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GIRO NO POMAR<br />
38<br />
Mirtilo no Cerrado<br />
Pesquisador<br />
utiliza ciência e<br />
tecnologia para<br />
produzir a fruta em<br />
região tropical<br />
Peru, Estados Unidos, China e Japão<br />
foram alguns países que o professor<br />
e pesquisador de Agronomia da Universidade<br />
de Brasília, Osvaldo Kiyoshi<br />
Yamanish,i percorreu em busca de<br />
informações e conhecimentos a<br />
respeito do mirtilo, fruta típica do<br />
clima temperado. Há três anos, o<br />
professor decidiu se tornar fruticultor.<br />
Em uma pequena área no Distrito Federal<br />
instalou sua produção da fruta.<br />
Contudo, o pomar Yamanishi está no<br />
Cerrado, com clima tropical, bem<br />
diferente das áreas convencionais<br />
para cultivo de mirtilo. Então, a partir<br />
desta particularidade, o pesquisador<br />
desenvolveu um projeto pioneiro que<br />
tem sido referência no Brasil.<br />
No Cerrado, ele tem cultivado o fruto<br />
em um sistema que dispensa as horas<br />
de frio tradicionalmente exigidas pela<br />
cultura, como acontece nos sistemas<br />
produtivos de frutíferas temperadas.<br />
Sendo assim, sua principal vantagem é<br />
oferecer ao mercado a fruta em período<br />
de entressafras nas principais regiões<br />
produtoras, como Canadá, Chile e Rio<br />
Grande do Sul, no Brasil.<br />
“Trabalho com a variedade biloxi,<br />
que já estava registrada no Brasil há<br />
20 anos. Com este material, produzimos<br />
com zero horas de frio. Enquanto<br />
outras variedades necessitam de 300,<br />
500 ou até 1 mil horas abaixo de 7ºC,<br />
esta cultivar [desenvolvida nos Estados<br />
Unidos] se comporta muito bem e produz<br />
com mínimas de 15ºC”, explica.<br />
Yamanishi detalha que no sistema<br />
desenvolvido por ele, as mudas são<br />
colocadas em bolsas com substrato<br />
de casca de arroz, o que elimina a<br />
proliferação de doenças de solo.<br />
Para evitar a queda das folhas, como<br />
acontece nos períodos de frio nas<br />
frutíferas temperadas, ele utiliza irriga-<br />
ção por gotejo durante todo o ano.<br />
“Minha produção é pequena, mas<br />
a ideia é mostrar que o mirtilo é um<br />
cultura viável para quem tem pouco<br />
espaço”, isso porque, segundo ainda<br />
o professor de Agronomia da UnB,<br />
neste sistema com bolsas, é possível<br />
trabalhar com uma alta densidade<br />
de plantas. “Dá para colocar 10 mil<br />
plantas por hectare. Além disso, o<br />
retorno é rápido, em até um ano, a<br />
planta está produzindo. No sistema<br />
convencional, a produção começa,<br />
em média, após três anos”.<br />
Hoje, o professor, pesquisador e<br />
fruticultor percorre o Brasil para falar<br />
sobre sua experiência e colaborar em<br />
projetos para implantação de pomares<br />
de mirtilo. Ele conta que fruticultores<br />
do Nordeste estão interessados na<br />
cultura. “Estamos trabalhando com<br />
um projeto na Bahia para levar a fruta<br />
em uma região onde a temperatura<br />
mínima fica acima de 20ºC”.<br />
O investimento inicial é alto. O<br />
produtor que quiser implantar um<br />
pomar de mirtilo irrigado em substrato<br />
terá que desembolsar por volta de R$<br />
400 mil por hectare. Se preferir cultivar<br />
diretamente no solo, o valor fica na<br />
casa dos R$120 mil reais.