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O
ARTIGO
ÁRABES
* Luiz Carlos Bedran
panorama político nacional está
meio quieto e a oposição - se é
que existe - aguarda os 100 dias
do governo Dilma para, talvez, se manifestar.
Mas o mesmo não ocorre no âmbito
internacional, nos países árabes
do norte da África, onde há uma revolta
popular generalizada em curso contra
os governos autoritários que se
mantêm no poder há décadas.
Tudo começou porque um ambulante
na Tunísia, em protesto contra
postura do governo que o impediu de
continuar com seu negócio, imolou-se
com fogo. O presidente daquele país
caiu; depois foi a vez de Mubarak, do
Egito e agora há manifestações contra
Kadafi, na Líbia, que está na corda
bamba.
Fora as que se sucederam e sucedem
na Argélia, Jordânia, Iêmen, Bahrein,
Síria, Irã, na Cisjordânia e na Faixa
de Gaza. Por enquanto a Arábia
Saudita está quieta e o Líbano, apesar
da disputa centenária entre os próprios
libaneses, das várias facções político-religiosas,
é considerado um
país democrático. Já a Turquia, pelo
Império Otomano, que dominava toda
aquela região, perdeu seu poder na Primeira
Guerra Mundial, mas modernizou-se
e tornou-se laica com Kemal
Ataturk e, aos trancos e barrancos,
assim permanece até hoje.
Maomé difundiu sua religião e, através
dela, a língua árabe. Dividiu o mundo
entre Oriente e Ocidente, entre cristianismo
e islamismo. Não se sabe
qual das duas religiões infundiu mais
terror ou foi mais deletéria para a humanidade.
Talvez ambas.
Mas para nós que vivemos no Ocidente,
não conseguimos fugir dos preconceitos
contra os árabes, ainda
mais depois do fatídico ato terrorista
de 11 de setembro nos EUA. Mas essa
visão etnocêntrica, a da civilização ocidental,
precisa acabar.
Devemos reconhecer também a importância
da civilização árabe para a
própria humanidade. Conhecê-los melhor
para melhor entendê-los, lendo
Edward W. Said, em “Orientalismo - O
Oriente como Invenção do Ocidente”;
Amin Maalouf, em “As Cruzadas vistas
pelos Árabes”; Albert Hourani, em
“Uma História dos Povos Árabes” e
Bernard Lewis, “O Oriente Médio” entre
outros; sobre a influência dos antigos
árabes na civilização ocidental,
com o seu conhecimento da física, da
matemática, da medicina, com Alkindi,
Alfarabi, Ibn Sina (Avicena) e Ibn Ruxd
(Averróis).
Entretanto, graças ao racionalismo
ocidental, que vem desde os antigos filósofos
gregos, o conhecimento atingiu
as alturas e é isso que está causando essas
revoltas no mundo árabe, até então
sujeito ao obscurantismo políticoreligioso,
de interesse apenas de uma
elite governante que subjuga o povo e
procura deixá-lo ignorante para não se
rebelar contra o “status quo” vigente.
Graças à revolução da tecnologia
da informação, pela internet, computador,
Facebook, Twitter, celular e televisão,
aqueles povos (os jovens, principalmente)
do norte da África tiveram noção,
consciência mesmo, de que a
opressão pode ser eliminada e seus direitos
reconhecidos pelos governantes.
Mas ainda terão muitos anos pela
frente para atingir uma democracia plena,
num Estado laico, sem serem governados
por religiosos fanáticos seguidores
do Alcorão, nem leis baseadas
nele, apesar de o seguirem tradicionalmente.
A integração Oriente-Ocidente é
apenas, talvez, uma questão de pouco
tempo. A humanidade chegará num
ponto em que, como já dissera o filósofo
Bergson em 1937, ainda imperará a
democracia, na qual se reconciliariam
as duas irmãs inimigas, liberdade e
igualdade, pois, “acima de tudo, seria
colocada a fraternidade”.
* Luiz Carlos Bedran
é sociólogo, jornalista e colaborador
da Revista Comércio & Indústria
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