RCIA - ED. 143 - JUNHO 2017
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ocupava um cargo público em São Paulo<br />
e exercia o cargo de vereador com<br />
o dispositivo de licenças frequentes,<br />
quando então Elézer o substituía. Determinação<br />
do Tribunal Regional Eleitoral<br />
no entanto afastou definitivamente<br />
Anthero e em 01/03/1966, Elézer<br />
tomou posse em caráter efetivo para<br />
preenchimento da vaga aberta com a<br />
renúncia e passou a ganhar espaço<br />
dentro da Câmara, exercendo o cargo<br />
de 1º Secretário em 1967, 1968 e<br />
1969. Em 1964 foi membro de uma<br />
Comissão Especial de Inquérito que investigou<br />
se os colégios de Araraquara<br />
estavam cumprindo o decreto federal<br />
que dispunha sobre o congelamento<br />
das anuidades e taxas escolares. Em<br />
1966 foi membro de uma comissão<br />
que estudou a possibilidade de abertura<br />
de diversas vias públicas do Município<br />
que se encontravam interrompidas.<br />
Em 1967 foi presidente da comissão<br />
que estudou, junto à firma Medina &<br />
Cia. Ltda, a possibilidade de fazer com<br />
que o Grêmio Recreativo 27 de Outubro<br />
permanecesse no mesmo prédio até<br />
o carnaval de 1968, o que realmente<br />
aconteceu. No mesmo ano foi membro<br />
da comissão que procurou solucionar,<br />
junto à direção da Escola de Belas Artes<br />
de Araraquara, ao Prefeito e às autoridades<br />
em Brasília, o problema que<br />
vinha dificultando o registro dos diplomas<br />
expedidos pela Escola.<br />
REGIÃO ADMINISTRATIVA<br />
Araraquara até 1967 era a 12ª<br />
Região Administrativa no Estado, juntamente<br />
com Ribeirão Preto, Baurú,<br />
Campinas, Franca, Marília, Presidente<br />
Prudente, São Paulo, São José dos<br />
Campos, São José do Rio Preto, Sorocaba<br />
e Araçatuba.<br />
As regiões administrativas eram<br />
consideradas cidades-pólo pois abrigavam<br />
as delegacias do Governo do Estado<br />
em todas as áreas: Saúde, Educação,<br />
Segurança além de outras e todas<br />
prosperaram pela circulação regional<br />
de pessoas. O discurso de Elézer Púglia<br />
teria sido o motivo para a canetada do<br />
governador Abreu Sodré, prejudicando<br />
servidores que trabalhavam nas delegacias,<br />
bem como suas famílias.<br />
O QUE O VEREADOR<br />
DISSE NA CERIMÔNIA<br />
Trechos originais extraídos das<br />
atas da Câmara Municipal<br />
Elézer Púglia<br />
PASTOR PARA<br />
RÔMULO LUPO<br />
PASTOR NA ABERTURA<br />
“Senhor Presidente, senhores vereadores.<br />
A rigidez do protocolo<br />
exige que eu leia este discurso, contra<br />
os meus hábitos de mau orador.<br />
Na verdade seria como prender um<br />
pássaro cantor para tentar extrair<br />
dele, cânticos mais melodiosos...”<br />
O senhor é um crítico mofino, querendo<br />
diminuir o valor da Filosofia;<br />
o senhor teve a petulância de dizer<br />
que a Filosofia é uma ciência tal que,<br />
com a qual e sem a qual, a vida vai tal Rômulo Lupo<br />
e qual... Outros críticos mais inconsequentes ainda, acharam<br />
de plagiar e empregaram a mesma frase para menosprezar a<br />
ciência da política...”<br />
PASTOR PARA<br />
ABREU SODRÉ<br />
“Se a Revolução de 31 de março<br />
tiver forças para levá-lo até lá, leve<br />
vossa excelência para o Palácio dos<br />
Bandeirantes. Mas como São Paulo<br />
já está descoberto e colonizado<br />
e não há mais índios para pear e<br />
Abreu Sodré<br />
nem ouro e diamantes para cobiçar,<br />
Araraquara deseja que vossa excelência se guie muito mais<br />
pelo espírito de “Nove de Julho” (Revolução).<br />
PASTOR PARA<br />
CARVALHO PINTO<br />
“Neste dia memorável, Araraquara<br />
lhe manda dizer, professor Carvalho<br />
Pinto, que não está saudando hoje<br />
pela minha pobre palavra, o político<br />
sagaz, o hábil caçador de votos, que<br />
só conhece o povo nessa hora; nem Carvalho Pinto<br />
o aproveitador de todas as situações,<br />
que sabe estar por cima de qualquer circunstância; nem o<br />
circunspecto fazedor de nada que, após eleito vai abocanhar<br />
tranquilamente o dinheiro que o mandato lhe dá, mais a<br />
verba pessoal e as verbas de representação sempre recebidas<br />
em moeda forte, que se desloca de tempos há tempos para<br />
a Europa, para gastar o dinheiro do povo com as barregãs<br />
de Paris; nem muito menos está saudando o catalizador das<br />
desgraças telúricas de um povo que sofre por tradição, que<br />
sofre por profissão, que sofre por atadismo - e não se levanta<br />
nunca, porque lhe ensinaram muito habilmente, que não há<br />
solução, que nossa tradição de só fazer revoluções brancas<br />
precisam ser mantidas e outras balelas semelhantes...<br />
“... Por uma fatalidade que desce do além, Araraquara<br />
hospeda hoje o passado, o presente e o futuro de São<br />
Paulo, representados nas pessoas do ex-governador, do<br />
atual governador e do próximo governador. O passado já<br />
conhecemos. E tanto conhecemos que estamos acolhendo<br />
com o que de melhor podemos ofertar - repartir com eles<br />
aquilos que somos! O presente não temos perspectiva ainda<br />
para julgá-lo no seu todo e é melhor então silenciar. O futuro<br />
não é possível adivinhá-lo.<br />
11<br />
QUEM ESCREVEU O<br />
DISCURSO PARA O PASTOR?<br />
Algum tempo depois comentou-se na cidade que<br />
os termos usados no discurso feito num período de<br />
turbulência da nossa política, teriam saído de Flávio Ferraz<br />
de Carvalho para leitura de Elézer Púglia.<br />
Flávio<br />
Ferraz de<br />
Carvalho,<br />
em retrato<br />
Quando o Pastor e Vereador Elézer<br />
Púglia diz que “A rigidez do protocolo<br />
exige que eu leia este discurso”, logo<br />
se imagina que alguém escreveu para<br />
ele. A política fervilhava, entre Arena e<br />
MDB, acompanhada pelo regime militar.<br />
Quem escreveu o discurso jamais<br />
poderia advinhar que a “vingança viria<br />
em uma canetada do governador<br />
Abreu Sodré”, seis meses após participar<br />
da solenidade na Câmara Municipal.<br />
As delegacias regionais foram<br />
saindo uma a uma: o prefeito Rômulo<br />
Lupo silenciou (também fora ofendido),<br />
os vereadores não tiveram como<br />
reagir e as críticas da imprensa não<br />
sensibilizaram Abreu Sodré.<br />
Araraquara possuía 19 vereadores:<br />
Alvaro Waldemar Colino, Antonio Donato,<br />
Caetano Nigro, Darcy Moralles,<br />
Elias Damus, Everaldo Isidoro da Silva,<br />
Flávio Ferraz de Carvalho, João Vergara<br />
Gonzales, Jobal Amaral Velosa,<br />
José Galli, José Pizani, José Wellington<br />
Pinto, Leonardo Crocci Filho, Octávio<br />
Bugni, Oswaldo Duarte, Rubens Bellardi<br />
Ferreira, Waldemar De Santi, Wilmo<br />
Gonçalves e Elézer Púglia.<br />
A polêmica sessâo teve três atas;<br />
as duas primeiras foram rejeitadas<br />
pois devia constar na íntegra o discurso<br />
do vereador.<br />
Algum tempo depois, o Pastor deixou<br />
Araraquara e foi morar em Brasília;<br />
Flávio Ferraz também saiu da cidade<br />
e se instalou em Alto Garça, no Mato<br />
Grosso, onde comprou uma fazenda.