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Agenda novembro-dezembro de 2019 do DDC-UFRGS

Agenda cultural do Departamento de Difusão Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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o que muda, segundo o Jameson, é que hoje na

arte o artista não é mais o criador. Ele passa a ser

um rearranjador de coisas prontas. Ele está falando

sobre a instalação. Toda essa mudança de valores

traz mudanças de comportamentos. Hoje, somos

mais individualistas. Falamos pelo celular. Trocamos

o toque humano pela tela do celular. Então,

respondendo à sua pergunta. O que nós queremos

com uma política cultural, se entendermos que a

cultura é toda ação do homem na natureza. Eu vou

entender o seguinte: o maior valor que pretendemos

resgatar é o próprio homem. É o valor do homem

com seus valores pétreos.

Temos novas discussões ao longo das últimas

décadas, como as questões LGBT, raciais…

Inúmeros assuntos são relativamente novos, como

as discussões étnicas pós-Segunda Guerra Mundial,

a questão da dignidade humana e direitos humanos

com a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Essas questões devem estar contempladas na

política cultural da universidade?

Sem a menor sombra de dúvida! Como você

mencionou, essas discussões começam na Segunda

Guerra Mundial, com o conceito de nação. E

aparece de uma forma muito forte nas artes e na

literatura nos anos 1980. São aqueles que ficavam

à margem do poder e que começam a ter voz. É

o que chamamos de globalização da economia

e multiculturalismo do ponto de vista humano.

Mas esse multiculturalismo precisa respeitar a

diversidade. Toda a sua amplitude. Embora falemos

sobre isso, a xenofobia está em voga, principalmente

na Europa. No Brasil, temos o mais alto índice

de feminicídio. Então, isso tudo está colocado

como aspecto cultural. Quem deve dar conta das

migrações do século XXI? É a cultura. Então por isso

que eu disse que em última análise é esse resgate

do homem em sua essência humana que deve ser

buscado.

O governo vem reduzindo de maneira drástica

o orçamento universitário e está em voga uma

retórica agressiva contra as instituições federais

de ensino. Até que ponto a cultura e a extensão

de maneira geral são importantes para melhorar a

percepção na sociedade da universidade pública?

Eu acho importante a sua pergunta, até porque

ela me permite mostrar o que na universidade

nós entendemos como cultura. Nós entendemos

que cultura é também artística. Mas temos

também a cultura científica, que não podemos

abrir mão de discutir dentro de uma política

cultural. Essa conversa entre esses dois eixos é

de responsabilidade da própria universidade. Eu,

particularmente, penso que esse governo está

totalmente equivocado. Eu acho que ele precisava

ter um inimigo para se afirmar como governo. Que

melhor inimigo que a própria universidade? Toda

universidade é comunista? Não! A universidade, na

sua grande diversidade, é pluripartidária. Ela tem

diferentes posições ideológicas. Por outro lado, o

outro grande inimigo é a cultura. Até por isso, o

governo extinguiu o Ministério da Cultura. Eu vejo

isso com muita preocupação. Nós tivemos um ano

muito difícil, mas como as universidades federais

têm um potencial muito grande conseguem segurar

[esse ímpeto]. Aquilo que elas fazem é muito maior

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