Agenda novembro-dezembro de 2019 do DDC-UFRGS
Agenda cultural do Departamento de Difusão Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Agenda cultural do Departamento de Difusão Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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autonomia, não pode passar.
O governo, aparentemente, ataca em várias
frentes, seja na questão das OS, do Escola sem
Partido, Future-se… Ele pretende minar o poder das
universidades em âmbito nacional?
Ele tenta tirar o poder, mas ainda é um pouco
pior. Sempre que você tem uma determinação de
cima para baixo no Brasil. Ou seja, sem respeitar
a autonomia e a diversidade, eu sempre termino
pensando no filme Tempos Modernos, do Charles
Chaplin. Eu estarei formando pessoas que não
precisam pensar, pois o pensamento vem de
cima para baixo. Quando o Chaplin está numa
fábrica apertando parafusos, ele, subitamente, está
apertando no ar. Isso é muito perigoso de se fazer
com o povo. Isso significa um atraso em todo e
qualquer setor de atividade industrial ou comercial.
Para as universidades, também. A válvula de escape
acaba sendo a própria universidade. Temos que
entender que a universidade é um patrimônio
público. Cabe a sociedade – não só aqueles que
estão dentro – lutar por um patrimônio que é seu.
A Patrícia Fagundes, por outro lado, disse que
seria importante criar e manter um corredor
cultural no país através de associações e grupos.
Especialmente nesse momento de ataque às IFs
seria importante vincular a política cultural delas?
Como a senhora pensa que seria possível?
Eu acho que isso é fundamental. O nosso ponto de
partido é a América Latina. Chamamos essas redes
de Redes Solidárias e Compartilhadas. Vamos pensar
na extensão. A extensão coloca a universidade na
sociedade e traz a sociedade para a universidade.
Ela acolhe os diferentes saberes. Quando você
acolhe os diferentes saberes, você modifica o
seu próprio saber. Na América Latina, temos uma
sintonia que não é completa. Ela só vai se completar
se tomarmos como missão essas redes solidárias
e compartilhadas. Não somente na questão de
justiça social, mas na questão de desenvolvimento
científico-tecnológico. A pergunta que se faz é a
seguinte: por que em cada país temos que inventar
a roda se ela já inventada e melhorada? Então, é o
momento se se fazer uma rede.
A cultura tem um papel de resistência e de diálogo
entre diversos campos. A gestão de vocês foi uma
das que mais valorizou o campo da cultura. Você
teme mudanças bruscas de direção a partir do ano
que vem?
Eu acho que a universidade é muito forte. Ela é
mais forte do que qualquer gestão. Não temo pelo
fim da cultura. Temo pela questão orçamentária. Já
foi anunciado que ano que vem a verba anunciada
será muito menor do que a verba deste ano, e que
já foi praticamente insustentável. A extensão não
recebe mais nada. Isso me preocupa muito. Agora,
seja quem for que esteja aqui, o aspecto cultural
está tão consolidado no Museu, Centro Cultural, no
DDC-UFRGS, que mesmo que nós possamos a ter
limites, isso não vai absolutamente desaparecer. Nós
temos talentos na universidade, temos uma força
criativa muito grande. Isso vai prevalecer. A nossa
necessidade de cultura é muito forte.
A formalização de uma política cultural na
UFRGS pode vir a ser um grande legado
que essa administração quer deixar? Qual o
principal pensamento ou eixo que deve constar
obrigatoriamente no documento a ser redigido?
A política cultural, seja ela artística, seja científica,
tem que ter uma meta. E essa meta é o homem. O
homem é o centro irradiador e o centro que apara
a própria cultura. É isso que temos que entender.
No momento que nós compreendemos, estaremos
contribuindo também para uma mudança na
sociedade através da cultura.
Entrevista realizada por João Vitor C. Novoa,
coordenador de comunicação do DDC.
JANE TUTIKIAN | CONFERÊNCIAS UFRGS
Data: 13 de novembro de 2019
Horário: quarta-feira, às 19h
Local: Centro Cultural da UFRGS
Av. Eng. Luiz Englert, 333
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