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Revista Mulher Africana

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_efeméride

_psicologia

Merenda escolar

com fruta, campos

mais produtivos

Por Henda Claro

(…) cada um de nós se

lembre de quão violento,

agressivo e opressor

pode ser o Ser Humano,

quando tem demasiado

poder depositado em si.

ao poder, em 1933, a Alemanha já não tinha colónias. Estas tinham

sido divididas entre os vencedores da I Guerra Mundial,

Reino Unido, França e Bélgica. A África do Sul passou a governar

a Namíbia.

Muito embora, não fosse África o caminho para o seu domínio,

um ano depois de assumir o poder, Hitler criou o seu próprio departamento

de política colonial – o Kolonialpolitisches Amt com a

intenção de reaver as suas colónias de volta, de olho nos lucros que

podia fazer em África – Um mercado novo e rico em matérias-primas

e recursos naturais.

Com a resistência da União Soviética (1943), o recém-criado

departamento de política colonial alemão foi extinto e, dois anos

mais tarde, a Alemanha perdia a II Guerra Mundial.

Yolocaust – uma sátira

a quem um memorial de

guerra

Shahak Shapira é um artista, comediante, autor e músico, alemão

de origem israelita que decidiu criar um projeto onde questiona

o comportamento das pessoas que visitam o Memorial dos

Judeus mortos durante o Holocausto. Após uma longa pesquisa,

fez montagens em Photoshop, colocando as fotografias originais

de judeus mortos no campo de concentração de Auschwitz, como

se quem tirou selfies em cima de túmulos, e nas várias zonas de

possível visita desse mesmo memorial. As fotografias ficaram chocantes,

quase reais como se os turistas estivessem a espezinhar as

vítimas ou a partilhar espaços de tortura com as mesmas. O projeto

tornou-se um sucesso e as fotos virais. O seu único objetivo era

fazer as pessoas entenderem que os seus comportamentos não estavam

corretos.

E explica o projeto assim:

“Querida Internet,

na semana passada lancei um projeto chamado Yolocaust, que

explora a nossa cultura comemorativa de combinar selfies tiradas

no Memorial do Holocausto, em Berlim, com pegadas nos campos

de extermínio nazis. As selfies foram encontradas no Facebook,

Instagram, Tinder e Grindr e os comentários, hashtgas e

likes encontrados junto delas. A página foi visitada por mais de

2,5 milhões de pessoas. O mais incrível do projeto foi ter alcançado

as 12 pessoas cujas selfies foram publicadas. Quase todos compreenderam

a mensagem, pediram desculpa e comprometeram-se

a apagar as fotografias dos seus perfis do Facebook e Instagram.

Além disso, recebi um enorme retorno de vários pesquisadores sobre

o Holocausto, pessoas que já trabalharam no memorial, pessoas

que perderam familiares durante o Holocausto, professores

que querem usar o projeto em aulas, e pessoas más que mandaram

fotografias de amigos e familiares para eu adaptar ao Photoshop.

Podem ver o feedback que eu tive. Mas a resposta mais interessante,

veio de um jovem rapaz também fotografado com Photoshop,

na primeira foto deste projeto a saltar em cima de um túmulo de

judeus mortos. Mandou-me um email que penso ser uma boa forma

de acabar este projeto”:

“Eu sou o tipo que te inspirou a fazer o Yolocaust, pelo menos

li. Eu sou o que salta em… eu nem consigo escrever, fico doente

só de olhar. Não quis ofender ninguém. Agora, continuo a ver as

minhas palavras nos cabeçalhos e títulos. Eu vi que tipo de impacto

aquelas palavras têm e é de loucos e não era o que eu queria.

A fotografia foi para os meus amigos como uma piada. Eu estou

agora a deixar de fazer piadas online, piadas estupidas, piadas sarcásticas.

E eles entenderam. Se me conhecesse, também entenderias.

Mas quando é partilhado, e chega até estranhos que não têm

ideia de quem eu sou, eles apenas vêm alguém a desrespeitar alguma

coisa importante para outra pessoa ou para eles mesmos.

Essa não foi a minha intenção. E peço desculpa. Verdadeiramente.

Com isso na cabeça”

http://Yolocaust.de

Quantos de nós já não vimos ou não tiramos selfies em sítios

inusitados? Dá que pensar e fazer-nos não perder o respeito pelo

próximo.

E se utilizássemos a fruta que é produzida em Angola para

enriquecer a merenda escolar das nossas crianças?

Há anos que debatemos a questão da Merenda Escolar

Angolana. A mesma merenda que desapareceu, deixando

um rasto de gastos desnecessários, na sua implementação…

Se sucesso nem continuidade. Quanto a mim, um

crime tão punível como outro qualquer.

A Organização das Nações Unidas considera a merenda

escolar uma obrigação, porque faz parte do Plano de Luta

contra a Pobreza. E na Realidade, em muitos casos, a entrega

de uma merenda é a única motivação que muitos pais pobres

têm para incentivar os seus filhos a frequentar a escola.

Muitos países africanos são exemplo de que gastar dinheiro

a construir escolas somente não é suficiente para

as pessoas que vivem em extrema pobreza se motivarem

a estudar. E é por isso, que muitos milhões gastos em infraestruturas

acabam por ser em vão, sendo que algumas

escolas ficam fechadas e paulatinamente se vão degradando.

E com as escolas degradas, os resultados são os que já

por todos nós são conhecidos.

E se, no meio de tanta pobreza tomássemos a iniciativa

de comprar as produções dos agricultores nacionais, e utilizássemos

a fruta como merenda escolar? Com esta fruta

nutriríamos as crianças, alegraríamos as vidas deles e não

matávamos o agronegócio.

Seria um casamento perfeito. Temos de fazer com que

a merenda escolar entre novamente para o sistema académico

angolano, em todo o território Nacional. Não podemos

permitir que se repita a história dos anos 80, em

que as adolescentes angolanas trocavam favores sexuais

por uma peça de fruta.

Ninguém pode negar que a beleza de uma peça de

fruta para uma criança que não a pode alcançar, habitualmente,

se torna uma arma, que a qualquer momento

pode disparar a mente da mesma para a querer tocar.

Teremos nós noção de quantas crianças angolanas nunca

provaram uma peça de fruta, por ter um preço que não alcança

os bolsos dos seus progenitores? Imagino que muitos

vão discordar. Mas seria bom olhar para este lado com

alguma simpatia. Nós frequentamos lojas e sabemos que

há frutas caríssimas que não se pode nem pensar comprar,

como o pêssego, as ameixas, os morangos e as uvas. E isto

faz sim com que uma criança se prostitua ou dê o corpo

em troca. Há quem diga que se os prisioneiros têm as três

refeições diárias, porque não as terão as crianças?

Quanto custa uma merenda escolar paga a cada angolanito?

mulher africana 24 fevereiro 2020

mulher africana 25 fevereiro 2020

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