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2<br />
SEMANA 23-2-2017<br />
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ISSN 0870-1865<br />
Comité Central do PCP apela a uma ampla participação nas<br />
comemoração do 96. o aniversário do Partido<br />
15<br />
Quarta-feira<br />
Comunistas reiteram, em comunicado,<br />
a necessidade da<br />
construção do novo aeroporto<br />
internacional de Lisboa no Campo<br />
de Tiro de Alcochete • Deputados<br />
do PCP questionam o<br />
Governo sobre a falta de pavilhões<br />
desportivos nas escolas da<br />
região de Setúbal • PE aprova<br />
o início da implementação do<br />
CETA; PCP vota contra • Raúl<br />
Castro, presidente de Cuba, recebe<br />
em Havana o seu homólogo<br />
da Irlanda, Michael Higgins<br />
• Venezuela suspende as emissões<br />
da CNN em espanhol, por<br />
a emissora atentar contra a paz<br />
e a estabilidade democrática •<br />
Começa a Volta ao Algarve em<br />
Bicicleta.<br />
16<br />
Quinta-feira<br />
Conselho de Ministros aprova<br />
a descentralização de competências<br />
para as autarquias e entidades<br />
intermunicipais • CNA é<br />
recebida em audiência pelo primeiro-ministro<br />
• Milhares de<br />
pessoas manifestam-se no Panamá<br />
e no Peru contra a corrupção<br />
• NATO informa que vai<br />
aumentar a sua presença naval<br />
no Mar Negro • Secretário-geral<br />
da Liga Árabe defende que a<br />
resolução do conflito israelo-palestiniano<br />
requer uma solução<br />
com dois estados • Uma escultura<br />
de bronze em tamanho real<br />
de Gabriel García Márquez é<br />
inaugurada em Havana, numa<br />
homenagem ao escritor colombiano<br />
e a Cuba, pelo apoio aos<br />
acordos de paz com as FARC.<br />
17<br />
Sexta-feira<br />
Jerónimo de Sousa participa<br />
na apresentação de João Ferreira<br />
à presidência da Câmara de<br />
Lisboa • Reabrem as escolas<br />
do concelho de Setúbal, depois<br />
do encerramento devido à poluição<br />
provocada pelo incêndio<br />
nos armazéns de enxofre da Sapec,<br />
na Mitrena • Governo acaba<br />
com reavaliação trimestral do<br />
imposto sobre combustíveis •<br />
Parlamento da Finlândia aprova<br />
definitivamente o casamento entre<br />
pessoas do mesmo sexo.<br />
18<br />
Sábado<br />
RESUMO<br />
Reúne o Comité Central do<br />
PCP • URAP promove uma homenagem<br />
aos tarrafalistas, em<br />
Lisboa • DORP do PCP pede o<br />
«apuramento cabal» de todos os<br />
responsáveis pela deposição de<br />
resíduos perigosos em S. Pedro<br />
da Cova • Milhares de romenos<br />
voltam às ruas para exigir a<br />
demissão do governo • «Cidade<br />
Pequena», de Diogo Costa Amarante,<br />
é distinguido com o Urso<br />
de Ouro para melhor curta-metragem<br />
no Festival de Cinema<br />
de Berlim.<br />
19<br />
Domingo<br />
No final da reunião do CC do<br />
PCP, Jerónimo de Sousa sublinha<br />
que a CDU é a alternativa a<br />
todos os partidos nas próximas<br />
eleições autárquicas • «A Voz do<br />
Operário» acolhe concerto que<br />
evoca Carlos Paredes • Numa<br />
acção em Nova Iorque, milhares<br />
de pessoas contestam as políticas<br />
de imigração dos EUA.<br />
20<br />
Segunda-feira<br />
Banco de Portugal anuncia<br />
que o fundo norte-americano<br />
Lone Star foi seleccionado para<br />
negociar a compra do Novo Banco;<br />
PCP volta a defender a manutenção<br />
do banco na esfera pública<br />
• PCP reclama do Governo<br />
medidas de emergência que respondam<br />
às necessidades dos extrabalhadores<br />
dos estaleiros de<br />
Viana do Castelo • Deputados<br />
comunistas interrogam o Executivo<br />
PS sobre o encerramento<br />
do balcão da CGD na freguesia<br />
do Teixoso, Covilhã • Nicolás<br />
Maduro apela à reorganização<br />
do Partido Socialista Unido da<br />
Venezuela • Milhares de pessoas<br />
manifestam-se em Londres contra<br />
a visita do presidente dos<br />
EUA ao Reino Unido, prevista<br />
para 2017 • Cerca de 350 migrantes<br />
subsarianos saltam a barreira<br />
que separa Marrocos de<br />
Ceuta • Arranca a 37.ª edição<br />
do Fantasporto.<br />
21<br />
Terça-feira<br />
Secretário-geral do PCP visita<br />
os baldios de Vilarinho, Coimbra;<br />
em Famalicão, Jerónimo de<br />
Sousa participa nas comemorações<br />
do Centenário de Lino Lima<br />
• Comunistas entregam na AR<br />
uma proposta de resolução para<br />
reabilitar a Linha do Vouga •<br />
Empresários da diversão itinerante<br />
concentram-se junto ao Ministério<br />
das Finanças para reivindicar<br />
medidas de apoio ao<br />
sector • CE anuncia uma «resolução<br />
amigável», entre Portugal<br />
e Espanha, para o litígio em torno<br />
de Almaraz; PEV destaca a<br />
importância da luta civil • Guia<br />
supremo do Irão qualifica Israel<br />
como uma «falsa nação» e apela<br />
aos muçulmanos que apoiem<br />
a causa palestiniana.<br />
Emprego no Estado<br />
abaixo de 2011<br />
O número de trabalhadores ao serviço da administração<br />
pública registou um ligeiro aumento de<br />
0,7 por cento no final de 2016 em relação ao ano<br />
anterior, no entanto continua 8,8 por cento abaixo<br />
do nível de 2011.<br />
Segundo a Síntese Estatística do Emprego Público,<br />
divulgada dia 15, em 31 de Dezembro último os<br />
serviços do Estado contavam com 663 798 trabalhadores,<br />
ou seja menos 63 631 face a igual período<br />
de 2011.<br />
A administração central é o subsector que revela<br />
a maior diminuição de emprego, face a 2011,<br />
com menos 44 662 postos de trabalho, ou seja, uma<br />
quebra de 8,1 por cento.<br />
A síntese refere ainda que 76,3 por cento dos funcionários<br />
públicos encontram-se em entidades da<br />
administração central, 16,6 por cento na administração<br />
local e 5,6 por cento na administração regional<br />
autónoma.<br />
O emprego no sector das administrações públicas<br />
representava, no final de 2016, cerca de 12,8<br />
por cento da população activa e de 14,3 por cento<br />
da população empregada.<br />
750 mil utentes<br />
sem médico de família<br />
No final de 2016 os utentes sem médico de família<br />
totalizaram 769 537, tendo pela primeira<br />
vez ficado abaixo de um milhão, segundo dados<br />
da Administração Central do Sistema de Saúde,<br />
divulgados dia 20.<br />
De acordo com a mesma fonte trata-se da maior<br />
taxa de cobertura de sempre da população com<br />
médico de família (92,1%), representando um aumento<br />
de 26,6 por cento do número de utentes<br />
que passaram a ter médico de família, em relação<br />
a 2015.<br />
Economia gera<br />
saldo externo<br />
Pelo quinto ano consecutivo, a economia portuguesa<br />
gerou um saldo externo em 2016, equivalente<br />
a 1,8 por cento do Produto Interno Bruto<br />
(PIB) ou 3154 milhões de euros.<br />
Na balança de bens, o défice baixou de 5,2<br />
para 4,9 por cento do PIB, enquanto na balança<br />
de serviços o excedente saltou de 6,9 para 7,1 por<br />
cento. No conjunto, o crescimento das exportações<br />
foi de dois por cento enquanto as importações<br />
evoluíram de 0,8 por cento.<br />
Segundo dados divulgados dia 20 pelo Banco de<br />
Portugal, o sector do turismo deu um forte contributo,<br />
apresentando um saldo de 8831 milhões<br />
de euros.<br />
«Cidade Pequena»<br />
vence Urso de Ouro<br />
O filme «Cidade Pequena», de Diogo Costa<br />
Amarante, foi distinguido, dia 17, com o Urso de<br />
Ouro para melhor curta-metragem no Festival<br />
de Cinema de Berlim.<br />
Diogo Costa Amarante, nascido no Porto, em<br />
1982, foi realizador, coprodutor, argumentista,<br />
director de fotografia, de montagem e co-responsável<br />
pelo som de «Cidade Pequena», filme que<br />
teve como protagonistas a irmã e o sobrinho do<br />
realizador, Frederico Costa Amarante Barreto e<br />
Mara Costa Amarante.<br />
Com este prémio são já três os Ursos de Ouro<br />
atribuídos a realizadores portugueses, na categoria<br />
de curtas-metragens, pelo Festival de Berlim,<br />
depois de «Rafa», de João Salaviza, em 2012, e<br />
de «Balada de um Batráquio», de Leonor Teles,<br />
no ano passado.<br />
O júri internacional do certame nomeou ainda<br />
o filme «Os Humores Artificiais», de Gabriel<br />
Abrantes, para o prémio de melhor curta-metragem<br />
europeia de 2017 nos European Film<br />
Awards.<br />
Pesca da Caparica<br />
é património cultural<br />
A Arte Xávega da Costa de Caparica foi inscrita<br />
no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.<br />
A classificação foi publicada, dia 16, em Diário<br />
da República, pela Directora-Geral do Património<br />
Cultural que decidiu favoravelmente sobre<br />
o pedido apresentado pelo Município de Almada.<br />
A autarquia apresentou a diligência em 2015<br />
considerando que a inscrição potenciaria «a promoção<br />
cultural, a salvaguarda do património, a defesa<br />
de uma actividade económica de significativa<br />
expressão, e a divulgação e promoção turística<br />
desta região».<br />
Filme sobre Amadeo<br />
volta às salas<br />
O filme que celebrou o<br />
centenário do nascimento<br />
de Amadeu de Souza Cardoso,<br />
realizado em 1988<br />
por Paulo Rocha, esteve<br />
em exibição até ontem,<br />
22, no Cinema Ideal, em<br />
Lisboa, devendo agora ser<br />
exibido noutros pontos do<br />
País.<br />
A película, intitulada «Máscara de Aço Contra<br />
Abismo Azul», foi digitalizada e restaurada pela Cinemateca<br />
Portuguesa – Museu do Cinema e editada<br />
em DVD.
23-2-2017<br />
SEMANA 3<br />
CRÓNICA<br />
INTERNACIONAL<br />
• Jorge Cadima<br />
Um Estado<br />
Trump acolheu nos EUA o primeiro-ministro de Israel,<br />
o carniceiro de Gaza Netanyahu. Por entre declarações<br />
de amor mútuo na conferência de imprensa conjunta,<br />
Trump distanciou-se da política oficial da ONU ao longo<br />
de décadas: a promessa de dois estados em território<br />
palestino. Disse que tanto fazia uma solução de dois estados,<br />
ou de um Estado, e caberia a Israel e aos palestinos<br />
decidir. Falsa ingenuidade e falso distanciamento.<br />
A solução ‘um Estado’ de Trump e Netanyahu não é um<br />
Estado para todos quantos vivem no território histórico<br />
da Palestina. É o Estado judaico do Grande Israel, exclusivista<br />
e xenófobo, anexando a Margem Ocidental e<br />
erguido sobre uma ulterior limpeza étnica dos palestinos.<br />
As manobras do imperialismo para dominar o Médio<br />
Oriente podem estar prestes a ter um novo salto qualitativo.<br />
No seu recente discurso perante a Assembleia Geral<br />
da ONU, Netanyahu disse que «as relações diplomáticas<br />
de Israel» com os países<br />
O que se<br />
compreende<br />
mal, no meio<br />
disto tudo,<br />
é o papel<br />
da ONU<br />
árabes «estão a sofrer uma revolução»<br />
pois estes «começam a reconhecer<br />
em Israel, não o seu inimigo,<br />
mas um aliado» (Jerusalem<br />
Post, 22.9.16). Os ‘países árabes’<br />
de que fala são as petro-ditaduras<br />
do Golfo, os maiores promotores<br />
e financiadores do<br />
terrorismo fundamentalista que<br />
assola a região, ao serviço do imperialismo.<br />
Os países árabes laicos, nascidos da luta de<br />
libertação nacional dos povos árabes, têm estado a ser<br />
destruídos, um a um, pelo imperialismo e Israel. Pelos<br />
Bushs, Clintons, Obama e o terrorismo ao seu serviço.<br />
AArábia Saudita, Catar, EAU estão há muito, pela calada,<br />
em intensa colaboração com Israel, não apenas<br />
na promoção dos bandos tipo ISIL e Al Qaeda mas<br />
também na compra de armas e, como relata um recente<br />
artigo da Bloomberg (2.2.17), em negócios com empresas<br />
tecnológicas e de ‘segurança’ de Israel (uma das<br />
quais – a Athena GS3 – chefiada por um ex-chefe dos<br />
serviços secretos de Israel, a Mossad). Segundo a Bloomberg<br />
«não é que a Paz tenha chegado ao Médio Oriente.<br />
Não se trata de converter espadas em arados; é o resultado<br />
duma convergência lógica de interesses, baseada em<br />
receios partilhados: duma bomba iraniana, do terror jihadista,<br />
de insurreições populares, e de uma retirada dos<br />
EUA da região». Metade mentira e metade verdade.<br />
Não há bomba iraniana e o terror jihadista é obra deles<br />
próprios. O que realmente receiam é a resistência e<br />
revolta populares, e o enfraquecimento do papel hegemónico<br />
dos EUA.<br />
Trump ameaça virar-se contra o Irão, o único país da<br />
lista de países a invadir elaborada pelo Pentágono (segundo<br />
o General Wesley Clark) que ainda não foi objecto duma<br />
agressão militar directa. Os aventureiristas imperialistas<br />
sonham com estender a esse grande país as suas receitas:<br />
a guerra, o caos e a destruição. As ditaduras árabes<br />
que aceitem colaborar terão, a prazo, o mesmo destino<br />
do seu antecessor Saddam Hussein: depois de trazerem<br />
a desgraça para os povos da região, serão varridas pelas<br />
próprias potências imperialistas que serviram, e que<br />
apenas cobiçam as suas riquezas. Ou serão varridas pelos<br />
seus povos.<br />
O que se compreende mal, no meio disto tudo, é o papel<br />
da ONU. Notícias da imprensa israelita referem que<br />
Tzipi Livni (ministra da Justiça de Israel durante o massacre<br />
de 2014 em Gaza) foi convidada por Guterres<br />
para um lugar de sub-Secretária Geral da ONU (Haaretz,<br />
12.2.17). O presidente de Israel Rivlin apoiou publicamente<br />
essa eventualidade (Haaretz, 13.2.17). Uma tal nomeação<br />
seria premiar o maior infractor de resoluções da<br />
ONU. Seria esfaquear pelas costas os palestinos, ao fim<br />
de 70 anos de promessas por cumprir. Seria colocar criminosos<br />
de guerra nas chefias da ONU.<br />
EDITORIAL<br />
OComité Central do PCP, reunido a 18 e 19<br />
de Fevereiro, procedeu à análise da situação<br />
internacional, da situação social e política<br />
nacional e do desenvolvimento da luta de<br />
massas. Apreciou, no quadro da concretização das<br />
decisões e orientações do XX Congresso do Partido,<br />
aspectos da actividade, da iniciativa política e<br />
do reforço do Partido. Procedeu à discussão e definição<br />
dos objectivos e grandes linhas de intervenção<br />
para as eleições autárquicas, afirmando a<br />
CDU e o seu projecto de trabalho, honestidade e competência.<br />
Asituação política continua marcada pela discussão<br />
em torno da CGD com a acção de desestabilização<br />
em curso por parte do PSD e do CDS,<br />
a pretexto da Comissão de Inquérito Parlamentar<br />
e de aspectos suscitados sobre a intervenção do ministro<br />
das Finanças.<br />
O PCP sempre se pronunciou pela exigência da<br />
apresentação de declaração de rendimentos de<br />
António Domingues, ex-Presidente da CGD, pelo<br />
que, a ter existido uma outra atitude do ministro das<br />
Finanças ela se confronta com a posição e a crítica<br />
do PCP. O PCP entende igualmente que, face<br />
a sucessivas campanhas em parte animadas por erradas<br />
decisões adoptadas pelo Governo, a questão<br />
central que se coloca é denunciar e pôr fim à operação<br />
que o PSD e o CDS e o grande capital desenvolvem<br />
contra a CGD visando a sua privatização.<br />
Para o PCP é fundamental assegurar o controlo público<br />
da CGD ao serviço do desenvolvimento nacional<br />
e para garantir a defesa dos interesses dos trabalhadores,<br />
do povo e do País.<br />
Neste sentido, sobre a eventual constituição de<br />
uma nova Comissão de Inquérito sobre a CGD, o<br />
PCP reafirma a importância das comissões de inquérito<br />
enquanto instrumento parlamentar, mas<br />
sublinha que, se vier a ser proposta, esta, como quaisquer<br />
outras comissões, tem de ser avaliada pela conformação<br />
constitucional e legal que deve assumir<br />
quanto a conteúdos e objectivos.<br />
Do mesmo modo o PCP defende a manutenção<br />
do Novo Banco na esfera pública e não a sua privatização<br />
como parece ser a «solução» escolhida pelo<br />
Governo. O PCP reafirma que o Novo Banco pela<br />
sua dimensão, pelo apoio que pode dar às micro,<br />
pequenas e médias empresas e às famílias, deve manter-se<br />
sob controlo público do Estado e ser colocado<br />
ao serviço do desenvolvimento económico do País<br />
e das famílias, salvaguardado que seja o interesse<br />
nacional.<br />
O PCP mantém preocupações quanto à real situação<br />
na banca designadamente com o domínio monopolista<br />
de capital estrangeiro, o volume de crédito<br />
malparado e a continuação do processo de<br />
concentração bancária à escala europeia e o agravamento<br />
do preço das comissões e serviços bancários<br />
com prejuízos para a população e para a economia<br />
nacional, situação que o PSD e CDS procuram<br />
agravar com manobras de manipulação política, ins-<br />
“A política patriótica e de esquerda<br />
é necessária, urgente e possível<br />
”<br />
INTENSA<br />
INTERVENÇÃO<br />
trumentalizando comissões de inquérito, que visam<br />
a privatização da Caixa Geral de Depósitos.<br />
Como sublinha o comunicado do Comité Central<br />
de 18 e 19 de Fevereiro, «como o PCP tem insistido,<br />
o que o País precisa é de uma política que<br />
assegure o investimento, o aumento da produção nacional<br />
(visando, entre outras, a soberania alimentar<br />
e energética) e a criação de emprego. Objectivos<br />
indissociáveis da necessidade de libertação da<br />
submissão ao euro, da renegociação da dívida e do<br />
controlo público da banca, bem como de uma política<br />
externa independente e soberana baseada<br />
na cooperação e na paz».<br />
OPCP continua a desenvolver intensa actividade.<br />
Prossegue a campanha «mais direitos,<br />
mais futuro. Não à precariedade». Prepara-se o 96.º<br />
aniversário do Partido com um vasto conjunto de<br />
iniciativas a realizar por todo o País. Prossegue a<br />
preparação das eleições autárquicas no quadro da<br />
CDU – espaço privilegiado de intervenção unitária<br />
e participação cívica com o seu percurso de trabalho,<br />
honestidade e competência, que se distingue pelo<br />
seu projecto e pela obra realizada. Prossegue igualmente<br />
a acção de reforço do Partido. Prepara-se<br />
a campanha «Produção, emprego, soberania. Libertar<br />
Portugal da submissão ao euro» que, como<br />
refere o comunicado da reunião do CC da semana<br />
passada, «promovendo um amplo debate sobre<br />
a produção nacional e o seu aumento, nomeadamente<br />
para garantir a soberania alimentar e energética,<br />
enquanto condição de independência económica<br />
e promoção de emprego, com a identificação<br />
de recursos, a eliminação dos factores que a constrangem,<br />
as medidas que a promovem e dinamizam<br />
– sublinhará a importância da libertação do País<br />
da submissão ao euro, associada à renegociação da<br />
dívida e à recuperação do controlo público da<br />
banca, para enfrentar os constrangimentos externos,<br />
recuperar a soberania monetária e orçamental,<br />
libertar recursos para o investimento público,<br />
melhorar os serviços públicos e as funções sociais<br />
do Estado».<br />
Regista-se o desenvolvimento de diversas lutas<br />
em muitas empresas e sectores em torno da acção<br />
reivindicativa. Luta em que se alicerça a preparação<br />
do 1.º de Maio a partir das empresas e locais<br />
de trabalho. Avança a mobilização para a<br />
manifestação das mulheres de 11 de Março em Lisboa.<br />
Os estudantes dos ensinos Secundário e Superior<br />
organizam acções de luta em torno dos problemas<br />
concretos que vivem nas escolas e a CNA<br />
realiza uma semana de acções junto a grandes superfícies<br />
comerciais.<br />
No quadro desta intensa intervenção, o PCP pros -<br />
seguirá a sua acção por um Portugal com futuro.<br />
Confiante que a política alternativa que propõe<br />
e de que o País precisa para resolver os seus graves<br />
problemas é necessária, urgente e possível.
4 SEMANA<br />
23-2-2017<br />
ACTUAL<br />
Dez mil milhões de euros de transferências<br />
para offshores passaram<br />
ao largo do fisco português entre 2011<br />
e 2014. Sim, exactamente os anos da<br />
troika instalada de armas e bagagens<br />
em Portugal, monitorizando o empenho<br />
do governo PSD/CDS na aplicação do<br />
pacto de agressão subscrito por estes<br />
dois partidos e pelo PS. Era o tempo<br />
do «equilíbrio» e do «rigor das contas<br />
públicas”, do ajustamento, necessário<br />
porque os portugueses tinham andado<br />
anos a viver acima das suas possibilidades.<br />
Pois bem, fique o leitor a saber<br />
que esses 10 000 milhões de euros<br />
(algo que daria para pagar a saúde e a<br />
educação de todos os portugueses durante<br />
um ano) passaram ao estreito porque<br />
o governo se «esqueceu» de cobrar<br />
impostos sobre essas transferências.<br />
A estes 10 000 milhões teremos de<br />
somar as fugas aos impostos e as benesses<br />
ao capital, como por exemplo a<br />
Três notícias,<br />
o mesmo roubo<br />
• Ângelo Alves<br />
descida do IRC. Mas teremos de somar<br />
ainda os cerca de 20 mil milhões de euros<br />
retirados dos nossos bolsos para<br />
apoios à banca, nomeadamente nas<br />
operações relativas ao<br />
BPN, BES e BANIF.<br />
Não fomos os únicos.<br />
Segundo um estudo<br />
do Transnational Institute,<br />
publicado ontem,<br />
os apoios à banca com<br />
dinheiros públicos ascenderam,<br />
entre 2008 e 2015, a 747<br />
000 milhões de euros no conjunto dos<br />
estados da UE. Sabemos bem dos efeitos<br />
destes autênticos roubos no nosso<br />
País. Aliás, segundo estudos recentes,<br />
está provada a relação directa entre os<br />
grandes «regastes» e o aumento do desemprego<br />
e da pobreza.<br />
O caso da Grécia é paradigmático. Os<br />
gregos foram obrigados a entregar, no<br />
período acima referido, cerca de 30 000<br />
As pulgas e os elefantes<br />
• Vasco Cardoso<br />
Lado a lado<br />
Aapresentação das «memórias» de<br />
Cavaco e o sururu suscitado pelo<br />
evento que alguns chegaram mesmo a<br />
classificar como o aggiornamento do cavaquistão,<br />
a que se seguiu a expectável<br />
série de comentários às partes mais<br />
picantes, chamemos-lhe assim, da volumosa<br />
obra – 600 (seiscentas!) páginas<br />
a dizer mal de Sócrates, segundo<br />
as más línguas – fez-me lembrar de um<br />
outro livro de «memórias» que também<br />
teve o seu momento de<br />
(má) publicidade aqui há<br />
uns tempos. Falo do 'livro<br />
proibido' de José António<br />
Saraiva, claro, que ao contrário<br />
de Cavaco teve de<br />
anular a anunciada apresentação<br />
pública por falta<br />
de comparência do apresentador<br />
convidado, Passos<br />
Coelho, que se descom-<br />
• Anabela Fino<br />
prometeu do compromisso assumido<br />
depois de meio mundo da opinião publicada<br />
ter desancado o autor por dar<br />
à estampa o que diz ter ouvido em conversas<br />
privadas, coisa de resto reconhecida<br />
na introdução e reforçada na<br />
ilustração da capa com um buraco de<br />
fechadura numa mensagem deliberadamente<br />
óbvia.<br />
Por uma daquelas coincidências<br />
com que a vida não pára de nos surpreender,<br />
quem sentir interesse<br />
pelas duas obras<br />
irá por certo encontrá-las<br />
a partilhar a mesma prateleira<br />
das livrarias, quiçá<br />
mesmo encostadinhas<br />
uma à outra, já que de Saraiva<br />
a Silva não dista<br />
grande distância, para<br />
além do facto de partilharem<br />
a mesma temática.<br />
milhões de euros à banca. Enquanto o<br />
grande capital financeiro sorvia, e sorve,<br />
o dinheiro dos gregos, 22,2% da sua<br />
população sofria, em 2015, de «privação<br />
material severa»;<br />
em 2008 eram 10%.<br />
O tormento grego está<br />
longe do fim. Como<br />
previmos, a aceitação<br />
pelo governo grego do<br />
Syriza das «regras»<br />
transformou-o em mais<br />
um carrasco do povo grego e num cúmplice<br />
do roubo. Um roubo agora mascarado<br />
com repugnante cinismo e hipocrisia,<br />
ao afirmarem (governo, UE e<br />
FMI) que não haverá mais «austeridade»,<br />
mas sim «reformas estruturais».<br />
Onde? No mercado laboral, nos impostos<br />
e nas pensões. Tudo com medidas<br />
«pré-legisladas» pela troika. Ou<br />
seja, um roubo ainda mais grave e estrutural.<br />
Com o passar dos meses vai ficando mais distante da memória<br />
colectiva o real significado da política que PSD e CDS<br />
impuseram ao País. A concretização pelo anterior governo<br />
do pacto de agressão que PS, PSD e CDS assumiram com<br />
a troika traduziu-se num processo de regressão económica<br />
e social de grande envergadura que deixou o povo e o<br />
País de rastos. Percebe-se o empenho com que<br />
estes procuram agora criar todo o tipo de manobras<br />
de diversão – como o folhetim em torno<br />
da CGD que pretendem privatizar – visando<br />
branquear responsabilidades e criar uma<br />
cortina de fumo sob uma realidade que teve<br />
avanços, embora limitados, como sabemos.<br />
Mas a verdade é como o azeite e, como tantas<br />
outras vezes, acaba por vir à tona destapando<br />
todo o tipo de mentiras e mistificações.<br />
Todos se recordarão do enorme aumento de impostos que<br />
de uma penada impôs um brutal agravamento fiscal sobre<br />
os rendimentos do trabalho (sobretaxa no IRS, redução dos<br />
escalões e limites às deduções, etc.) com um saque anual<br />
(2012) de mais de três mil milhões de euros que ainda não<br />
foi completamente revertido. Ninguém poderá esquecer outros<br />
aumentos que arrastaram muitos bens e serviços para<br />
a taxa máxima do IVA (23%), ou a perseguição feita aos<br />
beneficiários de várias prestações sociais (subsídio de desemprego,<br />
RSI, etc.) e também a perseguição implacável<br />
que foi feita aos trabalhadores, agricultores, pescadores, pequenos<br />
empresários sujeitos a uma ameaça permanente por<br />
parte do fisco com a aplicação de multas, coimas<br />
e juros, por cada atraso ou incorrecção<br />
no preenchimento de documentos. Foram de<br />
facto anos de muito e intenso «trabalho» por<br />
parte da AT.<br />
Só pode ter sido o excesso de ocupação que<br />
pode justificar que, ao mesmo tempo que os<br />
trabalhadores e o povo eram massacrados,<br />
os mesmos serviços tenham deixado escapar<br />
para diversos paraísos fiscais cerca de 17 mil<br />
milhões de euros (mas quem é que tem tanto dinheiro?!!),<br />
dos quais cerca de 10 mil milhões não tiveram qualquer escrutínio<br />
por parte do fisco, conforme foi noticiado pelo Público<br />
esta semana, ficando libertos do pagamento de impostos.<br />
Eis a política fiscal que se concentrou nas pulgas para deixar<br />
passar os elefantes.<br />
Com efeito, do simbólico buraco da fechadura<br />
a que Saraiva recorreu para ir<br />
anotando na memória ou no diário as<br />
inconfidências – o termo é do próprio<br />
– que lhe foram sendo feitas ao longo<br />
de décadas de conversas privadas, do<br />
buraco da fechadura do ex-director do<br />
Expresso e do Sol, repete-se, às quatro<br />
paredes da sala das reuniões de<br />
quinta-feira e outros dias de Cavaco vai<br />
a mesma distância que de Saraiva a Silva,<br />
ou seja um quase nada. O primeiro<br />
garante que as suas memórias não<br />
são um «ajuste de contas», o segundo<br />
diz que as suas são um «presta contas».<br />
Contas feitas, ambos trazem a público<br />
sem réstia de vergonha o que seria suposto<br />
permanecer privado, o que é uma<br />
forma de revelarem a sua degradante<br />
falta de princípios. É caso para dizer,<br />
como dos respectivos livros, que merecem<br />
a companhia um do outro.<br />
“<br />
O Tratado de Mastricht (...) provocou este<br />
desequilíbrio enorme no espaço da União<br />
entre países mais e menos desenvolvidos. (...)<br />
Uma moeda partilhada por todos (...) só podia<br />
dar errado.<br />
” (Santana Lopes,<br />
Negócios, 16.2.17)<br />
“<br />
Ainda hoje me interrogo como foi possível<br />
chegar onde cheguei. ”” (Cavaco Silva,<br />
Diário de Notícias, 17.2.10)<br />
“[No relatório da Amnistia Internacional<br />
sobre alegadas execuções na Síria] afirma-<br />
-se que a esmagadora maioria das entrevistas<br />
foi feita a pessoas que se encontram na Turquia,<br />
na Europa, na Jordânia ou nos<br />
EUA.<br />
”<br />
FRASES<br />
(Alexandre Guerreiro,<br />
Público, 17.2.17)<br />
“<br />
Ou seja, que se encontram em territórios<br />
que têm insistido fortemente na campanha<br />
em favor da queda de Assad. ” (Idem, ibidem)<br />
“<br />
E assim, de forma leviana, lápis atrás da<br />
orelha e com base em suposições, se afirma<br />
que morreram 5 mil a 13 mil. ” (Idem, ibidem)<br />
“<br />
Hoje temos comentadores que dão notícias<br />
sem qualquer verificação, anda muito<br />
político a atrapalhar o tráfego e a fazer<br />
contrabando de informação.<br />
” (Carlos Magno,<br />
RTP2, 17.2.17)<br />
“<br />
É curioso que tudo [questão das mensagens<br />
entre António Domingos e Centeno]<br />
tenha começado num jornal onde Lobo Xavier<br />
é administrador – e isto não acontece<br />
por acaso. ”<br />
(Idem, ibidem)<br />
“<br />
Os dados ao longo de 2017 poderão obrigar<br />
o Governo a rever em alta as estimativas<br />
de crescimento.<br />
” (Manuel Caldeira Cabral,<br />
Expresso, 18.2.17)<br />
“<br />
A estratégia do Governo está a resultar.<br />
”<br />
(Idem, ibidem)<br />
“<br />
O que os portugueses querem saber é por<br />
que é que chegámos a uma situação em que<br />
é necessária uma recapitalização tão forte<br />
da Caixa Geral de Depósitos.<br />
(Ferro ” Rodrigues,<br />
Diário de Notícias, 19.2.17)<br />
“<br />
António Saraiva, presidente da CIP<br />
(Confederação Industrial de Portugal), vulgarmente<br />
conhecido como “líder dos patrões”,<br />
veio defender a reestruturação da dívida<br />
nacional – colando-se politicamente ao<br />
PCP e ao Bloco de Esquerda.<br />
(João Lemos ” Esteves,<br />
Sol, 20.2.17)
23-2-2017<br />
EM FOCO<br />
5<br />
Administração Local, indústria e ambiente, comércio, educação, seguros, hotelaria<br />
Razões para mais luta<br />
Em greves, concentrações e plenários,<br />
milhares de trabalhadores de muito<br />
diferentes sectores e profissões<br />
mostram, por estes dias, que estão determinados<br />
a elevar as formas de luta, para conquistarem<br />
melhores salários e defenderem as carreiras<br />
profissionais e o direito à negociação colectiva.<br />
Para reclamar aumentos salariais<br />
e progressão na carreira<br />
(equiparando a situação dos operadores<br />
de armazém à dos operadores<br />
de supermercado), os<br />
trabalhadores da Logística da<br />
Sonae, na Azambuja e na Maia,<br />
fazem greve desde as 23h30 de<br />
hoje, até às 2h00 de sábado, dia<br />
25.<br />
O CESP/CGTP-IN exige que<br />
as empresas da Sonae acabem<br />
com a injustiça de, sem progressão<br />
na carreira, manter trabalhadores<br />
durante 10 ou 20 anos<br />
com o salário mínimo nacional,<br />
tal como os que entraram mais<br />
recentemente. Na Azambuja,<br />
sexta-feira de manhã, estará com<br />
o piquete de greve o Secretário-<br />
-geral da Intersindical, Arménio<br />
Carlos.<br />
Termina amanhã, em Setúbal<br />
(abrangendo ainda Lisboa, Beja,<br />
Évora e Faro), o ciclo de plenários<br />
inter-regionais de activistas<br />
que o Sindicato Nacional<br />
dos Trabalhadores da Administração<br />
Local iniciou no dia<br />
15, no Porto (também com os<br />
distritos de Braga, Bragança, Viana<br />
do Castelo e Vila Real), e<br />
que iria prosseguir, ontem, em<br />
Coimbra (incluindo Aveiro, Castelo<br />
Branco, Guarda, Leiria, Portalegre,<br />
Santarém e Viseu).<br />
O STAL/CGTP-IN pretendeu,<br />
assim, mobilizar os funcionários<br />
de autarquias, empresas públicas<br />
e concessionárias para a<br />
luta pela recuperação do poder<br />
de compra e pela revalorização<br />
das carreiras.<br />
No Porto, onde se reuniram<br />
mais de 200 activistas, foi aprovada<br />
uma resolução – que, no<br />
essencial, iria ser colocada nos<br />
outros dois plenários inter-regionais<br />
– em que se defende, com<br />
urgência, o aumento real dos salários<br />
e pensões, em quatro por<br />
cento, assegurando um mínimo<br />
de 50 euros.<br />
O STAL reclama igualmente<br />
o descongelamento da progressão<br />
nas posições remuneratórias;<br />
a actualização do salário mínimo<br />
nacional para 600 euros;<br />
a actualização do subsídio de refeição<br />
para 6,50 euros; a reposição<br />
dos valores do trabalho extraordinário<br />
e outras prestações<br />
remuneratórias; a redução, para<br />
1,5 por cento, do desconto<br />
para a ADSE; a alteração dos<br />
Os trabalhadores<br />
mobilizam-se por mais<br />
justos aumentos<br />
dos salários<br />
escalões de IRS; a reposição de<br />
um regime de carreiras digno,<br />
combatendo a polivalência e a<br />
flexibilidade, recuperando o direito<br />
de evolução (progressões e<br />
promoções) e valorizando as retribuições;<br />
e a regulamentação<br />
do suplemento de insalubridade,<br />
penosidade e risco, um direito<br />
conquistado há 19 anos e<br />
que nunca foi aplicado à Administração<br />
Local.<br />
Na resolução, assinala-se que<br />
«o poder de compra dos trabalhadores<br />
e pensionistas da Administração<br />
Pública Central e<br />
Local está hoje ao nível de<br />
1997» e que, «mesmo depois da<br />
eliminação dos cortes salariais,<br />
impostos em 2010, o salário líquido<br />
continua a ser inferior ao<br />
auferido em 2010». O STAL vinca<br />
que «esta brutal desvalorização<br />
salarial atinge com particular<br />
gravidade os trabalhadores<br />
da Administração Local», dos<br />
quais «cerca de 76 por cento<br />
não beneficiaram de qualquer<br />
reposição salarial», sendo que<br />
«49,2 por cento dos trabalhadores<br />
(assistentes operacionais,<br />
operários, auxiliares) têm como<br />
remuneração-base média mensal<br />
bruta 637,30 euros e como<br />
ganho médio mensal bruto<br />
777,80 euros».<br />
De segunda-feira até hoje, a<br />
Fenprof decidiu promover plenários<br />
de professores contratados<br />
em todas as escolas públicas<br />
de ensino artístico especializado,<br />
para analisar acções a<br />
desenvolver, perante o desfecho<br />
das negociações sobre a revisão<br />
do regime de concursos. Na versão<br />
final do Governo, mantém-<br />
-se a exclusão deste docentes.<br />
O Sindicato da Hotelaria do<br />
Algarve convocou greve de 24<br />
horas para 28 de Fevereiro, em<br />
todos os estabelecimentos do<br />
Grupo Pestana na região, para<br />
que a terça-feira de Carnaval seja<br />
ali considerada como feriado<br />
e que o trabalho prestado nesse<br />
dia seja remunerado com o correspondente<br />
acréscimo, como<br />
sucede no resto do País.<br />
A importância da luta dos trabalhadores no actual momento foi salientada no Plenário Nacional de<br />
Sindicatos da CGTP-IN, a 12 de Janeiro, que terminou frente ao Parlamento, onde foi entregue uma petição em<br />
defesa da contratação colectiva, com 76 mil assinaturas<br />
Quinzena<br />
A abrir a «quinzena de acção<br />
e luta» que a Fiequimetal/CGTP-<br />
-IN promove até 10 de Março,<br />
os trabalhadores da Valorsul e<br />
da Amarsul deslocam-se hoje,<br />
de manhã, à sede da Mota-Engil,<br />
onde realizam um plenário<br />
geral conjunto, no qual participa<br />
também o Secretário-geral da<br />
CGTP-IN, Arménio Carlos.<br />
Os salários não são actualizados<br />
desde 2009 e, com a privatização<br />
do Grupo EGF, os novos<br />
accionistas maioritários apressaram-se<br />
a dividir os resultados<br />
acumulados (em parte, à custa<br />
do corte nos salários), recusando-se<br />
a cumprir o direito de negociação<br />
colectiva e, em geral,<br />
os acordos de empresa em vigor.<br />
Para amanhã, estão convocadas<br />
greves de 24 horas, na ThyssenKrupp<br />
Elevadores e na Tesco.<br />
Em ambos os casos, foram<br />
marcadas concentrações fora das<br />
empresas e novas greves estão<br />
anunciadas para Março.<br />
O início da «quinzena de acção<br />
e luta» foi precedido de plenários,<br />
reuniões e contactos, nas<br />
últimas duas semanas, para decidir<br />
com os trabalhadores as<br />
acções a realizar, para «exigir<br />
respostas do patronato e do Governo<br />
a problemas que são comuns<br />
aos trabalhadores das indústrias<br />
metalúrgicas, químicas,<br />
eléctricas, farmacêutica, celulose,<br />
papel, gráfica, imprensa,<br />
energia e minas». Ao divulgar<br />
as acções programadas, a Fiequimetal<br />
destacou o aumento geral<br />
dos salários, a defesa dos direitos,<br />
a melhoria das condições<br />
de trabalho, a redução do horário<br />
de trabalho para as 35 horas<br />
semanais e o fim dos vínculos<br />
precários.<br />
A agenda desta «quinzena» inclui<br />
greves na Bosch Car Multimédia<br />
e na Delphi, ambas em<br />
Braga, no dia 27. Nesta mesma<br />
segunda-feira entram em greve,<br />
até 4 de Março, os trabalhadores<br />
da Beralt Tin and Wolfram<br />
(Mina da Panasqueira).<br />
Os trabalhadores da Randstad<br />
no call center da EDP em<br />
Lisboa (Parque das Nações e<br />
Quinta do Lambert), em plenários<br />
na semana passada, decidiram<br />
marcar greve para dia 28,<br />
para garantir o direito à terça-<br />
-feira de Carnaval, e para 28 de<br />
Março, associando as reivindicações<br />
à participação na manifestação<br />
do Dia Nacional da Juventude,<br />
contra a precariedade.<br />
Para 1, 2 e 3 de Março, está<br />
marcada greve na Multiauto<br />
(estabelecimentos em Setúbal,<br />
Beja, Évora e Sines). No dia 2,<br />
a apresentação dos resultados<br />
do Grupo EDP será marcada<br />
com uma concentração junto da<br />
sede da eléctrica.<br />
Os trabalhadores do consórcio<br />
da manutenção da refinaria<br />
de Sines da Petrogal realizam<br />
uma concentração, no dia 3. Para<br />
dia 7 está agendada uma concentração<br />
de trabalhadores da<br />
Imprensa Nacional Casa da<br />
Moeda.<br />
Roteiro<br />
A União dos Sindicatos de<br />
Évora e o Sinapsa realizaram,<br />
no dia 17, sexta-feira, uma iniciativa<br />
de informação e sensibilização<br />
junto dos trabalhadores<br />
do call center da Fidelidade,<br />
na capital do distrito. A funcionar<br />
há cerca de 15 anos, já por<br />
ali passaram sete empresas de<br />
trabalho temporário. Hoje, os<br />
mais de 500 trabalhadores ocupam<br />
postos de trabalho permanentes,<br />
mas com contratos temporários,<br />
acusa a estrutura distrital<br />
da CGTP-IN.<br />
A iniciativa inseriu-se no «roteiro<br />
contra a precariedade», que<br />
volta a ter ali uma acção distrital<br />
a 14 de Março.<br />
No dia 2 de Fevereiro, a União<br />
dos Sindicatos do Norte Alentejano<br />
e o Sindicato dos Professores<br />
da Zona Sul alertaram, no<br />
local, para a elevada precariedade<br />
no Agrupamento de Escolas<br />
de Ponte de Sor, que atinge<br />
docentes e não docentes, agravada<br />
pela falta de pessoal.
TRABALHADORES<br />
6 23-2-2017<br />
GNR<br />
Realizar uma<br />
manifestação para dar<br />
expressão ao<br />
«descontentamento e<br />
desmotivação» que se vive<br />
na Guarda Nacional<br />
Republicana é uma decisão<br />
que a Associação dos<br />
Profissionais da Guarda<br />
está a concretizar com as<br />
suas delegações, como<br />
adiantou o presidente da<br />
APG/GNR, no dia 16, após<br />
uma reunião com a<br />
ministra da Administração<br />
Interna. César Nogueira<br />
explicou à agência Lusa<br />
que a não concretização de<br />
quase dois terços das<br />
promoções em atraso é o<br />
principal motivo de<br />
descontentamento, havendo<br />
cerca de três mil<br />
profissionais que esperam<br />
há mais de dez anos para<br />
serem promovidos, uma<br />
situação justificaria um<br />
regime de excepção. Além<br />
disso, está a ser exigido<br />
que cada um pague, com<br />
um desconto mensal de dez<br />
euros durante 18 meses,<br />
as alterações ao<br />
fardamento. Também é<br />
contestado o que o Governo<br />
se prepara para aprovar<br />
hoje, no Estatuto da GNR,<br />
quanto à passagem à<br />
reforma e reserva e sobre<br />
a redução dos dias de<br />
férias.<br />
5.ª Divisão<br />
Uma resposta da PSP e<br />
da sua Direcção Nacional<br />
sobre o que se vai passar<br />
com a 5.ª Divisão do<br />
Cometlis (Comando<br />
Metropolitano de Lisboa)<br />
foi dada à agência Lusa e<br />
por esta comunicada ao<br />
presidente da Associação<br />
Sindical dos Profissionais<br />
da Polícia, no dia 15,<br />
durante uma vigília que a<br />
ASPP/PSP promoveu frente<br />
às instalações daquela<br />
unidade. Paulo Rodrigues<br />
lamentou que os polícias<br />
que ali trabalham e o<br />
sindicato continuem sem<br />
resposta oficial, o que<br />
alimenta uma situação de<br />
«indefinição» desde há mais<br />
de seis meses, quando<br />
surgiram «rumores» sobre<br />
um eventual encerramento.<br />
GISP<br />
Entraram em greve no<br />
dia 20, segunda-feira, por<br />
cinco dias, os profissionais<br />
do Grupo de Intervenção<br />
e Segurança Prisional, o<br />
que iria impedir a<br />
realização de três<br />
julgamentos em Lisboa,<br />
como admitiu à agência<br />
Lusa o presidente do<br />
Sindicato Nacional do<br />
Corpo da Guarda Prisional,<br />
apontando como motivos<br />
do protesto a falta de<br />
segurança e de outras<br />
condições de trabalho, bem<br />
como de acções de<br />
formação.<br />
CGTP-IN comenta revisão das portarias de extensão<br />
Alargue-se o progresso<br />
Na discussão sobre portarias de extensão de<br />
contratos colectivos de trabalho, a CGTP-IN<br />
realça a urgência de pôr fim ao bloqueio patronal<br />
da negociação e avisa que só devem ser<br />
estendidos «conteúdos valorativos».<br />
O debate, na Concertação<br />
Social, foi aberto no dia 17,<br />
prometendo o Governo que<br />
trará uma proposta para a<br />
próxima reunião plenária.<br />
A posição da Intersindical<br />
Nacional, adiantada em declarações<br />
do Secretário-geral<br />
no final daquela reunião,<br />
foi formalizada esta<br />
terça-feira, 21, num comunicado<br />
de imprensa que<br />
confirma ser «relevante a<br />
revisão da legislação sobre<br />
as portarias de extensão»,<br />
instrumento que generaliza<br />
o âmbito dos instrumentos<br />
de regulamentação colectiva<br />
de trabalho (IRCT)<br />
às empresas que não fazem<br />
parte das associações<br />
patronais que os subscrevem.<br />
Para a Inter, «o quadro<br />
político confirma que, depois<br />
de identificados os<br />
problemas, é chegada a altura<br />
de se encontrar as saídas»,<br />
sendo necessária «coragem<br />
para enfrentar os<br />
interesses instalados». Frisando<br />
que «uma efectiva<br />
mudança de política passa<br />
pela ruptura com a política<br />
de direita e a assumpção<br />
da valorização do trabalho<br />
e dos trabalhadores»,<br />
a CGTP-IN afirma que «é<br />
preciso revisitar e revogar<br />
Portarias para<br />
ampliar a<br />
redução de<br />
rendimentos e<br />
direitos terão a<br />
oposição da<br />
CGTP-IN<br />
as normas gravosas da legislação<br />
laboral da política<br />
de direita e da troika».<br />
Repor a lei<br />
A central começa por<br />
alertar que é fundamental<br />
tomar «medidas urgentes<br />
para resolver o problema<br />
do bloqueio patronal à negociação<br />
da contratação colectiva»,<br />
o que «implica a<br />
revogação da norma da caducidade<br />
das convenções e<br />
a reintrodução, em toda a<br />
sua plenitude, do princípio<br />
do tratamento mais favorável»<br />
na legislação laboral.<br />
Por outro lado, «é indispensável<br />
que os IRCT sejam<br />
portadores de conteúdos<br />
valorativos», deixando<br />
desde já claro que «portarias<br />
de extensão para ampliar<br />
a contratação colectiva<br />
dos patrões e aliados,<br />
As graves alterações à legislação laboral em 2012 foram combatidas com argumentos<br />
sólidos e fortes lutas dos trabalhadores e do movimento sindical unitário (foto de um protesto<br />
em Lisboa, a 18 de Janeiro daquele ano)<br />
Acordo salarial na Orica<br />
Depois de ter sido formalizada a convocação<br />
de greve a todo o trabalho suplementar<br />
prestado aos sábados, domingos<br />
e feriados, a administração da fábrica de<br />
explosivos da Orica Mining Services, em<br />
Aljustrel, recuou nas suas posições e foi<br />
ao encontro das justas reivindicações dos<br />
trabalhadores, o que permitiu um acordo<br />
salarial.<br />
O SITE Sul informou que, numa reunião<br />
realizada dia 16, a administração<br />
apresentou uma nova proposta, que foi<br />
aprovada no dia seguinte, em plenário de<br />
trabalhadores. O sindicato da Fiequimetal/CGTP-IN<br />
refere, num comunicado que<br />
divulgou esta terça-feira, que o acordo<br />
prevê um aumento salarial de dois por<br />
cento, com um valor mínimo de 25 euros.<br />
Este valor, inferior à reivindicação<br />
geral de quatro por cento e 40 euros, é<br />
complementado por um «prémio de sustentabilidade»,<br />
trimestral, no valor de 100<br />
euros. O subsídio de refeição passa para<br />
8,65 euros. Mantém-se o pagamento de<br />
todo o trabalho suplementar de acordo<br />
com o contrato colectivo das indústrias<br />
químicas, subscrito pela Fiequimetal, e a<br />
partir de Maio será introduzida uma grelha<br />
salarial, contemplando a progressão<br />
nas carreiras profissionais.<br />
A Orica comprometeu-se a corrigir as<br />
diferenças salariais entre trabalhadores<br />
que têm a mesma categoria<br />
profissional e desempenham<br />
as mesmas funções.<br />
Passa a vigorar, para todos<br />
os trabalhadores, um seguro<br />
de vida, no valor mínimo de<br />
25 mil euros, e mantém-se,<br />
sem qualquer custo para os trabalhadores,<br />
o seguro de saúde<br />
(que também abrange os familiares).<br />
Para o SITE Sul «este acordo<br />
é a prova evidente de que<br />
vale sempre a pena lutar».<br />
visando a redução de rendimentos<br />
e direitos, contará<br />
com a mais veemente oposição<br />
das organizações da<br />
CGTP-IN». «Precisamos e<br />
exigimos contratação e portarias<br />
que assegurem a melhoria<br />
das condições de trabalho<br />
e de vida dos trabalhadores,<br />
e não de instrumentos<br />
fomentadores da<br />
regressão social e civilizacional»,<br />
insiste a Inter.<br />
Deve ser assegurada «retroactividade<br />
da produção<br />
de efeitos à entrada em vigor<br />
do IRCT», princípio básico<br />
«para pôr termo ao esbulho<br />
a que os trabalhadores<br />
são sujeitos, face ao<br />
atraso da publicação das<br />
portarias de extensão». Mas<br />
a confederação nota ainda<br />
que «esta é também uma<br />
forma de combater a concorrência<br />
desleal entre as<br />
empresas e deixar de premiar<br />
as que se aproveitam<br />
destas situações, para ficarem<br />
com o dinheiro que<br />
pertence aos trabalhadores».<br />
A Inter defende «o reforço<br />
dos meios, designadamente,<br />
técnicos e jurídicos»<br />
da DGERT (direcção-<br />
-geral do Emprego e das<br />
Relações de Trabalho), considerando<br />
«inadmissível» que<br />
esta «esteja esvaziada e, em<br />
muitos casos, praticamente<br />
inoperacional». Esta situação<br />
«não está desligada<br />
da estratégia de desvalorização<br />
da contratação colectiva,<br />
de secundarização<br />
dos sindicatos e da substituição<br />
da negociação colectiva<br />
pela relação individual<br />
de trabalho, defendida<br />
pelo governo do PSD-CDS<br />
e a troika». O actual Governo<br />
«tem a obrigação de<br />
tomar as medidas adequadas<br />
para que a DGERT<br />
cumpra a sua função».<br />
«Não há solução» para<br />
os problemas que originaram<br />
a discussão sobre as<br />
portarias de extensão sem<br />
a revogação da Resolução<br />
do Conselho de Ministros<br />
do anterior Governo sobre<br />
esta matéria. A Intersindical<br />
insiste que «uma lei da<br />
Assembleia da República<br />
não pode ser alterada unilateralmente<br />
por uma Resolução<br />
do Conselho de Ministros»<br />
e recorda que, por<br />
este motivo, foi apresentada<br />
uma queixa da CGTP-<br />
-IN contra o governo de<br />
então.<br />
Protesto<br />
em Marvila<br />
Trabalhadores não docentes da Escola Básica 2,3 de<br />
Marvila, em Lisboa, fecharam o estabelecimento durante<br />
duas horas, no dia 15, quarta-feira, de manhã, exigindo<br />
que o Ministério da Educação reveja a portaria sobre<br />
rácios de funcionários, que ali se mostra claramente<br />
desadequada face às necessidades.<br />
Uma dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em<br />
Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas<br />
explicou que há 12 funcionários, dois dos quais estão<br />
em baixa prolongada, para cerca de 400 alunos. À agência<br />
Lusa, Cátia Pedroso disse que, para além dos postos<br />
fixos, como a portaria, a biblioteca, os balneários, o bar<br />
ou a papelaria, o acompanhamento das crianças e jovens<br />
é ainda mais exigente, porque há cerca de 50 alunos<br />
com necessidades educativas especiais. Lembrou que<br />
houve ali uma agressão a dois professores no mês passado,<br />
e referiu ainda que corre um abaixo-assinado, de<br />
funcionários, pais e professores, a dar conta das reivindicações<br />
do pessoal não docente.
23-2-2017 TRABALHADORES<br />
7<br />
À vista na Valnor (EGF), nos CTT e na Petrogal<br />
Contas de privatizações<br />
Redução de pessoal, degradação da qualidade<br />
dos serviços, aumento de preços e tarifas – os<br />
alertas sobre as consequências das privatizações<br />
surgem agora sob a forma de factos... e<br />
de protestos justos.<br />
O que se está a passar<br />
na Valnor, empresa de tratamento<br />
de resíduos sólidos<br />
integrada no Grupo<br />
EGF, «é o exemplo perfeito<br />
do que significa para os<br />
trabalhadores e as populações<br />
a entrega das empresas<br />
públicas à voragem dos<br />
privados», comentou a<br />
União dos Sindicatos do<br />
Norte Alentejano, no dia<br />
15.<br />
Também na quarta-feira<br />
da semana passada, a Direcção<br />
da Organização Regional<br />
de Portalegre (DOR-<br />
POR) do PCP condenou<br />
«os brutais aumentos das<br />
tarifas dos lixos» e apelou<br />
à luta da população e dos<br />
A Valnor e a<br />
ERSAR querem<br />
passar a tarifa<br />
de 30 para<br />
80 euros<br />
municípios.<br />
O aumento das tarifas,<br />
de 30 para 80 euros por<br />
tonelada, fora notícia dois<br />
dias antes, em Ponte de<br />
Sor, no final de uma reunião<br />
de eleitos dos órgãos<br />
autárquicos dos 25 concelhos<br />
que são servidos pela<br />
Valnor e que detêm 49 por<br />
cento do capital desta.<br />
Abrantes, Alter do Chão,<br />
Serviço postal<br />
em queda<br />
Prosseguir a «descaracterização, com laivos de<br />
destruição, de uma empresa e de um serviço público<br />
que foi e deveria continuar a ser de qualidade», é o<br />
objectivo comum dos «conduzidos» ou «reconduzidos»<br />
membros dos corpos sociais dos CTT, acusou o<br />
Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios<br />
e Telecomunicações. No comunicado em que comentou<br />
a «dança de cadeiras», dia 8, o sindicato da<br />
Fectrans/CGTP-IN observou que «os cuidados» do<br />
governo PSD/CDS «na colocação dos seus boys e girls»<br />
à frente da empresa, durante o «maquiavélico processo<br />
de privatização» que terminou em Setembro de 2014,<br />
«continuam a dar frutos, em favor dos accionistas e<br />
em desfavor dos cidadãos».<br />
Neste breve balanço, o SNTCT aponta, entre outras<br />
consequências:<br />
– Redução flagrante da qualidade do serviço postal,<br />
no atendimento e na distribuição domiciliária de correio;<br />
– Redução dos pontos de acesso à Rede Pública Postal<br />
(receptáculos, caixas e marcos de correio), das estações<br />
e postos de correio, e do número de trabalhadores<br />
afectos à execução do serviço postal, de que resulta<br />
um premeditado abaixamento da qualidade na prestação<br />
do «Serviço Postal Universal» (que o sindicato traduz<br />
como «o mínimo dos mínimos do conceito de Serviço<br />
Público Postal»);<br />
– Atrasos de dias na distribuição do correio, localidades<br />
em que o carteiro só passa uma ou duas vezes por<br />
semana, filas intermináveis nas estações de correio,<br />
falta de dinheiro para pagamento de vales de reformas<br />
e pensões;<br />
– Redução do número de trabalhadores e sobrecarga<br />
de trabalho, piorando fundamentalmente a prestação<br />
do Serviço Postal Universal;<br />
– Falta de pessoal nas estações de correio para a<br />
execução do serviço postal, sobretudo após a criação<br />
do Banco CTT, com muitos trabalhadores em «estado<br />
de estafa» devido ao prolongamento de horários de<br />
trabalho (sem remuneração);<br />
– Degradação dos níveis salariais dos trabalhadores<br />
dos CTT, recorrendo mesmo à alteração de horários<br />
para evitar o pagamento de trabalho nocturno, em<br />
contraste com a remuneração dos accionistas e os<br />
aumentos e prémios atribuídos aos membros dos<br />
corpos sociais, e com a «frota de luxo» colocada à<br />
disposição de directores e afins.<br />
Arronches, Avis, Campo<br />
Maior, Castelo Branco, Castelo<br />
de Vide, Crato, Elvas,<br />
Fronteira, Gavião, Idanha-<br />
-a-Nova, Mação, Marvão,<br />
Monforte, Nisa, Oleiros,<br />
Ponte de Sor, Portalegre,<br />
Proença-a-Nova, Sardoal,<br />
Sertã, Sousel, Vila de Rei<br />
e Vila Velha de Ródão protestaram<br />
em uníssono contra<br />
o aumento e contra a<br />
imposição de repercutir o<br />
novo valor nas famílias e<br />
nas empresas. Deliberaram<br />
fazer-se ouvir na assembleia<br />
geral da Valnor, a 7<br />
de Março, e declararam<br />
que vão devolver à empresa<br />
as facturas relativas a<br />
Janeiro.<br />
Na carta enviada ao primeiro-ministro,<br />
citada pela<br />
rádio Antena Livre, os<br />
autarcas protestam contra<br />
a discriminação que desfavorece<br />
ainda mais o interior<br />
e reclamam medidas<br />
legislativas, «com urgência,<br />
de modo a que os municípios<br />
utilizadores das várias<br />
empresas do grupo EGF<br />
paguem tarifas idênticas,<br />
justas e equitativas», referindo<br />
que os municípios da<br />
Área Metropolitana de Lisboa<br />
pagam uma taxa de 13<br />
euros por tonelada.<br />
Os custos dos lucros<br />
No comunicado da DOR-<br />
POR do Partido considera-se<br />
que os aumentos<br />
«completamente inaceitáveis»<br />
resultam da privatização<br />
do Grupo EGF, a favor<br />
da SUMA (Grupo Mota-Engil),<br />
«concretizada pelo<br />
anterior governo PSD/<br />
/CDS e mantida pelo actual»,<br />
e do reforço dos poderes<br />
da «entidade reguladora»,<br />
a ERSAR. Esta, «mesmo<br />
à revelia da vontade<br />
das autarquias, tem o poder<br />
de fixar as tarifas na<br />
lógica da recuperação de<br />
custos, assegurando assim<br />
a obtenção de receitas presentes<br />
e futuras». Os lucros<br />
são «garantidos mediante<br />
uma taxa, que funciona como<br />
uma renda e que é decisiva<br />
para o cálculo dos<br />
proveitos».<br />
Por outro lado, nota o<br />
PCP, antes da privatização,<br />
os lucros serviam «para<br />
manter/diminuir as tarifas<br />
pagas pelos municípios e<br />
utentes e reforçavam a capacidade<br />
de investimento»,<br />
mas hoje «é patente a degradação<br />
das condições de<br />
trabalho e do serviço prestado<br />
à comunidade».<br />
A «degradação abrupta<br />
do serviço prestado e das<br />
condições de trabalho»<br />
O preço dos combustíveis<br />
«A Petrogal é o eixo central para a política<br />
energética do País, determinante do preço<br />
dos combustíveis e por isso deve tornar<br />
ao sector empresarial do Estado», defende<br />
a Comissão Central de Trabalhadores da<br />
principal empresa do Grupo Galp Energia.<br />
Num comunicado de dia 17, a CCT<br />
lembrou que a Petrogal foi criada, em<br />
1976, e «foi sobre a sua estrutura<br />
logística, muitas instalações criadas de<br />
raiz, que assentou a política energética»<br />
nacional, «designadamente, para a<br />
produção e distribuição de combustíveis».<br />
A política que conduziu à privatização<br />
«levou a que administrativamente se<br />
procedesse a uma liberalização artificial<br />
do mercado de combustíveis». Dos<br />
resultados «conhecidos detodos», a CCT<br />
destaca «o aumento indiscriminado dos<br />
preços dos combustíveis, mesmo que via<br />
impostos, sendo uma fonte preferencial a<br />
que os governos deitam mão, para<br />
compensar as perdas de receitas antes<br />
vindas dos resultados operacionais<br />
directos ou indirectos» da Petrogal<br />
enquanto empresa pública.<br />
«Desde a privatização, cada governo que<br />
entra em funções depara-se com o preço<br />
dos combustíveis como se pela primeira<br />
vez tivesse pensado no assunto e<br />
desconhecesse tudo o que aconteceu para<br />
trás», notando a CCT que «o actual<br />
Governo não é excepção e lá encomendou<br />
um estudo sobre as margens de<br />
comercialização».<br />
Comprova-se, em cada caso concreto,<br />
que entregar o tratamento e valorização do lixo,<br />
como outras áreas estratégicas,<br />
aos grandes grupos privados<br />
só a estes traz benefícios<br />
marca a evolução mais recente<br />
da Valnor, para a<br />
União dos Sindicatos do<br />
Norte Alentejano. No comunicado<br />
da direcção da<br />
estrutura distrital da CGTP-<br />
IN, sobre a sua reunião de<br />
dia 15, regista-se que a<br />
Valnor passou «de uma empresa<br />
lucrativa a uma empresa<br />
que acumula prejuízos»;<br />
era «exemplo de gestão,<br />
com preocupações ambientais<br />
e sociais e geradora<br />
de lucros», e ficou «uma<br />
empresa que acumula prejuízos,<br />
que deitou às malvas<br />
as preocupações ambientais,<br />
que estimula o<br />
conflito com os seus trabalhadores<br />
e quer impor aos<br />
municípios abrangidos custos<br />
totalmente desproporcionados».<br />
A USNA/CGTP-IN entende<br />
que está gerada «uma<br />
O problema é que «os governos aplicam<br />
uma receita cega, sem verificar se a<br />
realidade do nosso País comporta a<br />
fantasia da liberalização» e, «mais grave,<br />
fazem de conta que desconhecem as<br />
consequências e o grau da ineficácia das<br />
suas medidas». Ao serem «confrontados<br />
com a subida dos preços dos combustíveis<br />
de uma forma contínua, desde a<br />
liberalização do mercado, em 1999, a<br />
resposta surge invariável», seguindo a<br />
velha tese que «ainda está por provar,<br />
passados quase 20 anos»: «aprofundar a<br />
liberalização, dinamizar a concorrência e,<br />
por fim, a diminuição do preço dos<br />
combustíveis».<br />
A CCT criticou a ideia do ex-presidente<br />
da extinta Entidade Nacional para o<br />
Mercado de Combustíveis, que veio<br />
defender o «unbundling» – como<br />
denominam a separação das áreas de<br />
produção (refinação) e de logística –,<br />
porque assim diminuiria o risco de a Galp<br />
cair em mãos estrangeiras.<br />
Para a estrutura representativa de todos<br />
os trabalhadores da Petrogal, «isto é o<br />
mundo ao contrário» e «a única forma de<br />
evitar que a Petrogal e a Galp caiam em<br />
mãos estrangeiras é o seu retorno ao<br />
sector empresarial do Estado, com isso<br />
resolvendo também a questão dos preços<br />
dos combustíveis, ou melhor, ligando-a<br />
directamente a uma política de<br />
desenvolvimento económico que sirva o<br />
País e o povo».<br />
situação que importa combater<br />
com firmeza» e manifestou<br />
«apoio solidário<br />
aos autarcas, que se têm<br />
vindo a opor aos preços<br />
exorbitantes apresentados<br />
pela empresa, e aos trabalhadores<br />
e ao seu sindicato<br />
representativo, o STAL,<br />
exortando-os a intensificarem<br />
a luta em defesa do<br />
emprego e dos direitos de<br />
quem trabalha».
8 PCP<br />
23-2-2017<br />
Desde há uns anos que a célula dos<br />
trabalhadores comunistas da Câmara<br />
Municipal do Seixal não pára de<br />
crescer e de se reforçar. A difusão do<br />
Avante!, não sendo a única, é uma<br />
das mais visíveis expressões deste<br />
reforço. Assente na organização e na<br />
dedicação dos seus membros, a célula<br />
distribui semanalmente mais de meia<br />
centena de jornais nos diversos<br />
sectores da autarquia, concentrados<br />
no essencial em dois locais: os Serviços<br />
Centrais, onde trabalham 700 pessoas,<br />
particularmente administrativos e<br />
técnicos; e os Serviços Operacionais,<br />
com os seus 600 operários, técnicos<br />
e administrativos.<br />
Foi junto ao portão do primeiro que<br />
encontrámos os membros da célula<br />
que, entre outras tarefas que aí<br />
desempenham, são também – e<br />
orgulhosamente – difusores da<br />
imprensa do Partido, e são 10: Rui<br />
Manuelito (seis jornais); Manuel Janeiro<br />
(seis); Luís Morais (três); Isabel Rute<br />
(cinco); Paula Rodrigues (não é<br />
militante, mas distribui sete); Maria<br />
João Costa (sete); Almira Santos (seis);<br />
Aida Fernandes (quatro); e Mónica<br />
Rodrigues (nove), que não pôde<br />
comparecer ao encontro. João Pinheiro<br />
coordena toda esta intervenção. Com<br />
eles estava o responsável pela célula<br />
na Comissão Concelhia, Delfim<br />
Mendes. Todos têm os seus papéis<br />
muito bem definidos na difusão do<br />
Avante! e d' O Militante.<br />
Semana após semana, João Pinheiro<br />
deixa no Centro de Trabalho do<br />
Partido no Seixal o pedido do número<br />
de exemplares do Avante! para serem<br />
distribuídos nos serviços da autarquia<br />
(e esta semana será mais um),<br />
separados por cada um dos difusores.<br />
Quando os jornais chegam, é Delfim<br />
Mendes quem os separa em molhos,<br />
consoante o solicitado, e os deixa nas<br />
portarias dos Serviços Centrais e dos<br />
Serviços Operacionais. Ao chegarem<br />
aos seus locais de trabalho, os<br />
membros da célula recolhem os molhos<br />
respectivos e distribuem-nos pelos<br />
leitores, na maioria membros do<br />
Partido, mas não só. A estrutura<br />
montada para a distribuição da<br />
imprensa corresponde à da própria<br />
Organização<br />
e dedicação<br />
Dez difusores asseguram a distribuição do Avante! na<br />
CM do Seixal<br />
Campanha<br />
de divulgação do Avante!<br />
célula, dividida em nove núcleos. Os<br />
fundos recolhidos seguem o caminho<br />
inverso.<br />
Continuar a crescer<br />
Muito embora tenha vindo a aumentar<br />
o número de jornais distribuídos<br />
semanalmente na Câmara Municipal<br />
do Seixal, a célula do Partido quer<br />
crescer ainda mais e corresponder ao<br />
desafio lançado no âmbito da<br />
campanha nacional de difusão do<br />
Avante!. Nas prioridades de acção da<br />
célula para 2017 surge o objectivo<br />
de, até ao final do ano, alargar a<br />
distribuição para 60 exemplares<br />
semanais.<br />
Para cumprir esta meta, os membros<br />
da célula estão a elaborar listas de<br />
potenciais novos leitores e não<br />
pretendem mudar nada do que têm<br />
feito, que se tem revelado útil e eficaz;<br />
a ideia é, por outro<br />
lado, potenciar ao<br />
máximo o «esquema»<br />
que está montado,<br />
encontrando mais<br />
difusores e<br />
aproveitando ainda<br />
melhor aqueles de que<br />
já dispõem. Ao não<br />
basearem a<br />
distribuição da<br />
imprensa num<br />
qualquer «super-<br />
-difusor», mas na<br />
estrutura partidária, os<br />
comunistas<br />
trabalhadores da<br />
Câmara Municipal têm<br />
assim muita margem<br />
por onde crescer. «Quem distribui seis<br />
pode passar a sete ou a oito»,<br />
concordam. É desta forma, aliás, que<br />
a célula leva por diante as vendas<br />
especiais: cada um dos habituais<br />
difusores leva mais exemplares do que<br />
é normal e procura vendê-los,<br />
normalmente com êxito.<br />
Mas o Avante! não faz apenas parte<br />
do dia-a-dia daqueles que têm como<br />
uma das suas tarefas a difusão do<br />
órgão central do Partido. Para lá dos<br />
que o recebem das mãos dos difusores,<br />
são muitos mais os que tomam contacto<br />
com ele por via de um email enviado<br />
todas as quintas-feiras contendo os<br />
destaques principais da edição dessa<br />
semana, com as respectivas ligações.<br />
«É uma forma de fazer o Avante!<br />
chegar a mais gente e potenciar o<br />
alargamento da sua difusão», conta<br />
Rui Manuelito, que abraça com<br />
entusiasmo esta tarefa.<br />
A célula do Partido na Câmara<br />
Municipal do Seixal sabe que o Avante!<br />
é fundamental para a concretização<br />
dos seus objectivos fundamentais: a<br />
afirmação do Programa do PCP, a<br />
mobilização dos trabalhadores para a<br />
luta e o fomento da sua unidade.<br />
Também por isso se empenham tanto<br />
em levá-lo mais longe.<br />
86 anos do Avante!<br />
Comemorações<br />
prosseguem<br />
As comemorações do 86.º aniversário do<br />
Avante! estão a ter lugar um pouco por todo<br />
o País sob a égide da campanha de divulgação<br />
que está em curso.<br />
Aumentar<br />
a difusão do<br />
Avante! é objectivo<br />
prioritário<br />
As iniciativas de comemoração,<br />
que constituíram<br />
momentos importantes de<br />
divulgação da história, do<br />
conteúdo e do papel do<br />
Avante! na luta dos comunistas<br />
pelos seus objectivos,<br />
foram diversificadas e<br />
bem participadas. Nas intervenções<br />
proferidas nos<br />
vários almoços, jantares e<br />
debates realizados deu-se<br />
primazia à necessidade e<br />
possibilidade de elevar consideravelmente<br />
a venda e<br />
difusão do Avante! e apontou-se<br />
algumas das medidas<br />
a implementar ou desenvolver<br />
para que tal seja<br />
efectivamente uma realidade:<br />
aumento do número<br />
de pontos de recolha e<br />
distribuição (ADE), alargar<br />
a rede de difusores, fazer<br />
listas de potenciais leitores<br />
(militantes do Partido,<br />
eleitos autárquicos ou<br />
activistas sindicais) e realizar<br />
com regularidade bancas<br />
de rua.<br />
No fim-de-semana foram<br />
muitas as iniciativas realizadas.<br />
O director do Avante!,<br />
Manuel Rodrigues, participou<br />
num almoço no sábado,<br />
no Centro de Trabalho<br />
de Corroios, no concelho<br />
do Seixal. Ao mesmo<br />
tempo, o chefe adjunto<br />
da redacção, Gustavo Carneiro,<br />
participava numa iniciativa<br />
semelhante na freguesia<br />
de Pinhal Novo,<br />
em Palmela, que reuniu<br />
mais de três dezenas de<br />
pessoas. Em Vila Real de<br />
Santo António, foram 40<br />
os que celebraram o aniversário<br />
e ouviram a intervenção<br />
de Domingos Mealha,<br />
da redacção do órgão<br />
central do PCP. Na ocasião,<br />
José Travassos, da<br />
Comissão Concelhia, valorizou<br />
este aniversário que,<br />
não sendo redondo, constitui<br />
um marco especial na<br />
história do Avante!, uma<br />
vez que os 43 anos passados<br />
na clandestinidade são<br />
agora igualados por outros<br />
tantos na legalidade.<br />
No mesmo dia, mas à<br />
tarde, o jornalista Hugo Janeiro<br />
participou num debate<br />
no Lavradio (Barreiro),<br />
rumando depois ao<br />
Bombarral, onde interveio<br />
no jantar promovido<br />
pela Comissão Concelhia.<br />
Ao mesmo tempo, Gustavo<br />
Carneiro esteve na Marinha<br />
Grande a jantar<br />
com mais de meia centena<br />
de militantes e simpatizantes<br />
do Partido. Momentos<br />
antes, Rui Mota, das Edições<br />
Avante!, participou<br />
num debate em Paço de<br />
Arcos (Oeiras).<br />
Chegar mais longe<br />
No domingo, em Olhão,<br />
mais de 70 pessoas participaram<br />
na festa dos 86<br />
anos do Avante!, que contou<br />
com a presença de Domingos<br />
Mealha. Ao mesmo<br />
tempo, na Sobreda<br />
(Almada), Gustavo Carneiro<br />
também participava<br />
num almoço comemorativo,<br />
que reuniu dezenas de<br />
Covilhã<br />
Corroios<br />
Pinhal Novo<br />
pessoas, entre militantes e<br />
simpatizantes do Partido e<br />
difusores do Avante!. Pouco<br />
depois, Hugo Janeiro<br />
intervinha num debate em<br />
Santa Iria de Azóia (Loures),<br />
no qual se referiu o<br />
papel do semanário comunista<br />
para a organização e<br />
a ligação desta às massas.<br />
No próprio dia do aniversário,<br />
quarta-feira, 15,<br />
o director do Avante! participou<br />
num convívio em<br />
Mem Martins (Sintra),<br />
pouco depois de Hugo Janeiro<br />
ter almoçado na<br />
Quinta da Atalaia, com a<br />
célula da Festa do Avante!,<br />
e de João Frazão, da<br />
Comissão Política, ter estado<br />
presente num almoço<br />
comemorativo no Centro<br />
de Trabalho concelhio de<br />
Almada. No dia seguinte,<br />
Hugo Janeiro almoçou no<br />
Centro de Trabalho de Tires,<br />
em Cascais.<br />
Estas comemorações, que<br />
prosseguem nos próximos<br />
dias, têm sido assinaladas<br />
igualmente com acções de<br />
venda do Avante! junto a<br />
empresas, locais de trabalho,<br />
mercados, estações de<br />
transportes e nas praças e<br />
ruas do País.
23-2-2017<br />
PCP 9<br />
PCP quer aeroporto em Alcochete<br />
Enfrentar os interesses da Vinci<br />
Insistindo na construção do novo aeroporto de<br />
Lisboa em Alcochete, o PCP exige do Governo<br />
a recuperação do controlo público da ANA e<br />
da TAP e firmeza face à multinacional Vinci.<br />
À Vinci interessa<br />
o lucro e não o<br />
desenvolvimento<br />
nacional<br />
Num comunicado do seu<br />
Gabinete de Imprensa, emitido<br />
no dia 15, o PCP comenta<br />
a recente decisão do<br />
Governo que aponta para a<br />
utilização da base aérea do<br />
Montijo como pista complementar<br />
ao Aeroporto Humberto<br />
Delgado, para a qual<br />
foi já assinado um memorando<br />
entre o Executivo e<br />
a ANA (detida pela multinacional<br />
Vinci). No texto,<br />
os comunistas lembram que<br />
a localização e valências do<br />
novo aeroporto fazem parte<br />
de uma discussão antiga<br />
da qual se retirara importantes<br />
conclusões: com base<br />
em vários estudos, designadamente<br />
realizados pelo<br />
LNEC, foram abandonadas<br />
várias opções que chegaram<br />
a estar presentes (Ota e Portela+1,<br />
nas suas diferentes<br />
soluções Alverca, Montijo,<br />
Monte Real, etc.) e fixou-se<br />
o Campo de Tiro de Alcochete<br />
como a «mais válida<br />
possibilidade» para a instalação<br />
desta infra-estrutura.<br />
Ora, para o PCP, é certo<br />
que Portugal precisa – hoje<br />
ainda mais do que quando<br />
esta discussão se iniciou<br />
– de um novo aeroporto internacional<br />
e que Alcochete<br />
é precisamente o melhor<br />
local para o fazer. As razões<br />
são diversas, e o Partido<br />
aponta-as: o carácter exclusivamente<br />
público dos terrenos<br />
e as possibilidades<br />
que abre quer à expansão<br />
futura do novo aeroporto<br />
quer à continuidade da Portela<br />
até à sua conclusão.<br />
Mas o PCP vê mais longe<br />
e assume que a opção<br />
por Alcochete conferiria a<br />
esta infra-estrutura uma «visão<br />
estratégica para o desenvolvimento<br />
do conjunto<br />
da área metropolitana de<br />
Lisboa»: a construção de<br />
uma terceira travessia sobre<br />
o Tejo, entre Lisboa e<br />
o Barreiro, na vertente rodo-ferroviária;<br />
o desenvolvimento<br />
e articulação com<br />
a introdução da alta-velocidade<br />
ferroviária; e a defesa<br />
e promoção da produção<br />
nacional, nos planos do<br />
transporte de mercadorias<br />
e do sector da aviação civil,<br />
eram outras componentes<br />
desta estratégia.<br />
Contudo, garante o Partido,<br />
a Vinci apenas está interessada<br />
em maximizar durante<br />
meio século as suas<br />
receitas e com o menor custo<br />
possível. O desenvolvimento<br />
nacional é algo a ser<br />
assumido pelo Estado.<br />
Desmandos<br />
da Vinci<br />
Os terrenos do campo de tiro de Alcochete são inteiramente públicos e permitem a expansão<br />
futura do aeroporto<br />
No comunicado, o PCP<br />
realça que uma década após<br />
o início do debate em torno<br />
do novo aeroporto, o<br />
crescimento verificado do<br />
tráfego aéreo excedeu as<br />
previsões. Apesar disso, não<br />
só não se concretizou nenhuma<br />
decisão para a construção<br />
do novo aeroporto,<br />
com os custos inerentes a<br />
essa inacção, como se privatizou<br />
a ANA, entregando-<br />
-a à multinacional francesa<br />
Vinci, que também participa<br />
no consórcio que explora<br />
as pontes 25 de Abril e<br />
Vasco da Gama, sobre o Tejo.<br />
Também a TAP foi parcialmente<br />
entregue a David<br />
Neeleman.<br />
O Partido lembra que o<br />
anterior governo do PSD/<br />
/CDS cedeu à ANA a exploração<br />
dos aeroportos nacionais<br />
por 50 anos a troco<br />
de três mil milhões de euros<br />
pagos à cabeça, que se<br />
estima que a Vinci venha a<br />
recuperar integralmente nos<br />
primeiros dez.<br />
Para além de condicionar<br />
a decisão soberana do País<br />
sobre uma infra-estrutura<br />
estratégica, a privatização<br />
da ANA teve outras consequências:<br />
a perda para os<br />
accionistas da Vinci de receitas<br />
que permitiram durante<br />
décadas que a «pública<br />
e lucrativa ANA» assumisse<br />
o investimento e a<br />
modernização dos aeroportos<br />
nacionais, o aumento<br />
das taxas e tarifas aeroportuárias,<br />
o desinvestimento<br />
significativo na infra-estrutura,<br />
a transformação dos<br />
aeroportos «numa espécie<br />
de centros comerciais, em<br />
detrimento das condições<br />
de segurança» e o ataque<br />
aos direitos dos trabalhadores<br />
são apenas algumas delas.<br />
Realçando que o País não<br />
pode ficar privado das receitas<br />
aeroportuárias durante<br />
50 anos e ainda por cima<br />
ficar também sem o novo<br />
aeroporto, o PCP defende<br />
medidas que respondam<br />
aos problemas do presente<br />
não comprometendo o futuro,<br />
o que sucederá a ir<br />
por diante a opção preconizada<br />
pelo Governo: construir<br />
o novo aeroporto em<br />
Alcochete e recuperar para<br />
o controlo público a ANA e<br />
a TAP são acções decisivas<br />
que cabe ao Executivo empreender.<br />
Foto LUSA<br />
Proteger a floresta e os produtores<br />
Sem o apoio aos produtores não há defesa da floresta, garante<br />
o PCP<br />
Jerónimo de Sousa visitou anteontem, 21, os baldios da<br />
freguesia de Vilarinho, na Lousã, e esteve reunido com a<br />
Comissão de Compartes, numa acção do PCP em defesa<br />
da produção florestal, pela prevenção dos incêndios florestais<br />
e em defesa da propriedade comunitária. Na iniciativa<br />
valorizou-se o trabalho de gestão comunitária do<br />
baldio, no ordenamento, limpeza, valorização e gestão da<br />
floresta, sublinhando-se que a prevenção faz-se fora das<br />
épocas de maior risco de incêndio.<br />
Jerónimo de Sousa valorizou a notável obra dos baldios,<br />
propriedade comunitária, gerida pelos povos que,<br />
quase sem apoios do Estado, e por vezes mesmo contra<br />
os empecilhos que sucessivos governos lhe colocam, defende<br />
e promove a floresta, assegurando ainda o apoio e<br />
a resolução de problemas das suas comunidades. Recorde-se<br />
que, no Verão, em cima dos graves fogos que assolam<br />
o País, o PCP visitou áreas ardidas em diversos pontos<br />
do continente e da Região Autónoma da Madeira, tendo<br />
assumido que não deixaria de reflectir sobre este assunto<br />
fora da fase aguda.<br />
Para o PCP, reafirmou-se, é necessário ter presente que<br />
em vastas regiões do País as actividades agroflorestais são<br />
a garantia de fixar populações às suas terras, combater o<br />
abandono e o despovoamento, pois muitas vezes são a única<br />
actividade económica que resiste. Na visita foi possível<br />
constatar a dificuldade de combater pragas e espécies invasoras<br />
da floresta, que requer permanente atenção e trabalho<br />
no terreno. A praga do nemátodo está longe de ser<br />
a única a afectar a floresta nesta zona, acrescendo-lhe a<br />
processionária do pinheiro e a invasão por acácias.<br />
Os representantes dos baldios deram nota à delegação<br />
do PCP de outro problema central para a gestão activa da<br />
floresta: o preço da madeira pago aos produtores, questão<br />
que está ausente das propostas do Governo na chamada<br />
«Reforma da Floresta». O preço da madeira é no essencial<br />
o mesmo desde há 30 anos, e a madeira de eucalipto<br />
é paga em Portugal a preços que são quase metade<br />
do valor pago em Espanha.<br />
Já o pinheiro bravo e as madeiras nobres são muitas vezes<br />
pagas a preço de lenha para queimar, o que coloca os<br />
produtores numa situação de maior vulnerabilidade face<br />
ao domínio monopolista das indústrias transformadoras da<br />
pasta de papel. Estes grupos económicos decidem o preço,<br />
esmagando-o, para somar lucros fabulosos, e arruínam<br />
os produtores. Os representantes dos baldios insistiram na<br />
necessidade de terem personalidade jurídica e igualdade<br />
de acesso a candidaturas aos quadros comunitários de apoio.<br />
O PCP transmitiu a sua posição crítica face à chamada<br />
«Reforma da Floresta», pois não responde ao problema<br />
central do preço da madeira, ao não estar associada a um<br />
necessário plano de investimentos. A crítica estende-se<br />
ainda ao facto de nela não haver qualquer palavra sobre<br />
os baldios e o apoio ao seu investimento, ignorando dessa<br />
forma cerca de meio milhão de hectares de floresta nacional.<br />
Apesar disso, foram anunciados recentemente milhões<br />
para apoiar a indústria do papel.<br />
Crescer<br />
em Santarém<br />
O salão da Junta de Freguesia do Vale de Santarém<br />
acolheu recentemente a 14.ª Assembleia da Organização<br />
Concelhia de Santarém do Partido Comunista Português,<br />
na qual participaram dezenas de militantes. O<br />
debate travado, como aliás o documento aprovado, incidiu<br />
prioritariamente nas tarefas a levar a cabo para<br />
reforçar a organização do Partido e a sua intervenção.<br />
Na resolução política sublinha-se precisamente a convicção<br />
de que a «situação nacional coloca ao Partido a<br />
necessidade de uma intensa acção», o que determina a<br />
necessidade de implementar «direcções de trabalho e<br />
tarefas no plano da luta dos trabalhadores e do povo,<br />
do fortalecimento das organizações unitárias de massas,<br />
do trabalho político unitário, da iniciativa e do reforço<br />
da organização do Partido». As medidas aprovadas vão<br />
em todas estas direcções.<br />
A nível orgânico, os comunistas de Santarém querem<br />
recrutar mais militantes e integrá-los na estrutura do<br />
Partido, ter mais quadros a distribuir a imprensa e a recolher<br />
a quotização e mais militantes organizados nas<br />
empresas e locais de trabalho, ao mesmo tempo que<br />
pretendem reactivar comissões de freguesia cujo funcionamento<br />
tem sido irregular e, nessas e noutras, realizar<br />
periodicamente plenários de militantes.<br />
Quanto à intervenção, a organização concelhia de<br />
Santarém visa uma melhor articulação da sua acção e<br />
iniciativa com o trabalho institucional, uma maior dinamização<br />
de debates públicos e uma mais regular tomada<br />
de posição sobre os problemas que afectam os trabalhadores<br />
e as populações.<br />
A assembleia elegeu ainda a nova Comissão Concelhia<br />
de Santarém, que ficou composta por 17 novos elementos.
10 PCP<br />
23-2-2017<br />
Hidrocarbonetos na costa alentejana<br />
Estado deve controlar prospecções<br />
O PCP exige o controlo público dos processos<br />
de prospecção, pesquisa e exploração dos recursos<br />
energéticos não renováveis do País.<br />
Num comunicado recente,<br />
a Direcção da Organização<br />
Regional do Litoral<br />
Alentejano do PCP (DOR-<br />
LA) exige a suspensão dos<br />
trabalhos de prospecção de<br />
hidrocarbonetos em curso<br />
na costa alentejana, para<br />
que estes possam finalmente<br />
ser feitos com «ampla<br />
participação dos diversos<br />
agentes locais e das populações».<br />
O Partido requer<br />
ainda o fornecimento dos<br />
estudos de impacto económico,<br />
social e ambiental relativos<br />
a uma eventual exploração<br />
de petróleo ou gás<br />
natural na costa alentejana.<br />
Os comunistas entendem<br />
que o anúncio recente da<br />
atribuição de concessões à<br />
Ana Maria Gomes<br />
Com 84 anos, faleceu a camarada Ana<br />
Maria Gomes. Natural de S. Salvador,<br />
Odemira, era militante do Partido desde<br />
1 de Janeiro de 1977. Operária fabril,<br />
residia em Moscavide, onde estava organizada.<br />
António Esteves<br />
Médico psiquiatra e resistente antifascista<br />
desde jovem, faleceu aos 100 anos<br />
o camarada António Esteves. Licenciado<br />
pela Faculdade de Medicina da Universidade<br />
de Coimbra, em 1945, tornou-se<br />
em 1949 especialista em Psiquiatria, exercendo<br />
no Hospital Sobral Cid, no Dispensário<br />
de Higiene e Profilaxia Mental de<br />
Lisboa e no Hospital Júlio de Matos. Foi<br />
bolseiro da Organização Mundial de Saúde<br />
em Paris, em 1962, e logo após o 25<br />
de Abril foi eleito por unanimidade para<br />
a Comissão de Gestão em Assembleia<br />
Magna dos trabalhadores do Hospital Júlio<br />
de Matos, sendo em 1982 nomeado<br />
seu director clínico, função que desempenhou<br />
até se aposentar.<br />
Em 1945, aderiu ao MUD, envolvendo-se<br />
até 1974 nas campanhas da Oposição<br />
Democrática. Formalmente membro<br />
do Partido desde 1953, teve a seu<br />
cargo a impressão do jornal Uni-vos pela<br />
paz!. Foi nessa mesma época que começou<br />
a observar e a apoiar clinicamente<br />
presos políticos detidos, sendo também<br />
procurado por seus familiares e por outros<br />
antifascistas. Nunca se deixou intimidar<br />
pela PIDE, não permitindo, em circunstância<br />
alguma, que os seus agentes<br />
estivessem presentes em qualquer acto<br />
médico para que tivesse sido solicitado,<br />
fosse em Caxias ou Peniche, em instituições<br />
médicas privadas ou públicas. Também<br />
denunciou os riscos que os presos<br />
incorriam em virtude das torturas ou a falta<br />
de assistência.<br />
Ajudou a fundar o Sindicato dos Médicos<br />
e a URAP, Para além da colaboração<br />
em revistas da especialidade, com textos<br />
assinados entre 1951 e 2000, e de comunicações<br />
orais, participou com os seus<br />
Os recursos<br />
nacionais têm<br />
que servir o País<br />
GALP e à ENI para a prospecção,<br />
pesquisa, desenvolvimento<br />
e produção de<br />
petróleo e gás natural na<br />
costa alentejana «arrasta<br />
consigo legítimas inquietações<br />
e preocupações», pelo<br />
que apela à «vigilância,<br />
mobilização e luta das populações»<br />
e exige o fim da<br />
opacidade que tem marcado<br />
todo este processo. Para<br />
o PCP, a intervenção do<br />
Estado e o controlo público<br />
destes processos são<br />
CAMARADAS FALECIDOS<br />
O PCP quer saber os impactos que a exploração de hidrocarbonetos pode ter noutras actividades<br />
desenhos em várias das Bienais de Arte<br />
da Festa do Avante!.<br />
António Sá Magalhães<br />
Faleceu o camarada António Sá Magalhães.<br />
Militante do Partido desde 1968,<br />
esteve envolvido de forma destacada nas<br />
lutas estudantis e na oposição democrática<br />
ao fascismo. Era activista do movimento<br />
associativo e cultural no Porto e do movimento<br />
da paz. No sector da Função Pública<br />
do Porto, onde estava organizado,<br />
teve um importante papel na angariação<br />
de fundos para a Quinta do Cabo e na difusão<br />
do Avante!.<br />
Bernardino Barbas Pires<br />
Aos 79 anos, faleceu o camarada Bernardino<br />
Barbas Pires, natural de Mértola.<br />
Estava organizado na freguesia das<br />
Avenidas Novas, em Lisboa, e residia no<br />
Bairro do Rego, onde desenvolveu múltiplas<br />
tarefas. Fazia parte da Comissão de<br />
Freguesia e foi eleito na Assembleia de<br />
Freguesia de Nossa Senhora de Fátima.<br />
Foi fundador e presidente da Associação<br />
do Desenvolvimento e Apoio Social do<br />
Bairro do Rego e bateu-se pela instalação<br />
da estação dos Correios no seu bairro. Integrou<br />
a célula dos bancários e apoiou,<br />
através da CRARA, a Reforma Agrária<br />
no concelho de Montemor-o-Novo.<br />
Olívia Maria Silva<br />
Aos 94 anos, faleceu a camarada Olívia<br />
Maria Silva. Natural e residente em<br />
Aljustrel, no bairro mineiro de Vale d’Oca,<br />
sempre se empenhou na luta em defesa<br />
dos interesses do povo de onde era oriunda.<br />
Pertenceu ao Grupo Coral de Aljustrel<br />
do MDM.<br />
José Nunes Ralo<br />
Faleceu o camarada José Nunes Ralo.<br />
Estava organizado na freguesia da Cova<br />
da Piedade, concelho de Almada.<br />
*<br />
Aos familiares e amigos dos comunistas falecidos,<br />
o colectivo do Avante! manifesta sentidas<br />
condolências.<br />
fundamentais para assegurar<br />
que a exploração destes<br />
recursos seja «colocada<br />
ao serviço do desenvolvimento<br />
económico e do<br />
progresso social».<br />
Sendo certo que desde a<br />
década de 30 do século XX<br />
que se realizam operações<br />
de prospecção de petróleo<br />
e gás natural em diversos<br />
locais do País, o PCP valoriza<br />
o que elas permitiram<br />
de conhecimento acerca<br />
dos recursos energéticos<br />
nacionais mas lembra<br />
que essas operações «nunca<br />
determinaram a viabilidade<br />
da sua exploração comercial».<br />
Inegável é, sublinha,<br />
o valor estratégico desses<br />
recursos, independentemente<br />
da ponderação que<br />
possa vir a ser feita quanto<br />
às condições, vantagens<br />
e desvantagens do seu<br />
aproveitamento.<br />
O Partido exige também<br />
a definição de medidas de<br />
monitorização e prevenção<br />
dos eventuais riscos resultantes<br />
do intenso tráfego<br />
de navios de transporte de<br />
hidrocarbonetos que aportam<br />
no Porto de Sines e o<br />
reforço de pessoal e meios<br />
das entidades especializadas<br />
da Administração Pública,<br />
desde logo o Laboratório<br />
Nacional de Energia<br />
e Geologia e a Direcção-Geral<br />
de Energia e Geologia.<br />
Que interesses?<br />
O centenário do nascimento de Óscar<br />
Lopes vai ser assinalado ao longo do<br />
ano pelo PCP, informa a Direcção da<br />
Organização Regional do Porto, que<br />
lembra o homenageado, militante comunista,<br />
como uma «referência da cultura<br />
portuguesa» e um «intelectual profundamente<br />
empenhado nas causas da<br />
emancipação humana, da liberdade,<br />
sempre solidário com as lutas dos trabalhadores,<br />
contra a exploração e pela<br />
justiça social».<br />
Lembrando a «feliz coincidência» de<br />
o centenário do nascimento de Óscar<br />
Lopes coincidir com o da Revolução de<br />
Outubro, cujos objectivos sempre «partilhou<br />
e defendeu», o Partido anuncia a<br />
realização de iniciativas para evocação<br />
No comunicado, a DOR-<br />
LA lembra as responsabilidades<br />
de PS, PSD e CDS<br />
na privatização da GALP<br />
e na destruição quase completa<br />
de sectores da indústria<br />
básica, como a metalomecânica<br />
pesada e a<br />
construção e reparação naval,<br />
e de parte importante<br />
das estruturas científicas e<br />
técnicas do Estado. Para<br />
os comunistas, todos estes<br />
sectores – públicos – seriam<br />
capazes de assegurar que<br />
a eventual exploração dos<br />
hidrocarbonetos seria realizada<br />
garantindo a «segurança<br />
técnica e ambiental»<br />
e colocando estes recursos<br />
energéticos «serviço do desenvolvimento<br />
soberano do<br />
País».<br />
O PCP critica ainda PS,<br />
PSD e CDS por, uma vez no<br />
governo, praticarem uma<br />
política de «submissão aos<br />
interesses de empresas privadas»<br />
e também os que,<br />
à boleia da «justa preocupação<br />
das populações»,<br />
embarcam na «demagogia<br />
fácil». Já o PCP, lembra-<br />
-se no comunicado, apresentou<br />
na Assembleia da<br />
República, em Julho do<br />
ano passado, um projecto<br />
de resolução intitulado «Pela<br />
avaliação dos riscos ambientais<br />
e do impacto noutras<br />
actividades económicas<br />
resultantes da prospecção,<br />
pesquisa, desenvolvimento<br />
e produção de petróleo<br />
e/ou gás natural no<br />
Algarve e na Costa Alentejana».<br />
A rejeição do ponto<br />
5 desse projecto, que recomendava<br />
ao Governo que<br />
fosse garantida a intervenção<br />
do Estado e o controlo<br />
público nos processos<br />
de pesquisa e exploração<br />
de petróleo e gás natural,<br />
é particularmente reveladora<br />
dos interesses que poderão<br />
estar por detrás deste<br />
novo interesse nestas operações.<br />
PCP assinala centenário<br />
de Óscar Lopes<br />
e divulgação do percurso e obra de Óscar<br />
Lopes: entre elas, destaca-se a exposição<br />
que estará patente no mês de<br />
Abril e a sessão de homenagem em Outubro,<br />
na qual participa o Secretário-geral<br />
do PCP, Jerónimo de Sousa. No sítio<br />
da DORP na Internet – em www.porto.pcp.pt/oscarlopes<br />
– está já disponível<br />
um conjunto de materiais evocativos, como<br />
uma biografia, bibliografia, vídeos,<br />
fotos e textos de e sobre Óscar Lopes.<br />
O PCP aproveita a ocasião para apelar<br />
à comunidade científica e intelectual,<br />
ao movimento associativo cultural e aos<br />
democratas para que divulguem a obra<br />
e evoquem o percurso de vida deste<br />
«destacado intelectual comunista, com<br />
uma obra ímpar».
23-2-2017<br />
AMADORA<br />
Repressão<br />
e manipulação<br />
A Comissão Concelhia da Amadora<br />
do PCP enviou uma carta à direcção<br />
de informação da TVI a contestar<br />
o conteúdo do programa SOS 24<br />
emitido no dia 7 de Fevereiro, sobre<br />
as demolições no Bairro 6 de Maio.<br />
Nesse programa, garante o Partido,<br />
foi veiculada uma visão «tendenciosa<br />
e propagandística dos acontecimentos»,<br />
desrespeitando-se e menorizando-se<br />
as razões do protesto dos moradores<br />
ao mesmo tempo que se fazia um<br />
«elogio injusto, desadequado e<br />
irrealista» da acção da presidente<br />
do município e das forças policiais.<br />
No relato dos incidentes verificados<br />
entre moradores e agentes da polícia,<br />
acusa o PCP, a estação de televisão<br />
divulgou apenas a versão policial, não<br />
ouvindo os trabalhadores da empresa<br />
de demolições, que «não confirmaram<br />
o alegado ataque aos polícias nem que<br />
algum deles tivesse ficado ferido. Pelo<br />
contrário, relataram que foi o morador<br />
do bairro quem foi agredido, manietado<br />
e conduzido à esquadra pela polícia».<br />
A Comissão Concelhia da Amadora<br />
acusa ainda a comentadora Elza Pais<br />
de divulgar números e factos errados<br />
quanto à situação da habitação na<br />
Amadora e às alegadas soluções<br />
de realojamento existentes.<br />
FARO<br />
Travar as demolições<br />
A Câmara Municipal de Faro aprovou,<br />
no dia 13, uma moção apresentada<br />
pelo vereador comunista na qual se<br />
reconhece o «valor social, económico,<br />
histórico e cultural dos núcleos urbanos<br />
das ilhas-barreira da Ria Formosa»<br />
e prevê que esse reconhecimento seja<br />
traduzido «nos diversos instrumentos<br />
de planeamento e ordenamento<br />
do território». Na moção, afirma-se<br />
o direito a «viver e a produzir nestes<br />
territórios» e manifesta-se o apoio<br />
às comunidades locais vítimas<br />
das demolições, bem como às suas<br />
associações. Aprovada pelo PCP<br />
e pela Coligação Juntos por Faro, com<br />
os votos contrários do PS, a moção<br />
surge num momento em que – como<br />
afirma, em comunicado, a Comissão<br />
Concelhia de Faro do PCP – «regressa<br />
o pesadelo das demolições às ilhas-<br />
-barreira» e as posses administrativas<br />
de casas a demolir estavam marcadas<br />
para ontem, 22.<br />
CASCAIS<br />
Câmara favorece<br />
privados<br />
O PCP denuncia, em comunicado, a<br />
decisão da maioria PSD/CDS que dirige<br />
o município de Cascais e um dos<br />
vereadores do PS de terem aprovado<br />
propostas que constituem, na prática,<br />
um claro favorecimento à Universidade<br />
Católica Portuguesa (UCP) e à empresa<br />
Luz Saúde. No primeiro caso, trata-se<br />
de um protocolo para a cedência à UCP<br />
de um edifício a construir pela Câmara;<br />
no segundo, de um contrato-promessa<br />
de compra e venda das instalações do<br />
antigo hospital, localizadas no centro<br />
da vila. Na sua declaração de voto,<br />
contrário às propostas, o vereador do<br />
PCP Clemente Alves denunciou ainda a<br />
«incompatibilidade legal» de o vereador<br />
do PSD Ricardo Baptista Leite, que<br />
subscreveu as propostas e conduz em<br />
nome da autarquia estes negócios, ter<br />
ligações orgânicas com as entidades<br />
envolvidas.<br />
Carlos<br />
Gonçalves<br />
Membro<br />
da Comissão<br />
Política<br />
Toxicodependência:<br />
reverter a situação<br />
Com o aprofundamento da crise capitalista,<br />
surgem novos fenómenos negativos na<br />
situação mundial em matéria de produção,<br />
tráfico e consumo de drogas ilícitas. Em Portugal<br />
confirma-se, no quotidiano e nas estatísticas, que pelo<br />
menos alguns elementos problemáticos em matéria<br />
de toxicodependência se agravaram, empurrados pela<br />
política de direita.<br />
“<br />
A política<br />
de direita criou<br />
novo desastre na<br />
toxicodependência<br />
”<br />
A política do anterior governo PSD/<br />
/CDS, e de outros, de devastação económica<br />
e social, de desinvestimento e<br />
liquidação de instrumentos do Estado<br />
na prevenção e resposta à toxicodependência,<br />
implicou um risco efectivo<br />
de retorno a um passado de desgraça,<br />
que a luta das populações, a resistência<br />
dos profissionais e a acção do Partido<br />
tem procurado travar, mas que<br />
importa reverter, de facto, nesta nova<br />
situação política.<br />
No final dos anos setenta e sobretudo<br />
na década de governo PSD/Cavaco<br />
Silva (1985-1995), a toxicodependência<br />
foi um flagelo social e de saúde pública.<br />
O País atingiu 100 mil dependentes<br />
de drogas ilícitas e índices muito<br />
elevados a nível mundial – na heroína<br />
injectada, nas mortes por causa directa<br />
de drogas, na infecção com HIV<br />
e outras epidemias. Os fenómenos associados<br />
à toxicodependência degradação<br />
de índices de saúde e condições<br />
sociais e de criminalidade – atingiram<br />
enorme gravidade. O Casal Ventoso<br />
tornou-se um hipermercado de<br />
drogas ilícitas, frequentado diariamente<br />
por centenas de traficantes e cinco mil<br />
consumidores.<br />
No cavaquismo, a política nesta área<br />
tinha como vectores: a «guerra à droga»,<br />
que criminalizava o «tráfico e consumo»,<br />
prendia e estigmatizava os toxicodependentes;<br />
o «Projecto Vida»,<br />
de «caridade» para as instituições e<br />
actividades ditas de «prevenção»; a<br />
marginalização destes doentes pelo<br />
SNS, deixados ao negócio do tratamento;<br />
o vazio de medidas de redução<br />
de riscos e danos, favorecendo as epidemias<br />
e a degradação social. A situação<br />
na área era um autêntico desastre<br />
nacional.<br />
Intervenção e luta<br />
Estes foram anos de intervenção e<br />
luta e também nesta matéria com expressão<br />
de massas. O PCP teve um papel<br />
decisivo a este respeito e, já na<br />
fase final do governo PS/Guterres<br />
(1995-2002), conseguiu superar as<br />
hesitações e dislates do PS e do BE, e<br />
fez aprovar a Lei 30/2000, de despenalização<br />
do simples consumo de drogas,<br />
protecção sanitária e social dos<br />
consumidores, que é ainda hoje o suporte<br />
da política nacional de dissuasão<br />
do consumo e resposta nesta matéria.<br />
Foi possível, com a legislação progressista<br />
e a intervenção do Instituto da<br />
Droga e Toxicodependência (IDT),<br />
mesmo com governos da política de direita,<br />
uma melhoria efectiva da situação,<br />
com o recuo de índices de toxicodependência<br />
e problemas conexos.<br />
O «modelo português» ganhou prestígio<br />
mundial, e muitos conservadores e<br />
reaccionários, nesse quadro, declaram<br />
o seu «apoio».<br />
Com o governo PS/Sócrates houve<br />
uma travagem na evolução positiva<br />
nesta matéria. E a partir de 2011, com<br />
PCP 11<br />
as troikas e o governo PSD/CDS, verificou-se<br />
o agravamento drástico da situação<br />
social, com efeitos perversos<br />
no consumo e no tráfico de drogas ilícitas,<br />
e a errada e inaceitável liquidação<br />
do IDT, substituído pelo Serviço de<br />
Intervenção para Comportamentos Aditivos<br />
e Dependências (SICAD), com<br />
competências na prevenção, planeamento<br />
e acompanhamento dos programas<br />
em execução, mas transferindo<br />
a capacidade operacional para as<br />
Administrações Regionais de Saúde. Foi<br />
um retrocesso muito significativo, com<br />
gravíssimas consequências.<br />
Responder à situação<br />
O que temos hoje é um consumo de<br />
canabis elevado, com mais perigos,<br />
dependências e overdoses que estão a<br />
aumentar, temos o regresso à heroína<br />
de antigos consumidores, desesperados<br />
pelo desemprego e o corte de apoios sociais,<br />
e temos a proliferação nas áreas<br />
metropolitanas de novos Casais Ventosos,<br />
mais pequenos, mas onde se afundam<br />
dois mil toxicodependentes, uma<br />
situação explosiva que carece de resposta<br />
imediata.<br />
A política de direita, e particularmente<br />
o governo PSD/CDS, abriu caminho<br />
a um novo desastre na toxicodependência<br />
que é urgente travar e<br />
reverter. É claro que as políticas de direitos,<br />
salários, saúde e segurança social<br />
têm um peso decisivo na resposta<br />
necessária, mas é muito importante<br />
que o Governo PS deixe de «empurrar<br />
com a barriga» e não adie a concretização<br />
da proposta do PCP, inscrita no<br />
Orçamento do Estado, para a criação<br />
de uma estrutura de coordenação, planeamento,<br />
investigação e intervenção no<br />
combate à toxicodependência (e outras<br />
adições), que integre a prevenção,<br />
dissuasão, redução de riscos e danos,<br />
tratamento e reinserção social.<br />
A luta continua por uma estratégia nacional<br />
para a toxicodependência, humanista,<br />
progressista e eficaz, uma indeclinável<br />
exigência civilizacional e<br />
democrática.
12 PCP<br />
23-2-2017<br />
Foto LUSA<br />
Centenário de Lino Lima<br />
Exemplo de combatividade e co<br />
Novo Banco<br />
e CGD<br />
O PCP respondeu a questões colocadas por diversos<br />
órgãos de comunicação social acerca da decisão do Banco<br />
de Portugal de seleccionar a Lone Star para uma fase<br />
definitiva de negociações, em condição de exclusividade,<br />
com vista à venda do Novo Banco, reafirmando<br />
desde logo aquela que é uma posição de fundo: «a venda<br />
do Novo Banco, um dos maiores bancos nacionais<br />
em actividade, constituirá, a concretizar-se, uma decisão<br />
contrária ao interesse nacional.»<br />
No caso concreto da Lone Star, o Partido lembra a sua<br />
associação a fundos de investimento e à actividade especulativa,<br />
o que é particularmente grave tendo em conta<br />
o facto de o Estado ter sido comprometido com «avultados<br />
recursos públicos no processo de Resolução (4,9<br />
mil milhões de euros)». A ir por diante, tal decisão deixaria<br />
caminho livre para uma «reestruturação» do banco<br />
com prejuízo dos seus trabalhadores e da sua actividade,<br />
bem como à preparação da sua venda pelos novos<br />
donos em condições favoráveis aos seus interesses e<br />
apenas a eles. O PCP aproveitou a ocasião para reafirmar<br />
a defesa da manutenção do Novo Banco sob controlo<br />
público, de forma a poder ser colocado «ao serviço<br />
do desenvolvimento económico do País».<br />
No mesmo dia 20, o Gabinete de Imprensa do PCP<br />
emitiu um esclarecimento sobre uma peça transmitida<br />
no espaço noticioso da Antena 1 que deturpava o sentido<br />
das declarações do Secretário-geral do PCP acerca<br />
da eventual entrada em funções de uma nova comissão<br />
parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos.<br />
Ora, garante-se no comunicado, a atribuição a Jerónimo<br />
de Sousa da ideia de que o PCP «poderia impedir a entrada<br />
em funcionamento» da referida comissão é «abusiva<br />
e desprovida de fundamento». O que se retira das<br />
declarações do Secretário-geral do Partido, editadas na<br />
referida peça, é não só a referência à importância das<br />
comissões de inquérito como a ideia de que esta, «como<br />
quaisquer outras comissões, tem de ser avaliada pela<br />
conformação constitucional que cada uma deve assumir<br />
quanto a conteúdos e objectivos».<br />
S. Pedro da Cova<br />
Depois de a Procuradoria-Geral Distrital do Porto ter<br />
divulgado a acusação, pelo Ministério Público, de seis<br />
arguidos no processo de deposição dos resíduos perigosos<br />
em S. Pedro da Cova, o PCP emitiu uma nota na<br />
qual defende que o «apuramento total de responsabilidades<br />
neste processo não pode ser desligado de responsabilidade<br />
políticas». Para a Direcção da Organização<br />
Regional do Porto do Partido, a dimensão do problema<br />
e o prejuízo causado às populações exige que sejam responsabilizados<br />
todos quantos contribuíram para esta situação,<br />
nomeadamente a nível autárquico e governativo.<br />
O PCP, que há muito vem denunciando o «crime» e o<br />
«grave problema ambiental» em São Pedro da Cova, reafirma<br />
a exigência da remoção total dos resíduos perigosos<br />
e a compensação da população, ao mesmo tempo<br />
que saúda a intervenção da Junta de Freguesia de Fânzeres<br />
e São Pedro da Cova de avançar com um pedido<br />
de indemnização civil. Renovando o seu compromisso<br />
de continuar a intervir até que a remoção dos resíduos<br />
esteja concluída, a DORP realça que a decisão da Procuradoria<br />
confirma a «justeza» das reivindicações do PCP<br />
e da população.<br />
Cem anos passados sobre o seu nascimento, o<br />
Avante! recorda Lino Lima, destacado militante<br />
comunista do distrito de Braga, resistente<br />
antifascista e entusiástico construtor do Portugal<br />
democrático.<br />
Lino de Carvalho Lima<br />
nasceu a 21 de Fevereiro<br />
de 1917 no Porto e licenciou-se<br />
em Direito pela<br />
Universidade de Coimbra,<br />
mas foi no concelho de Vila<br />
Nova de Famalicão (onde<br />
se fixou como advogado)<br />
e, de modo mais geral,<br />
no distrito de Braga que se<br />
afirmou como um destacado<br />
activista da oposição democrática<br />
e um dedicado<br />
militante do Partido Comunista<br />
Português.<br />
Como muitos outros jovens<br />
da sua geração que<br />
despertaram para a vida<br />
adulta na década de 30 do<br />
século XX, em pleno período<br />
de consolidação do<br />
fascismo em Portugal, as<br />
esperanças criadas pela vitória<br />
da Frente Popular em<br />
Espanha e o repúdio pelo<br />
desencadeamento da Guerra<br />
Civil tiveram um forte<br />
impacto em Lino Lima, que<br />
cedo tomou uma firme posição<br />
face às exigências do<br />
seu tempo: é ainda enquanto<br />
estudante em Coimbra,<br />
onde foi um participante<br />
activo nos inúmeros<br />
e animados debates travados<br />
com alguns dos que seriam<br />
mais tarde consagrados<br />
intelectuais portugueses,<br />
que aceitou o convite<br />
que lhe foi dirigido para<br />
aderir ao PCP, no qual militou<br />
até ao fim da sua vida.<br />
As suas primeiras tarefas,<br />
clandestinas, foram em<br />
Vila do Conde e Póvoa do<br />
Varzim, no acompanhamento<br />
às respectivas organizações<br />
partidárias. Mas<br />
estas seriam interrompidas<br />
em Dezembro de 1944 por<br />
aquela que foi a primeira<br />
das suas quatro prisões.<br />
Após a sua libertação, em<br />
1945, abrangido pela amnistia<br />
concedida em sequência<br />
do fim da Segunda<br />
Guerra Mundial, Lino<br />
Lima destacou-se sobretudo<br />
em tarefas «legais» e<br />
«semilegais», participando<br />
até ao 25 de Abril de<br />
1974 nas diversas estruturas<br />
unitárias de oposição<br />
ao fascismo e defendendo,<br />
na qualidade de advogado,<br />
muitos presos políticos.<br />
Nesse ano de 1945, dada<br />
a situação em que o fascismo<br />
se encontrava fruto<br />
da derrota dos seus aliados<br />
ideológicos na guerra,<br />
havia condições inéditas<br />
para colocar abertamente<br />
Lino Lima<br />
aderiu ao PCP<br />
em 1941<br />
na ordem do dia a exigência<br />
de democracia e liberdade.<br />
Do clandestino MU-<br />
NAF, por onde Lino Limo<br />
fez uma breve passagem,<br />
nasceu o Movimento de Unidade<br />
Democrática (MUD),<br />
reclamando e aspirando à<br />
legalidade. Lino Lima integrou<br />
a Comissão Distrital<br />
de Braga e inseriu-se no<br />
esforço geral pelo efectivo<br />
reconhecimento da legalidade<br />
do movimento.<br />
Mas em 1948, já sustentado<br />
internacionalmente<br />
por norte-americanos e britânicos,<br />
que no ano seguinte<br />
colocariam Portugal no<br />
núcleo restrito de 12 países<br />
fundadores da NATO,<br />
Salazar ilegalizou o MUD,<br />
ao mesmo tempo que intensificava<br />
a repressão e a<br />
dirigia, uma vez mais, preferencialmente<br />
contra os<br />
comunistas.<br />
Pão, liberdade e paz<br />
Lino Lima permanece como um dos mais destacados<br />
militantes comunistas do distrito de Braga<br />
Ilegalizado o MUD, a<br />
oposição democrática reuniu-se<br />
em torno da candidatura<br />
presidencial do General<br />
Norton de Matos<br />
que, e à semelhança do<br />
que sucedia no MUNAF e<br />
no MUD (que lhe serviram<br />
de suporte) reunia comunistas,<br />
socialistas, republicanos,<br />
católicos, monárquicos<br />
liberais e muitos<br />
homens, mulheres e jovens<br />
sem partido. Em<br />
1948 e 1949, Lino Lima<br />
integrou a Comissão Distrital<br />
de Braga da candidatura<br />
do general, que acabou<br />
por não se apresentar<br />
a votos por falta de condições<br />
mínimas de legalidade<br />
e transparência. Os<br />
grandes comícios da candidatura,<br />
e especialmente<br />
o do Centro Hípico do<br />
Porto, expressaram o forte<br />
clamor popular de liberdade,<br />
democracia e independência<br />
nacional.<br />
Nos anos seguintes, Lino<br />
Lima esteve entre os dirigentes<br />
distritais do recémcriado<br />
Movimento Nacional<br />
Democrático (MND),<br />
que congregava os sectores<br />
mais combativos e coerentes<br />
da oposição ao fascismo<br />
e manteve acesa a luta<br />
pelas aspirações democráticas<br />
mais consequentes.<br />
Em 1951, integrou a Comissão<br />
Central da candidatura<br />
do dirigente do<br />
MND, Ruy Luís Gomes, à<br />
Presidência da República.<br />
Muito embora não tenha<br />
sido aceite pelas autoridades<br />
e tenha enfrentado<br />
desde o início a violência<br />
da repressão, a candidatura<br />
de Ruy Luís Gomes deu<br />
azo a importantes acções<br />
políticas em torno das exigências<br />
de «pão, liberdade<br />
e paz».<br />
Presença assídua nas<br />
comissões de candidatura<br />
ou em realizações da oposição<br />
democrática no distrito<br />
de Braga, Lino Lima<br />
escreveu, com Vítor de Sá,<br />
o manifesto dos candidatos<br />
bracarenses às «eleições»<br />
de 1957, para deputados<br />
à Assembleia Nacional,<br />
e o manifesto «Aos<br />
Portugueses», de 31 Janeiro<br />
de 1959, no qual defendia<br />
expressamente a<br />
demissão de Salazar.<br />
Autor de importantes artigos<br />
e relatórios sobre temas<br />
económicos e sociais<br />
e participante em colóquios<br />
e congressos vários,<br />
Lino Lima fez ainda parte,<br />
nos anos 70, da Comissão<br />
Regional de Braga de Socorro<br />
aos Preços Políticos,<br />
da Comissão Distrital do<br />
Movimento Democrático<br />
Português e da Comissão<br />
Nacional do III Congresso<br />
da Oposição Democrática,<br />
realizado em Abril de<br />
1973 na cidade de Aveiro.<br />
Este congresso, em<br />
que participaram 1500 democratas<br />
e foram apresentadas<br />
mais de 200 teses,<br />
culminou numa grande<br />
manifestação cujo impacto<br />
nem a mais feroz repressão<br />
conseguiu abafar.<br />
Revolução<br />
e contra-revolução<br />
Com a Revolução, Lino<br />
Lima esforçou-se de imediato<br />
por contribuir para a<br />
implantação do Partido em<br />
Vila Nova de Famalicão e<br />
no distrito de Braga nas<br />
novas condições de legalidade.<br />
Os primeiros centros<br />
de trabalho do Partido em<br />
Famalicão resultaram em<br />
grande medida do seu empenhamento.<br />
Na vaga terrorista<br />
de 1975, Lino Lima<br />
revelou uma vez mais<br />
toda a sua coragem e têmpera<br />
revolucionária – quer<br />
na resistência ao cerco imposto<br />
pelos reaccionários<br />
ao Centro de Trabalho de<br />
Famalicão, de 31 de Julho<br />
para 1 de Agosto de<br />
1975, quer na retirada organizada<br />
dos militantes do<br />
edifício, sob o comando<br />
do MFA. Tempos depois<br />
seria o seu próprio escritório<br />
de advocacia a ser vandalizado.<br />
Entretanto, tinha já sido<br />
nomeado pelo primeiro<br />
Governo Provisório para a<br />
Comissão que elaborou a<br />
lei eleitoral para a Assembleia<br />
Constituinte, para a<br />
qual foi ele próprio eleito<br />
pelas listas do PCP no distrito<br />
de Braga. Foi deputado<br />
do PCP sucessivamente<br />
até 1985.<br />
Em 1996, foi homenageado<br />
pela Câmara Municipal<br />
da sua terra de<br />
adopção, a já então cidade<br />
de Vila Nova de Famalicão,<br />
e pelo Presidente da<br />
República, que o agraciou<br />
com a Grã-Cruz da Ordem<br />
do Infante. Morreu em<br />
1999.
23-2-2017 PCP<br />
13<br />
erência<br />
Homenagem em Vila Nova de Famalicão<br />
Lino Lima, combatente<br />
de todas as horas<br />
A cerimónia ocorreu no<br />
dia do aniversário de Lino<br />
Lima, destacado militante<br />
do PCP, advogado e membro<br />
da Oposição Democrática,<br />
após a inauguração de<br />
uma praceta com o seu nome,<br />
junto aos Paços do<br />
Concelho. O sino da igreja<br />
mais próxima marcava<br />
as 15, hora do início da<br />
sessão que contou, para<br />
além de Jerónimo de Sousa,<br />
com a presença do presidente<br />
da Câmara de Famalicão,<br />
Paulo Cunha, familiares<br />
e amigos de Lino<br />
Lima e ainda largas dezenas<br />
de militantes do PCP<br />
que quiseram marcar presença<br />
com a sua homenagem.<br />
Após a inauguração de<br />
um largo junto à Câmara<br />
Municipal, com a colocação<br />
de uma placa alusiva<br />
que o passou a nomear<br />
«Praceta Lino Lima», o<br />
Secretário-geral do PCP,<br />
acompanhado do presidente<br />
da Câmara, visitou a exposição<br />
biográfica do advogado<br />
comunista à entrada<br />
dos Paços do Concelho.<br />
Esta mostra faz parte do<br />
conjunto de iniciativas que<br />
darão corpo, durante todo<br />
o ano, no concelho de Vila<br />
Nova de Famalicão, às<br />
comemorações deste centenário.<br />
O programa evocativo<br />
contará, ainda, com<br />
a realização de um colóquio<br />
e com a edição de<br />
uma brochura com notas<br />
biográficas, depoimentos e<br />
testemunhos de familiares<br />
e amigos de Lino Lima.<br />
Vencer<br />
o esquecimento<br />
A sessão solene, que se<br />
realizou de seguida no Salão<br />
Nobre da autarquia famalicense,<br />
onde não couberam<br />
nem metade dos<br />
presentes, contou com uma<br />
intervenção inicial do investigador<br />
Artur Sá da Costa.<br />
Este lembrou Lino Lima<br />
como «um dos eleitos<br />
que vencem o esquecimento,<br />
combatente de todas as<br />
horas», valorizando as comemorações<br />
do seu centenário<br />
como forma de manter<br />
presente o seu contributo<br />
para a construção da<br />
democracia.<br />
Sá da Costa fez uma viagem<br />
pela vida de Lino Lima,<br />
que nasceu no Porto<br />
mas que, vindo para Vila<br />
Nova de Famalicão ainda<br />
em criança, foi ali que<br />
cresceu, estudou e trabalhou<br />
enquanto advogado –<br />
depois de uma incursão por<br />
Coimbra, onde tirou o curso<br />
de Direito e se associou<br />
ao movimento estudantil e<br />
às suas lutas. Com uma<br />
personalidade plurifacetada,<br />
que o investigador várias<br />
vezes referiu ao longo<br />
da sua intervenção, Lino<br />
Lima destacou-se pela sua<br />
participação cívica e política.<br />
Militante do PCP desde<br />
1941, aceitou as duras<br />
tarefas da clandestinidade,<br />
tendo sido preso quatro vezes<br />
e tendo-se mantido firme<br />
aos seus ideais, princípios<br />
e ao seu partido.<br />
O coordenador da programação<br />
das comemorações<br />
do centenário lembrou<br />
ainda que, quando convidado<br />
a aderir ao PCP, Lino<br />
Lima disse sentir-se<br />
«ideologicamente preparado<br />
para dar este passo»,<br />
tendo então «dito sim de<br />
coração». A sua abnegação,<br />
característica que a<br />
par da sua coragem e da<br />
sua verticalidade foi várias<br />
vezes sublinhada durante<br />
a sessão, fez com que<br />
sacrificasse a sua vida pessoal<br />
e familiar em nome da<br />
Lino Lima, o terceiro à direita, na manifestação realizada<br />
após o III Congresso da Oposição Democrática<br />
As homenagens<br />
a Lino Lima promovidas<br />
pelo município de Vila<br />
Nova de Famalicão<br />
constaram<br />
da inauguração<br />
de uma praceta (ao lado),<br />
de uma exposição<br />
(em baixo à esquerda)<br />
e de uma sessão pública<br />
sua actividade política e em<br />
nome da liberdade e da democracia.<br />
Prova do seu carácter,<br />
lembrou o investigador as<br />
palavras de Lino Lima<br />
aquando da sua libertação<br />
da prisão fascista, na altura<br />
da derrota do nazi-fascismo<br />
na guerra: «sinto<br />
uma alegria muito grande<br />
(…). O mais importante de<br />
tudo é poder olhar os meus<br />
camaradas sem ter que baixar<br />
os olhos», prova da sua<br />
lealdade e resistência à tortura<br />
na prisão.<br />
Merecida dimensão<br />
histórica<br />
Discurso elogioso foi também<br />
o do presidente da Câmara<br />
de Vila Nova de Famalicão,<br />
que aproveitou para<br />
agradecer ao PCP o seu<br />
contributo inestimável na<br />
preparação desta sessão solene<br />
e de todo o programa<br />
evocativo do centenário de<br />
Lino Lima. Paulo Cunha<br />
destacou a intenção, desde<br />
início, de dar a estas comemorações<br />
a dignidade e<br />
dimensão histórica merecidas,<br />
admitindo que é o<br />
papel da Câmara Municipal<br />
reconhecer a história<br />
do seu concelho e evidenciar<br />
personalidades que dela<br />
tenham feito parte.<br />
Lino Lima foi um dos<br />
mais destacados advogados<br />
do seu tempo, tanto na<br />
comarca como na defesa<br />
dos presos políticos nos tribunais<br />
plenários. Na sua<br />
actividade política, para<br />
além de cidadão activo,<br />
opositor à ditadura, militante<br />
do PCP e deputado,<br />
fez ainda parte das comissões<br />
nacionais do MUNAF<br />
e do MUD e foi líder da<br />
Oposição Democrática no<br />
distrito de Braga, grupo<br />
que se autodenominava de<br />
«Os Democratas de Braga»,<br />
ao lado de outros destacados<br />
comunistas e democratas,<br />
como Vítor Sá<br />
ou Humberto Soeiro.<br />
É como «cidadão exemplar»<br />
que Lino Lima é lembrado,<br />
sublinhando o presidente<br />
da Câmara a importância<br />
de deixar esse<br />
«legado de exemplaridade»,<br />
que se quer evidenciar<br />
com estas comemorações,<br />
como marco no espaço<br />
público e na consciência<br />
colectiva «que háde<br />
ficar para sempre», referindo-se<br />
à inauguração<br />
da Praceta Lino Lima, em<br />
oposição ao carácter mais<br />
efémero que os outros momentos<br />
do programa representam.<br />
José Manuel Aguiar, familiar<br />
de Lino Lima, convidado<br />
a estar presente<br />
também, lembrou que este<br />
era «um amante da vida»<br />
e que «falar do centenário<br />
do seu nascimento é<br />
falar da sua vida». E acrescentou:<br />
«esta homenagem,<br />
seguramente, senti-la-ia [Lino<br />
Lima] como uma homenagem<br />
também às centenas<br />
de homens e mulheres<br />
da sua geração que lutaram<br />
pela liberdade.»<br />
Jerónimo de Sousa<br />
evoca «homem<br />
de convicções<br />
e carácter»<br />
Intervindo no encerramento da sessão,<br />
Jerónimo de Sousa valorizou a homenagem<br />
prestada a «um homem de convicções e de<br />
carácter que desde cedo fez opções, colocandose<br />
ao lado dos injustiçados, dos mais frágeis, do<br />
lado da democracia e da liberdade». O<br />
Secretário-geral do PCP sublinhou justamente o<br />
valor dessa opção, «tendo em conta a sua<br />
origem e vivência familiar e profissional», que o<br />
poderiam ter levado a não a fazer.<br />
Jerónimo de Sousa lembrou ainda que a maior<br />
alegria da vida de Lino Lima tinha sido a<br />
revolução libertadora de Abril e que,<br />
imediatamente após a conquista da liberdade,<br />
cedeu a sua casa para tratar da organização do<br />
Partido, concretizando o aluguer de uma casa<br />
para o funcionamento do primeiro Centro de<br />
Trabalho em Vila Nova de Famalicão.<br />
Por outro lado, «a sua maior tristeza foi o acto<br />
de vandalismo e de terrorismo que se<br />
materializou no incêndio e destruição total do<br />
seu escritório, dos papéis e do acervo de<br />
documentos que testemunhavam a sua vida<br />
apaixonante», evidenciou. Apesar disso, Lino<br />
Lima manteve o seu ideal, com uma convicção<br />
imensa, bem expressa, como disse Jerónimo de<br />
Sousa, na sua actividade parlamentar, «sempre<br />
acompanhada por um humor e ironia certeiros<br />
e demolidores».<br />
O Secretário-geral do PCP terminou afirmando<br />
que é justa a homenagem ali prestada ao Lino –<br />
como o tratou durante toda a sua intervenção,<br />
substituindo apenas a forma calorosa e de<br />
grande camaradagem e amizade por «homem<br />
íntegro, homem de coragem, que lutou muito<br />
pela liberdade e a democracia, que tomou<br />
como suas as dores, as injustiças e o sofrimento<br />
do povo a que pertencia».
14 NACIONAL<br />
23-2-2017<br />
CDU apresenta projecto diferente e alternativo<br />
Novo rumo para Lisboa<br />
Jornadas Autárquicas<br />
A CDU realizou, dia 11, no edifício da Junta de<br />
Freguesia de Santo Ildefonso, as Jornadas<br />
Autárquicas na Cidade do Porto. Nesta iniciativa,<br />
que reuniu largas dezenas de eleitos e activistas da<br />
CDU no Porto, participaram os candidatos à<br />
presidência da Câmara e da Assembleia Municipal,<br />
respectivamente Ilda Figueiredo e Rui Sá, assim<br />
como o vereador eleito, Pedro Carvalho. Presentes<br />
estiveram também representantes dos partidos que<br />
integram a CDU, nomeadamente Mariana Silva, do<br />
Conselho Nacional do Partido Ecologista «Os Verdes»<br />
(PEV), e Belmiro Magalhães, do Comité Central do<br />
PCP.<br />
Apresentação de candidatos<br />
O Salão Nobre da Associação Humanitária dos<br />
Bombeiros Voluntários de Fanhões acolheu, no dia<br />
12, a apresentação de Jorge Simões como o<br />
candidato da CDU à presidência da Junta de<br />
Freguesia de Fanhões.<br />
No dia 11 foi apresentado Luís Mariano como o<br />
candidato da Coligação PCP-PEV à presidência da<br />
Junta de Freguesia de Santa Iria de Azóia, São<br />
João da Talha e Bobadela, na sala da Assembleia<br />
de Freguesia, na Bobadela.<br />
Ambas as iniciativas contaram com a presença de<br />
Bernardino Soares, presidente da Câmara de Loures.<br />
Projecto colectivo<br />
João Manuel Torcato Ribeiro é o cabeça de lista<br />
da CDU à Câmara de Guimarães. Com 59 anos, o<br />
candidato, anunciado na segunda-feira, 20, em<br />
conferência de imprensa, tem o curso geral de<br />
electricidade, é empresário em nome individual no<br />
ramo da electricidade, sócio e dirigente associativo de<br />
várias colectividades culturais e desportivas locais. É<br />
militante do PCP desde 1978, membro da Comissão<br />
Concelhia e da Comissão<br />
Executiva do PCP. É<br />
vereador na Câmara de<br />
Guimarães desde 2011.<br />
Para o dia 18 de Março, às<br />
15 horas, no salão da Junta<br />
de Freguesia de Selho S.<br />
Jorge, está agendado o<br />
Encontro Autárquico da CDU<br />
de Guimarães.<br />
Desde a viragem do século iniciou-se um ciclo<br />
desastroso em Lisboa, de alternância entre<br />
PSD/CDS e PS. A CDU é a «força capaz de<br />
marcar a diferença», assegurou, dia 17, João<br />
Ferreira, candidato à presidência da autarquia.<br />
«O solo da<br />
cidade tem<br />
sido fonte<br />
de negócios»<br />
A sala Veneza do Hotel<br />
Roma foi o local escolhido<br />
para apresentar João Ferreira<br />
como o cabeça de lista<br />
da CDU à Câmara de<br />
Lisboa. A sessão, onde estiveram<br />
largas centenas de<br />
pessoas, contou com a presença<br />
de Jerónimo de Sousa,<br />
Secretário-geral do<br />
PCP, mas também de Joana<br />
Manuel, apoiante da<br />
CDU, Inês Zuber e Gonçalo<br />
Tomé, do Comité Central<br />
(CC) do PCP, António<br />
Azevedo, da Juventude<br />
CDU, Levy Baptista, da<br />
Associação de Intervenção<br />
Democrática, Cláudia Madeira,<br />
da Comissão Executiva<br />
do Partido Ecologista<br />
«Os Verdes», e Armindo<br />
Miranda, da Comissão Política<br />
do CC do PCP. Nomes<br />
apresentados por Deolinda<br />
Machado, da Comissão<br />
Coordenadora da CDU<br />
e da Comissão Executiva<br />
da CGTP-IN.<br />
Antes teve lugar um apontamento<br />
cultural intitulado<br />
«Lisboa é a poesia da luta»,<br />
com a voz de Manuel<br />
Diogo, acompanhado à guitarra<br />
por David Sacaria.<br />
Este foi um momento verdadeiramente<br />
enriquecedor,<br />
de grande beleza, com<br />
o declamar das Crónica de<br />
D. João I de Fernão Lopes<br />
e dos Lusíadas (Canto IX),<br />
de Luís de Camões, mas<br />
também: «À Lisboa das<br />
Naus Cheias de Glória»<br />
(António Nobre), «Pelo Tejo<br />
vai-se para o mundo»<br />
(Alberto Caeiro), «Tejo que<br />
levas as águas» (Manuel da<br />
Fonseca), «Lisboa menina<br />
e moça» (Ary dos Santos),<br />
«Ruas de Lisboa» (Joaquim<br />
Pessoa) e «Lisboa» (Eugénio<br />
de Andrade).<br />
Seguiu-se a actuação de<br />
Maria Anadon, que antes<br />
de cantar «De lés a lés»<br />
anunciou que nas próximas<br />
eleições iria votar na CDU.<br />
«Retrato do povo de Lisboa»<br />
(Ary dos Santos) e<br />
«Uma cidade» (Albano<br />
Martins) encerrou o apontamento.<br />
Ultrapassar<br />
dificuldades<br />
Na sua intervenção, João<br />
Ferreira começou por afirmar<br />
que a Coligação PCP-<br />
-PEV – há vários anos a<br />
primeira força no plano autárquico<br />
da Área Metropolitana<br />
de Lisboa – está determinada<br />
«a enfrentar e a<br />
vencer todas as dificuldades»<br />
e manifestou «confiança»<br />
para a próxima batalha<br />
eleitoral.<br />
Relativamente aos últimos<br />
16 anos, o candidato<br />
lamentou o facto de «o desenvolvimento<br />
da cidade»<br />
ter sido «deixado nas mãos<br />
do promotor imobiliário, à<br />
mercê do especulador e de<br />
interesses privados». «A cidade<br />
foi transformada em<br />
produto de consumo», referiu,<br />
apontando que a cidade<br />
«empobreceu» porque<br />
«perdeu gente, que foi<br />
empurrada para fora de<br />
Lisboa».<br />
A Lei das Rendas do governo<br />
PSD/CDS contribuiu<br />
para a actual situação. João<br />
Ferreira responsabilizou,<br />
por isso, Assunção Cristas,<br />
candidata à autarquia e,<br />
enquanto ministra, a mentora<br />
da lei dos despejos.<br />
«Em nenhuma cidade deste<br />
País ficou tão patente,<br />
como em Lisboa, a natureza<br />
desumana desta lei», criticou,<br />
sublinhando que<br />
também a Câmara de Lisboa,<br />
gerida nos últimos 10<br />
anos pelo PS, foi «agente<br />
activo destes processos».<br />
As críticas do candidato<br />
da CDU estenderam-se à<br />
situação dos bairros sociais,<br />
que estão «degradados,<br />
sem equipamentos,<br />
sem limpeza, sem transportes»,<br />
à entrega do património<br />
da cidade, ao<br />
desmembramento e esvaziamento<br />
de serviços municipais<br />
e à degradação<br />
dos transportes públicos.<br />
Sobre a municipalização<br />
da Carris, João Ferreira<br />
denunciou a «solução perversa»<br />
da autarquia, que<br />
prevê financiar a empresa<br />
«a partir das receitas de<br />
estacionamento», ou seja,<br />
«quantos mais carros entrarem<br />
em Lisboa, mais receitas».<br />
CDU apresenta candidato à Câmara Municipal<br />
Dar resposta aos problemas de Mafra<br />
José Alberto Maduro Cardoso,<br />
67 anos, licenciado<br />
em Pintura pela Escola Superior<br />
de Belas Artes, é o<br />
candidato da CDU à presidência<br />
da Câmara de Mafra.<br />
Residente na Ericeira,<br />
foi professor de Educação<br />
Visual entre 1971 e 2011.<br />
Entre 2004 e 2011 leccionou<br />
na Escola Básica 2,3<br />
António Bento Franco, onde<br />
chegou a ser director.<br />
Em conferência de imprensa<br />
realizada no sábado,<br />
18, em Mafra, no Centro<br />
de Trabalho do PCP, o<br />
cabeça de lista referiu que<br />
aceitou «o desafio do Partido<br />
para, no exercício do<br />
serviço público, apoiar a<br />
população». Anunciou de<br />
seguida que, até às eleições<br />
autárquicas, a Coligação<br />
PCP-PEV vai criar um gabinete<br />
onde os «cidadãos<br />
podem expor os seus problemas<br />
e preocupações»,<br />
no sentido de ajudarem a<br />
elaborar um programa eleitoral<br />
de acordo com as suas<br />
necessidades. Com o<br />
mesmo intuito, serão ouvidas<br />
as freguesias e as associações<br />
do concelho.<br />
Em Mafra, o Imposto<br />
Municipal sobre Imóveis,<br />
fixado na taxa máxima, a<br />
José Cardoso<br />
factura da água mais cara<br />
da Área Metropolitana de<br />
Lisboa e o acompanhamento<br />
do processo destinado a<br />
acabar com a privatização<br />
da água são «preocupações»<br />
da CDU, que vão, seguramente,<br />
ter resposta no seu<br />
programa eleitoral. Também<br />
as periferias e as zonas<br />
rurais mais deprimidas<br />
não serão esquecidas, assim<br />
como os centros urbanos<br />
do concelho, onde é<br />
necessário manter os jardins,<br />
parques infantis e passeios.<br />
Nas eleições autárquicas<br />
deste ano, a Coligação<br />
PCP-PEV tem como objectivo<br />
aumentar o número de<br />
votantes em todo o concelho,<br />
acabar com a maioria<br />
absoluta do PSD na Câmara<br />
e ter eleitos nas freguesias<br />
onde não está representada.
23-2-2017 EM FOCO 15<br />
Comunicado<br />
do Comité Central do PCP<br />
de 18 e 19 de Fevereiro de 2017<br />
OComité Central do PCP,<br />
reunido a 18 e 19 de Fevereiro<br />
procedeu à análise da situação<br />
internacional, da situação social e política<br />
nacional e do desenvolvimento da luta de<br />
massas. Apreciou, no quadro da concretização<br />
das decisões e orientações do XX Congresso,<br />
aspectos da actividade, da iniciativa política<br />
e do reforço do Partido. Procedeu à discussão<br />
e definição dos objectivos e grandes linhas<br />
de intervenção para as eleições autárquicas,<br />
afirmando a CDU e o seu projecto<br />
de trabalho, honestidade e competência.<br />
I<br />
Intervenção, luta, alternativa<br />
A situação nacional é condicionada por factores externos<br />
e internos que evidenciam a vulnerabilidade económica<br />
do País, os riscos dela decorrentes e a imprevisibilidade<br />
quanto à sua evolução. Desde logo, factores decorrentes<br />
da situação internacional, sejam os associados à tomada<br />
de posse da nova administração dos EUA e as suas<br />
implicações políticas, económicas e comerciais, sejam os<br />
que no plano da União Europeia se revelam no<br />
aprofundamento dos seus mecanismos de domínio ou<br />
nas novas regras de «financiamento» anunciadas pelo<br />
BCE sejam, ainda, os elementos de instabilidade e<br />
guerra persistentes em vários pontos do mundo.<br />
As fragilidades do País bem como a opção do Governo<br />
do PS em não romper com os constrangimentos externos<br />
e com os interesses do capital monopolista, confirmam<br />
que só com uma ruptura com a política de direita é<br />
possível abrir caminho ao desenvolvimento económico,<br />
ao progresso social e à afirmação dos interesses<br />
nacionais.<br />
Valorizando os avanços conquistados na nova fase da<br />
vida política nacional, com a recuperação de<br />
rendimentos e direitos, o Comité Central do PCP<br />
sublinha a necessidade de enfrentar as limitações e<br />
constrangimentos que obstaculizam novos e mais<br />
significativos avanços.<br />
Tal objectivo reclama o necessário reforço do PCP, da<br />
sua organização, acção política e influência, e o vigoroso<br />
desenvolvimento da luta de massas que conflua para a<br />
criação de uma ampla frente social envolvendo os<br />
trabalhadores, os sectores e camadas sociais<br />
antimonopolistas, os democratas e patriotas, convergindo<br />
numa acção comum animada pelo objectivo da<br />
concretização de uma política patriótica e de esquerda<br />
e da construção da alternativa política que a concretize.<br />
II<br />
A situação internacional e a defesa<br />
dos interesses nacionais<br />
1 – A situação internacional continua marcada por uma<br />
grande instabilidade e incerteza no contexto do<br />
aprofundamento da crise estrutural do capitalismo, da<br />
violenta ofensiva do imperialismo, de um vasto e<br />
complexo processo de rearrumação de forças no plano<br />
internacional e da luta de resistência dos povos. Os<br />
desenvolvimentos mais recentes, envolvendo as<br />
principais potências capitalistas e estruturas de<br />
articulação imperialistas, comportam grandes riscos para<br />
os trabalhadores e os povos.<br />
A tomada de posse da nova administração dos EUA e<br />
as suas implicações nas relações internacionais ainda<br />
difíceis de prever; o posicionamento do grande capital e<br />
da União Europeia face ao processo de desvinculação<br />
do Reino Unido; os desenvolvimentos na União Europeia<br />
e os traços de instabilidade económica e financeira nas<br />
suas principais potências (como a Alemanha, a França<br />
ou a Itália); as derivas reaccionárias e o crescimento de<br />
forças xenófobas, racistas e de natureza fascista nos<br />
centros capitalistas; a ofensiva imperialista na América<br />
Latina e o intervencionismo da UE e da NATO em<br />
África; a expansão e deslocação de forças militares da<br />
NATO no Leste da Europa; a acentuação de várias<br />
linhas de confrontação imperialista visando países como<br />
a República Popular da China, a Federação Russa ou o<br />
Irão; as operações de desestabilização e guerra em<br />
vários pontos do Mundo, nomeadamente no Médio<br />
Oriente de que são exemplo as guerras de agressão<br />
imperialista na Síria e no Iémen e a criminosa acção de<br />
Israel contra o povo palestiniano; o terrorismo,<br />
nomeadamente o terrorismo de Estado, resultante da<br />
política imperialista de guerra e de instigação de<br />
conflitos, são factores que, a par com a significativa<br />
agudização das rivalidades inter-imperialistas, colocam<br />
acrescidas razões de preocupação e inquietação quanto<br />
à evolução da situação internacional.<br />
Neste quadro, o Comité Central do PCP sublinha a<br />
importância da luta dos trabalhadores em defesa dos<br />
seus interesses de classe, da luta dos povos pela paz, em<br />
defesa dos seus direitos, interesses e aspirações, da<br />
liberdade, democracia e da soberania, contra a ofensiva<br />
imperialista e as forças reaccionárias e fascistas.<br />
Expressa a sua solidariedade a todos os povos que<br />
resistem e lutam em defesa dos seus direitos e<br />
soberania, nomeadamente aos povos do Médio Oriente<br />
e da América Latina. Valoriza e apela à intensificação<br />
das acções que em Portugal têm sido desenvolvidas por<br />
variadas estruturas do movimento da paz e da<br />
solidariedade com os povos em luta.<br />
2 – O início de funções do novo presidente dos Estados<br />
Unidos da América e da sua administração suscita justas<br />
inquietações. As suas primeiras decisões e declarações<br />
apontam para uma acentuação da exploração dos<br />
trabalhadores, das desigualdades e discriminações que<br />
marcam a sociedade norte-americana, e para o<br />
prosseguimento da política de domínio e<br />
intervencionismo externos, de que a vertente belicista é<br />
uma das suas mais graves expressões.<br />
Identificando-se elementos novos nas prioridades<br />
imediatas, discurso e táctica da política externa da<br />
administração Trump, o Comité Central do PCP<br />
sublinha, contudo, que no essencial esta se desenvolve<br />
na continuidade da linha estratégica e interesses de<br />
classe das anteriores administrações dos EUA,<br />
prosseguindo o mesmo objectivo de contrariar o declínio<br />
da hegemonia mundial dos Estados Unidos da América<br />
e mantendo os mais gravosos, reaccionários e perigosos<br />
elementos da política imperialista norte-americana.<br />
Tal como a eleição de Donald Trump resultou, no plano<br />
interno, da profunda crise económica e social nos EUA<br />
e das crescentes contradições entre sectores do grande<br />
capital, também a sua política externa configura uma<br />
resposta à acentuação das contradições e rivalidades<br />
inter-imperialistas decorrentes do aprofundamento da<br />
crise estrutural do capitalismo e da crescente disputa<br />
imperialista por esferas de influência e domínio.<br />
3 – O Comité Central do PCP denuncia as campanhas<br />
de diversão política e ideológica emanadas de vários<br />
centros imperialistas que, tirando partido de justos<br />
sentimentos de indignação contra as políticas da<br />
administração Trump e instrumentalizando as<br />
consequências e perigos decorrentes da própria ofensiva<br />
imperialista, se caracterizam por uma profunda<br />
hipocrisia e manipulação. São os casos da campanha em<br />
torno do «isolacionismo» e «proteccionismo» dos EUA e<br />
da «indignação» de vários responsáveis da União<br />
Europeia face às xenófobas e desumanas medidas da<br />
administração Trump relativas aos refugiados e<br />
migrantes – os mesmos responsáveis que na União<br />
Europeia levam a cabo políticas gémeas das medidas<br />
agora adoptadas nos EUA.<br />
Tais campanhas não são movidas pela defesa dos<br />
interesses dos povos ou por valores humanistas. Têm<br />
como pano de fundo as contradições entre<br />
potências imperialistas, nomeadamente entre os
16 23-2-2017<br />
Comunicado do Comité Central do PCP<br />
de 18 e 19 de Fevereiro de 2017<br />
EUA e a União Europeia; expressam preocupações das<br />
classes dominantes em torno de interesses próprios e da<br />
«estabilidade» dos mecanismos de articulação e<br />
coordenação imperialista no plano regional e mundial;<br />
visam branquear o papel da administração Obama e<br />
salvaguardar a continuidade dos eixos fundamentais da<br />
sua política; procuram abrir campo para uma maior e<br />
mais rápida afirmação da União Europeia como pólo<br />
imperialista, acentuando a sua política intervencionista e<br />
militarista; e visam reforçar a NATO e desenvolver a<br />
militarização da União Europeia.<br />
Neste quadro, o Comité Central do PCP chama particular<br />
atenção para a abordagem ideológica em torno da crítica<br />
ao alegado «isolacionismo» e «proteccionismo» norte-<br />
-americano. Tais conceitos, aplicados à maior potência<br />
económica mundial e ao principal centro financeiro global<br />
do capitalismo são manobras políticas e ideológicas<br />
associadas à reorganização e defesa da globalização<br />
capitalista e dos interesses a que esta corresponde nas<br />
novas e não estabilizadas condições de rearrumação de<br />
forças no plano mundial. Visam simultaneamente atacar<br />
todos aqueles que assumam a defesa da soberania e do<br />
direito ao desenvolvimento económico e social como um<br />
dos eixos centrais de resistência a essa mesma<br />
globalização capitalista e de luta contra o domínio das<br />
principais potências imperialistas, incluindo os EUA.<br />
4 – Num quadro de manutenção de variados vectores de<br />
instabilidade no continente europeu e de insanáveis<br />
contradições inerentes ao processo de integração<br />
capitalista na Europa, o Comité Central do PCP chama a<br />
atenção para a sequência de cimeiras e reuniões no plano<br />
da União Europeia que, associadas à campanha<br />
ideológica em torno dos 60 anos da assinatura dos<br />
Tratados de Roma e da instrumentalização de vários<br />
«perigos externos», visam consumar as linhas<br />
anteriormente esboçadas para manter e reforçar os pilares<br />
e políticas da União Europeia. Tal como o PCP alertou,<br />
as chamadas «cimeiras dos países do Sul da Europa»<br />
revelaram não uma visão alternativa para a cooperação<br />
entre países com situações e interesses convergentes, mas<br />
sim um instrumento de camuflagem política dos novos<br />
saltos em frente de natureza federalista, de manutenção<br />
e aprofundamento dos instrumentos da União Europeia<br />
– nomeadamente do euro e do Mercado Único – e de<br />
acentuação da vertente militarista, securitária e<br />
intervencionista da União Europeia, com acento tónico na<br />
bacia do Mediterrâneo, continente africano e Leste da<br />
Europa.<br />
É uma perigosa ilusão pensar que os interesses nacionais<br />
se defendem no quadro do reforço da União Europeia. A<br />
União Europeia e o euro significam brutais<br />
constrangimentos contra os interesses nacionais. O reforço<br />
da União Europeia e do euro não trará a solidariedade<br />
que nunca existiu, pelo contrário reforçará a prevalência<br />
dos interesses das principais potências da União Europeia<br />
no quadro da disputa e negociação internacional, em<br />
detrimento, e mesmo sacrifício, dos interesses de Portugal<br />
e do seu povo.<br />
5 – O Comité Central do PCP reitera a oposição aos<br />
tratados de livre comércio, atentatórios do interesse e<br />
recursos nacionais e dos direitos laborais, sociais e<br />
ambientais e de saúde pública. Face à aprovação pela<br />
maioria do Parlamento Europeu do CETA (Acordo<br />
Económico e de Comércio Global, entre a União Europeia<br />
e o Canadá), o PCP apela à intensificação da luta contra<br />
este acordo e opor-se-á, na Assembleia da República, à<br />
sua ratificação pelo Estado português.<br />
6 – O Comité Central do PCP sublinha que a agudização<br />
da instabilidade e contradições do sistema capitalista, os<br />
desenvolvimentos na União Europeia e os enormes<br />
perigos decorrentes da ofensiva imperialista reclamam<br />
uma profunda alteração das principais linhas da política<br />
externa portuguesa e uma profunda reflexão sobre os<br />
eixos centrais de defesa do interesse, segurança,<br />
independência e soberania nacionais.<br />
Contrariamente a uma política externa marcada pela<br />
dependência e submissão à União Europeia e à NATO e<br />
de afunilamento de relações no eixo transatlântico ou<br />
subordinadas aos interesses deste, o que as evoluções da<br />
situação internacional e na União Europeia evidenciam é<br />
a necessidade da adopção de uma política patriótica que<br />
municie o País com os instrumentos soberanos, incluindo<br />
de política externa nas vertentes diplomática, de relações<br />
económicas e de defesa, que garantam a defesa da<br />
soberania económica, alimentar, energética e outras; que<br />
abram novas e diversificadas linhas de cooperação e<br />
relacionamento económico, de financiamento e comércio<br />
externo; que garantam uma política de paz e cooperação,<br />
independente e orientada para o reforço da capacidade<br />
própria de defesa do País.<br />
A afirmação de uma política externa patriótica e de<br />
esquerda é um instrumento central para, perante<br />
desenvolvimentos ou dinâmicas externas contrários ao<br />
interesse nacional, defender os direitos dos trabalhadores<br />
e do povo, a soberania e a independência de Portugal.<br />
III<br />
A evolução da situação nacional<br />
e a exigência de uma política,<br />
patriótica e de esquerda<br />
1 – A situação dos trabalhadores, do povo e do País é<br />
marcada por problemas acumulados por décadas de<br />
política de direita, aos quais se somaram as<br />
consequências da política de destruição do governo do<br />
PSD/CDS e do pacto de agressão subscrito por estes<br />
partidos e pelo PS com o FMI, a Comissão Europeia e o<br />
BCE, intensificando um processo de exploração e<br />
empobrecimento com consequências e efeitos duradouros<br />
que se mantêm e que é preciso enfrentar e ultrapassar.<br />
Os dados referentes ao crescimento económico no 4.º<br />
trimestre de 2016 (1,9% – um dos mais elevados dos<br />
últimos trimestres), ainda que aquém das necessidades<br />
do País, reflectindo positivamente a política de reposição<br />
de rendimentos, traduzem simultaneamente o peso de<br />
opções macroeconómicas (consolidação orçamental,<br />
trajectória do défice, encargos com a dívida) e o seu efeito<br />
negativo na limitação ao crescimento que assegure as<br />
condições de desenvolvimento de que o País necessita.<br />
Mantêm-se as preocupações quanto à real situação na<br />
banca, designadamente o domínio monopolista de capital<br />
estrangeiro, o volume de crédito malparado, a<br />
continuação do processo de concentração bancária à<br />
escala europeia – de que é exemplo a aquisição do BPI<br />
pelo Caixa Bank – e o agravamento do preço das<br />
comissões e serviços bancários com prejuízos para a<br />
população e para a economia nacional. Uma situação que<br />
PSD e CDS procuram agravar com manobras de<br />
manipulação política que, instrumentalizando comissões<br />
de inquérito, visam a privatização da Caixa Geral de<br />
Depósitos.<br />
Mantém-se um desemprego elevado, em termos reais<br />
acima de um milhão de trabalhadores, pese embora o<br />
aumento da criação de emprego e a descida do<br />
desemprego verificado no último ano; a precariedade<br />
continua com uma grande expressão, com os contratos<br />
precários a representarem mais do dobro dos contratos<br />
efectivos nas novas contratações; os baixos salários<br />
continuam a ter um peso significativo com mais de 30%<br />
dos trabalhadores por conta de outrem a auferirem menos<br />
de 600 euros.<br />
O Comité Central do PCP chama a atenção para a<br />
situação nos serviços públicos a braços com falta de<br />
pessoal, de manutenção e de investimento com<br />
consequências em sectores como: a educação, com<br />
evidentes carências nas escolas; a saúde, designadamente<br />
nos serviços de urgência do Serviço Nacional de Saúde;<br />
os transportes públicos, particularmente nas áreas<br />
metropolitanas; o serviço postal, com situações de<br />
crescente conflito entre os interesses dos accionistas dos<br />
CTT, os seus trabalhadores e as populações; os sectores<br />
estratégicos – como a rede de energia, auto-estradas,<br />
aeroportos, etc. – entretanto privatizados, colocando-os<br />
ao serviço do grande capital e que continuam não só a<br />
agravar os custos para as famílias e as empresas, como<br />
se verificou no início do ano, como a condicionar os<br />
necessários investimentos de que o País necessita.<br />
2 – Como o PCP tem alertado, não é possível iludir a<br />
vulnerabilidade de Portugal face a uma conjuntura<br />
externa que não determina nem está preparado para<br />
enfrentar. Variáveis como as do preço do petróleo, da<br />
cotação do euro e do dólar ou pressões sobre o<br />
abastecimento alimentar e energético pendem sobre o<br />
País como séria ameaça. Desprovido de soberania<br />
monetária e totalmente dependente das opções do BCE<br />
ou da chantagem das agências de notação financeira,<br />
influenciando as taxas de juro, Portugal está não só<br />
dependente do exterior como condicionado no seu direito<br />
inalienável ao desenvolvimento soberano e ao progresso<br />
social.<br />
Factos recentes, como as oscilações das taxas de juro da<br />
dívida portuguesa e a manutenção pelas agências de<br />
notação do valor da dívida nacional classificada como<br />
«lixo», associadas a novas ameaças do Eurogrupo e às<br />
pressões da OCDE para as chamadas reformas estruturais<br />
e de exigência de maior «consolidação orçamental»,<br />
provam a impossibilidade de defender os interesses de<br />
Portugal sem enfrentar a questão da dívida e do euro,<br />
recuperando instrumentos de soberania económica,<br />
orçamental e monetária. A realidade prova que, mesmo<br />
sujeitando Portugal, como se continua a sujeitar, a regras<br />
e imposições externas inadmissíveis, a agenda de<br />
concentração de riqueza, empobrecimento e declínio que<br />
os centros do capital querem impor a Portugal<br />
mantém-se inalterável.<br />
Como o PCP tem insistido, os principais problemas do<br />
País não residem num défice repetidamente usado para<br />
impor a redução da despesa pública, a limitação a<br />
direitos sociais e o ataque a salários e rendimentos, mas<br />
antes em questões como a de uma dívida insustentável<br />
que impede o investimento, consome recursos e riqueza<br />
nacionais.<br />
O País não tem de se sujeitar a mais medidas de<br />
consolidação orçamental que atrofiam o seu<br />
desenvolvimento.<br />
Portugal dispõe, já hoje, de um saldo orçamental primário<br />
(excluídos os juros da dívida) superior a quatro mil<br />
milhões de euros.<br />
Como o PCP tem insistido, o que o País precisa é de uma<br />
política que assegure o investimento, o aumento da<br />
produção nacional (visando, entre outras, a soberania<br />
alimentar e energética) e a criação de emprego.<br />
Objectivos indissociáveis da necessidade da libertação da<br />
submissão ao euro, da renegociação da dívida e do<br />
controlo público da banca, bem como de uma política<br />
externa independente e soberana baseada na cooperação<br />
e na paz.<br />
3 – O País conheceu nesta nova fase da vida política<br />
nacional avanços na defesa, reposição e conquista de<br />
direitos que travaram o caminho de declínio e<br />
intensificação da exploração e empobrecimento imposto<br />
pelo governo PSD/CDS.<br />
O Comité Central do PCP valoriza o que, com a<br />
contribuição decisiva da luta dos trabalhadores e do povo<br />
e da intervenção do PCP foi possível avançar.<br />
Valoriza o conjunto das medidas adoptadas nos
EM FOCO<br />
17<br />
orçamentos do Estado de 2016 e 2017, e para lá desse<br />
quadro, que permitiram a reposição dos feriados; a<br />
reposição do horário de trabalho de 35 horas na<br />
administração pública; a eliminação dos cortes salariais<br />
ou da sobretaxa no IRS; a reposição da taxa de 13% no<br />
IVA da restauração; o aumento das pensões de reforma;<br />
o alargamento e majoração do valor do abono de família;<br />
o descongelamento e aumento do subsídio de refeição na<br />
administração pública; a reposição do direito à<br />
contratação colectiva no sector empresarial do Estado; a<br />
reposição integral, a partir de 2018, do subsídio de Natal<br />
aos reformados e trabalhadores da administração pública<br />
e as perspectivas abertas para a valorização, para efeitos<br />
de reforma, das carreiras contributivas mais longas.<br />
Valoriza ainda outras medidas que avançam para lá da<br />
situação existente antes do pacto de agressão, como a<br />
redução do Pagamento Especial por Conta (PEC) para<br />
mais de 120 mil micro, pequenos e médios empresários,<br />
os apoios nos combustíveis aos pescadores e agricultores,<br />
ou ainda o alargamento da gratuitidade dos manuais<br />
escolares a 370 mil crianças do 1.º ciclo.<br />
Exigindo o cumprimento integral do conjunto de<br />
compromissos assumidos no Orçamento do Estado<br />
aprovado para este ano o PCP continuará a intervir para<br />
assegurar que todas as possibilidades entretanto abertas<br />
se concretizem.<br />
Os avanços alcançados dão ainda mais força à convicção<br />
de que os interesses do País e uma resposta mais plena<br />
aos seus problemas exige uma outra política, uma política<br />
patriótica e de esquerda.<br />
4 – Sem prejuízo do conjunto de decisões de sentido<br />
positivo resultantes da iniciativa e contribuição do PCP e<br />
inseparáveis da actual correlação de forças, o Governo PS<br />
assumiu um conjunto de opções contrárias ao sentido de<br />
uma outra política capaz de responder aos problemas<br />
nacionais e afirmar a soberania, de que são exemplo: o<br />
acordo com as confederações patronais e a UGT na<br />
concertação social; a não eliminação da caducidade da<br />
contratação colectiva e a não assumpção do princípio do<br />
tratamento mais favorável, renunciando à eliminação<br />
desta e de outras normas gravosas do Código do Trabalho<br />
e da legislação laboral da Administração Pública; o<br />
anúncio de renovação de PPP na saúde; a entrega da<br />
CARRIS e da STCP à gestão municipal, a opção de<br />
entrega, no imediato ou a prazo, do Novo Banco ao<br />
grande capital; a estratégia de extensão de fundações a<br />
novas instituições do Ensino Superior; o propósito de<br />
transferência de serviços públicos e funções sociais do<br />
Estado para as autarquias locais; a liberalização do sector<br />
do táxi; a proposta de alteração da Lei Sindical da PSP;<br />
a chamada reforma da floresta e opções de coesão e<br />
desenvolvimento territorial e os posicionamentos de<br />
política externa de defesa do reforço da NATO e de<br />
aprofundamento da União Europeia.<br />
5 – O PCP prosseguirá a sua intervenção, determinada<br />
pelo seu compromisso com os trabalhadores, o povo e o<br />
País, tendo presentes as possibilidades e a necessidade<br />
de dar resposta às suas aspirações e direitos, não iludindo<br />
limitações, constrangimentos e contradições, contradições<br />
que desenvolvimentos recentes põem em evidência. Seja<br />
pela confirmação por parte do PS de opções que não<br />
rompem com a política de direita e que traduzem a sua<br />
vinculação com o grande capital; seja pela estratégia que<br />
PSD, e também CDS, têm em curso para procurar<br />
branquear o seu passado recente, dar corpo à sua posição<br />
revanchista face ao afastamento do poder, desestabilizar<br />
o País e tentar atingir ou condicionar o PCP; seja pela<br />
persistência em «pactos de regime» ou na promoção de<br />
«consensos alargados» que na prática assegurem que em<br />
decisões e questões estruturantes os interesses e<br />
objectivos associados ao chamado «bloco central»<br />
prevaleçam.<br />
O PCP não determinará a sua intervenção a partir de<br />
pressões, nem condicionará a sua intervenção e juízo<br />
próprio a manobras de conjuntura.<br />
O PCP não desbaratará gratuitamente possibilidades e<br />
perspectivas criadas no plano político com a nova<br />
correlação de forças.<br />
O PCP não contribuirá para apatias e conformismos que<br />
limitem o papel insubstituível da luta dos trabalhadores e<br />
do povo para defender, repor e conquistar direitos e<br />
concretizar outro rumo para Portugal.<br />
O PCP não transigirá perante a política de direita e as<br />
opções que lhe dêem corpo, venham de onde vierem nem<br />
abandonará a plena afirmação das suas propostas e<br />
projecto.<br />
6 – O Comité Central do PCP sublinha que os avanços e<br />
conquistas alcançados só se tornaram possíveis numa<br />
correlação de forças em que o PS não dispõe de um<br />
governo maioritário. Avanços e conquistas que, para além<br />
do que o Programa do PS admitia, só se tornaram<br />
possíveis pela acção e luta dos trabalhadores e do povo e<br />
da iniciativa, contribuição e influência decisivas do PCP.<br />
Medidas e avanços que um governo maioritário do PS<br />
nunca adoptou nem adoptaria.<br />
O PCP reafirma a sua determinação e compromisso com<br />
os trabalhadores e o povo de prosseguir a sua intervenção<br />
e contribuição no caminho da defesa, reposição e<br />
conquista de rendimentos e direitos.<br />
IV<br />
A importância da luta de massas<br />
no actual quadro político e social<br />
A gravidade dos problemas que estão colocados aos<br />
portugueses exige a ruptura com a política de direita e o<br />
desenvolvimento da luta dos trabalhadores e do povo para<br />
a sua concretização.<br />
Registando a existência de condições mais favoráveis para<br />
responder aos problemas imediatos dos trabalhadores e<br />
do povo, o Comité Central do PCP destaca o papel e o<br />
valor insubstituível da luta de massas, não apenas com o<br />
objectivo de consolidar os avanços, mas simultaneamente<br />
de dar novos passos que possam levar mais longe a<br />
resposta aos problemas e aspirações dos trabalhadores e<br />
do povo.<br />
O Comité Central do PCP saúda a luta dos trabalhadores<br />
e das populações que tem vindo a verificar-se por todo o<br />
País: na Administração Pública, contra a precariedade,<br />
pela contratação de milhares de profissionais em falta nos<br />
serviços, pelo descongelamento das carreiras e dos<br />
salários, com destaque para a luta desenvolvida pelos<br />
assistentes operacionais e técnicos no sector da saúde e<br />
trabalhadores não docentes da educação. Saúda<br />
igualmente as lutas realizadas em muitas empresas do<br />
sector privado a partir de reivindicações concretas dos<br />
trabalhadores, nomeadamente: nos SAMS, PT/Porto,<br />
Metalorigor, Centros de contacto da EDP, Groz-Beckert,<br />
CAMO, Euroresinas, Petrogal, EFATM, Ar liquido,<br />
Valindo/Fafe, CROWNE PLAZZA, SUCH, Centro de<br />
contacto da Teleperfomance, MGM, Jumbo de Almada,<br />
entre outras, bem como no sector da vigilância e da<br />
limpeza.<br />
Reafirmada como uma prioridade da intervenção do PCP<br />
nesta nova fase da vida política nacional, a luta contra a<br />
precariedade dos vínculos laborais na Administração<br />
Pública tem vindo a alargar-se e fortalecer-se, fruto de<br />
uma maior consciencialização para a necessidade de<br />
terminar com este flagelo nacional. A sinalização do<br />
número de trabalhadores com vínculos precários na<br />
Administração Pública, sendo um passo importante,<br />
reclama da parte dos trabalhadores um ainda maior<br />
envolvimento para concretizar a efectiva resolução deste<br />
problema.<br />
O Comité Central do PCP destaca igualmente a dimensão<br />
e a diversidade da luta das populações em várias regiões<br />
do País, pela melhoria da qualidade dos serviços<br />
prestados, como no sector da saúde e nos transportes<br />
públicos de passageiros. Mas também a luta dos<br />
estudantes e dos pais contra as más condições e a falta<br />
de pessoal em muitas escolas.<br />
O Comité Central do PCP sublinha a importância das<br />
acções de massas em curso e apela ao envolvimento dos<br />
militantes do Partido na sua preparação e realização, com<br />
destaque para: o desenvolvimento da luta reivindicativa<br />
a partir dos locais de trabalho, das empresas e sectores;<br />
a manifestação nacional de mulheres convocada pelo<br />
MDM, para o dia 11 de Março em Lisboa; a semana da<br />
igualdade (de 6 a 10 de Março) e o roteiro contra a<br />
precariedade promovidos pela CGTP/IN; as comemoração<br />
do dia 24 de Março, dia do Estudante e do 28 de Março,<br />
dia nacional da juventude, em que se destaca a<br />
manifestação nacional da juventude trabalhadora contra<br />
a precariedade convocada pela CGTP-IN / Interjovem; as<br />
comemorações populares do 43.º aniversário da<br />
Revolução de Abril e, particularmente, para as<br />
comemorações do 1.º de Maio, com uma mobilização a<br />
partir da acção reivindicativa por objectivos concretos em<br />
cada uma das empresas e sectores, afirmando este dia<br />
como grande jornada de luta dos trabalhadores.<br />
O Comité Central salienta o significado da realização de<br />
congressos e eleições sindicais, bem como do XX<br />
Encontro Nacional de comissões de trabalhadores a<br />
realizar em Lisboa a 2 de Junho.<br />
O Comité Central do PCP destaca a importância da<br />
intervenção dos comunistas na actividade e reforço dos<br />
movimentos e organizações de massas e nas lutas por eles<br />
desenvolvidas, como um decisivo contributo para o<br />
desenvolvimento da luta de massas, mas também para o<br />
alargamento da convergência dos vários sectores e<br />
camadas sociais antimonopolistas, dos democratas e<br />
patriotas, para a luta pela política patriótica e de esquerda<br />
e pela alternativa política que a concretize.<br />
V<br />
Eleições autárquicas<br />
Afirmar a CDU e o seu projecto de<br />
trabalho, honestidade e competência<br />
1 – As eleições para as autarquias locais assumem um<br />
carácter prioritário no quadro da acção geral do Partido.<br />
A sua preparação deve ser encarada como momento e<br />
oportunidade de alargamento unitário, de afirmação do<br />
valor e projecto da CDU, de intervenção e proximidade<br />
aos problemas e aspirações locais, que contribua para o<br />
maior enraizamento e influência social e política do PCP.<br />
Momento também para assegurar, pelo reforço eleitoral<br />
da CDU, uma contribuição mais decisiva para dar<br />
resposta e solução aos problemas locais, para dar mais<br />
força ao PCP e ao seu papel decisivo na concretização do<br />
caminho de defesa, reposição e conquista de rendimentos<br />
e direitos, e para dar resposta, no âmbito da política<br />
patriótica e de esquerda que propõe, aos problemas dos<br />
trabalhadores, do povo e do País.<br />
2 – O PCP apresenta-se a estas eleições no quadro da<br />
CDU – Coligação Democrática Unitária, PCP-PEV, que<br />
integra no plano político o Partido Comunista Português,<br />
o Partido Ecologista «Os Verdes» e a Associação<br />
Intervenção Democrática. Inscreve como objectivos a<br />
apresentação de listas a todos os órgãos municipais e ao<br />
maior número possível de freguesias. Afirma-se como<br />
espaço de intervenção unitária e participação cívica de<br />
milhares de homens e mulheres sem filiação partidária<br />
que reconhecem na CDU o seu percurso de trabalho,<br />
honestidade e competência e a identificam como espaço<br />
privilegiado de intervenção e contribuição para o<br />
progresso e desenvolvimento locais. Um espaço que se<br />
assume com projecto e identidade próprias, que se recusa<br />
esconder em falsos projectos «independentes» que, a<br />
coberto de candidaturas de cidadãos eleitores, acolhem,<br />
na maioria das situações, disfarçadas coligações, arranjos<br />
partidários ou espaço de promoção de ambições pessoais<br />
ou dos grandes interesses económicos.<br />
A CDU apresenta-se em todo o País com o seu projecto<br />
alternativo e o carácter distintivo da sua acção autárquica.<br />
Fazendo prova dos valores de Trabalho, Honestidade e<br />
Competência que assume, da dimensão da obra realizada<br />
e de uma intervenção em defesa dos interesses das<br />
populações e dos trabalhadores, do reconhecido rigor e<br />
isenção na gestão das autarquias e na postura dos seus<br />
eleitos, da intervenção em defesa dos serviços públicos e<br />
afirmação do Poder Local Democrático.<br />
Na nova fase da vida política nacional ganha
18 EM FOCO<br />
23-2-2017<br />
Comunicado do Comité Central do PCP<br />
de 18 e 19 de Fevereiro de 2017<br />
maior importância a afirmação distintiva do projecto da<br />
CDU, o carácter diferenciador das suas propostas e<br />
opções, a dimensão de alternativa clara e assumida à<br />
gestão e projectos de outras forças políticas, sejam PSD<br />
e CDS, seja PS ou BE. A independência política, de<br />
juízo e acção políticas que o PCP preserva e assume na<br />
vida política nacional prolonga-se e expressa-se no<br />
projecto e candidaturas que marcam a intervenção<br />
eleitoral da CDU nas próximas eleições para as<br />
autarquias locais.<br />
3 – O Comité Central do PCP sublinha que são<br />
desprovidas de qualquer fundamento as ilações que se<br />
pretendam extrair quanto a uma alegada<br />
correspondência no actual quadro político entre o plano<br />
nacional e local. Desde logo porque é abusivo ver na<br />
situação nacional mais do que o que resulta da nova<br />
relação de forças parlamentar e das possibilidades daí<br />
decorrentes que não devem ser desperdiçadas. Mas<br />
também, e sobretudo, porque o alimentar de ilusões<br />
quanto a soluções de comprometimento político no plano<br />
local (em rigor inexistentes no plano nacional), sem<br />
qualquer correspondência com a comprovada diferença<br />
de projectos autárquicos entre o PCP e o PS, só serviria<br />
para esbater e iludir as opções distintas em presença que<br />
com clareza e frontalidade devem ser assumidas.<br />
Uma presença distintiva pelo seu projecto e obra<br />
realizada. Distintiva pela intervenção coerente em defesa<br />
do poder local, da sua autonomia, dos meios e recursos<br />
financeiros, organizacionais e humanos a que tem<br />
constitucionalmente direito para exercer as suas<br />
atribuições e competências. Distintiva pela exigência de<br />
devolução das freguesias roubadas ao povo e pelo<br />
inequívoco compromisso da sua reposição. Distintiva<br />
pela posição intransigente de defesa dos serviços<br />
públicos e do acesso à saúde, à educação, à cultura, à<br />
protecção social, à habitação e à mobilidade. Distintiva<br />
pela defesa da gestão pública da água. Distintiva pela<br />
valorização atribuída aos trabalhadores das autarquias<br />
locais, aos seus direitos e condições de trabalho.<br />
Distintiva pela clara assumpção de critérios de gestão<br />
pública e de recusa das opções de privatização para que<br />
pretendem empurrar o poder local. Distintiva pela defesa<br />
de uma política de planificação do uso do solo,<br />
determinada pelos direitos das populações e não pelos<br />
interesses da especulação. Distintiva pela assumida<br />
atitude de defesa da descentralização assente na criação<br />
das regiões administrativas, indispensável ao<br />
desenvolvimento regional e a uma delimitação de<br />
competências entre os vários níveis de administração que<br />
assegure uma efectiva resposta aos problemas das<br />
populações. Distintiva porque, não confundindo<br />
descentralização com transferência de competências,<br />
recusa aceitar como valorativo do poder local um<br />
processo de transferência de encargos e ineficiências que<br />
se traduzirá na desresponsabilização do Estado, na<br />
redução da resposta pública em áreas essenciais, na<br />
degradação dos serviços prestados às populações, na<br />
redução da capacidade de resposta e realização das<br />
autarquias e no aumento das assimetrias regionais.<br />
4 – O Comité Central do PCP salienta como linhas de<br />
intervenção prioritárias no trabalho de preparação das<br />
eleições autárquicas: a dinamização da CDU e o seu<br />
alargamento unitário; a promoção de encontros,<br />
reuniões e outras iniciativas que contribuam para o<br />
envolvimento mais amplo de activistas e candidatos; a<br />
dinamização de contactos que alarguem a base de apoio<br />
à CDU, ao seu projecto e candidaturas; o trabalho de<br />
elaboração de listas e definição de candidatos; a<br />
prestação de contas do trabalho realizado; a elaboração<br />
participada dos programas e compromissos eleitorais a<br />
apresentar; a afirmação geral da CDU como a grande<br />
força de esquerda no poder local, necessária e<br />
indispensável na vida política nacional.<br />
VI<br />
Reforçar a organização do Partido,<br />
intensificar a sua acção<br />
e intervenção política<br />
1 – O grande êxito do XX Congresso com o seu impacto<br />
na organização e intervenção do Partido impulsiona uma<br />
forte e diversificada acção.<br />
O XX Congresso afirmou o Partido como força portadora<br />
da política patriótica e de esquerda, partido dinamizador<br />
da luta dos trabalhadores e do povo, força agregadora<br />
dos democratas e patriotas, afirmou a sua identidade e<br />
o seu Programa da democracia avançada com os valores<br />
de Abril no futuro de Portugal, duma sociedade livre da<br />
exploração, o socialismo e o comunismo. Partido<br />
necessário, indispensável e insubstituível, o PCP é alvo<br />
de sucessivas operações de mistificação e calúnia, como<br />
as que têm sido promovidas nos últimos meses –<br />
designadamente em torno do centenário da Revolução<br />
de Outubro, visando animar o preconceito anticomunista<br />
–, que enfrenta prosseguindo e dinamizando a acção<br />
com persistência e determinação.<br />
2 – O Comité Central do PCP salienta a intervenção no<br />
estímulo ao desenvolvimento da luta dos trabalhadores<br />
e do povo, os contactos e encontros estabelecidos com<br />
estruturas e entidades sobre a situação nacional e para<br />
apresentação das conclusões do XX Congresso, a<br />
iniciativa política e a acção nas instituições.<br />
O Comité Central do PCP destaca o andamento da<br />
campanha «Mais direitos, mais futuro. Não à<br />
precariedade», os milhares de contactos e o impacto que<br />
está a ter. Considera da maior importância o seu<br />
desenvolvimento, o estímulo à luta dos trabalhadores e<br />
valoriza os passos já dados na concretização do objectivo<br />
de que a um posto de trabalho permanente deve<br />
corresponder um contrato de trabalho efectivo. Uma<br />
campanha que se insere na valorização do trabalho e dos<br />
trabalhadores, com o prosseguimento da acção de<br />
aumento do salário mínimo nacional para 600 euros e<br />
do aumento geral dos salários, contra a desregulação e<br />
pela redução do horário de trabalho, pela defesa de<br />
direitos, a defesa e afirmação da contratação colectiva e<br />
a alteração do Código do Trabalho e da legislação<br />
laboral da Administração Pública com a revogação das<br />
normas gravosas.<br />
O Comité Central do PCP decidiu do andamento e linhas<br />
de força da campanha «Produção, emprego, soberania.<br />
Libertar Portugal da submissão ao euro» que,<br />
promovendo um amplo debate sobre a produção<br />
nacional e o seu aumento – nomeadamente para garantir<br />
a soberania alimentar e energética, enquanto condição<br />
de independência económica e promoção de emprego,<br />
com a identificação dos recursos, a eliminação dos<br />
factores que a constrangem, as medidas que a<br />
promovam e dinamizem – sublinhará a importância da<br />
libertação do País da submissão ao euro, associada à<br />
renegociação da dívida e à recuperação do controlo<br />
público da banca, para enfrentar os constrangimentos<br />
externos, recuperar a soberania monetária e orçamental,<br />
libertar recursos para o investimento público, melhorar<br />
os serviços públicos e reforçar as funções sociais do<br />
Estado.<br />
3 – O Comité Central do PCP apela a uma ampla<br />
participação nas comemorações do 96.º aniversário do<br />
Partido, momento de encontro, alargamento e afirmação<br />
da sua identidade, do seu projecto de democracia e<br />
socialismo e da sua acção internacionalista.<br />
O Comité Central do PCP destaca a campanha de<br />
difusão do Avante! como importante prioridade na actual<br />
situação face ao silenciamento, manipulação e mentira<br />
que é lançada contra o Partido e o seu projecto.<br />
No âmbito da preparação das eleições para as autarquias<br />
locais, o Comité Central do PCP abordou a preparação<br />
do Encontro Nacional do PCP sobre eleições autárquicas<br />
a realizar no dia 8 de Abril, na Aula Magna da<br />
Universidade de Lisboa, salientando a necessidade da<br />
sua ampla preparação nas organizações do Partido de<br />
modo a afirmar o Encontro Nacional como um dos mais<br />
importantes momentos de preparação desta importante<br />
batalha eleitoral e de afirmação da CDU.<br />
O Comité Central do PCP apela às organizações e<br />
militantes do Partido para que se empenhem na<br />
preparação da Festa do Avante! que se realizará nos dias<br />
1, 2 e 3 de Setembro, nomeadamente por via da<br />
discussão colectiva dos conteúdos políticos e culturais,<br />
da responsabilização de quadros pelas diversas tarefas<br />
e responsabilidades, da divulgação da Festa do Avante!<br />
e da dinamização e alargamento da rede militante de<br />
venda antecipada da Entrada Permanente (EP).<br />
4 – O Comité Central do PCP aponta a necessidade de,<br />
em ligação com a iniciativa política, avançar na<br />
concretização das medidas de reforço do Partido de<br />
acordo com as decisões do XX Congresso em que se integram:<br />
– O reforço da capacidade de direcção e a<br />
responsabilização geral de quadros.<br />
– O reforço do Partido nas empresas e locais de<br />
trabalho, com a constituição de novas células, o reforço<br />
das existentes, na sua estrutura, funcionamento e<br />
intervenção e a adopção das medidas de quadros<br />
indispensáveis para a concretização desses avanços.<br />
– O recrutamento e integração dos novos militantes –<br />
um organismo, uma tarefa – com o apelo nas iniciativas<br />
do Partido e o trabalho de recrutamento orientado e a<br />
dinamização da formação política e ideológica.<br />
– O funcionamento das organizações de base tendo em<br />
vista a resposta aos problemas dos trabalhadores e das<br />
populações e a dinamização da acção de massas,<br />
integrando o trabalho de contacto para listas e apoiantes<br />
da CDU com vista às eleições autárquicas.<br />
– O trabalho junto de camadas e sectores específicos<br />
definindo objectivos e medidas nomeadamente junto dos<br />
reformados, dos micro pequenos e médios empresários,<br />
dos pequenos e médios agricultores, dos intelectuais e<br />
do sector da cultura.<br />
– O trabalho junto da juventude e o apoio à JCP e ao<br />
seu Congresso que se realizará em 1 e 2 de Abril em<br />
Setúbal.<br />
– A atenção às estruturas de propaganda e ao seu<br />
reforço.<br />
– A independência financeira do Partido, com o<br />
pagamento regular das quotas, a verificação da estrutura<br />
de responsáveis de cobrança de quotas e o seu<br />
alargamento para que abranja todos os militantes, a<br />
actualização do valor das quotas tendo como referência<br />
1% do rendimento mensal, a dinamização de campanhas<br />
de fundos, bem como com a concretização do princípio<br />
de os eleitos não serem beneficiados nem prejudicados<br />
no exercício das suas funções e do critério sobre as<br />
mesas de voto.<br />
5 – O Comité Central do PCP salienta o arranque das<br />
comemorações do centenário da Revolução de Outubro<br />
com a grande iniciativa de abertura realizada em Lisboa,<br />
realça a necessidade de prosseguir, concretizar e alargar<br />
o programa de iniciativas por todo o País sob o lema<br />
«Centenário da Revolução de Outubro: socialismo<br />
exigência da actualidade e do futuro», em que se destaca<br />
o ciclo de debates, o seminário a realizar em Lisboa a<br />
17 de Junho, a expressão que vai assumir na Festa do<br />
Avante!, o comício de 7 de Novembro em Lisboa e a<br />
iniciativa de encerramento a 9 de Dezembro no Porto.<br />
O Comité Central do PCP destaca desde já a importância<br />
que, no seguimento do centenário da Revolução de<br />
Outubro, vai assumir em 2018 o II centenário do<br />
nascimento de Karl Marx, do legado da sua obra e<br />
intervenção, que se afirma no tempo em que vivemos no<br />
grande objectivo de transformar o mundo. No âmbito do<br />
programa a desenvolver, o PCP irá promover a<br />
realização da Conferência Comemorativa do II<br />
centenário de Karl Marx, a 24 e 25 de Fevereiro de<br />
2018.<br />
…<br />
Num tempo em que o capitalismo, com a sua natureza<br />
exploradora, opressora, agressiva e predadora, acentua<br />
as suas contradições e vê agravada a sua crise estrutural,<br />
o PCP reafirma aos trabalhadores e ao povo o seu<br />
compromisso de sempre e prossegue a sua acção<br />
confiante e determinada para enfrentar problemas e<br />
obstáculos, por uma política patriótica e de esquerda, a<br />
democracia avançada com os valores de Abril no futuro<br />
de Portugal, pelo socialismo e o comunismo.
20 NACIONAL<br />
23-2-2017<br />
Defender a economia<br />
O Grupo Parlamentar do PCP esteve reunido, dia 15, na<br />
Assembleia Legislativa da Madeira, com a Confederação<br />
Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas. Em<br />
declarações proferidas no final do encontro, os comunistas<br />
defenderam uma carga mais favorável para as micro-<br />
-empresas (23 mil na região), assim como a redução para<br />
15 por cento da taxa de IRC para as empresas instaladas<br />
na região e de 10 por cento para as novas micro-empresas.<br />
Na reunião alertou-se ainda para as dificuldades impostas<br />
às micro e pequenas empresas na região no acesso aos<br />
fundos comunitários, nomeadamente ao «Madeira 2020».<br />
Precariedade na autarquia<br />
Num comunicado distribuído aos trabalhadores da Câmara<br />
de Sines, a Coligação PCP-PEV denuncia casos de<br />
precariedade na autarquia e exige a contratação de novos<br />
trabalhadores.<br />
No documento, onde se afirma que a gestão PS<br />
«desempenhou um papel lamentável de travão à progressão<br />
de carreiras de dezenas de trabalhadores que a solicitaram»,<br />
a CDU informa que a autarquia «recorre todos os anos ao<br />
trabalho precário, em cerca de 50 aquisições de serviços<br />
em falsos regimes de tarefas e avenças».<br />
Abolição de portagens<br />
Em comunicado à população, a CDU defendeu, uma vez<br />
mais, a abolição das portagens na A1 no concelho de Vila<br />
Franca de Xira, «uma necessidade que é urgente<br />
concretizar». «Colocados perante a necessidade de utilizar<br />
a Estrada Nacional 10, a população do concelho sente,<br />
diariamente, os constrangimentos que esta via lhes coloca,<br />
particularmente em horas de ponta», refere a Coligação<br />
PCP-PEV, alertando para as «sérias implicações não só ao<br />
nível ambiental, afectando a qualidade de vida das populações<br />
e a saúde pública, como para a economia do concelho».<br />
Vitória das populações<br />
No dia 8, a Câmara da Moita aprovou o Protocolo de<br />
Cooperação a firmar com a Administração Regional de<br />
Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) para a instalação<br />
da Unidade de Saúde da Baixa da Banheira. O novo<br />
equipamento, da responsabilidade do Ministério da Saúde,<br />
vai ser construído num terreno cedido em direito de superfície<br />
pela autarquia, na zona Sul da Baixa da Banheira (junto à<br />
rotunda 25 de Abril).<br />
Linha do Oeste<br />
«Quem gere a Linha do Oeste, a CP, decidiu levar as<br />
melhores automotoras (série 592) para a Linha do Douro»,<br />
denuncia, em comunicado à população de Alcobaça, a<br />
CDU, força política que «não aceita que haja redução dos<br />
objectivos da linha, que tem todas as potencialidades para<br />
se desenvolver, com sucesso, ao serviço da região e do<br />
País». Assim, critica-se, «voltar às automotoras UDD dos<br />
anos 70 é um mau sinal que tem de ser revertido<br />
rapidamente pelo Governo PS e pela CP».<br />
Alertar os consumidores<br />
A União dos Agricultores do Distrito de Leiria (UADL)<br />
esteve, na passada semana, nas ruas de Pombal, em contacto<br />
com os consumidores, junto a algumas grandes superfícies<br />
comerciais e ao Mercado Municipal. A iniciativa, integrada<br />
na jornada que assinala dos 39 anos da Confederação<br />
Nacional da Agricultura, teve como finalidade alertar para<br />
a situação dos baixos preços à produção.<br />
Num documento, distribuído na ocasião, informa-se que<br />
por cada cem euros de produtos alimentares que o<br />
consumidor paga, o agricultor recebe 20 euros em média<br />
e, desses, 75 por cento são custos de produção.<br />
A UADL reuniu também com a Câmara de Pombal, a quem<br />
transmitiu as principais preocupações dos agricultores<br />
familiares da região.<br />
Plenários de bolseiros<br />
No dia 15, a Associação de Bolseiros de Investigação<br />
Científica (ABIC) realizou um plenário, na Faculdade de<br />
Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), com cerca de<br />
100 bolseiros. Nesta iniciativa, que serviu para reactivar o<br />
núcleo da ABIC naquela faculdade, debateu-se o novo<br />
Decreto-Lei 57/2016 para o emprego cientifico, que prevê<br />
a contratação de doutorados, a actual precariedade no<br />
emprego científico, nomeadamente o sistema de bolsas, e<br />
a situação dos bolseiros na FCUL.<br />
Foram ainda anunciados novos plenários, no dia 2, na<br />
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e, no dia<br />
3, no Instituto de Saúde Doutor Ricardo Jorge.<br />
MDM dirige combate ao sistema prostitucional<br />
Tráfico é crime<br />
O Movimento Democrático de Mulheres (MDM)<br />
apresentou, dia 14, no Clube Fenianos Portuenses,<br />
o projecto «ACT – Agir contra o tráfico<br />
de mulheres».<br />
Depois de Faro e Lisboa,<br />
o projecto, a desenvolver<br />
nos próximos 18 meses pelo<br />
núcleo do MDM no Porto,<br />
pretende continuar a<br />
aumentar o conhecimento<br />
e consciência, em particular<br />
das mulheres e jovens,<br />
sobre o crime de tráfico de<br />
seres humanos e para a sua<br />
prevenção e combate.<br />
«É preciso combater de<br />
forma veemente este flagelo<br />
que atravessa fronteiras<br />
e arrasa os valores da dignidade<br />
da pessoa humana»,<br />
refere o movimento,<br />
exigindo o combate «às políticas<br />
geradoras da exploração<br />
das mulheres e das<br />
meninas», que «não pode<br />
ser desligado das causas<br />
que alimentam o negócio<br />
altamente lucrativo, que vive<br />
da exploração dos corpos<br />
e sonhos de milhões<br />
«É preciso<br />
combater de forma<br />
veemente este<br />
flagelo»<br />
de mulheres e crianças –<br />
as vítimas mais vulneráveis,<br />
e em maior número – em<br />
consequência da pobreza,<br />
da desigualdade, da discriminação<br />
e da expansão do<br />
sistema prostitucional».<br />
De acordo com os dados<br />
apresentados, estima-se<br />
que na Europa mais de 76<br />
por cento das vítimas de<br />
tráfico são mulheres e, pelo<br />
menos, 15 por cento são<br />
crianças; as mulheres e<br />
crianças são 95 por cento<br />
do total de pessoas traficadas<br />
para fins de prostituição;<br />
a forma mais comum<br />
de tráfico de seres humanos<br />
é a exploração sexual<br />
(67 por cento), seguida da<br />
exploração laboral (21 por<br />
cento).<br />
Em Portugal o cenário<br />
não é diferente. Segundo<br />
o Observatório de Trafico<br />
de Seres Humanos, das<br />
182 presumíveis vítimas<br />
de tráfico de seres humanos<br />
sinalizadas, 27 eram<br />
menores e 141 adultos,<br />
das quais 123 eram mulheres.<br />
Os casos que envolviam<br />
mulheres estavam associados,<br />
na sua totalidade,<br />
ao fim de exploração<br />
sexual.<br />
Neste sentido, o MDM<br />
exige que o Governo ponha<br />
fim a este «negócio<br />
sórdido», que se expande<br />
cada vez mais às claras<br />
com todas as suas redes, e<br />
apela a que não se legitime<br />
a prostituição como<br />
uma profissão deixando as<br />
mulheres mais indefesas e<br />
sujeitas a uma violência<br />
que golpeia os direitos humanos<br />
e a dignidade.<br />
Grande homenagem a Carlos Paredes<br />
Carta de Compromisso<br />
No dia 14, na Universidade de Aveiro, perante<br />
uma vasta e representativa assistência, foi<br />
assinada uma Carta de Compromisso entre a<br />
secretária de Estado para a Cidadania e a<br />
Igualdade, Catarina Marcelino, e o Movimento<br />
Democrático de Mulheres (MDM), representado<br />
por Regina Marques, do seu Secretariado<br />
Nacional. O documento permitirá dar<br />
continuidade e aprofundar a intervenção do MDM<br />
ao nível da promoção da igualdade de género e de<br />
combate à violência no namoro.<br />
Mais de 600 pessoas participaram,<br />
no domingo, 19, numa homenagem<br />
a Carlos Paredes promovida pela Associação<br />
Conquistas da Revolução<br />
(ACR) no salão de «A Voz do Operário»,<br />
em Lisboa. Na sessão participaram<br />
mais de uma dezena de artistas<br />
que, a título individual ou colectivo,<br />
fizeram questão de dar o seu<br />
contributo evocando não só o genial<br />
mestre da guitarra portuguesa como<br />
também o homem e o ser humano<br />
de excepção que foi Carlos Paredes.<br />
Apresentado foi também o filme «Devaneios<br />
flutuantes», de Pedro Sena<br />
Nunes.<br />
No final da iniciativa, que contou<br />
ainda com a intervenção de Manuel<br />
Begonha, presidente da Direcção da<br />
ACR, cantou-se a «Grândola Vila Morena»<br />
com a presença de todos os artistas<br />
em palco: Gonçalo Lopes e Mariana<br />
Abrunheiro; Joana Bagulho;<br />
Fausto Neves, Manuel Pires da Rocha<br />
e Carlos Canhoto – trio «Músicas<br />
com Paredes de Vidro»; Samuel<br />
e Nuno Tavares; Coro Lopes Graça<br />
da Academia de Amadores de Música,<br />
com direcção artística de José<br />
Robert e participação do pianista<br />
Fausto Neves; Henrique Fraga e Marco<br />
Matos – «A nossa guitarra»; Bruno<br />
Costa e Paulo Figueiredo – Cordis;<br />
Alexandre Branco e Bruno Costa.<br />
URAP promove homenagem aos tarrafalistas<br />
Continuar a defender a liberdade<br />
No sábado, 18, em Lisboa, cerca<br />
de uma centena de pessoas participaram<br />
na homenagem anual aos tarrafalistas,<br />
homens antifascistas que,<br />
pelo seu amor à liberdade, perderam<br />
anos das suas vidas e 32 deles<br />
as próprias vidas no Campo de Concentração<br />
do Tarrafal. O momento<br />
– junto ao Mausoléu, no Cemitério<br />
do Alto de São João – contou com<br />
as intervenções de José Vargas e de<br />
Bento Luís, da União de Resistentes<br />
Antifascistas Portugueses, e um momento<br />
cultural, de música e poesia,<br />
da responsabilidade de o «Nó».
23-2-2017 ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA<br />
21<br />
Lei da Saúde<br />
Pública<br />
O deputado comunista João<br />
Ramos defendeu o reforço<br />
das estruturas de saúde<br />
pública de proximidade,<br />
organizando-as com base<br />
concelhia, bem como o reforço<br />
dos profissionais de saúde<br />
(médicos e enfermeiros) na<br />
especialidade de saúde<br />
pública.<br />
Esta posição foi assumida em<br />
recente debate de uma<br />
proposta de lei sobre a Lei da<br />
Saúde Pública, diploma<br />
governamental que o<br />
Parlamento aprovou na<br />
generalidade, com os votos<br />
favoráveis de todas as<br />
bancadas à excepção do PSD<br />
e do CDS-PP que se<br />
abstiveram.<br />
O parlamentar do PCP<br />
chamou igualmente a atenção<br />
para a necessidade de<br />
desenvolver um sistema<br />
informático integrado e eficaz<br />
como «ferramenta fundamental<br />
para monitorizar o estado de<br />
saúde e sustentar as bases das<br />
políticas de saúde pública».<br />
«Problema» na proposta de<br />
lei, segundo João Ramos, é a<br />
«inexistência de uma carreira<br />
de saúde pública, como já<br />
existiu, uma vez que os<br />
delegados de saúde são<br />
designados em comissão de<br />
serviço».<br />
Acompanhar<br />
os transportes<br />
O PCP propôs a criação de<br />
um grupo de trabalho no<br />
âmbito do Parlamento<br />
dedicado aos transportes<br />
públicos com vista a<br />
«desenvolver o<br />
acompanhamento ao sector»<br />
e a estabelecer um «contacto<br />
directo» com a realidade no<br />
terreno.<br />
A proposta foi recentemente<br />
formalizada na comissão<br />
parlamentar de Economia,<br />
Inovação e Obras Públicas e<br />
nela se sugere que os<br />
deputados a integrar o grupo<br />
visitem empresas como a<br />
Metro de Lisboa, Transtejo<br />
ou STCP e, entre outros casos,<br />
o Ramal da Lousã e a Linha<br />
do Douro.<br />
Em causa, e por isso<br />
merecedor em sua opinião de<br />
um acompanhamento pela<br />
AR de «forma concreta e<br />
rigorosa», estão matérias como<br />
as «supressões de carreiras e<br />
circulações, os tempos de<br />
espera, as perdas de<br />
fiabilidade e a segurança da<br />
operação».<br />
«Vamos ao terreno, falar com<br />
os trabalhadores das<br />
empresas», e desse modo<br />
«resolver» os problemas «que<br />
todos vêem», desafiou o<br />
deputado comunista Bruno<br />
Dias, ainda antes da proposta<br />
ser entregue, ao intervir num<br />
debate de urgência sobre<br />
transportes públicos, suscitado<br />
pelo BE, onde o ministro do<br />
Ambiente asseverou que 2017<br />
será o «ano de viragem» nos<br />
transportes públicos.<br />
Combate à precariedade na administração pública<br />
Condição de justiça e progresso<br />
A um posto de trabalho permanente deve corresponder<br />
um vínculo efectivo, considera o<br />
PCP, que defende a vinculação urgente dos<br />
trabalhadores que respondam a necessidades<br />
permanentes nos serviços públicos.<br />
A esta ideia-chave veiculada<br />
pela bancada comunista<br />
em debate realizado<br />
há uma semana, 16, respondeu<br />
o secretário de Estado<br />
do Emprego assumindo<br />
a disponibilidade do Governo<br />
para resolver todas<br />
as situações que «venham<br />
a ser identificadas como de<br />
efectiva precariedade», independentemente<br />
de estarem<br />
ou não identificadas<br />
no relatório inicial elaborado<br />
pelo Executivo.<br />
O secretário de Estado<br />
Miguel Cabrita falava no<br />
debate temático agendado<br />
por iniciativa do PCP sobre<br />
precariedade laboral<br />
na administração pública.<br />
Aí reconheceu que o relatório<br />
«Levantamento dos<br />
instrumentos de contratação<br />
de natureza temporária<br />
na Administração Pública»<br />
(elaborado por proposta<br />
do PCP ao Orçamento<br />
do Estado de 2016),<br />
que recenseou mais de 100<br />
mil precários, «não cobriu<br />
todas as situações contratuais».<br />
«2017 vai ser o ano de<br />
A precariedade<br />
é injusta para<br />
os trabalhadores<br />
e má para<br />
a qualidade<br />
dos serviços<br />
Realidade<br />
que envergonha<br />
A bancada comunista revelou no debate um<br />
conjunto de situações que testemunha bem a<br />
tremenda injustiça que é a precariedade e de como<br />
a vida e o futuro de quem a ela está sujeito ficam<br />
reféns e suspensos.<br />
Professores, por exemplo, que estão há mais de 20<br />
anos com contratos anuais sem terem uma<br />
vinculação ao Estado. Dramas humanos de quem,<br />
em certo casos, «anda centenas de quilómetros<br />
diários para a escola onde foi colocado», relatou<br />
António Filipe, ilustrando ocorrências identificadas<br />
entre os mais de 26 mil profissionais (três mil dos<br />
quais assistentes operacionais) contratados pelo<br />
Ministério da Educação.<br />
Como o de uma professora que aos 40 anos já<br />
passou por 24 escolas, situação que o deputado do<br />
PCP considerou «inaceitável quer do ponto de vista<br />
humano quer da mais elementar lógica de<br />
funcionamento dos serviços e das instituições». Ou,<br />
ainda, a situação de investigadores doutorados que<br />
«andam há 20 anos a viver sucessivamente de<br />
bolsas profissionais», como acontece em agronomia,<br />
quando o que deveriam ter é um emprego científico<br />
com estabilidade.<br />
Na área da saúde o panorama não é melhor, com<br />
António Filipe a dar o exemplo do Centro<br />
Hospitalar do Oeste onde há 180 assistentes<br />
operacionais precários há 18 anos. «Vemos<br />
enfermeiros com falsos recibos verdes, pessoas que<br />
resolvem necessidades permanentes mas estão a<br />
recibo verde, médicos contratados por empresas de<br />
trabalho temporário para trabalharem no SNS»,<br />
relatou, defendendo que tais situações «não podem<br />
continuar».<br />
arranque para o processo<br />
que vai resolver esta questão»,<br />
afiançou, depois de<br />
se comprometer que até final<br />
de Março o Governo<br />
apresentará uma proposta<br />
de lei com um «Programa<br />
de regularização extraordinária<br />
dos vínculos precários<br />
na administração pública»<br />
e que até final de<br />
Outubro «estarão montadas<br />
as estruturas que levarão<br />
a cabo este trabalho».<br />
O governante assegurou<br />
ainda que todos os precários<br />
que considerem estar<br />
a desempenhar um cargo<br />
A um posto de trabalho permanente deve corresponder<br />
um vínculo de trabalho efectivo, advoga o PCP, que diz ser<br />
este um combate central da democracia<br />
permanente, mesmo que<br />
não incluídos no relatório,<br />
poderão expor a sua situação<br />
junto das comissões bipartidas<br />
de avaliação (Governo<br />
e sindicatos) a criar<br />
em cada Ministério.<br />
Decência<br />
na contratação<br />
A abrir o debate, a deputada<br />
comunista Rita Rato<br />
sublinhara já a importância<br />
de «encontrar soluções<br />
específicas que respondam<br />
a cada sector, mas<br />
com o objectivo de resolver<br />
o problema da precariedade<br />
e não para encontrar<br />
justificações que deixem<br />
tudo na mesma». Sobre<br />
o levantamento na administração<br />
pública, no<br />
sector empresarial do estado<br />
e nas autarquias das<br />
situações de precariedade<br />
(recurso a contratos emprego-inserção,<br />
estágios, bolsas<br />
de investigação ou contratos<br />
de prestação de serviços),<br />
reiterou a exigência<br />
de que o «outsourcing, o<br />
trabalho temporário e a<br />
tempo parcial» não fiquem<br />
«de fora» deste processo.<br />
E entendendo que o «Estado<br />
deve ser uma referência<br />
para o conjunto da sociedade»,<br />
sublinhou que a<br />
erradicação do flagelo da<br />
Culpas no cartório<br />
Desconversar, entre muito ruído, e tentativa de<br />
desviar o debate da sua matéria substantiva – como<br />
o de vir falar da «reforma do Estado», por exemplo<br />
– foi um expediente a que recorreram as bancadas<br />
à direita da câmara. Dessa forma procuraram<br />
camuflar o seu comprometimento com a situação e<br />
a inexistência de vontade e propostas suas para a<br />
alterar. A espelhar bem, no fim de contas, a<br />
responsabilidade destes partidos pela «situação de<br />
precariedade a que se chegou, particularmente na<br />
administração pública», como salientou o deputado<br />
comunista António Filipe.<br />
Rita Rato, a este respeito, não deixou escapar<br />
alguns factos concretos que o<br />
atestam como seja o de o<br />
governo PSD/CDS-PP, entre<br />
2011 e 2015, nunca ter<br />
querido fazer o levantamento<br />
dos precários na administração<br />
pública. Mais, recusou sempre<br />
as propostas apresentadas pelo<br />
PCP nesse sentido, tal como<br />
recusou responder aos<br />
requerimentos que lhe foram<br />
dirigidos solicitando esses<br />
dados.<br />
A deputada comunista insistiu<br />
por isso na acusação àqueles<br />
partidos: «não querem discutir<br />
esta matéria pela razão simples<br />
de que estão de acordo e<br />
defendem a precariedade».<br />
E lembrou que a precariedade<br />
«não caiu do céu» e que tanto no privado como no<br />
público é «responsabilidade directa de sucessivos<br />
governos, em particular do anterior PSD/CDS-PP,<br />
que na administração pública aplicou as piores<br />
práticas do sector privado».<br />
precariedade e o emprego<br />
com direitos, no público e<br />
no privado, são uma «condição<br />
indispensável ao desenvolvimento<br />
o País».<br />
António Filipe, avaliando<br />
o trabalho em curso, expressou<br />
entretanto a congratulação<br />
da sua bancada<br />
por, «desta vez», estar a ser<br />
feito um «esforço sério» para<br />
resolver problemas para<br />
os quais o PCP há muito<br />
vem alertando.<br />
E asseverou que, da parte<br />
do Grupo comunista, será<br />
dada a «máxima contribuição<br />
para que, definitivamente,<br />
estes problemas<br />
sejam resolvidas, para bem<br />
destas pessoas, dos serviços<br />
públicos e da decência<br />
na contratação de profissionais<br />
por parte do Estado».<br />
Batalha sem tréguas<br />
A precariedade é uma realidade nefasta que se faz<br />
sentir há longos anos, mas que se acentuou de<br />
forma notória com o último governo PSD/CDS-PP.<br />
«A excepção transformou-se em regra», criticou<br />
Rita Rato, lamentando que em simultâneo, a par da<br />
banalização da precariedade, o contrato efectivo<br />
tenha passado a ser «miragem».<br />
Daí a severa crítica que dirigiu às bancadas à<br />
direita do hemiciclo a quem acusou de terem<br />
tentado «impor a precariedade como alternativa ao<br />
desemprego», sob a «falsa lógica de que "mais vale<br />
um estágio do que nada, um falso recibo verde, um<br />
contrato a prazo, uma bolsa"».<br />
Ora o que a vida se encarregou de comprovar é<br />
que a «alternativa ao desemprego não é a<br />
precariedade mas sim o emprego com direitos»,<br />
realçou a deputada comunista, sublinhando assim a<br />
necessidade imperiosa de erigir este combate à<br />
precariedade ao nível do compromisso do Estado, a<br />
exemplo do que se fez com a erradicação do<br />
trabalho infantil.
22 ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA<br />
23-2-2017<br />
Descentralização democrática do Estado<br />
Condições, autonomia e regionalização<br />
A descentralização de competências exige a<br />
recuperação e afirmação plena da autonomia<br />
do poder local, um quadro claro de<br />
condições que enquadrem essa transferência,<br />
um regime de financiamento com os<br />
meios apropriados.<br />
O que faz falta...<br />
Descentralizar<br />
implica o poder<br />
de executar mas<br />
também o poder<br />
de decidir<br />
Em resposta à deputada do PSD Berta Cabral, que se<br />
questionara sobre o facto de o PCP apresentar na AR<br />
um «discurso e um modelo distintos» do que é defendido<br />
pelo Governo, Paula Santos teve de lembrar, pela<br />
enésima vez, desmontando o sofisma, que o Grupo<br />
Parlamentar do PCP tem a sua «própria análise,<br />
diagnóstico, as suas posições e propostas» e é com essa<br />
premissa e postura que «intervém» neste e em todos os<br />
outros debates. Frisou, aliás, que sobre este tema da<br />
«descentralização, da organização do Estado», há muito<br />
que o PCP tem propostas sobre o mesmo, «não acordou<br />
agora para esta matéria».<br />
A propósito, aproveitou para dizer à deputada do PSD<br />
que não faz sentido falar de descentralização, nem falar<br />
de organização do Estado sem colocar a questão da<br />
criação das regiões administrativas.<br />
«Hoje há um conjunto de atribuições e competências que<br />
não estão bem na administração central, mas a solução<br />
também não passa pela administração local», realçou, o<br />
que do seu ponto de vista mostra bem a falta que faz a<br />
existência de regiões administrativas.<br />
Antes, na intervenção inicial, Paula Santos considerara<br />
já que «não é possível avançar para um efectivo, racional<br />
e sustentado processo de descentralização sem a<br />
instituição das regiões administrativas, como prevê a<br />
Constituição».<br />
Lembrara também que a regionalização cumpre três<br />
objectivos essenciais de uma verdadeira política<br />
descentralizadora, a saber: «dá coerência e delimita»<br />
atribuições e competências entre os vários níveis da<br />
administração (central, regional e local); potencia uma<br />
política de desenvolvimento regional envolvendo as<br />
autarquias e agentes económicos; garante a defesa da<br />
autonomia do poder local.»<br />
Em síntese, é este o enunciado<br />
de princípios em que<br />
assenta a perspectiva do<br />
PCP sobre a descentralização<br />
democrática do Estado,<br />
processo que em sua<br />
opinião implica necessariamente<br />
também a criação<br />
das regiões administrativas.<br />
É esta avaliação e corpo<br />
de ideias que estruturam<br />
um conjunto de propostas<br />
consubstanciadas em cinco<br />
iniciativas legislativas,<br />
cujo conteúdo foi dado a<br />
conhecer pela deputada comunista<br />
Paula Santos no<br />
decurso de uma declaração<br />
política que proferiu<br />
em nome da sua bancada,<br />
no dia 15, véspera da aprovação<br />
em Conselho de Ministros<br />
de uma proposta de<br />
descentralização de competências<br />
para as autarquias<br />
e entidades inter-municipais,<br />
abrangendo áreas como<br />
a educação, saúde, acção<br />
social e áreas portuárias.<br />
Ao levar o tema a plenário<br />
a bancada comunista<br />
quis à partida deixar bem<br />
claro que, hoje como no<br />
passado, a sua posição é<br />
de intransigente defesa e<br />
valorização da autonomia<br />
do poder local, «em coerência<br />
com uma organização<br />
do Estado assente na<br />
descentralização», capaz de<br />
responder «com maior eficácia<br />
às exigências» de prestação<br />
de melhor serviço público<br />
– e com isso melhorar<br />
a «qualidade e condições<br />
de vida das populações».<br />
E porque a descentralização<br />
é «um dos princípios<br />
constitucionais para a<br />
organização do Estado», a<br />
parlamentar do PCP considerou<br />
que o mesmo não<br />
se coaduna com «calendários<br />
precipitados», como<br />
parece ser o que o Governo<br />
quer impor, exigindo,<br />
sim, uma «reflexão séria,<br />
profunda e alargada».<br />
Paula Santos frisou, por<br />
outro lado, que a descentralização<br />
de competências<br />
deve ter por objectivo a<br />
melhoria da «acessibilidade<br />
e da qualidade do serviço<br />
público», bem como a<br />
elevação da capacidade e<br />
da eficiência de resposta<br />
aos problemas e necessidades<br />
das populações.<br />
Respeitar<br />
autonomia<br />
Outro aspecto central colocado<br />
pela deputada comunista<br />
é o que se refere<br />
às condições exigíveis para<br />
o pleno exercício das<br />
competências no quadro<br />
da descentralização e no<br />
rigoroso respeito pela autonomia<br />
do poder local.<br />
Aliás, a experiência do<br />
passado a este respeito não<br />
é propriamente «promissora»,<br />
como bem assinalou<br />
Paula Santos, que exemplificou:<br />
soluções que foram<br />
condicionadas pela «ausência<br />
de um nível de poder<br />
determinante no quadro da<br />
delimitação de competências»;<br />
«persistente subfinanciamento»<br />
das autarquias<br />
ou «contínuo arbítrio»<br />
de incumprimento de<br />
regimes financeiros; restrições<br />
e ingerência na autonomia<br />
do poder local, cenário<br />
este agravado sobremaneira<br />
num passado recente.<br />
Por saber que este quadro<br />
de asfixia financeira<br />
criou dificuldades à capacidade<br />
de intervenção das<br />
autarquias a bancada comunista<br />
defende que a<br />
«primeira prioridade» deve<br />
assentar na reposição<br />
das condições que permitam<br />
que as actuais competências<br />
possam ser realizadas.<br />
Assegurar<br />
meios<br />
Para o PCP, a descentralização<br />
de competências exige,<br />
por um lado, a «identificação<br />
e avaliação dos seus<br />
impactes e sua perspectiva<br />
de evolução, quanto às<br />
condições financeiras, humanas,<br />
organizacionais e<br />
materiais», e, por outro lado,<br />
a garantia de «autonomia<br />
administrativa e financeira<br />
das autarquias».<br />
Sem isso, advertiu Paula<br />
Santos, o que se faz é<br />
«transferir novos encargos<br />
e problemas não resolvidos,<br />
cuja resolução permanecerá<br />
comprometida».<br />
«Descentralização não<br />
pode significar a desresponsabilização<br />
do Estado,<br />
não pode corresponder à<br />
transferência de encargos<br />
e de descontentamento das<br />
populações relativamente<br />
ao que é incómodo para o<br />
Governo, passando o odioso<br />
para os outros», sublinhou<br />
a deputada do PCP,<br />
rejeitando de forma categórica<br />
que possa de alguma<br />
maneira ser posta em<br />
causa a «universalidade de<br />
funções sociais do Estado<br />
e de direitos constitucionais»<br />
ou «introduzir mais<br />
desigualdades e mais assimetrias<br />
entre os territórios».<br />
Sem deixar de valorizar<br />
a «proximidade e o conhecimento<br />
da realidade concreta»,<br />
a parlamentar salientou<br />
não ser essa porém<br />
a «questão central», mas<br />
sim a «garantia dos meios<br />
adequados para dar a resposta<br />
à altura de cada situação<br />
ou problema concreto».<br />
O mesmo vale para o<br />
princípio da subsidariedade,<br />
com Paula Santos a observar<br />
que a sua aferição<br />
A descentralização de competências não pode significar<br />
a desresponsabilização do Estado com a transferência<br />
de encargos e do que é incómodo para o Governo<br />
Dar condições é fundamental<br />
Embora haja uma aparente<br />
concordância das forças políticas<br />
representadas na AR quanto ao<br />
princípio da descentralização, a grande<br />
questão para o PCP continua a residir<br />
nas condições em que se opera essa<br />
descentralização, nomeadamente<br />
quanto às «questões financeiras,<br />
humanas, organizacionais, materiais».<br />
É que, explicou Paula Santos – e com<br />
isto respondia à deputada do PS<br />
Susana Amador, que perante um<br />
Estado «demasiado centralista»<br />
defendeu «um salto qualitativo» que<br />
cumpra os «dispositivos constitucionais<br />
em relação à descentralização, à<br />
autonomia do poder local e à<br />
subsidariedade» –, as autarquias estão<br />
ainda numa situação complicada<br />
decorrente do que foram as opções<br />
políticas do anterior governo PSD/CDS-<br />
-PP, não podendo essa realidade<br />
deixar de ser tida em conta. Aliás,<br />
observou, essa consideração tem de ser<br />
feita no actual contexto para o exercício<br />
das competências que já hoje as<br />
autarquias têm que assegurar. Daí o<br />
PCP entender que neste debate, para<br />
além de enunciação das competências<br />
que o poder local deve ter, é «preciso<br />
ver as condições para o fazer».<br />
Já ao deputado do CDS Álvaro Castelo<br />
Branco, que falara da necessidade de<br />
não se faz «pelo nível mais<br />
próximo de exercício de<br />
uma determinada competência,<br />
mas sim pela identificação<br />
do nível de administração<br />
que está em melhores<br />
condições de a exercer<br />
com proximidade».<br />
Paula Santos fez ainda<br />
questão de esclarecer as<br />
diferenças entre «descentralização,<br />
desconcentração<br />
e transferência de competências»<br />
– há quem insista<br />
intencionalmente e<br />
não por ignorância em tratar<br />
os diferentes conceitos<br />
«como se fosse tudo a mesma<br />
coisa», criticou –, sublinhando<br />
que «descentralizar<br />
implica o poder de<br />
executar mas também, e<br />
indispensavelmente, o poder<br />
de decidir».<br />
um «amplo debate público» prévio à<br />
criação das regiões administrativas,<br />
vendo por isso como «prematura» a<br />
apresentação de uma iniciativa sobre<br />
esta matéria, Paula Santos fez notar<br />
que o PCP – ao contrário do que fez o<br />
CDS-PP e o PSD no governo, em que<br />
tomaram um conjunto de opções contra<br />
a vontade das populações e ignorando<br />
a posição dos órgãos autárquicos, como<br />
foi a extinção de freguesias –, deseja<br />
ver as suas propostas «amplamente<br />
discutidas, abrir este debate da<br />
descentralização e regionalização».<br />
A deputada comunista não deixou até<br />
de registar a falta de nexo da pergunta<br />
do deputado do CDS-PP, uma vez que,<br />
recordou, a Constituição no seu artigo<br />
256.º exige a consulta popular para a<br />
criação das regiões administrativas – e<br />
é nesse sentido que vai a proposta do<br />
PCP.<br />
E reiterou que o PCP quer este debate,<br />
ao contrário das bancadas à direita, a<br />
quem acusou de «não o quererem<br />
fazer» e de optarem por «manter um<br />
Estado concentrado», depois de terem<br />
encerrado muitos serviços<br />
desconcentrados do Estado e com isso<br />
criado «imensas dificuldades às<br />
populações e aos territórios,<br />
contribuindo para maiores<br />
desigualdades e assimetrias».
23-2-2017 ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA<br />
23<br />
Com o contributo decisivo do PCP<br />
PEC tem finalmente os dias contados<br />
O regime tributário injusto e penalizador das<br />
micro e pequenas empresas que é o Pagamento<br />
Especial por Conta (PEC) vai ser eliminado<br />
e substituído por um regime adequado.<br />
Propostas<br />
do PCP<br />
Uma proposta de «lei-<br />
-quadro» que defina com<br />
rigor as condições para a<br />
transferência de<br />
competências para as<br />
autarquias, seu exercício e<br />
articulação entre vários<br />
níveis da administração,<br />
constitui um dos projectos<br />
de lei a formalizar em breve<br />
pela bancada comunista,<br />
que tem concluído um outro<br />
sobre um novo «regime de<br />
financiamento» (Lei de<br />
Finanças Locais) que<br />
respeite o «princípio<br />
constitucional da justa<br />
repartição de recursos do<br />
Estado», garanta a<br />
estabilidade da sua<br />
aplicação, e recupere os<br />
«níveis de financiamento<br />
negados por<br />
incumprimentos e cortes de<br />
montantes».<br />
Paula Santos referiu que<br />
um terceiro projecto de lei<br />
diz respeito à criação da<br />
autarquia metropolitana<br />
com competências<br />
centradas na «articulação,<br />
planeamento e coordenação<br />
de funções e redes de<br />
dimensão metropolitana,<br />
que rompa com o modelo<br />
híbrido de entidade<br />
associativa municipal de<br />
carácter forçado».<br />
Entregues no Parlamento<br />
serão, ainda, duas<br />
iniciativas de criação das<br />
regiões administrativas,<br />
«como condição maior de<br />
uma estratégia de<br />
descentralização, com<br />
fixação de calendário e<br />
metodologia que assegure a<br />
sua efectivação em 2019».<br />
O contributo<br />
do PCP foi<br />
fundamental<br />
para se acabar<br />
com o PEC<br />
Do debate resultou claro que para o PSD<br />
e o CDS-PP este era um tema incómodo.<br />
Das suas bancadas ouviu-se a<br />
desvalorização da medida agora<br />
aprovada – «é um remendo», disse Luís<br />
Campos Ferreira (PSD) –, mas sobretudo<br />
uma renovada diatribe contra o aumento<br />
do salário mínimo nacional – «que é<br />
insustentável», repetiu o deputado<br />
laranja, no que foi acompanhado numa<br />
versão mais suave por Filipe Anacoreta<br />
Correia (CDS-PP).<br />
E não quiseram falar do PEC porque,<br />
como observou Paulo Sá, «sabem bem o<br />
que fizeram nesta matéria».<br />
As poucas palavras que o PSD dedicou<br />
ao assunto – foi para dizer que sempre<br />
Dando voz aos micro e pequenos empresários o PCP bateu-se como nenhuma outra força<br />
política, desde a primeira hora, pela eliminação do PEC<br />
O passo decisivo para esse<br />
efeito foi dado no Parlamento,<br />
sexta-feira passada,<br />
17, com a aprovação<br />
de diplomas do PCP e do<br />
Governo que dão expressão<br />
concreta à proposta da<br />
bancada comunista apresentada<br />
no Orçamento do<br />
Estado para 2017 com vista<br />
à eliminação do PEC e<br />
à criação de um novo regime<br />
simplificado.<br />
O diploma comunista, que<br />
é no fundo complementar<br />
ao do Governo – estabelece<br />
que o novo regime deve<br />
basear-se em coeficientes<br />
técnico-económicos por<br />
sector e ramo de actividade,<br />
cujo apuramento deverá<br />
estar a cargo de uma comissão<br />
integrando representantes<br />
das MPME e dos<br />
contabilistas –, obteve os<br />
votos favoráveis, além do<br />
seu autor, do PS, PEV, BE<br />
e PAN. Contra estiveram<br />
PSD e CDS-PP.<br />
A proposta de lei do Governo<br />
(aprovada com os votos<br />
contra do PSD, a abstenção<br />
do CDS-PP e os votos<br />
favoráveis das restantes<br />
bancadas) prevê a eliminação<br />
do PEC até final<br />
de 2018, assim como uma<br />
redução de 100 euros no<br />
PEC para todas as empresas<br />
a ele sujeitas, para vigorar<br />
em 2017 e 2018, e<br />
uma descida adicional de<br />
12,5 por cento do remanescente<br />
da colecta paga<br />
por cada empresa. Segundo<br />
as estimativas do secretário<br />
de Estado dos Assuntos<br />
Fiscais, Rocha Andrade,<br />
a medida permitirá às<br />
empresas poupar cerca de<br />
35 milhões de euros já este<br />
ano.<br />
«Esta é uma vitória das<br />
micro e pequenas empresas<br />
para a qual o PCP deu<br />
um contributo decisivo»,<br />
afirmou o deputado comunista<br />
Paulo Sá, sintetizando<br />
o valor e alcance do ganho<br />
obtido e o papel-chave<br />
que para este desfecho teve<br />
em todo o processo a acção<br />
e persistência do Partido.<br />
A má consciência do PSD e CDS<br />
esteve disponível para reduzir o PEC –<br />
correspondem aliás a uma falsidade,<br />
como bem assinalou o parlamentar do<br />
PCP, que lembrou que desde que o PEC<br />
foi criado em 1998 o PSD e o CDS-PP<br />
estiveram por duas vezes no governo e o<br />
que fizeram foi, em 2003, aumentar o<br />
seu valor de 500 para 1250 euros, e que<br />
10 anos volvidos, aquando da reforma do<br />
IRC, com novo governo PSD/CDS-PP,<br />
tentaram aumentá-lo para 1750 euros,<br />
tentativa derrotada pelos MPME.<br />
«É esta a história do PSD e do CDS-PP<br />
sobre o PEC, que vai acabar não pela<br />
mão destes partidos mas com o<br />
contributo decisivo do PCP», rematou<br />
Paulo Sá.<br />
Ilegalização do PC da Ucrânia<br />
Aprovado voto de condenação<br />
A Assembleia da República condenou, sexta-feira<br />
passada, 17, o processo de ilegalização<br />
do Partido Comunista da Ucrânia. Apresentado<br />
pela bancada comunista, o voto apela<br />
em simultâneo à «revogação da lei anti-democrática<br />
em que se sustenta, garantindo ao<br />
povo ucraniano o exercício dos direitos, liberdades<br />
e garantias fundamentais».<br />
O texto contra a ilegalização dos comunistas<br />
ucranianos foi aprovado pelas bancadas<br />
do PS, PCP, PEV, BE e PAN e teve o voto<br />
contra de PSD e CDS. Nele se lê que a lei<br />
de 2015, ao abrigo da qual o Ministério da<br />
Justiça da Ucrânia «desencadeou a proibição<br />
da actividade do PCU e sua consequente ilegalização»,<br />
é anti-democrática e «contraria<br />
normas e convenções do direito internacional».<br />
A referida lei que ilegaliza o PCU é ainda<br />
considerada um «grave atentado ao exercício<br />
de direitos, liberdades e garantias fundamentais».<br />
A deputada comunista Carla Cruz sublinhou<br />
a este propósito que as notícias que chegam<br />
daquele país confirmam o «acerto da<br />
avaliação do PCP sobre os acontecimentos<br />
que conduziram ao golpe de Estado de 2014,<br />
patrocinado por forças ucranianas de cariz<br />
fascista», pondo em evidência esse «quadro<br />
de crescente repressão, violação das liberdades<br />
e direitos fundamentais».<br />
Um voto de condenação pelo continuado<br />
estado de guerra no Leste europeu, apresentado<br />
pelo PSD, foi também aprovado por todas<br />
as bancadas, excepto do PEV e BE que<br />
se abstiveram. No texto defende-se uma solução<br />
pacífica para a «instauração da paz e<br />
segurança» das populações.<br />
Já rejeitado pelos votos contra do PSD e<br />
CDS-PP, com a abstenção do PS e os votos<br />
favoráveis das restantes bancadas, foi um outro<br />
voto apresentado pelo PCP, este de condenação<br />
pela tensão na Península da Coreia.<br />
Na sua parte deliberativa o texto expressava<br />
«preocupação pela manutenção da tensão na<br />
O deputado comunista<br />
lembrou nomeadamente que<br />
desde que foi criado em<br />
1998 o PEC sempre mereceu<br />
a oposição firme do<br />
PCP e foi objecto de propostas<br />
concretas para a sua<br />
eliminação. E por isso considerou<br />
ter sido este «mais<br />
um importante contributo<br />
do PCP para a melhoria da<br />
situação das micro e pequenas<br />
empresas», a juntar<br />
a outras propostas da<br />
bancada comunista já formalizadas<br />
referentes à simplificação<br />
das obrigações<br />
tributárias, à facilitação do<br />
acesso ao crédito e à redução<br />
dos custos com os factores<br />
de produção.<br />
E uma certeza quanto ao<br />
caminho foi também deixada<br />
no debate por Paulo<br />
Sá: há ainda muito a fazer<br />
em defesa das MPME, uma<br />
defesa que «é parte integrante<br />
da política patriótica<br />
e de esquerda que o<br />
PCP propõe ao povo português».<br />
Península da Coreia e na região Ásia-Pacífico»,<br />
reafirmava a «urgência da abolição das<br />
armas nucleares de forma simultânea e controlada»<br />
e apelava ao incremento de iniciativas<br />
que, «no quadro do respeito pelos princípios<br />
da Carta das Nações Unidas, tenham<br />
em vista a desmilitarização da Península da<br />
Coreia e a sua reunificação pacífica, reconhecendo<br />
ao povo coreano o direito à paz e<br />
contribuindo para o desanuviamento nesta<br />
região».<br />
Votos de condenação do PSD e BE pelo<br />
lançamento recente de um míssil por parte<br />
da Coreia do Norte foram no mesmo dia aprovados<br />
no Parlamento, ambos com a abstenção<br />
do PCP.<br />
Um voto do PCP de condenação pela operação<br />
de desestabilização e agressão contra<br />
a República Árabe Síria foi ainda rejeitado<br />
pelos votos contra do PSD, PS e CDS-PP,<br />
com a abstenção de BE e o voto favorável<br />
das restantes bancadas.
24 EUROPA<br />
23-2-2016<br />
Deriva securitária<br />
e o fim de Schengen<br />
João Pimenta Lopes<br />
Aúltima sessão<br />
plenária foi<br />
pródiga na<br />
aprovação de textos, substantivos<br />
no conteúdo e no alcance, que<br />
consolidam o caminho de<br />
aprofundamento do processo de<br />
integração capitalista europeu.<br />
Desde a aprovação do CETA –<br />
mega tratado de livre comércio<br />
entre a UE e o Canadá que trará<br />
graves prejuízos para países como<br />
Portugal –, à aprovação do<br />
pacote sobre o «Futuro da<br />
União», que desenha uma<br />
inaceitável fuga em frente perante<br />
a profunda crise na e da EU,<br />
passando pelo pacote do<br />
«Semestre Europeu» –<br />
defendendo o aprofundamento da<br />
governação económica, do<br />
mercado único, do<br />
branqueamento social deste<br />
instrumento, apertando ainda<br />
mais o garrote aos estados-<br />
-membro – ou ainda a Estratégia<br />
de Aviação para a Europa, um<br />
instrumento ao serviço das<br />
grandes multinacionais para a<br />
criação de um oligopólio que<br />
espolia os estados deste sector<br />
estratégico. Todos eles, foram<br />
aprovados, sem surpresa, por PS,<br />
PSD e CDS, cunhando ainda<br />
mais o rumo de perda de<br />
soberania de Portugal e de<br />
submissão e constrangimento à<br />
UE, tratados e políticas.<br />
Dois outros documentos foram<br />
aprovados, que merecem<br />
destaque por se tratarem de<br />
textos legislativos.<br />
A implosão de Schengen<br />
Temo-lo afirmado: a livre<br />
circulação de pessoas, um dos<br />
primados do mercado único,<br />
nunca o chegou a ser. Com a<br />
aprovação do relatório «reforço<br />
dos controlos nas fronteiras<br />
externas por confronto com as<br />
bases de dados pertinentes»<br />
podemos afirmar que se esse<br />
objectivo alguma vez existiu,<br />
acabou de implodir. A alteração<br />
legislativa ao Código Schengen, a<br />
pretexto do alegado e<br />
instrumentalizado «combate ao<br />
terrorismo», introduz controlos<br />
sistemáticos obrigatórios e<br />
confrontação com as bases de<br />
dados relevantes, nomeadamente<br />
do Sistema de Informação de<br />
Schengen – que se pretende seja<br />
reforçado – e da Interpol, de<br />
todos os cruzamentos das<br />
fronteiras externas, por terra, mar<br />
ou ar, de toda e qualquer pessoa<br />
que entre ou saia, sejam cidadãos<br />
de países terceiros, cidadãos de<br />
estados-membro da UE ou de<br />
pessoas que gozem do direito de<br />
livre circulação dentro do espaço<br />
Schengen. Controlos que incluem<br />
a verificação e recolha de dados<br />
biométricos, num articulado que<br />
exige aos EM que transitem os<br />
seus sistemas de identificação<br />
para documentos digitais de<br />
leitura óptica por um lado, e que<br />
assegurem a instalação do<br />
equipamento necessário para<br />
proceder a estas verificações,<br />
garantindo a necessária formação<br />
ao pessoal, por outro. Está bom<br />
de ver, também, que interesses<br />
económicos se movem por detrás<br />
destas estratégias, quando a sua<br />
implementação representará<br />
custos substantivos para os EM.<br />
À excepção de dois deputados do<br />
PS que votaram contra, os<br />
deputados de PS, PSD e CDS<br />
votaram favoravelmente esta proposta.<br />
«Luta» contra o «terrorismo»<br />
O argumentário não é novo. É<br />
necessário «responder» aos<br />
atentados em solo europeu e «dar<br />
combate» aos chamados<br />
«combatentes estrangeiros». Do<br />
terrorismo e destes ditos<br />
combatentes, das suas origens e<br />
causas, nem uma palavra de<br />
enquadramento e de<br />
responsabilização da UE no<br />
fenómeno. A proposta legislativa<br />
visa a criminalização de<br />
«actividades relacionadas com<br />
práticas terroristas». A ausência<br />
de uma definição de<br />
«terrorismo», e o âmbito lato e<br />
pouco enquadrado com que as<br />
medidas e pessoas jurídicas<br />
susceptíveis de serem acusadas<br />
são propostas, levarão à<br />
generalização da criminalização<br />
por «práticas ligadas ao<br />
terrorismo», com questionável<br />
causalidade. A simples prática de<br />
visitar um website, ou de viajar<br />
para determinadas regiões<br />
poderá constituir base legal para<br />
detenção e criminalização. Os<br />
EM passarão a dispor de livre<br />
arbítrio para o encerramento de<br />
websites, sem necessidade de<br />
autorização judicial. Num<br />
momento em que as instituições<br />
da UE tanto falam da pretensa<br />
«radicalização», contribuem para<br />
esticar a corda da marginalização<br />
e exclusão, acirrando estigmas e<br />
sentimentos de repulsa de parte a<br />
parte. Todos os deputados de PS,<br />
PSD e CDS votaram,<br />
lamentavelmente, a favor do<br />
relatório.<br />
Duas perigosas iniciativas<br />
legislativas que prosseguem a<br />
deriva securitária da UE,<br />
consolidando uma Europa<br />
Fortaleza que faz tábua rasa dos<br />
mais basilares direitos e<br />
liberdades, impondo o controlo, o<br />
registo, a criação de perfis, a<br />
censura.<br />
Em Madrid, dez mil pessoas participaram na manifestação contra a carestia de vida<br />
Semana de acções de luta em Espanha<br />
Salários e emprego<br />
As centrais sindicais de Espanha CCOO e<br />
UGT terminam hoje, 23, uma série de acções<br />
realizadas em mais de 40 cidades pelo<br />
aumento de salários e emprego com direitos.<br />
Sindicatos<br />
espanhóis exigem<br />
aumentos<br />
salariais de 3%<br />
A semana de acção iniciou-se<br />
no domingo, 19,<br />
com uma manifestação em<br />
Madrid, encabeçada pelos<br />
secretários gerais da UGT<br />
e CCOO, Pepe Álvarez e<br />
Ignacio Fernández Toxo.<br />
Sob o lema «Stop à carestia<br />
de vida. Emprego e<br />
salários dignos», as manifestações<br />
foram convocadas<br />
em protesto contra o<br />
empobrecimento gerado<br />
pela inflação face ao congelamento<br />
dos salários e<br />
pensões e aumento da precariedade<br />
laboral.<br />
«A situação de pobreza<br />
que se vive no nosso país<br />
é insuportável», declarou<br />
o secretário-geral da UGT,<br />
Pepe Álvarez, lembrando<br />
que «ao mesmo tempo que<br />
dezenas de milhares de famílias<br />
não têm meios para<br />
chegar ao fim do mês, um<br />
punhado de indivíduos acumulam<br />
riquezas infinitas».<br />
Par além das manifestações<br />
nos principais centros<br />
urbanos, os sindicatos promoveram<br />
protestos locais<br />
junto das delegações e subdelegações<br />
do governo, em<br />
frente das sedes patronais<br />
regionais e de organismos<br />
da administração pública.<br />
Os protestos fizeram-se<br />
ouvir em praticamente todas<br />
as comunidades autónomas,<br />
com particular expressão<br />
na Andaluzia, Galiza<br />
e Aragão.<br />
Em Madrid, cerca de dez<br />
mil pessoas participaram<br />
na manifestação que ligou<br />
a Praça de Neptuno à Porta<br />
do Sol, onde intervieram<br />
os líderes sindicais.<br />
Ambas as centrais exigem<br />
o desbloqueamento da<br />
contratação colectiva, com<br />
vista ao aumento dos salários,<br />
para fazer face à subida<br />
de preços e travar a<br />
perda de poder de compra<br />
dos trabalhadores e pensionistas.<br />
Com uma taxa de inflação<br />
que atingiu os três por<br />
cento em Janeiro, os sindicatos<br />
reclamam actualizações<br />
salariais entre os 1,8<br />
e os três por cento, frisando<br />
que nos últimos oito<br />
anos os salários, pensões e<br />
prestações sociais sofreram<br />
uma desvalorização acentuada,<br />
agora agravada pelo<br />
disparo dos preços dos<br />
serviços básicos, da electricidade<br />
e do gás.<br />
Os sindicatos anunciam<br />
novas acções para Março,<br />
centradas na contratação<br />
colectiva, que podem incluir<br />
greves sectoriais, e<br />
não excluem a hipótese de<br />
uma greve geral.<br />
Manifestação gigante<br />
em Barcelona<br />
Cerca de 160 mil pessoas participaram,<br />
dia 18, em Barcelona numa manifestação<br />
a favor do acolhimento imediato dos refugiados<br />
que chegam à Europa.<br />
A marcha, organizada sob o lema «Queremos<br />
acolher» pela plataforma «Casa nostra,<br />
casa vostra», foi apoiada pela maioria<br />
dos partidos políticos catalães, sindicatos<br />
e numerosas organizações da sociedade<br />
civil catalãs.<br />
A presidente do segundo maior município<br />
de Espanha, Ada Colau, apelou à<br />
participação massiva na iniciativa, que reclamou<br />
um maior empenhamento das autoridades<br />
de Espanha no acolhimento de<br />
refugiados e lançou críticas à política europeia<br />
nesta matéria.<br />
A Espanha, como muitos outros estados-membros,<br />
está longe de cumprir a<br />
quota de acolhimento estipulada por Bruxelas.<br />
Dos 16 mil candidatos a asilo que<br />
deveria ter recebido, apenas 1100 chegaram<br />
ao país até ao momento.<br />
A manifestação terminou simbolicamente<br />
junto ao Mar Mediterrâneo, onde mais<br />
de cinco mil migrantes perderam a vida<br />
em 2016.
23-2-2017 EUROPA<br />
25<br />
Espanha adia<br />
reforma<br />
dos portos<br />
O governo de Espanha<br />
decidiu adiar a aprovação<br />
em Conselho de Ministros<br />
do projecto que altera as<br />
regras do trabalho de<br />
estiva nos portos do país.<br />
Perante a convocação de<br />
uma greve no sector, o<br />
ministro do Fomento<br />
decidiu alargar o prazo<br />
das negociações, em troca<br />
da desconvocação da<br />
paralisação.<br />
As estruturas<br />
representativas dos<br />
trabalhadores aceitaram a<br />
proposta, na esperança de<br />
chegar a um acordo<br />
favorável aos<br />
trabalhadores.<br />
O recuo do governo<br />
verificou-se depois de o<br />
PSOE e a coligação<br />
Unidos Podemos terem<br />
declarado que não<br />
apoiariam o projecto no<br />
parlamento. Também o<br />
Ciudadanos pediu o<br />
adiamento da adopção<br />
diploma, deixando o<br />
governo minoritário do PP<br />
completamente isolado.<br />
As negociações decorrem<br />
agora entre sindicatos e<br />
representantes do<br />
patronato com vista à<br />
conclusão de um convénio<br />
colectivo, que poderá ser<br />
depois incluído no decreto<br />
de lei.<br />
Mas o conflito poderá<br />
reacender-se caso o<br />
governo não reveja as<br />
principais directrizes da<br />
reforma.<br />
Migrantes<br />
forçam fronteira<br />
em Ceuta<br />
Centenas de pessoas<br />
forçaram, na madrugada<br />
de dia 17, a fronteira do<br />
enclave espanhol de Ceuta,<br />
em Marrocos.<br />
A guarda civil calcula que<br />
cerca de 500 imigrantes<br />
conseguiram penetrar na<br />
cidade, havendo vários<br />
feridos entre eles e as<br />
forças da ordem, segundo<br />
noticiou a AFP.<br />
A Cruz Vermelha informou<br />
ter prestado assistência a<br />
400 pessoas, acolhidas no<br />
centro de retenção de<br />
Ceuta.<br />
O enclave, rodeado por<br />
uma vedação metálica<br />
dupla com seis metros de<br />
altura e uma extensão de<br />
oito quilómetros, constitui,<br />
juntamente com a cidade<br />
de Melila, a única fronteira<br />
terrestre entre o continente<br />
africano e a União Europeia.<br />
Apesar de pouco<br />
noticiadas, as investidas<br />
contra a fronteira são<br />
frequentes. A última<br />
tentativa tinha ocorrido na<br />
noite do ano novo, quando<br />
cerca de mil pessoas<br />
arriscaram a passagem sem<br />
sucesso.<br />
CETA favorece multinacionais à custa dos povos<br />
Acordo para rebaixar direitos<br />
O Parlamento Europeu aprovou, dia 15, em<br />
Estrasburgo, o tratado comercial entre União<br />
Europeia e Canadá (CETA), no ambiente de<br />
fortes protestos dentro e fora do hemiciclo.<br />
O polémico acordo obteve<br />
um amplo apoio da parte<br />
dos maiores grupos políticos,<br />
recolhendo 408 votos<br />
a favor, 254 contra e<br />
33 abstenções. Entre os<br />
votos a favor contaram-se<br />
os dos deputados do PS,<br />
PSD, CDS-PP e MPT.<br />
Os deputados do PCP<br />
votaram contra por considerarem<br />
que o acordo será<br />
profundamente lesivo<br />
dos interesses de Portugal.<br />
Como recordam em comunicado,<br />
«as negociações<br />
entre a UE e o Canadá para<br />
firmar o CETA iniciaram-se<br />
em 2009 e foram<br />
marcadas por um profundo<br />
défice democrático».<br />
Após a forte expressão<br />
O «futuro da União Europeia» esteve<br />
em debate na passada semana<br />
no Parlamento Europeu, com a discussão<br />
e votação de três relatórios<br />
sobre alterações a introduzir no quadro<br />
institucional da UE e sobre a zona<br />
euro.<br />
Os relatórios defendem novas restrições<br />
à soberania dos estados, com<br />
a concentração de mais poder nas instâncias<br />
supranacionais controladas pelas<br />
grandes potências, com vista a impor<br />
o cumprimento de «novas disposições<br />
legais em matéria de política<br />
económica e de reformas estruturais».<br />
Advogam o fim das decisões por<br />
unanimidade no Conselho Europeu<br />
(chefes de Estado e de Governo), um<br />
importante instrumento de defesa<br />
dos interesses dos estados com menor<br />
poder no processo decisório, e<br />
propõem a criação de um «ministro<br />
das Finanças da UE».<br />
No plano económico é preconizado<br />
PS, PSD, CDS-PP<br />
e MPT<br />
votaram a favor<br />
do CETA<br />
da rejeição deste acordo<br />
por parte de largos sectores<br />
da opinião em vários<br />
países, a UE viu-se obrigada<br />
a considerar o CETA<br />
como um acordo de natureza<br />
«mista», o que implica<br />
a sua ratificação por<br />
parte de cada um dos estados-membros,<br />
nomeadamente<br />
pelos seus parlamentos<br />
nacionais.<br />
Entretanto, os deputados<br />
do PCP alertam que a Comissão<br />
Europeia pretende<br />
agora que o acordo entre<br />
em vigor de forma parcial<br />
e provisória, ou seja, sem<br />
a ratificação dos parlamentos<br />
nacionais.<br />
Natureza<br />
antidemocrática<br />
A Comissão Europeia alega<br />
que só entra em vigor a<br />
parte que corresponde às<br />
denominadas «competências<br />
exclusivas» da UE e<br />
não a parte das «competências<br />
partilhadas» com os<br />
estados.<br />
O PCP «rejeita categoricamente<br />
tal propósito, na<br />
medida em que tal constituiria<br />
mais um inaceitável<br />
desrespeito pela soberania<br />
dos estados», sublinham os<br />
deputados comunistas, considerando<br />
que tal pretensão<br />
«é uma expressão da<br />
Dentro e fora do hemiciclo multiplicaram-se os protestos contra a aprovação do CETA<br />
Relatórios defendem fim da unanimidade<br />
o aprofundamento do mercado único<br />
(nomeadamente nos sectores financeiro,<br />
energético e digital) e da dita<br />
«livre concorrência», que debilitará<br />
as economias mais pequenas e débeis.<br />
Defende-se ainda a reorientação dos<br />
fundos estruturais para o financiamento<br />
do chamado Plano Juncker e das<br />
parcerias público-privado, ou seja, o<br />
financiamento público directo aos monopólios<br />
transnacionais.<br />
Na vertente militar, os relatórios insistem<br />
numa política «externa» e de<br />
«defesa» articulada com os «interesses<br />
estratégicos da EU»; uma «parceria<br />
política e militar abrangente UE-<br />
-NATO»; a criação de uma «Capacidade<br />
Militar de Planeamento e Condução<br />
de Operações»; a institucionalização<br />
das diferentes estruturas militares<br />
existentes, aumentando o seu financiamento;<br />
e o reforço do papel da<br />
Agência Europeia de Defesa, nomeadamente<br />
no que se refere à produção<br />
natureza antidemocrática<br />
da UE».<br />
Os deputados sublinham<br />
que «o CETA tem como<br />
principal objectivo avançar<br />
ainda mais na liberalização<br />
do comércio e serviços,<br />
tentando eliminar quaisquer<br />
barreiras ao domínio<br />
das grandes multinacionais<br />
sobre as economias de estados<br />
soberanos».<br />
«O CETA é um instrumento<br />
para rebaixar os direitos<br />
sociais, laborais, ambientais<br />
e de saúde pública,<br />
para colocar os interesses<br />
das multinacionais acima<br />
dos direitos e interesses<br />
dos povos e das constituições<br />
e soberania dos estados,<br />
representando mais<br />
um passo na escalada de<br />
liberalização do comércio<br />
mundial – com graves consequências<br />
para Portugal.<br />
«O CETA é na verdade<br />
um TTIP disfarçado, porque<br />
cerca de 24 mil empresas<br />
dos EUA operam<br />
no Canadá, 81 por cento<br />
das companhias canadianas<br />
estão ligadas, como<br />
subsidiárias, a empresas<br />
dos EUA, e perante o impasse<br />
em torno do TTIP,<br />
o CETA será a sua porta<br />
de entrada na UE.<br />
«O PCP continuará a desenvolver<br />
a sua intervenção<br />
contra este acordo, seja<br />
no Parlamento Europeu,<br />
seja no plano nacional, e<br />
nomeadamente na Assembleia<br />
da República, onde<br />
já apresentou diversas iniciativas<br />
no sentido da rejeição<br />
deste acordo que é<br />
prejudicial para os interesses<br />
do País.»<br />
UE quer mais restrições à soberania<br />
de armamento.<br />
É ainda aberta a porta para a criação<br />
de um serviço de informações da<br />
UE, que se articule com as forças policiais<br />
e propõe-se a «externalização<br />
de fronteiras da UE», mediante acordos<br />
com países terceiros, à semelhança<br />
do celebrado com a Turquia.<br />
Em comunicado divulgado dia 16,<br />
os deputados do PCP no PE salientam<br />
que «o actual debate sobre “o<br />
futuro da UE” confirma a perenidade<br />
da aliança entre a direita e a social-democracia<br />
europeias».<br />
Para o PCP, «o futuro da Europa<br />
passa pela afirmação de um outro<br />
quadro de relacionamento entre estados<br />
soberanos e iguais em direitos,<br />
de progresso social e paz, ou seja<br />
passa por confrontar e derrotar a<br />
União Europeia e os interesses das<br />
grandes potências, como a Alemanha,<br />
e dos grupos monopolistas que<br />
serve e defende».<br />
Credit Suisse<br />
corta pessoal<br />
O Credit Suisse, segundo<br />
maior banco helvético,<br />
anunciou, dia 14, uma<br />
nova redução de efectivos<br />
que pode atingir 6500<br />
trabalhadores.<br />
Já em 2016 o banco<br />
eliminou 7250 postos de<br />
trabalho, no âmbito de um<br />
plano de redução dos<br />
custos operacionais.<br />
No mesmo dia, a entidade<br />
bancária revelou ter<br />
fechado o ano com<br />
prejuízos de 2438 milhões<br />
de francos suíços (2285<br />
milhões de euros),<br />
resultantes em grande parte<br />
da multa que terá de pagar<br />
às autoridades norte-<br />
-americanas, num processo<br />
sobre a venda de activos<br />
«tóxicos».<br />
O acordo com a Justiça dos<br />
EUA prevê o pagamento<br />
de 5055 milhões de euros,<br />
metade como coima e o<br />
restante para indemnizar<br />
clientes nos próximos cinco<br />
anos.<br />
PSA quer<br />
comprar Opel<br />
O construtor francês PSA,<br />
detentor das marcas<br />
Peugeot e Citroen,<br />
confirmou, dia 14, que está<br />
a estudar a possibilidade<br />
de adquirir a Opel/<br />
/Vauxhall, filial europeia<br />
do grupo norte-americano<br />
General Motors, com sede<br />
respectivamente na<br />
Alemanha e no Reino<br />
Unido.<br />
Já hoje PSA e Opel<br />
desenvolvem projectos<br />
comuns. O novo Zafira será<br />
produzido em França pela<br />
PSA, enquanto o futuro C3<br />
Picasso sairá das fábricas<br />
Opel em Espanha.<br />
Porém, a notícia de uma<br />
eventual aquisição suscitou<br />
preocupação na Alemanha,<br />
onde o sindicato IG Metall<br />
e a ministra da Economia,<br />
Brigitte Zypries,<br />
consideraram inaceitável<br />
que tais negociações<br />
decorram sem consulta aos<br />
comités de empresa e às<br />
autoridades do país.<br />
Paris não se opõe mas quer<br />
salvaguardar o emprego.<br />
Protesto no ABC<br />
Os jornalistas do diário<br />
espanhol ABC fizeram uma<br />
greve às assinaturas, nas<br />
edições de dia 15 em papel<br />
e digital.<br />
A greve, decidida em<br />
plenário, foi amplamente<br />
seguida pelos jornalistas do<br />
quadro, em protesto contra<br />
despedimentos, redução<br />
de salários e direitos.<br />
O comité de empresa<br />
salientou o êxito da greve,<br />
notando que é a primeira<br />
vez em 114 anos de<br />
história que o diário se<br />
publicou sem as assinaturas<br />
dos jornalistas.
26 INTERNACIONAL<br />
23-2-2016<br />
Foto LUSA<br />
Em bombardeamentos efectuados na Síria<br />
Pentágono usou urânio<br />
Terrorismo de classe<br />
Depois de uma fuga<br />
de informações, na<br />
semana passada,<br />
ter revelado planos da<br />
administração para recorrer às<br />
forças armadas para deportar até<br />
seis milhões de imigrantes, dois<br />
memorandos da Casa Branca<br />
confirmaram, esta terça-feira, a<br />
gravidade das suspeitas: de agora<br />
em diante, qualquer imigrante não<br />
documentado pode ser<br />
sumariamente deportado desde<br />
que seja considerado «suspeito».<br />
A promessa de redadas iminentes<br />
e o apelo presidencial à delação<br />
de «imigrantes ilegais»<br />
aprofundaram o clima de terror<br />
racista.<br />
Miguel Guerrero, membro da La<br />
Unión del Pueblo Entero (LUPE),<br />
uma associação texana que presta<br />
ajuda humanitária aos imigrantes<br />
que arriscam a perigosa travessia<br />
através da fronteira mexicana,<br />
descreve uma caça às bruxas: «O<br />
presidente anunciou a contratação<br />
de milhares de polícias para o<br />
Serviço de Segurança Interna, deu<br />
ordem para os centros de<br />
detenção de imigrantes<br />
aumentarem a capacidade ao<br />
máximo, tornou todo o processo<br />
de detenção e deportação mais<br />
rápido... toda a gente já entendeu<br />
o que é que vem aí. E não só os<br />
imigrantes: nas últimas duas<br />
semanas têm-se multiplicado os<br />
roubos, as agressões e mesmo as<br />
violações contra imigrantes.<br />
Trump diz claramente que os<br />
imigrantes não documentados não<br />
merecem o mesmo respeito que as<br />
outras pessoas. Há cada vez mais<br />
gente que acredita mesmo que<br />
não é crime se a vítima não estiver<br />
legal».<br />
O Serviço de Segurança Interna<br />
está agora dotado de poderes<br />
discricionários para deportar<br />
suspeitos de infracções ao código<br />
da estada, todos os imigrantes não<br />
documentados com cadastro, ou,<br />
simplesmente, «suspeitos». É a<br />
própria imigração, distinguível<br />
pela cor da pele, que está a ser<br />
criminalizada. Os pais que<br />
paguem para trazer os filhos<br />
ilegalmente para os EUA são<br />
agora acusados de tráfico de seres<br />
humanos. Imigrantes como Miguel<br />
Guerrero, que todos os dias<br />
salvam vidas no deserto, podem<br />
ser acusados do mesmo crime.<br />
Explorados<br />
contra exploradores<br />
António Santos<br />
A resistência ao terror está,<br />
contudo, a crescer. Nick<br />
Giannone, dirigente do Sindicato<br />
dos Caldeireiros – Local 29, de<br />
Boston, sustenta que, de costa a<br />
costa, está a decorrer uma<br />
discussão no movimento sindical<br />
sobre os perigos da nova<br />
administração. «(...) alguns<br />
dirigentes sindicais conservadores<br />
parecem dar-se bem com Trump,<br />
mas as bases dos sindicatos não.<br />
As ideias mais reaccionárias<br />
tornaram-se mais vocais desde as<br />
eleições, mas até agora a luta tem<br />
conseguido impedir que essas<br />
ideias se transformem num<br />
movimento de massas com<br />
presença nas ruas.»<br />
Opinião semelhante tem Claire<br />
Dubois, ex-dirigente do Sindicato<br />
dos Professores de Chicago: «a<br />
resposta ao racismo [de Trump]<br />
tem de ser uma resposta de<br />
classe. Nós temos de lhe dizer que<br />
somos todos trabalhadores, não<br />
interessa onde nascemos. A luta<br />
contra Trump não pode ser uma<br />
luta de liberais contra<br />
conservadores e democratas<br />
contra republicanos, tem de ser<br />
uma luta de explorados contra<br />
exploradores. Para isso<br />
precisamos de sindicatos.<br />
Sindicatos a sério», conclui.<br />
Vários «sindicatos a sério»,<br />
organizações de imigrantes,<br />
partidos políticos e outros<br />
movimentos estão a organizar uma<br />
greve geral no 1.º de Maio, Dia<br />
Internacional dos Trabalhadores,<br />
que nos EUA não é feriado mas<br />
que os trabalhadores imigrantes<br />
transportaram para os nossos dias.<br />
Poderá ser o maior 1.º de Maio<br />
nos EUA em quase um século.<br />
Em pelo menos em dois bombardeamentos na<br />
Síria, a aviação norte-americana usou munições<br />
com urânio empobrecido. E vai voltar a<br />
fazê-lo, garante o Pentágono.<br />
Depois de terem procurado<br />
ocultar o facto, as forças<br />
armadas dos EUA acabaram<br />
por admitir que ataques<br />
da sua aviação na Síria<br />
usaram munições com<br />
urânio empobrecido. Os<br />
dois bombardeamentos que<br />
um alto funcionário do Pentágono<br />
confirmou, em entrevista,<br />
a semana passada,<br />
à revista Foreign Policy,<br />
ocorreram em Novembro<br />
de 2015 e terão tido<br />
como alvos camiões cisterna<br />
carregados de petróleo<br />
traficado pelo Estado Islâmico<br />
(EI). Mas as revelações<br />
não ficaram por aqui<br />
e de acordo com o porta-<br />
-voz do comando central<br />
militar norte-americano, citado<br />
pela Lusa, aquele tipo<br />
de armamento vai novamente<br />
ser usado em operações<br />
contra o EI.<br />
Ignora-se se os raides aéreos<br />
foram efectuados em<br />
zonas povoadas, o que não<br />
é um detalhe, sabendo-se<br />
que a exposição a urânio<br />
empobrecido tem consequências<br />
devastadoras<br />
para os seres humanos e<br />
perdura por gerações. Mas<br />
mesmo que a zona dos<br />
bombardeamentos agora<br />
admitidos seja desértica ou<br />
semi-desértica, subsiste o<br />
perigo de contaminação se<br />
os destroços dos camiões<br />
forem levados para outras<br />
A exposição<br />
a urânio<br />
empobrecido tem<br />
consequências<br />
devastadoras<br />
paragens, como não raramente<br />
sucede em cenários<br />
de guerra, em que os povos<br />
deitam mão a tudo o<br />
que seja passível de permutar<br />
por bens essenciais<br />
à subsistência.<br />
Veneno<br />
Reputados investigadores<br />
e estudos sérios atribuem<br />
ao uso de munições<br />
com urânio empobrecido<br />
por parte da NATO e dos<br />
EUA na ex-Jugoslávia e nas<br />
campanhas contra o Iraque,<br />
bem como por parte<br />
de Israel nas agressões<br />
contra a Faixa de Gaza, o<br />
aumento exponencial de<br />
mal-formações congénitas,<br />
doenças oncológicas ou autoimunes.<br />
Entre os soldados<br />
norte-americanos que<br />
têm servido as ofensivas<br />
imperialistas no Médio<br />
Oriente, milhares sofrem<br />
de uma síndrome com manifestações<br />
agudas ou crónicas.<br />
Os EUA admitiram o uso<br />
de milhares de projécteis<br />
com urânio empobrecido<br />
na Síria, depois de em<br />
2015 o terem negado oficialmente.<br />
Recentemente<br />
uma publicação militar norte-americana<br />
reportou que<br />
o Pentágono não contabilizou,<br />
só em 2016, centenas<br />
de ataques aéreos efectuados<br />
na Síria, no Iraque<br />
e no Afeganistão. Uma e<br />
outra coisa conjugadas sugerem<br />
a necessidade de<br />
apurar com rigor o sucedido<br />
e impedir que se repita.<br />
PAICV reuniu Congresso<br />
«Por um PAICV mais forte, por um Cabo<br />
Verde mais justo», foi o lema do XV<br />
Congresso do Partido Africano da Independência<br />
de Cabo Verde, realizado no<br />
passado fim-de-semana, na Cidade da<br />
Praia.<br />
Durante três dias, mais de 400 delegados<br />
vindos de todas as ilhas e de vários<br />
países da diáspora em África, na Europa<br />
e nos Estados Unidos debateram a situação<br />
partidária e a situação política do país,<br />
marcada por um novo quadro decorrente<br />
das derrotas eleitorais do partido em 2016,<br />
de que resultou a saída do PAICV, ao fim<br />
Mais de 400 delegados elegeram a direcção<br />
e aprovaram a Resolução Política<br />
Os veteranos das guerras do Iraque são algumas das<br />
vítimas do uso de armamento não-convencional<br />
de quinze anos, do governo de Cabo Verde.<br />
Estiveram presentes no Congresso os<br />
partidos irmãos africanos MPLA, de Angola,<br />
FRELIMO, de Moçambique, PAIGC,<br />
da Guiné-Bissau, e MLSTP, de São Tomé<br />
e Príncipe, bem como vários ex-combatentes<br />
pela liberdade da pátria. Também<br />
convidado, o PCP marcou presença através<br />
de José Neto.<br />
Na mensagem do Comité Central do PCP<br />
dirigida ao Congresso, foram, como sempre,<br />
valorizados os laços históricos que<br />
unem os nossos dois povos e países e manifestada<br />
a solidariedade para com o povo<br />
cabo-verdiano face aos desafios que se<br />
colocam na concretização do seu direito<br />
ao desenvolvimento económico e social.<br />
Foi também expressa a vontade de prosseguir<br />
e estreitar as relações de amizade<br />
e cooperação que ligam o PCP e o PAICV.<br />
No último dia, o Congresso elegeu o novo<br />
Conselho Nacional, com cerca de setenta<br />
membros, dos quais quarenta por<br />
cento são mulheres. O conclave confirmou<br />
ainda Janira Hopffer Almada como presidente<br />
do PAICV e aprovou por unanimidade<br />
a Resolução Política «Por uma nova<br />
caminhada».
23-2-2017<br />
INTERNACIONAL 27<br />
Desmantelamento da Previdência contestado<br />
Travar a marcha à ré no Brasil<br />
No âmbito da preparação das jornadas marcadas<br />
para 8 e 15 de Março, nove centrais<br />
sindicais brasileiras promoveram anteontem<br />
um protesto contra o desmantelamento do<br />
sistema de previdência.<br />
De acordo com informações<br />
disponibilizadas no sítio<br />
da Internet da Central<br />
dos Trabalhadores e Trabalhadoras<br />
do Brasil (CTB),<br />
as estruturas sindicais previam<br />
levar a Brasília e às<br />
reuniões solicitadas a todas<br />
as forças com representação<br />
parlamentar a rejeição<br />
do pacote normativo que o<br />
executivo golpista liderado<br />
por Michel Temer pretende<br />
impor.<br />
Daqui até 16 Março será<br />
uma corrida contra o tempo,<br />
admitem as centrais,<br />
uma vez que o presidente<br />
da câmara baixa do Congresso<br />
já fez saber que<br />
pretende que a Proposta<br />
de Emenda Constitucional<br />
(PEC) seja discutida e votada<br />
numa dezena de sessões.<br />
Isto apesar de o hemiciclo<br />
dispor da faculdade<br />
de o fazer em 30 sessões<br />
e, mais importante, de o Supremo<br />
Tribunal Federal do<br />
Brasil ter instado o governo<br />
a sustentar com factos<br />
os argumentos que indicam<br />
que a «reforma» é necessária<br />
devido a um alegado défice<br />
inultrapassável nas contas.<br />
A proposta<br />
representa um<br />
grande<br />
retrocesso,<br />
afirma a CTB<br />
A batalha dos números<br />
está, aliás, a fazer correr<br />
muita tinta no Brasil e deverá<br />
prolongar-se entre deputados<br />
e especialistas, em<br />
comissões e estudos. O fundamental,<br />
porém, é que<br />
subsistem dúvidas muito para<br />
além do razoável acerca<br />
dos dados apresentados pelo<br />
executivo de Michel Temer,<br />
estando mesmo em<br />
causa não apenas a sua fiabilidade<br />
mas uma clara intenção<br />
manipuladora.<br />
Multiplicam-se as denúncias<br />
(de juristas, por exemplo)<br />
que indicam que as dívidas<br />
das maiores empresas<br />
ao sistema público de<br />
Segurança Social são o triplo<br />
do défice apresentado<br />
pelo governo para defender<br />
o desmantelamento da Segurança<br />
Social; que a manutenção<br />
na esfera estatal<br />
de importantes empresas e<br />
Os trabalhadores brasileiros têm contestado a «reforma»<br />
da Previdência, como sucedeu a semana passada em Minas<br />
Gerais, Rio de Janeiro e Porto Alegre.<br />
a exploração de recursos<br />
naturais, que o governo teima<br />
em privatizar, permitiriam<br />
colocar o sistema em<br />
superavit; que os incumprimentos<br />
dos estados estão<br />
na base de situações pontuais<br />
de ruptura financeira<br />
e que do ponto de vista económico<br />
não existem certezas<br />
sobre a insustentabilidade<br />
do sistema.<br />
Todos à rua<br />
«Temos um tempo muito<br />
exíguo», realçou o líder da<br />
CTB, Adilson Araújo, para<br />
quem «a proposta representa<br />
um grande retrocesso para<br />
a classe trabalhadora e<br />
para o país».<br />
Na segunda-feira, 20, a<br />
Comissão Política do Partido<br />
Comunista do Brasil (PCdoB)<br />
divulgou um comunicado<br />
no qual considera o<br />
PEC da Previdência «uma<br />
verdadeira declaração de<br />
guerra do governo ilegítimo<br />
de Michel Temer».<br />
O PCdoB apela a uma<br />
ampla mobilização para as<br />
jornadas dos dias 8 e 15 de<br />
Março convocadas por estruturas<br />
unitárias – movimento<br />
feminista, centrais<br />
sindicais e frentes Brasil Popular<br />
e Povo Sem Medo.<br />
Trabalhar até morrer<br />
O PEC 287 visa desmantelar um sistema orientado<br />
pelos princípios da solidariedade e universalidade,<br />
mudando as disposições em vigor de acesso à<br />
aposentadoria e de cálculo<br />
dos valores a que os<br />
beneficiários terão direito.<br />
Nesse sentido, o governo<br />
brasileiro propõe, entre<br />
outras:<br />
O estabelecimento da<br />
idade mínima nos 65 anos<br />
para todos os<br />
trabalhadores, sem<br />
diferenciação de género,<br />
desconsiderando<br />
actividade penosas e<br />
desgastantes e as enormes<br />
diferenças na esperança<br />
média de vida que se<br />
registam entre as várias<br />
regiões do Brasil. Neste<br />
sentido, os trabalhadores<br />
rurais, os membros das<br />
comunidades originárias e<br />
as mulheres são particularmente penalizados.<br />
Aumento do período mínimo de descontos mensais<br />
de 15 para 25 anos consecutivos num mínimo total<br />
de 49 anos (65 anos menos 16, que no Brasil é a<br />
idade mínima para iniciar actividade laboral<br />
regular). Na prática, tal torna quase impossível<br />
aceder à pensão integral em virtude da precarização<br />
dos vínculos laborais, que colocam a maioria dos<br />
trabalhadores em situação de inactividade ou<br />
informalidade forçadas por diversos períodos ao<br />
longo da respectiva carreira contributiva, mesmo<br />
considerando que se inicia os descontos aos 16<br />
anos, o que não é de todo o mais normal.<br />
Os homens com mais de 50 anos e as mulheres com<br />
mais de 45 são sujeitos a uma transição que os<br />
obriga a acréscimos de descontos de 2,5 anos, ao<br />
que se soma o facto de as regras de cálculo serem<br />
alteradas dos actuais 80 por cento dos melhores<br />
valores médios auferidos para 51 por cento,<br />
levando a que em qualquer situação os<br />
trabalhadores sejam penalizados face ao actual<br />
regime.<br />
«A administração Trump, a situação nos EUA e suas<br />
repercussões na situação internacional» foi o tema de um<br />
debate promovido pelo Conselho Português para a Paz<br />
e Cooperação (CPPC) ao final da tarde de segunda-feira,<br />
20, na Casa do Alentejo, em Lisboa. Mais de uma<br />
centena de pessoas compareceram à iniciativa que teve<br />
como oradores convidados Ilda Figueiredo, presidente<br />
da Direcção Nacional do CPPC, José Goulão, jornalista,<br />
e Pedro Pezarat Correia, major-general (na reserva).<br />
Com este debate, como afirmou Ilda Figueiredo na sua<br />
intervenção inicial, o CPPC procura contribuir para o<br />
aprofundamento da discussão e análise da situação internacional<br />
decorrente da eleição de Donald Trump para<br />
a presidência norte-americana, não esquecendo o contexto<br />
em que tal decorre quer nos EUA quer na Europa,<br />
e considerando ainda a crise económica e social em<br />
resultado da globalização neoliberal e a proliferação de<br />
conflitos, sobretudo no Médio Oriente e em África, que<br />
originam uma situação marcada por grande incerteza e<br />
instabilidade.<br />
Relativamente aos EUA acentuou-se a agudização da<br />
crise naquele país, com o agravamento das desigualdades<br />
económicas e sociais, o crescimento da pobreza. Essa<br />
situação e a utilização de vastos recursos nas guerras<br />
em que os EUA se envolveram, directamente ou através<br />
da NATO, provocou descontentamentos que se reflectem<br />
na eleição de Donal Trump, considerou José<br />
Goulão, para quem esta conjuntura não é muito diferente<br />
do que se está a viver na Europa. Recordou a esse<br />
propósito os muros erguidos contra os refugiados e as<br />
políticas anti-sociais e amputações da democracia, de<br />
que não faltam exemplos na própria União Europeia. Os<br />
casos da Hungria, Ucrânia, e outros países da região,<br />
CPPC levou Trump a debate<br />
não esquecendo a França, foram abordados por outros<br />
participantes no debate.<br />
No plano do militarismo, Ilda Figueiredo recordou o<br />
envio para a Europa (designadamente para a Polónia e<br />
outros países que fazem fronteira com a Federação Russa),<br />
nas últimas semanas da administração Obama, de<br />
milhares de tropas e material bélico pesado de última<br />
geração, o que resultou das decisões da Cimeira da NA-<br />
TO realizada em Varsóvia no Verão de 2016.<br />
Pezarat Correia, por seu lado, salientou a posição imperial<br />
que os EUA têm assumido, com um Conselho de<br />
Segurança da ONU onde, considera, aproveitando o facto<br />
de cinco estados terem direito de veto, a Casa Branca<br />
continuar a dominar. O caso da Palestina foi recordado,<br />
seja pelos anúncios recentes da administração<br />
Trump, seja pelas posições anteriores, lamentando-se<br />
que Obama só no final do mandato tenha aceite a condenação<br />
da política dos colonatos israelitas, ao mesmo<br />
tempo que se assumiu como um grande financiador da<br />
militarização de Israel.<br />
Conquistar a paz<br />
No debate apelou-se à defesa e promoção da paz<br />
No debate que incluiu várias intervenções da plateia,<br />
foi recordado que nos últimos anos os EUA têm vindo a<br />
promover agressões militares baseadas em mentiras e<br />
manipulações para dar cobertura ao saque dos recursos<br />
e riquezas dos países invadidos pelas multinacionais, as<br />
norte-americanas e as dos seus aliados. Particularmente<br />
interessante foi o testemunho de um militar português<br />
que denunciou a crescente mercantilização da guerra<br />
dando como exemplo a experiência no Mali, constatando<br />
que eram as multinacionais que exploravam as riquezas<br />
daquele país quem pagava a missão da ONU.<br />
Como também foi salientado na iniciativa, a incerteza<br />
que se vive não pode ser aproveitada para alimentar o<br />
medo e agravar a corrida aos armamentos na UE. Nem<br />
para o reforço da União Europeia como pilar europeu<br />
da NATO, como alguns defendem, ou para confundir<br />
paz com segurança.<br />
No final, Ilda Figueiredo relembrou vários aspectos do<br />
artigo 7.º da Constituição da República Portuguesa, incluindo<br />
a defesa do desarmamento geral e controlado,<br />
a dissolução dos blocos político-militares e o conceito de<br />
paz que o CPPC também defende, o qual não se restringe<br />
à segurança, insistiu. Realçou, igualmente, que para<br />
construir a paz é necessário liberdade, democracia, desenvolvimento<br />
e progresso social; o reconhecimento do<br />
direito soberano de cada povo escolher o seu caminho.<br />
E os povos lutam e exigem o respeito pelos seus direitos,<br />
merecendo por isso a solidariedade de todos os amantes<br />
da paz.
ARGUMENTOS<br />
28 23-2-2017<br />
SOCIEDADE<br />
• Vladimiro Vale<br />
O Homem vive da Natureza, isto é, a natureza<br />
é o seu corpo e com ela tem que manter um diálogo<br />
contínuo se não quiser morrer. Dizer que a vida<br />
do Homem está ligada à Natureza significa<br />
que a Natureza está ligada a ela própria,<br />
pois o Homem é parte da Natureza.<br />
K. Marx Manuscritos Económico Filosóficos de 1844.<br />
Áreas Protegidas<br />
– Defender o papel do Estado<br />
PALAVRAS CRUZADAS<br />
Existem concepções que partem do<br />
equívoco de que o Homem está fora<br />
da Natureza, apontam para um<br />
conflito entre antropocentrismo e ecocentrismo,<br />
esquecendo que o Homem é parte da Natureza e<br />
com ela tem um metabolismo complexo de intercâmbio<br />
de «coevolução». Existe até quem olhe para<br />
o despovoamento humano de grandes áreas do<br />
País como positivo para a protecção do ambiente.<br />
Concepções como estas ajudam a explicar as políticas<br />
dos sucessivos governos, reflectida nos Regulamentos<br />
e Planos de Ordenamento das áreas protegidas,<br />
em que as populações são apresentadas como<br />
principais responsáveis pela degradação dos recursos,<br />
conduzindo a uma linha de proibição da actividade<br />
humana dentro das áreas protegidas.<br />
Portanto, os planos das áreas protegidas são, muitas<br />
vezes, meros conjuntos de proibições, sem visão<br />
de desenvolvimento e sem a preocupação de trazer<br />
vantagens para as populações. O ataque começa invariavelmente<br />
às actividades populares e tradicionais<br />
e não aos grandes empreendimentos, mesmo<br />
que estes tenham reconhecidos e profundos impactos<br />
ambientais.<br />
Políticas de gestão das áreas protegidas com o objectivo<br />
de impedir a degradação de muitos desses<br />
espaços, valorizá-los em conjunto com as populações<br />
locais que as moldaram com trabalho árduo<br />
desde tempos ancestrais e que são a mais sólida garantia<br />
para o seu futuro desenvolvimento sustentado,<br />
são incompatíveis com a falta de investimento<br />
público e com a degradação da capacidade de resposta<br />
das estruturas do Estado. Isto é tanto mais<br />
grave quando se trata de territórios a braços com<br />
inquietantes processos de despovoamento, de abandono<br />
e declínio social, de encerramento de serviços<br />
públicos de proximidade e das actividades económicas<br />
em resultado das políticas de abandono dos<br />
espaços rurais e sectores produtivos que lhe dão vida.<br />
A desresponsabilização do Estado central através<br />
da entrega da gestão das áreas protegidas a autarquias<br />
vem numa linha de quebra de investimento e<br />
de meios materiais e humanos essenciais para a defesa<br />
das zonas ecologicamente sensíveis e das áreas<br />
protegidas, dificultando a defesa do equilíbrio da<br />
natureza e também o combate à desertificação e ao<br />
despovoamento de enormes áreas do País. Os sucessivos<br />
governos primeiro criaram as super-áreas<br />
protegidas, os super-directores, a exclusão do Poder<br />
Local, a privatização e a mercantilização da gestão<br />
territorial, agravando os problemas das Áreas<br />
Protegidas. O actual Governo PS, com a justificação<br />
da degradação da resposta das estruturas do<br />
Estado afectadas por estas políticas, procura desresponsabilizar<br />
o Estado passando a gestão para as<br />
autarquias. A municipalização da gestão das áreas<br />
Protegidas vai transferir para as autarquias uma responsabilidade<br />
que elas não podem nem devem assumir<br />
e colocará em causa a adopção de políticas<br />
unificadoras em torno das áreas protegidas. Sendo<br />
importante o envolvimento das autarquias e eleitos<br />
locais, só a salvaguarda do papel do Estado Central<br />
nas áreas protegidas garantirá que a utilização dos<br />
recursos naturais seja feita ao serviço do País e do<br />
povo e não ao serviço apenas de alguns.<br />
É por isso fundamental uma política de defesa do<br />
equilíbrio da natureza que valorize a presença humana<br />
no território e que tenha em conta a solidariedade<br />
nacional para colmatar as imposições e limitações<br />
com que se confrontam os habitantes das áreas<br />
protegidas, nomeadamente através de investimento<br />
público, gestão pública das áreas protegidas e o reforço<br />
de meios materiais e humanos do ICNF com<br />
a salvaguarda dos direitos dos seus trabalhadores.<br />
HORIZONTAIS: 1 - Conjunto de coisas descritas e enumeradas; abrir caminho com ímpeto;<br />
fêmea do lobo. 2 - Santo a quem é dedicado um templo ou capela (pl.); o mesmo; tranquilidade<br />
pública. 3 - Quadrúpede ruminante que tem gibas sobre o dorso (pl.); nome de um explosivo<br />
moderno. 4 - Gavinha; letra grega correspondente ao i; gostar muito de. 5 - Itinerário;<br />
pequena mala; abertura da parte superior da laringe. 6 - Gracejar; parte da Medicina que se<br />
ocupa das operações; grito de dor ou de alegria. 7 - Do feitio de ovo; aquilo que o artífice<br />
produz. 8 - Contr. da prep. em com o art. def. a; perfilhara; irmão dos pais ou dos avós. 9 -<br />
Limalha; nó que se desata facilmente; antiga possessão portuguesa na costa da Índia. 10 -<br />
Prefixo de origem latina que significa metade, meio ou quase, rendimento do dinheiro emprestado;<br />
cólera. 11 - Aquele que trata da produção de animais.; aparte curva do báculo. 12 -<br />
Sétima letra do alfabeto grego correspondente ao e longo dos latinos; apertar com nó ou laçada;<br />
relativo a feudo ou ao feudalismo. 13 - Ave parecida com a pomba; aplanem; fileira.<br />
VERTICAIS: 1 - Brinquedo de criança; rejuvenescer. 2 - Além disso; seis em numeração<br />
romana; multidão compacta de pessoas. 3 - Terra alagadiça que produz muito pasto; plantio<br />
de amieiros. 4 - Transforma em gelo; mostra diversidade de aspectos, diferença de cor ou de<br />
tom. 5 - Massa de água que se enrola quando há ressaca e depois se desenrola, espraiando-se;<br />
qualquer de entre dois ou mais; contr. da prep. de com o art. def. a. 6 - Sufixo de abundância;<br />
armazém em forma de torre para substâncias sólidas; nome da letra J. 7 - Fechar (as asas)<br />
para descer mais rapidamente; diz-se do número gramatical que indica mais de um. 8 - Letra<br />
grega correspondente a p; esconder; trata levianamente de um assunto. 9 - Aquele que edita;<br />
ave de rapina do género falcão. 10 - Cabelo raro e delgado; que se gorou (ovo); nome da letra F. 11 - A mim; corcunda; cada um dos artigos de uma exposição<br />
escrita. 12 - Amofinar; ave pernalta, da família dos cultrirrostros. 13 - Fecundo; boato, rumor. 14 - Planta solanácea com tubérculos subterrâneos<br />
e comestíveis; movia-se de um sítio para outro; um certo. 15 - Árvore rosácea cujo pequeno fruto é uma drupa acerba e negra; diálogo, conversa.<br />
HORIZONTAIS: 1 - Rol; romper; loba. 2 - Oragos; idem; paz. 3 - Camelos; iperite. 4 - Elo; iota; amar. 5 - Via; saco; glote. 6 - Rir; cirurgia; ai. 7 -<br />
Oval; obra. 8 - Na; adoptara; tio. 9 - Apara; laço; Goa. 10 - Semi; juro; ira. 11 - Criador; retorta. 12 - Eta; atar; feudal. 13 - Rola; alisem; ala.<br />
VERTICAIS: 1 - Roca; renascer. 2 - Ora; VI; aperto. 3 - Lameiro; amial. 4 - Gela; varia. 5 - Rolo, cada; da. 6 - Oso; silo; jota. 7 - Siar; plural. 8 - Pi;<br />
ocultar; ri. 9 - Editor; açor. 10 - Repa; goro; efe. 11 - Me; giba; item. 12 - Ralar; grou. 13 - Opimo; atoarda. 14 - Batata; ia; tal. 15 - Azereiro; fala.<br />
Lê e divulga<br />
Assinatura<br />
(IVA e portes incluídos)<br />
(50 números) . . . . . . . . . . . . . . . . . 54.00<br />
(25 números) . . . . . . . . . . . . . . . . . 28.00<br />
Europa: (50 números) . . . . . . . . . . . . 120.00<br />
Extra Europa: (50 números) . . . . . . . 180.00<br />
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Agradecemos que nos enviem cópia do documento<br />
bancário<br />
Data _______________<br />
Assinatura<br />
_________________________________
TELEVISÃO<br />
30 23-2-2017<br />
TVISTO<br />
• Correia da Fonseca<br />
Notícias<br />
do País vazio<br />
Sob o título já<br />
significativo de<br />
«Despovoamento,<br />
a RTP1 transmitiu na passada<br />
segunda-feira, a partir de Vila<br />
Real, um programa que teve<br />
como tema a desertificação que<br />
desde há décadas tem vindo a<br />
reduzir larguíssimas áreas do<br />
interior português a territórios<br />
tristemente povoados pela<br />
velhice, pela tristeza e pelo<br />
abandono. A emissão abriu<br />
com algumas informações de<br />
carácter estatístico acerca da<br />
situação actual da<br />
desertificação do interior e das<br />
verdadeiramente calamitosas<br />
previsões para o futuro não<br />
muito longínquo. É, como se<br />
sabe, a consequência de<br />
décadas de emigração para<br />
terras estrangeiras ou,<br />
internamente, para o litoral do<br />
País, sempre em consequência<br />
dominante da penúria de<br />
empregos. Será certo que a<br />
situação permite excepções e<br />
algumas réstias de futuro, e<br />
delas falaram as figuras<br />
presentes no palco e na plateia<br />
do teatro de Vila Real naquela<br />
noite promovido a estúdio de<br />
televisão: um ministro,<br />
autarcas, empresários de<br />
sucesso. Foram também<br />
referidas as actividades mais<br />
relevantes no Norte do País: o<br />
turismo agora em notória<br />
intensificação e a já antiga e<br />
tradicional produção vinhateira<br />
em que se destaca o «port<br />
wine» a que Redol dedicou um<br />
ciclo da sua obra e a que<br />
chamou «vindima de sangue».<br />
É claro que nem Redol nem<br />
este período da sua obra foram<br />
lembrados, nem cairiam bem<br />
nem talvez viessem a propósito<br />
de um modo imperativo. Na<br />
verdade, a emissão foi<br />
percorrida por um sopro de<br />
esperança, como aliás bem se<br />
entende em vista das<br />
personalidades presentes, muito<br />
mais vocacionadas para um<br />
optimismo tão fundamentado<br />
quanto possível do que para a<br />
função um pouco fúnebre de<br />
profetas da continuação da<br />
desgraça que continua a assolar<br />
o interior do País, ainda que<br />
com clareiras e zonas de<br />
alguma ressurreição.<br />
Uma voz ausente<br />
Estavam no palco, pois,<br />
autarcas da zona Norte do País,<br />
nela se incluindo naturalmente<br />
o distrito da Guarda, mas<br />
nenhum dos distritos<br />
alentejanos, Évora, Portalegre e<br />
Beja, ausências tanto mais<br />
notórias quanto bem se sabe<br />
que também a necessidade de<br />
emigrar para sobreviver vem<br />
fustigando o Alentejo. Porém,<br />
uma outra ausência foi notória<br />
no teatro de Vila Real: estavam<br />
ali o ministro, autarcas e<br />
empresários, mas não surgiu<br />
nem no palco nem na plateia<br />
um só trabalhador que desse<br />
voz a um depoimento de quem<br />
trabalha, quando há trabalho,<br />
ou emigra para o litoral<br />
português ou para terras<br />
estranhas em busca da<br />
sobrevivência que lhe é negada<br />
na terra onde nasceu. Dado o<br />
tema do programa, obviamente<br />
denunciador não da partida de<br />
milhares de elementos do<br />
patronato mas sim do êxodo da<br />
mão-de-obra forçadamente<br />
inactiva ou insuportavelmente<br />
sub-remunerada, pareceria<br />
forçoso ouvir quem de algum<br />
modo a representasse. É certo<br />
que patronatos ausentes<br />
acontecem, e muito, por todo o<br />
País, mas não parece que de<br />
tais ausências decorra algum<br />
fenómeno de despovoamento<br />
no interior, podendo quando<br />
muito suscitar um reforço do<br />
povoamento nas zonas de<br />
Cascais e do Estoril, sempre<br />
muito acolhedoras para quem<br />
nelas se possa acolher em boas<br />
condições. De qualquer modo,<br />
é claro que o programa trouxe<br />
boas notícias ou, no mínimo,<br />
sinais que justificam<br />
expectativas positivas: o<br />
Governo dá sinais de estar<br />
atento e até saudavelmente<br />
alarmado com o grau de<br />
desertificação já atingido em<br />
certas zonas e com o<br />
agravamento previsto nas<br />
décadas próximas se nada de<br />
eficaz acontecer. É certo que<br />
desta vez o programa não<br />
cuidou de registar o<br />
depoimento de algum<br />
trabalhador, neste caso um<br />
desses que sempre correm o<br />
risco de se verem obrigados a<br />
partir, mas bem se sabe que<br />
essa não é omissão que<br />
surpreenda: mais<br />
adequadamente se diria que se<br />
enquadra num velho hábito da<br />
televisão e da generalidade dos<br />
media. Assim, talvez nos reste<br />
congratularmo-nos por a<br />
emissão ter trazido à tona da<br />
memória e do conhecimento<br />
geral uma realidade que pouco<br />
ou nada chega às cidades onde<br />
tudo se decide. Ou se esquece.
23-2-2017<br />
AGENDA<br />
31<br />
Comemoração do 96. o Aniversário do Partido<br />
Algarve<br />
– Sexta-feira, 24, Castro<br />
Marim, às 19h30, jantar<br />
no Clube São Bartolomeu,<br />
com Raimundo Cabral,<br />
da CCC<br />
Almada<br />
– Sexta-feira, 24, às<br />
18h30, jantar/convívio, promovido<br />
pelo S. dos Professores,<br />
no CT concelhio,<br />
com Jorge Pires, da Comissão<br />
Política.<br />
Cadaval<br />
– Domingo, 19, às<br />
13h00, almoço no CT do<br />
Cadaval.<br />
Coruche<br />
– Sexta-feira, 3, às<br />
20h00, jantar no Restaurante<br />
«O Farnel», em Coruche,<br />
com Diogo d‘Ávila,<br />
do CC.<br />
Algarve<br />
– Hoje, 23, Silves, às<br />
21h00, plenário de militantes,<br />
no CT de Silves.<br />
– Sábado, 25, Aljezur, às<br />
15h00, plenário de militantes,<br />
no CT de Aljezur. Tavira,<br />
às 13h00, almoço/convívio,<br />
no CT Tavira.<br />
– Quinta-feira, 2 de Março,<br />
S. Bartolomeu de Messines,<br />
às 21h00, plenário de<br />
militante, no CT S. B. Messines.<br />
– Sexta-feira, 3 de Março,<br />
Lagoa, às 21h00, plenário<br />
de militantes, no CT de<br />
Portimão.<br />
Anadia<br />
– Sexta-feira, 24, às<br />
21h00, plenário concelhio<br />
preparatório da X Assembleia<br />
da Organização Regional<br />
de Aveiro, na Junta<br />
de Freguesia de Sangalhos.<br />
Arouca<br />
– Sábado, 25, às 17h00,<br />
Moita<br />
– Domingo, 5, às 12h30,<br />
almoço da Freguesia da Baixa<br />
da Banheira, na Colectividade<br />
«Os Alentejanos»,<br />
com Jorge Pires da Comissão<br />
Política. No mesmo dia e<br />
à mesma hora, almoços também<br />
da Freguesia da Moita,<br />
no CT da Moita, com Carlos<br />
Fernandes, do CC, e da Freguesia<br />
de Sarilhos Pequenos,<br />
no CT de Sarilhos Pequenos,<br />
com Vicente Merendas,<br />
da DORS,<br />
– Sábado, 18, às 12h30,<br />
almoço da Freguesia de Alhos<br />
Vedros, no CT de Alhos Vedros,<br />
com Margarida Botelho,<br />
da Comissão Política.<br />
– Sábado, 1 de Abril,<br />
às 12h30, almoço da Freguesia<br />
do Vale da Amoreira,<br />
no CAVA, com Nelson<br />
Mota, do CC.<br />
Outras reuniões e iniciativas<br />
plenário concelhio, preparatório<br />
da X Assembleia da<br />
Organização Regional de<br />
Aveiro, em casa do camarada<br />
Tadeu, com Tiago Vieira,<br />
do CC.<br />
Braga<br />
– Sexta-feira, 24, às<br />
21h30, sessão pública O poder<br />
da informação» no âmbito<br />
das comemorações do 86.º<br />
Aniversário do Avante!,<br />
na Casa dos Crivos, em Braga,<br />
com Luís António Santos,<br />
professor universitário, e<br />
Pedro Tadeu, jornalista.<br />
Caldas da Rainha<br />
– Sexta-feira, 24, às<br />
21h30, sessão pública<br />
«Combater a Precariedade.<br />
Garantir o Trabalho com Direitos»,<br />
nas Caldas da Rainha,<br />
no Salão Nobre da União das<br />
Freguesias de N.ª Sr.ª do<br />
Populo, Coto e São Gregório,<br />
com Diogo Correia,<br />
do CC e da direcção da JCP.<br />
Assembleia da Organização Concelhia<br />
do Entroncamento<br />
Sexta-feira, 24, no CT do PCP,<br />
com Diogo d’Ávila, do CC<br />
Assembleia da Organização dos Bancários<br />
Comunistas do Porto<br />
Sexta-feira, 24, às 17h30, no CT da Boavista<br />
Assembleia da Organização Concelhia<br />
de Tondela<br />
Sábado, 25, às 14h30<br />
na Associação de Apicultores da Serra do Caramulo,<br />
Casa da Abelha – Caramulo<br />
(segue-se um lanche/convívio)<br />
Assembleia da Organização de Limpeza,<br />
Portaria e Vigilância (Porto)<br />
Sábado, 25. às 15h00, no CT da Boavista<br />
VIII Assembleia da Organização da Célula<br />
dos Trabalhadores da Câmara<br />
Sábado, 25, no CT Setúbal<br />
(Edifício Arrábida, Av, 5 Outubro, 35)<br />
Palmela<br />
– Sábado, 4, às 12h30,<br />
almoço na Baixa de Palmela,<br />
no Grupo Desportivo<br />
e Cultural dos Ídolos da Baixa,<br />
com Manuel Rodrigues,<br />
da Comissão Política.<br />
Inscrições: 935321157.<br />
Guimarães<br />
– De hoje, 23, a sextafeira,<br />
3 de Março, Exposição<br />
«+ Direitos. + Futuro.<br />
Não à Precariedade», no CT<br />
de Guimarães (Largo Condessa<br />
do Juncal, 17).<br />
Lisboa<br />
– Hoje, 23, às 17h00,<br />
no âmbito do encerramento<br />
da Campanha dos Transportes,<br />
iniciativa de contacto com<br />
a população e utentes dos<br />
transportes públicos na Praça<br />
do Chile, com o vereador<br />
e candidato à presidência da<br />
Câmara Municipal de Lisboa<br />
João Ferreira. Ainda, às<br />
15h00, plenário da Célula<br />
dos reformados dos Seguros,<br />
no CT Vitória, com Tiago<br />
Brazão, da DORL.<br />
Moita<br />
Plenários preparatórios<br />
da XII Assembleia da Organização<br />
Concelhia da<br />
Moita<br />
– Sábado, 25, às 15h00,<br />
da Freguesia do Vale da<br />
Amoreira, no CAVA.<br />
– Quarta-feira, 1, às<br />
18h00, da Célula dos Trabalhadores<br />
da Autarquia,<br />
no CT da Moita.<br />
– Quinta-feira, 2, às<br />
19h00, da Organização dos<br />
Professores, no CT de Alhos<br />
Vedros.<br />
– Domingo, 5, às 15h00,<br />
da Freguesia de Alhos Vedros,<br />
no CT de Alhos Vedros.<br />
Ainda, à mesma hora,<br />
da Freguesia da Moita, no<br />
CT da Moita.<br />
Montemor-o-Novo<br />
– Sábado, 25, às 12h30,<br />
almoço comemorativo do<br />
90.º aniversário do camarada<br />
António Gervásio,<br />
na Sede da Junta de Freguesia<br />
da Vila (Largo Banha<br />
de Andrade), Montemor-<br />
-o-Novo.<br />
Setúbal<br />
– Domingo, 5, às 13h00,<br />
almoço da Freguesia de<br />
Gâmbia-Pontes-Alto da<br />
Guerra, no Clube Desportivo<br />
da Gâmbia, com José Pereira,<br />
do CC<br />
– Domingo, 12, às<br />
13H00, almoço das freguesias<br />
de São Simão e São<br />
Lourenço, no SOLIDO, com<br />
Antónia Lopes, do CC.<br />
– Sexta-feira, 17, às<br />
20h00, jantar das freguesias<br />
de Anunciada, St.ª Maria,<br />
São Julião e São Sebastião,<br />
no CT de Setúbal (Edifício<br />
Arrábida, Av. 5 de Outubro,<br />
35), com Francisco<br />
Lopes, da Comissão Política.<br />
– Sábado, 25, às 13h00,<br />
almoço no Sado da Freguesia<br />
do Sado, na Cooperativa<br />
de Habitação (Faralhão), com<br />
Carlos Fernandes, do CC.<br />
Sobral de M. Agraço<br />
– Domingo, 12, às<br />
13h00, almoço, no Pavilhão<br />
do Soeirinho.<br />
Torres Vedras<br />
– Domingo, 19, às<br />
13H00, almoço na União<br />
Desportiva, Recreativa e Cultural<br />
Sarge.<br />
Vila Franca de Xira<br />
– Domingo, 5, às 13h00,<br />
almoço concelhio no Centro<br />
Social Álvaro Pinheiro,<br />
no Sobralinho.<br />
Inscrições: 266892238 ou<br />
963449135.<br />
Oliveira de Azeméis<br />
– Sábado, 25, às 15h00,<br />
plenário concelhio preparatório<br />
da X Assembleia da<br />
Organização Regional de<br />
Aveiro, no CT de Oliveira<br />
de Azeméis.<br />
Ourique<br />
– Sábado, 25, às 13h00,<br />
promovido pela C. Freguesia<br />
de Garvão, almoço/convívio,<br />
comemorativo do 86.º<br />
Aniversário do Avante!,<br />
no «Café Futuro», em Garvão,<br />
com Miguel Violante, do CC.<br />
Portalegre<br />
– Sexta-feira, 24, às<br />
18h00, audição pública,<br />
promovida pela Organização<br />
Regional de Portalegre<br />
e o Grupo Parlamentar<br />
do PCP, sobre «As questões<br />
da Saúde no Distrito de Portalegre»,<br />
na sala da União de<br />
Freguesias da Sé e São Lourenço,<br />
em Portalegre.<br />
Santiago do Cacém<br />
– Sábado, 25, às 15h00,<br />
plenário de militantes da Freguesia<br />
de Alvalade do Sado,<br />
no CT de Alvalade, com Miguel<br />
Gonçalves.<br />
Tomar<br />
– Sábado, 25, às 16h00,<br />
reunião de militantes da Freguesia<br />
da Pedreira, no espaço<br />
da ex-Farmácia da Pedreira.<br />
Torres Vedras<br />
Acções de Formação<br />
Ideológica, na Biblioteca<br />
Fernando Vicente, no CT de<br />
Torres Vedras<br />
– Sábado, 25, e Sábado,<br />
1 de Abril, às 16h00: «Marxismo-Leninismo».<br />
– Sábado, 6 e 13 de<br />
Maio, às 16h00, «Obras de<br />
Álvaro Cunhal.<br />
Jerónimo de Sousa<br />
Secretário-geral do PCP<br />
Sábado, 4<br />
15h00 – Lisboa<br />
Comício comemorativo<br />
do 96.º Aniversário do PCP<br />
na Voz do Operário<br />
Domingo, 5<br />
12h30 – Moura<br />
Almoço Regional do Alentejo<br />
do 96.º Aniversário do PCP<br />
no Parque de Feiras e Exposições de Moura<br />
Quarta-feira, 8<br />
12h45 – Moita<br />
Almoço da Célula da Câmara Municipal<br />
da Moita comemorativo do Dia da Mulher<br />
na Sociedade Recreativa do Penteado<br />
Beja<br />
– Sábado, 25, às 15h00, Encontro<br />
Concelhio de Beja da CDU, no Salão da<br />
CIMBAL (antiga Assembleia Distrital).<br />
Gondomar<br />
– Sábado, 25, às 15h00, Encontro Autárquico CDU<br />
2017, no Auditório da Escola Secundária de Rio Tinto, com<br />
João Barbosa, vereador da Câmara de Gondomar, António<br />
Valpaços, deputado municipal, Daniel Vieira, presidente<br />
da Junta de Freguesia de São Pedro da Cova e da DORP do<br />
PCP, e Cristiano Castro, da DORP do PCP.<br />
Oeiras<br />
– Sábado, 25, activistas e eleitos da CDU nos diversos<br />
órgãos visitam as freguesias de Algés, Cruz Quebrada/Dafundo,<br />
Linda-a-Velha, Queijas e Carnaxide, sendo<br />
que o ponto de encontro às 8h45, na esquina do Palácio<br />
dos Anjos, Algés.<br />
Porto<br />
– Sábado, 25, às 20h00, promovido pela CDU da Freguesia<br />
de Paranhos, Cidade do Porto, jantar/convívio, no<br />
CT Rua Lindo Vale, com Rui Sá, 1.º candidato à Assembleia<br />
Municipal. Inscrições através do 919594370.<br />
Setúbal<br />
– Sábado, 18, às 15h00, Encontro Concelhio de Setúbal<br />
da CDU, no Auditório Charlot.<br />
Tomar<br />
– Sábado, 25, às 20h00, reunião de eleitos e activistas<br />
da CDU na Freguesia de Paialvo, na Junta de Freguesia,<br />
com Paulo Macedo da DORSA do PCP.<br />
Valongo<br />
– Sábado, 25, às 15h30, Encontro Concelhio da CDU<br />
de Valongo, na Junta de Freguesia de Valongo.<br />
URAP<br />
União de Resistentes Antifascistas Portugueses<br />
Núcleo do Porto<br />
Sábado, 4 de Março, às 15h00<br />
Visita Guiada ao Museu Militar do Porto – ex-PIDE<br />
(Inscrições: 917767580)
32<br />
ÚLTIMAS<br />
23-2-2017<br />
A TALHE DE FOICE<br />
• Henrique Custódio<br />
Portugal<br />
a sério<br />
Quatro meses depois de a oposição da direita<br />
impor a Comissão Parlamentar de Inquérito<br />
à Recapitalização da Caixa Geral de Depósitos<br />
e à Gestão do Banco, aconteceram duas coisas<br />
– prolongou-se por mais três meses o prazo<br />
desta comissão (porque os seus proponentes,<br />
PSD e CDS, abandonaram objectivamente<br />
o inquérito à recapitalização para se<br />
engalfinharem na «troca de correspondência»<br />
entre o ministro Centeno e o ex-presidente<br />
da CGD Domingues) e o PSD começou a falar<br />
de uma nova comissão de inquérito, desta vez<br />
dedicada à tal «correspondência».<br />
Pelo que ficam já duas notas.<br />
A primeira, a de que o PSD está a utilizar<br />
as comissões de inquérito na Assembleia da<br />
República como arma política tout court,<br />
brincando com elas como um jongleur de feira<br />
e já vai em duas: uma comissão que não<br />
completou o seu trabalho (apesar de<br />
«fundamental para o País») e a AR teve de a<br />
prolongar, outra, que quer substituir a primeira<br />
e, a par e com ela, prosseguir em duas<br />
comissões o chinfrim político pretendido por<br />
PSD e CDS contra o Governo PS – nada mais<br />
do que isto.<br />
Para quem tanto desarvorou em prol das<br />
«liberdades regimentais» e o «respeito pelo<br />
Parlamento», este achincalhamento das<br />
Comissões de Inquérito diz tudo do que esta<br />
gente anda por aqui a fazer.<br />
A segunda nota é uma evidência resultante<br />
do entremez: o PSD e o CDS estão-se literalmente<br />
nas tintas para a vida da Caixa Geral de<br />
Depósitos, tal como demonstram uma total<br />
indiferença pelos graves problemas que<br />
anunciavam quando lançaram, em furor<br />
potestativo, a Comissão de Inquérito agora<br />
«protelada». E os problemas (que continuam<br />
actuais e não averiguados) tanto são<br />
os imbróglios das recapitalizações (onde os seus<br />
governos, o PSD, o CDS e também o PS<br />
tiveram fundas e totais responsabilidades),<br />
como é a «gestão do banco» no porvir, onde<br />
demonstraram à saciedade que o que querem<br />
mesmo é que ela não exista, tal como a CGD,<br />
na sua configuração de banco público.<br />
A destruição da CGD como banco público é,<br />
enfim, o gato escondido com o rabo de fora<br />
desta história montada por PSD e CDS.<br />
E o País já está farto de o saber.<br />
Mas o mais extraordinário é ver esta gente<br />
do antigo PaF a vociferar, tremendista, contra<br />
«as mentiras de Centeno», esquecendo,<br />
não menos tremendamente, que eles próprios,<br />
enquanto governo, mentiam todos os dias<br />
e em todas as dimensões, tendo como referência<br />
gente como Maria Luís Albuquerque<br />
e as mentiras dos swaps ou Miguel Relvas<br />
e os cursos de fim-de-semana (e por aí fora).<br />
Com os problemas que o País enfrenta,<br />
a única coisa que interessa ao PSD e ao CDS...<br />
são as mensagens trocadas entre Domingues<br />
e Centeno.<br />
Parece que vivemos num país de opereta, onde<br />
o PSD tem ainda o desplante de arranjar como<br />
consigna política... «Levar Portugal a<br />
Sério».<br />
Fuga de 10 mil milhões para paraísos fiscais<br />
PCP quer apurar<br />
responsabilidades<br />
O PCP requereu anteontem a audição do ex-secretário<br />
de Estado dos Assuntos Fiscais Paulo Núncio<br />
e do actual titular, Rocha Andrade, para esclarecer<br />
as transferências para paraísos fiscais de<br />
muitos milhões de euros, sem fiscalização, durante<br />
o anterior governo.<br />
Em causa está um valor de<br />
quase 10 mil milhões de<br />
euros em transferências realizadas<br />
entre 2011 e 2014<br />
para contas sediadas em<br />
paraísos fiscais que não foram<br />
objecto de vigilância por<br />
parte do fisco, embora tenham<br />
sido comunicadas pelos<br />
bancos à administração<br />
fiscal, como a lei determina.<br />
O Secretário-geral do PCP<br />
criticou no mesmo dia a existência<br />
de «dois pesos e duas<br />
medidas» para taxar «quem<br />
trabalha e quem tem grandes<br />
fortunas».<br />
«Quando se trata de taxar<br />
e colocar os impostos sobre<br />
Há dois pesos<br />
e duas medidas<br />
para quem<br />
trabalha<br />
e para quem<br />
tem fortunas<br />
quem trabalha, quem trabalhou,<br />
quem tem as suas poupanças,<br />
rapidamente é executado.<br />
Quando se trata de<br />
dinheiros ganhos em especulação,<br />
existe sempre esta<br />
vulnerabilidade que permite<br />
que milhares de milhões de<br />
euros saiam do nosso País<br />
sem a devida taxação», sublinhou<br />
Jerónimo de Sousa. No<br />
requerimento onde solicitam<br />
a audição os deputados<br />
comunistas Paulo Sá e Miguel<br />
Tiago consideram que a Assembleia<br />
da República «não<br />
se pode furtar» ao «apuramento<br />
político» da situação,<br />
salientando que há uma «incongruência<br />
assinalável» entre<br />
os valores declarados naquele<br />
período e aqueles que<br />
foram entretanto revistos, já<br />
em 2016.<br />
«Importa esclarecer como<br />
foram agora identificados<br />
estes 10 mil milhões de euros<br />
a mais. Estamos a falar de um<br />
total de 17 a 18 mil milhões<br />
que fugiram do País para<br />
contas sediadas em offshore,<br />
durante os anos do anterior<br />
governo», referiu na AR o<br />
deputado comunista Miguel<br />
Tiago, ao anunciar a diligência<br />
da sua bancada.<br />
Acções em defesa<br />
da produção nacional<br />
Ontem, 22, a Associação de Vitivinicultores<br />
Independentes do Douro<br />
(Avidouro) realizou no Peso da Régua,<br />
junto ao Lidl, uma acção em defesa da produção<br />
nacional e por melhores preços à<br />
produção.<br />
No protesto, os vitivinicultores durienses<br />
exigiram do Governo a criação de condições<br />
para o aumento dos preços à produção; a contenção<br />
das importações desnecessárias dos<br />
produtos agrícolas; promover o consumo<br />
dos produtos nacionais, criando e dinamizando<br />
os mercados locais.<br />
A Associação dos Baldios e Agricultores<br />
da Região de Viseu (BALAGRI)<br />
esteve, no dia anterior no recinto da feira<br />
semanal de Viseu, mas também junto de dois<br />
hipermercados da região, denunciando as práticas<br />
comerciais abusivas que as grandes<br />
superfícies comerciais continuam a praticar.<br />
Entre outras medidas, os agricultores<br />
reclamaram a «retirada» à produção dos<br />
vitelos e das vacas já fora da produção leiteira,<br />
através da compra pública a preços compensadores;<br />
o reembolso de parte do consumo<br />
da Electricidade «Verde»; o consumo prioritário<br />
da produção nacional nas cantinas<br />
públicas.<br />
No mesmo dia, 21, o RURALENTEJO –<br />
Conselho para o Desenvolvimento<br />
Rural do Alentejo levou a cabo uma acção<br />
na cidade de Évora.<br />
As iniciativas inserem-se na campanha<br />
de informação aos consumidores que assinala,<br />
em todo o País, os 39 anos da criação<br />
da Confederação Nacional da Agricultura.<br />
Governo retoma demolições<br />
O PCP condena com veemência a insistência<br />
do Governo nas demolições de habitações<br />
na Ria Formosa. Numa nota enviada ontem, já<br />
muito perto do fecho da nossa edição, a Direcção<br />
da Organização Regional do Algarve do<br />
PCP acusa o Governo de, procedendo à tomada<br />
administrativa de posse de habitações no<br />
núcleo do Farol, estar a dar «mais um passo<br />
para a concretização do vergonhoso<br />
processo de demolições nas ilhas-<br />
-barreira da Ria Formosa» iniciado<br />
pelo seu antecessor.<br />
Alertando para os interesses que<br />
poderão estar por detrás desta<br />
medida, o PCP acusa o PS de romper<br />
com os compromissos que assumiu<br />
com as populações antes das<br />
eleições de Outubro de 2015 e de<br />
desrespeitar a resolução da Assembleia<br />
da República que aponta precisamente<br />
no sentido oposto.<br />
Foto LUSA<br />
Segundo o Ministério das<br />
Finanças, as «omissões» e<br />
«incongruências» de informação<br />
foram detectadas<br />
quando, entre finais de<br />
2015 e o início de 2016, foi<br />
retomado o trabalho de<br />
«análise estatística e divulgação»<br />
dos valores das transferências<br />
para os centros<br />
offshore e os chamados «territórios<br />
com tributação privilegiada».<br />
O PCP quer ouvir<br />
também o anterior responsável<br />
pela pasta, Paulo Núncio<br />
(CDS-PP), «para perceber<br />
como uma lei de 2010 passa<br />
quase quatro anos sem ser<br />
aplicada, tendo em conta<br />
que só agora se está a apurar<br />
os valores dessas fugas de<br />
capitais».<br />
«Como foi possível que um<br />
Governo que tinha a dureza<br />
que tinha para as pessoas<br />
em geral ter sido tão permissivo<br />
para as empresas e milionários<br />
que fizeram estas<br />
transferências?», interrogou<br />
Miguel Tiago.<br />
O parlamentar comunista<br />
recordou ainda as muitas<br />
iniciativas legislativas que<br />
o PCP tem apresentado ao<br />
longo dos anos sobre esta<br />
matéria, incluindo projectos<br />
de lei, visando designadamente<br />
o combate à fuga de<br />
capitais e à evasão fiscal<br />
através de paraísos fiscais,<br />
encontrando-se algumas<br />
desses diplomas mais recentes<br />
em discussão na especialidade.<br />
O CPPC promove<br />
às 18 horas do próximo<br />
dia 3 de Março na Casa<br />
do Alentejo, em Lisboa,<br />
uma sessão de<br />
solidariedade com<br />
a Venezuela e a América<br />
Latina, no quadro<br />
do 4. o aniversário<br />
do falecimento de Hugo<br />
Chávez