visível<br />

a satisfação geral da organização, dos militantes<br />

do Partido e dos visitantes da Festa.<br />

Em muitos aspectos colocámos a Quinta do Cabo<br />

ao nível já atingido na Atalaia, onde estão<br />

incorporados 25 anos de intervenções e<br />

investimentos.<br />

Mas trata-se de uma obra sempre inacabada, que<br />

exigirá que se prolongue por muitos anos os<br />

investimentos e trabalhos.<br />

Preparar a Festa de 2017<br />

Vencer constrangimentos, evitar momentos de


22-12-2016 EM FOCO 27<br />

ruptura, melhorar a qualidade para receber os<br />

seus milhares de visitantes, oferecer melhores<br />

condições aos construtores da Festa, alargar e<br />

diversificar novos pólos de atracção, são<br />

objectivos que se vão continuar a colocar nos<br />

próximos anos.<br />

Partindo da experiência de 40 festas, da sua<br />

identidade, da experiência deste ano, teremos de<br />

prosseguir e aprofundar a discussão que iniciámos<br />

sobre a Festa, o seu enriquecimento e valorização,<br />

num debate que envolva os membros do Partido<br />

e da JCP, aproveitando a experiência dos<br />

construtores da Festa mas também dos seus<br />

visitantes e de todos aqueles que nela participam.<br />

Debate que sem descurar aspectos ligados ao seu<br />

projecto e construção, que de certa forma tiveram<br />

alguma centralidade nesta fase, deve aprofundar<br />

aspectos decisivos para o futuro da Festa como<br />

sejam o seu programa político-cultural, com o<br />

enriquecimento do seu programa e a resposta à<br />

criação de novos pólos de atracção; o<br />

funcionamento da Festa, com o encontrar de<br />

soluções que garantam maior conforto e<br />

comodidade para os seus visitantes; a promoção<br />

e divulgação da Festa, que se assume como a<br />

mais importante prioridade de forma a alargar a<br />

participação e a mobilização para a Festa.<br />

A Festa do Avante! é, com natural orgulho, uma<br />

grande obra dos comunistas e do seu partido, mas<br />

não o fazemos para nos fecharmos sobre nós<br />

mesmos, antes para a abrir a todos, para a abrir<br />

aos seus milhares de visitantes, para a abrir à<br />

juventude, aos trabalhadores e ao povo português.<br />

A Festa do Avante! é um espaço de alegria e<br />

convívio, por onde passa o que de melhor<br />

acontece e se produz no nosso País.<br />

Um espaço de valorização das artes e da cultura,<br />

do desporto, dos grandes espectáculos, da música<br />

erudita à mais popular, do teatro ao cinema, às<br />

exposições, artes plásticas, do livro, da ciência,<br />

da gastronomia e da cultura regional<br />

É neste sentido que estamos já a preparar a Festa<br />

do Avante!/2017, cuja divulgação se deve iniciar<br />

desde já.<br />

E que no aniversário do Partido, em Março,<br />

teremos as EP para comprar e para alargar a rede<br />

de dinamizadores da sua venda.<br />

Que em Junho iniciaremos as Jornadas de<br />

trabalho, tendo este ano de ser articuladas com<br />

momentos decisivos da preparação das eleições<br />

autárquicas, e por isso mesmo exigindo da<br />

organização partidária um esforço suplementar.<br />

E a 1, 2 e 3 de Setembro aí estaremos na Festa<br />

do Avante!.<br />

Uma Festa que constituirá uma poderosa<br />

iniciativa, capaz de afirmar os valores, projecto e<br />

ideais do Partido, de afirmar os valores de Abril.<br />

Porque não há festa como esta, viva a Festa do<br />

Avante!<br />

Saudações de delegações internacionais<br />

Partido Comunista da Venezuela<br />

Carolus Wimmer<br />

Secretário<br />

de relações<br />

internacionais<br />

do Partido<br />

Comunista<br />

da Venezuela<br />

Com grande alegria e força revolucionária<br />

queremos, em nome do Comité Central da<br />

Venezuela (PCV), agradecer o convite e<br />

enviamos a todos os delegados e militantes do<br />

glorioso Partido Comunista Português uma<br />

calorosa saudação e os nossos desejos de sucesso<br />

nos trabalhos do vosso XX Congresso.<br />

É importante recordar neste momento os laços<br />

históricos entre o Partido Comunista da<br />

Venezuela e os comunistas portugueses.<br />

Conhecemo-los como exilados políticos, durante<br />

os 48 anos de luta antifascista e clandestinidade<br />

do Partido Comunista Português, quando nos<br />

acompanharam nas lutas políticas na Venezuela,<br />

quando através do debate político e ideológico<br />

aprendemos das vossas experiências de luta<br />

contra a ditadura e contra o colonialismo. Os<br />

nossos laços fortaleceram-se posteriormente até<br />

hoje nos mais variados campos revolucionários.<br />

Muito Obrigado!<br />

Agradecemos a consequente solidariedade do<br />

Partido Comunista Português com a luta da classe<br />

operária e o povo trabalhador que,<br />

acompanhados pelo PCV, avançam um processo<br />

de libertação progressista nacional, de orientação<br />

patriótica, antioligárquica e antimonopolista.<br />

Muito Obrigada!<br />

Defendemos o carácter marxista-leninista do<br />

partido da classe operária que é necessário nesta<br />

luta de classes. Por tudo isto, é um dever<br />

inevitável e vital preservar o carácter e a natureza<br />

da classe do Partido, que – nas palavras do<br />

grande dirigente comunista Álvaro Cunhal –<br />

«afirma-se e revela-se na ideologia, nos<br />

objectivos, na composição social, na estrutura<br />

orgânica, no trabalho de massas e, de uma forma<br />

geral, em todos os aspectos da sua actividade».<br />

O Partido Comunista da Venezuela está confiante<br />

que este XX Congresso cumprirá com as metas<br />

traçadas e será um grande repositório de<br />

experiências revolucionárias para a classe<br />

operária e os povos do mundo.<br />

Frentes Democrática e Popular de Libertação da Palestina<br />

Saudação<br />

conjunta<br />

lida<br />

no Congresso<br />

Permitam, em primeiro lugar, que vos<br />

transmita, em nome das Frentes<br />

Democrática e Popular de Libertação da<br />

Palestina, e em nome da OLP, uma saudação<br />

cordial e combativa e<br />

o agradecimento, pelo<br />

convite para o vosso<br />

XX Congresso, um<br />

importante<br />

acontecimento na vida<br />

do vosso grande<br />

partido da classe<br />

trabalhadora<br />

portuguesa, e um<br />

agradecimento<br />

também pelo vosso<br />

compromisso de solidariedade internacionalista e<br />

de defesa da verdadeira democracia, dos direitos<br />

do homem e das classes populares.<br />

Como sabem, o povo palestino sofre, desde há<br />

décadas a odiosa e genocida ocupação sionista da<br />

sua pátria, suporta as mais cruéis atrocidades –<br />

perseguições, assassinatos impunes, castigo<br />

colectivo, encarceramento massivo dos seus<br />

cidadãos, o confisco das suas terras e<br />

propriedades, a construção do muro do<br />

apartheid, a demolição das suas casas, o<br />

arranque das suas árvores de fruto e o roubo das<br />

suas águas, a tortura física e psicológica dos<br />

nossos presos. Tudo isto, para lá do cerco à Faixa<br />

de Gaza, isolada por terra, mar e ar desde há<br />

uma década, convertida numa verdadeira prisão<br />

para um milhão e 800 mil seres humanos. Temos<br />

mais de sete mil presos nas cadeias de Israel,<br />

entre eles representantes legítimos do povo como<br />

o camarada Ahmed Saadat, Secretário-geral da<br />

Frente Popular, de Samer Al-Isawi, membro do<br />

Comité Central da Frente Democrática, e Marwan<br />

Barguti, dirigente da Al-Fatah.<br />

Queremos aproveitar este Congresso para vos<br />

assegurar que a nossa luta pela unidade e em<br />

defesa dos nossos direitos inalienáveis, em<br />

particular o direito ao retorno dos refugiados, e à<br />

autodeterminação e construção de um Estado<br />

democrático e independente é o nosso único<br />

objectivo.<br />

Para terminar, desejamos todos os êxitos ao vosso<br />

congresso.


ARGUMENTOS<br />

28 22-12-2016<br />

SEGURANÇA INTERNA<br />

• Rui Fernandes<br />

Dando corpo às suas opções tem o<br />

PCP vindo a dar-lhe expressão concreta<br />

com a apresentação de um conjunto<br />

de iniciativas na Assembleia da República.<br />

Realça-se, neste âmbito, a apresentação de um projecto<br />

sobre Higiene e Saúde no trabalho; de um outro<br />

alargando os direitos para o exercício sócio-profissional<br />

na GNR; um outro visando a consagração<br />

da Polícia Marítima como uma polícia civilista, com<br />

uma Lei Orgânica própria como qualquer outra força<br />

policial e, ainda, um sobre a Condição Policial.<br />

Trata-se de um conjunto de iniciativas que reforçando<br />

os direitos dos profissionais das forças e serviços<br />

de segurança potencia, inerentemente, o reforço<br />

dos direitos dos cidadãos.<br />

Na verdade, mantém-se inaceitáveis anacronismos<br />

no que respeita ao exercício de direitos e há restrição<br />

dos mesmos. Anacronismos que ferem o princípio<br />

estabelecido no artigo 270.º da Constituição<br />

da República quando estipula que a restrição de direitos<br />

deve ser estabelecida «na estrita medida das<br />

exigências próprias das respectivas funções». Isto é,<br />

as restrições devem ser as menores possíveis. Continuar<br />

a ter hoje uma Polícia Marítima com um estatuto<br />

militarizado ou uma GNR militar é um absurdo.<br />

Tão absurdo quanto isto é consagrar numa Lei o<br />

direito à constituição de associações de natureza sócio-profissional<br />

(caso da GNR e dos militares das<br />

Forças Armadas) mas depois não as dotar de capacidade<br />

para efectivamente cumprirem o papel que<br />

determina a sua criação. Aliás, no caso dos militares<br />

das Forças Armadas, embora esteja consagrado<br />

na Lei a possibilidade de integrarem grupos de trabalho<br />

para determinados assuntos, nunca tal se verificou,<br />

sendo adoptado o já bem conhecido sistema<br />

da «ouvição».<br />

O projecto que o PCP apresentou sobre o alargamento<br />

dos direitos na GNR visa responder a esta<br />

questão básica e da mais elementar justiça. Este<br />

mesmo sentido tem o projecto sobre Condição Policial.<br />

Condição Policial é uma expressão que percorre<br />

muitos textos e até discursos. Mas o que é, em<br />

que se consubstancia essa tal condição policial?<br />

PALAVRAS CRUZADAS<br />

Quando alguns dizem que não pode ser tratado de<br />

forma igual aquilo que é diferente, isso assenta em<br />

quê? Numa óbvia percepção, é claro. A percepção<br />

é interessante, mas não chega, como a vida tem mostrado,<br />

para respeitar direitos. Muito menos serve<br />

para os respectivos profissionais exigirem o respeito<br />

por eles. Ora, é a estas questões que o PCP pretende<br />

dar resposta com a referida iniciativa.<br />

Por fim, a iniciativa consagrando um conjunto de<br />

princípios, regras e o envolvimento participativo dos<br />

respectivos profissionais com vista à melhoria das<br />

condições de saúde e higiene no trabalho. Muito se<br />

tem falado nos suicídios entre os profissionais das<br />

forças e serviços de segurança. Se isso é verdade,<br />

não o é menos as referências a amianto em esquadras,<br />

as condições deploráveis de muitas outras esquadras<br />

e postos, entre variados outros aspectos.<br />

Os anos passam, mas os problemas arrastam-se.<br />

Noutros casos, não acontece assim porque a opção<br />

é o fecho de esquadras, dentro da concepção prevalecente<br />

de uma segurança reactiva e não preventiva.<br />

O projecto do PCP procura elevar o patamar da<br />

Reforçar os direitos<br />

dos profissionais é reforçar<br />

os direitos dos cidadãos<br />

preocupação e da resposta ao problema. Retira o<br />

tratamento desta problemática do plano da retórica<br />

e da boa vontade, para o plano da criação de mecanismos,<br />

envolvimentos e responsabilizações concretas.<br />

Este apontamento sobre as iniciativas apresentadas,<br />

cremos, torna claro o seu sentido geral. Iniciativas<br />

que honram o património de intervenção do<br />

PCP nesta área. Iniciativas que visam dignificar os<br />

profissionais. Iniciativas que dignificando os profissionais,<br />

dignificam as respectivas instituições, mesmo<br />

que alguns pensem que assim não é. Estes que<br />

assim pensem, são os que continuam agarrados a<br />

um tempo que não existe, mas que pretendem perpetuar<br />

artificialmente através da imposição do medo,<br />

de enquadramentos legais que lhes permita o<br />

«quero, posso e mando», a gestão «a olho» e de acordo<br />

com as conveniências.<br />

HORIZONTAIS: 1 - Óxido ou hidróxido de cálcio; exceder-se; protege com vedação. 2 -<br />

Caminhar; encorajou; pequeno (Brasil). 3 - Sublime; pão de milho; acrónimo de Imposto sobre o<br />

Valor Acrescentado. 4 - Por conseguinte; cingir com os braços. 5 - Réptil sáurio; relação;<br />

concordância dos sons finais de dois ou mais versos. 6 - Elemento de formação de palavras que<br />

exprime a ideia de novo; imitação cómica. 7 - Indica lugar, tempo, modo, causa, fim e outras<br />

relações (prep.); contr. da prep. em com o art. def. a; fileira; contr. da prep. a com o artigo ou<br />

pronome o; contr. da prep. de com o art. def. a. 8 - Que não pode ser abalado; nove mais um. 9<br />

- Apertar com nó ou laçada; desloca-se para fora; seio de mulher (poét.). 10 - Metal cinzento,<br />

brilhante e magnético de número atómico 27; homem moço. 11 - Naquele lugar; cantor<br />

ambulante; desmontar. 12 - Tocar de leve; tolo, ingénuo (gír.); movia-se de um sítio para outro.<br />

13 - Discursar; conjunto de peças que compõem o escudo heráldico; estabelecimento ou local onde<br />

se servem bebidas.<br />

VERTICAIS: 1 - Tempestade que se desloca redemoinhando com enorme velocidade; animal<br />

do grupo dos acarídeos, que inclui os causadores da sarna do homem e as carraças dos cães. 2 -<br />

Unidade de medida agrária equivalente ao decâmetro quadrado; exprime a ideia de metade, meio<br />

ou quase (pref.); cheiro agradável. 3 - Grande extensão de água cercada de terra; rama de nabo<br />

pouco desenvolvido. 4 - Dizia-se dos filhos de negros que eram alvos e de cabelos louros; camada<br />

gordurosa do leite; o espaço aéreo. 5 - Aniversário natalício; conspirar. 6 - Bismuto (s.q.); cólera;<br />

talento. 7 - A unidade; conjunto de regras de comportamento consideradas como universalmente<br />

válidas; perfume. 8 - Debaixo de; género de oleáceas de flores aromáticas; sufixo diminutivo. 9 - Popularidade; revolver a terra com enxada ou sacho; carta de<br />

jogar. 10 - Aquilo que o artífice produz; emprega-se para excitar ou animar (interj.); batráquio anfíbio aquático, anuro, da família dos ranídeos. 11 - Relativo a<br />

marido; variedade de enchido de lombo de porco em tripa larga. 12 - Assisti; agastamento; dilatação a seguir ao esófago das aves, onde os alimentos são amolecidos,<br />

antes de passarem à moela. 13 - Encrespar; dez mais dois. 14 - Deusa; ave palmípede, espécie de pato; camareira. 15 - Navega ao largo; arrastar pesadamente.<br />

HORIZONTAIS: 1 - Cal; abusar; veda. 2 - Ir; animou; mirim. 3 - Celso; broa; IVA. 4 - Assim; abraçar. 5 - Osga; rol; rima. 6 - Neo; caricatura. 7 -<br />

Em; na; ala; ao; da. 8 - Inabalável; dez. 9 - Atar; sai; pomo. 10 - Cobalto; rapaz. 11 - Ali; aedo; apear. 12 - Roçar; otário; ia. 13 - Orar; brasão; bar.<br />

VERTICAIS: 1 - Ciclone; ácaro. 2 - Are; semi; olor. 3 - Lago; nabiça. 4 - Assa; nata; ar. 5 - Anos; cabalar. 6 - Bi; ira; arte. 7 - Um; moral; odor. 8 -<br />

Sob; lilás; ota. 9 - Aura; cavar; ás. 10 - Obra; eia; rã. 11 - Marital; paio. 12 - Vi; amuo; papo. 13 - Eriçar; doze. 14 - Diva; adem; aia. 15 - Amara; azorrar.<br />

Lê e divulga<br />

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(IVA e portes incluídos)<br />

(50 números) . . . . . . . . . . . . . . . . . 54.00<br />

(25 números) . . . . . . . . . . . . . . . . . 28.00<br />

Europa: (50 números) . . . . . . . . . . . . 120.00<br />

Extra Europa: (50 números) . . . . . . . 180.00<br />

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22-12-2016 ARGUMENTOS 29<br />

HISTÓRIA<br />

• Domingos Abrantes<br />

Passaram-se 55 anos desde<br />

que, no dia 4 de Dezembro<br />

de 1961, fruto<br />

de um longo trabalho de organização e<br />

criatividade, teve lugar a fuga da cadeia<br />

do Forte de Caxias, vulgarmente<br />

conhecida como a fuga do carro blindado<br />

de Salazar, uma das mais espectaculares,<br />

audaciosas, arriscadas e<br />

complexas fugas colectivas que tiveram<br />

lugar nas cadeias fascistas.<br />

Naquele dia o regime fascista e o seu<br />

aparelho repressivo sofreram pesada<br />

derrota e o PCP importante vitória política<br />

e organizativa. Oito dos seus quadros,<br />

quase todos funcionários do Partido<br />

e alguns membros do Comité<br />

Central condenados a longos anos de<br />

prisão – António Gervásio, António Tereso,<br />

Domingos Abrantes, Francisco<br />

Miguel, Guilherme da Costa Carvalho,<br />

Ilídio Esteves, José Magro e Rolando<br />

Verdial – recuperaram a liberdade para<br />

retomar o seu lugar na luta clandestina<br />

contra o fascismo.<br />

A fuga de Caxias<br />

O quadro político, prisional e partidário<br />

que se vivia não é pouco relevante<br />

na avaliação do significado e importância<br />

desta fuga, ocorrida depois da<br />

igualmente audaciosa fuga do Forte de<br />

Peniche (Janeiro/1960), que restituiu<br />

à liberdade o camarada Álvaro Cunhal<br />

e mais nove destacados quadros do<br />

Partido.<br />

O ano de 1961 constituiu um marco<br />

na crise do regime e da luta antifascista,<br />

com o início das guerras coloniais;<br />

o agravamento da crise económica; o<br />

isolamento internacional do regime;<br />

dissensões internas nas forças armadas<br />

por parte de sectores fascistas que defendiam<br />

o afastamento de Salazar para<br />

salvar o regime; impacto do assalto ao<br />

navio Santa Maria e ao avião da TAP;<br />

reforço da actividade e unidade da<br />

MEMÓRIA<br />

oposição democrática, tendo como pano<br />

de fundo a intensificação da luta de<br />

massas e o crescente papel do PCP.<br />

O PCP regista no seu património de<br />

organização e luta um significativo número<br />

de fugas. Todas elas – colectivas<br />

ou individuais – tiveram particularidades<br />

e esta não fugiu à regra. A sua singularidade<br />

reside no facto de ter sido<br />

organizada a partir da infiltração no<br />

aparelho de direcção da cadeia; se ter<br />

utilizado um carro da cadeia; ter decorrido<br />

à luz do dia perante o olhar atónito<br />

dos guardas prisionais e da GNR; os<br />

fugitivos terem sofrido uma barragem<br />

de fogo com armas de guerra; ter sido<br />

de preparada e organizada pelo colectivo<br />

partidário sem apoio exterior.<br />

O Partido tinha como orientação que<br />

os funcionários, uma vez caídos nas<br />

garras da polícia, deveriam tentar fugir<br />

para recuperar o seu posto na luta<br />

clandestina. Uma tarefa que requer<br />

atento estudo do sistema de segurança<br />

e da rotina dos carcereiros, combate à<br />

impaciência, disciplina, perseverança<br />

e sobretudo procurar novos caminhos<br />

quando os seguidos se revelavam inviáveis.<br />

A fuga de Caxias tem disto tudo em<br />

doses redobradas. Tentadas várias soluções,<br />

a chave acabou por partir da<br />

surpreendente proposta do camarada<br />

José Magro de se tentar infiltrar um camarada<br />

nos serviços da cadeia para fazer<br />

o reconhecimento do espaço e ver<br />

das possibilidades de fuga.<br />

A espinhosa tarefa recaiu sobre o camarada<br />

Tereso, ex-motorista da Carris<br />

e já julgado e condenado. Não foi fácil<br />

convencê-lo, como não foi fácil fazer os<br />

carcereiros «engolir» a súbita disposição<br />

de Tereso «rachar» e colocar-se ao<br />

serviço do inimigo.<br />

Tereso revelou enormes qualidades<br />

1509 – Publicação<br />

de O elogio da Loucura<br />

para a tarefa, suportando o desprezo<br />

dos outros presos, das famílias e colegas<br />

de trabalho, que ignoravam a sua<br />

falsa qualidade de rachado. Revelou-<br />

-se um mestre na arte da dissimulação<br />

junto dos carcereiros e do director da<br />

cadeia, tornando-se a pessoa da sua<br />

confiança, com direito a circular livremente.<br />

Passados vários meses, quando todas<br />

as saídas pareciam bloqueadas, descobre<br />

o carro e propõe que se estudasse<br />

a sua utilização. Rapidamente a proposta<br />

foi aceite, ainda que houvesse<br />

ideias muito claras quanto à audácia e<br />

à complexidade da sua execução.<br />

Até ao dia da fuga foi necessário dar<br />

resposta a imensos problemas, a maior<br />

parte dos quais só podiam ser testados<br />

no momento da fuga, nomeadamente:<br />

como fazer chegar o carro sem levantar<br />

suspeitas ao único local a que se tinha<br />

acesso – o recreio no interior do<br />

interior da cadeia –, não se sabendo<br />

antecipadamente a hora do recreio; como<br />

reagiriam os GNR à fuga realizada<br />

literalmente nas suas barbas; como fazer<br />

sair o carro do interior da cadeia<br />

com os portões fechados; e a questão<br />

das questões era saber se o carro era<br />

mesmo blindado e como suportaria o<br />

Escrito originalmente em latim («Encomium Moriae»), «O Elogio<br />

da Loucura» é uma das mais conhecidas obras do escritor, filósofo<br />

e teólogo Desidério Erasmo, vulgarmente conhecido como Erasmo<br />

de Roterdão, que a dedicou ao seu amigo Thomas More, autor<br />

da «Utopia», no nome do qual se inspirou (More e Mória /<br />

Loucura). Extraordinária sátira à sociedade da época, a obra,<br />

particularmente crítica dos homens da Igreja, não poupa ninguém.<br />

Antecipando as críticas, Erasmo escreve na dedicatória a More:<br />

«já prevejo que não faltarão detractores para insurgir-se contra<br />

ela, acusando-a de frivolidade indigna de um teólogo, de sátira<br />

indecente para a moderação cristã, em suma, clamando e<br />

cacarejando contra o facto de eu ter ressuscitado a antiga comédia<br />

e, qual novo Luciano [autor do «Diálogo dos Mortos», considerado<br />

ímpio e ateu], ter magoado a todos sem piedade». Invocando<br />

não ser ele quem fala mas sim a Loucura, personificada como<br />

uma entidade viva, o autor congratula-se de «ter elogiado a<br />

Loucura sem estar inteiramente louco» e lembra que «há muito<br />

tempo existe a liberdade de estilo com a qual se zomba da<br />

maneira como vive e conversa o homem, a não ser que se caia<br />

no cinismo e no veneno». Mais de 500 anos depois, a obra<br />

permanece actual.<br />

potencial de fogo durante um percurso<br />

de mais de 900 metros.<br />

A fuga na sua execução crucial durou<br />

apenas 60 segundos, que nas circunstâncias<br />

pareceram uma eternidade.<br />

Provou-se então que o carro era<br />

mesmo blindado e capaz de resistir às<br />

19 balas de guerra, e que os carros de<br />

Salazar eram à prova de bala, para<br />

bem dos comunistas fugitivos e do PCP<br />

que assim conseguiu recuperar um elevado<br />

número de quadros.<br />

Depois da fuga as autoridades policiais<br />

– PIDE e GNR – procederam a<br />

um inquérito para averiguar as condições<br />

em que se deu a fuga e eventuais<br />

colaborações das forças de segurança<br />

da cadeia.<br />

Para além da falsa conclusão da PI-<br />

DE de que a fuga só poderia ter tido o<br />

apoio do exterior, e da conclusão da<br />

GNR de que esta se processou a uma<br />

rapidez superior à capacidade de reacção<br />

dos elementos da Guarda, importa<br />

deixar registado o essencial do Relatório<br />

oficial pelo seu rigor factual: «No<br />

dia 4 de Dezembro de 1961, pelas<br />

9h35m, sete reclusos que se encontravam<br />

no fosso interior do reduto Norte<br />

do Forte de Caxias na hora do recreio,<br />

auxiliados por outro recluso da sala de<br />

trabalho do mesmo Forte (a sala dos<br />

rachados), levaram a cabo uma espectacular<br />

e audaciosa fuga, aproveitando<br />

com raro sentido de oportunidade não<br />

só os meios materiais de que puderam<br />

dispor, como o ambiente de confiança<br />

que se havia generalizado à volta de<br />

um dos evadidos cuja liberdade de movimentação<br />

dentro do Forte era praticamente<br />

ilimitada e lhe permitiu levar<br />

até ao local do início da fuga um automóvel<br />

sem despertar a mínima suspeita».<br />

O sucesso da Fuga de Caxias perdurará<br />

como exemplo do trabalho colectivo,<br />

capacidade organizativa, perseverança<br />

na concretização dos objectivos,<br />

respeito pelas regras conspirativas e<br />

determinação em servir o Partido e a<br />

sua luta.<br />

Com excepção de Verdial, que acabaria<br />

por trair o Partido, todos os camaradas<br />

se empenharam no desenvolvimento<br />

da actividade partidária, e<br />

todos, com excepção de Guilherme da<br />

Costa Carvalho que morreu em 1973,<br />

tiveram a felicidade de viver o derrube<br />

da ditadura fascista e de dar a sua contribuição<br />

para a implantação do regime<br />

democrático, objectivo pelo qual lutaram<br />

sucessivas gerações de comunistas.


TELEVISÃO<br />

30 22-12-2016<br />

TVISTO<br />

• Correia da Fonseca<br />

Nos dias<br />

de ser bom<br />

Como facilmente<br />

se adivinha, o<br />

título desta<br />

dupla coluna é uma pobre<br />

glosa de um inesquecível<br />

poema de António Gedeão, ele<br />

próprio poeta inesquecível e de<br />

facto inesquecido ao contrário<br />

do que vem acontecendo com<br />

José Gomes Ferreira e muitos<br />

outros. Este lamentável e<br />

também sintomático<br />

desaparecimento da poesia e<br />

dos poetas na nossa memória<br />

colectiva terá muito a ver com<br />

a ausência da poesia nos<br />

diversos canais da televisão<br />

portuguesa, bem se sabendo<br />

que todos eles mostram mais<br />

apreço pelos futebóis e seus<br />

sábios do que por Gedeão e<br />

seus pares na comoção e de<br />

facto na intervenção, pois<br />

acontece que a poesia intervém<br />

na vida social mesmo quando<br />

não parece fazê-lo. Talvez a<br />

actual presença de um poeta<br />

no topo do Ministério da<br />

Cultura possa ser um factor<br />

que contrarie esta desafeição<br />

da TV em relação à poesia,<br />

nem que seja por alguma<br />

ligeira e neste caso útil<br />

intenção de lhe agradar, já que<br />

o Ministério da Cultura voltou<br />

agora a ter alguma autoridade<br />

sobre a televisão, mas esta é<br />

uma probabilidade muito<br />

remota. De caminho, registe-se<br />

que na obra poética de Luís<br />

Filipe de Castro Mendes<br />

figuram a dada altura, como<br />

tema, os «mercados» que vêm<br />

surgindo como algozes do<br />

nosso País e do seu povo,<br />

muito se desejando, como se<br />

compreenderá, que o poeta<br />

não só nunca esqueça esse seu<br />

momento poético mas também<br />

que, caso se torne adequado, o<br />

lembre a quem eventualmente<br />

dele precise de ser lembrado.<br />

Porque se os amigos são para<br />

as ocasiões, também os poetas<br />

o devem ser.<br />

Onde se lembra<br />

Castrim<br />

Voltemos, porém, à quadra<br />

que atravessamos para registar<br />

o evidente: que o Natal está<br />

nos diversos canais da<br />

televisão portuguesa na sua<br />

dupla forma: na habitual<br />

ofensiva comercial<br />

consubstanciada na<br />

intensificação publicitária e no<br />

registo de iniciativas de índole<br />

caritativa, em grande parte<br />

segundo o velho modelo da<br />

«sopa dos pobres» e do «abrigo<br />

para os sem-abrigo». Com a<br />

vénia devida ao Presépio, é<br />

imperioso lembrar que o Natal<br />

passa depressa e que as<br />

terríveis carências ficam sem<br />

que se saiba o que foi feito<br />

para que no próximo Natal não<br />

haja gente sem tecto nem duas<br />

refeições por dia. Isto porque o<br />

Natal, além se ser tão sonora e<br />

luminosamente celebrado,<br />

deverá ser um estímulo.<br />

Permita-se que se recorde aqui<br />

um poemeto de Mário Castrim,<br />

esse nome enorme do<br />

jornalismo em geral e da<br />

crítica de TV em especial:<br />

«Passado o Natal, /quem é o<br />

que era / negou-se à Primavera<br />

que em si tem. / Não reverdeceu,<br />

/ ficou pequenino, / perdeu-se no<br />

cominho.» Esta é apenas, já se<br />

vê, uma minúscula<br />

homenagem a um homem que<br />

continua a fazer-nos muita falta<br />

até para nos falar desta<br />

televisão comercialona que<br />

muitas vezes parece continuar<br />

a vender a sua alma ao Diabo.<br />

Talvez, quem sabe?, seja este<br />

o Diabo cuja chegada o dr.<br />

Passos anunciou. Agora, como<br />

se sabe, transferiu a sua<br />

expectativa para Melchior,<br />

Baltazar e Gaspar, os míticos<br />

reis que trouxeram ao presépio<br />

mirra, incenso e oiro. É claro<br />

que isto do oiro seria<br />

especialmente bem-vindo, mas<br />

o mais certo é que esta<br />

previsão do dr. Passos seja<br />

mais um erro seu. Temos que<br />

entender: o doutor ainda não<br />

está refeito da decepção que<br />

sobre ele desabou e basta<br />

olhar para a lapela do seu<br />

casaco para nos certificarmos<br />

de que o trauma continua: o<br />

emblema que teima em<br />

ostentar sugere que ele<br />

continua a considerar-se<br />

primeiro-ministro de Portugal<br />

embora numa espécie de<br />

exílio, um pouco como<br />

tradicionalmente se diz que<br />

alguns doentes julgam ser<br />

Napoleão. Não é: é o líder do<br />

maior partido da oposição, o<br />

que aliás não é pouco. Porque<br />

estamos nos «dias de ser bom»,<br />

desejemos-lhe rápida cura<br />

ainda que não possamos<br />

desejar-lhe muitas<br />

prosperidades no próximo ano.<br />

É que a eventual prosperidade<br />

(política, entenda-se!) do dr.<br />

Pedro Passos Coelho seria o<br />

regresso da espoliação do povo<br />

português, a vinda de novas<br />

infelicidades em lugar da<br />

mirra, do incenso e do oiro<br />

que os magos trariam. Assim,<br />

o Diabo seria um pouco ele<br />

próprio. O povo nos livrará do<br />

regresso desse pesadelo.


22-12-2016<br />

AGENDA<br />

31<br />

Reuniões<br />

e outras iniciativas<br />

Montemor-o-Novo<br />

– Sábado, 31, às 19h00, passagem do ano,<br />

no CT de Montemor-o-Novo. Cada camarada<br />

deve levar um exemplar do Avante!, a sua<br />

especialidade gastronómica ou outros bens<br />

alimentícios, camaradagem, boa disposição<br />

e simpatia!<br />

Palmela<br />

– Quarta-feira, 28, às 13h00, almoço de final<br />

do ano, da Célula do PCP na Autoeuropa<br />

(Contactos: 938990500, 934876100,<br />

967221428).<br />

Feira do Livro<br />

Faro<br />

No CT do PCP de Faro<br />

(Rua de Portugal, 44).<br />

Até 28 de Dezembro, aberta ao público<br />

entre as 17h00 e as 20h00.<br />

Sábado, 17, apresentações e tertúlia com<br />

a presença de autores algarvios, como Adão<br />

Contreiras, Carina Infante do Carmo,<br />

Damião Pereira e Fernando Martins.<br />

Bancas de Natal<br />

Algueirão, Mem-Martins<br />

No CT do PCP (Estrada de Mem-Martins, 257 b),<br />

até 23 de Dezembro.<br />

Horário: dias úteis, das 14h00 às 18h00; sábados,<br />

das 10h30 às 12h00, excepto sábdo, 17, que será<br />

das 15h00 às 18h00.<br />

Almada<br />

No Ct Concelhio, até ao final do ano<br />

Livros (novos e usados), vídeos, DVD, CD,<br />

discos de vinil, pequenos brindes, quadros (óleos<br />

e serigrafias), louças, vidros, medalhas, molduras,<br />

artesanato e muito mais...<br />

Amadora<br />

No CT do PCP na Amadora, até 6 de Janeiro de 2017.<br />

Aberta todos os dias úteis das 9h30 às 17h00; às<br />

segundas aberta até às 21h00.<br />

Benfica<br />

No CT do PCP de Benfica (Av. Grão Vasco, 36 A),<br />

até 22 de Dezembro.<br />

Horário: terças, quintas e sábados, das 10h00 às<br />

13h00 e das 15h00 às 18h30; quartas das 15h00<br />

às 18h00.<br />

Jerónimo de Sousa<br />

Secretário-geral do PCP<br />

Sexta-feira, 23<br />

15h00 – Encontro do PCP<br />

com a Confederação<br />

Portuguesa das Micro,<br />

Pequenas e Médias Empresas<br />

(CPPME)<br />

na sede desta no Seixal<br />

Quinta-feira, 29<br />

15h00 – Braga<br />

Visita ao Presépio<br />

de Priscos


32<br />

ÚLTIMAS<br />

22-12-2016<br />

A TALHE DE FOICE<br />

• Henrique Custódio<br />

Nem<br />

repara?!...<br />

Duas particularidades ocorreram na semana<br />

passada: os Reis Magos trazidos no camelo<br />

de Passos Coelho e Passos Coelho a entrar<br />

na cáfila de João Jardim. Uma caldeirada.<br />

Os Reis Magos de Passos Coelho foram<br />

anunciados pelo próprio em mais um dos seus<br />

intermináveis «jantares de correligionários»<br />

(há quem quantifique em 3500 km o périplo<br />

do homem entre manjares, pelo País fora).<br />

E o anúncio de Passos pretendia ser uma<br />

rectificação das gafes que reconheceu e procurou<br />

emendar com uma graçola que se tornou... nova<br />

gafe. Desta vez com Reis Magos que Passos, de<br />

olho maroto à esquina do Novo Testamento,<br />

anunciava para breve, trotando nos camelos pela<br />

areia fora do seu desnorte. O resultado foi nova<br />

especulação do comentarismo pafiano,<br />

a esgravatar subentendidos na «misteriosa frase»<br />

dos Reis Magos, desembocando a coisa numa<br />

bisonha barafunda à volta dos inescrutáveis<br />

«desígnios» de Coelho, pelos vistos bem escondidos<br />

no fundo da toca.<br />

A cáfila que Alberto João Jardim procurou tanger<br />

por quatro páginas do Público estava carregada<br />

de ajuste de contas com Passos Coelho, de quem<br />

o soba reformado da pérola do Atlântico declarou<br />

que «a margem dele já acabou», considerando<br />

que Coelho «continua a fazer [fincapé] que as<br />

políticas dele eram social-democratas, quando<br />

eram na verdade tecnocratas e conservadoras<br />

impostas pelas instituições estrangeiras e que<br />

fizeram de nós um protectorado», rematando c<br />

om o que achou um desaforo pessoal:<br />

«No congresso em que eu saí, nem uma palavra<br />

para mim. Isto não se faz. É mau carácter».<br />

Cá se fazem, cá se pagam e Jardim, que não<br />

esquece, aproveitou a oportunidade de largar<br />

o barco de Passos Coelho para lhe ajuntar uma<br />

vingançazita. O trivial, nesta rapaziada.<br />

O que de notório se tira destes episódios<br />

é o isolamento sem retorno de Passos Coelho,<br />

perdido no seu papel de chanceler no exílio<br />

(continua religiosamente a ostentar<br />

a bandeirinha na lapela), discursando para<br />

plateias rarefeitas de entusiasmo, cada vez mais<br />

viradas para o que vêem nos pratos do que para<br />

o que ouvem do orador, batendo umas palmas<br />

moles e acenando bandeiras desgarradas.<br />

E a proverbial turbulência do PSD, quando<br />

lhe falta a mesa do Orçamento a que se sentar,<br />

já se manifesta por outras jantaradas (é sempre<br />

à mesa que esta gente se degladia), que<br />

proliferam igualmente pelo território nacional,<br />

saltando nomes como pipocas na panela, todos<br />

estando e fingindo não estar, todos querendo<br />

e jurando não querer.<br />

Mas o desassossego está instalado e prolifera,<br />

e a direcção do PSD de Passos Coelho nem<br />

consegue um candidato próprio às câmaras<br />

municipais de Lisboa e do Porto, nas próximas<br />

eleições autárquicas.<br />

Que diabo! Passos Coelho nem repara que<br />

a contestação interna à sua direcção já desceu<br />

ao nível de João Jardim?!...<br />

CGTP-IN critica proposta desequilibrada do Governo<br />

O mínimo dos patrões<br />

Para a CGTP-IN, a proposta do Governo sobre o<br />

salário mínimo nacional é «um documento desequilibrado<br />

e de cedência inequívoca às chantagens<br />

das confederações patronais».<br />

A confederação tomou posição<br />

anteontem, sobre a reunião<br />

de segunda-feira no Conselho<br />

Permanente da Concertação<br />

Social, destacando<br />

que «os valores apresentados<br />

para a actualização do salário<br />

mínimo nacional são insuficientes;<br />

o patronato continua<br />

a ser financiado pelos impostos<br />

pagos pelos trabalhadores,<br />

reformados e pensionistas; a<br />

contratação colectiva e a precariedade<br />

do emprego são<br />

tratadas de forma genérica e<br />

sem compromissos objectivos,<br />

nomeadamente no que<br />

respeita à revogação da norma<br />

da caducidade e à reintrodução<br />

plena do princípio do tratamento<br />

mais favorável; os<br />

patrões são contemplados<br />

Os trabalhadores<br />

vão lutar pelo<br />

aumento geral<br />

dos salários<br />

em 2017<br />

com um novo e chorudo pacote<br />

financeiro».<br />

Reafirmando que «continuará<br />

empenhada em contribuir<br />

para encontrar soluções<br />

justas, que respondam aos<br />

problemas dos trabalhadores»,<br />

a Intersindical declara<br />

que «não será contemplativa<br />

nem colaboracionista com<br />

propostas que, a pretexto da<br />

negociação do salário mínimo<br />

nacional, sirvam para acentuar<br />

as desigualdades entre o<br />

trabalho e o capital». «Independentemente<br />

do que resultar<br />

das reuniões da CPCS», a<br />

CGTP-IN «exorta todos os<br />

trabalhadores a lutarem nos<br />

seus locais de trabalho pelo<br />

aumento do salário mínimo<br />

nacional para 600 euros, em<br />

2017, e pelo aumento geral<br />

dos salários».<br />

No comunicado de imprensa<br />

que a central divulgou<br />

ao fim da tarde desta terça-<br />

-feira, a proposta do Governo<br />

é comentada em onze<br />

pontos.<br />

O valor de 557 euros é<br />

insuficiente, insistindo a Inter<br />

que «faz todo o sentido» aumentar<br />

para 600 euros já em<br />

Janeiro, até porque, «se tivermos<br />

presente o valor da inflação<br />

e da produtividade ao<br />

longo dos anos», deveria ficar<br />

em 902 euros. Ao propor actualizações<br />

semestrais, para<br />

As «prendas» recusadas e as reivindicações reafirmadas pelos trabalhadores e pelos sindicatos<br />

foram deixadas numa simbólica árvore de Natal, no centro de Braga, na sexta-feira,<br />

dia 16, após um plenário distrital de sindicatos. Uma iniciativa semelhante foi marcada para<br />

ontem à tarde, frente ao Ministério da Saúde, em Lisboa<br />

Concerto<br />

pela Paz<br />

O Teatro Rivoli, no Porto, acolhe, no dia 7 de Janeiro, às<br />

17 horas, um Concerto pela Paz, promovido pelo Conselho<br />

Português para a Paz e Cooperação (CPPC). No espectáculo<br />

– para maiores de três anos<br />

e com entrada gratuita mediante<br />

o levantamento de bilhete<br />

no dia anterior e até ao<br />

limite da sala – conta com a<br />

actuarão de Balleteatro, Bando<br />

dos Gambozinos, Colectivo<br />

«Uma Vontade de Música»,<br />

Conservatório de Música<br />

do Porto, Coral de Letras<br />

da Universidade do Porto,<br />

Orquestra Juvenil de Bonjóia<br />

e Pedro Abrunhosa.<br />

chegar a 600 euros durante o<br />

ano de 2019, o Governo «visa<br />

diluir no tempo a actualização»,<br />

o que acarreta «manifesto<br />

prejuízo para os trabalhadores»,<br />

ao admitir que mesmo<br />

aquela meta seja alcançada<br />

noutro mês, que não Janeiro.<br />

A CGTP-IN nota que esta posição<br />

«contraria o que está<br />

consagrado no Programa do<br />

Governo».<br />

É deixado um alerta para a<br />

tentativa de adoptar, a partir<br />

de 2020, um modelo de actualização<br />

que denota «uma<br />

clara intenção de inverter o<br />

rumo de aumento do salário<br />

mínimo nacional acima da<br />

inflação».<br />

A Inter volta a lembrar<br />

que, no total dos custos das<br />

empresas, os encargos com<br />

salários (incluindo a Segurança<br />

Social), «são pouco significativos»,<br />

e cita dados do<br />

Banco de Portugal, referentes<br />

a 2015: 13,6 por cento, na<br />

média de todas as empresas;<br />

um mínimo de oito por cento,<br />

nas empresas do comércio, e<br />

um máximo de 25,4 por cento,<br />

no alojamento e restauração;<br />

médias de 11,1 por cento,<br />

nas grandes empresas, e<br />

de 16,4 por cento, nas pequenas.<br />

Para as associações patronais,<br />

o Governo teve uma «atitude<br />

magnânima» e contemplou<br />

«a esmagadora maioria»<br />

das suas exigências, apesar<br />

de dispor de relatórios, elaborados<br />

pelo próprio Executivo,<br />

que «mostram não<br />

haver impactos negativos<br />

para a economia e o emprego,<br />

decorrentes do aumento do<br />

salário mínimo».<br />

Com a prometida redução<br />

da contribuição patronal para<br />

a Segurança Social, em um<br />

ponto percentual, o Governo<br />

«está a incentivar as empresas<br />

a apostarem na contratação de<br />

trabalhadores com o salário<br />

mínimo nacional».<br />

Mais força<br />

ao PCP!<br />

Está em curso a campanha «Um dia<br />

de salário para o Partido», na qual se<br />

apela aos militantes e amigos, aos<br />

democratas e patriotas, para que<br />

contribuam com um dia de salário ou<br />

com outro valor que entendam adequado,<br />

de acordo com as suas possibilidades,<br />

para reforçar a capacidade<br />

financeira do PCP.

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