Os vivos, o morto e o peixe-frito

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TITONHO
Pedra também? Olhe nós em Cabo Verde o que não nos falta é pedra… Temos muita pedra… [ri-se;
bebe cerveja.]
MANGUIMBO
[irônico] Nós também temos “pedras” em Angola. Mas são ligeiramente diferentes das vossas…
JJ MOURARIA
Não, desculpa […] Tava distraído aqui a ouvir uma sequência discursiva […] Sim […]
Mas descobriste quando? […] E ligas-me assim derrepentemente e desprevenidamente para me
arremessar essa notícia?…
MANGUIMBO
Mas, concretamente, como é que a coisa está organizada por aqui…?
TITONHO
Como assim?
MANGUIMBO
Quando é preciso despachar alguma coisa… Há contactos?
TITONHO
[entendendo] Isso depende dos materiais, e da urgência de cada um.
MANGUIMBO
E se o material for “bom” e a urgência for “alguma”…?
JJ MOURARIA
Eu? A quem? […] Então faz de conta que tu não sabes que eu sei que eles já sabem […] Pronto,
calma […] Eu também gosto muito de ti…
MANGUIMBO
Bem, também tamos só a falar numa hipótese, não é… Sempre é bom estar informado.
TITONHO
Estar informado, sim… [pausa] E ser cuidadoso: kond bô te ne te terra de estrônhe, nunca bô te sinti
ne bô casa!
MANGUIMBO
[pensativo] É verdade… Na terra do outro, a nossa casa é sempre emprestada…
JJ MOURARIA
Achas que vou como? […] Não é isso, é claro que vou de autocarro, mas vou sozinho? […] Sim
[…] Hum […]; [assustado] o quê?! Padrinho!? […] Mas não era só ainda uma pequena introdução
superficial, ou é já revisão da matéria dada? […] Não sei […] Olha, achas boa ideia levar
champanhe?
ONDJAKi
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