03.09.2019 Views

2256

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

2<br />

SEMANA 23-2-2017<br />

Proletários de todos os países<br />

UNI-VOS!<br />

ACONTECEU<br />

PROPRIEDADE<br />

Partido Comunista Português<br />

R. Soeiro Pereira Gomes, 3<br />

1600-196 Lisboa<br />

Tel. 217 813 800<br />

NIF – 500 940 673<br />

ADMINISTRAÇÃO E EDIÇÃO<br />

Editorial «Avante!», SA<br />

Campo Grande, 220-A<br />

1700-094 Lisboa<br />

Capital social:<br />

125 000 €<br />

CRC matrícula: 47059<br />

NIF – 500 090 440<br />

DIRECÇÃO E REDACÇÃO<br />

Partido Comunista Português<br />

R. Soeiro Pereira Gomes, 3<br />

1600-196 Lisboa<br />

Tel. 217 817 190/91<br />

Fax: 217 817 193<br />

Email:<br />

avante@avante.pt<br />

avante@pcp.pt<br />

Web:<br />

www.avante.pt<br />

Director<br />

Manuel Rodrigues<br />

Chefe de Redacção<br />

Anabela Fino<br />

Chefe Adjunto<br />

Gustavo Carneiro<br />

Redactores<br />

Carlos Nabais<br />

Domingos Mealha<br />

Henrique Custódio<br />

Hugo Janeiro<br />

João Chasqueira<br />

Miguel Inácio<br />

Noélia Oliveira<br />

Grafismo<br />

Inês Seixas<br />

Jorge Caria<br />

Fotografia<br />

Inês Seixas<br />

Jorge Caria<br />

Secretaria da Redacção<br />

Noémia Presúncia<br />

DISTRIBUIÇÃO<br />

DISTRIBUIÇÃO ADE’s<br />

Editorial Avante!<br />

Campo Grande, 220-A<br />

1700-094 Lisboa<br />

Tel. 21 816 17 60<br />

Tel. 21 816 17 68<br />

Alterações de remessa<br />

Até às 17 horas<br />

de cada sexta-feira:<br />

Tel. 21 816 17 68<br />

email: mcaracol@<br />

paginaapagina.pt<br />

DISTRIBUIÇÃO COMERCIAL<br />

VASP – Sociedade<br />

de Transporte<br />

e Distribuição, Lda.<br />

Media Logistics Park<br />

Qta. do Grajal<br />

Venda Seca<br />

2739-511 AGUALVA-CACÉM<br />

Tel. 21 433 70 00<br />

Fax: 21 432 60 09<br />

ASSINATURAS<br />

Campo Grande, 220-A<br />

1700-094 Lisboa<br />

Tel. 21 816 17 68<br />

email: assinaturas @pagina<br />

apagina.pt<br />

TABELA DE ASSINATURAS<br />

(IVA e portes incluídos)<br />

PORTUGAL<br />

(Continente e Regiões<br />

Autónomas)<br />

50 números: 54,00 €<br />

25 números: 28,00 €<br />

EUROPA<br />

50 números: 120,00 €<br />

EXTRA-EUROPA<br />

50 números: 180,00 €<br />

•Enviar para:<br />

Editorial «Avante!»<br />

nome, morada com<br />

código postal e telefone<br />

e acompanhar cheque<br />

ou vale de correio.<br />

Impressão<br />

Lisgráfica – Impressão<br />

e Artes Gráficas, SA<br />

Rua Consiglieri Pedroso,<br />

n. o 90<br />

Casal de Santa Leopoldina<br />

2730-053 BARCARENA<br />

Depósito legal n. o 205/85<br />

ICS 102 235<br />

ISSN 0870-1865<br />

Comité Central do PCP apela a uma ampla participação nas<br />

comemoração do 96. o aniversário do Partido<br />

15<br />

Quarta-feira<br />

Comunistas reiteram, em comunicado,<br />

a necessidade da<br />

construção do novo aeroporto<br />

internacional de Lisboa no Campo<br />

de Tiro de Alcochete • Deputados<br />

do PCP questionam o<br />

Governo sobre a falta de pavilhões<br />

desportivos nas escolas da<br />

região de Setúbal • PE aprova<br />

o início da implementação do<br />

CETA; PCP vota contra • Raúl<br />

Castro, presidente de Cuba, recebe<br />

em Havana o seu homólogo<br />

da Irlanda, Michael Higgins<br />

• Venezuela suspende as emissões<br />

da CNN em espanhol, por<br />

a emissora atentar contra a paz<br />

e a estabilidade democrática •<br />

Começa a Volta ao Algarve em<br />

Bicicleta.<br />

16<br />

Quinta-feira<br />

Conselho de Ministros aprova<br />

a descentralização de competências<br />

para as autarquias e entidades<br />

intermunicipais • CNA é<br />

recebida em audiência pelo primeiro-ministro<br />

• Milhares de<br />

pessoas manifestam-se no Panamá<br />

e no Peru contra a corrupção<br />

• NATO informa que vai<br />

aumentar a sua presença naval<br />

no Mar Negro • Secretário-geral<br />

da Liga Árabe defende que a<br />

resolução do conflito israelo-palestiniano<br />

requer uma solução<br />

com dois estados • Uma escultura<br />

de bronze em tamanho real<br />

de Gabriel García Márquez é<br />

inaugurada em Havana, numa<br />

homenagem ao escritor colombiano<br />

e a Cuba, pelo apoio aos<br />

acordos de paz com as FARC.<br />

17<br />

Sexta-feira<br />

Jerónimo de Sousa participa<br />

na apresentação de João Ferreira<br />

à presidência da Câmara de<br />

Lisboa • Reabrem as escolas<br />

do concelho de Setúbal, depois<br />

do encerramento devido à poluição<br />

provocada pelo incêndio<br />

nos armazéns de enxofre da Sapec,<br />

na Mitrena • Governo acaba<br />

com reavaliação trimestral do<br />

imposto sobre combustíveis •<br />

Parlamento da Finlândia aprova<br />

definitivamente o casamento entre<br />

pessoas do mesmo sexo.<br />

18<br />

Sábado<br />

RESUMO<br />

Reúne o Comité Central do<br />

PCP • URAP promove uma homenagem<br />

aos tarrafalistas, em<br />

Lisboa • DORP do PCP pede o<br />

«apuramento cabal» de todos os<br />

responsáveis pela deposição de<br />

resíduos perigosos em S. Pedro<br />

da Cova • Milhares de romenos<br />

voltam às ruas para exigir a<br />

demissão do governo • «Cidade<br />

Pequena», de Diogo Costa Amarante,<br />

é distinguido com o Urso<br />

de Ouro para melhor curta-metragem<br />

no Festival de Cinema<br />

de Berlim.<br />

19<br />

Domingo<br />

No final da reunião do CC do<br />

PCP, Jerónimo de Sousa sublinha<br />

que a CDU é a alternativa a<br />

todos os partidos nas próximas<br />

eleições autárquicas • «A Voz do<br />

Operário» acolhe concerto que<br />

evoca Carlos Paredes • Numa<br />

acção em Nova Iorque, milhares<br />

de pessoas contestam as políticas<br />

de imigração dos EUA.<br />

20<br />

Segunda-feira<br />

Banco de Portugal anuncia<br />

que o fundo norte-americano<br />

Lone Star foi seleccionado para<br />

negociar a compra do Novo Banco;<br />

PCP volta a defender a manutenção<br />

do banco na esfera pública<br />

• PCP reclama do Governo<br />

medidas de emergência que respondam<br />

às necessidades dos extrabalhadores<br />

dos estaleiros de<br />

Viana do Castelo • Deputados<br />

comunistas interrogam o Executivo<br />

PS sobre o encerramento<br />

do balcão da CGD na freguesia<br />

do Teixoso, Covilhã • Nicolás<br />

Maduro apela à reorganização<br />

do Partido Socialista Unido da<br />

Venezuela • Milhares de pessoas<br />

manifestam-se em Londres contra<br />

a visita do presidente dos<br />

EUA ao Reino Unido, prevista<br />

para 2017 • Cerca de 350 migrantes<br />

subsarianos saltam a barreira<br />

que separa Marrocos de<br />

Ceuta • Arranca a 37.ª edição<br />

do Fantasporto.<br />

21<br />

Terça-feira<br />

Secretário-geral do PCP visita<br />

os baldios de Vilarinho, Coimbra;<br />

em Famalicão, Jerónimo de<br />

Sousa participa nas comemorações<br />

do Centenário de Lino Lima<br />

• Comunistas entregam na AR<br />

uma proposta de resolução para<br />

reabilitar a Linha do Vouga •<br />

Empresários da diversão itinerante<br />

concentram-se junto ao Ministério<br />

das Finanças para reivindicar<br />

medidas de apoio ao<br />

sector • CE anuncia uma «resolução<br />

amigável», entre Portugal<br />

e Espanha, para o litígio em torno<br />

de Almaraz; PEV destaca a<br />

importância da luta civil • Guia<br />

supremo do Irão qualifica Israel<br />

como uma «falsa nação» e apela<br />

aos muçulmanos que apoiem<br />

a causa palestiniana.<br />

Emprego no Estado<br />

abaixo de 2011<br />

O número de trabalhadores ao serviço da administração<br />

pública registou um ligeiro aumento de<br />

0,7 por cento no final de 2016 em relação ao ano<br />

anterior, no entanto continua 8,8 por cento abaixo<br />

do nível de 2011.<br />

Segundo a Síntese Estatística do Emprego Público,<br />

divulgada dia 15, em 31 de Dezembro último os<br />

serviços do Estado contavam com 663 798 trabalhadores,<br />

ou seja menos 63 631 face a igual período<br />

de 2011.<br />

A administração central é o subsector que revela<br />

a maior diminuição de emprego, face a 2011,<br />

com menos 44 662 postos de trabalho, ou seja, uma<br />

quebra de 8,1 por cento.<br />

A síntese refere ainda que 76,3 por cento dos funcionários<br />

públicos encontram-se em entidades da<br />

administração central, 16,6 por cento na administração<br />

local e 5,6 por cento na administração regional<br />

autónoma.<br />

O emprego no sector das administrações públicas<br />

representava, no final de 2016, cerca de 12,8<br />

por cento da população activa e de 14,3 por cento<br />

da população empregada.<br />

750 mil utentes<br />

sem médico de família<br />

No final de 2016 os utentes sem médico de família<br />

totalizaram 769 537, tendo pela primeira<br />

vez ficado abaixo de um milhão, segundo dados<br />

da Administração Central do Sistema de Saúde,<br />

divulgados dia 20.<br />

De acordo com a mesma fonte trata-se da maior<br />

taxa de cobertura de sempre da população com<br />

médico de família (92,1%), representando um aumento<br />

de 26,6 por cento do número de utentes<br />

que passaram a ter médico de família, em relação<br />

a 2015.<br />

Economia gera<br />

saldo externo<br />

Pelo quinto ano consecutivo, a economia portuguesa<br />

gerou um saldo externo em 2016, equivalente<br />

a 1,8 por cento do Produto Interno Bruto<br />

(PIB) ou 3154 milhões de euros.<br />

Na balança de bens, o défice baixou de 5,2<br />

para 4,9 por cento do PIB, enquanto na balança<br />

de serviços o excedente saltou de 6,9 para 7,1 por<br />

cento. No conjunto, o crescimento das exportações<br />

foi de dois por cento enquanto as importações<br />

evoluíram de 0,8 por cento.<br />

Segundo dados divulgados dia 20 pelo Banco de<br />

Portugal, o sector do turismo deu um forte contributo,<br />

apresentando um saldo de 8831 milhões<br />

de euros.<br />

«Cidade Pequena»<br />

vence Urso de Ouro<br />

O filme «Cidade Pequena», de Diogo Costa<br />

Amarante, foi distinguido, dia 17, com o Urso de<br />

Ouro para melhor curta-metragem no Festival<br />

de Cinema de Berlim.<br />

Diogo Costa Amarante, nascido no Porto, em<br />

1982, foi realizador, coprodutor, argumentista,<br />

director de fotografia, de montagem e co-responsável<br />

pelo som de «Cidade Pequena», filme que<br />

teve como protagonistas a irmã e o sobrinho do<br />

realizador, Frederico Costa Amarante Barreto e<br />

Mara Costa Amarante.<br />

Com este prémio são já três os Ursos de Ouro<br />

atribuídos a realizadores portugueses, na categoria<br />

de curtas-metragens, pelo Festival de Berlim,<br />

depois de «Rafa», de João Salaviza, em 2012, e<br />

de «Balada de um Batráquio», de Leonor Teles,<br />

no ano passado.<br />

O júri internacional do certame nomeou ainda<br />

o filme «Os Humores Artificiais», de Gabriel<br />

Abrantes, para o prémio de melhor curta-metragem<br />

europeia de 2017 nos European Film<br />

Awards.<br />

Pesca da Caparica<br />

é património cultural<br />

A Arte Xávega da Costa de Caparica foi inscrita<br />

no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.<br />

A classificação foi publicada, dia 16, em Diário<br />

da República, pela Directora-Geral do Património<br />

Cultural que decidiu favoravelmente sobre<br />

o pedido apresentado pelo Município de Almada.<br />

A autarquia apresentou a diligência em 2015<br />

considerando que a inscrição potenciaria «a promoção<br />

cultural, a salvaguarda do património, a defesa<br />

de uma actividade económica de significativa<br />

expressão, e a divulgação e promoção turística<br />

desta região».<br />

Filme sobre Amadeo<br />

volta às salas<br />

O filme que celebrou o<br />

centenário do nascimento<br />

de Amadeu de Souza Cardoso,<br />

realizado em 1988<br />

por Paulo Rocha, esteve<br />

em exibição até ontem,<br />

22, no Cinema Ideal, em<br />

Lisboa, devendo agora ser<br />

exibido noutros pontos do<br />

País.<br />

A película, intitulada «Máscara de Aço Contra<br />

Abismo Azul», foi digitalizada e restaurada pela Cinemateca<br />

Portuguesa – Museu do Cinema e editada<br />

em DVD.


23-2-2017<br />

SEMANA 3<br />

CRÓNICA<br />

INTERNACIONAL<br />

• Jorge Cadima<br />

Um Estado<br />

Trump acolheu nos EUA o primeiro-ministro de Israel,<br />

o carniceiro de Gaza Netanyahu. Por entre declarações<br />

de amor mútuo na conferência de imprensa conjunta,<br />

Trump distanciou-se da política oficial da ONU ao longo<br />

de décadas: a promessa de dois estados em território<br />

palestino. Disse que tanto fazia uma solução de dois estados,<br />

ou de um Estado, e caberia a Israel e aos palestinos<br />

decidir. Falsa ingenuidade e falso distanciamento.<br />

A solução ‘um Estado’ de Trump e Netanyahu não é um<br />

Estado para todos quantos vivem no território histórico<br />

da Palestina. É o Estado judaico do Grande Israel, exclusivista<br />

e xenófobo, anexando a Margem Ocidental e<br />

erguido sobre uma ulterior limpeza étnica dos palestinos.<br />

As manobras do imperialismo para dominar o Médio<br />

Oriente podem estar prestes a ter um novo salto qualitativo.<br />

No seu recente discurso perante a Assembleia Geral<br />

da ONU, Netanyahu disse que «as relações diplomáticas<br />

de Israel» com os países<br />

O que se<br />

compreende<br />

mal, no meio<br />

disto tudo,<br />

é o papel<br />

da ONU<br />

árabes «estão a sofrer uma revolução»<br />

pois estes «começam a reconhecer<br />

em Israel, não o seu inimigo,<br />

mas um aliado» (Jerusalem<br />

Post, 22.9.16). Os ‘países árabes’<br />

de que fala são as petro-ditaduras<br />

do Golfo, os maiores promotores<br />

e financiadores do<br />

terrorismo fundamentalista que<br />

assola a região, ao serviço do imperialismo.<br />

Os países árabes laicos, nascidos da luta de<br />

libertação nacional dos povos árabes, têm estado a ser<br />

destruídos, um a um, pelo imperialismo e Israel. Pelos<br />

Bushs, Clintons, Obama e o terrorismo ao seu serviço.<br />

AArábia Saudita, Catar, EAU estão há muito, pela calada,<br />

em intensa colaboração com Israel, não apenas<br />

na promoção dos bandos tipo ISIL e Al Qaeda mas<br />

também na compra de armas e, como relata um recente<br />

artigo da Bloomberg (2.2.17), em negócios com empresas<br />

tecnológicas e de ‘segurança’ de Israel (uma das<br />

quais – a Athena GS3 – chefiada por um ex-chefe dos<br />

serviços secretos de Israel, a Mossad). Segundo a Bloomberg<br />

«não é que a Paz tenha chegado ao Médio Oriente.<br />

Não se trata de converter espadas em arados; é o resultado<br />

duma convergência lógica de interesses, baseada em<br />

receios partilhados: duma bomba iraniana, do terror jihadista,<br />

de insurreições populares, e de uma retirada dos<br />

EUA da região». Metade mentira e metade verdade.<br />

Não há bomba iraniana e o terror jihadista é obra deles<br />

próprios. O que realmente receiam é a resistência e<br />

revolta populares, e o enfraquecimento do papel hegemónico<br />

dos EUA.<br />

Trump ameaça virar-se contra o Irão, o único país da<br />

lista de países a invadir elaborada pelo Pentágono (segundo<br />

o General Wesley Clark) que ainda não foi objecto duma<br />

agressão militar directa. Os aventureiristas imperialistas<br />

sonham com estender a esse grande país as suas receitas:<br />

a guerra, o caos e a destruição. As ditaduras árabes<br />

que aceitem colaborar terão, a prazo, o mesmo destino<br />

do seu antecessor Saddam Hussein: depois de trazerem<br />

a desgraça para os povos da região, serão varridas pelas<br />

próprias potências imperialistas que serviram, e que<br />

apenas cobiçam as suas riquezas. Ou serão varridas pelos<br />

seus povos.<br />

O que se compreende mal, no meio disto tudo, é o papel<br />

da ONU. Notícias da imprensa israelita referem que<br />

Tzipi Livni (ministra da Justiça de Israel durante o massacre<br />

de 2014 em Gaza) foi convidada por Guterres<br />

para um lugar de sub-Secretária Geral da ONU (Haaretz,<br />

12.2.17). O presidente de Israel Rivlin apoiou publicamente<br />

essa eventualidade (Haaretz, 13.2.17). Uma tal nomeação<br />

seria premiar o maior infractor de resoluções da<br />

ONU. Seria esfaquear pelas costas os palestinos, ao fim<br />

de 70 anos de promessas por cumprir. Seria colocar criminosos<br />

de guerra nas chefias da ONU.<br />

EDITORIAL<br />

OComité Central do PCP, reunido a 18 e 19<br />

de Fevereiro, procedeu à análise da situação<br />

internacional, da situação social e política<br />

nacional e do desenvolvimento da luta de<br />

massas. Apreciou, no quadro da concretização das<br />

decisões e orientações do XX Congresso do Partido,<br />

aspectos da actividade, da iniciativa política e<br />

do reforço do Partido. Procedeu à discussão e definição<br />

dos objectivos e grandes linhas de intervenção<br />

para as eleições autárquicas, afirmando a<br />

CDU e o seu projecto de trabalho, honestidade e competência.<br />

Asituação política continua marcada pela discussão<br />

em torno da CGD com a acção de desestabilização<br />

em curso por parte do PSD e do CDS,<br />

a pretexto da Comissão de Inquérito Parlamentar<br />

e de aspectos suscitados sobre a intervenção do ministro<br />

das Finanças.<br />

O PCP sempre se pronunciou pela exigência da<br />

apresentação de declaração de rendimentos de<br />

António Domingues, ex-Presidente da CGD, pelo<br />

que, a ter existido uma outra atitude do ministro das<br />

Finanças ela se confronta com a posição e a crítica<br />

do PCP. O PCP entende igualmente que, face<br />

a sucessivas campanhas em parte animadas por erradas<br />

decisões adoptadas pelo Governo, a questão<br />

central que se coloca é denunciar e pôr fim à operação<br />

que o PSD e o CDS e o grande capital desenvolvem<br />

contra a CGD visando a sua privatização.<br />

Para o PCP é fundamental assegurar o controlo público<br />

da CGD ao serviço do desenvolvimento nacional<br />

e para garantir a defesa dos interesses dos trabalhadores,<br />

do povo e do País.<br />

Neste sentido, sobre a eventual constituição de<br />

uma nova Comissão de Inquérito sobre a CGD, o<br />

PCP reafirma a importância das comissões de inquérito<br />

enquanto instrumento parlamentar, mas<br />

sublinha que, se vier a ser proposta, esta, como quaisquer<br />

outras comissões, tem de ser avaliada pela conformação<br />

constitucional e legal que deve assumir<br />

quanto a conteúdos e objectivos.<br />

Do mesmo modo o PCP defende a manutenção<br />

do Novo Banco na esfera pública e não a sua privatização<br />

como parece ser a «solução» escolhida pelo<br />

Governo. O PCP reafirma que o Novo Banco pela<br />

sua dimensão, pelo apoio que pode dar às micro,<br />

pequenas e médias empresas e às famílias, deve manter-se<br />

sob controlo público do Estado e ser colocado<br />

ao serviço do desenvolvimento económico do País<br />

e das famílias, salvaguardado que seja o interesse<br />

nacional.<br />

O PCP mantém preocupações quanto à real situação<br />

na banca designadamente com o domínio monopolista<br />

de capital estrangeiro, o volume de crédito<br />

malparado e a continuação do processo de<br />

concentração bancária à escala europeia e o agravamento<br />

do preço das comissões e serviços bancários<br />

com prejuízos para a população e para a economia<br />

nacional, situação que o PSD e CDS procuram<br />

agravar com manobras de manipulação política, ins-<br />

“A política patriótica e de esquerda<br />

é necessária, urgente e possível<br />

”<br />

INTENSA<br />

INTERVENÇÃO<br />

trumentalizando comissões de inquérito, que visam<br />

a privatização da Caixa Geral de Depósitos.<br />

Como sublinha o comunicado do Comité Central<br />

de 18 e 19 de Fevereiro, «como o PCP tem insistido,<br />

o que o País precisa é de uma política que<br />

assegure o investimento, o aumento da produção nacional<br />

(visando, entre outras, a soberania alimentar<br />

e energética) e a criação de emprego. Objectivos<br />

indissociáveis da necessidade de libertação da<br />

submissão ao euro, da renegociação da dívida e do<br />

controlo público da banca, bem como de uma política<br />

externa independente e soberana baseada<br />

na cooperação e na paz».<br />

OPCP continua a desenvolver intensa actividade.<br />

Prossegue a campanha «mais direitos,<br />

mais futuro. Não à precariedade». Prepara-se o 96.º<br />

aniversário do Partido com um vasto conjunto de<br />

iniciativas a realizar por todo o País. Prossegue a<br />

preparação das eleições autárquicas no quadro da<br />

CDU – espaço privilegiado de intervenção unitária<br />

e participação cívica com o seu percurso de trabalho,<br />

honestidade e competência, que se distingue pelo<br />

seu projecto e pela obra realizada. Prossegue igualmente<br />

a acção de reforço do Partido. Prepara-se<br />

a campanha «Produção, emprego, soberania. Libertar<br />

Portugal da submissão ao euro» que, como<br />

refere o comunicado da reunião do CC da semana<br />

passada, «promovendo um amplo debate sobre<br />

a produção nacional e o seu aumento, nomeadamente<br />

para garantir a soberania alimentar e energética,<br />

enquanto condição de independência económica<br />

e promoção de emprego, com a identificação<br />

de recursos, a eliminação dos factores que a constrangem,<br />

as medidas que a promovem e dinamizam<br />

– sublinhará a importância da libertação do País<br />

da submissão ao euro, associada à renegociação da<br />

dívida e à recuperação do controlo público da<br />

banca, para enfrentar os constrangimentos externos,<br />

recuperar a soberania monetária e orçamental,<br />

libertar recursos para o investimento público,<br />

melhorar os serviços públicos e as funções sociais<br />

do Estado».<br />

Regista-se o desenvolvimento de diversas lutas<br />

em muitas empresas e sectores em torno da acção<br />

reivindicativa. Luta em que se alicerça a preparação<br />

do 1.º de Maio a partir das empresas e locais<br />

de trabalho. Avança a mobilização para a<br />

manifestação das mulheres de 11 de Março em Lisboa.<br />

Os estudantes dos ensinos Secundário e Superior<br />

organizam acções de luta em torno dos problemas<br />

concretos que vivem nas escolas e a CNA<br />

realiza uma semana de acções junto a grandes superfícies<br />

comerciais.<br />

No quadro desta intensa intervenção, o PCP pros -<br />

seguirá a sua acção por um Portugal com futuro.<br />

Confiante que a política alternativa que propõe<br />

e de que o País precisa para resolver os seus graves<br />

problemas é necessária, urgente e possível.


4 SEMANA<br />

23-2-2017<br />

ACTUAL<br />

Dez mil milhões de euros de transferências<br />

para offshores passaram<br />

ao largo do fisco português entre 2011<br />

e 2014. Sim, exactamente os anos da<br />

troika instalada de armas e bagagens<br />

em Portugal, monitorizando o empenho<br />

do governo PSD/CDS na aplicação do<br />

pacto de agressão subscrito por estes<br />

dois partidos e pelo PS. Era o tempo<br />

do «equilíbrio» e do «rigor das contas<br />

públicas”, do ajustamento, necessário<br />

porque os portugueses tinham andado<br />

anos a viver acima das suas possibilidades.<br />

Pois bem, fique o leitor a saber<br />

que esses 10 000 milhões de euros<br />

(algo que daria para pagar a saúde e a<br />

educação de todos os portugueses durante<br />

um ano) passaram ao estreito porque<br />

o governo se «esqueceu» de cobrar<br />

impostos sobre essas transferências.<br />

A estes 10 000 milhões teremos de<br />

somar as fugas aos impostos e as benesses<br />

ao capital, como por exemplo a<br />

Três notícias,<br />

o mesmo roubo<br />

• Ângelo Alves<br />

descida do IRC. Mas teremos de somar<br />

ainda os cerca de 20 mil milhões de euros<br />

retirados dos nossos bolsos para<br />

apoios à banca, nomeadamente nas<br />

operações relativas ao<br />

BPN, BES e BANIF.<br />

Não fomos os únicos.<br />

Segundo um estudo<br />

do Transnational Institute,<br />

publicado ontem,<br />

os apoios à banca com<br />

dinheiros públicos ascenderam,<br />

entre 2008 e 2015, a 747<br />

000 milhões de euros no conjunto dos<br />

estados da UE. Sabemos bem dos efeitos<br />

destes autênticos roubos no nosso<br />

País. Aliás, segundo estudos recentes,<br />

está provada a relação directa entre os<br />

grandes «regastes» e o aumento do desemprego<br />

e da pobreza.<br />

O caso da Grécia é paradigmático. Os<br />

gregos foram obrigados a entregar, no<br />

período acima referido, cerca de 30 000<br />

As pulgas e os elefantes<br />

• Vasco Cardoso<br />

Lado a lado<br />

Aapresentação das «memórias» de<br />

Cavaco e o sururu suscitado pelo<br />

evento que alguns chegaram mesmo a<br />

classificar como o aggiornamento do cavaquistão,<br />

a que se seguiu a expectável<br />

série de comentários às partes mais<br />

picantes, chamemos-lhe assim, da volumosa<br />

obra – 600 (seiscentas!) páginas<br />

a dizer mal de Sócrates, segundo<br />

as más línguas – fez-me lembrar de um<br />

outro livro de «memórias» que também<br />

teve o seu momento de<br />

(má) publicidade aqui há<br />

uns tempos. Falo do 'livro<br />

proibido' de José António<br />

Saraiva, claro, que ao contrário<br />

de Cavaco teve de<br />

anular a anunciada apresentação<br />

pública por falta<br />

de comparência do apresentador<br />

convidado, Passos<br />

Coelho, que se descom-<br />

• Anabela Fino<br />

prometeu do compromisso assumido<br />

depois de meio mundo da opinião publicada<br />

ter desancado o autor por dar<br />

à estampa o que diz ter ouvido em conversas<br />

privadas, coisa de resto reconhecida<br />

na introdução e reforçada na<br />

ilustração da capa com um buraco de<br />

fechadura numa mensagem deliberadamente<br />

óbvia.<br />

Por uma daquelas coincidências<br />

com que a vida não pára de nos surpreender,<br />

quem sentir interesse<br />

pelas duas obras<br />

irá por certo encontrá-las<br />

a partilhar a mesma prateleira<br />

das livrarias, quiçá<br />

mesmo encostadinhas<br />

uma à outra, já que de Saraiva<br />

a Silva não dista<br />

grande distância, para<br />

além do facto de partilharem<br />

a mesma temática.<br />

milhões de euros à banca. Enquanto o<br />

grande capital financeiro sorvia, e sorve,<br />

o dinheiro dos gregos, 22,2% da sua<br />

população sofria, em 2015, de «privação<br />

material severa»;<br />

em 2008 eram 10%.<br />

O tormento grego está<br />

longe do fim. Como<br />

previmos, a aceitação<br />

pelo governo grego do<br />

Syriza das «regras»<br />

transformou-o em mais<br />

um carrasco do povo grego e num cúmplice<br />

do roubo. Um roubo agora mascarado<br />

com repugnante cinismo e hipocrisia,<br />

ao afirmarem (governo, UE e<br />

FMI) que não haverá mais «austeridade»,<br />

mas sim «reformas estruturais».<br />

Onde? No mercado laboral, nos impostos<br />

e nas pensões. Tudo com medidas<br />

«pré-legisladas» pela troika. Ou<br />

seja, um roubo ainda mais grave e estrutural.<br />

Com o passar dos meses vai ficando mais distante da memória<br />

colectiva o real significado da política que PSD e CDS<br />

impuseram ao País. A concretização pelo anterior governo<br />

do pacto de agressão que PS, PSD e CDS assumiram com<br />

a troika traduziu-se num processo de regressão económica<br />

e social de grande envergadura que deixou o povo e o<br />

País de rastos. Percebe-se o empenho com que<br />

estes procuram agora criar todo o tipo de manobras<br />

de diversão – como o folhetim em torno<br />

da CGD que pretendem privatizar – visando<br />

branquear responsabilidades e criar uma<br />

cortina de fumo sob uma realidade que teve<br />

avanços, embora limitados, como sabemos.<br />

Mas a verdade é como o azeite e, como tantas<br />

outras vezes, acaba por vir à tona destapando<br />

todo o tipo de mentiras e mistificações.<br />

Todos se recordarão do enorme aumento de impostos que<br />

de uma penada impôs um brutal agravamento fiscal sobre<br />

os rendimentos do trabalho (sobretaxa no IRS, redução dos<br />

escalões e limites às deduções, etc.) com um saque anual<br />

(2012) de mais de três mil milhões de euros que ainda não<br />

foi completamente revertido. Ninguém poderá esquecer outros<br />

aumentos que arrastaram muitos bens e serviços para<br />

a taxa máxima do IVA (23%), ou a perseguição feita aos<br />

beneficiários de várias prestações sociais (subsídio de desemprego,<br />

RSI, etc.) e também a perseguição implacável<br />

que foi feita aos trabalhadores, agricultores, pescadores, pequenos<br />

empresários sujeitos a uma ameaça permanente por<br />

parte do fisco com a aplicação de multas, coimas<br />

e juros, por cada atraso ou incorrecção<br />

no preenchimento de documentos. Foram de<br />

facto anos de muito e intenso «trabalho» por<br />

parte da AT.<br />

Só pode ter sido o excesso de ocupação que<br />

pode justificar que, ao mesmo tempo que os<br />

trabalhadores e o povo eram massacrados,<br />

os mesmos serviços tenham deixado escapar<br />

para diversos paraísos fiscais cerca de 17 mil<br />

milhões de euros (mas quem é que tem tanto dinheiro?!!),<br />

dos quais cerca de 10 mil milhões não tiveram qualquer escrutínio<br />

por parte do fisco, conforme foi noticiado pelo Público<br />

esta semana, ficando libertos do pagamento de impostos.<br />

Eis a política fiscal que se concentrou nas pulgas para deixar<br />

passar os elefantes.<br />

Com efeito, do simbólico buraco da fechadura<br />

a que Saraiva recorreu para ir<br />

anotando na memória ou no diário as<br />

inconfidências – o termo é do próprio<br />

– que lhe foram sendo feitas ao longo<br />

de décadas de conversas privadas, do<br />

buraco da fechadura do ex-director do<br />

Expresso e do Sol, repete-se, às quatro<br />

paredes da sala das reuniões de<br />

quinta-feira e outros dias de Cavaco vai<br />

a mesma distância que de Saraiva a Silva,<br />

ou seja um quase nada. O primeiro<br />

garante que as suas memórias não<br />

são um «ajuste de contas», o segundo<br />

diz que as suas são um «presta contas».<br />

Contas feitas, ambos trazem a público<br />

sem réstia de vergonha o que seria suposto<br />

permanecer privado, o que é uma<br />

forma de revelarem a sua degradante<br />

falta de princípios. É caso para dizer,<br />

como dos respectivos livros, que merecem<br />

a companhia um do outro.<br />

“<br />

O Tratado de Mastricht (...) provocou este<br />

desequilíbrio enorme no espaço da União<br />

entre países mais e menos desenvolvidos. (...)<br />

Uma moeda partilhada por todos (...) só podia<br />

dar errado.<br />

” (Santana Lopes,<br />

Negócios, 16.2.17)<br />

“<br />

Ainda hoje me interrogo como foi possível<br />

chegar onde cheguei. ”” (Cavaco Silva,<br />

Diário de Notícias, 17.2.10)<br />

“[No relatório da Amnistia Internacional<br />

sobre alegadas execuções na Síria] afirma-<br />

-se que a esmagadora maioria das entrevistas<br />

foi feita a pessoas que se encontram na Turquia,<br />

na Europa, na Jordânia ou nos<br />

EUA.<br />

”<br />

FRASES<br />

(Alexandre Guerreiro,<br />

Público, 17.2.17)<br />

“<br />

Ou seja, que se encontram em territórios<br />

que têm insistido fortemente na campanha<br />

em favor da queda de Assad. ” (Idem, ibidem)<br />

“<br />

E assim, de forma leviana, lápis atrás da<br />

orelha e com base em suposições, se afirma<br />

que morreram 5 mil a 13 mil. ” (Idem, ibidem)<br />

“<br />

Hoje temos comentadores que dão notícias<br />

sem qualquer verificação, anda muito<br />

político a atrapalhar o tráfego e a fazer<br />

contrabando de informação.<br />

” (Carlos Magno,<br />

RTP2, 17.2.17)<br />

“<br />

É curioso que tudo [questão das mensagens<br />

entre António Domingos e Centeno]<br />

tenha começado num jornal onde Lobo Xavier<br />

é administrador – e isto não acontece<br />

por acaso. ”<br />

(Idem, ibidem)<br />

“<br />

Os dados ao longo de 2017 poderão obrigar<br />

o Governo a rever em alta as estimativas<br />

de crescimento.<br />

” (Manuel Caldeira Cabral,<br />

Expresso, 18.2.17)<br />

“<br />

A estratégia do Governo está a resultar.<br />

”<br />

(Idem, ibidem)<br />

“<br />

O que os portugueses querem saber é por<br />

que é que chegámos a uma situação em que<br />

é necessária uma recapitalização tão forte<br />

da Caixa Geral de Depósitos.<br />

(Ferro ” Rodrigues,<br />

Diário de Notícias, 19.2.17)<br />

“<br />

António Saraiva, presidente da CIP<br />

(Confederação Industrial de Portugal), vulgarmente<br />

conhecido como “líder dos patrões”,<br />

veio defender a reestruturação da dívida<br />

nacional – colando-se politicamente ao<br />

PCP e ao Bloco de Esquerda.<br />

(João Lemos ” Esteves,<br />

Sol, 20.2.17)


23-2-2017<br />

EM FOCO<br />

5<br />

Administração Local, indústria e ambiente, comércio, educação, seguros, hotelaria<br />

Razões para mais luta<br />

Em greves, concentrações e plenários,<br />

milhares de trabalhadores de muito<br />

diferentes sectores e profissões<br />

mostram, por estes dias, que estão determinados<br />

a elevar as formas de luta, para conquistarem<br />

melhores salários e defenderem as carreiras<br />

profissionais e o direito à negociação colectiva.<br />

Para reclamar aumentos salariais<br />

e progressão na carreira<br />

(equiparando a situação dos operadores<br />

de armazém à dos operadores<br />

de supermercado), os<br />

trabalhadores da Logística da<br />

Sonae, na Azambuja e na Maia,<br />

fazem greve desde as 23h30 de<br />

hoje, até às 2h00 de sábado, dia<br />

25.<br />

O CESP/CGTP-IN exige que<br />

as empresas da Sonae acabem<br />

com a injustiça de, sem progressão<br />

na carreira, manter trabalhadores<br />

durante 10 ou 20 anos<br />

com o salário mínimo nacional,<br />

tal como os que entraram mais<br />

recentemente. Na Azambuja,<br />

sexta-feira de manhã, estará com<br />

o piquete de greve o Secretário-<br />

-geral da Intersindical, Arménio<br />

Carlos.<br />

Termina amanhã, em Setúbal<br />

(abrangendo ainda Lisboa, Beja,<br />

Évora e Faro), o ciclo de plenários<br />

inter-regionais de activistas<br />

que o Sindicato Nacional<br />

dos Trabalhadores da Administração<br />

Local iniciou no dia<br />

15, no Porto (também com os<br />

distritos de Braga, Bragança, Viana<br />

do Castelo e Vila Real), e<br />

que iria prosseguir, ontem, em<br />

Coimbra (incluindo Aveiro, Castelo<br />

Branco, Guarda, Leiria, Portalegre,<br />

Santarém e Viseu).<br />

O STAL/CGTP-IN pretendeu,<br />

assim, mobilizar os funcionários<br />

de autarquias, empresas públicas<br />

e concessionárias para a<br />

luta pela recuperação do poder<br />

de compra e pela revalorização<br />

das carreiras.<br />

No Porto, onde se reuniram<br />

mais de 200 activistas, foi aprovada<br />

uma resolução – que, no<br />

essencial, iria ser colocada nos<br />

outros dois plenários inter-regionais<br />

– em que se defende, com<br />

urgência, o aumento real dos salários<br />

e pensões, em quatro por<br />

cento, assegurando um mínimo<br />

de 50 euros.<br />

O STAL reclama igualmente<br />

o descongelamento da progressão<br />

nas posições remuneratórias;<br />

a actualização do salário mínimo<br />

nacional para 600 euros;<br />

a actualização do subsídio de refeição<br />

para 6,50 euros; a reposição<br />

dos valores do trabalho extraordinário<br />

e outras prestações<br />

remuneratórias; a redução, para<br />

1,5 por cento, do desconto<br />

para a ADSE; a alteração dos<br />

Os trabalhadores<br />

mobilizam-se por mais<br />

justos aumentos<br />

dos salários<br />

escalões de IRS; a reposição de<br />

um regime de carreiras digno,<br />

combatendo a polivalência e a<br />

flexibilidade, recuperando o direito<br />

de evolução (progressões e<br />

promoções) e valorizando as retribuições;<br />

e a regulamentação<br />

do suplemento de insalubridade,<br />

penosidade e risco, um direito<br />

conquistado há 19 anos e<br />

que nunca foi aplicado à Administração<br />

Local.<br />

Na resolução, assinala-se que<br />

«o poder de compra dos trabalhadores<br />

e pensionistas da Administração<br />

Pública Central e<br />

Local está hoje ao nível de<br />

1997» e que, «mesmo depois da<br />

eliminação dos cortes salariais,<br />

impostos em 2010, o salário líquido<br />

continua a ser inferior ao<br />

auferido em 2010». O STAL vinca<br />

que «esta brutal desvalorização<br />

salarial atinge com particular<br />

gravidade os trabalhadores<br />

da Administração Local», dos<br />

quais «cerca de 76 por cento<br />

não beneficiaram de qualquer<br />

reposição salarial», sendo que<br />

«49,2 por cento dos trabalhadores<br />

(assistentes operacionais,<br />

operários, auxiliares) têm como<br />

remuneração-base média mensal<br />

bruta 637,30 euros e como<br />

ganho médio mensal bruto<br />

777,80 euros».<br />

De segunda-feira até hoje, a<br />

Fenprof decidiu promover plenários<br />

de professores contratados<br />

em todas as escolas públicas<br />

de ensino artístico especializado,<br />

para analisar acções a<br />

desenvolver, perante o desfecho<br />

das negociações sobre a revisão<br />

do regime de concursos. Na versão<br />

final do Governo, mantém-<br />

-se a exclusão deste docentes.<br />

O Sindicato da Hotelaria do<br />

Algarve convocou greve de 24<br />

horas para 28 de Fevereiro, em<br />

todos os estabelecimentos do<br />

Grupo Pestana na região, para<br />

que a terça-feira de Carnaval seja<br />

ali considerada como feriado<br />

e que o trabalho prestado nesse<br />

dia seja remunerado com o correspondente<br />

acréscimo, como<br />

sucede no resto do País.<br />

A importância da luta dos trabalhadores no actual momento foi salientada no Plenário Nacional de<br />

Sindicatos da CGTP-IN, a 12 de Janeiro, que terminou frente ao Parlamento, onde foi entregue uma petição em<br />

defesa da contratação colectiva, com 76 mil assinaturas<br />

Quinzena<br />

A abrir a «quinzena de acção<br />

e luta» que a Fiequimetal/CGTP-<br />

-IN promove até 10 de Março,<br />

os trabalhadores da Valorsul e<br />

da Amarsul deslocam-se hoje,<br />

de manhã, à sede da Mota-Engil,<br />

onde realizam um plenário<br />

geral conjunto, no qual participa<br />

também o Secretário-geral da<br />

CGTP-IN, Arménio Carlos.<br />

Os salários não são actualizados<br />

desde 2009 e, com a privatização<br />

do Grupo EGF, os novos<br />

accionistas maioritários apressaram-se<br />

a dividir os resultados<br />

acumulados (em parte, à custa<br />

do corte nos salários), recusando-se<br />

a cumprir o direito de negociação<br />

colectiva e, em geral,<br />

os acordos de empresa em vigor.<br />

Para amanhã, estão convocadas<br />

greves de 24 horas, na ThyssenKrupp<br />

Elevadores e na Tesco.<br />

Em ambos os casos, foram<br />

marcadas concentrações fora das<br />

empresas e novas greves estão<br />

anunciadas para Março.<br />

O início da «quinzena de acção<br />

e luta» foi precedido de plenários,<br />

reuniões e contactos, nas<br />

últimas duas semanas, para decidir<br />

com os trabalhadores as<br />

acções a realizar, para «exigir<br />

respostas do patronato e do Governo<br />

a problemas que são comuns<br />

aos trabalhadores das indústrias<br />

metalúrgicas, químicas,<br />

eléctricas, farmacêutica, celulose,<br />

papel, gráfica, imprensa,<br />

energia e minas». Ao divulgar<br />

as acções programadas, a Fiequimetal<br />

destacou o aumento geral<br />

dos salários, a defesa dos direitos,<br />

a melhoria das condições<br />

de trabalho, a redução do horário<br />

de trabalho para as 35 horas<br />

semanais e o fim dos vínculos<br />

precários.<br />

A agenda desta «quinzena» inclui<br />

greves na Bosch Car Multimédia<br />

e na Delphi, ambas em<br />

Braga, no dia 27. Nesta mesma<br />

segunda-feira entram em greve,<br />

até 4 de Março, os trabalhadores<br />

da Beralt Tin and Wolfram<br />

(Mina da Panasqueira).<br />

Os trabalhadores da Randstad<br />

no call center da EDP em<br />

Lisboa (Parque das Nações e<br />

Quinta do Lambert), em plenários<br />

na semana passada, decidiram<br />

marcar greve para dia 28,<br />

para garantir o direito à terça-<br />

-feira de Carnaval, e para 28 de<br />

Março, associando as reivindicações<br />

à participação na manifestação<br />

do Dia Nacional da Juventude,<br />

contra a precariedade.<br />

Para 1, 2 e 3 de Março, está<br />

marcada greve na Multiauto<br />

(estabelecimentos em Setúbal,<br />

Beja, Évora e Sines). No dia 2,<br />

a apresentação dos resultados<br />

do Grupo EDP será marcada<br />

com uma concentração junto da<br />

sede da eléctrica.<br />

Os trabalhadores do consórcio<br />

da manutenção da refinaria<br />

de Sines da Petrogal realizam<br />

uma concentração, no dia 3. Para<br />

dia 7 está agendada uma concentração<br />

de trabalhadores da<br />

Imprensa Nacional Casa da<br />

Moeda.<br />

Roteiro<br />

A União dos Sindicatos de<br />

Évora e o Sinapsa realizaram,<br />

no dia 17, sexta-feira, uma iniciativa<br />

de informação e sensibilização<br />

junto dos trabalhadores<br />

do call center da Fidelidade,<br />

na capital do distrito. A funcionar<br />

há cerca de 15 anos, já por<br />

ali passaram sete empresas de<br />

trabalho temporário. Hoje, os<br />

mais de 500 trabalhadores ocupam<br />

postos de trabalho permanentes,<br />

mas com contratos temporários,<br />

acusa a estrutura distrital<br />

da CGTP-IN.<br />

A iniciativa inseriu-se no «roteiro<br />

contra a precariedade», que<br />

volta a ter ali uma acção distrital<br />

a 14 de Março.<br />

No dia 2 de Fevereiro, a União<br />

dos Sindicatos do Norte Alentejano<br />

e o Sindicato dos Professores<br />

da Zona Sul alertaram, no<br />

local, para a elevada precariedade<br />

no Agrupamento de Escolas<br />

de Ponte de Sor, que atinge<br />

docentes e não docentes, agravada<br />

pela falta de pessoal.


TRABALHADORES<br />

6 23-2-2017<br />

GNR<br />

Realizar uma<br />

manifestação para dar<br />

expressão ao<br />

«descontentamento e<br />

desmotivação» que se vive<br />

na Guarda Nacional<br />

Republicana é uma decisão<br />

que a Associação dos<br />

Profissionais da Guarda<br />

está a concretizar com as<br />

suas delegações, como<br />

adiantou o presidente da<br />

APG/GNR, no dia 16, após<br />

uma reunião com a<br />

ministra da Administração<br />

Interna. César Nogueira<br />

explicou à agência Lusa<br />

que a não concretização de<br />

quase dois terços das<br />

promoções em atraso é o<br />

principal motivo de<br />

descontentamento, havendo<br />

cerca de três mil<br />

profissionais que esperam<br />

há mais de dez anos para<br />

serem promovidos, uma<br />

situação justificaria um<br />

regime de excepção. Além<br />

disso, está a ser exigido<br />

que cada um pague, com<br />

um desconto mensal de dez<br />

euros durante 18 meses,<br />

as alterações ao<br />

fardamento. Também é<br />

contestado o que o Governo<br />

se prepara para aprovar<br />

hoje, no Estatuto da GNR,<br />

quanto à passagem à<br />

reforma e reserva e sobre<br />

a redução dos dias de<br />

férias.<br />

5.ª Divisão<br />

Uma resposta da PSP e<br />

da sua Direcção Nacional<br />

sobre o que se vai passar<br />

com a 5.ª Divisão do<br />

Cometlis (Comando<br />

Metropolitano de Lisboa)<br />

foi dada à agência Lusa e<br />

por esta comunicada ao<br />

presidente da Associação<br />

Sindical dos Profissionais<br />

da Polícia, no dia 15,<br />

durante uma vigília que a<br />

ASPP/PSP promoveu frente<br />

às instalações daquela<br />

unidade. Paulo Rodrigues<br />

lamentou que os polícias<br />

que ali trabalham e o<br />

sindicato continuem sem<br />

resposta oficial, o que<br />

alimenta uma situação de<br />

«indefinição» desde há mais<br />

de seis meses, quando<br />

surgiram «rumores» sobre<br />

um eventual encerramento.<br />

GISP<br />

Entraram em greve no<br />

dia 20, segunda-feira, por<br />

cinco dias, os profissionais<br />

do Grupo de Intervenção<br />

e Segurança Prisional, o<br />

que iria impedir a<br />

realização de três<br />

julgamentos em Lisboa,<br />

como admitiu à agência<br />

Lusa o presidente do<br />

Sindicato Nacional do<br />

Corpo da Guarda Prisional,<br />

apontando como motivos<br />

do protesto a falta de<br />

segurança e de outras<br />

condições de trabalho, bem<br />

como de acções de<br />

formação.<br />

CGTP-IN comenta revisão das portarias de extensão<br />

Alargue-se o progresso<br />

Na discussão sobre portarias de extensão de<br />

contratos colectivos de trabalho, a CGTP-IN<br />

realça a urgência de pôr fim ao bloqueio patronal<br />

da negociação e avisa que só devem ser<br />

estendidos «conteúdos valorativos».<br />

O debate, na Concertação<br />

Social, foi aberto no dia 17,<br />

prometendo o Governo que<br />

trará uma proposta para a<br />

próxima reunião plenária.<br />

A posição da Intersindical<br />

Nacional, adiantada em declarações<br />

do Secretário-geral<br />

no final daquela reunião,<br />

foi formalizada esta<br />

terça-feira, 21, num comunicado<br />

de imprensa que<br />

confirma ser «relevante a<br />

revisão da legislação sobre<br />

as portarias de extensão»,<br />

instrumento que generaliza<br />

o âmbito dos instrumentos<br />

de regulamentação colectiva<br />

de trabalho (IRCT)<br />

às empresas que não fazem<br />

parte das associações<br />

patronais que os subscrevem.<br />

Para a Inter, «o quadro<br />

político confirma que, depois<br />

de identificados os<br />

problemas, é chegada a altura<br />

de se encontrar as saídas»,<br />

sendo necessária «coragem<br />

para enfrentar os<br />

interesses instalados». Frisando<br />

que «uma efectiva<br />

mudança de política passa<br />

pela ruptura com a política<br />

de direita e a assumpção<br />

da valorização do trabalho<br />

e dos trabalhadores»,<br />

a CGTP-IN afirma que «é<br />

preciso revisitar e revogar<br />

Portarias para<br />

ampliar a<br />

redução de<br />

rendimentos e<br />

direitos terão a<br />

oposição da<br />

CGTP-IN<br />

as normas gravosas da legislação<br />

laboral da política<br />

de direita e da troika».<br />

Repor a lei<br />

A central começa por<br />

alertar que é fundamental<br />

tomar «medidas urgentes<br />

para resolver o problema<br />

do bloqueio patronal à negociação<br />

da contratação colectiva»,<br />

o que «implica a<br />

revogação da norma da caducidade<br />

das convenções e<br />

a reintrodução, em toda a<br />

sua plenitude, do princípio<br />

do tratamento mais favorável»<br />

na legislação laboral.<br />

Por outro lado, «é indispensável<br />

que os IRCT sejam<br />

portadores de conteúdos<br />

valorativos», deixando<br />

desde já claro que «portarias<br />

de extensão para ampliar<br />

a contratação colectiva<br />

dos patrões e aliados,<br />

As graves alterações à legislação laboral em 2012 foram combatidas com argumentos<br />

sólidos e fortes lutas dos trabalhadores e do movimento sindical unitário (foto de um protesto<br />

em Lisboa, a 18 de Janeiro daquele ano)<br />

Acordo salarial na Orica<br />

Depois de ter sido formalizada a convocação<br />

de greve a todo o trabalho suplementar<br />

prestado aos sábados, domingos<br />

e feriados, a administração da fábrica de<br />

explosivos da Orica Mining Services, em<br />

Aljustrel, recuou nas suas posições e foi<br />

ao encontro das justas reivindicações dos<br />

trabalhadores, o que permitiu um acordo<br />

salarial.<br />

O SITE Sul informou que, numa reunião<br />

realizada dia 16, a administração<br />

apresentou uma nova proposta, que foi<br />

aprovada no dia seguinte, em plenário de<br />

trabalhadores. O sindicato da Fiequimetal/CGTP-IN<br />

refere, num comunicado que<br />

divulgou esta terça-feira, que o acordo<br />

prevê um aumento salarial de dois por<br />

cento, com um valor mínimo de 25 euros.<br />

Este valor, inferior à reivindicação<br />

geral de quatro por cento e 40 euros, é<br />

complementado por um «prémio de sustentabilidade»,<br />

trimestral, no valor de 100<br />

euros. O subsídio de refeição passa para<br />

8,65 euros. Mantém-se o pagamento de<br />

todo o trabalho suplementar de acordo<br />

com o contrato colectivo das indústrias<br />

químicas, subscrito pela Fiequimetal, e a<br />

partir de Maio será introduzida uma grelha<br />

salarial, contemplando a progressão<br />

nas carreiras profissionais.<br />

A Orica comprometeu-se a corrigir as<br />

diferenças salariais entre trabalhadores<br />

que têm a mesma categoria<br />

profissional e desempenham<br />

as mesmas funções.<br />

Passa a vigorar, para todos<br />

os trabalhadores, um seguro<br />

de vida, no valor mínimo de<br />

25 mil euros, e mantém-se,<br />

sem qualquer custo para os trabalhadores,<br />

o seguro de saúde<br />

(que também abrange os familiares).<br />

Para o SITE Sul «este acordo<br />

é a prova evidente de que<br />

vale sempre a pena lutar».<br />

visando a redução de rendimentos<br />

e direitos, contará<br />

com a mais veemente oposição<br />

das organizações da<br />

CGTP-IN». «Precisamos e<br />

exigimos contratação e portarias<br />

que assegurem a melhoria<br />

das condições de trabalho<br />

e de vida dos trabalhadores,<br />

e não de instrumentos<br />

fomentadores da<br />

regressão social e civilizacional»,<br />

insiste a Inter.<br />

Deve ser assegurada «retroactividade<br />

da produção<br />

de efeitos à entrada em vigor<br />

do IRCT», princípio básico<br />

«para pôr termo ao esbulho<br />

a que os trabalhadores<br />

são sujeitos, face ao<br />

atraso da publicação das<br />

portarias de extensão». Mas<br />

a confederação nota ainda<br />

que «esta é também uma<br />

forma de combater a concorrência<br />

desleal entre as<br />

empresas e deixar de premiar<br />

as que se aproveitam<br />

destas situações, para ficarem<br />

com o dinheiro que<br />

pertence aos trabalhadores».<br />

A Inter defende «o reforço<br />

dos meios, designadamente,<br />

técnicos e jurídicos»<br />

da DGERT (direcção-<br />

-geral do Emprego e das<br />

Relações de Trabalho), considerando<br />

«inadmissível» que<br />

esta «esteja esvaziada e, em<br />

muitos casos, praticamente<br />

inoperacional». Esta situação<br />

«não está desligada<br />

da estratégia de desvalorização<br />

da contratação colectiva,<br />

de secundarização<br />

dos sindicatos e da substituição<br />

da negociação colectiva<br />

pela relação individual<br />

de trabalho, defendida<br />

pelo governo do PSD-CDS<br />

e a troika». O actual Governo<br />

«tem a obrigação de<br />

tomar as medidas adequadas<br />

para que a DGERT<br />

cumpra a sua função».<br />

«Não há solução» para<br />

os problemas que originaram<br />

a discussão sobre as<br />

portarias de extensão sem<br />

a revogação da Resolução<br />

do Conselho de Ministros<br />

do anterior Governo sobre<br />

esta matéria. A Intersindical<br />

insiste que «uma lei da<br />

Assembleia da República<br />

não pode ser alterada unilateralmente<br />

por uma Resolução<br />

do Conselho de Ministros»<br />

e recorda que, por<br />

este motivo, foi apresentada<br />

uma queixa da CGTP-<br />

-IN contra o governo de<br />

então.<br />

Protesto<br />

em Marvila<br />

Trabalhadores não docentes da Escola Básica 2,3 de<br />

Marvila, em Lisboa, fecharam o estabelecimento durante<br />

duas horas, no dia 15, quarta-feira, de manhã, exigindo<br />

que o Ministério da Educação reveja a portaria sobre<br />

rácios de funcionários, que ali se mostra claramente<br />

desadequada face às necessidades.<br />

Uma dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em<br />

Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas<br />

explicou que há 12 funcionários, dois dos quais estão<br />

em baixa prolongada, para cerca de 400 alunos. À agência<br />

Lusa, Cátia Pedroso disse que, para além dos postos<br />

fixos, como a portaria, a biblioteca, os balneários, o bar<br />

ou a papelaria, o acompanhamento das crianças e jovens<br />

é ainda mais exigente, porque há cerca de 50 alunos<br />

com necessidades educativas especiais. Lembrou que<br />

houve ali uma agressão a dois professores no mês passado,<br />

e referiu ainda que corre um abaixo-assinado, de<br />

funcionários, pais e professores, a dar conta das reivindicações<br />

do pessoal não docente.


23-2-2017 TRABALHADORES<br />

7<br />

À vista na Valnor (EGF), nos CTT e na Petrogal<br />

Contas de privatizações<br />

Redução de pessoal, degradação da qualidade<br />

dos serviços, aumento de preços e tarifas – os<br />

alertas sobre as consequências das privatizações<br />

surgem agora sob a forma de factos... e<br />

de protestos justos.<br />

O que se está a passar<br />

na Valnor, empresa de tratamento<br />

de resíduos sólidos<br />

integrada no Grupo<br />

EGF, «é o exemplo perfeito<br />

do que significa para os<br />

trabalhadores e as populações<br />

a entrega das empresas<br />

públicas à voragem dos<br />

privados», comentou a<br />

União dos Sindicatos do<br />

Norte Alentejano, no dia<br />

15.<br />

Também na quarta-feira<br />

da semana passada, a Direcção<br />

da Organização Regional<br />

de Portalegre (DOR-<br />

POR) do PCP condenou<br />

«os brutais aumentos das<br />

tarifas dos lixos» e apelou<br />

à luta da população e dos<br />

A Valnor e a<br />

ERSAR querem<br />

passar a tarifa<br />

de 30 para<br />

80 euros<br />

municípios.<br />

O aumento das tarifas,<br />

de 30 para 80 euros por<br />

tonelada, fora notícia dois<br />

dias antes, em Ponte de<br />

Sor, no final de uma reunião<br />

de eleitos dos órgãos<br />

autárquicos dos 25 concelhos<br />

que são servidos pela<br />

Valnor e que detêm 49 por<br />

cento do capital desta.<br />

Abrantes, Alter do Chão,<br />

Serviço postal<br />

em queda<br />

Prosseguir a «descaracterização, com laivos de<br />

destruição, de uma empresa e de um serviço público<br />

que foi e deveria continuar a ser de qualidade», é o<br />

objectivo comum dos «conduzidos» ou «reconduzidos»<br />

membros dos corpos sociais dos CTT, acusou o<br />

Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios<br />

e Telecomunicações. No comunicado em que comentou<br />

a «dança de cadeiras», dia 8, o sindicato da<br />

Fectrans/CGTP-IN observou que «os cuidados» do<br />

governo PSD/CDS «na colocação dos seus boys e girls»<br />

à frente da empresa, durante o «maquiavélico processo<br />

de privatização» que terminou em Setembro de 2014,<br />

«continuam a dar frutos, em favor dos accionistas e<br />

em desfavor dos cidadãos».<br />

Neste breve balanço, o SNTCT aponta, entre outras<br />

consequências:<br />

– Redução flagrante da qualidade do serviço postal,<br />

no atendimento e na distribuição domiciliária de correio;<br />

– Redução dos pontos de acesso à Rede Pública Postal<br />

(receptáculos, caixas e marcos de correio), das estações<br />

e postos de correio, e do número de trabalhadores<br />

afectos à execução do serviço postal, de que resulta<br />

um premeditado abaixamento da qualidade na prestação<br />

do «Serviço Postal Universal» (que o sindicato traduz<br />

como «o mínimo dos mínimos do conceito de Serviço<br />

Público Postal»);<br />

– Atrasos de dias na distribuição do correio, localidades<br />

em que o carteiro só passa uma ou duas vezes por<br />

semana, filas intermináveis nas estações de correio,<br />

falta de dinheiro para pagamento de vales de reformas<br />

e pensões;<br />

– Redução do número de trabalhadores e sobrecarga<br />

de trabalho, piorando fundamentalmente a prestação<br />

do Serviço Postal Universal;<br />

– Falta de pessoal nas estações de correio para a<br />

execução do serviço postal, sobretudo após a criação<br />

do Banco CTT, com muitos trabalhadores em «estado<br />

de estafa» devido ao prolongamento de horários de<br />

trabalho (sem remuneração);<br />

– Degradação dos níveis salariais dos trabalhadores<br />

dos CTT, recorrendo mesmo à alteração de horários<br />

para evitar o pagamento de trabalho nocturno, em<br />

contraste com a remuneração dos accionistas e os<br />

aumentos e prémios atribuídos aos membros dos<br />

corpos sociais, e com a «frota de luxo» colocada à<br />

disposição de directores e afins.<br />

Arronches, Avis, Campo<br />

Maior, Castelo Branco, Castelo<br />

de Vide, Crato, Elvas,<br />

Fronteira, Gavião, Idanha-<br />

-a-Nova, Mação, Marvão,<br />

Monforte, Nisa, Oleiros,<br />

Ponte de Sor, Portalegre,<br />

Proença-a-Nova, Sardoal,<br />

Sertã, Sousel, Vila de Rei<br />

e Vila Velha de Ródão protestaram<br />

em uníssono contra<br />

o aumento e contra a<br />

imposição de repercutir o<br />

novo valor nas famílias e<br />

nas empresas. Deliberaram<br />

fazer-se ouvir na assembleia<br />

geral da Valnor, a 7<br />

de Março, e declararam<br />

que vão devolver à empresa<br />

as facturas relativas a<br />

Janeiro.<br />

Na carta enviada ao primeiro-ministro,<br />

citada pela<br />

rádio Antena Livre, os<br />

autarcas protestam contra<br />

a discriminação que desfavorece<br />

ainda mais o interior<br />

e reclamam medidas<br />

legislativas, «com urgência,<br />

de modo a que os municípios<br />

utilizadores das várias<br />

empresas do grupo EGF<br />

paguem tarifas idênticas,<br />

justas e equitativas», referindo<br />

que os municípios da<br />

Área Metropolitana de Lisboa<br />

pagam uma taxa de 13<br />

euros por tonelada.<br />

Os custos dos lucros<br />

No comunicado da DOR-<br />

POR do Partido considera-se<br />

que os aumentos<br />

«completamente inaceitáveis»<br />

resultam da privatização<br />

do Grupo EGF, a favor<br />

da SUMA (Grupo Mota-Engil),<br />

«concretizada pelo<br />

anterior governo PSD/<br />

/CDS e mantida pelo actual»,<br />

e do reforço dos poderes<br />

da «entidade reguladora»,<br />

a ERSAR. Esta, «mesmo<br />

à revelia da vontade<br />

das autarquias, tem o poder<br />

de fixar as tarifas na<br />

lógica da recuperação de<br />

custos, assegurando assim<br />

a obtenção de receitas presentes<br />

e futuras». Os lucros<br />

são «garantidos mediante<br />

uma taxa, que funciona como<br />

uma renda e que é decisiva<br />

para o cálculo dos<br />

proveitos».<br />

Por outro lado, nota o<br />

PCP, antes da privatização,<br />

os lucros serviam «para<br />

manter/diminuir as tarifas<br />

pagas pelos municípios e<br />

utentes e reforçavam a capacidade<br />

de investimento»,<br />

mas hoje «é patente a degradação<br />

das condições de<br />

trabalho e do serviço prestado<br />

à comunidade».<br />

A «degradação abrupta<br />

do serviço prestado e das<br />

condições de trabalho»<br />

O preço dos combustíveis<br />

«A Petrogal é o eixo central para a política<br />

energética do País, determinante do preço<br />

dos combustíveis e por isso deve tornar<br />

ao sector empresarial do Estado», defende<br />

a Comissão Central de Trabalhadores da<br />

principal empresa do Grupo Galp Energia.<br />

Num comunicado de dia 17, a CCT<br />

lembrou que a Petrogal foi criada, em<br />

1976, e «foi sobre a sua estrutura<br />

logística, muitas instalações criadas de<br />

raiz, que assentou a política energética»<br />

nacional, «designadamente, para a<br />

produção e distribuição de combustíveis».<br />

A política que conduziu à privatização<br />

«levou a que administrativamente se<br />

procedesse a uma liberalização artificial<br />

do mercado de combustíveis». Dos<br />

resultados «conhecidos detodos», a CCT<br />

destaca «o aumento indiscriminado dos<br />

preços dos combustíveis, mesmo que via<br />

impostos, sendo uma fonte preferencial a<br />

que os governos deitam mão, para<br />

compensar as perdas de receitas antes<br />

vindas dos resultados operacionais<br />

directos ou indirectos» da Petrogal<br />

enquanto empresa pública.<br />

«Desde a privatização, cada governo que<br />

entra em funções depara-se com o preço<br />

dos combustíveis como se pela primeira<br />

vez tivesse pensado no assunto e<br />

desconhecesse tudo o que aconteceu para<br />

trás», notando a CCT que «o actual<br />

Governo não é excepção e lá encomendou<br />

um estudo sobre as margens de<br />

comercialização».<br />

Comprova-se, em cada caso concreto,<br />

que entregar o tratamento e valorização do lixo,<br />

como outras áreas estratégicas,<br />

aos grandes grupos privados<br />

só a estes traz benefícios<br />

marca a evolução mais recente<br />

da Valnor, para a<br />

União dos Sindicatos do<br />

Norte Alentejano. No comunicado<br />

da direcção da<br />

estrutura distrital da CGTP-<br />

IN, sobre a sua reunião de<br />

dia 15, regista-se que a<br />

Valnor passou «de uma empresa<br />

lucrativa a uma empresa<br />

que acumula prejuízos»;<br />

era «exemplo de gestão,<br />

com preocupações ambientais<br />

e sociais e geradora<br />

de lucros», e ficou «uma<br />

empresa que acumula prejuízos,<br />

que deitou às malvas<br />

as preocupações ambientais,<br />

que estimula o<br />

conflito com os seus trabalhadores<br />

e quer impor aos<br />

municípios abrangidos custos<br />

totalmente desproporcionados».<br />

A USNA/CGTP-IN entende<br />

que está gerada «uma<br />

O problema é que «os governos aplicam<br />

uma receita cega, sem verificar se a<br />

realidade do nosso País comporta a<br />

fantasia da liberalização» e, «mais grave,<br />

fazem de conta que desconhecem as<br />

consequências e o grau da ineficácia das<br />

suas medidas». Ao serem «confrontados<br />

com a subida dos preços dos combustíveis<br />

de uma forma contínua, desde a<br />

liberalização do mercado, em 1999, a<br />

resposta surge invariável», seguindo a<br />

velha tese que «ainda está por provar,<br />

passados quase 20 anos»: «aprofundar a<br />

liberalização, dinamizar a concorrência e,<br />

por fim, a diminuição do preço dos<br />

combustíveis».<br />

A CCT criticou a ideia do ex-presidente<br />

da extinta Entidade Nacional para o<br />

Mercado de Combustíveis, que veio<br />

defender o «unbundling» – como<br />

denominam a separação das áreas de<br />

produção (refinação) e de logística –,<br />

porque assim diminuiria o risco de a Galp<br />

cair em mãos estrangeiras.<br />

Para a estrutura representativa de todos<br />

os trabalhadores da Petrogal, «isto é o<br />

mundo ao contrário» e «a única forma de<br />

evitar que a Petrogal e a Galp caiam em<br />

mãos estrangeiras é o seu retorno ao<br />

sector empresarial do Estado, com isso<br />

resolvendo também a questão dos preços<br />

dos combustíveis, ou melhor, ligando-a<br />

directamente a uma política de<br />

desenvolvimento económico que sirva o<br />

País e o povo».<br />

situação que importa combater<br />

com firmeza» e manifestou<br />

«apoio solidário<br />

aos autarcas, que se têm<br />

vindo a opor aos preços<br />

exorbitantes apresentados<br />

pela empresa, e aos trabalhadores<br />

e ao seu sindicato<br />

representativo, o STAL,<br />

exortando-os a intensificarem<br />

a luta em defesa do<br />

emprego e dos direitos de<br />

quem trabalha».


8 PCP<br />

23-2-2017<br />

Desde há uns anos que a célula dos<br />

trabalhadores comunistas da Câmara<br />

Municipal do Seixal não pára de<br />

crescer e de se reforçar. A difusão do<br />

Avante!, não sendo a única, é uma<br />

das mais visíveis expressões deste<br />

reforço. Assente na organização e na<br />

dedicação dos seus membros, a célula<br />

distribui semanalmente mais de meia<br />

centena de jornais nos diversos<br />

sectores da autarquia, concentrados<br />

no essencial em dois locais: os Serviços<br />

Centrais, onde trabalham 700 pessoas,<br />

particularmente administrativos e<br />

técnicos; e os Serviços Operacionais,<br />

com os seus 600 operários, técnicos<br />

e administrativos.<br />

Foi junto ao portão do primeiro que<br />

encontrámos os membros da célula<br />

que, entre outras tarefas que aí<br />

desempenham, são também – e<br />

orgulhosamente – difusores da<br />

imprensa do Partido, e são 10: Rui<br />

Manuelito (seis jornais); Manuel Janeiro<br />

(seis); Luís Morais (três); Isabel Rute<br />

(cinco); Paula Rodrigues (não é<br />

militante, mas distribui sete); Maria<br />

João Costa (sete); Almira Santos (seis);<br />

Aida Fernandes (quatro); e Mónica<br />

Rodrigues (nove), que não pôde<br />

comparecer ao encontro. João Pinheiro<br />

coordena toda esta intervenção. Com<br />

eles estava o responsável pela célula<br />

na Comissão Concelhia, Delfim<br />

Mendes. Todos têm os seus papéis<br />

muito bem definidos na difusão do<br />

Avante! e d' O Militante.<br />

Semana após semana, João Pinheiro<br />

deixa no Centro de Trabalho do<br />

Partido no Seixal o pedido do número<br />

de exemplares do Avante! para serem<br />

distribuídos nos serviços da autarquia<br />

(e esta semana será mais um),<br />

separados por cada um dos difusores.<br />

Quando os jornais chegam, é Delfim<br />

Mendes quem os separa em molhos,<br />

consoante o solicitado, e os deixa nas<br />

portarias dos Serviços Centrais e dos<br />

Serviços Operacionais. Ao chegarem<br />

aos seus locais de trabalho, os<br />

membros da célula recolhem os molhos<br />

respectivos e distribuem-nos pelos<br />

leitores, na maioria membros do<br />

Partido, mas não só. A estrutura<br />

montada para a distribuição da<br />

imprensa corresponde à da própria<br />

Organização<br />

e dedicação<br />

Dez difusores asseguram a distribuição do Avante! na<br />

CM do Seixal<br />

Campanha<br />

de divulgação do Avante!<br />

célula, dividida em nove núcleos. Os<br />

fundos recolhidos seguem o caminho<br />

inverso.<br />

Continuar a crescer<br />

Muito embora tenha vindo a aumentar<br />

o número de jornais distribuídos<br />

semanalmente na Câmara Municipal<br />

do Seixal, a célula do Partido quer<br />

crescer ainda mais e corresponder ao<br />

desafio lançado no âmbito da<br />

campanha nacional de difusão do<br />

Avante!. Nas prioridades de acção da<br />

célula para 2017 surge o objectivo<br />

de, até ao final do ano, alargar a<br />

distribuição para 60 exemplares<br />

semanais.<br />

Para cumprir esta meta, os membros<br />

da célula estão a elaborar listas de<br />

potenciais novos leitores e não<br />

pretendem mudar nada do que têm<br />

feito, que se tem revelado útil e eficaz;<br />

a ideia é, por outro<br />

lado, potenciar ao<br />

máximo o «esquema»<br />

que está montado,<br />

encontrando mais<br />

difusores e<br />

aproveitando ainda<br />

melhor aqueles de que<br />

já dispõem. Ao não<br />

basearem a<br />

distribuição da<br />

imprensa num<br />

qualquer «super-<br />

-difusor», mas na<br />

estrutura partidária, os<br />

comunistas<br />

trabalhadores da<br />

Câmara Municipal têm<br />

assim muita margem<br />

por onde crescer. «Quem distribui seis<br />

pode passar a sete ou a oito»,<br />

concordam. É desta forma, aliás, que<br />

a célula leva por diante as vendas<br />

especiais: cada um dos habituais<br />

difusores leva mais exemplares do que<br />

é normal e procura vendê-los,<br />

normalmente com êxito.<br />

Mas o Avante! não faz apenas parte<br />

do dia-a-dia daqueles que têm como<br />

uma das suas tarefas a difusão do<br />

órgão central do Partido. Para lá dos<br />

que o recebem das mãos dos difusores,<br />

são muitos mais os que tomam contacto<br />

com ele por via de um email enviado<br />

todas as quintas-feiras contendo os<br />

destaques principais da edição dessa<br />

semana, com as respectivas ligações.<br />

«É uma forma de fazer o Avante!<br />

chegar a mais gente e potenciar o<br />

alargamento da sua difusão», conta<br />

Rui Manuelito, que abraça com<br />

entusiasmo esta tarefa.<br />

A célula do Partido na Câmara<br />

Municipal do Seixal sabe que o Avante!<br />

é fundamental para a concretização<br />

dos seus objectivos fundamentais: a<br />

afirmação do Programa do PCP, a<br />

mobilização dos trabalhadores para a<br />

luta e o fomento da sua unidade.<br />

Também por isso se empenham tanto<br />

em levá-lo mais longe.<br />

86 anos do Avante!<br />

Comemorações<br />

prosseguem<br />

As comemorações do 86.º aniversário do<br />

Avante! estão a ter lugar um pouco por todo<br />

o País sob a égide da campanha de divulgação<br />

que está em curso.<br />

Aumentar<br />

a difusão do<br />

Avante! é objectivo<br />

prioritário<br />

As iniciativas de comemoração,<br />

que constituíram<br />

momentos importantes de<br />

divulgação da história, do<br />

conteúdo e do papel do<br />

Avante! na luta dos comunistas<br />

pelos seus objectivos,<br />

foram diversificadas e<br />

bem participadas. Nas intervenções<br />

proferidas nos<br />

vários almoços, jantares e<br />

debates realizados deu-se<br />

primazia à necessidade e<br />

possibilidade de elevar consideravelmente<br />

a venda e<br />

difusão do Avante! e apontou-se<br />

algumas das medidas<br />

a implementar ou desenvolver<br />

para que tal seja<br />

efectivamente uma realidade:<br />

aumento do número<br />

de pontos de recolha e<br />

distribuição (ADE), alargar<br />

a rede de difusores, fazer<br />

listas de potenciais leitores<br />

(militantes do Partido,<br />

eleitos autárquicos ou<br />

activistas sindicais) e realizar<br />

com regularidade bancas<br />

de rua.<br />

No fim-de-semana foram<br />

muitas as iniciativas realizadas.<br />

O director do Avante!,<br />

Manuel Rodrigues, participou<br />

num almoço no sábado,<br />

no Centro de Trabalho<br />

de Corroios, no concelho<br />

do Seixal. Ao mesmo<br />

tempo, o chefe adjunto<br />

da redacção, Gustavo Carneiro,<br />

participava numa iniciativa<br />

semelhante na freguesia<br />

de Pinhal Novo,<br />

em Palmela, que reuniu<br />

mais de três dezenas de<br />

pessoas. Em Vila Real de<br />

Santo António, foram 40<br />

os que celebraram o aniversário<br />

e ouviram a intervenção<br />

de Domingos Mealha,<br />

da redacção do órgão<br />

central do PCP. Na ocasião,<br />

José Travassos, da<br />

Comissão Concelhia, valorizou<br />

este aniversário que,<br />

não sendo redondo, constitui<br />

um marco especial na<br />

história do Avante!, uma<br />

vez que os 43 anos passados<br />

na clandestinidade são<br />

agora igualados por outros<br />

tantos na legalidade.<br />

No mesmo dia, mas à<br />

tarde, o jornalista Hugo Janeiro<br />

participou num debate<br />

no Lavradio (Barreiro),<br />

rumando depois ao<br />

Bombarral, onde interveio<br />

no jantar promovido<br />

pela Comissão Concelhia.<br />

Ao mesmo tempo, Gustavo<br />

Carneiro esteve na Marinha<br />

Grande a jantar<br />

com mais de meia centena<br />

de militantes e simpatizantes<br />

do Partido. Momentos<br />

antes, Rui Mota, das Edições<br />

Avante!, participou<br />

num debate em Paço de<br />

Arcos (Oeiras).<br />

Chegar mais longe<br />

No domingo, em Olhão,<br />

mais de 70 pessoas participaram<br />

na festa dos 86<br />

anos do Avante!, que contou<br />

com a presença de Domingos<br />

Mealha. Ao mesmo<br />

tempo, na Sobreda<br />

(Almada), Gustavo Carneiro<br />

também participava<br />

num almoço comemorativo,<br />

que reuniu dezenas de<br />

Covilhã<br />

Corroios<br />

Pinhal Novo<br />

pessoas, entre militantes e<br />

simpatizantes do Partido e<br />

difusores do Avante!. Pouco<br />

depois, Hugo Janeiro<br />

intervinha num debate em<br />

Santa Iria de Azóia (Loures),<br />

no qual se referiu o<br />

papel do semanário comunista<br />

para a organização e<br />

a ligação desta às massas.<br />

No próprio dia do aniversário,<br />

quarta-feira, 15,<br />

o director do Avante! participou<br />

num convívio em<br />

Mem Martins (Sintra),<br />

pouco depois de Hugo Janeiro<br />

ter almoçado na<br />

Quinta da Atalaia, com a<br />

célula da Festa do Avante!,<br />

e de João Frazão, da<br />

Comissão Política, ter estado<br />

presente num almoço<br />

comemorativo no Centro<br />

de Trabalho concelhio de<br />

Almada. No dia seguinte,<br />

Hugo Janeiro almoçou no<br />

Centro de Trabalho de Tires,<br />

em Cascais.<br />

Estas comemorações, que<br />

prosseguem nos próximos<br />

dias, têm sido assinaladas<br />

igualmente com acções de<br />

venda do Avante! junto a<br />

empresas, locais de trabalho,<br />

mercados, estações de<br />

transportes e nas praças e<br />

ruas do País.


23-2-2017<br />

PCP 9<br />

PCP quer aeroporto em Alcochete<br />

Enfrentar os interesses da Vinci<br />

Insistindo na construção do novo aeroporto de<br />

Lisboa em Alcochete, o PCP exige do Governo<br />

a recuperação do controlo público da ANA e<br />

da TAP e firmeza face à multinacional Vinci.<br />

À Vinci interessa<br />

o lucro e não o<br />

desenvolvimento<br />

nacional<br />

Num comunicado do seu<br />

Gabinete de Imprensa, emitido<br />

no dia 15, o PCP comenta<br />

a recente decisão do<br />

Governo que aponta para a<br />

utilização da base aérea do<br />

Montijo como pista complementar<br />

ao Aeroporto Humberto<br />

Delgado, para a qual<br />

foi já assinado um memorando<br />

entre o Executivo e<br />

a ANA (detida pela multinacional<br />

Vinci). No texto,<br />

os comunistas lembram que<br />

a localização e valências do<br />

novo aeroporto fazem parte<br />

de uma discussão antiga<br />

da qual se retirara importantes<br />

conclusões: com base<br />

em vários estudos, designadamente<br />

realizados pelo<br />

LNEC, foram abandonadas<br />

várias opções que chegaram<br />

a estar presentes (Ota e Portela+1,<br />

nas suas diferentes<br />

soluções Alverca, Montijo,<br />

Monte Real, etc.) e fixou-se<br />

o Campo de Tiro de Alcochete<br />

como a «mais válida<br />

possibilidade» para a instalação<br />

desta infra-estrutura.<br />

Ora, para o PCP, é certo<br />

que Portugal precisa – hoje<br />

ainda mais do que quando<br />

esta discussão se iniciou<br />

– de um novo aeroporto internacional<br />

e que Alcochete<br />

é precisamente o melhor<br />

local para o fazer. As razões<br />

são diversas, e o Partido<br />

aponta-as: o carácter exclusivamente<br />

público dos terrenos<br />

e as possibilidades<br />

que abre quer à expansão<br />

futura do novo aeroporto<br />

quer à continuidade da Portela<br />

até à sua conclusão.<br />

Mas o PCP vê mais longe<br />

e assume que a opção<br />

por Alcochete conferiria a<br />

esta infra-estrutura uma «visão<br />

estratégica para o desenvolvimento<br />

do conjunto<br />

da área metropolitana de<br />

Lisboa»: a construção de<br />

uma terceira travessia sobre<br />

o Tejo, entre Lisboa e<br />

o Barreiro, na vertente rodo-ferroviária;<br />

o desenvolvimento<br />

e articulação com<br />

a introdução da alta-velocidade<br />

ferroviária; e a defesa<br />

e promoção da produção<br />

nacional, nos planos do<br />

transporte de mercadorias<br />

e do sector da aviação civil,<br />

eram outras componentes<br />

desta estratégia.<br />

Contudo, garante o Partido,<br />

a Vinci apenas está interessada<br />

em maximizar durante<br />

meio século as suas<br />

receitas e com o menor custo<br />

possível. O desenvolvimento<br />

nacional é algo a ser<br />

assumido pelo Estado.<br />

Desmandos<br />

da Vinci<br />

Os terrenos do campo de tiro de Alcochete são inteiramente públicos e permitem a expansão<br />

futura do aeroporto<br />

No comunicado, o PCP<br />

realça que uma década após<br />

o início do debate em torno<br />

do novo aeroporto, o<br />

crescimento verificado do<br />

tráfego aéreo excedeu as<br />

previsões. Apesar disso, não<br />

só não se concretizou nenhuma<br />

decisão para a construção<br />

do novo aeroporto,<br />

com os custos inerentes a<br />

essa inacção, como se privatizou<br />

a ANA, entregando-<br />

-a à multinacional francesa<br />

Vinci, que também participa<br />

no consórcio que explora<br />

as pontes 25 de Abril e<br />

Vasco da Gama, sobre o Tejo.<br />

Também a TAP foi parcialmente<br />

entregue a David<br />

Neeleman.<br />

O Partido lembra que o<br />

anterior governo do PSD/<br />

/CDS cedeu à ANA a exploração<br />

dos aeroportos nacionais<br />

por 50 anos a troco<br />

de três mil milhões de euros<br />

pagos à cabeça, que se<br />

estima que a Vinci venha a<br />

recuperar integralmente nos<br />

primeiros dez.<br />

Para além de condicionar<br />

a decisão soberana do País<br />

sobre uma infra-estrutura<br />

estratégica, a privatização<br />

da ANA teve outras consequências:<br />

a perda para os<br />

accionistas da Vinci de receitas<br />

que permitiram durante<br />

décadas que a «pública<br />

e lucrativa ANA» assumisse<br />

o investimento e a<br />

modernização dos aeroportos<br />

nacionais, o aumento<br />

das taxas e tarifas aeroportuárias,<br />

o desinvestimento<br />

significativo na infra-estrutura,<br />

a transformação dos<br />

aeroportos «numa espécie<br />

de centros comerciais, em<br />

detrimento das condições<br />

de segurança» e o ataque<br />

aos direitos dos trabalhadores<br />

são apenas algumas delas.<br />

Realçando que o País não<br />

pode ficar privado das receitas<br />

aeroportuárias durante<br />

50 anos e ainda por cima<br />

ficar também sem o novo<br />

aeroporto, o PCP defende<br />

medidas que respondam<br />

aos problemas do presente<br />

não comprometendo o futuro,<br />

o que sucederá a ir<br />

por diante a opção preconizada<br />

pelo Governo: construir<br />

o novo aeroporto em<br />

Alcochete e recuperar para<br />

o controlo público a ANA e<br />

a TAP são acções decisivas<br />

que cabe ao Executivo empreender.<br />

Foto LUSA<br />

Proteger a floresta e os produtores<br />

Sem o apoio aos produtores não há defesa da floresta, garante<br />

o PCP<br />

Jerónimo de Sousa visitou anteontem, 21, os baldios da<br />

freguesia de Vilarinho, na Lousã, e esteve reunido com a<br />

Comissão de Compartes, numa acção do PCP em defesa<br />

da produção florestal, pela prevenção dos incêndios florestais<br />

e em defesa da propriedade comunitária. Na iniciativa<br />

valorizou-se o trabalho de gestão comunitária do<br />

baldio, no ordenamento, limpeza, valorização e gestão da<br />

floresta, sublinhando-se que a prevenção faz-se fora das<br />

épocas de maior risco de incêndio.<br />

Jerónimo de Sousa valorizou a notável obra dos baldios,<br />

propriedade comunitária, gerida pelos povos que,<br />

quase sem apoios do Estado, e por vezes mesmo contra<br />

os empecilhos que sucessivos governos lhe colocam, defende<br />

e promove a floresta, assegurando ainda o apoio e<br />

a resolução de problemas das suas comunidades. Recorde-se<br />

que, no Verão, em cima dos graves fogos que assolam<br />

o País, o PCP visitou áreas ardidas em diversos pontos<br />

do continente e da Região Autónoma da Madeira, tendo<br />

assumido que não deixaria de reflectir sobre este assunto<br />

fora da fase aguda.<br />

Para o PCP, reafirmou-se, é necessário ter presente que<br />

em vastas regiões do País as actividades agroflorestais são<br />

a garantia de fixar populações às suas terras, combater o<br />

abandono e o despovoamento, pois muitas vezes são a única<br />

actividade económica que resiste. Na visita foi possível<br />

constatar a dificuldade de combater pragas e espécies invasoras<br />

da floresta, que requer permanente atenção e trabalho<br />

no terreno. A praga do nemátodo está longe de ser<br />

a única a afectar a floresta nesta zona, acrescendo-lhe a<br />

processionária do pinheiro e a invasão por acácias.<br />

Os representantes dos baldios deram nota à delegação<br />

do PCP de outro problema central para a gestão activa da<br />

floresta: o preço da madeira pago aos produtores, questão<br />

que está ausente das propostas do Governo na chamada<br />

«Reforma da Floresta». O preço da madeira é no essencial<br />

o mesmo desde há 30 anos, e a madeira de eucalipto<br />

é paga em Portugal a preços que são quase metade<br />

do valor pago em Espanha.<br />

Já o pinheiro bravo e as madeiras nobres são muitas vezes<br />

pagas a preço de lenha para queimar, o que coloca os<br />

produtores numa situação de maior vulnerabilidade face<br />

ao domínio monopolista das indústrias transformadoras da<br />

pasta de papel. Estes grupos económicos decidem o preço,<br />

esmagando-o, para somar lucros fabulosos, e arruínam<br />

os produtores. Os representantes dos baldios insistiram na<br />

necessidade de terem personalidade jurídica e igualdade<br />

de acesso a candidaturas aos quadros comunitários de apoio.<br />

O PCP transmitiu a sua posição crítica face à chamada<br />

«Reforma da Floresta», pois não responde ao problema<br />

central do preço da madeira, ao não estar associada a um<br />

necessário plano de investimentos. A crítica estende-se<br />

ainda ao facto de nela não haver qualquer palavra sobre<br />

os baldios e o apoio ao seu investimento, ignorando dessa<br />

forma cerca de meio milhão de hectares de floresta nacional.<br />

Apesar disso, foram anunciados recentemente milhões<br />

para apoiar a indústria do papel.<br />

Crescer<br />

em Santarém<br />

O salão da Junta de Freguesia do Vale de Santarém<br />

acolheu recentemente a 14.ª Assembleia da Organização<br />

Concelhia de Santarém do Partido Comunista Português,<br />

na qual participaram dezenas de militantes. O<br />

debate travado, como aliás o documento aprovado, incidiu<br />

prioritariamente nas tarefas a levar a cabo para<br />

reforçar a organização do Partido e a sua intervenção.<br />

Na resolução política sublinha-se precisamente a convicção<br />

de que a «situação nacional coloca ao Partido a<br />

necessidade de uma intensa acção», o que determina a<br />

necessidade de implementar «direcções de trabalho e<br />

tarefas no plano da luta dos trabalhadores e do povo,<br />

do fortalecimento das organizações unitárias de massas,<br />

do trabalho político unitário, da iniciativa e do reforço<br />

da organização do Partido». As medidas aprovadas vão<br />

em todas estas direcções.<br />

A nível orgânico, os comunistas de Santarém querem<br />

recrutar mais militantes e integrá-los na estrutura do<br />

Partido, ter mais quadros a distribuir a imprensa e a recolher<br />

a quotização e mais militantes organizados nas<br />

empresas e locais de trabalho, ao mesmo tempo que<br />

pretendem reactivar comissões de freguesia cujo funcionamento<br />

tem sido irregular e, nessas e noutras, realizar<br />

periodicamente plenários de militantes.<br />

Quanto à intervenção, a organização concelhia de<br />

Santarém visa uma melhor articulação da sua acção e<br />

iniciativa com o trabalho institucional, uma maior dinamização<br />

de debates públicos e uma mais regular tomada<br />

de posição sobre os problemas que afectam os trabalhadores<br />

e as populações.<br />

A assembleia elegeu ainda a nova Comissão Concelhia<br />

de Santarém, que ficou composta por 17 novos elementos.


10 PCP<br />

23-2-2017<br />

Hidrocarbonetos na costa alentejana<br />

Estado deve controlar prospecções<br />

O PCP exige o controlo público dos processos<br />

de prospecção, pesquisa e exploração dos recursos<br />

energéticos não renováveis do País.<br />

Num comunicado recente,<br />

a Direcção da Organização<br />

Regional do Litoral<br />

Alentejano do PCP (DOR-<br />

LA) exige a suspensão dos<br />

trabalhos de prospecção de<br />

hidrocarbonetos em curso<br />

na costa alentejana, para<br />

que estes possam finalmente<br />

ser feitos com «ampla<br />

participação dos diversos<br />

agentes locais e das populações».<br />

O Partido requer<br />

ainda o fornecimento dos<br />

estudos de impacto económico,<br />

social e ambiental relativos<br />

a uma eventual exploração<br />

de petróleo ou gás<br />

natural na costa alentejana.<br />

Os comunistas entendem<br />

que o anúncio recente da<br />

atribuição de concessões à<br />

Ana Maria Gomes<br />

Com 84 anos, faleceu a camarada Ana<br />

Maria Gomes. Natural de S. Salvador,<br />

Odemira, era militante do Partido desde<br />

1 de Janeiro de 1977. Operária fabril,<br />

residia em Moscavide, onde estava organizada.<br />

António Esteves<br />

Médico psiquiatra e resistente antifascista<br />

desde jovem, faleceu aos 100 anos<br />

o camarada António Esteves. Licenciado<br />

pela Faculdade de Medicina da Universidade<br />

de Coimbra, em 1945, tornou-se<br />

em 1949 especialista em Psiquiatria, exercendo<br />

no Hospital Sobral Cid, no Dispensário<br />

de Higiene e Profilaxia Mental de<br />

Lisboa e no Hospital Júlio de Matos. Foi<br />

bolseiro da Organização Mundial de Saúde<br />

em Paris, em 1962, e logo após o 25<br />

de Abril foi eleito por unanimidade para<br />

a Comissão de Gestão em Assembleia<br />

Magna dos trabalhadores do Hospital Júlio<br />

de Matos, sendo em 1982 nomeado<br />

seu director clínico, função que desempenhou<br />

até se aposentar.<br />

Em 1945, aderiu ao MUD, envolvendo-se<br />

até 1974 nas campanhas da Oposição<br />

Democrática. Formalmente membro<br />

do Partido desde 1953, teve a seu<br />

cargo a impressão do jornal Uni-vos pela<br />

paz!. Foi nessa mesma época que começou<br />

a observar e a apoiar clinicamente<br />

presos políticos detidos, sendo também<br />

procurado por seus familiares e por outros<br />

antifascistas. Nunca se deixou intimidar<br />

pela PIDE, não permitindo, em circunstância<br />

alguma, que os seus agentes<br />

estivessem presentes em qualquer acto<br />

médico para que tivesse sido solicitado,<br />

fosse em Caxias ou Peniche, em instituições<br />

médicas privadas ou públicas. Também<br />

denunciou os riscos que os presos<br />

incorriam em virtude das torturas ou a falta<br />

de assistência.<br />

Ajudou a fundar o Sindicato dos Médicos<br />

e a URAP, Para além da colaboração<br />

em revistas da especialidade, com textos<br />

assinados entre 1951 e 2000, e de comunicações<br />

orais, participou com os seus<br />

Os recursos<br />

nacionais têm<br />

que servir o País<br />

GALP e à ENI para a prospecção,<br />

pesquisa, desenvolvimento<br />

e produção de<br />

petróleo e gás natural na<br />

costa alentejana «arrasta<br />

consigo legítimas inquietações<br />

e preocupações», pelo<br />

que apela à «vigilância,<br />

mobilização e luta das populações»<br />

e exige o fim da<br />

opacidade que tem marcado<br />

todo este processo. Para<br />

o PCP, a intervenção do<br />

Estado e o controlo público<br />

destes processos são<br />

CAMARADAS FALECIDOS<br />

O PCP quer saber os impactos que a exploração de hidrocarbonetos pode ter noutras actividades<br />

desenhos em várias das Bienais de Arte<br />

da Festa do Avante!.<br />

António Sá Magalhães<br />

Faleceu o camarada António Sá Magalhães.<br />

Militante do Partido desde 1968,<br />

esteve envolvido de forma destacada nas<br />

lutas estudantis e na oposição democrática<br />

ao fascismo. Era activista do movimento<br />

associativo e cultural no Porto e do movimento<br />

da paz. No sector da Função Pública<br />

do Porto, onde estava organizado,<br />

teve um importante papel na angariação<br />

de fundos para a Quinta do Cabo e na difusão<br />

do Avante!.<br />

Bernardino Barbas Pires<br />

Aos 79 anos, faleceu o camarada Bernardino<br />

Barbas Pires, natural de Mértola.<br />

Estava organizado na freguesia das<br />

Avenidas Novas, em Lisboa, e residia no<br />

Bairro do Rego, onde desenvolveu múltiplas<br />

tarefas. Fazia parte da Comissão de<br />

Freguesia e foi eleito na Assembleia de<br />

Freguesia de Nossa Senhora de Fátima.<br />

Foi fundador e presidente da Associação<br />

do Desenvolvimento e Apoio Social do<br />

Bairro do Rego e bateu-se pela instalação<br />

da estação dos Correios no seu bairro. Integrou<br />

a célula dos bancários e apoiou,<br />

através da CRARA, a Reforma Agrária<br />

no concelho de Montemor-o-Novo.<br />

Olívia Maria Silva<br />

Aos 94 anos, faleceu a camarada Olívia<br />

Maria Silva. Natural e residente em<br />

Aljustrel, no bairro mineiro de Vale d’Oca,<br />

sempre se empenhou na luta em defesa<br />

dos interesses do povo de onde era oriunda.<br />

Pertenceu ao Grupo Coral de Aljustrel<br />

do MDM.<br />

José Nunes Ralo<br />

Faleceu o camarada José Nunes Ralo.<br />

Estava organizado na freguesia da Cova<br />

da Piedade, concelho de Almada.<br />

*<br />

Aos familiares e amigos dos comunistas falecidos,<br />

o colectivo do Avante! manifesta sentidas<br />

condolências.<br />

fundamentais para assegurar<br />

que a exploração destes<br />

recursos seja «colocada<br />

ao serviço do desenvolvimento<br />

económico e do<br />

progresso social».<br />

Sendo certo que desde a<br />

década de 30 do século XX<br />

que se realizam operações<br />

de prospecção de petróleo<br />

e gás natural em diversos<br />

locais do País, o PCP valoriza<br />

o que elas permitiram<br />

de conhecimento acerca<br />

dos recursos energéticos<br />

nacionais mas lembra<br />

que essas operações «nunca<br />

determinaram a viabilidade<br />

da sua exploração comercial».<br />

Inegável é, sublinha,<br />

o valor estratégico desses<br />

recursos, independentemente<br />

da ponderação que<br />

possa vir a ser feita quanto<br />

às condições, vantagens<br />

e desvantagens do seu<br />

aproveitamento.<br />

O Partido exige também<br />

a definição de medidas de<br />

monitorização e prevenção<br />

dos eventuais riscos resultantes<br />

do intenso tráfego<br />

de navios de transporte de<br />

hidrocarbonetos que aportam<br />

no Porto de Sines e o<br />

reforço de pessoal e meios<br />

das entidades especializadas<br />

da Administração Pública,<br />

desde logo o Laboratório<br />

Nacional de Energia<br />

e Geologia e a Direcção-Geral<br />

de Energia e Geologia.<br />

Que interesses?<br />

O centenário do nascimento de Óscar<br />

Lopes vai ser assinalado ao longo do<br />

ano pelo PCP, informa a Direcção da<br />

Organização Regional do Porto, que<br />

lembra o homenageado, militante comunista,<br />

como uma «referência da cultura<br />

portuguesa» e um «intelectual profundamente<br />

empenhado nas causas da<br />

emancipação humana, da liberdade,<br />

sempre solidário com as lutas dos trabalhadores,<br />

contra a exploração e pela<br />

justiça social».<br />

Lembrando a «feliz coincidência» de<br />

o centenário do nascimento de Óscar<br />

Lopes coincidir com o da Revolução de<br />

Outubro, cujos objectivos sempre «partilhou<br />

e defendeu», o Partido anuncia a<br />

realização de iniciativas para evocação<br />

No comunicado, a DOR-<br />

LA lembra as responsabilidades<br />

de PS, PSD e CDS<br />

na privatização da GALP<br />

e na destruição quase completa<br />

de sectores da indústria<br />

básica, como a metalomecânica<br />

pesada e a<br />

construção e reparação naval,<br />

e de parte importante<br />

das estruturas científicas e<br />

técnicas do Estado. Para<br />

os comunistas, todos estes<br />

sectores – públicos – seriam<br />

capazes de assegurar que<br />

a eventual exploração dos<br />

hidrocarbonetos seria realizada<br />

garantindo a «segurança<br />

técnica e ambiental»<br />

e colocando estes recursos<br />

energéticos «serviço do desenvolvimento<br />

soberano do<br />

País».<br />

O PCP critica ainda PS,<br />

PSD e CDS por, uma vez no<br />

governo, praticarem uma<br />

política de «submissão aos<br />

interesses de empresas privadas»<br />

e também os que,<br />

à boleia da «justa preocupação<br />

das populações»,<br />

embarcam na «demagogia<br />

fácil». Já o PCP, lembra-<br />

-se no comunicado, apresentou<br />

na Assembleia da<br />

República, em Julho do<br />

ano passado, um projecto<br />

de resolução intitulado «Pela<br />

avaliação dos riscos ambientais<br />

e do impacto noutras<br />

actividades económicas<br />

resultantes da prospecção,<br />

pesquisa, desenvolvimento<br />

e produção de petróleo<br />

e/ou gás natural no<br />

Algarve e na Costa Alentejana».<br />

A rejeição do ponto<br />

5 desse projecto, que recomendava<br />

ao Governo que<br />

fosse garantida a intervenção<br />

do Estado e o controlo<br />

público nos processos<br />

de pesquisa e exploração<br />

de petróleo e gás natural,<br />

é particularmente reveladora<br />

dos interesses que poderão<br />

estar por detrás deste<br />

novo interesse nestas operações.<br />

PCP assinala centenário<br />

de Óscar Lopes<br />

e divulgação do percurso e obra de Óscar<br />

Lopes: entre elas, destaca-se a exposição<br />

que estará patente no mês de<br />

Abril e a sessão de homenagem em Outubro,<br />

na qual participa o Secretário-geral<br />

do PCP, Jerónimo de Sousa. No sítio<br />

da DORP na Internet – em www.porto.pcp.pt/oscarlopes<br />

– está já disponível<br />

um conjunto de materiais evocativos, como<br />

uma biografia, bibliografia, vídeos,<br />

fotos e textos de e sobre Óscar Lopes.<br />

O PCP aproveita a ocasião para apelar<br />

à comunidade científica e intelectual,<br />

ao movimento associativo cultural e aos<br />

democratas para que divulguem a obra<br />

e evoquem o percurso de vida deste<br />

«destacado intelectual comunista, com<br />

uma obra ímpar».


23-2-2017<br />

AMADORA<br />

Repressão<br />

e manipulação<br />

A Comissão Concelhia da Amadora<br />

do PCP enviou uma carta à direcção<br />

de informação da TVI a contestar<br />

o conteúdo do programa SOS 24<br />

emitido no dia 7 de Fevereiro, sobre<br />

as demolições no Bairro 6 de Maio.<br />

Nesse programa, garante o Partido,<br />

foi veiculada uma visão «tendenciosa<br />

e propagandística dos acontecimentos»,<br />

desrespeitando-se e menorizando-se<br />

as razões do protesto dos moradores<br />

ao mesmo tempo que se fazia um<br />

«elogio injusto, desadequado e<br />

irrealista» da acção da presidente<br />

do município e das forças policiais.<br />

No relato dos incidentes verificados<br />

entre moradores e agentes da polícia,<br />

acusa o PCP, a estação de televisão<br />

divulgou apenas a versão policial, não<br />

ouvindo os trabalhadores da empresa<br />

de demolições, que «não confirmaram<br />

o alegado ataque aos polícias nem que<br />

algum deles tivesse ficado ferido. Pelo<br />

contrário, relataram que foi o morador<br />

do bairro quem foi agredido, manietado<br />

e conduzido à esquadra pela polícia».<br />

A Comissão Concelhia da Amadora<br />

acusa ainda a comentadora Elza Pais<br />

de divulgar números e factos errados<br />

quanto à situação da habitação na<br />

Amadora e às alegadas soluções<br />

de realojamento existentes.<br />

FARO<br />

Travar as demolições<br />

A Câmara Municipal de Faro aprovou,<br />

no dia 13, uma moção apresentada<br />

pelo vereador comunista na qual se<br />

reconhece o «valor social, económico,<br />

histórico e cultural dos núcleos urbanos<br />

das ilhas-barreira da Ria Formosa»<br />

e prevê que esse reconhecimento seja<br />

traduzido «nos diversos instrumentos<br />

de planeamento e ordenamento<br />

do território». Na moção, afirma-se<br />

o direito a «viver e a produzir nestes<br />

territórios» e manifesta-se o apoio<br />

às comunidades locais vítimas<br />

das demolições, bem como às suas<br />

associações. Aprovada pelo PCP<br />

e pela Coligação Juntos por Faro, com<br />

os votos contrários do PS, a moção<br />

surge num momento em que – como<br />

afirma, em comunicado, a Comissão<br />

Concelhia de Faro do PCP – «regressa<br />

o pesadelo das demolições às ilhas-<br />

-barreira» e as posses administrativas<br />

de casas a demolir estavam marcadas<br />

para ontem, 22.<br />

CASCAIS<br />

Câmara favorece<br />

privados<br />

O PCP denuncia, em comunicado, a<br />

decisão da maioria PSD/CDS que dirige<br />

o município de Cascais e um dos<br />

vereadores do PS de terem aprovado<br />

propostas que constituem, na prática,<br />

um claro favorecimento à Universidade<br />

Católica Portuguesa (UCP) e à empresa<br />

Luz Saúde. No primeiro caso, trata-se<br />

de um protocolo para a cedência à UCP<br />

de um edifício a construir pela Câmara;<br />

no segundo, de um contrato-promessa<br />

de compra e venda das instalações do<br />

antigo hospital, localizadas no centro<br />

da vila. Na sua declaração de voto,<br />

contrário às propostas, o vereador do<br />

PCP Clemente Alves denunciou ainda a<br />

«incompatibilidade legal» de o vereador<br />

do PSD Ricardo Baptista Leite, que<br />

subscreveu as propostas e conduz em<br />

nome da autarquia estes negócios, ter<br />

ligações orgânicas com as entidades<br />

envolvidas.<br />

Carlos<br />

Gonçalves<br />

Membro<br />

da Comissão<br />

Política<br />

Toxicodependência:<br />

reverter a situação<br />

Com o aprofundamento da crise capitalista,<br />

surgem novos fenómenos negativos na<br />

situação mundial em matéria de produção,<br />

tráfico e consumo de drogas ilícitas. Em Portugal<br />

confirma-se, no quotidiano e nas estatísticas, que pelo<br />

menos alguns elementos problemáticos em matéria<br />

de toxicodependência se agravaram, empurrados pela<br />

política de direita.<br />

“<br />

A política<br />

de direita criou<br />

novo desastre na<br />

toxicodependência<br />

”<br />

A política do anterior governo PSD/<br />

/CDS, e de outros, de devastação económica<br />

e social, de desinvestimento e<br />

liquidação de instrumentos do Estado<br />

na prevenção e resposta à toxicodependência,<br />

implicou um risco efectivo<br />

de retorno a um passado de desgraça,<br />

que a luta das populações, a resistência<br />

dos profissionais e a acção do Partido<br />

tem procurado travar, mas que<br />

importa reverter, de facto, nesta nova<br />

situação política.<br />

No final dos anos setenta e sobretudo<br />

na década de governo PSD/Cavaco<br />

Silva (1985-1995), a toxicodependência<br />

foi um flagelo social e de saúde pública.<br />

O País atingiu 100 mil dependentes<br />

de drogas ilícitas e índices muito<br />

elevados a nível mundial – na heroína<br />

injectada, nas mortes por causa directa<br />

de drogas, na infecção com HIV<br />

e outras epidemias. Os fenómenos associados<br />

à toxicodependência degradação<br />

de índices de saúde e condições<br />

sociais e de criminalidade – atingiram<br />

enorme gravidade. O Casal Ventoso<br />

tornou-se um hipermercado de<br />

drogas ilícitas, frequentado diariamente<br />

por centenas de traficantes e cinco mil<br />

consumidores.<br />

No cavaquismo, a política nesta área<br />

tinha como vectores: a «guerra à droga»,<br />

que criminalizava o «tráfico e consumo»,<br />

prendia e estigmatizava os toxicodependentes;<br />

o «Projecto Vida»,<br />

de «caridade» para as instituições e<br />

actividades ditas de «prevenção»; a<br />

marginalização destes doentes pelo<br />

SNS, deixados ao negócio do tratamento;<br />

o vazio de medidas de redução<br />

de riscos e danos, favorecendo as epidemias<br />

e a degradação social. A situação<br />

na área era um autêntico desastre<br />

nacional.<br />

Intervenção e luta<br />

Estes foram anos de intervenção e<br />

luta e também nesta matéria com expressão<br />

de massas. O PCP teve um papel<br />

decisivo a este respeito e, já na<br />

fase final do governo PS/Guterres<br />

(1995-2002), conseguiu superar as<br />

hesitações e dislates do PS e do BE, e<br />

fez aprovar a Lei 30/2000, de despenalização<br />

do simples consumo de drogas,<br />

protecção sanitária e social dos<br />

consumidores, que é ainda hoje o suporte<br />

da política nacional de dissuasão<br />

do consumo e resposta nesta matéria.<br />

Foi possível, com a legislação progressista<br />

e a intervenção do Instituto da<br />

Droga e Toxicodependência (IDT),<br />

mesmo com governos da política de direita,<br />

uma melhoria efectiva da situação,<br />

com o recuo de índices de toxicodependência<br />

e problemas conexos.<br />

O «modelo português» ganhou prestígio<br />

mundial, e muitos conservadores e<br />

reaccionários, nesse quadro, declaram<br />

o seu «apoio».<br />

Com o governo PS/Sócrates houve<br />

uma travagem na evolução positiva<br />

nesta matéria. E a partir de 2011, com<br />

PCP 11<br />

as troikas e o governo PSD/CDS, verificou-se<br />

o agravamento drástico da situação<br />

social, com efeitos perversos<br />

no consumo e no tráfico de drogas ilícitas,<br />

e a errada e inaceitável liquidação<br />

do IDT, substituído pelo Serviço de<br />

Intervenção para Comportamentos Aditivos<br />

e Dependências (SICAD), com<br />

competências na prevenção, planeamento<br />

e acompanhamento dos programas<br />

em execução, mas transferindo<br />

a capacidade operacional para as<br />

Administrações Regionais de Saúde. Foi<br />

um retrocesso muito significativo, com<br />

gravíssimas consequências.<br />

Responder à situação<br />

O que temos hoje é um consumo de<br />

canabis elevado, com mais perigos,<br />

dependências e overdoses que estão a<br />

aumentar, temos o regresso à heroína<br />

de antigos consumidores, desesperados<br />

pelo desemprego e o corte de apoios sociais,<br />

e temos a proliferação nas áreas<br />

metropolitanas de novos Casais Ventosos,<br />

mais pequenos, mas onde se afundam<br />

dois mil toxicodependentes, uma<br />

situação explosiva que carece de resposta<br />

imediata.<br />

A política de direita, e particularmente<br />

o governo PSD/CDS, abriu caminho<br />

a um novo desastre na toxicodependência<br />

que é urgente travar e<br />

reverter. É claro que as políticas de direitos,<br />

salários, saúde e segurança social<br />

têm um peso decisivo na resposta<br />

necessária, mas é muito importante<br />

que o Governo PS deixe de «empurrar<br />

com a barriga» e não adie a concretização<br />

da proposta do PCP, inscrita no<br />

Orçamento do Estado, para a criação<br />

de uma estrutura de coordenação, planeamento,<br />

investigação e intervenção no<br />

combate à toxicodependência (e outras<br />

adições), que integre a prevenção,<br />

dissuasão, redução de riscos e danos,<br />

tratamento e reinserção social.<br />

A luta continua por uma estratégia nacional<br />

para a toxicodependência, humanista,<br />

progressista e eficaz, uma indeclinável<br />

exigência civilizacional e<br />

democrática.


12 PCP<br />

23-2-2017<br />

Foto LUSA<br />

Centenário de Lino Lima<br />

Exemplo de combatividade e co<br />

Novo Banco<br />

e CGD<br />

O PCP respondeu a questões colocadas por diversos<br />

órgãos de comunicação social acerca da decisão do Banco<br />

de Portugal de seleccionar a Lone Star para uma fase<br />

definitiva de negociações, em condição de exclusividade,<br />

com vista à venda do Novo Banco, reafirmando<br />

desde logo aquela que é uma posição de fundo: «a venda<br />

do Novo Banco, um dos maiores bancos nacionais<br />

em actividade, constituirá, a concretizar-se, uma decisão<br />

contrária ao interesse nacional.»<br />

No caso concreto da Lone Star, o Partido lembra a sua<br />

associação a fundos de investimento e à actividade especulativa,<br />

o que é particularmente grave tendo em conta<br />

o facto de o Estado ter sido comprometido com «avultados<br />

recursos públicos no processo de Resolução (4,9<br />

mil milhões de euros)». A ir por diante, tal decisão deixaria<br />

caminho livre para uma «reestruturação» do banco<br />

com prejuízo dos seus trabalhadores e da sua actividade,<br />

bem como à preparação da sua venda pelos novos<br />

donos em condições favoráveis aos seus interesses e<br />

apenas a eles. O PCP aproveitou a ocasião para reafirmar<br />

a defesa da manutenção do Novo Banco sob controlo<br />

público, de forma a poder ser colocado «ao serviço<br />

do desenvolvimento económico do País».<br />

No mesmo dia 20, o Gabinete de Imprensa do PCP<br />

emitiu um esclarecimento sobre uma peça transmitida<br />

no espaço noticioso da Antena 1 que deturpava o sentido<br />

das declarações do Secretário-geral do PCP acerca<br />

da eventual entrada em funções de uma nova comissão<br />

parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos.<br />

Ora, garante-se no comunicado, a atribuição a Jerónimo<br />

de Sousa da ideia de que o PCP «poderia impedir a entrada<br />

em funcionamento» da referida comissão é «abusiva<br />

e desprovida de fundamento». O que se retira das<br />

declarações do Secretário-geral do Partido, editadas na<br />

referida peça, é não só a referência à importância das<br />

comissões de inquérito como a ideia de que esta, «como<br />

quaisquer outras comissões, tem de ser avaliada pela<br />

conformação constitucional que cada uma deve assumir<br />

quanto a conteúdos e objectivos».<br />

S. Pedro da Cova<br />

Depois de a Procuradoria-Geral Distrital do Porto ter<br />

divulgado a acusação, pelo Ministério Público, de seis<br />

arguidos no processo de deposição dos resíduos perigosos<br />

em S. Pedro da Cova, o PCP emitiu uma nota na<br />

qual defende que o «apuramento total de responsabilidades<br />

neste processo não pode ser desligado de responsabilidade<br />

políticas». Para a Direcção da Organização<br />

Regional do Porto do Partido, a dimensão do problema<br />

e o prejuízo causado às populações exige que sejam responsabilizados<br />

todos quantos contribuíram para esta situação,<br />

nomeadamente a nível autárquico e governativo.<br />

O PCP, que há muito vem denunciando o «crime» e o<br />

«grave problema ambiental» em São Pedro da Cova, reafirma<br />

a exigência da remoção total dos resíduos perigosos<br />

e a compensação da população, ao mesmo tempo<br />

que saúda a intervenção da Junta de Freguesia de Fânzeres<br />

e São Pedro da Cova de avançar com um pedido<br />

de indemnização civil. Renovando o seu compromisso<br />

de continuar a intervir até que a remoção dos resíduos<br />

esteja concluída, a DORP realça que a decisão da Procuradoria<br />

confirma a «justeza» das reivindicações do PCP<br />

e da população.<br />

Cem anos passados sobre o seu nascimento, o<br />

Avante! recorda Lino Lima, destacado militante<br />

comunista do distrito de Braga, resistente<br />

antifascista e entusiástico construtor do Portugal<br />

democrático.<br />

Lino de Carvalho Lima<br />

nasceu a 21 de Fevereiro<br />

de 1917 no Porto e licenciou-se<br />

em Direito pela<br />

Universidade de Coimbra,<br />

mas foi no concelho de Vila<br />

Nova de Famalicão (onde<br />

se fixou como advogado)<br />

e, de modo mais geral,<br />

no distrito de Braga que se<br />

afirmou como um destacado<br />

activista da oposição democrática<br />

e um dedicado<br />

militante do Partido Comunista<br />

Português.<br />

Como muitos outros jovens<br />

da sua geração que<br />

despertaram para a vida<br />

adulta na década de 30 do<br />

século XX, em pleno período<br />

de consolidação do<br />

fascismo em Portugal, as<br />

esperanças criadas pela vitória<br />

da Frente Popular em<br />

Espanha e o repúdio pelo<br />

desencadeamento da Guerra<br />

Civil tiveram um forte<br />

impacto em Lino Lima, que<br />

cedo tomou uma firme posição<br />

face às exigências do<br />

seu tempo: é ainda enquanto<br />

estudante em Coimbra,<br />

onde foi um participante<br />

activo nos inúmeros<br />

e animados debates travados<br />

com alguns dos que seriam<br />

mais tarde consagrados<br />

intelectuais portugueses,<br />

que aceitou o convite<br />

que lhe foi dirigido para<br />

aderir ao PCP, no qual militou<br />

até ao fim da sua vida.<br />

As suas primeiras tarefas,<br />

clandestinas, foram em<br />

Vila do Conde e Póvoa do<br />

Varzim, no acompanhamento<br />

às respectivas organizações<br />

partidárias. Mas<br />

estas seriam interrompidas<br />

em Dezembro de 1944 por<br />

aquela que foi a primeira<br />

das suas quatro prisões.<br />

Após a sua libertação, em<br />

1945, abrangido pela amnistia<br />

concedida em sequência<br />

do fim da Segunda<br />

Guerra Mundial, Lino<br />

Lima destacou-se sobretudo<br />

em tarefas «legais» e<br />

«semilegais», participando<br />

até ao 25 de Abril de<br />

1974 nas diversas estruturas<br />

unitárias de oposição<br />

ao fascismo e defendendo,<br />

na qualidade de advogado,<br />

muitos presos políticos.<br />

Nesse ano de 1945, dada<br />

a situação em que o fascismo<br />

se encontrava fruto<br />

da derrota dos seus aliados<br />

ideológicos na guerra,<br />

havia condições inéditas<br />

para colocar abertamente<br />

Lino Lima<br />

aderiu ao PCP<br />

em 1941<br />

na ordem do dia a exigência<br />

de democracia e liberdade.<br />

Do clandestino MU-<br />

NAF, por onde Lino Limo<br />

fez uma breve passagem,<br />

nasceu o Movimento de Unidade<br />

Democrática (MUD),<br />

reclamando e aspirando à<br />

legalidade. Lino Lima integrou<br />

a Comissão Distrital<br />

de Braga e inseriu-se no<br />

esforço geral pelo efectivo<br />

reconhecimento da legalidade<br />

do movimento.<br />

Mas em 1948, já sustentado<br />

internacionalmente<br />

por norte-americanos e britânicos,<br />

que no ano seguinte<br />

colocariam Portugal no<br />

núcleo restrito de 12 países<br />

fundadores da NATO,<br />

Salazar ilegalizou o MUD,<br />

ao mesmo tempo que intensificava<br />

a repressão e a<br />

dirigia, uma vez mais, preferencialmente<br />

contra os<br />

comunistas.<br />

Pão, liberdade e paz<br />

Lino Lima permanece como um dos mais destacados<br />

militantes comunistas do distrito de Braga<br />

Ilegalizado o MUD, a<br />

oposição democrática reuniu-se<br />

em torno da candidatura<br />

presidencial do General<br />

Norton de Matos<br />

que, e à semelhança do<br />

que sucedia no MUNAF e<br />

no MUD (que lhe serviram<br />

de suporte) reunia comunistas,<br />

socialistas, republicanos,<br />

católicos, monárquicos<br />

liberais e muitos<br />

homens, mulheres e jovens<br />

sem partido. Em<br />

1948 e 1949, Lino Lima<br />

integrou a Comissão Distrital<br />

de Braga da candidatura<br />

do general, que acabou<br />

por não se apresentar<br />

a votos por falta de condições<br />

mínimas de legalidade<br />

e transparência. Os<br />

grandes comícios da candidatura,<br />

e especialmente<br />

o do Centro Hípico do<br />

Porto, expressaram o forte<br />

clamor popular de liberdade,<br />

democracia e independência<br />

nacional.<br />

Nos anos seguintes, Lino<br />

Lima esteve entre os dirigentes<br />

distritais do recémcriado<br />

Movimento Nacional<br />

Democrático (MND),<br />

que congregava os sectores<br />

mais combativos e coerentes<br />

da oposição ao fascismo<br />

e manteve acesa a luta<br />

pelas aspirações democráticas<br />

mais consequentes.<br />

Em 1951, integrou a Comissão<br />

Central da candidatura<br />

do dirigente do<br />

MND, Ruy Luís Gomes, à<br />

Presidência da República.<br />

Muito embora não tenha<br />

sido aceite pelas autoridades<br />

e tenha enfrentado<br />

desde o início a violência<br />

da repressão, a candidatura<br />

de Ruy Luís Gomes deu<br />

azo a importantes acções<br />

políticas em torno das exigências<br />

de «pão, liberdade<br />

e paz».<br />

Presença assídua nas<br />

comissões de candidatura<br />

ou em realizações da oposição<br />

democrática no distrito<br />

de Braga, Lino Lima<br />

escreveu, com Vítor de Sá,<br />

o manifesto dos candidatos<br />

bracarenses às «eleições»<br />

de 1957, para deputados<br />

à Assembleia Nacional,<br />

e o manifesto «Aos<br />

Portugueses», de 31 Janeiro<br />

de 1959, no qual defendia<br />

expressamente a<br />

demissão de Salazar.<br />

Autor de importantes artigos<br />

e relatórios sobre temas<br />

económicos e sociais<br />

e participante em colóquios<br />

e congressos vários,<br />

Lino Lima fez ainda parte,<br />

nos anos 70, da Comissão<br />

Regional de Braga de Socorro<br />

aos Preços Políticos,<br />

da Comissão Distrital do<br />

Movimento Democrático<br />

Português e da Comissão<br />

Nacional do III Congresso<br />

da Oposição Democrática,<br />

realizado em Abril de<br />

1973 na cidade de Aveiro.<br />

Este congresso, em<br />

que participaram 1500 democratas<br />

e foram apresentadas<br />

mais de 200 teses,<br />

culminou numa grande<br />

manifestação cujo impacto<br />

nem a mais feroz repressão<br />

conseguiu abafar.<br />

Revolução<br />

e contra-revolução<br />

Com a Revolução, Lino<br />

Lima esforçou-se de imediato<br />

por contribuir para a<br />

implantação do Partido em<br />

Vila Nova de Famalicão e<br />

no distrito de Braga nas<br />

novas condições de legalidade.<br />

Os primeiros centros<br />

de trabalho do Partido em<br />

Famalicão resultaram em<br />

grande medida do seu empenhamento.<br />

Na vaga terrorista<br />

de 1975, Lino Lima<br />

revelou uma vez mais<br />

toda a sua coragem e têmpera<br />

revolucionária – quer<br />

na resistência ao cerco imposto<br />

pelos reaccionários<br />

ao Centro de Trabalho de<br />

Famalicão, de 31 de Julho<br />

para 1 de Agosto de<br />

1975, quer na retirada organizada<br />

dos militantes do<br />

edifício, sob o comando<br />

do MFA. Tempos depois<br />

seria o seu próprio escritório<br />

de advocacia a ser vandalizado.<br />

Entretanto, tinha já sido<br />

nomeado pelo primeiro<br />

Governo Provisório para a<br />

Comissão que elaborou a<br />

lei eleitoral para a Assembleia<br />

Constituinte, para a<br />

qual foi ele próprio eleito<br />

pelas listas do PCP no distrito<br />

de Braga. Foi deputado<br />

do PCP sucessivamente<br />

até 1985.<br />

Em 1996, foi homenageado<br />

pela Câmara Municipal<br />

da sua terra de<br />

adopção, a já então cidade<br />

de Vila Nova de Famalicão,<br />

e pelo Presidente da<br />

República, que o agraciou<br />

com a Grã-Cruz da Ordem<br />

do Infante. Morreu em<br />

1999.


23-2-2017 PCP<br />

13<br />

erência<br />

Homenagem em Vila Nova de Famalicão<br />

Lino Lima, combatente<br />

de todas as horas<br />

A cerimónia ocorreu no<br />

dia do aniversário de Lino<br />

Lima, destacado militante<br />

do PCP, advogado e membro<br />

da Oposição Democrática,<br />

após a inauguração de<br />

uma praceta com o seu nome,<br />

junto aos Paços do<br />

Concelho. O sino da igreja<br />

mais próxima marcava<br />

as 15, hora do início da<br />

sessão que contou, para<br />

além de Jerónimo de Sousa,<br />

com a presença do presidente<br />

da Câmara de Famalicão,<br />

Paulo Cunha, familiares<br />

e amigos de Lino<br />

Lima e ainda largas dezenas<br />

de militantes do PCP<br />

que quiseram marcar presença<br />

com a sua homenagem.<br />

Após a inauguração de<br />

um largo junto à Câmara<br />

Municipal, com a colocação<br />

de uma placa alusiva<br />

que o passou a nomear<br />

«Praceta Lino Lima», o<br />

Secretário-geral do PCP,<br />

acompanhado do presidente<br />

da Câmara, visitou a exposição<br />

biográfica do advogado<br />

comunista à entrada<br />

dos Paços do Concelho.<br />

Esta mostra faz parte do<br />

conjunto de iniciativas que<br />

darão corpo, durante todo<br />

o ano, no concelho de Vila<br />

Nova de Famalicão, às<br />

comemorações deste centenário.<br />

O programa evocativo<br />

contará, ainda, com<br />

a realização de um colóquio<br />

e com a edição de<br />

uma brochura com notas<br />

biográficas, depoimentos e<br />

testemunhos de familiares<br />

e amigos de Lino Lima.<br />

Vencer<br />

o esquecimento<br />

A sessão solene, que se<br />

realizou de seguida no Salão<br />

Nobre da autarquia famalicense,<br />

onde não couberam<br />

nem metade dos<br />

presentes, contou com uma<br />

intervenção inicial do investigador<br />

Artur Sá da Costa.<br />

Este lembrou Lino Lima<br />

como «um dos eleitos<br />

que vencem o esquecimento,<br />

combatente de todas as<br />

horas», valorizando as comemorações<br />

do seu centenário<br />

como forma de manter<br />

presente o seu contributo<br />

para a construção da<br />

democracia.<br />

Sá da Costa fez uma viagem<br />

pela vida de Lino Lima,<br />

que nasceu no Porto<br />

mas que, vindo para Vila<br />

Nova de Famalicão ainda<br />

em criança, foi ali que<br />

cresceu, estudou e trabalhou<br />

enquanto advogado –<br />

depois de uma incursão por<br />

Coimbra, onde tirou o curso<br />

de Direito e se associou<br />

ao movimento estudantil e<br />

às suas lutas. Com uma<br />

personalidade plurifacetada,<br />

que o investigador várias<br />

vezes referiu ao longo<br />

da sua intervenção, Lino<br />

Lima destacou-se pela sua<br />

participação cívica e política.<br />

Militante do PCP desde<br />

1941, aceitou as duras<br />

tarefas da clandestinidade,<br />

tendo sido preso quatro vezes<br />

e tendo-se mantido firme<br />

aos seus ideais, princípios<br />

e ao seu partido.<br />

O coordenador da programação<br />

das comemorações<br />

do centenário lembrou<br />

ainda que, quando convidado<br />

a aderir ao PCP, Lino<br />

Lima disse sentir-se<br />

«ideologicamente preparado<br />

para dar este passo»,<br />

tendo então «dito sim de<br />

coração». A sua abnegação,<br />

característica que a<br />

par da sua coragem e da<br />

sua verticalidade foi várias<br />

vezes sublinhada durante<br />

a sessão, fez com que<br />

sacrificasse a sua vida pessoal<br />

e familiar em nome da<br />

Lino Lima, o terceiro à direita, na manifestação realizada<br />

após o III Congresso da Oposição Democrática<br />

As homenagens<br />

a Lino Lima promovidas<br />

pelo município de Vila<br />

Nova de Famalicão<br />

constaram<br />

da inauguração<br />

de uma praceta (ao lado),<br />

de uma exposição<br />

(em baixo à esquerda)<br />

e de uma sessão pública<br />

sua actividade política e em<br />

nome da liberdade e da democracia.<br />

Prova do seu carácter,<br />

lembrou o investigador as<br />

palavras de Lino Lima<br />

aquando da sua libertação<br />

da prisão fascista, na altura<br />

da derrota do nazi-fascismo<br />

na guerra: «sinto<br />

uma alegria muito grande<br />

(…). O mais importante de<br />

tudo é poder olhar os meus<br />

camaradas sem ter que baixar<br />

os olhos», prova da sua<br />

lealdade e resistência à tortura<br />

na prisão.<br />

Merecida dimensão<br />

histórica<br />

Discurso elogioso foi também<br />

o do presidente da Câmara<br />

de Vila Nova de Famalicão,<br />

que aproveitou para<br />

agradecer ao PCP o seu<br />

contributo inestimável na<br />

preparação desta sessão solene<br />

e de todo o programa<br />

evocativo do centenário de<br />

Lino Lima. Paulo Cunha<br />

destacou a intenção, desde<br />

início, de dar a estas comemorações<br />

a dignidade e<br />

dimensão histórica merecidas,<br />

admitindo que é o<br />

papel da Câmara Municipal<br />

reconhecer a história<br />

do seu concelho e evidenciar<br />

personalidades que dela<br />

tenham feito parte.<br />

Lino Lima foi um dos<br />

mais destacados advogados<br />

do seu tempo, tanto na<br />

comarca como na defesa<br />

dos presos políticos nos tribunais<br />

plenários. Na sua<br />

actividade política, para<br />

além de cidadão activo,<br />

opositor à ditadura, militante<br />

do PCP e deputado,<br />

fez ainda parte das comissões<br />

nacionais do MUNAF<br />

e do MUD e foi líder da<br />

Oposição Democrática no<br />

distrito de Braga, grupo<br />

que se autodenominava de<br />

«Os Democratas de Braga»,<br />

ao lado de outros destacados<br />

comunistas e democratas,<br />

como Vítor Sá<br />

ou Humberto Soeiro.<br />

É como «cidadão exemplar»<br />

que Lino Lima é lembrado,<br />

sublinhando o presidente<br />

da Câmara a importância<br />

de deixar esse<br />

«legado de exemplaridade»,<br />

que se quer evidenciar<br />

com estas comemorações,<br />

como marco no espaço<br />

público e na consciência<br />

colectiva «que háde<br />

ficar para sempre», referindo-se<br />

à inauguração<br />

da Praceta Lino Lima, em<br />

oposição ao carácter mais<br />

efémero que os outros momentos<br />

do programa representam.<br />

José Manuel Aguiar, familiar<br />

de Lino Lima, convidado<br />

a estar presente<br />

também, lembrou que este<br />

era «um amante da vida»<br />

e que «falar do centenário<br />

do seu nascimento é<br />

falar da sua vida». E acrescentou:<br />

«esta homenagem,<br />

seguramente, senti-la-ia [Lino<br />

Lima] como uma homenagem<br />

também às centenas<br />

de homens e mulheres<br />

da sua geração que lutaram<br />

pela liberdade.»<br />

Jerónimo de Sousa<br />

evoca «homem<br />

de convicções<br />

e carácter»<br />

Intervindo no encerramento da sessão,<br />

Jerónimo de Sousa valorizou a homenagem<br />

prestada a «um homem de convicções e de<br />

carácter que desde cedo fez opções, colocandose<br />

ao lado dos injustiçados, dos mais frágeis, do<br />

lado da democracia e da liberdade». O<br />

Secretário-geral do PCP sublinhou justamente o<br />

valor dessa opção, «tendo em conta a sua<br />

origem e vivência familiar e profissional», que o<br />

poderiam ter levado a não a fazer.<br />

Jerónimo de Sousa lembrou ainda que a maior<br />

alegria da vida de Lino Lima tinha sido a<br />

revolução libertadora de Abril e que,<br />

imediatamente após a conquista da liberdade,<br />

cedeu a sua casa para tratar da organização do<br />

Partido, concretizando o aluguer de uma casa<br />

para o funcionamento do primeiro Centro de<br />

Trabalho em Vila Nova de Famalicão.<br />

Por outro lado, «a sua maior tristeza foi o acto<br />

de vandalismo e de terrorismo que se<br />

materializou no incêndio e destruição total do<br />

seu escritório, dos papéis e do acervo de<br />

documentos que testemunhavam a sua vida<br />

apaixonante», evidenciou. Apesar disso, Lino<br />

Lima manteve o seu ideal, com uma convicção<br />

imensa, bem expressa, como disse Jerónimo de<br />

Sousa, na sua actividade parlamentar, «sempre<br />

acompanhada por um humor e ironia certeiros<br />

e demolidores».<br />

O Secretário-geral do PCP terminou afirmando<br />

que é justa a homenagem ali prestada ao Lino –<br />

como o tratou durante toda a sua intervenção,<br />

substituindo apenas a forma calorosa e de<br />

grande camaradagem e amizade por «homem<br />

íntegro, homem de coragem, que lutou muito<br />

pela liberdade e a democracia, que tomou<br />

como suas as dores, as injustiças e o sofrimento<br />

do povo a que pertencia».


14 NACIONAL<br />

23-2-2017<br />

CDU apresenta projecto diferente e alternativo<br />

Novo rumo para Lisboa<br />

Jornadas Autárquicas<br />

A CDU realizou, dia 11, no edifício da Junta de<br />

Freguesia de Santo Ildefonso, as Jornadas<br />

Autárquicas na Cidade do Porto. Nesta iniciativa,<br />

que reuniu largas dezenas de eleitos e activistas da<br />

CDU no Porto, participaram os candidatos à<br />

presidência da Câmara e da Assembleia Municipal,<br />

respectivamente Ilda Figueiredo e Rui Sá, assim<br />

como o vereador eleito, Pedro Carvalho. Presentes<br />

estiveram também representantes dos partidos que<br />

integram a CDU, nomeadamente Mariana Silva, do<br />

Conselho Nacional do Partido Ecologista «Os Verdes»<br />

(PEV), e Belmiro Magalhães, do Comité Central do<br />

PCP.<br />

Apresentação de candidatos<br />

O Salão Nobre da Associação Humanitária dos<br />

Bombeiros Voluntários de Fanhões acolheu, no dia<br />

12, a apresentação de Jorge Simões como o<br />

candidato da CDU à presidência da Junta de<br />

Freguesia de Fanhões.<br />

No dia 11 foi apresentado Luís Mariano como o<br />

candidato da Coligação PCP-PEV à presidência da<br />

Junta de Freguesia de Santa Iria de Azóia, São<br />

João da Talha e Bobadela, na sala da Assembleia<br />

de Freguesia, na Bobadela.<br />

Ambas as iniciativas contaram com a presença de<br />

Bernardino Soares, presidente da Câmara de Loures.<br />

Projecto colectivo<br />

João Manuel Torcato Ribeiro é o cabeça de lista<br />

da CDU à Câmara de Guimarães. Com 59 anos, o<br />

candidato, anunciado na segunda-feira, 20, em<br />

conferência de imprensa, tem o curso geral de<br />

electricidade, é empresário em nome individual no<br />

ramo da electricidade, sócio e dirigente associativo de<br />

várias colectividades culturais e desportivas locais. É<br />

militante do PCP desde 1978, membro da Comissão<br />

Concelhia e da Comissão<br />

Executiva do PCP. É<br />

vereador na Câmara de<br />

Guimarães desde 2011.<br />

Para o dia 18 de Março, às<br />

15 horas, no salão da Junta<br />

de Freguesia de Selho S.<br />

Jorge, está agendado o<br />

Encontro Autárquico da CDU<br />

de Guimarães.<br />

Desde a viragem do século iniciou-se um ciclo<br />

desastroso em Lisboa, de alternância entre<br />

PSD/CDS e PS. A CDU é a «força capaz de<br />

marcar a diferença», assegurou, dia 17, João<br />

Ferreira, candidato à presidência da autarquia.<br />

«O solo da<br />

cidade tem<br />

sido fonte<br />

de negócios»<br />

A sala Veneza do Hotel<br />

Roma foi o local escolhido<br />

para apresentar João Ferreira<br />

como o cabeça de lista<br />

da CDU à Câmara de<br />

Lisboa. A sessão, onde estiveram<br />

largas centenas de<br />

pessoas, contou com a presença<br />

de Jerónimo de Sousa,<br />

Secretário-geral do<br />

PCP, mas também de Joana<br />

Manuel, apoiante da<br />

CDU, Inês Zuber e Gonçalo<br />

Tomé, do Comité Central<br />

(CC) do PCP, António<br />

Azevedo, da Juventude<br />

CDU, Levy Baptista, da<br />

Associação de Intervenção<br />

Democrática, Cláudia Madeira,<br />

da Comissão Executiva<br />

do Partido Ecologista<br />

«Os Verdes», e Armindo<br />

Miranda, da Comissão Política<br />

do CC do PCP. Nomes<br />

apresentados por Deolinda<br />

Machado, da Comissão<br />

Coordenadora da CDU<br />

e da Comissão Executiva<br />

da CGTP-IN.<br />

Antes teve lugar um apontamento<br />

cultural intitulado<br />

«Lisboa é a poesia da luta»,<br />

com a voz de Manuel<br />

Diogo, acompanhado à guitarra<br />

por David Sacaria.<br />

Este foi um momento verdadeiramente<br />

enriquecedor,<br />

de grande beleza, com<br />

o declamar das Crónica de<br />

D. João I de Fernão Lopes<br />

e dos Lusíadas (Canto IX),<br />

de Luís de Camões, mas<br />

também: «À Lisboa das<br />

Naus Cheias de Glória»<br />

(António Nobre), «Pelo Tejo<br />

vai-se para o mundo»<br />

(Alberto Caeiro), «Tejo que<br />

levas as águas» (Manuel da<br />

Fonseca), «Lisboa menina<br />

e moça» (Ary dos Santos),<br />

«Ruas de Lisboa» (Joaquim<br />

Pessoa) e «Lisboa» (Eugénio<br />

de Andrade).<br />

Seguiu-se a actuação de<br />

Maria Anadon, que antes<br />

de cantar «De lés a lés»<br />

anunciou que nas próximas<br />

eleições iria votar na CDU.<br />

«Retrato do povo de Lisboa»<br />

(Ary dos Santos) e<br />

«Uma cidade» (Albano<br />

Martins) encerrou o apontamento.<br />

Ultrapassar<br />

dificuldades<br />

Na sua intervenção, João<br />

Ferreira começou por afirmar<br />

que a Coligação PCP-<br />

-PEV – há vários anos a<br />

primeira força no plano autárquico<br />

da Área Metropolitana<br />

de Lisboa – está determinada<br />

«a enfrentar e a<br />

vencer todas as dificuldades»<br />

e manifestou «confiança»<br />

para a próxima batalha<br />

eleitoral.<br />

Relativamente aos últimos<br />

16 anos, o candidato<br />

lamentou o facto de «o desenvolvimento<br />

da cidade»<br />

ter sido «deixado nas mãos<br />

do promotor imobiliário, à<br />

mercê do especulador e de<br />

interesses privados». «A cidade<br />

foi transformada em<br />

produto de consumo», referiu,<br />

apontando que a cidade<br />

«empobreceu» porque<br />

«perdeu gente, que foi<br />

empurrada para fora de<br />

Lisboa».<br />

A Lei das Rendas do governo<br />

PSD/CDS contribuiu<br />

para a actual situação. João<br />

Ferreira responsabilizou,<br />

por isso, Assunção Cristas,<br />

candidata à autarquia e,<br />

enquanto ministra, a mentora<br />

da lei dos despejos.<br />

«Em nenhuma cidade deste<br />

País ficou tão patente,<br />

como em Lisboa, a natureza<br />

desumana desta lei», criticou,<br />

sublinhando que<br />

também a Câmara de Lisboa,<br />

gerida nos últimos 10<br />

anos pelo PS, foi «agente<br />

activo destes processos».<br />

As críticas do candidato<br />

da CDU estenderam-se à<br />

situação dos bairros sociais,<br />

que estão «degradados,<br />

sem equipamentos,<br />

sem limpeza, sem transportes»,<br />

à entrega do património<br />

da cidade, ao<br />

desmembramento e esvaziamento<br />

de serviços municipais<br />

e à degradação<br />

dos transportes públicos.<br />

Sobre a municipalização<br />

da Carris, João Ferreira<br />

denunciou a «solução perversa»<br />

da autarquia, que<br />

prevê financiar a empresa<br />

«a partir das receitas de<br />

estacionamento», ou seja,<br />

«quantos mais carros entrarem<br />

em Lisboa, mais receitas».<br />

CDU apresenta candidato à Câmara Municipal<br />

Dar resposta aos problemas de Mafra<br />

José Alberto Maduro Cardoso,<br />

67 anos, licenciado<br />

em Pintura pela Escola Superior<br />

de Belas Artes, é o<br />

candidato da CDU à presidência<br />

da Câmara de Mafra.<br />

Residente na Ericeira,<br />

foi professor de Educação<br />

Visual entre 1971 e 2011.<br />

Entre 2004 e 2011 leccionou<br />

na Escola Básica 2,3<br />

António Bento Franco, onde<br />

chegou a ser director.<br />

Em conferência de imprensa<br />

realizada no sábado,<br />

18, em Mafra, no Centro<br />

de Trabalho do PCP, o<br />

cabeça de lista referiu que<br />

aceitou «o desafio do Partido<br />

para, no exercício do<br />

serviço público, apoiar a<br />

população». Anunciou de<br />

seguida que, até às eleições<br />

autárquicas, a Coligação<br />

PCP-PEV vai criar um gabinete<br />

onde os «cidadãos<br />

podem expor os seus problemas<br />

e preocupações»,<br />

no sentido de ajudarem a<br />

elaborar um programa eleitoral<br />

de acordo com as suas<br />

necessidades. Com o<br />

mesmo intuito, serão ouvidas<br />

as freguesias e as associações<br />

do concelho.<br />

Em Mafra, o Imposto<br />

Municipal sobre Imóveis,<br />

fixado na taxa máxima, a<br />

José Cardoso<br />

factura da água mais cara<br />

da Área Metropolitana de<br />

Lisboa e o acompanhamento<br />

do processo destinado a<br />

acabar com a privatização<br />

da água são «preocupações»<br />

da CDU, que vão, seguramente,<br />

ter resposta no seu<br />

programa eleitoral. Também<br />

as periferias e as zonas<br />

rurais mais deprimidas<br />

não serão esquecidas, assim<br />

como os centros urbanos<br />

do concelho, onde é<br />

necessário manter os jardins,<br />

parques infantis e passeios.<br />

Nas eleições autárquicas<br />

deste ano, a Coligação<br />

PCP-PEV tem como objectivo<br />

aumentar o número de<br />

votantes em todo o concelho,<br />

acabar com a maioria<br />

absoluta do PSD na Câmara<br />

e ter eleitos nas freguesias<br />

onde não está representada.


23-2-2017 EM FOCO 15<br />

Comunicado<br />

do Comité Central do PCP<br />

de 18 e 19 de Fevereiro de 2017<br />

OComité Central do PCP,<br />

reunido a 18 e 19 de Fevereiro<br />

procedeu à análise da situação<br />

internacional, da situação social e política<br />

nacional e do desenvolvimento da luta de<br />

massas. Apreciou, no quadro da concretização<br />

das decisões e orientações do XX Congresso,<br />

aspectos da actividade, da iniciativa política<br />

e do reforço do Partido. Procedeu à discussão<br />

e definição dos objectivos e grandes linhas<br />

de intervenção para as eleições autárquicas,<br />

afirmando a CDU e o seu projecto<br />

de trabalho, honestidade e competência.<br />

I<br />

Intervenção, luta, alternativa<br />

A situação nacional é condicionada por factores externos<br />

e internos que evidenciam a vulnerabilidade económica<br />

do País, os riscos dela decorrentes e a imprevisibilidade<br />

quanto à sua evolução. Desde logo, factores decorrentes<br />

da situação internacional, sejam os associados à tomada<br />

de posse da nova administração dos EUA e as suas<br />

implicações políticas, económicas e comerciais, sejam os<br />

que no plano da União Europeia se revelam no<br />

aprofundamento dos seus mecanismos de domínio ou<br />

nas novas regras de «financiamento» anunciadas pelo<br />

BCE sejam, ainda, os elementos de instabilidade e<br />

guerra persistentes em vários pontos do mundo.<br />

As fragilidades do País bem como a opção do Governo<br />

do PS em não romper com os constrangimentos externos<br />

e com os interesses do capital monopolista, confirmam<br />

que só com uma ruptura com a política de direita é<br />

possível abrir caminho ao desenvolvimento económico,<br />

ao progresso social e à afirmação dos interesses<br />

nacionais.<br />

Valorizando os avanços conquistados na nova fase da<br />

vida política nacional, com a recuperação de<br />

rendimentos e direitos, o Comité Central do PCP<br />

sublinha a necessidade de enfrentar as limitações e<br />

constrangimentos que obstaculizam novos e mais<br />

significativos avanços.<br />

Tal objectivo reclama o necessário reforço do PCP, da<br />

sua organização, acção política e influência, e o vigoroso<br />

desenvolvimento da luta de massas que conflua para a<br />

criação de uma ampla frente social envolvendo os<br />

trabalhadores, os sectores e camadas sociais<br />

antimonopolistas, os democratas e patriotas, convergindo<br />

numa acção comum animada pelo objectivo da<br />

concretização de uma política patriótica e de esquerda<br />

e da construção da alternativa política que a concretize.<br />

II<br />

A situação internacional e a defesa<br />

dos interesses nacionais<br />

1 – A situação internacional continua marcada por uma<br />

grande instabilidade e incerteza no contexto do<br />

aprofundamento da crise estrutural do capitalismo, da<br />

violenta ofensiva do imperialismo, de um vasto e<br />

complexo processo de rearrumação de forças no plano<br />

internacional e da luta de resistência dos povos. Os<br />

desenvolvimentos mais recentes, envolvendo as<br />

principais potências capitalistas e estruturas de<br />

articulação imperialistas, comportam grandes riscos para<br />

os trabalhadores e os povos.<br />

A tomada de posse da nova administração dos EUA e<br />

as suas implicações nas relações internacionais ainda<br />

difíceis de prever; o posicionamento do grande capital e<br />

da União Europeia face ao processo de desvinculação<br />

do Reino Unido; os desenvolvimentos na União Europeia<br />

e os traços de instabilidade económica e financeira nas<br />

suas principais potências (como a Alemanha, a França<br />

ou a Itália); as derivas reaccionárias e o crescimento de<br />

forças xenófobas, racistas e de natureza fascista nos<br />

centros capitalistas; a ofensiva imperialista na América<br />

Latina e o intervencionismo da UE e da NATO em<br />

África; a expansão e deslocação de forças militares da<br />

NATO no Leste da Europa; a acentuação de várias<br />

linhas de confrontação imperialista visando países como<br />

a República Popular da China, a Federação Russa ou o<br />

Irão; as operações de desestabilização e guerra em<br />

vários pontos do Mundo, nomeadamente no Médio<br />

Oriente de que são exemplo as guerras de agressão<br />

imperialista na Síria e no Iémen e a criminosa acção de<br />

Israel contra o povo palestiniano; o terrorismo,<br />

nomeadamente o terrorismo de Estado, resultante da<br />

política imperialista de guerra e de instigação de<br />

conflitos, são factores que, a par com a significativa<br />

agudização das rivalidades inter-imperialistas, colocam<br />

acrescidas razões de preocupação e inquietação quanto<br />

à evolução da situação internacional.<br />

Neste quadro, o Comité Central do PCP sublinha a<br />

importância da luta dos trabalhadores em defesa dos<br />

seus interesses de classe, da luta dos povos pela paz, em<br />

defesa dos seus direitos, interesses e aspirações, da<br />

liberdade, democracia e da soberania, contra a ofensiva<br />

imperialista e as forças reaccionárias e fascistas.<br />

Expressa a sua solidariedade a todos os povos que<br />

resistem e lutam em defesa dos seus direitos e<br />

soberania, nomeadamente aos povos do Médio Oriente<br />

e da América Latina. Valoriza e apela à intensificação<br />

das acções que em Portugal têm sido desenvolvidas por<br />

variadas estruturas do movimento da paz e da<br />

solidariedade com os povos em luta.<br />

2 – O início de funções do novo presidente dos Estados<br />

Unidos da América e da sua administração suscita justas<br />

inquietações. As suas primeiras decisões e declarações<br />

apontam para uma acentuação da exploração dos<br />

trabalhadores, das desigualdades e discriminações que<br />

marcam a sociedade norte-americana, e para o<br />

prosseguimento da política de domínio e<br />

intervencionismo externos, de que a vertente belicista é<br />

uma das suas mais graves expressões.<br />

Identificando-se elementos novos nas prioridades<br />

imediatas, discurso e táctica da política externa da<br />

administração Trump, o Comité Central do PCP<br />

sublinha, contudo, que no essencial esta se desenvolve<br />

na continuidade da linha estratégica e interesses de<br />

classe das anteriores administrações dos EUA,<br />

prosseguindo o mesmo objectivo de contrariar o declínio<br />

da hegemonia mundial dos Estados Unidos da América<br />

e mantendo os mais gravosos, reaccionários e perigosos<br />

elementos da política imperialista norte-americana.<br />

Tal como a eleição de Donald Trump resultou, no plano<br />

interno, da profunda crise económica e social nos EUA<br />

e das crescentes contradições entre sectores do grande<br />

capital, também a sua política externa configura uma<br />

resposta à acentuação das contradições e rivalidades<br />

inter-imperialistas decorrentes do aprofundamento da<br />

crise estrutural do capitalismo e da crescente disputa<br />

imperialista por esferas de influência e domínio.<br />

3 – O Comité Central do PCP denuncia as campanhas<br />

de diversão política e ideológica emanadas de vários<br />

centros imperialistas que, tirando partido de justos<br />

sentimentos de indignação contra as políticas da<br />

administração Trump e instrumentalizando as<br />

consequências e perigos decorrentes da própria ofensiva<br />

imperialista, se caracterizam por uma profunda<br />

hipocrisia e manipulação. São os casos da campanha em<br />

torno do «isolacionismo» e «proteccionismo» dos EUA e<br />

da «indignação» de vários responsáveis da União<br />

Europeia face às xenófobas e desumanas medidas da<br />

administração Trump relativas aos refugiados e<br />

migrantes – os mesmos responsáveis que na União<br />

Europeia levam a cabo políticas gémeas das medidas<br />

agora adoptadas nos EUA.<br />

Tais campanhas não são movidas pela defesa dos<br />

interesses dos povos ou por valores humanistas. Têm<br />

como pano de fundo as contradições entre<br />

potências imperialistas, nomeadamente entre os


16 23-2-2017<br />

Comunicado do Comité Central do PCP<br />

de 18 e 19 de Fevereiro de 2017<br />

EUA e a União Europeia; expressam preocupações das<br />

classes dominantes em torno de interesses próprios e da<br />

«estabilidade» dos mecanismos de articulação e<br />

coordenação imperialista no plano regional e mundial;<br />

visam branquear o papel da administração Obama e<br />

salvaguardar a continuidade dos eixos fundamentais da<br />

sua política; procuram abrir campo para uma maior e<br />

mais rápida afirmação da União Europeia como pólo<br />

imperialista, acentuando a sua política intervencionista e<br />

militarista; e visam reforçar a NATO e desenvolver a<br />

militarização da União Europeia.<br />

Neste quadro, o Comité Central do PCP chama particular<br />

atenção para a abordagem ideológica em torno da crítica<br />

ao alegado «isolacionismo» e «proteccionismo» norte-<br />

-americano. Tais conceitos, aplicados à maior potência<br />

económica mundial e ao principal centro financeiro global<br />

do capitalismo são manobras políticas e ideológicas<br />

associadas à reorganização e defesa da globalização<br />

capitalista e dos interesses a que esta corresponde nas<br />

novas e não estabilizadas condições de rearrumação de<br />

forças no plano mundial. Visam simultaneamente atacar<br />

todos aqueles que assumam a defesa da soberania e do<br />

direito ao desenvolvimento económico e social como um<br />

dos eixos centrais de resistência a essa mesma<br />

globalização capitalista e de luta contra o domínio das<br />

principais potências imperialistas, incluindo os EUA.<br />

4 – Num quadro de manutenção de variados vectores de<br />

instabilidade no continente europeu e de insanáveis<br />

contradições inerentes ao processo de integração<br />

capitalista na Europa, o Comité Central do PCP chama a<br />

atenção para a sequência de cimeiras e reuniões no plano<br />

da União Europeia que, associadas à campanha<br />

ideológica em torno dos 60 anos da assinatura dos<br />

Tratados de Roma e da instrumentalização de vários<br />

«perigos externos», visam consumar as linhas<br />

anteriormente esboçadas para manter e reforçar os pilares<br />

e políticas da União Europeia. Tal como o PCP alertou,<br />

as chamadas «cimeiras dos países do Sul da Europa»<br />

revelaram não uma visão alternativa para a cooperação<br />

entre países com situações e interesses convergentes, mas<br />

sim um instrumento de camuflagem política dos novos<br />

saltos em frente de natureza federalista, de manutenção<br />

e aprofundamento dos instrumentos da União Europeia<br />

– nomeadamente do euro e do Mercado Único – e de<br />

acentuação da vertente militarista, securitária e<br />

intervencionista da União Europeia, com acento tónico na<br />

bacia do Mediterrâneo, continente africano e Leste da<br />

Europa.<br />

É uma perigosa ilusão pensar que os interesses nacionais<br />

se defendem no quadro do reforço da União Europeia. A<br />

União Europeia e o euro significam brutais<br />

constrangimentos contra os interesses nacionais. O reforço<br />

da União Europeia e do euro não trará a solidariedade<br />

que nunca existiu, pelo contrário reforçará a prevalência<br />

dos interesses das principais potências da União Europeia<br />

no quadro da disputa e negociação internacional, em<br />

detrimento, e mesmo sacrifício, dos interesses de Portugal<br />

e do seu povo.<br />

5 – O Comité Central do PCP reitera a oposição aos<br />

tratados de livre comércio, atentatórios do interesse e<br />

recursos nacionais e dos direitos laborais, sociais e<br />

ambientais e de saúde pública. Face à aprovação pela<br />

maioria do Parlamento Europeu do CETA (Acordo<br />

Económico e de Comércio Global, entre a União Europeia<br />

e o Canadá), o PCP apela à intensificação da luta contra<br />

este acordo e opor-se-á, na Assembleia da República, à<br />

sua ratificação pelo Estado português.<br />

6 – O Comité Central do PCP sublinha que a agudização<br />

da instabilidade e contradições do sistema capitalista, os<br />

desenvolvimentos na União Europeia e os enormes<br />

perigos decorrentes da ofensiva imperialista reclamam<br />

uma profunda alteração das principais linhas da política<br />

externa portuguesa e uma profunda reflexão sobre os<br />

eixos centrais de defesa do interesse, segurança,<br />

independência e soberania nacionais.<br />

Contrariamente a uma política externa marcada pela<br />

dependência e submissão à União Europeia e à NATO e<br />

de afunilamento de relações no eixo transatlântico ou<br />

subordinadas aos interesses deste, o que as evoluções da<br />

situação internacional e na União Europeia evidenciam é<br />

a necessidade da adopção de uma política patriótica que<br />

municie o País com os instrumentos soberanos, incluindo<br />

de política externa nas vertentes diplomática, de relações<br />

económicas e de defesa, que garantam a defesa da<br />

soberania económica, alimentar, energética e outras; que<br />

abram novas e diversificadas linhas de cooperação e<br />

relacionamento económico, de financiamento e comércio<br />

externo; que garantam uma política de paz e cooperação,<br />

independente e orientada para o reforço da capacidade<br />

própria de defesa do País.<br />

A afirmação de uma política externa patriótica e de<br />

esquerda é um instrumento central para, perante<br />

desenvolvimentos ou dinâmicas externas contrários ao<br />

interesse nacional, defender os direitos dos trabalhadores<br />

e do povo, a soberania e a independência de Portugal.<br />

III<br />

A evolução da situação nacional<br />

e a exigência de uma política,<br />

patriótica e de esquerda<br />

1 – A situação dos trabalhadores, do povo e do País é<br />

marcada por problemas acumulados por décadas de<br />

política de direita, aos quais se somaram as<br />

consequências da política de destruição do governo do<br />

PSD/CDS e do pacto de agressão subscrito por estes<br />

partidos e pelo PS com o FMI, a Comissão Europeia e o<br />

BCE, intensificando um processo de exploração e<br />

empobrecimento com consequências e efeitos duradouros<br />

que se mantêm e que é preciso enfrentar e ultrapassar.<br />

Os dados referentes ao crescimento económico no 4.º<br />

trimestre de 2016 (1,9% – um dos mais elevados dos<br />

últimos trimestres), ainda que aquém das necessidades<br />

do País, reflectindo positivamente a política de reposição<br />

de rendimentos, traduzem simultaneamente o peso de<br />

opções macroeconómicas (consolidação orçamental,<br />

trajectória do défice, encargos com a dívida) e o seu efeito<br />

negativo na limitação ao crescimento que assegure as<br />

condições de desenvolvimento de que o País necessita.<br />

Mantêm-se as preocupações quanto à real situação na<br />

banca, designadamente o domínio monopolista de capital<br />

estrangeiro, o volume de crédito malparado, a<br />

continuação do processo de concentração bancária à<br />

escala europeia – de que é exemplo a aquisição do BPI<br />

pelo Caixa Bank – e o agravamento do preço das<br />

comissões e serviços bancários com prejuízos para a<br />

população e para a economia nacional. Uma situação que<br />

PSD e CDS procuram agravar com manobras de<br />

manipulação política que, instrumentalizando comissões<br />

de inquérito, visam a privatização da Caixa Geral de<br />

Depósitos.<br />

Mantém-se um desemprego elevado, em termos reais<br />

acima de um milhão de trabalhadores, pese embora o<br />

aumento da criação de emprego e a descida do<br />

desemprego verificado no último ano; a precariedade<br />

continua com uma grande expressão, com os contratos<br />

precários a representarem mais do dobro dos contratos<br />

efectivos nas novas contratações; os baixos salários<br />

continuam a ter um peso significativo com mais de 30%<br />

dos trabalhadores por conta de outrem a auferirem menos<br />

de 600 euros.<br />

O Comité Central do PCP chama a atenção para a<br />

situação nos serviços públicos a braços com falta de<br />

pessoal, de manutenção e de investimento com<br />

consequências em sectores como: a educação, com<br />

evidentes carências nas escolas; a saúde, designadamente<br />

nos serviços de urgência do Serviço Nacional de Saúde;<br />

os transportes públicos, particularmente nas áreas<br />

metropolitanas; o serviço postal, com situações de<br />

crescente conflito entre os interesses dos accionistas dos<br />

CTT, os seus trabalhadores e as populações; os sectores<br />

estratégicos – como a rede de energia, auto-estradas,<br />

aeroportos, etc. – entretanto privatizados, colocando-os<br />

ao serviço do grande capital e que continuam não só a<br />

agravar os custos para as famílias e as empresas, como<br />

se verificou no início do ano, como a condicionar os<br />

necessários investimentos de que o País necessita.<br />

2 – Como o PCP tem alertado, não é possível iludir a<br />

vulnerabilidade de Portugal face a uma conjuntura<br />

externa que não determina nem está preparado para<br />

enfrentar. Variáveis como as do preço do petróleo, da<br />

cotação do euro e do dólar ou pressões sobre o<br />

abastecimento alimentar e energético pendem sobre o<br />

País como séria ameaça. Desprovido de soberania<br />

monetária e totalmente dependente das opções do BCE<br />

ou da chantagem das agências de notação financeira,<br />

influenciando as taxas de juro, Portugal está não só<br />

dependente do exterior como condicionado no seu direito<br />

inalienável ao desenvolvimento soberano e ao progresso<br />

social.<br />

Factos recentes, como as oscilações das taxas de juro da<br />

dívida portuguesa e a manutenção pelas agências de<br />

notação do valor da dívida nacional classificada como<br />

«lixo», associadas a novas ameaças do Eurogrupo e às<br />

pressões da OCDE para as chamadas reformas estruturais<br />

e de exigência de maior «consolidação orçamental»,<br />

provam a impossibilidade de defender os interesses de<br />

Portugal sem enfrentar a questão da dívida e do euro,<br />

recuperando instrumentos de soberania económica,<br />

orçamental e monetária. A realidade prova que, mesmo<br />

sujeitando Portugal, como se continua a sujeitar, a regras<br />

e imposições externas inadmissíveis, a agenda de<br />

concentração de riqueza, empobrecimento e declínio que<br />

os centros do capital querem impor a Portugal<br />

mantém-se inalterável.<br />

Como o PCP tem insistido, os principais problemas do<br />

País não residem num défice repetidamente usado para<br />

impor a redução da despesa pública, a limitação a<br />

direitos sociais e o ataque a salários e rendimentos, mas<br />

antes em questões como a de uma dívida insustentável<br />

que impede o investimento, consome recursos e riqueza<br />

nacionais.<br />

O País não tem de se sujeitar a mais medidas de<br />

consolidação orçamental que atrofiam o seu<br />

desenvolvimento.<br />

Portugal dispõe, já hoje, de um saldo orçamental primário<br />

(excluídos os juros da dívida) superior a quatro mil<br />

milhões de euros.<br />

Como o PCP tem insistido, o que o País precisa é de uma<br />

política que assegure o investimento, o aumento da<br />

produção nacional (visando, entre outras, a soberania<br />

alimentar e energética) e a criação de emprego.<br />

Objectivos indissociáveis da necessidade da libertação da<br />

submissão ao euro, da renegociação da dívida e do<br />

controlo público da banca, bem como de uma política<br />

externa independente e soberana baseada na cooperação<br />

e na paz.<br />

3 – O País conheceu nesta nova fase da vida política<br />

nacional avanços na defesa, reposição e conquista de<br />

direitos que travaram o caminho de declínio e<br />

intensificação da exploração e empobrecimento imposto<br />

pelo governo PSD/CDS.<br />

O Comité Central do PCP valoriza o que, com a<br />

contribuição decisiva da luta dos trabalhadores e do povo<br />

e da intervenção do PCP foi possível avançar.<br />

Valoriza o conjunto das medidas adoptadas nos


EM FOCO<br />

17<br />

orçamentos do Estado de 2016 e 2017, e para lá desse<br />

quadro, que permitiram a reposição dos feriados; a<br />

reposição do horário de trabalho de 35 horas na<br />

administração pública; a eliminação dos cortes salariais<br />

ou da sobretaxa no IRS; a reposição da taxa de 13% no<br />

IVA da restauração; o aumento das pensões de reforma;<br />

o alargamento e majoração do valor do abono de família;<br />

o descongelamento e aumento do subsídio de refeição na<br />

administração pública; a reposição do direito à<br />

contratação colectiva no sector empresarial do Estado; a<br />

reposição integral, a partir de 2018, do subsídio de Natal<br />

aos reformados e trabalhadores da administração pública<br />

e as perspectivas abertas para a valorização, para efeitos<br />

de reforma, das carreiras contributivas mais longas.<br />

Valoriza ainda outras medidas que avançam para lá da<br />

situação existente antes do pacto de agressão, como a<br />

redução do Pagamento Especial por Conta (PEC) para<br />

mais de 120 mil micro, pequenos e médios empresários,<br />

os apoios nos combustíveis aos pescadores e agricultores,<br />

ou ainda o alargamento da gratuitidade dos manuais<br />

escolares a 370 mil crianças do 1.º ciclo.<br />

Exigindo o cumprimento integral do conjunto de<br />

compromissos assumidos no Orçamento do Estado<br />

aprovado para este ano o PCP continuará a intervir para<br />

assegurar que todas as possibilidades entretanto abertas<br />

se concretizem.<br />

Os avanços alcançados dão ainda mais força à convicção<br />

de que os interesses do País e uma resposta mais plena<br />

aos seus problemas exige uma outra política, uma política<br />

patriótica e de esquerda.<br />

4 – Sem prejuízo do conjunto de decisões de sentido<br />

positivo resultantes da iniciativa e contribuição do PCP e<br />

inseparáveis da actual correlação de forças, o Governo PS<br />

assumiu um conjunto de opções contrárias ao sentido de<br />

uma outra política capaz de responder aos problemas<br />

nacionais e afirmar a soberania, de que são exemplo: o<br />

acordo com as confederações patronais e a UGT na<br />

concertação social; a não eliminação da caducidade da<br />

contratação colectiva e a não assumpção do princípio do<br />

tratamento mais favorável, renunciando à eliminação<br />

desta e de outras normas gravosas do Código do Trabalho<br />

e da legislação laboral da Administração Pública; o<br />

anúncio de renovação de PPP na saúde; a entrega da<br />

CARRIS e da STCP à gestão municipal, a opção de<br />

entrega, no imediato ou a prazo, do Novo Banco ao<br />

grande capital; a estratégia de extensão de fundações a<br />

novas instituições do Ensino Superior; o propósito de<br />

transferência de serviços públicos e funções sociais do<br />

Estado para as autarquias locais; a liberalização do sector<br />

do táxi; a proposta de alteração da Lei Sindical da PSP;<br />

a chamada reforma da floresta e opções de coesão e<br />

desenvolvimento territorial e os posicionamentos de<br />

política externa de defesa do reforço da NATO e de<br />

aprofundamento da União Europeia.<br />

5 – O PCP prosseguirá a sua intervenção, determinada<br />

pelo seu compromisso com os trabalhadores, o povo e o<br />

País, tendo presentes as possibilidades e a necessidade<br />

de dar resposta às suas aspirações e direitos, não iludindo<br />

limitações, constrangimentos e contradições, contradições<br />

que desenvolvimentos recentes põem em evidência. Seja<br />

pela confirmação por parte do PS de opções que não<br />

rompem com a política de direita e que traduzem a sua<br />

vinculação com o grande capital; seja pela estratégia que<br />

PSD, e também CDS, têm em curso para procurar<br />

branquear o seu passado recente, dar corpo à sua posição<br />

revanchista face ao afastamento do poder, desestabilizar<br />

o País e tentar atingir ou condicionar o PCP; seja pela<br />

persistência em «pactos de regime» ou na promoção de<br />

«consensos alargados» que na prática assegurem que em<br />

decisões e questões estruturantes os interesses e<br />

objectivos associados ao chamado «bloco central»<br />

prevaleçam.<br />

O PCP não determinará a sua intervenção a partir de<br />

pressões, nem condicionará a sua intervenção e juízo<br />

próprio a manobras de conjuntura.<br />

O PCP não desbaratará gratuitamente possibilidades e<br />

perspectivas criadas no plano político com a nova<br />

correlação de forças.<br />

O PCP não contribuirá para apatias e conformismos que<br />

limitem o papel insubstituível da luta dos trabalhadores e<br />

do povo para defender, repor e conquistar direitos e<br />

concretizar outro rumo para Portugal.<br />

O PCP não transigirá perante a política de direita e as<br />

opções que lhe dêem corpo, venham de onde vierem nem<br />

abandonará a plena afirmação das suas propostas e<br />

projecto.<br />

6 – O Comité Central do PCP sublinha que os avanços e<br />

conquistas alcançados só se tornaram possíveis numa<br />

correlação de forças em que o PS não dispõe de um<br />

governo maioritário. Avanços e conquistas que, para além<br />

do que o Programa do PS admitia, só se tornaram<br />

possíveis pela acção e luta dos trabalhadores e do povo e<br />

da iniciativa, contribuição e influência decisivas do PCP.<br />

Medidas e avanços que um governo maioritário do PS<br />

nunca adoptou nem adoptaria.<br />

O PCP reafirma a sua determinação e compromisso com<br />

os trabalhadores e o povo de prosseguir a sua intervenção<br />

e contribuição no caminho da defesa, reposição e<br />

conquista de rendimentos e direitos.<br />

IV<br />

A importância da luta de massas<br />

no actual quadro político e social<br />

A gravidade dos problemas que estão colocados aos<br />

portugueses exige a ruptura com a política de direita e o<br />

desenvolvimento da luta dos trabalhadores e do povo para<br />

a sua concretização.<br />

Registando a existência de condições mais favoráveis para<br />

responder aos problemas imediatos dos trabalhadores e<br />

do povo, o Comité Central do PCP destaca o papel e o<br />

valor insubstituível da luta de massas, não apenas com o<br />

objectivo de consolidar os avanços, mas simultaneamente<br />

de dar novos passos que possam levar mais longe a<br />

resposta aos problemas e aspirações dos trabalhadores e<br />

do povo.<br />

O Comité Central do PCP saúda a luta dos trabalhadores<br />

e das populações que tem vindo a verificar-se por todo o<br />

País: na Administração Pública, contra a precariedade,<br />

pela contratação de milhares de profissionais em falta nos<br />

serviços, pelo descongelamento das carreiras e dos<br />

salários, com destaque para a luta desenvolvida pelos<br />

assistentes operacionais e técnicos no sector da saúde e<br />

trabalhadores não docentes da educação. Saúda<br />

igualmente as lutas realizadas em muitas empresas do<br />

sector privado a partir de reivindicações concretas dos<br />

trabalhadores, nomeadamente: nos SAMS, PT/Porto,<br />

Metalorigor, Centros de contacto da EDP, Groz-Beckert,<br />

CAMO, Euroresinas, Petrogal, EFATM, Ar liquido,<br />

Valindo/Fafe, CROWNE PLAZZA, SUCH, Centro de<br />

contacto da Teleperfomance, MGM, Jumbo de Almada,<br />

entre outras, bem como no sector da vigilância e da<br />

limpeza.<br />

Reafirmada como uma prioridade da intervenção do PCP<br />

nesta nova fase da vida política nacional, a luta contra a<br />

precariedade dos vínculos laborais na Administração<br />

Pública tem vindo a alargar-se e fortalecer-se, fruto de<br />

uma maior consciencialização para a necessidade de<br />

terminar com este flagelo nacional. A sinalização do<br />

número de trabalhadores com vínculos precários na<br />

Administração Pública, sendo um passo importante,<br />

reclama da parte dos trabalhadores um ainda maior<br />

envolvimento para concretizar a efectiva resolução deste<br />

problema.<br />

O Comité Central do PCP destaca igualmente a dimensão<br />

e a diversidade da luta das populações em várias regiões<br />

do País, pela melhoria da qualidade dos serviços<br />

prestados, como no sector da saúde e nos transportes<br />

públicos de passageiros. Mas também a luta dos<br />

estudantes e dos pais contra as más condições e a falta<br />

de pessoal em muitas escolas.<br />

O Comité Central do PCP sublinha a importância das<br />

acções de massas em curso e apela ao envolvimento dos<br />

militantes do Partido na sua preparação e realização, com<br />

destaque para: o desenvolvimento da luta reivindicativa<br />

a partir dos locais de trabalho, das empresas e sectores;<br />

a manifestação nacional de mulheres convocada pelo<br />

MDM, para o dia 11 de Março em Lisboa; a semana da<br />

igualdade (de 6 a 10 de Março) e o roteiro contra a<br />

precariedade promovidos pela CGTP/IN; as comemoração<br />

do dia 24 de Março, dia do Estudante e do 28 de Março,<br />

dia nacional da juventude, em que se destaca a<br />

manifestação nacional da juventude trabalhadora contra<br />

a precariedade convocada pela CGTP-IN / Interjovem; as<br />

comemorações populares do 43.º aniversário da<br />

Revolução de Abril e, particularmente, para as<br />

comemorações do 1.º de Maio, com uma mobilização a<br />

partir da acção reivindicativa por objectivos concretos em<br />

cada uma das empresas e sectores, afirmando este dia<br />

como grande jornada de luta dos trabalhadores.<br />

O Comité Central salienta o significado da realização de<br />

congressos e eleições sindicais, bem como do XX<br />

Encontro Nacional de comissões de trabalhadores a<br />

realizar em Lisboa a 2 de Junho.<br />

O Comité Central do PCP destaca a importância da<br />

intervenção dos comunistas na actividade e reforço dos<br />

movimentos e organizações de massas e nas lutas por eles<br />

desenvolvidas, como um decisivo contributo para o<br />

desenvolvimento da luta de massas, mas também para o<br />

alargamento da convergência dos vários sectores e<br />

camadas sociais antimonopolistas, dos democratas e<br />

patriotas, para a luta pela política patriótica e de esquerda<br />

e pela alternativa política que a concretize.<br />

V<br />

Eleições autárquicas<br />

Afirmar a CDU e o seu projecto de<br />

trabalho, honestidade e competência<br />

1 – As eleições para as autarquias locais assumem um<br />

carácter prioritário no quadro da acção geral do Partido.<br />

A sua preparação deve ser encarada como momento e<br />

oportunidade de alargamento unitário, de afirmação do<br />

valor e projecto da CDU, de intervenção e proximidade<br />

aos problemas e aspirações locais, que contribua para o<br />

maior enraizamento e influência social e política do PCP.<br />

Momento também para assegurar, pelo reforço eleitoral<br />

da CDU, uma contribuição mais decisiva para dar<br />

resposta e solução aos problemas locais, para dar mais<br />

força ao PCP e ao seu papel decisivo na concretização do<br />

caminho de defesa, reposição e conquista de rendimentos<br />

e direitos, e para dar resposta, no âmbito da política<br />

patriótica e de esquerda que propõe, aos problemas dos<br />

trabalhadores, do povo e do País.<br />

2 – O PCP apresenta-se a estas eleições no quadro da<br />

CDU – Coligação Democrática Unitária, PCP-PEV, que<br />

integra no plano político o Partido Comunista Português,<br />

o Partido Ecologista «Os Verdes» e a Associação<br />

Intervenção Democrática. Inscreve como objectivos a<br />

apresentação de listas a todos os órgãos municipais e ao<br />

maior número possível de freguesias. Afirma-se como<br />

espaço de intervenção unitária e participação cívica de<br />

milhares de homens e mulheres sem filiação partidária<br />

que reconhecem na CDU o seu percurso de trabalho,<br />

honestidade e competência e a identificam como espaço<br />

privilegiado de intervenção e contribuição para o<br />

progresso e desenvolvimento locais. Um espaço que se<br />

assume com projecto e identidade próprias, que se recusa<br />

esconder em falsos projectos «independentes» que, a<br />

coberto de candidaturas de cidadãos eleitores, acolhem,<br />

na maioria das situações, disfarçadas coligações, arranjos<br />

partidários ou espaço de promoção de ambições pessoais<br />

ou dos grandes interesses económicos.<br />

A CDU apresenta-se em todo o País com o seu projecto<br />

alternativo e o carácter distintivo da sua acção autárquica.<br />

Fazendo prova dos valores de Trabalho, Honestidade e<br />

Competência que assume, da dimensão da obra realizada<br />

e de uma intervenção em defesa dos interesses das<br />

populações e dos trabalhadores, do reconhecido rigor e<br />

isenção na gestão das autarquias e na postura dos seus<br />

eleitos, da intervenção em defesa dos serviços públicos e<br />

afirmação do Poder Local Democrático.<br />

Na nova fase da vida política nacional ganha


18 EM FOCO<br />

23-2-2017<br />

Comunicado do Comité Central do PCP<br />

de 18 e 19 de Fevereiro de 2017<br />

maior importância a afirmação distintiva do projecto da<br />

CDU, o carácter diferenciador das suas propostas e<br />

opções, a dimensão de alternativa clara e assumida à<br />

gestão e projectos de outras forças políticas, sejam PSD<br />

e CDS, seja PS ou BE. A independência política, de<br />

juízo e acção políticas que o PCP preserva e assume na<br />

vida política nacional prolonga-se e expressa-se no<br />

projecto e candidaturas que marcam a intervenção<br />

eleitoral da CDU nas próximas eleições para as<br />

autarquias locais.<br />

3 – O Comité Central do PCP sublinha que são<br />

desprovidas de qualquer fundamento as ilações que se<br />

pretendam extrair quanto a uma alegada<br />

correspondência no actual quadro político entre o plano<br />

nacional e local. Desde logo porque é abusivo ver na<br />

situação nacional mais do que o que resulta da nova<br />

relação de forças parlamentar e das possibilidades daí<br />

decorrentes que não devem ser desperdiçadas. Mas<br />

também, e sobretudo, porque o alimentar de ilusões<br />

quanto a soluções de comprometimento político no plano<br />

local (em rigor inexistentes no plano nacional), sem<br />

qualquer correspondência com a comprovada diferença<br />

de projectos autárquicos entre o PCP e o PS, só serviria<br />

para esbater e iludir as opções distintas em presença que<br />

com clareza e frontalidade devem ser assumidas.<br />

Uma presença distintiva pelo seu projecto e obra<br />

realizada. Distintiva pela intervenção coerente em defesa<br />

do poder local, da sua autonomia, dos meios e recursos<br />

financeiros, organizacionais e humanos a que tem<br />

constitucionalmente direito para exercer as suas<br />

atribuições e competências. Distintiva pela exigência de<br />

devolução das freguesias roubadas ao povo e pelo<br />

inequívoco compromisso da sua reposição. Distintiva<br />

pela posição intransigente de defesa dos serviços<br />

públicos e do acesso à saúde, à educação, à cultura, à<br />

protecção social, à habitação e à mobilidade. Distintiva<br />

pela defesa da gestão pública da água. Distintiva pela<br />

valorização atribuída aos trabalhadores das autarquias<br />

locais, aos seus direitos e condições de trabalho.<br />

Distintiva pela clara assumpção de critérios de gestão<br />

pública e de recusa das opções de privatização para que<br />

pretendem empurrar o poder local. Distintiva pela defesa<br />

de uma política de planificação do uso do solo,<br />

determinada pelos direitos das populações e não pelos<br />

interesses da especulação. Distintiva pela assumida<br />

atitude de defesa da descentralização assente na criação<br />

das regiões administrativas, indispensável ao<br />

desenvolvimento regional e a uma delimitação de<br />

competências entre os vários níveis de administração que<br />

assegure uma efectiva resposta aos problemas das<br />

populações. Distintiva porque, não confundindo<br />

descentralização com transferência de competências,<br />

recusa aceitar como valorativo do poder local um<br />

processo de transferência de encargos e ineficiências que<br />

se traduzirá na desresponsabilização do Estado, na<br />

redução da resposta pública em áreas essenciais, na<br />

degradação dos serviços prestados às populações, na<br />

redução da capacidade de resposta e realização das<br />

autarquias e no aumento das assimetrias regionais.<br />

4 – O Comité Central do PCP salienta como linhas de<br />

intervenção prioritárias no trabalho de preparação das<br />

eleições autárquicas: a dinamização da CDU e o seu<br />

alargamento unitário; a promoção de encontros,<br />

reuniões e outras iniciativas que contribuam para o<br />

envolvimento mais amplo de activistas e candidatos; a<br />

dinamização de contactos que alarguem a base de apoio<br />

à CDU, ao seu projecto e candidaturas; o trabalho de<br />

elaboração de listas e definição de candidatos; a<br />

prestação de contas do trabalho realizado; a elaboração<br />

participada dos programas e compromissos eleitorais a<br />

apresentar; a afirmação geral da CDU como a grande<br />

força de esquerda no poder local, necessária e<br />

indispensável na vida política nacional.<br />

VI<br />

Reforçar a organização do Partido,<br />

intensificar a sua acção<br />

e intervenção política<br />

1 – O grande êxito do XX Congresso com o seu impacto<br />

na organização e intervenção do Partido impulsiona uma<br />

forte e diversificada acção.<br />

O XX Congresso afirmou o Partido como força portadora<br />

da política patriótica e de esquerda, partido dinamizador<br />

da luta dos trabalhadores e do povo, força agregadora<br />

dos democratas e patriotas, afirmou a sua identidade e<br />

o seu Programa da democracia avançada com os valores<br />

de Abril no futuro de Portugal, duma sociedade livre da<br />

exploração, o socialismo e o comunismo. Partido<br />

necessário, indispensável e insubstituível, o PCP é alvo<br />

de sucessivas operações de mistificação e calúnia, como<br />

as que têm sido promovidas nos últimos meses –<br />

designadamente em torno do centenário da Revolução<br />

de Outubro, visando animar o preconceito anticomunista<br />

–, que enfrenta prosseguindo e dinamizando a acção<br />

com persistência e determinação.<br />

2 – O Comité Central do PCP salienta a intervenção no<br />

estímulo ao desenvolvimento da luta dos trabalhadores<br />

e do povo, os contactos e encontros estabelecidos com<br />

estruturas e entidades sobre a situação nacional e para<br />

apresentação das conclusões do XX Congresso, a<br />

iniciativa política e a acção nas instituições.<br />

O Comité Central do PCP destaca o andamento da<br />

campanha «Mais direitos, mais futuro. Não à<br />

precariedade», os milhares de contactos e o impacto que<br />

está a ter. Considera da maior importância o seu<br />

desenvolvimento, o estímulo à luta dos trabalhadores e<br />

valoriza os passos já dados na concretização do objectivo<br />

de que a um posto de trabalho permanente deve<br />

corresponder um contrato de trabalho efectivo. Uma<br />

campanha que se insere na valorização do trabalho e dos<br />

trabalhadores, com o prosseguimento da acção de<br />

aumento do salário mínimo nacional para 600 euros e<br />

do aumento geral dos salários, contra a desregulação e<br />

pela redução do horário de trabalho, pela defesa de<br />

direitos, a defesa e afirmação da contratação colectiva e<br />

a alteração do Código do Trabalho e da legislação<br />

laboral da Administração Pública com a revogação das<br />

normas gravosas.<br />

O Comité Central do PCP decidiu do andamento e linhas<br />

de força da campanha «Produção, emprego, soberania.<br />

Libertar Portugal da submissão ao euro» que,<br />

promovendo um amplo debate sobre a produção<br />

nacional e o seu aumento – nomeadamente para garantir<br />

a soberania alimentar e energética, enquanto condição<br />

de independência económica e promoção de emprego,<br />

com a identificação dos recursos, a eliminação dos<br />

factores que a constrangem, as medidas que a<br />

promovam e dinamizem – sublinhará a importância da<br />

libertação do País da submissão ao euro, associada à<br />

renegociação da dívida e à recuperação do controlo<br />

público da banca, para enfrentar os constrangimentos<br />

externos, recuperar a soberania monetária e orçamental,<br />

libertar recursos para o investimento público, melhorar<br />

os serviços públicos e reforçar as funções sociais do<br />

Estado.<br />

3 – O Comité Central do PCP apela a uma ampla<br />

participação nas comemorações do 96.º aniversário do<br />

Partido, momento de encontro, alargamento e afirmação<br />

da sua identidade, do seu projecto de democracia e<br />

socialismo e da sua acção internacionalista.<br />

O Comité Central do PCP destaca a campanha de<br />

difusão do Avante! como importante prioridade na actual<br />

situação face ao silenciamento, manipulação e mentira<br />

que é lançada contra o Partido e o seu projecto.<br />

No âmbito da preparação das eleições para as autarquias<br />

locais, o Comité Central do PCP abordou a preparação<br />

do Encontro Nacional do PCP sobre eleições autárquicas<br />

a realizar no dia 8 de Abril, na Aula Magna da<br />

Universidade de Lisboa, salientando a necessidade da<br />

sua ampla preparação nas organizações do Partido de<br />

modo a afirmar o Encontro Nacional como um dos mais<br />

importantes momentos de preparação desta importante<br />

batalha eleitoral e de afirmação da CDU.<br />

O Comité Central do PCP apela às organizações e<br />

militantes do Partido para que se empenhem na<br />

preparação da Festa do Avante! que se realizará nos dias<br />

1, 2 e 3 de Setembro, nomeadamente por via da<br />

discussão colectiva dos conteúdos políticos e culturais,<br />

da responsabilização de quadros pelas diversas tarefas<br />

e responsabilidades, da divulgação da Festa do Avante!<br />

e da dinamização e alargamento da rede militante de<br />

venda antecipada da Entrada Permanente (EP).<br />

4 – O Comité Central do PCP aponta a necessidade de,<br />

em ligação com a iniciativa política, avançar na<br />

concretização das medidas de reforço do Partido de<br />

acordo com as decisões do XX Congresso em que se integram:<br />

– O reforço da capacidade de direcção e a<br />

responsabilização geral de quadros.<br />

– O reforço do Partido nas empresas e locais de<br />

trabalho, com a constituição de novas células, o reforço<br />

das existentes, na sua estrutura, funcionamento e<br />

intervenção e a adopção das medidas de quadros<br />

indispensáveis para a concretização desses avanços.<br />

– O recrutamento e integração dos novos militantes –<br />

um organismo, uma tarefa – com o apelo nas iniciativas<br />

do Partido e o trabalho de recrutamento orientado e a<br />

dinamização da formação política e ideológica.<br />

– O funcionamento das organizações de base tendo em<br />

vista a resposta aos problemas dos trabalhadores e das<br />

populações e a dinamização da acção de massas,<br />

integrando o trabalho de contacto para listas e apoiantes<br />

da CDU com vista às eleições autárquicas.<br />

– O trabalho junto de camadas e sectores específicos<br />

definindo objectivos e medidas nomeadamente junto dos<br />

reformados, dos micro pequenos e médios empresários,<br />

dos pequenos e médios agricultores, dos intelectuais e<br />

do sector da cultura.<br />

– O trabalho junto da juventude e o apoio à JCP e ao<br />

seu Congresso que se realizará em 1 e 2 de Abril em<br />

Setúbal.<br />

– A atenção às estruturas de propaganda e ao seu<br />

reforço.<br />

– A independência financeira do Partido, com o<br />

pagamento regular das quotas, a verificação da estrutura<br />

de responsáveis de cobrança de quotas e o seu<br />

alargamento para que abranja todos os militantes, a<br />

actualização do valor das quotas tendo como referência<br />

1% do rendimento mensal, a dinamização de campanhas<br />

de fundos, bem como com a concretização do princípio<br />

de os eleitos não serem beneficiados nem prejudicados<br />

no exercício das suas funções e do critério sobre as<br />

mesas de voto.<br />

5 – O Comité Central do PCP salienta o arranque das<br />

comemorações do centenário da Revolução de Outubro<br />

com a grande iniciativa de abertura realizada em Lisboa,<br />

realça a necessidade de prosseguir, concretizar e alargar<br />

o programa de iniciativas por todo o País sob o lema<br />

«Centenário da Revolução de Outubro: socialismo<br />

exigência da actualidade e do futuro», em que se destaca<br />

o ciclo de debates, o seminário a realizar em Lisboa a<br />

17 de Junho, a expressão que vai assumir na Festa do<br />

Avante!, o comício de 7 de Novembro em Lisboa e a<br />

iniciativa de encerramento a 9 de Dezembro no Porto.<br />

O Comité Central do PCP destaca desde já a importância<br />

que, no seguimento do centenário da Revolução de<br />

Outubro, vai assumir em 2018 o II centenário do<br />

nascimento de Karl Marx, do legado da sua obra e<br />

intervenção, que se afirma no tempo em que vivemos no<br />

grande objectivo de transformar o mundo. No âmbito do<br />

programa a desenvolver, o PCP irá promover a<br />

realização da Conferência Comemorativa do II<br />

centenário de Karl Marx, a 24 e 25 de Fevereiro de<br />

2018.<br />

…<br />

Num tempo em que o capitalismo, com a sua natureza<br />

exploradora, opressora, agressiva e predadora, acentua<br />

as suas contradições e vê agravada a sua crise estrutural,<br />

o PCP reafirma aos trabalhadores e ao povo o seu<br />

compromisso de sempre e prossegue a sua acção<br />

confiante e determinada para enfrentar problemas e<br />

obstáculos, por uma política patriótica e de esquerda, a<br />

democracia avançada com os valores de Abril no futuro<br />

de Portugal, pelo socialismo e o comunismo.


20 NACIONAL<br />

23-2-2017<br />

Defender a economia<br />

O Grupo Parlamentar do PCP esteve reunido, dia 15, na<br />

Assembleia Legislativa da Madeira, com a Confederação<br />

Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas. Em<br />

declarações proferidas no final do encontro, os comunistas<br />

defenderam uma carga mais favorável para as micro-<br />

-empresas (23 mil na região), assim como a redução para<br />

15 por cento da taxa de IRC para as empresas instaladas<br />

na região e de 10 por cento para as novas micro-empresas.<br />

Na reunião alertou-se ainda para as dificuldades impostas<br />

às micro e pequenas empresas na região no acesso aos<br />

fundos comunitários, nomeadamente ao «Madeira 2020».<br />

Precariedade na autarquia<br />

Num comunicado distribuído aos trabalhadores da Câmara<br />

de Sines, a Coligação PCP-PEV denuncia casos de<br />

precariedade na autarquia e exige a contratação de novos<br />

trabalhadores.<br />

No documento, onde se afirma que a gestão PS<br />

«desempenhou um papel lamentável de travão à progressão<br />

de carreiras de dezenas de trabalhadores que a solicitaram»,<br />

a CDU informa que a autarquia «recorre todos os anos ao<br />

trabalho precário, em cerca de 50 aquisições de serviços<br />

em falsos regimes de tarefas e avenças».<br />

Abolição de portagens<br />

Em comunicado à população, a CDU defendeu, uma vez<br />

mais, a abolição das portagens na A1 no concelho de Vila<br />

Franca de Xira, «uma necessidade que é urgente<br />

concretizar». «Colocados perante a necessidade de utilizar<br />

a Estrada Nacional 10, a população do concelho sente,<br />

diariamente, os constrangimentos que esta via lhes coloca,<br />

particularmente em horas de ponta», refere a Coligação<br />

PCP-PEV, alertando para as «sérias implicações não só ao<br />

nível ambiental, afectando a qualidade de vida das populações<br />

e a saúde pública, como para a economia do concelho».<br />

Vitória das populações<br />

No dia 8, a Câmara da Moita aprovou o Protocolo de<br />

Cooperação a firmar com a Administração Regional de<br />

Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) para a instalação<br />

da Unidade de Saúde da Baixa da Banheira. O novo<br />

equipamento, da responsabilidade do Ministério da Saúde,<br />

vai ser construído num terreno cedido em direito de superfície<br />

pela autarquia, na zona Sul da Baixa da Banheira (junto à<br />

rotunda 25 de Abril).<br />

Linha do Oeste<br />

«Quem gere a Linha do Oeste, a CP, decidiu levar as<br />

melhores automotoras (série 592) para a Linha do Douro»,<br />

denuncia, em comunicado à população de Alcobaça, a<br />

CDU, força política que «não aceita que haja redução dos<br />

objectivos da linha, que tem todas as potencialidades para<br />

se desenvolver, com sucesso, ao serviço da região e do<br />

País». Assim, critica-se, «voltar às automotoras UDD dos<br />

anos 70 é um mau sinal que tem de ser revertido<br />

rapidamente pelo Governo PS e pela CP».<br />

Alertar os consumidores<br />

A União dos Agricultores do Distrito de Leiria (UADL)<br />

esteve, na passada semana, nas ruas de Pombal, em contacto<br />

com os consumidores, junto a algumas grandes superfícies<br />

comerciais e ao Mercado Municipal. A iniciativa, integrada<br />

na jornada que assinala dos 39 anos da Confederação<br />

Nacional da Agricultura, teve como finalidade alertar para<br />

a situação dos baixos preços à produção.<br />

Num documento, distribuído na ocasião, informa-se que<br />

por cada cem euros de produtos alimentares que o<br />

consumidor paga, o agricultor recebe 20 euros em média<br />

e, desses, 75 por cento são custos de produção.<br />

A UADL reuniu também com a Câmara de Pombal, a quem<br />

transmitiu as principais preocupações dos agricultores<br />

familiares da região.<br />

Plenários de bolseiros<br />

No dia 15, a Associação de Bolseiros de Investigação<br />

Científica (ABIC) realizou um plenário, na Faculdade de<br />

Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), com cerca de<br />

100 bolseiros. Nesta iniciativa, que serviu para reactivar o<br />

núcleo da ABIC naquela faculdade, debateu-se o novo<br />

Decreto-Lei 57/2016 para o emprego cientifico, que prevê<br />

a contratação de doutorados, a actual precariedade no<br />

emprego científico, nomeadamente o sistema de bolsas, e<br />

a situação dos bolseiros na FCUL.<br />

Foram ainda anunciados novos plenários, no dia 2, na<br />

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e, no dia<br />

3, no Instituto de Saúde Doutor Ricardo Jorge.<br />

MDM dirige combate ao sistema prostitucional<br />

Tráfico é crime<br />

O Movimento Democrático de Mulheres (MDM)<br />

apresentou, dia 14, no Clube Fenianos Portuenses,<br />

o projecto «ACT – Agir contra o tráfico<br />

de mulheres».<br />

Depois de Faro e Lisboa,<br />

o projecto, a desenvolver<br />

nos próximos 18 meses pelo<br />

núcleo do MDM no Porto,<br />

pretende continuar a<br />

aumentar o conhecimento<br />

e consciência, em particular<br />

das mulheres e jovens,<br />

sobre o crime de tráfico de<br />

seres humanos e para a sua<br />

prevenção e combate.<br />

«É preciso combater de<br />

forma veemente este flagelo<br />

que atravessa fronteiras<br />

e arrasa os valores da dignidade<br />

da pessoa humana»,<br />

refere o movimento,<br />

exigindo o combate «às políticas<br />

geradoras da exploração<br />

das mulheres e das<br />

meninas», que «não pode<br />

ser desligado das causas<br />

que alimentam o negócio<br />

altamente lucrativo, que vive<br />

da exploração dos corpos<br />

e sonhos de milhões<br />

«É preciso<br />

combater de forma<br />

veemente este<br />

flagelo»<br />

de mulheres e crianças –<br />

as vítimas mais vulneráveis,<br />

e em maior número – em<br />

consequência da pobreza,<br />

da desigualdade, da discriminação<br />

e da expansão do<br />

sistema prostitucional».<br />

De acordo com os dados<br />

apresentados, estima-se<br />

que na Europa mais de 76<br />

por cento das vítimas de<br />

tráfico são mulheres e, pelo<br />

menos, 15 por cento são<br />

crianças; as mulheres e<br />

crianças são 95 por cento<br />

do total de pessoas traficadas<br />

para fins de prostituição;<br />

a forma mais comum<br />

de tráfico de seres humanos<br />

é a exploração sexual<br />

(67 por cento), seguida da<br />

exploração laboral (21 por<br />

cento).<br />

Em Portugal o cenário<br />

não é diferente. Segundo<br />

o Observatório de Trafico<br />

de Seres Humanos, das<br />

182 presumíveis vítimas<br />

de tráfico de seres humanos<br />

sinalizadas, 27 eram<br />

menores e 141 adultos,<br />

das quais 123 eram mulheres.<br />

Os casos que envolviam<br />

mulheres estavam associados,<br />

na sua totalidade,<br />

ao fim de exploração<br />

sexual.<br />

Neste sentido, o MDM<br />

exige que o Governo ponha<br />

fim a este «negócio<br />

sórdido», que se expande<br />

cada vez mais às claras<br />

com todas as suas redes, e<br />

apela a que não se legitime<br />

a prostituição como<br />

uma profissão deixando as<br />

mulheres mais indefesas e<br />

sujeitas a uma violência<br />

que golpeia os direitos humanos<br />

e a dignidade.<br />

Grande homenagem a Carlos Paredes<br />

Carta de Compromisso<br />

No dia 14, na Universidade de Aveiro, perante<br />

uma vasta e representativa assistência, foi<br />

assinada uma Carta de Compromisso entre a<br />

secretária de Estado para a Cidadania e a<br />

Igualdade, Catarina Marcelino, e o Movimento<br />

Democrático de Mulheres (MDM), representado<br />

por Regina Marques, do seu Secretariado<br />

Nacional. O documento permitirá dar<br />

continuidade e aprofundar a intervenção do MDM<br />

ao nível da promoção da igualdade de género e de<br />

combate à violência no namoro.<br />

Mais de 600 pessoas participaram,<br />

no domingo, 19, numa homenagem<br />

a Carlos Paredes promovida pela Associação<br />

Conquistas da Revolução<br />

(ACR) no salão de «A Voz do Operário»,<br />

em Lisboa. Na sessão participaram<br />

mais de uma dezena de artistas<br />

que, a título individual ou colectivo,<br />

fizeram questão de dar o seu<br />

contributo evocando não só o genial<br />

mestre da guitarra portuguesa como<br />

também o homem e o ser humano<br />

de excepção que foi Carlos Paredes.<br />

Apresentado foi também o filme «Devaneios<br />

flutuantes», de Pedro Sena<br />

Nunes.<br />

No final da iniciativa, que contou<br />

ainda com a intervenção de Manuel<br />

Begonha, presidente da Direcção da<br />

ACR, cantou-se a «Grândola Vila Morena»<br />

com a presença de todos os artistas<br />

em palco: Gonçalo Lopes e Mariana<br />

Abrunheiro; Joana Bagulho;<br />

Fausto Neves, Manuel Pires da Rocha<br />

e Carlos Canhoto – trio «Músicas<br />

com Paredes de Vidro»; Samuel<br />

e Nuno Tavares; Coro Lopes Graça<br />

da Academia de Amadores de Música,<br />

com direcção artística de José<br />

Robert e participação do pianista<br />

Fausto Neves; Henrique Fraga e Marco<br />

Matos – «A nossa guitarra»; Bruno<br />

Costa e Paulo Figueiredo – Cordis;<br />

Alexandre Branco e Bruno Costa.<br />

URAP promove homenagem aos tarrafalistas<br />

Continuar a defender a liberdade<br />

No sábado, 18, em Lisboa, cerca<br />

de uma centena de pessoas participaram<br />

na homenagem anual aos tarrafalistas,<br />

homens antifascistas que,<br />

pelo seu amor à liberdade, perderam<br />

anos das suas vidas e 32 deles<br />

as próprias vidas no Campo de Concentração<br />

do Tarrafal. O momento<br />

– junto ao Mausoléu, no Cemitério<br />

do Alto de São João – contou com<br />

as intervenções de José Vargas e de<br />

Bento Luís, da União de Resistentes<br />

Antifascistas Portugueses, e um momento<br />

cultural, de música e poesia,<br />

da responsabilidade de o «Nó».


23-2-2017 ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA<br />

21<br />

Lei da Saúde<br />

Pública<br />

O deputado comunista João<br />

Ramos defendeu o reforço<br />

das estruturas de saúde<br />

pública de proximidade,<br />

organizando-as com base<br />

concelhia, bem como o reforço<br />

dos profissionais de saúde<br />

(médicos e enfermeiros) na<br />

especialidade de saúde<br />

pública.<br />

Esta posição foi assumida em<br />

recente debate de uma<br />

proposta de lei sobre a Lei da<br />

Saúde Pública, diploma<br />

governamental que o<br />

Parlamento aprovou na<br />

generalidade, com os votos<br />

favoráveis de todas as<br />

bancadas à excepção do PSD<br />

e do CDS-PP que se<br />

abstiveram.<br />

O parlamentar do PCP<br />

chamou igualmente a atenção<br />

para a necessidade de<br />

desenvolver um sistema<br />

informático integrado e eficaz<br />

como «ferramenta fundamental<br />

para monitorizar o estado de<br />

saúde e sustentar as bases das<br />

políticas de saúde pública».<br />

«Problema» na proposta de<br />

lei, segundo João Ramos, é a<br />

«inexistência de uma carreira<br />

de saúde pública, como já<br />

existiu, uma vez que os<br />

delegados de saúde são<br />

designados em comissão de<br />

serviço».<br />

Acompanhar<br />

os transportes<br />

O PCP propôs a criação de<br />

um grupo de trabalho no<br />

âmbito do Parlamento<br />

dedicado aos transportes<br />

públicos com vista a<br />

«desenvolver o<br />

acompanhamento ao sector»<br />

e a estabelecer um «contacto<br />

directo» com a realidade no<br />

terreno.<br />

A proposta foi recentemente<br />

formalizada na comissão<br />

parlamentar de Economia,<br />

Inovação e Obras Públicas e<br />

nela se sugere que os<br />

deputados a integrar o grupo<br />

visitem empresas como a<br />

Metro de Lisboa, Transtejo<br />

ou STCP e, entre outros casos,<br />

o Ramal da Lousã e a Linha<br />

do Douro.<br />

Em causa, e por isso<br />

merecedor em sua opinião de<br />

um acompanhamento pela<br />

AR de «forma concreta e<br />

rigorosa», estão matérias como<br />

as «supressões de carreiras e<br />

circulações, os tempos de<br />

espera, as perdas de<br />

fiabilidade e a segurança da<br />

operação».<br />

«Vamos ao terreno, falar com<br />

os trabalhadores das<br />

empresas», e desse modo<br />

«resolver» os problemas «que<br />

todos vêem», desafiou o<br />

deputado comunista Bruno<br />

Dias, ainda antes da proposta<br />

ser entregue, ao intervir num<br />

debate de urgência sobre<br />

transportes públicos, suscitado<br />

pelo BE, onde o ministro do<br />

Ambiente asseverou que 2017<br />

será o «ano de viragem» nos<br />

transportes públicos.<br />

Combate à precariedade na administração pública<br />

Condição de justiça e progresso<br />

A um posto de trabalho permanente deve corresponder<br />

um vínculo efectivo, considera o<br />

PCP, que defende a vinculação urgente dos<br />

trabalhadores que respondam a necessidades<br />

permanentes nos serviços públicos.<br />

A esta ideia-chave veiculada<br />

pela bancada comunista<br />

em debate realizado<br />

há uma semana, 16, respondeu<br />

o secretário de Estado<br />

do Emprego assumindo<br />

a disponibilidade do Governo<br />

para resolver todas<br />

as situações que «venham<br />

a ser identificadas como de<br />

efectiva precariedade», independentemente<br />

de estarem<br />

ou não identificadas<br />

no relatório inicial elaborado<br />

pelo Executivo.<br />

O secretário de Estado<br />

Miguel Cabrita falava no<br />

debate temático agendado<br />

por iniciativa do PCP sobre<br />

precariedade laboral<br />

na administração pública.<br />

Aí reconheceu que o relatório<br />

«Levantamento dos<br />

instrumentos de contratação<br />

de natureza temporária<br />

na Administração Pública»<br />

(elaborado por proposta<br />

do PCP ao Orçamento<br />

do Estado de 2016),<br />

que recenseou mais de 100<br />

mil precários, «não cobriu<br />

todas as situações contratuais».<br />

«2017 vai ser o ano de<br />

A precariedade<br />

é injusta para<br />

os trabalhadores<br />

e má para<br />

a qualidade<br />

dos serviços<br />

Realidade<br />

que envergonha<br />

A bancada comunista revelou no debate um<br />

conjunto de situações que testemunha bem a<br />

tremenda injustiça que é a precariedade e de como<br />

a vida e o futuro de quem a ela está sujeito ficam<br />

reféns e suspensos.<br />

Professores, por exemplo, que estão há mais de 20<br />

anos com contratos anuais sem terem uma<br />

vinculação ao Estado. Dramas humanos de quem,<br />

em certo casos, «anda centenas de quilómetros<br />

diários para a escola onde foi colocado», relatou<br />

António Filipe, ilustrando ocorrências identificadas<br />

entre os mais de 26 mil profissionais (três mil dos<br />

quais assistentes operacionais) contratados pelo<br />

Ministério da Educação.<br />

Como o de uma professora que aos 40 anos já<br />

passou por 24 escolas, situação que o deputado do<br />

PCP considerou «inaceitável quer do ponto de vista<br />

humano quer da mais elementar lógica de<br />

funcionamento dos serviços e das instituições». Ou,<br />

ainda, a situação de investigadores doutorados que<br />

«andam há 20 anos a viver sucessivamente de<br />

bolsas profissionais», como acontece em agronomia,<br />

quando o que deveriam ter é um emprego científico<br />

com estabilidade.<br />

Na área da saúde o panorama não é melhor, com<br />

António Filipe a dar o exemplo do Centro<br />

Hospitalar do Oeste onde há 180 assistentes<br />

operacionais precários há 18 anos. «Vemos<br />

enfermeiros com falsos recibos verdes, pessoas que<br />

resolvem necessidades permanentes mas estão a<br />

recibo verde, médicos contratados por empresas de<br />

trabalho temporário para trabalharem no SNS»,<br />

relatou, defendendo que tais situações «não podem<br />

continuar».<br />

arranque para o processo<br />

que vai resolver esta questão»,<br />

afiançou, depois de<br />

se comprometer que até final<br />

de Março o Governo<br />

apresentará uma proposta<br />

de lei com um «Programa<br />

de regularização extraordinária<br />

dos vínculos precários<br />

na administração pública»<br />

e que até final de<br />

Outubro «estarão montadas<br />

as estruturas que levarão<br />

a cabo este trabalho».<br />

O governante assegurou<br />

ainda que todos os precários<br />

que considerem estar<br />

a desempenhar um cargo<br />

A um posto de trabalho permanente deve corresponder<br />

um vínculo de trabalho efectivo, advoga o PCP, que diz ser<br />

este um combate central da democracia<br />

permanente, mesmo que<br />

não incluídos no relatório,<br />

poderão expor a sua situação<br />

junto das comissões bipartidas<br />

de avaliação (Governo<br />

e sindicatos) a criar<br />

em cada Ministério.<br />

Decência<br />

na contratação<br />

A abrir o debate, a deputada<br />

comunista Rita Rato<br />

sublinhara já a importância<br />

de «encontrar soluções<br />

específicas que respondam<br />

a cada sector, mas<br />

com o objectivo de resolver<br />

o problema da precariedade<br />

e não para encontrar<br />

justificações que deixem<br />

tudo na mesma». Sobre<br />

o levantamento na administração<br />

pública, no<br />

sector empresarial do estado<br />

e nas autarquias das<br />

situações de precariedade<br />

(recurso a contratos emprego-inserção,<br />

estágios, bolsas<br />

de investigação ou contratos<br />

de prestação de serviços),<br />

reiterou a exigência<br />

de que o «outsourcing, o<br />

trabalho temporário e a<br />

tempo parcial» não fiquem<br />

«de fora» deste processo.<br />

E entendendo que o «Estado<br />

deve ser uma referência<br />

para o conjunto da sociedade»,<br />

sublinhou que a<br />

erradicação do flagelo da<br />

Culpas no cartório<br />

Desconversar, entre muito ruído, e tentativa de<br />

desviar o debate da sua matéria substantiva – como<br />

o de vir falar da «reforma do Estado», por exemplo<br />

– foi um expediente a que recorreram as bancadas<br />

à direita da câmara. Dessa forma procuraram<br />

camuflar o seu comprometimento com a situação e<br />

a inexistência de vontade e propostas suas para a<br />

alterar. A espelhar bem, no fim de contas, a<br />

responsabilidade destes partidos pela «situação de<br />

precariedade a que se chegou, particularmente na<br />

administração pública», como salientou o deputado<br />

comunista António Filipe.<br />

Rita Rato, a este respeito, não deixou escapar<br />

alguns factos concretos que o<br />

atestam como seja o de o<br />

governo PSD/CDS-PP, entre<br />

2011 e 2015, nunca ter<br />

querido fazer o levantamento<br />

dos precários na administração<br />

pública. Mais, recusou sempre<br />

as propostas apresentadas pelo<br />

PCP nesse sentido, tal como<br />

recusou responder aos<br />

requerimentos que lhe foram<br />

dirigidos solicitando esses<br />

dados.<br />

A deputada comunista insistiu<br />

por isso na acusação àqueles<br />

partidos: «não querem discutir<br />

esta matéria pela razão simples<br />

de que estão de acordo e<br />

defendem a precariedade».<br />

E lembrou que a precariedade<br />

«não caiu do céu» e que tanto no privado como no<br />

público é «responsabilidade directa de sucessivos<br />

governos, em particular do anterior PSD/CDS-PP,<br />

que na administração pública aplicou as piores<br />

práticas do sector privado».<br />

precariedade e o emprego<br />

com direitos, no público e<br />

no privado, são uma «condição<br />

indispensável ao desenvolvimento<br />

o País».<br />

António Filipe, avaliando<br />

o trabalho em curso, expressou<br />

entretanto a congratulação<br />

da sua bancada<br />

por, «desta vez», estar a ser<br />

feito um «esforço sério» para<br />

resolver problemas para<br />

os quais o PCP há muito<br />

vem alertando.<br />

E asseverou que, da parte<br />

do Grupo comunista, será<br />

dada a «máxima contribuição<br />

para que, definitivamente,<br />

estes problemas<br />

sejam resolvidas, para bem<br />

destas pessoas, dos serviços<br />

públicos e da decência<br />

na contratação de profissionais<br />

por parte do Estado».<br />

Batalha sem tréguas<br />

A precariedade é uma realidade nefasta que se faz<br />

sentir há longos anos, mas que se acentuou de<br />

forma notória com o último governo PSD/CDS-PP.<br />

«A excepção transformou-se em regra», criticou<br />

Rita Rato, lamentando que em simultâneo, a par da<br />

banalização da precariedade, o contrato efectivo<br />

tenha passado a ser «miragem».<br />

Daí a severa crítica que dirigiu às bancadas à<br />

direita do hemiciclo a quem acusou de terem<br />

tentado «impor a precariedade como alternativa ao<br />

desemprego», sob a «falsa lógica de que "mais vale<br />

um estágio do que nada, um falso recibo verde, um<br />

contrato a prazo, uma bolsa"».<br />

Ora o que a vida se encarregou de comprovar é<br />

que a «alternativa ao desemprego não é a<br />

precariedade mas sim o emprego com direitos»,<br />

realçou a deputada comunista, sublinhando assim a<br />

necessidade imperiosa de erigir este combate à<br />

precariedade ao nível do compromisso do Estado, a<br />

exemplo do que se fez com a erradicação do<br />

trabalho infantil.


22 ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA<br />

23-2-2017<br />

Descentralização democrática do Estado<br />

Condições, autonomia e regionalização<br />

A descentralização de competências exige a<br />

recuperação e afirmação plena da autonomia<br />

do poder local, um quadro claro de<br />

condições que enquadrem essa transferência,<br />

um regime de financiamento com os<br />

meios apropriados.<br />

O que faz falta...<br />

Descentralizar<br />

implica o poder<br />

de executar mas<br />

também o poder<br />

de decidir<br />

Em resposta à deputada do PSD Berta Cabral, que se<br />

questionara sobre o facto de o PCP apresentar na AR<br />

um «discurso e um modelo distintos» do que é defendido<br />

pelo Governo, Paula Santos teve de lembrar, pela<br />

enésima vez, desmontando o sofisma, que o Grupo<br />

Parlamentar do PCP tem a sua «própria análise,<br />

diagnóstico, as suas posições e propostas» e é com essa<br />

premissa e postura que «intervém» neste e em todos os<br />

outros debates. Frisou, aliás, que sobre este tema da<br />

«descentralização, da organização do Estado», há muito<br />

que o PCP tem propostas sobre o mesmo, «não acordou<br />

agora para esta matéria».<br />

A propósito, aproveitou para dizer à deputada do PSD<br />

que não faz sentido falar de descentralização, nem falar<br />

de organização do Estado sem colocar a questão da<br />

criação das regiões administrativas.<br />

«Hoje há um conjunto de atribuições e competências que<br />

não estão bem na administração central, mas a solução<br />

também não passa pela administração local», realçou, o<br />

que do seu ponto de vista mostra bem a falta que faz a<br />

existência de regiões administrativas.<br />

Antes, na intervenção inicial, Paula Santos considerara<br />

já que «não é possível avançar para um efectivo, racional<br />

e sustentado processo de descentralização sem a<br />

instituição das regiões administrativas, como prevê a<br />

Constituição».<br />

Lembrara também que a regionalização cumpre três<br />

objectivos essenciais de uma verdadeira política<br />

descentralizadora, a saber: «dá coerência e delimita»<br />

atribuições e competências entre os vários níveis da<br />

administração (central, regional e local); potencia uma<br />

política de desenvolvimento regional envolvendo as<br />

autarquias e agentes económicos; garante a defesa da<br />

autonomia do poder local.»<br />

Em síntese, é este o enunciado<br />

de princípios em que<br />

assenta a perspectiva do<br />

PCP sobre a descentralização<br />

democrática do Estado,<br />

processo que em sua<br />

opinião implica necessariamente<br />

também a criação<br />

das regiões administrativas.<br />

É esta avaliação e corpo<br />

de ideias que estruturam<br />

um conjunto de propostas<br />

consubstanciadas em cinco<br />

iniciativas legislativas,<br />

cujo conteúdo foi dado a<br />

conhecer pela deputada comunista<br />

Paula Santos no<br />

decurso de uma declaração<br />

política que proferiu<br />

em nome da sua bancada,<br />

no dia 15, véspera da aprovação<br />

em Conselho de Ministros<br />

de uma proposta de<br />

descentralização de competências<br />

para as autarquias<br />

e entidades inter-municipais,<br />

abrangendo áreas como<br />

a educação, saúde, acção<br />

social e áreas portuárias.<br />

Ao levar o tema a plenário<br />

a bancada comunista<br />

quis à partida deixar bem<br />

claro que, hoje como no<br />

passado, a sua posição é<br />

de intransigente defesa e<br />

valorização da autonomia<br />

do poder local, «em coerência<br />

com uma organização<br />

do Estado assente na<br />

descentralização», capaz de<br />

responder «com maior eficácia<br />

às exigências» de prestação<br />

de melhor serviço público<br />

– e com isso melhorar<br />

a «qualidade e condições<br />

de vida das populações».<br />

E porque a descentralização<br />

é «um dos princípios<br />

constitucionais para a<br />

organização do Estado», a<br />

parlamentar do PCP considerou<br />

que o mesmo não<br />

se coaduna com «calendários<br />

precipitados», como<br />

parece ser o que o Governo<br />

quer impor, exigindo,<br />

sim, uma «reflexão séria,<br />

profunda e alargada».<br />

Paula Santos frisou, por<br />

outro lado, que a descentralização<br />

de competências<br />

deve ter por objectivo a<br />

melhoria da «acessibilidade<br />

e da qualidade do serviço<br />

público», bem como a<br />

elevação da capacidade e<br />

da eficiência de resposta<br />

aos problemas e necessidades<br />

das populações.<br />

Respeitar<br />

autonomia<br />

Outro aspecto central colocado<br />

pela deputada comunista<br />

é o que se refere<br />

às condições exigíveis para<br />

o pleno exercício das<br />

competências no quadro<br />

da descentralização e no<br />

rigoroso respeito pela autonomia<br />

do poder local.<br />

Aliás, a experiência do<br />

passado a este respeito não<br />

é propriamente «promissora»,<br />

como bem assinalou<br />

Paula Santos, que exemplificou:<br />

soluções que foram<br />

condicionadas pela «ausência<br />

de um nível de poder<br />

determinante no quadro da<br />

delimitação de competências»;<br />

«persistente subfinanciamento»<br />

das autarquias<br />

ou «contínuo arbítrio»<br />

de incumprimento de<br />

regimes financeiros; restrições<br />

e ingerência na autonomia<br />

do poder local, cenário<br />

este agravado sobremaneira<br />

num passado recente.<br />

Por saber que este quadro<br />

de asfixia financeira<br />

criou dificuldades à capacidade<br />

de intervenção das<br />

autarquias a bancada comunista<br />

defende que a<br />

«primeira prioridade» deve<br />

assentar na reposição<br />

das condições que permitam<br />

que as actuais competências<br />

possam ser realizadas.<br />

Assegurar<br />

meios<br />

Para o PCP, a descentralização<br />

de competências exige,<br />

por um lado, a «identificação<br />

e avaliação dos seus<br />

impactes e sua perspectiva<br />

de evolução, quanto às<br />

condições financeiras, humanas,<br />

organizacionais e<br />

materiais», e, por outro lado,<br />

a garantia de «autonomia<br />

administrativa e financeira<br />

das autarquias».<br />

Sem isso, advertiu Paula<br />

Santos, o que se faz é<br />

«transferir novos encargos<br />

e problemas não resolvidos,<br />

cuja resolução permanecerá<br />

comprometida».<br />

«Descentralização não<br />

pode significar a desresponsabilização<br />

do Estado,<br />

não pode corresponder à<br />

transferência de encargos<br />

e de descontentamento das<br />

populações relativamente<br />

ao que é incómodo para o<br />

Governo, passando o odioso<br />

para os outros», sublinhou<br />

a deputada do PCP,<br />

rejeitando de forma categórica<br />

que possa de alguma<br />

maneira ser posta em<br />

causa a «universalidade de<br />

funções sociais do Estado<br />

e de direitos constitucionais»<br />

ou «introduzir mais<br />

desigualdades e mais assimetrias<br />

entre os territórios».<br />

Sem deixar de valorizar<br />

a «proximidade e o conhecimento<br />

da realidade concreta»,<br />

a parlamentar salientou<br />

não ser essa porém<br />

a «questão central», mas<br />

sim a «garantia dos meios<br />

adequados para dar a resposta<br />

à altura de cada situação<br />

ou problema concreto».<br />

O mesmo vale para o<br />

princípio da subsidariedade,<br />

com Paula Santos a observar<br />

que a sua aferição<br />

A descentralização de competências não pode significar<br />

a desresponsabilização do Estado com a transferência<br />

de encargos e do que é incómodo para o Governo<br />

Dar condições é fundamental<br />

Embora haja uma aparente<br />

concordância das forças políticas<br />

representadas na AR quanto ao<br />

princípio da descentralização, a grande<br />

questão para o PCP continua a residir<br />

nas condições em que se opera essa<br />

descentralização, nomeadamente<br />

quanto às «questões financeiras,<br />

humanas, organizacionais, materiais».<br />

É que, explicou Paula Santos – e com<br />

isto respondia à deputada do PS<br />

Susana Amador, que perante um<br />

Estado «demasiado centralista»<br />

defendeu «um salto qualitativo» que<br />

cumpra os «dispositivos constitucionais<br />

em relação à descentralização, à<br />

autonomia do poder local e à<br />

subsidariedade» –, as autarquias estão<br />

ainda numa situação complicada<br />

decorrente do que foram as opções<br />

políticas do anterior governo PSD/CDS-<br />

-PP, não podendo essa realidade<br />

deixar de ser tida em conta. Aliás,<br />

observou, essa consideração tem de ser<br />

feita no actual contexto para o exercício<br />

das competências que já hoje as<br />

autarquias têm que assegurar. Daí o<br />

PCP entender que neste debate, para<br />

além de enunciação das competências<br />

que o poder local deve ter, é «preciso<br />

ver as condições para o fazer».<br />

Já ao deputado do CDS Álvaro Castelo<br />

Branco, que falara da necessidade de<br />

não se faz «pelo nível mais<br />

próximo de exercício de<br />

uma determinada competência,<br />

mas sim pela identificação<br />

do nível de administração<br />

que está em melhores<br />

condições de a exercer<br />

com proximidade».<br />

Paula Santos fez ainda<br />

questão de esclarecer as<br />

diferenças entre «descentralização,<br />

desconcentração<br />

e transferência de competências»<br />

– há quem insista<br />

intencionalmente e<br />

não por ignorância em tratar<br />

os diferentes conceitos<br />

«como se fosse tudo a mesma<br />

coisa», criticou –, sublinhando<br />

que «descentralizar<br />

implica o poder de<br />

executar mas também, e<br />

indispensavelmente, o poder<br />

de decidir».<br />

um «amplo debate público» prévio à<br />

criação das regiões administrativas,<br />

vendo por isso como «prematura» a<br />

apresentação de uma iniciativa sobre<br />

esta matéria, Paula Santos fez notar<br />

que o PCP – ao contrário do que fez o<br />

CDS-PP e o PSD no governo, em que<br />

tomaram um conjunto de opções contra<br />

a vontade das populações e ignorando<br />

a posição dos órgãos autárquicos, como<br />

foi a extinção de freguesias –, deseja<br />

ver as suas propostas «amplamente<br />

discutidas, abrir este debate da<br />

descentralização e regionalização».<br />

A deputada comunista não deixou até<br />

de registar a falta de nexo da pergunta<br />

do deputado do CDS-PP, uma vez que,<br />

recordou, a Constituição no seu artigo<br />

256.º exige a consulta popular para a<br />

criação das regiões administrativas – e<br />

é nesse sentido que vai a proposta do<br />

PCP.<br />

E reiterou que o PCP quer este debate,<br />

ao contrário das bancadas à direita, a<br />

quem acusou de «não o quererem<br />

fazer» e de optarem por «manter um<br />

Estado concentrado», depois de terem<br />

encerrado muitos serviços<br />

desconcentrados do Estado e com isso<br />

criado «imensas dificuldades às<br />

populações e aos territórios,<br />

contribuindo para maiores<br />

desigualdades e assimetrias».


23-2-2017 ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA<br />

23<br />

Com o contributo decisivo do PCP<br />

PEC tem finalmente os dias contados<br />

O regime tributário injusto e penalizador das<br />

micro e pequenas empresas que é o Pagamento<br />

Especial por Conta (PEC) vai ser eliminado<br />

e substituído por um regime adequado.<br />

Propostas<br />

do PCP<br />

Uma proposta de «lei-<br />

-quadro» que defina com<br />

rigor as condições para a<br />

transferência de<br />

competências para as<br />

autarquias, seu exercício e<br />

articulação entre vários<br />

níveis da administração,<br />

constitui um dos projectos<br />

de lei a formalizar em breve<br />

pela bancada comunista,<br />

que tem concluído um outro<br />

sobre um novo «regime de<br />

financiamento» (Lei de<br />

Finanças Locais) que<br />

respeite o «princípio<br />

constitucional da justa<br />

repartição de recursos do<br />

Estado», garanta a<br />

estabilidade da sua<br />

aplicação, e recupere os<br />

«níveis de financiamento<br />

negados por<br />

incumprimentos e cortes de<br />

montantes».<br />

Paula Santos referiu que<br />

um terceiro projecto de lei<br />

diz respeito à criação da<br />

autarquia metropolitana<br />

com competências<br />

centradas na «articulação,<br />

planeamento e coordenação<br />

de funções e redes de<br />

dimensão metropolitana,<br />

que rompa com o modelo<br />

híbrido de entidade<br />

associativa municipal de<br />

carácter forçado».<br />

Entregues no Parlamento<br />

serão, ainda, duas<br />

iniciativas de criação das<br />

regiões administrativas,<br />

«como condição maior de<br />

uma estratégia de<br />

descentralização, com<br />

fixação de calendário e<br />

metodologia que assegure a<br />

sua efectivação em 2019».<br />

O contributo<br />

do PCP foi<br />

fundamental<br />

para se acabar<br />

com o PEC<br />

Do debate resultou claro que para o PSD<br />

e o CDS-PP este era um tema incómodo.<br />

Das suas bancadas ouviu-se a<br />

desvalorização da medida agora<br />

aprovada – «é um remendo», disse Luís<br />

Campos Ferreira (PSD) –, mas sobretudo<br />

uma renovada diatribe contra o aumento<br />

do salário mínimo nacional – «que é<br />

insustentável», repetiu o deputado<br />

laranja, no que foi acompanhado numa<br />

versão mais suave por Filipe Anacoreta<br />

Correia (CDS-PP).<br />

E não quiseram falar do PEC porque,<br />

como observou Paulo Sá, «sabem bem o<br />

que fizeram nesta matéria».<br />

As poucas palavras que o PSD dedicou<br />

ao assunto – foi para dizer que sempre<br />

Dando voz aos micro e pequenos empresários o PCP bateu-se como nenhuma outra força<br />

política, desde a primeira hora, pela eliminação do PEC<br />

O passo decisivo para esse<br />

efeito foi dado no Parlamento,<br />

sexta-feira passada,<br />

17, com a aprovação<br />

de diplomas do PCP e do<br />

Governo que dão expressão<br />

concreta à proposta da<br />

bancada comunista apresentada<br />

no Orçamento do<br />

Estado para 2017 com vista<br />

à eliminação do PEC e<br />

à criação de um novo regime<br />

simplificado.<br />

O diploma comunista, que<br />

é no fundo complementar<br />

ao do Governo – estabelece<br />

que o novo regime deve<br />

basear-se em coeficientes<br />

técnico-económicos por<br />

sector e ramo de actividade,<br />

cujo apuramento deverá<br />

estar a cargo de uma comissão<br />

integrando representantes<br />

das MPME e dos<br />

contabilistas –, obteve os<br />

votos favoráveis, além do<br />

seu autor, do PS, PEV, BE<br />

e PAN. Contra estiveram<br />

PSD e CDS-PP.<br />

A proposta de lei do Governo<br />

(aprovada com os votos<br />

contra do PSD, a abstenção<br />

do CDS-PP e os votos<br />

favoráveis das restantes<br />

bancadas) prevê a eliminação<br />

do PEC até final<br />

de 2018, assim como uma<br />

redução de 100 euros no<br />

PEC para todas as empresas<br />

a ele sujeitas, para vigorar<br />

em 2017 e 2018, e<br />

uma descida adicional de<br />

12,5 por cento do remanescente<br />

da colecta paga<br />

por cada empresa. Segundo<br />

as estimativas do secretário<br />

de Estado dos Assuntos<br />

Fiscais, Rocha Andrade,<br />

a medida permitirá às<br />

empresas poupar cerca de<br />

35 milhões de euros já este<br />

ano.<br />

«Esta é uma vitória das<br />

micro e pequenas empresas<br />

para a qual o PCP deu<br />

um contributo decisivo»,<br />

afirmou o deputado comunista<br />

Paulo Sá, sintetizando<br />

o valor e alcance do ganho<br />

obtido e o papel-chave<br />

que para este desfecho teve<br />

em todo o processo a acção<br />

e persistência do Partido.<br />

A má consciência do PSD e CDS<br />

esteve disponível para reduzir o PEC –<br />

correspondem aliás a uma falsidade,<br />

como bem assinalou o parlamentar do<br />

PCP, que lembrou que desde que o PEC<br />

foi criado em 1998 o PSD e o CDS-PP<br />

estiveram por duas vezes no governo e o<br />

que fizeram foi, em 2003, aumentar o<br />

seu valor de 500 para 1250 euros, e que<br />

10 anos volvidos, aquando da reforma do<br />

IRC, com novo governo PSD/CDS-PP,<br />

tentaram aumentá-lo para 1750 euros,<br />

tentativa derrotada pelos MPME.<br />

«É esta a história do PSD e do CDS-PP<br />

sobre o PEC, que vai acabar não pela<br />

mão destes partidos mas com o<br />

contributo decisivo do PCP», rematou<br />

Paulo Sá.<br />

Ilegalização do PC da Ucrânia<br />

Aprovado voto de condenação<br />

A Assembleia da República condenou, sexta-feira<br />

passada, 17, o processo de ilegalização<br />

do Partido Comunista da Ucrânia. Apresentado<br />

pela bancada comunista, o voto apela<br />

em simultâneo à «revogação da lei anti-democrática<br />

em que se sustenta, garantindo ao<br />

povo ucraniano o exercício dos direitos, liberdades<br />

e garantias fundamentais».<br />

O texto contra a ilegalização dos comunistas<br />

ucranianos foi aprovado pelas bancadas<br />

do PS, PCP, PEV, BE e PAN e teve o voto<br />

contra de PSD e CDS. Nele se lê que a lei<br />

de 2015, ao abrigo da qual o Ministério da<br />

Justiça da Ucrânia «desencadeou a proibição<br />

da actividade do PCU e sua consequente ilegalização»,<br />

é anti-democrática e «contraria<br />

normas e convenções do direito internacional».<br />

A referida lei que ilegaliza o PCU é ainda<br />

considerada um «grave atentado ao exercício<br />

de direitos, liberdades e garantias fundamentais».<br />

A deputada comunista Carla Cruz sublinhou<br />

a este propósito que as notícias que chegam<br />

daquele país confirmam o «acerto da<br />

avaliação do PCP sobre os acontecimentos<br />

que conduziram ao golpe de Estado de 2014,<br />

patrocinado por forças ucranianas de cariz<br />

fascista», pondo em evidência esse «quadro<br />

de crescente repressão, violação das liberdades<br />

e direitos fundamentais».<br />

Um voto de condenação pelo continuado<br />

estado de guerra no Leste europeu, apresentado<br />

pelo PSD, foi também aprovado por todas<br />

as bancadas, excepto do PEV e BE que<br />

se abstiveram. No texto defende-se uma solução<br />

pacífica para a «instauração da paz e<br />

segurança» das populações.<br />

Já rejeitado pelos votos contra do PSD e<br />

CDS-PP, com a abstenção do PS e os votos<br />

favoráveis das restantes bancadas, foi um outro<br />

voto apresentado pelo PCP, este de condenação<br />

pela tensão na Península da Coreia.<br />

Na sua parte deliberativa o texto expressava<br />

«preocupação pela manutenção da tensão na<br />

O deputado comunista<br />

lembrou nomeadamente que<br />

desde que foi criado em<br />

1998 o PEC sempre mereceu<br />

a oposição firme do<br />

PCP e foi objecto de propostas<br />

concretas para a sua<br />

eliminação. E por isso considerou<br />

ter sido este «mais<br />

um importante contributo<br />

do PCP para a melhoria da<br />

situação das micro e pequenas<br />

empresas», a juntar<br />

a outras propostas da<br />

bancada comunista já formalizadas<br />

referentes à simplificação<br />

das obrigações<br />

tributárias, à facilitação do<br />

acesso ao crédito e à redução<br />

dos custos com os factores<br />

de produção.<br />

E uma certeza quanto ao<br />

caminho foi também deixada<br />

no debate por Paulo<br />

Sá: há ainda muito a fazer<br />

em defesa das MPME, uma<br />

defesa que «é parte integrante<br />

da política patriótica<br />

e de esquerda que o<br />

PCP propõe ao povo português».<br />

Península da Coreia e na região Ásia-Pacífico»,<br />

reafirmava a «urgência da abolição das<br />

armas nucleares de forma simultânea e controlada»<br />

e apelava ao incremento de iniciativas<br />

que, «no quadro do respeito pelos princípios<br />

da Carta das Nações Unidas, tenham<br />

em vista a desmilitarização da Península da<br />

Coreia e a sua reunificação pacífica, reconhecendo<br />

ao povo coreano o direito à paz e<br />

contribuindo para o desanuviamento nesta<br />

região».<br />

Votos de condenação do PSD e BE pelo<br />

lançamento recente de um míssil por parte<br />

da Coreia do Norte foram no mesmo dia aprovados<br />

no Parlamento, ambos com a abstenção<br />

do PCP.<br />

Um voto do PCP de condenação pela operação<br />

de desestabilização e agressão contra<br />

a República Árabe Síria foi ainda rejeitado<br />

pelos votos contra do PSD, PS e CDS-PP,<br />

com a abstenção de BE e o voto favorável<br />

das restantes bancadas.


24 EUROPA<br />

23-2-2016<br />

Deriva securitária<br />

e o fim de Schengen<br />

João Pimenta Lopes<br />

Aúltima sessão<br />

plenária foi<br />

pródiga na<br />

aprovação de textos, substantivos<br />

no conteúdo e no alcance, que<br />

consolidam o caminho de<br />

aprofundamento do processo de<br />

integração capitalista europeu.<br />

Desde a aprovação do CETA –<br />

mega tratado de livre comércio<br />

entre a UE e o Canadá que trará<br />

graves prejuízos para países como<br />

Portugal –, à aprovação do<br />

pacote sobre o «Futuro da<br />

União», que desenha uma<br />

inaceitável fuga em frente perante<br />

a profunda crise na e da EU,<br />

passando pelo pacote do<br />

«Semestre Europeu» –<br />

defendendo o aprofundamento da<br />

governação económica, do<br />

mercado único, do<br />

branqueamento social deste<br />

instrumento, apertando ainda<br />

mais o garrote aos estados-<br />

-membro – ou ainda a Estratégia<br />

de Aviação para a Europa, um<br />

instrumento ao serviço das<br />

grandes multinacionais para a<br />

criação de um oligopólio que<br />

espolia os estados deste sector<br />

estratégico. Todos eles, foram<br />

aprovados, sem surpresa, por PS,<br />

PSD e CDS, cunhando ainda<br />

mais o rumo de perda de<br />

soberania de Portugal e de<br />

submissão e constrangimento à<br />

UE, tratados e políticas.<br />

Dois outros documentos foram<br />

aprovados, que merecem<br />

destaque por se tratarem de<br />

textos legislativos.<br />

A implosão de Schengen<br />

Temo-lo afirmado: a livre<br />

circulação de pessoas, um dos<br />

primados do mercado único,<br />

nunca o chegou a ser. Com a<br />

aprovação do relatório «reforço<br />

dos controlos nas fronteiras<br />

externas por confronto com as<br />

bases de dados pertinentes»<br />

podemos afirmar que se esse<br />

objectivo alguma vez existiu,<br />

acabou de implodir. A alteração<br />

legislativa ao Código Schengen, a<br />

pretexto do alegado e<br />

instrumentalizado «combate ao<br />

terrorismo», introduz controlos<br />

sistemáticos obrigatórios e<br />

confrontação com as bases de<br />

dados relevantes, nomeadamente<br />

do Sistema de Informação de<br />

Schengen – que se pretende seja<br />

reforçado – e da Interpol, de<br />

todos os cruzamentos das<br />

fronteiras externas, por terra, mar<br />

ou ar, de toda e qualquer pessoa<br />

que entre ou saia, sejam cidadãos<br />

de países terceiros, cidadãos de<br />

estados-membro da UE ou de<br />

pessoas que gozem do direito de<br />

livre circulação dentro do espaço<br />

Schengen. Controlos que incluem<br />

a verificação e recolha de dados<br />

biométricos, num articulado que<br />

exige aos EM que transitem os<br />

seus sistemas de identificação<br />

para documentos digitais de<br />

leitura óptica por um lado, e que<br />

assegurem a instalação do<br />

equipamento necessário para<br />

proceder a estas verificações,<br />

garantindo a necessária formação<br />

ao pessoal, por outro. Está bom<br />

de ver, também, que interesses<br />

económicos se movem por detrás<br />

destas estratégias, quando a sua<br />

implementação representará<br />

custos substantivos para os EM.<br />

À excepção de dois deputados do<br />

PS que votaram contra, os<br />

deputados de PS, PSD e CDS<br />

votaram favoravelmente esta proposta.<br />

«Luta» contra o «terrorismo»<br />

O argumentário não é novo. É<br />

necessário «responder» aos<br />

atentados em solo europeu e «dar<br />

combate» aos chamados<br />

«combatentes estrangeiros». Do<br />

terrorismo e destes ditos<br />

combatentes, das suas origens e<br />

causas, nem uma palavra de<br />

enquadramento e de<br />

responsabilização da UE no<br />

fenómeno. A proposta legislativa<br />

visa a criminalização de<br />

«actividades relacionadas com<br />

práticas terroristas». A ausência<br />

de uma definição de<br />

«terrorismo», e o âmbito lato e<br />

pouco enquadrado com que as<br />

medidas e pessoas jurídicas<br />

susceptíveis de serem acusadas<br />

são propostas, levarão à<br />

generalização da criminalização<br />

por «práticas ligadas ao<br />

terrorismo», com questionável<br />

causalidade. A simples prática de<br />

visitar um website, ou de viajar<br />

para determinadas regiões<br />

poderá constituir base legal para<br />

detenção e criminalização. Os<br />

EM passarão a dispor de livre<br />

arbítrio para o encerramento de<br />

websites, sem necessidade de<br />

autorização judicial. Num<br />

momento em que as instituições<br />

da UE tanto falam da pretensa<br />

«radicalização», contribuem para<br />

esticar a corda da marginalização<br />

e exclusão, acirrando estigmas e<br />

sentimentos de repulsa de parte a<br />

parte. Todos os deputados de PS,<br />

PSD e CDS votaram,<br />

lamentavelmente, a favor do<br />

relatório.<br />

Duas perigosas iniciativas<br />

legislativas que prosseguem a<br />

deriva securitária da UE,<br />

consolidando uma Europa<br />

Fortaleza que faz tábua rasa dos<br />

mais basilares direitos e<br />

liberdades, impondo o controlo, o<br />

registo, a criação de perfis, a<br />

censura.<br />

Em Madrid, dez mil pessoas participaram na manifestação contra a carestia de vida<br />

Semana de acções de luta em Espanha<br />

Salários e emprego<br />

As centrais sindicais de Espanha CCOO e<br />

UGT terminam hoje, 23, uma série de acções<br />

realizadas em mais de 40 cidades pelo<br />

aumento de salários e emprego com direitos.<br />

Sindicatos<br />

espanhóis exigem<br />

aumentos<br />

salariais de 3%<br />

A semana de acção iniciou-se<br />

no domingo, 19,<br />

com uma manifestação em<br />

Madrid, encabeçada pelos<br />

secretários gerais da UGT<br />

e CCOO, Pepe Álvarez e<br />

Ignacio Fernández Toxo.<br />

Sob o lema «Stop à carestia<br />

de vida. Emprego e<br />

salários dignos», as manifestações<br />

foram convocadas<br />

em protesto contra o<br />

empobrecimento gerado<br />

pela inflação face ao congelamento<br />

dos salários e<br />

pensões e aumento da precariedade<br />

laboral.<br />

«A situação de pobreza<br />

que se vive no nosso país<br />

é insuportável», declarou<br />

o secretário-geral da UGT,<br />

Pepe Álvarez, lembrando<br />

que «ao mesmo tempo que<br />

dezenas de milhares de famílias<br />

não têm meios para<br />

chegar ao fim do mês, um<br />

punhado de indivíduos acumulam<br />

riquezas infinitas».<br />

Par além das manifestações<br />

nos principais centros<br />

urbanos, os sindicatos promoveram<br />

protestos locais<br />

junto das delegações e subdelegações<br />

do governo, em<br />

frente das sedes patronais<br />

regionais e de organismos<br />

da administração pública.<br />

Os protestos fizeram-se<br />

ouvir em praticamente todas<br />

as comunidades autónomas,<br />

com particular expressão<br />

na Andaluzia, Galiza<br />

e Aragão.<br />

Em Madrid, cerca de dez<br />

mil pessoas participaram<br />

na manifestação que ligou<br />

a Praça de Neptuno à Porta<br />

do Sol, onde intervieram<br />

os líderes sindicais.<br />

Ambas as centrais exigem<br />

o desbloqueamento da<br />

contratação colectiva, com<br />

vista ao aumento dos salários,<br />

para fazer face à subida<br />

de preços e travar a<br />

perda de poder de compra<br />

dos trabalhadores e pensionistas.<br />

Com uma taxa de inflação<br />

que atingiu os três por<br />

cento em Janeiro, os sindicatos<br />

reclamam actualizações<br />

salariais entre os 1,8<br />

e os três por cento, frisando<br />

que nos últimos oito<br />

anos os salários, pensões e<br />

prestações sociais sofreram<br />

uma desvalorização acentuada,<br />

agora agravada pelo<br />

disparo dos preços dos<br />

serviços básicos, da electricidade<br />

e do gás.<br />

Os sindicatos anunciam<br />

novas acções para Março,<br />

centradas na contratação<br />

colectiva, que podem incluir<br />

greves sectoriais, e<br />

não excluem a hipótese de<br />

uma greve geral.<br />

Manifestação gigante<br />

em Barcelona<br />

Cerca de 160 mil pessoas participaram,<br />

dia 18, em Barcelona numa manifestação<br />

a favor do acolhimento imediato dos refugiados<br />

que chegam à Europa.<br />

A marcha, organizada sob o lema «Queremos<br />

acolher» pela plataforma «Casa nostra,<br />

casa vostra», foi apoiada pela maioria<br />

dos partidos políticos catalães, sindicatos<br />

e numerosas organizações da sociedade<br />

civil catalãs.<br />

A presidente do segundo maior município<br />

de Espanha, Ada Colau, apelou à<br />

participação massiva na iniciativa, que reclamou<br />

um maior empenhamento das autoridades<br />

de Espanha no acolhimento de<br />

refugiados e lançou críticas à política europeia<br />

nesta matéria.<br />

A Espanha, como muitos outros estados-membros,<br />

está longe de cumprir a<br />

quota de acolhimento estipulada por Bruxelas.<br />

Dos 16 mil candidatos a asilo que<br />

deveria ter recebido, apenas 1100 chegaram<br />

ao país até ao momento.<br />

A manifestação terminou simbolicamente<br />

junto ao Mar Mediterrâneo, onde mais<br />

de cinco mil migrantes perderam a vida<br />

em 2016.


23-2-2017 EUROPA<br />

25<br />

Espanha adia<br />

reforma<br />

dos portos<br />

O governo de Espanha<br />

decidiu adiar a aprovação<br />

em Conselho de Ministros<br />

do projecto que altera as<br />

regras do trabalho de<br />

estiva nos portos do país.<br />

Perante a convocação de<br />

uma greve no sector, o<br />

ministro do Fomento<br />

decidiu alargar o prazo<br />

das negociações, em troca<br />

da desconvocação da<br />

paralisação.<br />

As estruturas<br />

representativas dos<br />

trabalhadores aceitaram a<br />

proposta, na esperança de<br />

chegar a um acordo<br />

favorável aos<br />

trabalhadores.<br />

O recuo do governo<br />

verificou-se depois de o<br />

PSOE e a coligação<br />

Unidos Podemos terem<br />

declarado que não<br />

apoiariam o projecto no<br />

parlamento. Também o<br />

Ciudadanos pediu o<br />

adiamento da adopção<br />

diploma, deixando o<br />

governo minoritário do PP<br />

completamente isolado.<br />

As negociações decorrem<br />

agora entre sindicatos e<br />

representantes do<br />

patronato com vista à<br />

conclusão de um convénio<br />

colectivo, que poderá ser<br />

depois incluído no decreto<br />

de lei.<br />

Mas o conflito poderá<br />

reacender-se caso o<br />

governo não reveja as<br />

principais directrizes da<br />

reforma.<br />

Migrantes<br />

forçam fronteira<br />

em Ceuta<br />

Centenas de pessoas<br />

forçaram, na madrugada<br />

de dia 17, a fronteira do<br />

enclave espanhol de Ceuta,<br />

em Marrocos.<br />

A guarda civil calcula que<br />

cerca de 500 imigrantes<br />

conseguiram penetrar na<br />

cidade, havendo vários<br />

feridos entre eles e as<br />

forças da ordem, segundo<br />

noticiou a AFP.<br />

A Cruz Vermelha informou<br />

ter prestado assistência a<br />

400 pessoas, acolhidas no<br />

centro de retenção de<br />

Ceuta.<br />

O enclave, rodeado por<br />

uma vedação metálica<br />

dupla com seis metros de<br />

altura e uma extensão de<br />

oito quilómetros, constitui,<br />

juntamente com a cidade<br />

de Melila, a única fronteira<br />

terrestre entre o continente<br />

africano e a União Europeia.<br />

Apesar de pouco<br />

noticiadas, as investidas<br />

contra a fronteira são<br />

frequentes. A última<br />

tentativa tinha ocorrido na<br />

noite do ano novo, quando<br />

cerca de mil pessoas<br />

arriscaram a passagem sem<br />

sucesso.<br />

CETA favorece multinacionais à custa dos povos<br />

Acordo para rebaixar direitos<br />

O Parlamento Europeu aprovou, dia 15, em<br />

Estrasburgo, o tratado comercial entre União<br />

Europeia e Canadá (CETA), no ambiente de<br />

fortes protestos dentro e fora do hemiciclo.<br />

O polémico acordo obteve<br />

um amplo apoio da parte<br />

dos maiores grupos políticos,<br />

recolhendo 408 votos<br />

a favor, 254 contra e<br />

33 abstenções. Entre os<br />

votos a favor contaram-se<br />

os dos deputados do PS,<br />

PSD, CDS-PP e MPT.<br />

Os deputados do PCP<br />

votaram contra por considerarem<br />

que o acordo será<br />

profundamente lesivo<br />

dos interesses de Portugal.<br />

Como recordam em comunicado,<br />

«as negociações<br />

entre a UE e o Canadá para<br />

firmar o CETA iniciaram-se<br />

em 2009 e foram<br />

marcadas por um profundo<br />

défice democrático».<br />

Após a forte expressão<br />

O «futuro da União Europeia» esteve<br />

em debate na passada semana<br />

no Parlamento Europeu, com a discussão<br />

e votação de três relatórios<br />

sobre alterações a introduzir no quadro<br />

institucional da UE e sobre a zona<br />

euro.<br />

Os relatórios defendem novas restrições<br />

à soberania dos estados, com<br />

a concentração de mais poder nas instâncias<br />

supranacionais controladas pelas<br />

grandes potências, com vista a impor<br />

o cumprimento de «novas disposições<br />

legais em matéria de política<br />

económica e de reformas estruturais».<br />

Advogam o fim das decisões por<br />

unanimidade no Conselho Europeu<br />

(chefes de Estado e de Governo), um<br />

importante instrumento de defesa<br />

dos interesses dos estados com menor<br />

poder no processo decisório, e<br />

propõem a criação de um «ministro<br />

das Finanças da UE».<br />

No plano económico é preconizado<br />

PS, PSD, CDS-PP<br />

e MPT<br />

votaram a favor<br />

do CETA<br />

da rejeição deste acordo<br />

por parte de largos sectores<br />

da opinião em vários<br />

países, a UE viu-se obrigada<br />

a considerar o CETA<br />

como um acordo de natureza<br />

«mista», o que implica<br />

a sua ratificação por<br />

parte de cada um dos estados-membros,<br />

nomeadamente<br />

pelos seus parlamentos<br />

nacionais.<br />

Entretanto, os deputados<br />

do PCP alertam que a Comissão<br />

Europeia pretende<br />

agora que o acordo entre<br />

em vigor de forma parcial<br />

e provisória, ou seja, sem<br />

a ratificação dos parlamentos<br />

nacionais.<br />

Natureza<br />

antidemocrática<br />

A Comissão Europeia alega<br />

que só entra em vigor a<br />

parte que corresponde às<br />

denominadas «competências<br />

exclusivas» da UE e<br />

não a parte das «competências<br />

partilhadas» com os<br />

estados.<br />

O PCP «rejeita categoricamente<br />

tal propósito, na<br />

medida em que tal constituiria<br />

mais um inaceitável<br />

desrespeito pela soberania<br />

dos estados», sublinham os<br />

deputados comunistas, considerando<br />

que tal pretensão<br />

«é uma expressão da<br />

Dentro e fora do hemiciclo multiplicaram-se os protestos contra a aprovação do CETA<br />

Relatórios defendem fim da unanimidade<br />

o aprofundamento do mercado único<br />

(nomeadamente nos sectores financeiro,<br />

energético e digital) e da dita<br />

«livre concorrência», que debilitará<br />

as economias mais pequenas e débeis.<br />

Defende-se ainda a reorientação dos<br />

fundos estruturais para o financiamento<br />

do chamado Plano Juncker e das<br />

parcerias público-privado, ou seja, o<br />

financiamento público directo aos monopólios<br />

transnacionais.<br />

Na vertente militar, os relatórios insistem<br />

numa política «externa» e de<br />

«defesa» articulada com os «interesses<br />

estratégicos da EU»; uma «parceria<br />

política e militar abrangente UE-<br />

-NATO»; a criação de uma «Capacidade<br />

Militar de Planeamento e Condução<br />

de Operações»; a institucionalização<br />

das diferentes estruturas militares<br />

existentes, aumentando o seu financiamento;<br />

e o reforço do papel da<br />

Agência Europeia de Defesa, nomeadamente<br />

no que se refere à produção<br />

natureza antidemocrática<br />

da UE».<br />

Os deputados sublinham<br />

que «o CETA tem como<br />

principal objectivo avançar<br />

ainda mais na liberalização<br />

do comércio e serviços,<br />

tentando eliminar quaisquer<br />

barreiras ao domínio<br />

das grandes multinacionais<br />

sobre as economias de estados<br />

soberanos».<br />

«O CETA é um instrumento<br />

para rebaixar os direitos<br />

sociais, laborais, ambientais<br />

e de saúde pública,<br />

para colocar os interesses<br />

das multinacionais acima<br />

dos direitos e interesses<br />

dos povos e das constituições<br />

e soberania dos estados,<br />

representando mais<br />

um passo na escalada de<br />

liberalização do comércio<br />

mundial – com graves consequências<br />

para Portugal.<br />

«O CETA é na verdade<br />

um TTIP disfarçado, porque<br />

cerca de 24 mil empresas<br />

dos EUA operam<br />

no Canadá, 81 por cento<br />

das companhias canadianas<br />

estão ligadas, como<br />

subsidiárias, a empresas<br />

dos EUA, e perante o impasse<br />

em torno do TTIP,<br />

o CETA será a sua porta<br />

de entrada na UE.<br />

«O PCP continuará a desenvolver<br />

a sua intervenção<br />

contra este acordo, seja<br />

no Parlamento Europeu,<br />

seja no plano nacional, e<br />

nomeadamente na Assembleia<br />

da República, onde<br />

já apresentou diversas iniciativas<br />

no sentido da rejeição<br />

deste acordo que é<br />

prejudicial para os interesses<br />

do País.»<br />

UE quer mais restrições à soberania<br />

de armamento.<br />

É ainda aberta a porta para a criação<br />

de um serviço de informações da<br />

UE, que se articule com as forças policiais<br />

e propõe-se a «externalização<br />

de fronteiras da UE», mediante acordos<br />

com países terceiros, à semelhança<br />

do celebrado com a Turquia.<br />

Em comunicado divulgado dia 16,<br />

os deputados do PCP no PE salientam<br />

que «o actual debate sobre “o<br />

futuro da UE” confirma a perenidade<br />

da aliança entre a direita e a social-democracia<br />

europeias».<br />

Para o PCP, «o futuro da Europa<br />

passa pela afirmação de um outro<br />

quadro de relacionamento entre estados<br />

soberanos e iguais em direitos,<br />

de progresso social e paz, ou seja<br />

passa por confrontar e derrotar a<br />

União Europeia e os interesses das<br />

grandes potências, como a Alemanha,<br />

e dos grupos monopolistas que<br />

serve e defende».<br />

Credit Suisse<br />

corta pessoal<br />

O Credit Suisse, segundo<br />

maior banco helvético,<br />

anunciou, dia 14, uma<br />

nova redução de efectivos<br />

que pode atingir 6500<br />

trabalhadores.<br />

Já em 2016 o banco<br />

eliminou 7250 postos de<br />

trabalho, no âmbito de um<br />

plano de redução dos<br />

custos operacionais.<br />

No mesmo dia, a entidade<br />

bancária revelou ter<br />

fechado o ano com<br />

prejuízos de 2438 milhões<br />

de francos suíços (2285<br />

milhões de euros),<br />

resultantes em grande parte<br />

da multa que terá de pagar<br />

às autoridades norte-<br />

-americanas, num processo<br />

sobre a venda de activos<br />

«tóxicos».<br />

O acordo com a Justiça dos<br />

EUA prevê o pagamento<br />

de 5055 milhões de euros,<br />

metade como coima e o<br />

restante para indemnizar<br />

clientes nos próximos cinco<br />

anos.<br />

PSA quer<br />

comprar Opel<br />

O construtor francês PSA,<br />

detentor das marcas<br />

Peugeot e Citroen,<br />

confirmou, dia 14, que está<br />

a estudar a possibilidade<br />

de adquirir a Opel/<br />

/Vauxhall, filial europeia<br />

do grupo norte-americano<br />

General Motors, com sede<br />

respectivamente na<br />

Alemanha e no Reino<br />

Unido.<br />

Já hoje PSA e Opel<br />

desenvolvem projectos<br />

comuns. O novo Zafira será<br />

produzido em França pela<br />

PSA, enquanto o futuro C3<br />

Picasso sairá das fábricas<br />

Opel em Espanha.<br />

Porém, a notícia de uma<br />

eventual aquisição suscitou<br />

preocupação na Alemanha,<br />

onde o sindicato IG Metall<br />

e a ministra da Economia,<br />

Brigitte Zypries,<br />

consideraram inaceitável<br />

que tais negociações<br />

decorram sem consulta aos<br />

comités de empresa e às<br />

autoridades do país.<br />

Paris não se opõe mas quer<br />

salvaguardar o emprego.<br />

Protesto no ABC<br />

Os jornalistas do diário<br />

espanhol ABC fizeram uma<br />

greve às assinaturas, nas<br />

edições de dia 15 em papel<br />

e digital.<br />

A greve, decidida em<br />

plenário, foi amplamente<br />

seguida pelos jornalistas do<br />

quadro, em protesto contra<br />

despedimentos, redução<br />

de salários e direitos.<br />

O comité de empresa<br />

salientou o êxito da greve,<br />

notando que é a primeira<br />

vez em 114 anos de<br />

história que o diário se<br />

publicou sem as assinaturas<br />

dos jornalistas.


26 INTERNACIONAL<br />

23-2-2016<br />

Foto LUSA<br />

Em bombardeamentos efectuados na Síria<br />

Pentágono usou urânio<br />

Terrorismo de classe<br />

Depois de uma fuga<br />

de informações, na<br />

semana passada,<br />

ter revelado planos da<br />

administração para recorrer às<br />

forças armadas para deportar até<br />

seis milhões de imigrantes, dois<br />

memorandos da Casa Branca<br />

confirmaram, esta terça-feira, a<br />

gravidade das suspeitas: de agora<br />

em diante, qualquer imigrante não<br />

documentado pode ser<br />

sumariamente deportado desde<br />

que seja considerado «suspeito».<br />

A promessa de redadas iminentes<br />

e o apelo presidencial à delação<br />

de «imigrantes ilegais»<br />

aprofundaram o clima de terror<br />

racista.<br />

Miguel Guerrero, membro da La<br />

Unión del Pueblo Entero (LUPE),<br />

uma associação texana que presta<br />

ajuda humanitária aos imigrantes<br />

que arriscam a perigosa travessia<br />

através da fronteira mexicana,<br />

descreve uma caça às bruxas: «O<br />

presidente anunciou a contratação<br />

de milhares de polícias para o<br />

Serviço de Segurança Interna, deu<br />

ordem para os centros de<br />

detenção de imigrantes<br />

aumentarem a capacidade ao<br />

máximo, tornou todo o processo<br />

de detenção e deportação mais<br />

rápido... toda a gente já entendeu<br />

o que é que vem aí. E não só os<br />

imigrantes: nas últimas duas<br />

semanas têm-se multiplicado os<br />

roubos, as agressões e mesmo as<br />

violações contra imigrantes.<br />

Trump diz claramente que os<br />

imigrantes não documentados não<br />

merecem o mesmo respeito que as<br />

outras pessoas. Há cada vez mais<br />

gente que acredita mesmo que<br />

não é crime se a vítima não estiver<br />

legal».<br />

O Serviço de Segurança Interna<br />

está agora dotado de poderes<br />

discricionários para deportar<br />

suspeitos de infracções ao código<br />

da estada, todos os imigrantes não<br />

documentados com cadastro, ou,<br />

simplesmente, «suspeitos». É a<br />

própria imigração, distinguível<br />

pela cor da pele, que está a ser<br />

criminalizada. Os pais que<br />

paguem para trazer os filhos<br />

ilegalmente para os EUA são<br />

agora acusados de tráfico de seres<br />

humanos. Imigrantes como Miguel<br />

Guerrero, que todos os dias<br />

salvam vidas no deserto, podem<br />

ser acusados do mesmo crime.<br />

Explorados<br />

contra exploradores<br />

António Santos<br />

A resistência ao terror está,<br />

contudo, a crescer. Nick<br />

Giannone, dirigente do Sindicato<br />

dos Caldeireiros – Local 29, de<br />

Boston, sustenta que, de costa a<br />

costa, está a decorrer uma<br />

discussão no movimento sindical<br />

sobre os perigos da nova<br />

administração. «(...) alguns<br />

dirigentes sindicais conservadores<br />

parecem dar-se bem com Trump,<br />

mas as bases dos sindicatos não.<br />

As ideias mais reaccionárias<br />

tornaram-se mais vocais desde as<br />

eleições, mas até agora a luta tem<br />

conseguido impedir que essas<br />

ideias se transformem num<br />

movimento de massas com<br />

presença nas ruas.»<br />

Opinião semelhante tem Claire<br />

Dubois, ex-dirigente do Sindicato<br />

dos Professores de Chicago: «a<br />

resposta ao racismo [de Trump]<br />

tem de ser uma resposta de<br />

classe. Nós temos de lhe dizer que<br />

somos todos trabalhadores, não<br />

interessa onde nascemos. A luta<br />

contra Trump não pode ser uma<br />

luta de liberais contra<br />

conservadores e democratas<br />

contra republicanos, tem de ser<br />

uma luta de explorados contra<br />

exploradores. Para isso<br />

precisamos de sindicatos.<br />

Sindicatos a sério», conclui.<br />

Vários «sindicatos a sério»,<br />

organizações de imigrantes,<br />

partidos políticos e outros<br />

movimentos estão a organizar uma<br />

greve geral no 1.º de Maio, Dia<br />

Internacional dos Trabalhadores,<br />

que nos EUA não é feriado mas<br />

que os trabalhadores imigrantes<br />

transportaram para os nossos dias.<br />

Poderá ser o maior 1.º de Maio<br />

nos EUA em quase um século.<br />

Em pelo menos em dois bombardeamentos na<br />

Síria, a aviação norte-americana usou munições<br />

com urânio empobrecido. E vai voltar a<br />

fazê-lo, garante o Pentágono.<br />

Depois de terem procurado<br />

ocultar o facto, as forças<br />

armadas dos EUA acabaram<br />

por admitir que ataques<br />

da sua aviação na Síria<br />

usaram munições com<br />

urânio empobrecido. Os<br />

dois bombardeamentos que<br />

um alto funcionário do Pentágono<br />

confirmou, em entrevista,<br />

a semana passada,<br />

à revista Foreign Policy,<br />

ocorreram em Novembro<br />

de 2015 e terão tido<br />

como alvos camiões cisterna<br />

carregados de petróleo<br />

traficado pelo Estado Islâmico<br />

(EI). Mas as revelações<br />

não ficaram por aqui<br />

e de acordo com o porta-<br />

-voz do comando central<br />

militar norte-americano, citado<br />

pela Lusa, aquele tipo<br />

de armamento vai novamente<br />

ser usado em operações<br />

contra o EI.<br />

Ignora-se se os raides aéreos<br />

foram efectuados em<br />

zonas povoadas, o que não<br />

é um detalhe, sabendo-se<br />

que a exposição a urânio<br />

empobrecido tem consequências<br />

devastadoras<br />

para os seres humanos e<br />

perdura por gerações. Mas<br />

mesmo que a zona dos<br />

bombardeamentos agora<br />

admitidos seja desértica ou<br />

semi-desértica, subsiste o<br />

perigo de contaminação se<br />

os destroços dos camiões<br />

forem levados para outras<br />

A exposição<br />

a urânio<br />

empobrecido tem<br />

consequências<br />

devastadoras<br />

paragens, como não raramente<br />

sucede em cenários<br />

de guerra, em que os povos<br />

deitam mão a tudo o<br />

que seja passível de permutar<br />

por bens essenciais<br />

à subsistência.<br />

Veneno<br />

Reputados investigadores<br />

e estudos sérios atribuem<br />

ao uso de munições<br />

com urânio empobrecido<br />

por parte da NATO e dos<br />

EUA na ex-Jugoslávia e nas<br />

campanhas contra o Iraque,<br />

bem como por parte<br />

de Israel nas agressões<br />

contra a Faixa de Gaza, o<br />

aumento exponencial de<br />

mal-formações congénitas,<br />

doenças oncológicas ou autoimunes.<br />

Entre os soldados<br />

norte-americanos que<br />

têm servido as ofensivas<br />

imperialistas no Médio<br />

Oriente, milhares sofrem<br />

de uma síndrome com manifestações<br />

agudas ou crónicas.<br />

Os EUA admitiram o uso<br />

de milhares de projécteis<br />

com urânio empobrecido<br />

na Síria, depois de em<br />

2015 o terem negado oficialmente.<br />

Recentemente<br />

uma publicação militar norte-americana<br />

reportou que<br />

o Pentágono não contabilizou,<br />

só em 2016, centenas<br />

de ataques aéreos efectuados<br />

na Síria, no Iraque<br />

e no Afeganistão. Uma e<br />

outra coisa conjugadas sugerem<br />

a necessidade de<br />

apurar com rigor o sucedido<br />

e impedir que se repita.<br />

PAICV reuniu Congresso<br />

«Por um PAICV mais forte, por um Cabo<br />

Verde mais justo», foi o lema do XV<br />

Congresso do Partido Africano da Independência<br />

de Cabo Verde, realizado no<br />

passado fim-de-semana, na Cidade da<br />

Praia.<br />

Durante três dias, mais de 400 delegados<br />

vindos de todas as ilhas e de vários<br />

países da diáspora em África, na Europa<br />

e nos Estados Unidos debateram a situação<br />

partidária e a situação política do país,<br />

marcada por um novo quadro decorrente<br />

das derrotas eleitorais do partido em 2016,<br />

de que resultou a saída do PAICV, ao fim<br />

Mais de 400 delegados elegeram a direcção<br />

e aprovaram a Resolução Política<br />

Os veteranos das guerras do Iraque são algumas das<br />

vítimas do uso de armamento não-convencional<br />

de quinze anos, do governo de Cabo Verde.<br />

Estiveram presentes no Congresso os<br />

partidos irmãos africanos MPLA, de Angola,<br />

FRELIMO, de Moçambique, PAIGC,<br />

da Guiné-Bissau, e MLSTP, de São Tomé<br />

e Príncipe, bem como vários ex-combatentes<br />

pela liberdade da pátria. Também<br />

convidado, o PCP marcou presença através<br />

de José Neto.<br />

Na mensagem do Comité Central do PCP<br />

dirigida ao Congresso, foram, como sempre,<br />

valorizados os laços históricos que<br />

unem os nossos dois povos e países e manifestada<br />

a solidariedade para com o povo<br />

cabo-verdiano face aos desafios que se<br />

colocam na concretização do seu direito<br />

ao desenvolvimento económico e social.<br />

Foi também expressa a vontade de prosseguir<br />

e estreitar as relações de amizade<br />

e cooperação que ligam o PCP e o PAICV.<br />

No último dia, o Congresso elegeu o novo<br />

Conselho Nacional, com cerca de setenta<br />

membros, dos quais quarenta por<br />

cento são mulheres. O conclave confirmou<br />

ainda Janira Hopffer Almada como presidente<br />

do PAICV e aprovou por unanimidade<br />

a Resolução Política «Por uma nova<br />

caminhada».


23-2-2017<br />

INTERNACIONAL 27<br />

Desmantelamento da Previdência contestado<br />

Travar a marcha à ré no Brasil<br />

No âmbito da preparação das jornadas marcadas<br />

para 8 e 15 de Março, nove centrais<br />

sindicais brasileiras promoveram anteontem<br />

um protesto contra o desmantelamento do<br />

sistema de previdência.<br />

De acordo com informações<br />

disponibilizadas no sítio<br />

da Internet da Central<br />

dos Trabalhadores e Trabalhadoras<br />

do Brasil (CTB),<br />

as estruturas sindicais previam<br />

levar a Brasília e às<br />

reuniões solicitadas a todas<br />

as forças com representação<br />

parlamentar a rejeição<br />

do pacote normativo que o<br />

executivo golpista liderado<br />

por Michel Temer pretende<br />

impor.<br />

Daqui até 16 Março será<br />

uma corrida contra o tempo,<br />

admitem as centrais,<br />

uma vez que o presidente<br />

da câmara baixa do Congresso<br />

já fez saber que<br />

pretende que a Proposta<br />

de Emenda Constitucional<br />

(PEC) seja discutida e votada<br />

numa dezena de sessões.<br />

Isto apesar de o hemiciclo<br />

dispor da faculdade<br />

de o fazer em 30 sessões<br />

e, mais importante, de o Supremo<br />

Tribunal Federal do<br />

Brasil ter instado o governo<br />

a sustentar com factos<br />

os argumentos que indicam<br />

que a «reforma» é necessária<br />

devido a um alegado défice<br />

inultrapassável nas contas.<br />

A proposta<br />

representa um<br />

grande<br />

retrocesso,<br />

afirma a CTB<br />

A batalha dos números<br />

está, aliás, a fazer correr<br />

muita tinta no Brasil e deverá<br />

prolongar-se entre deputados<br />

e especialistas, em<br />

comissões e estudos. O fundamental,<br />

porém, é que<br />

subsistem dúvidas muito para<br />

além do razoável acerca<br />

dos dados apresentados pelo<br />

executivo de Michel Temer,<br />

estando mesmo em<br />

causa não apenas a sua fiabilidade<br />

mas uma clara intenção<br />

manipuladora.<br />

Multiplicam-se as denúncias<br />

(de juristas, por exemplo)<br />

que indicam que as dívidas<br />

das maiores empresas<br />

ao sistema público de<br />

Segurança Social são o triplo<br />

do défice apresentado<br />

pelo governo para defender<br />

o desmantelamento da Segurança<br />

Social; que a manutenção<br />

na esfera estatal<br />

de importantes empresas e<br />

Os trabalhadores brasileiros têm contestado a «reforma»<br />

da Previdência, como sucedeu a semana passada em Minas<br />

Gerais, Rio de Janeiro e Porto Alegre.<br />

a exploração de recursos<br />

naturais, que o governo teima<br />

em privatizar, permitiriam<br />

colocar o sistema em<br />

superavit; que os incumprimentos<br />

dos estados estão<br />

na base de situações pontuais<br />

de ruptura financeira<br />

e que do ponto de vista económico<br />

não existem certezas<br />

sobre a insustentabilidade<br />

do sistema.<br />

Todos à rua<br />

«Temos um tempo muito<br />

exíguo», realçou o líder da<br />

CTB, Adilson Araújo, para<br />

quem «a proposta representa<br />

um grande retrocesso para<br />

a classe trabalhadora e<br />

para o país».<br />

Na segunda-feira, 20, a<br />

Comissão Política do Partido<br />

Comunista do Brasil (PCdoB)<br />

divulgou um comunicado<br />

no qual considera o<br />

PEC da Previdência «uma<br />

verdadeira declaração de<br />

guerra do governo ilegítimo<br />

de Michel Temer».<br />

O PCdoB apela a uma<br />

ampla mobilização para as<br />

jornadas dos dias 8 e 15 de<br />

Março convocadas por estruturas<br />

unitárias – movimento<br />

feminista, centrais<br />

sindicais e frentes Brasil Popular<br />

e Povo Sem Medo.<br />

Trabalhar até morrer<br />

O PEC 287 visa desmantelar um sistema orientado<br />

pelos princípios da solidariedade e universalidade,<br />

mudando as disposições em vigor de acesso à<br />

aposentadoria e de cálculo<br />

dos valores a que os<br />

beneficiários terão direito.<br />

Nesse sentido, o governo<br />

brasileiro propõe, entre<br />

outras:<br />

O estabelecimento da<br />

idade mínima nos 65 anos<br />

para todos os<br />

trabalhadores, sem<br />

diferenciação de género,<br />

desconsiderando<br />

actividade penosas e<br />

desgastantes e as enormes<br />

diferenças na esperança<br />

média de vida que se<br />

registam entre as várias<br />

regiões do Brasil. Neste<br />

sentido, os trabalhadores<br />

rurais, os membros das<br />

comunidades originárias e<br />

as mulheres são particularmente penalizados.<br />

Aumento do período mínimo de descontos mensais<br />

de 15 para 25 anos consecutivos num mínimo total<br />

de 49 anos (65 anos menos 16, que no Brasil é a<br />

idade mínima para iniciar actividade laboral<br />

regular). Na prática, tal torna quase impossível<br />

aceder à pensão integral em virtude da precarização<br />

dos vínculos laborais, que colocam a maioria dos<br />

trabalhadores em situação de inactividade ou<br />

informalidade forçadas por diversos períodos ao<br />

longo da respectiva carreira contributiva, mesmo<br />

considerando que se inicia os descontos aos 16<br />

anos, o que não é de todo o mais normal.<br />

Os homens com mais de 50 anos e as mulheres com<br />

mais de 45 são sujeitos a uma transição que os<br />

obriga a acréscimos de descontos de 2,5 anos, ao<br />

que se soma o facto de as regras de cálculo serem<br />

alteradas dos actuais 80 por cento dos melhores<br />

valores médios auferidos para 51 por cento,<br />

levando a que em qualquer situação os<br />

trabalhadores sejam penalizados face ao actual<br />

regime.<br />

«A administração Trump, a situação nos EUA e suas<br />

repercussões na situação internacional» foi o tema de um<br />

debate promovido pelo Conselho Português para a Paz<br />

e Cooperação (CPPC) ao final da tarde de segunda-feira,<br />

20, na Casa do Alentejo, em Lisboa. Mais de uma<br />

centena de pessoas compareceram à iniciativa que teve<br />

como oradores convidados Ilda Figueiredo, presidente<br />

da Direcção Nacional do CPPC, José Goulão, jornalista,<br />

e Pedro Pezarat Correia, major-general (na reserva).<br />

Com este debate, como afirmou Ilda Figueiredo na sua<br />

intervenção inicial, o CPPC procura contribuir para o<br />

aprofundamento da discussão e análise da situação internacional<br />

decorrente da eleição de Donald Trump para<br />

a presidência norte-americana, não esquecendo o contexto<br />

em que tal decorre quer nos EUA quer na Europa,<br />

e considerando ainda a crise económica e social em<br />

resultado da globalização neoliberal e a proliferação de<br />

conflitos, sobretudo no Médio Oriente e em África, que<br />

originam uma situação marcada por grande incerteza e<br />

instabilidade.<br />

Relativamente aos EUA acentuou-se a agudização da<br />

crise naquele país, com o agravamento das desigualdades<br />

económicas e sociais, o crescimento da pobreza. Essa<br />

situação e a utilização de vastos recursos nas guerras<br />

em que os EUA se envolveram, directamente ou através<br />

da NATO, provocou descontentamentos que se reflectem<br />

na eleição de Donal Trump, considerou José<br />

Goulão, para quem esta conjuntura não é muito diferente<br />

do que se está a viver na Europa. Recordou a esse<br />

propósito os muros erguidos contra os refugiados e as<br />

políticas anti-sociais e amputações da democracia, de<br />

que não faltam exemplos na própria União Europeia. Os<br />

casos da Hungria, Ucrânia, e outros países da região,<br />

CPPC levou Trump a debate<br />

não esquecendo a França, foram abordados por outros<br />

participantes no debate.<br />

No plano do militarismo, Ilda Figueiredo recordou o<br />

envio para a Europa (designadamente para a Polónia e<br />

outros países que fazem fronteira com a Federação Russa),<br />

nas últimas semanas da administração Obama, de<br />

milhares de tropas e material bélico pesado de última<br />

geração, o que resultou das decisões da Cimeira da NA-<br />

TO realizada em Varsóvia no Verão de 2016.<br />

Pezarat Correia, por seu lado, salientou a posição imperial<br />

que os EUA têm assumido, com um Conselho de<br />

Segurança da ONU onde, considera, aproveitando o facto<br />

de cinco estados terem direito de veto, a Casa Branca<br />

continuar a dominar. O caso da Palestina foi recordado,<br />

seja pelos anúncios recentes da administração<br />

Trump, seja pelas posições anteriores, lamentando-se<br />

que Obama só no final do mandato tenha aceite a condenação<br />

da política dos colonatos israelitas, ao mesmo<br />

tempo que se assumiu como um grande financiador da<br />

militarização de Israel.<br />

Conquistar a paz<br />

No debate apelou-se à defesa e promoção da paz<br />

No debate que incluiu várias intervenções da plateia,<br />

foi recordado que nos últimos anos os EUA têm vindo a<br />

promover agressões militares baseadas em mentiras e<br />

manipulações para dar cobertura ao saque dos recursos<br />

e riquezas dos países invadidos pelas multinacionais, as<br />

norte-americanas e as dos seus aliados. Particularmente<br />

interessante foi o testemunho de um militar português<br />

que denunciou a crescente mercantilização da guerra<br />

dando como exemplo a experiência no Mali, constatando<br />

que eram as multinacionais que exploravam as riquezas<br />

daquele país quem pagava a missão da ONU.<br />

Como também foi salientado na iniciativa, a incerteza<br />

que se vive não pode ser aproveitada para alimentar o<br />

medo e agravar a corrida aos armamentos na UE. Nem<br />

para o reforço da União Europeia como pilar europeu<br />

da NATO, como alguns defendem, ou para confundir<br />

paz com segurança.<br />

No final, Ilda Figueiredo relembrou vários aspectos do<br />

artigo 7.º da Constituição da República Portuguesa, incluindo<br />

a defesa do desarmamento geral e controlado,<br />

a dissolução dos blocos político-militares e o conceito de<br />

paz que o CPPC também defende, o qual não se restringe<br />

à segurança, insistiu. Realçou, igualmente, que para<br />

construir a paz é necessário liberdade, democracia, desenvolvimento<br />

e progresso social; o reconhecimento do<br />

direito soberano de cada povo escolher o seu caminho.<br />

E os povos lutam e exigem o respeito pelos seus direitos,<br />

merecendo por isso a solidariedade de todos os amantes<br />

da paz.


ARGUMENTOS<br />

28 23-2-2017<br />

SOCIEDADE<br />

• Vladimiro Vale<br />

O Homem vive da Natureza, isto é, a natureza<br />

é o seu corpo e com ela tem que manter um diálogo<br />

contínuo se não quiser morrer. Dizer que a vida<br />

do Homem está ligada à Natureza significa<br />

que a Natureza está ligada a ela própria,<br />

pois o Homem é parte da Natureza.<br />

K. Marx Manuscritos Económico Filosóficos de 1844.<br />

Áreas Protegidas<br />

– Defender o papel do Estado<br />

PALAVRAS CRUZADAS<br />

Existem concepções que partem do<br />

equívoco de que o Homem está fora<br />

da Natureza, apontam para um<br />

conflito entre antropocentrismo e ecocentrismo,<br />

esquecendo que o Homem é parte da Natureza e<br />

com ela tem um metabolismo complexo de intercâmbio<br />

de «coevolução». Existe até quem olhe para<br />

o despovoamento humano de grandes áreas do<br />

País como positivo para a protecção do ambiente.<br />

Concepções como estas ajudam a explicar as políticas<br />

dos sucessivos governos, reflectida nos Regulamentos<br />

e Planos de Ordenamento das áreas protegidas,<br />

em que as populações são apresentadas como<br />

principais responsáveis pela degradação dos recursos,<br />

conduzindo a uma linha de proibição da actividade<br />

humana dentro das áreas protegidas.<br />

Portanto, os planos das áreas protegidas são, muitas<br />

vezes, meros conjuntos de proibições, sem visão<br />

de desenvolvimento e sem a preocupação de trazer<br />

vantagens para as populações. O ataque começa invariavelmente<br />

às actividades populares e tradicionais<br />

e não aos grandes empreendimentos, mesmo<br />

que estes tenham reconhecidos e profundos impactos<br />

ambientais.<br />

Políticas de gestão das áreas protegidas com o objectivo<br />

de impedir a degradação de muitos desses<br />

espaços, valorizá-los em conjunto com as populações<br />

locais que as moldaram com trabalho árduo<br />

desde tempos ancestrais e que são a mais sólida garantia<br />

para o seu futuro desenvolvimento sustentado,<br />

são incompatíveis com a falta de investimento<br />

público e com a degradação da capacidade de resposta<br />

das estruturas do Estado. Isto é tanto mais<br />

grave quando se trata de territórios a braços com<br />

inquietantes processos de despovoamento, de abandono<br />

e declínio social, de encerramento de serviços<br />

públicos de proximidade e das actividades económicas<br />

em resultado das políticas de abandono dos<br />

espaços rurais e sectores produtivos que lhe dão vida.<br />

A desresponsabilização do Estado central através<br />

da entrega da gestão das áreas protegidas a autarquias<br />

vem numa linha de quebra de investimento e<br />

de meios materiais e humanos essenciais para a defesa<br />

das zonas ecologicamente sensíveis e das áreas<br />

protegidas, dificultando a defesa do equilíbrio da<br />

natureza e também o combate à desertificação e ao<br />

despovoamento de enormes áreas do País. Os sucessivos<br />

governos primeiro criaram as super-áreas<br />

protegidas, os super-directores, a exclusão do Poder<br />

Local, a privatização e a mercantilização da gestão<br />

territorial, agravando os problemas das Áreas<br />

Protegidas. O actual Governo PS, com a justificação<br />

da degradação da resposta das estruturas do<br />

Estado afectadas por estas políticas, procura desresponsabilizar<br />

o Estado passando a gestão para as<br />

autarquias. A municipalização da gestão das áreas<br />

Protegidas vai transferir para as autarquias uma responsabilidade<br />

que elas não podem nem devem assumir<br />

e colocará em causa a adopção de políticas<br />

unificadoras em torno das áreas protegidas. Sendo<br />

importante o envolvimento das autarquias e eleitos<br />

locais, só a salvaguarda do papel do Estado Central<br />

nas áreas protegidas garantirá que a utilização dos<br />

recursos naturais seja feita ao serviço do País e do<br />

povo e não ao serviço apenas de alguns.<br />

É por isso fundamental uma política de defesa do<br />

equilíbrio da natureza que valorize a presença humana<br />

no território e que tenha em conta a solidariedade<br />

nacional para colmatar as imposições e limitações<br />

com que se confrontam os habitantes das áreas<br />

protegidas, nomeadamente através de investimento<br />

público, gestão pública das áreas protegidas e o reforço<br />

de meios materiais e humanos do ICNF com<br />

a salvaguarda dos direitos dos seus trabalhadores.<br />

HORIZONTAIS: 1 - Conjunto de coisas descritas e enumeradas; abrir caminho com ímpeto;<br />

fêmea do lobo. 2 - Santo a quem é dedicado um templo ou capela (pl.); o mesmo; tranquilidade<br />

pública. 3 - Quadrúpede ruminante que tem gibas sobre o dorso (pl.); nome de um explosivo<br />

moderno. 4 - Gavinha; letra grega correspondente ao i; gostar muito de. 5 - Itinerário;<br />

pequena mala; abertura da parte superior da laringe. 6 - Gracejar; parte da Medicina que se<br />

ocupa das operações; grito de dor ou de alegria. 7 - Do feitio de ovo; aquilo que o artífice<br />

produz. 8 - Contr. da prep. em com o art. def. a; perfilhara; irmão dos pais ou dos avós. 9 -<br />

Limalha; nó que se desata facilmente; antiga possessão portuguesa na costa da Índia. 10 -<br />

Prefixo de origem latina que significa metade, meio ou quase, rendimento do dinheiro emprestado;<br />

cólera. 11 - Aquele que trata da produção de animais.; aparte curva do báculo. 12 -<br />

Sétima letra do alfabeto grego correspondente ao e longo dos latinos; apertar com nó ou laçada;<br />

relativo a feudo ou ao feudalismo. 13 - Ave parecida com a pomba; aplanem; fileira.<br />

VERTICAIS: 1 - Brinquedo de criança; rejuvenescer. 2 - Além disso; seis em numeração<br />

romana; multidão compacta de pessoas. 3 - Terra alagadiça que produz muito pasto; plantio<br />

de amieiros. 4 - Transforma em gelo; mostra diversidade de aspectos, diferença de cor ou de<br />

tom. 5 - Massa de água que se enrola quando há ressaca e depois se desenrola, espraiando-se;<br />

qualquer de entre dois ou mais; contr. da prep. de com o art. def. a. 6 - Sufixo de abundância;<br />

armazém em forma de torre para substâncias sólidas; nome da letra J. 7 - Fechar (as asas)<br />

para descer mais rapidamente; diz-se do número gramatical que indica mais de um. 8 - Letra<br />

grega correspondente a p; esconder; trata levianamente de um assunto. 9 - Aquele que edita;<br />

ave de rapina do género falcão. 10 - Cabelo raro e delgado; que se gorou (ovo); nome da letra F. 11 - A mim; corcunda; cada um dos artigos de uma exposição<br />

escrita. 12 - Amofinar; ave pernalta, da família dos cultrirrostros. 13 - Fecundo; boato, rumor. 14 - Planta solanácea com tubérculos subterrâneos<br />

e comestíveis; movia-se de um sítio para outro; um certo. 15 - Árvore rosácea cujo pequeno fruto é uma drupa acerba e negra; diálogo, conversa.<br />

HORIZONTAIS: 1 - Rol; romper; loba. 2 - Oragos; idem; paz. 3 - Camelos; iperite. 4 - Elo; iota; amar. 5 - Via; saco; glote. 6 - Rir; cirurgia; ai. 7 -<br />

Oval; obra. 8 - Na; adoptara; tio. 9 - Apara; laço; Goa. 10 - Semi; juro; ira. 11 - Criador; retorta. 12 - Eta; atar; feudal. 13 - Rola; alisem; ala.<br />

VERTICAIS: 1 - Roca; renascer. 2 - Ora; VI; aperto. 3 - Lameiro; amial. 4 - Gela; varia. 5 - Rolo, cada; da. 6 - Oso; silo; jota. 7 - Siar; plural. 8 - Pi;<br />

ocultar; ri. 9 - Editor; açor. 10 - Repa; goro; efe. 11 - Me; giba; item. 12 - Ralar; grou. 13 - Opimo; atoarda. 14 - Batata; ia; tal. 15 - Azereiro; fala.<br />

Lê e divulga<br />

Assinatura<br />

(IVA e portes incluídos)<br />

(50 números) . . . . . . . . . . . . . . . . . 54.00<br />

(25 números) . . . . . . . . . . . . . . . . . 28.00<br />

Europa: (50 números) . . . . . . . . . . . . 120.00<br />

Extra Europa: (50 números) . . . . . . . 180.00<br />

Nome________________________________<br />

Morada______________________________<br />

____________________________________<br />

Localidade____________________________<br />

Código Postal__________________________<br />

Meio de pagamento pretendido:<br />

Para pagamento da minha assinatura, à ordem<br />

de Editorial «Avante!», Campo Grande, 220-A,<br />

1700-094 Lisboa, envio:<br />

Vale Postal n.º ______________________<br />

Estação de Correio __________________<br />

Cheque n.º ________________________<br />

s/o Banco__________________________<br />

Poderá também efectuar o pagamento p/transferência<br />

bancária através dos dados que passamos<br />

a indicar:<br />

NIB – 0007 0021 00135130002 59<br />

IBAN – PT50 0007 0021 0013 5130 0025 9<br />

BIC – BESCPTPL<br />

Agradecemos que nos enviem cópia do documento<br />

bancário<br />

Data _______________<br />

Assinatura<br />

_________________________________


TELEVISÃO<br />

30 23-2-2017<br />

TVISTO<br />

• Correia da Fonseca<br />

Notícias<br />

do País vazio<br />

Sob o título já<br />

significativo de<br />

«Despovoamento,<br />

a RTP1 transmitiu na passada<br />

segunda-feira, a partir de Vila<br />

Real, um programa que teve<br />

como tema a desertificação que<br />

desde há décadas tem vindo a<br />

reduzir larguíssimas áreas do<br />

interior português a territórios<br />

tristemente povoados pela<br />

velhice, pela tristeza e pelo<br />

abandono. A emissão abriu<br />

com algumas informações de<br />

carácter estatístico acerca da<br />

situação actual da<br />

desertificação do interior e das<br />

verdadeiramente calamitosas<br />

previsões para o futuro não<br />

muito longínquo. É, como se<br />

sabe, a consequência de<br />

décadas de emigração para<br />

terras estrangeiras ou,<br />

internamente, para o litoral do<br />

País, sempre em consequência<br />

dominante da penúria de<br />

empregos. Será certo que a<br />

situação permite excepções e<br />

algumas réstias de futuro, e<br />

delas falaram as figuras<br />

presentes no palco e na plateia<br />

do teatro de Vila Real naquela<br />

noite promovido a estúdio de<br />

televisão: um ministro,<br />

autarcas, empresários de<br />

sucesso. Foram também<br />

referidas as actividades mais<br />

relevantes no Norte do País: o<br />

turismo agora em notória<br />

intensificação e a já antiga e<br />

tradicional produção vinhateira<br />

em que se destaca o «port<br />

wine» a que Redol dedicou um<br />

ciclo da sua obra e a que<br />

chamou «vindima de sangue».<br />

É claro que nem Redol nem<br />

este período da sua obra foram<br />

lembrados, nem cairiam bem<br />

nem talvez viessem a propósito<br />

de um modo imperativo. Na<br />

verdade, a emissão foi<br />

percorrida por um sopro de<br />

esperança, como aliás bem se<br />

entende em vista das<br />

personalidades presentes, muito<br />

mais vocacionadas para um<br />

optimismo tão fundamentado<br />

quanto possível do que para a<br />

função um pouco fúnebre de<br />

profetas da continuação da<br />

desgraça que continua a assolar<br />

o interior do País, ainda que<br />

com clareiras e zonas de<br />

alguma ressurreição.<br />

Uma voz ausente<br />

Estavam no palco, pois,<br />

autarcas da zona Norte do País,<br />

nela se incluindo naturalmente<br />

o distrito da Guarda, mas<br />

nenhum dos distritos<br />

alentejanos, Évora, Portalegre e<br />

Beja, ausências tanto mais<br />

notórias quanto bem se sabe<br />

que também a necessidade de<br />

emigrar para sobreviver vem<br />

fustigando o Alentejo. Porém,<br />

uma outra ausência foi notória<br />

no teatro de Vila Real: estavam<br />

ali o ministro, autarcas e<br />

empresários, mas não surgiu<br />

nem no palco nem na plateia<br />

um só trabalhador que desse<br />

voz a um depoimento de quem<br />

trabalha, quando há trabalho,<br />

ou emigra para o litoral<br />

português ou para terras<br />

estranhas em busca da<br />

sobrevivência que lhe é negada<br />

na terra onde nasceu. Dado o<br />

tema do programa, obviamente<br />

denunciador não da partida de<br />

milhares de elementos do<br />

patronato mas sim do êxodo da<br />

mão-de-obra forçadamente<br />

inactiva ou insuportavelmente<br />

sub-remunerada, pareceria<br />

forçoso ouvir quem de algum<br />

modo a representasse. É certo<br />

que patronatos ausentes<br />

acontecem, e muito, por todo o<br />

País, mas não parece que de<br />

tais ausências decorra algum<br />

fenómeno de despovoamento<br />

no interior, podendo quando<br />

muito suscitar um reforço do<br />

povoamento nas zonas de<br />

Cascais e do Estoril, sempre<br />

muito acolhedoras para quem<br />

nelas se possa acolher em boas<br />

condições. De qualquer modo,<br />

é claro que o programa trouxe<br />

boas notícias ou, no mínimo,<br />

sinais que justificam<br />

expectativas positivas: o<br />

Governo dá sinais de estar<br />

atento e até saudavelmente<br />

alarmado com o grau de<br />

desertificação já atingido em<br />

certas zonas e com o<br />

agravamento previsto nas<br />

décadas próximas se nada de<br />

eficaz acontecer. É certo que<br />

desta vez o programa não<br />

cuidou de registar o<br />

depoimento de algum<br />

trabalhador, neste caso um<br />

desses que sempre correm o<br />

risco de se verem obrigados a<br />

partir, mas bem se sabe que<br />

essa não é omissão que<br />

surpreenda: mais<br />

adequadamente se diria que se<br />

enquadra num velho hábito da<br />

televisão e da generalidade dos<br />

media. Assim, talvez nos reste<br />

congratularmo-nos por a<br />

emissão ter trazido à tona da<br />

memória e do conhecimento<br />

geral uma realidade que pouco<br />

ou nada chega às cidades onde<br />

tudo se decide. Ou se esquece.


23-2-2017<br />

AGENDA<br />

31<br />

Comemoração do 96. o Aniversário do Partido<br />

Algarve<br />

– Sexta-feira, 24, Castro<br />

Marim, às 19h30, jantar<br />

no Clube São Bartolomeu,<br />

com Raimundo Cabral,<br />

da CCC<br />

Almada<br />

– Sexta-feira, 24, às<br />

18h30, jantar/convívio, promovido<br />

pelo S. dos Professores,<br />

no CT concelhio,<br />

com Jorge Pires, da Comissão<br />

Política.<br />

Cadaval<br />

– Domingo, 19, às<br />

13h00, almoço no CT do<br />

Cadaval.<br />

Coruche<br />

– Sexta-feira, 3, às<br />

20h00, jantar no Restaurante<br />

«O Farnel», em Coruche,<br />

com Diogo d‘Ávila,<br />

do CC.<br />

Algarve<br />

– Hoje, 23, Silves, às<br />

21h00, plenário de militantes,<br />

no CT de Silves.<br />

– Sábado, 25, Aljezur, às<br />

15h00, plenário de militantes,<br />

no CT de Aljezur. Tavira,<br />

às 13h00, almoço/convívio,<br />

no CT Tavira.<br />

– Quinta-feira, 2 de Março,<br />

S. Bartolomeu de Messines,<br />

às 21h00, plenário de<br />

militante, no CT S. B. Messines.<br />

– Sexta-feira, 3 de Março,<br />

Lagoa, às 21h00, plenário<br />

de militantes, no CT de<br />

Portimão.<br />

Anadia<br />

– Sexta-feira, 24, às<br />

21h00, plenário concelhio<br />

preparatório da X Assembleia<br />

da Organização Regional<br />

de Aveiro, na Junta<br />

de Freguesia de Sangalhos.<br />

Arouca<br />

– Sábado, 25, às 17h00,<br />

Moita<br />

– Domingo, 5, às 12h30,<br />

almoço da Freguesia da Baixa<br />

da Banheira, na Colectividade<br />

«Os Alentejanos»,<br />

com Jorge Pires da Comissão<br />

Política. No mesmo dia e<br />

à mesma hora, almoços também<br />

da Freguesia da Moita,<br />

no CT da Moita, com Carlos<br />

Fernandes, do CC, e da Freguesia<br />

de Sarilhos Pequenos,<br />

no CT de Sarilhos Pequenos,<br />

com Vicente Merendas,<br />

da DORS,<br />

– Sábado, 18, às 12h30,<br />

almoço da Freguesia de Alhos<br />

Vedros, no CT de Alhos Vedros,<br />

com Margarida Botelho,<br />

da Comissão Política.<br />

– Sábado, 1 de Abril,<br />

às 12h30, almoço da Freguesia<br />

do Vale da Amoreira,<br />

no CAVA, com Nelson<br />

Mota, do CC.<br />

Outras reuniões e iniciativas<br />

plenário concelhio, preparatório<br />

da X Assembleia da<br />

Organização Regional de<br />

Aveiro, em casa do camarada<br />

Tadeu, com Tiago Vieira,<br />

do CC.<br />

Braga<br />

– Sexta-feira, 24, às<br />

21h30, sessão pública O poder<br />

da informação» no âmbito<br />

das comemorações do 86.º<br />

Aniversário do Avante!,<br />

na Casa dos Crivos, em Braga,<br />

com Luís António Santos,<br />

professor universitário, e<br />

Pedro Tadeu, jornalista.<br />

Caldas da Rainha<br />

– Sexta-feira, 24, às<br />

21h30, sessão pública<br />

«Combater a Precariedade.<br />

Garantir o Trabalho com Direitos»,<br />

nas Caldas da Rainha,<br />

no Salão Nobre da União das<br />

Freguesias de N.ª Sr.ª do<br />

Populo, Coto e São Gregório,<br />

com Diogo Correia,<br />

do CC e da direcção da JCP.<br />

Assembleia da Organização Concelhia<br />

do Entroncamento<br />

Sexta-feira, 24, no CT do PCP,<br />

com Diogo d’Ávila, do CC<br />

Assembleia da Organização dos Bancários<br />

Comunistas do Porto<br />

Sexta-feira, 24, às 17h30, no CT da Boavista<br />

Assembleia da Organização Concelhia<br />

de Tondela<br />

Sábado, 25, às 14h30<br />

na Associação de Apicultores da Serra do Caramulo,<br />

Casa da Abelha – Caramulo<br />

(segue-se um lanche/convívio)<br />

Assembleia da Organização de Limpeza,<br />

Portaria e Vigilância (Porto)<br />

Sábado, 25. às 15h00, no CT da Boavista<br />

VIII Assembleia da Organização da Célula<br />

dos Trabalhadores da Câmara<br />

Sábado, 25, no CT Setúbal<br />

(Edifício Arrábida, Av, 5 Outubro, 35)<br />

Palmela<br />

– Sábado, 4, às 12h30,<br />

almoço na Baixa de Palmela,<br />

no Grupo Desportivo<br />

e Cultural dos Ídolos da Baixa,<br />

com Manuel Rodrigues,<br />

da Comissão Política.<br />

Inscrições: 935321157.<br />

Guimarães<br />

– De hoje, 23, a sextafeira,<br />

3 de Março, Exposição<br />

«+ Direitos. + Futuro.<br />

Não à Precariedade», no CT<br />

de Guimarães (Largo Condessa<br />

do Juncal, 17).<br />

Lisboa<br />

– Hoje, 23, às 17h00,<br />

no âmbito do encerramento<br />

da Campanha dos Transportes,<br />

iniciativa de contacto com<br />

a população e utentes dos<br />

transportes públicos na Praça<br />

do Chile, com o vereador<br />

e candidato à presidência da<br />

Câmara Municipal de Lisboa<br />

João Ferreira. Ainda, às<br />

15h00, plenário da Célula<br />

dos reformados dos Seguros,<br />

no CT Vitória, com Tiago<br />

Brazão, da DORL.<br />

Moita<br />

Plenários preparatórios<br />

da XII Assembleia da Organização<br />

Concelhia da<br />

Moita<br />

– Sábado, 25, às 15h00,<br />

da Freguesia do Vale da<br />

Amoreira, no CAVA.<br />

– Quarta-feira, 1, às<br />

18h00, da Célula dos Trabalhadores<br />

da Autarquia,<br />

no CT da Moita.<br />

– Quinta-feira, 2, às<br />

19h00, da Organização dos<br />

Professores, no CT de Alhos<br />

Vedros.<br />

– Domingo, 5, às 15h00,<br />

da Freguesia de Alhos Vedros,<br />

no CT de Alhos Vedros.<br />

Ainda, à mesma hora,<br />

da Freguesia da Moita, no<br />

CT da Moita.<br />

Montemor-o-Novo<br />

– Sábado, 25, às 12h30,<br />

almoço comemorativo do<br />

90.º aniversário do camarada<br />

António Gervásio,<br />

na Sede da Junta de Freguesia<br />

da Vila (Largo Banha<br />

de Andrade), Montemor-<br />

-o-Novo.<br />

Setúbal<br />

– Domingo, 5, às 13h00,<br />

almoço da Freguesia de<br />

Gâmbia-Pontes-Alto da<br />

Guerra, no Clube Desportivo<br />

da Gâmbia, com José Pereira,<br />

do CC<br />

– Domingo, 12, às<br />

13H00, almoço das freguesias<br />

de São Simão e São<br />

Lourenço, no SOLIDO, com<br />

Antónia Lopes, do CC.<br />

– Sexta-feira, 17, às<br />

20h00, jantar das freguesias<br />

de Anunciada, St.ª Maria,<br />

São Julião e São Sebastião,<br />

no CT de Setúbal (Edifício<br />

Arrábida, Av. 5 de Outubro,<br />

35), com Francisco<br />

Lopes, da Comissão Política.<br />

– Sábado, 25, às 13h00,<br />

almoço no Sado da Freguesia<br />

do Sado, na Cooperativa<br />

de Habitação (Faralhão), com<br />

Carlos Fernandes, do CC.<br />

Sobral de M. Agraço<br />

– Domingo, 12, às<br />

13h00, almoço, no Pavilhão<br />

do Soeirinho.<br />

Torres Vedras<br />

– Domingo, 19, às<br />

13H00, almoço na União<br />

Desportiva, Recreativa e Cultural<br />

Sarge.<br />

Vila Franca de Xira<br />

– Domingo, 5, às 13h00,<br />

almoço concelhio no Centro<br />

Social Álvaro Pinheiro,<br />

no Sobralinho.<br />

Inscrições: 266892238 ou<br />

963449135.<br />

Oliveira de Azeméis<br />

– Sábado, 25, às 15h00,<br />

plenário concelhio preparatório<br />

da X Assembleia da<br />

Organização Regional de<br />

Aveiro, no CT de Oliveira<br />

de Azeméis.<br />

Ourique<br />

– Sábado, 25, às 13h00,<br />

promovido pela C. Freguesia<br />

de Garvão, almoço/convívio,<br />

comemorativo do 86.º<br />

Aniversário do Avante!,<br />

no «Café Futuro», em Garvão,<br />

com Miguel Violante, do CC.<br />

Portalegre<br />

– Sexta-feira, 24, às<br />

18h00, audição pública,<br />

promovida pela Organização<br />

Regional de Portalegre<br />

e o Grupo Parlamentar<br />

do PCP, sobre «As questões<br />

da Saúde no Distrito de Portalegre»,<br />

na sala da União de<br />

Freguesias da Sé e São Lourenço,<br />

em Portalegre.<br />

Santiago do Cacém<br />

– Sábado, 25, às 15h00,<br />

plenário de militantes da Freguesia<br />

de Alvalade do Sado,<br />

no CT de Alvalade, com Miguel<br />

Gonçalves.<br />

Tomar<br />

– Sábado, 25, às 16h00,<br />

reunião de militantes da Freguesia<br />

da Pedreira, no espaço<br />

da ex-Farmácia da Pedreira.<br />

Torres Vedras<br />

Acções de Formação<br />

Ideológica, na Biblioteca<br />

Fernando Vicente, no CT de<br />

Torres Vedras<br />

– Sábado, 25, e Sábado,<br />

1 de Abril, às 16h00: «Marxismo-Leninismo».<br />

– Sábado, 6 e 13 de<br />

Maio, às 16h00, «Obras de<br />

Álvaro Cunhal.<br />

Jerónimo de Sousa<br />

Secretário-geral do PCP<br />

Sábado, 4<br />

15h00 – Lisboa<br />

Comício comemorativo<br />

do 96.º Aniversário do PCP<br />

na Voz do Operário<br />

Domingo, 5<br />

12h30 – Moura<br />

Almoço Regional do Alentejo<br />

do 96.º Aniversário do PCP<br />

no Parque de Feiras e Exposições de Moura<br />

Quarta-feira, 8<br />

12h45 – Moita<br />

Almoço da Célula da Câmara Municipal<br />

da Moita comemorativo do Dia da Mulher<br />

na Sociedade Recreativa do Penteado<br />

Beja<br />

– Sábado, 25, às 15h00, Encontro<br />

Concelhio de Beja da CDU, no Salão da<br />

CIMBAL (antiga Assembleia Distrital).<br />

Gondomar<br />

– Sábado, 25, às 15h00, Encontro Autárquico CDU<br />

2017, no Auditório da Escola Secundária de Rio Tinto, com<br />

João Barbosa, vereador da Câmara de Gondomar, António<br />

Valpaços, deputado municipal, Daniel Vieira, presidente<br />

da Junta de Freguesia de São Pedro da Cova e da DORP do<br />

PCP, e Cristiano Castro, da DORP do PCP.<br />

Oeiras<br />

– Sábado, 25, activistas e eleitos da CDU nos diversos<br />

órgãos visitam as freguesias de Algés, Cruz Quebrada/Dafundo,<br />

Linda-a-Velha, Queijas e Carnaxide, sendo<br />

que o ponto de encontro às 8h45, na esquina do Palácio<br />

dos Anjos, Algés.<br />

Porto<br />

– Sábado, 25, às 20h00, promovido pela CDU da Freguesia<br />

de Paranhos, Cidade do Porto, jantar/convívio, no<br />

CT Rua Lindo Vale, com Rui Sá, 1.º candidato à Assembleia<br />

Municipal. Inscrições através do 919594370.<br />

Setúbal<br />

– Sábado, 18, às 15h00, Encontro Concelhio de Setúbal<br />

da CDU, no Auditório Charlot.<br />

Tomar<br />

– Sábado, 25, às 20h00, reunião de eleitos e activistas<br />

da CDU na Freguesia de Paialvo, na Junta de Freguesia,<br />

com Paulo Macedo da DORSA do PCP.<br />

Valongo<br />

– Sábado, 25, às 15h30, Encontro Concelhio da CDU<br />

de Valongo, na Junta de Freguesia de Valongo.<br />

URAP<br />

União de Resistentes Antifascistas Portugueses<br />

Núcleo do Porto<br />

Sábado, 4 de Março, às 15h00<br />

Visita Guiada ao Museu Militar do Porto – ex-PIDE<br />

(Inscrições: 917767580)


32<br />

ÚLTIMAS<br />

23-2-2017<br />

A TALHE DE FOICE<br />

• Henrique Custódio<br />

Portugal<br />

a sério<br />

Quatro meses depois de a oposição da direita<br />

impor a Comissão Parlamentar de Inquérito<br />

à Recapitalização da Caixa Geral de Depósitos<br />

e à Gestão do Banco, aconteceram duas coisas<br />

– prolongou-se por mais três meses o prazo<br />

desta comissão (porque os seus proponentes,<br />

PSD e CDS, abandonaram objectivamente<br />

o inquérito à recapitalização para se<br />

engalfinharem na «troca de correspondência»<br />

entre o ministro Centeno e o ex-presidente<br />

da CGD Domingues) e o PSD começou a falar<br />

de uma nova comissão de inquérito, desta vez<br />

dedicada à tal «correspondência».<br />

Pelo que ficam já duas notas.<br />

A primeira, a de que o PSD está a utilizar<br />

as comissões de inquérito na Assembleia da<br />

República como arma política tout court,<br />

brincando com elas como um jongleur de feira<br />

e já vai em duas: uma comissão que não<br />

completou o seu trabalho (apesar de<br />

«fundamental para o País») e a AR teve de a<br />

prolongar, outra, que quer substituir a primeira<br />

e, a par e com ela, prosseguir em duas<br />

comissões o chinfrim político pretendido por<br />

PSD e CDS contra o Governo PS – nada mais<br />

do que isto.<br />

Para quem tanto desarvorou em prol das<br />

«liberdades regimentais» e o «respeito pelo<br />

Parlamento», este achincalhamento das<br />

Comissões de Inquérito diz tudo do que esta<br />

gente anda por aqui a fazer.<br />

A segunda nota é uma evidência resultante<br />

do entremez: o PSD e o CDS estão-se literalmente<br />

nas tintas para a vida da Caixa Geral de<br />

Depósitos, tal como demonstram uma total<br />

indiferença pelos graves problemas que<br />

anunciavam quando lançaram, em furor<br />

potestativo, a Comissão de Inquérito agora<br />

«protelada». E os problemas (que continuam<br />

actuais e não averiguados) tanto são<br />

os imbróglios das recapitalizações (onde os seus<br />

governos, o PSD, o CDS e também o PS<br />

tiveram fundas e totais responsabilidades),<br />

como é a «gestão do banco» no porvir, onde<br />

demonstraram à saciedade que o que querem<br />

mesmo é que ela não exista, tal como a CGD,<br />

na sua configuração de banco público.<br />

A destruição da CGD como banco público é,<br />

enfim, o gato escondido com o rabo de fora<br />

desta história montada por PSD e CDS.<br />

E o País já está farto de o saber.<br />

Mas o mais extraordinário é ver esta gente<br />

do antigo PaF a vociferar, tremendista, contra<br />

«as mentiras de Centeno», esquecendo,<br />

não menos tremendamente, que eles próprios,<br />

enquanto governo, mentiam todos os dias<br />

e em todas as dimensões, tendo como referência<br />

gente como Maria Luís Albuquerque<br />

e as mentiras dos swaps ou Miguel Relvas<br />

e os cursos de fim-de-semana (e por aí fora).<br />

Com os problemas que o País enfrenta,<br />

a única coisa que interessa ao PSD e ao CDS...<br />

são as mensagens trocadas entre Domingues<br />

e Centeno.<br />

Parece que vivemos num país de opereta, onde<br />

o PSD tem ainda o desplante de arranjar como<br />

consigna política... «Levar Portugal a<br />

Sério».<br />

Fuga de 10 mil milhões para paraísos fiscais<br />

PCP quer apurar<br />

responsabilidades<br />

O PCP requereu anteontem a audição do ex-secretário<br />

de Estado dos Assuntos Fiscais Paulo Núncio<br />

e do actual titular, Rocha Andrade, para esclarecer<br />

as transferências para paraísos fiscais de<br />

muitos milhões de euros, sem fiscalização, durante<br />

o anterior governo.<br />

Em causa está um valor de<br />

quase 10 mil milhões de<br />

euros em transferências realizadas<br />

entre 2011 e 2014<br />

para contas sediadas em<br />

paraísos fiscais que não foram<br />

objecto de vigilância por<br />

parte do fisco, embora tenham<br />

sido comunicadas pelos<br />

bancos à administração<br />

fiscal, como a lei determina.<br />

O Secretário-geral do PCP<br />

criticou no mesmo dia a existência<br />

de «dois pesos e duas<br />

medidas» para taxar «quem<br />

trabalha e quem tem grandes<br />

fortunas».<br />

«Quando se trata de taxar<br />

e colocar os impostos sobre<br />

Há dois pesos<br />

e duas medidas<br />

para quem<br />

trabalha<br />

e para quem<br />

tem fortunas<br />

quem trabalha, quem trabalhou,<br />

quem tem as suas poupanças,<br />

rapidamente é executado.<br />

Quando se trata de<br />

dinheiros ganhos em especulação,<br />

existe sempre esta<br />

vulnerabilidade que permite<br />

que milhares de milhões de<br />

euros saiam do nosso País<br />

sem a devida taxação», sublinhou<br />

Jerónimo de Sousa. No<br />

requerimento onde solicitam<br />

a audição os deputados<br />

comunistas Paulo Sá e Miguel<br />

Tiago consideram que a Assembleia<br />

da República «não<br />

se pode furtar» ao «apuramento<br />

político» da situação,<br />

salientando que há uma «incongruência<br />

assinalável» entre<br />

os valores declarados naquele<br />

período e aqueles que<br />

foram entretanto revistos, já<br />

em 2016.<br />

«Importa esclarecer como<br />

foram agora identificados<br />

estes 10 mil milhões de euros<br />

a mais. Estamos a falar de um<br />

total de 17 a 18 mil milhões<br />

que fugiram do País para<br />

contas sediadas em offshore,<br />

durante os anos do anterior<br />

governo», referiu na AR o<br />

deputado comunista Miguel<br />

Tiago, ao anunciar a diligência<br />

da sua bancada.<br />

Acções em defesa<br />

da produção nacional<br />

Ontem, 22, a Associação de Vitivinicultores<br />

Independentes do Douro<br />

(Avidouro) realizou no Peso da Régua,<br />

junto ao Lidl, uma acção em defesa da produção<br />

nacional e por melhores preços à<br />

produção.<br />

No protesto, os vitivinicultores durienses<br />

exigiram do Governo a criação de condições<br />

para o aumento dos preços à produção; a contenção<br />

das importações desnecessárias dos<br />

produtos agrícolas; promover o consumo<br />

dos produtos nacionais, criando e dinamizando<br />

os mercados locais.<br />

A Associação dos Baldios e Agricultores<br />

da Região de Viseu (BALAGRI)<br />

esteve, no dia anterior no recinto da feira<br />

semanal de Viseu, mas também junto de dois<br />

hipermercados da região, denunciando as práticas<br />

comerciais abusivas que as grandes<br />

superfícies comerciais continuam a praticar.<br />

Entre outras medidas, os agricultores<br />

reclamaram a «retirada» à produção dos<br />

vitelos e das vacas já fora da produção leiteira,<br />

através da compra pública a preços compensadores;<br />

o reembolso de parte do consumo<br />

da Electricidade «Verde»; o consumo prioritário<br />

da produção nacional nas cantinas<br />

públicas.<br />

No mesmo dia, 21, o RURALENTEJO –<br />

Conselho para o Desenvolvimento<br />

Rural do Alentejo levou a cabo uma acção<br />

na cidade de Évora.<br />

As iniciativas inserem-se na campanha<br />

de informação aos consumidores que assinala,<br />

em todo o País, os 39 anos da criação<br />

da Confederação Nacional da Agricultura.<br />

Governo retoma demolições<br />

O PCP condena com veemência a insistência<br />

do Governo nas demolições de habitações<br />

na Ria Formosa. Numa nota enviada ontem, já<br />

muito perto do fecho da nossa edição, a Direcção<br />

da Organização Regional do Algarve do<br />

PCP acusa o Governo de, procedendo à tomada<br />

administrativa de posse de habitações no<br />

núcleo do Farol, estar a dar «mais um passo<br />

para a concretização do vergonhoso<br />

processo de demolições nas ilhas-<br />

-barreira da Ria Formosa» iniciado<br />

pelo seu antecessor.<br />

Alertando para os interesses que<br />

poderão estar por detrás desta<br />

medida, o PCP acusa o PS de romper<br />

com os compromissos que assumiu<br />

com as populações antes das<br />

eleições de Outubro de 2015 e de<br />

desrespeitar a resolução da Assembleia<br />

da República que aponta precisamente<br />

no sentido oposto.<br />

Foto LUSA<br />

Segundo o Ministério das<br />

Finanças, as «omissões» e<br />

«incongruências» de informação<br />

foram detectadas<br />

quando, entre finais de<br />

2015 e o início de 2016, foi<br />

retomado o trabalho de<br />

«análise estatística e divulgação»<br />

dos valores das transferências<br />

para os centros<br />

offshore e os chamados «territórios<br />

com tributação privilegiada».<br />

O PCP quer ouvir<br />

também o anterior responsável<br />

pela pasta, Paulo Núncio<br />

(CDS-PP), «para perceber<br />

como uma lei de 2010 passa<br />

quase quatro anos sem ser<br />

aplicada, tendo em conta<br />

que só agora se está a apurar<br />

os valores dessas fugas de<br />

capitais».<br />

«Como foi possível que um<br />

Governo que tinha a dureza<br />

que tinha para as pessoas<br />

em geral ter sido tão permissivo<br />

para as empresas e milionários<br />

que fizeram estas<br />

transferências?», interrogou<br />

Miguel Tiago.<br />

O parlamentar comunista<br />

recordou ainda as muitas<br />

iniciativas legislativas que<br />

o PCP tem apresentado ao<br />

longo dos anos sobre esta<br />

matéria, incluindo projectos<br />

de lei, visando designadamente<br />

o combate à fuga de<br />

capitais e à evasão fiscal<br />

através de paraísos fiscais,<br />

encontrando-se algumas<br />

desses diplomas mais recentes<br />

em discussão na especialidade.<br />

O CPPC promove<br />

às 18 horas do próximo<br />

dia 3 de Março na Casa<br />

do Alentejo, em Lisboa,<br />

uma sessão de<br />

solidariedade com<br />

a Venezuela e a América<br />

Latina, no quadro<br />

do 4. o aniversário<br />

do falecimento de Hugo<br />

Chávez

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!