Agenda novembro-dezembro do DDC
Agenda cultural do Departamento de Difusão Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Agenda cultural do Departamento de Difusão Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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do que faz um governo. Quando se mata ou se
tenta matar a cultura de um povo, tentamos criar
artificialmente uma identidade. Se eu não respeito
a cultura, eu não respeito o povo como ele é.
Sempre que identidades artificiais foram criadas,
vivemos em regimes totalitários. Eu vou dar dois
exemplos fora do Brasil: Hitler tentou forjar uma
identidade ariana. Ela não se sustenta, pode até
durar décadas. A mesma coisa fez o Salazar em
Portugal (professor Antonio Salazar, ditador do
país ibérico entre 1932 e 1968), passando filmes,
dizendo que o governo estava cuidando do povo,
dando casas, isso e aquilo. Quando temos a ideia
de forjar uma outra identidade de um povo, se corre
um perigo muito grande, pois pode durar gerações,
mas isso termina. E a reconstrução daquilo que
nós somos essencialmente é muito difícil. Então, o
governo nesse sentido, em vez de fazer o bem para
o povo, ele faz um mal. Quando não se reconhece
que a universidade faz 95% das pesquisas, não se
reconhece que a universidade é responsável pelo
desenvolvimento do país. Quando se corta toda
a verba – como foi cortada – para a extensão, se
desconhece que a universidade é a mentora e a
executora de um programa de justiça social que
deveria ser do próprio governo. Então, quando você
elimina o desenvolvimento com justiça social você
não tem muito a esperar de um país. E essa é a
grande responsabilidade das universidades.
Há uma discussão acerca da necessidade de as
universidades incrementarem as parcerias com as
fundações de apoio e a iniciativa privada. O que a
senhora pensa sobre isso? Reduziria a autonomia
universitária em prol do interesse privado?
A melhor resposta para isso é o Future-se. O
primeiro projeto do Future-se colocava uma OS
(organização social) para gerir a universidade,
desde o que acontece na sala de aula até a alta
gestão. Bom, isso é absolutamente inviável. Uma
universidade pública tem que ter autonomia
de gestão, autonomia didático-pedagógica.
Não vejo que um convênio com uma empresa
vá trazer alguma dificuldade na autonomia da
universidade. Veja, a UFRGS, a PUCRS e a Unisinos
estão na aliança, no pacto de Porto Alegre pelo
desenvolvimento. Isso faz parte da universidade.
Ela deve guardar determinados valores, mas ela
tem que acompanhar para poder servir a própria
universidade. Eu não vejo como impedimento. A
universidade tem convênios com N empresas. Mas
sempre resguardando a autonomia. A universidade
não é uma empresa privada, e não pode ser uma
empresa privada. Se ela se tornar, ela perde toda a
autonomia e passa a cobrar como tal. O Future-se
tentava transformar a universidade em uma empresa
híbrida, público-privada. Isso tira a característica
da própria universidade. Se tem uma coisa pela
qual não podemos abrir mão é da nossa própria
autonomia. E aí não importa se é uma OS, uma
fundação ou uma empresa. Se isso interferir na
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