NUTRIÇÃO 24 Videiras do Roni Paulo Castoldi, de Caxias do Sul, RS, sob adubação orgânica já podadas para a próxima safra Mais vida no solo No processo nutricional, a saúde do solo tem que ser o foco. Na unidade da Embrapa, em Bento Gonçalves, o pesquisador George Wellington MATERIAL ORGÂNICO RECOMPÕE A VIDA DO SOLO, MANTÉM A MICROFAUNA E A MICROFLORA, E VIDEIRAS FICAM MAIS VERDES E COM MAIS VIGOR Bastos de Melo, da Embrapa Uva e Vinho, estudou o uso e efeitos de uma nutrição orgânica no cultivo de uvas. Com isso, o pesquisador tem trabalhado com um adubo sustentável, geralmente produzido a partir de matéria orgânica, como folhas, cascas, galhos de podas e, em alguns casos, com a utilização de esterco viário (galinha). Tudo começa com a análise dos materiais orgânicos. Depois de analisado, os resíduos são misturados e o composto que se forma pode ser aplicado desde a implantação dos vinhedos até a produção, a depender das necessidades nutricionais das parreiras. Com este composto orgânico, as plantas cresceram 34% a mais em comparação com as plantas que receberam uma adubação química, de acordo com as pesquisas da Embrapa. Além disso, as pesquisas apontaram ainda que as videiras cresceram de forma mais homogênea, em comparação a adubação química. Outras vantagens na formação de um solo saudável através de uma adubação orgânica são a presença da microflora e da microfauna, com pequenos organismos vivos colaboradores; o aumento da capacidade de retenção de água, o que ajuda a diminuir os riscos de erosão e estabilidade de temperatura, com menor diferença de temperatura do solo durante dia e noite. Porém, vale ressaltar, que estes benefícios são obtidos em um período de médio/longo prazo, depois de várias aplicações realizadas. O viticultor Roni Paulo Castoldi, de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, utiliza, há quase três anos, adubos orgânicos em sua produção de uvas de mesa. Segundo o produtor rural, ainda é cedo para falar em aumento de produtividade. Contudo, ele garante que houve importantes mudanças na sua área de produção. “A adubação orgânica está funcionando muito bem. Este material recompõe a vida do solo, ele cuida e mantém a microfauna e a microflora. Com isso, percebemos as plantas mais verdes e com mais vigor”, relata. A adubação orgânica em sua propriedade começou a ser realizada a partir de um vinhedo novo, instalado em 2016, com apoio da Emater/RS e da Embrapa Uva e Vinho. Ele está aliando a adubação com a cobertura vegetal do solo, com nabo forrageiro e azevém. O primeiro passo foi retirar o vinhedo antigo, onde eram aplicados adubos químicos. “Colocamos esterco nas covas e inserimos as mudas. Quinze dias após o plantio, entramos com um adubo biológico e realizamos esta adubação durante todo o período vegetativo a cada 30 dias. No total, foram seis meses. Em seguida, com o vinhedo consolidado, começamos a aplicar duas adubações por ano, sendo uma na brotação e outra no pós-colheita”, explica o agricultor que não utiliza mais adubação química no cultivo das variedades Isabel e Niagara.
Revista da Fruta • 25