Agenda novembro-dezembro do DDC
Agenda cultural do Departamento de Difusão Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Agenda cultural do Departamento de Difusão Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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o que muda, segundo o Jameson, é que hoje na
arte o artista não é mais o criador. Ele passa a ser
um rearranjador de coisas prontas. Ele está falando
sobre a instalação. Toda essa mudança de valores
traz mudanças de comportamentos. Hoje, somos
mais individualistas. Falamos pelo celular. Trocamos
o toque humano pela tela do celular. Então,
respondendo à sua pergunta. O que nós queremos
com uma política cultural, se entendermos que a
cultura é toda ação do homem na natureza. Eu vou
entender o seguinte: o maior valor que pretendemos
resgatar é o próprio homem. É o valor do homem
com seus valores pétreos.
Temos novas discussões ao longo das últimas
décadas, como as questões LGBT, raciais…
Inúmeros assuntos são relativamente novos, como
as discussões étnicas pós-Segunda Guerra Mundial,
a questão da dignidade humana e direitos humanos
com a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Essas questões devem estar contempladas na
política cultural da universidade?
Sem a menor sombra de dúvida! Como você
mencionou, essas discussões começam na Segunda
Guerra Mundial, com o conceito de nação. E
aparece de uma forma muito forte nas artes e na
literatura nos anos 1980. São aqueles que ficavam
à margem do poder e que começam a ter voz. É
o que chamamos de globalização da economia
e multiculturalismo do ponto de vista humano.
Mas esse multiculturalismo precisa respeitar a
diversidade. Toda a sua amplitude. Embora falemos
sobre isso, a xenofobia está em voga, principalmente
na Europa. No Brasil, temos o mais alto índice
de feminicídio. Então, isso tudo está colocado
como aspecto cultural. Quem deve dar conta das
migrações do século XXI? É a cultura. Então por isso
que eu disse que em última análise é esse resgate
do homem em sua essência humana que deve ser
buscado.
O governo vem reduzindo de maneira drástica
o orçamento universitário e está em voga uma
retórica agressiva contra as instituições federais
de ensino. Até que ponto a cultura e a extensão
de maneira geral são importantes para melhorar a
percepção na sociedade da universidade pública?
Eu acho importante a sua pergunta, até porque
ela me permite mostrar o que na universidade
nós entendemos como cultura. Nós entendemos
que cultura é também artística. Mas temos
também a cultura científica, que não podemos
abrir mão de discutir dentro de uma política
cultural. Essa conversa entre esses dois eixos é
de responsabilidade da própria universidade. Eu,
particularmente, penso que esse governo está
totalmente equivocado. Eu acho que ele precisava
ter um inimigo para se afirmar como governo. Que
melhor inimigo que a própria universidade? Toda
universidade é comunista? Não! A universidade, na
sua grande diversidade, é pluripartidária. Ela tem
diferentes posições ideológicas. Por outro lado, o
outro grande inimigo é a cultura. Até por isso, o
governo extinguiu o Ministério da Cultura. Eu vejo
isso com muita preocupação. Nós tivemos um ano
muito difícil, mas como as universidades federais
têm um potencial muito grande conseguem segurar
[esse ímpeto]. Aquilo que elas fazem é muito maior
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