Kevin Mitnick - A Arte de Enganar
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Capítulo 4 Criando a Confiança 39
"Eu acho que era ele. Qual é mesmo o sobrenome dele?
"Hadley. H — A — D—L — E— Y."
"Isso, acho que é isso. Quando ele volta?"
"Não sei a sua escala para esta semana, mas o pessoal da noite chega em cinco
minutos."
"Bom. Vou tentar falar com ele esta noite. Obrigado. Ted".
A segunda ligação: Katie
A próxima ligação é feita para uma loja da mesma cadeia na North Broad Street.
"Electron City. Aqui é Katie, posso ajudar?"
"Katie, olá. Aqui é William Hadley da loja da West Girard. Com vão as coisas?"
"Um pouco devagar, e aí?"
"Tenho um cliente que está interessado naquele programa do telefone celular por um
centavo. Você sabe do que se trata?"
"Certo. Vendi alguns deles na última semana."
"Você ainda tem alguns dos telefones que acompanham aquele plano?"
"Tenho um monte deles."
"Ótimo, porque acabei de vender um para um cliente. O crédito desse cliente foi aprovado
e ele assinou o contrato. Verifiquei o estoque e não temos nenhum telefone. Estou
em uma situação complicada. Você pode me fazer um favor? Vou pedir para ele
passar na sua loja e pegar um telefone. Você pode vender para ele o telefone de um
centavo e dar-lhe um recibo? Ele deve me ligar de volta assim que pegar o telefone
para eu ensinar como programar o aparelho."
"Sim, é claro. Mande ele aqui."
"OK. O nome dele é Ted. Ted Yancy."
Quando o homem que diz ser Ted Yancy aparece na loja da North Broad St., Katie faz uma
fatura e vende para ele um telefone celular por um centavo, assim como o seu "colega"
falou para ela fazer. Ela caiu feito um patinho.
Na hora de pagar, o cliente não tem moedas no bolso. Assim sendo, ele vai até o pratinho
com moedas pequenas no balcão do caixa, pega uma e paga a garota da caixa registradora.
Ele recebe o telefone sem ter pago nem um centavo por ele.
Ele está livre para ir até outra empresa de telefonia celular que usa o mesmo modelo de
telefone e escolher qualquer plano de serviços que quiser. De preferência um plano mensal,
sem nenhum comprometimento.
Analisando a trapaça
É natural que as pessoas tenham um grau alto de aceitação para com alguém que diz ser um colega do
trabalho, e que conheça os procedimentos e a linguagem da empresa. O engenheiro social desta história
aproveitou-se disso descobrindo os detalhes de uma promoção, identificando a si mesmo como
empregado da empresa e pedindo um favor para outra filial. Isso acontece entre as filiais das lojas
de varejo e entre os departamentos de uma empresa na qual as pessoas estão separadas fisicamente e
lidam quase todos os dias com colegas de trabalho que nem conhecem.