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RCIA - ED. 68 - MARÇO 2011

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O

ARTIGO

ÁRABES

* Luiz Carlos Bedran

panorama político nacional está

meio quieto e a oposição - se é

que existe - aguarda os 100 dias

do governo Dilma para, talvez, se manifestar.

Mas o mesmo não ocorre no âmbito

internacional, nos países árabes

do norte da África, onde há uma revolta

popular generalizada em curso contra

os governos autoritários que se

mantêm no poder há décadas.

Tudo começou porque um ambulante

na Tunísia, em protesto contra

postura do governo que o impediu de

continuar com seu negócio, imolou-se

com fogo. O presidente daquele país

caiu; depois foi a vez de Mubarak, do

Egito e agora há manifestações contra

Kadafi, na Líbia, que está na corda

bamba.

Fora as que se sucederam e sucedem

na Argélia, Jordânia, Iêmen, Bahrein,

Síria, Irã, na Cisjordânia e na Faixa

de Gaza. Por enquanto a Arábia

Saudita está quieta e o Líbano, apesar

da disputa centenária entre os próprios

libaneses, das várias facções político-religiosas,

é considerado um

país democrático. Já a Turquia, pelo

Império Otomano, que dominava toda

aquela região, perdeu seu poder na Primeira

Guerra Mundial, mas modernizou-se

e tornou-se laica com Kemal

Ataturk e, aos trancos e barrancos,

assim permanece até hoje.

Maomé difundiu sua religião e, através

dela, a língua árabe. Dividiu o mundo

entre Oriente e Ocidente, entre cristianismo

e islamismo. Não se sabe

qual das duas religiões infundiu mais

terror ou foi mais deletéria para a humanidade.

Talvez ambas.

Mas para nós que vivemos no Ocidente,

não conseguimos fugir dos preconceitos

contra os árabes, ainda

mais depois do fatídico ato terrorista

de 11 de setembro nos EUA. Mas essa

visão etnocêntrica, a da civilização ocidental,

precisa acabar.

Devemos reconhecer também a importância

da civilização árabe para a

própria humanidade. Conhecê-los melhor

para melhor entendê-los, lendo

Edward W. Said, em “Orientalismo - O

Oriente como Invenção do Ocidente”;

Amin Maalouf, em “As Cruzadas vistas

pelos Árabes”; Albert Hourani, em

“Uma História dos Povos Árabes” e

Bernard Lewis, “O Oriente Médio” entre

outros; sobre a influência dos antigos

árabes na civilização ocidental,

com o seu conhecimento da física, da

matemática, da medicina, com Alkindi,

Alfarabi, Ibn Sina (Avicena) e Ibn Ruxd

(Averróis).

Entretanto, graças ao racionalismo

ocidental, que vem desde os antigos filósofos

gregos, o conhecimento atingiu

as alturas e é isso que está causando essas

revoltas no mundo árabe, até então

sujeito ao obscurantismo políticoreligioso,

de interesse apenas de uma

elite governante que subjuga o povo e

procura deixá-lo ignorante para não se

rebelar contra o “status quo” vigente.

Graças à revolução da tecnologia

da informação, pela internet, computador,

Facebook, Twitter, celular e televisão,

aqueles povos (os jovens, principalmente)

do norte da África tiveram noção,

consciência mesmo, de que a

opressão pode ser eliminada e seus direitos

reconhecidos pelos governantes.

Mas ainda terão muitos anos pela

frente para atingir uma democracia plena,

num Estado laico, sem serem governados

por religiosos fanáticos seguidores

do Alcorão, nem leis baseadas

nele, apesar de o seguirem tradicionalmente.

A integração Oriente-Ocidente é

apenas, talvez, uma questão de pouco

tempo. A humanidade chegará num

ponto em que, como já dissera o filósofo

Bergson em 1937, ainda imperará a

democracia, na qual se reconciliariam

as duas irmãs inimigas, liberdade e

igualdade, pois, “acima de tudo, seria

colocada a fraternidade”.

* Luiz Carlos Bedran

é sociólogo, jornalista e colaborador

da Revista Comércio & Indústria

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