Jornal Aacel 26
SE ACREDITARMOS QUE DEMOCRACIA É LIBERDADE NUNCA DEIXAREMOS DE SER ESCRAVXS. DESMASCAREMOS ESTA GRANDE MENTIRA, CONSTRUAMOS A ANARQUIA!
SE ACREDITARMOS QUE DEMOCRACIA É LIBERDADE NUNCA DEIXAREMOS DE SER ESCRAVXS. DESMASCAREMOS ESTA GRANDE MENTIRA, CONSTRUAMOS A ANARQUIA!
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SOBRE HERÓIS E CIDADÃOS: O costa. Um legado de décadas de intoxicação das<br />
HOLOCAUSTO BRASILEIRO<br />
águas, da fauna e da flora marítimas. É mais que<br />
Sucessivos governos usaram o capital ambiental triste; é desesperador. Assim como é desesperador<br />
brasileiro como se este fosse infinito.<br />
ver a completa omissão das autoridades diante de um<br />
A degradação do meio ambiente no Brasil faz desastre dessa dimensão. O governo federal sequer<br />
parte de seu modelo de desenvolvimento. Nas acionou um protocolo conhecido para situações<br />
últimas décadas, a exploração selvagem de minérios, como essas. Bolsonaro apenas aproveitou a situação<br />
o agronegócio com sua voracidade por novas para dar mais um lance em sua guerra ideológica<br />
fronteiras agrícolas, aliada à monocultura, o uso particular, atacando imediatamente a Venezuela e<br />
praticamente exclusivo de meios de transporte repetindo como um autômato que o óleo não é<br />
baseados em carros e caminhões, a condenação de nosso. Como se isso diminuísse a morte que se<br />
extensas áreas florestais alagadas por usinas espraia pelo litoral e seus ecossistemas.<br />
hidroelétricas etc. são signos inequívocos disso. Há quem veja poesia e patriotismo nos<br />
Sucessivos governos usaram o capital ambiental voluntários que estão lutando contra o petróleo cru,<br />
brasileiro como se este fosse infinito.<br />
munidos de suas mãos e braços. Eu vejo o<br />
Ao que parece, a conta dessa política<br />
predatória está chegando. E justamente no momento<br />
em que a preservação do meio ambiente se torna um<br />
valor universal, em face das evidências de que a vida<br />
tal qual a conhecemos neste planeta está em risco. É<br />
o pior cenário possível para o país. Tornar-se um<br />
vilão internacional, caminhando a passos largos para<br />
se tornar um pária.<br />
No Brasil, que assiste impassível à destruição<br />
que trabalharam nos resgates de corpos em Minas ou<br />
que limpam as praias do Nordeste parecem<br />
de seus direitos previdenciários e trabalhistas, o reconhecer a inoperância e mesmo ausência do<br />
holocausto ambiental, para usar os termos de Marina Estado, sua ação heroica, sua saída individualista,<br />
Silva, é a cereja do bolo das ruínas que estamos mesmo quando aparentemente é a comunidade que<br />
construindo. Sim, porque ruínas também se se reúne, permite que esse mesmo Estado se demita<br />
constroem. A lama tóxica que submergiu de suas obrigações. Dessa forma, o governo federal<br />
comunidades inteiras em Mariana e Brumadinho, pode continuar a ignorar o desastre porque, vejam<br />
deixando atrás de si milhares de mortos, incluindo que lindo, as pessoas estão cuidando do assunto. São<br />
pessoas, animais, bosques e rios, são ruínas os heróis anônimos brasileiros.<br />
construídas. As dezenas de centenas de quilômetros Talvez sejam heróis, mas precisamos mais de<br />
quadrados de florestas e cerrados queimados<br />
também são ruínas construídas. Assim como o são as<br />
comunidades submersas de Belo Monte.<br />
Como a destruição parece ser implacável,<br />
agora são as praias do Nordeste as atingidas. O<br />
maior patrimônio turístico brasileiro, o lar e os meios<br />
de trabalho de milhões de pessoas tingidos de lama<br />
negra. Mais de 200 localidades, mais de 2.200 km de<br />
desamparo e o desespero de pessoas cujos lares estão<br />
sendo invadidos pelo terror. Estas se transformam<br />
em um espécie de Dom Quixote pós-moderno, cujo<br />
monstro a ser combatido é real mas cujas armas são<br />
imaginárias. Porque as armas reais só o Estado<br />
possui.<br />
Entretanto, se é verdade que os voluntários<br />
cidadãos que de heróis.<br />
Ouso afirmar que seria muito mais efetivo se<br />
essas mesmas pessoas estivessem quebrando<br />
vidraças de bancos, incendiando carros e gritando<br />
diante dos parlamentos e das sedes de governo. Ou<br />
melhor, que todos nós estivéssemos fazendo isso. As<br />
revoltas no Chile e as dos coletes amarelos na<br />
França, por exemplo, obtiveram respostas que
nenhum mutirão irá conseguir. Há certos momentos sociedade se tornam necessidades e aspirações<br />
em que esse bom mocismo típico da cultura política individuais, sua satisfação promove os negócios e a<br />
brasileira só aprofunda nosso necroestado. comunidade, e o conjunto parece constituir a própria<br />
Enquanto nos vangloriamos de nossas personificação da Razão.<br />
manifestações pacíficas, seguimos presenciando o Não obstante, essa sociedade é irracional<br />
holocausto ambiental e o transformando em como um todo. Sua produtividade é destruidora do<br />
metáfora da destruição dos direitos sociais e das livre desenvolvimento das necessidades e faculdades<br />
instituições democráticas. Enquanto o primeiro humanas; sua paz, mantida pela constante ameaça de<br />
produz a fumaça negra das queimadas, as manchas guerra; seu crescimento, dependente da repressão<br />
negras de óleo, água negra de rios, o segundo produz das possibilidades reais de amenizar a luta pela<br />
desemprego, pobreza e desigualdade social existência - individual, nacional e internacional. Essa<br />
galopantes.<br />
repressão, tão diferente daquela que caracterizou as<br />
Ambos evidenciam o colapso das instituições etapas anteriores, menos desenvolvidas, de nossa<br />
brasileiras e ambos comprometem o futuro. Sobre sociedade, não opera, hoje, de uma posição de<br />
esse, uma coisa já sabemos com certeza. Será imaturidade natural e técnica, mas de fôrça. As<br />
sombrio.<br />
aptidões (intelectuais e materiais) da sociedade<br />
contemporânea são incomensuràvelmente maiores<br />
Há um só modelo de justiça em todos os do que nunca dantes - o que significa que o alcance<br />
Estados - o que convém aos poderes constituídos. da dominação da sociedade sôbre o indivíduo é<br />
Ora estes são os que detêm a força. De onde resulta, incomensuràvelmente maior do que nunca dantes. A<br />
para quem pensar corretamente, que a justiça é a nossa sociedade se distingue por conquistar as fôrças<br />
mesma em toda parte: a conveniência do mais forte".<br />
Platão<br />
A PARALISIA DA CRÍTICA<br />
A ameaça de uma catástrofe atômica, que SE ACREDITARMOS QUE DEMOCRACIA É<br />
poderia exterminar a raça humana, não servirá, LIBERDADE NUNCA DEIXAREMOS DE SER<br />
também, para proteger as próprias fôrças que ESCRAVXS. DESMASCAREMOS ESTA<br />
perpetuam êsse perigo? Os esforços para impedir tal GRANDE MENTIRA, CONSTRUAMOS A<br />
catástrofe ofuscam a procura de suas causas ANARQUIA!<br />
potenciais na sociedade industrial contemporânea.<br />
Essas causas ainda não foram identificadas,<br />
reveladas e consideradas pelo público porque<br />
refluem diante da ameaça do exterior, demasiado<br />
visível - do Oriente contra o Ocidente, do Ocidente<br />
contra o Oriente. É igualmente óbvia a necessidade<br />
de se estar preparado, de se viver à beira do abismo,<br />
de se aceitar o desafio. Nós nos submetemos à<br />
produção pacífica dos meios de destruição, à<br />
perfeição do desperdício, a ser educados para uma<br />
defesa que deforma os defensores e aquilo que êstes<br />
defendem.<br />
Se tentamos relacionar as causas do perigo<br />
com a forma pela qual a sociedade é organizada e<br />
organiza os seus membros, defrontamos,<br />
imediatamente, com o fato de a sociedade industrial<br />
desenvolvida se tornar mais rica, maior e melhor ao<br />
perpetuar o perigo. A estrutura da defesa torna a vida<br />
mais fácil para um maior número de criaturas e<br />
expande o domínio do homem sôbre a natureza. Em<br />
tais circunstâncias, os nossos meios de informação<br />
em massa encontram pouca dificuldade em fazer<br />
aceitar interêsses particulares como sendo de todos<br />
os homens sensatos. As necessidades políticas da<br />
sociais centrífugas mais pela Tecnologia do que pelo<br />
Terror, com dúplice base numa eficiência<br />
esmagadora e num padrão de vida crescente.<br />
FOTO: JOVEM ENCARA POLÍCIA NO CHILE